quinta-feira, outubro 28, 2010

PAPA BENTO XVI É CONTRA PROJETO DO PT


Papa Bento XVI pede a bispos brasileiros que orientem os católicos na política


RIO - A três dias do segundo turno das eleições presidenciais, o Papa Bento XVI pediu a bispos brasileiros para orientarem politicamente os fiéis durante reunião nesta quinta-feira no Vaticano. O papa, que não se referiu diretamente ao pleito deste domingo, afirmou ainda que os religiosos devem emitir, quando necessário, juízo moral em assuntos políticos. ( Confira a íntegra do discurso do papa )

Os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas

- Em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum - disse o papa em seu discurso.

- Quando, os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas - completou.

Bento XVI afirmou que esta orientação deve ser dada "quando projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia".

- No episcopado, ao defender a vida não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambiguidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo - afirmou o pontífice.

- Deus deve encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política - acrescentou.

As polêmicas envolvendo temas religiosos e, principalmente, a legalização do aborto, marcaram a campanha presidencial. Na semana passada, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Geraldo Lyrio Rocha, voltou a defender a proibição do aborto no Brasil.

O papa defendeu ainda a educação regiliosa no ensino público e o uso de símbolos religiosos na vida social.

- Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso do Brasil, em que a religião católica é parte integral da sua história.

DORA KRAMER

Assembleia permanente 
Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 28/10/2010

O que o cidadão, ex-presidente Luiz Inácio da Silva fará durante os próximos quatro anos a contar já do próximo domingo quando será eleito o (a) sucessor (a)?


O que fez desde o instante em que assumiu a Presidência do Brasil: campanha eleitoral. A ele não bastam os dois mandatos; quer mais dois, perfazendo 16 anos de Presidência com um breve intervalo de quatro para cumprir uma exigência legal.

Se a realidade contrariar as pesquisas e o eleito for José Serra, a tarefa de Lula será a de comandar a desestabilização do governo. Não poderá contar com as Forças Armadas nem com o Congresso.

Os militares querem distância do jogo e os parlamentares quem proximidade com o poder qualquer que seja.

Lula recorrerá ao PT, aos aliados tradicionais e talvez possa contar com o PSOL. Certamente poderá contar com o lumpesinato, com os coronéis da antiquíssima política, com os "movimentos sociais", os sindicatos e todos os que nutrirem insatisfação em relação ao governo.

Se for um governo que toma providências e, portanto, compra brigas, haverá grosso caldo de cultura para a ação do tipo de oposição ao gosto de Lula, destrutiva.

Se as pesquisas estiveram certas e a eleita for Dilma Rousseff fica tudo bem mais fácil. Ou não. Há duas possibilidades: a primeira, a de que Dilma seja tutelada por Lula, faça as coisas como ele acha que devam ser feitas e permita que ele tenha um espaço tal no governo que torne sua presença um fato constante e destacado no noticiário.

Nessa hipótese teremos o governo todo posto a serviço da campanha presidencial de Lula para 2014 e muita contestação à atitude da presidente.

A segunda, que muita gente no PT e fora dele, mas com experiência de poder, considera a mais provável, é a de que Dilma exerça o poder na plenitude. Mas só depois de um período, digamos, de quarentena, para tomar pé da situação e externar seu agradecimento ao antecessor pela eleição.

Em português claro, os defensores da segunda hipótese dizem que o efeito da caneta e da cadeira presidenciais é inexorável: quem está de posse de uma e sentado na outra dificilmente aceita dividir o poder.

Em geral isso é fato, mas no caso presente não há como concordar de antemão porque, além do absoluto controle sobre Dilma, Lula tem o partido, a popularidade e nenhum constrangimento em exigir da presidente o atendimento às suas vontades.

Republicano. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, atendeu à determinação do presidente Lula, que reclamou mais votos para Dilma no segundo turno.

Transferiu o feriado de hoje (dia do funcionário público) para segunda-feira, a fim de prolongar mais o já prolongado feriado, dando a impressão de que pretende com isso estimular a abstenção eleitoral.

Em 2008, quando da disputa pela Prefeitura do Rio, o governador havia feito o mesmo, contribuindo para uma abstenção de quase 26% na zona sul, onde o então candidato Fernando Gabeira, adversário de Cabral, tinha a preferência do eleitorado.

Melhor não. Para quem argumenta que a imprensa precisa ser "controlada" porque os outros Poderes da República contam com instrumentos de fiscalização, uma informação: imprensa não é Poder constitucional.

Na sua grande maioria, os veículos de comunicação são privados, cujo grau de maior ou menor sucesso depende de investimentos, talento, capacidade administrativa e credibilidade.

A liberdade plena serve exatamente para quem quiser criar o próprio meio de expressão. Sem esse atributo essencial, os que hoje reclamam por controle amanhã podem ser vítimas dos controladores, caso a correlação de forças não seja politicamente favorável a eles.

Boca de urna. A campanha do PT está incentivando os eleitores a votarem vestindo camisetas estampadas com a imagem de Dilma.

BANDIDO VOTA EM DILMA PARA MANTER ESQUEMA DE CORRUPÇÃO

EDITORIAL - O GLOBO

Manobra contábil afeta credibilidade

EDITORIAL
O Globo - 28/10/2010

Quando era oposição, o PT execrava a economia de recursos públicos para pagar juros da dívida. A busca por este superávit, chamado de primário - por não considerar, na sua formação, despesas financeiras -, era demonizada, pois serviria para pagar juros a "banqueiros" e "rentistas", usurpadores do dinheiro do "povo".

Mas, no poder, o partido teve de se curvar à sensatez de sua liderança, com o presidente Lula à frente, demonstrada na adoção da correta política de acumulação de superávits primários, a fim de evitar o descontrole na administração da dívida pública. Precisou aposentar o discurso a favor de "calotes" nos credores. Afinal, milhões de assalariados e trabalhadores têm poupança e pecúlio aplicados em títulos públicos. Eles constituem parte dos "rentistas".

Mas a cautela exigida no manejo da dívida nunca foi muito bem-vista em hostes petistas. Parece nunca ter deixado de ser entendida como um desvio "neoliberal". Talvez seja esta a explicação para o descaso crescente com que o governo Lula passou a tratar a contabilidade pública, chegando ao cúmulo de, por manobras contábeis, transformar o déficit primário de R$5,8 bilhões, acumulado em setembro, num superávit recorde de R$26 bilhões, um número fajuto. Sequer serve para "inglês ver", pois o mercado financeiro internacional sabe muito bem das manobras que vêm sendo realizadas na tentativa de encobrir os efeitos corrosivos da aceleração dos gastos empreendida a partir de 2009, atrás do biombo da crise mundial. No embonecamento do superávit primário já foram contabilizadas antecipações de pagamento de dividendos de estatais à União, e até mesmo depósitos judiciais, como se fossem recursos de propriedade do Estado.

O máximo da criatividade colocada a serviço da maquiagem contábil ocorreria, porém, na capitalização da Petrobras, na qual uma operação triangular com o BNDES permitiu que títulos fossem lançados - aumentando a dívida - e parte dos recursos captados voltasse como se fosse uma receita nova de R$31,9 bilhões.

Alguém comparou: é o mesmo que levantar um empréstimo no banco e colocar o dinheiro na conta como se fosse proveniente de salário. Uma farsa.

Pode-se alegar que estes recursos serão um dia gerados de fato, quando o petróleo que o lastreia - das reservas da União cedidas à estatal na operação de integralização do aumento de capital - for extraído e comercializado. Compara-se a operação ao ingresso nos cofres da União da receita das privatizações na Era FH. Ora, naquela época, ativos efetivamente foram vendidos. Agora, não. Na prática, na tentativa de atingir a meta de 3,3% do PIB do superávit primário, este ano, o governo Lula - como já fizera na capitalização do BNDES - aumenta a dívida pública bruta, a qual passa a ser um indicador de solvência do Estado cada vez mais importante que a dívida líquida, como era usual.

A ousadia irresponsável na manipulação contábil é mais uma herança maldita deixada para o próximo governo. Pois o efeito dessas maquiagens é reduzir a credibilidade das estatísticas públicas e, por consequência, aumentar o risco dos papéis brasileiros, públicos e privados, no mercado financeiro. Esperteza, quando é demais, vira bicho e come o dono.

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

A mágica do Tesouro

EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 28/10/2010
O governo continua inventando expedientes para ocultar a deterioração das contas públicas. Desta vez, aproveitou a capitalização da Petrobrás para inflar a receita do Tesouro Nacional e produzir um superávit primário de R$ 26,1 bilhões em setembro. Seria o maior resultado primário de todos os tempos, se fosse real. Mas esse número - mais um prodígio nunca antes visto na história deste país - é uma ficção. Sem recorrer a ela, o Ministério da Fazenda estaria exibindo, na melhor hipótese, um déficit de R$ 5,8 bilhões. Esse é um claro sinal do descontrole do gasto. Com a economia crescendo em ritmo igual ou superior a 7% ao ano, a administração federal deveria exibir uma excelente saúde financeira.

A mágica foi prevista desde quando o governo anunciou as manobras para envolver o Fundo Soberano e pelo menos um banco federal na capitalização da Petrobrás.

A União cedeu à empresa reservas de petróleo avaliadas oficialmente em R$ 74,8 bilhões e recebeu esse montante como pagamento. Ao mesmo tempo, contribuiu com dinheiro para o aumento de capital. Mas só gastou R$ 42,9 bilhões, porque o resto foi desembolsado por intermédio da BNDESPar e do Fundo.

A diferença, R$ 31,9 bilhões, foi contabilizada como receita do Tesouro. Somadas entradas e saídas, sobraram os R$ 26,1 bilhões apresentados como superávit. Mas pelo menos uma parte do distinto público já sabia do truque e não se deixou impressionar pela mágica.

Mas o ilusionismo é mais complexo. Para reforçar o BNDES, o Tesouro emitiu papéis no valor de R$ 25 bilhões. Endividou-se, mas essa operação não afetou a dívida líquida, porque o dinheiro foi passado ao banco, formalmente, como empréstimo. Logo, foi gerado um crédito equivalente. Mas a dívida bruta cresceu e esse é o indicador mais importante para os financiadores do Tesouro.

O governo contabilizou os R$ 31,9 bilhões como "receita de concessão", num procedimento classificado como normal pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin. Segundo ele, "não houve manobra fiscal". Esse não é o ponto de vista de especialistas do setor privado e do Banco Central (BC). Em sua próxima reunião, em dezembro, o Copom fará, como sempre, uma avaliação das condições da economia e levará em conta os efeitos da política fiscal. São passos necessários para a decisão sobre os juros. O Comitê não deverá levar em conta a receita contabilizada como decorrente da capitalização da Petrobrás, informou o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton.

Essa divergência é mais importante do que talvez possa parecer à primeira vista. Não se trata de um preciosismo contábil. Trata-se de saber se a informação divulgada pelo Tesouro é um bom indicador das condições da economia brasileira. De fato, não é, assim como não seria, se o governo descontasse o valor aplicado nas obras do PAC ou destinado a qualquer outra finalidade. Não se pode tratar a meta de superávit primário como se fosse apenas um requisito burocrático.

Acima de tudo, é preciso avaliar a situação das contas públicas pela evolução da despesa. O gasto federal continua crescendo mais que o valor da produção. Neste ano, o investimento custeado pelo Tesouro aumentou, mas esse item continua sendo pouco relevante no conjunto dos desembolsos. O Orçamento federal continua sendo inflado principalmente pelos gastos de custeio e, de modo especial, por despesas pouco produtivas.

A folha de pessoal, até agora, foi 9,3% maior que a de janeiro-setembro de 2009. Aumentou menos que o PIB nominal. Mas não se pode esquecer o inchaço dos salários e encargos nos últimos sete anos. Além disso, outros itens de custeio consumiram 21,6% mais do que no ano passado - uma diferença reconhecida como indesejável até pelo secretário do Tesouro.

Durante anos, o governo se valeu do aumento da receita para gastar muito e ainda assim conseguir superávit primário. Em 2010, nem o notável aumento da arrecadação tem bastado para acomodar a gastança. Este é o problema número um e é um erro tentar disfarçá-lo.

DIFERENTES

MERVAL PEREIRA

Diferenças regionais 
Merval Pereira 

O Globo - 28/10/2010

Uma das grandes incógnitas desta eleição, e que pode definir o vencedor, é saber se o candidato tucano, José Serra, conseguirá abrir em São Paulo e no Sul do país uma diferença que compense a vantagem que a candidata petista, Dilma Rousseff, está abrindo no Nordeste.

Até o momento, há em comum entre as diversas pesquisas a constatação de que o máximo que Serra consegue é empatar no Sudeste com Dilma, o que indica que ele não está abrindo uma vantagem capaz de colocá-lo no jogo para valer.

O hoje governador eleito Geraldo Alckmin perdeu a eleição para Lula em 2006, mas ganhou no Sudeste por uma margem de cerca de 700 mil votos, mesmo perdendo no Rio, em Minas Gerais e no Espírito Santo.

Ele tirou em cima de Lula uma diferença de 3,8 milhões de votos em São Paulo que permitiram ao PSDB manter a liderança da região que reúne os maiores colégios eleitorais do país.

Este ano, o PSDB elegeu também os governadores de São Paulo e Minas Gerais, mas a votação para presidente não está correspondendo à tradicional vantagem que os tucanos têm na região.

No primeiro turno, Serra estava perdendo para Dilma até em São Paulo, mas terminou vencendo por 700 mil votos. Neste segundo turno, ele está ampliando a vantagem para cerca de 1,5 milhão de votos, o que é insuficiente para dar chance a que os tucanos alimentem a esperança de uma virada na reta final.

As pesquisas refletem essa dificuldade, de maneira mais ou menos clara, e nem mesmo a redução da vantagem em Minas pode ajudar se, no maior estado do país, onde o PSDB domina a política há 16 anos, ele não mantiver a vantagem histórica sobre o PT, que já chegou a ser de 5 milhões de votos de diferença, de Fernando Henrique sobre Lula na eleição de 1998.

Na eleição de Alckmin, embora tenha ocorrido no primeiro turno, já houve uma diferença muito menor a favor dos tucanos, o que quase levou a eleição para o segundo turno contra Aloizio Mercadante, que havia perdido facilmente para Serra em 2006.

Mas, mesmo assim, Alckmin recebeu 3 milhões de votos a mais para governador do que Serra para presidente, eleitores que provavelmente escolheram Marina no primeiro turno.

O mais natural é que a identidade com o PSDB, que os levou a votar em Alckmin e não no candidato do PT, fizesse agora com que seus votos desaguassem em Serra, mas não é o que está acontecendo, pelo menos integralmente, até o momento.

Ao contrário, há pesquisas que mostram Serra perdendo terreno no Sul e no Sudeste, enquanto a diferença que Dilma abre no Nordeste só faz aumentar.

Pelas pesquisas, a candidata oficial está abrindo entre 6 milhões e 7 milhões de votos de vantagem no Nordeste, onde há lugares em que ela atinge marcas próximas de 70% dos votos.

O resultado da eleição ainda não está definido, mas os institutos de pesquisa caminham para mostrar aquela situação que chamam de “boca do jacaré abrindo”, isto é, a diferença entre os candidatos aumentando gradativamente. É possível que pesquisas a serem divulgadas hoje mostrem uma diferença maior que os 12 pontos que o Datafolha detectou.

Só resta mesmo ao candidato Serra desqualificar as pesquisas, com base no exemplo recente do primeiro turno, para manter a militância animada e conseguir que seus eleitores das regiões Sul e Sudeste não desistam de votar, achando que a eleição está perdida, e par tam para aproveitar o feriadão.

Aliás, a se crer nas pesquisas, esse feriadão pode afetar também os eleitores de Dilma, que estaria inclusive vencendo no Sudeste.

No Rio de Janeiro, onde a sua vantagem está se ampliando, pode acontecer de eleitores não votarem pensando que a eleição já está ganha e que seu voto não fará falta à candidata de Lula.

No primeiro turno, a abstenção teve uma média alta, próxima de 20%, mas em algumas regiões da Amazônia chegou a 40%.

Esse cenário pode se repetir agora no segundo turno, pois a seca na região continua muito grande, impedindo os ribeirinhos de sair de casa.

Essa é uma abstenção que atinge diretamente o eleitorado de Dilma.

Os pesquisadores estão tentando entender o que acontecerá com a abstenção neste segundo turno, mas também com os votos nulos e em branco.

Os anulados por erro no primeiro turno, quando o número de votações é maior — desta vez foram seis votos para cada eleitor —, costumam diminuir no segundo turno, pela simplificação do processo de escolha entre apenas dois candidatos.

Mas pode haver um aumento de votos nulos em protesto contra a campanha, especialmente nos grandes centros. Caetano Veloso, por exemplo, já anunciou que anulará o seu voto.

O índice de abstenção pode afetar o resultado da eleição e prejudicar o prognóstico das pesquisas, enquanto o de votos nulos e em branco pode ter um significado político importante, embora não afete o resultado final, pois o que conta são os votos válidos.

Mais uma vez, estamos caminhando para uma decisão de segundo turno que mostra o país dividido, com um número próximo da metade dos votos se distribuindo na oposição, e em nulos e em branco, e uma abstenção que pode ser maior que 20%.

O fato não tira a legitimidade do presidente eleito, mas significa que os 80% de popularidade do presidente Lula não são consequência de uma unanimidade burra em torno de seu governo.

DEMÉTRIO MAGNOLI

Um mito de papel
Demétrio Magnoli 
O Estado de S.Paulo - 28/10/10



"Não me importo de ganhar presente atrasado. Eu quero que o Brasil me dê de presente a Dilma presidente do Brasil", conclamou Lula, do alto de um palanque, dias atrás. Não foi um gesto fortuito. Antes, a Executiva do PT definira a campanha "Dê a vitória de Dilma de presente a Lula". Aos 65 anos, a figura que deixa o Planalto cumpre uma antiga profecia do general Golbery do Couto e Silva. O "mago" da ditadura militar enxergara no sindicalista em ascensão o "homem que destruirá a esquerda no Brasil". Quando o PT trata a Presidência da República como uma oferenda pessoal, nada resta de aproveitável no maior partido de esquerda do País.

Lula vive a sua quarta encarnação. Ele foi o expoente do novo movimento sindical aos 30, o líder de um partido de massas aos 40, o presidente salvacionista aos 60. Agora, aos 65, virou mito. O mito, contudo, é feito de papel. Ele vive nos ensaios dos intelectuais que se rebaixam voluntariamente à condição de áulicos e nos artigos de jornalistas seduzidos pelas aparências ou atraídos pelas luzes do poder. Todavia ele só existe na consciência dos brasileiros como fenômeno marginal. Daqui a três dias, Lula pode até mesmo ficar sem seu almejado carrinho de rolimã. A mera existência da hipótese improvável de derrota de Dilma evidencia a natureza fraudulenta da mitificação que está em curso.

"É a economia, estúpido!", escreveu James Carville, o estrategista eleitoral de Bill Clinton, num cartaz pendurado na sede da campanha, em 1992. George H. Bush, o pai, disputava a reeleição cercado pela auréola do triunfo na primeira Guerra do Golfo, mas o país submergia na recessão. Clinton venceu, insistindo na tecla da economia. Por que Dilma não venceu no primeiro turno, se a economia avança em desabalada carreira, num ritmo alucinante propiciado pelo crédito farto e pelos fluxos especulativos de investimentos estrangeiros?

A pergunta deve ser esclarecida. Lula abordou a sua sucessão como uma campanha de reeleição. No Brasil, como na América Latina em geral, o instituto da reeleição tende a converter o Estado numa máquina partidária. A Presidência, os Ministérios, as empresas estatais e as centrais sindicais neopelegas foram mobilizadas para assegurar o triunfo da candidata oficial. Nessas condições, por que a "mulher de Lula", o pseudônimo do mito vivo, não conseguiu reproduzir as performances de Eduardo Campos, em Pernambuco, Jaques Wagner, na Bahia, Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro, Antonio Anastasia, em Minas Gerais, ou Geraldo Alckmin, em São Paulo?

"Há três tipos de mentiras - mentiras, mentiras abomináveis e estatísticas", teria dito certa vez Benjamin Disraeli. Os institutos de pesquisa registram uma taxa de aprovação de Lula em torno de 80%. Cerca de dois terços da aprovação recordista se originam de indivíduos que conferem ao presidente a avaliação "bom", não "ótimo". Nesse grupo, uma maioria não votou na "mulher de Lula" no primeiro turno. Mas a produção intelectual do mito, a fim de fabricar uma "mentira abominável", opera exclusivamente com a taxa agregada. Há muito mais que ingenuidade no curioso procedimento.

As águas que confluem para o rio da mitificação de Lula partem de dois tributários principais, além de pequenas nascentes poluídas pelos patrocínios oriundos do Ministério da Verdade Oficial, de Franklin Martins. O primeiro tributário escorre pela vertente dos intelectuais de esquerda, que renunciaram às suas convicções básicas, abdicaram da meta de reformas estruturantes e desistiram de reivindicar a universalização efetiva dos direitos sociais. Eles retrocederam à trincheira de um antiamericanismo primitivo e, ecoando uma melodia tão antiga quanto anacrônica, celebram a imagem de um líder salvacionista que fala ao povo por cima das instituições da democracia. Nesse conjunto, uma corrente mais nostálgica, que se pretende realista, enxerga em Lula a derradeira boia de salvação para a ditadura castrista em Cuba. A Marilena Chaui pós-mensalão, transfigurada em porta-estandarte do "controle social da mídia", é a síntese possível do lulismo dos intelectuais.

"As pessoas ricas foram as que mais ganharam dinheiro no meu governo", urrou Lula num comício eleitoral em Belo Horizonte, pronunciando um diagnóstico inquestionável. O segundo tributário da mitificação desce da vertente de uma elite empresarial avessa à concorrência, que prospera no ecossistema de negócios configurado pelo BNDES e pelos fundos de pensão. Essa corrente identifica no lulismo o impulso de restauração de um modelo econômico fundado na aliança entre o Estado e o grande capital. Os empresários da Abimaq divulgaram um manifesto em defesa do BNDES, enquanto Eike Batista, um sócio do banco estatal, o cobria de elogios. Na noite do primeiro turno, os analistas financeiros quase vestiram luto fechado. Tais figuras, tanto quanto os controladores da Oi e os proprietários da Odebrecht, representam o lulismo da elite econômica.

O mito ficou nu no primeiro turno. Todos os indícios sugerem que o aguardado triunfo de Dilma foi frustrado exatamente por Lula - que, na sequência do escândalo de Erenice Guerra, afrontou a opinião pública ao investir contra a imprensa independente. "Nem sempre é a economia, estúpido!": os valores também contam. Naquele momento as curvas de tendências eleitorais se inverteram, expressando a resistência de mais de metade dos brasileiros ao lulismo. O jornalismo honesto deveria refletir sobre isso, antes de reproduzir as sentenças escritas pelos fabricantes de mitos.

Os mitos fundadores pertencem a um tempo anterior à História. No fundo, desde a difusão da escrita na Grécia do século 8.º a.C., só surgiram mitos de papel - isto é, frutos da obra política dos filósofos. Por definição, tais mitos estão sujeitos à desmitificação. Já é hora de submeter o mito de Lula a essa crítica esclarecedora.

SOCIÓLOGO, É DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP.

SERRA PRESIDENTE

MÔNICA BERGAMO

LINHA OCUPADA 
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 28/10/10

Uma decisão radical da Justiça do Maranhão proibiu a Vivo de comercializar e habilitar novas linhas de celular na cidade de Imperatriz, a segunda maior do Estado. Temendo precedentes, a empresa já mobilizou advogados para recorrer e derrubar a medida.

PASSO A PASSO
Os serviços foram interrompidos depois de reclamações de congestionamento da rede, de bloqueios e de quedas de chamada. Os advogados de defesa vão alegar que a decisão da Justiça acaba com o negócio da empresa e que era preciso, por exemplo, dar prazo de adequação à companhia, até com multa, em vez de suspender totalmente os serviços.

PELA METADE
Apesar da previsão de que poderia gastar até R$ 90 milhões nas eleições, a campanha de Marina Silva (PV) à Presidência deve apresentar gastos oficiais que não chegam à metade desse valor. Ou algo entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões.

CASOS DE FAMÍLIA
O promotor Mauricio Ribeiro Lopes, que denunciou Tiririca à Justiça Eleitoral e agora é alvo da OAB-SP por ter dito em uma entrevista que "advogado é sórdido", é casado com a defensora pública Flavia D'Urso, prima de Luiz Flávio Borges D'Urso, que preside a entidade em SP e assinou a nota de repúdio divulgada nesta semana contra ele. "Mas vou processá-lo mesmo assim", diz D'Urso.

PONTEIO
O músico Edu Lobo deve ir à Sala São Paulo para assistir, neste sábado, a um concerto da Osesp. A orquestra vai apresentar o frevo "Pé de Vento", que o compositor criou para ser executado no bis da turnê europeia da sinfônica paulista.

NOTAS DIPOLMÁTICAS
E o embaixador do Brasil na França, José Bustani, vai tocar piano na Sala São Paulo com a Orquestra Sinfônica da USP, no próximo dia 16. Ele estudou o instrumento na juventude e costuma fazer algumas apresentações.

SESSÃO DE FELICIDADE

A Mostra de Cinema de São Paulo separou um espaço na programação para a pré-estreia do filme de Arnaldo Jabor, "A Suprema Felicidade", anteontem, no Cine Livraria Cultura. Todo o elenco estava lá, salvo Marco Nanini, envolvido nas gravações de "A Grande Família". Entre os convidados, Fernando Henrique Cardoso. O filme estreia amanhã.

LÁ COMO CÁ
O ator Ugo Tognazzi ("Quinteto Irreverente") será homenageado na Semana de Cinema Italiano, em novembro, em SP. A filha dele, Maria Sole, virá apresentar o documentário "Retrato do Meu Pai", dirigido por ela, que abrirá o evento. O filme passa hoje no Festival de Cinema de Roma, que também presta tributo a Tognazzi.

DO FADO AO SAMBA
A soprano portuguesa Tereza Salgueiro, do grupo Madredeus, incluiu um samba que ela mesma compôs no repertório de suas apresentações em SP, em novembro, no Teatro Alfa.

TRENÓ NA RUA
A Associação de Lojistas da Rua Oscar Freire, comandada por Rosangela Lyra, começará a implantar a decoração de Natal da via dos Jardins no fim de novembro. A entidade conseguiu renovar o patrocínio com uma bandeira de cartão de crédito.

ROUPA DE MISS
O estilista Victor Dzenk criou um vestido de seda azul-turquesa com tule transparente e cristais Swarovski para a brasileira Kamilla Salgado usar na final do concurso Miss Mundo, no sábado.

SÃO PAULO NO PEITO
O governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB-SP), condecorou 16 personalidades com a Ordem do Ipiranga, principal honraria do Estado. O médico Adib Jatene, a artista plástica Maria Bonomi, os escritores Tatiana Belinky e Silvio de Abreu e os esportistas Emerson Fittipaldi, Hortência e Maria Esther Bueno foram alguns dos homenageados. Após a cerimônia, eles participaram de coquetel na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes.

CURTO-CIRCUITO

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, palestra, hoje, às 9h, no Congresso de Direito Constitucional, em Brasília.

Evaldo Mocarzel lança o livro "Ana Carolina Teixeira Soares", hoje, às 19h, no shopping Frei Caneca.

O Graacc faz jantar beneficente, hoje, no Moinho. O estilista Alexandre Mirkai abre hoje o Congresso Pan-Americano de Alfaiataria.

A grife Mara Mac realiza trunk show hoje, às 17h, no bar Número.

Cezar de Almeida e Roger Bassetto lançam "Sketchbooks", no Museu da Casa Brasileira, hoje, às 19h30.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

Agência das versões oficiais
EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 28/10/2010
Má notícia, embora de forma alguma inesperada: o Brasil, por meio da empresa estatal de comunicação EBC, ligada à Presidência da República, será um dos nove países da região a participar da União Latino-Americana de Agências Noticiosas (Ulan), cuja criação foi decidida na semana passada, numa reunião paralela ao 3.º Congresso Mundial de Agências de Notícias, que se realizava em Bariloche.

A notícia é má, em primeiro lugar, porque a iniciativa atende a uma pregação do dirigente venezuelano Hugo Chávez - para quem a liberdade de imprensa nesta parte do mundo é a liberdade de exaltar a sua assim chamada Revolução Bolivariana e o "socialismo do século 21" que intenta propagar entre os vizinhos. Há tempos, já, o caudilho vem defendendo a formação de uma empresa jornalística regional para contrapor ao noticiário das grandes agências internacionais uma versão supostamente idônea dos fatos na América Latina.

A notícia é má também porque, juntamente com a EBC brasileira, assinaram a carta de intenções para a criação da Ulan, prevista para março do próximo ano, as agências oficiais de países onde ou não há o menor vestígio de imprensa livre - caso de Cuba - ou onde ela está sob fogo cerrado dos governos. É o que acontece na Argentina, Bolívia e Equador.

Pela importância do país, chamam a atenção em especial as operações desatadas pela presidente argentina, Cristina Kirchner, para asfixiar as empresas de comunicação, cujos veículos criticam o governo, e beneficiar aquelas que a ele se submetem, enquanto vai montando uma rede de canais ditos públicos para servir de correia de transmissão dos interesses da Casa Rosada.

É verdade que entre os signatários figuram ainda empresas do gênero do México, Paraguai e Guatemala, onde as principais ameaças ao exercício do jornalismo não vêm propriamente dos governantes de turno. Mas os outros tendem a funcionar como um ativo bloco ideológico. Além disso é de notar a ausência, nesse consórcio, de representantes do Peru e Colômbia, onde o chavismo não conseguiu medrar.

A adesão brasileira era apenas previsível por causa da guerra particular que o presidente Lula trava com a imprensa que se recusa a se dobrar aos seus 80 e tantos por cento de aprovação, insistindo em destampar os podres de sua administração - para que não se diluam nos vapores inebriantes da prosperidade econômica. E porque o petismo é uma usina de produção continuada de tentativas de amordaçamento do livre fluxo de informações e opiniões na mídia brasileira, a começar da televisão.

Dado que essas tentativas não prosperam no plano nacional, estão aí as manobras para corroer pelas bordas a atividade jornalística, com a pretendida criação de conselhos controladores da programação das emissoras no Ceará, Bahia, Piauí e Alagoas. Por fim, embora Lula procure apresentar ao mundo uma imagem contrastante com a de Chávez, o seu governo não perde oportunidade de demonstrar as suas afinidades com o caudilho venezuelano. O caso da Ulan é apenas mais um.

Os defensores da futura empresa se esforçam para afastar outra suspeita - a de que ela se destina a ampliar o papel dos governos da área como provedores de informação, ou melhor, propaganda disfarçada, para consumo das respectivas populações. É o que receia, por exemplo, o diretor executivo da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Julio Muñoz. "Uma agência estatal de notícias é a voz oficial de um governo", argumenta. "Portanto, a informação que difunde deve, necessariamente, ser a de defesa e proteção do seu patrão."

"Nossa proposta", reage a diretora-presidente da EBC, Tereza Cruvinel, "é somente oferecer apoio mútuo entre as agências, fortalecendo-as reciprocamente." Parece ser mais do que isso. A carta de intenções para a formação da Ulan fala em "tornar visível as conquistas dos povos do continente para aprofundar a democracia e alcançar sociedades de justiça social". O papel aceita tudo. Chávez, para não falar dos irmãos Castro, também usa essas belas palavras para justificar as suas práticas ditatoriais. De mais a mais, por que a América Latina precisa de uma associação de agências estatais de notícias?

GOSTOSA

JOSÉ SIMÃO

Feriadão! Urna no pedágio!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 28/10/10

Como disse uma amiga: "Não sou nem de esquerda nem de direita. Sou da cintura pra baixo". UEBA!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! O Polvo Paul morreu. Agora só sobrou um molusco famoso no mundo! Rarará! E polvo quando morre não vai pro céu nem pro inferno. Na Alemanha, serviram com chucrute. Chucrute e brócolis!
E a mais nova paranoia da eleição: o povo viajar no feriadão e não votar. Os tucanos estão desesperados. E com toda razão: só tem tucano em cidade que não tem mar: São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba! Rarará! Previsão do tempo: petistas dizem que vai fazer sol, tucanos dizem que vai chover. Eu acho que vai nevar. Vai nevar no Brasil. E petista não viaja, é? Não. Porque não tem Bolsa Viagem. Ainda! Rarará!
E eu sei como fazer pros tucanos não viajarem. 1) Cercar Higienópolis. 2) Boca-livre no Clube Pinheiros por quatro dias. Feriadão da boca-livre no Clube Pinheiros! 3) Urna no pedágio. Vão botar urna no pedágio, o URNÁGIO! "Aperte Serra e Passe Livre!" Se apertar Dilma, a cancela abaixa e amassa a capota do carro. Toca sirene! Rarará!
E é engraçada essa divisão que fizeram na cabeça do brasileiro: petista é pobre e tucano é rico. Se passar uma Mercedes com adesivo da Dilma, gritam: "Ladrão!". Pros tucanos, rico que vota na Dilma só pode ser ladrão. E, se passar um fusca caindo aos pedaços com o adesivo do Serra, gritam: "Otário!". Pros petistas, pobre que vota no Serra só pode ser otário!
É o que acontece comigo. Se falo do Serra, petista! Se falo da Dilma, tucano! Que saco! E como disse uma amiga minha: "Não sou nem de esquerda nem de direita. Sou da cintura pra baixo". UEBA!
PIAUÍ URGENTE! Olha essa bombástica do Piauí: "Wilson Martins do PSB quase atingido por manga em Teresina". Atiraram uma manga no candidato! Chupada? Bolinha de papel virou MANGA! Manga dói, viu? Já levei uma manga na cabeça lá na Bahia e quase desmaiei.
Agora tem que chamar o perito Molina. Pra saber se era manga espada ou manga rosa. E ele vai dizer que foi "um evento cão chupando manga". Rarará! Adorei essa manga do Piauí! Sensacional!
E o candidato tava fazendo uma caminhada por Teresina com Marcelinho Carioca e Romário! E por que o Marcelinho não cabeceou a manga? Num guenta mais. E o Romário? Deu um créu na manga!
A situação tá ficando psicodélica. Ainda bem que nóis sofre, mas nóis goza. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Temperatura máxima 
Renata Lo Prete 
Folha de S.Paulo - 28/10/2010

Um conhecedor dos bastidores do STF definiu assim a saída encontrada pelo presidente do tribunal, Cezar Peluso, para o impasse na votação do recurso de Jader Barbalho (PMDB-PA) contra a aplicação da Lei da Ficha Limpa: "Ele ligou o fogo, esperou a água ferver, e que da fervura brotasse a solução".
Peluso e o decano da Corte, Celso de Mello, ambos favoráveis ao recurso, foram convencidos pelos colegas Ayres Britto e Ricardo Lewandowski de que o melhor a fazer, diante do repetido empate de 5 a 5, era manter a decisão do TSE, que impugnara a candidatura de Jarbas -eleito em 3 de outubro- ao Senado.

Next A água continua a ferver no Supremo. Enquanto os derrotados sustentam que a decisão de ontem só se aplica a casos de renúncia para escapar à cassação, outros entendem que o assunto Ficha Limpa está resolvido.
Zen De José Antonio Toffoli, o mais jovem ministro e voto favorável ao recurso de Jader: "O STF não é um clube de amigos, e é bom que seja assim. O sentido do colegiado são as divergências".

Mais pop Ao saber do Datafolha, pouco antes de subir ao palanque em Curitiba, Lula mostrou mais entusiasmo com seu novo recorde de aprovação do que com a vantagem de Dilma Rousseff sobre José Serra.

Na veia Terminado o evento pró-Dilma, o presidente, que foi novamente às lágrimas ao falar do final próximo do mandato, avisou sua equipe de segurança: "Vou descer". Assim o fez, e permaneceu cerca de meia hora mergulhado nos afagos incontidos dos eleitores.

Dois pesos Pródigo na divulgação de links para textos de publicações internacionais elogiosos ao governo Lula, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) protestou ontem no Twitter contra o "imperialismo" do jornal britânico "Financial Times", que defendeu em editorial a opção por Serra.

Matemática Munida dos números do primeiro turno, a campanha de Serra insistirá na desqualificação das pesquisas. É a senha dos tucanos para evitar desmobilizações que potencializem o "efeito feriadão" nas urnas.

Boi na linha Embora tenha congelado a transição até o segundo turno, Geraldo Alckmin telefonou para o governador Alberto Goldman para se informar sobre o "metrogate". A suspensão da licitação atrasará de 8 a 12 meses a entrega da linha 5. O cronograma da linha 4 também está comprometido.

Descarrilou A suspeita de fraude na licitação da linha 5, ainda que atribuída aos consórcios, reduziu ainda mais a já remota hipótese de permanência do secretário José Luiz Portella (Transportes Metropolitanos) no futuro governo Alckmin.

Trégua Petistas e tucanos adaptaram roteiros e horários para evitar choque de militantes nas caminhadas de amanhã pelo centro de SP. A comitiva pró-Serra parte do Largo São Francisco, às 12h, rumo à praça da República. O grupo dilmista sai da praça do Patriarca em direção à Sé, às 15h.

Então tá O PSDB, que convocou assessores do governo estadual e da prefeitura, alega que todos vão sacrificar a hora do almoço para engrossar a manifestação.

Veja bem Ao contrário do informado pela liderança do PT na Assembleia paulista, o tucano Vaz de Lima não assinou a nota de desagravo a Rui Falcão (PT), subscrita por outros líderes do PSDB na Casa, como Barros Munhoz e Celso Giglio.

tiroteio

"Serra agora não pode mais ser franco atirador. E vai ficar muito feio se quiser fugir da responsabilidade pelos problemas de uma licitação que ele iniciou."
DO PRESIDENTE DO PT-SP, EDINHO SILVA, sobre a suspeita de fraude na licitação da linha 5, aberta quando o tucano era governador de SP.

contraponto

Os pássaros


Em comício realizado na terça em Caxias do Sul (RS), José Serra foi homenageado por um grupo de crianças com uma revoada de pombos. Ao observar a movimentação, abaixou para ajudá-las na soltura dos pássaros. Depois de várias tentativas, dois pombos brancos retornaram aos seus ombros.
O candidato tucano, ao perceber o "cerco", disse aos aliados peemedebistas José Fogaça e Germano Rigotto, com quem dividia o palanque:
-Apesar de todo o clima de guerra da eleição, os símbolos da paz me perseguem...

O BLOG COMEMORA

NÃO CHORES POR MIM, ARGENTINA.




   Morte de aprendiz de ditador deve ser comemorada.

MÍRIAM LEITÃO

País da incerteza 
Miriam Leitão 
O Globo - 28/10/2010

Começa agora o governo Cristina Kirchner.
Esse é um dos vários inusitados da situação política do país vizinho. Faltando 13 meses para terminar o mandato, a presidente tem, enfim, chances de governar um país. O ex-presidente Néstor Kirchner nunca deixou de ser o governante, impunha seu estilo e vontade. Foi quem tirou a Argentina do fundo do poço.
Apesar dos problemas de saúde que Néstor Kirchner teve recentemente, os cenários políticos não consideravam a hipótese do futuro imediato sem ele.
Foi o que admitiu com espanto o analista do “Clarín” Eduardo Van der Kooy. Tanto na operação da carótida, quanto na angioplastia, os Kirchner não quiseram que a saúde do ex-presidente ocupasse espaço no debate político. Falar da doença atrapalharia os planos futuros do casal.
Ele era um dos candidatos à eleição do ano que vem e, mais do que isso, era o dono dos rumos do governo da mulher, do partido do governo, e da linha política que inaugurou: o kirchnerismo.
O futuro é uma incerteza só. A palavra em espanhol define melhor, aos nossos ouvidos tem um som mais pesado, como se fosse mistura de incerteza e drama: incertidumbre. Será Cristina capaz de superar o golpe emocional da morte daquele que foi seu marido por 35 anos? Terá forças para se impor a um Justicialismo dividido pelos últimos oito anos de comando de ferro de Néstor? Manterá o estilo de governar pelo confronto que o marido sempre manteve e que deixou sequelas nas relações dos produtores rurais, indústria, Igreja, Suprema Corte, Congresso e imprensa? Conseguirá Cristina Fernández superar a sina trágica das mulheres no poder argentino? Evita morreu, jovem e bela, antes que Juan Domingo Perón realizasse o sonho de fazê-la vice-presidente.
Isabelita, vice de Perón na década de 70, assumiu quando o marido morreu.
Aparvalhada, conduziu um governo fraco e corrupto e foi deposta pelos militares.
Cristina assumiu o poder cercada de esperanças de que fosse enfim um governo comandado por uma mulher. Era senadora, tinha tido uma carreira política prévia. Mesmo assim se deixou anular completamente.
Se em alguns momentos circularam rumores de que o casamento estava abalado, a parceria política sempre foi indissolúvel, como se os dois fossem um só. E agora? Néstor Kirchner ficará na História por ter tirado a Argentina de um momento trágico.
Em poucos dias, na passagem de 2001 para 2002, o país teve três presidentes.
Com o país mergulhado na pior crise da sua história, o presidente Fernando de la Rúa renunciou no meio de violentas manifestações de rua, em que os argentinos mostravam sua fúria pela perda de poder aquisitivo e a recessão no fim do regime do câmbio fixo. “Que se vayan todos!”, gritavam nas ruas os argentinos querendo se livrar de todos os políticos.
Adolfo Rodríguez assumiu interinamente, decretou moratória e renunciou em seguida. Eduardo Duhalde manteve a moratória, acabou com a paridade do peso e do dólar e preparou a nação para as eleições. O país estava 18% menor do que em 1998, e tinha 60% da população abaixo da linha da pobreza quando em 2003 ocorreram as eleições. O partido fundado por Perón teve três candidatos. A União Cívica Radical, de De La Rúa, desmoralizada, estava fora do jogo. Numa reportagem que fiz sobre o país na época, o que mais me impressionou foi uma mulher, que no meio da passeata, respondeu a uma pergunta minha sobre a razão da manifestação: “Não há futuro, não há futuro”, disse, aos gritos.
Nesse ambiente, Kirchner venceu e começou a organizar o país. Manteve o ministro Roberto Lavagna e começou o caminho da recuperação.
O país cresceu forte: 11,7% em 2003, 9% ao ano de 2004 a 2007. Reduziu o ritmo em 2008, no ano passado teve recessão e em 2010 deve crescer mais de 7%. O problema é que neste meio tempo, o casal K, como os argentinos o chamavam até ontem, fez uma intervenção no Indec, departamento de estatísticas, jogando dúvida sobre todos os indicadores econômicos.
A inflação subiu, mas o dado oficial está parado abaixo de 10%. Na verdade, os preços têm subido mais de 20% ao ano. Há projeções acima de 30%.
Néstor Kirchner ocupava um espaço tão grande na política argentina que os analistas do país tinham ontem dificuldades de ver que forças vão ser decisivas no futuro. Na pequena lista de presidenciáveis está por exemplo o governador de Buenos Aires, Daniel Scioli, do Partido Justicialista, e um dos possíveis candidatos, caso Cristina não queira ou não consiga ser candidata no ano que vem. A União Cívica Radical tem duas forças, o vice-presidente, Julio Cobos, inimigo de Cristina, e Ricardo Alfonsin.
O principal obstáculo de ambos é o fracasso do partido no poder. O empresário Maurício Macri organizou uma frente, a Proposta Republicana, cuja maior vitória foi a do próprio Macri para a prefeitura de Buenos Aires.
A Argentina volta a ficar, como definiu Van Der Kooy, “entre a tragédia e o drama.” A oposição perde o amálgama que a unia para enfrentar um adversário forte; os peronistas perdem sua força hegemônica; a presidente perde o marido e mentor; a Argentina perde o presidente que a resgatou da crise e a jogou em inúmeros conflitos internos. O cenário político tem hoje uma enorme interrogação.
Numa análise recente sobre as eleições do próximo ano, o cientista político argentino Rosendo Fraga concluiu profético: “Muita coisa pode mudar em um ano, porque nunca se deve esquecer que, em última instância, a política se constrói sobre o imprevisto.”

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Briga do além 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 28/10/2010

Corre, em São Paulo, briga de cinco anos nada silenciosa, apesar de envolver túmulos. A Prefeitura de Osasco desapropriou cemitério particular mantendo sua função. Para tanto, selou-se acordo prevendo pagamento de R$ 10 milhões em dez parcelas anuais.

O que aconteceu? Segundo advogados dos ex-proprietários, apenas R$ 2 milhões foram pagos corretamente. As duas prestações subsequentes foram bloqueadas pela Justiça.

Os ex-donos reclamam que, além de não pagar, a prefeitura quer responsabilizá-los por problemas encontrados no local. O que vai contra a Lei de Desapropriação, cuja regra dita: ao tomar um bem privado, o órgão público herda os bônus e... ônus.

Alta cultura

O último legado deixado por Lucia Moreira Salles vem a público com o lançamento do livro A Portrait of Oscar Wilde, obra de sua autoria e do neto do escritor irlandês Merlin Holland. Chega a São Paulo dia 10, mais precisamente na loja Again. A edição limitada em 525 exemplares, impressa em Verona, terá sua renda revertida para o projeto Brasileirinho, mantido por Lucia.

Conta com réplicas perfeitas dos textos originais do escritor. Textos estes doados por ela ao The Morgan Library&Museum, em NY.

É ou não é?

Ricardo Vito Porto, advogado de Tiririca, jura que comprovará com documentos que seu cliente não é analfabeto.

Há quem acredite que a melhor estratégia seria admitir que outra pessoa escreveu a carta anexada ao registro da candidatura. Perguntado sobre esta possibilidade, Porto respondeu: "Não posso falar. Eu mesmo pedi segredo de Justiça."

Porta fechadas

Os advogados dos partidos, que fizeram lobby para participar da reunião de avaliação do TRE sobre as eleições 2010, ficarão a ver navios.

O balanço será, mais uma vez, feito pela intranet por meio de formulários enviados aos juízes.

Fim de mandato

Ontem foi o último aniversário comemorado por Lula no Palácio do Planalto.

Prevendo uma avalanche, sua assessoria reservou sala, no segundo andar, só para presentes enviados por admiradores anônimos.

Estranha, a vida

Nesta novela sobre pré-sal, há quem estranhe que a OGX, petroleira de Eike Batista, ainda não bateu de frente com a Petrobrás. No raciocínio de fonte ligada ao setor, além de comprar boa parte das licenças, o empresário carioca conseguiu atrair técnicos e especialistas que pertenciam aos quadros da estatal. Simultaneamente à essa ascensão da OGX, a Petrobrás navega em mar tumultuado cujo reflexo tem impacto direto no mercado de ações.

Como a Petrobrás não se manifesta sobre o avanço da empresa de Eike, a mesma fonte pergunta: "Será que isso pode ser debitado apenas à má gestão ou ao aparelhamento da estatal pelo PT e aliados do governo Lula?"

Estranha, a vida 2

Ontem, o Bradesco anunciou um dos melhores resultados de sua história. Na sequência, o preço de suas ações, pela manhã, só fez cair.

Sarado

Miguel Falabella volta ao palco hoje depois de ter sofrido fissura no quadril na pré-estreia de A Gaiola das Loucas, no Teatro Bradesco. Depois de dois dias de molho.

Quem vem

Ermenegildo Zegna desembarca no Brasil na semana que vem. Participará de festa do centenário da grife, criada por seu avô.

Questão de estilo

Dilma pousa sábado em Porto Alegre, vota domingo e parte para Brasília acompanhar a apuração ao lado de Lula. Serra submerge e pretende se inteirar somente ao fim do dia da eleição.


Na frente

Salman Rushdie decidiu: A Random House lança seu livro de memórias em 2012.

Milton Nascimento convidou o coral de Três Pontas, cidade de seu coração, para uma participação especial em seu novo CD.

Antonio Breves comanda workshop na galeria Choque Cultural. Amanhã.

José Hosiasson comanda o curso 93 Anos de Jazz. A partir de hoje, na Casa do Saber.

Narcisa Tamborindeguy autografa Ai que Absurdo. Dia 10, no Benedixt.

Raivosos, os radicais do PT arrumaram apelido nada educado ou sutil para Hélio Bicudo: pônei de Troia.

CORRUPTOS

PAULO RENATO SOUZA

Falsidades federais

PAULO RENATO SOUZA
 FOLHA DE SÃO PAULO - 28/10/10



O governo petista faz muito barulho para pouco resultado efetivo no que diz respeito às universidades federais




Artigo de um professor da USP, publicado no último dia 25 nesta prestigiosa Folha, referindo-se ao apoio de um segmento de professores universitários à candidata do oficialismo à Presidência, tece loas à política do atual governo em relação às universidades federais e critica minha gestão no Ministério da Educação.
A cantilena é velha: em meu período teria faltado apoio orçamentário a universidades federais, ao contrário da bonança na era Lula.
Um mínimo de compromisso com o rigor acadêmico exige não propagar dados falsos. Como tive oportunidade de manifestar em discurso pronunciado na Câmara dos Deputados em 12 de dezembro de 2008, a média anual dos recursos efetivamente aplicados em custeio e investimento nas universidades federais, incluindo o Programa de Modernização manteve-se inalterado em torno de R$ 1,3 bilhões a preços de 2006 nos dois quatriênios de FHC e no primeiro de Lula, sendo levemente maior entre 1999 e 2002.
O governo petista faz muito barulho para pouco resultado efetivo no que diz respeito às universidades federais. Pasmem: no atual governo, diminuiu o número de formandos nas federais: foram 84.036 em 2008, contra 84.341 em 2003.
Aliás, nesse aspecto, é enorme o contraste com o governo anterior: considerando-se apenas o segundo mandato de FHC, houve aumento de 40% de concluintes naquelas instituições.
O número de matrículas nos cursos de graduação nas federais cresceu a uma taxa média anual de 6,0% no governo do PSDB (1995 a 2002), contra 3,2% no do PT (2003 a 2008). Nos cursos noturnos, a matrícula cresceu 100% no Governo FHC e apenas 15% nos 6 primeiros anos do governo Lula.
O que cresceu no atual governo foram vagas mal planejadas e ociosas e a evasão escolar além de gastos e contratações de pessoal. No governo FHC a relação aluno por docente se elevou de 8,2 para 11,9 em 2003. No governo Lula caiu até atingir 10,4 em 2008. Essas são cifras muito baixas. Nas melhores universidades americanas, por exemplo, nunca é menor do que 16 alunos por Professor.
O governo Lula anuncia 13 novas universidades federais como obra sua. No entanto, 9 delas são resultado de fusão, desmembramento ou ampliação de instituições federais de ensino superior já existentes. Os números mostram que as universidades federais implantadas no governo Lula criaram vagas mal planejadas, que não atendem à demanda real de cursos nas regiões em que foram instaladas. Além disso, a estrutura é precária e faz com que os jovens desistam de prosseguir em seus cursos. É o caso da Universidade Federal do ABC, que perdeu 42% dos alunos entre 2006 e 2009.
Criar Universidades é muito mais do que assinar decretos e construir prédios. A tarefa de implantá-las ficará para seu sucessor. É curioso observar a capacidade que Lula tem de apropriar-se de feitos alheios. Foi assim com a política econômica e com os programas sociais criados por FHC. Agora, no caso da expansão das universidades e escolas técnicas federais, a apropriação é "a futuro".


PAULO RENATO SOUZA é secretário de Educação de São Paulo. Foi ministro da Educação (governo FHC)

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Gestora de recursos do BB lança fundos no exterior
Maria Cristina Frias 
Folha de S.Paulo - 28/10/2010

A BB DTVM, gestora de recursos do Banco do Brasil e líder no país, segue os passos da instituição à qual está ligada e também busca crescer no exterior.
A gestora, que administra R$ 339,6 bilhões, lançou no Chile, em setembro, um fundo de investimentos em ações brasileiras. O principal foco são ações de pequenas empresas, as "small caps".
Voltado para investidores de alta renda e fundos de pensão, o fundo chileno já captou US$ 15 milhões (R$ 25,6 milhões).
"O Chile é um mercado pequeno, mas desenvolvido. É uma vitrine", disse Carlos Massaru Takahashi, presidente da BB DTVM.
Até o final deste ano, a BB DTVM pretende lançar mais dois fundos, um no mercado japonês e outro no coreano.
Desde dezembro de 2009, a empresa tem um fundo para investidores pessoas físicas no Japão. Cerca de 75% do patrimônio de aproximadamente R$ 200 milhões está aplicado em renda fixa.
Segundo Takahashi, os asiáticos, que sediaram recentemente grandes eventos esportivos, veem boas oportunidades de ganho com a realização da Copa do Mundo (2014) e da Olimpíada no Brasil (2016).
A entrada no Chile ocorreu em parceria com outra instituição financeira, no caso a Principal Financial Group, repetindo o modelo de atuação da BB DTVM no Japão.
"Estamos iniciando contatos com uma grande corretora da Colômbia para viabilizar a distribuição de nossos fundos, especialmente para fundos de pensão, no primeiro trimestre de 2011", contou.
Na Argentina, o BB estuda usar o banco Patagônia, comprado em abril, para atrair investidores.
A gestora também quer, em 2011, distribuir fundos de ativos brasileiros para pequenos investidores nas agências do BB em Portugal.

Folha Top of Mind faz 20 anos e premia 56 marcas

Celebrando 20 anos, o Folha Top of Mind premiou 56 marcas em 52 categorias e homenageou seus vencedores históricos, anteontem à noite. A atriz Fernanda Torres e o humorista Oscar Filho comandaram a cerimônia, com show de Erasmo Carlos e cerca de mil pessoas no HSBC Brasil, em SP.
Os destaques foram as seis marcas mais lembradas pelos brasileiros em duas décadas de pesquisa do Datafolha: Omo, Kibon, Hellmann's, Coca-Cola, Philips e Volkswagen.
"Esses últimos 20 anos foram de transformações, e nós acompanhamos. O consumidor hoje não quer só produto aspiracional, quer também algumas causas", disse Luiz Carlos Dutra, vice-presidente de assuntos corporativos da Unilever, que detém três das seis mais longevas campeãs.
A Philips também se consagrou uma das seis mais lembradas da história do prêmio. Levar ao consumidor mais do que qualidade e inovação foi decisivo, para a vice-presidente de marketing Cláudia Massaferro. "Ela foi a primeira marca a lançar a TV a cores, a TV estéreo, o plasma e o LED no Brasil. Trouxe para o brasileiro novos conceitos e experiências."
Outra líder há 20 anos, a Volkswagen valorizou o longo período no pódio. "Queremos sempre trazer novidades, com motivação e estímulo", disse Thomas Schmall, presidente da Volkswagen no Brasil.
Marco Simões, vice-presidente de comunicação e sustentabilidade da Coca-Cola Brasil, celebrou outro atributo da marca 20 vezes consecutivas campeã. "Desde que foi criada, a Coca-Cola usa o marketing para se manter como um produto da juventude, que faz gente de qualquer idade se sentir jovem. Isso acontece há 126 anos."
Na edição 2010 do Folha Top of Mind, Colgate e Banco do Brasil venceram o Top Performance -foram as marcas que mais cresceram ante a pesquisa de 2009.
Coca-Cola, Omo, Nestlé e Nike ganharam o Top do Top, categoria que aponta as marcas mais lembradas em 2010.
De volta ao pódio após três anos, a Nestlé vê nos produtos lançados em novos segmentos o ponto-chave para o reconhecimento.

BARCO A VELA
O Ministério do Turismo discute com o BNDES a criação de uma linha de crédito para estimular o turismo náutico no país. O segmento engloba turistas que viajam em barcos próprios ou alugados e consomem produtos e serviços nos portos onde atracam. Os recursos financiariam construção e reforma de portos turísticos, marinas e estaleiros estrangeiros que queiram se instalar aqui, além da capitalização da indústria de barcos de lazer.

Ar... O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) inaugura hoje o Laboratório de Sistemas de Ar Comprimido e Gases, projeto desenvolvido em parceria com a Abimaq (associação do setor de máquinas). Parte dos recursos vieram também da Finep e fabricantes doaram equipamentos.

...comprimido O laboratório fará análises e testes de equipamentos como compressores, filtros, válvulas, secadores e instalações pneumáticas, entre outros. O objetivo é certificar a qualidade desses sistemas instalados em plantas industriais, comerciais e hospitalares.

DISPUTA NA TELEFONIA MÓVEL
A Vivo lidera o ranking da telefonia móvel no país, com 30,1% ou 57,7 milhões de linhas contratadas. A operadora é seguida pela Claro, com 25,5% do mercado total, segundo dados da Anatel.
A TIM ocupa o terceiro lugar, com 24,2% em participação no mercado nacional no acumulado do ano. Apesar disso, a operadora obteve o maior crescimento em número de linhas (adições líquidas) no país em setembro.
A TIM alcançou 49,2% dos mais de 2 milhões de novos acessos contratados no período. A Claro ocupa o segundo lugar nesse quesito, com 29,5% do total, seguida pela Vivo, com 22%.

FOGUETE
A americana Gulfstream Aerospace revelou ao público neste mês como será o interior do Gulfstream 650, seu jato executivo. Segundo a empresa, é o mais moderno e confortável do mundo.
O avião possui poltronas de ajuste eletrônico com função de massagem e conta com janelas amplas, além de iluminação ajustável e com sensor de movimento.
Controle digital dos sistemas internos e iPods sincronizados com cada assento são outros mimos.
Com maior alcance e velocidade que os concorrentes, a aeronave chega ao mercado em 2012, com o valor de US$ 64,5 milhões.

Rumo... A DBM, consultoria de gestão de capital humano em momentos de transição, presente em 80 países, abre neste mês a sua quarta unidade brasileira, em Curitiba.

...ao Sul Paraná e Santa Catarina já representam 10% do volume de negócios da consultoria no Brasil. Com sede em São Paulo, a empresa também opera no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.

Esforço olímpico Para aproveitar a expansão dos investimentos na indústria esportiva no país, a Promotrade e a EsferaBr Mídia criaram uma joint venture para a realização do Brazil Sports Show. O evento reunirá produtos e serviços e será realizado em agosto de 2011, em São Paulo.

SERRA PRESIDENTE

ANDRÉ SACCONATO

Guerra cambial, IOF e políticas do BC 
André Sacconato 
O Estado de S.Paulo - 28/10/10



A discussão acerca da "guerra cambial" vem ganhando corpo, tendo sido tema, inclusive, da última reunião ministerial do G-20. O governo brasileiro aprofundou as medidas para tentar conter a valorização do real ao aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para a entrada de capital externo, para renda fixa, de 4% para 6%, além de elevar a taxação dos derivativos, também via IOF, de 0,38% para 6%.

A medida é positiva, se for levado em consideração que a taxa de juros no Brasil é ajustada para que não haja excesso de demanda, de modo exógeno. Essa taxa não necessariamente equilibra o mercado de divisas, dado que o montante pago a títulos em reais é maior do que seu risco país. Vale lembrar que, apesar de o cupom apresentar um valor baixo, em comparação a retornos de títulos sem risco, uma boa parte da entrada de divisas está sendo feita a descoberto. Com isso, a imposição do imposto pode ajudar a ajustar essa diferença.

Já os efeitos dessas medidas no longo prazo sobre a taxa de câmbio são praticamente nulos, como o próprio Ministério da Fazenda já declarou. A tendência do câmbio está mais ligada, no momento, às políticas fiscais e monetárias mais frouxas dos países ricos do que efetivamente por questões internas de atratividade do capital externo.

Além disso, apesar do crescente déficit em transações correntes, ainda deve haver sobra de dólares em 2010 e 2011, contribuindo para uma tendência de valorização. A projeção só não contempla um processo de valorização maior porque o Banco Central (BC) continua - e deverá continuar - comprando divisas. É importante lembrar que o governo dispõe de uma fonte ilimitada de recursos para a compra de divisas, se for necessário (Fundo Soberano, capitalizado com títulos públicos, se preciso).

A força da tendência cambial supera qualquer medida imposta exogenamente. Não há meios de segurar essa tendência, e mesmo os controles de capital provaram só serem eficientes para mudar a composição entre capitais de curto ou de longo prazos, mas não influenciam a taxa de câmbio, tendo efeitos nocivos no risco país e nos financiamentos externos para empresas e títulos governamentais lançados no exterior. Assim, atinge-se o objetivo, mas a situação fica pior do que no momento inicial.

Por outro lado, não se pode ter a ingenuidade de deixar o câmbio totalmente ao sabor das intempéries do mercado. O setor real precisa de um mínimo de estabilidade para fazer planejamento e investimentos, e praticamente nenhum país dispõe de uma taxa de câmbio completamente flexível. Por isso o BC deve continuar comprando o excedente, mas, se não o fizer combinado com atuações no mercado futuro, só piora a situação, pois abre caminho para entradas que objetivam ganhar as taxas de juro a descoberto. Se não utilizar o swap cambial reverso, ele perde todo o efeito das compras à vista. Portanto, o único instrumento que pode ser utilizado a partir de agora são os derivativos cambiais, somados ao que a autoridade monetária vem usando. Fundo Soberano e controles de câmbio são devaneios heroicos que tentam fazer a função do BC, quem de fato deve tratar do tema. O que se deve ter em mente é que ninguém consegue deter a tendência mundial, a menos que faça mais estragos do que os pretensos benefícios que isso possa trazer. O importante é tentar conter a volatilidade, nunca a tendência.

Num mundo em que países tentam conter variações cambiais, a melhor medida individual pode ser a retaliação, mas essa solução é pior para o grupo todo. O cenário global é de alta liquidez, pouco retorno financeiro nos países desenvolvidos e países em desenvolvimento com problemas pelo excesso de fluxo. Some-se a isso o fato de que os países desenvolvidos ainda precisam de estímulos para sobreviver e a China não parece inclinada a liberar sua taxa de câmbio. Os sinais emitidos pelo G-20 são positivos, apontando para o não intervencionismo. Esperemos, então, os próximos passos.

DOUTOR EM TEORIA ECONÔMICA PELO IPE-USP, PROFESSOR DOS CURSOS DE GESTÃO EMPRESARIAL DO MBA-FIA, É COORDENADOR DE PROJETOS MACROECONÔMICOS DA TENDÊNCIAS CONSULTORIA INTEGRADA

ANCELMO GÓIS

Asas cortadas 
Ancelmo Góis 
O Globo - 28/10/2010


A ideia de reduzir o número de voos no Aeroporto Santos Dumont voltou à tona, para desespero das voadoras.

O Instituto de Meio Ambiente, Inea, do governo Cabral, apresentou terça, em reunião com empresários, gente da Anac e da Infraero, proposta de reduzir as operações por causa do barulho, que incomoda moradores.

Segue...

O aeroporto, que hoje funciona das 6h às 23h, com 23 pousos ou decolagens por hora, passaria a operar de 7h às 22h.

E seriam só 14 voos por hora.

O setor tem 15 dias para debater as medidas. Mas o Inea quer vê-las em prática em 45.

Alô, é do avião?

Os passageiros do voo da TAM que sai hoje às 7h50m de Guarulhos para Porto Alegre poderão telefonar a bordo, se seus celulares forem da TIM.

Por enquanto, a novidade será adotada numa única aeronave A321, que voa em várias rotas.

Derrota em 2014

Terça, em Nova York, Pelé, o Rei, agora setentão, foi posto num dilema: é melhor o Brasil ganhar a Copa de 2014 ou perder e depois ganhar outras cinco? — Meu número de sorte sempre foi o 10, o da minha camisa.

Então, escolho o Brasil ganhar mais cinco copas — respondeu.

É. Pode ser.

Beija eu, Excelência?

Myrian Rios, a atriz e deputada eleita, causou sensação ontem na Assembleia do Rio, que visitou pela primeira vez.

Distribuiu até beijinhos entre os deputados.

Vai que é tua, Galvão

Galvão Bueno, o narrador esportivo da TV Globo, recuperase de uma cirurgia na próstata, feita segunda passada, em São Paulo.

Correu tudo bem. A volta ao batente será no GP Brasil de F1, dia 7, em Interlagos.

O INSTITUTO ESTADUAL do Patrimônio Cultural abriu investigação para apurar o destino das estátuas de louça que demarcam as pilastras (veja na foto menor, a mais antiga) deste prédio de estilo neoclássico, conhecido como Palacete Conde de Itamaraty, no Alto da Boa Vista, no Rio. É que, ao anoitecer de segunda-feira passada, um caminhão com um guindaste encostou ali e arrancou os monumentos. Um deles perdeu a cabeça na operação.

Erguido em 1854 para ser a residência de veraneio da família do comerciante Francisco José da Silva Rocha, o imóvel foi projetado por José Maria Jacintho Rebelo — autor também de partes dos palácios do Itamaraty e Guanabara. Hoje, é propriedade de um grupo chamado Hotel Bar e Restaurante Floresta da Tijuca, representado por Manuel Suarez Silva. Na porta, há uma placa de venda. Preço: R$ 6 milhões

Quem tem... tem

Terça, o voo Rio-Belo Horizonte das 16h50m, da Webjet, atrasou porque, acredite, uma passageira que se dizia vidente pediu para desembarcar.

Dizia que o avião iria... cair! As portas já estavam fechadas.

Houve quem, impressionado, ameaçasse descer também.

Mas só ela desceu.

Voo que segue...

Durante a viagem, houve muita turbulência. Até o serviço de bordo foi cancelado.

Mas, ufa!, o avião pousou sem problemas.

Craques unidos

Os dois grandes eventos que fecham o ano do futebol no país — a premiação dos craques do Brasileiro e o Footecon, congresso promovido pelo nosso Parreira — vão se unir em 2010.

Será no Copacabana Palace, dias 7 e 8 de dezembro. Entre os técnicos, já confirmou presença o da seleção, Mano Menezes.

Viva a democracia!

Embora os dois não saibam, Dilma e Serra têm um embate marcado para hoje, no... campus da PUC do Rio.

Tudo começou com o surgimento de camisetas na universidade com a inscrição “A PUC é Dilma”.

Aí...

Uma turma não gostou, e eleitores dos dois lados combinaram de fazer um debate, hoje, de forma civilizada e democrática, sobre a eleição.

Quem é Serra vai de azul.

Quem é Dilma, de vermelho.

Escola pública

Chamou a atenção de Eduardo Paes.

Em dois dias, 3.239 alunos oriundos do ensino privado no Rio fizeram pré-matrícula para uma vaga em escola pública, de um total de 11.173 inscritos.

Layout é o cacete!

Adriana Rattes, a secretária de Cultura de Sérgio Cabral, ouviu as preces da coluna e, viva!, mandou retirar o anglicismo“ modificação do layout” da placa das obras da Biblioteca Pública do Rio.

Xixi do neném

Vovó Regina, a mãe de Juliana Paes, nossa musa que espera um bebê, organiza um chá de fraldas em Niterói para a filha, semana que vem.

Não é fofo?

Garrincha, 77

Só se fala nos 70 anos de Pelé, viva o Rei! Mas, se vivo fosse, Garrincha, o craque eterno, completaria hoje 77 anos.

É COM ORGULHO que a coluna brinda os leitores com uma dose dupla do ensaio sensual que Leandra Leal, a talentosa atriz, fez para a reportagem de capa da “Marie Claire” que chega à bancas amanhã.

A bela falou à revista sobre seus projetos e fez comentários a respeito do Rio.

“Com essa história das UPPs, acho que estamos no caminho certo”, disse Leandra, que, além de bonita, é inteligente

PONTO FINAL

Como dizia o saudoso Bussunda, fala sério, Formigli. Com todo o respeito.

BANDIDO VOTA EM DILMA PARA MANTER ESQUEMA DE CORRUPÇÃO

JORGE WERTHEIN


O segundo turno
Jorge Werthein 
O Estado de S.Paulo - 28/10/10


Vencemos o primeiro turno da luta em favor da educação. Superando dificuldades de proporções continentais, o Brasil já considera fundamental a escolarização e a formação de suas crianças e seus jovens. O que era apenas uma preocupação de especialistas, anos atrás, é hoje uma percepção comum, uma ideia que vai alcançando um consenso: a ideia de que a educação está na base da solução para os principais problemas e desafios do presente e do futuro.

Foi um longo e disputado primeiro turno, uma campanha com palanques memoráveis, como o que reuniu, em 1932, intelectuais signatários do Manifesto dos Pioneiros da Educação. Em grande medida, devemos as conquistas atuais, com o tema da educação em destaque nos debates, a Anísio Teixeira, Cecília Meireles, Julio de Mesquita Filho, Roquete Pinto e outros daqueles 26 cidadãos que empunharam a bandeira e asseveraram, 78 anos atrás: nenhuma questão nacional "sobreleva em importância e gravidade" a educação.

Essa visão estratégica veio amadurecendo com vigor e novos atores foram lhe agregando um senso de urgência. Afinal, a criança agora em idade escolar não pode ficar à mercê de promessas. Iniciativas como as da Unesco, com seu histórico Manifesto dos Senadores, que pela primeira vez uniu todos os senadores brasileiros num compromisso suprapartidário pela educação, em 2004, semearam no Brasil a noção de que o ensino requer imediatamente uma política de Estado de longo prazo, com diretrizes sólidas, que não se dissolvam a cada troca de governo. Hoje, o movimento Todos pela Educação reflete esse espírito, unindo representantes de todos os segmentos da sociedade.

A mídia também compreendeu a importância da educação. Mais do que pautar-se pelas pesquisas de intenções, os veículos de comunicação demonstraram forte compromisso social e responsabilidade para com o futuro, ampliando espaço para o debate dos problemas e soluções. A cobertura de temas relativos à educação cresceu e ganhou as capas, as home pages e as chamadas de rádio e telejornais.

A vitória no primeiro turno representa muito. Lutou-se, sobretudo, pela educação inclusiva, e em 2009 chegamos à marca de 97,6% das crianças e dos adolescentes em idade escolar matriculados, ante 78,6% em 1979 (Pnad). Hoje o investimento no ensino tem dotação orçamentária própria, com aplicação obrigatória, e criou-se um fundo nacional para o financiamento da escola fundamental. Foi uma vitória sofrida, ora avançando, ora cedendo ao atraso e à inércia, e somente na apuração dos últimos votos foi que a educação se viu em condições de encarar o segundo turno.

Diz-se que o segundo turno é uma outra eleição, e assim o é nesta campanha. As conquistas obtidas têm valor inestimável, mas não são suficientes para que a educação seja eleita, de fato, prioridade para presidentes, governadores e prefeitos. Uma luta árdua ainda tem de ser travada até que nossos milhões de alunos comecem efetivamente a desenvolver as competências necessárias para atuar no circuito das mudanças vertiginosas do século 21, participando e ajudando a definir o rumo dessas transformações como cidadãos plenos e atores da sociedade do conhecimento.

Os desafios do segundo turno são ainda mais complexos. Se os recursos para a educação aumentaram nas últimas décadas, ainda representam um quinto do que os países desenvolvidos destinam ao setor, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), como lembra editorial do Estado de 25/10. Enquanto Itália e Islândia investem, em média, US$ 94.589 por aluno durante o ensino fundamental, no Brasil o gasto médio é de US$ 19.516. E grande parte desses recursos se perde por ineficiência. Nossas taxas de reprovação (12,1%) e de abandono (4,8%) são as maiores do Mercosul e estão entre as mais altas do planeta. Só a metade (50,9%) dos nossos jovens de 15 a 17 anos está cursando o ensino médio. Estamos entre os piores países dos 57 avaliados pelo Pisa, o programa que mede os conhecimentos dos alunos.

A plataforma de campanha agora deve ter como palavra-chave a qualidade, e esse slogan já soa forte. Mas devemos ir além dos termos genéricos, porque no segundo turno é importante especificar propostas. Devemos assumir compromissos pela valorização efetiva do professor, com salário digno, formação adequada e suporte para uma atuação produtiva junto aos educandos. Temos de implementar a educação em tempo integral, com mais recursos pedagógicos, e garantir às crianças e aos jovens da era digital recursos de aprendizado compatíveis com sua realidade de múltiplas tecnologias.

É fundamental ter claro o que significa educação de qualidade, quais elementos o eleitor deve exigir para a escola de seus filhos. Já não basta garantir escola, é preciso que ela cumpra o seu papel, sob políticas que diminuam as violências que hoje oprimem a comunidade escolar. É indispensável garantir um ensino de ciências digno do século 21, tornando a sala de aula um ambiente de investigação crítica e construção de conhecimento. Queremos educação de qualidade para que esses estudantes possam ser os cérebros que, usando a ciência mais avançada, vão lidar com as riquezas que o Brasil nos oferece, de modo responsável e sustentável.

A plataforma é ampla, e tem de ser ainda mais detalhada neste segundo turno. Essa coligação de forças tem condições de formar o consenso de toda a sociedade em favor da educação, e tem plenas condições de passar no teste mais importante, que é a institucionalização das políticas de qualificação. Quando medidas concretas forem implementadas, aí, sim, teremos a certeza da vitória. Uma vitória que significará, como sempre, apenas o início de uma nova etapa da longa jornada pela construção de uma sociedade mais justa.

DOUTOR EM EDUCAÇÃO PELA STANFORD UNIVERSITY, VICE-PRESIDENTE DA SANGARI NO BRASIL, FOI REPRESENTANTE DA UNESCO NO PAÍS. 

CLÁUDIO HUMBERTO

“É importante que nas campanhas políticas a gente utilize capacete” 
PRESIDENTE LULA IRONIZANDO O ATENTADO À BOLINHA DE PAPEL E ROLO DE DUREX CONTRA SERRA

NA QUEDA DE BRAÇO COM MINISTRO, LULA APOIA PF 
Trechos ainda inéditos de conversas gravadas, nas quais se baseou a reportagem da revista Veja desta semana, revelam as complicadas (ou inexistentes) relações do ministro Luiz Paulo Barreto (Justiça) com seu subordinado Luiz Fernando Correia, diretor-geral da Polícia Federal. Após sua posse, Barreto tentou afastar Correia na PF, mas Lula não aceitou. Apesar da relação funcional, os dois nem sequer despacham. 

FOTOS MISTERIOSAS 
Em uma das conversas, o ministro da Justiça diz que a PF teria em seu poder, inclusive, “fotos comprometedoras” do presidente Lula.

ANIVERSÁRIO 
Lula mudou para “56” as velas das três tortas que ganhou, ontem, pelo seu aniversário. Completou 65 anos, mas com corpinho de 51.

ÓLEO DE TOLO 
Demorou: a Petrobras anunciou ontem nova reserva gigante em águas profundas da bacia Sergipe-Alagoas. É o poço de “máguas” da Erenice.

CAUSA MORTIS 
O célebre polvo Paul morreu de enfarte na Alemanha. Não suportou a pressão de adivinhar que Dilma vai ganhar a eleição no domingo. 

CARTAZ DO TSE LEMBRA DILMA QUANDO JOVEM 
Nova polêmica anima as discussões políticas em Brasília: o cartaz do próprio Tribunal Superior Eleitoral, afixado nas seções de votação já no primeiro turno, mostrando uma modelo cujo sorriso é muito semelhante ao de Dilma Rousseff quando jovem. A premiada Fields Comunicação, que fez o cartaz (com a inscrição “Para torcer, tem de saber as regras”), nega a semelhança, a “propaganda subliminar” e garante que não é montagem: a modelo existe mesmo e se chama Marília Lopes.

RICO É OUTRA COISA 
Vários países mandaram remédios e assistência médica. O Brasil sacou o talão de cheques e deu US$ 2 milhões para o Haiti

MILAGRES 
Com Deus na moda, candidatos podem rezar hoje, dia de São Judas Tadeu, das causas impossíveis. Até para cumprir o que prometem. 

MUSA GAY 
A associação de gays e afins (ABGLT) apoia Dilma, “que já fez muito pela comunidade e sentiu na campanha a crueldade do machismo”. 

EVITANDO SAIA JUSTA 
Lula não foi ao velório de Romeu Tuma para não enfrentar sua família, que o responsabiliza pela perseguição a Romeu Tuma Jr, ex-secretário Nacional de Justiça. O episódio afetou a saúde do senador do PTB-SP.

SINDICATO DA PERÍCIA 
A Associação dos Peritos Criminais Federais descredenciou o laudo, “sem exame pericial”, das “imagens de mídia” (leia-se Rede Globo), sobre o objeto lançado no tucano José Serra. Molina não é da APCF.

DEDICAÇÃO TOTAL 
Torcedores atribuem a má fase do Brasiliense, a caminho da Série C, à dedicação do seu presidente, ex-senador Luiz Estevão, à candidatura de Weslian Roriz ao governo do DF. Até dinheiro de patrocínio seria drenado para a campanha. O banco BRB é um dos patrocinadores.

FEIO É PERDER 
Fernando Tolentino, diretor da aparelhada Imprensa Nacional, reuniu-se segunda-feira em um bar de Brasília, com servidores, a maioria de cargos DAS, engajados na campanha do PT. Ele diz que foi convidado.

QUANTO VALE? 
O governo do Afeganistão protestou pelo 2º lugar de mais corrupto do mundo, segundo a ONG Transparência Internacional. Em 9º no continente, o Brasil se lixou pelo 3,7. Subir ia custar uma nota. 

AMIGO DA ONÇA 
Dilma disse que Néstor Kirchner “foi amigo do Brasil”. Não é verdade. Para fazer média e achar um culpado externo pelos próprios erros, ele perseguiu exportadores brasileiros e quase sepultou o Mercosul.

MURO VERDE 
Entrevistada pela revista italiana Panorama, Marina Silva (PV) manteve secreto o voto no segundo turno, mas garantiu que “muitos verdes votarão em Dilma, a quem respeito e por quem tenho amizade”. Hum...

GUERRA VIRTUAL 
Hackers tiraram do ar todos os sites do PSDB, DEM e PPS ontem, por volta das 16h30, quando a hashtag # BR45IL ficou em primeiro lugar nos trends topics (os assuntos mais comentados do Twitter). 

PENSANDO BEM...
...Ficha Limpa: você ainda vai votar em um. 

PODER SEM PUDOR
FLAGRANTE NO SÁBADO 
Antônio Carlos Magalhães fazia campanha para presidir o Senado, em dezembro de 1996, quando telefonou a Esperidião Amin num sábado (21), aniversário do catarinense. A ligação caiu no Banco do Estado de Santa Catarina, cujo número era idêntico ao do escritório do célebre careca. ACM achou estranho funcionários públicos trabalhando num sábado, por isso não perdeu a chance da ironia, antes de desligar:
– Mas o que vocês estão fazendo aí, hoje? Coisa boa é que não deve ser!