terça-feira, agosto 30, 2011

ALON FEUERWERKER - Sinal dos tempos



Sinal dos tempos
ALON FEUERWERKER
CORREIO BRAZILIENSE - 30/08/11



Pelo menos num detalhe o governo parece admitir suas limitações. Nos bons tempos, esses R$ 10 bilhões teriam ido para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Agora vão para os juros
Não faz uma semana o governo batia bumbo sobre o superavit primário de julho, recorde. E sobre o acumulado nos primeiros sete meses do ano. Por ter poupado quatro em cada cinco reais que se dispusera a reservar em 2011 para o pagamento de juros.
Tudo estava bem.
Agora as autoridades econômicas anunciam uma meta adicional de R$ 10 bilhões no esforço fiscal. Não somos governados pelo Tea Party, mas a ideia é similar: em vez de o governo gastar mais, vai conter a própria despesa e, assim, a demanda por recursos privados para alimentar a máquina pública.
O keynesianismo já era.
Com a medida, o governo revela ter concluído que cada real mandado de volta aos investidores gera mais crescimento e emprego do que se for investido ou gasto pelo próprio governo.
Houvesse no Brasil uma oposição de esquerda, ressurgiriam as críticas ao neoliberalismo.
Alguém recordaria os argumentos do Palácio do Planalto quando impôs dar ao salário mínimo e às aposentadorias no começo do ano só a inflação, e olha lá. Dizia que faltava dinheiro para mais. Que aumentos reais iriam quebrar o Brasil.
E foi ecoado pela turma sempre disposta a gritar que o país vai à breca se mais dinheiro for dado para os pobres.
Na época levantei duas hipóteses.
1) O governo enlouquecera ao contratar para o começo de 2012 um senhor aumento real do mínimo e das aposentadorias. Ou 2) o governo tinha como dar mais agora mas preferiu beneficiar os credores em vez de melhorar imediatamente a vida dos mais necessitados.
Deu a alternativa 2, devido ao belo desempenho na arrecadação. Fenômeno que o governo já previa, e por isso aceitou o compromisso com um gordo aumento real em 2012.
Foi uma cruel conta de chegada, pois quem vive do mínimo ou de aposentadoria ficou condenado a atravessar sem proteção o ano inflacionário de 2011. Matematicamente, a área embaixo da curva recebeu uma lipoaspiração e tanto.
Mas o governo não enfrentará dificuldades políticas em decorrência disso.
Espertamente antecipou-se e correu a oferecer o excesso de arrecadação aos banqueiros e a quem tem dinheiro em banco. Nem deu tempo de a turma pendurada no orçamento, no custeio ou nos investimentos, pensar em dar uma mordida no pedaço do filé que sobrou para fora do sanduíche.
E a opinião pública aplaudirá, pois austeridade nos olhos dos outros é um colírio.
Vamos ver o que faz agora o Banco Central. Este mesmo BC perdeu em 2008 a espetacular oportunidade de trazer os juros brasileiros a patamar civilizado, quando a demanda caiu a zero na eclosão da crise.
Foi o corolário perverso da ficção da marolinha. Já que a onda chegaria aqui como marola, o BC teve legitimidade para, num ambiente econômico sem demanda, manter nossos juros reais na liderança do ranking mundial.
Será bom se o movimento fiscal anunciado ontem resultar em atitude diferente agora no Comitê de Política Monetária. Ainda que o cenário da demanda seja bem distinto. Há um desaquecimento, mas nada que se compare ao mergulho de 2008 na piscina vazia.
Do episódio, por enquanto, fica a lição de que bons números trazidos pelo governo devem merecer saudável desconfiança. O superavit primário da semana passada tinha diversos problemas.
Havia um baita pagamento de imposto da Vale, pontual. O resultado brilhante fora conseguido à custa do aumento do imposto, e não de conter gasto. E o custeio permanecia intocado, enquanto o investimento tinha ido para o beleléu.
Veremos se haverá competência e " como se dizia " vontade política agora para mexer no vespeiro.
Pelo menos num detalhe o Palácio do Planalto parece admitir suas limitações. Nos bons tempos esses R$ 10 bilhões teriam ido para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Agora vão para os juros. Não deixa de ser mesmo um sinal dos tempos. 

TUTTY VASQUES - O país do UFC


O país do UFC
TUTTY VASQUES
O ESTADÃO - 30/08/11

Na semana em que o time de Mano Menezes caiu para sexto lugar no ranking da Fifa, o UFC Rio consagrou a paixão do torcedor da seleção por outra modalidade de esporte: "O Brasil é o país do Ultimate Fighther", descobriu Dana White, o americano que reinventou o "vale-tudo" no mix de lutas marciais MMA.
Se os grandes mitos mundiais dessa pancadaria saem de nossas comunidades carentes e, logo na primeira chance de aplaudi-los de perto, 14 mil torcedores - muitos vindos de outros Estados - pagaram caro para incendiar o HSBC Arena, é natural que o dono do negócio já tenha planos para, logo, logo, transformar o octógono em palco para multidões em São Paulo, BH, Manaus, Porto Alegre...
Eu sinto muito! Nada contra os socos, chutes, joelhadas e rasteiras de praxe, mas quando o sujeito que está por cima começa a esmurrar a cara ensanguentada e a orelha amarrotada do adversário recém-desabado no tatame, minha vontade - juro! - é de chamar a polícia: "Tem um animal matando outro aqui na minha TV!"
Tudo bem, a graça está na sova - eu sei! -, mas será que não daria ao menos para interromper a luta quando ela vira briga de rua? Tudo, até violência, tem limite, caramba!

EsquisitãoAssustados com o tanto que ele gritava assistindo às lutas do UFC Rio na TV, vizinhos de João Gilberto chamaram a polícia na madrugada de domingo. O cantor é um desses fãs improváveis do MMA. Vira outra pessoa quando o Minotauro pisa no octógono!

Ex-gordoPara acabar de vez com as suspeitas sobre o tanto que andou ganhando no governo, o ex-ministro Antonio Palocci perdeu 10 quilos depois que deixou Brasília. Essas coisas a oposição não vê - ô, raça!

Mal comparandoO Japão troca mais de primeiro-ministro - está indo para o sexto em 5 anos - do que Campinas de prefeito e o Atlético Paranaense de técnico.

Garçonnière Imaginar que a alta rotatividade de homens públicos no quarto de hotel de José Dirceu é indício de conspiração, francamente, a Veja não vê maldade em nada, né não? Tolinha!

Foi mal!Depois de surpreender a si próprio com o 7.º lugar no grid do GP da Bélgica, Bruno Senna fez de tudo para acabar a corrida atrás do Rubinho: errou na largada, provocou acidente, pagou punição nos boxes, mas não deu! Acabou em 13.º, três posições à frente de seu compatriota mais experiente.

Mais o que fazerSe você não faz a mínima ideia do que tratam a emenda 29 e a PEC 300, sorte sua! Só se fala dessas chatices no Congresso!

De malNão convidem os novelistas Aguinaldo Silva e Walcyr Carrasco para a mesma mesa. É o que se comenta no Projac, mas, pensando bem, por que alguém haveria de fazê-lo?

FuracãozinhoNova York viu Irene dando risadas! 

CAROLINA BAHIA - Confiança e economia


Confiança e economia
CAROLINA BAHIA
ZERO HORA - 30/08/11

Odesafio da equipe econômica é convencer o mercado de que o controle de despesas é para valer. Só a certeza de um ajuste fiscal eficiente pode levar o Banco Central a reduzir os juros de maneira segura. Até agora, não houve indicativo real de austeridade. A máquina pública ainda parece inchada e ineficiente. Quando foi anunciado o corte de R$ 50 bilhões no orçamento, o próprio governo teve dificuldades de explicar quais setores seriam sacrificados. Na prática, as liberações de emendas é que foram congeladas, agravando o descontentamento dos partidos aliados. Esse é o dilema de Dilma. Como controlar a política econômica, com a devida austeridade, sem o apoio da área política? Como fechar as torneiras às vésperas das eleições municipais? O remédio é amargo, mas é questão de sobrevivência. Se Dilma ostenta bons índices de avaliação popular, agradeça ao consumo aquecido e aos bons níveis de geração de emprego.

Recomeço
Munido de documentos, mapas e planilhas, o superintendente do Dnit no Estado, Vladimir Casa (foto), desembarca hoje em Brasília para o encontro com a bancada gaúcha e uma reunião no Ministério dos Transportes. Casa foi convocado pelo ministro Paulo Passos, que deseja se atualizar sobre o andamento das principais obras em rodovias gaúchas. O destino da nova ponte do Guaíba e a duplicação da BR-392 estão na pauta.

Granada
Ao falar na necessidade da criação de uma fonte para financiar a Emenda 29 " mais recursos para a saúde ", Dilma Rousseff jogou o problema no colo do Congresso. Quem está disposto a subir na tribuna e defender a volta da CPMF?

JOGO RÁPIDO
- E o metrô de Porto Alegre? No Ministério das Cidades, informação é de que a divulgação dos municípios contemplados ficou para o final de setembro. Mas Dilma pode acelerar o processo.
- Novo secretário executivo do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz é um técnico, ex-diretor do Banco do Brasil. Ele foi deslocado da Secretaria de Política Agrícola, que deverá ser ocupada por Edilson Guimarães.

ILIMAR FRANCO - Endurecer o jogo


Endurecer o jogo
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 30/08/11

O governo tentará impedir, a partir de agora, que seus ministros sejam chamados a prestar esclarecimentos no Congresso. Ontem, na reunião do Conselho Político, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), pediu apoio aos demais líderes para rejeitar novos convites. Argumentou que era desgastante ter dois ou três ministros por semana na Câmara. E que manter esse ritmo é dar um palanque para a oposição.

Royalties: o ovo de Colombo

Foi encontrada a fórmula pela qual os estados produtores de petróleo e a União não perdem receita e, ao mesmo tempo, permite que
os estados não produtores passem a receber desde já a renda do petróleo. O decreto 2.705, de 1998, que trata do pagamento das
participações governamentais, tem como referência o preço do barril de petróleo da época: US$ 12. Hoje o preço do barril está em US$
115. A conta seria paga pela Petrobras e outras empresas que exploram petróleo no Brasil. A vantagem da proposta, debatida ontem
no Palácio das Laranjeiras, é que para resolver o problema basta um novo decreto presidencial.

"Crise se combate com crescimento e fortalecimento do mercado interno” — presidente Dilma Rousseff, na reunião do Conselho Político

SEGURANÇA. A permanência de tropas do Exército no Complexo do Alemão vai ser prorrogada até junho do ano que vem. O acordo com o governo do Rio estabelecia que os militares atuariam no processo de pacificação no Alemão até o final de outubro deste ano. A prorrogação da presença das tropas foi definida ontem pelo ministro Celso Amorim (Defesa), atendendo a um pedido do governador Sérgio Cabral (foto). 

Alternativa
Para viabilizar a Emenda 29, sem pressionar os gastos dos estados, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), sugeriu ontem
que fosse votada a nova lei dos royalties do petróleo, que vai reforçar o caixa dos estados.

Alinhado
O líder do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), deu apoio à não votação da Emenda 29. Ao relatar conversa com Geraldo Alckmin (PSDB-SP), disse que os governadores não querem a votação porque ela aumenta as despesas estaduais.

Saia justa
A presidente Dilma escalou o vice Michel Temer para encerrar a reunião em que pediu ao Conselho Político para não votar a regulamentação da emenda 29. O líder do PMDB, Henrique Alves (RN), favorável à aprovação da matéria, ficou em silêncio. Mas, logo depois de deixar o Planalto, procurou o ministro Alexandre Padilha (Saúde) para debater alternativas. Acontece que o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), assumiu compromisso público de votá-la em 28 de setembro.

CPMF
O líder do PT, senador Humberto Costa (PE), e o senador Benedito de Lira (PP-AL) defenderam, no Conselho Político, a recriação
da CPMF. O líder do PRB, Vitor Paulo (RJ), argumentou que não há clima para criar novo imposto.

Na contramão
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que tem como bandeira a educação, incentivou ontem, na tribuna do Senado, os professores
em greve a colocarem a seguinte faixa nas obras da Copa: “Esta obra é uma corrupção nas prioridades”. 

 SOLIDARIEDADE. Convidada pela UNE, Camila Vallejo, presidente da Federação dos Estudantes Universitários do Chile, participa, na quarta-feira, de reunião na Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
 ROBESPIERRE. O líder do PSB, senador Antonio Carlos Valadares (SE), defendeu, no Conselho Político, que o Brasil siga o exemplo da França e tribute as grandes fortunas.
● O DEPUTADO Danilo Forte (PMDB-CE) diz que não pediu à direção nacional do PMDB que intervenha no partido em Fortaleza.

CARLOS HEITOR CONY - Pra frente, Brasil

Pra frente, Brasil
CARLOS HEITOR CONY 
FOLHA DE SP - 30/08/11

RIO DE JANEIRO - Semana passada, contei neste canto que fui abordado por um sujeito na calçada da Academia Brasileira de Letras que me perguntou por que eu não fazia nada contra a corrupção reinante. Ele me olhou escandalizado e deduzi que, na opinião dele, o Brasil não ia pra frente por causa de tipos como eu.
O episódio teve um antecedente que considero histórico. Coisa de 10, 15 anos, estava num elevador lotadíssimo. Fazia calor e acredito que todos estávamos de péssimo humor, pois o carro ia parando em todos os andares e cada vez entrava mais gente.
Num deles, um sujeito magro, vagamente parecido com o Ferreira Gullar, só que mais penteado, apertou o botão e olhou para dentro. Viu que não cabia nem mesmo uma pessoa magra como o poeta, mas não tirou a mão do botão, continuou prendendo a porta.
Olhou, olhou, avaliou, fez que ia entrar, mas hesitou, por duas vezes quase chegou a entrar, mas o bom-senso o fez recuar.
Em silêncio e má vontade, todos esperamos que ele, afinal, se decidisse. Finalmente, desistiu e tirou a mão do botão que prendia o carro. Perdemos na operação cerca de meio minuto.
Fechada a porta, a parcela da humanidade ali reunida pelo acaso teve um suspiro de alívio, mas logo uma voz lá de trás se fez ouvir: "É por causa de caras assim que o Brasil não vai pra frente!"
Nunca, em tempo algum, o silêncio foi tão consensual. Embora estranhos entre si, sem nunca nos termos visto antes ou depois, todos concordamos com aquela constatação unânime.
Pouquíssimas vezes nos fastos humanos uma verdade foi tão verdadeira. Ampliada ao seu limite, seria o fim de todas as desavenças humanas, não haveria guerras, crimes, todos seríamos irmãos, o reino de Deus, afinal, instalado na terra e no elevador

VLADIMIR SAFATLE - Modelo novo

 Modelo novo
VLADIMIR SAFATLE
FOLHA DE SP - 30/08/11 

Para o bem e para o mal, o Chile sempre foi visto como modelo para a América Latina. No início dos anos 60, o país procurou implementar o mais ousado projeto de socialismo democrático que o continente conheceu.
Todos estavam atentos à situação chilena na esperança de que se abrisse lá outra via de mudanças sociais que preservasse conquistas da democracia parlamentar. Nos anos 80, o Chile foi o laboratório para as políticas neoliberais que, nos anos 90, assolaram Argentina, Brasil, Venezuela, Equador e outros países.
Graças aos "Chicago boys", economistas formados pelo receituário neoliberal de Milton Friedman, a ditadura de Pinochet pôs em marcha um processo de retomada econômica com desigualdade e fratura social. Depois dos primeiros anos de recessão profunda, o regime militar procurava recompor a economia chilena às custas, entre outros fatores, da privatização da educação, da saúde e da previdência.
Nada disso foi questionado nos 20 anos de outro modelo que o Chile procurou exportar para o continente, a "estabilidade política" através da Concertação, aliança centrista capitaneada pelo Partido Socialista e pela Democracia Cristã.
Não foram poucos os que sonharam com algo parecido no Brasil por meio da deposição de armas entre PT e PSDB.
Mas, nesse período, enquanto o país crescia, a população continuava a endividar-se para pagar a educação de seus filhos, já que mesmo as universidades "públicas" cobravam pesadas taxas. Famílias pobres precisam, muitas vezes, escolher só um de seus filhos para ir à escola, já que não podem pagar por todos.
O Chile volta a fornecer outro modelo para a América Latina: o de uma nova dinâmica de lutas políticas. Milhares de estudantes exigem "educação pública e de qualidade".
Para além de diatribes genéricas contra o capitalismo, temos uma questão concreta que só é pontual em aparência. Exigir do Estado que cumpra sua obrigação educacional implica, entre outras questões, mudar o perfil da política tributária, obrigar ricos a pagarem mais impostos, forçar o igualitarismo social. Ou seja, temos uma questão específica com força para abrir as portas a reformas sociais profundas.
Todos falam que a educação é a chave para o desenvolvimento, mas ninguém tem coragem de pagar o preço. Os estudantes chilenos resolveram expor a hipocrisia, recebendo apoio maciço da população. A maioria dos chilenos (77%) entendem que as demandas estudantis são justas.
Não por outra razão, o presidente Piñera tem a menor taxa de aprovação da história recente do Chile (26%).
Quando o modelo do levante estudantil chileno chegar ao Brasil, saberemos que entramos em uma nova fase de recuperação da política.

JANIO DE FREITAS - Respostas dos fatos

Respostas dos fatos
JANIO DE FREITAS
F OLHA DE SP - 30/08/11

Se não foi o farto petróleo líbio, outros motivos alheios aos interesses do Brasil moveram Inglaterra e França


POR ACASO OU por uma percepção política providencial, a comprovada intervenção militar da Inglaterra e da França na Líbia, em transgressão à limitada ação aérea humanitária autorizada pela ONU, vale como uma primeira aprovação à atitude brasileira de abster-se de envolvimento na questão líbia. A aprovação ou reprovação pendente diz respeito à ausência de reconhecimento dos rebeldes como governo líbio, mas a resposta requer mais tempo.
Com tanta opressão violenta no Oriente Médio e na África, nem muita ingenuidade faria crer que os governos de Sarkozy e de Cameron se comovessem com o despotismo do seu aliado, contraparte em altíssimos negócios e hospedeiro Gaddafi. Iêmem, Barein, Arábia Saudita e Síria deram e dão exibições de ferocidade desumana que não inspiram, a título de reprovação pelos chamados líderes ocidentais, nem ao menos uma retórica melhorzinha. Sequer a história oferece exemplo de intervenção militar de Inglaterra e França por motivos humanitários.
Se não foi o petróleo líbio, farto e privilegiado pela qualidade, outros motivos alheios aos interesses brasileiros moveram os governos de Inglaterra e França. Aos quais mesmo Barack Obama não quis se associar mais do que no primeiro momento, e em maior aparência do que ação. Da limitada zona de exclusão permitida pela ONU, ingleses e franceses passaram ao ataque aéreo às forças do ditador, e logo a bombardear a capital Trípoli. Seguiu-se o armamento dos rebelados e, comprovadas por postos de fronteira, as infiltrações terrenas de ingleses. Foi positivo não haver colaboração brasileira para isso.
O não reconhecimento dos rebeldes como governo, e a espera da posição da ONU para fazê-lo, foram justificados pelo ministro Antonio Patriota com o argumento de que "o Brasil não reconhece governos, reconhece Estados". Resposta de diplomata. Como informação explicativa, nada. Ficou claro que as razões reais, sejam quais forem, são sérias para exigirem a tergiversação.
Mas é certo que a situação líbia é muito dúbia, amorfa mesmo. Como estão as tribos que já dividiram a Líbia, os seus poderes políticos e a sua força material -são imprecisões importantes. E os rebeldes, com tantas faces, e o improvisado Conselho de Transição, quem são eles e qual de suas correntes teve precedência ou tende a predominar -são outros mistérios que sugerem cautela nas apostas. Mas não são estas as incertezas mais graves.
Daqui a 30 dias expira a autorização dada pela ONU para a ação limitada humanitária, que os governos inglês e francês transformaram em intervenção. Os motivos que moveram os dois governos para a Líbia, mas não para as outras realidades idênticas, tanto podem levar à sua plena retirada do episódio, como à mais provável adoção de manobras para sua permanência como forças de influência determinante na Líbia. Por interpostas organizações locais ou, na pior hipótese, até por alguma forma menos indireta. Aí o futuro é opaco. E mais ainda no que esperar dos rebeldes, em qualquer das situações possíveis no país desprovido de estrutura mínima de Estado. Rebeldes tão decididos quanto caóticos. E armados, bem armados.
É esperar para ver se Brasil mais acertou do que errou, ao não reconhecer o que não se saberia estar reconhecendo, além de reconhecer a brava determinação, de parte dos líbios, de acabar com outro ditador.

BENJAMIN STEINBRUCH - Investir no Brasil

Investir no Brasil
BENJAMIN STEINBRUCH 
FOLHA DE SP - 30/08/11

O Brasil, que passou quase ileso pela crise de 2008/9, tem tudo para se sair bem novamente nesta


Algumas ações de boas empresas brasileiras estão com valor de liquidação, segundo a maioria dos analistas. Grandes companhias, donas de ativos altamente rentáveis, perderam mais de 10% de seu valor de mercado de janeiro no decorrer do primeiro semestre.
É sempre difícil dar palpites em investimentos alheios. Tudo depende do sentimento pessoal de cada investidor, de suas premonições e de suas crenças. Mas, sem dúvida, a queda da Bolsa no Brasil, de quase 25% em 2011 e de 10% neste mês, têm pouco a ver com a economia e com as empresas brasileiras.
Os dados macroeconômicos do país são positivos, em que pese o desaquecimento da produção industrial e das vendas no comércio verificado nos últimos meses. A inflação está contida, a contratação de mão de obra continua, embora em ritmo menor, o comportamento fiscal do governo não inspira desconfiança e tudo indica que o PIB crescerá cerca de 4% neste ano.
Além disso, na área externa, as reservas cambiais de US$ 350 bilhões, mesmo levando em conta os problemas decorrentes da valorização cambial, representam vigorosa barreira para impedir impactos mais fortes de desajustes externos na economia doméstica. Sem esse seguro representado pelas reservas, as contas externas estariam perigosamente expostas, como já estiveram no passado recente.
Por sua vez, as empresas brasileiras estão em boa situação financeira, talvez melhor do que estavam no início da crise de 2008/9. Os balanços do primeiro semestre mostram que 15 grandes companhias brasileiras com ações negociadas em Bolsa tiveram crescimento de 40% nos lucros líquidos quando comparados com o mesmo período do ano passado, segundo dados da consultoria Economática.
A percepção de que o Brasil vai bem, em meio a essa nova perna da crise global, não advém de brasileiros nacionalistas xenófobos. Lá fora, há até mais entusiasmo em relação ao país. Os grandes números sobre investimento direto (IED) mostram isso. Nos últimos 12 meses, o IED total que ingressou no país alcançou US$ 72 bilhões.
A olho nu, podem-se enxergar seguidos casos de empresas estrangeiras que anunciam investimentos e buscam a compra de ativos em diversos setores, desde os de infraestrutura até de consumo e de agronegócios. Empresas chinesas, norte-americanas, coreanas, japonesas, argentinas e outras de várias nacionalidades buscam oportunidades de investir por aqui.
O protagonismo do Brasil pode ser medido também por outras manifestações externas, como a indicação da presidente Dilma em terceiro lugar entre as mulheres mais poderosas do mundo, depois da chanceler alemã, Angela Merkel, e da secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton.
A presidente, há oito meses no cargo, ainda não teve exposição pessoal externa muito grande. Essa escolha, portanto, comprova a emergência econômica brasileira.
Sabe-se, tanto aqui quanto lá fora, que o Brasil apresenta excelentes oportunidades de negócios, independentemente do comportamento da economia global.
Essa percepção decorre do enorme mercado interno brasileiro e das chances de ampliar a produção em setores cuja demanda mundial continuará relativamente firme, como o de commodities em geral e o de petróleo, em particular.
E o Brasil, que passou praticamente ileso pela crise de 2008/9, tem tudo para se sair bem novamente nesta. Precisa, é claro, fazer as lições de casa, como fez na outra: preservar o crédito, estimular o consumo interno e desonerar a produção de itens estratégicos de consumo.
Nossa preocupação fundamental será sempre gerar empregos, sem o que não há como melhorar o nível de vida dos brasileiros. Nesse item, o país continua bem. O índice de desemprego de julho, de 6%, é um dos mais baixos do mundo e o melhor desde que o IBGE iniciou sua pesquisa, em 2002.
Feitas as lições de casa, portanto, não há razão objetiva que justifique um comportamento de pânico dos investidores em relação aos ativos brasileiros.
Querem saber o que estou fazendo nesta crise? Vou lhes dizer: estou investindo no Brasil.

JOÃO PEREIRA COUTINHO - A fogueira das vaidades

A fogueira das vaidades
JOÃO PEREIRA COUTINHO
FOLHA DE SP - 30/08/11 

Os ricos que paguem a crise? Erro. Em Estados balofos são os pobres que acabarão por pagar


A estupidez não paga imposto. Pena. Depois de ler as palavras de Warren Buffett no "New York Times", a pedir mais impostos para ricos como ele, é a sua estupidez, não a sua riqueza, que deveria ser fortemente tributada.
Digo estupidez, mas digo mal. Vaidade, a palavra certa é vaidade. Entendo Buffett. Uma pessoa acumula uma fortuna colossal. Compra casas, carros. Excentricidades.
Mas eis que chega a gadanha do tédio para arranhar a nossa consciência mortal. Como resolver esse desconforto e fazer as pazes com a culpa primitiva?
Adotando, por exemplo. Celebridades de Hollywood foram cultivando a moda: viagens repetidas a África, Ásia e outros recantos de miséria, em busca do órfão respectivo. Toda a gente pode tomar o café da manhã na Tiffany, pelo menos a partir de um certo patamar (obrigado, Truman Capote).
Mas um órfão é outra história: exige trabalho, disponibilidade e uma dose maciça de sentimentalismo, que sempre comove as lentes fotográficas. Passear um diamante na passadeira vermelha é "kitsch". Passear um cambojano ou um etíope, o cúmulo da sofisticação. E quem não adota contribui. Tenho respeito pelos filantropos. Mas apenas pelos filantropos anônimos, que partilham a fortuna anonimamente. Não é preciso ler Kant para saber que a base da moralidade é o ato de tratar alguém como um fim, não como um meio.
Infelizmente, os filantropos que conheço, alguns pessoalmente, gostam de ajudar os pobres desde que isso renda boas matérias de jornal. O efeito, por vezes, é irônico e até perverso: eles querem partilhar a fortuna; mas, à custa da propaganda, multiplicam a fortuna porque os consumidores gostam de premiar a "consciência social".
Caro leitor: se você é rico, ou deseja ser mais rico, esqueça os mecanismos vulgares de gerar riqueza. O melhor negócio é adotar um sudanês (nunca um brasileiro!) e montar uma fundação humanitária com o seu nome em letras garrafais.
Ou então pedir mais impostos sobre sua própria fortuna. Fato: nenhum imposto especial sobre os ricos resolve os problemas estruturais dos países deficitários do Ocidente. Pelo contrário, agrava-os (já lá irei). Mas, pelo menos, consola a alma e, no caso de Warren Buffett, faz sucesso dentro e fora de portas.
Dentro de portas, já há mais bilionários americanos na fila, dispostos a ceder fortunas na fogueira das vaidades. Fora de portas, 16 bilionários franceses pediram tratamento de chicote. "Noblesse oblige": o governo Sarkozy promete descer o dito cujo sobre contribuintes cujas receitas fiscais superem € 1 milhão.
E até no exaurido Portugal, onde bato estas linhas, a ideia de Buffett promete frutificar, com presidente da República e primeiro-ministro a aceitarem um dos mantras mais famosos do "verão revolucionário" de 1975: os ricos que paguem a crise. Os ricos prometem pagar, claro. Pelo menos aqueles que não tencionam fazer as malas e fugir.
Moral da história? Não vale a pena repetir o óbvio: um sistema fiscal justo é aquele em que quem tem mais contribui com mais. Mas é também um sistema que não demoniza a riqueza e aqueles que a criam. Exceto se o modelo de sociedade ideal estiver em Cuba ou na Coreia do Norte, onde os únicos recursos são a fome e a violência.
Até Marx, que não era propriamente um capitalista (Engels fazia esse serviço por ele), sabia que, sem riqueza criada, não há riqueza para redistribuir. Nem riqueza, nem investimento, nem emprego.
Quando alguns ricos abrem as portas às predações do Estado, seja por vaidade ou interesse, eles não resolvem coisa nenhuma com suas esmolas generosas.
Apenas consolam o ego; afugentam parceiros sem sentimentos de culpa para outras paragens; e, pior, ajudam a perpetuar a exata doença que tem enterrado a Europa e os Estados Unidos: Estados falidos que, incapazes de controlar gastos, persistem de forma suicida num "modelo social" insustentável no século 21. Um modelo que, quando estourar, não vai estourar em cima de Warren Buffett e amigos. Vai estourar sobre os pobres e remendados.
Os ricos que paguem a crise? Erro. Em Estados balofos e sem incentivo para reformarem seus modos de vida, são os pobres que acabarão por pagar.

MERVAL PEREIRA - A jabuticaba explicada


A jabuticaba explicada
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 30/08/11

Na coluna de domingo chamei de "jabuticaba" a proposta do deputado petista Henrique Fontana de um duplo voto proporcional, o de lista fechada e o de lista aberta, e critiquei também o fato de seu relatório admitir o financiamento privado das campanhas políticas, tanto de empresas quanto de pessoas físicas, quando a base da proposta de mudança é o elogio ao financiamento público.
Continuo com minhas dúvidas, considerando o duplo voto proporcional uma confusão inexplicável, mas acolho as explicações do relator da Comissão Especial da Reforma Política na Câmara dos Deputados. Ele defende o duplo voto proporcional porque "o sistema inova ao proporcionar a valorização do seu voto sob uma perspectiva programática e partidária, sem retirar sua prerrogativa de votar nos candidatos de sua preferência".
Ele esclarece que sua proposta exclui a possibilidade de financiamento privado diretamente a partidos e candidatos, permitindo apenas doações para o Fundo de Financiamento das Campanhas Eleitorais que será gerido pela Justiça Eleitoral com base no financiamento público das campanhas.
"A transformação das campanhas em engrenagens caras e sofisticadas empobrece o debate político e praticamente fecha o caminho da representação para setores sociais com menos acesso a recursos financeiros", comenta o deputado. Mais do que isso, ele lembra que com o financiamento público teremos um Teto de gastos para cada nível de eleição, "o que torna a disputa mais equânime, barata e mais fácil de ser fiscalizada".
O deputado considera o financiamento público "uma das armas mais potentes para combater a corrupção".
Fontana defende ainda o voto em lista fechada, alegando que a ordem nas listas partidárias, "ao contrario de ser decidia pelos dirigentes, será feita através de votação secreta dos filiados ou convencionais".
Para ele, essa proposta "valoriza a representação proporcional e estimula o fortalecimento da vida partidária".
O deputado Alfredo Sirkis, do PV, considera que os três mecanismos alternativos de seleção prévia nos partidos "atenuam bastante, embora não eliminem, o campo de manipulação dos direções partidárias".
São eles: as eleições primárias dos filiados; a convenção onde cada convencional deve votar em 4 nomes; e as disputas de lista, que levam ao preenchimento da lista final de forma proporcional aos votos alcançados.
O relator Henrique Fontana ressalta que a mudança constitucional que acaba com as coligações cria as "federações partidárias", que devem ter funcionamento por um período mínimo de três anos, "evitando, dessa forma, coligações com caráter meramente eleitorais".
A federação atuará como se fosse uma única agremiação partidária, inclusive no registro de candidatos e no funcionamento parlamentar, com a garantia da preservação da identidade e da autonomia dos partidos que a integrarem. O deputado Alfredo Sirkis destaca que como a tônica do relatório é o financiamento público e o fortalecimento dos partidos, Fontana pode favorecer indiretamente "o partido mais organizado de sigla mais popular", mas alega que "se formos por esse caminho não há como mudar o que quer que seja e a jabuticaba atual é o pior sistema de todos".
Mesmo apoiando o relatório, Sirkis considera que "é inviável o financiamento público no componente proporcional de lista aberta", sendo esse o ponto fraco da sua proposta.
Sua proposta é um sistema misto "que mantém uma forte proporcionalidade, mas funciona como um voto distrital misto plurinominal: metade dos candidatos seria eleita pela lista, e metade por grandes distritos numa eleição majoritária". No seu exemplo, no Rio teríamos a eleição de 23 deputados federais e 35 estaduais "por grandes distritos, cada um elegendo de 3 ou 4 federais e um número um pouco maior correlato de estaduais".
Os eleitos em cada grande distrito seriam os mais votados. Sua votação seria somada a obtida para a lista para calcular o quociente partidário e o número restante de cadeiras no componente lista fechada pelo qual se elege a outra metade dos deputados.
Sirkis diz que a vantagem desse sistema seria introduzir "um componente de regionalização, fortalecendo os partidos sem prescindir da possibilidade do eleitor manifestar sua preferência para políticos individuais e essa preferência aos mais votados influencia também no número de eleitos pela lista fechada". O financiamento público exclusivo se tornaria viável para esse componente de voto personalizado, pois seriam poucos os candidatos nos distritos, o que "fortalece moderadamente os partidos e consagra quem tem voto de fato".
Perderiam, no raciocínio de Sirkis, "os políticos eleitos na rabeira e que acabam formando o chamado baixo clero".
Por outro lado, avalia Sirkis, esse sistema elimina a influência do poder econômico, e, ao manter os três tipos de prévia partidária previstos pelo Fontana para formar as listas e escolher os candidatos para os grandes distritos, democratiza minimamente os partidos.
Sirkis acha que o problema maior para a adoção de um sistema distrital misto uninominal, como na Alemanha, não é, como ponderei domingo, a questão de proporcionalidade, "embora de fato seja difícil fazer no Brasil o que os franceses chamam de le découpage para chegar nos distritos".
A grande questão, na opinião de Sirkis, é ter que numa mesma campanha trabalhar simultaneamente com dois formatos de distrito pelo fato de termos eleições para deputado federal e estadual.
"No Rio teríamos que ter, se o voto fosse misto, 23 distritos para federal e 35 para estadual. Se fosse o distrital puro, 46 e 70. Isso criaria uma confusão tremenda na cabeça do eleitor e caos nas campanhas".
Já o sistema de grandes distritos permitiria a eleição, por hipótese, de 3 federais e 5 estaduais, num mesmo distrito, sem problemas.

VINICIUS TORRES FREIRE - Governo poupa a loteria federal


Governo poupa a loteria federal
VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 30/08/11

Dilma toma a medida certa de poupar os excessos de receita, o que ajuda ainda na redução da taxa de juros

O governo Dilma Rousseff resolveu enfim anunciar e assinar oficialmente um decreto, digamos, de controle adicional de gastos para este ano. Mas, considere-se:
1) Ontem, o governo apenas foi claro mesmo a respeito dos gastos deste ano; foi nebuloso sobre 2012; 2) O governo decidiu não gastar o aumento extra de receita, mais ou menos inesperado. Melhor assim, claro. Mas a despesa federal continua a aumentar.
Parece um tanto espírito de porco cobrar do governo definições a respeito de 2012, ainda mais num momento econômica e financeiramente tão enrolado e mais incerto que o de costume. Mas um bom programa fiscal, para valer, deveria ter pelo menos a duração de um mandato presidencial e ir além do controle de gastos na boca do caixa.
Esse método "da mão para a boca" é ineficiente (atrapalha investimentos em curso, por exemplo), desorganiza rotinas de governo, não lida com os excessos essenciais da despesa (previdência dos servidores, previdência "rural", salários e desperdícios por imensidão e irracionalidade da máquina pública). Neste ano, por exemplo, o talho relativamente maior cai sobre a despesa de investimento. Enfim, esse método torto não ajuda a formar expectativas positivas de médio prazo, o que pode facilitar o trabalho da política econômica, em especial de juros.
Mas passemos, porque provavelmente não vamos ver um programa fiscal desses no governo Dilma. No curto prazo, "da mão para a boca", fez muito bem o Ministério da Fazenda ter convencido a presidente a embolsar os excessos de receita. Há uma disputa política no governo sobre o gasto. O entorno político de Dilma (ou ela mesma) quer atender "demandas da sociedade" (investimento, assistência social e pedidos do Congresso).
Esses assessores da presidente não querem ver o mesmo aperto no ano que vem, o que poderia, segundo eles, diminuir demais o crescimento, impedir a implementação de programas que seriam "marcas do governo Dilma" e, por último, mas muito importante, poderia criar problemas em ano de eleição e tumulto ainda maior no Congresso.
Quanto aos números, não haverá revolução fiscal, digamos. O superavit primário do setor público (governo federal, Estados, municípios) deve ficar em torno de 3,2% do PIB (receita menos despesa, afora o gasto com juros). O deficit para valer, o nominal, com juros e tudo, deve ficar abaixo de 2%, num mundo em que rombos de 5% a 10% do PIB hoje são comuns. Dá uma "lustrada" na imagem.
Quanto ao tamanho do esforço, lembre-se que a receita do governo federal cresceu 13,3% (em termos reais, descontada a inflação) nos sete primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A despesa, muito menos: 4,2%. Ou seja, a despesa vai aumentar ainda um tico mais do que o PIB, que deve crescer algo em torno de 3,5% neste ano. Sim, é um resultado melhor que o de 2010, quando o governo ainda gastava como se estivéssemos à beira de um precipício recessivo (estávamos apenas à beira da eleição).
Nesta altura do ano, em 2010, a receita e a despesa do governo haviam crescido uns 10%. Ou seja, o governo vinha torrando toda a arrecadação adicional. 

JOSÉ SIMÃO - Socuerro! O furacão furou!

Socuerro! O furacão furou!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 30/08/11 

Diz que furacão é a Dilma. Dilma Furacão. Se ela quer um ministro que não caia, nomeia o Anderson Silva


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E o furacão? O furacão furou! Virou um ofurô! Virou enchente. Chama o Kassab! Chama o Datena!
Aqui a gente tem Irene o ano inteiro! A crise tá tão grande nos Estados Unidos que até o furacão foi rebaixado! E por que todo furacão tem nome de mulher? Furacão é como periquita: depois que passa, leva tudo o que você tem.
Furacão é a minha sogra: vem uma vez por ano e revira minha vida de pernas pro ar! E aí um leitor me disse: sorte sua que é uma vez por ano. Aqui em casa o furacão passa toda semana! Furacão é como ex-mulher: veio, fez o maior estrago e foi embora. Rarará!
E aquele povo que estocou bolacha e água? Vão comer bolacha e água por dois meses! E como disse o outro: quem nasceu pra Irene não chega a Katrina! E esse tal de UFC Rio? Briga de rinocerontes. Os rinos fizeram sucesso no fim de semana. E já imaginou o Anderson Silva como técnico do Corinthians? Tomou gol, leva pesada na cara! Rarará!
E diz que o UFC foi bom pro Rio. E péssimo pro japonês que apanhou. Pergunta pro japonês se o UFC foi realmente bom! E sucesso mesmo fez o Ronaldo, o nosso Ronalducho. Diz que ele tava do tamanho do octógono! E que ele tá parecendo o Tim Maia. Cantando "Só como chocolate". Rarará! E ele pulando para comemorar a vitória do Anderson parecia o Godzilla invadindo Nova York!
E o Gaddafi? O Kagadafi! Vão levar mais dez anos pra encontrar o Kagadafi?! E depois vão jogar no mar e Iemanjá vai devolver. Rarará! E diz que furacão é a Dilma. Dilma Furacão. Ué, não tem a Hilda Furacão? E, se ela quer um ministro que não caia, nomeia o Anderson Silva. É mole? É mole, mas sobe!
E eu tenho uma piada horrível de corintiano, acho que vou contar: diz que o palmeirense chegou ao açougue: "Tem picanha?". E o açougueiro: "Tenho". "Então me dá 50 quilos." E aí chegou o são-paulino: "Tem filé mignon?". "Tenho." "Então me dá cem quilos." E aí chegou o corintiano: "Tem asa?". "Tenho", respondeu o açougueiro. "Então voa porque é um assalto." Rarará!
E tem um ginecologista argentino que se chama Claudio Chillik. Entendi, toda vez que ele vê uma perereca argentina, ele dá um chilique. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

ADRIANO PIRES - Bom, bonito... e barato?


Bom, bonito... e barato?
ADRIANO PIRES
O Globo - 30/08/2011

Todo mundo gosta do bom, bonito e barato. Com o produto energia não poderia ser diferente, ainda mais num país como o Brasil, onde esses preços são em sua grande parte determinados pelo governo. O que todos sabem ou muitas vezes fingem não saber é que tarifas populistas não podem ser confundidas com tarifas competitivas. E propostas de tarifas populistas muitas vezes vêm por parte da iniciativa privada. Isso vem ocorrendo no atual debate sobre como proceder com a renovação das concessões do setor elétrico.

As concessões de energia elétrica foram realizadas com base na Lei nº 9.074/95. Dessa forma, os contratos de geração firmados teriam validade de 35 anos, com direito de prorrogação por igual período. Em 2004, a Lei nº 10.848 estabeleceu que concessões de geração de energia elétrica anteriores a dezembro de 2003 passariam a ter o prazo de 35 anos, a partir da assinatura do contrato, prorrogáveis por 20 anos. A transmissão e a comercialização permaneceram com prazo de 30 anos, com prorrogação por igual período. Ao término do contrato, os ativos referentes às concessões retornam à União que deverá licitá-los e compensar os antigos concessionários em caso de investimentos não amortizados completamente.

As concessionárias estatais, cujas concessões foram outorgadas antes da Constituição de 1988, assinaram em 1995, ano da reestruturação do setor elétrico, a prorrogação dos seus contratos. Dessa forma, entre 2015 e 2017, vence uma série contratos de concessões no setor de energia elétrica.

Com relação às unidades de geração de energia elétrica, as concessões vincendas totalizam uma potência de aproximadamente 21 mil MW. A Chesf, a Cesp, a Eletrobras Furnas e a Cemig equivalem juntas a 94% da capacidade instalada em concessões com vencimento entre 2015 e 2017.

Segundo o governo e as concessionárias, a manutenção das atuais concessões, através da prorrogação, pode favorecer a redução do preço da energia elétrica, ao considerar que parte dos investimentos realizados já foi amortizada.

Nesse caso, será necessária a estimativa do percentual de redução no valor da tarifa, de modo a viabilizar o cumprimento das obrigações, os investimentos na modernização dos ativos existentes e a obtenção de rentabilidade adequada. A preocupação das concessionárias, em particular da Cesp, que o governo de São Paulo já manifestou o interesse em vender, seria o governo exigir uma tarifa muito baixa para prorrogar a concessão, o que reduziria o valor da empresa.

Caso se opte pela licitação, não há fórmula definida para o cálculo da indenização aos antigos concessionários por investimentos realizados e não amortizados ou depreciados. Nesse caso, se torna necessária uma avaliação contábil dos custos de operação, manutenção e investimentos realizados por cada empresa.

A Fiesp, em particular, defende a realização de novas licitações com dois argumentos. O primeiro é que a atual legislação deve ser cumprida, e o segundo é que com isso seria possível alcançar uma grande redução nas tarifas de energia e assim resgatar a competitividade na indústria.

Todos nós somos favoráveis a termos tarifas de energia que permitam uma maior competitividade da indústria. Porém, não podemos confundir tarifas competitivas com tarifas populistas, que adotadas levaram a uma diminuição de novos investimentos e trarão de volta o fantasma do apagão.

CLÓVIS ROSSI - Chile e Brasil, dois fracassos


Chile e Brasil, dois fracassos
 CLÓVIS ROSSI 
FOLHA DE SP - 30/08/11

O que surpreende não é que chilenos ganhem a rua, mas que brasileiros só façam para pedir meia entrada


Poderia até funcionar como propaganda do ProUni brasileiro: em 20 anos, o número de estudantes universitários multiplicou-se por cinco, passando de 200 mil a 1 milhão. Melhor ainda: 70% dos universitários de hoje são filhos de pais que jamais tiveram acesso à universidade.

Mas não estamos falando do Brasil e, sim, do Chile. Aliás, os estudantes chilenos de 15 anos ficaram no primeiro lugar na América Latina, no mais recente exame internacional comparativo, o Pisa, conforme lembrou ontem, em "El País", o colunista Andrés Oppenheimer.

Esses números indicam que são ingratos os estudantes chilenos, que não saem das ruas há meses, reclamando educação pública gratuita e de qualidade? Não. Indicam duas coisas, a saber:

1 - O chileno, ao contrário do acomodado brasileiro, é um bicho afeito à mobilização desde sempre.

2 - O sistema educacional chileno nem é público nem é gratuito nem é de qualidade.

O Chile, como o Brasil, resolveu o problema da quantidade (conseguiu universalizar o acesso ao ensino básico), mas não o da qualidade: 40% dos alunos deixam o ensino fundamental sem entender o que leem (como no Brasil).

Vale o mesmo raciocínio para a universidade. No modelo chileno, o Estado praticamente afastou-se do ensino superior, limitando-se a financiar as escolas privadas para que aceitem o maior número possível de alunos.

Em consequência, a metade praticamente dos jovens em idade universitária está na escola superior, índice melhor do que o de quase todos os vizinhos.

Mas a legislação é frouxa no que tange ao controle da qualidade do ensino (como no Brasil).

Pior: o custo é o mais elevado da América Latina, o triplo do italiano, 19 vezes maior do que o francês, conforme os dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o que levou o endividamento (do estudante e de sua família, avalista do débito durante a graduação) a um ponto insuportável e empurrou a moçada para a rua.

Em um país em que o salário médio (não o mínimo) equivale a R$ 1.755, os jovens desembolsam entre R$ 580 e R$ 1.370 mensais conforme o curso escolhido.

Consequência inescapável: 70% dos estudantes estão endividados e 65% dos mais pobres interrompem os estudos sufocados por problemas financeiros insuperáveis.

Os custos levam ainda à reprodução, no acesso à universidade, da desigualdade que existe no conjunto da sociedade (como no Brasil, aliás): entre os 10% mais pobres, só 16% conseguem chegar ao ensino superior, ao passo que, nos 10% mais ricos, a taxa é de 61%.

Tudo somado, fica evidente que a América Latina tem um nó formidável na educação, posto que há deficiências colossais nos dois modelos (o público gratuito do Brasil, complementado por proliferação descontrolada do ensino privado, e a escola privada financiada pelo Estado, como no Chile, também com setor estritamente privado igualmente sem controle de qualidade).

O que surpreende, pois, não é que os jovens chilenos ganhem a rua, mas que os brasileiros só o façam para reivindicar meia entrada.

ARNALDO JABOR - Meia-noite em Nova York


Meia-noite em Nova York
ARNALDO JABOR
O Estado de S.Paulo - 30/08/11

Vi, emocionado, o filme de Woody Allen Meia Noite em Paris. Ali estavam meus mitos artísticos, vivendo o momento da arte do século 20, quando os criadores eram respeitados, depois do horror da Grande Guerra. Quando Cole Porter canta Let"s Do It - chorei. A arte prometia um tempo novo, antes de ser transformada num gueto da indústria do entretenimento. Queria fazer a mesma viagem no tempo, como Woody, e me lembrei que tive situações semelhantes em minha pobre vida.

Estive uma vez sentado no hall do velho Hotel Algonquin, em Nova York, onde outrora retumbaram hinos e onde se reuniam os gênios das décadas de 20 e 30 no famoso Oak Room. Esse hotel era o point dos donos da ironia, patente importante da intelectualidade americana. Ali sentado, eu ouvia os risos de Dorothy Parker e pensava no grande Edmund Wilson, com seus cinco martínis enfileirados, tomando um depois do outro, até cair no tapete persa. Para onde foi o charme dos artistas e intelectuais? Onde estará a frase mordente do Alex Olcott de hoje, onde andará o neo-Harold Ross, fundador da New Yorker, onde se esconde o George S. Kaufman e até o genial Harpo Marx com seu sorriso de anjo sem-vergonha? Adorava aquele hotel onde ficava, na esperança de que os fantasmas dos anos 30 me segredassem soluções no ouvido. Bons tempos, quando os artistas eram olhados como messias chiques em Paris e Manhattan, cheios de veneno e esperança, línguas afiadas, muito olhados com humildade bovina pelos idiotas que ficavam calados, de boca aberta, de onde pingava a baba da admiração. Hoje, com a liberalização da cretinice, se metem em tudo. Sobrou ao artista uma atitude masoquista, se mutilando, se flagelando, querendo recuperar o tempo em que Gertrude Stein era tão temida quanto hoje se teme um dono de corretora.

Em cima da mesinha, havia um número do The Atlantic Monthly, que abri e caí no meio de um artigo que parecia uma resposta aos meus devaneios. "Onde estão os artistas?", perguntava o ensaísta Brad Holland, lembrando que muitos criadores dos anos 20 aderiram ao "futurismo" que pregava "a substituição da lenta tradição do século 19 por um mundo veloz e moderno de máquinas, violências de marketing e relações públicas". E sacaneava os meus fantasmas, dizendo que "é preciso ter cuidado com os intelectuais. Às vezes eles conseguem o que querem". O tom do artigo de Holland pertencia à moda de fazer graça de tudo que ainda denotasse esperança de mudar o mundo. Meus queridos fantasmas da mesa do Oak Room pareciam irritados com Brad - ficaram mais tênues. Holland implicava com eles, criticando o dadaísmo e o surrealismo: "Hoje é impossível distinguir estes movimentos estéticos da vida cotidiana". Meus fantasmas se mexiam indignados enquanto eu tomava meu uísque clássico. E pensava que nos anos 20, se imaginaram os traços do mundo de hoje. Quem previu melhor o que nos assola do que os escritores da época, como Kafka ou Thomas Mann?

Talvez a arte hoje não passe de uma efêmera produção de objetos parciais, passageiros e descartáveis. A morte da "aura" da arte (que Benjamim transformou numa "meta-aura" reproduzida) talvez seja mais difícil de aceitar do que pensávamos. Hoje, a aura passou para o próprio artista, que se vê como um profeta abandonado, mas ansiando por liberdade e beleza, mesmo se ele expõe na Leo Castelli os seus próprios excrementos, para delícia das grã-finas. Mas, há em Holland umas frases fantásticas: "Antigamente, o artista de vanguarda chocava a classe média. Hoje a classe média é que choca o artista de vanguarda". Ou o que Picasso poderia ter dito: "Estamos tentando romper com as normas", que hoje é slogan do McDonald"s.

Eu também tive contato com gênios do passado, contato real, tocando com a mão. Já tomei um porre com Buñuel. Juro. Foi em 1967, em Veneza, quando Buñuel estava lá com A Bela da Tarde. Ele estava surdo e puto da vida com os críticos franceses: "Estes críticos franceses son todos unos cabrones de mierda. Dicem que mis películas mejicanas son mejores que las actuales en color... Cabrones!"

Nesse mesmo festival jantei com o Fritz Lang e fui azarado pelo Luchino Visconti - é verdade!

Fritz Lang estava num grande "bode", coitado. Cego de um olho, angustiado com sua idade (mais de 80 anos), rejeitado pelo sistema de Hollywood e só feliz porque Godard o chamara para Le Mepris. Eu olhava aquele homem amargo e pensava em Brigitte Helm do Metropolis, dançando com sua carapuça de prata e entendi que nada, nem a beleza, nem a genialidade nos livra do tempo.

Depois, na minha viagem, ousei contestar o Luchino Visconti, marxista aristocrata que estava namorando na época o Pierre Clementi, vestido num terninho "mao" de seda branca. Em sua entrevista, me ergui e critiquei seu filme O Estrangeiro, baseado no Camus, também em competição. Ele riu e me sacaneou: "Só te respondo pessoalmente..." Glauber rolava de rir: "Ele quer te comer..."

Volto ao presente e me pergunto: O que mudou?

Os artistas sonhadores dos anos 20/30 foram substituídos pelos desesperados "contemporâneos" e os cineastas tratados feito cachorros pelos produtores. Ou então, fingindo uma profundidade que as formigas atravessam com água pelos joelhos, como dizia o Nelson Rodrigues. Assim como o "cinemão" manipula os espectadores com porradas e transformers, os "artistas" moram num gueto permitido, fabricando o que chamo de "metafísica comercial", como esses dois abacaxis inacreditáveis recentes:

A Árvore da Vida e Melancolia - que posam de "profundos" e que ninguém ousa contestar. Hollywood criou um galinheirinho para "arte permitida". O filme do Malick é constrangedor - americano querendo ser filosófico. O Melancolia é a diluição esquemática e superficial de O Sacrifício, de Tarkovski, esse sim, um gênio que os middle-brows não entendem.

O melhor filme que está passando é o Super Oito do J.J. Abrams, que restaura a magia do cinema dos anos 70.

Tudo isso eu pensei naquela meia-noite em NY, enquanto ouvia as risadas do Alex Olcott e via o fantasma tênue do Ed Wilson caindo de porre, comendo a última cereja do quinto dry Martini.

MÔNICA BERGAMO - NA PRAIA COM MADONNA


NA PRAIA COM MADONNA
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP -30/08/11

Madonna foi convidada oficialmente pela Prefeitura do Rio de Janeiro para se apresentar na praia de Copacabana em 2012. Uma carta foi enviada ao empresário dela, Guy Oseary, no dia 18. A equipe da cantora sinalizou que tem interesse em voltar ao Brasil. Prefere agendar data para novembro ou dezembro, depois das eleições municipais.

MADONNA 2
A prefeitura se dispôs inclusive a ajudar Madonna a conseguir patrocinadores para os shows no Brasil. Na carta, o prefeito da cidade, Eduardo Paes, usa também o argumento de que o Rio será a "bola da vez" nos próximos anos, sediando eventos como a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.

CRIME E CASTIGO
Uma pessoa merece ser condenada pela Justiça porque roubou um xampu ou um pote de margarina? Em 52,2% dos casos que chegaram ao Supremo Tribunal Federal entre 2005 e 2009, a corte decidiu que não. Aplicou, assim, o princípio da insignificância -quando a lesão ao patrimônio não justifica a repressão penal.

CRIME E CASTIGO 2
Quando os crimes são fiscais ou contra a administração pública, o percentual salta para 72% dos casos.

PESOS E MEDIDAS
Os valores também diferem. Na maior parte dos crimes patrimoniais, o STF julgou irrelevantes furtos na faixa entre R$ 1 e R$ 100. Nos crimes contra a administração pública, foram considerados irrelevantes crimes entre R$ 3.000 e R$ 5.000. A pesquisa foi realizada pela Faculdade de Direito da USP, sob coordenação do professor Pierpaolo Bottini.

CANUDO
Depois de receber título de doutor honoris causa da universidade francesa Sciences Po, em setembro, o ex-presidente Lula vai a Gdansk. Lá, receberá o Prêmio Lech Walesa. No dia 30, dará palestra em Londres, em evento da revista "The Economist".

ESCRAVOS DA MODA
O presidente da Zara no Brasil, Enrique Huerta Gonzalez, e os sócios da AHA, fornecedora da empresa, foram convidados a depor na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de SP sobre as suspeitas de utilizarem mão de obra escrava. O deputado estadual Carlos Bezerra (PSDB-SP), autor do requerimento, quer uma CPI para investigar o caso.

PREVISÃO DO TEMPO
O secretário da Copa na capital, Gilmar Tadeu Ribeiro, não vê a possibilidade de SP sediar a abertura do Mundial ameaçada pela declaração do presidente da Fifa, Joseph Blatter, de que o jogo deveria ser no Rio. "É um raio no céu azul. Ninguém viu nuvens de tempestade no horizonte", diz ele, que considerou a fala do cartola "fora do tempo". O anúncio da abertura será feito em outubro.

CAVALEIROS E AMAZONAS

Fotos Mastrangelo Reino/Folhapress

Fernanda Motta A Sociedade Hípica Paulista comemorou cem anos com um baile de gala em sua sede, na sexta. A Orquestra Maestro Brazil se apresentou. A modelo Fernanda Motta, a estilista Emannuelle Junqueira e o ator Cássio Gabus Mendes estavam entre os convidados.

AL MARE
A 1ª Vara Cível do Guarujá determinou que o clube Café Del Mare, localizado na cidade, mude seu nome e decoração, considerados imitações pelos donos da danceteria Clube Del Mar, de Ibiza. Se a decisão não for acatada, a boate paulista terá que pagar multa diária de R$ 20 mil.

BRISA
Com o slogan "A brisa da Europa agora no Guarujá", o Café Del Mare chegou a registrar o domínio www.cafedelmar.com.br, mas já o tirou do ar. O clube espanhol pede também indenização por violação da marca. Os advogados da casa brasileira dizem que vão recorrer.

GUERRA E PAZ
O conde Vladimir Tolstói, tataraneto de Lev Tolstói e diretor do museu e da fundação dedicados à obra do escritor, virá ao Brasil em setembro. Falará em seminário sobre o legado do autor russo para o século 21, no CCBB-SP.

VALE-TUDO
Os apresentadores Luciano Huck e Luciana Gimenez, o ex-jogador Ronaldo, o ministro do STF Luiz Fux e Joana Prado, ex-Feiticeira, assistiram às lutas do UFC no Rio, no sábado. A 9ine, empresa do Fenômeno, cuida da carreira de Anderson Silva, que ganhou o combate com o japonês Yushin Okami.

CURTO-CIRCUITO

O Sesc Pompeia inicia hoje o curso "Poéticas Sensoriais para Deficientes Visuais". 16 anos.

Karim Rashid dará aula magna hoje, às 14h30, no Centro Universitário Belas Artes, na Vila Mariana, a convite da Master Books.

O livro "Teoria Digital - Dez Anos do File" (Imprensa Oficial) ganhou o Prêmio Red Dot.

O restaurante Buttina faz festa de 15 anos hoje.

A grife 7 for all Mankind lança coleção no Iguatemi.

Regina e Sergio Waib fazem hoje, às 21h, jantar para lançar a parceria do artista Romero Britto com o projeto Velho Amigo.

O centro de bem-estar Kennzur será inaugurado hoje, com festa na avenida República do Líbano.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Cansei
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SP - 30/08/11

No embalo da sinalização presidencial de que a "faxina" teria acabado, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), defendeu ontem na reunião do conselho político parcimônia na aprovação de convites para que ministros se expliquem no Congresso. Diante da cúpula do Planalto e dos aliados, o petista afirmou que "convocar ministro para qualquer coisa" apenas alimenta a percepção de crise.
Horas depois do encontro no Planalto, Vaccarezza voltou ao assunto: "Sou a favor da convocação, mas esse recurso não pode ser banalizado. O Mário Negromonte (Cidades) e o Wagner Rossi (ex-Agricultura) foram ao Congresso para nada. Só fizeram discurso".


Tempo... Embora empenhada em evitar a votação da Emenda 29, Dilma Rousseff disse aos integrantes do conselho político que, no passado, acreditava ser possível resolver o problema da saúde apenas com gestão e a regulamentação da emenda. Hoje, porém, acha que "para ter saúde de qualidade e universal precisa ter mais recursos e precisa pensar numa fonte de financiamento".

...ao tempo A pedido de Dilma, Michel Temer resumiu o espírito da coisa: "A presidente não quer a Emenda 29. Quer uma "Emenda 58", mas no tempo certo".

Só love De Dilma, ao fim da explanação de Temer: "Ah, se todos tivessem um vice como o meu...". Ela ainda pediu uma salva de palmas para o peemedebista.

Vai indo... Quando Paulinho da Força (PDT-SP) trouxe à pauta, no encontro de Dilma ontem com as centrais, o protesto a ser promovido hoje em frente à sede do Banco Central, a presidente respondeu com uma leve defesa da redução dos juros.

...que eu já vou Enquanto Dilma falava, a ministra Ideli Salvatti aproveitou para passar um bilhete ao deputado: "Você está vendo que a presidente está na prática mandando vocês fazerem a manifestação?".

Festa no apê Políticos estão em pânico desde a divulgação, pela revista "Veja", de imagens do corredor do hotel onde José Dirceu se hospeda e despacha em Brasília. Eles sabem que os circuitos internos registram o ir e vir não somente de ministros e parlamentares.

Calculadora O Rio levará ao debate sobre a mudança na divisão dos royalties do petróleo uma proposta que altera a cobrança da chamada participação especial na produção já licitada. A ideia é passar a cobrar a taxa de empresas petrolíferas hoje isentas por força de decreto de 1998. A arrecadação extra gerada por essa mudança seria destinada a Estados e municípios não-produtores.

Aliança tática Estado e Prefeitura de São Paulo, que discordam em quase tudo, ficaram igualmente contrariados com a declaração de Joseph Blatter, segundo quem a abertura da Copa de 2014 -e não apenas seu encerramento- deveria acontecer no Rio. Convencidas de que o jogo inicial acontecerá no futuro Itaquerão, as duas partes resolveram atribuir a declaração do presidente da Fifa ao litígio com Ricardo Teixeira (CBF) em torno da sucessão na entidade.

Segura aí O PSDB-SP enviou carta recomendando aos 1.100 vereadores da sigla no Estado que rejeitem o aumento no número de cadeiras nas Câmaras Municipais. Autorizada por emenda constitucional de setembro de 2009, a farra carece de regulamentação local até 2012 para entrar em vigor na nova legislatura. A Justiça Eleitoral estima que seriam criadas até 9.000 vagas no país.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio

"A história já registrou tentativas de estabelecer um governo paralelo. Agora, governo informal é a primeira vez."
DO CIENTISTA POLÍTICO RUBENS FIGUEIREDO, sobre a desenvoltura de Lula e José Dirceu em receber ministros e congressistas nos seus respectivos QGs.

contraponto

Leva tudo

Manoel Júnior (PMDB-PB) divertia os colegas dias atrás ao relatar uma conversa com Ideli Salvatti, a coordenadora política do governo. Reclamando de que os cargos do segundo escalão são destinados preferencialmente para o PT, o deputado provocou:
-Olha, já que é assim, eu vim oferecer ao partido também os 25 cargos a que tenho direito.
Um tanto intrigada, Ideli perguntou ao parlamentar:
-Mas onde o senhor tem 25 cargos?
-No meu gabinete, oras!