BRASIL ECONÔMICO - 18/10
Na terça-feira, as atenções estavam voltadas para os protestos do Dia do Mestre no Rio e em São Paulo, que, ao final, deram lugar a nova arruaça promovida pelos blacks blocs. Assim, quase passou em brancas nuvens uma informação importante da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas: as vendas do Comércio no último Dia da Criança subiram apenas 3,5% em comparação à mesma data do ano passado. Foi a menor alta dos últimos quatro anos. Segundo o presidente do CNDL, Roque Pellizzaro Júnior, o baixo desempenho se deve à inflação e ao crédito mais caro. "O consumidor brasileiro está mais cauteloso, fato que o leva a priorizar compras à vista, com um ticket médio menor, e a renegociar dívidas já assumidas. Além disso, muitos estão se resguardando para consumir no Natal".Em resumo, as famílias estão como pé atrás.
Não há por que duvidar das palavras de Pellizzaro. Afinal, o Comércio, pelo contato direto, é o melhor termômetro para medir o humor dos consumidores. Mas o Banco Central não está nem aí para o que acontece no balcão. Prefere apostar no faro fino de sua diretoria. É isso que se depreende da atada última reunião do Comitê de Política Monetária, divulgada ontem. No item 22 do documento, os membros do Copom afirmam que o cenário central "contempla ritmo de atividade doméstica mais intenso neste e no próximo ano". Não bastasse a previsão otimista, anuncia-se que "informações recentes indicam retomada dos investimentos e continuidade do crescimento do consumo das famílias, esse último favorecido pelas transferências públicas e pelo vigor do mercado de trabalho".
Na economia superaquecida que tanto assusta o Copom, está muito estreita a margem de ociosidade no mercado de trabalho. E existe o risco de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade. "Não obstante sinais de moderação, o Comitê avalia que a dinâmica salarial permanece originando pressões inflacionárias de custos". Como a inflação ainda mostra resistência, só há uma solução a adotar:o aumento da taxa básica de juros que, nos últimos meses, já subiu para de 7% para 9,5% ao ano.
"Nesse contexto, o Copom entende ser apropriada a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias em curso", explica a ata, repetindo integralmente o texto das duas últimas reuniões. O mercado financeiro não teve maior dificuldade para entender a mesmice do BC. A Selic certamente vai subir mais 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Copom, em novembro, voltando aos dois dígitos. E os oráculos antenados já falam em taxa de 11% no início do ano que vem.
O Banco Central acredita que se faz necessário evitar e indexação e reverter a percepção dos agentes econômicos, "com a devida tempestividade". No mundo fantástico do Copom, a economia vai de vento em popa. Mas, curiosamente, o Índice de Atividade Econômica do próprio Banco Central, o IBCBr, que é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto, registrou alta modestíssima de 0,08% em agosto na comparação com julho. Um resultado mais afinado como mau desempenho do Comércio no Dia da Criança. Acontece que o Banco Central está sediado em Brasília, onde o padrão de consumo é outro. Certamente, as vendas estão bombando por lá.
SOBE E DESCE
sobe
Magda Chambriard, diretora da ANP, afirmou que a área de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, pode produzir até 1,4 milhão de barris por dia em 15 anos. A região tem reservas estimadas entre 8 e 12 bilhões de barris.
desce
O deputado mineiro e empreiteiro Fábio Cherem (PSD) fez campanha pelo voto distrital com dinheiro da Assembléia Legislativa. Foram produzidos cerca de 4.400 panfletos coloridos de alta qualidade.
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