quarta-feira, agosto 10, 2011

IVES GANDRA DA SILVA MARTINS - Controle da mídia


Controle da mídia 
IVES GANDRA DA SILVA MARTINS
O Estado de S. Paulo - 10/08/2011 

A aprovação pelo Senado Federal do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 116, que cria um novo marco legal para os serviços de televisão por assinatura, porá fim às assimetrias regulatórias entre as tecnologias de TV a cabo, MMDS e DTH. Permitirá a entrada das empresas de telefonia neste mercado, prometendo mais a competição. Estabelece, ainda, um campo de proteção à atividade econômica das empresas de radiodifusão ante a maior capacidade econômica das "teles". Com este cenário, diz-se que a oferta de serviços convergentes deverá aumentar a capilaridade de inserção desses serviços em todas as regiões do Brasil, levando ao aumento do acesso à internet. Parece uma boa ideia. Contudo, a tramitação desse projeto originário da Câmara dos Deputados (o PL 29) padece de um vício recorrente no processo legislativo brasileiro, que é a inclusão de contrapesos e caronas que acabam sendo tolerados em troca de um ou outro benefício setorial.

Sem ouvir os assinantes e ao arrepio dos princípios fundamentais da Constituição, o Senado, numa casuística urgência que privou a análise técnica das suas comissões (em especial da de Constituição e Justiça), permitirá restrições aos direitos de comunicação social e a concessão de indevidos poderes de regulação da programação audiovisual pela Agência Nacional do Cinema (Ancine). Essas perigosas proposições, de constitucionalidade questionável, estão espalhadas nos Capítulos IV e V do PLC 116.

Preocupa que a Ancine, agência criada para o fomento da atividade audiovisual, seja erguida à efetiva condição de agência reguladora da atividade do audiovisual, que não é um serviço público sujeito a outorgas. Com essa novidade, o Brasil entra na onda de outros países da América do Sul que estão voltando suas energias para o controle da mídia.

A proposta chega ao limite de permitir que a agência autorize ou não a programação de um canal de TV paga, defina qual é o seu horário nobre, indo ao absurdo de poder cassar, banir este canal de ser veiculado. Estabelece, ainda, um anacrônico nacionalismo contra os estrangeiros, pessoas físicas e jurídicas, que afastará investimentos. Trata-se de um precedente gravíssimo que põe em xeque o papel das agências reguladoras, remetendo à ressurreição do sonho ideológico da "Ancinav", que parecia sepultado pelo governo do presidente Lula.

O Capítulo V introduz questionável regime de inserção de cotas de conteúdo brasileiro dentro dos canais, o que viola a propriedade autoral e a liberdade de comunicação e expressão. Os canais de conteúdo qualificado terão de descompilar sua programação, e o assinante terá de assistir aos produtos compulsoriamente programados, por vontade do Estado. É a "Hora do Brasil" versão 2011, um verdadeiro retrocesso no momento que vivemos.

As restrições de direitos historicamente não funciona como instrumento de incentivo, e as intervenções do Estado nos mercados contra o interesse dos consumidores são inócuas. O consumidor buscará o que ele deseja de outras maneiras, notadamente aquelas que não geram impostos, empregos, desenvolvimento e respeito aos direitos intelectuais. Os artigos 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24 e 25 do PLC 116/2010 merecerão ser considerados inconstitucionais, assim como seus artigos 9.º, § único, 10, 12, 13, 21, 22, 31 e 36, incisos III e IV, pois ferem todo o capítulo da Comunicação Social, diversos dispositivos dos direitos individuais, o princípio da livre iniciativa, da livre concorrência, do planejamento indicativo para o segmento privado e, principalmente, o direito do consumidor, cuja defesa obrigatória pelo governo não é feita no PLC 116, pois o governo se transforma de defensor em agressor. Sem a supressão desses artigos, pelo Senado ou por veto presidencial, restará apenas ao Supremo Tribunal Federal a tarefa de extirpá-los do nosso ordenamento jurídico.

MARCELO COELHO - Curti (não curti) isso

Curti (não curti) isso
MARCELO COELHO 
FOLHA DE SP - 10/08/11

No Facebook, você se torna ao mesmo tempo a celebridade, o consumidor e o anunciante do produto


Ficar nesse frio debaixo do cobertor... Que delíííciaaa... Receita de bolo de cenoura. Curti isso. Mais uma foto do meu yorkshire Léo. Ele não é fofinho?

Clico para ver a foto (estou no Facebook, é claro). Há outras 20 fotos praticamente iguais: o cachorro em cima da almofada, o cachorro de lado no ladrilho, o cachorro de frente no sofá.

Depois de alguma resistência, deixei o velho Orkut e entrei no Facebook. É melhor, dizem. Entretanto tenho saudades do antigo site de relacionamento. Seu ar parado, suas cores gastas, seu mobiliário visual, tudo agora me lembra uma estação de trem centro-europeia, os croissants meio murchos na sua confeitaria de madeira e vidro, patinada de esperas e carvão.

Perto do Orkut -seus entroncamentos, seus guichês-, o Facebook é um aeroporto superlotado, onde avisos inúteis se repetem pelos alto-falantes e onde me sinto invariavelmente perdido. Nem a mais demente produção de spams na minha caixa de e-mail equivale à atividade que me chega pelo Facebook. Fico até aflito de ver pessoas postando de 15 em 15 minutos, durante toda a extensão do dia. A falta de fazer nunca deu tanto trabalho.

Peço desculpas aos amigos (tanto os que conheço quanto os que não conheço). Mas estou bloqueando muita gente. Faço exceção a alguns que se especializaram em mandar links. Uma notícia, um clipe, um filme: aí o Facebook cumpre a função, acho, de repercutir alguma coisa, de servir como atalho a algum outro meio de informação.

Mas chega de rabugice. No fim, mesmo os posts mais banais são boas notícias. As pessoas estão bem, estão vivas e parecem, numa média impressionante, bastante felizes.

Como tantos outros meios de comunicação, e o celular é o maior exemplo, o Facebook não funciona apenas, nem funciona a maior parte do tempo, para "comunicar" algum conteúdo. Sua função é dar sinais -sinais de existência. Aquilo que os especialistas chamam de "função fática" ("Você está aí?", "Você está me ouvindo?", "Oi! E aí?") preenche muito do que se transmite no Facebook.
Há uns 20 anos mais ou menos, escrevi na Ilustrada que, uma vez resolvido o problema da distribuição de riquezas, a grande desigualdade nas economias desenvolvidas parecia ser a da fama.

Muito poucos possuem toda a fama, enquanto a maioria sobrevive no anonimato. O Facebook resolve, aparentemente, essa injustiça. Qualquer pessoa, mesmo que não se torne uma celebridade no número de acessos e de amigos, pode ser tão banal como uma estrela pop. Fala de suas preferências, de sua rotina, da roupa que comprou, das marcas que prefere...

E aos poucos vai caindo a ficha, para mim, sobre a utilidade do Facebook. Entre as ferramentas do Facebook, existe aquela do polegar para cima, o "curti". Reparei que não existe, entretanto, a ferramenta oposta. O "não curti", que sem dúvida eu empregaria com relativa frequência, não está previsto.
Talvez seja melhor assim: muita briga se evita com essa omissão. Mas o ponto é importante. Curtir alguma coisa, com o polegar para cima, é algo que pertence ao repertório da publicidade. Cada vez que eu for a um restaurante, comprar determinado xampu, assistir a determinado filme, posso ir ao Facebook (se é que saí dele) e marcar com o dedão meu apoio ao tal produto.

Inventou-se, com isso, uma máquina irresistível. Com o YouTube, você produz, em tese, o conteúdo (cômico, trágico ou tolo) que na TV profissionais bem pagos se esfalfam para inventar.
Com o Facebook, você se encarrega da outra ponta do processo: além do conteúdo, você produz também o anúncio, aquilo que os publicitários quebram a cabeça para criar.

Você se torna ao mesmo tempo a celebridade, o consumidor e o anunciante. Minha paranoia se acelera. E se, no meio daqueles "amigos" que não conheço, existir algum testa de ferro, algum laranja de uma agência de publicidade ou de uma grande empresa, fazendo-me consumir o que não desejo?
A paranoia se dissipa: não, é conspiratório demais. Não há testas de ferro. Em seguida, a paranoia renasce com mais força: mas não estamos, todos nós, sendo testas de ferro, laranjas a serviço daquela coisa?

Bem que poderiam pagar para os membros mais produtivos do Facebook. Mas aí perderia a graça.

MERVAL PEREIRA - Alinhamentos


Alinhamentos
MERVAL PEREIRA
O Globo - 10/08/11

A próxima indicação da presidente Dilma para o Supremo Tribunal Federal, na vaga da ministra Ellen Gracie, que se aposenta, fará com que os governos petistas ampliem a maioria de membros do STF nomeados nos dois governos Lula e no de sua sucessora.

Dos 11 ministros atuais, apenas três remanescentes foram indicados por outros presidentes: Marco Aurélio Mello, pelo ex-presidente Fernando Collor; Celso de Mello, pelo ex-presidente José Sarney; e Gilmar Mendes, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Em nove anos de governo petista, portanto, uma coincidência de fatores permitiu que Lula indicasse nada menos que oito ministros (Carlos Alberto Direito morreu no exercício da função, e Eros Grau se aposentou), e a presidente Dilma, dois.

Há uma forte tendência entre os estudiosos em afirmar que há um alto grau de personalismo nos julgamentos do Supremo, de maneira que o tribunal funcionaria mais como um somatório de posições individuais do que como um colegiado, o que retiraria dessa série de nomeações de governos ideologicamente alinhados a formação de um tribunal à sua imagem e semelhança.

As próprias nomeações feitas por Lula indicam que ele, como define o jurista Diego Werneck, pautou-se, em algumas ocasiões, por razões externas que não o interesse específico de seu partido.

Na tese de Werneck, o uso da indicação para barganhar, consolidar ou retribuir apoio político de membros da coalizão se torna mais atraente e frequente quando a coalizão está "precisando de manutenção".

Ele considera que a composição relativamente plural do conjunto de ministros indicados por governantes do PT reforça essa hipótese. "Se o único objetivo fosse fazer prevalecer no STF uma determinada concepção da Constituição, por exemplo, não teríamos um STF com perfis tão variados como é o caso hoje", argumenta Werneck.

Ele cita o caso do ministro Carlos Alberto Direito, que "dificilmente poderia ser considerado como alguém que compartilha da visão político- constitucional do PT. Sua indicação se explica muito mais por fins políticos externos do que pelo fim político interno de alinhar o tribunal ao projeto do presidente".

Mas Fabiana Luci de Oliveira, também professora da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro, em seu trabalho de pós-doutorado "Processo decisório no Supremo Tribunal Federal — Coalizões e ‘panelinhas’", afirma que as decisões do Supremo resultam "não do somatório de votos individuais, mas da composição de coalizões temporárias e grupos exclusivos constantes ("panelinhas"), constituídos de acordo com a nomeação presidencial".

No seu trabalho, ela focou um período de oito anos, compreendido entre o início do segundo governo Fernando Henrique Cardoso (1999-2002) e o fim do primeiro governo Lula (2003-2006), analisando um tipo específico de processo — a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin).

A conclusão é que, em geral, o STF atua a partir da formação de blocos e redes de votação. Os agrupamentos se dão conforme a nomeação presidencial, ou seja, "ministros nomeados por um mesmo presidente são mais propensos a votar em conjunto do que a dividir seus votos".

Nesse intervalo de oito anos, o Supremo teve sete composições diferentes. Foi um dos períodos de maior renovação do tribunal.

Apesar da elevada proporção de decisões unânimes e monocráticas encontradas no STF no período analisado, "há a formação de coalizões temporárias e panelinhas no tribunal", garante Fabiana.

Ela admite que o grau de coesão do Supremo "é maior de acordo com a proporção de juízes de carreira presentes na composição, mas diminui quando se trata de decidir questões de relevo nacional (políticas públicas oriundas do governo federal)".

Foram duas as panelinhas identificadas no período: a primeira composta por alguns dos ministros nomeados durante o regime militar, associados aos ministros nomeados pelo presidente Fernando Henrique: Moreira Alves, Sydney Sanches, Octavio Gallotti, Maurício Corrêa, Nelson Jobim, Ellen Gracie e Gilmar Mendes (os quatro últimos nomeados por FH).

E a segunda formada por três dos ministros nomeados por Lula: Eros Grau, Lewandowski e Cármen Lúcia.

Apesar de os ministros nomeados por Sarney não configurarem uma panelinha, assim como nem todos os ministros nomeados por Lula participarem de uma mesma panelinha, o trabalho de Fabiana mostra "fortes indícios de que os ministros nomeados por um mesmo presidente tendem a se comportar como um grupo coeso".

A exceção é o ministro Marco Aurélio de Mello, que apresentou comportamento de voto dissonante do tribunal como um todo: ficou vencido em 73% das vezes em que participou de decisões não unânimes, sendo que se comportou de forma isolada em 55% das vezes em que se opôs à maioria do STF.

O jurista Diego Werneck não acredita que haja um Supremo "petista" no sentido de um tribunal alinhado com o partido. "Temos um Supremo indicado em grande parte pelo mesmo presidente e mais ou menos pela mesma coalizão, o que é significativo", define.

Embora signifique que "todas as indicações foram feitas por um conjunto semelhante de atores institucionais, inseridos — em linhas bem gerais — em um mesmo projeto político", cada indicação reflete, segundo Werneck, uma combinação de objetivos políticos que variam de acordo com o contexto, que muitas vezes obriga o presidente a fazer concessões para certos grupos políticos e indicar alguém que não está totalmente alinhado com suas preferências.

"Ou seja, querer alinhar não é poder alinhar." Mais ainda, salienta Werneck: "O funcionamento do STF é complexo, a agenda do tribunal está sempre se transformando, e os ministros, uma vez indicados, têm garantias de independência".

Ou seja, tentar alinhar não é conseguir alinhar.

JOSÉ SIMÃO - Londres! São João fora de época!


Londres! São João fora de época!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 10/08/11 

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! TUM! É a Bolsa caindo! TUM! TUM! TUM! Três acionistas desmaiando! Vou aplicar na bolsa do canguru. Bolsa Canguru! E tem uma charge americana com o Obama chegando à maternidade: "Rápido que a bolsa estourou".
Crise americana: "Ronald McDonald abre barraca de pastel na feira do Brás". O Ronald McDonald vem vender pastel na feira! E a placa no portão da Casa Branca: "Alugo quartos para solteiros, estudantes, republicanos e mexicanos". Rarará! E denúncias no Ministério do Turismo! A Dilma vai ter que botar mais gente pra passear? Rarará!
E dois acionistas conversando: "Essa crise tá pior que divórcio". "Por quê?". "Perdi metade do meu patrimônio e a minha mulher continua em casa." Rarará! E a declaração do Buraco Obama: "Nós somos e sempre seremos um país AAA". E o Éramos6: AAATCHIM! O Obama gripou. Gripou e engripou!
E Londres? Como disse um cara no meu Twitter: "Vai pra Londres? Leva um extintor". Rarará! Carros queimados. Fumaça de gás da puliça! São João fora de época. Londres Fest. Micareta!
Mas eu sei como parar com isso. É só o premiê Cameron ameaçar: "Ou vocês param de queimar carro ou eu chamo a Dilma"; "Ou vocês param de queimar carro ou vai ter show do Luan Santana"; "Ou vocês param de queimar carro ou vamos botar a Camila Parker pelada em cima do obelisco do Picadilly". O Picadilly ia brochar. Rarará!
Já imaginou se fosse no Rio? Se isso tivesse acontecendo no Rio? A Turma do Contra ia dizer: "A gente falou que o Rio não tem condições pra sediar a Olimpíada". E o Sensacionalista: "News americanos presos tentando vender iPads contrabandeados da 25 de Março". E pode cair tudo. Contanto que não caia a minha bolsa da Vuitton! Rarará! É mole? É mole, mas sobe. Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!
O brasileiro é cordial! Mais uma placa do Gervásio na empresa em São Bernardo: "Se eu souber que algum simisqui obético daqui tomou multa de trânsito por falar ao celular, vou pegar esse monstro do asfalto e fazer ele comer um orelhão pra defecar em 3G pro resto da vida. Conto com todos. Assinado: Gervásio". O Gervásio é o Paladino de São Bernardo. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

ILIMAR FRANCO - O PT virou alvo


O PT virou alvo 
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 10/08/11

A operação da PF no Ministério do Turismo tem como alvo a gestão petista. Os fatos investigados ocorreram na administração de Luiz Barretto, atual presidente do Sebrae, e do ex-presidente da Embratur Mário Moysés. Ontem, no Planalto, era grande a irritação com a PF, de quem se dizia que agiu de forma “espetaculosa” e com “dose exagerada”. Críticas também ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) por não ter sido informado de ordem judicial que chegou à PF na sexta-feira.

Lenha na fogueira

Foi tensa a reunião dos senadores do PMDB com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais). Os peemedebistas estavam irritados com a eventual manobra de colocar no colo do PMDB problemas ocorridos na gestão do PT no Turismo. O senador Roberto Requião (PMDB-PR) perguntou à ministra como a PF prendia 35 pessoas e o governo não sabia de nada. “A Polícia Federal é independente”, respondeu Ideli. No Congresso, indignação suprapartidária com a prisão de um dos secretários da pasta, o ex-deputado Colbert Martin s (PMDB-BA). Recém-chegado ao ministério, ele teria liberado apenas a última parcela de um convênio de 2009, com parecer
técnico favorável.

"Aquele ministério (Turismo) era uma bomba anunciada, foi uma infelicidade o PMDB ter assumido” — Valdir Raupp, senador e presidente do PMDB

SAI A PRESIDENTA, ENTRA O PRESIDENTE. Na posse da presidente Dilma Rousseff, em janeiro, o Rolls Royce, da década de 50,
tradicionalmente usado nas cerimônias de posse da Presidência da República apareceu com uma placa onde lia-se a inscrição “Presidenta da República”. Exposto na visitação pública ao Palácio do Planalto, no último final de semana, o carrão voltou a ostentar a
placa “Presidente da República”.

Padrinho
Quem levou o secretárioexecutivo Frederico Costa para o Turismo foi o ex-presidente do PTB José Carlos Martinez, que morreu em 2003. Isso ocorreu na gestão de Walfrido dos Mares Guia. Antes, Costa atuava no mercado financeiro.

Simpatia

Candidato a presidente da Câmara, ao tratar do Ministério do Turismo para a bancada, o líder do PMDB, Henrique Alves (RN), defendeu o ex-ministro Luiz Barretto e o ex-presidente da Embratur Mário Moysés, “mesmo sendo do PT”.

Lula diz que não quer ofuscar Dilma
O ex-presidente Lula está mandando um recado para todos os companheiros Brasil afora: não aceita mais programas nos estados que incluam inauguração de obras públicas federais. “Vão dizer que estou querendo me meter no governo da Dilma”, argumenta. Os petistas também estão sendo informados que o Instituto da Cidadania passará a se chamar Instituto Lula e vai abrigar toda a documentação de sua gestão.

Atropelada
A deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP) deve retirar sua candidatura ao Tribunal de Contas da União. Ela é autora de uma emenda de R$ 4 milhões que foi um dos pontos de partida para a Operação Voucher, realizada pela Polícia Federal.

Tráfico de crianças
A senadora Lídice da Mata (PT-BA) cobrou ontem do Itamaraty ação para que a comerciante baiana Rosenilda Barbosa consiga reaver suas duas filhas, de 6 e 11 anos. Desde 2006, a Justiça portuguesa se nega a devolvê-las à mãe.

 CONFETE: Do governador Sérgio Cabral, ontem, em reunião da bancada do Rio com o ex-presidente Lula: “O Lula é o brasileiro mais requisitado do mundo para dar palestras, mas no Palácio das Laranjeiras ele vem falar de graça pra gente”.
 FECHADO acordo entre governo e oposição sobre a nova tramitação das medidas provisórias. A Câmara terá 80 dias para votá-las e o Senado, 30 dias. Se o texto mudar no Senado, a Câmara tem mais dez dias.
● FALA O LÍDER do DEM, deputado ACM Neto (BA): “Quem quer fazer limpeza apoia a criação de uma CPI”.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Sintomático
SONIA RACY
O ESTADÃO - 10/08/11

Foram inúmeras as baixas no almoço organizado por Ary Oswaldo Mattos Filho, segunda-feira. O jurista recebeu, em seu escritório, John Negroponte, titular do tradicional Council of The Americas, em meio à derrocada dos mercados. Nervosos, a maioria dos banqueiros optou por não desgrudar de suas próprias mesas. À exceção de Gustavo Marin, do Citi Brasil.

Só para se ter ideia do impacto da quebra do Lehman Brothers. Antes da crise, a ação do Citi valia US$ 55 na Bolsa de Nova York. Caiu, nesses anos, para US$ 1. Agora, seu preço tem girado em torno de US$ 4.

A boa notícia: se a nova crise piorar, não há como o tombo ser tão grande como o de 2008. Ele começa vários degraus abaixo.

Sintomático 2

Negroponte, que trabalhou anos na administração Bush, está firme. A seu ver, os EUA continuarão por muitos anos na liderança do mundo. E o republicano arriscou uma previsão: os EUA estarão fora das guerras antes de 2014.

Pudera, foram e são elas as maiores responsáveis pelo buracão gigante no orçamento americano.

Campanha

Fernando Haddad, o preferido de Lula na disputa pela prefeitura paulista, vai contar histórias para crianças na Feira Literária de São Bernardo do Campo, sexta-feira.

Ao lado do ex-presidente.

Campanha 2

Lula não sabe o que vai ler mas na lista de livros para escolha, chama a atenção Contos de Enganar a Morte. Haddad optou por Professora Encantada.

Procurando tu

A Mahindra, montadora indiana no Brasil, procura camisa de time de futebol para estampar sua marca. Já sondou o Flamengo, mas acabou não fechando.

Asfalto quente

O DER paulista tem de se entender. Na segunda-feira, ao ser indagado sobre débitos com empresas de construção responsáveis pela manutenção das rodovias estaduais, o financeiro do órgão não soube dizer de quanto são ou quando pagará.

Já ontem, a assessoria de imprensa enviou e-mail garantindo pagamento imediato. Intrigada, a coluna voltou a ligar para o financeiro e ouviu: "Sem previsão". Dívida? Segundo as empresas, são R$ 213 milhões.

Sem feminismo...

Ana Paula Padrão pesquisou o universo feminino durante três anos. Em particular, o da nova classe média. Tudo para lançar ontem, dentro de um Dior vermelho, uma maneira de se comunicar com elas: Tempo de Mulher.

As razões? Na lista apresentada no Hotel Hyatt está o fato de essa fatia ascendente ser composta por metade da população feminina no País, 53 milhões de mulheres.

...só feminina

Essa nova consumidora, segundo Ana Paula, não coloca o trabalho em primeiro lugar, dá valor à harmonia do lar, não conta para o marido que ganha mais do que ele e decide as compras.

Unindo forças

Sextante e Jaboticaba juntaram as pantufas. Vão coeditar títulos. O primeiro, O Cofre do Adhemar, de Alex Solnik. O livro reúne depoimentos sobre o célebre assalto ao tesouro do ex-governador.

Merci!

Ao contrário de seu compatriota Claude Lanzmann - que gerou desconforto em passagem pelo Brasil -, Edgar Morin somou fãs.

O filósofo francês impressionou a equipe do Fronteiras do Pensamento pelo bom humor, gentileza e... energia. Aos 90 anos, falou por uma hora e meia na PUC de Porto Alegre, anteontem. Em pé.

Piada ou louvor?

Polêmica no meio cristão por conta da paródia "Justin Bíblia". Caiu no YouTube um vídeo apresentado em encontro de jovens evangélicos na Bahia. No clipe, garoto loiro imita Justin Bieber em versão brasileira e gospel: "Crente, crente, crente, soooou...".

Na frente

Na próxima semana, o Instituto da Cidadania deixa de existir. E nascerá, no lugar, o Instituto Lula.

Jean-Claude Cathalan, do Comité Montaigne de Paris, dá palestra hoje na ESPM.

Carlinhos Jereissati, Chico Lowndes, Guili Alves e Gui Afif pilotam a mostra US Anatomy. Hoje, no Mube.

Os convidados da Audi terão noite de "emoções" durante o show de Roberto Carlos em Jerusalém. Dúvida de João Doria, organizador da viagem da marca: "Será que o Rei vai topar trocar seu calhambeque por um Audi?"

Isabella Pinheiro faz seu primeiro pocket-show hoje. No bar Baretto.

Depois da mobilização contra o fechamento do Frevinho, o movimento na lanchonete - que já era grande - dobrou.

ANTONIO DELFIM NETTO - Prioridades


Prioridades
ANTONIO DELFIM NETTO
FOLHA DE SP - 10/08/11

Quatro eventos recentes são exemplos de que a racionalidade que preside o processo civilizatório não está garantida: 1º) O cabo de guerra entre os republicanos e os democratas nos EUA aumentou a incerteza sobre a qualidade e a funcionalidade da administração da maior economia do mundo.

Uma lamentável falta de liderança mostrou maior preocupação com interesses eleitoral-paroquiais, do que com o papel moral e material que se esperava da nação que se pretende o paradigma do regime republicano; 2º) A inacreditável tragédia norueguesa produzida pelas mãos de um demente foi instrumentalizada pela regressão do espírito civilizatório revelada no avanço do extremismo racial e religioso que, um pouco mais, um pouco menos, vem atacando todos os países; 3º) A separação que se aprofunda entre os interesses materiais de longo prazo da China e dos EUA tem grandes consequências para a estabilidade do Oriente Médio e da Ásia. O exemplo é o apoio dissimulado da China (e da Índia) ao Irã com a troca física (em acordo de liquidação recíproca) de fornecimento permanente de petróleo -inclusive com a construção de um oleoduto- por bens industriais chineses, o que ilide o "embargo" da ONU (de efeito duvidoso) que tenta impedir a criação de mais uma potência atômica e 4º) O claro aprofundamento dos investimentos militares da China e da Índia. A ênfase da primeira na expansão de sua marinha para o domínio do chamado "mar da China", com vistas à busca de recursos naturais, revela que ela (como toda "potência", particularmente os EUA) está também à procura das três autonomias: a alimentar (a China já é a maior produtora de alimentos do mundo e graças à tecnologia que está gerando com rapidez pode crescer muito mais); a energética (que desenvolve a partir do carvão e agora do gás, eólica e outras tecnologias de ponta); e a militar que ela expande rapidamente.

O desenvolvimento dos países emergentes nos próximos dez anos vai se dar num ambiente de estresse crescente pela disputa de recursos naturais na terra e no mar. Países que, como o Brasil, abdicaram da autonomia "militar", mas dispõem de recursos naturais, precisam ter esse quadro em mente e insistir na construção de Forças Armadas enxutas, bem treinadas e com adequado poder "dissuasivo".

Não é exagero dizer que investimentos numa indústria bélica eficiente e competitiva externamente, inclusive a ênfase no domínio da tecnologia atômica, provavelmente mostrarão -em dez anos- uma taxa de retorno social superior à daqueles que hoje ocupam nível mais alto em nossas prioridades. Como disse o ilustre ministro Celso Amorim, "um país pacífico não pode ser confundido com um país desarmado e indefeso".

MARCIA PELTIER - Agiu primeiro


Agiu primeiro
MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 10/08/11

Antes de o PT ter se posicionado por não exercer o controle social da mídia, o Ministério das Comunicações tinha dado o primeiro passo e começado a convidar setores da sociedade para a discussão do novo marco regulatório das comunicações. O secretário-executivo Cesar Alvarez já ouviu representantes da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e da Associação Nacional dos Editores de Revistas (ANER).

Internet sem lei

A todos foi garantido que haverá uma ampla discussão, o que agradou aos empresários. Eles, no entanto, estranharam não ter sido mencionada nenhuma proposta do governo para a internet. Em tempos de convergência e ebulição mundial do assunto, a lacuna causou estranheza.

Céu de brigadeiro

A forte demanda por jatos executivos levou o Grupo Synergy a criar uma nova empresa para atuar nesse segmento na América Latina. A SynerJet será apresentada oficialmente ao mercado na Labace 2011, a maior feira do setor no continente, de amanhã a sábado, em São Paulo. A SynerJet terá unidades no Brasil, México, Colômbia e Argentina. A empresa será a representante exclusiva em toda a região, à exceção da Venezuela e do Caribe, da canadense Bombardier Aerospace, líder mundial de mercado e fabricante das aeronaves executivas das famílias Learjet, Challenger e Global.

Clã numeroso

O encontro que reuniu mais de 200 Guinle, este fim de semana, no Copacabana Palace, não ficará por aí. Já está sendo alinhavado mais um grande evento semelhante para o fim de ano e, antes disso, reuniões menores em restaurantes. A ideia surgida no Facebook, na página Quero mais família Guinle, cresceu tanto que mereceu da divertida Georgiana Guinle o comentário: “A árvore genealógica se expandiu e virou um baobá”.

Escala

Uma das ausências sentidas foi a de Gabriel Guinle, filho do saudoso playboy Jorginho e de Maria Helena. O rapaz, que está morando com a avó, Helena, em Copa, não pôde ir porque estava trabalhando. Ele é agente penitenciário em Campos e termina os estudos de direito ainda este ano.

Papel icônico

Longe dos palcos há cinco anos, Maria Luísa Mendonça interpreta Maria em Na Selva das Cidades, de Bertolt Brecht, que estreia hoje para convidados no CCBB, com direção de Aderbal Freire-Filho. Coube a Ítala Nandi, em 1969, em montagem do Teatro Oficina, o papel, cuja nudez do personagem foi a primeira em palcos nacionais. A polêmica foi tanta que mereceu até um Poema para a nudez de Ítala Nandi, de Joaquim Cardozo. Maria Luísa, no entanto, não vai tirar a roupa em cena.

Outro contexto

Se a direção de José Celso Martinez Corrêa dialogava com a repressão política vivida pelo país na época, na visão de Maria Luísa a montagem atual “é uma conversa entre o universo urbano e o campo e aborda não só a violência, mas também a solidão”. A atriz resume: “É um Brecht puro, jovem, extremamente poético”.

Resistência ao plástico

Enquanto os cariocas são os que mais usam o cartão de crédito e débito para pagar as contas nos restaurantes, o mesmo não acontece em postos de gasolina. Estudo feito pela Visa constatou que em BH, Recife e Curitiba o cartão é usado por 52% dos clientes para pagar o combustível. No Rio, esse índice cai para 27%. O mesmo ocorre com os supermercados. No Rio, o dinheiro de plástico soma 41% das compras, enquanto que em outras cidades esse número é acima de 50%.

Futebol e arte

O Brazil Sports Show, de amanhã a domingo, no Ibirapuera, será palco do primeiro Campeonato Brasileiro de Futebol Freestyle, modalidade na qual o praticante equilibra a bola e faz malabarismos sem deixar a pelota cair no chão, embalado por muita música. O campeão terá vaga assegurada para o campeonato mundial do estilo, que acontece no Brasil, em 2012, com organização da Federação Brasileira de Futebol Freestyle. A previsão é de que 50 competidores de 14 estados participem da disputa.

Livre Acesso

Os senadores José Sarney e Aécio Neves, mais o governador de Minas Antônio Anastasia e José Serra participam hoje, às 10h, no Senado Federal, de uma sessão solene marcando um mês da morte do ex-presidente Itamar Franco.

Amanhã, a Schutz da Garcia D’Ávila lança a coleção de verão com presença da modelo Fernanda Tavares, que será a garota-propaganda da marca.

Começa hoje, no Museu Nacional de Belas Artes, às 18h30, a 3ª edição do Festival Internacional de Humor do Rio, que este ano está totalmente voltado ao desenho de humor (charges, cartuns e caricaturas). Serão duas exposições: a World Press Cartoon Prêmios 2011, vinda de Portugal, traz os 27 premiados e menções honrosas do Concurso Internacional Press Cartoon 2011 e a Traçando o Brasil: três séculos de desenho de humor.

Chega às lojas da Levi’s, em outubro, a linha Commuter, criada especialmente para ciclistas urbanos. A calça 511™ tem cós projetado para guardar a trava da bicicleta, bolso traseiro para iPod e tecido reforçado no cavalo e passadores da cintura. A jaqueta trucker tem mangas sanfonadas e punhos alongados.

Luiz Gomes, presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas, promove um seminário sobre CLT dia 24, em Natal, Rio Grande do Norte.

Começam sábado, no CCBB, as leituras dramatizadas dos 12 finalistas do projeto Seleção Brasil em Cena 2011. Os textos de dramaturgos de todo o país terão direção de nomes como Gilberto Gawronski, Thierry Tremoroux e os irmãos Guimarães, de Brasília. O programa é gratuito e o público vota na melhor.

Com Marcia Bahia, Cristiane Rodrigues, Marcia Arbache e Gabriela Brito

GOSTOSA


MÔNICA BERGAMO - PÉ NO ACELERADOR


PÉ NO ACELERADOR
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 10/08/11

Apesar da turbulência internacional, o governo brasileiro mantinha até ontem previsões otimistas para a balança comercial. E deve rever para cima a meta de exportações. Ela está hoje em US$ 245 bilhões. Pode chegar a US$ 260 bilhões em setembro.

EM ALTA
O governo acredita que uma possível desaceleração do crescimento econômico mundial, e em especial da China, principal parceiro comercial do Brasil, pode afetar o preço dos produtos exportados. Mas o ritmo atual de comércio já é tão alto que compensaria a queda. Só na primeira semana de agosto a balança comercial teve superávit de US$ 1 bilhão.

O REI DA BOSSA
Estão fechadas as datas da turnê em comemoração dos 80 anos de João Gilberto: no dia 28 de outubro, o cantor dará show no Teatro Castro Alves, em Salvador; no dia 15 de novembro, no Theatro Municipal do Rio; no dia 19 de novembro, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília; e no dia 25, no Teatro Sesi de Porto Alegre. E se apresenta em São Paulo no dia 5 de novembro, no Via Funchal.

BOA COMPANHIA
E a produção da turnê estuda ter a participação especial de dois convidados internacionais em um dos shows de João Gilberto: Eric Clapton e Jon Hendricks. Clapton estará em turnê no Brasil em outubro.

EM CASA
Delfim Netto será o coordenador do programa de governo de Gabriel Chalita (PMDB-SP), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo. O ex-ministro também integra a equipe da Casa São Paulo, fundação que Chalita lança no final do mês, com sede no Pacaembu.

EM CASA 2
A Casa São Paulo será um instituto de pesquisas sobre a cidade, que servirá de subsídio à campanha eleitoral de 2012. O médico Raul Cutait, o empresário Sérgio Habib e Andrea Quércia, entre outros, também integram a equipe.

COMANDO ROSA
Uma enquete no site do vereador Carlos Apolinário (DEM-SP), autor do Dia do Orgulho Hétero, apontou 91% de opiniões favoráveis ao casamento gay. A equipe dele atribui o resultado ao ataque de hackers que a página sofreu na semana passada e tirou a consulta do ar.

VISTA PRO MAR
Fernanda Lima, a chef Helena Rizzo e os outros sócios do restaurante Maní, de SP, estão em negociação avançada com um imóvel no Arpoador para abrir uma filial da casa no Rio.
O local escolhido é o restaurante Azul Marinho, do hotel Arpoador Inn.

INCANSÁVEL
O jurista Hélio Bicudo, 89, será candidato a conselheiro do clube Paulistano pela chapa Democracia nas eleições de dezembro.

PRIMEIRA FILA
Entre os convidados VIPs (Débora Bloch, Mayana Moura etc.) do show de Marina Lima, no sábado, no Rio, estavam Chica e Luísa, as duas babás que cuidaram da cantora durante sua infância.

E os fãs de Marina tiveram uma surpresa ao ouvi-la cantar "Creep", do Radiohead. Ela contou que, para o público paulista, no show deste sábado, incluirá no repertório "In My Life", dos Beatles.

ENTRE AMIGOS
A agência 9ine vai dar uma festa de aniversário para seu cliente Lucas, meia do São Paulo. Ele faz 19 anos no sábado, mas como tem jogo no dia, vai comemorar no domingo. A balada será no clube Royal, de Marcus Buaiz - também sócio da empresa de marketing esportivo de Ronaldo.

POSTO SEM ÁLCOOL
São Paulo pode proibir a venda de bebidas alcoólicas em lojas de conveniência e lanchonetes de postos de gasolina. Projeto do vereador Floriano Pesaro (PSDB-SP) prevê multas de R$ 2.000 a R$ 10 mil e até cassação do alvará dos estabelecimentos.

BRASIL OLÍMPICO
O Prêmio Empresário Amigo do Esporte foi entregue anteontem no clube Pinheiros. O ministro Orlando Silva, o judoca Flávio Canto, a ginasta Daiane dos Santos, a jogadora de vôlei Virna e Maurren Maggi, do salto em distância, participaram da cerimônia.

FILME MUDO
A Jornada de Cinema Silencioso foi aberta na Cinemateca com a exibição de "Fazenda da Onça", "Joana D'Arco" e "Sangue Napolitano". O pianista Laércio de Freitas fez a trilha musical. Na plateia, o cineasta Jorge Bodanzky com a mulher, Márcia.

CURTO-CIRCUITO

Renato Kaufmann lança hoje, às 19h, o livro "Como Nascem os Pais", na Livraria da Vila de Pinheiros.

A Ímã Foto Galeria transmite hoje, às 19h, por teleconferência, leilão de imagens que a primeira-dama do RS, Sandra Genro, comandará em benefício de projetos sociais de João Roberto Ripper.

Fernanda Rolim apresenta hoje coleção da Left na Vila Nova Conceição.

Seu Jorge apresenta o show do CD "Músicas para Churrasco" no dia 2 de setembro no Skyline Venue, em Alphaville.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO - O novo PT de sempre


O novo PT de sempre
EDITORIAL
O ESTADÃO - 10/08/11
"O PT sempre foi muito cioso na defesa da aplicação correta dos recursos públicos e do combate à corrupção." Essa afirmação do presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, deputado Ruy Falcão, em declarações à TV Estadão, é um espanto. Na entrevista concedida para dar conta das decisões da reunião do diretório nacional do partido realizada no último dia 5 no Rio de Janeiro, a frase de efeito de Falcão é coerente com o discurso que vem sendo feito pelos petistas desde a fundação do partido, há mais de 30 anos. E foi com esse discurso que o lulopetismo chegou ao poder em 2002. Mas a realidade que transparece depois de dois mandatos presidenciais consecutivos, e se apresenta hoje como uma verdadeira herança maldita para a presidente Dilma Rousseff, é que o PT no poder, em nome de uma capciosa governabilidade, rebaixou ao nível do mais baixo fisiologismo o jogo político e a arquitetura do arco de alianças que desde a ascensão de Lula dá apoio ao governo.

O resultado está, diariamente, no noticiário: uma sucessão sem fim de denúncias de corrupção nos mais altos escalões da máquina administrativa e uma inevitável "faxina" que, pelo andar da carruagem, não poderá ficar restrita ao Ministério dos Transportes. A afirmação de Ruy Falcão é, portanto, apenas retórica. O mesmo tom, aliás, permeia todo o documento do diretório nacional do PT, numa clara tentativa de resgatar a imagem de partido "ideológico" que se dissipou ao longo de dois mandatos presidenciais marcados pelo pragmatismo nas alianças políticas. Como no plano nacional a situação política é delicada, o documento preferiu dar ênfase às questões internacionais. Sob o título geral O Brasil frente à crise atual do capitalismo: novos desafios, a primeira parte do documento se dedica a questões menos incômodas do que as sucessivas crises que o governo petista tem enfrentado. "A crise internacional - que é o subtítulo dessa primeira parte - está associada ao ideário e ao programa neoliberal", cujos defensores são "setores da oposição, da mídia e dos setores do grande capital, especialmente o financeiro".

Nenhuma referência, é claro, ao fato de toda a política econômico da administração petista ter-se baseado nos mesmos fundamentos "neoliberais" que promoveram o fim da inflação e a estabilidade econômica nos governos Itamar e FHC. O foco, com o maniqueísmo de sempre, está no combate ao Mal, com extrapolações que desviam as atenções para bem longe da realidade brasileira: "O PT expressa sua solidariedade aos jovens, aos trabalhadores, aos migrantes e a todos os setores que combatem o neoliberalismo e repudia o nacionalismo de extrema direita, que mostrou sua verdadeira face no atentado ocorrido recentemente na Noruega".

Em sua segunda parte, o documento petista desembarca, finalmente, no País. E, desde logo, deixa claro a que vem: "O programa de desenvolvimento do País levado a efeito pelo governo Lula projetou o Brasil no mundo, na medida em que se constituiu em alternativa efetiva às políticas neoliberais". E vai em frente mencionando as medidas "necessárias à ampliação das condições de financiamento do Estado"; diz que "parte do processo de democratização do Estado brasileiro depende, em grande medida, da realização da Reforma Política" - que não detalha - e sinaliza que o "controle social" da mídia ainda é meta a ser atingida: "Vem aí, neste segundo semestre, o debate sobre o novo marco regulatório dos meios de comunicação. Para o PT e para os movimentos sociais, a democratização dos meios de comunicação no País é tema relevante e um objetivo comum com os esforços de elaboração do governo Lula e os resultados da I Conferência Nacional de Comunicação".

Finalmente, nas duas últimas de suas 201 linhas, o documento faz rápida menção aos escândalos de corrupção que o governo petista enfrenta no momento: "O Diretório Nacional do PT manifesta, por fim, seu apoio às medidas que o governo Dilma - dando continuidade ao que fazia o governo Lula - adota contra a corrupção". E basta.

CELSO MING - Incêndio nos bombeiros


Incêndio nos bombeiros
CELSO MING
O ESTADÃO - 10/08/11

O que se passa quando a corporação dos bombeiros pega fogo e nem eles conseguem apagá-lo?

É o que está acontecendo nesta fase da crise global. Em 2008 e 2009, os tesouros dos países ricos saíram em socorro da economia. Redimiram os bancos, injetaram sangue novo em grandes empresas (caso da GM, da Chrysler e de grandes instituições), reduziram os impostos, pagaram mais seguro-desemprego e reforçaram o atendimento à saúde.

A crise, que começou no mercado imobiliário e derrubou os bancos, sepultou os tesouros em montanhas de dívidas. Eles não estão mais em condições de colocar em marcha os chamados programas anticíclicos. As respostas disponíveis para essa encrenca são cortes de despesas, disciplina fiscal, aumento de impostos e redução de salários e aposentadorias. São fórmulas assim que estão saindo das negociações políticas na Europa e nos Estados Unidos.

A aplicação dessa receita produz redução do consumo, recessão e desemprego, não a pretendida recuperação. É esse resultado que exaspera economistas de mentalidade keynesiana, como o Prêmio Nobel (2008) Paul Krugman. Em vez de elevar as despesas públicas, que deveriam financiar a retomada, as políticas de sacrifício aprofundam a crise.

Sobram os bancos centrais, também bombeiros na primeira fase da crise. São fontes de crédito de última instância e podem emitir moeda para garantir liquidez. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano), presidido por Ben Bernanke, injetou US$ 1,7 trilhão na primeira fase da crise e mais US$ 900 bilhões em duas operações de recompra de títulos do Tesouro (afrouxamento quantitativo). Ontem, avisou que os juros ficariam no chão por mais dois anos (até, pelo menos, meados de 2013). E mencionou o emprego de "ferramentas disponíveis para promover uma recuperação econômica mais robusta" (veja o Confira).

O Banco Central Europeu (BCE), por sua vez, dirigido pelo francês Jean-Claude Trichet, apesar de mais parcimonioso, já tinha recomprado títulos de Portugal, Irlanda e Grécia e já usou pelo menos 10 bilhões de euros na recompra de títulos de Itália e Espanha - a quantia total dessa operação será anunciada pelo BCE na próxima segunda-feira.

Embora garantam mais liquidez, esses estímulos monetários não têm conseguido reativar a produção e o emprego. A despeito das enormes emissões do Fed, o setor produtivo americano segue semiparalisado e o desemprego cresce. E o BCE também não consegue reverter a crise. No entanto, alguns efeitos colaterais dessas práticas são desastrosos.

As emissões de moeda do Fed estão formando catadupas de dólares nos países emergentes e, ao mesmo tempo, convulsionam os mercados de moeda. Produzem aquilo que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chama de guerra cambial. A nunca vista entrada de moeda estrangeira no câmbio do Brasil é um desses resultados.

Outro efeito previsível de uma nova lassidão dos grandes bancos centrais, não produzido até agora, é a inflação. Caso emitam ainda mais moeda para dar gás às economias, em dado momento ela aparecerá. Depois subirão preços de commodities, especialmente petróleo e alimentos, a um ponto em que será inevitável elevar os juros. E então surgirá um novo obstáculo à recuperação econômica. Enfim, não há saída fácil nem rápida para esta crise.

CONFIRA

A decisão do Fed

O Federal Reserve decepcionou ontem os que esperavam novas operações de recompra de títulos do Tesouro americano. Mas é natural que tenha agido assim. O rebaixamento da dívida dos Estados Unidos não provocou rejeição dos títulos. Ao contrário, atraiu mais interessados por ele. Não faria sentido dar mais mercado para um ativo que passou a ter uma demanda mais forte.

FERNANDO RODRIGUES - O teste de Dilma.

O teste de Dilma
 FERNANDO RODRIGUES
FOLHA DE SP - 10/08/11

Quando Lula assumiu o Planalto em 2003, a oposição vivia falando (ou imprecando): vamos ver como ele se sairá em meio a uma grande crise. E as crises apareceram. Lula teve o mensalão em 2005 e foi reeleito em 2006.

Depois o petista enfrentou a recessão internacional de 2008/09, mas ainda assim elegeu sua sucessora. Com 12 anos contratados na Presidência da República, o lulismo é o modelo mais longevo no comando do país depois da ditadura militar (1964-85). Só que agora chegou a vez de Dilma Rousseff enfrentar seu primeiro teste.

Como agosto nunca decepciona os pessimistas, a presidente está diante de uma crise dupla. Há o viés político, com hordas de deputados e senadores gritando “me dá um dinheiro aí” e a PF colocando uma turma da pesada na cadeia. E tem o esfarelamento das finanças no mundo desenvolvido, com risco não desprezível de afetar o crescimento econômico do Brasil.

Hoje, Dilma fará uma reunião com os presidentes de todos os partidos políticos aliados ao Planalto. Em condição normal de temperatura e pressão, essas ocasiões já são uma usina de lamentações. Na atual conjuntura, é pule de dez que haverá lamúria pelos cantos. O governo deseja a aprovação no Congresso, em tempo recorde, de uma emenda constitucional para renovar a chamada DRU (Desvinculação de Recursos da União).

A DRU atual vence em 31 de dezembro. Dilma quer mantê-la até 2015 e usar como quiser até 20% da arrecadação de todos os tributos existentes. Ou seja, deseja uma carta branca para gastar à vontade o dinheiro do Orçamento.

Trata-se de uma nova crise com data marcada. Se até dezembro o Congresso não aprovar essa emenda constitucional, haverá por aqui o mesmo clima de fim do mundo visto nos EUA por causa do teto da dívida pública norte-americana. Esse passa a ser o teste de estresse para Dilma a partir de agora.

A FAXINEIRA TREMEU


MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


MP da Copa tem artigo conflitante, diz setor de seguros
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 10/08/11

Em meio a questionamentos do setor de seguros, o governo acaba de aprovar a medida provisória que flexibiliza a Lei de Licitações para contratar projetos ligados à Copa e à Olimpíada -a mesma que inclui o criticado orçamento secreto.
A nova legislação, segundo a CNseg (confederação de empresas de seguros), possui brecha que torna o governo vulnerável. Permite que o governo deixe de receber indenização em caso de eventuais imprevistos em obras.
Em artigos conflitantes, o 1° e o 39°, a medida ora afasta, ora recorre ao artigo 56° da Lei de Licitações, que trata da prestação de garantia nas contratações de obras.
"Como está redigida, essa lei afeta a cobrança de seguro-garantia, ou seja, se houver alguma inadimplência por parte de empresas contratadas em licitações, o governo terá prejuízo", diz Rogério Vergara, da FenSeg (federação do setor). O governo, porém, se considera protegido, com base no artigo 39°. O volume de sinistros pagos pelo mercado de seguro-garantia nos últimos dez anos alcança R$ 520 milhões, segundo a CNseg.
A lei cita outros tipos de garantias, como caução em dinheiro ou títulos da dívida. "Espero que seja esclarecido. A medida provisória não é clara, pode gerar interpretações diferentes", diz Alexandre Malucelli, da J. Malucelli Seguradora. Os seguros para as obras não estão ameaçados. As contratadas seguirão comprando para riscos de engenharia.

PLANTÃO MÉDICO
As principais seguradoras do país apresentaram crescimento durante o primeiro semestre deste ano. O faturamento da Bradesco Saúde teve alta de 23%, ante o mesmo período de 2010. Com a alta, a seguradora faturou R$ 3,7 bilhões nos seis primeiros meses de 2011.
No mesmo período, a Porto Seguro Saúde teve crescimento de 20% e os prêmios recebidos pela companhia somaram R$ 402 milhões. A receita do segmento de saúde e odontologia da SulAmérica, por sua vez, foi de R$ 2,9 bilhões, o que representou aumento de 18,9% em relação ao primeiro semestre do ano passado.

Sétima... A Lacan Investimentos criou três fundos para a captação de recursos destinados ao cinema brasileiro. Entre eles estão o Lacan Downtown 2, que investirá na distribuição, e o Funcine Lacan Mixer, destinado a produções.

...arte O patrimônio líquido da Lacan em Funcines (fundos de investimento da indústria cinematográfica) é de R$ 37 milhões e a meta é fechar este ano com R$ 60 milhões.

Fundos Os Funcines foram responsáveis pelo aporte de R$ 6,6 milhões no cinema brasileiro em 2010, diz a Ancine.

NEGÓCIOS ESPORTIVOS
O chileno Roberto Goldminc, diretor comercial da Puma na América Latina e no Caribe, vai assumir a presidência da marca no Brasil, com projetos para elevar a nacionalização dos produtos vendidos no país. A composição das vendas no Brasil, que nos últimos anos foi de 50% nacional e 50% importados, agora tem 70% dos itens provenientes de fornecedores locais no Sul e no Nordeste, de acordo com Goldminc. O objetivo é chegar a 80% no próximo ano. "A operação brasileira tem ganhado relevância na empresa devido aos eventos esportivos, ao crescimento econômico do país e até mesmo pelo cenário internacional", afirma o executivo.

Benefício com Simples será maior do que prevê governo, diz Firjan

Estudo do Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) estima que o benefício com a mudança no Simples Nacional seja maior do que o calculado pela Receita Federal. Enquanto a Fazenda prevê a entrada de 30 mil companhias com a alta de 50% no faturamento máximo, a entidade espera que 151 mil micro e pequenas possam aderir ao sistema que simplifica a cobrança de impostos.
A proposta do governo seguiu ontem para o Congresso. O projeto, que também beneficiará empresas que já se utilizam do regime, prevê que o limite de faturamento das pequenas passe de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões. "As companhias que estão perto do teto são desestimuladas a crescer. A medida também facilitará a sobrevivência das micro e pequenas", diz Luciana de Sá, diretora do Sistema Firjan.
Se o reajuste fosse pela inflação, seriam 72,6 mil empresas favorecidas, diz a Firjan. "A vantagem é a menor tributação na folha de pagamento. A medida serve para manter empregos", diz o professor do Insper Régis Braga.

ÊXODO DAS INDÚSTRIAS
Preço do terreno, melhora da malha viária e incentivo fiscal leva indústrias instaladas na cidade de São Paulo para regiões ainda mais distantes no interior do Estado. As indústrias, que antes migravam para cidades com distância de até 50 km da capital, agora já se instalam em municípios a 100 km, segundo a Binswanger Brazil.
"Regiões industriais da cidade perderam espaço para residências. Entre elas, Vila Leopoldina e Jurubatuba", diz Erwin Tuband, da consultoria imobiliária. O principal atrativo do interior são os terrenos, com o m2 em algumas cidades a R$ 100, segundo a Binswanger.

CUSTO DO TERRENO

R$ 2.000
é o preço médio do m2 em regiões como Vila Leopoldina e Jurubatuba em São Paulo

R$ 100
é o preço médio do m2 em cidades do interior como Indaiatuba, Boituva e Sorocaba

Inflação... O IPS (Índice de Preços dos Supermercados) apresentou alta de 0,36% em julho. O índice, feito pela Associação Paulista de Supermercados em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, havia registrado queda de 0,15% em junho.

...na prateleira O aumento chama a atenção, pois, em geral, esses meses apresentam retração nos preços. A alta foi puxada pelos cereais e pelas carnes. Em 12 meses, a variação acumulada dos preços dos supermercados é de 6,16%.

EXPORTAÇÃO PARA A CHINA
O estilista Amir Slama, fundador da grife Rosa Chá, desenvolve uma coleção de moda praia para a italiana Yamamay, que tem mais de 600 lojas na Europa. O projeto tem um percurso diferente. A coleção está sendo produzida na China, mas com tecidos brasileiros, de alto padrão de tecnologia e sofisticação, de acordo com Slama. Mesmo com custos mais altos, eles ganharam o mercado por exigência do estilista e pelas inovações.
Slama afirma que queria fazer tudo no Brasil, mas a empresa italiana, que produz em média 8.000 peças de cada modelo, se deparou com custos de manufatura muito altos no país. "Foram para a China, mas, como tínhamos desenvolvido tecidos bons, decidiram usá-los", afirma. "O setor têxtil se queixa do que vem dos chineses, mas, quando o tecido é diferenciado, há demanda." As peças têm a assinatura do estilista e trazem o Brasil, no nome e nos temas das estampas.
com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e VITOR SION

ROLF KUNTZ - Bom senso e crise externa


Bom senso e crise externa
ROLF KUNTZ
O ESTADÃO - 10/08/11

O governo continua apostando no mercado interno para enfrentar a crise internacional, mas começou a usar um discurso menos triunfalista e mais sensato - pelo menos de vez em quando. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu uma política de solidez fiscal para o País atravessar com segurança a nova turbulência. Não é hora, segundo ele, de aumentos salariais para o setor público. Todos os Poderes devem colaborar, acrescentou, em resposta a uma pergunta sobre o novo ajuste pretendido pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas o próprio Executivo terá dificuldade para resistir às pressões do seu funcionalismo. Além disso, o ministro Mantega admitiu, há meses, a possibilidade de um ajuste do salário mínimo na faixa de 13% a 14%, com evidente impacto nas contas da Previdência. A proposta orçamentária em preparação no Ministério do Planejamento dará uma ideia mais clara, nas próximas semanas, da efetiva disposição do governo de limitar a expansão do custeio. No Brasil, o custeio é em boa parte um peso morto, por causa da baixa qualidade e da ineficiência dos serviços federais. E parte do investimento é escandaloso desperdício, gerado pelo conúbio da incompetência administrativa com a bandalheira patrocinada pelas coalizões de governo. A faxina em curso é uma inesperada e promissora novidade.

Se o governo executar com alguma decência os investimentos planejados até agora - ou uma parcela maior que a executada nos últimos anos -, já dará uma boa ajuda à expansão da atividade e à sustentação do emprego. Eficiência e parcimônia, qualidades pouco visíveis na administração central, abrirão o espaço necessário a uma política monetária mais branda e mais adequada a um cenário internacional de estagnação. Se a nova relação amigável entre Fazenda e Banco Central (BC) funcionar também nessa direção, o País ganhará. Além disso, o governo terá melhores condições para recorrer a uma política fiscal compensatória, em caso de necessidade, se tiver como base um orçamento menos inchado que os tradicionais.

Seja como for, a ideia de um crescimento sustentado apenas pelo mercado interno - e principalmente pelo consumo - é um tanto ilusória. É preciso levar em conta a evolução das contas externas. A expansão do consumo foi possibilitada, nos últimos anos, por um rápido crescimento da importação de bens finais e bens intermediários. Durante algum tempo, o gasto com produtos importados aumentou mais velozmente que a receita obtida com a exportação. Neste ano, a receita voltou a avançar mais depressa, mas isso se deve em boa parte, se não exclusivamente, à valorização dos produtos básicos. De janeiro a julho, o preço do café em grão, por exemplo, foi em média 64,8% maior que o de um ano antes. O da soja ficou 31,7% acima do registrado nos mesmos meses de 2010. Os do minério de ferro se mantiveram 23,3% superiores aos de janeiro a julho do ano passado. As cotações da maior parte dos básicos exportados pelo Brasil foram muito favoráveis.

Preços favoráveis deverão manter-se nos próximos dez anos, segundo a maior parte das projeções, e isso resultará em grande parte do crescimento econômico da China e de outros emergentes. Mas é muito mais fácil e mais seguro, neste momento, fazer estimativas para longos períodos. A curto prazo, os preços das commodities poderão ser afetados por uma nova desaceleração da economia global. O efeito será mais grave se a China vier a crescer muito mais lentamente, mas esse risco, por enquanto, parece altamente improvável. De toda forma, é pouco aconselhável fazer uma grande aposta baseada na firmeza dos preços das commodities.

As condições do comércio dependerão também da política monetária americana. O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) informou a disposição de manter os juros básicos entre zero e 0,25% até meados de 2013, pelo menos.

Não se anunciou uma terceira etapa de "afrouxamento quantitativo", mas permanece a hipótese de novas compras de títulos federais em circulação no mercado. Se o Fed continuar emitindo moeda generosamente, para compensar o aperto da política fiscal, o dólar poderá novamente cair. Em contrapartida, as commodities poderão novamente valorizar-se. Qual será o efeito mais indesejável para o Brasil?

A presidente Dilma Rousseff tem adotado o discurso da prudência, sempre rejeitando a ideia de uma política recessiva. Mas essa hipótese é meramente retórica. É falsa, no caso brasileiro, a escolha entre a recessão e o expansionismo irresponsável. É possível manter o crescimento, mesmo em face de condições externas desfavoráveis, sem gerar pressões inflacionárias ou comprometer o balanço de pagamentos. A receita deve incluir muito bom senso e, se possível, nenhum populismo.

MÍRIAM LEITÃO - Um dia de trégua


Um dia de trégua
MÍRIAM LEITÃO
O GLOBO - 10/08/11

A volatilidade continuará nos mercados de Bolsa, moedas e bônus. Ontem foi um dia positivo, depois da tempestade da segunda-feira. A expectativa era de que o Fed jogaria mais dinheiro no mercado; ele não jogou, mas se comprometeu com mais dois anos de juros negativos. Para o Brasil, o preocupante é a recessão na Europa e nos EUA, que compram um em cada três dólares que o país exporta.

Há graus diferentes de complicações nas duas regiões, mas o mesmo problema: baixo ou nenhum crescimento. A Europa é pior. Esta semana, começou a subir o risco da França. É que a Zona do Euro não mostrou ainda capacidade de resolver o problema das dívidas dos países. Tem apenas usado o Banco Central Europeu, que, na segunda-feira, comprou C 5 bilhões de dívidas da Itália e Espanha.

Seria preciso fazer deslanchar o mecanismo do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) para que ele pudesse entrar mais ativamente na solução do problema. Não há dinheiro na Europa para recomprar dívidas de países grandes como a Itália, mas se o FEEF for reforçado, e em vez de C 400 bilhões tivesse C 1 trilhão, se houvesse agilidade, seria possível debelar a crise de confiança. Enquanto isso não for feito, a crise vai contaminando os países.

Nos Estados Unidos, o risco mais imediato é a recessão. Segundo a nota do Fed, ontem, "o crescimento econômico está consideravelmente mais baixo" do que esperava. Tão baixo que as pressões inflacionárias do começo do ano cederam e não preocupam mais, e por isso o banco central americano aprovou - com três votos contrários - que os juros ficarão entre zero e 0,25% até 2013. Não foi feito o Quantitative Easing 3 - a terceira injeção monetária - mas ao mesmo tempo a porta não foi fechada. A nota do Fed diz indiretamente que novos instrumentos podem ser usados.

A notícia de que não haveria medidas monetárias foi meio banho de água fria. A Bolsa aqui passou a subir menos, e nos Estados Unidos chegou a ficar negativa. Mas terminou em alta aqui e lá. Foi uma trégua depois da histeria da segunda-feira, mas esse sobe e desce deve continuar, enquanto durar a incerteza em relação aos efeitos do novo patamar de crescimento mundial. No governo brasileiro, havia ontem à tarde uma sensação de alívio, de o mundo ter passado pelo impensável: o rebaixamento da dívida americana. Ao mesmo tempo, tudo continua sendo monitorado para evitar a repetição de desequilíbrios como os que ocorreram em 2008.

O mundo entrou em 2011 achando que era ano de crescimento, depois da queda de 2008/2009 e a estabilidade do ano passado. Para nós, a perspectiva era um crescimento menor, depois do salto de 2010, mas ainda assim o país mirava alta de 5%.

Agora, todas as previsões caíram. Como se pode ver nos gráficos abaixo, Estados Unidos e Europa não conseguem elevar a produção industrial nem baixar o desemprego.

"A economia americana está criando novos empregos, mas num ritmo lento: menos de 200 mil por mês, para um país que perdeu entre oito a nove milhões de vagas. Totalmente insuficiente para o que se perdeu. O mercado imobiliário continua muito baixo. A discussão é como crescer sem o mercado imobiliário, porque ele está perdido por muito tempo, e as famílias continuam endividadas", diz André Sacconato, da Brain Brasil Investimentos.

Os Estados Unidos já foram mais importantes no comércio brasileiro do que são hoje, mas se somarmos o que o Brasil vendeu para a Europa e os Estados Unidos dá pouco mais de 30%.

Os PIBs da França, Grécia, Irlanda, Itália, Portugal, Espanha, Alemanha foram menores em 2010 do que em 2007, tirando efeitos da inflação. Perderam três anos.

Para Irlanda e Grécia, a projeção do FMI é de que somente em 2016 os dois voltarão ao tamanho que tinham em 2007. Perderão uma década.

A Itália volta a 2007 em 2014; a Espanha, em 2013; e Portugal, em 2015. Enfim, isso, evitando-se o pior, que é o colapso da dívida desses países ou uma desaceleração da economia mundial.

Pelo menos ontem foi dia de recuperação na Bovespa, de redução das perdas fortes acumuladas no ano. Mas é cedo para dizer que a turbulência passou

GOSTOSA


RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA


Dois cenários
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SP - 10/08/11

Os caciques do PMDB relutavam ontem em responsabilizar o Planalto diretamente pelo "pega geral" da PF no Turismo, sob o comando da sigla. Por duas razões: a) a investigação atinge sobretudo a era petista do ministério; b) mesmo considerando o gosto de Dilma pelo enfrentamento, poucos no Congresso acreditam que neste momento, cheia de outros problemas, ela optaria pela guerra aberta com o maior aliado.
Em outra hipótese, o palácio teria sido algo surpreendido pela Operação Voucher, o que não chega a tranquilizar as partes envolvidas. Para os políticos, isso significaria que a PF se sentiu à vontade para retomar um estilo que havia sido obrigada a abandonar.
Então tá Do peemedebista Henrique Alves (RN), em reunião de líderes, ontem, na Câmara: "Se vai haver investigação todos os dias, o PMDB não tem o menor problema em apoiar a CPI da Corrupção".

Porquinho Segundo assessores, Dilma considera que não foi suficientemente informada pelo ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) sobre a operação da PF.

Eclipses No dia em que foi lançada a nova política industrial, as atenções acabaram voltadas para o Congresso, onde a oposição por pouco não emplacou uma CPI. Ontem, no anúncio das novas regras do Supersimples, só se falava das prisões no Ministério do Turismo.

DNA Foi pelas mãos de Flávio Martinez, ex-presidente do PTB, que o agora preso Frederico Costa chegou ao Turismo na gestão de Walfrido Mares Guia. Com o tempo, ganhou a bênção do PMDB e construiu relação estreita com Francisco Bruzi, assessor de Henrique Alves na liderança da Câmara.

Às compras Único convênio assinado pelo ministro Pedro Novais até junho passado, a construção da Via Expressa de São Luís foi apelidada no Maranhão de "shopping a shopping". Vai ligar o shopping Jaracaty, que tem José Sarney (PMDB-AP) como sócio, a outro empreendimento ainda em obras.

Enfermaria O ex-ministro Nelson Jobim está mesmo com dengue. No Congresso, a piada é que foi vingança de Ideli Salvatti (Relações Institucionais): "Agora é ele quem está fraquinho".

Terapia de grupo O ex-secretário-executivo do Ministério da Agricultura Milton Ortolan, que caiu no rastro de escândalos na pasta, prescrevia cursos de meditação e palestras sobre o amor aos funcionários da pasta dirigida por Wagner Rossi.

Sub judice O ministro reforçará o corpo jurídico da Conab com a contratação de 20 advogados que dissecarão os contratos do órgão.

Tal pai... Rossi empregou em seu gabinete Felipe Flores Peixoto, filho do prefeito de Taubaté, Roberto Peixoto (PMDB), alvo da PF.

Elo perdido Em seu governo itinerante, Geraldo Alckmin pretende anunciar amanhã a construção do túnel Santos-Guarujá, que substitui a ponte estaiada prometida por José Serra.

Abaixo de zero Do ministro Guido Mantega (Fazenda), questionado se seu sangue está "geladérrimo" tal qual o bilionário Eike Batista, diante da crise econômica: "Eu tô acostumado".

Reparação Criticado pela reforma na Previdência, o governo de Tarso Genro (PT-RS) decidiu devolver dinheiro aos professores, que lideraram as manifestações. O Estado anulará decreto que descontou dias de paralisação na gestão Yeda Crusius.
com LETÍCIA SANDER e FÁBIO ZAMBELI

tiroteio

"Gilberto Carvalho parece continuar no governo Lula. Não percebeu que a tentativa de controlar a mídia faz parte de um passado nefasto, hoje negado até pelo PT."
DO LÍDER DO PSDB NO SENADO, ÁLVARO DIAS (PR), sobre a defesa feita pelo ministro da regulação da mídia, que não teria um bom "saldo de cidadania".

contraponto

Controle remoto


Em reunião do conselho curador da Fundação Padre Anchieta, discutia-se a captação de publicidade para a TV Cultura de São Paulo, imersa num deficit que provocou demissões em massa. A certa altura, o ex-governador Alberto Goldman deu sua opinião:
-Precisamos tomar cuidado para não entrar uma avalanche de comerciais das Casas Bahia...
O conselheiro José Carlos Dias interrompeu:
-Acho que o sr. não anda sintonizando a emissora. Esse tipo de comercial já está na programação...

RICARDO BRENTANI - A questão do InCor


A questão do InCor
RICARDO BRENTANI
FOLHA DE SP - 10/08/11

O sucateamento do InCor é inaceitável: ele precisa contar com uma gestão profissional e transparente, que dê conta de cada centavo investido

A atual situação do InCor (Instituto do Coração) vem merecendo seguidas reportagens da mídia -e não é para menos.
A instituição, que já foi apontada pela prestigiosa revista "Lancet" como um dos três maiores centros de cardiologia do mundo, convive hoje com um pronto-socorro funcionando bem acima de sua capacidade e com longas filas de espera para exames e cirurgias.
Além disso, vê cair a cada ano o número de alunos na pós-graduação e a produção científica, que já esteve entre as maiores e melhores do país. A excelência no atendimento hospitalar assenta-se sobre três pilares: assistência, ensino e pesquisa -e nos três o InCor registra seu declínio.
Atribui-se a crise atual à situação financeira da instituição. Administradores recentes responsabilizam as "gestões anteriores" pelo débito e pela situação atual, em que o InCor rola uma dívida de mais de R$ 120 milhões, que impede que o instituto passe por reformas e amplie sua hoje esgotada capacidade de atendimento. A questão é saber como a situação chegou até aí.
Inaugurado em 1975, o InCor é resultado da fusão dos antigos serviços de cardiologia do Hospital das Clínicas da USP, com a percepção do aumento da demanda por atendimento especializado e integrado.
Um grande nome da cardiologia brasileira, Fúlvio Pileggi, cujos trabalhos sobre eletrocardiografia ainda são referência nos tratados da especialidade no mundo todo, é quem deu ao InCor as feições que lhe garantiriam fama e respeito mundiais. A partir de seus estudos no exterior, viabilizados por bolsa da Fundação Rockefeller, o sonho do InCor ganhou forma e corpo.
O sonho, realizado alguns anos depois, era ter um hospital em que se pudesse fazer ciência, ensino e atendimento de alto padrão, onde o médico recebesse salário suficiente para garantir dedicação integral e a instituição fosse mais confiável até do que o nome de um ou outro cardiologista em particular.
Para manter a instituição, foi criada a Fundação Zerbini, e o InCor -dirigido pelo próprio Pileggi de 1991 até sua aposentadoria, em 1997- ostentou alta qualidade no atendimento, na produção científica e uma pós-graduação com nota máxima da Capes/Ministério da Educação, resultado que nunca mais foi atingido.
É muito comum tentar reescrever a história quando a verdade não é conveniente. Uma auditoria realizada pela Deloitte, a pedido do próprio Pileggi, mostrou que, à época de sua saída do InCor, havia em caixa cerca de R$ 60 milhões.
Bastaram sete anos para que o caixa se transformasse num débito de R$ 240 milhões.
As obras de expansão do complexo hospitalar são apontadas como responsáveis pela dívida, mas não se pode negar que houve também outros problemas de gestão.
A Fundação Zerbini é subordinada à curadoria de fundações da USP e, desse modo, seus balanços são públicos: basta consultá-los para constatar o crescimento do prejuízo e do endividamento e em que período ocorreu.
O sucateamento do InCor é, sim, inaceitável. Mas é fundamental tomar precauções para que um novo influxo de recursos não se perca na vala comum das dívidas estratosféricas e da gestão incompetente das verbas públicas. O InCor precisa de uma gestão profissional e transparente, que dê conta de cada centavo investido e de cada agulha e seringa compradas e usadas.
Do contrário, o sonho da excelência corre o risco de se perder entre a manada de elefantes brancos emperrados que hoje, infelizmente, constitui a imensa maioria dos hospitais da rede pública.

*RICARDO BRENTANI, oncologista, é professor emérito da Universidade de São Paulo.

ELIO GASPARI - A casca de banana atraiu Amorim


A casca de banana atraiu Amorim
ELIO GASPARI
FOLHA DE SP - 10/08/11

Confirmando as piores expectativas, antes mesmo de assinar o termo de posse como ministro da Defesa, o embaixador Celso Amorim meteu-se em assuntos diplomáticos e declarou-se favorável à saída das tropas brasileiras do Haiti. Nas suas palavras: "É preciso pensar uma estratégia de saída." A ideia é boa, mas a agenda não é da Defesa, é do Itamaraty, a quem cabe tratar com as Nações Unidas, sob cuja bandeira estão os soldados. Ficaria melhor se Amorim dissesse que, concordando com o chanceler Antonio Patriota, acha que chegou a hora de voltar. Melhor ainda se anunciasse que essa é uma orientação da presidente da República. Deu-se, contudo, o pior dos cenários: o ministro da Defesa fala em sair do Haiti depois de um encontro com os comandantes militares.

Tendo sido ministro de Itamar Franco e de Lula, Amorim comandou o Itamaraty por nove anos e meio. Numa comparação quantitativa, bateu a marca do Barão do Rio Branco (1902-1910). Antonio Patriota foi seu colaborador direto, chefiou-lhe o gabinete e, em 2007, foi designado embaixador em Washington sem jamais ter chefiado uma missão no exterior. Trazido de volta, ocupou a secretaria-geral do ministério no último ano do mandarinato de Amorim.

Como há áreas em que a ação dos ministros das Relações Exteriores e da Defesa se complementam, e a presença no Haiti é uma delas, a escolha da doutora Dilma arrisca produzir novas encrencas. Nas palavras do chanceler Azeredo da Silveira (1974-1979), "tem gente que atravessa a rua para escorregar na casca de banana que está na outra calçada". Na primeira oportunidade, Amorim fez exatamente isso.

Amorim e Patriota diferem no estilo. Um é abrasivo, o outro, suave. Um canta o fim do jogo aos dez minutos do primeiro tempo. O outro procura confirmar se de fato o juiz apitou o desfecho da partida. Algo como se Amorim estivesse mais para Glauber Rocha, e Patriota, para Bruno Barreto. Numa ocasião, Amorim chamou a secretária de Estado Condoleezza Rice de "minha amiga Condi" e ela o chamou de "ministro Santos".

A tese segundo a qual Dilma Rousseff reorientou a diplomacia de Lula está à espera de comprovação factual. Noves fora a eliminação das estridências de Lula e Amorim, está tudo igual. Calaram-se algumas cornetas antiamericanis, mas eram apenas cornetas. O apoio ao regime iraniano tornou-se mais discreto e os acontecimentos fizeram com que se trocassem os afagos em Ahmadinejad por uma complacência com Bashar Al Assad.

O Brasil mostra-se compreensivo com os massacres ocorridos na Síria, mesmo quando o rei Abdullah, da Arábia Saudita, já se distanciou da ditadura de Damasco. Ficar em minoria na defesa de um princípio pode ser uma virtude, mas ficar em minoria na defesa de um ditador é apenas má política.

Se Amorim deixar o Itamaraty em paz, todo mundo lucrará, até porque ele se entenderá melhor com Patriota do que se entendia com Jobim. Pelo menos é isso que se percebe na leitura dos telegramas do Wikileaks, onde o embaixador americano Clifford Sobel aparece contando conversas que o estimulavam a sonhar com uma situação em que Jobim desafiaria (para gosto dos americanos) a predominância do Itamaraty em questões diplomáticas.

A FAXINEIRA FUGIU


FERNANDO DE BARROS E SILVA - CorrupTur


CorrupTur
FERNANDO DE BARROS E SILVA
FOLHA DE SP - 10/08/11

SÃO PAULO - O mundo está de pernas para o ar e Londres, literalmente, pega fogo. O que segue no lugar de sempre é a corrupção brasileira.
A PF desbaratou ontem mais uma quadrilha no cafofo do Turismo. Este é um daqueles ministérios-cumbuca, que serve à roubança capilarizada, onde todo mundo dá um jeitinho de meter a mão.
É ótimo que a PF esteja fazendo o seu trabalho. Mas fica, ao mesmo tempo, a sensação de que o país nessa área está enxugando gelo.
Trata-se, mais uma vez, de um caso envolvendo desvio de dinheiro de emenda parlamentar. Em torno de R$ 3 milhões da verba que deveria, supostamente, servir à "capacitação" de profissionais do turismo em Macapá foram destinados a empresas de fachada. É um esquema já clássico de pilhagem, do qual a pasta do Turismo se tornou uma espécie de agência de viagem.
Entre 33 pessoas, foram presos o atual número 2 e o ex-secretário-executivo do ministério. Não há, por ora, evidências de que o ministro Pedro Novais (PMDB) esteja diretamente implicado no episódio.
Novais é o deputado maranhense que usou verba de gabinete para pagar uma noitada no Motel Caribe, arredores de São Luís, caso que veio à tona em dezembro. O ministro não deveria ter assumido o cargo. Sua presença à frente da pasta é uma espécie de cartão de visita a indicar a vocação do lugar.
Diferentemente do que se passou nos Transportes, desta vez o alvo não é o PR, mas o consórcio entre PMDB e PT. Há diferenças substantivas entre eles? E semelhanças?
O Turismo é uma pasta periférica. Além de abrigar falcatruas, emendas para eventos suspeitos e patrocinar favores a apaniguados, para que serve esse ministério?
Não há como resgatá-lo da cultura da corrupção? A Copa não será suficiente para dar ao Turismo uma feição mais séria, um papel estratégico ou menos decorativo, de fato público? Como existe hoje, melhor extingui-lo logo. Seria uma economia de dinheiro e de vexames.

CLÁUDIO HUMBERTO

“Sabe que esqueci e vim almoçar em casa?”
LINCOLN PORTELA (MG), LÍDER DO PR, APÓS FALTAR A ALMOÇO COM A LIDERANÇA DO GOVERNO

PRESO PELA PF DESPACHAVA NA LIDERANÇA DO PMDB 
Preso nesta terça-feira pela Operação Voucher, da Polícia Federal, o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, despachava ao menos três vezes por semana, no fim da tarde, com Francisco Bruzzi, espécie de eminência parda da liderança do PMDB na Câmara. As relações entre os dois estão sob investigação da PF, que pode estabelecer ligação do PMDB com as irregularidades.

MONITORAMENTO 
O PMDB alega que Bruzzi verifica as ações dos ministérios controlados pelo partido, daí os despachos com Frederico Costa. Ah, bom.

NÃO FOI ELE 
Só quem ignora os bastidores do poder em Brasília acredita que o ministro Pedro Novais (Turismo) foi indicado pelo senador José Sarney.

DIGITAIS 
A indicação de Pedro Novais foi ideia do deputado Henrique Alves (RN), líder do PMDB, e principalmente de Eduardo Cunha (RJ).

PENSANDO BEM... 
A gestão do ministro Pedro Novaes lembra o caso de Ronaldo com os travestis na Barra da Tijuca. Começou no motel e acabou na delegacia.

LOBISTA ENROLADO ENSINAVA POLÍTICA COM BARBANTE 
Pivô da queda de Milton Ortolan, secretário-executivo do Ministério da Agricultura, o lobista Júlio César Fróes Fialho tinha um curioso método no seu Instituto Antares de Ensino Superior para qualificar servidores: a “dinâmica do barbante”, entrelaçando alunos para mostrar que “um depende do outro”. Se um afrouxa ou estica... Semana passada, ele “esticou o barbante”: agrediu o repórter Rodrigo Rangel, de Veja. 

TACADAS ANTIGAS 
Golfista e jornalista, o lobista valentão também deu aulas sobre “ética e política”, e por onze anos foi redator da mesa diretora do Senado. 

CHÁ DE SUMIÇO 
O Instituto Antares, do lobista Júlio Fróes, deixou de existir da noite para o dia, na internet. Seu site iaespe.com.br está “em manutenção”.

ESPELHO MEU 
As maracutaias no Ministério do Turismo com emendas parlamentares foram reveladas primeiro nesta coluna, em dezembro de 2009.

PEDRA PRECIOSA 
O Planalto monitora com lupa o acordo lapidado, na moita, pelas mineradoras Vale e OGX para pagar apenas 15% do que devem ao governo. Só a dívida do grupo de Eike Batista somaria R$ 50 bilhões.

LONGE DA PF 
A Operação Voucher fez lembrar por que ministros sob suspeita só anunciam investigação da Controladoria Geral da União: é que chamar a Polícia Federal pode representar chave de cadeia.

JOGO BRUTO 
Partidos não petistas que apoiam o governo Dilma estão convencidos de que o PT está por trás da sequência de denúncias contra ministros e auxiliares do PR, PP e PMDB. O clima é de guerra. Hoje, qualquer proposta de CPI contra malfeitorias petistas seria aprovada incontinenti.

SEDE DE VINGANÇA 
O ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, presidente do PR, que saiu do governo pela porta dos fundos, já não esconde a ameaça: os sete senadores do seu partido assinarão qualquer proposta de CPI.

NOVA PROMESSA 
Dilma vai anunciar um plano para construir mais 120 escolas técnicas federais em todo o País. O plano encobre uma meta não alcançada pelo antecessor. Lula prometeu 200 escolas, mas só entregou 82.

O HOMEM CERTO 
Promotor experiente, Pedro Taques (PDT-MT) assumirá a presidência da subcomissão de Segurança Pública do Senado. Vai organizar e sistematizar projetos da área na Comissão de Constituição e 
Justiça.

BOA NOVA OLÍMPICA 
As Olimpíadas de 2016 não ficarão restritas ao Rio de Janeiro. Quatro capitais vão receber os jogos eliminatórios antes da cerimônia de abertura: Brasília, Salvador, São Paulo e Belo Horizonte.

ABATIDO EM PLENO AR 
Auditoria interna da TAM defenestrou o influente Paulo Castelo Branco, vice-presidente da empresa e amigo do peito do presidente da Agência Nacional de Aviação Civil, Marcelo Guaranys.

SASSARICANDO... 
O ministro Pedro Novais (Turismo) deve ter sido poupado pela Polícia Federal em respeito ao Estatuto do Idoso. 

PODER SEM PUDOR
LÍDER PESO PESADO
Velhos amigos do líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), sempre se divertem recordando inesquecível feriadão em uma fazenda em Santo Antônio de Jesus, quando a turma estudava Medicina Na Universidade Federal da Bahia. Na primeira noite, a cama não suportou o peso do então gordíssimo Vaccarezza, que foi ao chão. E dormiu por lá mesmo, até porque não havia outra cama. No dia seguinte, o amigo anfitrião o levou para a casa de praia da família, em Itaparica. De novo, a cama não suportou o peso. Pela segunda vez dormiu no chão. No domingo, já em Salvador, ainda na casa do amigo, durante madrugada ouviu-se um estrondo. Era a cama de Vacarrezza, que, como as outras, não suportou o peso. Aturdido, o amigo foi levá-lo em sua própria casa, temendo as reclamações da mãe, diante do prejuízo de três camas quebradas num único fim de semana.