ZERO HORA- 23/10
A Ana me ligou no final da tarde de sexta: “E aí, você vem?”.
Eu não fazia ideia sobre o que ela estava falando. Foi então que a Ana se deu conta de que eu não estava no Facebook, portanto, não sabia da festa que a turma havia armado. Como eu não havia me pronunciado, ela resolveu ligar para saber se eu estava viva.
O cerco está apertando. Antes, eu trocava e-mails com os amigos com uma certa frequência, agora todos debandaram, só um ou outro lembra que eu não estou nas redes sociais e faz a caridade de me manter informada sobre o que acontece no universo.
Não tenho vontade de ter perfil em lugar algum (e mesmo assim tenho, criados e postados por pessoas que não sei quem são). Instagram, Twitter, WhatsApp, nada disso me seduz, não conseguiria tempo para esse contato eletrizante. Ainda me custa compreender pessoas que deixam o iPhone sobre a mesa do restaurante, que precisam fotografar cada minuto vivido, que desmaiam quando esquecem o celular em casa. Eu deveria ter me alistado na expedição de colonização de Marte, onde certamente eu me sentiria menos deslocada do que aqui na Terra.
Mas não me alistei, então terei que me ajustar à nova ordem social do meu planeta.
Óbvio que a tecnologia não é a vilã da história, e sim o uso obsessivo que se faz dela. Para quem tem autocontrole, esses gadgets são fascinantes por seu dinamismo, modernidade, capacidade de agregação, de agilização de tarefas, e ainda resolvem a questão do anonimato, com o qual ninguém mais quer lidar. As redes transformaram palco e plateia numa coisa só: todos são espectadores dos outros e ao mesmo tempo possuem um holofote sobre si. Já que existir virou sinônimo de “quantos me curtem”, a população mundial conseguiu um jeito de ficar quite com o próprio ego.
É muito provável que eu estivesse nas redes caso não escrevesse colunas em jornais. Como tenho esse canal de expressão semanalmente, não me fazem falta outros. Ou não faziam. Estou nesse impasse agora: devo mergulhar com mais profundidade no mundo virtual? Reconheço três vantagens: acompanhar o que meus amigos andam tramando às minhas costas, me atualizar com mais rapidez e oferecer aos meus leitores um perfil oficial. Além de me sentir menos mumificada.
Será isso que chamam de “se reinventar”?
Ando cada vez mais próxima da filosofia budista, exalto a desaceleração, prezo uma boa conversa, adoro ter tempo para meus livros, meu silêncio, minhas caminhadas. Não sinto falta de saber mais, de ter mais acesso à informação, de conhecer mais gente. Por outro lado, não quero me isolar dos amigos nem ficar sem assunto com eles – e com o mundo.
Que dúvida. Pela primeira vez, reflito sobre algo de que, numa era em que se debate tudo, pouco se fala: o nosso direito de ser indiferente.
quarta-feira, outubro 23, 2013
Para manter a vida - TASSO AZEVEDO
O GLOBO - 23/10
A cobertura florestal vem diminuindo de forma contínua. Até o fim do século teremos perdido quase um quarto das florestas
Estou na Indonésia para reunião de líderes das agências florestais dos países com maior área florestal do planeta, como Rússia, Brasil, Canadá, Estados Unidos, China, Congo, Indonésia, Peru e Austrália. Juntos representam quase 70% da área florestal do planeta.
Os grandes maciços florestais têm importância crucial para manter a vida no planeta e principalmente regular o clima. São responsáveis por 2/3 da formação das nuvens que precipitam sobre os continentes e, portanto, provêem a maior parte de nossa água doce.
De todo carbono que emitimos para atmosfera, cerca de 28% são capturados pelas florestas, mais do que os oceanos (26%), que ocupam uma área 10 vezes maior.
O planeta tem cerca de 4 bilhões de hectares de floresta, sendo ¾ de florestas em zonas temperadas e ¼ em áreas tropicais, metade delas no Brasil.
A cobertura florestal vem diminuindo continuamente nos últimos séculos. Segundo dados da FAO, há uma perda anual líquida (áreas desmatadas x áreas reflorestadas ou recuperadas) da ordem de 0,2% da cobertura florestal por ano.
Neste ritmo, até o fim do século teremos perdido quase 1/4 das floretas remanescentes do planeta.
Uma perda desta magnitude resultaria em um colapso da disponibilidade de água para consumo humano, agricultura e geração de energia e um aumento de 10% na concentração de CO2 na atmosfera.
O grupo de líderes das agências florestais — não mais do que 20 pessoas — se reúne anualmente há oito anos com intuito de trocar experiências sobre os desafios que enfrentam, sendo o maior deles a sensibilidade das florestas às mudanças climáticas.
Se por um lado as florestas têm um papel crucial para sugar parte do carbono que estamos emitindo para a atmosfera, e este é seu lado heroico da história, por outro lado as florestas são vitimas das mudanças climáticas que têm aumentado de forma assustadora a intensidade, magnitude e frequência de pragas (como besouro do pinheiro) e de grandes incêndios florestais.
Estes fenômenos podem acelerar a perda da cobertura florestal e a efetividade de regulação climática das florestas.
Dependendo do cenário futuro de aumento de temperatura e concentração de carbono na atmosfera, as florestas reagirão de maneira diferente — e este é o dilema central dos gestores florestais que, por dever de oficio, têm que tomar decisões de manejo (plantar, colher, manejar, proteger...) que terão os resultados medidos décadas à frente, pelos seus sucessores.
Poucas profissões têm tão presente o sentido prático do cuidado com as futuras gerações.
Tasso Azevedo é engenheiro florestal
A cobertura florestal vem diminuindo de forma contínua. Até o fim do século teremos perdido quase um quarto das florestas
Estou na Indonésia para reunião de líderes das agências florestais dos países com maior área florestal do planeta, como Rússia, Brasil, Canadá, Estados Unidos, China, Congo, Indonésia, Peru e Austrália. Juntos representam quase 70% da área florestal do planeta.
Os grandes maciços florestais têm importância crucial para manter a vida no planeta e principalmente regular o clima. São responsáveis por 2/3 da formação das nuvens que precipitam sobre os continentes e, portanto, provêem a maior parte de nossa água doce.
De todo carbono que emitimos para atmosfera, cerca de 28% são capturados pelas florestas, mais do que os oceanos (26%), que ocupam uma área 10 vezes maior.
O planeta tem cerca de 4 bilhões de hectares de floresta, sendo ¾ de florestas em zonas temperadas e ¼ em áreas tropicais, metade delas no Brasil.
A cobertura florestal vem diminuindo continuamente nos últimos séculos. Segundo dados da FAO, há uma perda anual líquida (áreas desmatadas x áreas reflorestadas ou recuperadas) da ordem de 0,2% da cobertura florestal por ano.
Neste ritmo, até o fim do século teremos perdido quase 1/4 das floretas remanescentes do planeta.
Uma perda desta magnitude resultaria em um colapso da disponibilidade de água para consumo humano, agricultura e geração de energia e um aumento de 10% na concentração de CO2 na atmosfera.
O grupo de líderes das agências florestais — não mais do que 20 pessoas — se reúne anualmente há oito anos com intuito de trocar experiências sobre os desafios que enfrentam, sendo o maior deles a sensibilidade das florestas às mudanças climáticas.
Se por um lado as florestas têm um papel crucial para sugar parte do carbono que estamos emitindo para a atmosfera, e este é seu lado heroico da história, por outro lado as florestas são vitimas das mudanças climáticas que têm aumentado de forma assustadora a intensidade, magnitude e frequência de pragas (como besouro do pinheiro) e de grandes incêndios florestais.
Estes fenômenos podem acelerar a perda da cobertura florestal e a efetividade de regulação climática das florestas.
Dependendo do cenário futuro de aumento de temperatura e concentração de carbono na atmosfera, as florestas reagirão de maneira diferente — e este é o dilema central dos gestores florestais que, por dever de oficio, têm que tomar decisões de manejo (plantar, colher, manejar, proteger...) que terão os resultados medidos décadas à frente, pelos seus sucessores.
Poucas profissões têm tão presente o sentido prático do cuidado com as futuras gerações.
Tasso Azevedo é engenheiro florestal
A leveza do gordinho - TOSTÃO
FOLHA DE SP -23/10
O gordinho Walter, destaque no Brasileirão, desliza no gramado, com estrema leveza
Nos últimos anos, não perdi uma partida do Barcelona, pelo futebol bonito e eficiente e pela simpatia que tenho pela cidade e pelo clube, apesar do atual presidente, Sandro Rosell, ser parceiro de Ricardo Teixeira. Barcelona é uma cidade que suspira criatividade e ousadia.
Hoje, não perco também uma partida do Bayern de Munique, por ser o melhor time do mundo e ter um treinador que foge do lugar-comum.
Além disso, Guardiola não é presunçoso nem orgulhoso, ao unir o estilo do time campeão do ano passado, com muita velocidade na troca de passes, muita vibração e gols em jogadas aéreas, com o estilo que gosta, de posse de bola, de troca curta de passes, desde o goleiro. Neuer não é um Rogério Ceni, mas já aprendeu a jogar com os pés.
Muitos profissionais, de todas as áreas, são incapazes, por soberba e/ou corporativismo, de reconhecer e aprender com o que não é espelho.
Outra mudança feita por Guardiola foi colocar um volante e um armador de cada lado, com funções defensivas e ofensivas, em vez de dois volantes em linha e um meia de ligação. Discordo apenas quando o técnico escala o lateral-direito Lahm de volante. Ele é o melhor lateral-direito do mundo, pois é o único excepcional, na marcação e no apoio. Muitos dos gols do Bayern saem de cruzamentos do lateral.
Pulo para o Brasileirão. No domingo, deixei de lado todos os outros jogos das 16h para ver somente o Grenal. Um dos motivos foi o convite do jornal "Zero Hora" para escrever uma coluna, após a partida, sobre o jogo. Diferentemente do que se costuma dizer, de que o Grenal é feio e excessivamente pegado, foi um ótimo jogo, de boa técnica, quatro gols e também de muita marcação. Assim deve ser o futebol.
O São Paulo melhorou. Muricy colocou os jogadores nos lugares certos. Rodrigo Caio, um volante com um passe apenas razoável, se destaca como zagueiro, pela ótima saída de bola. Piazza, na Copa de 1970, que tinha um bom passe de volante, tornou-se excepcional neste fundamento, como zagueiro. David Luiz e Thiago Silva, talvez os zagueiros com melhor passe no mundo, mostraram um passe comum quando atuaram de volante. As necessidades e expectativas são diferentes nas duas posições.
Uma das atrações do Brasileirão é o gordinho Walter. Ele contraria a ciência médica esportiva e as leis da física. O corpo é pesado, mas o futebol é leve. Walter desliza pelo gramado, com enorme leveza. Faz gols, dá excelentes passes, se movimenta por todo ataque. Tem muito equilíbrio e raramente cai.
Além das virtudes técnicas, o gordinho Walter e outros veteranos brilham intensamente no campeonato porque, na média, é medíocre a qualidade individual.
O bem-vindo Bom Senso F.C. precisa conversar com quem manda no calendário, a TV Globo.
O gordinho Walter, destaque no Brasileirão, desliza no gramado, com estrema leveza
Nos últimos anos, não perdi uma partida do Barcelona, pelo futebol bonito e eficiente e pela simpatia que tenho pela cidade e pelo clube, apesar do atual presidente, Sandro Rosell, ser parceiro de Ricardo Teixeira. Barcelona é uma cidade que suspira criatividade e ousadia.
Hoje, não perco também uma partida do Bayern de Munique, por ser o melhor time do mundo e ter um treinador que foge do lugar-comum.
Além disso, Guardiola não é presunçoso nem orgulhoso, ao unir o estilo do time campeão do ano passado, com muita velocidade na troca de passes, muita vibração e gols em jogadas aéreas, com o estilo que gosta, de posse de bola, de troca curta de passes, desde o goleiro. Neuer não é um Rogério Ceni, mas já aprendeu a jogar com os pés.
Muitos profissionais, de todas as áreas, são incapazes, por soberba e/ou corporativismo, de reconhecer e aprender com o que não é espelho.
Outra mudança feita por Guardiola foi colocar um volante e um armador de cada lado, com funções defensivas e ofensivas, em vez de dois volantes em linha e um meia de ligação. Discordo apenas quando o técnico escala o lateral-direito Lahm de volante. Ele é o melhor lateral-direito do mundo, pois é o único excepcional, na marcação e no apoio. Muitos dos gols do Bayern saem de cruzamentos do lateral.
Pulo para o Brasileirão. No domingo, deixei de lado todos os outros jogos das 16h para ver somente o Grenal. Um dos motivos foi o convite do jornal "Zero Hora" para escrever uma coluna, após a partida, sobre o jogo. Diferentemente do que se costuma dizer, de que o Grenal é feio e excessivamente pegado, foi um ótimo jogo, de boa técnica, quatro gols e também de muita marcação. Assim deve ser o futebol.
O São Paulo melhorou. Muricy colocou os jogadores nos lugares certos. Rodrigo Caio, um volante com um passe apenas razoável, se destaca como zagueiro, pela ótima saída de bola. Piazza, na Copa de 1970, que tinha um bom passe de volante, tornou-se excepcional neste fundamento, como zagueiro. David Luiz e Thiago Silva, talvez os zagueiros com melhor passe no mundo, mostraram um passe comum quando atuaram de volante. As necessidades e expectativas são diferentes nas duas posições.
Uma das atrações do Brasileirão é o gordinho Walter. Ele contraria a ciência médica esportiva e as leis da física. O corpo é pesado, mas o futebol é leve. Walter desliza pelo gramado, com enorme leveza. Faz gols, dá excelentes passes, se movimenta por todo ataque. Tem muito equilíbrio e raramente cai.
Além das virtudes técnicas, o gordinho Walter e outros veteranos brilham intensamente no campeonato porque, na média, é medíocre a qualidade individual.
O bem-vindo Bom Senso F.C. precisa conversar com quem manda no calendário, a TV Globo.
Achados e perdidos - ROBERTO DAMATTA
O Estado de S.Paulo - 23/10
Às vezes, eu sinto a angústia de um menino perdido numa multidão. Vivemos hoje no Brasil um período inusitado de estabilidade política permeada pelas superimposições promovidas pelo casamento entre hierarquias aristocráticas - que em todas as sociedades (e sobretudo na escravidão, como percebeu o seu teórico mais sensível, Joaquim Nabuco) têm como base a amizade e a simpatia pessoal; e o individualismo moderno relativamente igualitário que demanda burocracia e, com ela, uma impecável, abrangente e inatingível impessoalidade.
O hibridismo resultante pode ser negativo ou positivo. Pelo que capturo, o hibridismo - ou o mulatismo ético - é sempre mal visto porque ele não cabe no modo ocidental de pensar. Provam isso as Cruzadas, a Inquisição, o Puritanismo, as Guerras Mundiais, o Holocausto e a exagerada ênfase na purificação e na eugenia - na coerência absoluta entre gente, terra, língua e costumes, típicas do eurocentrismo. A mistura corre do lado errado e tende a derrapar como um carro dirigido por jovens bêbados quando saem da balada; ou da esquerda carismática-populista, burocrática e patrimonialista no poder.
Desconfio que continuamos divididos entre tipos de dominação weberiana e suas instituições. Fazer a lei e, sobretudo, preparar a sociedade para a lei, ou simplesmente prender? Chamar a polícia (que é, salvo as honrosas exceções, intensamente ligada aos bandidos e chefes do crime paradoxalmente presos) ou resolver pela "política"? Mas como fazê-lo se os "políticos" (com as exceções de praxe) estão interessados no desequilíbrio porque a estabilidade impede e dificulta a chegada ao "poder"? Poder que significa, além da sacralização pessoal, um imoral enriquecimento pelo povo e com o povo. Ademais, somente uma minoria acredita na política representada por instituições igualitárias e niveladoras.
Para ser mais preciso ou confuso, amamos a dominação racional-legal estilo germano-romana, mas não deixamos de lado nosso apreço infinito pela dominação carismática em todas as esferas sociais, inclusive na "cultura", como revela esse disparate de censurar biografias. Temos irrestrita admiração por todos os que usaram e abusaram da liberdade individualista nesse nosso mundinho relacional quando os perdoamos e não os criticamos, o que conduz a uma confusão trágica entre o uso da liberdade e o seu abuso irresponsável. Esses mimados pela vida e exaltados pelos amigos - os nossos maluquinhos - legitimam a ambiguidade que se consolida pelo pessoalismo do herói a ser lido pelo lado do direito ou do avesso. Esse avesso que, no Brasil, é confundido com a causa dos oprimidos num esquerdismo que tem tudo a ver com uma "ética da caridade" do catolicismo balizador e historicamente oficial. Com isso, ficamos sempre - como dizia aquele general-ditador - a um passo do abismo. Andar para trás é condescendência, para a frente, suicídio.
Como gostamos de brincar com fogo, estamos sempre a um passo da legitimação da violência justificada como a voz dos oprimidos que ainda não aprenderam a se manifestar corretamente. E como fazê-lo se jamais tivemos um ensino efetivamente igualitário ou instrumental para o igualitarismo numa sociedade cunhada pelo escravismo e por uma ética de condescendência pelos amigos e conhecidos?
Pressinto uma enorme violência no nosso sistema de vida. Temo que ela venha a ocupar um território ainda mais denso e seja usada para legitimar outras violências tanto ou mais brutais do que o "quebra-quebra" hoje redefinido como "manifestações". Protestos que começam como demandas legitimas e, infiltrados, tornam-se "quebra-quebras". Qual é o lado a ser tomado se ambos são legítimos e, como é óbvio, dizem alguma coisa como tudo o que é humano?
Estou, pois, um tanto perdido e um tanto achado nessa encruzilhada entre demandas legais e prestígios pessoais. Entre patrimonialismo carismático e burocracia, os quais sustentam o "Você sabe com quem está falando?" - esse padrinho do "comigo é diferente", "cada caso é um caso", "ele é meu amigo", "você está errado mas eu continuo te amando"... E por aí vai numa sequência que o leitor pode inferir, deferir ou embargar.
Embargar, aliás, é o verbo e a figura jurídica do momento em que vivemos e dos sistemas que se constroem pela lei, mas confundindo a regra com o curso torto, podre e vaidoso da humanidade, tem as suas cláusulas de desconstrução. Com isso, condenamos com a mão direita e embargamos com a esquerda; ou criamos os heróis com a esquerda e os embargamos com a direita. Construímos pela metade. O ponto que já foi ressaltado por mim algumas vezes é o simples: se conseguirmos assumir e controlar abertamente a ambiguidade, há a esperança de controlá-la. E isso pode ser uma enorme vantagem num planeta cujo futuro é um inevitável "abrasileiramento".
Assim, entre o ser obrigado a calvinisticamente condenar, como fazem os nossos brothers americanos que todo dia atiram nos próprios pés, podemos assumir em definitivo que todos têm razão. Afinal de contas, o Brasil é um vasto programa de auditório com pitadas de missa solene e jogo de futebol.
Às vezes, eu sinto a angústia de um menino perdido numa multidão. Vivemos hoje no Brasil um período inusitado de estabilidade política permeada pelas superimposições promovidas pelo casamento entre hierarquias aristocráticas - que em todas as sociedades (e sobretudo na escravidão, como percebeu o seu teórico mais sensível, Joaquim Nabuco) têm como base a amizade e a simpatia pessoal; e o individualismo moderno relativamente igualitário que demanda burocracia e, com ela, uma impecável, abrangente e inatingível impessoalidade.
O hibridismo resultante pode ser negativo ou positivo. Pelo que capturo, o hibridismo - ou o mulatismo ético - é sempre mal visto porque ele não cabe no modo ocidental de pensar. Provam isso as Cruzadas, a Inquisição, o Puritanismo, as Guerras Mundiais, o Holocausto e a exagerada ênfase na purificação e na eugenia - na coerência absoluta entre gente, terra, língua e costumes, típicas do eurocentrismo. A mistura corre do lado errado e tende a derrapar como um carro dirigido por jovens bêbados quando saem da balada; ou da esquerda carismática-populista, burocrática e patrimonialista no poder.
Desconfio que continuamos divididos entre tipos de dominação weberiana e suas instituições. Fazer a lei e, sobretudo, preparar a sociedade para a lei, ou simplesmente prender? Chamar a polícia (que é, salvo as honrosas exceções, intensamente ligada aos bandidos e chefes do crime paradoxalmente presos) ou resolver pela "política"? Mas como fazê-lo se os "políticos" (com as exceções de praxe) estão interessados no desequilíbrio porque a estabilidade impede e dificulta a chegada ao "poder"? Poder que significa, além da sacralização pessoal, um imoral enriquecimento pelo povo e com o povo. Ademais, somente uma minoria acredita na política representada por instituições igualitárias e niveladoras.
Para ser mais preciso ou confuso, amamos a dominação racional-legal estilo germano-romana, mas não deixamos de lado nosso apreço infinito pela dominação carismática em todas as esferas sociais, inclusive na "cultura", como revela esse disparate de censurar biografias. Temos irrestrita admiração por todos os que usaram e abusaram da liberdade individualista nesse nosso mundinho relacional quando os perdoamos e não os criticamos, o que conduz a uma confusão trágica entre o uso da liberdade e o seu abuso irresponsável. Esses mimados pela vida e exaltados pelos amigos - os nossos maluquinhos - legitimam a ambiguidade que se consolida pelo pessoalismo do herói a ser lido pelo lado do direito ou do avesso. Esse avesso que, no Brasil, é confundido com a causa dos oprimidos num esquerdismo que tem tudo a ver com uma "ética da caridade" do catolicismo balizador e historicamente oficial. Com isso, ficamos sempre - como dizia aquele general-ditador - a um passo do abismo. Andar para trás é condescendência, para a frente, suicídio.
Como gostamos de brincar com fogo, estamos sempre a um passo da legitimação da violência justificada como a voz dos oprimidos que ainda não aprenderam a se manifestar corretamente. E como fazê-lo se jamais tivemos um ensino efetivamente igualitário ou instrumental para o igualitarismo numa sociedade cunhada pelo escravismo e por uma ética de condescendência pelos amigos e conhecidos?
Pressinto uma enorme violência no nosso sistema de vida. Temo que ela venha a ocupar um território ainda mais denso e seja usada para legitimar outras violências tanto ou mais brutais do que o "quebra-quebra" hoje redefinido como "manifestações". Protestos que começam como demandas legitimas e, infiltrados, tornam-se "quebra-quebras". Qual é o lado a ser tomado se ambos são legítimos e, como é óbvio, dizem alguma coisa como tudo o que é humano?
Estou, pois, um tanto perdido e um tanto achado nessa encruzilhada entre demandas legais e prestígios pessoais. Entre patrimonialismo carismático e burocracia, os quais sustentam o "Você sabe com quem está falando?" - esse padrinho do "comigo é diferente", "cada caso é um caso", "ele é meu amigo", "você está errado mas eu continuo te amando"... E por aí vai numa sequência que o leitor pode inferir, deferir ou embargar.
Embargar, aliás, é o verbo e a figura jurídica do momento em que vivemos e dos sistemas que se constroem pela lei, mas confundindo a regra com o curso torto, podre e vaidoso da humanidade, tem as suas cláusulas de desconstrução. Com isso, condenamos com a mão direita e embargamos com a esquerda; ou criamos os heróis com a esquerda e os embargamos com a direita. Construímos pela metade. O ponto que já foi ressaltado por mim algumas vezes é o simples: se conseguirmos assumir e controlar abertamente a ambiguidade, há a esperança de controlá-la. E isso pode ser uma enorme vantagem num planeta cujo futuro é um inevitável "abrasileiramento".
Assim, entre o ser obrigado a calvinisticamente condenar, como fazem os nossos brothers americanos que todo dia atiram nos próprios pés, podemos assumir em definitivo que todos têm razão. Afinal de contas, o Brasil é um vasto programa de auditório com pitadas de missa solene e jogo de futebol.
Pré-sal! Ganhou o Kung Fu Panda! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 23/10
O pronunciamento da Dilma foi tão bom que começou sem som! Deixa sem som! Sem som tava melhor!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E o leilão do pré-sal? Os chineses ganharam! Ganharam o plé-sal! O petróleo é nosso! Quem arrematou foi um panda! Quem vai explorar o pré-sal é o Kung Fu Panda!
Mas a Dilma devia ter chamado o Aquaman! E o chargista Aroeira mostra como foi o leilão, com o Lobão batendo o martelo: "Muito bem. Quem dá mais? Ok. Quem dá menos?". Rarará. Ganhou quem deu menos!
E o pronunciamento da Dilma foi tão bom que já começou sem som! Deixa sem som! Sem som tava melhor!
E a Dilma tá parecendo a dona Redonda! Se explodir, o planeta explode junto. Rarará! Outros acharam que ela tava parecendo um barril. De petróleo! Rarará!
E a Marinárvore no Enrola Viva? "Gostaria de chamar o FHC e o Lula pra governar". Essa é a nova forma de fazer política da Marina: chama o FHC e o Lula, entra no partido do Campos e faz conchavo com o Aécio! Rarará! A novelha forma de fazer política!
E a manchete do Piauí Herald: "Para voltar à mídia, Aécio adota 12 beagles". Todas fêmeas! Rarará!
E o Serra Vampiro Anêmico não adotou beagles porque ele não sabe o que é beagle: "É uma raça de cachorro?".
E os chineses vão vender petróleo no Stand Center da Paulista! Petróleo Pilata!
E uma vez um amigo foi comprar um aparelho de som no Stand Center e perguntou: "As caixinhas surround vêm junto?'. E a chinesa: "Caxinha sulound paga sepalado". E o meu amigo: "Então enfia na peleleca". Enfia o plé-sal na peleleca! Rarará!
E uma vez eu fui fazer uma compra no Stand Center, assinei o cheque e o chinês: "É do Bladesco?". É! Petróleo do Bladesco! Rarará!
Mas a Dilma disse que não é privatização, é partilha. O chargista Nani explica a diferença: "Partilha é uma privatização que não saiu do armário". Enrustida. Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! Mais dois para a minha série Os Predestinados! Coordenadora da Secretaria Nacional da Juventude: Elisa Guaraná! Guaraná? Só se for da juventude de 1950! Rarará!
E esse convite que recebi de Passo Fundo: "Proctologia: palestras com o dr. Sergio Regadas". E em Passo Fundo? Essa eu passo! Rarará!
Hoje, só amanhã! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
O pronunciamento da Dilma foi tão bom que começou sem som! Deixa sem som! Sem som tava melhor!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E o leilão do pré-sal? Os chineses ganharam! Ganharam o plé-sal! O petróleo é nosso! Quem arrematou foi um panda! Quem vai explorar o pré-sal é o Kung Fu Panda!
Mas a Dilma devia ter chamado o Aquaman! E o chargista Aroeira mostra como foi o leilão, com o Lobão batendo o martelo: "Muito bem. Quem dá mais? Ok. Quem dá menos?". Rarará. Ganhou quem deu menos!
E o pronunciamento da Dilma foi tão bom que já começou sem som! Deixa sem som! Sem som tava melhor!
E a Dilma tá parecendo a dona Redonda! Se explodir, o planeta explode junto. Rarará! Outros acharam que ela tava parecendo um barril. De petróleo! Rarará!
E a Marinárvore no Enrola Viva? "Gostaria de chamar o FHC e o Lula pra governar". Essa é a nova forma de fazer política da Marina: chama o FHC e o Lula, entra no partido do Campos e faz conchavo com o Aécio! Rarará! A novelha forma de fazer política!
E a manchete do Piauí Herald: "Para voltar à mídia, Aécio adota 12 beagles". Todas fêmeas! Rarará!
E o Serra Vampiro Anêmico não adotou beagles porque ele não sabe o que é beagle: "É uma raça de cachorro?".
E os chineses vão vender petróleo no Stand Center da Paulista! Petróleo Pilata!
E uma vez um amigo foi comprar um aparelho de som no Stand Center e perguntou: "As caixinhas surround vêm junto?'. E a chinesa: "Caxinha sulound paga sepalado". E o meu amigo: "Então enfia na peleleca". Enfia o plé-sal na peleleca! Rarará!
E uma vez eu fui fazer uma compra no Stand Center, assinei o cheque e o chinês: "É do Bladesco?". É! Petróleo do Bladesco! Rarará!
Mas a Dilma disse que não é privatização, é partilha. O chargista Nani explica a diferença: "Partilha é uma privatização que não saiu do armário". Enrustida. Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! Mais dois para a minha série Os Predestinados! Coordenadora da Secretaria Nacional da Juventude: Elisa Guaraná! Guaraná? Só se for da juventude de 1950! Rarará!
E esse convite que recebi de Passo Fundo: "Proctologia: palestras com o dr. Sergio Regadas". E em Passo Fundo? Essa eu passo! Rarará!
Hoje, só amanhã! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
O bolso é que resolve - ZUENIR VENTURA
O GLOBO - 23/10
Importante será punir os que praticam bandalhas no trânsito
Dois meses depois que foi implantado o programa Lixo Zero, o Rio terá ficado menos sujo? A boa notícia é que parece que sim. Moradores e banhistas da orla da Zona Sul afirmaram ao repórter Luiz Gustavo Schmitt que de fato as calçadas e as praias estão mais limpas, como consequência das multas aplicadas nessa região. No total foram mais de 7 mil pessoas punidas em 21 bairros por jogarem no chão guimbas de cigarro, garrafas e copos de plástico. Depois do Centro, campeão de imundície com quase 3.500 flagrantes, vieram Copacabana (906), Leblon (795) e enfim Ipanema (649), onde não notei muita diferença, mas pode ser que eu não tenha reparado bem. Fazer os sujismundos pagarem é uma boa medida. O carioca, como se sabe, é asseado dentro de casa, mas não fora. A mesma madame que briga com a faxineira por causa do pó deixado sobre a mesa leva o cachorro para fazer cocô na rua. O mesmo motorista que lava o carro todo dia joga papel e casca de banana pela janela. Já contei o diálogo a que assisti no calçadão entre um gari da Comlurb e uma dama malcriada:
— A senhora está sujando o que eu acabei de limpar.
— Eu te pago pra isso.
Pela sua lógica, não só o espaço público era privativo dela como o “empregado” também. Afinal, para isso ela pagava impostos.
Portanto, multar os que emporcalham a cidade é importante. Mais importante, porém, será punir os que praticam bandalhas no trânsito. Aqueles não machucam ninguém, enquanto estes atingem fisicamente as vítimas. Estou falando dos motoristas que avançam sinais e atropelam pessoas, dos ciclistas que andam perigosamente nas calçadas em alta velocidade e dos skatistas e patinadores que invadem as pistas de lazer aos domingos e feriados, ameaçando crianças, idosos e cadeirantes.
As queixas são recíprocas. A culpa é sempre do outro. Ninguém quer reconhecer que carrega uma dose de incivilidade e desrespeito. Os ciclistas reclamam dos motoristas, por tentarem expulsá-los das vias, e também dos pedestres que preferem andar e correr onde não é permitido. Mas eles mesmos não respeitam os sinais de trânsito. Atravesso a ciclovia de Ipanema praticamente todo dia, e nunca vi um desses velocistas sobre duas rodas parar diante do farol vermelho para dar passagem a alguém, mesmo que seja uma babá empurrando um carrinho de bebê.
Para acabar com a bagunça, a Prefeitura promete lançar em dezembro cerca de 100 mil exemplares de um manual de convivência, divulgando as regras e leis que devem ser obedecidas pelos frequentadores da orla, sob pena de terem os equipamentos — bicicletas, patins, skates — apreendidos. No entanto, segundo o secretário de Ordem Pública, Alex Costa, não vai ser possível multá-los, porque a legislação não permite. E esse é o ponto fraco da operação. Conforme afirmou um morador elogiando o resultado do programa Lixo Zero, “é a punição no bolso que ajuda as pessoas a se conscientizarem”. Sem ela, aqui e em qualquer parte do mundo, é difícil educar o trânsito.
Importante será punir os que praticam bandalhas no trânsito
Dois meses depois que foi implantado o programa Lixo Zero, o Rio terá ficado menos sujo? A boa notícia é que parece que sim. Moradores e banhistas da orla da Zona Sul afirmaram ao repórter Luiz Gustavo Schmitt que de fato as calçadas e as praias estão mais limpas, como consequência das multas aplicadas nessa região. No total foram mais de 7 mil pessoas punidas em 21 bairros por jogarem no chão guimbas de cigarro, garrafas e copos de plástico. Depois do Centro, campeão de imundície com quase 3.500 flagrantes, vieram Copacabana (906), Leblon (795) e enfim Ipanema (649), onde não notei muita diferença, mas pode ser que eu não tenha reparado bem. Fazer os sujismundos pagarem é uma boa medida. O carioca, como se sabe, é asseado dentro de casa, mas não fora. A mesma madame que briga com a faxineira por causa do pó deixado sobre a mesa leva o cachorro para fazer cocô na rua. O mesmo motorista que lava o carro todo dia joga papel e casca de banana pela janela. Já contei o diálogo a que assisti no calçadão entre um gari da Comlurb e uma dama malcriada:
— A senhora está sujando o que eu acabei de limpar.
— Eu te pago pra isso.
Pela sua lógica, não só o espaço público era privativo dela como o “empregado” também. Afinal, para isso ela pagava impostos.
Portanto, multar os que emporcalham a cidade é importante. Mais importante, porém, será punir os que praticam bandalhas no trânsito. Aqueles não machucam ninguém, enquanto estes atingem fisicamente as vítimas. Estou falando dos motoristas que avançam sinais e atropelam pessoas, dos ciclistas que andam perigosamente nas calçadas em alta velocidade e dos skatistas e patinadores que invadem as pistas de lazer aos domingos e feriados, ameaçando crianças, idosos e cadeirantes.
As queixas são recíprocas. A culpa é sempre do outro. Ninguém quer reconhecer que carrega uma dose de incivilidade e desrespeito. Os ciclistas reclamam dos motoristas, por tentarem expulsá-los das vias, e também dos pedestres que preferem andar e correr onde não é permitido. Mas eles mesmos não respeitam os sinais de trânsito. Atravesso a ciclovia de Ipanema praticamente todo dia, e nunca vi um desses velocistas sobre duas rodas parar diante do farol vermelho para dar passagem a alguém, mesmo que seja uma babá empurrando um carrinho de bebê.
Para acabar com a bagunça, a Prefeitura promete lançar em dezembro cerca de 100 mil exemplares de um manual de convivência, divulgando as regras e leis que devem ser obedecidas pelos frequentadores da orla, sob pena de terem os equipamentos — bicicletas, patins, skates — apreendidos. No entanto, segundo o secretário de Ordem Pública, Alex Costa, não vai ser possível multá-los, porque a legislação não permite. E esse é o ponto fraco da operação. Conforme afirmou um morador elogiando o resultado do programa Lixo Zero, “é a punição no bolso que ajuda as pessoas a se conscientizarem”. Sem ela, aqui e em qualquer parte do mundo, é difícil educar o trânsito.
O sentimento dos animais - JAIRO MARQUES
FOLHA DE SP - 23/10
É inviável fazer pesquisas com voluntários que topem uma lesãozinha medular para o bem da humanidade
Mamãe pegou uma mala bem grande, daquelas parecidas às de retirantes da seca, e foi se despedindo de Nero, o nosso labrador preto, queridão e espalhafatoso.
O bicho, que parte do dia é tomado pela leseira e fica esparramado na varanda, transformou-se. Grudou no vestido da minha "santa" e tentava bloquear com seu corpão desajeitado a abertura do portão.
"Tchau, Nero. Vou viajar. Fique comportado aí e cuide da casa". Que nada. O cachorro já se mostrava como alguém sem eira nem beira e a última atitude que tomaria era a de considerar uma ordem.
Ele não aceitaria que mamãe viajasse, mais uma vez, deixando a ele sem seus chamegos, sem a comidinha dada na boca, sem brincar na rede. Nero deixava claro que não toleraria sentir saudades sem antes demonstrar sua dor e o mimo canino.
Outro dia, fiz a bobagem de entrar em uma dessas lojas que colocam cachorro na vitrine para ser vendido. Nenhum me convenceu a contento, mas o dono do local jogava duro.
"Vá lá no fundo ver uma golden de nove meses que vai te amar profundamente". Amou.
A danada, de lacinho na cabeça e perfumada, saltou sobre minha cadeira de rodas como se fosse minha mulher pedindo dengo. Lambeu até minha alma.
"Ela só precisa passear três vezes por dias, um bom espaço para correr, comida do Fasano e bastante atenção". Refuguei, com meu coração em frangalhos.
Todas as pessoas que convivem de forma harmoniosa com animais terão uma coleção de histórias emotivas para "provar" o quanto o cão é merecedor de carinho, de assistência e oxalá direito à previdência social quando machucarem a patinha.
Há linhas de pesquisas sérias demonstrando que o temperamento dos animais é individual e que não é a sedução com um ossinho que fará o seu bulldog gordão e cansado deixar de fazer xixi no tapete da sala.
Diante disso, quando se imagina que beagles fofos estão servindo de cobaia para que remédios sejam testados e evitem que o "serumano" de um piripaque na rua, tudo parece ser justificável, inclusive contar com a fúria "black block" para supostamente salvar os focinhudos das garras dos cientistas malvados.
Já tive de me submeter a inúmeras cirurgias para arrumar a funilaria arruinada. Em parte delas, a minha salvação e o sucesso dos procedimentos foram graças à dedicação de bichos que "doaram" suas estruturas físicas e organismos à pesquisa.
Avanços que melhoram as técnicas para tratamento de deficiências motoras e sensoriais lançam mão de testes que, à primeira vista, "maltratam" bichinhos. São inviáveis e impossíveis voluntários que topem uma lesãozinha medular para o bem da humanidade.
A mistura desses dois fatores: o sentimento dos animais e a necessidade premente de melhorias para as desgraceiras humanas parecem não se bicar, mas o convívio é possível e é legítimo.
Cada vez mais, ouço que prefere-se cachorro ao homem como amigo. Não tenho essa predileção, mas adoro os bichos e suas ajudas são ímpares para tornar vidas melhores e mais autônomas.
Apenas com a evolução do humano é que podemos hoje entender e discutir que um cão não é apenas um hospedeiro de pulgas, mas um caminho profícuo para se buscar ser um pouco melhor.
É inviável fazer pesquisas com voluntários que topem uma lesãozinha medular para o bem da humanidade
Mamãe pegou uma mala bem grande, daquelas parecidas às de retirantes da seca, e foi se despedindo de Nero, o nosso labrador preto, queridão e espalhafatoso.
O bicho, que parte do dia é tomado pela leseira e fica esparramado na varanda, transformou-se. Grudou no vestido da minha "santa" e tentava bloquear com seu corpão desajeitado a abertura do portão.
"Tchau, Nero. Vou viajar. Fique comportado aí e cuide da casa". Que nada. O cachorro já se mostrava como alguém sem eira nem beira e a última atitude que tomaria era a de considerar uma ordem.
Ele não aceitaria que mamãe viajasse, mais uma vez, deixando a ele sem seus chamegos, sem a comidinha dada na boca, sem brincar na rede. Nero deixava claro que não toleraria sentir saudades sem antes demonstrar sua dor e o mimo canino.
Outro dia, fiz a bobagem de entrar em uma dessas lojas que colocam cachorro na vitrine para ser vendido. Nenhum me convenceu a contento, mas o dono do local jogava duro.
"Vá lá no fundo ver uma golden de nove meses que vai te amar profundamente". Amou.
A danada, de lacinho na cabeça e perfumada, saltou sobre minha cadeira de rodas como se fosse minha mulher pedindo dengo. Lambeu até minha alma.
"Ela só precisa passear três vezes por dias, um bom espaço para correr, comida do Fasano e bastante atenção". Refuguei, com meu coração em frangalhos.
Todas as pessoas que convivem de forma harmoniosa com animais terão uma coleção de histórias emotivas para "provar" o quanto o cão é merecedor de carinho, de assistência e oxalá direito à previdência social quando machucarem a patinha.
Há linhas de pesquisas sérias demonstrando que o temperamento dos animais é individual e que não é a sedução com um ossinho que fará o seu bulldog gordão e cansado deixar de fazer xixi no tapete da sala.
Diante disso, quando se imagina que beagles fofos estão servindo de cobaia para que remédios sejam testados e evitem que o "serumano" de um piripaque na rua, tudo parece ser justificável, inclusive contar com a fúria "black block" para supostamente salvar os focinhudos das garras dos cientistas malvados.
Já tive de me submeter a inúmeras cirurgias para arrumar a funilaria arruinada. Em parte delas, a minha salvação e o sucesso dos procedimentos foram graças à dedicação de bichos que "doaram" suas estruturas físicas e organismos à pesquisa.
Avanços que melhoram as técnicas para tratamento de deficiências motoras e sensoriais lançam mão de testes que, à primeira vista, "maltratam" bichinhos. São inviáveis e impossíveis voluntários que topem uma lesãozinha medular para o bem da humanidade.
A mistura desses dois fatores: o sentimento dos animais e a necessidade premente de melhorias para as desgraceiras humanas parecem não se bicar, mas o convívio é possível e é legítimo.
Cada vez mais, ouço que prefere-se cachorro ao homem como amigo. Não tenho essa predileção, mas adoro os bichos e suas ajudas são ímpares para tornar vidas melhores e mais autônomas.
Apenas com a evolução do humano é que podemos hoje entender e discutir que um cão não é apenas um hospedeiro de pulgas, mas um caminho profícuo para se buscar ser um pouco melhor.
Verdade revelada - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 23/10
O primeiro relatório final da Comissão Nacional da Verdade ficou pronto.
Com 192 páginas, “Estruturas da repressão” foi elaborado pelo advogado José Paulo Cavalcanti Filho e pelo ministro Gilson Dipp.
Em maio do ano passado, quando da instalação da comissão, foram criados 13 grupos de trabalho, que cuidaram de assuntos como Golpe de 1964, Mortos e Desaparecidos, Guerrilha do Araguaia etc.
Segue...
A amigos, José Paulo tem dito que, com a entrega do relatório, sua missão na comissão foi cumprida.
Bye-bye, EUA
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, estava aliviado ontem com o sucesso do leilão de Libra:
— Foi até bom não terem entrado as petroleiras americanas. Como os EUA espionaram a Petrobras, a vitória de alguma americana iria reacender suspeitas de que elas tinham informação privilegiada.
O ciclotímico
De um especialista em Eike Sempre Ele Batista sobre um dos motivos da queda de Luiz Carneiro do comando da OGX :
— Eike é ciclotímico em relação às pessoas com quem trabalha. Rodolfo Landim, Paulo Mendonça, Eduardo Eugênio, André Esteves e Carneiro são alguns dos que subiram e caíram muito rapidamente no conceito do empresário.
Lei Roberto Carlos
Paulinho da Viola, nosso grande sambista, tem opinião diferente de alguns colegas da MPB sobre a polêmica das biografias:
— Sou a favor das biografias não autorizadas e da liberdade de expressão.
Negócios da bola
Patrocinadora da Copa do Mundo de 2014, a Chocolates Garoto vai usar o Fuleco, mascote da competição, em suas embalagens a partir do mês que vem.
Vai gastar uns R$ 200 milhões em ações de marketing, o maior investimento da história da empresa.
Deve ser terrível
A Liga de Futebol da Espanha confirmou que a dívida do Real Madrid está em meio bilhão de euros, e a do Barcelona, em 400 milhões de euros.
Os clubes da Espanha, juntos, devem 3,6 bilhões de euros. Umas três vezes mais do que os 783 clubes daqui.
Nosso milionário
Paulo Coelho festeja a venda de dez milhões de livros impressos na Itália. Vai fazer uma conferência hoje na Catedral de Milão.
Lição para o Brasil
Um vídeo produzido no México (veja no blog), nas eleições de lá, ano passado, faz sucesso entre internautas brasileiros.
Mostra crianças agindo como adultos (uns irritados no trânsito, outros roubando) e deixa a mensagem de que este não é o futuro que elas querem.
A culpa é do vício
Marco Aurélio Marcondes, o grande distribuidor de cinema, foi pego ontem pelos fiscais da prefeitura jogando uma guimba de cigarro na Rua Siqueira Campos, em Copacabana, às 13h45m.
Vai pagar R$ 157 pela infração. Marcondes decidiu que vai comprar um cinzeiro de bolso.
Batalha do Bondinho
Corre na 41ª Vara Cível do Rio um processo contra sócios da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar. São acusados de um calote de R$10 milhões com a Embrarcon Engenharia.
Agora, será requerido o leilão da concessão do Bondinho.
Soçaite restrito
O Jockey, clube de bacanas na Lagoa, aumentará o controle sobre quem entra em suas dependências.
Cada sócio só poderá levar três convidados.
No mundo do crime
A americana ABC News exibiu semana passada uma série que mostra até crianças em bocas de fumo, no Rio. Numa das reportagens, o chefe do tráfico de uma favela, armado, comentou com o repórter Dan Harris: “E se eu decidir te matar ou te sequestrar agora? Quem tá podendo? Eu ou você?”
Veja o vídeo no nosso blog.
Sujou
O que fazer com o publicitário que criou este nome e marca (Suja) para um suco orgânico, “caracterizado pela pureza”, e que está em lançamento nas principais ruas de Nova York?
Armando Strozenberg, que flagrou o anúncio e milita na propaganda, sugere: “Demissão sumária.”
Com 192 páginas, “Estruturas da repressão” foi elaborado pelo advogado José Paulo Cavalcanti Filho e pelo ministro Gilson Dipp.
Em maio do ano passado, quando da instalação da comissão, foram criados 13 grupos de trabalho, que cuidaram de assuntos como Golpe de 1964, Mortos e Desaparecidos, Guerrilha do Araguaia etc.
Segue...
A amigos, José Paulo tem dito que, com a entrega do relatório, sua missão na comissão foi cumprida.
Bye-bye, EUA
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, estava aliviado ontem com o sucesso do leilão de Libra:
— Foi até bom não terem entrado as petroleiras americanas. Como os EUA espionaram a Petrobras, a vitória de alguma americana iria reacender suspeitas de que elas tinham informação privilegiada.
O ciclotímico
De um especialista em Eike Sempre Ele Batista sobre um dos motivos da queda de Luiz Carneiro do comando da OGX :
— Eike é ciclotímico em relação às pessoas com quem trabalha. Rodolfo Landim, Paulo Mendonça, Eduardo Eugênio, André Esteves e Carneiro são alguns dos que subiram e caíram muito rapidamente no conceito do empresário.
Lei Roberto Carlos
Paulinho da Viola, nosso grande sambista, tem opinião diferente de alguns colegas da MPB sobre a polêmica das biografias:
— Sou a favor das biografias não autorizadas e da liberdade de expressão.
Negócios da bola
Patrocinadora da Copa do Mundo de 2014, a Chocolates Garoto vai usar o Fuleco, mascote da competição, em suas embalagens a partir do mês que vem.
Vai gastar uns R$ 200 milhões em ações de marketing, o maior investimento da história da empresa.
Deve ser terrível
A Liga de Futebol da Espanha confirmou que a dívida do Real Madrid está em meio bilhão de euros, e a do Barcelona, em 400 milhões de euros.
Os clubes da Espanha, juntos, devem 3,6 bilhões de euros. Umas três vezes mais do que os 783 clubes daqui.
Nosso milionário
Paulo Coelho festeja a venda de dez milhões de livros impressos na Itália. Vai fazer uma conferência hoje na Catedral de Milão.
Lição para o Brasil
Um vídeo produzido no México (veja no blog), nas eleições de lá, ano passado, faz sucesso entre internautas brasileiros.
Mostra crianças agindo como adultos (uns irritados no trânsito, outros roubando) e deixa a mensagem de que este não é o futuro que elas querem.
A culpa é do vício
Marco Aurélio Marcondes, o grande distribuidor de cinema, foi pego ontem pelos fiscais da prefeitura jogando uma guimba de cigarro na Rua Siqueira Campos, em Copacabana, às 13h45m.
Vai pagar R$ 157 pela infração. Marcondes decidiu que vai comprar um cinzeiro de bolso.
Batalha do Bondinho
Corre na 41ª Vara Cível do Rio um processo contra sócios da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar. São acusados de um calote de R$10 milhões com a Embrarcon Engenharia.
Agora, será requerido o leilão da concessão do Bondinho.
Soçaite restrito
O Jockey, clube de bacanas na Lagoa, aumentará o controle sobre quem entra em suas dependências.
Cada sócio só poderá levar três convidados.
No mundo do crime
A americana ABC News exibiu semana passada uma série que mostra até crianças em bocas de fumo, no Rio. Numa das reportagens, o chefe do tráfico de uma favela, armado, comentou com o repórter Dan Harris: “E se eu decidir te matar ou te sequestrar agora? Quem tá podendo? Eu ou você?”
Veja o vídeo no nosso blog.
Sujou
O que fazer com o publicitário que criou este nome e marca (Suja) para um suco orgânico, “caracterizado pela pureza”, e que está em lançamento nas principais ruas de Nova York?
Armando Strozenberg, que flagrou o anúncio e milita na propaganda, sugere: “Demissão sumária.”
QUADRO BORRADO - MONICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 23/10
Ivo Herzog, conselheiro da Fundação Padre Anchieta, abriu fogo contra Salomão Schwartzman, que voltou a ter programa na Rádio Cultura. "Uma fundação que tem a história que tem, extremamente ligada à vida de Vladimir Herzog, não pode ter uma pessoa como esta nos seus quadros. Salomão Schwartzman é persona non-grata nesta instituição que tanto defendemos."
"PIOR ESPÉCIE"
Filho de Herzog, que trabalhava na TV Cultura quando foi preso e assassinado por agentes da ditadura militar, Ivo diz que sua "indignação" foi causada por um comentário do apresentador contra defensores dos direitos humanos. Ele quer que o conselho da fundação exija que Schwartzman peça desculpas no ar. Diz que ele tem "um passado no mínimo duvidoso do ponto de vista de valores e ética" e "mostrou de onde vem" ao fazer "comentários da pior espécie".
FESTA
No começo do mês, num comentário, Schwartzman contou uma história ficcional. Disse que um ladrão estava em sua casa. A polícia não tinha viaturas para enviar à residência. Ele "matou" o ladrão e logo chegaram policiais, repórteres e "a turma dos direitos humanos" que não perderia "a festa por nada desse mundo".
NO FUTURO
Ele diz que Ivo Herzog "cismou de fazer um carnaval" e que não vai "pedir desculpa nenhuma". Afirma que conversou com o presidente do conselho curador da fundação, Belisário dos Santos Jr., sobre a reação a seus comentários. E diz que abordará o tema dos direitos humanos em futuros programas.
INTERCÂMBIO
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo firmou convênio com o Ministério da Saúde de Angola para capacitar profissionais e combater doenças infectocontagiosas e mortalidade infantil.
EM QUEDA
Segundo o secretário David Uip, a iniciativa agora amplia um projeto que começou há 11 anos, no qual médicos e enfermeiros brasileiros trocavam experiências com os angolanos na prevenção à Aids. O índice de prevalência da doença em Angola, que era de 3% no início dos anos 2000, caiu para 1,9%.
BEM-VINDO
Autor de biografia não autorizada de Roberto Carlos, o jornalista Oscar Pilagallo foi convidado pelo empresário do Rei, Dody Sirena, para o cruzeiro Emoções, em 2010, dois anos após o livro "Folha Explica Roberto Carlos" (Publifolha) ter chegado às livrarias. A obra faz referências a questões delicadas como o acidente na infância em que o cantor perdeu parte da perna direita.
EM TUDO
"Todos os episódios importantes da vida do Rei estão lá, até aqueles não aceitos em outros livros", diz Pilagallo. O acidente é narrado a partir das citações de Roberto em canções como "O Divã": "Relembro bem a festa/o apito/E na multidão um grito/O sangue no linho branco". O refrão repete: "Essas recordações me matam". E, no último verso: "São problemas superados/Mas o meu passado vive/Em tudo que eu faço agora/Ele está no meu presente".
NA CAPA
Pilagallo diz que decidiu não usar imagens de Roberto Carlos na capa do livro. "Se tivéssemos feito isso, talvez ele fosse querer brecar a obra, como fez com a biografia escrita pelo Paulo César de Araújo [em 2007]."
MAIS CULTURA
A Secretaria Municipal de Cultura de SP abrirá edital com reajuste de 22% para orientadores dos programas Piá e Vocacional. Eles iniciam crianças e jovens nas linguagens de dança, teatro, música e artes visuais.
TALENTO NO DNA
Depois de desfilar com exclusividade para a Prada em Milão, Mariana Santana deve voltar ao Brasil para o Fashion Rio. E a modelo baiana de 20 anos chega com uma credencial a mais: é sobrinha do músico Tom Zé.
"Ela é capaz de provar que na família não tem só gente feia", brinca ele, que é "primo carnal" do pai de Mariana.
A modelo está atualmente em Nova York, onde fotografou na semana passada para a "Vogue Itália" com o badalado Steve Meisel. Por enquanto, deixa trancada a matrícula no curso de artes na Universidade Federal da Bahia.
NOITE DAS MIL E UMA OBRAS
O governador Geraldo Alckmin e o príncipe da Arábia Saudita, Abdulaziz Bin Abdullah, participaram da entrega de prêmio para tradutores da língua árabe, anteontem, no Palácio dos Bandeirantes. A tradutora Cecília Martini e os professores Abdulnasser Salah Shebl, com a mulher, Amira, e João Batista Vargens, foram alguns dos vencedores. O embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben, esteve lá.
MEMORÁVEIS
O diretor e roteirista Rubens Rewald levou a filha Rita ao lançamento do livro da quinta edição do projeto "Os Filmes da Minha Vida", anteontem. Os cineastas Pierre Urcun e Antonin Peretjatko também passaram no lounge da 37ª Mostra de SP.
CURTO-CIRCUITO
Sandro Barros e a empresária Renata Queiroz de Moraes comemoram os dez anos de carreira do estilista com desfile da coleção Maxime, às 16h, no Morumbi.
A Cultura Inglesa faz hoje leitura de poesias com as atrizes Denise Weinberg e Louise Yates, no Centro Brasileiro Britânico, às 20h.
A View Arts apresenta hoje a mostra "Entre Mundos", às 19h, nos Jardins.
"PIOR ESPÉCIE"
Filho de Herzog, que trabalhava na TV Cultura quando foi preso e assassinado por agentes da ditadura militar, Ivo diz que sua "indignação" foi causada por um comentário do apresentador contra defensores dos direitos humanos. Ele quer que o conselho da fundação exija que Schwartzman peça desculpas no ar. Diz que ele tem "um passado no mínimo duvidoso do ponto de vista de valores e ética" e "mostrou de onde vem" ao fazer "comentários da pior espécie".
FESTA
No começo do mês, num comentário, Schwartzman contou uma história ficcional. Disse que um ladrão estava em sua casa. A polícia não tinha viaturas para enviar à residência. Ele "matou" o ladrão e logo chegaram policiais, repórteres e "a turma dos direitos humanos" que não perderia "a festa por nada desse mundo".
NO FUTURO
Ele diz que Ivo Herzog "cismou de fazer um carnaval" e que não vai "pedir desculpa nenhuma". Afirma que conversou com o presidente do conselho curador da fundação, Belisário dos Santos Jr., sobre a reação a seus comentários. E diz que abordará o tema dos direitos humanos em futuros programas.
INTERCÂMBIO
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo firmou convênio com o Ministério da Saúde de Angola para capacitar profissionais e combater doenças infectocontagiosas e mortalidade infantil.
EM QUEDA
Segundo o secretário David Uip, a iniciativa agora amplia um projeto que começou há 11 anos, no qual médicos e enfermeiros brasileiros trocavam experiências com os angolanos na prevenção à Aids. O índice de prevalência da doença em Angola, que era de 3% no início dos anos 2000, caiu para 1,9%.
BEM-VINDO
Autor de biografia não autorizada de Roberto Carlos, o jornalista Oscar Pilagallo foi convidado pelo empresário do Rei, Dody Sirena, para o cruzeiro Emoções, em 2010, dois anos após o livro "Folha Explica Roberto Carlos" (Publifolha) ter chegado às livrarias. A obra faz referências a questões delicadas como o acidente na infância em que o cantor perdeu parte da perna direita.
EM TUDO
"Todos os episódios importantes da vida do Rei estão lá, até aqueles não aceitos em outros livros", diz Pilagallo. O acidente é narrado a partir das citações de Roberto em canções como "O Divã": "Relembro bem a festa/o apito/E na multidão um grito/O sangue no linho branco". O refrão repete: "Essas recordações me matam". E, no último verso: "São problemas superados/Mas o meu passado vive/Em tudo que eu faço agora/Ele está no meu presente".
NA CAPA
Pilagallo diz que decidiu não usar imagens de Roberto Carlos na capa do livro. "Se tivéssemos feito isso, talvez ele fosse querer brecar a obra, como fez com a biografia escrita pelo Paulo César de Araújo [em 2007]."
MAIS CULTURA
A Secretaria Municipal de Cultura de SP abrirá edital com reajuste de 22% para orientadores dos programas Piá e Vocacional. Eles iniciam crianças e jovens nas linguagens de dança, teatro, música e artes visuais.
TALENTO NO DNA
Depois de desfilar com exclusividade para a Prada em Milão, Mariana Santana deve voltar ao Brasil para o Fashion Rio. E a modelo baiana de 20 anos chega com uma credencial a mais: é sobrinha do músico Tom Zé.
"Ela é capaz de provar que na família não tem só gente feia", brinca ele, que é "primo carnal" do pai de Mariana.
A modelo está atualmente em Nova York, onde fotografou na semana passada para a "Vogue Itália" com o badalado Steve Meisel. Por enquanto, deixa trancada a matrícula no curso de artes na Universidade Federal da Bahia.
NOITE DAS MIL E UMA OBRAS
O governador Geraldo Alckmin e o príncipe da Arábia Saudita, Abdulaziz Bin Abdullah, participaram da entrega de prêmio para tradutores da língua árabe, anteontem, no Palácio dos Bandeirantes. A tradutora Cecília Martini e os professores Abdulnasser Salah Shebl, com a mulher, Amira, e João Batista Vargens, foram alguns dos vencedores. O embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben, esteve lá.
MEMORÁVEIS
O diretor e roteirista Rubens Rewald levou a filha Rita ao lançamento do livro da quinta edição do projeto "Os Filmes da Minha Vida", anteontem. Os cineastas Pierre Urcun e Antonin Peretjatko também passaram no lounge da 37ª Mostra de SP.
CURTO-CIRCUITO
Sandro Barros e a empresária Renata Queiroz de Moraes comemoram os dez anos de carreira do estilista com desfile da coleção Maxime, às 16h, no Morumbi.
A Cultura Inglesa faz hoje leitura de poesias com as atrizes Denise Weinberg e Louise Yates, no Centro Brasileiro Britânico, às 20h.
A View Arts apresenta hoje a mostra "Entre Mundos", às 19h, nos Jardins.
No divã da oposição - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 23/10
Aliado tradicional do PSDB, o PPS vive luta interna. Seu presidente, Roberto Freire, quer apoiar Aécio Neves. Mas o líder na Câmara, Rubens Bueno, quer Soninha Francine candidata. “Esperamos Serra e Marina, agora temos que colocar um nome nosso na rua diz Bueno. O tucano tem maior apoio no partido, que, em 201 1, aprovou em congresso o lançamento de candidatura própria.
O nascimento da partilha
Com a descoberta das reservas do pré-sal, em novembro de 2007, o governo Lula criou uma comissão para debater o destino deste petróleo. Um de seus integrantes, Haroldo Lima, então dirigente da ANP, foi quem sugeriu a adoção do regime de partilha. “Este modelo foi adotado pela primeira vez na Indonésia, era praticado na Rússia e no Azerbaijão, e foi implementado na China e no Vietnã com o fim do monopólio estatal relata Haroldo. A presidente Dilma, então chefe da Casa Civil, o chamou ao Planalto para conhecer a proposta. Ele conta: “Ela agarrou a ideia da partilha e sua participação foi decisiva para que a mudança da regra ocorresse’.
“Nós precisamos reestatizar a Petrobras, entregar a Petrobras novamente aos brasileiros e aos seus interesses” Aécio Neves
Presidente do PSDB e senador (MG)
Assim caminha a Humanidade
A Mesa da Câmara não quer tirar cargos dos partidos que perderam deputados com a criação do Solidariedade e do PROS. Os dirigentes da Casa pediram calma aos líderes das novas legendas porque planejam criar mais cargos para atendê-los.
Insubstituível
O ministro Alexandre Padilha comemora a vitória na destinação de parte dos royalties do petróleo à saúde. Mas não é para tanto. Com o fim da CPMF, o setor perdeu receita de R$ 41 bilhões. Os royalties do petróleo vão gerar receita de R$ 300 milhões ano que vem e devem render uma receita de apenas R$ 2,3 bilhões em 2018.
No gargalo da exportação
Vereadores de Santos entregaram ao vice Michel Temer alerta sobre o Porto de Santos. Advertiram que incêndio em armazéns de açúcar está ligado à proximidade deles com galpões de insumos inflamáveis e às falhas no controle das chamas.
Resgate da história
Os presidentes da Assembleia da Bahia, Marcelo Nilo, e da Comissão da Verdade local, Marcelino Galo, estão empenhados em restituir o mandato, de deputado, do falecido dirigente do PCB Giocondo Dias. Ele foi cassado em 1946. O ato da Assembleia deve ocorrer até 18 de novembro. Nessa data, ele faria 100 anos. Familiares e amigos organizam homenagens no Rio e em Salvador.
Oba-oba
Os socialistas espalhavam ontem que o prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB), tinha aderido à campanha de Eduardo Campos. Firmino reage: “Sou amigo do Eduardo há décadas, mas sempre defendi o PSDB, onde sou filiado desde 1992’
Momento de emoção
Depois de assistir ao filme “O dia que durou 21 anos’ no Alvorada, sexta-feira passada, a presidente Duma telefonou para Flávio Tavares, pai do diretor Camilo Tavares. Flávio, de 80 anos, relatou que, doente, não pôde ir a Brasília.
O PSB PRESSIONA a senadora Lídice da Mata. Aliada do PT, seu partido a quer candidata ao governo da Bahia para dar palanque a Eduardo Campos.
O nascimento da partilha
Com a descoberta das reservas do pré-sal, em novembro de 2007, o governo Lula criou uma comissão para debater o destino deste petróleo. Um de seus integrantes, Haroldo Lima, então dirigente da ANP, foi quem sugeriu a adoção do regime de partilha. “Este modelo foi adotado pela primeira vez na Indonésia, era praticado na Rússia e no Azerbaijão, e foi implementado na China e no Vietnã com o fim do monopólio estatal relata Haroldo. A presidente Dilma, então chefe da Casa Civil, o chamou ao Planalto para conhecer a proposta. Ele conta: “Ela agarrou a ideia da partilha e sua participação foi decisiva para que a mudança da regra ocorresse’.
“Nós precisamos reestatizar a Petrobras, entregar a Petrobras novamente aos brasileiros e aos seus interesses” Aécio Neves
Presidente do PSDB e senador (MG)
Assim caminha a Humanidade
A Mesa da Câmara não quer tirar cargos dos partidos que perderam deputados com a criação do Solidariedade e do PROS. Os dirigentes da Casa pediram calma aos líderes das novas legendas porque planejam criar mais cargos para atendê-los.
Insubstituível
O ministro Alexandre Padilha comemora a vitória na destinação de parte dos royalties do petróleo à saúde. Mas não é para tanto. Com o fim da CPMF, o setor perdeu receita de R$ 41 bilhões. Os royalties do petróleo vão gerar receita de R$ 300 milhões ano que vem e devem render uma receita de apenas R$ 2,3 bilhões em 2018.
No gargalo da exportação
Vereadores de Santos entregaram ao vice Michel Temer alerta sobre o Porto de Santos. Advertiram que incêndio em armazéns de açúcar está ligado à proximidade deles com galpões de insumos inflamáveis e às falhas no controle das chamas.
Resgate da história
Os presidentes da Assembleia da Bahia, Marcelo Nilo, e da Comissão da Verdade local, Marcelino Galo, estão empenhados em restituir o mandato, de deputado, do falecido dirigente do PCB Giocondo Dias. Ele foi cassado em 1946. O ato da Assembleia deve ocorrer até 18 de novembro. Nessa data, ele faria 100 anos. Familiares e amigos organizam homenagens no Rio e em Salvador.
Oba-oba
Os socialistas espalhavam ontem que o prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB), tinha aderido à campanha de Eduardo Campos. Firmino reage: “Sou amigo do Eduardo há décadas, mas sempre defendi o PSDB, onde sou filiado desde 1992’
Momento de emoção
Depois de assistir ao filme “O dia que durou 21 anos’ no Alvorada, sexta-feira passada, a presidente Duma telefonou para Flávio Tavares, pai do diretor Camilo Tavares. Flávio, de 80 anos, relatou que, doente, não pôde ir a Brasília.
O PSB PRESSIONA a senadora Lídice da Mata. Aliada do PT, seu partido a quer candidata ao governo da Bahia para dar palanque a Eduardo Campos.
Falando sério - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 23/10
O PSB de São Paulo vai usar sua propaganda partidária de TV para exaltar o governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Nas peças, são exibidos depoimentos de cinco eleitores que elogiam o tucano pela "seriedade". O presidente estadual da sigla, deputado Márcio França, que articula para ser vice de Alckmin e enfrenta resistência por parte da Rede, diz num dos vídeos: "O PSB só faz parte de governo sério. É por isso que em São Paulo nós estamos no governo Geraldo Alckmin".
Fora... A seção paulista da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) se retirou da comissão externa do governo de São Paulo que acompanha as investigações sobre cartel em contratos de trem e metrô.
... da foto Em ofício enviado ontem a Alckmin, a entidade afirma que não está capacitada para avaliar possíveis ilicitudes e que, portanto, não poderia referendar o resultado da apuração.
Plantão Mozart Sales, secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, desponta como candidato a sucessor de Alexandre Padilha no ministério. Dilma Rousseff elogia seu trabalho no Mais Médicos e o considera capaz de tocar o programa.
Chumbo... O senador e presidenciável tucano Aécio Neves (MG) diz que Guido Mantega precisa "refrescar a memória" quando compara o desempenho da economia do governo FHC com o de Dilma. "É preciso fazer a comparação com honestidade."
... trocado "Nos anos FHC, o crescimento médio do Brasil foi de 2,5% ao ano, e o da América do Sul, de 1,3%. Nos anos Dilma, o crescimento médio do Brasil foi de 1,8% ao ano, contra 5,1% da região", afirma o mineiro.
Antena ligada Nelson Breve, presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), responsável pela TV Brasil, telefonou ontem para Marina Silva para reiterar que um problema técnico impediu a transmissão de sua entrevista ao "Roda Viva" pela emissora, na segunda-feira.
À mesa Estava previsto ontem um jantar entre Dilma e os peemedebistas Michel Temer, Eduardo Braga e Jader Barbalho. No cardápio, os palanques da sucessão no Amazonas e no Pará.
Entre amigos Joaquim Barbosa participou no sábado de um jantar na casa do advogado Carlos Siqueira Castro, no Rio. O evento foi oferecido ao presidente do Supremo Tribunal Federal e ao presidente do Conselho Constitucional francês, Jean Louis Debré.
Histórico Durante o julgamento do mensalão, Barbosa foi criticado por não receber criminalistas em seu gabinete e apontou "conluio" entre juízes e advogados.
Veja bem "Compareci, sim, ao jantar. Era uma homenagem à delegação francesa", diz o ministro. Ele é colega de Siqueira Castro na Uerj e atuou com ele no Ministério Público. Sua assessoria diz que Barbosa não relata casos do advogado.
Linha direta O ex-presidente Lula telefonou do exterior para Edison Lobão (Minas e Energia), anteontem, para comemorar o resultado do leilão do campo de Libra.
Numa boa Para evitar atritos com Paulo Maluf, a gestão de Fernando Haddad (PT) desistiu de atrair os dois vereadores do PP para o novato Pros, em São Paulo. A sigla ficou apenas com um representante do PPS e com os dois parlamentares do PSB.
Vizinhança O PSDB paulistano deixou a sala que ocupava no edifício Joelma, cedida por Kassab, e se mudou para um casarão na Bela Vista. Os tucanos serão vizinhos do PP de Maluf.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"Não há contabilidade criativa que transforme em verdade a declaração de Dilma de que o Brasil ficará com 85% dos recursos de Libra."
DO DEPUTADO JUTAHY JUNIOR (PSDB-BA), sobre o discurso do governo federal para explicar que o país será o maior beneficiário da exploração do pré-sal.
contraponto
Ao mestre, com carinho
Os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) conversavam ontem no plenário da Casa sobre o quadro político nacional. Cunha Lima quis saber se o veterano gaúcho disputaria a reeleição.
--Acho que vou para a casa --, respondeu Simon.
Diante da objeção do jovem senador, o peemedebista explicou suas razões para resistir a tentar novo mandato:
--Já vou para meus 85 anos. Meus bons companheiros não estão mais aqui. O que vou fazer?
--Eu sei o que o senhor vai fazer: vai fazer muita falta nesta Casa! --emendou Cunha Lima.
O PSB de São Paulo vai usar sua propaganda partidária de TV para exaltar o governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Nas peças, são exibidos depoimentos de cinco eleitores que elogiam o tucano pela "seriedade". O presidente estadual da sigla, deputado Márcio França, que articula para ser vice de Alckmin e enfrenta resistência por parte da Rede, diz num dos vídeos: "O PSB só faz parte de governo sério. É por isso que em São Paulo nós estamos no governo Geraldo Alckmin".
Fora... A seção paulista da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) se retirou da comissão externa do governo de São Paulo que acompanha as investigações sobre cartel em contratos de trem e metrô.
... da foto Em ofício enviado ontem a Alckmin, a entidade afirma que não está capacitada para avaliar possíveis ilicitudes e que, portanto, não poderia referendar o resultado da apuração.
Plantão Mozart Sales, secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, desponta como candidato a sucessor de Alexandre Padilha no ministério. Dilma Rousseff elogia seu trabalho no Mais Médicos e o considera capaz de tocar o programa.
Chumbo... O senador e presidenciável tucano Aécio Neves (MG) diz que Guido Mantega precisa "refrescar a memória" quando compara o desempenho da economia do governo FHC com o de Dilma. "É preciso fazer a comparação com honestidade."
... trocado "Nos anos FHC, o crescimento médio do Brasil foi de 2,5% ao ano, e o da América do Sul, de 1,3%. Nos anos Dilma, o crescimento médio do Brasil foi de 1,8% ao ano, contra 5,1% da região", afirma o mineiro.
Antena ligada Nelson Breve, presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), responsável pela TV Brasil, telefonou ontem para Marina Silva para reiterar que um problema técnico impediu a transmissão de sua entrevista ao "Roda Viva" pela emissora, na segunda-feira.
À mesa Estava previsto ontem um jantar entre Dilma e os peemedebistas Michel Temer, Eduardo Braga e Jader Barbalho. No cardápio, os palanques da sucessão no Amazonas e no Pará.
Entre amigos Joaquim Barbosa participou no sábado de um jantar na casa do advogado Carlos Siqueira Castro, no Rio. O evento foi oferecido ao presidente do Supremo Tribunal Federal e ao presidente do Conselho Constitucional francês, Jean Louis Debré.
Histórico Durante o julgamento do mensalão, Barbosa foi criticado por não receber criminalistas em seu gabinete e apontou "conluio" entre juízes e advogados.
Veja bem "Compareci, sim, ao jantar. Era uma homenagem à delegação francesa", diz o ministro. Ele é colega de Siqueira Castro na Uerj e atuou com ele no Ministério Público. Sua assessoria diz que Barbosa não relata casos do advogado.
Linha direta O ex-presidente Lula telefonou do exterior para Edison Lobão (Minas e Energia), anteontem, para comemorar o resultado do leilão do campo de Libra.
Numa boa Para evitar atritos com Paulo Maluf, a gestão de Fernando Haddad (PT) desistiu de atrair os dois vereadores do PP para o novato Pros, em São Paulo. A sigla ficou apenas com um representante do PPS e com os dois parlamentares do PSB.
Vizinhança O PSDB paulistano deixou a sala que ocupava no edifício Joelma, cedida por Kassab, e se mudou para um casarão na Bela Vista. Os tucanos serão vizinhos do PP de Maluf.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"Não há contabilidade criativa que transforme em verdade a declaração de Dilma de que o Brasil ficará com 85% dos recursos de Libra."
DO DEPUTADO JUTAHY JUNIOR (PSDB-BA), sobre o discurso do governo federal para explicar que o país será o maior beneficiário da exploração do pré-sal.
contraponto
Ao mestre, com carinho
Os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) conversavam ontem no plenário da Casa sobre o quadro político nacional. Cunha Lima quis saber se o veterano gaúcho disputaria a reeleição.
--Acho que vou para a casa --, respondeu Simon.
Diante da objeção do jovem senador, o peemedebista explicou suas razões para resistir a tentar novo mandato:
--Já vou para meus 85 anos. Meus bons companheiros não estão mais aqui. O que vou fazer?
--Eu sei o que o senhor vai fazer: vai fazer muita falta nesta Casa! --emendou Cunha Lima.
O céu é o limite - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 23/10
Passados o leilão do pré-sal e a sanção do Mais Médicos, os petistas ganharam mais confiança a ponto de o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) declarar que “Dilma ganhou a eleição nesses dois dias”. Nessa linha, outro importante petista garante que não há como refluir as candidaturas do partido no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, os maiores colégios eleitorais.
Para completar, onde o PT planeja ceder a cabeça de chapa, quer a vaga ao Senado. Estão nessa batida, Pernambuco, onde o candidato a senador será João Paulo Lima, ex-prefeito de Recife; Rio Grande do Norte, com Fátima Bezerra; e, ainda, o Ceará, com José Nobre Guimarães. Como o PMDB tem cinco senadores em fim de mandato, o projeto petista é conquistar a Presidência da Casa no ano que vem. Pelo visto, o salto do PT de Dilma cresceu. Não é à toa que os peemedebistas sacodem a aliança.
É ele!
Carlos Eduardo Gabas, hoje secretário executivo do Ministério da Previdência, será o novo ministro da Casa Civil. Assim deixará de “cuidar” de Garibaldi Alves para olhar todo o governo. O próprio Garibaldi às vezes brinca dizendo que a função de Gabas lá era “vigiar” o ministro.
São eles!
Gabas é técnico e como é alguém da confiança da presidente pode ser deslocado no futuro sem ferir susceptibilidades partidárias, seja dos aliados, seja do PT. É isso que faz ainda de Mozart Sales, secretário de Gestão Trabalho e Educação, do Ministério da Saúde, uma aposta de peso para substituir o ministro Alexandre Padilha.
Carreira solo
O DEM começa a trabalhar a candidatura de Ronaldo Caiado, de Goiás, à Presidência da República. Desde que ele foi “esnobado” por Marina Silva, essa hipótese ganha corpo. Obviamente, o partido não fará dele candidato de qualquer jeito, mas no DEM vale hoje a tese de que time que não joga não tem torcida.
Encontro marcado
O PT antecipou seu congresso de fevereiro para dezembro deste ano, exatamente no dia 14, aniversário da presidente Dilma Rousseff. Foi o jeito que o partido encontrou de encerrar o ano com imagens de um balanço do governo carregado de parabéns, com ares de festa e direito a bolo de aniversário. Tudo isso servirá como uma luva para o futuro horário eleitoral.
CURTIDAS
Medical tour I/ Ao fundo da solenidade do Mais Médicos, a cubana Idânia Santesteban Garrido e alguns conterrâneos aproveitavam a ida ao Planalto para tirar fotos enquanto Dilma discursava. “Eu preciso, e o povo brasileiro precisa. Quero ajudar e conhecer as doenças mais frequentes no Brasil, cultura e a língua”, disse ela à coluna, ainda com muita dificuldade em falar o português.
Medical Tour II/ De repente, um amigo dela puxa os vereadores índios Nham-Pá Oro e Arao Ororam Xijein, ambos de Guajará-Mirim (RO), para tirar fotos. Nham-Pá é do PSB de Eduardo Campos e apoia o Mais Médicos. “Finalmente, teremos atendimento”, comentou.
Zzzzz.../ O longo discurso de Dilma na sanção do Programa Mais Médicos deixou muitos ministros bocejando na plateia. Nem o sempre-alerta ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, conseguiu se segurar.
O demolidor/ O líder do PMDB, Eduardo Cunha (foto), destilava ironia ao citar todos os projetos que estavam na pauta de ontem da Câmara. E terminou a frase assim: “E eu acredito em Papai Noel”. Não por acaso, uma excelência comentou em seguida: “Minirreforma e Eduardo Cunha em plenário é uma combinação que acaba com qualquer sessão”. Dessa vez, entretanto, as previsões não se confirmaram. As votações prossegiram ontem à noite, normalmente.
Passados o leilão do pré-sal e a sanção do Mais Médicos, os petistas ganharam mais confiança a ponto de o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) declarar que “Dilma ganhou a eleição nesses dois dias”. Nessa linha, outro importante petista garante que não há como refluir as candidaturas do partido no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, os maiores colégios eleitorais.
Para completar, onde o PT planeja ceder a cabeça de chapa, quer a vaga ao Senado. Estão nessa batida, Pernambuco, onde o candidato a senador será João Paulo Lima, ex-prefeito de Recife; Rio Grande do Norte, com Fátima Bezerra; e, ainda, o Ceará, com José Nobre Guimarães. Como o PMDB tem cinco senadores em fim de mandato, o projeto petista é conquistar a Presidência da Casa no ano que vem. Pelo visto, o salto do PT de Dilma cresceu. Não é à toa que os peemedebistas sacodem a aliança.
É ele!
Carlos Eduardo Gabas, hoje secretário executivo do Ministério da Previdência, será o novo ministro da Casa Civil. Assim deixará de “cuidar” de Garibaldi Alves para olhar todo o governo. O próprio Garibaldi às vezes brinca dizendo que a função de Gabas lá era “vigiar” o ministro.
São eles!
Gabas é técnico e como é alguém da confiança da presidente pode ser deslocado no futuro sem ferir susceptibilidades partidárias, seja dos aliados, seja do PT. É isso que faz ainda de Mozart Sales, secretário de Gestão Trabalho e Educação, do Ministério da Saúde, uma aposta de peso para substituir o ministro Alexandre Padilha.
Carreira solo
O DEM começa a trabalhar a candidatura de Ronaldo Caiado, de Goiás, à Presidência da República. Desde que ele foi “esnobado” por Marina Silva, essa hipótese ganha corpo. Obviamente, o partido não fará dele candidato de qualquer jeito, mas no DEM vale hoje a tese de que time que não joga não tem torcida.
Encontro marcado
O PT antecipou seu congresso de fevereiro para dezembro deste ano, exatamente no dia 14, aniversário da presidente Dilma Rousseff. Foi o jeito que o partido encontrou de encerrar o ano com imagens de um balanço do governo carregado de parabéns, com ares de festa e direito a bolo de aniversário. Tudo isso servirá como uma luva para o futuro horário eleitoral.
CURTIDAS
Medical tour I/ Ao fundo da solenidade do Mais Médicos, a cubana Idânia Santesteban Garrido e alguns conterrâneos aproveitavam a ida ao Planalto para tirar fotos enquanto Dilma discursava. “Eu preciso, e o povo brasileiro precisa. Quero ajudar e conhecer as doenças mais frequentes no Brasil, cultura e a língua”, disse ela à coluna, ainda com muita dificuldade em falar o português.
Medical Tour II/ De repente, um amigo dela puxa os vereadores índios Nham-Pá Oro e Arao Ororam Xijein, ambos de Guajará-Mirim (RO), para tirar fotos. Nham-Pá é do PSB de Eduardo Campos e apoia o Mais Médicos. “Finalmente, teremos atendimento”, comentou.
Zzzzz.../ O longo discurso de Dilma na sanção do Programa Mais Médicos deixou muitos ministros bocejando na plateia. Nem o sempre-alerta ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, conseguiu se segurar.
O demolidor/ O líder do PMDB, Eduardo Cunha (foto), destilava ironia ao citar todos os projetos que estavam na pauta de ontem da Câmara. E terminou a frase assim: “E eu acredito em Papai Noel”. Não por acaso, uma excelência comentou em seguida: “Minirreforma e Eduardo Cunha em plenário é uma combinação que acaba com qualquer sessão”. Dessa vez, entretanto, as previsões não se confirmaram. As votações prossegiram ontem à noite, normalmente.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 23/10
Construtora do PR investirá R$ 600 mi em 2014
A Plaenge, uma das maiores empresas de capital fechado do setor de construção, deve aportar cerca de R$ 600 milhões em 2014 para lançar torres residenciais.
A companhia prevê um volume de recursos semelhante ao deste ano, que deverá registrar um VGV (volume geral de vendas) de R$ 950 milhões a R$ 1 bilhão. Os investimentos costumam representar 60% desse montante.
Os diretores da empresa irão se reunir daqui duas semanas para definir o número exato de empreendimentos.
"Deve ficar em 23 ou 24 projetos", afirma o sócio Alexandre Fabian.
A companhia, com sede em Londrina (PR), também planeja entrar em "mais duas ou três" cidades. Hoje, ela atua em apenas sete.
O momento de estagnação do mercado imobiliário não tem afetado os planos da construtora.
"Trabalhamos em regiões ligadas ao agronegócio e que estão bastante dinâmicas em termos econômicos. Assim direcionamos os investimentos para as cidades que estão melhores", diz Fernando Fabian, também sócio.
"Apenas Curitiba e Joinville vêm sendo mais afetadas."
Além da expansão no Brasil, a Plaenge projeta ampliar seus negócios no Chile. O país é responsável por 5% do faturamento da empresa.
"Deve passar para 25% em três anos", afirma Alexandre.
"O Chile sentiu bastante a crise de 2008. Agora, está melhor que o Brasil. Isso faz com que ele seja uma região estratégica para nós." Cerca de 10% dos investimentos de 2014 serão aportados no país.
TJ-SP vai julgar ação relativa à inspeção de veículos
Em mais um lance do caso Controlar, o procurador-geral de Justiça Márcio Elias Rosa ajuizou no Tribunal de Justiça de São Paulo uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) dos artigos 5º e 6º da Lei 15.688/2013.
A lei, assinada pelo prefeito Fernando Haddad em abril passado, dispõe sobre o controle de poluição veicular e o programa de inspeção e manutenção de veículos na cidade de São Paulo.
A ação cita artigos que alteraram a periodicidade e o tempo de dispensa da inspeção ambiental veicular, além de autorizar o executivo a mudar a concessão ou a extinguir o contrato.
A inspeção veicular foi retomada na cidade na semana passada em razão de uma liminar obtida pela Controlar. O juiz havia mandado reativá-las sob a alegação de se tratar de uma questão de saúde pública.
Cinco dias antes, o prefeito havia anunciado o fim das vistorias. A prefeitura anunciou que vai recorrer.
"A Adin não beneficia a Controlar diretamente, mas, se o desembargador suspender os efeitos da lei, deixará o prefeito em situação difícil", afirma Luiz Eduardo Serra Netto, advogado da Controlar.
"Ele não tem um plano para substituir o programa."
Vendas de tablets superam as de notebooks e desktops
A venda de tablets ultrapassou a de desktops e notebooks em agosto, segundo levantamento da consultoria IDC organizado pela Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).
Essa é a primeira vez que o portátil assume a liderança de vendas do segmento.
Dos cerca de 1,7 milhão de computadores pessoais comercializados no mês, 38% foram tablets --um aumento de 134% na comparação com agosto do ano anterior.
"Foi impressionante a velocidade com que os tablets ultrapassaram os outros produtos, enquanto que os notebooks demoraram cerca de seis anos para superar os desktops", afirma Humberto Barbato, presidente da entidade.
O custo menor e as praticidades do utensílio foram responsáveis pela rápida expansão, segundo Barbato.
"Aqueles que compravam notebooks somente pela praticidade agora se voltam para os tablets, enquanto que os desktops devem ter uso apenas corporativo", diz.
A projeção do setor para este ano é superar 15 milhões de unidades comercializadas, puxadas pelos tablets.
Operações... O Veirano Advogados projeta fechar 2013 com 70 operações de fusões e aquisições. De janeiro a setembro, foram R$ 12,7 bilhões em transações, ante R$ 6,8 bilhões no mesmo período de 2012.
...aquecidas O Lefosse, por sua vez, assessorou fusões que totalizaram cerca de R$ 10,5 bilhões até setembro.
Janela... O governo de El Salvador vai abrir no dia 31 de outubro um escritório comercial e de turismo em São Paulo. Será a terceira unidade do tipo a ser instalada pelo país da América Central no mundo.
...para negócios O objetivo é ampliar as relações comerciais e buscar investimentos de indústrias brasileiras.
RETOMADA DAS FUSÕES
Apesar de permanecer praticamente estável na comparação com o ano passado, o mercado de fusões e aquisições do país se recuperou no terceiro trimestre deste ano.
Foram registradas 214 operações --crescimento de 3,4% na comparação com o mesmo período de 2012--, segundo levantamento da KPMG.
Entre janeiro e março de 2013, haviam sido fechados 192 negócios. Nos três meses posteriores, 194.
"Este ano abriu bem mais fraco que o passado, agora deu uma aquecida. Mesmo a economia ainda estando fraca, ela não inibiu [as fusões e aquisições]", diz Luís Motta, sócio da empresa.
A expectativa é que o resultado de 2013 se aproxime dos anteriores. Em 2011, foram 817 operações --recorde histórico. No ano seguinte, as transações ficaram no mesmo patamar.
"Se os números deste terceiro trimestre se repetirem no quarto, este ano poderá ser o segundo ou o terceiro melhor", afirma.
Dos 214 negócios, 98 foram domésticos --alta de 16,7%.
Gestão... O WTC Hotelaria, gestor do Sheraton São Paulo WTC Hotel, foi selecionado para administrar o ITC Paris (International Trade Center), na França.
...hoteleira O complexo será construído na capital francesa a partir de 2014 e terá seis hotéis, centro de convenções e torre de escritórios. A previsão de entrega é 2017.
Abaixo da média
A parcela de brasileiros que consideram boa a situação econômica do país subiu dois pontos percentuais em setembro e atingiu 30%, de acordo com levantamento da empresa Ipsos.
Apesar da alta, a avaliação dos brasileiros continua abaixo da média global, de 36%.
Em relação ao futuro, no entanto, a população do Brasil é a mais otimista: 63% acreditam que a economia da região onde vivem irá melhorar nos próximos seis meses.
A média dos 24 países analisados é de 24%. A distância entre o Brasil e a Arábia Saudita (segundo país no ranking dos que preveem uma economia mais forte) é de 12 pontos percentuais.
Construtora do PR investirá R$ 600 mi em 2014
A Plaenge, uma das maiores empresas de capital fechado do setor de construção, deve aportar cerca de R$ 600 milhões em 2014 para lançar torres residenciais.
A companhia prevê um volume de recursos semelhante ao deste ano, que deverá registrar um VGV (volume geral de vendas) de R$ 950 milhões a R$ 1 bilhão. Os investimentos costumam representar 60% desse montante.
Os diretores da empresa irão se reunir daqui duas semanas para definir o número exato de empreendimentos.
"Deve ficar em 23 ou 24 projetos", afirma o sócio Alexandre Fabian.
A companhia, com sede em Londrina (PR), também planeja entrar em "mais duas ou três" cidades. Hoje, ela atua em apenas sete.
O momento de estagnação do mercado imobiliário não tem afetado os planos da construtora.
"Trabalhamos em regiões ligadas ao agronegócio e que estão bastante dinâmicas em termos econômicos. Assim direcionamos os investimentos para as cidades que estão melhores", diz Fernando Fabian, também sócio.
"Apenas Curitiba e Joinville vêm sendo mais afetadas."
Além da expansão no Brasil, a Plaenge projeta ampliar seus negócios no Chile. O país é responsável por 5% do faturamento da empresa.
"Deve passar para 25% em três anos", afirma Alexandre.
"O Chile sentiu bastante a crise de 2008. Agora, está melhor que o Brasil. Isso faz com que ele seja uma região estratégica para nós." Cerca de 10% dos investimentos de 2014 serão aportados no país.
TJ-SP vai julgar ação relativa à inspeção de veículos
Em mais um lance do caso Controlar, o procurador-geral de Justiça Márcio Elias Rosa ajuizou no Tribunal de Justiça de São Paulo uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) dos artigos 5º e 6º da Lei 15.688/2013.
A lei, assinada pelo prefeito Fernando Haddad em abril passado, dispõe sobre o controle de poluição veicular e o programa de inspeção e manutenção de veículos na cidade de São Paulo.
A ação cita artigos que alteraram a periodicidade e o tempo de dispensa da inspeção ambiental veicular, além de autorizar o executivo a mudar a concessão ou a extinguir o contrato.
A inspeção veicular foi retomada na cidade na semana passada em razão de uma liminar obtida pela Controlar. O juiz havia mandado reativá-las sob a alegação de se tratar de uma questão de saúde pública.
Cinco dias antes, o prefeito havia anunciado o fim das vistorias. A prefeitura anunciou que vai recorrer.
"A Adin não beneficia a Controlar diretamente, mas, se o desembargador suspender os efeitos da lei, deixará o prefeito em situação difícil", afirma Luiz Eduardo Serra Netto, advogado da Controlar.
"Ele não tem um plano para substituir o programa."
Vendas de tablets superam as de notebooks e desktops
A venda de tablets ultrapassou a de desktops e notebooks em agosto, segundo levantamento da consultoria IDC organizado pela Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).
Essa é a primeira vez que o portátil assume a liderança de vendas do segmento.
Dos cerca de 1,7 milhão de computadores pessoais comercializados no mês, 38% foram tablets --um aumento de 134% na comparação com agosto do ano anterior.
"Foi impressionante a velocidade com que os tablets ultrapassaram os outros produtos, enquanto que os notebooks demoraram cerca de seis anos para superar os desktops", afirma Humberto Barbato, presidente da entidade.
O custo menor e as praticidades do utensílio foram responsáveis pela rápida expansão, segundo Barbato.
"Aqueles que compravam notebooks somente pela praticidade agora se voltam para os tablets, enquanto que os desktops devem ter uso apenas corporativo", diz.
A projeção do setor para este ano é superar 15 milhões de unidades comercializadas, puxadas pelos tablets.
Operações... O Veirano Advogados projeta fechar 2013 com 70 operações de fusões e aquisições. De janeiro a setembro, foram R$ 12,7 bilhões em transações, ante R$ 6,8 bilhões no mesmo período de 2012.
...aquecidas O Lefosse, por sua vez, assessorou fusões que totalizaram cerca de R$ 10,5 bilhões até setembro.
Janela... O governo de El Salvador vai abrir no dia 31 de outubro um escritório comercial e de turismo em São Paulo. Será a terceira unidade do tipo a ser instalada pelo país da América Central no mundo.
...para negócios O objetivo é ampliar as relações comerciais e buscar investimentos de indústrias brasileiras.
RETOMADA DAS FUSÕES
Apesar de permanecer praticamente estável na comparação com o ano passado, o mercado de fusões e aquisições do país se recuperou no terceiro trimestre deste ano.
Foram registradas 214 operações --crescimento de 3,4% na comparação com o mesmo período de 2012--, segundo levantamento da KPMG.
Entre janeiro e março de 2013, haviam sido fechados 192 negócios. Nos três meses posteriores, 194.
"Este ano abriu bem mais fraco que o passado, agora deu uma aquecida. Mesmo a economia ainda estando fraca, ela não inibiu [as fusões e aquisições]", diz Luís Motta, sócio da empresa.
A expectativa é que o resultado de 2013 se aproxime dos anteriores. Em 2011, foram 817 operações --recorde histórico. No ano seguinte, as transações ficaram no mesmo patamar.
"Se os números deste terceiro trimestre se repetirem no quarto, este ano poderá ser o segundo ou o terceiro melhor", afirma.
Dos 214 negócios, 98 foram domésticos --alta de 16,7%.
Gestão... O WTC Hotelaria, gestor do Sheraton São Paulo WTC Hotel, foi selecionado para administrar o ITC Paris (International Trade Center), na França.
...hoteleira O complexo será construído na capital francesa a partir de 2014 e terá seis hotéis, centro de convenções e torre de escritórios. A previsão de entrega é 2017.
Abaixo da média
A parcela de brasileiros que consideram boa a situação econômica do país subiu dois pontos percentuais em setembro e atingiu 30%, de acordo com levantamento da empresa Ipsos.
Apesar da alta, a avaliação dos brasileiros continua abaixo da média global, de 36%.
Em relação ao futuro, no entanto, a população do Brasil é a mais otimista: 63% acreditam que a economia da região onde vivem irá melhorar nos próximos seis meses.
A média dos 24 países analisados é de 24%. A distância entre o Brasil e a Arábia Saudita (segundo país no ranking dos que preveem uma economia mais forte) é de 12 pontos percentuais.
Falhas de modelagem - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 23/10
Independentemente do resultado final da licitação do Campo de Libra, ficaram evidentes os problemas da atual modelagem.
O principal deles é a trombada de interesses entre governo e Petrobrás. Nas atuais regras do jogo, para o governo, tanto maior será o sucesso de um leilão do pré-sal quanto maior for a oferta em petróleo que o consórcio vencedor oferecer à União. Mas, nessas condições, poderá haver grave prejuízo para a Petrobrás.
No caso de Libra, por exemplo, a oferta mínima à União foi de 41,65% em petróleo e gás a serem produzidos. Houvesse concorrência, um consórcio agressivo poderia oferecer 60% ou 70%. Como a Petrobrás está obrigada a participar com pelo menos 30% e terá de ser a única operadora, a menor remuneração no lucro-óleo poderia inviabilizar o retorno da operação. Argumentado de outra forma, se um consórcio qualquer estivesse determinado a provocar avarias na Petrobrás, bastaria que fizesse uma proposta altamente benéfica à União e ao Tesouro. Na prática, poderia lesar a Petrobrás.
Há outras críticas. Uma delas é a de que não atinge os objetivos pelos quais foi criado. Depois de ter sido descoberta a área do pré-sal, o governo entendeu que o risco da produção nesse segmento havia caído substancialmente e que, mantido o sistema anterior, de concessões, os benefícios às empresas seriam excessivos. Por essa razão, foi instituído o regime de partilha. Nesse caso, o resultado da produção não pertence às produtoras, mas é dividido com a União, nas proporções pactuadas em contrato.
No regime de concessão, o risco e a propriedade do petróleo pertencem a quem o produz. Além do bônus de assinatura, o concessionário entrega ao setor público impostos, royalties e, no caso de reservatório altamente lucrativo, participações especiais, já previstas em lei.
Numa situação como a de agora, em que a Petrobrás já não dá conta do que tem de fazer, a exigência de participação mínima (30%) na exploração das reservas do pré-sal é problema, na medida em que pode impor sangria ao seu caixa. Também é questionável a obrigatoriedade de que seja a única operadora, especialmente quando se leva em conta o histórico de ineficiência da empresa, grande crítica feita pelo governo Dilma, que culminou com a demissão do presidente anterior, José Sergio Gabrielli.
As excessivas exigências de conteúdo local em fornecimentos e serviços também complicam. A indústria brasileira produtora de sondas, plataformas, navios, etc., opera com graves limites operacionais e custos altos demais quando comparados aos vigentes no mercado internacional. Não consegue observar prazos de entrega, provoca atrasos no início de produção e, nessas condições, produz avarias na rentabilidade do projeto. Desta vez, parece ter sido o principal fator que afastou gigantes do leilão de Libra, como Exxon, BP, Chevron e Statoil.
Argumentar que bastaria reduzir a velocidade da exploração do pré-sal para que boa parte dos problemas fosse evitada é hipotecar o futuro. Entre a descoberta de um reservatório e o início de sua produção vão sempre entre sete a dez anos, em desenvolvimento, licenciamento ambiental e investimentos em produção e logística. Imaginar que nova produção possa ser empurrada décadas à frente é brincar demais com o risco de inviabilizar o aproveitamento dessa riqueza, caso o aparecimento de novas fontes de energia e novas tecnologias venham a substituir o petróleo, como já começa a acontecer com a revolução do gás de xisto, nos Estados Unidos e no Canadá.
Independentemente do resultado final da licitação do Campo de Libra, ficaram evidentes os problemas da atual modelagem.
O principal deles é a trombada de interesses entre governo e Petrobrás. Nas atuais regras do jogo, para o governo, tanto maior será o sucesso de um leilão do pré-sal quanto maior for a oferta em petróleo que o consórcio vencedor oferecer à União. Mas, nessas condições, poderá haver grave prejuízo para a Petrobrás.
No caso de Libra, por exemplo, a oferta mínima à União foi de 41,65% em petróleo e gás a serem produzidos. Houvesse concorrência, um consórcio agressivo poderia oferecer 60% ou 70%. Como a Petrobrás está obrigada a participar com pelo menos 30% e terá de ser a única operadora, a menor remuneração no lucro-óleo poderia inviabilizar o retorno da operação. Argumentado de outra forma, se um consórcio qualquer estivesse determinado a provocar avarias na Petrobrás, bastaria que fizesse uma proposta altamente benéfica à União e ao Tesouro. Na prática, poderia lesar a Petrobrás.
Há outras críticas. Uma delas é a de que não atinge os objetivos pelos quais foi criado. Depois de ter sido descoberta a área do pré-sal, o governo entendeu que o risco da produção nesse segmento havia caído substancialmente e que, mantido o sistema anterior, de concessões, os benefícios às empresas seriam excessivos. Por essa razão, foi instituído o regime de partilha. Nesse caso, o resultado da produção não pertence às produtoras, mas é dividido com a União, nas proporções pactuadas em contrato.
No regime de concessão, o risco e a propriedade do petróleo pertencem a quem o produz. Além do bônus de assinatura, o concessionário entrega ao setor público impostos, royalties e, no caso de reservatório altamente lucrativo, participações especiais, já previstas em lei.
Numa situação como a de agora, em que a Petrobrás já não dá conta do que tem de fazer, a exigência de participação mínima (30%) na exploração das reservas do pré-sal é problema, na medida em que pode impor sangria ao seu caixa. Também é questionável a obrigatoriedade de que seja a única operadora, especialmente quando se leva em conta o histórico de ineficiência da empresa, grande crítica feita pelo governo Dilma, que culminou com a demissão do presidente anterior, José Sergio Gabrielli.
As excessivas exigências de conteúdo local em fornecimentos e serviços também complicam. A indústria brasileira produtora de sondas, plataformas, navios, etc., opera com graves limites operacionais e custos altos demais quando comparados aos vigentes no mercado internacional. Não consegue observar prazos de entrega, provoca atrasos no início de produção e, nessas condições, produz avarias na rentabilidade do projeto. Desta vez, parece ter sido o principal fator que afastou gigantes do leilão de Libra, como Exxon, BP, Chevron e Statoil.
Argumentar que bastaria reduzir a velocidade da exploração do pré-sal para que boa parte dos problemas fosse evitada é hipotecar o futuro. Entre a descoberta de um reservatório e o início de sua produção vão sempre entre sete a dez anos, em desenvolvimento, licenciamento ambiental e investimentos em produção e logística. Imaginar que nova produção possa ser empurrada décadas à frente é brincar demais com o risco de inviabilizar o aproveitamento dessa riqueza, caso o aparecimento de novas fontes de energia e novas tecnologias venham a substituir o petróleo, como já começa a acontecer com a revolução do gás de xisto, nos Estados Unidos e no Canadá.
A opção nuclear - ALEXANDRE SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 23/10
Exclusão de preços mais voláteis revela que tensões são mais sérias do que mostra simples leitura do IPCA
O título é chamativo, reconheço, mas vida de colunista é uma disputa permanente pela atenção dos 18 leitores, que hão de me perdoar por um pouco de sensacionalismo na manchete, desde que consiga me redimir, como espero, no corpo da coluna.
A opção nuclear do título refere-se às chamadas medidas de "núcleo" da inflação, as quais quase ninguém, exceção feita aos analistas profissionais, costuma prestar muita atenção, talvez com bons motivos em condições normais, isto é, bastante distintas daquela que vivemos hoje.
Um problema comum em economia é achar contrapartidas nos dados para alguns conceitos, cuja definição é bastante precisa. Inflação, por exemplo, consiste no aumento persistente do nível geral de preços, acepção que dá ênfase a dois elementos: persistência e abrangência.
De fato, se todos os preços da economia aumentassem, digamos, 1% num determinado período e permanecessem estáveis daí em diante, não poderíamos, a rigor, falar em inflação. Da mesma forma, se uns poucos preços aumentassem de forma persistente, mas com os demais se mantendo constantes, também não se trataria de um fenômeno inflacionário.
No entanto, em ambos os exemplos (extremos, usados apenas para ilustrar o tema), os índices de preços capturariam os aumentos, sem fazer a distinção requerida pela teoria. Na prática, ao analisar o comportamento dos índices de preços, analistas precisam distinguir entre movimentos persistentes e temporários, assim como entre aumentos generalizados e localizados.
A utilização das medidas de núcleo de inflação é uma técnica que permite lidar com o problema. Trata-se de definir uma medida de inflação que seja menos afetada por fenômenos transitórios (ou localizados), possibilitando ao analista um entendimento menos "poluído" do que ocorre no front inflacionário.
Não há, é bom dizer, uma definição particular que consiga lidar com todas as dificuldades. Em alguns casos costuma-se excluir do cálculo um conjunto predeterminado de bens e serviços (nos Estados Unidos, alimentos e combustíveis; no Brasil, alimentos e preços administrados pelo governo), considerados a priori mais voláteis ou menos sujeitos à dinâmica de mercado.
Em outros casos não há um conjunto predeterminado de bens e serviços; apenas são excluídos da conta aqueles preços que mais caíram ou subiram num período particular, também sob a suposição de se tratarem de preços mais voláteis, que não configurariam um verdadeiro processo inflacionário.
Outra técnica ainda altera os pesos dos produtos no índice de preços, atribuindo ponderação maior para os menos voláteis e menor para os mais voláteis.
É necessário esclarecer que não se trata de "expurgar" a inflação para reduzir indevidamente a responsabilidade do Banco Central pela estabilidade de preços, mas sim de permitir --atento às limitações do instrumento-- uma distinção mais nítida entre fenômenos passageiros e localizados e os persistentes e generalizados, estes fonte de maior inquietação.
Em particular, se a inflação é alta, mas os núcleos são bem menores, é bem provável que a elevação de preços seja passageira, ou resultante de pressões localizadas; por outro lado, caso a inflação seja baixa, mas os núcleos não, a indicação é bem mais preocupante.
No caso do Brasil, não apenas a inflação é alta, mas os núcleos (temos cinco versões deles!) conseguem ser ainda maiores, sugerindo que as tensões são mais sérias do que as reveladas pela simples leitura do IPCA. Enquanto este apontava para uma inflação de 5,86% nos 12 meses até setembro, a média dos núcleos indicava um número na casa de 6,22%, provavelmente mais representativo da "verdadeira" inflação nestes tempos de interferência governamental sobre os preços.
O corolário da opção nuclear é, portanto, simples: apesar do governo insistir no contrário, seu controle da inflação é bem mais frágil do que aparenta.
Exclusão de preços mais voláteis revela que tensões são mais sérias do que mostra simples leitura do IPCA
O título é chamativo, reconheço, mas vida de colunista é uma disputa permanente pela atenção dos 18 leitores, que hão de me perdoar por um pouco de sensacionalismo na manchete, desde que consiga me redimir, como espero, no corpo da coluna.
A opção nuclear do título refere-se às chamadas medidas de "núcleo" da inflação, as quais quase ninguém, exceção feita aos analistas profissionais, costuma prestar muita atenção, talvez com bons motivos em condições normais, isto é, bastante distintas daquela que vivemos hoje.
Um problema comum em economia é achar contrapartidas nos dados para alguns conceitos, cuja definição é bastante precisa. Inflação, por exemplo, consiste no aumento persistente do nível geral de preços, acepção que dá ênfase a dois elementos: persistência e abrangência.
De fato, se todos os preços da economia aumentassem, digamos, 1% num determinado período e permanecessem estáveis daí em diante, não poderíamos, a rigor, falar em inflação. Da mesma forma, se uns poucos preços aumentassem de forma persistente, mas com os demais se mantendo constantes, também não se trataria de um fenômeno inflacionário.
No entanto, em ambos os exemplos (extremos, usados apenas para ilustrar o tema), os índices de preços capturariam os aumentos, sem fazer a distinção requerida pela teoria. Na prática, ao analisar o comportamento dos índices de preços, analistas precisam distinguir entre movimentos persistentes e temporários, assim como entre aumentos generalizados e localizados.
A utilização das medidas de núcleo de inflação é uma técnica que permite lidar com o problema. Trata-se de definir uma medida de inflação que seja menos afetada por fenômenos transitórios (ou localizados), possibilitando ao analista um entendimento menos "poluído" do que ocorre no front inflacionário.
Não há, é bom dizer, uma definição particular que consiga lidar com todas as dificuldades. Em alguns casos costuma-se excluir do cálculo um conjunto predeterminado de bens e serviços (nos Estados Unidos, alimentos e combustíveis; no Brasil, alimentos e preços administrados pelo governo), considerados a priori mais voláteis ou menos sujeitos à dinâmica de mercado.
Em outros casos não há um conjunto predeterminado de bens e serviços; apenas são excluídos da conta aqueles preços que mais caíram ou subiram num período particular, também sob a suposição de se tratarem de preços mais voláteis, que não configurariam um verdadeiro processo inflacionário.
Outra técnica ainda altera os pesos dos produtos no índice de preços, atribuindo ponderação maior para os menos voláteis e menor para os mais voláteis.
É necessário esclarecer que não se trata de "expurgar" a inflação para reduzir indevidamente a responsabilidade do Banco Central pela estabilidade de preços, mas sim de permitir --atento às limitações do instrumento-- uma distinção mais nítida entre fenômenos passageiros e localizados e os persistentes e generalizados, estes fonte de maior inquietação.
Em particular, se a inflação é alta, mas os núcleos são bem menores, é bem provável que a elevação de preços seja passageira, ou resultante de pressões localizadas; por outro lado, caso a inflação seja baixa, mas os núcleos não, a indicação é bem mais preocupante.
No caso do Brasil, não apenas a inflação é alta, mas os núcleos (temos cinco versões deles!) conseguem ser ainda maiores, sugerindo que as tensões são mais sérias do que as reveladas pela simples leitura do IPCA. Enquanto este apontava para uma inflação de 5,86% nos 12 meses até setembro, a média dos núcleos indicava um número na casa de 6,22%, provavelmente mais representativo da "verdadeira" inflação nestes tempos de interferência governamental sobre os preços.
O corolário da opção nuclear é, portanto, simples: apesar do governo insistir no contrário, seu controle da inflação é bem mais frágil do que aparenta.
Petróleo futuro - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 23/10
Para falar que o campo de Libra vai render R$ 1 trilhão em 35 anos, a presidente Dilma teve que estimar o mais incerto dos preços, o do petróleo, ao longo de todo o período. Esse é o dinheiro que o governo ganharia com royalties e óleo excedente. O país terá muito, mas, de concreto mesmo, agora, só os R$ 15 bilhões que não vão para a educação, mas para o pagamento de juros da dívida pública.
Desses R$ 15 bilhões, R$ 6 bilhões sairão da Petrobras, que ficará com 40% do consórcio. Essa obrigação de pagamento chega numa hora em que a empresa enfrentou um rebaixamento de rating, está com alto endividamento e perda no seu fluxo de caixa. Metade das vendas da empresa para o mercado interno é de gasolina e diesel, os dois produtos cujo preço ela não tem qualquer ingerência. Derivados como querosene de aviação, óleo combustível e nafta, ela decide. O GLP, ou gás de cozinha, não tem aumento desde 2003.
Uma empresa que tem monopólio na oferta dos seus produtos ao mercado pode abusar do seu poder de mercado, mas entre a liberdade total de preços da Petrobras e o controle, que gera subsídio, há uma enorme distância. Houve um tempo em que se seguia fórmulas paramétricas para acompanhar a cotação internacional. Nesse caso, o preço tem que subir e descer. Há momentos em que caem o dólar e o preço do petróleo. O governo acha que uma coisa compensa a outra: quando o seu custo sobe, ela não reduz o preço e isso compensaria o período do subsídio. Mas não tem sido assim.
Agora, a Petrobras está em um momento importante: vai gerir o maior campo de petróleo no pré-sal do mundo, com desafios gigantes, tem 40% do negócio, é a operadora e precisará, portanto, de musculatura para que tudo dê certo.
A presidente Dilma aproveitou o leilão e fez mais um ato de campanha eleitoral fora de época. Quis combater os que a criticaram por quebra do compromisso de não
privatização, afirmando que leiloou mas a maior parte ficará com o Estado ou a Petrobras. Quis impressionar com números superlativos.
Tudo em Libra é grande mesmo, mas é difícil afirmar que em 35 anos eles pagarão R$ 270 bilhões de royalties ou R$ 736 bilhões a título de óleo excedente (ou seja, o grupo pagará ao governo 41% do petróleo, depois de descontados os custos de produção).
Atos de governo devem ser comunicados em cadeia de rádio e TV, mas a presidente em campanha para a reeleição tem que fazer isso com parcimônia. Melhor seria dar uma entrevista coletiva. Por coincidência, na mesma noite, a TV Brasil deixou de veicular a entrevista no Roda Viva com a ex-senadora Marina Silva, alegando problemas técnicos.
Há muito círculo virtuoso que pode surgir a partir do aumento das receitas com petróleo. O mais importante deles é se o país vai investir mesmo o dinheiro, como determina a lei, em educação. É só o país não repetir o erro que ocorreu com outros impostos com destino certo. A Cide iria para investimento para a logística de transportes no Brasil. Se foi, ninguém sabe, ninguém viu. A CPMF financiaria a saúde.
Até agora o único dinheiro garantido é o que será pago de entrada pelas empresas, o tal bônus de assinatura. Esse dinheiro a ser entregue agora ao governo vai para socorrer o combalido superávit primário. E ele está baixo não porque o país está crescendo pouco, mas pelas desonerações dadas a alguns setores específicos, como a indústria automobilística. E é até inútil usá-lo para aumentar o superávit primário porque é uma receita que entrará apenas uma vez, não é mudança estrutural nas despesas públicas.
Desses R$ 15 bilhões, R$ 6 bilhões sairão da Petrobras, que ficará com 40% do consórcio. Essa obrigação de pagamento chega numa hora em que a empresa enfrentou um rebaixamento de rating, está com alto endividamento e perda no seu fluxo de caixa. Metade das vendas da empresa para o mercado interno é de gasolina e diesel, os dois produtos cujo preço ela não tem qualquer ingerência. Derivados como querosene de aviação, óleo combustível e nafta, ela decide. O GLP, ou gás de cozinha, não tem aumento desde 2003.
Uma empresa que tem monopólio na oferta dos seus produtos ao mercado pode abusar do seu poder de mercado, mas entre a liberdade total de preços da Petrobras e o controle, que gera subsídio, há uma enorme distância. Houve um tempo em que se seguia fórmulas paramétricas para acompanhar a cotação internacional. Nesse caso, o preço tem que subir e descer. Há momentos em que caem o dólar e o preço do petróleo. O governo acha que uma coisa compensa a outra: quando o seu custo sobe, ela não reduz o preço e isso compensaria o período do subsídio. Mas não tem sido assim.
Agora, a Petrobras está em um momento importante: vai gerir o maior campo de petróleo no pré-sal do mundo, com desafios gigantes, tem 40% do negócio, é a operadora e precisará, portanto, de musculatura para que tudo dê certo.
A presidente Dilma aproveitou o leilão e fez mais um ato de campanha eleitoral fora de época. Quis combater os que a criticaram por quebra do compromisso de não
privatização, afirmando que leiloou mas a maior parte ficará com o Estado ou a Petrobras. Quis impressionar com números superlativos.
Tudo em Libra é grande mesmo, mas é difícil afirmar que em 35 anos eles pagarão R$ 270 bilhões de royalties ou R$ 736 bilhões a título de óleo excedente (ou seja, o grupo pagará ao governo 41% do petróleo, depois de descontados os custos de produção).
Atos de governo devem ser comunicados em cadeia de rádio e TV, mas a presidente em campanha para a reeleição tem que fazer isso com parcimônia. Melhor seria dar uma entrevista coletiva. Por coincidência, na mesma noite, a TV Brasil deixou de veicular a entrevista no Roda Viva com a ex-senadora Marina Silva, alegando problemas técnicos.
Há muito círculo virtuoso que pode surgir a partir do aumento das receitas com petróleo. O mais importante deles é se o país vai investir mesmo o dinheiro, como determina a lei, em educação. É só o país não repetir o erro que ocorreu com outros impostos com destino certo. A Cide iria para investimento para a logística de transportes no Brasil. Se foi, ninguém sabe, ninguém viu. A CPMF financiaria a saúde.
Até agora o único dinheiro garantido é o que será pago de entrada pelas empresas, o tal bônus de assinatura. Esse dinheiro a ser entregue agora ao governo vai para socorrer o combalido superávit primário. E ele está baixo não porque o país está crescendo pouco, mas pelas desonerações dadas a alguns setores específicos, como a indústria automobilística. E é até inútil usá-lo para aumentar o superávit primário porque é uma receita que entrará apenas uma vez, não é mudança estrutural nas despesas públicas.
O Brasil ganha mais tempo - SERGIO LAMUCCI
VALOR ECONÔMICO - 23/10
O Brasil e outras economias emergentes ganharam mais tempo. Ao que tudo indica, a redução dos estímulos monetários pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deverá começar apenas nos primeiros meses do ano que vem, garantindo um período mais longo de calmaria nos mercados internacionais, sem grandes pressões sobre as moedas de países como o Brasil. Com as incertezas no front fiscal, o ritmo decepcionante de criação de empregos e a escolha de Janet Yellen para comandar o Fed a partir de 2014, a avaliação dominante é que o banco central dos EUA vai demorar mais para iniciar a diminuição das compras de ativos, hoje em US$ 85 bilhões por mês. Atual vice-presidente do Fed, Yellen é tida como uma das principais defensoras de uma política monetária ultra expansionista.
O impasse fiscal das últimas semanas prejudicou um pouco o crescimento no quarto trimestre e afetou a confiança dos americanos, más notícias para uma economia em recuperação. O índice de confiança do instituto Gallup, por exemplo, levou um tombo nas duas primeiras semanas de outubro, devido à suspensão parcial das atividades do governo e das discussões sobre o aumento da teto da dívida, que poderia levar o país ao calote.
Depois de cair para o menor nível em quase dois anos, o indicador do Gallup registrou uma melhora depois que o Congresso dos EUA encerrou o imbróglio na semana passada. Os parlamentares fecharam um acordo que assegura o funcionamento da administração federal até 15 de janeiro e eleva o nível de endividamento até 7 de fevereiro de 2014. A deterioração na confiança, contudo, terá algum impacto sobre a economia, mesmo que seja passageira.
É improvável que os republicanos insistam em suspender novamente serviços públicos e ameacem não elevar o teto da dívida no começo do ano que vem, mas parece otimismo demais apostar em acertos de longo prazo sobre essas questões. Poucos acreditam no sucesso da comissão dos dois partidos que tem até 13 de dezembro para definir um projeto de orçamento para a próxima década. A tendência é que os acordos continuem a ser feitos por períodos curtos. Nesse quadro, a incerteza sobre as contas públicas deve permanecer, e os cortes automáticos e generalizados de gastos dificilmente serão revertidos. Como a política fiscal seguirá um peso para a economia, o Fed tende a ser obrigado a manter por mais tempo o mesmo ritmo de compras de títulos do Tesouro e papéis lastreados em hipotecas, com o objetivo de baixar os juros de longo prazo.
A crise fiscal das últimas semanas ocorreu num momento em que o mercado de trabalho já fraquejava. Divulgado ontem, o relatório de emprego de setembro apontou a criação de 148 mil vagas, abaixo da média de 195 mil do primeiro semestre. A taxa de desemprego, por sua vez, caiu de 7,3% em agosto para 7,2% no mês passado. Em relatório, o economista-chefe do J.P. Morgan para EUA, Michael Feroli, aponta que, nesse ritmo de geração de empregos, a taxa de desocupação deve recuar 0,3 ou 0,4 ponto percentual por ano, uma velocidade que tende a ser considerada inaceitavelmente lenta pelo Fed. Com a indefinição fiscal e o mercado de trabalho mais fraco, Feroli espera que o banco central americano só comece a reduzir as compras de ativos em abril de 2014, embora ressalte que a incerteza é maior que a habitual - é difícil avaliar o nível de divergência da próxima rodada de debates sobre as contas públicas.
A escolha de Yellen para comandar o Fed sugere que o Fed pode demorar para reduzir os estímulos monetários. Se confirmada pelo Senado, o que deve ocorrer sem maiores problemas, Yellen assumirá o cargo depois da saída de Ben Bernanke, em 31 de janeiro de 2014, mas é provável que ela tenha mais influência nas discussões daqui para frente.
No relatório O que pensa Janet Yellen? , o Goldman Sachs examina opiniões da economista em discursos e nas reuniões do Comitê de Mercado Aberto do Fed (Fomc, na sigla em inglês). A análise mostra uma economista de fato favorável a uma política monetária expansionista, embora ela tenha manifestado preocupação com a inflação em momentos de baixo desemprego. Yellen já expressou confiança nos benefícios do QE (a política de compra de ativos) no passado, e em geral não sugeriu que os seus custos são significativos o suficiente para levar a mudanças na política , aponta o estudo do Goldman Sachs. A economista também já indicou acreditar que o nível dos juros neutros (que não aceleram a inflação) é substancialmente mais baixo que a sua média histórica.
Para o Brasil, esse cenário todo sugere que o quadro internacional continuará sem grandes turbulências por mais alguns meses, sem elevações significativas nos juros de longo prazo nos EUA e a consequente fuga de capitais de países emergentes. Mas é sempre importante manter a cautela. Um relatório do Deutsche Bank, assinado pelo economista Joseph LaVorgna, diz que o colegiado do Fomc em 2014 tende a ser mais duro com a inflação do que o deste ano, devido à saída de Bernanke e de outros integrantes do comitê. LaVorgna elabora o que chama de falcômetro (Hawk-O-Meter, em inglês, uma referência a hawk - falcão --, usado para definir quem tem mais preocupação com pressões inflacionárias). O banco atribui notas de 1 a 5 para os membros do Fomc - quanto mais alta, menos tolerante com a inflação. Neste ano, o Fomc tem média 2, que deve aumentar para 2,8 no ano que vem. Para LaVorgna, isso significa que a política monetária tenderá a ser menos expansionista em 2014, ainda que Yellen, com nota 1, tenha visões parecidas com as de Bernanke sobre o tema. Segundo o economista, a composição do Fomc pode empurrar Yellen levemente em direção ao centro do falcômetro para forjar um consenso entre os que apoiam a continuidade das compras de ativos e aqueles que preferem diminuí-las mais cedo.
Se isso ocorrer, há o risco de o Fed antecipar a redução das aquisições de títulos, o que pode trazer de volta ao mercado pelo menos parte da volatilidade observada por alguns meses, depois que Bernanke acenou em maio com a possibilidade de diminuir os estímulos monetários ainda neste ano. Não é um cenário dos mais agradáveis para o Brasil.
O impasse fiscal das últimas semanas prejudicou um pouco o crescimento no quarto trimestre e afetou a confiança dos americanos, más notícias para uma economia em recuperação. O índice de confiança do instituto Gallup, por exemplo, levou um tombo nas duas primeiras semanas de outubro, devido à suspensão parcial das atividades do governo e das discussões sobre o aumento da teto da dívida, que poderia levar o país ao calote.
Depois de cair para o menor nível em quase dois anos, o indicador do Gallup registrou uma melhora depois que o Congresso dos EUA encerrou o imbróglio na semana passada. Os parlamentares fecharam um acordo que assegura o funcionamento da administração federal até 15 de janeiro e eleva o nível de endividamento até 7 de fevereiro de 2014. A deterioração na confiança, contudo, terá algum impacto sobre a economia, mesmo que seja passageira.
É improvável que os republicanos insistam em suspender novamente serviços públicos e ameacem não elevar o teto da dívida no começo do ano que vem, mas parece otimismo demais apostar em acertos de longo prazo sobre essas questões. Poucos acreditam no sucesso da comissão dos dois partidos que tem até 13 de dezembro para definir um projeto de orçamento para a próxima década. A tendência é que os acordos continuem a ser feitos por períodos curtos. Nesse quadro, a incerteza sobre as contas públicas deve permanecer, e os cortes automáticos e generalizados de gastos dificilmente serão revertidos. Como a política fiscal seguirá um peso para a economia, o Fed tende a ser obrigado a manter por mais tempo o mesmo ritmo de compras de títulos do Tesouro e papéis lastreados em hipotecas, com o objetivo de baixar os juros de longo prazo.
A crise fiscal das últimas semanas ocorreu num momento em que o mercado de trabalho já fraquejava. Divulgado ontem, o relatório de emprego de setembro apontou a criação de 148 mil vagas, abaixo da média de 195 mil do primeiro semestre. A taxa de desemprego, por sua vez, caiu de 7,3% em agosto para 7,2% no mês passado. Em relatório, o economista-chefe do J.P. Morgan para EUA, Michael Feroli, aponta que, nesse ritmo de geração de empregos, a taxa de desocupação deve recuar 0,3 ou 0,4 ponto percentual por ano, uma velocidade que tende a ser considerada inaceitavelmente lenta pelo Fed. Com a indefinição fiscal e o mercado de trabalho mais fraco, Feroli espera que o banco central americano só comece a reduzir as compras de ativos em abril de 2014, embora ressalte que a incerteza é maior que a habitual - é difícil avaliar o nível de divergência da próxima rodada de debates sobre as contas públicas.
A escolha de Yellen para comandar o Fed sugere que o Fed pode demorar para reduzir os estímulos monetários. Se confirmada pelo Senado, o que deve ocorrer sem maiores problemas, Yellen assumirá o cargo depois da saída de Ben Bernanke, em 31 de janeiro de 2014, mas é provável que ela tenha mais influência nas discussões daqui para frente.
No relatório O que pensa Janet Yellen? , o Goldman Sachs examina opiniões da economista em discursos e nas reuniões do Comitê de Mercado Aberto do Fed (Fomc, na sigla em inglês). A análise mostra uma economista de fato favorável a uma política monetária expansionista, embora ela tenha manifestado preocupação com a inflação em momentos de baixo desemprego. Yellen já expressou confiança nos benefícios do QE (a política de compra de ativos) no passado, e em geral não sugeriu que os seus custos são significativos o suficiente para levar a mudanças na política , aponta o estudo do Goldman Sachs. A economista também já indicou acreditar que o nível dos juros neutros (que não aceleram a inflação) é substancialmente mais baixo que a sua média histórica.
Para o Brasil, esse cenário todo sugere que o quadro internacional continuará sem grandes turbulências por mais alguns meses, sem elevações significativas nos juros de longo prazo nos EUA e a consequente fuga de capitais de países emergentes. Mas é sempre importante manter a cautela. Um relatório do Deutsche Bank, assinado pelo economista Joseph LaVorgna, diz que o colegiado do Fomc em 2014 tende a ser mais duro com a inflação do que o deste ano, devido à saída de Bernanke e de outros integrantes do comitê. LaVorgna elabora o que chama de falcômetro (Hawk-O-Meter, em inglês, uma referência a hawk - falcão --, usado para definir quem tem mais preocupação com pressões inflacionárias). O banco atribui notas de 1 a 5 para os membros do Fomc - quanto mais alta, menos tolerante com a inflação. Neste ano, o Fomc tem média 2, que deve aumentar para 2,8 no ano que vem. Para LaVorgna, isso significa que a política monetária tenderá a ser menos expansionista em 2014, ainda que Yellen, com nota 1, tenha visões parecidas com as de Bernanke sobre o tema. Segundo o economista, a composição do Fomc pode empurrar Yellen levemente em direção ao centro do falcômetro para forjar um consenso entre os que apoiam a continuidade das compras de ativos e aqueles que preferem diminuí-las mais cedo.
Se isso ocorrer, há o risco de o Fed antecipar a redução das aquisições de títulos, o que pode trazer de volta ao mercado pelo menos parte da volatilidade observada por alguns meses, depois que Bernanke acenou em maio com a possibilidade de diminuir os estímulos monetários ainda neste ano. Não é um cenário dos mais agradáveis para o Brasil.
Assinar:
Postagens (Atom)