sexta-feira, janeiro 13, 2012

Recado - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 13/01/12

O presidente do PSB, Eduardo Campos, conversou ontem por telefone com a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) antes do depoimento do ministro Fernando Bezerra (Integração). Cobrou apoio do governo e do PT a seu apadrinhado. E lembrou a Gleisi que "a solidariedade é de mão dupla". No Congresso, os líderes do PT, Humberto Costa (PE) e Paulo Teixeira (SP), defenderam Bezerra. E o senador Valadares (PSB-SE) concluiu: "Está afastada de vez a ideia de que tem fogo amigo".

A sucessão na Ciência e Tecnologia
A grande preocupação da presidente Dilma na substituição do ministro Aloizio Mercadante é com a continuidade na gestão do Ministério da Ciência e Tecnologia. Sua intenção é escalar um ministro que mantenha a equipe de alto nível montada por Mercadante e dê continuidade aos projetos em desenvolvimento. Dilma não quer alguém que resolva começar de novo. Alheios a essas condições, entre os petistas há uma disputa na surdina pelo cargo. O PT do Rio está pleiteando a pasta para o secretário municipal de Habitação, Jorge Bittar. Já o PT de São Paulo quer emplacar na vaga o deputado federal Newton Lima.

"Esse modelo (de liberação de emendas ao Orçamento) já existia no governo Fernando Henrique. Era assim que funcionava e é assim que funciona” — Luciano Castro, deputado (PR-RR), vice-líder do governo na Câmara e ex-deputado do PSDB no governo FH

EMPURRÃOZINHO. A ala do PP que quer derrubar o ministro Mário Negromonte, na foto, vibrou quando o ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional) disse, em seu depoimento no Congresso, que a maior parte do dinheiro para prevenção de enchentes não está na sua pasta, e sim no Ministério das Cidades. O partido está rachado no apoio a Negromonte e ele é considerado ineficiente pela presidente Dilma.

Desfalcada
A oposição foi a grande ausente no depoimento do ministro Fernando Bezerra (Integração), ontem, no Congresso. Os presidentes do PSDB, Sérgio Guerra (PE), e do DEM, José Agripino (RN), não foram. Nem Aécio Neves (PSDB-MG).

Porta-voz
Ao elogiar o ministro Fernando Bezerra (Integração), ontem, no Congresso, o líder do PMDB, Henrique Alves (RN), disse que falava também em nome da governadora de seu estado: Rosalba Ciarlini, filiada ao DEM, que é de oposição.

Bico calado
Apesar de petistas criticarem a ação do governo do estado e da prefeitura de São Paulo na cracolândia, desta vez o ministro Fernando Haddad (Educação), candidato à prefeitura, não se manifestou. Em novembro ele disse que não se podia "tratar a USP como se fosse a cracolândia, nem a cracolândia como se fosse a USP". O crack deve ser um dos principais temas de debate na eleição municipal da capital paulista.

No limite
Apesar de José Serra estar irredutível, os tucanos ainda contam com a possibilidade dele disputar a prefeitura de São Paulo. O prazo para o ex-governador decidir é meados de fevereiro. As prévias estão marcadas para março.

Agenda casada
O tema das comemorações oficiais do 8 de março, Dia da Mulher, será "Mulher e Sustentabilidade". Foi escolhido de olho na Conferência Rio+20. A Secretaria das Mulheres e o Ministério do Meio Ambiente estão trabalhando em conjunto.

O MINISTRO Guido Mantega (Fazenda) anda insatisfeito. Não com a economia do país. Mas com a quantidade de vezes que seu secretário-executivo, Nelson Barbosa, é acionado diretamente pelos ministros que despacham no Planalto.

INTEGRANTES do governo dizem que a ida de Márcio Fortes para o Ministério das Cidades vai favorecer o PCdoB na sucessão da Autoridade Olímpica.

O PPS escreve para dizer que o partido decidiu, em seu Congresso, pela candidatura própria para presidente em 2014. Ou seja, para apoiar José Serra ou Marina Silva, eles teriam que entrar no partido.

Ai, se eu te pego - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 13/01/12



Michel Teló comprou uma fazenda de 14 mil hectares em Corumbá, no Mato Grosso do Sul.


A deprê do gênio
Cláudia Faissol, 39 anos, a namorada e empresária de João Gilberto, conta na próxima edição da revista “Alfa” o motivo de o genial cantor não ter feito a turnê do show de seus 80 anos.
“Não há mistério: o médico disse que João, por questões de saúde, não pode sair do quarto”, diz. Segundo Cláudia, João estaria “resfriado e deprimido”.


Segue...
Sobre a volta aos shows, Cláudia diz que deve acontecer ainda em 2012, mas sem pressa:
— Vamos resolver tudo à maneira do João: sem ansiedade. Ele está melhorando aos pouquinhos. Tenho certeza de que volta aos palcos em 2012.


Um pouco de Brasil
Esse pré-candidato republicano Mitt Romney não é completamente alheio ao Brasil.
O gringo visitou o Rio em agosto de 2007 (reuniu-se com Júlio Bueno, secretário estadual de Desenvolvimento) e, depois, seguiu para o Amazonas.


O maior 171
Terça, a Confraria do 171, da turma do chope de Vila Isabel, no Rio, vai eleger o... “maior 171 de todos os tempos”. Há 17 anos, o pessoal se reúne no Petisco da Vila para escolher o 171 do Ano. Agora, como é a 17ª edição, os candidatos são os que venceram as eleições passadas.
Concorrem, entre outros, Maluf, Sérgio Naya, o juiz Lalau, Jorgina do INSS e o fiscal Silveirinha. Sei não. Periga dar empate.


Caiu na rede
O “presidente” Paulo Ventura, interpretado por Domingos Montagner na série “O brado retumbante”, da TV Globo, que estreia dia 17, vai usar muito a internet, a exemplo de Obama.
O blog sonhointenso-blog.net, dele, existirá na vida real.


Ditadura civil
Setores militares da reserva, ligados à ditadura, lembram nas redes sociais que a expulsão do padre Vito Miracapillo, que se recusou a rezar missa pela Independência do país, foi validada pelo STF em 1980.
O relator foi o ministro Djaci Falcão, nomeado pelo marechal Castelo Branco.


Ditadura e bicho...
O cantor e vereador Agnaldo Timóteo saiu em defesa dos bicheiros presos:
— Será que o secretário Beltrame tem conhecimento de que o jogo do bicho passou por duas ditaduras sem nenhum problema?


Na verdade...
No caso da ditadura recente, houve até um caso de laços, digamos, mais afetivos.
Um dos chefes da contravenção, Capitão Guimarães, à época oficial do Exército, foi acusado de torturar presos políticos.
Racismo no clube
Foi parar ontem na 14ª DP, no Leblon, no Rio, um rebu ocorrido no Clube Paissandu. A babá Ingrid Garcia, com Antônio, filho do cineasta Andrucha Waddington, e dois amiguinhos, teve dificuldade para entrar no clube.
O porteiro implicou com a cor do uniforme da babá, que não era 100% branco.


Segue...
Após 20 minutos, Ingrid entrou. Mas, lá dentro, teria sido insultada pelo próprio presidente do clube, Marcos Arnizaut.
Ingrid, com o auxílio do advogado Artur Lavigne, vai processar Arnizaut — inclusive, por crime de racismo.


Retratos da vida
A 5ª Câmara Cível do Rio condenou um pediatra a indenizar em R$ 50 mil seu próprio filho.
Segundo a decisão, o doutor gerou o menino num relacionamento furtivo e, apesar de saber da criança, “não cumpriu suas obrigações de pai”.


Ponte do Saber
Dilma e Cabral vão inaugurar dia 27 a nova ponte estaiada que irá ligar a Ilha do Fundão à Linha Vermelha. Vai se chamar Ponte do Saber.


‘Get excited at 9’
A editora Réptil e a Riotur lançaram um guia bilíngue dos blocos, de autoria do coleguinha Aydano André Motta, com o cuidado de traduzir também os nomes das agremiações.
Assim, o Cacique de Ramos virou “Tribe Leader from Ramos”; o Cordão da Bola Preta, “The Black Ball Group”; e o Empolga às 9, em versão ianque, “Get Excited at 9”.


SACUDIRAM O pé de moça bela ontem no Fash ion Business: caíram as “frutinhas” (com todo o respeito) Marcelia Freesz e Laís Ribeiro, modelos que desfilaram para uma grife


DIEGO HYPÓLITO e Maurren Maggi, nossos atletas que vão aos Jogos de Londres, relaxam em ensaio da Grande Rio, no Monte Líbano


PONTO FINAL
Com a crise braba na Europa, o comérc de Paris corteja turistas de países até ago imunes à bancarrota da economia, co seus euros no bolso. Veja esta foto feita pe coleguinha Rejane Guerra no Boulevar Haussmann, na Cidade Luz. A maior bande ra vendida por um camelô — entre vária inclusive a da França — é a do... Brasil.

Bicho digital - NELSON MOTTA


O Estado de S.Paulo - 13/01/12


Depois de prender, seis dias seguidos, o mesmo bicheiro que anotava apostas próximo à sua casa, leva-lo à delegacia e vê-lo voltar para o ponto sem qualquer punição, o secretário de segurança José Mariano Beltrame, deu o ultimato: a sociedade tem que decidir de uma vez se legaliza ou proíbe o jogo do bicho.

A pior escolha é continuar gastando o tempo da policia com a farsa da "contravenção", em que a polícia finge que prende e o contraventor finge que é preso, para que tudo continue como está: o jogo do bicho como fonte inesgotável de corrupção policial, política e judicial.

Seja por um marketing eficiente ou por razões antropológicas que só o professor Da Matta pode explicar, o jogo do bicho é considerado um passatempo inocente, uma instituição secular da nossa cultura popular, e os bicheiros são vistos como grandes beneméritos de escolas de samba e de comunidades carentes. Embora as guerras por territórios entre bicheiros sejam sangrentas - recentemente o carro do chefão Rogério Andrade foi explodido por controle remoto à luz do dia -, o bicho é visto com tolerância, e até confiança, pela população.

Poucas instituições no Brasil têm mais credibilidade que o jogo do bicho, embora nunca tenha sido feita uma auditoria nos seus sorteios. Diz-se que é jogo de pobre, de pequenas apostas, pequenas perdas ou ganhos, alimentadas pelo sonho de acertar no milhar e a certeza de que o bicheiro vai pagar, garantida pela frase clássica impressa no talão: vale o escrito. É urgente legalizar, mas não faz sentido privatizar o bicho para deixá-lo nas mãos dos bandidos de sempre. Até os privatistas vão concordar que é um raro caso em que o Estado, que já administra inúmeras loterias, pode e deve assumir mais uma, zoológica - porque já tem estrutura, tecnologia e uma rede nacional eficiente.

Além da faxina ética, o governo poderia arrecadar uma CPMF com o jogo do bicho. Os bicheiros que vemos todo dia em suas cadeiras na calçada poderão continuar anotando apostas, mas em maquinetas eletrônicas ligadas à central de loterias da Caixa, emitindo talões com a nova garantia: vale o digitado.

Começo de ano sem fogos e badalações - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO


O ESTADÃO - 13/01/13

Chovia quando deixamos o recanto Picumã, a estrada de terra estava lisa, passamos pela misteriosa Escola de Filosofia, coalhada de automóveis, luzes amarelas como lanternas japonesas faziam as vezes de decoração festiva. O aviso na cancela da escola é intrigante: “Ao chegar, apague os faróis, acenda a luz interna”. Como acendê-la? Com essa questão me vi começando a despedir do ano passado, que terminou com a morte de uma pessoa brilhante, Daniel Piza. Nada sabemos, mas ninguém merece morrer aos 41 anos. Ano que nos levou igualmente Moacyr Scliar. Também se foi Marlene França, a atriz descoberta por Alex Viany aos 14 anos, para o filme Rosa dos Ventos, e a quem, um dia, em 1957, dei um balão vermelho depois de passearmos na roda-gigante do Parque Shangay, que não existe há décadas. Tudo na vida se torna lembrança.

Quando pegamos a estradinha ladeada por hortênsias que leva ao centro de São Francisco Xavier, a rua estava deserta, casas fechadas, diferente da movimentação da tarde. Silêncio. Rodeamos a igreja, fiéis saíam da missa noturna, se cumprimentavam, se abraçavam. Despedidas de ano. Entramos no Photozofia às dez e meia da noite, já havia algumas mesas ocupadas. Lugar aconchegante, nossa mesa ficou diante de um painel que tinha máquinas fotográficas de várias épocas, para deleite de meu filho André, um fotógrafo.

Este é um lugar especial nesta pequena cidade que, além de se movimentar com um festival literário primoroso, o da Mantiqueira, abriga, ao seu redor, entre cachoeiras e rios murmurantes (por causa das pedras), casas de escritores, artistas, jornalistas, filósofos, e todos que buscam sossego e aqui estão sob a guarda da proteção ambiental. Tanto que nem houve fogos à meia-noite. A chuva era pouca. No balcão do bar e casa de shows íntimos, cuidados por Patricia, estavam os apetizers, o ceviche, as peras ao roquefort, saladas de hortaliças orgânicas, pupunha ao pesto, chancliche com alecrim, patês, frutas secas, frutas tropicais, água de ervas e batidas de frutas, figo com presunto, pera com queijo, sementes de romã. São sete que devemos apanhar e colocar na carteira. Como não uso carteira, guardei no estômago.

A sensação é que todos nos conhecíamos, era um calmo final de ano e, louvemos ao Senhor, não havia uma televisão ligada prometendo um show da virada e os inevitáveis fogos de Copacabana. Quem aguenta? Não, nem todo mundo quer badalação, posar para fotógrafos, quem precisa disso? Havia, sim, um show para nós com a cantora Airó e percussão e guitarra, um som brasileiro, animado com músicas que todos curtimos ao longo da vida, tão distante, mas tão distante desse badalado Teló com sua insipidez, para não dizer estupidez. Se isso é revelação, meu Deus, o que está acontecendo com a música popular?

Airó nos fazia flutuar pelo Brasil com todas aquelas canções que nos emocionaram, nos fizeram dançar, animar, brincar, enquanto mansamente comíamos truta com arroz negro, ou cordeiro ao vinho com cuscuz marroquino, ou um nhoque recheado com queijo e molho de alcachofra, comidas cujo perfume (o Photozofia é pequeno) tomou o ambiente, enquanto olhávamos o relógio a caminho da meia-noite. Da grande mesa ao lado da minha, uma senhora baixa, cabelos brancos veio me dar o primeiro abraço do ano. Quem era? Tenho a fisionomia, o calor do abraço.

Precisamos de que para sermos felizes? Não sabemos, não temos ideia. Ou temos várias ideias. Nunca somos inteiramente felizes ou felizes o tempo inteiro. Se fôssemos, seríamos pasmados. Naquele 31 de dezembro, enquanto a chuva bateu forte lá fora, e fizemos a inevitável contagem regressiva, pensei em Daniel Piza e o AVC que o conduziu num instante e me levou a refletir no que para mim significa ainda estar aqui, quando um AVC poderia ter me levado há 15 anos. De tempos em tempos recebo uma mensagem: a vida é frágil, não se esqueça. Por que fui avisado? A cada ano penso nisso. Não tenho resposta, ainda não acendi essa luz interior. São essas perguntas que nos conduzem pela vida tentando solucionar o mistério? Em cada primeiro de janeiro acordo com esta perplexidade e feliz por estar vivo. Só quem se aproximou e não ultrapassou essa fronteira limite tem ideia do que é a intensidade do viver.

Calamidades revelam: falta governo - NILTON SALOMÃO


O Globo - 13/01/12


Estamos completando um ano da tragédia que se abateu sobre a Região Serrana do Estado do Rio. As chuvas de janeiro de 2011 deixaram um rastro de destruição, incluindo a perda de cerca de mil vidas. O acontecido trouxe à cena a discussão sobre nossa capacidade de dar resposta a um fenômeno da natureza, agravado pela ação do homem ao longo dos anos.

Nas primeiras horas daquela manhã do dia 12 e nos dias seguintes prevaleceu a solidariedade do povo brasileiro e as ações emergenciais dos governos do estado e federal, que foram ágeis na liberação dos recursos financeiros e na disponibilização de equipamentos e servidores.

Passada esta primeira etapa, no entanto, descortinou-se o despreparo para o enfrentamento de calamidades provocadas pelas chuvas. Se considerarmos que, anualmente, sofremos transtornos e prejuízos, portanto a novidade só foi a intensidade das águas, devemos nos perguntar: quando vamos dar uma resposta consistente e eficaz a está rotina anual?

Além da responsabilidade de gestores estaduais e municipais, que durante anos deixaram de investir em habitação e defesa civil, ou, ainda, estimularam ocupações em áreas de riscos, conforme levantamentos e depoimentos na CPI da Serra na Assembleia Legislativa, uma visão objetiva do problema mostra que falta um projeto integrado de desenvolvimento sustentável para uma região de estrutura física montanhosa e com as poucas áreas planas situadas às margens dos rios.

A sustentabilidade da região começará quando os gestores públicos, nos três níveis, compreenderem e agirem a partir desta realidade. Isto indica importantes ações no campo da defesa civil e na economia regional.

Não se pode mais ter a defesa civil apenas reativa, diante da tragédia. Há que agir preventivamente, desde a implantação de sistemas de alerta até a implantação de um programa de engenharia pública. Com alguns engenheiros, assistentes sociais e advogados e com convênios com as universidades públicas para a elaboração de políticas e projetos e com o aproveitamento de seus alunos como estagiários, o programa de engenharia pública pode gerar excelentes resultados, organizando estrutural e arquitetonicamente os bairros já existentes e instruindo o processo de regularização fundiária em localidades de ocupação irregular. Este é um poderoso instrumento a serviço do gestor municipal, desde que ele tenha coragem de implantar e destinar recursos.

Ainda, no campo ambiental, faz-se necessária parceria entre o Ibama, o Inea e as secretarias de Meio Ambiente municipais, com rigor na fiscalização e punição para as agressões que sofrem os cumes dos morros. Esta agressão, que desestabiliza as encostas e assoreia os rios, não tem encontrado ação enérgica das autoridades, o que pode ser comprovado com uma simples visita à região.

Um vilão que tem passado despercebido é a fragilização da economia regional. Muitas das famílias que foram morar em área de risco o fizeram porque houve uma perda do poder aquisitivo com o empobrecimento gradativo que vem desde a mudança da capital federal para Brasília, agravando-se no governo Collor, cuja abertura desenfreada da economia levou ao fechamento de inúmeras fábricas na região.

O desenvolvimento econômico da Serra merece um programa especial do governo do estado, que tem competência para sua elaboração e implantação, mas precisa ter vontade política, semelhante à decisão de incentivar e subsidiar a implantação da indústria automobilística no Médio Paraíba. Só uma economia ajustada às potencialidades dos municípios e geradora de emprego e renda ensejará ambiência para uma cultura de respeito ao meio ambiente e o aproveitamento do bom clima, das belas paisagens e do jeito agradável de quem vive na Serra Fluminense.

Vinte e dois - MÔNICA B. DE BOLLE


O Estado de S. Paulo - 13/01/12


Vinte e dois anos. A geração de brasileiros que nasceu em 1990, ano do infame Plano Collor, completará essa idade em 2012. Muitos desses jovens se formarão em breve. Alguns terão optado pela carreira de economista e saberão, minuciosamente (espera-se), o que se passou no Brasil nas décadas de 70, 80 e meados de 90, até o Plano Real. Nenhum, entretanto, viveu o flagelo dos anos de instabilidade macroeconômica. Não sabem, verdadeiramente, o que é conviver com a corrosão incessante dos salários, da poupança, do poder de compra. Nem o que é lidar, dia após dia, com o nível paralisante de incerteza que caracterizava o Brasil de 18 anos atrás. Para eles, essas são apenas curiosidades históricas, muito distantes da realidade atual. Afinal, todos os que decidiram seguir a carreira terão ingressado na faculdade justamente durante o período em que o País colhia os frutos do longo e árduo processo de estabilização.

Talvez isso tenha pouca ou nenhuma relevância. Se a presidente Dilma e os membros de sua equipe econômica estiverem corretos, o País já alcançou a maturidade macroeconômica, isto é, já é capaz de mudar o foco da política econômica sem prejudicar a estabilidade. Essa foi a grande aposta de 2011, quando a política econômica brasileira, em transformação desde o final do governo Lula, mudou, terminantemente. Em parte, a mudança resultou da crise internacional, que exigiu das autoridades brasileiras um cuidado especial, sobretudo com a atividade. A atitude foi compreensível, legítima. E não se restringiu ao Brasil. Mas é inegável que os problemas externos foram o pano de fundo ideal para que o governo brasileiro desse, finalmente, a guinada que realmente desejava: o adeus à camisa de força do regime (estrito) de metas de inflação.

O abandono de um regime rigorosamente focado na convergência rápida para o centro da meta de inflação - os 4,5% - não é desprovido de sentido. Afinal, é razoável imaginar que o País tenha alcançado alguma maturidade macroeconômica nesses últimos 18 anos, permitindo alterações na política monetária. Neste caso, mudanças como o alargamento do horizonte de convergência para a meta podem ser recomendáveis e até desejáveis, como mostra a experiência de países que usam horizontes de dois anos - tal qual o nosso Banco Central, na prática, vem fazendo. Evidentemente, a mudança teria de ser formalizada, nem que fosse "apenas" para evitar uma desconfiança desnecessária em relação aos reais objetivos da política monetária...

Não, o cumprimento da meta de inflação em 2011, os 6,5% cravados no teto que evitaram a carta aberta do Banco Central, não é suficiente para reverter a sensação de que a autoridade monetária está menos comprometida com a evolução dos preços - e excessivamente preocupada com o cenário externo e o impacto disso sobre o crescimento doméstico. Uma inflação dessa magnitude é uma inflação alta. E uma taxa de crescimento que dificilmente terá superado pouco mais de 3% no ano passado é um desempenho fraco. Esse resultado deveria ser um alerta, um sinal de que talvez a suposta maturidade macroeconômica esteja menos avançada do que se imagina. Para os jovens que completam 22 anos em 2012, isso é um motivo para preocupação. Mesmo que não se retorne à desordem do passado, provavelmente o País não voltará a crescer os extraordinários 7,5% de 2010 sem alguma desorganização. Nem mesmo os 5% que deseja o Ministro da Fazenda. Não enquanto prevalecer a ausência de uma agenda que esmiúce as políticas de sustentação do crescimento brasileiro. Não enquanto predominar a velha e cansativa ladainha entre "desenvolvimentistas" e "liberais", "ortodoxos" e "heterodoxos". Rótulos. Nada mais.

Vinte e dois. Além de marcar a flor da idade, o número é uma expressão que designa uma situação paradoxal. Como a de Alexandre Tombini, o nosso Capitão Yossarian: louco, se não der atenção à inflação e resolver pilotar a política monetária de forma imprudente; são, se tiver de fazê-lo para evitar uma catástrofe na atividade. Catch-22.

O nome do jogo - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 13/01/12


Os movimentos de Gilberto Kassab na preparação da disputa pela Prefeitura de São Paulo parecem confusos e contraditórios, mas não há nada mais organizado e coerente da perspectiva de alguém cujo objetivo principal é consolidar a posição de peça importante no jogo da política.

E o nome do jogo dele é sobreviver ao fim do mandato de prefeito e chegar ao governo de São Paulo. Seja em 2014 ou 2018.

Kassab nunca pretendeu consertar o mundo. Quando explicitou a indefinição ideológica do PSD, deixou bem claro que ao fundar um novo partido sua intenção não seria liderar processos de aperfeiçoamento do sistema partidário ou tornar-se um pregador desta ou daquela corrente de pensamento.

Trata-se de um pragmático assumido. Marca a meta e sai ao alcance dela. Quando quis se livrar do DEM em derrocada, foi em busca de fusões com outros partidos: primeiro o PSB, depois o PMDB.

Não deu certo. Criou, então, a própria legenda. Arregimentou correligionários insatisfeitos nos respectivos partidos, avisou aos novos navegantes que, ali, fidelidade partidária seria regra, apresentou seus serviços de sublegenda aos governadores de todos os Estados, formou fornida bancada na Câmara, cumpriu as exigências legais e registrou o PSD.

Como aliado, o partido disputará prefeituras em boa parte do País, mas é em São Paulo que Gilberto Kassab investe em seu destino.

Como dito acima, a ideia é construir um caminho que leve ao Palácio dos Bandeirantes. O mais curto seria agora, na disputa municipal, apresentar a candidatura de Guilherme Afif, vice do governador Geraldo Alckmin, em composição com um nome indicado pelo PSDB.

Em troca, apoiaria Alckmin para a reeleição em 2014 e, quem sabe, ocupando a vaga de vice. Como ocorreu com José Serra para a Prefeitura de São Paulo: assumiu o mandato no meio e depois se elegeu com a ajuda da força da máquina.

Mas, então, o que faz o prefeito oferecer-se para uma aliança com o PT nessa mesma disputa à Prefeitura? Um partido de oposição a ele que, no caso de uma coalizão, perderia o discurso junto ao eleitorado e, em tese, não teria nada a ganhar com isso.

Na visão dos tucanos, trata-se de mero instrumento de pressão para forçar a aliança com o PSDB nos termos que interessam a Kassab. Ou seja, o PSD na cabeça de chapa.

Na interpretação de correligionários do prefeito, ele teria a oportunidade de firmar "algum tipo" de acordo futuro que o aproximasse da cadeira de governador de São Paulo, em troca de apoio, um caixa cheio e o aprofundamento das agruras na seara do PSDB.

Difícil? Dificílimo, praticamente impossível. Inclusive porque a cadeira que Kassab tanto ambiciona é o sonho de consumo do PT.

Mas, como não se esclarece o significado exato da expressão "algum tipo" quando se fala na hipótese de acerto futuro com o PT e, considerando que Kassab é um pragmático que abriu conversação com Lula, outro "expert" no ramo da obstinação eleitoral, nunca se sabe.

De onde se conclui que, não obstante pareçam confusos e contraditórios, os movimentos do prefeito de São Paulo são o que há de mais organizado e coerente no jogo da política.

Aquela que se faz na base da conveniência, bem entendido.

Boa vista. Ao dizer que a presidente Dilma "subdimensiona" o tamanho e a importância do PMDB na divisão de poder no governo, o presidente do partido, senador Valdir Raupp, expressa uma insatisfação coletiva.

Real, mas que na avaliação da cúpula ainda não é o momento de ser exposta publicamente.

Raupp, na verdade, foi ameno considerando que o que se diz no PMDB é que a única vantagem do partido é ter "uma vista privilegiada para o lago Paranoá", numa referência ao Palácio do Jaburu onde mora o vice-presidente Michel Temer.

A avaliação é a de que a unidade do partido não trouxe os benefícios esperados, pois fez do PMDB em relação ao PT uma espécie de DEM do PSDB.

Neste aspecto, interpreta-se, a divisão interna com um grupo francamente oposicionista e outro jogando na tensão oposicionista, era mais vantajosa.

Conciliação - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 13/01/12


O insuspeito sociólogo Luiz Werneck Vianna, homenageado no recente 15º Encontro da Sociedade Brasileira de Sociologia com o prêmio Florestan Fernandes, defendeu em entrevista ao "Valor Econômico" uma posição bastante independente com relação à Comissão da Verdade, servindo para colocar nos trilhos a pretendida revisão da Lei de Anistia de 1979.
"A minha posição não acompanha as posições majoritárias aí na intelligentsia. Acho que a gente deve recuperar a história, mas o passado passou, é página virada", definiu Werneck Vianna, lembrando que cada país tratou do assunto delicado de acordo com as suas circunstâncias.
"A esta altura, rasgar a Lei da Anistia seria jogar o país numa crise, não sei para quê", assinala o sociólogo.
O mais importante no raciocínio de Werneck Vianna, no entanto, é o que toca em outro tabu da política brasileira: os que estão querendo reabrir a questão são, na sua definição, "as forças derrotadas, ou seja, a luta armada".
E os que fizeram os acordos "que nos trouxeram à democracia" foram as grandes lideranças políticas que, segundo o sociólogo, "tiveram muito clara esta questão: anistia real, geral e irrestrita".
Werneck Vianna insiste: "Não foram elas (as forças derrotadas) que nos trouxeram à democracia. Nos momentos capitais, ela não estava à frente, na luta eleitoral, na luta política, na Constituinte. (O deles) era um outro projeto."
A idéia de rever a anistia é, para o sociólogo, "politicamente anacrônica. O país foi para a frente". Para ele, "os direitos humanos dizem respeito aos vivos. Aos mortos, o velho direito de serem enterrados como Antígona (protagonista da tragédia grega de Sófocles) quis enterrar o irmão em solo pátrio. É o que esta Comissão da Verdade está fazendo".
Esse resumo de Werneck Vianna sobre as condições políticas que levaram à decretação da anistia e à redemocratização do país, com a convocação da Constituinte de 1988, pode ser acompanhado pelo relato de Dona Mora no GLOBO aos domingos, que, incorporada pelo jornalista Jorge Bastos Moreno, está nos contando, com detalhes de bastidores, a atuação de seu marido, Ulysses Guimarães, uma das grandes lideranças políticas do país na resistência à ditadura militar.
Outra grande figura daquele tempo, Petrônio Portella, presidente do Senado durante o governo Geisel e ministro da Justiça de Figueiredo, foi fundamental na negociação para a anistia e teve em Ulysses um adversário dentro do PMDB.
Dona Mora, com a sinceridade que os mortos podem ter, especialmente quando psicografados por Moreno, explicava essa pendência: "Ulysses debochava da sua empáfia. E, também, não será aqui nos nossos encontros que deixarei de ser sincera: os paulistas sempre tiveram preconceitos contra os nordestinos. E Petrônio Portela, a estrela civil da ditadura, era do Piauí."
Petrônio tinha, porém, diálogo com o PMDB através de Tancredo Neves, outro grande líder político da abertura que chegou à Presidência da República no processo de redemocratização, e Thales Ramalho.
Do lado governista, o então deputado Marco Maciel foi outro importante aliado dos militares que queriam fazer a abertura política, na disputa contra a "linha dura" militar.
O historiador Carlos Fico, da UFRJ, em trabalho justamente sobre as negociações políticas que desembocaram na anistia, lembra que "a Lei da Anistia de 1979 foi uma das etapas do longo processo de superação do regime militar. Assim, para que se possa interpretá-la corretamente, é fundamental considerar o contexto em que foi aprovada", mostrando que "a maioria dos membros da oposição, no contexto da negociação política que se estabeleceu, aceitou a anistia tal como foi proposta pelo governo".
A chamada "abertura política", que desembocou no fim do AI-5 e na anistia, iniciou-se no governo do general-presidente Ernesto Geisel (1974-1979) e estendeu-se pelo mandato de seu sucessor, o general João Figueiredo (1979-1985).
Carlos Fico lembra que Geisel tomou várias iniciativas que atenuaram a opressão política, como o abrandamento da censura à imprensa e o restabelecimento do habeas corpus para crimes políticos.
Esse passo foi dado, aliás, dentro da chamada "Missão Portella", em que o então presidente do Senado, depois da decretação do Pacote de Abril, que fechou o Congresso, tentava retomar o diálogo com a chamada "sociedade civil".
Buscou a cooperação do então presidente nacional da OAB, Raymundo Faoro, que pediu a volta do habeas corpus como um sinal concreto de que havia a intenção do governo de restabelecer a democracia no país.
Foi nesse contexto de "abertura" que surgiu a campanha pela anistia em 1975, com diversas manifestações pelo país, em ritmo crescente, até que em 1978 formou-se o Comitê Brasileiro pela Anistia, lançado no Rio de Janeiro com o apoio do general Pery Bevilacqua, punido pelo AI-5 em 1969.
A exigência de uma anistia "ampla, geral e irrestrita" tornou-se a marca da campanha.
O projeto de anistia foi enviado ao Congresso pelo então presidente João Figueiredo em junho de 1979. A ideia de uma "anistia recíproca" não era alheia à campanha pela anistia, ressalta Carlos Fico, lembrando que a dirigente da seção gaúcha do Movimento Feminino pela Anistia, por exemplo, defendia uma anistia "de parte a parte", tanto quanto Pedro Simon falava em "esquecimento recíproco dos que agiram e dos que sofreram".
Pery Bevilacqua também defendia a "anistia recíproca", diferentemente da presidente do Comitê Brasileiro pela Anistia, Terezinha Zerbini.
O projeto encaminhado por Figueiredo não incluía na anistia os "condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, sequestro e atentado pessoal", que os militares chamavam, genericamente, de "terroristas".
A ampliação do alcance da anistia acabou acontecendo por pressão da sociedade e com a alteração de algumas leis, como a Lei de Segurança Nacional.
Mas o projeto do governo incluía o perdão para os chamados "crimes conexos", fórmula obscura, segundo Fico, adotada porque o governo não estava apenas preocupado com torturadores.
Ao anistiar os "crimes políticos ou praticados por motivação política", o projeto garantia que, no futuro, nenhum militar seria punido em função das ilegalidades praticadas durante a ditadura.
Como registrou o brasilianista Thomas Skidmore, a anistia foi "uma transação política", com o objetivo da conciliação.

GOSTOSA


MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 13/01/12



Licença para trecho do metrô é liberada

Depois de um ano e quatro meses, saiu a licença ambiental de instalação de parte do trecho Oratório - Cidade Tiradentes (zona leste) da linha 2 do Metrô.

A licença prévia para o monotrilho havia sido solicitada pela empresa em setembro de 2010. Faltam ainda a licença de instalação de um segundo trecho, para chegar a São Mateus, previsto para ser assinado em 15 dias, e a licença de operação, sem a qual o Metrô não pode atuar.

A Secretaria dos Transportes Metropolitanos diz que a linha estará pronta em 2014.

Além de exigências ambientais, o Metrô terá de atender também determinações como ciclovia, bicicletário e sinalização com uma série de especificações definidas pelo Cades (Conselho Municipal do Meio Ambiente de Desenvolvimento Sustentável), um grupo composto por 63 membros, representantes da prefeitura, de diferentes setores (comércio, indústria e outras esferas de governo) e ONGs.

"Para obtermos a licença de operação, vamos ter de cumprir outras 29 exigências. Vamos cumpri-las, mas há o custo econômico [para o Estado] e para a população que precisa do transporte", diz o secretário estadual Jurandir Fernandes, dos Transportes Metropolitanos.

"Da licença para a linha 17, que aguardamos há um ano e meio, não há notícia."

Outro monotrilho, a linha 17- ouro, que vai ligar o aeroporto de Congonhas ao Morumbi e ao Jabaquara, teve sua licença solicitada pelo Metrô em julho de 2010.

Para o secretário Fernandes, algumas exigências não são da alçada do Metrô.

"Somos favoráveis às medidas ambientais e ciclovias, mas por que a construção de pistas para bicicletas, local para abrigá-las e sinalização devem ser feitas pelo Metrô? Não é o foco do Metrô nem da CPTM. Já temos ação mitigadora porque o Metrô, ao retirar carros das ruas, reduz poluição, barulho, acidentes."

As obras das linhas 2 e 17 já foram contratadas. Construtoras já começaram seus canteiros de obras, mas aguardam licenças. Para futuras linhas, a Secretaria diz estar se antecipando às dificuldades.

"Para os projetos novos, estamos nos adiantando para ver o que será necessário, antes de contratar obras", diz. "Tanto órgãos de fiscalização quanto solicitantes têm de se aperfeiçoar."

"Somos favoráveis às medidas ambientais e à implantação de ciclovias, mas por que a construção de pistas para bicicletas, local para abrigá-las e a sinalização de 250 metros de cada lado devem ser feitas pelo Metrô? Não é o foco do Metrô nem da CPTM fazer essas obras"

Licenciamento está de acordo com a lei, diz Prefeitura de SP

Os processos de licenciamento ambiental em curso em São Paulo seguem os caminhos previstos em lei, segundo a prefeitura da capital.

Só depois de os pedidos serem apreciados em reuniões do Cades (Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) e de todas as exigências serem discutidas, é que as licenças são emitidas.

Uma ação do Ministério Público, que deu entrada na Justiça no final de 2011, atrasou em pelo menos um mês as decisões sobre o assunto, segundo a secretaria do Verde e do Meio Ambiente.

A promotoria entende que é ilegal a prefeitura conceder licenças ambientais, papel que caberia ao Estado.

O Tribunal de Justiça concedeu liminar, bloqueando as licenças. Em dezembro, a prefeitura reverteu a decisão.

Sobre as ciclovias e demais exigências, a secretaria do Verde e do Meio Ambiente diz que elas sempre existiram.

No caso da pista para bicicletas, ao contrário de licenciamentos anteriores, ela terá que ser entregue pelo Metrô no mesmo dia em que a obra começar a funcionar.

"Já temos uma ação mitigadora porque o Metrô, ao retirar carros das ruas, reduz poluição, barulho... Exige-se do Metrô, mas poderia ser das montadoras, que colocam tantos carros em circulação"

DISCÓRDIA AÉREA

O Sindicato das Empresas de Turismo de São Paulo prepara uma lista de supostas irregularidades cometidas pelas companhias aéreas, como o pagamento de taxa para reserva de assento. A intenção da entidade é entregar o documento ao Ministério Público, à Câmara dos Deputados e ao Ministério da Justiça.

"As companhias não têm o direito de criar multas, essa é uma função do governo", diz o presidente do sindicato, Eduardo Nascimento.

Em 2011, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor notificou cinco empresas devido à qualidade do atendimento e à transparência na compra de passagens.

MEU ESCRITÓRIO É EM CASA
Quando questionadas sobre os impactos do trabalho à distância, a maioria das empresas cita, inicialmente, fatores menos ligados à produtividade, como redução da poluição (76,8%) e qualidade de vida (61,1%), segundo estudo da escola de negócios BSP com quase 250 representantes de companhias.

Em menor proporção aparecem redução de absenteísmo (32,1%), redução da supervisão presencial (25%), retenção de talentos (24,1%), dedicação do profissional (24,1%) e aumento da produtividade (22,2%). Fala-se menos em dificuldade de controle do funcionário (19,6%) e limitação da vida social.

Roubo... O índice de roubo e furto de veículos no Brasil caiu 6,9% em 2011, ante 2010, segundo a Tracker, empresa de rastreamento e localização de veículos. Foram registradas 3.315 ocorrências no ano.

...na pista A queda mais significativa foi nos casos envolvendo caminhões (25,6%). Carros tiveram redução de 8,4%. Roubos e furtos de motos e utilitários cresceram 96,7% e 5,7%, respectivamente.

Ligação O grupo Torre Online, que faz locação de pontos para instalação de equipamentos para operadoras de celular, entrará no mercado de SP neste ano. O investimento será de ao menos R$ 3,5 milhões.

com JOANA CUNHA, VITOR SION, LUCIANA DYNIEWICZ e EDUARDO GERAQUE

"BBB 12"! Tem veterinário na casa! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 13/01/12


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Novidades no "BBB": tem um veterinário na casa. Na eventualidade de alguém passar mal! Rarará!
Achei de grande responsabilidade do Boninho: botar um veterinário na casa! Vai morar três meses com os pacientes. Tipo aquele projeto do governo: Médico de Família! Rarará!
E tô adorando a minissérie "Dercy de Verdade". Porque o ator que comeu a Dercy é o mesmo que comeu a Bruna Surfistinha. O Cassio Gabus Mendes. Isso é que é profissional! Agora, ele vai ter que comer a Brunete Fraccaroli do "Mulheres Ricas".
E o Castelorama do Twitter disse que a Dercy é o Niemeyer do palavrão. E quando a Dercy morreu, o palavrão ficou a meio pau! E já imaginou se a Dercy começar a mandar mensagens psicografadas pornográficas pra Globo? Rarará!
E o Corinthians? O Corinthians é como a Dercy. Cem anos fazendo a gente rir! Rarará!
E todo janeiro é a mesma coisa: tragédias e "BBB". E agora a Band inventou mais uma: "Mulheres Ricas". Ops, "Mulheres Bizarras". Um leitor quer saber que champanhe é essa que elas tomam pra ficar tão loucas. Eu acho que elas botam LSD!
Aliás, podiam jogar essas mulheres ricas na Cracolândia. Aí elas ficam fumando crack, e os zumbis bebendo champanhe! Aliás, a Cracolândia parece aquele clipe do Michael Jackson.
E aí eu disse que um cara falou que "depois de 'Mulheres Ricas', eu não acho mais a Susana Vieira estranha". E um cara respondeu: "Você é que é feliz. Eu continuo achando". Rarará!
E o "BBB"? Já começou a baixaria: vazou na internet um vídeo íntimo do professor de luta muay thai. Fazendo justiça com as próprias mãos. Lutando muay thai com o próprio pinto. Dou aulas de muay thai. Venha aprender muay thai. E a mãe dele disse que era ele mesmo. Foram perguntar pra MÃE! O mundo tem que acabar. Rarará!
E olha a placa colada no vidro do Itaú de Vila Prudente: "ENTREDA PELA PORTA GIRATOTIA". Rarará. E num restaurante por quilo em Higienópolis: beringela refolgada. Como disse o outro: folgada eu como todo dia em casa, mas refolgada eu não vou comer, não. Rarará.
Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Um bom momento para tomar juízo - WASHINGTON NOVAES


O ESTADÃO - 13/01/12

A nova discussão e votação do projeto de Código Florestal no Congresso, prevista para as semanas depois de terminado o recesso, poderá ser uma boa oportunidade para que os parlamentares, observando o que está acontecendo de desastres em razão de "eventos extremos" (chuvas, principalmente) nos Estados de Minas Gerais, do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, entre outros pontos, possam rever dispositivos que reduzem áreas de preservação permanente à beira de rios, em encostas e topos de morros. O panoramana que les Estados é muito claro: o desmatamento nas três situações reduz a infiltração de água no subsolo, aumenta a erosão e o carreamento desedimentos para a calhados rios- e nesta se reduz a capacidade de receber água e manter contido o fluxo hídrico. As enchentes não só afetam culturas como derrubam barragens, destroem pontes e aterros, inundam comunidades, desalojam dezenas de milhares de pessoas. O caso do Rio Muriaé, nestas últimas semanas, é bem típico.

Nada leva a crer que vá mudar o panorama de "eventos extremos". Estudos nas Universidades de Colúmbia e da Carolina do Norte, nos EUA (Forbes, 23/12/2011), publicados nos Proceedings of the National Academy of Sciences (agosto de 2009), preveem que impactos nos cultivos de milho, soja e algodão, em função de temperaturas mais altas neste século, serão pelo menos 25% a 30% maiores, antes de se iniciar um processo de declínio; as projeções mais pessimistas indicam perdas entre 63% e 82% até o fim do século 21. Também a Organização Meteorológica Mundial prevê que a temperatura terrestre continuará a elevar- se - 2010 foi um dos anos mais quentes desde 1850, entre 1998 e 2011 tivemos os 12 anos mais quentes desde que se registram temperaturas. E estas, se mais elevadas, podem influenciar chuvas mais fortes.

Mesmo no Brasil há informações inquietantes. Estudos do professor Paolo Alfredini, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da USP (Estado, 1.º/1), mostram que a elevação do nível do mar no litoral norte de São Paulo - segundo registros da Cia. Docas de Santos entre 1944 e 2007 - pode ser calculada em 74 centímetros em um século e deve acelerar-se em 20 anos, para chegar no final do século 21 a um metro nos pontos de menor declive. Água salgada pode comprometer sistemas de abastecimento urbano.

Em nosso país, escreve o correspondente Jamil Chade ( Estado, 6/1), enchentes já provocaram prejuízos de R$5 bilhões em uma década - dados da seguradora Swiss Re-, além de 120 mortes por ano, entre os 19 milhões de pessoas expostas ao risco. Segundo a ONU, já somos o 13.º país mais vulnerável por esse ângulo, com 246 mil pessoas afetadas por ano, e o 18.º em prejuízos.Só nas últimas semanas, 2,5 milhões de pessoas foram atingidas pelas chuvas, diz o governo federal (Estado, 10/1) - sem falar nas secas extremas no Rio Grande do Sul, com prejuízos de R$2 bilhões nos cultivos de soja, milho e algodão.

Desde a década de 1980 o Painel Intergovernamental de mudanças climáticas (IPCC), da ONU, vem advertindo para o agravamento dos desastres nessa área, mas parecemos surdos, cegos e céticos. Ao menos por aqui. Para ficar só nos fatos mais recentes, em 2010 a hoje presidente Dilma Rousseff prometeu que o governo federal tomaria medidas para evitar novos desastres. Mas quando se lê hoje sobre escândalos no Ministério da Integração Nacional, conclui-se que os interesses eleitorais prevaleceram sobre tudo. Em oito anos o Congresso Nacional autorizou a aplicação de R$ 2,8 bilhões em programas de prevenção de desastres nessa área, mas só foram aplicados R$ 695,4 milhões (O Globo, 3/1). No ano passado mais de 900 pessoas morreram nas inundações e nos deslizamentos de terras no Estado do Rio de Janeiro. Mas de lá para cá praticamente nada se fez para mudar o quadro - e as novas chuvas estão levando a novos desastres. Em Belo Horizonte dezembro foi o mês mais chuvoso na História, diz o Instituto Nacional de Meteorologia- e o panorama em Minas é desastroso, a começar pelas regiões banhadas ali (e no Estado do Rio de Janeiro) pelo Rio Muriaé. Nas proximidades de Campos, toda a população de Três Vendas, cerca de 4 mil pessoas, teve de abandonar suas residências.

Levantamento do Serviço Geológico do Brasil (O Globo, 3/1) indica que em 251 municípios há risco de acidentes por causa do clima, e 178,5 mil pessoas vivem em áreas de risco alto ou muito alto. Só na cidade de São Paulo 27,1 mil famílias, cerca de 100 mil pessoas, moram em regiões de alto risco. Quase 1milhão de pessoas ocupam áreas inadequadas, inclusive de preservação permanente. Ainda há pouco o Ministério Público recorreu à Justiça para exigir que os órgãos estaduais e municipais promovam obras em 121 favelas onde 20 mil moradias correm o risco de sofrer com deslizamentos.

É preciso repetir:  mudanças climáticas já são o mais grave problema a enfrentar, aqui e em toda parte. Há poucos dias, a Universidade de Louisiana (EUA) advertiu que são muito fortes os riscos para a população de 16 países no Sul da Ásia, com o derretimento de geleiras, que se verifica também no Ártico e nos Andes. O governo das Ilhas Maldivas, no Pacífico, anunciou que vai cuidar da transferência de parte de sua população para a Austrália por causa da elevação do nível do mar, que já está acontecendo e ameaça mais de 30 países-ilhas.

Iniciativas importantes estão ocorrendo nas áreas de energia, transportes, construção e outras para reduzir emissões de poluentes.

De modo geral, entretanto, continuam a prevalecer, nos negócios públicos e em empresas, as lógicas financeiras imediatistas. Quando acordaremos? Poderíamos dar um bom exemplo ao mundo no caso do nosso Código Florestal, durante a próxima votação. Os cientistas já mostraram que não é preciso retroceder na proteção aos biomas para expandir a agropecuária.

Marcelo Serrado, o equivocado - ALEXANDRE VIDAL PORTO

FOLHA DE SP - 13/01/12

Na década de 1920, a cidade de Berlim conheceu um dos períodos mais tolerantes da história em relação à homossexualidade.

Casais do mesmo sexo eram tratados com respeito, e a cultura homossexual era aceita sem constrangimentos. Essa situação propícia se manteve até a emergência de Adolf Hitler, que mandou dezenas de milhares de homossexuais para campos de extermínio, todos com um triângulo rosa no peito.

No Brasil, ocorre situação análoga. Lentamente, a conquista pela igualdade de tratamento para os homossexuais avança. Mas a luta é inglória. Quando se pensa que os avanços estão consolidados, surge um Silas Malafaia, umJair Bolsonaro ou um Ives Gandra Martins para lembrar que a questão está longe de ser resolvida.

O último nessa linhagem de homofóbicos é o ator Marcelo Serrado, que interpreta o personagem homossexual Crô, na novela "Fina Estampa". Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, publicada na edição do último domingo deste jornal ("Arrasa, bii!"), Serrado expôs seu preconceito abertamente ao declarar que não gostaria de que a sua filha de sete anos visse um beijo gay na televisão.

Em sua conta no Twitter, o ator negou que fosse preconceituoso. Como se não querer que uma criança assista a um beijo gay nada tivesse de discriminatório. Exatamente como a senhora que diz que não é racista, mas que preferiria que a filha não se casasse com um negro.

A maneira como Serrado educa a sua filha é problema dele. Não se condena o teor de suas declarações preconceituosas, porque a homofobia ainda não é crime no Brasil.

O condenável em sua atitude é a negação do óbvio. Ele tem o direito de educar a sua filha como quiser, mas não pode enganar a população tentando descaracterizar a natureza do seu preconceito. Ou seja, Serrado é um homofóbico no armário. Precisa sair dele.

Serrado terá alcançado o auge da sua fama às custas da ridicularização dos homossexuais. Para ele, explorar a homofobia da sociedade brasileira deu certo. Para a Rede Globo, também, porque os índices de audiência da novela são altos. É triste, porém, que uma emissora de televisão preste tal desserviço à consolidação da cidadania.

A imagem desrespeitosa que a televisão brasileira difunde dos homossexuais pode dar lucro às emissoras e aos atores. No entanto, causa prejuízo ao Brasil como um todo, porque solapa os esforços do governo e da sociedade no combate ao ódio e à intolerância.

A caricatura homossexual que Aguinaldo Silva compôs e que Marcelo Serrado se presta a interpretar, por exemplo, levará anos para ser desmantelada no imaginário da nação. Produzirá discriminação e gerará violência.

Em defesa da novela, poder-se-ia falar em liberdade de criação artística. No ataque, porém, é necessário recordar a noção de responsabilidade social, que as redes de televisão têm o dever de preservar.

Homossexuais caricatos sempre existiram. Não temos de negá-los. Pergunto-me, no entanto, em que novela ou reality show estarão os homossexuais comuns, que têm relações estáveis, acordam cedo para ir trabalhar e levam uma vida convencional. Eles também existem. São muitos. Pagam impostos e exigem respeito.

Ah, e beijam-se também, Marcelo Serrado, como qualquer ser humano normal. Querer ocultar esse fato de sua filha ou de quem quer que seja constitui homofobia, quer você queira, quer não.

A fila anda - RENATA LO PRETE

FOLHA DE SP - 13/01/12


FÁBIO ZAMBELI (interino)


Mesmo preocupado em colaborar na cracolândia, o governo de Dilma Rousseff já admite que São Paulo terá ritmo mais lento de integração ao plano federal de combate ao crack. Recife, Salvador, Brasília, Rio e Porto Alegre devem sair à frente no programa, adotando medidas como monitoramento por câmeras das áreas tomadas por usuários em vez de ação policial ostensiva.

Reunido ontem com Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) desviou da polêmica acerca dos métodos da PM para expulsar viciados do centro paulistano e ofereceu apoio ao encaminhamento de dependentes à rede do SUS.

Caderninho Antes da conversa sobre cracolândia, Dilma pregou no Bandeirantes parceria com governos estaduais "independentemente de quaisquer intempéries". No entorno da presidente, a frase foi interpretada como recado sutil a Alckmin, que não a avisou da operação.

Chá das cinco O clima ontem no Congresso para o depoimento de Fernando Bezerra era de confraternização geral. Quando o ministro anunciou que o PMDB foi o partido mais aquinhoado com emendas na Integração Nacional, seguido do PT, o peemedebista Henrique Alves, sentado no plenário, ergueu as mãos e foi aplaudido.

Deixa assim Aliados anotaram: Bezerra insistiu em dividir com o Planalto a fatura de quase todas denúncias levantadas contra ele.

Mobiliário De um dirigente do PMDB, relativizando a ansiedade da sigla com o Ministério da Ciência e Tecnologia: "Dilma não tira o PT nem de cadeirinha. Imagine de uma mesa, e das grandes".

Revezamento O PT marcou para dia 24 reunião em Brasília na qual tentará estabelecer rodízio na liderança de sua bancada na Câmara até 2013. Os nomes colocados são os de José Guimarães (CE) e Jilmar Tatto (SP). O atual líder, Paulo Teixeira (SP), acredita em acordo.

Sigilo O Ministério da Saúde baixou portaria que proíbe a divulgação dos dados de gestantes contempladas com ajuda de custo para pré-natal. Com a medida, o governo tenta encerrar a polêmica com ala do PT refratária à MP da Rede Cegonha. Militantes que defendem o aborto temiam que a medida permitisse o acompanhamento externo das gestações.

Terceiro O pré-candidato do PT à Prefeitura de Porto Alegre, Adão Villaverde, ganhou uma janela de visibilidade esta semana. Com Tarso Genro de férias e o vice-governador Beto Grill (PSB) em viagem, assumiu o governo gaúcho interinamente. O petista preside a Assembleia.

Novo round Em ação contra a redução da tarifa da inspeção veicular que corre na Fazenda Pública, a Controlar questiona o estudo da Fipe usado por Gilberto Kassab (PSD) e evoca pareceres do jurista Marçal Justen Filho e da FGV. A empresa diz que a alteração proposta pelo prefeito de SP desequilibra financeiramente o contrato.

Dote Abrindo ofensiva para deter o desembarque de aliados em ano eleitoral, Kassab aposta nos 32 cargos recém-criados na Secretaria Especial da Copa para atrair definitivamente o PC do B à coalizão que pretende liderar.

Supercódigo Comissão que redige o anteprojeto do novo Código Penal pretende rever normas de leis específicas, como as de trânsito e de crimes financeiros. O objetivo é dar uniformidade à legislação, que hoje prevê para autores de lesão corporal a mesma pena para quem destrói planta ornamental.

tiroteio

"O Brasil pode ter política externa simpática aos mais pobres, financiar obras em vizinhos e enviar missões militares. Mas não precisa se tornar uma espécie de Febem do mundo."

DO CIENTISTA POLÍTICO RUBENS FIGUEIREDO, sobre as críticas sofridas pelo governo brasileiro em razão da adoção de medidas para restringir o ingresso ilegal de haitianos no país em busca de emprego.

contraponto

Meritocracia

Em solenidade, ontem, no Bandeirantes, o presidente da Caixa, Jorge Hereda, pediu aplausos para os 151 anos do banco. Vários funcionários se levantaram, mostrando ocupar metade dos assentos reservados a autoridades.

Minutos depois, Dilma Rousseff acenou para o grupo:

-É tempo de festa, mas também de pensar nas 400 mil moradias que precisamos viabilizar além da meta...

Um funcionário da instituição brincou:

-Nossa, nem deu tempo de assoprar as velinhas e já tem mais trabalho na mesa?

GOSTOSA


Bases da construção - MIRIAM LEITÃO


O GLOBO - 13/01/12



Há uma contradição no mercado imobiliário brasileiro: o preço dos imóveis disparou em 2011 e as ações das construtoras despencaram. Elas fecharam o ano com queda de quase 40%, enquanto os imóveis ficaram 26% mais caros, segundo o índice FipeZap. A crise europeia afastou investidores estrangeiros; as construtoras desaceleraram o ritmo após o crescimento de 2010.

Segundo dados da Ativa Corretora, neste início de ano, as ações recuperaram 12,5% - impulsionadas por uma alta de 5,6% no Ibovespa - mas os investidores ainda têm dúvidas sobre se a valorização se sustentará nos próximos meses. As empresas, por sua vez, alegam que os fundamentos do setor são sólidos, que o Brasil tem uma forte demanda reprimida por imóveis, e que isso vai assegurar uma recuperação no médio prazo.

O presidente da MRV Engenharia, Rubens Menin, explica, no entanto, que o setor de construção civil brasileiro é muito jovem quando comparado a outros mais tradicionais, como as indústrias automobilística e siderúrgica, e que ainda precisa provar que é área segura para investimentos.

- A construção civil tem um dos melhores fundamentos da economia brasileira, mas é também uma indústria muito nova, que praticamente recomeçou de 2005 para cá. As empresas cresceram muito, mas no ano passado a margem das operações caiu de 20% para 10%. Os investidores ficaram assustados - explicou Menin.

A crise na Europa é uma das causas para o mau desempenho das ações. O índice Ibovespa teve resultado pior do que os índices americanos, com queda de quase 20% em 2011. Isso fez com o setor de construção civil fosse diretamente impactado, por ser considerado mais arriscado. A restrição ao crédito internacional também foi um problema porque as construtoras ainda precisam levantar recursos para fazer frente ao nível de investimentos esperados para os próximos anos. Somente em IPOs, calcula-se que as construtoras tenham levantado cerca de US$ 20 bilhões a partir de 2005. Grande parte dos compradores foram investidores internacionais e, por causa da crise, um pedaço desse dinheiro foi embora e outro deixou de entrar.

- Os investidores têm receio de que o crescimento dos últimos anos não seja sustentável. Muitos são fundos de pensão, menos agressivos, que pensam em retorno num prazo de 10 anos. Além disso, vários países viveram bolhas imobiliárias, como EUA, Irlanda, Espanha, há receio de que isso esteja acontecendo na China. Indiretamente, esse temor nos afetou - afirmou Menin.

Segundo dados do IBGE, o PIB da construção civil teve crescimento médio de 5,18% de 2004 a 2008. Em 2009, sofreu leve retração, para disparar 11,63% em 2010. O analista de construção civil do Banco do Brasil Wesley Bernabé acha que a base de comparação com o ano anterior fez com que os resultados do ano passado parecessem baixos:

- O mercado se decepcionou, embora isso não queira dizer que os números foram ruins ou negativos. As empresas pagaram o preço pelo crescimento forte dos últimos anos. Houve atraso de obras, estouro de custos, dificuldade de obtenção de mão de obra, tudo isso fez diminuir as margens das companhias.

A expectativa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) é que 2011 feche com crescimento de 5,5%, acima, portanto, do que o mercado espera para o PIB brasileiro, em torno de 3%. Mas a entidade tem números de queda de 30% nas unidades vendidas em Belo Horizonte e de 20% em São Paulo.

- O ano passado foi de ajuste porque o crescimento anterior estava muito forte. O governo fez uma parada estratégica no programa Minha Casa, Minha Vida, as construtoras adiaram projetos - afirma o presidente da CBIC, Paulo Simão.

Cristiano Machado, diretor financeiro da Brookfield Incorporações, culpa a alta da inflação e o aumento dos juros para o mau desempenho nas bolsas. Diz que ainda assim as vendas do grupo aumentaram 22% no ano passado, de R$ 3,6 bilhões para R$ 4,4 bilhões.

- O preço das ações do setor de construção é muito sensível à inflação e ao aumento de juros. E vimos essas duas coisas subirem no Brasil no ano passado. A inflação medida pelo INCC chegou próximo de 8%, e isso aumenta os custos das unidades. Por outro lado, tira renda das famílias - afirmou.

Tanto Rubens Menin, da MRV, quanto Cristiano Machado, da Brookfield, reclamam do aumento da burocracia brasileira. Isso tem encarecido o preço das construções e adiado a entrega de projetos.

- O grande problema continua sendo a burocracia. Fui à China recentemente e lá o processo de liberação de uma obra dura, em média, 2 meses. Nos EUA, um mês. No Brasil, de 2 a 3 anos. A MRV diminuiu em 2 meses o ciclo de construção, de 14 para 12 meses, mas o prazo médio gasto com burocracia aumentou, de janeiro a dezembro do ano passado, de 18 para 24 meses - afirmou.

O índice FipeZap mostra que o preço dos imóveis no Brasil aumentou 26% nos últimos 12 meses. No Rio de Janeiro, a alta foi de 35%, em Recife, de 30%, em São Paulo, de 27%. Ainda assim, a margem das companhias diminuiu e o preço das ações despencou. Há um temor de que tenha se formado uma bolha nos preços dos imóveis no Brasil, mas as empresas garantem que a alta é reflexo da demanda. Nos Estados Unidos e na Europa, as crises começaram após a alta excessiva dos imóveis.

Serial killer - JOÃO MELLÃO NETO


O ESTADÃO - 13/01/12

Absurdo não existe. O que nós entendemos por absurdo, em geral, obedece a uma ordem de coisas que não conhecemos.

O governo de Dilma Rousseff - na verdade, trata-se uma tetrarquia de saias - é um bom exemplo disso. Passado somente um ano de cumprimento do mandato e ela já se deu ao trabalho de trocar nada menos do que sete ministros, tendo seis saído sob fortes suspeitas de corrupção ou desvio de recursos públicos.

O único que escapou do opróbrio público foi Nelson Jobim, ex-ministro da Defesa, que declarou amores pelo PSDB e disse ter votado no candidato da oposição à Presidência da República. Forçou a sua própria queda por mero delito de opinião. Antes assim. Tendo sido substituído pelo chavista Celso Amorim, é praticamente certo que ainda deixará saudades. Os outros ministros não tiveram a mesma sorte.

Foge à normalidade o fato de cair um ministro a cada mês e meio. Até por que os funcionários públicos também são humanos - têm carne, osso e, principalmente, nervos - e não funcionam de forma eficiente sob a pressão constante da troca de seus chefes. E cada novo que chega acha que vai "arrebentar a boca do balão" estabelecendo prioridades em é todos de trabalho diferentes. Já é um hábito, em Brasília, dizer: "Meu chefe é ótimo! Melhor que ele só mesmo o próximo".

Não só por mera coincidência, os "autos de fé" do Planalto obedecem todos ao mesmo ritual.

Primeiro, sai uma denúncia em algum dos principais veículos da imprensa nacional. Os demais se pautam no primeiro e repercutem a informação com bastante alarido.

Assim, o que era apenas um deslize ético se transforma num verdadeiro escândalo.

A seguir, aparece a presidente Dilma prestando solidariedade ao ministro e afirmando que ele goza de sua total confiança. Nada de novo, seu antecessor também fazia isso. Só que ela faz uma ressalva: ele deve ir ao Congresso prestar esclarecimentos.

Quando cai nas mãos dos parlamentares - gente experiente na arte do espetáculo -, o cidadão é devorado vivo, sob os holofotes das emissoras de televisão.

É o suficiente para transformar o indivíduo em inimigo público número um.

Alguns ministros, mesmo assim, resistem. (Um deles ainda bravateou, ao afirmar que seria necessária uma bala muito grande para apeá-lo do cargo. Recebeu uma saraiva da delas e, admitindo que elas tinham calibre suficiente, cuidou logo de apresentar a sua renúncia à presidente.)

A presidente, pesarosa, aceita a demissão do auxiliar. Não sem se manifestar confiante em que o indivíduo conseguirá provar a sua inocência.

No momento seguinte, ela nomeia o secretário executivo da pasta ou qualquer outra pessoa sintonizada com o partido do defenestrado para ocupar o seu lugar, e assim fica tudo numa boa. Trata-se de um velório em que ninguém chora.

Foi assim com o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, indicado pelo Partido da República (PR). Assumiu o seu lugar o secretário executivo Paulo Sérgio Passos, também ligado ao PR. Os republicanos não se debulharam em lágrimas. O único lamento que se ouviu foi o da sua bancada no Senado - Alfredo Nascimento é senador -, que,em represália,declarou-se"independente". Ué, antes não era?

Foi assim, também, com o ex-Ministro da Agricultura Wagner Rossi, indicado pelo PMDB. Assumiu o seu posto o deputado Mendes Ribeiro, representante do mesmo partido.

Deu-se o mesmo na pasta do Turismo: saiu sob denúncias o deputado do PMDB maranhense Pedro Novais. Entrou o deputado pelo PMDB do Maranhão Gastão Vieira. Não é preciso dizer quem os indicou.

O rito repetiu-se no caso de Orlando Silva, no Ministério do Esporte. Apesar das lágrimas e dos elogios que lhe foram dedicados, por causa de fortes suspeitas ele acabou tendo de entregar o cargo. Para ocupar o seu lugar foi indicado o deputado Aldo Rebello, do mesmo partido, o PCdoB. A sigla quer dizer Partido Comunista do Brasil.

E, por fim, o tal ministro"invulnerável": Carlos Lupi (PDT), do Trabalho - o da bala de grosso calibre para derrubá-lo, que acabou não resistindo à saraivada de denúncias e teve mesmo de renunciar (enfrentando oposição até dentro de seu partido).

Execuções em praça pública parecem compor um padrão na atual administração. E isso tem sido feito um a um, para deleite da plateia.

O que todos esses decaídos têm em comum? Pertencem todos a partidos que não o da presidente. E a maioria deles é composta por remanescentes da gestão anterior. A criatura voltou-se contra o criador? Não necessariamente. É gente que pediu a Lula para permanecer e acabou ficando. O que não lhes foi dito é que teriam prazo de validade.

Mas mesmo no que diz respeito ao PT, este tampouco foi poupado. Antônio Palocci, ministro chefe da Casa Civil, caiu porque queria mandar demais. Outro saiu porque mandava de menos (na pasta das Relações Institucionais): o deputado Luiz Sérgio não perdeu o status de ministro, mas agora só cuida de peixes...

Apesar de tudo isso, a presidente acabou se saindo bem. Todas as pesquisas apontam o aumento de sua popularidade. Ao passar ao público a imagem de governante durona - que não tolera "malfeitos" -, Dilma conquistou a simpatia de diversas camadas da classe média que são refratárias a Lula e ao PT.

Diante disso, há uma pergunta que não quer calar: todas as denúncias surgidas são detalhadas e muito bem fundamentadas. Quem, no Planalto Central, concentra informações suficientes para formulá-las?

Uma coisa é certa: quando se está numa posição de comando, jamais se dá pulos de alegria. Sempre haverá alguém para lhe puxar o tapete.

SINAIS VITAIS - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 13/01/12




O número de doadores de órgãos em SP caiu em 2011. Depois do recorde de 871 pessoas em 2010, o ano passado registrou 844 (3% a menos). Apesar de uma em cada três famílias entrevistadas ter se recusado a consentir a doação dos órgãos dos parentes mortos, a Secretaria Estadual da Saúde diz que o nível de transplantes está mantido, porque a queda, em dados percentuais, foi pequena.

MULTIPLICAÇÃO
Foram feitos 69 transplantes de coração, 123 de pâncreas, 1.404 de rim, 587 de fígado e 33 de pulmão no ano. O número de cirurgias supera o de doadores porque alguns dão mais de um órgão. E no caso dos rins, por exemplo, cada um pode ir para um receptor diferente.

SALA DE CIRURGIA
A maior parte dos doadores veio do Hospital São Paulo: 166. A Santa Casa de São Paulo, com 161, o Hospital das Clínicas, com 141, e o Instituto Dante Pazzanese, com 107, completam o topo da lista.

ECONÔMICO
Não é só a presidente Dilma Rousseff que deixará de ir ao Fórum Econômico Mundial. O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) também não irá a Davos nem enviará representante do Estado de SP. Uma das justificativas é que ele prefere economizar os custos da viagem à Suíça.

MEIO-CAMPO
O governo de SP fará hoje um seminário com técnicos da comissão de infraestrutura do Senado americano sobre as obras do Estado para a Copa. Quer apresentar os projetos de PPPs (parcerias público-privadas) nessa área para atrair investimentos de empresas americanas.

PAPEL PASSADO
O advogado Flávio Crocce Caetano foi nomeado nesta semana secretário de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça.

ZEZÉ NA TIMBALADA
Carlinhos Brown fez uma música para cantar com Zezé Di Camargo na gravação do DVD dos 20 anos da Timbalada. O sertanejo deve ir no dia 5 de fevereiro a Salvador para o dueto -Luciano, que estará com a família na Disney, não participará.

DISCO BOMBRIL
E o show comemorativo dos 20 anos de carreira de Zezé Di Camargo & Luciano, que será lançado em DVD em abril, também vai dar origem a um CD de inéditas da dupla. As faixas com as músicas novas da apresentação serão gravadas no disco.

PROVA NO ESCURO
Acabou a luz em salas da UMC (Universidade Mogi das Cruzes) da Vila Leopoldina, onde candidatos faziam prova da segunda fase da Fuvest na terça-feira. Faltavam ainda dez minutos para o fim do exame, mas os fiscais não deram qualquer orientação aos alunos. A Fuvest afirma que, se a iluminação natural é suficiente, não há necessidade de outras providências.

REI DA NOITE
A tradicional Feijoada do Amaral, do empresário Ricardo Amaral, conhecido como o rei da noite, completa 35 anos em 2012. O almoço, "sem hora pra acabar", acontece todos os sábados de Carnaval. Neste ano, será no Jockey do Rio.

E nesta segunda ele será o entrevistado do "Roda Viva" (TV Cultura).

ENCONTROS E DESENCONTROS
A atriz Mariana Ximenes conta que é fã da frase "A vida é a arte do encontro", de Vinicius de Moraes. "Minha vida sempre foi feita disso, de encontros... incríveis!", diz à revista "Joyce Pascowitch". Ela, que estreia hoje a peça "Os Altruístas" no Rio, afirma ficar "desapontada" quando "há especulação demais" sobre sua vida pessoal. "Entendo que exista o interesse. Mas é aquilo: eu respeito a imprensa. E quero ser respeitada também."

PRIMEIRA FILA
As atrizes Bianca Bin e Chris Vianna assistiram ao desfile da Cantão no Fashion Rio. A top Carol Trentini subiu à passarela da marca, no Píer Mauá.

CURTO-CIRCUITO
Pedro Luís lança o CD "Tempo de Menino" amanhã, às 21h, com Zé Renato, e no domingo, às 18h, com Roberta Sá. No Sesc Vila Mariana. Livre.

A estilista Cléo Aidar lança coleção com coquetel na segunda, no Itaim.

A Casa da Fazenda do Morumbi promove até o dia 31 festival de pratos clássicos paulistanos.

As modelos da agência Oca vão usar colar do movimento Mensageiros da Água nos bastidores e lounges da SPFW.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY