FOLHA DE SP - 18/10
Só vou usar rede social e Twitter se tarântulas censoras ameaçarem tomar o STF de ataque
Sou do tempo em que a pessoa mais desequilibrada da sala costumava ser sempre eu. Para você ver como as coisas mudam. Hoje, consigo não só contar até dez antes de cometer alguma asneira, como fui buscar prazer em outras localidades que não os bueiros infectos que outrora visitava nos horários em que o cidadão de boa cêpa começa a adentrar o 13º ciclo REM do sono.
Não chego a ser nenhuma Darlene Glória arrependida, mas já conquistei o troféu Baby Consuelo da regeneração. Uma Baby Consuelo, veja bem, SEM empresária (pé de pato mangalô três vezes!), mas ainda assim que fez da recuperação da dependência seu sacerdócio e da virtude da vida saudável seu lema.
Nem por isso, deixo de estar imensamente preocupada. Sabe o que é? Ontem vi na "Ilustrada", na coluna daquele adônis do Calligaris, que quem não lê ficção literária bom sujeito não é. Não adianta ler apenas. Nos últimos tempos, troquei a remuneração de um trabalho feito para uma livraria pelos seguintes e portentosos volumes: "Formação do Brasil Contemporâneo", Caio Prado Jr.; "Raízes do Brasil", Sérgio Buarque de Holanda; "A Integração do Negro na Sociedade de Classes", Florestan Fernandes e assim vai.
Pois é, nem abri. Alguns foram e voltaram de Miconos virgens, outros eu levei para conhecer uma das maravilhas do mundo, a cidade de Machu Picchu, e mais um par foi comigo até a Terra do Fogo, e de lá voltamos três desconhecidos.
Se eu não leio nem mesmo livros que me dariam substância para entender o país em que vivo e, consequentemente, para tentar enriquecer minha conta bancária, digo, o meu diálogo com você, meu ursinho de pelúcia, imagine se eu teria tempo de enfrentar um "Moby Dick"? Contardo menciona estudo que diz que a ficção ajuda a aprimorar a capacidade de reconhecer o que os outros sentem, nos ensina a ter empatia.
Ou seja, estou perdida e o mundo prestes e escoar pelo ralo. Entre iPhone, iPad, BigMac e WhatsApp, ao fim do dia tão sugada, que só consigo ficar olhando imagens no Instagram antes de pegar no sono. Nem mesmo na reprise de "Água Viva" consigo me concentrar.
Nem mesmo para ler provérbio no Facebook eu tenho mais foco. Os 140 caracteres do Twitter então, são "Cem Anos de Solidão". Rever um filme do Bergman hoje em dia equivaleria aos 27 anos passados por Mandela em Robben Island. Mas o problema maior não sou eu.
Sejamos sinceros. Eu já estou no ponto para moer e servir de ração para peixinho dourado. E já me dispus a mandar às favas Facebook, Instagram e Twitter. Reconheço que estou passando dos limites. Rede social e fissura em iPhone, depois da coluna do Contardo só na eventualidade de algum assunto de interesse maior, como um ataque de tarântulas censoras ao STF.
A questão maior é como domar a testosterona dessa geração de garotos que passam o dia enfurnados no quarto com o nariz grudado na tela. Quando são obrigados a lidar com a vida real, em um mundo em que figura paterna e materna estão cada vez mais bagunçadas, eles estão sem saber distinguir entre real e virtual.
Nesta semana, ouvi relatos apavorados de uma testemunha sobre um jovem que trafegava pela zona sul sobre a caçamba de uma pick-up desferindo golpes em motoboys com taco de beisebol. Na cabeça. O camarada parecia estar se divertindo muito. Claro, assim como a distinção entre sexo virtual e sexo na vida real, o GTA (Grand Theft Auto) de verdade deve ser bem mais emocionante do que o jogo.
sexta-feira, outubro 18, 2013
Vingança pornô - - NELSON MOTTA
O GLOBO - 18/10
Já passou o tempo em que a vingança era um prato para ser comido frio, hoje come-se on line
Um dos efeitos mais dramáticos da era da informação é o fim da privacidade, que para uns é uma desgraça, e outros, felicidade. Hoje qualquer um pode ter seu próprio jornal, sua rádio e seu canal de televisão on line, nunca os exibicionistas tiveram tantos meios para se mostrar, nem os maledicentes para expressar seus piores sentimentos, nem os pesquisadores e historiadores para ter acesso a informações preciosas para toda a sociedade.
Nunca na história desse planeta o ser humano pôde revelar tanto o seu melhor, e o seu pior, para tantos, em todos os lugares, ao mesmo tempo. E está só começando.
Uma das piores novidades nos Estados Unidos é a onda de namorados, maridos e amantes abandonados que postam fotos e vídeos íntimos de suas ex-amadas em sites como o You Got Posted, que logo são fechados, mas o estrago já está feito, as imagens já caíram na rede, empregos e amizades foram destruídos, algumas vítimas chegam a mudar de cidade e até de nome.
Mas os advogados de defesa alegam que as imagens foram feitas voluntariamente e culpam as vítimas, que raramente conseguem na Justiça uma indenização por danos morais.
Entre a liberdade de expressão e o direito à privacidade, os legisladores, as delegacias de crimes cibernéticos e os tribunais americanos ainda não sabem como lidar com a canalhice digital, mas enquanto uma nova lei não vem, as mulheres estão reagindo com as mesmas armas e expondo na rede as deficiências dos ex-amados que as traíram. Já passou o tempo em que a vingança era um prato para ser comido frio, hoje come-se on line.
Novos sites de vingança abrem e fecham todo dia e têm cada vez mais audiência, pelo prazer perverso de ver pessoas comuns expostas e humilhadas. Na sociedade do espetáculo, agora é só uma questão de tempo para um seriado de TV, ou um filme de um mestre das vinganças como Tarantino, ou uma comédia politicamente incorreta de Larry David.
Só me resta recomendar a minhas filhas e netas que evitem fotos e vídeos peladas, porque ao contrário do amor, que é eterno só enquanto dura, suas imagens ficam para sempre no cyberespaço das misérias humanas.
Já passou o tempo em que a vingança era um prato para ser comido frio, hoje come-se on line
Um dos efeitos mais dramáticos da era da informação é o fim da privacidade, que para uns é uma desgraça, e outros, felicidade. Hoje qualquer um pode ter seu próprio jornal, sua rádio e seu canal de televisão on line, nunca os exibicionistas tiveram tantos meios para se mostrar, nem os maledicentes para expressar seus piores sentimentos, nem os pesquisadores e historiadores para ter acesso a informações preciosas para toda a sociedade.
Nunca na história desse planeta o ser humano pôde revelar tanto o seu melhor, e o seu pior, para tantos, em todos os lugares, ao mesmo tempo. E está só começando.
Uma das piores novidades nos Estados Unidos é a onda de namorados, maridos e amantes abandonados que postam fotos e vídeos íntimos de suas ex-amadas em sites como o You Got Posted, que logo são fechados, mas o estrago já está feito, as imagens já caíram na rede, empregos e amizades foram destruídos, algumas vítimas chegam a mudar de cidade e até de nome.
Mas os advogados de defesa alegam que as imagens foram feitas voluntariamente e culpam as vítimas, que raramente conseguem na Justiça uma indenização por danos morais.
Entre a liberdade de expressão e o direito à privacidade, os legisladores, as delegacias de crimes cibernéticos e os tribunais americanos ainda não sabem como lidar com a canalhice digital, mas enquanto uma nova lei não vem, as mulheres estão reagindo com as mesmas armas e expondo na rede as deficiências dos ex-amados que as traíram. Já passou o tempo em que a vingança era um prato para ser comido frio, hoje come-se on line.
Novos sites de vingança abrem e fecham todo dia e têm cada vez mais audiência, pelo prazer perverso de ver pessoas comuns expostas e humilhadas. Na sociedade do espetáculo, agora é só uma questão de tempo para um seriado de TV, ou um filme de um mestre das vinganças como Tarantino, ou uma comédia politicamente incorreta de Larry David.
Só me resta recomendar a minhas filhas e netas que evitem fotos e vídeos peladas, porque ao contrário do amor, que é eterno só enquanto dura, suas imagens ficam para sempre no cyberespaço das misérias humanas.
Procuro saber - HERMÍNIO BELLO DE CARVALHO
O GLOBO - 18/10
É censura uma pessoa pública (ou não) ser objeto de um livro, e negar ao autor o direito de publicá-lo
A discussão me atrai, sobretudo porque ainda não a vi tratada pelo seu viés cultural. Desde menino sou atraído por biografias, autorizadas ou não. E também por autobiografias. Fico arrepiado em lembrar o que Ruy Castro passou com seu livro sobre Garrincha, interditado pelas filhas do jogador. E agora me deparo com a notícia de que a biografia de Noel Rosa continua interditada pela sua família, herdeira de sua história. Tão logo surgiram rumores de que o Roberto Carlos iria judicialmente retirar de circulação a sua bela biografia, tratei de comprar logo uns 3 exemplares. Ótimo e respeitoso livro, por sinal. A biografia de Clementina de Jesus está sendo negociada com seus “herdeiros”, uma nova profissão a ser reconhecida pelo Ministério do Trabalho.
A Funarte já tinha em sua equipe o pesquisador Ari Vasconcellos. Deve-se a ele, bem antes de minha entrada na Instituição, a edição de livros importantíssimos como “Figuras e Coisas da Música Popular Brasileira”, de Jota Efegê; “Ary Barroso”, de Mário de Moraes; “O choro”, de Alexandre Gonçalves Pinto; “Na roda de samba”, um clássico de Francisco Guimarães, o celebrado “Vagalume”; “Chiquinha Gonzaga”, de Marisa Lira e “Samba”, de Orestes Barbosa. Não foi pouca coisa, não.Mas vamos lá, ao tal viés cultural. Foi com o pseudônimo de Quincas Laranjeiras, violonista muito admirado por Villa-Lobos, que Sergio Cabral iniciou sua carreira de biógrafo tendo Pixinguinha como foco de sua pesquisa. Contextualizemos: 1978, a Presidência da República era ocupada pelo General Ernesto Geisel, Nei Braga era o Ministro da Educação e Cultura e a Funarte, recém-fundada, tinha na Presidência o escritor José Candido de Carvalho (“O Coronel e o lobisomem”) e Roberto Parreira na direção executiva. Nessa mesma época o Macalé e o Sergio Ricardo pensaram numa sociedade sem fins lucrativos a que chamamos sombras: Tom Jobim foi eleito presidente e eu o seu vice. E nessa mesma época o Albino Pinheiro inventou o Seis e Meia, e me levou para estruturar artisticamente o projeto. Passo ao largo dessa história, já bastante conhecida (ou não?), reduzindo-a ao essencial: inventei um Projeto Pixinguinha, que outra coisa não era senão um macro filhote do “Seis e meia” do Albino, e que a Funarte adotou como uma espécie de carro-chefe graças à visão do Roberto Parreira, faça-se justiça a ele. Acabei alocado numa Assessoria para Projetos Especiais da Funarte, e a história toma outro rumo: pensei num projeto de apoio à pesquisa e conseqüente publicação de biografias.
Sobretudo se levarmos em conta que Ari já publicara em 1964 um alentado “Panorama da Música Brasileira”, em dois volumes – e em 1977 o “Raízes da Música Popular Brasileira”. Trabalhava muito esse Ari Vasconcelos. Quando Carlos Lacerda assumiu a governança do Estado, instalou o Museu da Imagem e do Som, instituição idealizada por Mauricio Quadros, que foi nomeado primeiro diretor daquela Casa. E quem soprou no ouvido de Mauricio a idéia dos depoimentos gravados pelo MIS? Nosso Ari Vasconcellos. Mas não vamos esquecer que o rancoroso e talentosíssimo J. Ramos Tinhorão já estava na área desde 1966, e o Jornal do Brasil, façamos justiça, tinha uma equipe de responsabilidade abordando assuntos da música popular . E lá militava o jovem Sergio Cabral, ainda sem nenhum livro publicado – e aí temos que retornar ao assunto Funarte, porque só bem depois ela institucionalizaria o Projeto Lucio Rangel de Monografias.
Ela, a Funarte, estava ainda provisoriamente instalada no Museu Nacional de Belas Artes. O “Pixinguinha, vida e obra” não só inaugurava a carreira de biografo de Sergio Cabral, como também abriu caminho para a edição do “Filho de Ogun Bexinguento” – livro da dupla Marilia T. Barboza da Silva e Arthur L. de Oliveira Filho, menção honrosa do mesmo concurso nacional de monografias que premiara, com justiça, nosso grande Sergio.
O projeto Lucio Rangel de Monografias viria no rastro do sucesso de outro Projeto, o Pixinguinha. E aí sim a coisa tomou vulto: foram 30 (trinta!) títulos publicados, uma comissão de críticos e pesquisadores escolhendo os temas que mereceriam sofrer abordagem. Havia uma linha conceitual direcionando as escolhas: vamos priorizar as figuras marginais de nossa cultura, tipo Assis Valente e Wilson Batista, para ficarmos em apenas dois exemplos. Peraí, lembremos mais: Paulo da Portela, Silas de Oliveira, Cartola, Candeia, Garoto, Radamés Gnattali.
Passaram-se os tempos, o filão ganhou musculatura. Mas a coisa foi ficando mais difícil ao surgir a tal categoria a que já me referi, e a ser reconhecida pelo ministério do Trabalho: a do “herdeiro”.
Essa figura que surge das sombras para, de alguma forma, levar alguma vantagem pecuniária em cima de alguém que se dedique a escarafunchar a nossa cultura. Essa figura sinistra tem sim o poder de embargar um livro. Enfim: aonde quero chegar? Como sou um bestalhão e ingênuo, continuo acreditando em certas instituições. Um dia, um “herdeiro” (ou meio herdeiro) de Mãe Quelé foi aos jornais declarar que eu havia ficado com o espólio de Clementina, daí a filha dela estar morrendo à mingua, sem qualquer assistência.
Ele, o difamador, ostentava corrente de ouro e navegava pela vida a bordo, se não me engano, de uma Mercedes Benz. Não que ele tenha usufruído esses bens às custas de Quelé, coitada: já velhinha, sobrevivia às custas de shows em casas noturnas pequenas, e não havia como intervir na situação. Clementina era território com diversos donos, o que se podia fazer era às escondidas. Essa história, eu sei, ainda vai sair em livro.
Quem se sentir prejudicado por certo irá atrás do “prejuízo” ao ler esse final inglório da grande Dama. Quando foi publicada a matéria citada no parágrafo anterior, fiz o que devia: mandei uma carta ao jornal, que se negou a publicá-la. O editor do caderno explicava que “não queria criar polêmica”. Ou seja: que eu me conformasse com a difamação. Fui pro computador, escrevi um livreco sobre o assunto, o editei às minhas custas e mandei para alguns amigos. Nenhuma nota nos jornais. Mas, para muitos, esse meu retrato desfocado e cheio de estrias na alma terá me causado danos.
Fico à vontade para tocar no assunto: o “Timoneiro”, meu perfil biográfico assinado por Alexandre Pavan, jamais sofreu interferência de minha parte em sua elaboração, e só o li depois de publicado. Fui sim entrevistado por ele diversas vezes, para desfazer dúvidas sobre episódios controversos como o Projeto Pixinguinha. Está longe de ser uma biografia “chapa branca”.
Até porque não havia nenhum corpo dentro do armário pra se esconder: as portas foram abertas, sem fantasias. Contraditoriamente, respeito a opinião de Gilberto Gil e, agora, do Chico Buarque quando se refere ao direito de privacidade. Se um “biógrafo” se aventurar a escrever a biografia de uma pessoa que seja, por natureza, polêmica – sabe-se o resultado.
Vai escarafunchar os lençóis amarrotados do biografado, com quem dormiu ao longo da vida, vasculhar gavetas metafóricas em busca de pistas que o conduzam a aspectos, digamos, “degradantes” da personalidade enfocada, buscar guimbas de maconha nos cinzeiros, drogas camufladas nas meias – toda sorte de “desvios” que fazem, sim, a delícia de um tipo de leitor que existe no mercado – leitor que nunca irá, por exemplo, comprar a monografia de Paulo da Portela ou Radamés Gnattali.
Mas esse direito à privacidade que ganhe, dentro dos fóruns legais, musculatura suficiente que permita ao difamado defender-se amplamente e ressarcir-se dos danos causados à sua vida pessoal. A biografia do político José Dirceu, recentemente publicada, mereceu uma análise na revista Piauí que destrói a credibilidade do autor do trabalho, tal a soma de erros apontados naquele trabalho. Não sei que rumo tomou o caso. Não tenho qualquer simpatia pelo biografado, diga-se de passagem.
Mas temos que nos reconhecer como personagens que fazem parte desse mundinho a que se convencionou rotular de “pessoas públicas”, em torno das quais grassam histórias mergulhadas em espessas nuvens de maledicências – e é esse o preço, afinal, eu se paga quando somos , por natureza, instigadores e fadados a mergulhar, sem proteção, nas águas escuras onde a nossa cultura se charfunda. E aí viramos uma espécie de mictório público, onde qualquer um pode mijar em cima, sem que alguém saque um talonário de multas para punir o infrator. Experimente entrar numa banca de jornais e veja o número de revistinhas ordinárias especializadas em explorar esse veio que existe desde que o mundo é mundo. Um culto ao narcisismo que beira o ridículo.
Lembro da “Coluna da Candinha” na extinta Revista do Rádio, década de 50, auge da popularidade do rádio. Vivi isso na pele: aos 16 anos será repórter de uma revistinha de rádio, e publiquei
uma matéria sensacionalista, que revelavam segredo guardado a sete chaves: quem era o grande amor de Marlene. Quem? A mãe dela. Mais ridículo e ingênuo impossível.
Enfim: que se processo o caluniador. Pague-se esse preço: caso contrário, estaremos sendo censores. E a censura nos conduz a uma outra vertente que dela emana: a auto-censura. Proibimo-nos de expressar nossas verdades. E logo nós, artistas, que vivemos da invenção, que usufruímos da vida o que ela nos oferece do bom e também do pior. Derrapamos, às vezes, quando nos sentimos agredidos – ou quando agridem uma pessoa a quem devotamos admiração e respeito.
Nelson Motta teria violado esse direito à privacidade a que se referem Gilberto Gil e Chico Buarque ao escrever a biografia de Tim Maia? E a vida daquele cantor e compositor poderia ser abordada de outra forma? E Cazuza? Em nenhum momento a família interditou qualquer obra que enfocasse a vida pessoal do compositor.
Enfim: biografias só autorizadas é censura, sim. É censura uma pessoa pública (ou não) ser objeto de um livro, e negar ao autor o direito de publicá-lo. Pior ainda: é querer intervir em sua elaboração, tornando a obra uma biografia “chapa branca”.
Quando falei do Projeto Lucio Rangel de Monografias, foi porque encontrei minha querida Ligia Santos, filha do legendário Donga (“Pelo telefone”) – uma das poucas fontes primárias que ainda
podem falar de alguns contemporâneos de seu pai – como é o caso de João da Bahiana. As “fontes primárias” (aquelas que conviveram diretamente com figuras já desaparecidas) estão rareando. Quase todos os contemporâneos de Mário de Andrade já se foram. Há pouco, perdemos o cenógrafo Fernando Pamplona, aos 87 anos. Quem melhor escreveria sobre Joãosinho Trinta, seu discípulo, e a quem considerava um gênio?
Entendo que o assunto é polêmico, e que a discussão, em nenhum momento, privilegiou esse viés cultural que tanto defendo.
Aguardemos os livros sobre Wilson Batista (Rodrigo Alzuguir, o autor) e um outro sobre Clementina: “Quelé: a voz da cor”, de Felipe Castro, Janaina Marquesini, Luana Costa, Maria Kobayashi e Raquel Munhoz. Aposto nesses jovens pesquisadores.
Termino com uma recomendação: não percam o musical “Clementina, cadê você”. O autor? Pedro Murad. A direção, de Duda Maia.
Imperdível.
É censura uma pessoa pública (ou não) ser objeto de um livro, e negar ao autor o direito de publicá-lo
A discussão me atrai, sobretudo porque ainda não a vi tratada pelo seu viés cultural. Desde menino sou atraído por biografias, autorizadas ou não. E também por autobiografias. Fico arrepiado em lembrar o que Ruy Castro passou com seu livro sobre Garrincha, interditado pelas filhas do jogador. E agora me deparo com a notícia de que a biografia de Noel Rosa continua interditada pela sua família, herdeira de sua história. Tão logo surgiram rumores de que o Roberto Carlos iria judicialmente retirar de circulação a sua bela biografia, tratei de comprar logo uns 3 exemplares. Ótimo e respeitoso livro, por sinal. A biografia de Clementina de Jesus está sendo negociada com seus “herdeiros”, uma nova profissão a ser reconhecida pelo Ministério do Trabalho.
A Funarte já tinha em sua equipe o pesquisador Ari Vasconcellos. Deve-se a ele, bem antes de minha entrada na Instituição, a edição de livros importantíssimos como “Figuras e Coisas da Música Popular Brasileira”, de Jota Efegê; “Ary Barroso”, de Mário de Moraes; “O choro”, de Alexandre Gonçalves Pinto; “Na roda de samba”, um clássico de Francisco Guimarães, o celebrado “Vagalume”; “Chiquinha Gonzaga”, de Marisa Lira e “Samba”, de Orestes Barbosa. Não foi pouca coisa, não.Mas vamos lá, ao tal viés cultural. Foi com o pseudônimo de Quincas Laranjeiras, violonista muito admirado por Villa-Lobos, que Sergio Cabral iniciou sua carreira de biógrafo tendo Pixinguinha como foco de sua pesquisa. Contextualizemos: 1978, a Presidência da República era ocupada pelo General Ernesto Geisel, Nei Braga era o Ministro da Educação e Cultura e a Funarte, recém-fundada, tinha na Presidência o escritor José Candido de Carvalho (“O Coronel e o lobisomem”) e Roberto Parreira na direção executiva. Nessa mesma época o Macalé e o Sergio Ricardo pensaram numa sociedade sem fins lucrativos a que chamamos sombras: Tom Jobim foi eleito presidente e eu o seu vice. E nessa mesma época o Albino Pinheiro inventou o Seis e Meia, e me levou para estruturar artisticamente o projeto. Passo ao largo dessa história, já bastante conhecida (ou não?), reduzindo-a ao essencial: inventei um Projeto Pixinguinha, que outra coisa não era senão um macro filhote do “Seis e meia” do Albino, e que a Funarte adotou como uma espécie de carro-chefe graças à visão do Roberto Parreira, faça-se justiça a ele. Acabei alocado numa Assessoria para Projetos Especiais da Funarte, e a história toma outro rumo: pensei num projeto de apoio à pesquisa e conseqüente publicação de biografias.
Sobretudo se levarmos em conta que Ari já publicara em 1964 um alentado “Panorama da Música Brasileira”, em dois volumes – e em 1977 o “Raízes da Música Popular Brasileira”. Trabalhava muito esse Ari Vasconcelos. Quando Carlos Lacerda assumiu a governança do Estado, instalou o Museu da Imagem e do Som, instituição idealizada por Mauricio Quadros, que foi nomeado primeiro diretor daquela Casa. E quem soprou no ouvido de Mauricio a idéia dos depoimentos gravados pelo MIS? Nosso Ari Vasconcellos. Mas não vamos esquecer que o rancoroso e talentosíssimo J. Ramos Tinhorão já estava na área desde 1966, e o Jornal do Brasil, façamos justiça, tinha uma equipe de responsabilidade abordando assuntos da música popular . E lá militava o jovem Sergio Cabral, ainda sem nenhum livro publicado – e aí temos que retornar ao assunto Funarte, porque só bem depois ela institucionalizaria o Projeto Lucio Rangel de Monografias.
Ela, a Funarte, estava ainda provisoriamente instalada no Museu Nacional de Belas Artes. O “Pixinguinha, vida e obra” não só inaugurava a carreira de biografo de Sergio Cabral, como também abriu caminho para a edição do “Filho de Ogun Bexinguento” – livro da dupla Marilia T. Barboza da Silva e Arthur L. de Oliveira Filho, menção honrosa do mesmo concurso nacional de monografias que premiara, com justiça, nosso grande Sergio.
O projeto Lucio Rangel de Monografias viria no rastro do sucesso de outro Projeto, o Pixinguinha. E aí sim a coisa tomou vulto: foram 30 (trinta!) títulos publicados, uma comissão de críticos e pesquisadores escolhendo os temas que mereceriam sofrer abordagem. Havia uma linha conceitual direcionando as escolhas: vamos priorizar as figuras marginais de nossa cultura, tipo Assis Valente e Wilson Batista, para ficarmos em apenas dois exemplos. Peraí, lembremos mais: Paulo da Portela, Silas de Oliveira, Cartola, Candeia, Garoto, Radamés Gnattali.
Passaram-se os tempos, o filão ganhou musculatura. Mas a coisa foi ficando mais difícil ao surgir a tal categoria a que já me referi, e a ser reconhecida pelo ministério do Trabalho: a do “herdeiro”.
Essa figura que surge das sombras para, de alguma forma, levar alguma vantagem pecuniária em cima de alguém que se dedique a escarafunchar a nossa cultura. Essa figura sinistra tem sim o poder de embargar um livro. Enfim: aonde quero chegar? Como sou um bestalhão e ingênuo, continuo acreditando em certas instituições. Um dia, um “herdeiro” (ou meio herdeiro) de Mãe Quelé foi aos jornais declarar que eu havia ficado com o espólio de Clementina, daí a filha dela estar morrendo à mingua, sem qualquer assistência.
Ele, o difamador, ostentava corrente de ouro e navegava pela vida a bordo, se não me engano, de uma Mercedes Benz. Não que ele tenha usufruído esses bens às custas de Quelé, coitada: já velhinha, sobrevivia às custas de shows em casas noturnas pequenas, e não havia como intervir na situação. Clementina era território com diversos donos, o que se podia fazer era às escondidas. Essa história, eu sei, ainda vai sair em livro.
Quem se sentir prejudicado por certo irá atrás do “prejuízo” ao ler esse final inglório da grande Dama. Quando foi publicada a matéria citada no parágrafo anterior, fiz o que devia: mandei uma carta ao jornal, que se negou a publicá-la. O editor do caderno explicava que “não queria criar polêmica”. Ou seja: que eu me conformasse com a difamação. Fui pro computador, escrevi um livreco sobre o assunto, o editei às minhas custas e mandei para alguns amigos. Nenhuma nota nos jornais. Mas, para muitos, esse meu retrato desfocado e cheio de estrias na alma terá me causado danos.
Fico à vontade para tocar no assunto: o “Timoneiro”, meu perfil biográfico assinado por Alexandre Pavan, jamais sofreu interferência de minha parte em sua elaboração, e só o li depois de publicado. Fui sim entrevistado por ele diversas vezes, para desfazer dúvidas sobre episódios controversos como o Projeto Pixinguinha. Está longe de ser uma biografia “chapa branca”.
Até porque não havia nenhum corpo dentro do armário pra se esconder: as portas foram abertas, sem fantasias. Contraditoriamente, respeito a opinião de Gilberto Gil e, agora, do Chico Buarque quando se refere ao direito de privacidade. Se um “biógrafo” se aventurar a escrever a biografia de uma pessoa que seja, por natureza, polêmica – sabe-se o resultado.
Vai escarafunchar os lençóis amarrotados do biografado, com quem dormiu ao longo da vida, vasculhar gavetas metafóricas em busca de pistas que o conduzam a aspectos, digamos, “degradantes” da personalidade enfocada, buscar guimbas de maconha nos cinzeiros, drogas camufladas nas meias – toda sorte de “desvios” que fazem, sim, a delícia de um tipo de leitor que existe no mercado – leitor que nunca irá, por exemplo, comprar a monografia de Paulo da Portela ou Radamés Gnattali.
Mas esse direito à privacidade que ganhe, dentro dos fóruns legais, musculatura suficiente que permita ao difamado defender-se amplamente e ressarcir-se dos danos causados à sua vida pessoal. A biografia do político José Dirceu, recentemente publicada, mereceu uma análise na revista Piauí que destrói a credibilidade do autor do trabalho, tal a soma de erros apontados naquele trabalho. Não sei que rumo tomou o caso. Não tenho qualquer simpatia pelo biografado, diga-se de passagem.
Mas temos que nos reconhecer como personagens que fazem parte desse mundinho a que se convencionou rotular de “pessoas públicas”, em torno das quais grassam histórias mergulhadas em espessas nuvens de maledicências – e é esse o preço, afinal, eu se paga quando somos , por natureza, instigadores e fadados a mergulhar, sem proteção, nas águas escuras onde a nossa cultura se charfunda. E aí viramos uma espécie de mictório público, onde qualquer um pode mijar em cima, sem que alguém saque um talonário de multas para punir o infrator. Experimente entrar numa banca de jornais e veja o número de revistinhas ordinárias especializadas em explorar esse veio que existe desde que o mundo é mundo. Um culto ao narcisismo que beira o ridículo.
Lembro da “Coluna da Candinha” na extinta Revista do Rádio, década de 50, auge da popularidade do rádio. Vivi isso na pele: aos 16 anos será repórter de uma revistinha de rádio, e publiquei
uma matéria sensacionalista, que revelavam segredo guardado a sete chaves: quem era o grande amor de Marlene. Quem? A mãe dela. Mais ridículo e ingênuo impossível.
Enfim: que se processo o caluniador. Pague-se esse preço: caso contrário, estaremos sendo censores. E a censura nos conduz a uma outra vertente que dela emana: a auto-censura. Proibimo-nos de expressar nossas verdades. E logo nós, artistas, que vivemos da invenção, que usufruímos da vida o que ela nos oferece do bom e também do pior. Derrapamos, às vezes, quando nos sentimos agredidos – ou quando agridem uma pessoa a quem devotamos admiração e respeito.
Nelson Motta teria violado esse direito à privacidade a que se referem Gilberto Gil e Chico Buarque ao escrever a biografia de Tim Maia? E a vida daquele cantor e compositor poderia ser abordada de outra forma? E Cazuza? Em nenhum momento a família interditou qualquer obra que enfocasse a vida pessoal do compositor.
Enfim: biografias só autorizadas é censura, sim. É censura uma pessoa pública (ou não) ser objeto de um livro, e negar ao autor o direito de publicá-lo. Pior ainda: é querer intervir em sua elaboração, tornando a obra uma biografia “chapa branca”.
Quando falei do Projeto Lucio Rangel de Monografias, foi porque encontrei minha querida Ligia Santos, filha do legendário Donga (“Pelo telefone”) – uma das poucas fontes primárias que ainda
podem falar de alguns contemporâneos de seu pai – como é o caso de João da Bahiana. As “fontes primárias” (aquelas que conviveram diretamente com figuras já desaparecidas) estão rareando. Quase todos os contemporâneos de Mário de Andrade já se foram. Há pouco, perdemos o cenógrafo Fernando Pamplona, aos 87 anos. Quem melhor escreveria sobre Joãosinho Trinta, seu discípulo, e a quem considerava um gênio?
Entendo que o assunto é polêmico, e que a discussão, em nenhum momento, privilegiou esse viés cultural que tanto defendo.
Aguardemos os livros sobre Wilson Batista (Rodrigo Alzuguir, o autor) e um outro sobre Clementina: “Quelé: a voz da cor”, de Felipe Castro, Janaina Marquesini, Luana Costa, Maria Kobayashi e Raquel Munhoz. Aposto nesses jovens pesquisadores.
Termino com uma recomendação: não percam o musical “Clementina, cadê você”. O autor? Pedro Murad. A direção, de Duda Maia.
Imperdível.
Por que inovamos tão pouco? - MARCOS TROYJO
FOLHA DE SP - 18/10
Produção científica brasileira gera cada vez mais artigos, mas poucos produtos inovadores
O número de patentes geradas a cada ano não é a única forma de medir o que um país produz em termos de inovação. Quando, no entanto, se trata de pedir registro de novas patentes à OMPI (Organização Mundial da Propriedade Intelectual), os números são embaraçosos.
Em 2012, os EUA entraram com 50 mil novos pedidos; China, 17 mil; Coreia do Sul, 11.000. Brasil? Pouco mais de 600.
Por que o Brasil vai mal em inovação intensiva em tecnologia quando o mundo nos vê criativos e empreendedores?
Nossa criatividade voltada ao mercado é bem-sucedida: o aclamado design das Havaianas e os cosméticos ecologicamente corretos da Natura são bons exemplos.
Ademais, o Relatório de 2010 do Global Entrepreneurship Monitor aponta o Brasil como o mais empreendedor dos países do G20.
Por que então não surgem mais start-ups brasileiras com potencial para virarem novos Googles ou Teslas? Bem, "criatividade não é suficiente", estipulava Theodore Levitt. Para esse lendário guru de Harvard, "criatividade é pensar coisas novas, inovação é fazer coisas novas".
A inovação brasileira é do tipo "adaptação criativa", não a schumpeteriana "destruição criativa", que reinventa setores e inaugura ciclos econômicos. É a isso que convida a política industrial de substituição de importações dos últimos dez anos.
Inovar vem da interação entre capital, conhecimento, empreendedorismo e um ecossistema que catalise tudo isso. Seria possível esperar do Brasil grandes inovações quando investimos apenas 1% de nosso PIB em pesquisa & desenvolvimento (P&D)? A média nos 20 países mais inovadores é de 2,3%.
O Brasil concentra 80% dos gastos com inovação em instituições governamentais. A maioria dedica-se à ciência pura. Interação com empresas não faz parte de seu ethos.
E nas universidades públicas muitos professores e alunos demonstram feroz resistência ideológica a laços estreitos com empresas.
A presidente Dilma Rousseff busca estimular a inovação por meio do "Ciência sem Fronteiras". Ainda que louvável, o programa apenas tangencia a P&D orientada a mercado, o que requer do Brasil ambiente de negócios conducente à inovação.
Resultado: a "produção científica" brasileira expande-se com mais e mais artigos publicados em revistas indexadas, mas poucos produtos inovadores.
Mas se seu papel é chave, por que o setor privado investe tão pouco em inovação?
Abismo entre universidades e empresas. Políticas que sufocam a concorrência. Complexidades burocráticas, trabalhistas e fiscais a exaurir recursos que poderiam ser destinados a laboratórios e cientistas.
Eis os fatores que arrastam o Brasil à 56 ª posição no mais recente Relatório de Competitividade Global.
Nosso subdesempenho inovador tem menos que ver com deficiências na ciência, criatividade ou capacidade empreendedora e mais com camisas de força microeconômicas e institucionais. Os obstáculos que coíbem a inovação empresarial são os mesmos que bloqueiam nosso caminho à prosperidade.
Produção científica brasileira gera cada vez mais artigos, mas poucos produtos inovadores
O número de patentes geradas a cada ano não é a única forma de medir o que um país produz em termos de inovação. Quando, no entanto, se trata de pedir registro de novas patentes à OMPI (Organização Mundial da Propriedade Intelectual), os números são embaraçosos.
Em 2012, os EUA entraram com 50 mil novos pedidos; China, 17 mil; Coreia do Sul, 11.000. Brasil? Pouco mais de 600.
Por que o Brasil vai mal em inovação intensiva em tecnologia quando o mundo nos vê criativos e empreendedores?
Nossa criatividade voltada ao mercado é bem-sucedida: o aclamado design das Havaianas e os cosméticos ecologicamente corretos da Natura são bons exemplos.
Ademais, o Relatório de 2010 do Global Entrepreneurship Monitor aponta o Brasil como o mais empreendedor dos países do G20.
Por que então não surgem mais start-ups brasileiras com potencial para virarem novos Googles ou Teslas? Bem, "criatividade não é suficiente", estipulava Theodore Levitt. Para esse lendário guru de Harvard, "criatividade é pensar coisas novas, inovação é fazer coisas novas".
A inovação brasileira é do tipo "adaptação criativa", não a schumpeteriana "destruição criativa", que reinventa setores e inaugura ciclos econômicos. É a isso que convida a política industrial de substituição de importações dos últimos dez anos.
Inovar vem da interação entre capital, conhecimento, empreendedorismo e um ecossistema que catalise tudo isso. Seria possível esperar do Brasil grandes inovações quando investimos apenas 1% de nosso PIB em pesquisa & desenvolvimento (P&D)? A média nos 20 países mais inovadores é de 2,3%.
O Brasil concentra 80% dos gastos com inovação em instituições governamentais. A maioria dedica-se à ciência pura. Interação com empresas não faz parte de seu ethos.
E nas universidades públicas muitos professores e alunos demonstram feroz resistência ideológica a laços estreitos com empresas.
A presidente Dilma Rousseff busca estimular a inovação por meio do "Ciência sem Fronteiras". Ainda que louvável, o programa apenas tangencia a P&D orientada a mercado, o que requer do Brasil ambiente de negócios conducente à inovação.
Resultado: a "produção científica" brasileira expande-se com mais e mais artigos publicados em revistas indexadas, mas poucos produtos inovadores.
Mas se seu papel é chave, por que o setor privado investe tão pouco em inovação?
Abismo entre universidades e empresas. Políticas que sufocam a concorrência. Complexidades burocráticas, trabalhistas e fiscais a exaurir recursos que poderiam ser destinados a laboratórios e cientistas.
Eis os fatores que arrastam o Brasil à 56 ª posição no mais recente Relatório de Competitividade Global.
Nosso subdesempenho inovador tem menos que ver com deficiências na ciência, criatividade ou capacidade empreendedora e mais com camisas de força microeconômicas e institucionais. Os obstáculos que coíbem a inovação empresarial são os mesmos que bloqueiam nosso caminho à prosperidade.
O valor da vida - LINAMARA RIZZO BATTISTELLA
FOLHA DE SP - 18/10
A saúde da nossa população merece respeito. São motivo de profunda preocupação propostas marqueteiras que confundem nossos pacientes
Lembro com carinho e muita saudade de Zilda Arns, médica notável pela simplicidade e exuberância de conhecimentos e formação ética.
Zilda sabia como ninguém simplificar a aplicação do conhecimento, sem nunca improvisar! Zilda, pediatra e sanitarista, não precisou rasgar a Constituição ou descumprir a lei para alcançar os objetivos de levar saúde de qualidade para as populações mais carentes.
Vencer a anemia ferropriva e prevenir suas consequências, esse foi o mote da cruzada brasileira contra a anemia, conduzida pelo grande médico hematologista Celso Guerra. A principal estratégia da campanha era estimular o uso de panela de ferro, algo tão simples quanto inovador e com resultados surpreendentes.
Grandes especialistas que fizeram diferença na saúde da população. Neste mês em que a Constituição cidadã completa 25 anos, vale resgatar exemplos históricos, registros de um passado que mostra a ação de grandes médicos no âmbito da saúde pública. E avaliar os riscos e desafios que a universalidade da assistência ainda enfrenta no Brasil.
Vencemos barreiras importantes na atenção básica e nas ações de alta complexidade. Alargamos os horizontes da humanização da área com o programa Saúde da Família, incluindo este precioso colaborador que é o agente comunitário.
Vencemos barreiras, mas não superamos integralmente o problema pelo descaso das nossas autoridades no âmbito do SUS.
Acompanhei a batalha de Dário Birolini e vi crescer a possibilidade de salvar vidas com a implantação do sistema de atendimento pré-hospitalar. A ação do resgate influiu na qualificação das UTIs, nos serviços de pronto-socorro e, por conseguinte, nos serviços de reabilitação.
Na intrincada cadeia da urgência e emergência, a ação do policial militar, dos paramédicos e de todos os profissionais da área da saúde espelha a sinergia em favor da vida.
Também estamos vencendo a batalha do câncer, da hipertensão e do diabetes, apenas para lembrar alguns bons exemplos.
Em São Paulo, saúde se faz com qualidade, e qualidade significa investimento na formação dos recursos humanos e na infraestrutura tecnológica e ambiental.
Nossos pacientes, assim como os principais dirigentes governamentais, em São Paulo, podem usufruir de tratamentos de qualidade, comparáveis aos de países mais desenvolvidos. Contam com um arcabouço legal capaz de garantir ao sistema público gratuidade e qualidade dentro das diretrizes constitucionais.
A saúde da nossa população merece respeito. São motivo de profunda preocupação propostas marqueteiras que confundem nossos pacientes e oferecem soluções que não atendem as premissas básicas de qualidade, acesso e resolutividade.
Nosso compromisso de salvar a vida e garantir sua qualidade se inicia na atenção básica.
Vamos juntos, médicos e pacientes, lutar contra ideologias que escravizam e suprimem direitos. Vamos impedir a visão mercantilista e o interesse de grupos que aplaudem as medidas que fortalecem as iniquidades, criando uma assistência de segunda classe, rodeada de publicidade enganosa, desmerecendo o direito à vida.
A saúde da nossa população merece respeito. São motivo de profunda preocupação propostas marqueteiras que confundem nossos pacientes
Lembro com carinho e muita saudade de Zilda Arns, médica notável pela simplicidade e exuberância de conhecimentos e formação ética.
Zilda sabia como ninguém simplificar a aplicação do conhecimento, sem nunca improvisar! Zilda, pediatra e sanitarista, não precisou rasgar a Constituição ou descumprir a lei para alcançar os objetivos de levar saúde de qualidade para as populações mais carentes.
Vencer a anemia ferropriva e prevenir suas consequências, esse foi o mote da cruzada brasileira contra a anemia, conduzida pelo grande médico hematologista Celso Guerra. A principal estratégia da campanha era estimular o uso de panela de ferro, algo tão simples quanto inovador e com resultados surpreendentes.
Grandes especialistas que fizeram diferença na saúde da população. Neste mês em que a Constituição cidadã completa 25 anos, vale resgatar exemplos históricos, registros de um passado que mostra a ação de grandes médicos no âmbito da saúde pública. E avaliar os riscos e desafios que a universalidade da assistência ainda enfrenta no Brasil.
Vencemos barreiras importantes na atenção básica e nas ações de alta complexidade. Alargamos os horizontes da humanização da área com o programa Saúde da Família, incluindo este precioso colaborador que é o agente comunitário.
Vencemos barreiras, mas não superamos integralmente o problema pelo descaso das nossas autoridades no âmbito do SUS.
Acompanhei a batalha de Dário Birolini e vi crescer a possibilidade de salvar vidas com a implantação do sistema de atendimento pré-hospitalar. A ação do resgate influiu na qualificação das UTIs, nos serviços de pronto-socorro e, por conseguinte, nos serviços de reabilitação.
Na intrincada cadeia da urgência e emergência, a ação do policial militar, dos paramédicos e de todos os profissionais da área da saúde espelha a sinergia em favor da vida.
Também estamos vencendo a batalha do câncer, da hipertensão e do diabetes, apenas para lembrar alguns bons exemplos.
Em São Paulo, saúde se faz com qualidade, e qualidade significa investimento na formação dos recursos humanos e na infraestrutura tecnológica e ambiental.
Nossos pacientes, assim como os principais dirigentes governamentais, em São Paulo, podem usufruir de tratamentos de qualidade, comparáveis aos de países mais desenvolvidos. Contam com um arcabouço legal capaz de garantir ao sistema público gratuidade e qualidade dentro das diretrizes constitucionais.
A saúde da nossa população merece respeito. São motivo de profunda preocupação propostas marqueteiras que confundem nossos pacientes e oferecem soluções que não atendem as premissas básicas de qualidade, acesso e resolutividade.
Nosso compromisso de salvar a vida e garantir sua qualidade se inicia na atenção básica.
Vamos juntos, médicos e pacientes, lutar contra ideologias que escravizam e suprimem direitos. Vamos impedir a visão mercantilista e o interesse de grupos que aplaudem as medidas que fortalecem as iniquidades, criando uma assistência de segunda classe, rodeada de publicidade enganosa, desmerecendo o direito à vida.
Literatura em meio a pesquisas sobre parafusos - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO
O Estado de S.Paulo - 18/10
Frankfurt - Enquanto em Frankfurt os escritores se divertiam com um jogo pouco original, lançado pelo Paulo Coelho chamado: "Você é escritor ou amigo do rei?"(*), o tradutor Michael Kleger, um dos grandes protagonistas desta feira brasileira, e eu fomos atrás de coisas mais sérias que os devaneios megalomaníacos do escritor mais vendido do mundo, que encheu os ônibus da cidade e as árvores com faixas mostrando sua cara e seu nome. Sorte que o prefeito de Frankfurt não é o Kassab com a campanha Cidade Limpa.
Coisa mais séria para nós escritores (ou seremos amigos do rei? E, no caso, quem é o rei? Dilma? Marta?) é a literatura, os bons livros e os que se interessam por ela e batalham à sério, como o grupo de Bad Beleburg, cidade a 150 quilômetros. Há 20 anos ali foi criada a Literatur Pflaster (Calçada Literária) que, ao longo destes anos, tem feito parcerias com as feiras de Frankfurt.
Certa manhã, Maria Fernanda, do Caderno 2, me perguntou: "Qual o lugar mais insólito em que você já falou?". Citei alguns e foi pena porque ainda eu não tinha passado por Bad Beleburg. Experiência inusitada, falei para 110 pessoas no laboratório de pesquisas da Ejot, multinacional que fabrica parafusos diferenciados. Sentei-me entre aparelhos de alta precisão de curiosas formas, tornos super tecnológicos, e, durante duas horas, os alemães ouviram Rikarde Riedesel - uma das criadoras e organizadoras - lendo, e eu conversando e lendo, porque as pessoas gostam de ouvir a voz do autor. A tradução e as "costuras" foram feitas por Michael.
Era o vigésimo aniversário da Berleburger Literatura Pflaster. Há anos, simultaneamente à Feira de Frankfurt, eles realizam este festival. Fui dos primeiros brasileiros a aqui falar em 1994, ao lado de Ray Gude-Mertin. Naquela época, o evento foi no mesmo local, só que, então, era um Spa, uma clínica, porque a cidade é termal. Agora, mudou, o Spa fechou, a fábrica de parafusos veio e cresceu. O grupo que organiza a Calçada fez um acordo com a empresa que acolheu alegremente a cultura. Ao terminar minha fala, brinquei: "Talvez agora eu possa mudar vários parafusos de minha cabeça que estão enferrujados, corroídos pelo tempo, desgastados, frouxos".
A cidade tem 10 mil habitantes, era noite fria e chuvosa, mas às oito em ponto a sala estava lotada. Cada assistente pagava uns poucos euros, destinados a despesas de infra, ao vinho, sucos e água. Todos nós chegamos sem cachê. A curta viagem, parte em rodovias provinciais, compensa tudo. Atravessávamos túneis em que as copas se fechavam sobre nosso carro. Outono, as árvores estão fortemente amarelas, vermelhas, outras estão verdes ou marrom escuro.
O curioso neste trajeto é passar por dezenas de pequenas aldeias absolutamente desertas, seja no meio de uma tarde, seja começo da manhã. Onde se esconde o povo? Fica todo encerrado em casa? Sensação de um cenário de filme, a não ser por uma e outra luz acesa em uma cozinha, em um sótão. Não é uma região turística, é apenas o interior de um país em seu cotidiano.
Hospedei-me na Landhaus Wittgenstein, bed and breakfast pequena, aconchegante. A proprietária colabora oferecendo a hospedagem aos escritores. Cada um faz sua parte, da farmácia ao importador de vinho do Porto, Gerd Gerhard, fotógrafo e apaixonado por livros. Ele tem documentadas todas as Calçadas com seus autores. Em cada quarto da Landhaus, uma estante com um tema. No meu, o assunto era o caminhar, wanderer, com uns dez volumes sobre o assunto, ficção e ensaios. Neste ano estiveram, antes de mim, Ziraldo, Patricia Mello, Michel Laub, depois viriam Adriana Lisboa, e Luis Ruffato.
Vinte anos atrás descobri esta Calçada, ao lado de Ray Gude-Mertin, tradutora, agente e intérprete. Naquela vez fiquei hospedado na casa, quase mansão de mais de um século, de Gerd Gerhard, que se dedica de corpo e alma ao projeto. Naquele ano, também Caio Fernando Abreu passou por aqui, foi a sua última viagem em vida. Agora, comemoramos os vinte anos, com um jantar no La Scala, comida italiana de primeira, rigatoni ao gorgonzola, perfumado.
Quem passa por Bad Beleburger leva uma pedra consigo. Uma pedra da Calçada que ali vem se formando, ligada ao caminho que cada um de nós constrói ao se dedicar à literatura. Ao sairmos na noite fria e vazia, me entregaram uma caixa da Ejot com dezenas de parafusos de vários tipos e tamanhos: "Algum há de servir para sua cabeça", disseram sorrindo. Duro foi explicar na alfandega alemã que aquela pequena pedra negra e aqueles parafusos não eram para fabricar uma bomba.
***
* Pior do que essa atitude antiética de Coelho, um escritor contra os escritores de seu país, foi o discurso do vice-presidente Michel Temer. Deu vergonha!
Frankfurt - Enquanto em Frankfurt os escritores se divertiam com um jogo pouco original, lançado pelo Paulo Coelho chamado: "Você é escritor ou amigo do rei?"(*), o tradutor Michael Kleger, um dos grandes protagonistas desta feira brasileira, e eu fomos atrás de coisas mais sérias que os devaneios megalomaníacos do escritor mais vendido do mundo, que encheu os ônibus da cidade e as árvores com faixas mostrando sua cara e seu nome. Sorte que o prefeito de Frankfurt não é o Kassab com a campanha Cidade Limpa.
Coisa mais séria para nós escritores (ou seremos amigos do rei? E, no caso, quem é o rei? Dilma? Marta?) é a literatura, os bons livros e os que se interessam por ela e batalham à sério, como o grupo de Bad Beleburg, cidade a 150 quilômetros. Há 20 anos ali foi criada a Literatur Pflaster (Calçada Literária) que, ao longo destes anos, tem feito parcerias com as feiras de Frankfurt.
Certa manhã, Maria Fernanda, do Caderno 2, me perguntou: "Qual o lugar mais insólito em que você já falou?". Citei alguns e foi pena porque ainda eu não tinha passado por Bad Beleburg. Experiência inusitada, falei para 110 pessoas no laboratório de pesquisas da Ejot, multinacional que fabrica parafusos diferenciados. Sentei-me entre aparelhos de alta precisão de curiosas formas, tornos super tecnológicos, e, durante duas horas, os alemães ouviram Rikarde Riedesel - uma das criadoras e organizadoras - lendo, e eu conversando e lendo, porque as pessoas gostam de ouvir a voz do autor. A tradução e as "costuras" foram feitas por Michael.
Era o vigésimo aniversário da Berleburger Literatura Pflaster. Há anos, simultaneamente à Feira de Frankfurt, eles realizam este festival. Fui dos primeiros brasileiros a aqui falar em 1994, ao lado de Ray Gude-Mertin. Naquela época, o evento foi no mesmo local, só que, então, era um Spa, uma clínica, porque a cidade é termal. Agora, mudou, o Spa fechou, a fábrica de parafusos veio e cresceu. O grupo que organiza a Calçada fez um acordo com a empresa que acolheu alegremente a cultura. Ao terminar minha fala, brinquei: "Talvez agora eu possa mudar vários parafusos de minha cabeça que estão enferrujados, corroídos pelo tempo, desgastados, frouxos".
A cidade tem 10 mil habitantes, era noite fria e chuvosa, mas às oito em ponto a sala estava lotada. Cada assistente pagava uns poucos euros, destinados a despesas de infra, ao vinho, sucos e água. Todos nós chegamos sem cachê. A curta viagem, parte em rodovias provinciais, compensa tudo. Atravessávamos túneis em que as copas se fechavam sobre nosso carro. Outono, as árvores estão fortemente amarelas, vermelhas, outras estão verdes ou marrom escuro.
O curioso neste trajeto é passar por dezenas de pequenas aldeias absolutamente desertas, seja no meio de uma tarde, seja começo da manhã. Onde se esconde o povo? Fica todo encerrado em casa? Sensação de um cenário de filme, a não ser por uma e outra luz acesa em uma cozinha, em um sótão. Não é uma região turística, é apenas o interior de um país em seu cotidiano.
Hospedei-me na Landhaus Wittgenstein, bed and breakfast pequena, aconchegante. A proprietária colabora oferecendo a hospedagem aos escritores. Cada um faz sua parte, da farmácia ao importador de vinho do Porto, Gerd Gerhard, fotógrafo e apaixonado por livros. Ele tem documentadas todas as Calçadas com seus autores. Em cada quarto da Landhaus, uma estante com um tema. No meu, o assunto era o caminhar, wanderer, com uns dez volumes sobre o assunto, ficção e ensaios. Neste ano estiveram, antes de mim, Ziraldo, Patricia Mello, Michel Laub, depois viriam Adriana Lisboa, e Luis Ruffato.
Vinte anos atrás descobri esta Calçada, ao lado de Ray Gude-Mertin, tradutora, agente e intérprete. Naquela vez fiquei hospedado na casa, quase mansão de mais de um século, de Gerd Gerhard, que se dedica de corpo e alma ao projeto. Naquele ano, também Caio Fernando Abreu passou por aqui, foi a sua última viagem em vida. Agora, comemoramos os vinte anos, com um jantar no La Scala, comida italiana de primeira, rigatoni ao gorgonzola, perfumado.
Quem passa por Bad Beleburger leva uma pedra consigo. Uma pedra da Calçada que ali vem se formando, ligada ao caminho que cada um de nós constrói ao se dedicar à literatura. Ao sairmos na noite fria e vazia, me entregaram uma caixa da Ejot com dezenas de parafusos de vários tipos e tamanhos: "Algum há de servir para sua cabeça", disseram sorrindo. Duro foi explicar na alfandega alemã que aquela pequena pedra negra e aqueles parafusos não eram para fabricar uma bomba.
***
* Pior do que essa atitude antiética de Coelho, um escritor contra os escritores de seu país, foi o discurso do vice-presidente Michel Temer. Deu vergonha!
Liberdade de expressão - HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 18/10
SÃO PAULO - Já que as biografias não saem mesmo das manchetes, é o caso de investigar melhor os fundamentos teóricos da liberdade de expressão. Em outras palavras, por que devemos ser contra a censura, seja ela prévia ou póstuma?
Como já alertava o filósofo John Stuart Mill, no século 19, existem muitas formas de oprimir uma pessoa. Dois candidatos fortes a fazê-lo são o Estado, com suas leis e corpo policial nem sempre razoáveis, e a sociedade, por meio das "opiniões e sentimentos prevalecentes". O único modo de contrapor-se a isso é assegurar ao indivíduo um núcleo de liberdades irredutíveis, entre as quais se destacam a de pensamento, expressão e reunião. Se eu puder me juntar a quem pense como eu, tenho chance de escapar da "tirania da maioria".
O interessante é que os benefícios dessa tolerância institucionalizada não ficam restritos ao indivíduo. Ela está na base de instituições que definem a modernidade, como a liberdade acadêmica e, com ela, o desenvolvimento tecnológico e científico, e a imprensa que, ainda que muito imperfeitamente, ajuda a controlar os apetites de nossos governantes.
Mais do que isso, a liberdade de expressão, ao assegurar que todos os temas possam ser discutidos sob todas as perspectivas, contribui para a sociedade encontrar o balanço entre mudança e estabilidade. Tome-se o caso da moral. Um debate aberto facilita o ajuste fino entre a saudável contestação e o necessário consenso.
É importante frisar que a liberdade de expressão só faz sentido se for estabelecida de maneira forte, ainda que não absoluta. Ninguém, afinal, precisa de garantias para dizer o que todos querem ouvir. Esse instituto só se torna relevante quando permite que mesmo ideias que nos pareçam desprezíveis, incluindo manifestações nazistas, racistas e biografias não autorizadas, circulem livremente. O tempo e um pouco de sorte acabam se encarregando de enterrar o que é lixo e preservar o que é útil.
SÃO PAULO - Já que as biografias não saem mesmo das manchetes, é o caso de investigar melhor os fundamentos teóricos da liberdade de expressão. Em outras palavras, por que devemos ser contra a censura, seja ela prévia ou póstuma?
Como já alertava o filósofo John Stuart Mill, no século 19, existem muitas formas de oprimir uma pessoa. Dois candidatos fortes a fazê-lo são o Estado, com suas leis e corpo policial nem sempre razoáveis, e a sociedade, por meio das "opiniões e sentimentos prevalecentes". O único modo de contrapor-se a isso é assegurar ao indivíduo um núcleo de liberdades irredutíveis, entre as quais se destacam a de pensamento, expressão e reunião. Se eu puder me juntar a quem pense como eu, tenho chance de escapar da "tirania da maioria".
O interessante é que os benefícios dessa tolerância institucionalizada não ficam restritos ao indivíduo. Ela está na base de instituições que definem a modernidade, como a liberdade acadêmica e, com ela, o desenvolvimento tecnológico e científico, e a imprensa que, ainda que muito imperfeitamente, ajuda a controlar os apetites de nossos governantes.
Mais do que isso, a liberdade de expressão, ao assegurar que todos os temas possam ser discutidos sob todas as perspectivas, contribui para a sociedade encontrar o balanço entre mudança e estabilidade. Tome-se o caso da moral. Um debate aberto facilita o ajuste fino entre a saudável contestação e o necessário consenso.
É importante frisar que a liberdade de expressão só faz sentido se for estabelecida de maneira forte, ainda que não absoluta. Ninguém, afinal, precisa de garantias para dizer o que todos querem ouvir. Esse instituto só se torna relevante quando permite que mesmo ideias que nos pareçam desprezíveis, incluindo manifestações nazistas, racistas e biografias não autorizadas, circulem livremente. O tempo e um pouco de sorte acabam se encarregando de enterrar o que é lixo e preservar o que é útil.
A imigrante e o ministro - GILLES LAPOUGE
O Estado de S.Paulo - 18/10
PARIS - Alguns dias atrás, uma jovem de 15 anos participava de uma excursão com sua classe. Todos estavam contentes, o campo era belo e o céu azul, mas surgiram policiais. Eles explicaram à professora que uma de suas alunas, Leonarda, era de Kosovo, pequeno país ao sul da Sérvia, e eles estavam encarregados de interpelá-la porque ela seria deportada da França com sua família.
Leonarda tornou-se, em alguns instantes, um novo pomo da discórdia entre os socialistas. Aliás, essa deportação foi realizada sob o comando do ministro do Interior de François Hollande, o socialista Manuel Valls, que se recusou a desautorizar a medida espetacular, dolorosa e humilhante.
Os socialistas mais radicais se inflamaram e atiraram à queima-roupa no ministro - de esquerda, mas que tanto se parece com a direita. Alguns comparam Valls com o ex-presidente de direita Nicolas Sarkozy, injúria suprema, porque Sarkozy tornou-se o campeão, entusiasta e tonitruante, das deportações.
Valls permanece calmo. Ele disse que a posição de ministro do Interior é perigosa para um socialista. Se você é de direita, espera-se de você resultados e, com isso, policiais, tropa de choque, o quepe, o cassetete, mas não reações emotivas. Se você é socialista, ao contrário, tem de se mostrar humano, dividido entre o dever e a consciência e mostrar seu coração sofredor.
A rigor, pode-se deportar imigrantes ilegais, mas é preciso manter uma cara compungida, consternada e demonstrar pena. Valls - catalão de origem - é um "duro". Maxilar eternamente cerrado, feições sérias, discurso seco, ele não choraminga sobre o destino dos delinquentes ou dos estrangeiros. Ele assume, manda prender.
Há dois meses, o ministro se indispôs com a Justiça que queria esvaziar as prisões superlotadas. Valls, ao contrário, desejava encher os centros de detenção e construir novos, se preciso. Um pouco depois, ele explicava que os ciganos devem ser deportados e seus acampamentos sórdidos, destruídos com tratores. É preciso reenviá-los à Bulgária ou à Romênia, apesar de esses dois Estados fazerem parte da União Europeia.
Cada vez que Valls abre a boca, o Partido Socialista parece atingido por uma crise aguda de epilepsia. Gritos e uivos. Alguns choram. Outros o amaldiçoam. Outros o aplaudem. O governo se questiona se deve rir ou chorar. Hollande se lembra de que é socialista e, por isso, deve ter coração, emoções, piedade. Mas, por outro lado, está consciente dos deveres de Estado e se regozija de ter um ministro de pulso.
Todos os poderes socialistas enfrentam essas contradições. Na opinião pública, os socialistas são infectados por uma ideologia de compaixão, tolerância, lágrimas e assistencialismo. Aos olhos da direita, eles são a insegurança, a "festa dos delinquentes", a multiplicação dos crimes.
Os dirigentes socialistas também estão bem contentes de ter um ministro do Interior implacável, impiedoso e, se possível, um pouco feroz, para desmentir a reputação de laxismo que cola como chiclete na esquerda não comunista.
No caso de Valls, Hollande poderia ainda menos enquadrá-lo porque ele é o único ministro socialista popular. Enquanto o pobre Hollande tem apenas 24% de opiniões favoráveis, Valls exibe insolentemente entre 50% e 60% de satisfeitos. Nisso ele chega a bater os homens de direita, porque Valls tem a vantagem de encantar a direita, enquanto agrada parte da esquerda.
É preciso se pôr no lugar de Hollande: agora que um ministro socialista é bem-sucedido e cai no gosto do público, apenas um louco para querer se livrar dele. Eis porque Hollande é tão paciente. Quando se encontra um diamante na bateia onde antes não havia senão pedaços de chumbo e zinco, não se joga a preciosidade no riacho.
No entanto, há um limite. Se Valls continuar a servir à linha dura, e com a mesma arrogância, isso poderá causar uma verdadeira insurreição contra ele. E essa rebelião, para Hollande, poderia se transformar num bumerangue, voltando contra o presidente com toda força./TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
PARIS - Alguns dias atrás, uma jovem de 15 anos participava de uma excursão com sua classe. Todos estavam contentes, o campo era belo e o céu azul, mas surgiram policiais. Eles explicaram à professora que uma de suas alunas, Leonarda, era de Kosovo, pequeno país ao sul da Sérvia, e eles estavam encarregados de interpelá-la porque ela seria deportada da França com sua família.
Leonarda tornou-se, em alguns instantes, um novo pomo da discórdia entre os socialistas. Aliás, essa deportação foi realizada sob o comando do ministro do Interior de François Hollande, o socialista Manuel Valls, que se recusou a desautorizar a medida espetacular, dolorosa e humilhante.
Os socialistas mais radicais se inflamaram e atiraram à queima-roupa no ministro - de esquerda, mas que tanto se parece com a direita. Alguns comparam Valls com o ex-presidente de direita Nicolas Sarkozy, injúria suprema, porque Sarkozy tornou-se o campeão, entusiasta e tonitruante, das deportações.
Valls permanece calmo. Ele disse que a posição de ministro do Interior é perigosa para um socialista. Se você é de direita, espera-se de você resultados e, com isso, policiais, tropa de choque, o quepe, o cassetete, mas não reações emotivas. Se você é socialista, ao contrário, tem de se mostrar humano, dividido entre o dever e a consciência e mostrar seu coração sofredor.
A rigor, pode-se deportar imigrantes ilegais, mas é preciso manter uma cara compungida, consternada e demonstrar pena. Valls - catalão de origem - é um "duro". Maxilar eternamente cerrado, feições sérias, discurso seco, ele não choraminga sobre o destino dos delinquentes ou dos estrangeiros. Ele assume, manda prender.
Há dois meses, o ministro se indispôs com a Justiça que queria esvaziar as prisões superlotadas. Valls, ao contrário, desejava encher os centros de detenção e construir novos, se preciso. Um pouco depois, ele explicava que os ciganos devem ser deportados e seus acampamentos sórdidos, destruídos com tratores. É preciso reenviá-los à Bulgária ou à Romênia, apesar de esses dois Estados fazerem parte da União Europeia.
Cada vez que Valls abre a boca, o Partido Socialista parece atingido por uma crise aguda de epilepsia. Gritos e uivos. Alguns choram. Outros o amaldiçoam. Outros o aplaudem. O governo se questiona se deve rir ou chorar. Hollande se lembra de que é socialista e, por isso, deve ter coração, emoções, piedade. Mas, por outro lado, está consciente dos deveres de Estado e se regozija de ter um ministro de pulso.
Todos os poderes socialistas enfrentam essas contradições. Na opinião pública, os socialistas são infectados por uma ideologia de compaixão, tolerância, lágrimas e assistencialismo. Aos olhos da direita, eles são a insegurança, a "festa dos delinquentes", a multiplicação dos crimes.
Os dirigentes socialistas também estão bem contentes de ter um ministro do Interior implacável, impiedoso e, se possível, um pouco feroz, para desmentir a reputação de laxismo que cola como chiclete na esquerda não comunista.
No caso de Valls, Hollande poderia ainda menos enquadrá-lo porque ele é o único ministro socialista popular. Enquanto o pobre Hollande tem apenas 24% de opiniões favoráveis, Valls exibe insolentemente entre 50% e 60% de satisfeitos. Nisso ele chega a bater os homens de direita, porque Valls tem a vantagem de encantar a direita, enquanto agrada parte da esquerda.
É preciso se pôr no lugar de Hollande: agora que um ministro socialista é bem-sucedido e cai no gosto do público, apenas um louco para querer se livrar dele. Eis porque Hollande é tão paciente. Quando se encontra um diamante na bateia onde antes não havia senão pedaços de chumbo e zinco, não se joga a preciosidade no riacho.
No entanto, há um limite. Se Valls continuar a servir à linha dura, e com a mesma arrogância, isso poderá causar uma verdadeira insurreição contra ele. E essa rebelião, para Hollande, poderia se transformar num bumerangue, voltando contra o presidente com toda força./TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
Um caminho longo e penoso - RASHEED ABOU-ALSAMH
O GLOBO - 18/10
É irrealista esperar que a Líbia se torne um Estado modelo em um piscar de olhos
Por um breve momento na semana passada, oito horas para ser mais exato, o primeiro-ministro da Líbia, Ali Zeidan, foi sequestrado por membros da Célula de Operações dos Revolucionários da Líbia, um grupo de ex-rebeldes que não está contente com a atuação dele. Fortemente armados, eles tiraram o primeiro-ministro de sua cama às 4h no hotel onde ele trabalha e mora por supostamente ser mais seguro. Horas depois que outras forças de segurança do governo o resgataram numa delegacia de policia onde ele estava sendo mantido, Zeidan retornou ao seu escritório às 13h30m do mesmo dia. Abatido, ele não poupou palavras para criticar seus sequestradores, dizendo que iam ser processados por tentar um golpe contra o Estado.
Não é nenhum segredo que a Líbia enfrenta sérios problemas mais de dois anos depois do fim da guerra civil que culminou com a morte do ditador Muammar Kaddafi. O governo central continua muito fraco e somente pode dizer que controla a capital, Trípoli. O resto do país é governado por varias milícias que não acatam a autoridade do governo central. Por isso, a produção de petróleo despencou de três milhões de barris por dia para somente 700.000 barris por dia. O governo líbio depende da venda de petróleo para obter 90% de sua renda. Mas, mesmo com a renda que lhe resta, o governo tem enfrentado problemas em financiamento de projetos. Recentemente, Zeidan pediu três milhões de libras esterlinas para mandar soldados para treinamento no Reino Unido. O Congresso líbio recusou o pedido e aí ficamos com a mesma falta de um exército central forte.
O legado que Kaddafi deixou, depois de 42 anos de ditadura brutal que não aceitava nenhuma oposição e que não permitiu o desenvolvimento de instituições de governança e justiça, é de um povo desunido, cada grupo querendo mandar na sua região. Esse é o maior problema que a Líbia enfrenta no seu caminho perigoso para ser um país mais democrático, livre e justo para todos.
“As angústias da Líbia devem ser entendidas em seus próprios termos, e não através de generalizações superficiais sobre a primavera árabe se tornando em um inverno. Se os analistas de hoje falam do ‘Estado profundo’ no Egito, no qual seu exército tem um papel de liderança, a Líbia tem sido apropriadamente chamado de ‘Estado apátrida’, não só pela falta de forças de segurança, mas porque foi deixada por Kaddafi desprovida de quase todas as instituições de governança modernas”, escreveu Ian Martin, o ex-chefe da missão da ONU na Líbia, recentemente no jornal “The Guardian”.
Martin conclui que o sucesso das eleições parlamentares no ano passado não foi suficiente para unir o país, que ainda sofre com as três maiores regiões querendo ter autonomia desde a sua independência da Itália em 1951. Durante os 42 anos de governo, Kaddafi conseguiu reprimir essas tendências separatistas governando com punho de aço. Os líbios que lutaram para se verem livres do ditador obviamente não querem um retorno para uma ditadura, mas também anseiam por um governo central forte, que dê conta de proteger os direitos e as liberdades de todos os líbios, e não somente de alguns.
O rápido fracasso do sequestro de Zeidan seja talvez um sinal importante de que a maioria dos líbios, mesmo aqueles que não apoiam o primeiro ministro, não quer uma volta para a violência e falta de liberdade de uma ditadura. O maior bloco de opositores no parlamento é da Irmandade Muçulmana, que não gosta de Zeidan por ser um liberal, ex-advogado de direitos humanos que voltou do exílio na Suíça para tentar ajudar a governar seu país. Mohammed Sawan, um líder da Irmandade, disse que o partido dele vem tentando demitir Zeidan usando meios constitucionais, mas que não tinha achado uma boa alternativa. Para o britânico Michel Cousins, que é editor-chefe do jornal “Libya Herald”, em Trípoli, o sequestro de Zeidan foi uma conspiração contra a democracia que fracassou. “As pessoas que o levaram pensaram que iam ser heróis, mas todo o governo ficou do lado de Zeidan. Muitas pessoas que não gostam de Zeidan ficaram horrorizadas com isso”, disse ele ao “Guardian”.
Os países ocidentais que ajudaram os rebeldes líbios a derrotar Kaddafi, nomeadamente os EUA, Grã-Bretanha e França, agora se veem em uma situação difícil. O crescimento de grupos islâmicos radicais no país, alguns ligados à Al-Qaeda, e os ataques que eles têm deflagrado contra interesses ocidentais, principalmente em Benghazi, deu pausa para esses governos ocidentais que agora tomam cuidado de não parecer cooperar publicamente demais com o governo líbio. Esses governos e a União Europeia querem ajudar os líbios a terem um governo central forte e democrático, mas a competição entre as facções armadas líbias e uma antipatia de alguns deles com não muçulmanos frearam isso.
Ao contrário dos negativistas de plantão, que saltam para declarar a Líbia um estado falido, eu continuo otimista e acho que o povo líbio em geral está muito feliz e grato de se ver livre de Kaddafi e seus apoiadores. Qualquer transição para a democracia, especialmente depois de décadas de ditadura, vai ser difícil. É irrealista esperar que a Líbia se torne um estado modelo em um piscar de olhos. O caminho vai ser longo e penoso, mas tenho fé que os líbios vão chegar lá.
É irrealista esperar que a Líbia se torne um Estado modelo em um piscar de olhos
Por um breve momento na semana passada, oito horas para ser mais exato, o primeiro-ministro da Líbia, Ali Zeidan, foi sequestrado por membros da Célula de Operações dos Revolucionários da Líbia, um grupo de ex-rebeldes que não está contente com a atuação dele. Fortemente armados, eles tiraram o primeiro-ministro de sua cama às 4h no hotel onde ele trabalha e mora por supostamente ser mais seguro. Horas depois que outras forças de segurança do governo o resgataram numa delegacia de policia onde ele estava sendo mantido, Zeidan retornou ao seu escritório às 13h30m do mesmo dia. Abatido, ele não poupou palavras para criticar seus sequestradores, dizendo que iam ser processados por tentar um golpe contra o Estado.
Não é nenhum segredo que a Líbia enfrenta sérios problemas mais de dois anos depois do fim da guerra civil que culminou com a morte do ditador Muammar Kaddafi. O governo central continua muito fraco e somente pode dizer que controla a capital, Trípoli. O resto do país é governado por varias milícias que não acatam a autoridade do governo central. Por isso, a produção de petróleo despencou de três milhões de barris por dia para somente 700.000 barris por dia. O governo líbio depende da venda de petróleo para obter 90% de sua renda. Mas, mesmo com a renda que lhe resta, o governo tem enfrentado problemas em financiamento de projetos. Recentemente, Zeidan pediu três milhões de libras esterlinas para mandar soldados para treinamento no Reino Unido. O Congresso líbio recusou o pedido e aí ficamos com a mesma falta de um exército central forte.
O legado que Kaddafi deixou, depois de 42 anos de ditadura brutal que não aceitava nenhuma oposição e que não permitiu o desenvolvimento de instituições de governança e justiça, é de um povo desunido, cada grupo querendo mandar na sua região. Esse é o maior problema que a Líbia enfrenta no seu caminho perigoso para ser um país mais democrático, livre e justo para todos.
“As angústias da Líbia devem ser entendidas em seus próprios termos, e não através de generalizações superficiais sobre a primavera árabe se tornando em um inverno. Se os analistas de hoje falam do ‘Estado profundo’ no Egito, no qual seu exército tem um papel de liderança, a Líbia tem sido apropriadamente chamado de ‘Estado apátrida’, não só pela falta de forças de segurança, mas porque foi deixada por Kaddafi desprovida de quase todas as instituições de governança modernas”, escreveu Ian Martin, o ex-chefe da missão da ONU na Líbia, recentemente no jornal “The Guardian”.
Martin conclui que o sucesso das eleições parlamentares no ano passado não foi suficiente para unir o país, que ainda sofre com as três maiores regiões querendo ter autonomia desde a sua independência da Itália em 1951. Durante os 42 anos de governo, Kaddafi conseguiu reprimir essas tendências separatistas governando com punho de aço. Os líbios que lutaram para se verem livres do ditador obviamente não querem um retorno para uma ditadura, mas também anseiam por um governo central forte, que dê conta de proteger os direitos e as liberdades de todos os líbios, e não somente de alguns.
O rápido fracasso do sequestro de Zeidan seja talvez um sinal importante de que a maioria dos líbios, mesmo aqueles que não apoiam o primeiro ministro, não quer uma volta para a violência e falta de liberdade de uma ditadura. O maior bloco de opositores no parlamento é da Irmandade Muçulmana, que não gosta de Zeidan por ser um liberal, ex-advogado de direitos humanos que voltou do exílio na Suíça para tentar ajudar a governar seu país. Mohammed Sawan, um líder da Irmandade, disse que o partido dele vem tentando demitir Zeidan usando meios constitucionais, mas que não tinha achado uma boa alternativa. Para o britânico Michel Cousins, que é editor-chefe do jornal “Libya Herald”, em Trípoli, o sequestro de Zeidan foi uma conspiração contra a democracia que fracassou. “As pessoas que o levaram pensaram que iam ser heróis, mas todo o governo ficou do lado de Zeidan. Muitas pessoas que não gostam de Zeidan ficaram horrorizadas com isso”, disse ele ao “Guardian”.
Os países ocidentais que ajudaram os rebeldes líbios a derrotar Kaddafi, nomeadamente os EUA, Grã-Bretanha e França, agora se veem em uma situação difícil. O crescimento de grupos islâmicos radicais no país, alguns ligados à Al-Qaeda, e os ataques que eles têm deflagrado contra interesses ocidentais, principalmente em Benghazi, deu pausa para esses governos ocidentais que agora tomam cuidado de não parecer cooperar publicamente demais com o governo líbio. Esses governos e a União Europeia querem ajudar os líbios a terem um governo central forte e democrático, mas a competição entre as facções armadas líbias e uma antipatia de alguns deles com não muçulmanos frearam isso.
Ao contrário dos negativistas de plantão, que saltam para declarar a Líbia um estado falido, eu continuo otimista e acho que o povo líbio em geral está muito feliz e grato de se ver livre de Kaddafi e seus apoiadores. Qualquer transição para a democracia, especialmente depois de décadas de ditadura, vai ser difícil. É irrealista esperar que a Líbia se torne um estado modelo em um piscar de olhos. O caminho vai ser longo e penoso, mas tenho fé que os líbios vão chegar lá.
Duelo biográfico - MARCO AURÉLIO CANÔNICO
FOLHA DE SP - 18/10
RIO DE JANEIRO - "Mas isso aqui não me interessa, pelo amor de Deus", diz a voz idosa, num tom irritado --ouve-se, na sequência, uma batida na mesa. "Ou você faz a minha vida como administrador ou eu não quero o livro."
A gravação é um registro da tensa negociação entre um biógrafo --o jornalista Ernesto Rodrigues-- e seu biografado: João Havelange, o ex-presidente da Fifa.
Ela aparece em um documentário exemplar para a atual discussão sobre biografias: "Conversa com JH", dirigido pelo próprio Rodrigues, e que será exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
O filme expõe a via crucis por que o jornalista passou a partir do momento em que cumpriu o acordo de apresentar a seu personagem os originais do livro "Jogo Duro - A história de João Havelange", lançado em 2007.
Além de tentar derrubar depoimentos de inimigos e qualquer menção a episódios que manchassem sua imagem, Havelange implica até com histórias narradas por amigos, que ajudam a humanizar sua figura.
"Conversa com JH" não apenas narra as desgastantes negociações entre autor e personagem, mas arma, a partir delas, um debate sobre as fronteiras éticas e profissionais da relação entre biógrafos e biografados.
Rodrigues admite ter feito concessões a Havelange antes mesmo que elas fossem requisitadas. "Alguns assuntos que eu sei que são desconfortáveis para o senhor eu coloco na boca dos seus amigos", diz ele, numa das reuniões.
A precaução é inócua. A certa altura, numa tentativa de encerrar o caso, Havelange sugere: "Faz o seguinte, o senhor guarda tudo isso, no dia em que eu morrer o senhor publica".
Infelizmente, como deixam claros vários exemplos de livros vetados por herdeiros, nem a morte do personagem é garantia de que o autor poderá lançar sua obra.
RIO DE JANEIRO - "Mas isso aqui não me interessa, pelo amor de Deus", diz a voz idosa, num tom irritado --ouve-se, na sequência, uma batida na mesa. "Ou você faz a minha vida como administrador ou eu não quero o livro."
A gravação é um registro da tensa negociação entre um biógrafo --o jornalista Ernesto Rodrigues-- e seu biografado: João Havelange, o ex-presidente da Fifa.
Ela aparece em um documentário exemplar para a atual discussão sobre biografias: "Conversa com JH", dirigido pelo próprio Rodrigues, e que será exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
O filme expõe a via crucis por que o jornalista passou a partir do momento em que cumpriu o acordo de apresentar a seu personagem os originais do livro "Jogo Duro - A história de João Havelange", lançado em 2007.
Além de tentar derrubar depoimentos de inimigos e qualquer menção a episódios que manchassem sua imagem, Havelange implica até com histórias narradas por amigos, que ajudam a humanizar sua figura.
"Conversa com JH" não apenas narra as desgastantes negociações entre autor e personagem, mas arma, a partir delas, um debate sobre as fronteiras éticas e profissionais da relação entre biógrafos e biografados.
Rodrigues admite ter feito concessões a Havelange antes mesmo que elas fossem requisitadas. "Alguns assuntos que eu sei que são desconfortáveis para o senhor eu coloco na boca dos seus amigos", diz ele, numa das reuniões.
A precaução é inócua. A certa altura, numa tentativa de encerrar o caso, Havelange sugere: "Faz o seguinte, o senhor guarda tudo isso, no dia em que eu morrer o senhor publica".
Infelizmente, como deixam claros vários exemplos de livros vetados por herdeiros, nem a morte do personagem é garantia de que o autor poderá lançar sua obra.
Pai artista para todos! - TUTTY VASQUES
O Estado de S. Paulo - 18/10
Distraídos pelo acalorado debate sobre a demarcação das fronteiras legais entre o direito à privacidade e a liberdade de expressão, os artistas - ô, raça! não se deram conta de que outro projeto de lei em tramitação no Congresso pode tirar deles de vez o controle sobre a própria biografia.
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou dia desses texto que garante a toda mulher, aí incluídas as malucas. O direito de registrar seus filhos em cartório com a paternidade que lhe der na telha, restando depois ao suposto pai recorrer à Justiça para provar que nem conhece a mãe da criança.
Capaz até de virar moda botar sobrenome de celebridades na certidão de nascimento dos filhos: Maicon Buarque de Hollanda, João Caetano Veloso, Djavan Junior, imagine uma centena pelo menos de cada por todo o Brasil!
Ainda que, na maioria dos casos, a paternidade seja só homenagem de fãs, se eu fosse artista procurava saber melhor que diabos de projeto de lei é esse!
Todos iguais
Em defesa de Chico Buarque, que pisou na bola ao negar ter concedido uma entrevista registrada em vídeo pelo biógrafo do Roberto Carlos, deve-se dizer que nenhum artista lembra da metade das coisas que fez na vida, daí a dificuldade de uma boa biografia autorizada.
Sorria!
Com o calote dos EUA adiado para fevereiro, já dá para afirmar com alguma margem de segurança que vai mesmo haver Natal em 2013!
Fórmula secreta
Associada inicialmente a algum derrame de "lama asfáltica", a mancha que atingiu ontem o i lago Paranoá, em Brasília, pode ser consequência de vazamento da tintura de cabelo estocada por políticos no DF. Só se fala disso no Congresso!
Por que parou?
Entreouvido numa mesa de bar que comentava o Saia Justa (GNT) da Paula Lavigne: "Ela não devia ter parado de fazer ginástica!"
Guido da oposição
A Rede Sustentabilidade não sabe que apelido dar a Bazileu Margarido, coordenador-executivo do partido em formação. Periga virar o Guido da Marina.
Não os representa, mas..,
Marco Feliciano quer proibir no Brasil as biografias, inclusive as autorizadas, de celebridades assumidamente gays! A proposta, ainda que sem querer, blindaria a privacidade de meio mundo artístico.
Todos iguais
Em defesa de Chico Buarque, que pisou na bola ao negar ter concedido uma entrevista registrada em vídeo pelo biógra do Roberto Carlos, deve-se dize que nenhum artista lembra da metade das coisas que fez na vida, daí a dificuldade de uma boa biografia autorizada.
Sorria!
Com o calote dos EUA adiado para fevereiro, já dá para afirmar com alguma margem de segurança que vai mesmo haver Natal em 2013!
Distraídos pelo acalorado debate sobre a demarcação das fronteiras legais entre o direito à privacidade e a liberdade de expressão, os artistas - ô, raça! não se deram conta de que outro projeto de lei em tramitação no Congresso pode tirar deles de vez o controle sobre a própria biografia.
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou dia desses texto que garante a toda mulher, aí incluídas as malucas. O direito de registrar seus filhos em cartório com a paternidade que lhe der na telha, restando depois ao suposto pai recorrer à Justiça para provar que nem conhece a mãe da criança.
Capaz até de virar moda botar sobrenome de celebridades na certidão de nascimento dos filhos: Maicon Buarque de Hollanda, João Caetano Veloso, Djavan Junior, imagine uma centena pelo menos de cada por todo o Brasil!
Ainda que, na maioria dos casos, a paternidade seja só homenagem de fãs, se eu fosse artista procurava saber melhor que diabos de projeto de lei é esse!
Todos iguais
Em defesa de Chico Buarque, que pisou na bola ao negar ter concedido uma entrevista registrada em vídeo pelo biógrafo do Roberto Carlos, deve-se dizer que nenhum artista lembra da metade das coisas que fez na vida, daí a dificuldade de uma boa biografia autorizada.
Sorria!
Com o calote dos EUA adiado para fevereiro, já dá para afirmar com alguma margem de segurança que vai mesmo haver Natal em 2013!
Fórmula secreta
Associada inicialmente a algum derrame de "lama asfáltica", a mancha que atingiu ontem o i lago Paranoá, em Brasília, pode ser consequência de vazamento da tintura de cabelo estocada por políticos no DF. Só se fala disso no Congresso!
Por que parou?
Entreouvido numa mesa de bar que comentava o Saia Justa (GNT) da Paula Lavigne: "Ela não devia ter parado de fazer ginástica!"
Guido da oposição
A Rede Sustentabilidade não sabe que apelido dar a Bazileu Margarido, coordenador-executivo do partido em formação. Periga virar o Guido da Marina.
Não os representa, mas..,
Marco Feliciano quer proibir no Brasil as biografias, inclusive as autorizadas, de celebridades assumidamente gays! A proposta, ainda que sem querer, blindaria a privacidade de meio mundo artístico.
Todos iguais
Em defesa de Chico Buarque, que pisou na bola ao negar ter concedido uma entrevista registrada em vídeo pelo biógra do Roberto Carlos, deve-se dize que nenhum artista lembra da metade das coisas que fez na vida, daí a dificuldade de uma boa biografia autorizada.
Sorria!
Com o calote dos EUA adiado para fevereiro, já dá para afirmar com alguma margem de segurança que vai mesmo haver Natal em 2013!
Ueba! Agora é Gayviões da Fiel! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 18/10
E o debate no 'Saia Justa', da GNT? Esses artistas estão confundindo biografia com revista de fofoca
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Eu quero a minha biografia não autorizada. Com prefácio da Paula Lavigne! Pra vender em todos os sex shops do Brasil!
E o debate no "Saia Justa", na GNT? Resumindo: esses artistas estão confundindo biografia com revista de fofoca. E esses artistas criaram uma das situações mais desagradáveis: você discordar é falar mal de quem ama.
As fãs do Caetano não estão entendendo nada. As fãs do Chico estão todas internadas, em estado de choque. E as fãs do Roberto Carlos não lembram! Rarará!
"Quem é que censura toda hora/ qualquer livro da Jovem Guarda/ Esse cara sou eu". Roberto Carlos escreveu "Emoções", é um gênio. E fica com essa perrenga mal resolvida!
E a manchete do Sensacionalista: "Novo Testamento sai de circulação por ser biografia não autorizada de Cristo".
E essa: "Supremo admite que as biografias de Fiuk e Geisy Arruda não deveriam ter sido autorizadas". E a biografia do Frota é problema da Anvisa, Vigilância Sanitária! Rarará!
E o Timão? O Quase Ultimão! Direto do SBT: "Pablo do Qual é a Música?' cria torcida corintiana gay, Gaivotas". Apoio! Mas prefiro Gayviões. Gayviões da Fiel!
Todo gambá tem seu dia de bambi. Os Gambambis! Rarará! Só não sai gol! A última vez que o Corinthians fez um gol eu ainda usava Orkut. A última vez que o Corinthians fez um gol o Sarney ainda era vereador!
E o site FuteboldaDepressão: "A última vez que o Corinthians fez um gol, o Ceni ainda acertava pênalti". O Ceni ainda tinha cabelo! A última vez que o Corinthians fez um gol, o homem estava esfregando dois gravetos pra inventar o fogo! O último que viu um gol do Corinthians foi o homem de Neanderthal! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Olha o cartaz num motel bem fuleiro em São Paulo: "Favor não utilizar o controle remoto do televisor como objeto sexual e/ou ejacular sobre o mesmo. Grato. A gerência". Mais direto impossível!.
E esse cartaz num motel em Sobral: "Pedimos o obséquio de vossa senhoria não lavar a pistola na pia". Sobral? Deve ser do Cid Gomes. Ops, do Cidiverte! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
E o debate no 'Saia Justa', da GNT? Esses artistas estão confundindo biografia com revista de fofoca
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Eu quero a minha biografia não autorizada. Com prefácio da Paula Lavigne! Pra vender em todos os sex shops do Brasil!
E o debate no "Saia Justa", na GNT? Resumindo: esses artistas estão confundindo biografia com revista de fofoca. E esses artistas criaram uma das situações mais desagradáveis: você discordar é falar mal de quem ama.
As fãs do Caetano não estão entendendo nada. As fãs do Chico estão todas internadas, em estado de choque. E as fãs do Roberto Carlos não lembram! Rarará!
"Quem é que censura toda hora/ qualquer livro da Jovem Guarda/ Esse cara sou eu". Roberto Carlos escreveu "Emoções", é um gênio. E fica com essa perrenga mal resolvida!
E a manchete do Sensacionalista: "Novo Testamento sai de circulação por ser biografia não autorizada de Cristo".
E essa: "Supremo admite que as biografias de Fiuk e Geisy Arruda não deveriam ter sido autorizadas". E a biografia do Frota é problema da Anvisa, Vigilância Sanitária! Rarará!
E o Timão? O Quase Ultimão! Direto do SBT: "Pablo do Qual é a Música?' cria torcida corintiana gay, Gaivotas". Apoio! Mas prefiro Gayviões. Gayviões da Fiel!
Todo gambá tem seu dia de bambi. Os Gambambis! Rarará! Só não sai gol! A última vez que o Corinthians fez um gol eu ainda usava Orkut. A última vez que o Corinthians fez um gol o Sarney ainda era vereador!
E o site FuteboldaDepressão: "A última vez que o Corinthians fez um gol, o Ceni ainda acertava pênalti". O Ceni ainda tinha cabelo! A última vez que o Corinthians fez um gol, o homem estava esfregando dois gravetos pra inventar o fogo! O último que viu um gol do Corinthians foi o homem de Neanderthal! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Olha o cartaz num motel bem fuleiro em São Paulo: "Favor não utilizar o controle remoto do televisor como objeto sexual e/ou ejacular sobre o mesmo. Grato. A gerência". Mais direto impossível!.
E esse cartaz num motel em Sobral: "Pedimos o obséquio de vossa senhoria não lavar a pistola na pia". Sobral? Deve ser do Cid Gomes. Ops, do Cidiverte! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
A parte da União - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 18/10
Pelas regras do leilão do Campo de Libra no pré-sal, segunda-feira, o consórcio vencedor terá que entregar à União pelo menos 41,65% de tudo o que for extraído.
Mas tem gente graúda no governo que acredita que, para vencer, os concorrentes oferecerão mais de 43%.
Calorias da Coca-Cola
Ontem, o Conar, por maioria de votos e depois de intenso debate, terminou dando ganho de causa à Coca-Cola numa ação movida pela Frente pela Regulação da Publicidade de Alimentos.
A turma queria proibir, com o argumento de que ela tinha sido vetada na Inglaterra, a campanha “Energia positiva”, que estimularia o consumo de mais calorias.
Acerto de contas
Romário fez um novo acordo com o Vasco. O ex-jogador do clube vai receber R$ 16 milhões, dos R$ 60 milhões pedidos, em 11 anos.
Temperatura máxima
Caetano Veloso, Wagner Moura, Marisa Monte, Leandra Leal, Fernanda Abreu e Thayla Ayala assinaram manifesto para ser entregue a Eduardo Paes.
Pedem que o prefeito volte a negociar com o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe), que lidera a greve dos professores.
A turma da PUC
Edmar Bacha, com “Belinda 2.0”,e Gustavo Franco, com “As leis secretas da economia”, dois economistas da PUC-Rio que trabalharam no Plano Real, estão entre os ganhadores do Prêmio Jabuti.
No quesito biografia, quem ganhou o Jabuti foi o livro “Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo”, do coleguinha Mário Magalhães.
Carnaval público
O Ministério da Cultura autorizou que a Unidos de Vila Isabel arrecade, via Lei Rouanet, R$ 6,7 milhões para seu desfile.
‘É, José... É, João!’
A bela “Domingo no parque”, música do querido Gilberto Gil, vai virar peça de teatro.
A produtora Faria e Vasconcelos poderá captar, pela Lei Rouanet, até R$ 8.251.196 para produzir o espetáculo.
Gay suburbano
Aliás, por falar em dinheiro público, a prefeitura do Rio vai repassar R$ 370 mil para a Parada do Orgulho LGBT de Madureira, dia 27 agora.
Como a mesma prefeitura deu R$ 620 mil para a Parada Gay de Copacabana, já tem gente reclamando que, até nisso, a Zona Sul é mais privilegiada. Será?
Igual às brasileiras
Faz sucesso em Paris o “alisamento brasileiro”, feito com queratina.
Promete deixar o cabelo lisinho e brilhoso. Custa a partir de 140 euros, uns R$ 400.
Longe do Copa
Depois de 20 anos, o chef Francesco Carli, responsável pela cozinha do luxuoso Copacabana Palace, vai deixar o hotel. Sai até o final do ano.
Em fevereiro, a cozinha do Copa foi autuada pelo Procon que denunciou ter encontrado cem quilos de alimentos estragados ou fora da validade.
Padrão econômico
O grupo hoteleiro norte-americano Wyndham está trazendo para o país a rede Days Inn, de hotéis em padrão econômico. Depois do Espírito Santo, será a vez de o Rio receber um dos hotéis da rede.
Viva Ruth!
A atriz Ruth de Souza, de 92 anos, será a grande homenageada da 12ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, dia 12 de novembro, na Cidade das Artes, no Rio. Merece.
Queima de estoque
A Rádio Catedral montou uma feirinha na Glória.
Puseram à venda objetos como cordões com a imagem do Cristo Redentor, camisetas, bonés, mochilas, cálices, megafones e guarda-chuvas idênticos ao que protegeu o Papa na JMJ.
Não deu samba
Sabe o casarão nº 13 da Rua do Riachuelo, na Lapa, que a associação de blocos de carnaval Sebastiana vai devolver à prefeitura, como saiu aqui?
O lugar foi ocupado pela “Frente Internacionalista dos Sem Teto” há mais de um ano e ganhou o nome de Ocupação Ludovico Lázaro Zamenhof, o polonês que inventou o Esperanto.
Bolso cheio
A Mc Marcelly, do funk do Bigode Grosso (“Tu tá maluco, respeita o moço, patente alta, da aula, bigode grosso”), desfila pela Barra com... um Chevrolet Captiva. Coisa de uns R$ 100 mil.
Nada contra.
Mas tem gente graúda no governo que acredita que, para vencer, os concorrentes oferecerão mais de 43%.
Calorias da Coca-Cola
Ontem, o Conar, por maioria de votos e depois de intenso debate, terminou dando ganho de causa à Coca-Cola numa ação movida pela Frente pela Regulação da Publicidade de Alimentos.
A turma queria proibir, com o argumento de que ela tinha sido vetada na Inglaterra, a campanha “Energia positiva”, que estimularia o consumo de mais calorias.
Acerto de contas
Romário fez um novo acordo com o Vasco. O ex-jogador do clube vai receber R$ 16 milhões, dos R$ 60 milhões pedidos, em 11 anos.
Temperatura máxima
Caetano Veloso, Wagner Moura, Marisa Monte, Leandra Leal, Fernanda Abreu e Thayla Ayala assinaram manifesto para ser entregue a Eduardo Paes.
Pedem que o prefeito volte a negociar com o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe), que lidera a greve dos professores.
A turma da PUC
Edmar Bacha, com “Belinda 2.0”,e Gustavo Franco, com “As leis secretas da economia”, dois economistas da PUC-Rio que trabalharam no Plano Real, estão entre os ganhadores do Prêmio Jabuti.
No quesito biografia, quem ganhou o Jabuti foi o livro “Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo”, do coleguinha Mário Magalhães.
Carnaval público
O Ministério da Cultura autorizou que a Unidos de Vila Isabel arrecade, via Lei Rouanet, R$ 6,7 milhões para seu desfile.
‘É, José... É, João!’
A bela “Domingo no parque”, música do querido Gilberto Gil, vai virar peça de teatro.
A produtora Faria e Vasconcelos poderá captar, pela Lei Rouanet, até R$ 8.251.196 para produzir o espetáculo.
Gay suburbano
Aliás, por falar em dinheiro público, a prefeitura do Rio vai repassar R$ 370 mil para a Parada do Orgulho LGBT de Madureira, dia 27 agora.
Como a mesma prefeitura deu R$ 620 mil para a Parada Gay de Copacabana, já tem gente reclamando que, até nisso, a Zona Sul é mais privilegiada. Será?
Igual às brasileiras
Faz sucesso em Paris o “alisamento brasileiro”, feito com queratina.
Promete deixar o cabelo lisinho e brilhoso. Custa a partir de 140 euros, uns R$ 400.
Longe do Copa
Depois de 20 anos, o chef Francesco Carli, responsável pela cozinha do luxuoso Copacabana Palace, vai deixar o hotel. Sai até o final do ano.
Em fevereiro, a cozinha do Copa foi autuada pelo Procon que denunciou ter encontrado cem quilos de alimentos estragados ou fora da validade.
Padrão econômico
O grupo hoteleiro norte-americano Wyndham está trazendo para o país a rede Days Inn, de hotéis em padrão econômico. Depois do Espírito Santo, será a vez de o Rio receber um dos hotéis da rede.
Viva Ruth!
A atriz Ruth de Souza, de 92 anos, será a grande homenageada da 12ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, dia 12 de novembro, na Cidade das Artes, no Rio. Merece.
Queima de estoque
A Rádio Catedral montou uma feirinha na Glória.
Puseram à venda objetos como cordões com a imagem do Cristo Redentor, camisetas, bonés, mochilas, cálices, megafones e guarda-chuvas idênticos ao que protegeu o Papa na JMJ.
Não deu samba
Sabe o casarão nº 13 da Rua do Riachuelo, na Lapa, que a associação de blocos de carnaval Sebastiana vai devolver à prefeitura, como saiu aqui?
O lugar foi ocupado pela “Frente Internacionalista dos Sem Teto” há mais de um ano e ganhou o nome de Ocupação Ludovico Lázaro Zamenhof, o polonês que inventou o Esperanto.
Bolso cheio
A Mc Marcelly, do funk do Bigode Grosso (“Tu tá maluco, respeita o moço, patente alta, da aula, bigode grosso”), desfila pela Barra com... um Chevrolet Captiva. Coisa de uns R$ 100 mil.
Nada contra.
LEDO ENGANO - MONICA BERGAMO
FOLHA DE SP -18/10
O vídeo em que Chico Buarque aparece dando a entrevista ao biógrafo de Roberto Carlos que ele sempre disse que jamais havia dado deixou integrantes da Associação Procure Saber, da qual ele faz parte, em choque. Chico sempre usou o argumento de que a entrevista não existira para sustentar sua posição, contra a publicação de biografias não autorizadas.
TECLA
Repetindo a informação, que o escritor, Paulo César Araújo, provou ser falsa ao divulgar anteontem as imagens da conversa (o cantor pediu desculpas dizendo que não se lembrava), Chico tentava animar os outros integrantes da Procure Saber a aderir à causa defendida por Roberto Carlos.
MUITO PESSOAL
Nas reuniões do grupo, Chico Buarque era o mais radical, depois de Roberto, na defesa da restrição às biografias, o que é creditado ao seu "pânico" de ter a vida invadida, à aversão pela indústria da celebridade e a informações equivocadas já publicadas sobre ele na imprensa.
TEMPO AO TEMPO
Gilberto Gil revelava dúvidas, mas acabou tomando a decisão de apoiar a causa. Caetano Veloso dizia ser a favor da liberação das biografias, com argumentos como o de que quem está na chuva (os artistas) é para se molhar.
TEMPO AO TEMPO 2
Caetano, na época, concordou em não se manifestar publicamente enquanto o tema não fosse elevado à condição de prioridade (ele diz que depois se somou a seus colegas mais cautelosos do grupo). Naquele momento, a Procure Saber estava mobilizada para aprovar no Congresso alterações na arrecadação de direitos autorais.
NADA DISSO
O assunto era tratado como tabu, pelo temor de parte do grupo de explicitar publicamente divergências que afastassem Roberto Carlos da causa dos direitos autorais. Pedro Tourinho, na época uma espécie de porta-voz do grupo, chegou a enviar um e-mail à coluna para afirmar que "não houve uma discussão sobre o assunto" das biografias nas reuniões da associação
CALVÁRIO
Paulo César Araújo, o biógrafo de Roberto Carlos que teve seus livros recolhidos em 2007, já revelou a editores que pensa agora em escrever "O Rei e o Réu". Tem planos de colocar no papel a sua experiência com Roberto Carlos. Seria uma obra em primeira pessoa.
SÓ PENSA NAQUILO
A editora LeYa lança no começo de 2014 livro inspirado na série americana "Masters of Sex", exibida pelo canal pago Showtime. A obra narra as experiências de William Masters e Virginia Johnson, famosos pelas pesquisas sobre comportamento sexual na década de 1950.
GASTANDO
As famílias paulistanas estão mais confiantes em relação à economia. É o que mostra o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) da Fecomercio, em setembro, que ficou em 123,9 pontos, com alta de 2,7% em relação a agosto. O índice vai de zero a 200 pontos.
GASTANDO 2
A Fecomercio divulga os dados hoje e credita a maior predisposição ao consumo à queda da inflação, aos tímidos sinais de crescimento econômico e ao fim dos protestos em massa nas ruas. O otimismo, no entanto, é menor do que o apurado em setembro do ano passado, com recuo de 11,6% no indicador.
SEGUNDA PELE
Regina Duarte fez tratamento para remoçar, antes de subir ao palco em "Bem-Vindo, Estranho", que estreia hoje em SP. Submeteu-se a uma sessão de laser que faz a troca da pele do rosto na clínica de Jardis Volpe.
MOTORISTA
A Casa Cor exibirá neste ano também carros de alto luxo no Jockey Club, em novembro. O evento fechou parceria com o Auto Premium Show, que exibirá modelos das marcas Land Rover, Jaguar, BMW, Mitsubishi e Porsche. As pessoas poderão dar uma volta com os automóveis. Um dos modelos, usado pela família real da Inglaterra e feito de alumínio, custa R$ 600 mil.
MÚLTIPLAS CLARICES
"A Via Crucis do Corpo" foi o primeiro livro de Clarice Lispector que Alessandra Maestrini leu. "É o meu predileto", diz a atriz, uma das protagonistas de série "Correio Feminino", inspirada na escritora, que estreia no próximo dia 27.
"São oito filmetes para o Fantástico', a partir das colunas femininas assinadas pela escritora em jornais", explica o diretor Luiz Fernando Carvalho.
Além de Maestrini, 36, Luiza Brunet, 51, e Cintia Dicker, 27, encarnam as figuras femininas da série ambientada nos anos 50 e 60. Cada uma representa uma idade de mulher.
FOTOGRAFIA LATINA
O Itaú Cultural abriu anteontem a exposição "Fotonovela - Sociedade/Classes/Fotografia", em sua sede, na avenida Paulista. Os fotógrafos Nicolas Wormull, Eustáquio Neves, Juan Pablo Echeverri, Claudia Jaguaribe e Helena de Castro, com o filho, Luca, estiveram no evento. Milú Villela, presidente do espaço, também compareceu.
DIPLOMÁTICO
O embaixador do Haiti, Madsen Chérubim, homenageou o novo cônsul-geral do país em São Paulo, José Carlos Kalil, com coquetel anteontem, no Jardim América. A diretora comercial Thaisa Carvalho e Elaine Kalil, mulher do homenageado, estiveram lá.
CURTO-CIRCUITO
Eduardo Maretti autografa amanhã o livro "O Filho da Promessa", às 14h, na Paulinas Livraria.
A marca L'Occitane inicia venda de sabonete solidário em prol de centro de alfabetização em Burkina Faso, na África.
A Big Time Orchestra faz show hoje, às 23h30, no Bourbon Street. 18 anos.
Jairzinho participa do Cantores do Bem, evento em benefício da Associação Aquarela. No próximo dia 29.
Karin Rodrigues estreia em "Duas Mulheres que Dançam", amanhã, às 21h, no Teatro Eva Herz. 14 anos.
TECLA
Repetindo a informação, que o escritor, Paulo César Araújo, provou ser falsa ao divulgar anteontem as imagens da conversa (o cantor pediu desculpas dizendo que não se lembrava), Chico tentava animar os outros integrantes da Procure Saber a aderir à causa defendida por Roberto Carlos.
MUITO PESSOAL
Nas reuniões do grupo, Chico Buarque era o mais radical, depois de Roberto, na defesa da restrição às biografias, o que é creditado ao seu "pânico" de ter a vida invadida, à aversão pela indústria da celebridade e a informações equivocadas já publicadas sobre ele na imprensa.
TEMPO AO TEMPO
Gilberto Gil revelava dúvidas, mas acabou tomando a decisão de apoiar a causa. Caetano Veloso dizia ser a favor da liberação das biografias, com argumentos como o de que quem está na chuva (os artistas) é para se molhar.
TEMPO AO TEMPO 2
Caetano, na época, concordou em não se manifestar publicamente enquanto o tema não fosse elevado à condição de prioridade (ele diz que depois se somou a seus colegas mais cautelosos do grupo). Naquele momento, a Procure Saber estava mobilizada para aprovar no Congresso alterações na arrecadação de direitos autorais.
NADA DISSO
O assunto era tratado como tabu, pelo temor de parte do grupo de explicitar publicamente divergências que afastassem Roberto Carlos da causa dos direitos autorais. Pedro Tourinho, na época uma espécie de porta-voz do grupo, chegou a enviar um e-mail à coluna para afirmar que "não houve uma discussão sobre o assunto" das biografias nas reuniões da associação
CALVÁRIO
Paulo César Araújo, o biógrafo de Roberto Carlos que teve seus livros recolhidos em 2007, já revelou a editores que pensa agora em escrever "O Rei e o Réu". Tem planos de colocar no papel a sua experiência com Roberto Carlos. Seria uma obra em primeira pessoa.
SÓ PENSA NAQUILO
A editora LeYa lança no começo de 2014 livro inspirado na série americana "Masters of Sex", exibida pelo canal pago Showtime. A obra narra as experiências de William Masters e Virginia Johnson, famosos pelas pesquisas sobre comportamento sexual na década de 1950.
GASTANDO
As famílias paulistanas estão mais confiantes em relação à economia. É o que mostra o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) da Fecomercio, em setembro, que ficou em 123,9 pontos, com alta de 2,7% em relação a agosto. O índice vai de zero a 200 pontos.
GASTANDO 2
A Fecomercio divulga os dados hoje e credita a maior predisposição ao consumo à queda da inflação, aos tímidos sinais de crescimento econômico e ao fim dos protestos em massa nas ruas. O otimismo, no entanto, é menor do que o apurado em setembro do ano passado, com recuo de 11,6% no indicador.
SEGUNDA PELE
Regina Duarte fez tratamento para remoçar, antes de subir ao palco em "Bem-Vindo, Estranho", que estreia hoje em SP. Submeteu-se a uma sessão de laser que faz a troca da pele do rosto na clínica de Jardis Volpe.
MOTORISTA
A Casa Cor exibirá neste ano também carros de alto luxo no Jockey Club, em novembro. O evento fechou parceria com o Auto Premium Show, que exibirá modelos das marcas Land Rover, Jaguar, BMW, Mitsubishi e Porsche. As pessoas poderão dar uma volta com os automóveis. Um dos modelos, usado pela família real da Inglaterra e feito de alumínio, custa R$ 600 mil.
MÚLTIPLAS CLARICES
"A Via Crucis do Corpo" foi o primeiro livro de Clarice Lispector que Alessandra Maestrini leu. "É o meu predileto", diz a atriz, uma das protagonistas de série "Correio Feminino", inspirada na escritora, que estreia no próximo dia 27.
"São oito filmetes para o Fantástico', a partir das colunas femininas assinadas pela escritora em jornais", explica o diretor Luiz Fernando Carvalho.
Além de Maestrini, 36, Luiza Brunet, 51, e Cintia Dicker, 27, encarnam as figuras femininas da série ambientada nos anos 50 e 60. Cada uma representa uma idade de mulher.
FOTOGRAFIA LATINA
O Itaú Cultural abriu anteontem a exposição "Fotonovela - Sociedade/Classes/Fotografia", em sua sede, na avenida Paulista. Os fotógrafos Nicolas Wormull, Eustáquio Neves, Juan Pablo Echeverri, Claudia Jaguaribe e Helena de Castro, com o filho, Luca, estiveram no evento. Milú Villela, presidente do espaço, também compareceu.
DIPLOMÁTICO
O embaixador do Haiti, Madsen Chérubim, homenageou o novo cônsul-geral do país em São Paulo, José Carlos Kalil, com coquetel anteontem, no Jardim América. A diretora comercial Thaisa Carvalho e Elaine Kalil, mulher do homenageado, estiveram lá.
CURTO-CIRCUITO
Eduardo Maretti autografa amanhã o livro "O Filho da Promessa", às 14h, na Paulinas Livraria.
A marca L'Occitane inicia venda de sabonete solidário em prol de centro de alfabetização em Burkina Faso, na África.
A Big Time Orchestra faz show hoje, às 23h30, no Bourbon Street. 18 anos.
Jairzinho participa do Cantores do Bem, evento em benefício da Associação Aquarela. No próximo dia 29.
Karin Rodrigues estreia em "Duas Mulheres que Dançam", amanhã, às 21h, no Teatro Eva Herz. 14 anos.
Fermentando - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 18/10
A aliança entre o PT e o PMDB caminha por trilhas perigosas. O maior parceiro do governo Dilma se sente atropelado nos estados. Um de seus dirigentes diz que é hora de saber: "A prioridade do PT é a reeleição da presidente Dilma ou as sucessões estaduais?" Outros dizem o mesmo. O temor é que os desacertos deixem os governistas em minoria na hora de decidir a continuidade do apoio.
A chave: resolver os estados
A cúpula do PMDB não está preocupada com as divergências com o PT nas eleições do Rio Grande Sul e da Bahia. Mas sim com o desacordo no Rio, no Ceará e no Maranhão. Se o PT abandonar os governadores Sérgio Cabral PMDB-RJ) e Roseana Sarney (PMDB-MA), ou se optar pelo governador Cid Gomes (PROS-CE), em detrimento do líder no Senado, Eunício Oliveira, o apelo da oposição interna vai crescer. A essa " tensão se soma o ressentimento com o tratamento no governo Dilma. Um deles explica:
No governo Lula, nosso poder era real. Não tínhamos o vice. Hoje temos o vice, temos ministros, mas não temos os ministérios."
"Isso não tem mais valor do que horóscopo. Agora, horóscopo está sempre errado? Não! De vez em quando, vejo o horóscopo, cruzo e tá tudo certo"
José Serra
Ex-governador, sobre tucanos que duvidam da longevidade da aliança Eduardo Campos/Marina Silva
Sem chance
A Comissão Especial da Reforma Política da Câmara aprovou a divisão em distritos de São Paulo, Rio e Minas. O líder de um grande partido garante que a maioria dos deputados não vai limitar seu espaço de disputa do voto do eleitor.
Aviso prévio
A propósito do anúncio do PT de que vai deixar a gestão Sérgio Cabral em 25 de novembro, o PMDB curte:
"O PT é o primeiro partido que da aviso prévio para postergar a boquinha" O partido definiu no Rio que, no dia em que o PT sair do governo Cabral, o prefeito Eduardo Paes vai demitir os petistas, inclusive seu vice, Adilson Pires, secretário de Ação Social.
Eduardo pode crescer no Sul
O candidato do PSB, Eduardo Campos, só não terá mais apoio por causa dos ruralistas. No fim de semana, no Rio Grande do Sul, o PMDB se reuniu, e praticamente ficou definido que ele vai marchar com o candidato socialista ao Planalto.
A nova CPMF vem aí?
A Comissão Especial da Câmara sobre a Saúde debate a Contribuição Social para a Saúde (CSS). O proposta é do deputado Rogério Carvalho (PT-SE). A alíquota da sucessora da CPMF seria de 0,1% das transações bancárias, à exceção da poupança. Antes de a presidente Dilma assumir, o ex-presidente Lula defendeu a sua criação. A CPMF começou em 0,25% e terminou em 0,38%.
A hora do espanto
Na noite de quarta-feira, quando foi aprovado o Mais Médicos, no Senado, Eduardo Suplicy (PT-SP) fez um discurso de apenas 1 minuto e 30 segundos. E Jader Barbalho (PMDB-PA), depois de muitos anos, subiu à tribuna e fez um pronunciamento.
Rir é o melhor remédio
A instabilidade econômica corre solta no mundo. Mas ontem, em Brasília, quando perguntado sobre o câmbio, o ministro Guido Mantega (Fazenda) saiu-se com a gracinha: "Há dois tipos de câmbio, o manual e o automático..." .
REFORMA MINISTERIAL.
Fala o vice Michel Temer: "Se houver a destinação da Integração para o PMDB, o meu candidato é o senador Vital do Rêgo."
A chave: resolver os estados
A cúpula do PMDB não está preocupada com as divergências com o PT nas eleições do Rio Grande Sul e da Bahia. Mas sim com o desacordo no Rio, no Ceará e no Maranhão. Se o PT abandonar os governadores Sérgio Cabral PMDB-RJ) e Roseana Sarney (PMDB-MA), ou se optar pelo governador Cid Gomes (PROS-CE), em detrimento do líder no Senado, Eunício Oliveira, o apelo da oposição interna vai crescer. A essa " tensão se soma o ressentimento com o tratamento no governo Dilma. Um deles explica:
No governo Lula, nosso poder era real. Não tínhamos o vice. Hoje temos o vice, temos ministros, mas não temos os ministérios."
"Isso não tem mais valor do que horóscopo. Agora, horóscopo está sempre errado? Não! De vez em quando, vejo o horóscopo, cruzo e tá tudo certo"
José Serra
Ex-governador, sobre tucanos que duvidam da longevidade da aliança Eduardo Campos/Marina Silva
Sem chance
A Comissão Especial da Reforma Política da Câmara aprovou a divisão em distritos de São Paulo, Rio e Minas. O líder de um grande partido garante que a maioria dos deputados não vai limitar seu espaço de disputa do voto do eleitor.
Aviso prévio
A propósito do anúncio do PT de que vai deixar a gestão Sérgio Cabral em 25 de novembro, o PMDB curte:
"O PT é o primeiro partido que da aviso prévio para postergar a boquinha" O partido definiu no Rio que, no dia em que o PT sair do governo Cabral, o prefeito Eduardo Paes vai demitir os petistas, inclusive seu vice, Adilson Pires, secretário de Ação Social.
Eduardo pode crescer no Sul
O candidato do PSB, Eduardo Campos, só não terá mais apoio por causa dos ruralistas. No fim de semana, no Rio Grande do Sul, o PMDB se reuniu, e praticamente ficou definido que ele vai marchar com o candidato socialista ao Planalto.
A nova CPMF vem aí?
A Comissão Especial da Câmara sobre a Saúde debate a Contribuição Social para a Saúde (CSS). O proposta é do deputado Rogério Carvalho (PT-SE). A alíquota da sucessora da CPMF seria de 0,1% das transações bancárias, à exceção da poupança. Antes de a presidente Dilma assumir, o ex-presidente Lula defendeu a sua criação. A CPMF começou em 0,25% e terminou em 0,38%.
A hora do espanto
Na noite de quarta-feira, quando foi aprovado o Mais Médicos, no Senado, Eduardo Suplicy (PT-SP) fez um discurso de apenas 1 minuto e 30 segundos. E Jader Barbalho (PMDB-PA), depois de muitos anos, subiu à tribuna e fez um pronunciamento.
Rir é o melhor remédio
A instabilidade econômica corre solta no mundo. Mas ontem, em Brasília, quando perguntado sobre o câmbio, o ministro Guido Mantega (Fazenda) saiu-se com a gracinha: "Há dois tipos de câmbio, o manual e o automático..." .
REFORMA MINISTERIAL.
Fala o vice Michel Temer: "Se houver a destinação da Integração para o PMDB, o meu candidato é o senador Vital do Rêgo."
Sem banco de reserva - VERA MAGALHÃES -
FOLHA DE SP - 18/10
Ao aceitar o pedido de Dilma Rousseff para permanecer à frente do Ministério do Esporte em 2014, abrindo mão de disputar as eleições, Aldo Rebelo praticamente assegurou sua recondução caso a presidente seja reeleita. A pasta é objeto de cobiça do PT paulista. Dilma decidiu manter Aldo graças à dificuldade de achar um nome do PC do B para substitui-lo. A mais cotada era a senadora Vanessa Grazziotin (AM), mas circunstâncias políticas locais impediram a escolha.
Como está Apesar da ameaça de que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) poderá ser acionado para fiscalizar abusos nas tarifas aéreas, interlocutores do Planalto afirmam que nada será feito até 6 de dezembro, quando serão sorteados os grupos da Copa.
Quem pisca 1 O governo espera que as empresas aéreas baixem os preços dos bilhetes tão logo saibam ao certo a demanda de passageiros para cada uma das sedes.
Quem pisca 2 Já o setor espera resposta à pauta de reivindicações entregue no fim de setembro a Moreira Franco (Aviação Civil). O principal item é a mudança de cálculo no preço do querosene de aviação. O ministro prometeu resposta até dezembro, mas as empresas querem definição até novembro.
Imagina... Representantes da Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça estarão em São Paulo no dia 29 para fazer um diagnóstico do andamento de serviços relacionados à Copa. O ministro José Eduardo Cardozo deverá comparecer.
... na Copa O acompanhamento de itens como hospedagem, retirada de ingressos e transporte já foi feito em Belo Horizonte e no Rio.
Batente Os coordenadores da candidatura de Alexandre Padilha ao governo só planejam reforçar a agenda de pré-campanha a partir de fevereiro. Na terça, o ministro e Dilma fazem solenidade para bater bumbo na promulgação da medida provisória do Mais Médicos.
Vem aí Empolgado com a aprovação da MP, Padilha prometeu ontem em Gramado (RS) fazer o "Mais Santas Casas". Foi aplaudido por representantes do setor.
Vai que dá A três dias do leilão de Libra, o Planalto espera a formação de dois consórcios fortes: um liderado pela Petrobras, com apoio financeiro das companhias chinesas, e outro liderado pelas europeias Shell e Total.
Tudo verde O grupo de Aécio Neves (PSDB) quer acelerar a elaboração de um programa na área ambiental, diante da permanência de Marina Silva no debate presidencial. O ex-ministro de FHC José Carlos Carvalho deve participar da discussão.
Rearranjo 1 Aliados de Fernando Haddad (PT) articulam a filiação de até sete vereadores do município ao Pros, em uma manobra para fortalecer a base de apoio do prefeito na Câmara. Os principais alvos são parlamentares de PSD, PSB, PSDB e PPS.
Rearranjo 2 Para não perder o mandato, os vereadores precisariam se filiar até o dia 24, quando o registro do Pros completa um mês.
No papel A Justiça derrubou uma liminar que impedia o governo paulista e a prefeitura da capital de lançarem o edital da PPP que pretende construir 20 mil casas populares no centro de São Paulo. A licitação deve ser aberta até o fim do mês.
Cê sabe O mau tempo impediu que Geraldo Alckmin (PSDB) chegasse de helicóptero a Caraguatatuba para um evento na terça-feira. O tucano pousou num município vizinho e pegou um táxi.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"Aécio não quer tucanos dividindo palanque com outros presidenciáveis. Ou seja: não quer que façam o que ele fez em 2006 e 2010."
DE JOSÉ HENRIQUE REIS LOBO, ex-presidente do PSDB de São Paulo, sobre a intenção da sigla de evitar que tucanos apoiem Eduardo Campos nos Estados.
contraponto
Quem manda em casa
Já era madrugada de terça-feira quando a ex-senadora Marina Silva deixou a casa do governador Eduardo Campos (PSB-PE), seu possível companheiro de chapa em 2014, após jantar com sua família no Recife.
Tentando evitar perguntas dos jornalistas de plantão em sua porta, o socialista disse que a primeira-dama, Renata, não o liberava para dar entrevistas àquela hora. Os repórteres pediram ajuda a ela, que estava do lado.
--Está liberado --disse Renata, à porta.
Campos olhou para a mulher com cara de surpresa:
--Que traição!
Como está Apesar da ameaça de que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) poderá ser acionado para fiscalizar abusos nas tarifas aéreas, interlocutores do Planalto afirmam que nada será feito até 6 de dezembro, quando serão sorteados os grupos da Copa.
Quem pisca 1 O governo espera que as empresas aéreas baixem os preços dos bilhetes tão logo saibam ao certo a demanda de passageiros para cada uma das sedes.
Quem pisca 2 Já o setor espera resposta à pauta de reivindicações entregue no fim de setembro a Moreira Franco (Aviação Civil). O principal item é a mudança de cálculo no preço do querosene de aviação. O ministro prometeu resposta até dezembro, mas as empresas querem definição até novembro.
Imagina... Representantes da Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça estarão em São Paulo no dia 29 para fazer um diagnóstico do andamento de serviços relacionados à Copa. O ministro José Eduardo Cardozo deverá comparecer.
... na Copa O acompanhamento de itens como hospedagem, retirada de ingressos e transporte já foi feito em Belo Horizonte e no Rio.
Batente Os coordenadores da candidatura de Alexandre Padilha ao governo só planejam reforçar a agenda de pré-campanha a partir de fevereiro. Na terça, o ministro e Dilma fazem solenidade para bater bumbo na promulgação da medida provisória do Mais Médicos.
Vem aí Empolgado com a aprovação da MP, Padilha prometeu ontem em Gramado (RS) fazer o "Mais Santas Casas". Foi aplaudido por representantes do setor.
Vai que dá A três dias do leilão de Libra, o Planalto espera a formação de dois consórcios fortes: um liderado pela Petrobras, com apoio financeiro das companhias chinesas, e outro liderado pelas europeias Shell e Total.
Tudo verde O grupo de Aécio Neves (PSDB) quer acelerar a elaboração de um programa na área ambiental, diante da permanência de Marina Silva no debate presidencial. O ex-ministro de FHC José Carlos Carvalho deve participar da discussão.
Rearranjo 1 Aliados de Fernando Haddad (PT) articulam a filiação de até sete vereadores do município ao Pros, em uma manobra para fortalecer a base de apoio do prefeito na Câmara. Os principais alvos são parlamentares de PSD, PSB, PSDB e PPS.
Rearranjo 2 Para não perder o mandato, os vereadores precisariam se filiar até o dia 24, quando o registro do Pros completa um mês.
No papel A Justiça derrubou uma liminar que impedia o governo paulista e a prefeitura da capital de lançarem o edital da PPP que pretende construir 20 mil casas populares no centro de São Paulo. A licitação deve ser aberta até o fim do mês.
Cê sabe O mau tempo impediu que Geraldo Alckmin (PSDB) chegasse de helicóptero a Caraguatatuba para um evento na terça-feira. O tucano pousou num município vizinho e pegou um táxi.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"Aécio não quer tucanos dividindo palanque com outros presidenciáveis. Ou seja: não quer que façam o que ele fez em 2006 e 2010."
DE JOSÉ HENRIQUE REIS LOBO, ex-presidente do PSDB de São Paulo, sobre a intenção da sigla de evitar que tucanos apoiem Eduardo Campos nos Estados.
contraponto
Quem manda em casa
Já era madrugada de terça-feira quando a ex-senadora Marina Silva deixou a casa do governador Eduardo Campos (PSB-PE), seu possível companheiro de chapa em 2014, após jantar com sua família no Recife.
Tentando evitar perguntas dos jornalistas de plantão em sua porta, o socialista disse que a primeira-dama, Renata, não o liberava para dar entrevistas àquela hora. Os repórteres pediram ajuda a ela, que estava do lado.
--Está liberado --disse Renata, à porta.
Campos olhou para a mulher com cara de surpresa:
--Que traição!
O foco no Sudeste - LUIZ CARLOS AZEDO
CORREIO BRAZILIENSE - 18/10
O ponto mais crítico da operação é a eleição do Rio de Janeiro, onde a aliança do PT com o PMDB está com os dias contatos. Lindberg Farias será o candidato do PT ao Palácio Guanabara, favas contadas internamente no PT. O desembarque dos petistas do governo Cabral ainda não aconteceu porque o ex-presidente Lula acredita que o governador fluminense acabará jogando a tolha, em troca de um bom acordo que lhe garanta o mandato no Senado ou uma vaga na Esplanada e a acomodação dos peemedebistas no novo governo. O incômodo da situação é que o PT está canibalizando o aliado, num estado onde não faltam palanques para Dilma Rousseff, que teria o apoio do vice-governador, Luiz Fernando Pezão — candidato de Cabral —, de Anthony Garotinho (PR) e Marcelo Crivela (PRB).
São Paulo e Minas Gerais são estados mais importantes para a consolidação da hegemonia petista, inclusive porque elegem as maiores bancadas da Câmara, mas são situações menos traumáticas. Nesses estados, o PT se digladia com o seu principal adversário, o PSDB, e não com um aliado. O atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), pode repetir o desempenho de Fernando Haddad, atual prefeito de São Paulo, e conquistar o Palácio dos Bandeirantes, derrotando o governador Geraldo Alkcmin, que iria para o seu quarto mandato. Em Minas, o ministro do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT), lidera a disputa pela sucessão do senador Antônio Anastasia (PSDB) em todos os cenários.
Capixabas
No Espírito Santo, o PT não tem uma candidatura competitiva ao Palácio Anchieta. O principal aliado do partido é o governador Renato Casagrande (foto), do PSB, que disputa a reeleição. O ex-prefeito João Coser pode ser o vice na sua chapa ou candidato ao Senado. O candidato do PMDB ao governo é o senador Ricardo Ferraço, aliado do ex-governador Paulo Hartung (PMDB), que é candidato ao Senado. Por causa da candidatura de Eduardo Campos, o PT pressiona o PMDB para que lance Hartung ao governo.
Cristão novo
O PSDB aposta na candidatura do ex-técnico das seleções brasileiras masculina e feminina de vôlei Bernardinho (foto) ao Palácio Guanabara. Estreante na política, imagina-se que isso seja uma grande vantagem diante do mau humor dos cariocas com os políticos de uma maneira geral.
Investidores// O cientista político Murilo Aragão fez palestra ontem no Centro de Estudos Hemisféricos da Universidade de Miami. Participaram investidores e professores. Houve muito interesse sobre as eleições no Brasil e as relações entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente Barack Obama.
Desembarque
A Executiva do PT discute hoje em São Paulo o desembarque dos governos do PSB, a começar pelo de Eduardo Campos, em Pernambuco. O presidente da executiva estadual, deputado Pedro Eugênio, e o senador Humberto Costa (PT-PE) querem sair já. O ex-prefeito do Recife João da Costa (PT) e a deputada estadual Teresa Leitão (PT-PE) são aliados do governador pernambucano. Os quatro participarão da reunião da Executiva.
Debate/ O PSB do Distrito Federal e a Fundação João Mangabeira, ligada à sigla socialista, abrem amanhã uma série de seminários para ouvir a sociedade brasiliense sobre a formulação de políticas públicas para o DF. A legenda, desde o início do ano, trabalha com 12 núcleos temáticos com o objetivo de discutir ideias e compor o plano de governo para o DF com a participação da Rede Sustentabilidade.
Índios/ A pedido da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) protocolou projeto de decreto legislativo que susta a Instrução Normativa (IN) nº1, editada pela Funai em janeiro de 2012, que exige “compensação financeira” (indenização) nos empreendimentos em terras indígenas ou em torno delas. Segundo o parlamentar, isso tem impedido a implantação de projetos e investimentos em muitas regiões do país.
Não foi
O Congresso das Américas sobre Educação Internacional (Caei), no México, concedeu ontem o Prêmio Interamérica 2013 ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não compareceu à solenidade. Paulo Speller, secretário de Educação Superior do Ministério da Educação e ex-reitor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, representou o ex-presidente na cerimônia. Lula reduziu o número de viagens ao exterior para cuidar da campanha do PT.
Violência
Somando-se a população residente nos 226 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio, em comparação com os brancos, é 3,7 vezes maior
Roubada
Além de levar uma invertida do jornalista e escritor Paulo César de Araújo, autor da obra censurada Roberto Carlos em Detalhes, que provou com foto e gravação tê-lo entrevistado por quatro anos, Chico Buarque de Holanda foi criticado pela ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda por defender a censura prévia às biografias. Segundo ela, o pai deles — o historiador Sérgio Buarque de Holanda — jamais faria isso. Em artigo, Chico havia acusado Paulo César de jamais tê-lo entrevistado para o livro.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 18/10
Preço de energia em leilão beneficia segmento eólico
O preço-teto para o próximo leilão de energia, que ocorrerá em novembro, foi estabelecido em R$ 126 por megawatt-hora.
O valor, publicado ontem no "Diário Oficial da União", beneficiará o segmento eólico, em detrimento do solar.
Na última disputa, em agosto, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) havia fixado o preço em R$ 117 --considerado baixo pela indústria energética.
"Esse novo teto está na trajetória do que os setores têm pedido", diz a presidente da Abeeólica (associação de energia eólica), Elbia Melo.
"Ele reflete as mudanças econômicas --do câmbio e do IPCA-- e as exigências de nacionalização para financiamento do BNDES, que estão mais rigorosas", acrescenta.
A maior modificação no edital em relação aos anteriores é que os vendedores de energia não terão de receber caso seus parques fiquem prontos antes das linhas de transmissão.
"O valor-teto também está precificando isso. Antes havia uma garantia de recebimento", afirma Melo.
Ainda que o valor tenha aumentado, o incremento não deve ser suficiente para garantir a contratação de energia solar. Essa foi a primeira vez em que a fonte foi incluída em um leilão.
O mercado calcula que o preço mínimo para viabilizar a solar deveria ficar ao redor de R$ 165. "Talvez o governo queira experimentar a resposta das empresas ao valor."
Santo André planeja PPP para ampliar sistema de água
A Prefeitura de Santo André, na Grande São Paulo, planeja uma PPP (parceria público-privada) para aumentar o sistema de captação e tratamento de água do município.
O PMI (procedimento de manifestação de interesse) para selecionar empresas que queiram participar do projeto deve ser lançado nos próximos dias, segundo o prefeito, Carlos Alberto Grana.
O município tem garantidos R$ 89 milhões, obtidos por meio do governo federal, para bancar parte do investimento, segundo o prefeito.
O modelo de parceria com o setor privado será definido só depois do PMI. "[A empresa] deverá participar da construção e da gestão do serviço."
Hoje, do total de água consumido na cidade, 96% são comprados da Sabesp. "A meta é elevar a produção própria para 25% até 2015", afirma.
DE VOLTA PARA CASA
Depois de quase seis anos longe das prateleiras dos supermercados, a Coca-Cola Light voltou a ser comercializada no Brasil.
De início, a bebida será vendida no Estado de São Paulo. Até o fim do mês, estará no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e nas cidades de Porto Alegre e Florianópolis. A meta é chegar a todo o país no próximo verão.
"Percebemos que havia um grupo de consumidores saudosos pelo produto. Para nós, foi muito simples tomar a decisão de atender a essa demanda", afirma Javier Meza, vice-presidente da Coca-Cola Brasil.
Cerca de 99% dos consumidores lembram da Coca-Cola Light e 33% manifestaram a intenção de voltar a comprar o produto, segundo uma pesquisa realizada pela companhia.
"O consumidor da Coca-Cola Light é mais adulto, com faixa etária acima de 30 anos, enquanto que a Coca-Cola Zero tem penetração maior na faixa de 20 a 30 anos. São produtos que se complementam", diz.
Vidro... A americana Owens-Illinois, fabricante de embalagens de vidro, terá uma linha de garrafas para o mercado de luxo, como bebidas "superpremium". No Brasil, o foco será em cachaças especiais.
...superior De início, a fabricação será na Colômbia. "Se houver uma fatia [de mercado] que viabilize, produziremos no Brasil", diz o vice-presidente, Rildo Lima. A multinacional tem cinco fábricas no país.
LENÇOL LUSITANO
A Belthia, grife portuguesa de artigos de luxo para cama, mesa e banho, investirá R$ 35 milhões na abertura de dez lojas no Brasil.
A expectativa é chegar, em um ano, às cidades de Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro, Curitiba, Recife, Salvador e Belo Horizonte.
Em São Paulo, serão quatro lojas --uma delas na rua Oscar Freire.
"Identificamos um mercado em potencial para produtos de alto padrão no Brasil", afirma Helena Carneiro, responsável pela marca no país.
"Queremos por fim à necessidade dos brasileiros de viajar a outros países para comprar artigos de luxo."
Na grife, uma toalha de mesa pode custar cerca de R$ 10 mil.
Da fase de estudos até a abertura da primeira unidade, no D&D Shopping, neste mês, foram dois anos. "Levamos dez meses para constituir uma empresa no país por causa da burocracia."
INOVAR PARA CRESCER
Empresas que investem mais em inovação registram, em sua maioria, um crescimento de receita, de acordo com estudo realizado pelo Goldman Sachs.
A correlação entre os aportes em pesquisa e desenvolvimento e o crescimento no volume de vendas foi detectada em estudo feito pelo banco americano com companhias listadas na bolsa eletrônica Nasdaq.
O Google, por exemplo, cujos investimentos em pesquisa e desenvolvimento cresceram cerca de 55% no período analisado entre 2004 e 2012, teve um aumento de vendas de pouco mais de 40% nesse mesmo intervalo.
Fusão em difusão A Megatelecom, empresa de telefonia fixa e fibra óptica, oficializou a fusão com a TV Alphaville, televisão por assinatura que atua na Grande São Paulo.
Logística em TI A Ingram Micro, que atua com produtos de tecnologia, terá um centro de distribuição em Serra, no Espírito Santo. A companhia tem sede em Barueri (SP).
Preço de energia em leilão beneficia segmento eólico
O preço-teto para o próximo leilão de energia, que ocorrerá em novembro, foi estabelecido em R$ 126 por megawatt-hora.
O valor, publicado ontem no "Diário Oficial da União", beneficiará o segmento eólico, em detrimento do solar.
Na última disputa, em agosto, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) havia fixado o preço em R$ 117 --considerado baixo pela indústria energética.
"Esse novo teto está na trajetória do que os setores têm pedido", diz a presidente da Abeeólica (associação de energia eólica), Elbia Melo.
"Ele reflete as mudanças econômicas --do câmbio e do IPCA-- e as exigências de nacionalização para financiamento do BNDES, que estão mais rigorosas", acrescenta.
A maior modificação no edital em relação aos anteriores é que os vendedores de energia não terão de receber caso seus parques fiquem prontos antes das linhas de transmissão.
"O valor-teto também está precificando isso. Antes havia uma garantia de recebimento", afirma Melo.
Ainda que o valor tenha aumentado, o incremento não deve ser suficiente para garantir a contratação de energia solar. Essa foi a primeira vez em que a fonte foi incluída em um leilão.
O mercado calcula que o preço mínimo para viabilizar a solar deveria ficar ao redor de R$ 165. "Talvez o governo queira experimentar a resposta das empresas ao valor."
Santo André planeja PPP para ampliar sistema de água
A Prefeitura de Santo André, na Grande São Paulo, planeja uma PPP (parceria público-privada) para aumentar o sistema de captação e tratamento de água do município.
O PMI (procedimento de manifestação de interesse) para selecionar empresas que queiram participar do projeto deve ser lançado nos próximos dias, segundo o prefeito, Carlos Alberto Grana.
O município tem garantidos R$ 89 milhões, obtidos por meio do governo federal, para bancar parte do investimento, segundo o prefeito.
O modelo de parceria com o setor privado será definido só depois do PMI. "[A empresa] deverá participar da construção e da gestão do serviço."
Hoje, do total de água consumido na cidade, 96% são comprados da Sabesp. "A meta é elevar a produção própria para 25% até 2015", afirma.
DE VOLTA PARA CASA
Depois de quase seis anos longe das prateleiras dos supermercados, a Coca-Cola Light voltou a ser comercializada no Brasil.
De início, a bebida será vendida no Estado de São Paulo. Até o fim do mês, estará no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e nas cidades de Porto Alegre e Florianópolis. A meta é chegar a todo o país no próximo verão.
"Percebemos que havia um grupo de consumidores saudosos pelo produto. Para nós, foi muito simples tomar a decisão de atender a essa demanda", afirma Javier Meza, vice-presidente da Coca-Cola Brasil.
Cerca de 99% dos consumidores lembram da Coca-Cola Light e 33% manifestaram a intenção de voltar a comprar o produto, segundo uma pesquisa realizada pela companhia.
"O consumidor da Coca-Cola Light é mais adulto, com faixa etária acima de 30 anos, enquanto que a Coca-Cola Zero tem penetração maior na faixa de 20 a 30 anos. São produtos que se complementam", diz.
Vidro... A americana Owens-Illinois, fabricante de embalagens de vidro, terá uma linha de garrafas para o mercado de luxo, como bebidas "superpremium". No Brasil, o foco será em cachaças especiais.
...superior De início, a fabricação será na Colômbia. "Se houver uma fatia [de mercado] que viabilize, produziremos no Brasil", diz o vice-presidente, Rildo Lima. A multinacional tem cinco fábricas no país.
LENÇOL LUSITANO
A Belthia, grife portuguesa de artigos de luxo para cama, mesa e banho, investirá R$ 35 milhões na abertura de dez lojas no Brasil.
A expectativa é chegar, em um ano, às cidades de Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro, Curitiba, Recife, Salvador e Belo Horizonte.
Em São Paulo, serão quatro lojas --uma delas na rua Oscar Freire.
"Identificamos um mercado em potencial para produtos de alto padrão no Brasil", afirma Helena Carneiro, responsável pela marca no país.
"Queremos por fim à necessidade dos brasileiros de viajar a outros países para comprar artigos de luxo."
Na grife, uma toalha de mesa pode custar cerca de R$ 10 mil.
Da fase de estudos até a abertura da primeira unidade, no D&D Shopping, neste mês, foram dois anos. "Levamos dez meses para constituir uma empresa no país por causa da burocracia."
INOVAR PARA CRESCER
Empresas que investem mais em inovação registram, em sua maioria, um crescimento de receita, de acordo com estudo realizado pelo Goldman Sachs.
A correlação entre os aportes em pesquisa e desenvolvimento e o crescimento no volume de vendas foi detectada em estudo feito pelo banco americano com companhias listadas na bolsa eletrônica Nasdaq.
O Google, por exemplo, cujos investimentos em pesquisa e desenvolvimento cresceram cerca de 55% no período analisado entre 2004 e 2012, teve um aumento de vendas de pouco mais de 40% nesse mesmo intervalo.
Fusão em difusão A Megatelecom, empresa de telefonia fixa e fibra óptica, oficializou a fusão com a TV Alphaville, televisão por assinatura que atua na Grande São Paulo.
Logística em TI A Ingram Micro, que atua com produtos de tecnologia, terá um centro de distribuição em Serra, no Espírito Santo. A companhia tem sede em Barueri (SP).
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