O GLOBO - 04/10
O Estado-babá obriga o cidadão a participar com seu voto inconsciente, irresponsável e aleatório, que tem como consequência um Congresso cada vez pior. Se não quiser votar, é um direito, é menos um voto em branco, nulo ou num picareta
A história confirma: voto obrigatório é coisa de ditaduras, de esquerda ou de direita, como forma de legitimar o ilegítimo e dar uma aparência de democracia ao regime. Em democracias de verdade, os cidadãos interessados em participar do processo eleitoral se inscrevem, fazem campanha, doam dinheiro para seus candidatos e votam. Quem não vota não pode reclamar dos resultados das eleições e de suas consequências.
Enquanto isso, no Senado, num arremedo de reforma política, a proposta de tornar o voto facultativo foi derrotada por 16 x 6 na Comissão de Constituição e Justiça. Petistas e tucanos se uniram na defesa do atraso: “O voto obrigatório tem sido um instrumento importante para incorporar as massas ao processo democrático. A supressão do voto popular contribuirá para a elitização da política brasileira”, disse um deles.
Obrigar as massas a votar não é incorporá-las, é usá-las como massa de manobra no processo eleitoral. Que elitização é essa de abrir o processo eleitoral a qualquer um que queira participar ? É óbvio que alguém que não quer votar em ninguém, mas é obrigado, vai votar nos piores candidatos. Se ele tiver algum escolhido, não é preciso obrigá-lo. Até na Venezuela o voto é facultativo.
Mas o Estado-babá obriga o cidadão a participar com seu voto inconsciente, irresponsável e aleatório, que tem como consequência um Congresso cada vez pior. Hoje cem milhões de brasileiros têm internet, temos mais celulares do que habitantes, todo mundo pode se informar sobre o que quiser, quando quiser, onde quiser. Mas, se não quiser votar, é um direito, é menos um voto em branco, nulo ou num picareta.
Dos políticos e suas propostas é que vem a motivação para os cidadãos se inscreverem e votarem. É disso que eles têm medo. Uns, que a classe média tenha preguiça de sair de casa para votar, outros, que os grotões não votem sem algum estímulo, ou ameaça. É como eles veem o povo brasileiro, e ninguém quer pagar para ver o que ele quer.
Quarenta anos depois, parafraseando Pelé, nossos progressistas e conservadores dizem em coro: “O brasileiro ainda não está preparado para não votar.”
sexta-feira, outubro 04, 2013
Os cubanos treinaram no McDonald's? - BARBARA GANCIA
FOLHA DE SP - 04/10
O terrorista Cesare Battisti tem à disposição uma legião de médicos cubanos com quem se tratar
Minha intenção hoje era falar dos índios. Mudei de ideia lembrando da transamazônica de nãos que recebi de todos a quem perguntei: "E aí, gostou de Xingu'?" (o filme, não o parque nacional que estão esquartejando). Trata-se de um esforço que ninguém apreciou. A história dos irmãos Villas-Boas não interessa. Brasileiro não gosta de índio.
Como desejo ser lida, disponho-me a agradar. Mas há limites. Se pensa que vou descambar para a apelação, meu nobre leitor, e sair malhando Obama Rousseff e suas ancas duras para a articulação política, errou feio. Vá lá. Já que estamos aqui, só uma lasquinha: negão ruim de cintura como esse nem se morasse no Alvorada, usasse tailleur de manga três quatros e tivesse dificuldade em se locomover de salto --como bem notou Thammy, filha de Gretchen.
Por falar na Angela Merkel tapuia (eu sei, só daria para comparar se a Angela Merkel estivesse em coma), há muito sinto como se um bisturi me retalhasse as vísceras, tamanha a vontade de dizer a minha opinião sobre essa história de médico que veio de jangada lá de Cuba (ah, não veio? Foi de avião da FAB? Quem pagou?). Entendi: pergunte ao Fidel. Quer saber? A mim pouco importa. Eu preciso é desabafar, senão tenho um treco.
Para começar, se, neste momento, eu me encontrasse em situação de vítima da seca, no interior do interior da Paraíba, sol fritando a moleira e moscas zunindo ao redor dos meuzôio (nesse contexto seria meuzôio mesmo), baita dor de barriga e, ainda por cima, desidratada, nem que eu fosse acolhida por um ser falando em papiamento que me auscultasse com um estetoscópio trincado e me desse um copo de lavagem de porco para beber, creio que acharia melhor do que não ter assistência.
Dito isto, passemos para o outro lado do balcão: já notou que os médicos cubanos têm um discurso ensaiado? Pessoal parece ter sido treinado para atendente do McDonald's. Todos estão "felices por estar acá ayudando a Brasssil".
Ocorre que eu vou ficar devendo, mas não posso acreditar em uma palavra do que dizem.
Tudo bem. Há quem prefira a ditadura cubana, torça pela volta do Ahmadinejad e esteja morrendo de saudades as traquinagens de Kadafi. Sem problema. Os EUA estão longe da beatificação. Repressão e liberdade de expressão seletiva é com eles.
Diplomacia é teatro, o mundo todo é um palco e todos os homens e mulheres, meros atores. Mas há de se medir o tom da dramaticidade. Sair de cena abruptamente por conta de ato de espionagem para medir força é perder oportunidade de negócio e de romper com maniqueísmo --resquício da Guerra Fria.
E se a potência que nasce resolvesse forçar convivência? O Brasil faz negócio com Angola, Venezuela, EUA... Por que não? Por que não podemos vender nossas latas velhas para os EUA e também para o Afeganistão? É verdade. Hoje, só a Argentina se dispõe a comprar automóveis "made in Brazil", já ia esquecendo. Seja como for, não está aí a espionagem a serviço do controle da transferência de tecnologia, ora bolas?
No fim das contas, quem se sacode são os médicos cubanos, forçados a viver onde nenhum tapuia quis ir. Alguém perguntou se queriam vir passar três anos no sertão? E ainda correm o risco de ter o mesmo destino de seus conterrâneos, que tiveram asilo político negado durante o Pan do Rio.
Mente aberta, Dilma não liga de deixar ainda mais arredios os já paranoicos EUA. Lembrando que, da nossa porta para dentro, gente como o terrorista Cesare Battisti sempre pode contar com nossa hospitalidade. Política externa de primeira é isso.
O terrorista Cesare Battisti tem à disposição uma legião de médicos cubanos com quem se tratar
Minha intenção hoje era falar dos índios. Mudei de ideia lembrando da transamazônica de nãos que recebi de todos a quem perguntei: "E aí, gostou de Xingu'?" (o filme, não o parque nacional que estão esquartejando). Trata-se de um esforço que ninguém apreciou. A história dos irmãos Villas-Boas não interessa. Brasileiro não gosta de índio.
Como desejo ser lida, disponho-me a agradar. Mas há limites. Se pensa que vou descambar para a apelação, meu nobre leitor, e sair malhando Obama Rousseff e suas ancas duras para a articulação política, errou feio. Vá lá. Já que estamos aqui, só uma lasquinha: negão ruim de cintura como esse nem se morasse no Alvorada, usasse tailleur de manga três quatros e tivesse dificuldade em se locomover de salto --como bem notou Thammy, filha de Gretchen.
Por falar na Angela Merkel tapuia (eu sei, só daria para comparar se a Angela Merkel estivesse em coma), há muito sinto como se um bisturi me retalhasse as vísceras, tamanha a vontade de dizer a minha opinião sobre essa história de médico que veio de jangada lá de Cuba (ah, não veio? Foi de avião da FAB? Quem pagou?). Entendi: pergunte ao Fidel. Quer saber? A mim pouco importa. Eu preciso é desabafar, senão tenho um treco.
Para começar, se, neste momento, eu me encontrasse em situação de vítima da seca, no interior do interior da Paraíba, sol fritando a moleira e moscas zunindo ao redor dos meuzôio (nesse contexto seria meuzôio mesmo), baita dor de barriga e, ainda por cima, desidratada, nem que eu fosse acolhida por um ser falando em papiamento que me auscultasse com um estetoscópio trincado e me desse um copo de lavagem de porco para beber, creio que acharia melhor do que não ter assistência.
Dito isto, passemos para o outro lado do balcão: já notou que os médicos cubanos têm um discurso ensaiado? Pessoal parece ter sido treinado para atendente do McDonald's. Todos estão "felices por estar acá ayudando a Brasssil".
Ocorre que eu vou ficar devendo, mas não posso acreditar em uma palavra do que dizem.
Tudo bem. Há quem prefira a ditadura cubana, torça pela volta do Ahmadinejad e esteja morrendo de saudades as traquinagens de Kadafi. Sem problema. Os EUA estão longe da beatificação. Repressão e liberdade de expressão seletiva é com eles.
Diplomacia é teatro, o mundo todo é um palco e todos os homens e mulheres, meros atores. Mas há de se medir o tom da dramaticidade. Sair de cena abruptamente por conta de ato de espionagem para medir força é perder oportunidade de negócio e de romper com maniqueísmo --resquício da Guerra Fria.
E se a potência que nasce resolvesse forçar convivência? O Brasil faz negócio com Angola, Venezuela, EUA... Por que não? Por que não podemos vender nossas latas velhas para os EUA e também para o Afeganistão? É verdade. Hoje, só a Argentina se dispõe a comprar automóveis "made in Brazil", já ia esquecendo. Seja como for, não está aí a espionagem a serviço do controle da transferência de tecnologia, ora bolas?
No fim das contas, quem se sacode são os médicos cubanos, forçados a viver onde nenhum tapuia quis ir. Alguém perguntou se queriam vir passar três anos no sertão? E ainda correm o risco de ter o mesmo destino de seus conterrâneos, que tiveram asilo político negado durante o Pan do Rio.
Mente aberta, Dilma não liga de deixar ainda mais arredios os já paranoicos EUA. Lembrando que, da nossa porta para dentro, gente como o terrorista Cesare Battisti sempre pode contar com nossa hospitalidade. Política externa de primeira é isso.
Todos chegarão lá - RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 04/10
RIO DE JANEIRO - O Brasil está envelhecendo. Segundo projeções oficiais, 20% da população terá mais de 60 anos em 2030. É o óbvio: vive-se mais, morre-se menos e as taxas de fecundidade estão caindo --e olhe que nunca se viu tantos gêmeos em carrinhos duplos no calçadão de Ipanema.
Em números absolutos, esperam-se perto de 50 milhões de idosos em 2030 --imagine o volume de Lexotan, Viagra e fraldas geriátricas que isso vai exigir. Não quer dizer que a maioria desses macróbios seguirá o padrão dos velhos de antigamente, que, mal passados dos 60, equipados com boina, cachecol, suéter, cobertor nas pernas, e mastigando uma dentadura imaginária, eram levados para tomar sol no parquinho.
Quero crer que os velhos de 2030 se parecerão cada vez mais com meus vizinhos do Baixo Vovô, aqui no Leblon --uma rede de vôlei frequentada diariamente por sexa ou septuagenários torrados de sol, com músculos invejáveis e capazes de saques e cortadas mortíferas. A vida para eles nunca parou.
Por sorte, a aceitação do velho é agora maior do que nunca. Bem diferente de 1968 --apogeu de algo que me parecia fabricado, chamado "Poder Jovem"--, em que ser velho era quase uma ofensa. À idade da razão, que deveria ser a aspiração de todos, sobrepunha-se o que Nelson Rodrigues denunciava como "a razão da idade" --a juventude justificando todos as injustiças e ignomínias (como as da Revolução Cultural, na China, em que velhos eram humilhados publicamente por ser velhos).
Naquela mesma época, o rock era praticado por jovens esbeltos, bonitos e de longas cabeleiras louras, para uma plateia de rapazes e moças idem. Hoje, como se viu no Rock in Rio, ele é praticado por velhos carecas, gordos e tatuados, para garotos que podiam ser seus netos. Já se pode confiar em maiores de 60 anos e, um dia, todos chegarão lá.
RIO DE JANEIRO - O Brasil está envelhecendo. Segundo projeções oficiais, 20% da população terá mais de 60 anos em 2030. É o óbvio: vive-se mais, morre-se menos e as taxas de fecundidade estão caindo --e olhe que nunca se viu tantos gêmeos em carrinhos duplos no calçadão de Ipanema.
Em números absolutos, esperam-se perto de 50 milhões de idosos em 2030 --imagine o volume de Lexotan, Viagra e fraldas geriátricas que isso vai exigir. Não quer dizer que a maioria desses macróbios seguirá o padrão dos velhos de antigamente, que, mal passados dos 60, equipados com boina, cachecol, suéter, cobertor nas pernas, e mastigando uma dentadura imaginária, eram levados para tomar sol no parquinho.
Quero crer que os velhos de 2030 se parecerão cada vez mais com meus vizinhos do Baixo Vovô, aqui no Leblon --uma rede de vôlei frequentada diariamente por sexa ou septuagenários torrados de sol, com músculos invejáveis e capazes de saques e cortadas mortíferas. A vida para eles nunca parou.
Por sorte, a aceitação do velho é agora maior do que nunca. Bem diferente de 1968 --apogeu de algo que me parecia fabricado, chamado "Poder Jovem"--, em que ser velho era quase uma ofensa. À idade da razão, que deveria ser a aspiração de todos, sobrepunha-se o que Nelson Rodrigues denunciava como "a razão da idade" --a juventude justificando todos as injustiças e ignomínias (como as da Revolução Cultural, na China, em que velhos eram humilhados publicamente por ser velhos).
Naquela mesma época, o rock era praticado por jovens esbeltos, bonitos e de longas cabeleiras louras, para uma plateia de rapazes e moças idem. Hoje, como se viu no Rock in Rio, ele é praticado por velhos carecas, gordos e tatuados, para garotos que podiam ser seus netos. Já se pode confiar em maiores de 60 anos e, um dia, todos chegarão lá.
Feira de Frankfurt, avassaladora - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO
O Estado de S.Paulo - 04/10
Embarco hoje para Frankfurt, fazendo parte do grupo de 70 escritores (nunca vi comitiva maior, viva!) que vão participar das comemorações em que o Brasil é homenageado. Às cinco da tarde de domingo, 11 da manhã em Frankfurt, estarei na Zentralbibliothek ao lado de Marçal Aquino para um café literário com leitura. Ainda que a Feira de Livros (Buchmesse), não tenha começado oficialmente, uma série de atividades vem sendo desenvolvida paralelamente como preparação ao encontro que se dará a partir do dia 9. Esse café literário é coisa bem alemã. Você se senta, come, bebe, lê trechos de seus livros, os outros comensais, digamos assim, fazem perguntas e um diálogo se estabelece.
Minha primeira experiência com estas leituras se deu nos anos 80, quando vim para a Alemanha com um convite do DAAD, instituição de intercâmbio cultural que trazia anualmente para Berlim dezenas de escritores, pintores, diretores teatrais, músicos. Sem saber como era, ou funcionava, fui para a tal "leitura" e, perplexo, me vi diante de uma livraria lotada, cada um tendo pago na época cinco marcos, então dois dólares e meio. Pagos o vinho e o café, o que sobrava da arrecadação geral era dado ao autor. Profissionais. Berthold Zilly foi meu interlocutor e intérprete. Este mesmo Zilly que traduziu Os Sertões, de Euclides da Cunha, para o alemão, e atualmente dá aulas em Florianópolis como professor residente.
Marçal Aquino é autor consagrado hoje, excelente roteirista de cinema e televisão. Eu o conheci quando, jovenzinho, ganhou um prêmio em uma Bienal Nestlé de Literatura. Duas gerações conversando. Na terça-feira, após a abertura da Buchmesse que será feita por Luiz Ruffato, viajarei (claro que de trem) para Bad Berleburg, a 150 quilômetros daqui, onde acontece um festival literário. É uma vila de 20 mil habitantes, no norte da Westfalia, e que data de sete séculos antes de Cristo. Lindo lugar. Regressando a Frankfurt, estarei com a romancista Beatriz Bracher, às 10h30 do dia 12, durante uma das dezenas de mesas literárias da Feira. Nas ultimas semanas, recebi convites de amigos e editores para encontros e jantares. Com a Moderna, com a DBA, com o Instituto Goethe. A agitação toma conta.
Lembrei-me da Feira de 1994, em que o Brasil foi o tema, quando Moacyr Scliar apareceu com um laptop que nos deixou babando. Ele enviou crônicas para a Zero Hora, de Porto Alegre e para a Folha de S.Paulo direto da Buchmesse.
Por anos, frequentei Frankfurt pela ligação que tive com uma mulher excepcional, Ray-Güde Mertin, tradutora, intérprete e agente literária. Estudou na Unicamp (falava português perfeito, sem um pingo de sotaque), viveu nos Estados Unidos, não saía do Brasil. Pessoa amada, batalhadora. Morava numa cidade vizinha, Bad Homburg, que a nossa Lygia Fagundes Telles costumava chamar de "bad hambúrguer", para mexer com Ray. Em uma casa imensa e acolhedora na Friedrichstrasse, Ray nos recebia e alojava, cozinhava para nós, escritores brasileiros ou portugueses, ou nos levava a restaurantes campesinos que só quem vivia por ali conhecia. Não houve autor que, estando na Alemanha, não tenha feito dezenas de leituras ao lado de Ray, sempre bem-humorada, informada, culta. Foi agente de José Saramago. Tinha comprado um sitio no Ceará, onde pretendia passar largas temporadas. No entanto, um câncer contra o qual lutou muito levou Ray em 2007, aos 64 anos. Os que a conheceram farão uma mesa especial sobre ela, já que foi professora de literatura brasileira na Universidade de Frankfurt. Meu mais recente livro, O Mel de Ocara, lançado há dois dias, está dedicado a ela e a Curt Meyer-Clason, decano dos tradutores, que se foi também, aos 101 anos.
Outro ligadíssimo ao Brasil é o livreiro Théo Ferrer de Mesquita que aqui mantém há 40 anos uma livraria com autores brasileiros e portugueses. Pioneiro que lutou muito, Theo mantém ligações estreitas com a Livraria Cultura e com a Editora Global.
Neste ano, aqui estão autores de diferentes idades e lugares, gêneros, prosa e poesia, ensaio, tudo. Este evento gigantesco reúne editores, livreiros, editores do mundo todo. Aqui se ditam as tendências e se negociam os grandes best-sellers ou livros importantes da próxima temperada. Pavilhões a mais pavilhões (ligados por vários trenzinhos), milhões de livros da Índia, Irã, Argentina, Inglaterra, Rússia, Afeganistão, Israel, o que se pense de país existente. A melhor frase sobre a Buchmesse ainda é do falecido Antonio Callado que, ao ali entrarmos pela primeira vez, agarrou meu braço, assustado: "Isto é avassalador!"
Embarco hoje para Frankfurt, fazendo parte do grupo de 70 escritores (nunca vi comitiva maior, viva!) que vão participar das comemorações em que o Brasil é homenageado. Às cinco da tarde de domingo, 11 da manhã em Frankfurt, estarei na Zentralbibliothek ao lado de Marçal Aquino para um café literário com leitura. Ainda que a Feira de Livros (Buchmesse), não tenha começado oficialmente, uma série de atividades vem sendo desenvolvida paralelamente como preparação ao encontro que se dará a partir do dia 9. Esse café literário é coisa bem alemã. Você se senta, come, bebe, lê trechos de seus livros, os outros comensais, digamos assim, fazem perguntas e um diálogo se estabelece.
Minha primeira experiência com estas leituras se deu nos anos 80, quando vim para a Alemanha com um convite do DAAD, instituição de intercâmbio cultural que trazia anualmente para Berlim dezenas de escritores, pintores, diretores teatrais, músicos. Sem saber como era, ou funcionava, fui para a tal "leitura" e, perplexo, me vi diante de uma livraria lotada, cada um tendo pago na época cinco marcos, então dois dólares e meio. Pagos o vinho e o café, o que sobrava da arrecadação geral era dado ao autor. Profissionais. Berthold Zilly foi meu interlocutor e intérprete. Este mesmo Zilly que traduziu Os Sertões, de Euclides da Cunha, para o alemão, e atualmente dá aulas em Florianópolis como professor residente.
Marçal Aquino é autor consagrado hoje, excelente roteirista de cinema e televisão. Eu o conheci quando, jovenzinho, ganhou um prêmio em uma Bienal Nestlé de Literatura. Duas gerações conversando. Na terça-feira, após a abertura da Buchmesse que será feita por Luiz Ruffato, viajarei (claro que de trem) para Bad Berleburg, a 150 quilômetros daqui, onde acontece um festival literário. É uma vila de 20 mil habitantes, no norte da Westfalia, e que data de sete séculos antes de Cristo. Lindo lugar. Regressando a Frankfurt, estarei com a romancista Beatriz Bracher, às 10h30 do dia 12, durante uma das dezenas de mesas literárias da Feira. Nas ultimas semanas, recebi convites de amigos e editores para encontros e jantares. Com a Moderna, com a DBA, com o Instituto Goethe. A agitação toma conta.
Lembrei-me da Feira de 1994, em que o Brasil foi o tema, quando Moacyr Scliar apareceu com um laptop que nos deixou babando. Ele enviou crônicas para a Zero Hora, de Porto Alegre e para a Folha de S.Paulo direto da Buchmesse.
Por anos, frequentei Frankfurt pela ligação que tive com uma mulher excepcional, Ray-Güde Mertin, tradutora, intérprete e agente literária. Estudou na Unicamp (falava português perfeito, sem um pingo de sotaque), viveu nos Estados Unidos, não saía do Brasil. Pessoa amada, batalhadora. Morava numa cidade vizinha, Bad Homburg, que a nossa Lygia Fagundes Telles costumava chamar de "bad hambúrguer", para mexer com Ray. Em uma casa imensa e acolhedora na Friedrichstrasse, Ray nos recebia e alojava, cozinhava para nós, escritores brasileiros ou portugueses, ou nos levava a restaurantes campesinos que só quem vivia por ali conhecia. Não houve autor que, estando na Alemanha, não tenha feito dezenas de leituras ao lado de Ray, sempre bem-humorada, informada, culta. Foi agente de José Saramago. Tinha comprado um sitio no Ceará, onde pretendia passar largas temporadas. No entanto, um câncer contra o qual lutou muito levou Ray em 2007, aos 64 anos. Os que a conheceram farão uma mesa especial sobre ela, já que foi professora de literatura brasileira na Universidade de Frankfurt. Meu mais recente livro, O Mel de Ocara, lançado há dois dias, está dedicado a ela e a Curt Meyer-Clason, decano dos tradutores, que se foi também, aos 101 anos.
Outro ligadíssimo ao Brasil é o livreiro Théo Ferrer de Mesquita que aqui mantém há 40 anos uma livraria com autores brasileiros e portugueses. Pioneiro que lutou muito, Theo mantém ligações estreitas com a Livraria Cultura e com a Editora Global.
Neste ano, aqui estão autores de diferentes idades e lugares, gêneros, prosa e poesia, ensaio, tudo. Este evento gigantesco reúne editores, livreiros, editores do mundo todo. Aqui se ditam as tendências e se negociam os grandes best-sellers ou livros importantes da próxima temperada. Pavilhões a mais pavilhões (ligados por vários trenzinhos), milhões de livros da Índia, Irã, Argentina, Inglaterra, Rússia, Afeganistão, Israel, o que se pense de país existente. A melhor frase sobre a Buchmesse ainda é do falecido Antonio Callado que, ao ali entrarmos pela primeira vez, agarrou meu braço, assustado: "Isto é avassalador!"
Andarilhos - FERNANDA TORRES
FOLHA DE SP - 04/10
Gabeira sempre se manteve à margem, no acostamento, cruzando a pista vez por outra, mas no contrafluxo
Em 1976, 1975, não me lembro mais, assisti a um "Globo Repórter", dirigido por Walter Lima Júnior, sobre contatos imediatos de terceiro grau no Brasil.
O que prometia ser um programa sobre a visita de seres de outros planetas ao Planalto Central revelou tratar-se de algo bem mais perturbador. Embrenhado nas veredas de Minas e Goiás, Lima Júnior colheu o depoimento de capiaus que viviam isolados em casas de pau a pique e afirmavam ter sido abduzidos por extraterrestres.
O caso mais impressionante narrava a história do amor entre um matuto e uma ET.
Levado por um facho de luz, o caipira jurava ter despertado em uma nave espacial, onde fora examinado, não sabia por quanto tempo, por uma junta de médicos alienígenas. Ao cruzar os olhos com um deles, uma ela, enamorou-se. E foi correspondido.
Encontrado em um campo ermo, uma semana após a suposta abdução, foi trazido de volta para casa. Agora, lamentava a falta da amada e passava as noites a olhar as estrelas.
Surpreendia o caráter experimental da reportagem. Lima Júnior fazia parte de um grupo de cineastas convidado para produzir especiais para o horário nobre do telejornalismo. Ao receber a encomenda de um "Eram os Deuses Astronautas?", levou ao ar um tratado sobre a loucura.
O programa de estreia de Fernando Gabeira na Globo News me lembrou imenso o "Globo Repórter" de Lima Júnior. Gabeira optou pelo tema dos andarilhos da via Dutra. Gente que largou a família, ou jamais teve uma, e perambula pela rodovia.
Com aquela voz inconfundível, lerda, pausada, o verde Gabeira mata a sede em uma fonte de água limpa, fala da abundância do recurso natural na principal ligação entre o Rio e São Paulo e da sua importância na sustentabilidade da vida dos "easy riders".
E aborda o medo, a violência e a solidão que assombra os errantes. Um rapaz mostra a carteira de documentos escondida no fundo da mochila, diz tratar-se de seu bem mais precioso. É de uma melancolia ímpar.
Gabeira poderia ter se debruçado sobre a Síria, os "black blocs" ou a alta espionagem, mas preferiu ser existencialista. Por quê?
Havia uma clara identificação entre o repórter e o caminhante. O homem e sua circunstância. Há muito, desde que se livrou dos dogmas de esquerda, o ex-guerrilheiro, escritor e deputado federal examina o limite entre a liberdade do indivíduo e o interesse comum.
Gabeira sempre se manteve à margem, no acostamento, cruzando a pista vez por outra, mas no contrafluxo, na contracorrente. Vendo-o na TV, interessado por uma escolha tão radical de vida, me veio a sensação de que a obra era um elogio ao livre-arbítrio. Uma quase autobiografia.
A retrospectiva dos últimos 40 anos da "Veja" traz uma foto, mais que foto, o "portrait" de Gabeira em Trancoso, deitado sobre um tronco de árvore à beira-mar, coberto apenas com a mítica tanga herdada da prima, Leda Nagle.
A imagem é bonita, provocante, aborígine, homem-fêmea, e explica o choque dos que esperavam a volta do revolucionário. O microquadrado de crochê lilás com debrum amarelo é pequeno demais para acomodar os pelos da virilha, o elástico é frouxo, e Gabeira está com as pernas abertas, de lado, mas abertas. Ele ri feliz, bronzeado, na Bahia, depois do tortuoso inverno e da convivência com a moral avançada dos países nórdicos. É o retrato de um homem livre.
Nos quase três meses em que passei acampada no Xingu, durante as filmagens de "Kuarup", nenhum índio superou em graça um Yawalapiti de nome Palavra. Palavra era capaz de acertar uma mosca com uma flecha a cem metros de distância. Era gentil, humorado e sensível. Foi o mais próximo do ideal de índio que eu já cheguei.
Palavra era místico e viajante, gostava de cruzar longos trechos de floresta a sós. Uma noite, no meio do caminho que levava até a exuberante aldeia dos Camaiurá, sentiu uma letargia súbita e se amparou para não cair. Foi quando um disco voador surgiu flutuando sobre uma árvore à sua frente. A aparição girou as luzes, dançou, rodou, até desaparecer.
O delírio do Palavra dava a dimensão da profundidade dele.
É por isso que na semana em que a "Economist" estampa a capa do Cristo Redentor colapsando sobre a Guanabara, "I go looking for flying saucers in the sky".
Gabeira sempre se manteve à margem, no acostamento, cruzando a pista vez por outra, mas no contrafluxo
Em 1976, 1975, não me lembro mais, assisti a um "Globo Repórter", dirigido por Walter Lima Júnior, sobre contatos imediatos de terceiro grau no Brasil.
O que prometia ser um programa sobre a visita de seres de outros planetas ao Planalto Central revelou tratar-se de algo bem mais perturbador. Embrenhado nas veredas de Minas e Goiás, Lima Júnior colheu o depoimento de capiaus que viviam isolados em casas de pau a pique e afirmavam ter sido abduzidos por extraterrestres.
O caso mais impressionante narrava a história do amor entre um matuto e uma ET.
Levado por um facho de luz, o caipira jurava ter despertado em uma nave espacial, onde fora examinado, não sabia por quanto tempo, por uma junta de médicos alienígenas. Ao cruzar os olhos com um deles, uma ela, enamorou-se. E foi correspondido.
Encontrado em um campo ermo, uma semana após a suposta abdução, foi trazido de volta para casa. Agora, lamentava a falta da amada e passava as noites a olhar as estrelas.
Surpreendia o caráter experimental da reportagem. Lima Júnior fazia parte de um grupo de cineastas convidado para produzir especiais para o horário nobre do telejornalismo. Ao receber a encomenda de um "Eram os Deuses Astronautas?", levou ao ar um tratado sobre a loucura.
O programa de estreia de Fernando Gabeira na Globo News me lembrou imenso o "Globo Repórter" de Lima Júnior. Gabeira optou pelo tema dos andarilhos da via Dutra. Gente que largou a família, ou jamais teve uma, e perambula pela rodovia.
Com aquela voz inconfundível, lerda, pausada, o verde Gabeira mata a sede em uma fonte de água limpa, fala da abundância do recurso natural na principal ligação entre o Rio e São Paulo e da sua importância na sustentabilidade da vida dos "easy riders".
E aborda o medo, a violência e a solidão que assombra os errantes. Um rapaz mostra a carteira de documentos escondida no fundo da mochila, diz tratar-se de seu bem mais precioso. É de uma melancolia ímpar.
Gabeira poderia ter se debruçado sobre a Síria, os "black blocs" ou a alta espionagem, mas preferiu ser existencialista. Por quê?
Havia uma clara identificação entre o repórter e o caminhante. O homem e sua circunstância. Há muito, desde que se livrou dos dogmas de esquerda, o ex-guerrilheiro, escritor e deputado federal examina o limite entre a liberdade do indivíduo e o interesse comum.
Gabeira sempre se manteve à margem, no acostamento, cruzando a pista vez por outra, mas no contrafluxo, na contracorrente. Vendo-o na TV, interessado por uma escolha tão radical de vida, me veio a sensação de que a obra era um elogio ao livre-arbítrio. Uma quase autobiografia.
A retrospectiva dos últimos 40 anos da "Veja" traz uma foto, mais que foto, o "portrait" de Gabeira em Trancoso, deitado sobre um tronco de árvore à beira-mar, coberto apenas com a mítica tanga herdada da prima, Leda Nagle.
A imagem é bonita, provocante, aborígine, homem-fêmea, e explica o choque dos que esperavam a volta do revolucionário. O microquadrado de crochê lilás com debrum amarelo é pequeno demais para acomodar os pelos da virilha, o elástico é frouxo, e Gabeira está com as pernas abertas, de lado, mas abertas. Ele ri feliz, bronzeado, na Bahia, depois do tortuoso inverno e da convivência com a moral avançada dos países nórdicos. É o retrato de um homem livre.
Nos quase três meses em que passei acampada no Xingu, durante as filmagens de "Kuarup", nenhum índio superou em graça um Yawalapiti de nome Palavra. Palavra era capaz de acertar uma mosca com uma flecha a cem metros de distância. Era gentil, humorado e sensível. Foi o mais próximo do ideal de índio que eu já cheguei.
Palavra era místico e viajante, gostava de cruzar longos trechos de floresta a sós. Uma noite, no meio do caminho que levava até a exuberante aldeia dos Camaiurá, sentiu uma letargia súbita e se amparou para não cair. Foi quando um disco voador surgiu flutuando sobre uma árvore à sua frente. A aparição girou as luzes, dançou, rodou, até desaparecer.
O delírio do Palavra dava a dimensão da profundidade dele.
É por isso que na semana em que a "Economist" estampa a capa do Cristo Redentor colapsando sobre a Guanabara, "I go looking for flying saucers in the sky".
Ueba! A Oi vai se chamar Pois! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 04/10
O Partido Socialista Brasileiro está aceitando qualquer um, contanto que não seja socialista! Rarará
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Piada Pronta direto do G1: "Jovem cria método para emagrecer com controle da mente e perde 40 quilos". Como é o nome dele? Edson BURGER! Rarará!
E o vexame? E o meu São Paulo? Perdeu pro Santos! E a frase da torcida: "Os são-paulinos não fizeram gol no Santos porque o goleiro se chama Aranha". O famoso espanta-Bambi! Rarará!
E o Santos faz gol, mas não tem torcida pra aplaudir. A comemoração é na fila do INSS! É como o Botafogo: perde, mas não tem torcida pra vaiar! E um são-paulino me disse: "O nosso tricolor virou TRICOLIXO!".
E tô adorando essa fusão: Portugal Telecom com Oi. A Pois! Ou então podia se chamar: "Está lá? Não, estou cá!". E uma vez uma amiga ligou pra casa duma portuguesa: "Quem está falando?". "VOCÊ!", respondeu a portuguesa. Rarará.
E sabe por que Portugal lançou celular no Brasil? Pro povo parar de usar o telefone da padaria. Uma reivindicação da colônia. E a Portugal Telecom/Oi vai instalar orelhão na horizontal. Pro povo falar deitado. Sempre pensando em você!
E o que eu adoro em Portugal é a língua. Casamento é "nó". Esparadrapo é "penso". Então Band-Aid é "penso rápido". E supositório é "penso pra trás". Rarará.
E gol de bicicleta é gol sobre duas rodas. E carrinho é penalidade sobre quatro rodas. Rarará!
E uma vez fui pra Portugal, mostrei o passaporte e o cara da migração ficou uns dez minutos olhando pro passaporte. Aí eu pensei: "Ai, meu Deus, eu vou ser barrado em Portugal". Aí ele entregou o passaporte e disse: "Faz tempo que não vem, não gostou?". Rarará!
E os novelhos partidos? E o PSB do Eduardo Campos filiou dois socialistas convictos: Heráclito Fortes, do DEM, e Paulo Bornhausen, do DEM. Deu Em Merda. O PSB Deu em Merda!
O Heráclito Fortes é aquela almôndega suada. Que fala como velha comendo bolacha sem dentadura. E o Paulo Bornhausen é filho do velho Bornhausen, que tem cara de quem faz experiência em cérebro de macaco.
Os socialistas! O Partido Socialista Brasileiro está aceitando qualquer um, contanto que não seja socialista! Rarará.
É mole? É mole, mas sobe!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
O Partido Socialista Brasileiro está aceitando qualquer um, contanto que não seja socialista! Rarará
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Piada Pronta direto do G1: "Jovem cria método para emagrecer com controle da mente e perde 40 quilos". Como é o nome dele? Edson BURGER! Rarará!
E o vexame? E o meu São Paulo? Perdeu pro Santos! E a frase da torcida: "Os são-paulinos não fizeram gol no Santos porque o goleiro se chama Aranha". O famoso espanta-Bambi! Rarará!
E o Santos faz gol, mas não tem torcida pra aplaudir. A comemoração é na fila do INSS! É como o Botafogo: perde, mas não tem torcida pra vaiar! E um são-paulino me disse: "O nosso tricolor virou TRICOLIXO!".
E tô adorando essa fusão: Portugal Telecom com Oi. A Pois! Ou então podia se chamar: "Está lá? Não, estou cá!". E uma vez uma amiga ligou pra casa duma portuguesa: "Quem está falando?". "VOCÊ!", respondeu a portuguesa. Rarará.
E sabe por que Portugal lançou celular no Brasil? Pro povo parar de usar o telefone da padaria. Uma reivindicação da colônia. E a Portugal Telecom/Oi vai instalar orelhão na horizontal. Pro povo falar deitado. Sempre pensando em você!
E o que eu adoro em Portugal é a língua. Casamento é "nó". Esparadrapo é "penso". Então Band-Aid é "penso rápido". E supositório é "penso pra trás". Rarará.
E gol de bicicleta é gol sobre duas rodas. E carrinho é penalidade sobre quatro rodas. Rarará!
E uma vez fui pra Portugal, mostrei o passaporte e o cara da migração ficou uns dez minutos olhando pro passaporte. Aí eu pensei: "Ai, meu Deus, eu vou ser barrado em Portugal". Aí ele entregou o passaporte e disse: "Faz tempo que não vem, não gostou?". Rarará!
E os novelhos partidos? E o PSB do Eduardo Campos filiou dois socialistas convictos: Heráclito Fortes, do DEM, e Paulo Bornhausen, do DEM. Deu Em Merda. O PSB Deu em Merda!
O Heráclito Fortes é aquela almôndega suada. Que fala como velha comendo bolacha sem dentadura. E o Paulo Bornhausen é filho do velho Bornhausen, que tem cara de quem faz experiência em cérebro de macaco.
Os socialistas! O Partido Socialista Brasileiro está aceitando qualquer um, contanto que não seja socialista! Rarará.
É mole? É mole, mas sobe!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Depois do silêncio - RASHEED ABOU-ALSAMH
O GLOBO - 04/10
Com certeza o Irã e os EUA não vão ser melhores amigos neste momento, mas podem assumir o papel de conhecidos que se respeitam e se falam
A conversa telefônica de 15 minutos entre o novo presidente iraniano Hassan Rouhani e o presidente americano Barack Obama, no dia 27 de setembro de 2013, quebrou 34 anos de silêncio entre os líderes dos EUA e do Irã. Esse feito foi comemorado por americanos e iranianos querendo uma quebra na guerra fria que reina entre os dois países desde que a embaixada americana foi tomada em Teerã, em novembro de 1979, por estudantes radicais, apoiadores da revolução islâmica que derrubou o Xá Mohammed Reza Pahlavi e botou no lugar dele o Aiatolá Khomeini e um estado islâmico.
Para os mais cínicos, as matérias efusivas na imprensa americana sobre a conversa telefônica foram nada menos do que escandalosas, por botar a fé americana em umas meras palavras doces e sorrisos de um líder iraniano. Na mente deles, Obama estava entregando a chave da respeitabilidade da comunidade internacional para um regime iraniano no qual não se pode confiar, e que com certeza vai enganar o Ocidente e daqui a uns anos — depois de as sanções contra o Irã serem levantadas — explodir uma bomba atômica e apresentar ao mundo um fato consumado, bem como a Coreia do Norte fez em 2005 depois que o Ocidente levantou sanções contra aquela ditadura.
Com certeza somente alguns meses atrás ninguém achava que Rouhani ia ganhar as eleições iranianas em junho 2013, e ainda por cima no primeiro turno com 55,88% do voto popular. Mas ele é uma figura importante no governo iraniano faz mais de duas décadas, liderando as negociações nucleares do Irã com o Ocidente de 2003 até 2005. Ele foi eleito para o Parlamento cinco vezes de 1980 até 2000, foi secretario do Conselho Supremo de Segurança Nacional por 16 anos, vice-presidente da Assembleia Nacional, e membro da Assembleia de Especialistas. Apesar disso, e de ser um confidente do supremo líder espiritual Ali Khamenei, Rouhani tem tentado se passar por um forasteiro.
E, na verdade, ele não é conhecido por ser um reformista, mas por ser mais da ala pragmática dos conservadores. Críticos do regime iraniano foram rápidos ao apontar o passado conservador e rígido do Rouhani, mencionando a sua liderança ao esmagar protestos estudantis em julho de 1999, e o discurso que ele fez em 2005 para o Supremo Conselho da Revolução Cultural, em que disse: “Enquanto nós falávamos com os europeus em Teerã, estávamos montando equipamentos em parte da instalação nuclear em Isfahan. Com a criação de um ambiente calmo, nós fomos capazes de completar o trabalho lá.”
Esse passado infeliz de Rouhani não quer dizer que não podemos, ou não devemos, falar com ele e o resto dos dirigentes iranianos. Somente devemos ficar de olhos bem abertos e não conceder demais antes de ter certeza que o Irã irá deixar um acesso mais amplo aos inspetores da Agência Internacional de Energia Nuclear, que não irá enriquecer urânio a mais de 20%, e que renuncia a qualquer desejo de construir uma bomba atômica.
E temos que não ser tão ingênuos em acreditar que agora temos um regime bonzinho em Teerã, somente porque Rouhani sorria muito e fala coisas legais na conta dele do Twitter. Com certeza ele é o oposto do ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, que gostava de zoar do Grande Satã dos EUA nos seus discursos na ONU, enquanto negava a existência do Holocausto. E o Rouhani também tem que enfrentar seus críticos ultraconservadores em casa, que não gostaram nem um pouco de ele ter falado com Obama por telefone. Mas foram as severas sanções econômicas contra o Irã, que já viu a venda do seu petróleo cair em 50% — sendo que esse item representa 80% da receita do governo —, que trouxeram essa mudança tão radical em liderança e tom do governo iraniano.
Dois grupos de aliados dos americanos no Oriente Médio estão muito infelizes com essa possível aproximação americana-iraniana: Israel e os países do Golfo. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fez um discurso na ONU esta semana em que pintou o regime iraniano como se fosse um bicho de sete cabeças, causando muitos comentários de que ele parecia um paranoico. Por outro lado, a Arábia Saudita se negou este ano a fazer um discurso na ONU porque a ONU não tem enfrentado a guerra civil sangrenta na Síria. Os israelenses e os sauditas se sentem excluídos e vulneráveis cada vez que surge uma oportunidade de diálogo construtivo entre os EUA e o Irã. Isso é uma pena, porque esses países deveriam ver os pontos positivos de uma cooperação entre o Irã e o Ocidente. Se os EUA reatarem relações diplomáticas com o Irã, isso poderia acabar com a insegurança de Israel, e talvez diminuir o apoio firme que o Irã dá ao regime de Bashar al-Assad.
Os iranianos vão se encontrar com os países do P5+1 (EUA, Grã-Bretanha, Rússia, China, França e Alemanha) em Genebra nos dias 15 e 16 de outubro, para falar sobre o programa nuclear iraniano. Os iranianos já estão pedindo que as sanções sejam levantadas, mas os países do P5+1 querem mais garantias de que o Irã não está enriquecendo urânio para armas nucleares. Mas, mesmo assim, uma abertura diplomática como esta é muito rara e o Ocidente deveria agarrar e ver até onde ela pode chegar. Devemos falar com nossos inimigos. Com certeza o Irã e os EUA não vão ser melhores amigos neste momento, mas podem muito bem assumir o papel de conhecidos que se respeitam e se falam.
Com certeza o Irã e os EUA não vão ser melhores amigos neste momento, mas podem assumir o papel de conhecidos que se respeitam e se falam
A conversa telefônica de 15 minutos entre o novo presidente iraniano Hassan Rouhani e o presidente americano Barack Obama, no dia 27 de setembro de 2013, quebrou 34 anos de silêncio entre os líderes dos EUA e do Irã. Esse feito foi comemorado por americanos e iranianos querendo uma quebra na guerra fria que reina entre os dois países desde que a embaixada americana foi tomada em Teerã, em novembro de 1979, por estudantes radicais, apoiadores da revolução islâmica que derrubou o Xá Mohammed Reza Pahlavi e botou no lugar dele o Aiatolá Khomeini e um estado islâmico.
Para os mais cínicos, as matérias efusivas na imprensa americana sobre a conversa telefônica foram nada menos do que escandalosas, por botar a fé americana em umas meras palavras doces e sorrisos de um líder iraniano. Na mente deles, Obama estava entregando a chave da respeitabilidade da comunidade internacional para um regime iraniano no qual não se pode confiar, e que com certeza vai enganar o Ocidente e daqui a uns anos — depois de as sanções contra o Irã serem levantadas — explodir uma bomba atômica e apresentar ao mundo um fato consumado, bem como a Coreia do Norte fez em 2005 depois que o Ocidente levantou sanções contra aquela ditadura.
Com certeza somente alguns meses atrás ninguém achava que Rouhani ia ganhar as eleições iranianas em junho 2013, e ainda por cima no primeiro turno com 55,88% do voto popular. Mas ele é uma figura importante no governo iraniano faz mais de duas décadas, liderando as negociações nucleares do Irã com o Ocidente de 2003 até 2005. Ele foi eleito para o Parlamento cinco vezes de 1980 até 2000, foi secretario do Conselho Supremo de Segurança Nacional por 16 anos, vice-presidente da Assembleia Nacional, e membro da Assembleia de Especialistas. Apesar disso, e de ser um confidente do supremo líder espiritual Ali Khamenei, Rouhani tem tentado se passar por um forasteiro.
E, na verdade, ele não é conhecido por ser um reformista, mas por ser mais da ala pragmática dos conservadores. Críticos do regime iraniano foram rápidos ao apontar o passado conservador e rígido do Rouhani, mencionando a sua liderança ao esmagar protestos estudantis em julho de 1999, e o discurso que ele fez em 2005 para o Supremo Conselho da Revolução Cultural, em que disse: “Enquanto nós falávamos com os europeus em Teerã, estávamos montando equipamentos em parte da instalação nuclear em Isfahan. Com a criação de um ambiente calmo, nós fomos capazes de completar o trabalho lá.”
Esse passado infeliz de Rouhani não quer dizer que não podemos, ou não devemos, falar com ele e o resto dos dirigentes iranianos. Somente devemos ficar de olhos bem abertos e não conceder demais antes de ter certeza que o Irã irá deixar um acesso mais amplo aos inspetores da Agência Internacional de Energia Nuclear, que não irá enriquecer urânio a mais de 20%, e que renuncia a qualquer desejo de construir uma bomba atômica.
E temos que não ser tão ingênuos em acreditar que agora temos um regime bonzinho em Teerã, somente porque Rouhani sorria muito e fala coisas legais na conta dele do Twitter. Com certeza ele é o oposto do ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, que gostava de zoar do Grande Satã dos EUA nos seus discursos na ONU, enquanto negava a existência do Holocausto. E o Rouhani também tem que enfrentar seus críticos ultraconservadores em casa, que não gostaram nem um pouco de ele ter falado com Obama por telefone. Mas foram as severas sanções econômicas contra o Irã, que já viu a venda do seu petróleo cair em 50% — sendo que esse item representa 80% da receita do governo —, que trouxeram essa mudança tão radical em liderança e tom do governo iraniano.
Dois grupos de aliados dos americanos no Oriente Médio estão muito infelizes com essa possível aproximação americana-iraniana: Israel e os países do Golfo. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fez um discurso na ONU esta semana em que pintou o regime iraniano como se fosse um bicho de sete cabeças, causando muitos comentários de que ele parecia um paranoico. Por outro lado, a Arábia Saudita se negou este ano a fazer um discurso na ONU porque a ONU não tem enfrentado a guerra civil sangrenta na Síria. Os israelenses e os sauditas se sentem excluídos e vulneráveis cada vez que surge uma oportunidade de diálogo construtivo entre os EUA e o Irã. Isso é uma pena, porque esses países deveriam ver os pontos positivos de uma cooperação entre o Irã e o Ocidente. Se os EUA reatarem relações diplomáticas com o Irã, isso poderia acabar com a insegurança de Israel, e talvez diminuir o apoio firme que o Irã dá ao regime de Bashar al-Assad.
Os iranianos vão se encontrar com os países do P5+1 (EUA, Grã-Bretanha, Rússia, China, França e Alemanha) em Genebra nos dias 15 e 16 de outubro, para falar sobre o programa nuclear iraniano. Os iranianos já estão pedindo que as sanções sejam levantadas, mas os países do P5+1 querem mais garantias de que o Irã não está enriquecendo urânio para armas nucleares. Mas, mesmo assim, uma abertura diplomática como esta é muito rara e o Ocidente deveria agarrar e ver até onde ela pode chegar. Devemos falar com nossos inimigos. Com certeza o Irã e os EUA não vão ser melhores amigos neste momento, mas podem muito bem assumir o papel de conhecidos que se respeitam e se falam.
Os jihadistas na Síria - GILLES LAPOUGE
O Estado de S.Paulo - 04/10
Vladimir Putin afastou, com brio e sem hipocrisia, a sombria ameaça que pairava sobre a Síria: o tirano Bashar Assad não poderá mais utilizar os gases tóxicos contra a rebelião. No futuro, Assad matará seus inimigos com bombas e metralhadoras.
Mas quem são os inimigos de Assad? Há dois anos e meio, quando as multidões pegaram em armas para rechaçar o ditador sírio, as coisas eram claras: um líder cruel reinava em Damasco. Contra ele, revoltaram-se estudantes e trabalhadores. O "bem" e o "mal" eram distintos.
Abaixo o tirano! Infelizmente, ao longo dos meses, esse límpido esquema foi se toldando. A guerra mudou, mudaram os atores, os chefes, os pilotos e as cores. Com a chegada incessante de jihadistas procedentes de todos os países muçulmanos e do cerco à cidade de Homs, os protagonistas já não são os mesmos.
Em alguns meses, será preciso inclusive mudar o discurso. Não se falará mais do confronto entre o tirano Assad e os rebeldes democráticos do Exército Sírio Livre (ESL), mas da guerra entre o regime de Bashar Assad e os islâmicos radicais. O Ocidente terá, então, de escolher não mais entre o "bem" (a democracia) e o "mal" (a tirania), mas entre a peste e a cólera, ou seja, entre um tirano detestável e terroristas assassinos.
Há uma semana, o jornal Al Hayat anunciou que os líderes dos grupos armados no norte da Síria pretendem unir suas forças e fundar o Exército de Maomé, com um efetivo de 50 mil homens, reagrupando apenas os "filhos da religião sunita". Outro sinal: no início de agosto, jihadistas pertencentes ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante (a Al-Qaeda no Iraque) e a Frente Al-Nusra (ligada à Al-Qaeda) apoderaram-se de cerca de dez cidades controladas pelo regime sírio.
Nos dias seguintes, os soldados de Assad contra-atacaram e reconquistaram cidades perdidas. No entanto, o que surpreendeu foi que as brigadas do ESL recusaram-se, na ocasião, a apoiar os jihadistas. Esses incidentes estão se multiplicando. É como se agora as armas da guerra contra Assad não estivessem mais nas mãos do ESL, mas nas dos islamistas mais ou menos afiliados à Al-Qaeda. Por outro lado, o ESL tornou-se uma "farsa", afirmam em Damasco.
Evidentemente, Londres, Paris e Washington não ignoram nenhum detalhe dessas mudanças. Seus governos sabem que a "revolução síria" foi sequestrada pelos jihadistas, o que explica, certamente, os titubeios da diplomacia ocidental.
A temível questão que se coloca é: devemos amar os "rebeldes"? Não se tratará da ideia tresloucada de fornecer armas aos rebeldes com o risco de que elas caiam nas mãos da Al-Qaeda? Os americanos não esquecerão jamais que Bin Laden recebeu a ajuda dos EUA durante a guerra da Rússia no Afeganistão.
São verdades duras. Elas circulam, mas ninguém ousa expressá-las em voz alta, só algumas raras pessoas. Como, por exemplo, um repórter do jornal Le Figaro, Renaud Girard, que levanta, em seu último artigo, a questão à qual ele mesmo responde, sem rodeios: "Nosso principal inimigo na Síria é o jihadismo"./TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
Vladimir Putin afastou, com brio e sem hipocrisia, a sombria ameaça que pairava sobre a Síria: o tirano Bashar Assad não poderá mais utilizar os gases tóxicos contra a rebelião. No futuro, Assad matará seus inimigos com bombas e metralhadoras.
Mas quem são os inimigos de Assad? Há dois anos e meio, quando as multidões pegaram em armas para rechaçar o ditador sírio, as coisas eram claras: um líder cruel reinava em Damasco. Contra ele, revoltaram-se estudantes e trabalhadores. O "bem" e o "mal" eram distintos.
Abaixo o tirano! Infelizmente, ao longo dos meses, esse límpido esquema foi se toldando. A guerra mudou, mudaram os atores, os chefes, os pilotos e as cores. Com a chegada incessante de jihadistas procedentes de todos os países muçulmanos e do cerco à cidade de Homs, os protagonistas já não são os mesmos.
Em alguns meses, será preciso inclusive mudar o discurso. Não se falará mais do confronto entre o tirano Assad e os rebeldes democráticos do Exército Sírio Livre (ESL), mas da guerra entre o regime de Bashar Assad e os islâmicos radicais. O Ocidente terá, então, de escolher não mais entre o "bem" (a democracia) e o "mal" (a tirania), mas entre a peste e a cólera, ou seja, entre um tirano detestável e terroristas assassinos.
Há uma semana, o jornal Al Hayat anunciou que os líderes dos grupos armados no norte da Síria pretendem unir suas forças e fundar o Exército de Maomé, com um efetivo de 50 mil homens, reagrupando apenas os "filhos da religião sunita". Outro sinal: no início de agosto, jihadistas pertencentes ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante (a Al-Qaeda no Iraque) e a Frente Al-Nusra (ligada à Al-Qaeda) apoderaram-se de cerca de dez cidades controladas pelo regime sírio.
Nos dias seguintes, os soldados de Assad contra-atacaram e reconquistaram cidades perdidas. No entanto, o que surpreendeu foi que as brigadas do ESL recusaram-se, na ocasião, a apoiar os jihadistas. Esses incidentes estão se multiplicando. É como se agora as armas da guerra contra Assad não estivessem mais nas mãos do ESL, mas nas dos islamistas mais ou menos afiliados à Al-Qaeda. Por outro lado, o ESL tornou-se uma "farsa", afirmam em Damasco.
Evidentemente, Londres, Paris e Washington não ignoram nenhum detalhe dessas mudanças. Seus governos sabem que a "revolução síria" foi sequestrada pelos jihadistas, o que explica, certamente, os titubeios da diplomacia ocidental.
A temível questão que se coloca é: devemos amar os "rebeldes"? Não se tratará da ideia tresloucada de fornecer armas aos rebeldes com o risco de que elas caiam nas mãos da Al-Qaeda? Os americanos não esquecerão jamais que Bin Laden recebeu a ajuda dos EUA durante a guerra da Rússia no Afeganistão.
São verdades duras. Elas circulam, mas ninguém ousa expressá-las em voz alta, só algumas raras pessoas. Como, por exemplo, um repórter do jornal Le Figaro, Renaud Girard, que levanta, em seu último artigo, a questão à qual ele mesmo responde, sem rodeios: "Nosso principal inimigo na Síria é o jihadismo"./TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
Demolição da Perimetral - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 04/10
Aperte os cintos. Começou a contagem regressiva para a derrubada da Perimetral.
O prefeito Eduardo Paes inaugura dia 19, agora, a primeira etapa do novo complexo de vias e túneis da Avenida Oscar Niemeyer, o novo nome da chamada Via Binário do Porto Maravilha.
Segue...
Paralela à Avenida Rodrigues Alves, esta nova via servirá, como se sabe, de alternativa ao Elevado da Perimetral, que será demolido duas semanas depois, no início de novembro.
O trecho que vai abaixo é longo: da Rodoviária Novo Rio até o Moinho Fluminense.
Óculos inteligentes...
Aliás, Eduardo Paes, que esteve mês passado no evento mundial do Google, no Arizona, comprou um Google Glass.
Trata-se daquela engenhoca futurista em forma de óculos, conectada à internet, que está sendo testada por um punhado de felizardos no planeta, incluindo o prefeito.
Ele voltou
Exemplo do clima de turbulência que se abate sobre as empresas de Eike Batista: Duas semanas depois de ser demitido como diretor financeiro da OGX, Roberto Monteiro foi escolhido para ser o negociador da holding EBX junto a credores estrangeiros em Nova York.
Só dá China
Veja por que, em todas as bolsas de apostas, os chineses são favoritos para arrematar o campo de Libra.
Pelas contas do consultor Adriano Pires, de 2005 a 2012, os chineses investiram 18 bilhões de dólares no setor de energia no Brasil, ou 70% do total.
João Gilberto
A Procuradoria do Estado do Rio citou ontem o empresário Maurício Pessoa para pagar uma dívida de R$ 570 mil com o Teatro Municipal.
A dívida, segundo o teatro, se refere aos adiantamentos e custos do show de João Gilberto, que Maurício produziu. Marcado para dezembro de 2011 em comemoração aos 80 anos do grande cantor, o espetáculo acabou cancelado.
Calma, gente
Embora o historiador Celso Castro, diretor do Cpdoc da FGV, tenha suspendido a demissão de alguns pesquisadores, o clima lá não é bom.
O pessoal que faz oposição ao diretor criou na internet uma espécie de relógio (aposentacelso.blogspot.com.br/), que marca o número de dias, horas, minutos e segundos que faltam para Celso se aposentar.
Direitos das mulheres
A ministra Eleonora Oliveira entregou a Marcelo Deda, governador licenciado por problemas de saúde de Sergipe, uma placa por sua luta pelos direitos das mulheres.
Fica, Cabral
Lula esteve ontem com Cabral. Defendeu com unhas e dentes que ele cumpra seu mandato até o último dia.
É que surgiu a ideia de o governador sair do cargo no início do ano que vem para, entre outras coisas, dar visibilidade ao vice Pezão, candidato a governador.
Mudança de calendário
José Maria Marin, presidente da CBF, recebe segunda, na sede da entidade no Rio, o grupo de jogadores que pede mudanças no calendário nacional.
Diário de Justiça
Em 2011, um administrador, de 48 anos, deu entrada na Clínica Santa Maria Madalena, na Ilha do Governador, no Rio, com dor no peito e náuseas. Um médico receitou remédio contra gases e o liberou. Horas depois, o homem morreu de infarto.
A juíza da 3ª Vara Cível do Rio, Françoise Picot Cully, condenou a clínica a pagar R$ 200 mil à família, defendida pelo advogado Miguel Dehon.
Meu Deus!
Dois meninos do oitavo ano de um colégio classe média da Barra, no Rio, postaram um vídeo na internet no qual atacavam sexualmente uma menina da mesma idade.
O caso está na 16ª DP.
O prefeito Eduardo Paes inaugura dia 19, agora, a primeira etapa do novo complexo de vias e túneis da Avenida Oscar Niemeyer, o novo nome da chamada Via Binário do Porto Maravilha.
Segue...
Paralela à Avenida Rodrigues Alves, esta nova via servirá, como se sabe, de alternativa ao Elevado da Perimetral, que será demolido duas semanas depois, no início de novembro.
O trecho que vai abaixo é longo: da Rodoviária Novo Rio até o Moinho Fluminense.
Óculos inteligentes...
Aliás, Eduardo Paes, que esteve mês passado no evento mundial do Google, no Arizona, comprou um Google Glass.
Trata-se daquela engenhoca futurista em forma de óculos, conectada à internet, que está sendo testada por um punhado de felizardos no planeta, incluindo o prefeito.
Ele voltou
Exemplo do clima de turbulência que se abate sobre as empresas de Eike Batista: Duas semanas depois de ser demitido como diretor financeiro da OGX, Roberto Monteiro foi escolhido para ser o negociador da holding EBX junto a credores estrangeiros em Nova York.
Só dá China
Veja por que, em todas as bolsas de apostas, os chineses são favoritos para arrematar o campo de Libra.
Pelas contas do consultor Adriano Pires, de 2005 a 2012, os chineses investiram 18 bilhões de dólares no setor de energia no Brasil, ou 70% do total.
João Gilberto
A Procuradoria do Estado do Rio citou ontem o empresário Maurício Pessoa para pagar uma dívida de R$ 570 mil com o Teatro Municipal.
A dívida, segundo o teatro, se refere aos adiantamentos e custos do show de João Gilberto, que Maurício produziu. Marcado para dezembro de 2011 em comemoração aos 80 anos do grande cantor, o espetáculo acabou cancelado.
Calma, gente
Embora o historiador Celso Castro, diretor do Cpdoc da FGV, tenha suspendido a demissão de alguns pesquisadores, o clima lá não é bom.
O pessoal que faz oposição ao diretor criou na internet uma espécie de relógio (aposentacelso.blogspot.com.br/), que marca o número de dias, horas, minutos e segundos que faltam para Celso se aposentar.
Direitos das mulheres
A ministra Eleonora Oliveira entregou a Marcelo Deda, governador licenciado por problemas de saúde de Sergipe, uma placa por sua luta pelos direitos das mulheres.
Fica, Cabral
Lula esteve ontem com Cabral. Defendeu com unhas e dentes que ele cumpra seu mandato até o último dia.
É que surgiu a ideia de o governador sair do cargo no início do ano que vem para, entre outras coisas, dar visibilidade ao vice Pezão, candidato a governador.
Mudança de calendário
José Maria Marin, presidente da CBF, recebe segunda, na sede da entidade no Rio, o grupo de jogadores que pede mudanças no calendário nacional.
Diário de Justiça
Em 2011, um administrador, de 48 anos, deu entrada na Clínica Santa Maria Madalena, na Ilha do Governador, no Rio, com dor no peito e náuseas. Um médico receitou remédio contra gases e o liberou. Horas depois, o homem morreu de infarto.
A juíza da 3ª Vara Cível do Rio, Françoise Picot Cully, condenou a clínica a pagar R$ 200 mil à família, defendida pelo advogado Miguel Dehon.
Meu Deus!
Dois meninos do oitavo ano de um colégio classe média da Barra, no Rio, postaram um vídeo na internet no qual atacavam sexualmente uma menina da mesma idade.
O caso está na 16ª DP.
Day after - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 04/10
O Planalto não trabalha ainda com a hipótese de Marina Silva não ser candidata a presidente. Sem a Rede, a ideia é fazer pesquisas qualitativas já na semana que vem para medir o efeito caso a ex-senadora vá para um partido como PPS. A intenção é checar se há "dano moral" para a candidata. Assessores de Dilma Rousseff acreditam que não haverá mudanças no potencial eleitoral de Marina em outra legenda. "As pessoas votam no candidato, não no partido", diz um governista.
Afago Aécio Neves (PSDB) vai telefonar hoje para Marina. Dirá que ela terá papel fundamental em 2014, qualquer que seja sua decisão sobre concorrer ou não.
Alistamento... Eduardo Campos elegeu como prioridade nos últimos dias filiar nomes fortes para concorrer a deputado federal pelo PSB. O pessebista traçou a meta de eleger 50 deputados federais (tinha 35 e perdeu 6) e, assim, incrementar tempo de TV e fundo partidário para 2018.
... eleitoral Para isso, quer ter "puxadores" em todos os Estados, notadamente no Nordeste, região que é sua base política e onde espera superar a votação de Dilma e dos demais concorrentes.
Seleção O pernambucano também montou chapa de atletas no Sudeste. Devem disputar vagas na Câmara o nadador Fernando Scherer (SP) e os jogadores de futebol Léo Moura e Edmundo (RJ), além de Romário.
Novos... A direção nacional do PT indicou que pode liberar o rompimento da sigla com o PSB em Estados onde a relação entre os dois partidos se deteriorou. Petistas de Pernambuco decidirão na semana que vem se desembarcam do governo de Campos.
... ventos Os pessebistas passaram a assediar os quadros do PT no Estado. Ontem, o petista Isaltino Nascimento, secretário estadual de Transportes, confirmou a filiação ao PSB do governador.
País do... Dilma contou a Ratinho ontem, depois da entrevista no Palácio da Alvorada, que o primeiro assunto da reunião dos Brics paralela ao G20, na Rússia, não foi a crise internacional e nem a espionagem dos EUA no Brasil.
... futebol Mal ela entrou na sala, os presidentes de Rússia, África do Sul e China e o primeiro-ministro da Índia só quiseram saber uma coisa: se ela os convidará para assistir à Copa no Brasil. "Claro que sim", respondeu.
Réplica Joaquim Barbosa nega ter pedido, em telefonema, que Ricardo Lewandowski, demitisse servidora de seu gabinete casada com jornalista que cobre o STF. Segundo o presidente da corte, ele pediu que o colega avaliasse se a situação da funcionária não era antiética.
Sem monopólio 1 O governo resolveu se antecipar à esperada determinação do Cade e estuda desenhos para fatiar as operações da TIM, companhia controlada pela Telecom Italia --que, por sua vez, selou acordo com a Telefonica, que controla a Vivo.
Sem monopólio 2 Um cenário estudado pelo governo é que a frequência e os clientes da Tim em São Paulo e no Sul fiquem com a Oi; em Minas, no Rio de Janeiro e no Nordeste, com a Claro, e no resto do país com a Telefonica. O processo no Cade deve levar ao menos um ano.
Sei não Michel Temer avisou a caciques do PMDB que, na conversa de anteontem, Dilma avisou que não decidiu se o senador Vital do Rêgo (PB) assumirá o Ministério da Integração Nacional.
Pavio Mais: a presidente não garantiu nem que a pasta vai para o PMDB. O vice a alertou de que a notícia seria uma "bomba" na legenda.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"Eduardo Campos tentou maquiar o fracasso do ensino público de Pernambuco, mas não vai conseguir enganar a população do Brasil."
DO DEPUTADO ESTADUAL DANIEL COELHO (PSDB-PE), sobre a propaganda do PSB que exibe uma faculdade privada como se fosse uma escola pública.
contraponto
Questão de tempo
Geraldo Alckmin (PSDB) narrou episódios de sua infância durante um evento do governo no fim de setembro, na região de Pindamonhangaba (SP), sua cidade natal. O tucano contou que o pai "era muito religioso" e que a família precisava assistir a missas todos os domingos.
--Eu, adolescente, jovem contestador, dizia ao meu pai que só gostava das missas do padre José Maria, que só duravam 35 minutos!
Brincando, Alckmin contou que levava bronca do pai:
--Ele dizia: "Meu filho, não é a missa que é longa. É a fé que está curta!"
O Planalto não trabalha ainda com a hipótese de Marina Silva não ser candidata a presidente. Sem a Rede, a ideia é fazer pesquisas qualitativas já na semana que vem para medir o efeito caso a ex-senadora vá para um partido como PPS. A intenção é checar se há "dano moral" para a candidata. Assessores de Dilma Rousseff acreditam que não haverá mudanças no potencial eleitoral de Marina em outra legenda. "As pessoas votam no candidato, não no partido", diz um governista.
Afago Aécio Neves (PSDB) vai telefonar hoje para Marina. Dirá que ela terá papel fundamental em 2014, qualquer que seja sua decisão sobre concorrer ou não.
Alistamento... Eduardo Campos elegeu como prioridade nos últimos dias filiar nomes fortes para concorrer a deputado federal pelo PSB. O pessebista traçou a meta de eleger 50 deputados federais (tinha 35 e perdeu 6) e, assim, incrementar tempo de TV e fundo partidário para 2018.
... eleitoral Para isso, quer ter "puxadores" em todos os Estados, notadamente no Nordeste, região que é sua base política e onde espera superar a votação de Dilma e dos demais concorrentes.
Seleção O pernambucano também montou chapa de atletas no Sudeste. Devem disputar vagas na Câmara o nadador Fernando Scherer (SP) e os jogadores de futebol Léo Moura e Edmundo (RJ), além de Romário.
Novos... A direção nacional do PT indicou que pode liberar o rompimento da sigla com o PSB em Estados onde a relação entre os dois partidos se deteriorou. Petistas de Pernambuco decidirão na semana que vem se desembarcam do governo de Campos.
... ventos Os pessebistas passaram a assediar os quadros do PT no Estado. Ontem, o petista Isaltino Nascimento, secretário estadual de Transportes, confirmou a filiação ao PSB do governador.
País do... Dilma contou a Ratinho ontem, depois da entrevista no Palácio da Alvorada, que o primeiro assunto da reunião dos Brics paralela ao G20, na Rússia, não foi a crise internacional e nem a espionagem dos EUA no Brasil.
... futebol Mal ela entrou na sala, os presidentes de Rússia, África do Sul e China e o primeiro-ministro da Índia só quiseram saber uma coisa: se ela os convidará para assistir à Copa no Brasil. "Claro que sim", respondeu.
Réplica Joaquim Barbosa nega ter pedido, em telefonema, que Ricardo Lewandowski, demitisse servidora de seu gabinete casada com jornalista que cobre o STF. Segundo o presidente da corte, ele pediu que o colega avaliasse se a situação da funcionária não era antiética.
Sem monopólio 1 O governo resolveu se antecipar à esperada determinação do Cade e estuda desenhos para fatiar as operações da TIM, companhia controlada pela Telecom Italia --que, por sua vez, selou acordo com a Telefonica, que controla a Vivo.
Sem monopólio 2 Um cenário estudado pelo governo é que a frequência e os clientes da Tim em São Paulo e no Sul fiquem com a Oi; em Minas, no Rio de Janeiro e no Nordeste, com a Claro, e no resto do país com a Telefonica. O processo no Cade deve levar ao menos um ano.
Sei não Michel Temer avisou a caciques do PMDB que, na conversa de anteontem, Dilma avisou que não decidiu se o senador Vital do Rêgo (PB) assumirá o Ministério da Integração Nacional.
Pavio Mais: a presidente não garantiu nem que a pasta vai para o PMDB. O vice a alertou de que a notícia seria uma "bomba" na legenda.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"Eduardo Campos tentou maquiar o fracasso do ensino público de Pernambuco, mas não vai conseguir enganar a população do Brasil."
DO DEPUTADO ESTADUAL DANIEL COELHO (PSDB-PE), sobre a propaganda do PSB que exibe uma faculdade privada como se fosse uma escola pública.
contraponto
Questão de tempo
Geraldo Alckmin (PSDB) narrou episódios de sua infância durante um evento do governo no fim de setembro, na região de Pindamonhangaba (SP), sua cidade natal. O tucano contou que o pai "era muito religioso" e que a família precisava assistir a missas todos os domingos.
--Eu, adolescente, jovem contestador, dizia ao meu pai que só gostava das missas do padre José Maria, que só duravam 35 minutos!
Brincando, Alckmin contou que levava bronca do pai:
--Ele dizia: "Meu filho, não é a missa que é longa. É a fé que está curta!"
A expectativa - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 04/10
Os partidos ainda não sabem o que Marina Silva fará. A oposição espera que ela adote um plano B. O governo, que ela reafirme sua posição, e não seja candidata à Presidência. Diante de eventual ausência de Marina e da recuperação da presidente Dilma, ministros se perguntavam se poderiam voltar a sonhar com uma eleição decidida no primeiro turno.
Paulinho: "Eu não estou à venda"
O criador do Solidariedade e presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), está arrependido de ter se reunido com a ministra Ideli Salvatti. As versões do encontro, envolvendo cargos e emendas ao Orçamento, na avaliação de Paulinho cumpriram um papel: "Hoje me arrependo de ter ido. Entendi o jogo. O governo quis nos manchar com essas histórias de cargos e emendas" Admitindo ter sido inocente, conta que foi até a ministra em respeito aos parlamentares que têm relação com o governo. E, irritado, proclama: "Não trabalho com emendas. Nós não temos cargos, e eu não quero cargo. Não é por aí que o governo resolve seus problemas comigo".
"O STF definiu que quem sai leva o tempo de TV e o fundo. É um balcão de negócios: "Tu me dás aqui", "Eu te dou ali", "Tenho dois minutos e tenho tantos mil", e não sei mais o quê"
Pedro Simon
Senador (PMDB-RS), sobre a criação de partidos
O povo quer saber
O PSOL ocupou rede regional de TV ontem no Rio. O partido, entre outras coisas, deitou falação sobre o combate à corrupção e o financiamento público das campanhas. Mas ficou em silêncio sobre o que fará com a deputada estadual Janira.
Mantendo a pose
Contrariado, o ministro Leônidas Cristino (Portos) pediu demissão ontem à presidente Dilma. Ele não queria sair. A presidente queria que ele ficasse. Mas ele optou por deixar a pasta devido à manifestação pública do governador Cid Gomes (CE), que trocou o PSB pelo PROS. Cid não quer dar margem a nenhuma insinuação de fisiologismo.
Puxadinho
O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), terá de arranjar cargos e salas para os líderes dos novos PROS e Solidariedade. E está sendo aconselhado a reduzir os latifúndios dos novos nanicos: DEM, PTB e PDT.
Quem dá mais?
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB), recebeu a missão de coordenar a criação do PROS no Amazonas. Foi às pressas a Manaus para formar uma comissão provisória. Ao retornar a Brasília, recebeu ligação do presidente do PROS, Eurípides Jr. O acerto foi cancelado. O novo partido entregou o controle da legenda para o governador Ornar Aziz, que é do PSD.
Fazendo a corte
Interessados no passe de Marina Silva, pelo menos quatro partidos estavam, ontem à noite, assistindo ao julgamento sobre a criação da Rede. Estavam no plenário do TSE dirigentes do PSD e os presidentes do PPS, do PEN e do PMN.
Declaração de independência
O deputado Hugo Leal (PROS-RJ) reage à versão de que esteja sob o jugo do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR). "Não aceito cabresto. O partido do Garotinho é o PR; o meu é o PROS, ele tem a ordem e tem o social", desabafa.
NA HOMENAGEM aos 25 anos da Constituição, na OAB, o ex-presidente Lula pediu para assinar o projeto de reforma política do Movimento Mãos Limpas.
Paulinho: "Eu não estou à venda"
O criador do Solidariedade e presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), está arrependido de ter se reunido com a ministra Ideli Salvatti. As versões do encontro, envolvendo cargos e emendas ao Orçamento, na avaliação de Paulinho cumpriram um papel: "Hoje me arrependo de ter ido. Entendi o jogo. O governo quis nos manchar com essas histórias de cargos e emendas" Admitindo ter sido inocente, conta que foi até a ministra em respeito aos parlamentares que têm relação com o governo. E, irritado, proclama: "Não trabalho com emendas. Nós não temos cargos, e eu não quero cargo. Não é por aí que o governo resolve seus problemas comigo".
"O STF definiu que quem sai leva o tempo de TV e o fundo. É um balcão de negócios: "Tu me dás aqui", "Eu te dou ali", "Tenho dois minutos e tenho tantos mil", e não sei mais o quê"
Pedro Simon
Senador (PMDB-RS), sobre a criação de partidos
O povo quer saber
O PSOL ocupou rede regional de TV ontem no Rio. O partido, entre outras coisas, deitou falação sobre o combate à corrupção e o financiamento público das campanhas. Mas ficou em silêncio sobre o que fará com a deputada estadual Janira.
Mantendo a pose
Contrariado, o ministro Leônidas Cristino (Portos) pediu demissão ontem à presidente Dilma. Ele não queria sair. A presidente queria que ele ficasse. Mas ele optou por deixar a pasta devido à manifestação pública do governador Cid Gomes (CE), que trocou o PSB pelo PROS. Cid não quer dar margem a nenhuma insinuação de fisiologismo.
Puxadinho
O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), terá de arranjar cargos e salas para os líderes dos novos PROS e Solidariedade. E está sendo aconselhado a reduzir os latifúndios dos novos nanicos: DEM, PTB e PDT.
Quem dá mais?
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB), recebeu a missão de coordenar a criação do PROS no Amazonas. Foi às pressas a Manaus para formar uma comissão provisória. Ao retornar a Brasília, recebeu ligação do presidente do PROS, Eurípides Jr. O acerto foi cancelado. O novo partido entregou o controle da legenda para o governador Ornar Aziz, que é do PSD.
Fazendo a corte
Interessados no passe de Marina Silva, pelo menos quatro partidos estavam, ontem à noite, assistindo ao julgamento sobre a criação da Rede. Estavam no plenário do TSE dirigentes do PSD e os presidentes do PPS, do PEN e do PMN.
Declaração de independência
O deputado Hugo Leal (PROS-RJ) reage à versão de que esteja sob o jugo do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR). "Não aceito cabresto. O partido do Garotinho é o PR; o meu é o PROS, ele tem a ordem e tem o social", desabafa.
NA HOMENAGEM aos 25 anos da Constituição, na OAB, o ex-presidente Lula pediu para assinar o projeto de reforma política do Movimento Mãos Limpas.
IOGURTE DERRAMADO - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 04/10
Duas gigantes do setor de alimentação estão em guerra no Conar, o Conselho de Autorregulamentação Publicitária. A Nestlé apresentou ao órgão queixa sobre um vídeo divulgado pela Danone no YouTube em que um menino diz que gosta mais do iogurte da marca do que dos próprios pais. A denúncia diz que a propaganda não respeita a ingenuidade e a falta de capacidade de discernimento da criança. E afirma que o produto não pode sequer ser consumido por ela, que tem no máximo dois anos. Por isso, a publicidade seria enganosa.
IOGURTE 2
O vídeo tinha mais de 1 milhão de visualizações até ontem. Foi postado pela família do garoto e depois copiado pela Danone, que o colocou em seu site afirmando que a iniciativa não teve "nenhum tipo de apoio e patrocínio". O Conar, no entanto, entende que o conteúdo veiculado em páginas oficiais de uma empresa é publicitário e por isso levará o caso a julgamento. A Danone diz que ainda não foi notificada.
PAIZÃO
Ronaldo, que passa a semana em reuniões em São Paulo com equipe e clientes de sua agência, a 9ine, marcou a volta para Londres para o dia 13. O ex-jogador quer passar o Dia das Crianças no Brasil, junto com os filhos. Desde abril ele está morando na capital inglesa para estudar marketing.
E Ronaldo vai hoje à quadra da Gaviões da Fiel para a apresentação das fantasias do Carnaval. Ele será homenageado pela escola de samba em 2014.
JUNTOS SOMOS...
Promotor que ganhou fama no caso Isabella Nardoni, Francisco Cembranelli agora está focado no futuro do Santos. Ele, que é membro do comitê de gestão do clube desde agosto, diz que uma das principais questões discutidas pela administração é a adoção do estádio do Pacaembu como segunda casa. "Temos condição de manter uma média de público de 30 a 40 mil pessoas por jogo."
...MUITOS
Cembranelli diz que a ideia é fazer campanha "agressiva" de marketing para atrair sócios-torcedores, se a ocupação da arena em SP der certo. O clube seria parceiro da empresa que ganhar a concessão do espaço. "O Santos tem uma grande torcida na capital. Poderíamos sair de 45 mil sócios adimplentes para 100 mil."
CONVITE DOURADO
Glória Menezes e Tarcísio Meira comemoram bodas de ouro amanhã com festa em um casarão de um condomínio no Joá, no Rio. Na mesma data, o ator faz 78 anos. Maria Amélia e João Paulo, filhos do primeiro casamento dela, e Tarcísio Filho, herdeiro do casal, convidam os amigos para a celebração.
SÓ NO ORGÂNICO
Nada de comida típica para os integrantes do Red Hot Chili Peppers, que desembarcam no país em novembro para shows em BH, SP e Rio. Os músicos seguem uma dieta orgânica e o cardápio inclui frutas, leite de soja e barras de proteína no café da manhã, sopas e salada no almoço e peixe com batatas no jantar --que deve ser servido pontualmente às 17h30.
TE DOU UM DADO
Não só petistas se irritaram com Lula quando ele posou para fotos com Paulo Maluf nos jardins da casa do ex-prefeito, no ano passado. Também sua mulher, dona Sylvia, fica incomodada ao ver o marido ao lado de adversários antigos. É o que Maluf revelou em entrevista a Luciana Gimenez que vai ao ar no dia 22. Aos 82 anos, ele contou ainda que foi alimentado na infância com leite de cabra e elogiou a sogra, Alexandra Lutfalla, que está chegando aos cem anos.
TERAPIA DO ESTÔMAGO
O diretor Selton Mello reuniu o elenco da segunda temporada da série "Sessão de Terapia" (GNT) para um jantar de confraternização, anteontem, na Casa Bartira, em Perdizes. Os atores Zécarlos Machado, Bianca Comparato, Mariana Lima, Luana Tanaka e Adriana Lessa foram ao evento. Bianca Müller, que participou da primeira leva de episódios, também passou por lá.
CURTO-CIRCUITO
O espetáculo "Canastrões" estreia hoje, no Sesc Belenzinho, às 20h. Livre.
O músico Curumin faz show hoje, às 21h30, no auditório do MIS. 14 anos.
Antunes Filho apresenta reconstrução da peça americana "Nossa Cidade", hoje, às 21h, no Sesc Consolação. 16 anos.
IOGURTE 2
O vídeo tinha mais de 1 milhão de visualizações até ontem. Foi postado pela família do garoto e depois copiado pela Danone, que o colocou em seu site afirmando que a iniciativa não teve "nenhum tipo de apoio e patrocínio". O Conar, no entanto, entende que o conteúdo veiculado em páginas oficiais de uma empresa é publicitário e por isso levará o caso a julgamento. A Danone diz que ainda não foi notificada.
PAIZÃO
Ronaldo, que passa a semana em reuniões em São Paulo com equipe e clientes de sua agência, a 9ine, marcou a volta para Londres para o dia 13. O ex-jogador quer passar o Dia das Crianças no Brasil, junto com os filhos. Desde abril ele está morando na capital inglesa para estudar marketing.
E Ronaldo vai hoje à quadra da Gaviões da Fiel para a apresentação das fantasias do Carnaval. Ele será homenageado pela escola de samba em 2014.
JUNTOS SOMOS...
Promotor que ganhou fama no caso Isabella Nardoni, Francisco Cembranelli agora está focado no futuro do Santos. Ele, que é membro do comitê de gestão do clube desde agosto, diz que uma das principais questões discutidas pela administração é a adoção do estádio do Pacaembu como segunda casa. "Temos condição de manter uma média de público de 30 a 40 mil pessoas por jogo."
...MUITOS
Cembranelli diz que a ideia é fazer campanha "agressiva" de marketing para atrair sócios-torcedores, se a ocupação da arena em SP der certo. O clube seria parceiro da empresa que ganhar a concessão do espaço. "O Santos tem uma grande torcida na capital. Poderíamos sair de 45 mil sócios adimplentes para 100 mil."
CONVITE DOURADO
Glória Menezes e Tarcísio Meira comemoram bodas de ouro amanhã com festa em um casarão de um condomínio no Joá, no Rio. Na mesma data, o ator faz 78 anos. Maria Amélia e João Paulo, filhos do primeiro casamento dela, e Tarcísio Filho, herdeiro do casal, convidam os amigos para a celebração.
SÓ NO ORGÂNICO
Nada de comida típica para os integrantes do Red Hot Chili Peppers, que desembarcam no país em novembro para shows em BH, SP e Rio. Os músicos seguem uma dieta orgânica e o cardápio inclui frutas, leite de soja e barras de proteína no café da manhã, sopas e salada no almoço e peixe com batatas no jantar --que deve ser servido pontualmente às 17h30.
TE DOU UM DADO
Não só petistas se irritaram com Lula quando ele posou para fotos com Paulo Maluf nos jardins da casa do ex-prefeito, no ano passado. Também sua mulher, dona Sylvia, fica incomodada ao ver o marido ao lado de adversários antigos. É o que Maluf revelou em entrevista a Luciana Gimenez que vai ao ar no dia 22. Aos 82 anos, ele contou ainda que foi alimentado na infância com leite de cabra e elogiou a sogra, Alexandra Lutfalla, que está chegando aos cem anos.
TERAPIA DO ESTÔMAGO
O diretor Selton Mello reuniu o elenco da segunda temporada da série "Sessão de Terapia" (GNT) para um jantar de confraternização, anteontem, na Casa Bartira, em Perdizes. Os atores Zécarlos Machado, Bianca Comparato, Mariana Lima, Luana Tanaka e Adriana Lessa foram ao evento. Bianca Müller, que participou da primeira leva de episódios, também passou por lá.
CURTO-CIRCUITO
O espetáculo "Canastrões" estreia hoje, no Sesc Belenzinho, às 20h. Livre.
O músico Curumin faz show hoje, às 21h30, no auditório do MIS. 14 anos.
Antunes Filho apresenta reconstrução da peça americana "Nossa Cidade", hoje, às 21h, no Sesc Consolação. 16 anos.
Jabuti no galho - LUIZ CARLOS AZEDO
CORREIO BRAZILIENSE - 04/10
Recém-filiado ao PMDB, Josué Gomes da Silva, filho do falecido vice-presidente José Alencar, é uma espécie de jabuti em cima da árvore na política mineira. Com a diferença de que todo mundo sabe que não foi uma enchente que o pôs no galho, mas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de comum acordo com o vice-presidente da República, Michel Temer, que comanda o PMDB.
Forasteiro para os políticos locais, Josué Gomes da Silva criou desconforto para os caciques locais do PMDB, mas os petistas também estão desconfiados. É que o jabuti também pode virar o novo “poste” de Lula como candidato a governador, numa aliança do PMDB com o PT.
Nesse caso, o PT lançaria o ex-prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias ao Senado e indicaria o vice de Josué. O ministro do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, permaneceria na Esplanada. Por essa razão, para seus aliados, não vem recebendo de Lula o mesmo tratamento dado ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Desembarque// Candidato ao governo de Pernambuco no próximo ano, o senador Armando Monteiro anunciará o desembarque do PTB do governo de Eduardo Campos (PSB) na próxima semana. O parlamentar apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
O tempo
O Senado nunca perde o ar de templo vetusto da política. Ontem, ao final da sessão da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, senadores parabenizavam o colega Ruben Figueiró (PSDB-MS) pelo aniversário de 82 anos. Em meio à conversa, a senadora Ana Amélia (foto), do PP-RS, apresentou uma fotografia de 1985, na qual entrevista o deputado federal Eduardo Suplicy (PT-SP). “O Suplicy está com cabelos pretos e eu, mais nova” — declarou, antes de presentear o senador paulista com a foto.
Conversa/ O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e o senador Magno Malta (PR-ES) tiveram um encontro reservado na QL 10, na quarta-feira à noite. O petista articula sua reeleição.
Trancada/ A pauta do Senado está trancada desde ontem pela MP que destina R$ 1,5 bilhão para os municípios, a título de ajuda financeira, e mais R$ 148 milhões para o pagamento de subvenção econômica aos produtores de cana-de-açúcar da Região Nordeste. Perde a validade no próximo dia 13 .
Cesta básica/ O preço da cesta básica caiu em 14 das 18 capitais brasileiras pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese). Registraram alta Belo Horizonte (1,87%), Curitiba (0,66%), Campo Grande (0,48%) e Recife (0,02%).
Lançamento
O astronauta brasileiro Marcos Pontes se filiou ao PSB, a convite do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que abonou sua ficha. Será candidato a deputado federal por São Paulo, com base eleitoral em Bauru (SP), sua cidade natal.
Entregou
O ministro-chefe da Secretaria Especial dos Portos da Presidência da República, Leônidas Cristino, deixou o cargo ontem. O economista Antônio Henrique Pinheiro Silveira, atual secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, assumirá interinamente o posto. Ligado ao governador do Ceará, Cid Gomes, pretende ser candidato ao governo cearense pelo PSB.
Popular
A presidente Dilma Rousseff concedeu entrevista ao apresentador Ratinho, do SBT, no Palácio da Alvorada. Foi uma conversa informal, na qual ela falou sobre a vida pessoal, as brincadeiras com o neto e preferências musicais. Dilma foca o eleitor de baixa renda.
Índios
A senadora Ana Rita (foto), do PT-ES, presidente da Comissão de Direitos Humanos, criticou, ontem, duramente, as propostas de emenda à Constituição (PECs) 38 e 215, que tramitam no Senado e na Câmara, respectivamente. Transferem do Executivo para o Legislativo a competência de demarcar terras indígenas.
Petrobras, 60 anos
Petroleiros de todo o país realizaram uma greve de 24 horas, em comemoração aos 60 anos da Petrobras. Funcionários de plataformas, refinarias, terminais e escritórios da estatal e subsidiárias reivindicam a suspensão imediata do leilão do Campo de Libra, no pré-sal, previsto para o dia 21. Além disso, são contrários à terceirização de mão de obra e exigem reajuste no salário-base que, segundo eles, não ocorre há 17 anos.
Amazônia
Para o monitoramento da cobertura florestal nos países que compõem a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (Otca) — Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela —, o Fundo Amazônia destinará R$ 23,693 milhões
Forasteiro para os políticos locais, Josué Gomes da Silva criou desconforto para os caciques locais do PMDB, mas os petistas também estão desconfiados. É que o jabuti também pode virar o novo “poste” de Lula como candidato a governador, numa aliança do PMDB com o PT.
Nesse caso, o PT lançaria o ex-prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias ao Senado e indicaria o vice de Josué. O ministro do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, permaneceria na Esplanada. Por essa razão, para seus aliados, não vem recebendo de Lula o mesmo tratamento dado ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Desembarque// Candidato ao governo de Pernambuco no próximo ano, o senador Armando Monteiro anunciará o desembarque do PTB do governo de Eduardo Campos (PSB) na próxima semana. O parlamentar apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
O tempo
O Senado nunca perde o ar de templo vetusto da política. Ontem, ao final da sessão da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, senadores parabenizavam o colega Ruben Figueiró (PSDB-MS) pelo aniversário de 82 anos. Em meio à conversa, a senadora Ana Amélia (foto), do PP-RS, apresentou uma fotografia de 1985, na qual entrevista o deputado federal Eduardo Suplicy (PT-SP). “O Suplicy está com cabelos pretos e eu, mais nova” — declarou, antes de presentear o senador paulista com a foto.
Conversa/ O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e o senador Magno Malta (PR-ES) tiveram um encontro reservado na QL 10, na quarta-feira à noite. O petista articula sua reeleição.
Trancada/ A pauta do Senado está trancada desde ontem pela MP que destina R$ 1,5 bilhão para os municípios, a título de ajuda financeira, e mais R$ 148 milhões para o pagamento de subvenção econômica aos produtores de cana-de-açúcar da Região Nordeste. Perde a validade no próximo dia 13 .
Cesta básica/ O preço da cesta básica caiu em 14 das 18 capitais brasileiras pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese). Registraram alta Belo Horizonte (1,87%), Curitiba (0,66%), Campo Grande (0,48%) e Recife (0,02%).
Lançamento
O astronauta brasileiro Marcos Pontes se filiou ao PSB, a convite do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que abonou sua ficha. Será candidato a deputado federal por São Paulo, com base eleitoral em Bauru (SP), sua cidade natal.
Entregou
O ministro-chefe da Secretaria Especial dos Portos da Presidência da República, Leônidas Cristino, deixou o cargo ontem. O economista Antônio Henrique Pinheiro Silveira, atual secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, assumirá interinamente o posto. Ligado ao governador do Ceará, Cid Gomes, pretende ser candidato ao governo cearense pelo PSB.
Popular
A presidente Dilma Rousseff concedeu entrevista ao apresentador Ratinho, do SBT, no Palácio da Alvorada. Foi uma conversa informal, na qual ela falou sobre a vida pessoal, as brincadeiras com o neto e preferências musicais. Dilma foca o eleitor de baixa renda.
Índios
A senadora Ana Rita (foto), do PT-ES, presidente da Comissão de Direitos Humanos, criticou, ontem, duramente, as propostas de emenda à Constituição (PECs) 38 e 215, que tramitam no Senado e na Câmara, respectivamente. Transferem do Executivo para o Legislativo a competência de demarcar terras indígenas.
Petrobras, 60 anos
Petroleiros de todo o país realizaram uma greve de 24 horas, em comemoração aos 60 anos da Petrobras. Funcionários de plataformas, refinarias, terminais e escritórios da estatal e subsidiárias reivindicam a suspensão imediata do leilão do Campo de Libra, no pré-sal, previsto para o dia 21. Além disso, são contrários à terceirização de mão de obra e exigem reajuste no salário-base que, segundo eles, não ocorre há 17 anos.
Amazônia
Para o monitoramento da cobertura florestal nos países que compõem a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (Otca) — Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela —, o Fundo Amazônia destinará R$ 23,693 milhões
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 04/10
Com R$ 360 mi, grupo mineiro prepara lançamento de quatro shopping centers
O grupo Müller Partners, de Belo Horizonte, vai lançar até o final deste ano quatro novos shopping centers nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, com investimentos estimados em R$ 360 milhões.
Os centros comerciais serão construídos em Araras e Sertãozinho, no interior paulista, além de Itaúna (MG) e Santa Maria (RS).
O aporte na unidade de Araras inclui um hotel com 128 apartamentos que será erguido no mesmo complexo.
"Nos especializamos em municípios de pequeno e médio portes, de 100 mil a 400 mil habitantes, onde há demanda para esses empreendimentos", diz Rayone Müller, presidente da empresa.
"São localidades cujas regiões, num raio de até 20 minutos de deslocamento, representam um bom potencial de consumo", afirma.
Os quatro shoppings devem ser entregues até outubro de 2015. Juntos, eles terão um total de 575 lojas.
Os recursos virão de aportes próprios, investidores e financiamentos, afirma Müller.
Além dos quatro, a companhia lançou neste ano um centro de compras em Campina Grande (PB). Outro empreendimento, em Pouso Alegre (MG), foi aberto em abril.
"Antes, atuávamos do planejamento dos shoppings e captação de investidores até a comercialização. Agora, com os novos, vamos também administrar os locais."
Em 22 anos, o grupo participou de projetos de 40 shoppings, diz o presidente.
SEM SAIR DE CASA
Os brasileiros são os mais propensos, entre oito nacionalidades, a fazer compras de supermercado pela internet.
Levantamento da consultoria BCG (The Boston Consulting Group) mostra que os brasileiros usariam o serviço de compras on-line 22,6 vezes por ano.
Entre chineses e russos, a frequência seria de 21,8 vezes e 17,9, respectivamente. A média dos oito países analisados é de 13,5.
"Os países onde os consumidores possivelmente têm menor satisfação com os supermercados são os que apresentam maior interesse na compra on-line", diz Chris Biggs, autor da pesquisa.
No Brasil, a maioria dos entrevistados também preferiria receber as mercadorias em casa a buscá-las no estabelecimento após adquiri-las pela internet.
"Isso ocorre porque é mais difícil ir ao mercado no Brasil, onde o trânsito é complicado, que na Alemanha, por exemplo", afirma.
O estudo também aponta que famílias com renda alta são as mais inclinadas às compras pela internet. Entre esse grupo, a frequência seria de 18,4 por ano. Na população de baixa renda, 11,9.
Aumento em baixa
Mais de 40% dos trabalhadores do varejo brasileiro ouvidos pela Michael Page não tiveram reajuste salarial nos últimos 12 meses.
Apenas 11,4% dos entrevistados disseram ter recebido um aumento de 16% ou mais.
O crescimento no número de shopping centers e varejistas e o esgotamento de profissionais com inglês fluente e especialização são apontados pela empresa de recrutamento como alguns fatores para esse cenário.
O estudo, entretanto, concluiu que a bonificação ainda é o principal estímulo profissional aplicado no varejo.
A maioria (70%) dos trabalhadores ouvidos afirmaram ter recebido o benefício.
O bônus foi maior na área de operações (lojas) --23% dos entrevistados receberam um pagamento extra que representou mais de 51% de seu salário anual.
No corporativo, a vantagem foi menor: 18% dos ouvidos tiveram um prêmio que foi equivalente a mais de 51% da remuneração.
HOTEL DE NEGÓCIOS
A rede Blue Tree fechou uma parceria com a Residec Construtora para a administração de um hotel que será construído na cidade de Bauru, no interior do Estado de São Paulo.
O empreendimento receberá um aporte de R$ 20 milhões e terá a bandeira Blue Tree Towers, concebida para atender com padrão quatro estrelas.
Com 134 apartamentos nas categorias básica e suíte superior, o hotel contará com restaurante e espaço para eventos com capacidade de até 200 participantes.
A previsão de entrega do empreendimento é para 2014. Essa é a nona unidade do projeto de expansão do grupo, que pretende construir 32 hotéis até 2017.
"Escolhemos Bauru por ser um polo educacional que está crescendo bastante. A unidade atenderá as demandas da cidade, principalmente o turismo de negócio", afirma Chieko Aoki, presidente da Blue Tree.
R$ 20 MILHÕES
é o valor que será investido na construção do novo empreendimento em Bauru (SP)
23
é o número de hotéis que a Blue Tree tem no Brasil
Consumidores confiantes
O consumidor britânico está mais confiante, constata levantamento da empresa de pesquisa alemã GfK.
Em setembro, o índice geral que mede o otimismo da população chegou a -10, três pontos a mais do que em agosto (-13). É o maior patamar desde novembro de 2007.
Em 2012, no mesmo período, o indicador marcava -28.
Dos subindicadores usados para compor o resultado, houve melhora em quatro e um se manteve estável: situação das finanças pessoais nos últimos 12 meses (-16).
Foram entrevistadas mais de 2.000 pessoas.
Novos... O escritório de advocacia Demarest tem novos sócios: Thiago Sandim e Paola Pugliesi, das áreas de fusão e aquisição e concorrencial, respectivamente.
...ares Junto com a dupla, originária do escritório Lefosse, desembarca um time com sete advogados.
Remédio... A Brasil Pharma, do varejo farmacêutico, vai abrir um novo centro de distribuição em Canoas (RS), com aporte de R$ 9 milhões.
...sulista A estrutura, de 12,5 mil metros quadrados, deve melhorar a logística do grupo, que na região Sul opera com a rede Mais Econômica. Ao todo, são cinco centros.
Com R$ 360 mi, grupo mineiro prepara lançamento de quatro shopping centers
O grupo Müller Partners, de Belo Horizonte, vai lançar até o final deste ano quatro novos shopping centers nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, com investimentos estimados em R$ 360 milhões.
Os centros comerciais serão construídos em Araras e Sertãozinho, no interior paulista, além de Itaúna (MG) e Santa Maria (RS).
O aporte na unidade de Araras inclui um hotel com 128 apartamentos que será erguido no mesmo complexo.
"Nos especializamos em municípios de pequeno e médio portes, de 100 mil a 400 mil habitantes, onde há demanda para esses empreendimentos", diz Rayone Müller, presidente da empresa.
"São localidades cujas regiões, num raio de até 20 minutos de deslocamento, representam um bom potencial de consumo", afirma.
Os quatro shoppings devem ser entregues até outubro de 2015. Juntos, eles terão um total de 575 lojas.
Os recursos virão de aportes próprios, investidores e financiamentos, afirma Müller.
Além dos quatro, a companhia lançou neste ano um centro de compras em Campina Grande (PB). Outro empreendimento, em Pouso Alegre (MG), foi aberto em abril.
"Antes, atuávamos do planejamento dos shoppings e captação de investidores até a comercialização. Agora, com os novos, vamos também administrar os locais."
Em 22 anos, o grupo participou de projetos de 40 shoppings, diz o presidente.
SEM SAIR DE CASA
Os brasileiros são os mais propensos, entre oito nacionalidades, a fazer compras de supermercado pela internet.
Levantamento da consultoria BCG (The Boston Consulting Group) mostra que os brasileiros usariam o serviço de compras on-line 22,6 vezes por ano.
Entre chineses e russos, a frequência seria de 21,8 vezes e 17,9, respectivamente. A média dos oito países analisados é de 13,5.
"Os países onde os consumidores possivelmente têm menor satisfação com os supermercados são os que apresentam maior interesse na compra on-line", diz Chris Biggs, autor da pesquisa.
No Brasil, a maioria dos entrevistados também preferiria receber as mercadorias em casa a buscá-las no estabelecimento após adquiri-las pela internet.
"Isso ocorre porque é mais difícil ir ao mercado no Brasil, onde o trânsito é complicado, que na Alemanha, por exemplo", afirma.
O estudo também aponta que famílias com renda alta são as mais inclinadas às compras pela internet. Entre esse grupo, a frequência seria de 18,4 por ano. Na população de baixa renda, 11,9.
Aumento em baixa
Mais de 40% dos trabalhadores do varejo brasileiro ouvidos pela Michael Page não tiveram reajuste salarial nos últimos 12 meses.
Apenas 11,4% dos entrevistados disseram ter recebido um aumento de 16% ou mais.
O crescimento no número de shopping centers e varejistas e o esgotamento de profissionais com inglês fluente e especialização são apontados pela empresa de recrutamento como alguns fatores para esse cenário.
O estudo, entretanto, concluiu que a bonificação ainda é o principal estímulo profissional aplicado no varejo.
A maioria (70%) dos trabalhadores ouvidos afirmaram ter recebido o benefício.
O bônus foi maior na área de operações (lojas) --23% dos entrevistados receberam um pagamento extra que representou mais de 51% de seu salário anual.
No corporativo, a vantagem foi menor: 18% dos ouvidos tiveram um prêmio que foi equivalente a mais de 51% da remuneração.
HOTEL DE NEGÓCIOS
A rede Blue Tree fechou uma parceria com a Residec Construtora para a administração de um hotel que será construído na cidade de Bauru, no interior do Estado de São Paulo.
O empreendimento receberá um aporte de R$ 20 milhões e terá a bandeira Blue Tree Towers, concebida para atender com padrão quatro estrelas.
Com 134 apartamentos nas categorias básica e suíte superior, o hotel contará com restaurante e espaço para eventos com capacidade de até 200 participantes.
A previsão de entrega do empreendimento é para 2014. Essa é a nona unidade do projeto de expansão do grupo, que pretende construir 32 hotéis até 2017.
"Escolhemos Bauru por ser um polo educacional que está crescendo bastante. A unidade atenderá as demandas da cidade, principalmente o turismo de negócio", afirma Chieko Aoki, presidente da Blue Tree.
R$ 20 MILHÕES
é o valor que será investido na construção do novo empreendimento em Bauru (SP)
23
é o número de hotéis que a Blue Tree tem no Brasil
Consumidores confiantes
O consumidor britânico está mais confiante, constata levantamento da empresa de pesquisa alemã GfK.
Em setembro, o índice geral que mede o otimismo da população chegou a -10, três pontos a mais do que em agosto (-13). É o maior patamar desde novembro de 2007.
Em 2012, no mesmo período, o indicador marcava -28.
Dos subindicadores usados para compor o resultado, houve melhora em quatro e um se manteve estável: situação das finanças pessoais nos últimos 12 meses (-16).
Foram entrevistadas mais de 2.000 pessoas.
Novos... O escritório de advocacia Demarest tem novos sócios: Thiago Sandim e Paola Pugliesi, das áreas de fusão e aquisição e concorrencial, respectivamente.
...ares Junto com a dupla, originária do escritório Lefosse, desembarca um time com sete advogados.
Remédio... A Brasil Pharma, do varejo farmacêutico, vai abrir um novo centro de distribuição em Canoas (RS), com aporte de R$ 9 milhões.
...sulista A estrutura, de 12,5 mil metros quadrados, deve melhorar a logística do grupo, que na região Sul opera com a rede Mais Econômica. Ao todo, são cinco centros.
Cartão amarelo - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 04/10
São cada vez mais insistentes os sinais da deterioração das contas públicas do governo Dilma. E essa condição está sendo percebida pelo credor do Brasil.
Em junho, a Standard & Poor's, uma das três maiores agências mundiais de classificação de risco, já havia colocado os títulos de dívida do Brasil em "perspectiva negativa". Ontem foi a vez da Moody's, outra dessas três, de advertir com uma "mudança de viés", de positivo para neutro, da qualidade da dívida pública brasileira.
Ainda não é o desastre que ocorreria se o nível de investimento da dívida brasileira fosse rebaixado para nível especulativo. É cartão amarelo. Mais uma advertência de que, mantido o atual ritmo de piora, mais cedo ou mais tarde isso pode ocorrer.
As agências de classificação de risco encarregam-se de examinar para os credores a qualidade de um título que, em última análise, define a probabilidade de calote do devedor. É uma avaliação que, no caso das dívidas dos tesouros, implica uma apreciação das finanças públicas. O rebaixamento para o nível especulativo reduziria o mercado para os títulos brasileiros, na medida em que os investidores que, por lei ou por disposição estatutária, só podem manter em carteira títulos de baixo risco se desinteressariam dos títulos brasileiros. E a redução do mercado (menor procura) implicaria aumento dos juros e/ou do rendimento do título, portanto o encarecimento da dívida pública para o Tesouro, ou seja, em mais despesas públicas.
A Moody's justificou o rebaixamento da perspectiva da dívida brasileira com três considerações: (1) a proporção da dívida e do investimento em relação ao PIB está piorando; (2) o crescimento econômico do Brasil é baixo e continuará baixo; (3) a qualidade das estatísticas que dão conta do endividamento público está perdendo confiabilidade; e (4) o governo vai fazendo injeção direta de recursos do Tesouro nos bancos públicos. Também menciona que a dívida bruta está alta demais (60% do PIB), bem acima do que a de outros países que detêm o rating equivalente ao do Brasil.
O Fundo Monetário Internacional também vem apontando discrepâncias metodológicas na contabilidade da dívida bruta, embora possa não estar falando o mesmo que a Moody's.
Tudo resumido, não é nada muito diferente do que já vinha sendo denunciado pelos analistas e até mesmo pelo Banco Central, antes do enquadramento de sua diretoria ao discurso do governo, cujas autoridades vêm negando essa deterioração.
A piora das contas públicas brasileiras não é tudo. Não há nenhuma indicação de que a saúde fiscal possa melhorar. O crescimento econômico de 2013 ficará alguma coisa acima de 2,0% e o de 2014 não passará muito disso aí, conforme apontam as projeções do mercado divulgadas pelo Relatório Focus, do Banco Central. Isso significa que não se espera substancial melhora da arrecadação por conta do aumento da atividade econômica.
Como ontem avisou o ex-ministro Delfim Netto, as condições financeiras da Previdência Social estão piorando. Também não se vê nenhum passo do governo em direção a acabar com a relação incestuosa entre o Tesouro, o BNDES e a Caixa Econômica Federal.
Quem não anotou deve anotar: 2014 é ano eleitoral, o que historicamente tem levado prefeitos, governadores e governo federal a despejar ainda mais verbas públicas no mercado.
São cada vez mais insistentes os sinais da deterioração das contas públicas do governo Dilma. E essa condição está sendo percebida pelo credor do Brasil.
Em junho, a Standard & Poor's, uma das três maiores agências mundiais de classificação de risco, já havia colocado os títulos de dívida do Brasil em "perspectiva negativa". Ontem foi a vez da Moody's, outra dessas três, de advertir com uma "mudança de viés", de positivo para neutro, da qualidade da dívida pública brasileira.
Ainda não é o desastre que ocorreria se o nível de investimento da dívida brasileira fosse rebaixado para nível especulativo. É cartão amarelo. Mais uma advertência de que, mantido o atual ritmo de piora, mais cedo ou mais tarde isso pode ocorrer.
As agências de classificação de risco encarregam-se de examinar para os credores a qualidade de um título que, em última análise, define a probabilidade de calote do devedor. É uma avaliação que, no caso das dívidas dos tesouros, implica uma apreciação das finanças públicas. O rebaixamento para o nível especulativo reduziria o mercado para os títulos brasileiros, na medida em que os investidores que, por lei ou por disposição estatutária, só podem manter em carteira títulos de baixo risco se desinteressariam dos títulos brasileiros. E a redução do mercado (menor procura) implicaria aumento dos juros e/ou do rendimento do título, portanto o encarecimento da dívida pública para o Tesouro, ou seja, em mais despesas públicas.
A Moody's justificou o rebaixamento da perspectiva da dívida brasileira com três considerações: (1) a proporção da dívida e do investimento em relação ao PIB está piorando; (2) o crescimento econômico do Brasil é baixo e continuará baixo; (3) a qualidade das estatísticas que dão conta do endividamento público está perdendo confiabilidade; e (4) o governo vai fazendo injeção direta de recursos do Tesouro nos bancos públicos. Também menciona que a dívida bruta está alta demais (60% do PIB), bem acima do que a de outros países que detêm o rating equivalente ao do Brasil.
O Fundo Monetário Internacional também vem apontando discrepâncias metodológicas na contabilidade da dívida bruta, embora possa não estar falando o mesmo que a Moody's.
Tudo resumido, não é nada muito diferente do que já vinha sendo denunciado pelos analistas e até mesmo pelo Banco Central, antes do enquadramento de sua diretoria ao discurso do governo, cujas autoridades vêm negando essa deterioração.
A piora das contas públicas brasileiras não é tudo. Não há nenhuma indicação de que a saúde fiscal possa melhorar. O crescimento econômico de 2013 ficará alguma coisa acima de 2,0% e o de 2014 não passará muito disso aí, conforme apontam as projeções do mercado divulgadas pelo Relatório Focus, do Banco Central. Isso significa que não se espera substancial melhora da arrecadação por conta do aumento da atividade econômica.
Como ontem avisou o ex-ministro Delfim Netto, as condições financeiras da Previdência Social estão piorando. Também não se vê nenhum passo do governo em direção a acabar com a relação incestuosa entre o Tesouro, o BNDES e a Caixa Econômica Federal.
Quem não anotou deve anotar: 2014 é ano eleitoral, o que historicamente tem levado prefeitos, governadores e governo federal a despejar ainda mais verbas públicas no mercado.
Uma primavera das greves? - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 04/10
Desemprego baixo e PIBinho aumentam calor da discussão salarial; greves aumentam desde 2008
O COMÉRCIO ESTÁ preocupado com a greve dos bancários, o bastante para apelar que a Febraban, a federação dos bancos, chegue logo a um acordo com os grevistas. A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) enviou ontem nota oficial aos bancos.
O comércio de cidades pequenas, em especial as mais pobres, sofre com a falta de dinheiro vivo. Além disso, a CNDL ressalta que a economia está em "situação delicada".
A greve dos bancários de 2012 durou dez dias. Os trabalhadores levaram aumento de 7,5%, acima da inflação de 2011 (6,5%, pelo IPCA) e da inflação acumulada até a data-base dos bancários (5,2%).
A greve atual completa 16 dias hoje (em 2012, 79,5% das greves no Brasil duraram menos de 15 dias). Os bancos oferecem reajuste real zero.
Uma greve de bancários mais acirrada, o que quase todo mundo enxerga, e a visão frequente de conflitos de rua com a política, como os dos professores do Rio, entre outras evidências anedóticas, podem passar a impressão de que há mais paralisações.
Não existe balanço nacional unificado além de 2012, feito pelo Dieese, a instituição que presta regularmente esse serviço. Em conversas com centrais sindicais, a gente pode ouvir coisas como "a coisa está ficando mais quente" e só. Quando existem, as estatísticas de greves são setoriais.
Mas pode ter fundamento a impressão de "calor" de alguns sindicalistas. O balanço das greves do Dieese mostrou que 2012 teve o maior número de greves e de horas paradas desde o longínquo 1996. O número de greves cresceu 58%; o de horas paradas, 37%. Houve mais greves no setor privado que no público.
O número de greves cai das 1.228 em 1996 (segundo ano de FHC) para 631 em 1997, vai minguando e fica em torno de 300 por ano entre 2002 e 2008, quando volta a crescer. Desde 2004, o mercado de trabalho melhorou: salários e formalização crescentes, desemprego em queda. O rendimento médio continuou a subir após 2008. Mesmo no ano pífio de 2012, a renda do trabalho cresceu 5,8%. Não é fácil associar dureza econômica e greves.
Nem toda greve se bate por reajustes, sempre a maior reivindicação (41% dos motivos), mas também por alimentação, plano de carreira, salários atrasados, condições de trabalho, assistência médica (entre 27% e 12% dos motivos).
Também é muito difícil colocar no mesmo balaio greves de trabalhadores em condições tão díspares quanto os precários que constroem usinas hidrelétricas em Rondônia, bancários e professores municipais, por exemplo. Enfim, melhorias de renda não implicam boas condições "absolutas" de vida ou trabalho.
Isto posto, reitere-se que o número de greves cresceu num período de baixa inédita da taxa de desemprego. Deu um pulo em 2012, quando o aumento real das categorias organizadas foi o mais forte desde 2008 (talvez pelo aumento do número de greves, 75% delas vitoriosas?).
O primeiro semestre de 2013 foi o de reajustes mais fracos desde 2008. 2013 é o terceiro ano de crescimento econômico fraco, inflação chata de 6% e produtividade que mal se move. Pode ser que as empresas estejam endurecendo, num ambiente em que o poder de barganha dos trabalhadores ainda seja razoável (desemprego baixo).
Desemprego baixo e PIBinho aumentam calor da discussão salarial; greves aumentam desde 2008
O COMÉRCIO ESTÁ preocupado com a greve dos bancários, o bastante para apelar que a Febraban, a federação dos bancos, chegue logo a um acordo com os grevistas. A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) enviou ontem nota oficial aos bancos.
O comércio de cidades pequenas, em especial as mais pobres, sofre com a falta de dinheiro vivo. Além disso, a CNDL ressalta que a economia está em "situação delicada".
A greve dos bancários de 2012 durou dez dias. Os trabalhadores levaram aumento de 7,5%, acima da inflação de 2011 (6,5%, pelo IPCA) e da inflação acumulada até a data-base dos bancários (5,2%).
A greve atual completa 16 dias hoje (em 2012, 79,5% das greves no Brasil duraram menos de 15 dias). Os bancos oferecem reajuste real zero.
Uma greve de bancários mais acirrada, o que quase todo mundo enxerga, e a visão frequente de conflitos de rua com a política, como os dos professores do Rio, entre outras evidências anedóticas, podem passar a impressão de que há mais paralisações.
Não existe balanço nacional unificado além de 2012, feito pelo Dieese, a instituição que presta regularmente esse serviço. Em conversas com centrais sindicais, a gente pode ouvir coisas como "a coisa está ficando mais quente" e só. Quando existem, as estatísticas de greves são setoriais.
Mas pode ter fundamento a impressão de "calor" de alguns sindicalistas. O balanço das greves do Dieese mostrou que 2012 teve o maior número de greves e de horas paradas desde o longínquo 1996. O número de greves cresceu 58%; o de horas paradas, 37%. Houve mais greves no setor privado que no público.
O número de greves cai das 1.228 em 1996 (segundo ano de FHC) para 631 em 1997, vai minguando e fica em torno de 300 por ano entre 2002 e 2008, quando volta a crescer. Desde 2004, o mercado de trabalho melhorou: salários e formalização crescentes, desemprego em queda. O rendimento médio continuou a subir após 2008. Mesmo no ano pífio de 2012, a renda do trabalho cresceu 5,8%. Não é fácil associar dureza econômica e greves.
Nem toda greve se bate por reajustes, sempre a maior reivindicação (41% dos motivos), mas também por alimentação, plano de carreira, salários atrasados, condições de trabalho, assistência médica (entre 27% e 12% dos motivos).
Também é muito difícil colocar no mesmo balaio greves de trabalhadores em condições tão díspares quanto os precários que constroem usinas hidrelétricas em Rondônia, bancários e professores municipais, por exemplo. Enfim, melhorias de renda não implicam boas condições "absolutas" de vida ou trabalho.
Isto posto, reitere-se que o número de greves cresceu num período de baixa inédita da taxa de desemprego. Deu um pulo em 2012, quando o aumento real das categorias organizadas foi o mais forte desde 2008 (talvez pelo aumento do número de greves, 75% delas vitoriosas?).
O primeiro semestre de 2013 foi o de reajustes mais fracos desde 2008. 2013 é o terceiro ano de crescimento econômico fraco, inflação chata de 6% e produtividade que mal se move. Pode ser que as empresas estejam endurecendo, num ambiente em que o poder de barganha dos trabalhadores ainda seja razoável (desemprego baixo).
Maldito imbróglio - MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE
O Estado de S.Paulo - 04/10
Un Maledetto Imbroglio é um filme italiano de 1959, baseado no romance de Carlo Emilio Gadda, em que o detetive responsável por investigar um roubo e um assassinato se vê cercado de vários suspeitos, cada um de uma região diferente da Itália. A trama do romance é menos o whodunit do que a diversidade de dialetos e pontos de vista. O emaranhado de versões que envolvem o detetive é vertiginoso, um autêntico imbróglio.
Democratas e republicanos não conseguiram chegar a um acordo sobre as diretrizes orçamentárias para o ano fiscal que acaba de se iniciar. Claramente, não falam a mesma língua, não têm os mesmos costumes e pretendem narrar os fatos de acordo com suas próprias conveniências. Portanto, não conseguem se entender na babel em que se tornou o palco político americano. O governo dos EUA se viu forçado a paralisar suas operações, a implantar o shutdown. Os jornais foram céleres em lembrar que o último shutdown foi há 17 anos, em 1996, e durou 21 dias. Contudo, isso ocorreu durante o governo Clinton, quando a economia ia bem e o sistema político do país não estava tão emaranhado, dissonante e discordante. A situação de hoje lembra mais o fim dos anos 70, quando havia graves problemas macroeconômicos e, não surpreendentemente, sérios entraves políticos. Em 1977, o shutdown durou 28 dias, tendo ocorrido em três etapas. Entre elas, houve tentativas malfadadas de tecer um acordo, um presságio do que pode ocorrer agora.
O maldito imbróglio político que pode culminar na interrupção dos pagamentos do governo se o teto da dívida pública não for elevado até o dia 17/10 foi ofuscado pelas especulações sobre o Fed. Os temores de que o banco central dos EUA pudesse iniciar a redução das compras mensais de títulos foram suficientes para gerar forte abertura nos rendimentos das Treasuries americanas, provocando grande turbulência nos mercados emergentes, sobretudo nos que enfrentam uma situação macroeconômica delicada, como o Brasil. A desvalorização do real e o súbito reconhecimento dos problemas que têm sido aventados incansavelmente pelos críticos das políticas do governo, os chamados pessimistas adversativos, forçaram um forte movimento de reprecificação dos ativos brasileiros.
Quão irônica não é, portanto, a atual situação. Confrontados com a ameaça de que os EUA tenham de declarar uma moratória por inépcia política nas próximas semanas, os investidores se deparam - embora teimem em não reconhecer a gravidade dos fatos - com a possibilidade de que o dólar volte a se enfraquecer mundialmente e os ativos americanos percam a atratividade recém-conquistada. Foi o que ocorreu em 2011, quanto houve o último imbróglio sobre o teto da dívida. Na ocasião, a turbulência dos mercados e o rebaixamento da classificação de risco americana pela agência S&P - a perda do AAA - bastaram para tirar os políticos do marasmo e forçá-los a costurar um acordo às pressas. Os mercados, hoje, parecem tomar como certo que o acordo de última hora também virá. Esquecem-se da irracionalidade política, ou melhor, de que os objetivos políticos muitas vezes passam muito longe das implicações econômicas que resultam daquilo que se percebe como uma obstinação desatinada. Lembrem-se da histórica rejeição do Congresso, em 2009, ao pacote fiscal de US$ 800 bilhões para resgatar a economia da crise. O plano só foi aprovado depois de fortíssima reação dos mercados.
Ainda que o acordo seja costurado, há vários motivos para se alarmar com a situação política dos EUA. Os Republicanos querem derrubar o Obamacare. Obama não pode aceitar que isso ocorra. No fim, o teto da dívida pode ser elevado à custa de um interminável shutdown. De um modo ou de outro, os mercados emergentes podem voltar a ser a alternativa menos inóspita. Nesse caso, o "Cristo Redentor desgovernado" da The Economist parecerá prematuro. E o governo brasileiro poderá salientar, não sem uma boa dose de razão imediatista, que tudo é culpa dos outros... Afinal, desgovernados, realmente, parecem ser os outros.
Un Maledetto Imbroglio é um filme italiano de 1959, baseado no romance de Carlo Emilio Gadda, em que o detetive responsável por investigar um roubo e um assassinato se vê cercado de vários suspeitos, cada um de uma região diferente da Itália. A trama do romance é menos o whodunit do que a diversidade de dialetos e pontos de vista. O emaranhado de versões que envolvem o detetive é vertiginoso, um autêntico imbróglio.
Democratas e republicanos não conseguiram chegar a um acordo sobre as diretrizes orçamentárias para o ano fiscal que acaba de se iniciar. Claramente, não falam a mesma língua, não têm os mesmos costumes e pretendem narrar os fatos de acordo com suas próprias conveniências. Portanto, não conseguem se entender na babel em que se tornou o palco político americano. O governo dos EUA se viu forçado a paralisar suas operações, a implantar o shutdown. Os jornais foram céleres em lembrar que o último shutdown foi há 17 anos, em 1996, e durou 21 dias. Contudo, isso ocorreu durante o governo Clinton, quando a economia ia bem e o sistema político do país não estava tão emaranhado, dissonante e discordante. A situação de hoje lembra mais o fim dos anos 70, quando havia graves problemas macroeconômicos e, não surpreendentemente, sérios entraves políticos. Em 1977, o shutdown durou 28 dias, tendo ocorrido em três etapas. Entre elas, houve tentativas malfadadas de tecer um acordo, um presságio do que pode ocorrer agora.
O maldito imbróglio político que pode culminar na interrupção dos pagamentos do governo se o teto da dívida pública não for elevado até o dia 17/10 foi ofuscado pelas especulações sobre o Fed. Os temores de que o banco central dos EUA pudesse iniciar a redução das compras mensais de títulos foram suficientes para gerar forte abertura nos rendimentos das Treasuries americanas, provocando grande turbulência nos mercados emergentes, sobretudo nos que enfrentam uma situação macroeconômica delicada, como o Brasil. A desvalorização do real e o súbito reconhecimento dos problemas que têm sido aventados incansavelmente pelos críticos das políticas do governo, os chamados pessimistas adversativos, forçaram um forte movimento de reprecificação dos ativos brasileiros.
Quão irônica não é, portanto, a atual situação. Confrontados com a ameaça de que os EUA tenham de declarar uma moratória por inépcia política nas próximas semanas, os investidores se deparam - embora teimem em não reconhecer a gravidade dos fatos - com a possibilidade de que o dólar volte a se enfraquecer mundialmente e os ativos americanos percam a atratividade recém-conquistada. Foi o que ocorreu em 2011, quanto houve o último imbróglio sobre o teto da dívida. Na ocasião, a turbulência dos mercados e o rebaixamento da classificação de risco americana pela agência S&P - a perda do AAA - bastaram para tirar os políticos do marasmo e forçá-los a costurar um acordo às pressas. Os mercados, hoje, parecem tomar como certo que o acordo de última hora também virá. Esquecem-se da irracionalidade política, ou melhor, de que os objetivos políticos muitas vezes passam muito longe das implicações econômicas que resultam daquilo que se percebe como uma obstinação desatinada. Lembrem-se da histórica rejeição do Congresso, em 2009, ao pacote fiscal de US$ 800 bilhões para resgatar a economia da crise. O plano só foi aprovado depois de fortíssima reação dos mercados.
Ainda que o acordo seja costurado, há vários motivos para se alarmar com a situação política dos EUA. Os Republicanos querem derrubar o Obamacare. Obama não pode aceitar que isso ocorra. No fim, o teto da dívida pode ser elevado à custa de um interminável shutdown. De um modo ou de outro, os mercados emergentes podem voltar a ser a alternativa menos inóspita. Nesse caso, o "Cristo Redentor desgovernado" da The Economist parecerá prematuro. E o governo brasileiro poderá salientar, não sem uma boa dose de razão imediatista, que tudo é culpa dos outros... Afinal, desgovernados, realmente, parecem ser os outros.
O ano de 2013 e a economia - LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS
FOLHA DE SP - 04/10
Restrições no Brasil são como freio de mão, que torna estímulos ao consumo em calor e inflação
Entramos no último quarto do ano de 2013 com a fotografia da economia brasileira e mundial quase que no seu desenho final. Dificilmente os próximos meses trarão grandes mudanças, embora surpresas como a derrota humilhante de Silvio Berlusconi no Congresso italiano ainda possam ocorrer.
Mesmo a batalha campal na Câmara dos Representantes do povo americano não deve trazer surpresas pela razão simples e cristalina de que, como nas outras vezes, no fim tudo vai acabar em pizza. Passada essa pequena tempestade, a economia americana deve continuar em sua trajetória de recuperação. Os dados mais recentes sobre emprego e produção industrial apontam nessa direção.
Política pode ser também uma ópera-bufa e cabe ao analista separar a espuma do conteúdo e considerar apenas os fatores que realmente comandam a dinâmica da economia. E nos Estados Unidos a retomada se dá sustentada por fatores estruturais importantes, como a inflação sob controle, uma redução vigorosa do deficit fiscal e, principalmente, uma revolução industrial gerada pela descoberta de uma nova fronteira energética.
Estimulado por esses fatores --e mais a política monetária do Fed (BC dos EUA)--, o velho espírito animal do capitalismo americano deve ressurgir, após cinco anos de crise, e criar as condições para um novo período de crescimento sustentado na maior economia do mundo.
Do outro lado do globo terrestre, a economia da China, hoje sob nova direção, mostra sinais evidentes de retomada depois de um período de incertezas gerado pela transição do poder político. Os novos líderes do país já dão mostras de ter controle absoluto das rédeas do governo e de que vão seguir o pensamento central estratégico da nova revolução chinesa: "Reformar a economia para manter o poder do Partido Comunista".
O melhor sinal disso é a decisão recente de dar continuidade ao projeto de replicar em Xangai as regras capitalistas de Hong Kong. A região em torno da maior e mais dinâmica cidade chinesa vai trabalhar, de agora em diante, com as regras da mais capitalista das cidades asiáticas que é a antiga colônia britânica e que voltou ao controle chinês na virada do século.
Certamente vamos entrar no ano novo com a segunda maior economia global em velocidade de cruzeiro, que parece ser hoje 7% ao ano.
Outro bloco relevante para a economia do mundo --a Europa Unida-- também deve entrar em 2014 com uma dinâmica de crescimento mais clara. A recessão terrível dos últimos anos deve ficar para trás, mas a dificuldade maior continuará a ser a tensão gerada pela diferença entre o crescimento dos vários países do bloco. A origem desse problema, que é estrutural, agravou-se ainda mais nos últimos anos.
Voltamos ao eterno drama europeu, em que a superior eficiência alemã na economia --que tem sua origem no comportamento particular de seus cidadãos-- acaba por gerar dificuldades em países com menor disciplina individual de seus cidadãos. Os anos recentes mostraram que, no arcabouço institucional da moeda única, esse comportamento, que já existiu antes das duas grandes guerras mundiais, ficou ainda mais deletério.
Não por outra razão é que a economia com recuperação mais forte na região é a do Reino Unido, que manteve sua moeda.
Mas para 2014 o que deve prevalecer na Europa é uma variação positiva de mais de 1% na taxa de crescimento de seu PIB agregado e, por isso, um estímulo a mais para a economia mundial.
Finalmente, na economia brasileira, os dados já conhecidos até o mês de setembro mostram uma desaceleração ampla em vários setores e a convergência para um crescimento de 2,5% ao ano.
As restrições que pesam sobre a economia --nos níveis micro e macro-- funcionam como um freio de mão puxado e que transforma a maior parte dos estímulos ao consumo, criados pelo governo, em calor e inflação. Com isso, a indústria derrapa e o consumo cresce a taxas menores do que a metade do crescimento que tivemos até 2011.
Apenas um programa de ajustes e reformas estruturais por vários anos pode reverter esse quadro. Mas isso fica para depois...
Restrições no Brasil são como freio de mão, que torna estímulos ao consumo em calor e inflação
Entramos no último quarto do ano de 2013 com a fotografia da economia brasileira e mundial quase que no seu desenho final. Dificilmente os próximos meses trarão grandes mudanças, embora surpresas como a derrota humilhante de Silvio Berlusconi no Congresso italiano ainda possam ocorrer.
Mesmo a batalha campal na Câmara dos Representantes do povo americano não deve trazer surpresas pela razão simples e cristalina de que, como nas outras vezes, no fim tudo vai acabar em pizza. Passada essa pequena tempestade, a economia americana deve continuar em sua trajetória de recuperação. Os dados mais recentes sobre emprego e produção industrial apontam nessa direção.
Política pode ser também uma ópera-bufa e cabe ao analista separar a espuma do conteúdo e considerar apenas os fatores que realmente comandam a dinâmica da economia. E nos Estados Unidos a retomada se dá sustentada por fatores estruturais importantes, como a inflação sob controle, uma redução vigorosa do deficit fiscal e, principalmente, uma revolução industrial gerada pela descoberta de uma nova fronteira energética.
Estimulado por esses fatores --e mais a política monetária do Fed (BC dos EUA)--, o velho espírito animal do capitalismo americano deve ressurgir, após cinco anos de crise, e criar as condições para um novo período de crescimento sustentado na maior economia do mundo.
Do outro lado do globo terrestre, a economia da China, hoje sob nova direção, mostra sinais evidentes de retomada depois de um período de incertezas gerado pela transição do poder político. Os novos líderes do país já dão mostras de ter controle absoluto das rédeas do governo e de que vão seguir o pensamento central estratégico da nova revolução chinesa: "Reformar a economia para manter o poder do Partido Comunista".
O melhor sinal disso é a decisão recente de dar continuidade ao projeto de replicar em Xangai as regras capitalistas de Hong Kong. A região em torno da maior e mais dinâmica cidade chinesa vai trabalhar, de agora em diante, com as regras da mais capitalista das cidades asiáticas que é a antiga colônia britânica e que voltou ao controle chinês na virada do século.
Certamente vamos entrar no ano novo com a segunda maior economia global em velocidade de cruzeiro, que parece ser hoje 7% ao ano.
Outro bloco relevante para a economia do mundo --a Europa Unida-- também deve entrar em 2014 com uma dinâmica de crescimento mais clara. A recessão terrível dos últimos anos deve ficar para trás, mas a dificuldade maior continuará a ser a tensão gerada pela diferença entre o crescimento dos vários países do bloco. A origem desse problema, que é estrutural, agravou-se ainda mais nos últimos anos.
Voltamos ao eterno drama europeu, em que a superior eficiência alemã na economia --que tem sua origem no comportamento particular de seus cidadãos-- acaba por gerar dificuldades em países com menor disciplina individual de seus cidadãos. Os anos recentes mostraram que, no arcabouço institucional da moeda única, esse comportamento, que já existiu antes das duas grandes guerras mundiais, ficou ainda mais deletério.
Não por outra razão é que a economia com recuperação mais forte na região é a do Reino Unido, que manteve sua moeda.
Mas para 2014 o que deve prevalecer na Europa é uma variação positiva de mais de 1% na taxa de crescimento de seu PIB agregado e, por isso, um estímulo a mais para a economia mundial.
Finalmente, na economia brasileira, os dados já conhecidos até o mês de setembro mostram uma desaceleração ampla em vários setores e a convergência para um crescimento de 2,5% ao ano.
As restrições que pesam sobre a economia --nos níveis micro e macro-- funcionam como um freio de mão puxado e que transforma a maior parte dos estímulos ao consumo, criados pelo governo, em calor e inflação. Com isso, a indústria derrapa e o consumo cresce a taxas menores do que a metade do crescimento que tivemos até 2011.
Apenas um programa de ajustes e reformas estruturais por vários anos pode reverter esse quadro. Mas isso fica para depois...
A nota e os fatos - MÍRIAM LEITÃO
O GLOBO - 04/10
Ninguém liga para as notas das agências, exceto os investidores. E aí é que mora o perigo. Eles tiram recursos de países que são rebaixados, e o alerta de quarta-feira foi que isso pode acontecer com o Brasil. Eles encarecem o custo de crédito para as empresas e isso pode afetar a Petrobras, já endividada. E o aviso foi que se o Brasil for rebaixado a Petrobras cairá mais.
As agências sempre escalam. A Moody´s começou na quarta mudando apenas um sinal na nota do Brasil. O país ficou com o mesmo rating, mas eles admitiram que não estavam mais otimistas. Ontem, a nota da Petrobras caiu e a perspectiva de vários bancos foi alterada de positiva para estável. Uma das razões, no caso da Petrobras, é a relação siamesa da estatal com o governo. Intervenção reduz a capacidade da empresa de geração de caixa e ela terá que gastar mais para cumprir obrigações impostas pelo governo.
Não é grave a mudança de sinal na nota de uma das agências de risco, o que preocupa é tudo o que ela arrolou como razão para a pequena alteração feita. Até no caso da Petrobras, não é o fim do mundo: foi rebaixada para Baa1, mas continua grau de investimento.
Governos costumam comemorar promoções das agências e desdenhar as quedas lembrando que elas erram demais nas suas notas e previsões. Erram mesmo. Mas suas classificações são usadas pelos grandes fundos de investimento para as suas decisões sobre onde aplicar o dinheiro.
A Moody´s, no relatório que fez, apresentou, para justificar a decisão, uma lista inegável de problemas. Um deles é o aumento da dívida bruta, que ocorreu mesmo nos últimos anos até no conceito do Banco Central - o do FMI dá um número pior.
O Banco Central adotou uma nova metodologia para a dívida bruta, em 2008, com dados retroativos até dezembro de 2006. Nesse período, o endividamento bruto do governo caiu ao menor nível em dezembro de 2010, último mês do governo Lula, quando foi a 53,35% do PIB. Mas, de lá para cá, houve um aumento gradativo da dívida, que chegou a 59,78% em novembro de 2012, e em agosto deste ano, último estava em 59,14%.
A agência disse também que o Brasil cresce pouco, 2% neste e no próximo ano. Bom, o Brasil não está sozinho nesse baixo crescimento, a questão é que há poucas razões para tão fraco desempenho.
O terceiro problema apontado pela agência é a perda da qualidade dos indicadores fiscais brasileiros e a continuação do endividamento público para alavancar as concessões de crédito através dos bancos públicos.
Tudo isso é fato e as coisas estão ligadas, de certa forma: o crescimento da dívida bruta tem sido alimentado pelos repasses aos bancos públicos. E o tamanho do problema tem sido escamoteado através da maquiagem nos indicadores das contas públicas.
No caso da Petrobras, a Moody´s citou o alto nível de endividamento da empresa, o baixo fluxo de caixa e o fato de a petrolífera ser usada pelo governo para controlar a inflação, sofrendo prejuízos com a importação e venda da gasolina e do diesel. A perspectiva continuou negativa, e quanto maior a ingerência do governo sobre a companhia, maior a chance de nova queda.
A agência tem razão. Há muito artificialismo em tudo. O saldo de crédito concedido pelas instituições financeiras públicas disparou 28% nos últimos 12 meses até agosto. No mesmo período, o saldo dos bancos privados nacionais aumentou apenas 5,3% e o dos bancos estrangeiros subiu 7,3%. Há três problemas nessa diferença de ritmo. Primeiro, os bancos públicos estão sendo empurrados para emprestar mais. Segundo, eles receberam aportes diretos do Tesouro. Terceiro, a pouca transparência sobre os custos das operações de crédito com grandes empresas. Quando elas entram em dificuldades, como acontece com o Grupo X, o contribuinte não tem o conforto da informação exata sobre quanto o governo está perdendo.
A Moody´s disse que alguns fatos que justificavam a perspectiva positiva do Brasil desapareceram. A taxa de investimento de 20,2%, em 2010, caiu para 17,6%, agora. Normalmente, países que têm a mesma nota que o Brasil têm taxas de investimento de 23,8%, em média. Na dívida bruta, os países com a mesma nota têm em média 45% do PIB e o Brasil está perto de 60%.
A agência empilhou inegáveis indicadores. Goste-se delas ou não, os números estão de fato ficando mais feios. E uma mudança de nota - que pode acontecer no futuro - pioraria a situação do Brasil, da Petrobras e de outras empresas.
Assinar:
Postagens (Atom)