domingo, novembro 30, 2008
PARA...HIHIHIHI
Eu disse a meu marido que estaria de volta à meia-noite.
'- Prometo!'- eu disse.
Mas, as horas passaram rapidamente e a champanhe estava rolando solta. Por volta das 3 da manhã, bêbada feito um gambá, eu fui para casa. Mal entrei e fechei a porta, o cuco no hall disparou e 'cantou' 3 vezes. Rapidamente, percebendo que meu marido podia acordar, eu fiz 'cu-co' mais 9 vezes. Fiquei realmente orgulhosa de mim mesma por ter uma idéia tão brilhante e rápida (mesmo de porre) para evitar um possível conflito com ele.
Na manhã seguinte, meu marido perguntou a que horas eu tinha chegado e eu disse a ele meia-noite.
Ele não pareceu nem um pouquinho desconfiado.Ufa! Daquela eu tinha escapado!
Então, meu marido me disse: '- Nós precisamos comprar um novo cuco.'
Quando eu perguntei porque, ele respondeu:
'- Bom, de madrugada nosso relógio fez 'cu-co' 3 vezes, depois não sei porque soltou um
'c a r a a a a a l h o o o o !'
Fez 'cu-co' mais 4 vezes, pigarreou. Fez mais 3 vezes, riu, e fez mais 2 vezes.
Daí, tropeçou no gato, derrubou a mesinha da sala, peidou, deitou e dormiu...
ANCELMO DE GOIS
Ponto para Lula
O Globo - 30/11/2008 |
Quarta, numa recepção no Rio para o presidente russo, Dmitri Medvedev, Sérgio Cabral explicava ao visitante que o governo Lula tem quase 80% de apoio da população. Em tempo... De mãos dadas |
ILIMAR FRANCO
Em pé de guerra
Panorama Político |
O Globo - 30/11/2008 |
Pressionado pela bancada ruralista, o governo adiou a assinatura de uma portaria revendo os índices de produtividade que balizam a desapropriação de terras para reforma agrária. Os índices são os mesmos há 20 anos. Esse é um compromisso de campanha do presidente Lula. Também foi cancelada a reunião do Conselho Nacional de Política Agrícola, amanhã, para discutir o assunto. Ruralistas não aceitam negociar Na defesa |
ÉLIO GASPARI
Papai Ali Babá
O Globo - 30/11/2008 |
Está na pauta de votações da Câmara dos Deputados um projeto de emenda constitucional (130-B) que altera o rito processual do julgamento dos parlamentares acusados de malfeitorias. Hoje eles são denunciados ao Supremo Tribunal Federal. Uma vez aceita a denúncia, o STF os julga, sem direito a recurso. |
JOÃO UBALDO RIBEIRO
VELHOTES MUNICIPAIS
O GLOBO 30.11.08
Como se sabe, ter uma bela qualidade de vida na velhice depende fundamentalmente de se ter uma péssima qualidade de vida na juventude e na maturidade. Nenhum relacionamento com comida, por exemplo, pode ser prazeroso e livre, mas fiscalizado com desconfiança.
Claro, com o tempo o sujeito é até sincero, quando descreve como delicioso um milk-shake de leite de soja, castanha-do-pará e capins de diversas espécies, sem gelo ou adoçantes e nada “químico” (palavra cujo emprego nunca entendi direito, pois tudo o que existe é, de certa forma, químico). A gente se acostuma a qualquer coisa e não se deve dizer “esse milk-shake eu jamais tomarei”. O mesmo com exercícios físicos e mentais. Aqueles são antinaturais e estes requerem que se goste de fazer palavras cruzadas ou resolver problemas matemáticos, atividades que, se eu dependesse delas para viver, já estaria na cova faz muito. E por aí vamos, a vida da pessoa com qualidade de vida não é moleza, depende de muito esforço, não é assim para qualquer um, como eu.
Agora mesmo, me chegam pela internet diversos e-mails denunciando virulentamente o leite. Se vocês pensam que o ovo, em passado recente, era o pior vilão imaginável, com sua carga fatal de colesterol, não sabem nada do leite agora. O leite e seus derivados, ou qualquer alimento que os contenha.
Ou seja, esquecer iogurte, queijo, biscoito, bolo, sorvete e não sei mais quantas comidas que levam queijo. Nem um parmesãozinho ralado em cima do macarrão, perigo, perigo. (Por sinal, não se esqueça de checar se o macarrão tem glúten.) Diz aqui que uma paciente de câncer praticamente terminal teve a idéia de abolir o leite e seus nefários derivados de sua dieta e, em pouquíssimo tempo, a doença regrediu sem deixar rastro.
Daí para asseverarem que brigadeiro dá câncer e leite condensado pode matar subitamente, se ingerido em doses elevadas, como as obtidas mamando na lata, é um pequeno passo.
Tudo isso não causaria preocupação em quem pretende continuar a consumir bolos e sorvetes, se não fosse pelo hábito que nossos governantes têm, de meter o bedelho em tudo o que o cidadão faz. Aqui, nem uma boa deserdada num herdeiro detestável o sujeito pode dar, porque há uma parte que forçosamente irá para esse herdeiro.
Há uns poucos anos, um deputado federal teve seus quinze minutos de fama, ao apresentar um projeto proibindo os donos de animais domésticos de pôr nome de gente nos ditos animais. Não duvido nada que haja um ou mais projetos, dormindo na gaveta de alguma comissão, com o objetivo de traçar diretivas para os atos sexuais, com multas para maridos que não levem a mulher ao orgasmo pelo menos uma vez em cada três (a popular uma-em-três) ou mulheres que não cedam a determinados caprichos do cônjuge, outros especificando as normas a que estão submetidos todos os que usarem um banheiro, outros proibindo beber, mesmo em casa, em dias úteis, e assim por diante.
Destarte, na qualidade de residente, contribuinte e eleitor da inigualável cidade do Rio de Janeiro e, ai de mim, na condição oficial de ancião (se bem que eu prefira logo ancião a me classificarem como “na melhor idade”, caso que já é para reagir à bala, aqui pra sua melhor idade), encaro com sentimentos ambivalentes a criação da Secretaria Municipal de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida.
Para os mais distraídos, informo, é isso mesmo que vocês leram, agora vamos ter toda uma secretaria dedicada ao crescente número de coroas que persistem em continuar vivos sem nenhum motivo realmente defensável. Somos, pois, com a óbvia exceção da encantadora leitora, coroas municipais.
À primeira vista, isso pode parecer bom para a categoria, mas estamos no Brasil, onde o Estado não existe para servir ao cidadão, mas o contrário. As atividades básicas dessa Secretaria terminarão por ser uma aporrinhação a mais em nosso juízo. Sou capaz de apostar que o primeiro ato cogitado será o cadastramento de todos os coroas da cidade, mediante o simples preenchimento de um formulário com 115 perguntas, o que pode ser feito em minutos pela internet. Quem não se cadastrar e receber a nova Carteira de Ancião perderá o direito a usufruir de qualquer benefício ou equipamento municipal. Sentou em banco de praça, o fiscal passa, não tem carteira, multa no véio — como parte de um processo educativo gradual. Entrou na fila dos idosos sem a carteira, mais multa. Enfim, todos os idosos vão querer suas carteiras e as incontáveis vantagens que ela certamente oferecerá.
E haverá as áreas onde eles serão protegidos. Por exemplo, podese proibir bares e restaurantes de servir bebidas alcoólicas aos clientes que não provarem ter menos de 70 anos, porque, depois dessa idade, o álcool faz cada vez mais mal ao organismo e, se o velho não sabe proteger-se, protegê-loaacute; a prefeitura.
A mesma coisa com cigarro.
Multa também para coroa que não ande no calçadão ou não freqüente academia ou não tenha personal trainer. Multa para coroa que fume em público. Multa em restaurante que servir a coroas pratos com teor de gordura acima do permitido por postura municipal e não incluírem. Acho que os colegas que me lêem, corôos e coroas do nosso amado Rio de Janeiro, tenderão a concordar comigo que é menos arriscado ficar sem essa secretaria mesmo. No mínimo são menos formulários para preencher.
Bem, não vamos ser pessimistas, pode ser que a nova secretaria traga benefícios inesperados para nossa sofrida categoria. Mas, por via das dúvidas, creio que falo por todos, quando digo que queremos nossa parte em dinheiro. Não é por nada, não, é porque já não estamos mais em idade de acreditar em lerolero. E porque, de qualquer forma, é dinheiro nosso mesmo.
Claro, com o tempo o sujeito é até sincero, quando descreve como delicioso um milk-shake de leite de soja, castanha-do-pará e capins de diversas espécies, sem gelo ou adoçantes e nada “químico” (palavra cujo emprego nunca entendi direito, pois tudo o que existe é, de certa forma, químico). A gente se acostuma a qualquer coisa e não se deve dizer “esse milk-shake eu jamais tomarei”. O mesmo com exercícios físicos e mentais. Aqueles são antinaturais e estes requerem que se goste de fazer palavras cruzadas ou resolver problemas matemáticos, atividades que, se eu dependesse delas para viver, já estaria na cova faz muito. E por aí vamos, a vida da pessoa com qualidade de vida não é moleza, depende de muito esforço, não é assim para qualquer um, como eu.
Agora mesmo, me chegam pela internet diversos e-mails denunciando virulentamente o leite. Se vocês pensam que o ovo, em passado recente, era o pior vilão imaginável, com sua carga fatal de colesterol, não sabem nada do leite agora. O leite e seus derivados, ou qualquer alimento que os contenha.
Ou seja, esquecer iogurte, queijo, biscoito, bolo, sorvete e não sei mais quantas comidas que levam queijo. Nem um parmesãozinho ralado em cima do macarrão, perigo, perigo. (Por sinal, não se esqueça de checar se o macarrão tem glúten.) Diz aqui que uma paciente de câncer praticamente terminal teve a idéia de abolir o leite e seus nefários derivados de sua dieta e, em pouquíssimo tempo, a doença regrediu sem deixar rastro.
Daí para asseverarem que brigadeiro dá câncer e leite condensado pode matar subitamente, se ingerido em doses elevadas, como as obtidas mamando na lata, é um pequeno passo.
Tudo isso não causaria preocupação em quem pretende continuar a consumir bolos e sorvetes, se não fosse pelo hábito que nossos governantes têm, de meter o bedelho em tudo o que o cidadão faz. Aqui, nem uma boa deserdada num herdeiro detestável o sujeito pode dar, porque há uma parte que forçosamente irá para esse herdeiro.
Há uns poucos anos, um deputado federal teve seus quinze minutos de fama, ao apresentar um projeto proibindo os donos de animais domésticos de pôr nome de gente nos ditos animais. Não duvido nada que haja um ou mais projetos, dormindo na gaveta de alguma comissão, com o objetivo de traçar diretivas para os atos sexuais, com multas para maridos que não levem a mulher ao orgasmo pelo menos uma vez em cada três (a popular uma-em-três) ou mulheres que não cedam a determinados caprichos do cônjuge, outros especificando as normas a que estão submetidos todos os que usarem um banheiro, outros proibindo beber, mesmo em casa, em dias úteis, e assim por diante.
Destarte, na qualidade de residente, contribuinte e eleitor da inigualável cidade do Rio de Janeiro e, ai de mim, na condição oficial de ancião (se bem que eu prefira logo ancião a me classificarem como “na melhor idade”, caso que já é para reagir à bala, aqui pra sua melhor idade), encaro com sentimentos ambivalentes a criação da Secretaria Municipal de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida.
Para os mais distraídos, informo, é isso mesmo que vocês leram, agora vamos ter toda uma secretaria dedicada ao crescente número de coroas que persistem em continuar vivos sem nenhum motivo realmente defensável. Somos, pois, com a óbvia exceção da encantadora leitora, coroas municipais.
À primeira vista, isso pode parecer bom para a categoria, mas estamos no Brasil, onde o Estado não existe para servir ao cidadão, mas o contrário. As atividades básicas dessa Secretaria terminarão por ser uma aporrinhação a mais em nosso juízo. Sou capaz de apostar que o primeiro ato cogitado será o cadastramento de todos os coroas da cidade, mediante o simples preenchimento de um formulário com 115 perguntas, o que pode ser feito em minutos pela internet. Quem não se cadastrar e receber a nova Carteira de Ancião perderá o direito a usufruir de qualquer benefício ou equipamento municipal. Sentou em banco de praça, o fiscal passa, não tem carteira, multa no véio — como parte de um processo educativo gradual. Entrou na fila dos idosos sem a carteira, mais multa. Enfim, todos os idosos vão querer suas carteiras e as incontáveis vantagens que ela certamente oferecerá.
E haverá as áreas onde eles serão protegidos. Por exemplo, podese proibir bares e restaurantes de servir bebidas alcoólicas aos clientes que não provarem ter menos de 70 anos, porque, depois dessa idade, o álcool faz cada vez mais mal ao organismo e, se o velho não sabe proteger-se, protegê-loaacute; a prefeitura.
A mesma coisa com cigarro.
Multa também para coroa que não ande no calçadão ou não freqüente academia ou não tenha personal trainer. Multa para coroa que fume em público. Multa em restaurante que servir a coroas pratos com teor de gordura acima do permitido por postura municipal e não incluírem. Acho que os colegas que me lêem, corôos e coroas do nosso amado Rio de Janeiro, tenderão a concordar comigo que é menos arriscado ficar sem essa secretaria mesmo. No mínimo são menos formulários para preencher.
Bem, não vamos ser pessimistas, pode ser que a nova secretaria traga benefícios inesperados para nossa sofrida categoria. Mas, por via das dúvidas, creio que falo por todos, quando digo que queremos nossa parte em dinheiro. Não é por nada, não, é porque já não estamos mais em idade de acreditar em lerolero. E porque, de qualquer forma, é dinheiro nosso mesmo.
AUGUSTO NUNES
Sete Dias
A confusão continua – Depois de Cunha Lima, a Justiça terá de cuidar dos casos de Maranhão
Paulo Pereira da Silva, ou Paulinho da Força, recebeu na tarde de quarta-feira uma notícia ruim e outra, boa. O deputado federal do PDT foi o destinatário da ruim: na reunião da Comissão de Ética da Câmara, o colega Paulo Piau (PMDB-MG), relator do caso que vincula o parlamentar paulista a pilantragens no BNDES, propusera à Comissão de Ética da Câmara a cassação do seu mandato. Paulo Pereira da Silva repetiu que é inocente e fechou a cara.
A boa notícia contemplou o presidente da Força Sindical: estava confirmado o jantar na Granja do Torto que incluía seu nome na curta lista de convidados. Paulinho da Força contou aos parceiros ao lado que passaria algumas horas com Lula naquela noite e abriu um sorriso.
Lula nunca foi de abandonar um companheiro no caminho, garantiram desde sempre velhos companheiros. Depois da vitória em 2002, o presidente tem insistido em mostrar que também não abandona delinqüentes aliados a caminho da cadeia. Seja qual for o pecado, bandidos de estimação são liminarmente absolvidos pelo Grande Pastor.
É provável que, quando decide juntar em torno da mesa mais de 15 bocas, Lula faça à mulher a pergunta formulada freqüentemente pela gente comum. "Adivinhe quem vem para jantar?" A primeira-dama Marisa jamais errará se repetir a mesma resposta: "Pelo menos uns três ou quatro vigaristas".
Lula ficou três horas em companhia de Paulinho da Força e outros donatários das capitanias sindicais. Foi esse o tempo que gastou, no mesmo dia, para sobrevoar a bordo do helicóptero parte da área de Santa Catarina devastada por inundações. "A maior tragédia destes seis anos de governo" mereceu tanta atenção quanto a companheirada.
Paulinho acordou feliz com o jantar. Ficou ainda mais contente ao saber que a Comissão de Ética adiou a votação do parecer de Paulo Piau. E embarcou na euforia com a grande notícia da noite: o governador paraibano Cássio Cunha Lima foi autorizado pelo Superior Tribunal Eleitoral a ficar no cargo de que fora afastado pelo próprio TSE.
Se o país fizesse sentido, todas as ruas e praças de todas as cidades seriam ocupadas por milhões de brasileiros à caça de explicações para dois enigmas. Como pode um tribunal emitir uma ordem de despejo e, cinco dias depois, proibir que seja cumprida? E o que vai pela cabeça do ministro Ricardo Lewandowski, que no dia 20 votou pela cassação do governador no TSE, negou no dia 26 o recurso encaminhado ao STF pelo PSDB e, no dia seguinte, de volta ao TSE, articulou a vitória do tucano da Paraíba por 5 votos a 2? O Brasil já não se espanta com nada.
Quando acionou aquela fábrica de cheques ilegais, Cunha Lima deveria ter assinado uma ficha de inscrição em qualquer partido da aliança governista. Se fizesse isso, teria hoje o presidente como testemunha de defesa. Talvez tenha confiado demais na clemência das instâncias superiores do Judiciário.
Os doutores dubitativos precisam liqüidar o assunto o quanto antes. Logo estarão lidando com o sucessor José Maranhão, senador pelo PMDB. Ele luta por Lula. E luta para escapar de oito processos na Justiça Eleitoral.
Engaiolado por impiedosos espancamentos do Código Penal, o notório Jerominho quase perdeu o mandato na Câmara Municipal por excesso de faltas. Salvou-o a colega Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson e mãe da idéia, apadrinhada pela mesa diretora, de retocar o regimento interno com uma esperteza: "Será compulsoriamente licenciado o vereador que permanecer preso por prazo superior a 31 dias". Eduardo Paes nomeou-a no mesmo dia secretária de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida. Vão acabar redigindo em parceria uma Lei do Vereador Sexagenário. Nenhum escravo do povo será preso depois de completar a dezena dos 50. Liberdade para os escravos do povo
CARLOS EDUARDO NOVAES
O conto da mala
Aconteceu ontem à noite na concentração do Botafogo. Os jogadores estavam reunidos no refeitório, quando um deles percebeu a presença de uma mala solitária encostada em um canto de parede.
– Engraçado. Não tinha reparado naquela mala...
– Onde?
– Ali! – apontou o atacante.
Era uma mala branca, encardida, de tamanho médio e não parecia cheia.
– Alguém trouxe uma mala para a concentração? – berrou um zagueiro.
Ninguém se apresentou. Os jogadores, no entanto, cercaram a mala, curiosos.
– Vamos abrir? – sugeriu um lateral.
– É melhor não! – ponderou um goleiro. – Ninguém sabe que mala é essa. De repente está cheia de explosivos. A gente abre e ela explode. Já vi isso no cinema.
– Você quer dizer que pode ser um atentado terrorista?
– Tem muito torcedor insatisfeito com nossas atuações.
– Quem sabe não é a mala do Bebeto de Freitas? Ele está deixando a presidência do clube. Deve ter limpado as gavetas.
Os jogadores circundavam a mala, intrigados, sem coragem de tocá-la.
– Não será a mala do Renato?
– Minha não! – respondeu o zagueiro Renato Silva, se afastando.
– Estou falando do Renato, técnico do Vasco. Você não lê jornal? Não viu ele declarar que deveriam mandar uma mala para os adversários dos times que estão na zona de rebaixamento junto com o Vasco? O Figueirense é um deles...
– Não entendi. Uma mala vai fazer a gente jogar mais?
– Não é a mala, pô! É o que tem dentro da mala!
– O que tem dentro da mala? – perguntou um mais ingênuo. – Chuteiras?
– Dinheiro, cara! Grana! Money! É um incentivo extra para não ficarmos zanzando pelo campo como almas penadas, como fizemos nos últimos jogos.
– Preferia receber esse incentivo para perder o jogo! É mais fácil para nós.
– Abre logo essa mala! – esbravejou o lateral impaciente, pensando nas dívidas acumuladas pelos salários atrasados.
– Acho melhor não abrir. Isso vai dar rolo. Já imaginou se a imprensa fica sabendo? Depois vem a polícia, vai tirar nossas impressões digitais. Eu não encosto o dedo nessa mala!!
– Deixe de ser cagão!
– Também sou a favor de devolver!
– Devolver para quem? Nada garante que é a do Renato! A mala não tem etiqueta!
– A gente só vai saber se abrir! – voltou o lateral irritado. – Abre logo essa p...dessa mala!
– Vamos abrir então. Talvez tenha uma mensagem, um bilhete dentro...
O atacante deitou a mala no chão, ajoelhou-se, abriu-a e viu um monte de notas de 50 pratas espalhadas. Os jogadores avançaram com uma disposição que não mostram em campo, mas foram contidos por um volante mais sensato.
– Um momentinho – disse ele. – Vamos pegar essa grana...mas e depois? Se não conseguirmos vencer o jogo?
– Aí vamos ter que devolver tudo!
– Então acho melhor nem mexer na mala. Fecha e deixa ela aí!
DOMINGO NOS JORNAIS
- Globo: Vizinhos ameaçam o Brasil com calote de US$ 5 bilhões
- Folha: Mundo terá o pior trimestre desde 80, prevêem bancos
- Estadão: Governo libera gastos das estatais para ativar economia
- JB: Fantasma do desemprego
- Correio: Décimo terceiro - O que fazer com o dinheiro extra
- Valor: Linhas do BC funcionam e exportador quer mais
- Gazeta Mercantil: Fundos sustentáveis excluem Petrobras