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O governo federal deu início a uma campanha destinada a mostrar que Dilma na Presidência da República será garantia de estabilidade econômica. | |
terça-feira, dezembro 22, 2009
CELSO MING
BRASÍLIA -DF
A hora do sacrifício
Correio Braziliense - 22/12/2009 | ||||||||||||
Norte-Sul// A Ferrovia Norte-Sul escapou por pouco de ter as obras novamente paralisadas ao ser mantida no Orçamento da União de 2010, apesar de o Tribunal de Contas da União (TCU) ter detectado irregularidades na execução dos contratos com empreiteiras. Alternativa Soninha Francine (PPS) pode desistir da candidatura ao governo de São Paulo e se lançar ao Senado. Nas pesquisas, a ex-vereadora bate todos os candidatos a senador — Netinho de Paula (PCdoB), Orestes Quércia (PMDB) e Romeu Tuma (PTB) —, com exceção de Mercadante (PT). Mesmo assim, supera o petista na capital. Rebelde
Procura-se O deputado Fernando Gabeira (PV) e o ex-prefeito Cesar Maia (DEM) não querem concorrer ao Palácio Guanabara. Deixaram o tucano José Serra sem um palanque competitivo. Gabeira teme o isolamento político da candidatura de Marina Silva (PV), enquanto Maia enfrenta a desconstrução da própria imagem pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). Dilma tem dois palanques no Rio: o do governador Sérgio Cabral (PMDB) e o do ex-governador Anthony Garotinho (PR). Voluntário
Estaleiros A construção naval migra do Rio de Janeiro. A prioridade do Fundo de Marinha Mercante é a instalação de dois estaleiros de grande porte na Bahia (estaleiros da Bahia e Paraguaçu) e em Alagoas (Estaleiro Eisa), além da ampliação de capacidade de mais quatro estaleiros de menor porte, dois no Rio Grande do Sul, um no Ceará e mais um na Bahia. Consumirão R$ 4,3 bilhões Academia/ Depois do Haiti, para onde enviou homens a fim de ajudar na reorganização das forças de segurança do país, a Polícia Federal vai agora a Guiné-Bissau. A PF está encarregada de montar a academia de polícia do país africano. Um grupo de agentes e delegados segue para lá em janeiro. |
ANTONIO FERNANDO BORGES
Tiro no pé
O Globo - 22/12/2009 |
Pragmáticos por dever de ofício, nossos empresários são pouco dados a devaneios ou metáforas, e da obra de um poeta como Castro Alves talvez se recordem apenas dos trechos que leram na escola. Então talvez se espantem se alguém lhes disser que andam a imitar o Poeta dos Escravos, num aspecto bem prosaico de sua atribulada biografia.
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MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
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Benjamin Steinbruch, da CSN, e Maurício Botelho, que comandou a Embraer de 1995 a 2007, são os dois brasileiros que aparecem na lista dos 200 presidentes-executivos com melhor desempenho, segundo ranking que será publicado na edição do próximo mês da "Harvard Business Review". |
JORGE ZAVERUCHA
A diplomacia e a dissonância cognitiva
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/12/09
CHICAGO, 1954 . A dona de casa Marion Keech pressentiu que o mundo acabaria em 21 de dezembro. Os membros de seu grupo de estudos sobre objetos não identificados acreditaram na sua visão de que seriam salvos por objeto intergalático e começaram os preparativos para o apocalipse. Desfizeram-se de tudo o que tivesse ligação terrena.
O professor de psicologia Leon Festinger leu o anúncio no jornal e infiltrou-se no grupo. Trabalhava com a hipótese de que, quanto maior e mais custosa uma decisão, mais firme a adesão das pessoas às suas escolhas. Mesmo que equivocadas.
O mundo não acabou nem a nave aterrissou na Terra. Restou a Keech dizer ao grupo que, devido ao fato de eles terem irradiado tanta energia positiva, o nosso planeta fora poupado do dilúvio.
A partir desse evento, Festinger desenvolveu uma série de estudos que resultaram na elaboração da sua teoria da dissonância cognitiva, que seria um conflito resultante da contradição entre as crenças de um indivíduo e suas ações. Por exemplo, opor-se à morte de animais, mas não deixar de comer churrasco.
Como esse conflito gera desconforto, as pessoas tenderiam a não enxergar aquilo que fosse desagradável para elas. Seria um modo de evitar que novas informações sirvam para questionar suas incoerências.
Os responsáveis pela diplomacia brasileira parecem sofrer do problema da dissonância cognitiva. Para justificar a aproximação do Brasil com o Irã, alegam que a política externa deve ser pragmática, em vez de normativa. Contudo, ao se posicionarem em relação ao governo de Honduras, usam argumentos principistas. Alegam que Manuel Zelaya foi vítima de um golpe militar e que isso não pode ser tolerado.
Isso embora um dos artífices da volta de Zelaya a Honduras tenha sido o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que por duas vezes tentou derrubar o governo constitucional de seu país. Afora a ausência de eleições multipartidárias em Cuba por mais de cinco décadas. E sem se esquecer da existência de ministro de Estado do governo Lula e de importantes aliados políticos que apoiaram o recente regime militar brasileiro.
O presidente Lula nega-se a reconhecer o resultado da última eleição presidencial, chamada antes do início desse imbróglio, por ter sido convocada por um presidente "golpista".
Ora, as eleições de Tancredo Neves e de Adolfo Suárez foram realizadas, respectivamente, pelo Colégio Eleitoral concebido pelo regime militar e pelas cortes franquistas. O vice-presidente eleito indiretamente e atual presidente do Congresso Nacional foi ativo defensor do regime militar no Legislativo. Trocou de lado ao pressentir os novos ventos. Tanto é que o general Figueiredo recusou-se a passar-lhe a faixa presidencial e saiu do Palácio do Alvorada para visitar no hospital o enfermo Tancredo Neves.
A diplomacia brasileira começou derrapando ao apenas condenar a retirada de Zelaya à ponta de baionetas do país, violando a Constituição local.
Esqueceu de também condenar a atitude de Zelaya de afrontar a Procuradoria, o advogado-geral, a Justiça e o Congresso de Honduras. Depois permitiu que Zelaya e seus correligionários usassem a sede da embaixada para fazer comício político contra o governo hondurenho.
Em nome do novo protagonismo nas relações internacionais, a diplomacia brasileira superestimou suas possibilidades. Em vez de sair dessa crise fortalecido, o Brasil vai perdendo terreno a cada dia.
Houve eleições e o partido pró-Zelaya foi derrotado. O Congresso, por sua vez, por 111 a 4, votou contra a volta de Zelaya ao poder. Ante tantas evidências de que seria preciso rever sua posição, o governo brasileiro afunda-se em suas incoerências.
Outra delas é necessitar do voto dos Estados Unidos para conseguir um assento no Conselho de Segurança da ONU, mas se indispor com o governo norte-americano em vários temas internacionais.
É clara a incompatibilidade entre essas duas cognições.
JORGE ZAVERUCHA , 54, doutor em ciência política pela Universidade de Chicago (EUA), é coordenador do Núcleo de Estudos de Instituições Coercitivas e da Criminalidade da Universidade Federal de Pernambuco. É autor de "FHC, Forças Armadas e Polícia: Entre o Autoritarismo e a Democracia", entre outras obras.
PAUL KRUGMAN
A disfunção do Senado dos EUA
O ESTADO DE SÃO PAULO - 22/12/09
A menos que algum legislador acabe fazendo alguma trapaça, a reforma da saúde será aprovada pelo Senado esta semana. Pode me colocar entre aqueles que acham que essa aprovação foi uma enorme conquista.
Trata-se de uma lei bastante falha e passaremos anos, talvez décadas, consertando-a, mas é um enorme passo à frente.
E, contudo, foi por um triz. O que mostra que o Senado - e, portanto, o governo dos Estados Unidos como um todo - se tornou inquietantemente disfuncional.
Afinal, os democratas saíram vitoriosos no ano passado, com base numa plataforma que colocava a reforma do sistema de saúde num ponto central. Em qualquer outra democracia avançada, a vitória teria dado a eles o mandato e a capacidade para realizar mudanças importantes. Mas a necessidade de 60 votos para concluir o debate no Senado e acabar com as manobras obstrucionistas - um requisito que não aparece na Constituição, mas é simplesmente uma regra auto-imposta - tornou o que deveria ser uma aprovação direta de uma lei num processo estressante. E deu a um punhado de senadores vacilantes um extraordinário poder para moldá-la.
Agora, pense no que temos pela frente. Precisamos de uma reforma financeira fundamental. Necessitamos lidar com a mudança climática. Precisamos resolver o problema do nosso déficit orçamentário. Quais são as chances de podermos tratar de tudo isso se, para fazer qualquer coisa, são precisos 60 votos num Senado profundamente polarizado? Claro, houve obstruções no passado - na maior parte por segregacionistas tentando bloquear a legislação sobre direitos civis. Mas o sistema moderno, em que o partido minoritário usa a ameaça da obstrução para bloquear cada lei que não é do seu agrado, é uma criação recente.
DEBATES LONGOS
A cientista política Barbara Sinclair fez os cálculos. Nos anos 60, concluiu, "os problemas relacionados a debates longos demais" - ameaças de obstrução ou de fato obstrucionistas - afetaram somente 8% dos projetos de lei de grande importância. Na década de 80, esse índice subiu para 27%. Mas depois que os democratas retomaram o controle do Congresso, em 2006, e os republicanos se viram em minoria, a taxa subiu para 70%.
Alguns conservadores dizem que as regras do Senado não impediram o ex-presidente George W. Bush de fazer o que pretendia. Mas isso é um engano, em dois níveis.
Primeiro, os democratas na era Bush não estavam tão determinados a frustrar o partido majoritário a qualquer custo, como ocorre com os republicanos na era Obama. Os democratas, com certeza, nunca fizeram o que os senadores republicanos fizeram na semana passada: adiaram a aprovação dos gastos do Departamento da Defesa - que está prestes a ficar completamente sem recursos - numa tentativa de atrasar o debate sobre a reforma da saúde.
Mais importante, contudo, Bush foi um presidente do compre agora e pague depois. Ele levou a cabo grandes cortes de impostos, mas nunca tentou aprovar cortes nas despesas para cobrir a perda de receita.
Levou o país à guerra, porém jamais pediu ao Congresso para pagar por ela. Incluiu um caríssimo benefício de medicamentos no Medicare, mas deixou-o completamente sem fundos. Sim, ele teve vitórias legislativas; mas não mostrou que o Congresso pode fazer escolhas difíceis e agir com responsabilidade, porque nunca demandou isso dele.
Ninguém deve se intrometer levianamente num procedimento parlamentar estabelecido há um longo tempo. Mas a situação atual não tem precedentes.
Os Estados Unidos estão envolvidos em problemas graves que precisam ser resolvidos e tem um partido minoritário determinado a bloquear as ações em todas as frentes. Não fazer nada não é a melhor opção - a menos que se queira que o país fique inerte, com um governo de fato inativo, esperando pelas crises financeiras, ambientais e fiscais que vão nos atingir.
Paul Krugman é Nobel de Economia.
MERVAL PEREIRA
Em busca de clareza
O GLOBO - 22/12/09
A elaboração das ementas das decisões do Supremo Tribunal Federal — que são o anúncio oficial da Corte sobre o resultado final de um julgamento — está em discussão interna e pode vir a ser disciplinada para que não persistam dúvidas quanto ao que foi decidido. Foi o que me disse o presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, a respeito da coluna de domingo, onde eu analisava as polêmicas cercando decisões recentes do Tribunal a respeito da censura judicial ao “Estadão” e à extradição do terrorista italiano Cesare Battisti.
O caso da extradição de Battisti, decidida pelo Supremo, ficou esclarecido com a explicação do ministro Eros Grau de que votara no sentido de que a decisão final seria do presidente da República, de acordo com os termos do tratado assinado com a Itália. A frase do presidente Lula, de que “a decisão é minha”, não importando o que o Supremo disse, não provocou preocupações no ministro Gilmar Mendes, que não quis comentá-la, mas disse que não antevia problemas nessa questão.
No caso da censura, três ministros votaram pelo acolhimento da reclamação do “Estado de S. Paulo” com base na decisão do Supremo sobre a Lei de Imprensa, cuja ementa afirma a certa altura que não há liberdade de imprensa “sob as tenazes da censura prévia, inclusive procedente do Poder Judiciário”.
A abrangência registrada na ementa redigida pelo ministro Carlos Ayres Britto teria desagradado a parte do colegiado, que estaria agora “refinando” a decisão.
O presidente do Supremo, Gilmar Mendes, não quis entrar em detalhes, mas disse que no caso da Lei de Imprensa não há divergência quanto ao resultado, a favor da liberdade de imprensa, mas quanto aos fundamentos da decisão pode haver “um oceano de divergências”.
Ele lembra que é impossível, sem paralisar os trabalhos, discutir colegiadamente a redação de uma ementa num tribunal que já chegou a ter cem mil delas.
Mas acha que é possível que as decisões com efeito vinculante possam ter as ementas mais discutidas antes de divulgadas.
O caso da decisão sobre a reserva indígena Raposa Serra do Sol foi o de uma ementa discutida em conjunto, para que todas os detalhes da decisão fossem registrados.
O presidente do Supremo admite que como os julgamentos são abertos ao público e televisionados, ao contrário dos da Corte Suprema dos Estados Unidos, as divergências ficam mais expostas, como comentou aqui o jurista Joaquim Falcão: “Mas não podemos alterar uma tradição histórica que traz vantagens em termos de publicidade e transparência nas tomadas de decisão”.
Especificamente quanto à reclamação do jornal “O Estado de S. Paulo”, o Supremo não a aceitou porque entendeu que ela só seria cabível se a decisão judicial de impedir a publicação de um processo contra Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney, ferisse uma decisão do Tribunal.
“Mas nós não nos pronunciamos sobre o tema específico”, relembra o ministro Gilmar Mendes, ressaltando que a lei criminaliza a divulgação de matéria sob segredo de Justiça. “Se nós tivéssemos decidido que vazamento de segredo de Justiça era publicável, aí a reclamação seria cabível”, afirma.
Já o deputado federal Miro Teixeira, autor da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) que resultou na decisão do Supremo de considerar a Lei de Imprensa inconstitucional, acha que a reclamação deveria ter sido aceita pelo Supremo: “É um dever reafirmar a posição do relator Ayres Brito, porque sua ementa reflete a causa e a sessão de julgamento da Lei de Imprensa”.
Miro Teixeira afirma que a censura não é admissível no Brasil por força da Constituição “e também por força da decisão do Supremo sobre a ADPF”.
Para ele, “o constituinte de 1988 evitou que o poder derivado mexesse com essa liberdade que é a mais fundamental, é a partir dela que você assegura as outras liberdades. O descumprimento em relação às outras pode ser denunciado”.
Na definição de Miro Teixeira, a Constituição “criou um sistema de proteção ao que não é direito do acionista do jornal, não é direito do jornalista, é direito do cidadão, ter acesso à informação”.
Quando se vem para o caso concreto, lembra, vamos nos perguntar se a liberdade de imprensa “interessa ao povo ou àqueles que estavam botando dinheiro na meia?”.
Miro explica que Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental foi o instrumento escolhido, em vez da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) por que a Lei de Imprensa é anterior à Constituição de 1988 e “não cabe Ação Direta de Inconstitucionalidade contra leis que existiam antes da vigência de novo texto constitucional.
Assim decidiu o Supremo, assim se faz”.
Miro Teixeira, discordando do jurista Sérgio Bermudes, garante que a ADPF tem sim “eficácia contra todos” e “efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do poder público”, como ressalta do parágrafo 3o, do artigo 10, da Lei 9.882, de 3 de dezembro de 1999, que “dispõe sobre o processo e julgamento da arguição de descumprimento de preceito fundamental”, sob o comando do § 1odo art. 102 da Constituição Federal”.
Como considera que a ementa da decisão, redigida pelo ministro Carlos Ayres Britto, “reflete exatamente o que manda a Constituição e o que existe nos autos”, Miro diz que “opinar sobre ela é direito de cada um, afinal acabamos com a censura.
Tentar desqualificá-la, não.
Quem divergência tivesse poderia manifestá-la, a qualquer tempo”.
Mas o deputado comemora que “a inconstitucionalidade da famigerada Lei de Imprensa e da censura que nela estava embutida já transitou em julgado”.
BENJAMIN STEINBRUCH
O legado de 2009
Folha de S. Paulo - 22/12/2009 |
O ano ficará na história para mostrar que a economia brasileira reage rapidamente a estímulos fiscais e monetários |
UM ANO atrás, o ambiente econômico estava carregado de indisfarçável apreensão e nervosismo. Já se sabia que, pela primeira vez depois de décadas de prosperidade, o mundo entraria em recessão. |
SONIA RACY - DIRETO DA FONTE
Mauricio de Sousa está indignado com o COB.
Não entende por que o comitê cogita escolher como símbolo da Olimpíada o Zé Carioca ou o Saci Pererê. O primeiro, além de ser personagem criado por um americano (Walt Disney), representa um malandro, que não gosta de trabalhar e só pensa em se dar bem sem o menor esforço.
E o segundo seria um maravilhoso representante para a... Paraolimpíada.
Em tempo: o Walt Disney brasileiro jurou à coluna que, se o COB quiser, ele se compromete a criar um personagem que represente a Olimpíada do Brasil sem qualquer custo para o erário.
"telceila" via 2
Aos 74 anos de idade, aliás, Mauricio abre nova empresa de animação 3D com Raul Doria, da Cine.
A estreia da dupla acontece já em 2010, com um longa- metragem do dinossauro Horácio e uma série de 21 episódios do Penadinho.
Blecaute mental
Hermes Chipps, do Operador Nacional do Sistema, que organiza o fornecimento de eletricidade, está preocupado. É que o relatório sobre o blecaute de novembro está sendo mal interpretado, por causa de conveniências ou ignorância mesmo.
Pudera. O texto inclui coisas como "dinâmica do sistema potencial" ou "transitórias eletromagnéticas". Seja lá o que isso for.
De passagem
A LOOL, non-stop store de Luiza Setúbal, fará parada em Trancoso. Abre suas portas no dia 25, no Tostex.
SECRET new year?
Paulo Octávio, o vice de Arruda, também vai para Trancoso, na Pousada Uxuá. Pediu varredura para grampos ou câmeras?
Vai sair caro
Correligionários de Aécio garantem: ao contrário do que tem sido dito, foi muito dura a conversa final entre ele e Sérgio Guerra.
Vai sair caro 2
O PT de Minas avisa: estuda usar ex-professores, amigos e até a mãe da mineira Dilma na campanha. Seria enquanto Aécio não vem?
Tempo a favor
Para Paulo Niemeyer Filho, neurocirurgião que está cuidando de Fábio Barreto, gravemente acidentado sábado, o tempo joga a favor. "Se ele se mantiver como está hoje, sua perspectiva de vida é boa", disse ele à coluna ontem.
Fora o traumatismo craniano, o diretor de Lula, o Filho do Brasil só tem uma leve contusão no tórax. Como o carro capotou, é sinal de que ele poderia estar sem cinto.
Tempo a favor 2
Bruno Barreto, irmão de Fábio, está voltando da fazenda de um amigo paulista perto de Buenos Aires.
Os escolhidos
Marcel Telles e Victorio de Marchi, mais outros membros do conselho de administração da AmBev, recebem hoje os aprovados no Programa Trainee 2010, que registrou número recorde de inscritos - 60 mil.
Em café da manhã.
Passado presente
A família de Leila Lopes negocia a publicação da autobiografia deixada pela atriz, morta no início do mês. Entre os manuscritos, detalhes do romance que teve com Fernando Collor.
Na frente
Na falta de Carla Bruni e Nicolas Sarkozy, quem desembarca para o réveillon em terras - e mares - brasucas é o filho do presidente, Jean. A convite de Helcius Pitanguy.
O Pão de Açúcar inaugura hoje o primeiro supermercado verde de São Paulo. Com direito a estação de reciclagem, sacolas retornáveis e vagas preferenciais para carros movidos a álcool e bicombustível. Na Vila Clementino.
A Pandora, joalheria dinamarquesa, que acaba de abrir a primeira loja no Brasil, já está negociando outros oito pontos.
Além de Salvador, Ivete Sangalo "marca território" em mais três capitais do Nordeste com seu Réveillon Enchanté: Recife, Maceió e Natal.
Os modernos da cidade se encontram hoje no tradicional almoço de Natal do Ritz.
Copenhague fracassou, mas nem tudo está perdido. A irlandesa Caden Enterprises acaba de criar vibrador ecológico. Batizado de... "Earth Angel".
EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO
Lula não é mais ''o cara"
O ESTADO DE SÃO PAULO - 22/12/09
O Brasil está em baixa na bolsa de prestígio político de Washington. O entusiasmo demonstrado em abril pelo presidente Barack Obama - "esse é o cara", disse ele sobre o colega brasileiro, em Londres - parece haver murchado. Depois de vários atritos, é incerta a visita do presidente americano a Brasília em 2010. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta mostrar indiferença. Se Obama não vier, comentou, quem perderá será ele, porque deixará de ver como "o Brasil é importante, desenvolvido e tem muita coisa para mostrar". Mas não deixou de exibir certa condescendência: "Continuo com uma grande expectativa em relação ao governo Obama. Ele ainda vai ser uma surpresa", disse Lula ontem.
Com essas palavras, ele reiterou, de forma indireta e mais suave, o comentário recente de seu assessor para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia. Segundo o assessor, a política de Obama tem sido uma decepção. O chanceler Celso Amorim tentou na ocasião diminuir o estrago causado por seu colega de governo. Mas não teve êxito. As divergências em torno da eleição em Honduras e o apoio brasileiro ao presidente iraniano foram muito além das diferenças normais entre governos.
O mal-estar contaminou a imprensa e chegou ao Congresso, onde o senador democrata Frank Lautenberg suspendeu a votação de medida benéfica a exportadores brasileiros. As isenções do Sistema Geral de Preferências perderão vigor no dia 31. A votação interrompida pelo senador poderia estendê-las por um ano. Segundo a assessoria de Lautenberg, a ação do senador foi uma resposta à decisão do STF contra a devolução imediata do menino Sean Goldman ao pai, o americano David Goldman.
O apoio de Lula ao presidente iraniano foi desastroso perante a imprensa americana. Pressionado internamente e criticado na maior parte do mundo por seu programa nuclear, Ahmadinejad, segundo editorial do Washington Post, procurou amigos no exterior e só encontrou, de início, os governos africanos de Gâmbia e do Senegal e os latino-americanos da Venezuela e de "dois de seus satélites, a Bolívia e a Nicarágua". Lula juntou-se a esse grupo quando os líderes da China e da Rússia condenavam a política iraniana. Assim, deu razão às democracias ocidentais para negar ao Brasil um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, acrescentou o jornal.
Lula também foi criticado pela imprensa americana e por analistas qualificados por se meter na política centro-americana sem saber o bastante sobre a região. Sua intervenção em Honduras foi vista como um obstáculo à solução da crise - erro agravado com a insistência em não reconhecer a legitimidade das eleições.
Para Moisés Naim, editor da revista Foreign Policy, "o Brasil se comporta como um país em desenvolvimento imaturo e ressentido". Diplomatas do Departamento de Estado têm reagido às ações do governo brasileiro com perplexidade, mas em outras áreas do governo a reação é de mal disfarçada hostilidade, segundo relatou em artigo publicado no Estado de domingo o jornalista Paulo Sotero, ex-correspondente do jornal em Washington e hoje diretor do Brazil Institute do Woodrow Wilson International Center for Scholars.
A nova política externa brasileira é conduzida às vezes "com a petulância de novos ricos", segundo experiente diplomata estrangeiro citado em artigo pelo ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos Rubens Ricupero. Nesse texto, publicado na Folha de S.Paulo, Ricupero contrastou o protagonismo do presidente Lula com a discrição do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao. "Queremos ser mediadores no Oriente Médio e em Honduras, onde nossa influência é quase zero, enquanto a Unasul, que fundamos, completa um ano sem conseguir eleger o secretário-geral", escreveu.
Em pouco tempo Lula envenenou, sem nenhum ganho econômico ou político para o País, o ambiente de boa vontade existente durante o governo republicano e mantido no começo da gestão de Barack Obama. Para ter influência global, comentou o Washington Post, o Brasil teria de abandonar o terceiro-mundismo de sua política externa. Não é provável que isso aconteça com o Itamaraty sob o domínio ideológico dos atuais formuladores da política externa.
ARI CUNHA
Desde ontem, o verão chegou ao Brasil. Pouca novidade a bordo. Vendavais estão como estiveram, rios transbordam e água suja passa a ser utilizada por vasta população. Não há mais o temor das doenças apanhadas com água suja. O povo que aceita essas irregularidades forma a diferença de quem é bem servido. Malefícios são arquitetados pelos que não trabalham e não abrem mão do que possa ser recebido como graça. No sul, o tempo chuvoso baixa o termômetro e morre gente ao cuidar dos grandes rios. Surpresas são formadas para matar moradores, mesmo os que trabalham.
A frase que não foi pronunciada
“O mal das campanhas políticas é que elas nos permitem a ilusão.”
Dona Dita, pensando enquanto anota os votos proibidos.
Cães
Novidades sobre a guarda de cães perigosos são discutidas nas comissões de Seguridade Social e de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. O texto original do deputado Cunha Bueno foi modificado. Ele proibia a reprodução e importação de rotweiller e pit bull. As penalidades são maiores para os donos que colocarem a vida de outras pessoas em risco. A votação segue para o plenário.
Liberdade de expressão
Diante do que ocorre contra O Estado de S. Paulo, advogados e ministros estão apoiando o grande jornal paulista, vítima de ordem judicial determinando a proibição de divulgar conversas íntimas. Multiplicam-se as adesões. A imprensa do Brasil há muito tempo não recebe censura.
Atenção
Fiscalização para as rádios comunitárias será parte de política pública. Nada de religião ou teor político. A comunicação deve ser para o desenvolvimento das comunidades. O assunto foi discutido na Conferência Nacional de Comunicação. As mudanças preveem a redução da burocracia para a regularização e criação de regras para a prática.
Imprensa
Divulgado por Bob Dietz, do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, um balanço assustador. Nas Filipinas, o número de jornalistas mortos em conflitos aumentou em 60% em relação a 2008. No massacre de Maguindanao, 57 pessoas morreram, entre elas, 29 profissionais da imprensa. Durante o ataque à sede da TV Al-Shaabiya, foram 11 jornalistas mortos.
Adiante
Quando Serra disputou a Presidência da República, a imprensa divulgou imagens de Aécio Neves e Lula conversando e rindo. Aquela cena irritou Serra. Hoje, o governador de Minas Gerais desiste da disputa interna no PSDB para concorrer à Presidência. Pode não parecer, mas ele tem planos melhores.
Menos
Boas novas. Ano que vem, o seguro obrigatório não sofrerá aumento. A informação é da Superintendência de Seguros Privados. A Susep reduziu o pagamento de indenizações indevidas. Essa é a justificativa.
CLDF
Foi chocante. A Câmara Legislativa do DF suspendeu a inauguração do novo prédio. Provavelmente, por questões de segurança. Em matéria na TV, o operador de telemarketing Marcos Felipe respondeu que os deputados distritais merecem um prédio novinho. Mas com grades. É essa a imagem dos representantes do povo de Brasília.
Agropecuária
Ministro Carlos Lupi observa que o setor agropecuário não diminuiu as vendas, mas elas estão abaixo do esperado. Produtores rurais se queixam de alguns órgãos ligados ao governo federal. A indicação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra para receber verbas do Tesouro deixa o povo preocupado com o futuro.
Pouco
Informa o deputado Geraldo Magela, relator do Orçamento do ano que vem, que será possível aumentar R$ 4,10 no valor do salário mínimo. Paulo Bernardo, do Planejamento, concorda. Em Brasília, uma passagem de ônibus entre o Plano Piloto e cidades do DF custa R$ 3.
História de Brasília
A medida do sr. Alcindo Pacheco, chefe do Serviço de Administração da Soib, suspendendo as marmitas que a cantina do Ipase fornecia, pode ter sido um gesto de vingança, mas prejudicou muitas famílias que usam aquela cantina em todas as refeições. (Publicado em 21/2/1961)
LUIZ GARCIA
Futuro sujo
O GLOBO - 22/12/09
Nosso futuro não está à venda.
Bela frase, essa. Foi dita por um dos participantes da reunião de Estocolmo sobre o meio ambiente, como crítica às propostas aprovadas no encontro. A principal delas prevê um investimento global de US$ 30 bilhões, a serem gastos até 2012 no combate ao aquecimento global.
Como o autor da frase era o representante da ilha de Tuvalu — que nem eu, nem você nem Barack Obama sabemos onde fica — podemos com alguma tranquilidade e, talvez não muito sabiamente, esquecê-la imediatamente. Dá até para sarcasticamente dizermos que ninguém está mesmo muito interessado em comprar o futuro de Tuvalu.
Por outro lado, e o nosso futuro? Ele também não é ação ordinária e vagabunda oferecida no mercado. Mas o Brasil e o resto deram-se por satisfeitos com o resultado da reunião na Suécia.
Mesmo que o resultado tenha sido tão vago. E vagabundo.
Pelo decidido, os 30 bi garantirão uma redução da elevação da temperatura do planeta em, no máximo, dois graus Celsius até o fim do século. Como isso vai acontecer, ninguém disse. De onde sairá o dinheiro, menos ainda.
Pior: a decisão não implica cumprimento obrigatório da meta pelos grandes poluidores — que, como sabido, são as chamadas grandes potências — que, exatamente por serem grandes, raramente prestam contas sobre o que fazem ou deixam de fazer. O acordo de Estocolmo não tem força de lei, nem cria instrumentos de fiscalização do seu cumprimento.
É preciso reconhecer que o aquecimento global é o primeiro problema na história do planeta que não escolhe suas vítimas.
Estamos todos literalmente no mesmo barco. Com uma diferença importante, cronologicamente falando: as primeiras vítimas serão os povos mais indefesos.
Os outros naufragarão depois.
A história da Humanidade registra diversos momentos em que os mocinhos se uniram contra óbvios bandidos. Parabéns para a Humanidade. Desta vez, no entanto, os mesmos mocinhos — ou seja, os países com regimes democráticos — não estão necessariamente no lado certo da briga. Ditaduras e democracias emporcalham o meio ambiente com o mesmo entusiasmo.
Pior: até agora, ninguém, entre os sábios do planeta, conseguiu dissociar a busca de felicidade e riqueza da poluição ameaçadora.
Isso explica o que acaba de acontecer em Estocolmo: muita oratória produzindo rigorosamente nada de bom. É como costuma ser.
RUBENS BARBOSA
Ser ou não ser
O Estado de S. Paulo - 22/12/2009 |
A Argentina vive uma crise existencial pela dificuldade de encontrar uma saída para os problemas políticos e econômicos domésticos e para encontrar uma atitude adequada nas relações com o Brasil, vizinho e principal parceiro. Isso é agravado pela percepção de perda de espaço, resultado da estabilidade da economia e da projeção externa brasileiras. Um dado sintetiza bem o drama psicológico vivido pelo governo e pela sociedade argentinos. Até a década de 60, o PIB da Argentina era maior que o do Brasil. Em 2009 o PIB de São Paulo é uma vez e meia o daquele país. Só o investimento da Petrobrás para o período 2009-2013 representa mais de 55% do PIB argentino. Pesquisas de opinião na Argentina registram a preocupação com o caráter que as relações bilaterais estão adquirindo e mostram que não há consenso entre as diferentes visões sobre o futuro do país. As lideranças políticas e econômicas estão obcecadas pela percepção de que a Argentina tem de se defender do Brasil pelas assimetrias do tamanho, da participação no mercado, de padrões de especialização e regulatórias. As explicações para o crescimento diferenciado entre as duas economias criam bodes expiatórios como o BNDES (não existe banco de fomento na Argentina), que gera um déficit estrutural, e o dinamismo do comércio exterior brasileiro, que gera desequilíbrio da balança comercial. Essas desculpas escondem convenientemente as mazelas políticas, os desencontros na política econômica e a falta de uma visão de futuro das elites políticas e empresariais argentinas. Fui convidado a participar em Buenos Aires de encontro para discutir, de maneira franca, as preocupações com o futuro do país e sobre como a Argentina deveria se posicionar em face das novas realidades bilaterais e também no contexto da integração regional. Hesitei em participar porque, depois de tantos anos acompanhando as relações bilaterais, formei minhas próprias convicções, nem sempre positivas, sobre as possibilidades existentes para a Argentina com o avanço econômico do Brasil e seu papel mais relevante no cenário internacional. Há, atualmente, no Brasil percepções distintas entre governo e setor privado em relação à Argentina e minhas observações procuraram refletir as visões prevalecentes no meio empresarial. As condições políticas, econômico-financeiras e comerciais do relacionamento mudaram pelos avanços registrados no Brasil e pelo retrocesso ocorrido na Argentina. Embora o Brasil tenha continuado a ser um sócio muito importante, a agenda argentina se tornou essencialmente defensiva. Aí talvez resida hoje o principal problema do ponto de vista psicológico e das percepções. Interessa ao Brasil uma Argentina próspera e bem-sucedida e, por isso, encontrando um ponto de equilíbrio em sua política interna, ela deveria aproveitar ao máximo o crescimento econômico brasileiro. No entanto, o problema psicológico argentino, agravado pela dificuldade de escolher o caminho que o país deveria seguir, impede a adoção de uma atitude mais ofensiva para aproveitar as oportunidades que se abrem pela nova inserção global do Brasil. O governo e o setor privado argentinos deveriam deixar de se preocupar com o sucesso do Brasil e começar a aproveitar o crescimento do mercado vizinho, como alguns já estão fazendo. Para tanto, a atual posição defensiva na área comercial, que tantas restrições e abusos têm criado aos produtos brasileiros, não parece ser a forma mais adequada para a defesa dos interesses do setor produtivo argentino. Mais abertura e menos protecionismo seria o nome do jogo. Um dos obstáculos para alcançar esse objetivo é a extrema dependência por parte do empresariado em relação ao governo de Buenos Aires, o que, visto do ponto de vista do setor privado brasileiro, dificulta uma parceria direta para desenvolver uma agenda positiva entre os empresários dos dois países. Em atenção às indagações argentinas, não deixei de tecer alguns comentários procurando identificar as perspectivas no relacionamento bilateral para os próximos anos. A prioridade para o Brasil das relações com a Argentina deve continuar, pois se trata de uma política de Estado, e não de governo. No caso de vitória nas urnas da candidata da situação, a atual política possivelmente seria mantida e talvez aprofundada. No caso de vitória da oposição, arrisquei a opinião de que poderá haver mudanças de ênfases e de estilo. A diplomacia da generosidade do atual governo, refletindo uma atitude de paciência estratégica, poderá sofrer modificações. As restrições comerciais que hoje já afetam quase 20% do intercâmbio comercial dificilmente seriam toleradas, como está ocorrendo agora. Observei que o governo argentino deveria tentar obter todas as vantagens possíveis ainda durante o atual governo brasileiro, porque dificilmente qualquer outro governo em Brasília manteria um ambiente tão generoso e concessivo aos interesses argentinos. Em termos de integração regional, o Mercosul continuará a existir, mas o Brasil não aceitaria ficar subordinado aos humores internos argentinos e a união aduaneira possivelmente se transformaria, na prática, numa área de livre comércio, como começa a ocorrer hoje. Em vez de inventar desculpas - assimetrias, déficit estrutural, desequilíbrio comercial - para justificar o crescente distanciamento entre os dois países, ressaltei, de forma cândida, as vantagens para a Argentina de uma relação política e comercial aberta, sem ressentimentos nem restrições com o Brasil. Referindo-me à recente declaração da presidente Cristina Kirchner de que a Argentina quer ser sócia, mesmo menor, do Brasil, concluí, para perplexidade geral, que a Argentina apenas teria de resolver o que prefere ser em relação ao Brasil: se um México ou um Canadá. |
ARNALDO JABOR
Papai Noel derrete no Pólo Norte
Não temos mais chaminés nem ceias transcendentais. Em vez do saco de presentes, temos as calamidades coloridas dos shopping centers. Em vez da família reunida em torno do peru, vemos pobres e ricos solitários tentando recriar uma noite feliz nem que seja nos botequins e lanchonetes.
Hoje, no presépio de Belém, perto da manjedoura onde o menino Jesus recebeu os três reis mago, nos lugares sagrados de Jerusalém, explodem os homens-bomba berrando “Feliz Natal, cães infiéis”! É uma festa nostálgica para o Ocidente, rachado ao meio pelos atentados.
Que estranho destino é esse da humanidade se fechando como uma cobra mordendo o próprio rabo, a morte no mesmo lugar no nascimento.
Todo mundo reclama do Natal, repararam? “Ah, porque no Natal aumenta o sentimento de culpa, a gente tem de aguentar a família e os traumas infantis; no Natal eu fico triste porque me separei do marido; o Natal é uma festa influenciada pelos americanos; chega de Natal”.
Mas, de noite, olham com ternura as bolinhas douradas da árvore, comem seus pedaços de peru, dizem que “adoraram o presentinho, coisa pouca, não leva a mal...”.
Lembro-me que no Natal, durante as ceias, eu via do meu canto de menino as ligações frágeis entre parentes, entre tios e primos, as antipatias disfarçadas pelos abraços frios e os votos de felicidades.
O destino das famílias ficava evidente no Natal. Os pobres se conformando com o tosco prazer dos presentes baratos e os ricos querendo provar que serão felizes a qualquer preço.
Egoístas o ano inteiro, esfalfavam-se para viver uma alegria compulsiva entre gargalhadas solidárias, beijos molhados de vinho e uísque, terminando nas tristes saídas na madrugada, com crianças chorando e presentes carregados com tédio...
Papai Noel sempre me intrigou. Quem era aquele sujeito que começava a aparecer no fim do ano, nas lojas, no rádio, na tv?
Mas, nessa época, lembro que alguns getulistas do rádio lançaram uma campanha nacionalista para substituir o Papai Noel por um outro símbolo: o “Vovô Índio” – um velho silvícola seminu, com peninha na cabeça, que traria presentes para os “curumins”.
Foi um tremendo fracasso, claro, numa época em que o cinema americano já mandava o Bing Crosby cantando “White Christmas” sem parar. Papai Noel é a metáfora de um pai bom, sem mãe por perto.
Papai Noel sempre foi uma imagem de perdão e carinho. Mas não para mim. Nada mais parecido com um Natal do que outro.
Papai Noel me dava os presentes, sim, mas sempre acompanhados de uma carta (escrita a mão, em tinta roxa) em que me fazia repreensões dolorosas: “Por que você desobedeceu sua mãe e matou a aula de piano? Por que você bateu na sua irmã? Se você fizer de novo, ano que vem tem castigo”.
Para mim, Papai Noel era assustador por causa desse estratagema educativo de meu pai. Daí, a conclusão infantil: Papai Noel gostava de todo mundo, menos de mim. Papai Noel foi meu superego de barbas brancas.
Talvez por isso comecei a criticar o mundo desde pequeno. Deu no que deu... Hoje sou esta cabeça falante me esgoelando no rádio e TV. Eu fui o primeiro de minha turminha de subúrbio a desconfiar que Papai Noel era uma fraude; comecei com ele e hoje tenho o Arruda e outros, neste país farto de mentirosos.
Mas, meus amigos lutavam contra essa desilusão, mais ou menos como velhos comunas não desistem até hoje do paraíso comunista.
Daí para a frente, não parei mais. Entrei de sola na lenda da cegonha e do bebê que “papai do céu mandou”. Daí para descrer de Deus foi um pulo, para o horror escandalizado dos colegas do colégio jesuíta. “Deus é bom, padre?” “Infinitamente bom”.
“Ele sabe de tudo?” “Sim”, respondiam os padres já desconfiados. “Então, por que ele cria um cara que depois vai para o inferno?” Até hoje ninguém me respondeu isso.
E assim fui, até começar meu ódio ao “imperialismo norte-americano” dos anos 60. Hoje, Papai Noel vem com as renas canibais de um Pólo Norte que está derretendo pelo efeito estufa que os líderes mundiais se recusam a combater. Hoje, o Natal é uma saudade do Natal.