quinta-feira, janeiro 15, 2009

SURUBA


EDITORIAL FOLHA DE SÃO APULO

Assunto da Itália

Folha de S. Paulo - 15/01/2009
 

O ASILO político a Cesare Battisti, italiano condenado em seu país à prisão perpétua por quatro homicídios ocorridos na década de 1970, é um equívoco. De uma vez, o governo Lula contrariou decisões consumadas dos Judiciários da Itália e da França e da Corte Europeia de Direitos Humanos.
No Brasil, a vontade do Planalto refutou orientação do Comitê Nacional dos Refugiados e evitou que o pedido de extradição de Battisti, feito pela Itália, fosse julgado no Supremo Tribunal Federal. O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, pede seu repatriamento.
O governo Lula alega que Cesare Battisti, ex-integrante de um grupo terrorista de esquerda, é um perseguido político que foi julgado "in absentia", sem direito à ampla defesa. O Executivo brasileiro não deveria entrar nesse mérito quando do outro lado há uma democracia estabelecida, com Judiciário autônomo.
A "doutrina Mitterrand", socialista que presidiu a França de 1981 a 1995, está superada nas cortes francesas. Durante anos, ela deu guarida a ativistas de esquerda estrangeiros que haviam cometido crime em seus países.
Battisti, que se diz inocente, era um dos beneficiados até que mudaram, na França, a orientação política e a jurisprudência, causa de desavenças diplomáticas incômodas na União Europeia. O Judiciário francês decidiu extraditá-lo, mas Battisti fugiu do país e sabiamente, vê-se agora, desembarcou no Brasil.
A suposta falta de acesso à ampla defesa, no caso, já foi rechaçada na Corte Europeia de Direitos Humanos, instância competente para julgar alegações de abusos em nações da UE.
O caso Cesare Battisti é incomparável com asilos concedidos pelo Brasil a ex-ditadores e ex-governantes sul-americanos. Aqui se tratava de remediar situações explosivas nos instáveis países de origem e/ou de preservar a integridade física do asilado, sujeito, de outro modo, à arbitrariedade de sistemas políticos e judiciais precários.
Nenhum desses critérios se aplica à Itália, nem a Battisti. Seu destino é assunto exclusivo do Judiciário italiano e do sistema de apelações europeu. A concessão do asilo decorre, apenas, de uma ação entre amigos no seio de uma certa esquerda. Temas de Estado, no entanto, requerem outra abordagem, e espera-se que Lula reconsidere a decisão.

VINICIUS TORRES FREIRE

Mais notícias "aziáticas"


Folha de S. Paulo - 15/01/2009
 

Cai consumo de gás e de eletricidade; dado preliminar sobre balança comercial indica déficit para breve

MAIS INDICADORES confirmam a conta do desastre de dezembro. O consumo de eletricidade no mercado livre (grandes empresas) caiu 1% ante dezembro de 2007 (estimativa baseada em amostra da empresa Comerc, comercializadora de energia) e 18% de novembro para dezembro. O consumo de gás natural na indústria recuou 24% de dezembro de 2007 para dezembro de 2008. Nos dados preliminares, o consumo de papelão ondulado caiu 4,5% em dezembro, ante o mesmo mês do ano passado.
Considerando a derrocada na produção de veículos (54%), no tráfego de caminhões pesados (0,8%) e da carga de energia elétrica (5%), outros indicadores coincidentes, estima-se que a produção industrial tenha levado um tombo de 8% em dezembro -ante dezembro de 2007.
Alguns setores, como o de veículos, dizem que a coisa parou de piorar, mês a mês. Mas anda abaixo do nível de 2008. E a siderurgia diz que continua a deterioração. O pessoal de máquinas também.

"Déficit" comercial
Economistas do Unibanco chamam a atenção para o fechamento de câmbio no comércio exterior de dezembro: ficou negativo pela primeira vez desde outubro de 2001 (US$ 119 milhões). No primeiro terço de janeiro, está negativo em US$ 510 milhões. Trata-se do dinheiro que de fato entra e sai na conta de exportações e importações. Não é, pois, o saldo comercial.
O tombo em outubro de 2001, em relação à média dos 12 meses antecedentes, foi de cerca de US$ 1,2 bilhão. Em dezembro de 2008, foi de US$ 4,3 bilhões. O dado de um mês da conta comercial não diz muita coisa. Mas assusta, dado o contexto do tropeço assusta. A balança do ano é uma incógnita. Além do preço de commodities e do tamanho da recessão no mundo rico, o desempenho da balança comercial depende muito do saldo de combustíveis. Incluindo combustíveis, a queda do saldo bate em 34% (em 12 meses). Sem combustíveis, a redução foi menor, em torno de 21%.
Notícia mais animadora foi a do nível de financiamento dos exportadores. Voltou ao que era antes da explosão da crise, em setembro de 2008: os ACCs ficaram em torno de 30% da entrada de dinheiro de exportação. Mas, no conjunto da ópera, as notícias continuam "aziáticas", de dar azia, como diz Lula. 

"Errei" e dívida externa privada
Na coluna de domingo, o colunista comentava que o BC promete desde dezembro emprestar dinheiro das reservas internacionais, sem fazê-lo, mas no meio de um parágrafo sobre crédito para exportadores (que está funcionando). Mas a nova linha do BC, financiada pelas reservas, é para rolagem de dívida externa de empresas, como se sabe.
Desculpe, por favor, a confusão.
Henrique Meirelles informa que a linha para rolagem de dívida ainda não saiu porque o BC estuda como dar base jurídica forte à medida e está checando a experiência internacional no assunto. O pacote ainda não está definido. Mas diz-se que empréstimos intercompanhias (de matriz para filial) devem ficar de fora. A linha deve ser só para empresa que lançou títulos e bancos.

ELIANE CANTANHÊDE

Espírito de ano novo


Folha de S. Paulo - 15/01/2009
 

O governo brasileiro amanheceu mais "esquerdista" em 2009 e vem dando diferentes demonstrações disso. A última foi a canetada de Tarso Genro (Justiça), que passou por cima do Itamaraty, do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) e do Supremo Tribunal Federal para conceder asilo político ao italiano Cesare Battisti. 
Ex-líder da organização terrorista Proletários Armados pelo Comunismo, Battisti foi condenado a prisão perpétua na Itália pela morte de pelo menos quatro pessoas. Para o governo italiano, cometeu crime comum. Para o brasileiro, foi crime político. A diferença: criminoso comum é extraditado, criminoso político tem direito a asilo. Lembre-se que o governo brasileiro é cheio de ex-presos políticos e agiu mais pelo passado e a ideologia do que pelo presente e o pragmatismo jurídico-diplomático, numa decisão pró-asilo que irritou o governo da Itália e vai ser uma dor de cabeça para Lula, que desembarca hoje na Bolívia imbuído desse "espírito esquerdista" do ano novo e pronto para enrolar ou Evo Morales ou os técnicos brasileiros. 
O governo manteve a compra de muito mais gás da Bolívia do que o Brasil precisa, só para continuar gerando receitas para o vizinho pobre. 
Será cada vez mais difícil sustentar que foi uma "decisão técnica". Até pela aritmética: chove a cântaros, as hidrelétricas estão cheias, as empresas consomem menos gás durante a crise. Mais oferta e menos demanda não é igual a grande compra de gás no exterior. Se Edison Lobão (Minas e Energia) tem de se render à pressão "esquerdista" para comprar mais gás da Bolívia, Genro (Justiça) rende a diplomacia e a Justiça à sua lógica "esquerdista". Vai ser aplaudido pelo seus já aliados, mas tende a receber uma saraivada de críticas de toda parte e pode até vir a recuar. 
E é assim que o Brasil acaba de ganhar mais um chanceler, entre tantos, enquanto Amorim circula pelo Oriente Médio: Tarso Genro.

COLUNA PAINEL

Imunidade trincada


Folha de S. Paulo - 15/01/2009
 

Protegido dos efeitos da crise, segundo as palavras do presidente Lula, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) sofre baixas. Por decisão de Dilma Rousseff (Casa Civil), serão adiados os leilões de concessão à iniciativa privada de dois trechos das ferrovias Norte-Sul e Oeste-Leste, um dos destaques do programa. Previstas até então para este semestre, as concessões só devem sair no final do ano ou em 2010.
O presidente da Valec -órgão que tem a função de construir e explorar as ferrovias- confirma: "Devido à crise, a ministra Dilma tomou essa decisão. Estava toda a parte técnica pronta, mas havia o receio de que o leilão fracassasse. O bom senso manda aguardar mais", diz José Francisco das Neves.

Crédito.
 O principal motivo da decisão foi a avaliação de que as empresas interessadas teriam dificuldade em conseguir crédito nesse momento. O governo diz que as obras continuam sendo feitas, mas novos congelamentos de concessões de ferrovias e rodovias estão em estudo. 

Para depois
Os trechos ferroviários cujos leilões vão ser adiados são Anápolis (GO)-Estrela d"Oeste (SP), da Norte-Sul, e Ilhéus-Barreiras (BA), da Oeste-Leste. 

Churrasco
Em visita ao colega Aécio Neves (PSDB-MG), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) convidou ontem o governador mineiro a incluir João Pessoa na caravana programada pelo país. Cunha Lima defendeu as prévias no PSDB. "O que não pode é repetir erros do passado. Se for para decidir o candidato em um restaurante, que seja numa grande churrascaria." 

Gelada
Um grupo de dez deputados federais embarca hoje para a Antártida, a convite da Marinha. A expedição ganhou o apelido de "Entrando numa fria, parte 2". No ano passado o mau tempo reteve por quatro dias um grupo de congressistas no continente. 

Shopping
A Base Naval de Aratu, na Bahia, onde Lula costuma passar férias, vai receber um banho de loja. Ao custo de R$ 29 mil, estão sendo comprados fabricadores de gelo, lâmpadas contra insetos, cafeteiras, sanduicheiras e aparelhos para amaciar carne.

Barrados
Os congressistas brasileiros que pretendiam ir à posse de Barack Obama chegaram a recorrer ao embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel. Apesar disso, não foi concedido assento na solenidade. "Ele disse que cada país será representado pelo respectivo embaixador em Washington", afirmou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). 

Amigos
Entrou em vigor nessa semana acordo bilateral entre o Brasil e a Liga Árabe, que representa 21 países, incluindo delegação da Palestina. A partir de agora, a liga poderá operar livremente e ter sede no Brasil. 

Um e outro
A comissão do Congresso composta por oito deputados e um senador que acompanha a crise em Gaza enviou carta à embaixada israelense criticando a invasão no território. Já a carta destinada à representação Palestina presta solidariedade e não diz uma palavra sobre o terrorismo do Hamas.

Telefone mudo
Após oito dias da divulgação de que o celular da secretária do líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), foi alvo de escuta ilegal, a Anatel ainda não se manifestou sobre o caso. Na próxima segunda, o tucano e o presidente da CPI dos Grampos, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), devem ir à agência. 

Isca
Uma das ideias mais mirabolantes em discussão na campanha de Aldo Rebelo (PC do B) à presidência da Câmara é implantar mutirão de votação de quinta a domingo, a cada bimestre. Seriam sessões reservadas a projetos de deputados que estivessem presentes na ocasião, já que a pauta normal é dominada por propostas do governo. 

Tiroteio


"O governo preferiu colocar-se ao lado de um fugitivo em vez de apoiar o pleito de um país com o qual tem relação. E isso sem consultar a Justiça brasileira, o que é muito preocupante." 

Do senador 
NEUTO DE CONTO (PMDB-SC), que tem cidadania italiana, sobre a recusa do Brasil em extraditar o italiano Cesare Battisti.

Contraponto

Na moda

Em conversa anteontem com uma jornalista, o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), cujo nome figura na lista de especulações para 2010, explicava que voltará ao trabalho somente na semana que vem.
-Não é porque estou de férias. É que estou me recuperando de uma cirurgia no rosto!
A repórter, então, provocou:
-Não me diga que o senhor fez plástica como a Dilma, para virar vice-presidente na chapa dela...
De pronto, o ministro tratou de desmentir:
-Pelo amor de Deus! Não tem nada disso, não!
Geddel se recupera de uma cirurgia nos dentes.

ROLF KUNTZ

Otimistas versus informados


O Estado de S. Paulo - 15/01/2009
 

A boa notícia é que os brasileiros estão entre os mais otimistas em relação ao País e às possibilidades de aumento da renda familiar nos próximos 12 meses. No Brasil, 79% dos entrevistados disseram acreditar nesse aumento, enquanto nos Estados Unidos apenas 34% manifestaram essa expectativa e somente 11% no Japão, segundo pesquisa realizada em 17 países. A má notícia aparece quando se combina essa informação com os últimos dados sobre o emprego e sobre o desempenho de importantes setores industriais: se o quadro piora tão rapidamente enquanto os brasileiros estão confiantes, como ficará a situação quando mais pessoas se apavorarem com a crise?

O otimismo da maioria dos brasileiros dá ao governo um bom ponto de partida para definir e aplicar medidas contra a recessão. Boa parte da confiança captada na pesquisa deve estar vinculada à popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas essa confiança tende a se esgotar com a multiplicação das demissões, a contenção do consumo e o rebaixamento do padrão de vida de milhares ou até milhões de famílias.

Outro detalhe relevante é a associação entre classe econômica e otimismo/pessimismo. No grupo D/E, o mais pobre, 47% expressaram a esperança de melhora da situação do País nos próximos três meses. A porcentagem cai para 31% na classe C e para 25% no grupo A/B. Essas camadas não se diferenciam apenas pela renda e pelas posses, mas também pela educação e pela informação.

O otimismo registrado pela pesquisa varia inversamente ao grau de informação do entrevistado. Os mais informados não estão necessariamente em situação pior que a dos outros. Mas sabem mais a respeito do mundo, não só porque absorvem e processam mais notícias, mas também porque são mais atentos ao noticiário econômico mais complexo. Muitos, ao contrário do presidente da República e de boa parte de seus mais entusiasmados admiradores, leem jornais e revistas e assistem aos melhores programas informativos da TV.

Tudo isso explica seu menor otimismo, embora disponham, quase certamente, de melhores condições para enfrentar períodos de vacas magras.

Quanto mais informado o cidadão, menor a sua propensão a engolir a retórica presidencial sobre medidas anticrise, especialmente sobre a sustentação de investimentos. Boa parte dos investimentos financiados pelo Tesouro está emperrada, como já foi noticiado muitas vezes, e isso inclui numerosos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Se o presidente coordenasse e administrasse tanto quanto fala, o ritmo de execução dos projetos constantes do 
Orçamento da União seria com certeza muito mais satisfatório. Nenhuma outra pessoa pode exercer essa função no governo federal, porque há uma evidente escassez de liderança e de competência gerencial no primeiro escalão do Executivo. As poucas demonstrações de bom senso ficam a cargo do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, mas sua influência é restrita.

No gabinete palaciano, há quem tenha poder para neutralizar boas iniciativas e para dar péssimas ideias ao presidente, mas não há sinal de liderança administrativa. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pode ser apontada pelo presidente Lula como gerente e até mãe do PAC, mas sua atuação não tem a mínima correspondência com esses títulos. Basta ver alguns números: em 2008, dotação orçamentária de R$ 18,84 bilhões e desembolsos de apenas R$ 11,32 bilhões, incluídos neste valor R$ 7,56 bilhões de restos a pagar de 2007.

Investimentos federais seriam importantes para manter a economia em movimento. Mas não basta o presidente fazer um discurso por dia, em tom furioso, para ocorrer a execução das obras. Parte dos brasileiros pode até se impressionar, mas essa retórica não garante empregos no setor privado. Quanto aos estímulos fiscais, até agora tiveram pouco efeito. Em dezembro, a redução de impostos pode ter facilitado a venda de automóveis, mas o efeito dessa medida é limitado. O governo ainda não acertou a mão na política de incentivos e não deu atenção suficiente ao perigo cada vez maior de problemas no balanço de pagamentos. As melhores iniciativas partiram do Banco Central: oferta de dólares para o financiamento da exportação e para a liquidação de dívidas não renovadas. Pelo menos uma área da administração federal mostra alguma noção de foco e alguma percepção do que pode fazer diferença. Mas só os menos otimistas são bastante informados para perceber detalhes como esse.

ANCELMO GÓIS

O gás político


O Globo - 15/01/2009
 

Evo Morales, no encontro com Lula hoje em Puerto Suárez, vai espernear contra a redução de fornecimento do gás boliviano para o Brasil. 

Semana passada, o governo decidiu diminuir o suprimento diário de 30 milhões de metros cúbicos para 19 milhões. No mesmo dia, recuou um pouco, pressionado por ministros bolivianos, e aumentou o teto de compra para 24 milhões. 

Segue... 

O governo alegou que o recuo se deve à necessidade de manter três usinas termelétricas ainda em funcionamento. 

Só que o pessoal do setor acha que ficará cada vez mais claro que o funcionamento é excesso de zelo, ou... de política. 

Não veio a turismo 

Quem esteve no Brasil estes dias foi o americano Rex W. Tillerson, nº 1 da Exxon, a maior petrolífera do mundo. 

Apesar da crise ele aposta fichas no pré-sal brasileiro. A Exxon lidera um consórcio no bloco BM-S-22 na Bacia de Santos. 

As voltas... 

O ministro Edison Lobão estava no aeroporto de Brasília quando foi abordado por uma senhora: 

- Sou sua eleitora lá do Maranhão. 

Lobão encheu-a de afagos e ela, toda feliz, esticou o papo: 

- Eu sei que o senhor já foi deputado. Mas agora o senhor faz mesmo o quê? 

- Sou ministro. 

...que o mundo dá 

A senhorinha caprichou no sotaque nortista, deu-lhe um tapinha nas costas, e sentenciou: 

- Ô, subiu muito, hein!

ILIMAR FRANCO

Alckmin vai à luta


O Globo - 15/01/2009
 

O ex-governador Geraldo Alckmin não aceita ficar à margem da sucessão estadual. Ele vai disputar a indicação para concorrer pelo PSDB ao governo paulista. E já está percorrendo o interior do estado em busca de apoio. Alckmin vai enfrentar o candidato serrista, Aloysio Nunes Ferreira. Quer prévias. A disputa de José Serra com Aécio Neves não será a única no ninho dos tucanos. 

Carla Bruni e Fred Vargas comemoram 

A primeira-dama francesa, Carla Bruni, e a escritora Fred Vargas comemoraram juntas a decisão do ministro Tarso Genro de conceder refúgio político a Cesare Battisti, cuja extradição era pedida pela Itália. Quando esteve no Brasil, no fim do ano, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, teria dito ao presidente Lula que o premiê italiano, Silvio Berlusconi, não queria mais Battisti na Itália, porque causaria muita turbulência política. A extradição do ex-militante de esquerda foi uma bandeira de campanha de Berlusconi. No ano passado, Sarkozy negou a extradição da italiana Marina Petrella, ex-integrante das Brigadas Vermelhas. 

Na eleição para a presidência do Senado trabalho para o presidente Lula. Sou Tião Viana em on e em off" - José Múcio, ministro das Relações Institucionais 

JUVENTUDE. O bispo dom Mauro Morelli esteve com o ministro Nelson Jobim (Defesa). Foi pedir apoio do Exército para um programa de criação de peixes, que terá verbas públicas e privadas, para ocupar jovens de 15 a 24 anos. O general Elito Siqueira, que comandou as forças de paz no Haiti, recebeu a missão de articular a participação dos militares, que desempenharão tarefas nas áreas de organização e disciplina. 

Barulho 

Está programado para o Fórum Social Mundial um debate sobre a atuação da Vale no Pará. O objetivo anunciado é exigir indenização pelos supostos danos socioambientais e reformular a partilha dos lucros da empresa privada.

Mais adidos 

O governo decidiu criar dois cargos de adido militar no exterior. Um deles será nomeado para a Índia e o outro para atuar junto ao Estado Maior Conjunto das Forças Armadas americanas. O Brasil já tem três adidos militares nos EUA. 

Nova rodada Brasil-Paraguai 

O impasse sobre a energia da Usina de Itaipu está longe de uma solução. Representantes do Paraguai vem ao Brasil dia 26 para apresentar uma nova proposta. No encontro anterior, os paraguaios disseram que o financiamento da construção de um linhão para levar energia para o interior do Paraguai não é prioridade. "Se não é prioridade dos senhores, muito menos é nossa", respondeu o ministro Edison Lobão (Minas e Energia). 

Quando a sagacidade vira lenda 

Queixa do senador José Sarney (PMDB-AP), ontem à noite, depois de ter adiado mais uma vez encontro com o presidente Lula para tratar da sucessão na presidência do Senado: "Até a minha gripe o pessoal coloca em dúvida". Sarney não é o único que está evitando falar com Lula. A cúpula do PMDB também adiou uma reunião para a semana que vem. O partido quer evitar um "apelo" do presidente, prefere que o caso continue na base do "seria bom" um partido em cada Casa. 

O DESTINO do líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), está nas mãos do presidente Lula. Roseana Sarney (PMDB-MA) está entregando a função de líder do governo no Congresso. 

PLACAR. Pelas contas do PMDB, se a eleição fosse hoje, o senador José Sarney (PMDB-AP) teria 58 votos para a presidência do Senado, em um total de 81. 

O GRUPO do ex-prefeito de Niterói, Godofredo Pinto, e do deputado Chico D"Angelo anuncia hoje seu ingresso na tendência centrista Movimento PT. Eles romperam com a Mensagem, do ministro Tarso Genro.

AUGUSTO NUNES

A fantasia repousa no fundo do mar


Jornal do Brasil - 14/01/2009
 

"FUI TÃO FUNDO QUE QUASE BATI LÁ NO PRÉ-SAL", ainda exultava na segunda-feira o presidente fotografado dias antes dois metros abaixo da superfície do mar. Aleluia!, berraram milhões de brasileiros até então aflitos com o súbito sumiço da palavra resgatada pela frase de Lula, mas ainda ressabiados com o enigma: o que provocou a suspensão repentina, sem comunicados oficiais nem pronunciamentos em cadeia nacional de rádio e TV, do carnaval temporão decretado em agosto do ano da graça de 2008, sexto da era Lula, pela descoberta do despotismo de petróleo estocado nas profundezas do Atlântico?

Por que se dispersaram sem mais nem menos as procissões em louvor da descoberta do pré-sal, mais importante que o Descobrimento? Porque a turma das caravelas encontrou índios, araras e praias, e a Petrobras achou jazidas colossais guardadas pela Divina Providência durante milhões de anos para que coubesse ao maior governante de todos os tempos anunciar à nação e ao resto do mundo a entrada do Brasil na Opep, e posar para a posteridade no meio de sheiks árabes.

Do fim do inverno ao crepúsculo da primavera, acampado no andor principal, Lula improvisou orações em agradecimento ao Companheiro que lhe permitiria surprender a Sapucaí, em companhia de Hugo Chávez, com a primeira aparição de uma dupla fantasiada de califa cucaracha. "Tenho tanta sorte que acho que que Deus passou por aqui e resolveu ficar", desconfiou em setembro, extasiado com a demasia de dinheiro que garantiria aos pobres três refeições por dia, duas viagens por ano à classe média e a inclusão de um banqueiro da terra na lista dos 10 mais ricos do mundo.

Generoso, prometeu aos diretores da UNE um sistema de ensino de desconcertar o rei da Suécia. Aos acidentados, um atendimento de emergência superior ao da Inglaterra. Aos enfermos em geral, a cura de todas as doenças por médicos incorporados ao sistema de saúde. Sobram verbas para todos, souberam ministros, governadores lulistas, criptolulistas ou simpatizantes, prefeitos e vereadores de cidades a menos de 100 quilômetros do mar. Sobra verba para todos e para tudo, gabou-se em novembro, mostrando as mãos enegrecidas de petróleo supostamente pescado no pré-sal do Espírito Santo.

"Tenho tanta sorte que lá no poço de Jubarte a Petrobras encontrou mais uma reserva de 2 bilhões de barris", reiterou. Sorte e paciência: a festa já começou, mas o festejado só jorrará para valer em 2014. Paciência e otimismo, confirmou a certeza de que a demora vai beneficiar a indústria nacional, porque enquanto os gringos produzem os equipamentos que nunca houve as fábricas daqui terão tempo para providenciar o muito que falta para encher milhões, bilhões de barris com petróleo sugado 7 mil metros abaixo do nível do mar. Sete quilômetros. Ou mais.

 Como conseguir, por exemplo, sondas de perfuração avaliadas em US$ 700 bilhões cada uma no mercado internacional? Com um presidente que reduz crise a marolinha ninguém pode, complicou no no improviso: "Ou nós tomamos a decisão de fazê-las aqui, gerando tecnologia, emprego, renda e desenvolvimento, ou a Petrobras vai economizar US$ 100 milhões e comprar todas em Cingapura".

Na alusão ao pré-sal pode estar a explicação para o mistério aparente: o carnaval petroleiro vai recomeçar em 2010, com a companheira Dilma Rousseff como rainha da bateria e Lula puxando o samba-enredo costurado para celebrar a gestação do futuro nas plataformas espalhadas por 800 quilômetros de litoral. Quem melhor que a mãe do PAC, já com o filho aprendendo a andar, para vigiar os trabalhos de parto que serão concluídos em 2014, junto com a candidatura de Lula a outro mandato presidencial, a Copa do Mundo, a Olimpíada do Rio e o submarino nuclear encomendado pelo almirante Nelson Jobim e seu grumete de estimação Mangabeira Unger? Em 2006, o presidente reelegeu-se jurando que o país se tornara auto-suficiente em petróleo. O Brasil paga R$ 5,5 bilhões por ano para fechar a conta de óleo e combustíveis. Dilma vai jurar que o pré-sal logo transformará o país em exportador de petróleo. O Brasil continuará importando barris e engarrafando a miragem no fundo do mar.

Lula e Dilma parecem convencidos de que, no País do Carnaval, milhões de eleitores aceitam qualquer fantasia. Faz sentido.

O IDIOTA


QUINTA NOS JORNAIS

Globo: Demissões provocam atrito entre ministro e empresários

Folha: Fiesp quer cortar jornada e salário sem garantir vagas

Estadão: Grandes empresas apóiam corte de salários e jornada

JB: Já passam de 1.000 mortos

Correio: Férias no lixão - Crianças da Estrutural brincam de catar boneca

Valor: Economia da AL desaquece e Brasil perde exportações

Gazeta Mercantil: BC garante liquidez às linhas de exportação

Estado de Minas: Acordo garante emprego em Minas