FOLHA DE SP - 27/10
Não ficamos mais bobos quando somos mais complacentes com as bobagens em que cremos?
Não sou um daqueles céticos que acham que religião é coisa de gente boba. Apesar de ter aprendido já no jardim da infância a crítica que os três cavaleiros do ateísmo contemporâneo fizeram à religião, Marx, Nietzsche e Freud, e de já tê-la assimilado ao café da manhã, estudo o bastante da produção filosófica de algumas religiões pra saber que nem tudo nelas é bobagem.
Portanto, não sou aquele tipo de ateu chato que ridiculamente mede a inteligência de uma pessoa por sua "crença na ciência".
E qual é essa crítica dos cavaleiros do ateísmo contemporâneo? De modo sintético, seria a seguinte: depois de Marx, se você é religioso, você é um alienado explorado por picaretas espirituais. Não podemos não concordar em grande parte com o que o velho barbudo diz sobre isso.
Depois de Nietzsche, se você é religioso, você é um covarde ressentido que não aceita a falta de sentido da vida e o abandono cósmico. Não podemos não concordar em grande parte com o que o filósofo do martelo diz sobre isso.
Depois de Freud, se você é religioso, você é um adulto bobo que não conseguiu lidar com os fatos de que seu pai não é o pica das galáxias e sua mãe não te ama incondicionalmente, daí Deus ser esses pais ideais. Não podemos não concordar em grande parte com o que o sábio de Viena diz sobre isso.
Preocupo-me aqui, especificamente, com um fenômeno que chamaria, carinhosamente, de "masturbação espiritual", e que se caracteriza por um enorme narcisismo a serviço de uma falsa busca espiritual do tipo: o universo conspira a meu favor e Deus trabalha pra minha felicidade. A "masturbação", aqui, representa exatamente o fato de que a masturbação é uma "relação" entre você e você. Na busca espiritual narcísica não existe qualquer transcendência, só a imanência entediante de um "eu mesmo" deslumbrado consigo mesmo.
Quando você ouvir falar, num jantar inteligente, que alguém acha todo mundo lindo, que os jovens hoje são mais inteligentes e abertos à espiritualidade (quando nem conseguem criar vínculos mais duradouros com nada) e nada no "relato dessa busca espiritual" trair uma certa percepção de desespero, uma crise de fé em si mesmo, uma angústia moral, um horror qualquer, você está assistindo a uma sessão de masturbação espiritual.
Outro dia, conversando sobre isso com minha mulher, que faz doutorado sobre o psicanalista inglês D. W. Winnicott e o sofisticado sociólogo alemão Norbert Elias, ela me leu esse maravilhoso trecho de um livro de Elias, "A Solidão dos Moribundos", da editora Zahar. Leia comigo:
"Hoje, com o imenso acúmulo de experiência, não podemos mais deixar de nos perguntar se esses sonhos complacentes não têm, a longo prazo, consequências bem mais indesejáveis e perigosas para o seres humanos em sua vida comunal que o conhecimento bruto e sem retoques".
Elias, neste período, discute em que medida o aumento da imaginação, como fruto da evolução, não teria vindo em socorro da incômoda e crescente consciência da finitude e da morte, nossos fantasmas humanos, demasiado humanos. A questão, dita de outra forma, seria: não estamos ficando mais bobos à medida que somos mais complacentes com as bobagens em que acreditamos? Alguns exemplos de bobagens: "energias do universo", "criança cristal", "geração índigo", "pedras energéticas", "xamãs da Vila Madalena".
Ouso responder que sim. Essa moçada é, na verdade, gente sem compromisso com nada e complacente com suas manias egóicas.
Passam a vida "buscando a si mesmos" assim como quem vai a Orlando brincar de ser criança (nada contra Orlando, tudo contra a punheta espiritual).
Morrendo de medo da responsabilidade pela vida, diante do horror ao silêncio de um universo indiferente (Nietzsche), agoniados com a "castração" dos pais (Freud), preferindo gastar dinheiro com gurus inócuos (Marx), essa turma faz mais mal ao mundo do que quem diz diretamente na sua cara: o que você acredita é uma bobagem!
Mas, de repente, paro e penso: não estarei eu caindo na velha arrogância cética? Não deve a filosofia nos ensinar a humildade diante da dor?
segunda-feira, outubro 27, 2014
Um mandato inédito - ELIO GASPARI
FOLHA DE SP - 27/10
Em 2002, na versão 1.0, Romanée-Conti; em 2014, na 2.0, a suíte do Copa, com direito a mordomo
Os eleitores deram ao PT um mandato inédito na história nacional. Um mesmo partido ficará no poder nacional por 16 anos sucessivos. A doutora Dilma reelegeu-se num cenário de dificuldades econômicas e políticas igualmente inéditas. Lula recebeu de Fernando Henrique Cardoso um país onde se restabelecera o valor da moeda. Ela recebe dela mesma uma economia travada. Tendo percebido o tamanho da encrenca, em setembro anunciou a substituição do ministro Guido Mantega. Por quem, não disse. Para quê, muito menos.
A dificuldade política será maior. As petrorroubalheiras devolveram o PT ao pesadelo do mensalão. Em 2005 o comissariado blindou-se e desde então fabrica teorias mistificadoras, como a do caixa dois, ou propostas diversionistas como a da necessidade de uma reforma política. Pode-se precisar de todas as reformas do mundo, mas o que resolve mesmo é a remessa dos ladrões para a cadeia. O Supremo Tribunal Federal deu esse passo, formando a bancada da Papuda. Foi a presença de Marcos Valério na prisão que levou o "amigo Paulinho" a preferir a colaboração à omertà mafiosa.
Dilma teve uma atitude dissonante em relação às condenações do mensalão. Protegeu-se sob o manto do respeito constitucional às decisões do Judiciário. No debate da TV Globo, quando Aécio Neves perguntou-lhe se achou "adequada" e pena imposta ao comissário José Dirceu, tergiversou. Poderia ter seguido na mesma linha: a decisão da Justiça não deve ser discutida. Emitiu um péssimo sinal para quem sabe que as petrorroubalheiras tomarão conta da agenda política por muito tempo.
Será muito difícil, e sobretudo arriscado, tentar jogar o que vem por aí para baixo do tapete. Ou a doutora parte para a faxina, cortando na carne, ou seu governo vai se transformar num amestrador de pulgas, de crise em crise, de vazamento em vazamento, até desembocar nas inevitáveis condenações.
O comissariado acreditou na mágica e tolerou o contubérnio do PT com o PP paranaense do deputado José Janene. A proteção dada aos mensaleiros amparou o doutor e ele patrocinou a indicação do "amigo Paulinho" para uma diretoria da Petrobras. Ligando-se ao operador Alberto Youssef, herdeiro dos contatos de Janene depois que ele morreu, juntaram-se aos petropetistas e a grandes empresas. O resultado está aí.
Em 2002, depois do debate da TV Globo, Lula foi para um restaurante do Rio e comemorou seu desempenho tomando de uma garrafa de vinho Romanée-Conti que custava R$ 9.600. A conta ficou para Duda Mendonça, o marqueteiro da ocasião. Quem achou a cena esquisita pareceu um elitista que não queria dar a um ex-metalúrgico emergente o direito de tomar vinho caro. Duda confessou que fazia suas mágicas com o ervanário do mensalão. Passaram-se doze anos e os repórteres Cleo Guimarães e Marco Grillo mostraram que, na semana passada, Lula esteve em São Gonçalo, onde disse que "a elite brasileira não queria que pobre estudasse". Seguiu da Baixada Fluminense para a avenida Atlântica e hospedou-se no Copacabana Palace, subindo para a suíte 601, de 300 metros quadrados, com direito a mordomo. Outros sete apartamentos estavam reservados para sua comitiva.
Recados da sociedade - CARLOS ALBERTO DI FRANCO
O ESTADÃO - 27/10
Escrevo este artigo antes da abertura das urnas. Mas o tom do segundo turno, marcado por intensa participação da sociedade, sobretudo na internet, transmite um forte recado aos políticos. A eleição despertou algo que estava adormecido na alma dos brasileiros: o exercício da cidadania. O povo percebeu, finalmente, que os governantes são representantes da sociedade, mas não são donos do poder. Assistimos ao estertor dos feudos da opinião pública. Daqui para a frente, com crescente intensidade, os políticos serão cobrados e confrontados. Felizmente. Além disso, os brasileiros, mesmo os que foram seduzidos pelo rolo compressor do marketing político, não estão dispostos a renunciar aos valores que compõem a essência da nossa história: a paixão pela liberdade, a defesa da dignidade humana e a prática da tolerância.
Um país não pode se apresentar como democrático e livre se pedir à imprensa que não reverbere os problemas do país. O governo petista frequentemente manifestou insatisfação com o trabalho da imprensa. Para o PT, lamentavelmente, jornalismo bom é o que fala bem. Jornalismo que apura e opina com isenção incomoda, irrita e provoca azia. Está, na visão de seu líder, Luiz Inácio Lula da Silva, a serviço da “elite brasileira”. Reconheço, no entanto, que Lula, Dilma e seus companheiros não são críticos solitários da mídia. Políticos, habitualmente, não morrem de amores pelo trabalho dos jornalistas.
A simples leitura dos jornais oferece um quadro assustador do cinismo que se instalou na entranha do poder. O que fazer quando um ex-presidente da República faz graça com a corrupção e incinera a ética no forno do pragmatismo e da suposta governabilidade? O que fazer quando políticos se lixam para a opinião pública? Só há um caminho: informação livre e independente. Não se constrói um grande país com mentira, casuísmos e esperteza. Edifica-se uma grande nação, sim, com o respeito à lei e à ética. A transparência informativa, de que os políticos não gostam, representa o elemento essencial de renovação do Brasil.
Mas o recado mais forte, claro e nítido, foi o do repúdio à intolerância. A agressividade de Dilma e de Lula e seus destemperos verbais também empurraram a eleição para o segundo turno. A radicalização ideológica não tem a cara do brasileiro. O PT tenta dividir o Brasil ao meio. Jogar pobres contra ricos, negros contra brancos, homos contra héteros. Quer substituir o Brasil da alegria pelo país do ódio e da divisão. Tenta arrancar com o fórceps da luta de classes o espírito mágico dos brasileiros. Procura extirpar o DNA, a alma de um povo bom, aberto e multicolorido. Não quer o Brasil café com leite. A miscigenação, riqueza maior da nossa cultura, evapora nos rarefeitos laboratórios arianos do radicalismo petista.
Assistimos ao surgimento, de forma acelerada e preocupante, de uma nova “democracia” totalitária e ditatorial, que pretende espoliar milhões de cidadãos do direito fundamental de opinar, elemento essencial da democracia. Se a ditadura politicamente correta constrange a cidadania, não pode, por óbvio, acuar jornalistas e redações. O primeiro mandamento do jornalismo de qualidade é a independência. Não podemos sucumbir às pressões dos lobbies direitistas, esquerdistas, homossexuais ou raciais. O Brasil eliminou a censura. E só há um desvio pior que o controle governamental da informação: a autocensura. Para o jornalismo não há vetos, tabus e proibições. Informar é um dever ético. E ninguém impedirá o cumprimento do primeiro mandamento da nossa profissão: transmitir a verdade dos fatos.
Escrevo este artigo antes da abertura das urnas. Mas o tom do segundo turno, marcado por intensa participação da sociedade, sobretudo na internet, transmite um forte recado aos políticos. A eleição despertou algo que estava adormecido na alma dos brasileiros: o exercício da cidadania. O povo percebeu, finalmente, que os governantes são representantes da sociedade, mas não são donos do poder. Assistimos ao estertor dos feudos da opinião pública. Daqui para a frente, com crescente intensidade, os políticos serão cobrados e confrontados. Felizmente. Além disso, os brasileiros, mesmo os que foram seduzidos pelo rolo compressor do marketing político, não estão dispostos a renunciar aos valores que compõem a essência da nossa história: a paixão pela liberdade, a defesa da dignidade humana e a prática da tolerância.
Um país não pode se apresentar como democrático e livre se pedir à imprensa que não reverbere os problemas do país. O governo petista frequentemente manifestou insatisfação com o trabalho da imprensa. Para o PT, lamentavelmente, jornalismo bom é o que fala bem. Jornalismo que apura e opina com isenção incomoda, irrita e provoca azia. Está, na visão de seu líder, Luiz Inácio Lula da Silva, a serviço da “elite brasileira”. Reconheço, no entanto, que Lula, Dilma e seus companheiros não são críticos solitários da mídia. Políticos, habitualmente, não morrem de amores pelo trabalho dos jornalistas.
A simples leitura dos jornais oferece um quadro assustador do cinismo que se instalou na entranha do poder. O que fazer quando um ex-presidente da República faz graça com a corrupção e incinera a ética no forno do pragmatismo e da suposta governabilidade? O que fazer quando políticos se lixam para a opinião pública? Só há um caminho: informação livre e independente. Não se constrói um grande país com mentira, casuísmos e esperteza. Edifica-se uma grande nação, sim, com o respeito à lei e à ética. A transparência informativa, de que os políticos não gostam, representa o elemento essencial de renovação do Brasil.
Mas o recado mais forte, claro e nítido, foi o do repúdio à intolerância. A agressividade de Dilma e de Lula e seus destemperos verbais também empurraram a eleição para o segundo turno. A radicalização ideológica não tem a cara do brasileiro. O PT tenta dividir o Brasil ao meio. Jogar pobres contra ricos, negros contra brancos, homos contra héteros. Quer substituir o Brasil da alegria pelo país do ódio e da divisão. Tenta arrancar com o fórceps da luta de classes o espírito mágico dos brasileiros. Procura extirpar o DNA, a alma de um povo bom, aberto e multicolorido. Não quer o Brasil café com leite. A miscigenação, riqueza maior da nossa cultura, evapora nos rarefeitos laboratórios arianos do radicalismo petista.
Assistimos ao surgimento, de forma acelerada e preocupante, de uma nova “democracia” totalitária e ditatorial, que pretende espoliar milhões de cidadãos do direito fundamental de opinar, elemento essencial da democracia. Se a ditadura politicamente correta constrange a cidadania, não pode, por óbvio, acuar jornalistas e redações. O primeiro mandamento do jornalismo de qualidade é a independência. Não podemos sucumbir às pressões dos lobbies direitistas, esquerdistas, homossexuais ou raciais. O Brasil eliminou a censura. E só há um desvio pior que o controle governamental da informação: a autocensura. Para o jornalismo não há vetos, tabus e proibições. Informar é um dever ético. E ninguém impedirá o cumprimento do primeiro mandamento da nossa profissão: transmitir a verdade dos fatos.
Contenha-se, presidente - VINICIUS MOTA
FOLHA DE SP - 27/10
SÃO PAULO - O Brasil desta década, em vários aspectos, é quase outra nação se for comparado ao do início dos anos 2000. Cada US$ 100 do PIB de 2002 se tornaram US$ 190.
Para cada R$ 100 que o governo federal gastava na época, desembolsa R$ 200 agora. Para cada 100 pessoas empregadas, hoje há 130.
Se fosse um país, o mercado de trabalho brasileiro, de quase 100 milhões de indivíduos, seria maior que qualquer nação da Europa. O crédito explodiu, o consumo foi catapultado, a atividade empresarial foi catalisada e o empreendedorismo floresceu. Multiplicou-se o acesso à informação.
Estão matriculados na faculdade 180 brasileiros para cada 100 há dez anos. O ensino básico atinge picos de universalização, e melhora o desempenho no principal teste mundial de conhecimento, apesar de os alunos ainda mostrarem domínio sofrível dos principais conteúdos.
Foram às urnas neste pleito 120 eleitores para cada 100 que compareceram ao escrutínio de 2002, expansão de 20 milhões de almas.
O Brasil mudou de escala. Deu um salto quântico para outra realidade, embora esteja ainda muito distante do portal do desenvolvimento, humano e econômico.
Deve ser difícil para o PT e a presidente reeleita, Dilma Rousseff, reconhecer que a maior parte do crédito pelo notável avanço é da sociedade, e não do governo. A riqueza que levou a esse salto surgiu da labuta diária de homens e mulheres, e as determinantes de sua partilha foram cimentadas na constituição da democracia ao longo de 30 anos.
Que a vitória apertadíssima deste domingo e as condições agrestes de governo que se apresentam sirvam de alerta para a necessidade de contenção no exercício da Presidência. O presidente da República no Brasil pode muito, mas não pode tudo. A presidente Dilma, dado o contexto econômico e político em que se reelegeu, poderá menos.
SÃO PAULO - O Brasil desta década, em vários aspectos, é quase outra nação se for comparado ao do início dos anos 2000. Cada US$ 100 do PIB de 2002 se tornaram US$ 190.
Para cada R$ 100 que o governo federal gastava na época, desembolsa R$ 200 agora. Para cada 100 pessoas empregadas, hoje há 130.
Se fosse um país, o mercado de trabalho brasileiro, de quase 100 milhões de indivíduos, seria maior que qualquer nação da Europa. O crédito explodiu, o consumo foi catapultado, a atividade empresarial foi catalisada e o empreendedorismo floresceu. Multiplicou-se o acesso à informação.
Estão matriculados na faculdade 180 brasileiros para cada 100 há dez anos. O ensino básico atinge picos de universalização, e melhora o desempenho no principal teste mundial de conhecimento, apesar de os alunos ainda mostrarem domínio sofrível dos principais conteúdos.
Foram às urnas neste pleito 120 eleitores para cada 100 que compareceram ao escrutínio de 2002, expansão de 20 milhões de almas.
O Brasil mudou de escala. Deu um salto quântico para outra realidade, embora esteja ainda muito distante do portal do desenvolvimento, humano e econômico.
Deve ser difícil para o PT e a presidente reeleita, Dilma Rousseff, reconhecer que a maior parte do crédito pelo notável avanço é da sociedade, e não do governo. A riqueza que levou a esse salto surgiu da labuta diária de homens e mulheres, e as determinantes de sua partilha foram cimentadas na constituição da democracia ao longo de 30 anos.
Que a vitória apertadíssima deste domingo e as condições agrestes de governo que se apresentam sirvam de alerta para a necessidade de contenção no exercício da Presidência. O presidente da República no Brasil pode muito, mas não pode tudo. A presidente Dilma, dado o contexto econômico e político em que se reelegeu, poderá menos.
Discriminação disfarçada - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 27/10
Em nome de alegadamente superar dificuldades ditadas por demandas estruturais, de soluções mais complexas, o país tem sido pródigo em recorrer a medidas imediatistas, rasas — que não atacam a raiz dos problemas e propõem saídas pontuais, epidérmicas. Cria-se, com isso, a sensação de que se removeram obstáculos, quando, na verdade, fica apenas a falsa impressão de que grupos até então atingidos por algum tipo de conflito terão ingressado no melhor dos mundos. As dificuldades persistem, mas se vende a ideia de que elas estão ultrapassadas em definitivo.
É o terreno em que prospera o populismo, na política, na cultura ou outros setores. Uma dessas manifestações, em que há um receituário contra as consequências, em lugar da mais árdua opção por atacar as causas, ganhou abrigo no Senado. Por meio de sua Comissão de Educação, a Casa discute uma reforma ortográfica que mal disfarça o viés populista. A ideia central dos patrocinadores dessa causa é a adoção, na língua escrita, do princípio de “se escrever como se fala". O substrato seria uma pretensa necessidade de simplificar a ortografia para facilitar a alfabetização.
Em nome disso, o grupo que defende a reforma propõe a supressão de letras que não se pronunciam nas palavras (como o “h” em “hoje”) e a duplicidade da grafia para o mesmo som. A História está cheia de supostos bons propósitos que, deliberadamente ou não, surgem, como ideia, com objetivos nobres, mas que, na prática, se revelam nocivos. Este é um deles. Mira-se uma pretensa inclusão social, mas a proposta mal disfarça seu caráter discriminatório, pois parte do princípio de que as pessoas a quem se pretenderia beneficiar com as mudanças não teriam condições de se educar para alcançar novo patamar cultural.
A deterioração da norma culta, portanto, se manifesta como metástase da perigosa doença do populismo. É sintomático que, contra essa iniciativa, tenham se levantado vozes representativas da inteligência nacional. A preocupação imediata é que, tendo alcançado o Legislativo, o movimento prospere a ponto de tais ideias chegarem ao plenário em forma de projeto de lei.
A presidente da Associação Brasileira de Linguística, Marília Ferreira, enviou à comissão do Senado um texto alertando que dificuldades de alfabetização não são provocadas pela ortografia, mas pelas escassas oportunidades que segmentos de estratos sociais mais baixos, supostos beneficiários, têm de acesso a experiências educacionais e culturais paralelas ao processo de aprendizado formal. O filólogo Evanildo Bechara atribui a defesa da simplificação a um equívoco. E, em artigo recente no GLOBO, a escritora Ana Maria Machado deu a receita: o remédio é qualidade na educação.
São opiniões que não podem ser desprezadas pelo Senado, caso se pretenda de fato levar à frente, até o imprevisível crivo do plenário, o absurdo que se discute na Casa.
Em nome de alegadamente superar dificuldades ditadas por demandas estruturais, de soluções mais complexas, o país tem sido pródigo em recorrer a medidas imediatistas, rasas — que não atacam a raiz dos problemas e propõem saídas pontuais, epidérmicas. Cria-se, com isso, a sensação de que se removeram obstáculos, quando, na verdade, fica apenas a falsa impressão de que grupos até então atingidos por algum tipo de conflito terão ingressado no melhor dos mundos. As dificuldades persistem, mas se vende a ideia de que elas estão ultrapassadas em definitivo.
É o terreno em que prospera o populismo, na política, na cultura ou outros setores. Uma dessas manifestações, em que há um receituário contra as consequências, em lugar da mais árdua opção por atacar as causas, ganhou abrigo no Senado. Por meio de sua Comissão de Educação, a Casa discute uma reforma ortográfica que mal disfarça o viés populista. A ideia central dos patrocinadores dessa causa é a adoção, na língua escrita, do princípio de “se escrever como se fala". O substrato seria uma pretensa necessidade de simplificar a ortografia para facilitar a alfabetização.
Em nome disso, o grupo que defende a reforma propõe a supressão de letras que não se pronunciam nas palavras (como o “h” em “hoje”) e a duplicidade da grafia para o mesmo som. A História está cheia de supostos bons propósitos que, deliberadamente ou não, surgem, como ideia, com objetivos nobres, mas que, na prática, se revelam nocivos. Este é um deles. Mira-se uma pretensa inclusão social, mas a proposta mal disfarça seu caráter discriminatório, pois parte do princípio de que as pessoas a quem se pretenderia beneficiar com as mudanças não teriam condições de se educar para alcançar novo patamar cultural.
A deterioração da norma culta, portanto, se manifesta como metástase da perigosa doença do populismo. É sintomático que, contra essa iniciativa, tenham se levantado vozes representativas da inteligência nacional. A preocupação imediata é que, tendo alcançado o Legislativo, o movimento prospere a ponto de tais ideias chegarem ao plenário em forma de projeto de lei.
A presidente da Associação Brasileira de Linguística, Marília Ferreira, enviou à comissão do Senado um texto alertando que dificuldades de alfabetização não são provocadas pela ortografia, mas pelas escassas oportunidades que segmentos de estratos sociais mais baixos, supostos beneficiários, têm de acesso a experiências educacionais e culturais paralelas ao processo de aprendizado formal. O filólogo Evanildo Bechara atribui a defesa da simplificação a um equívoco. E, em artigo recente no GLOBO, a escritora Ana Maria Machado deu a receita: o remédio é qualidade na educação.
São opiniões que não podem ser desprezadas pelo Senado, caso se pretenda de fato levar à frente, até o imprevisível crivo do plenário, o absurdo que se discute na Casa.
Uma nova chance - EDITORIAL GAZETA DO POVO -PR
GAZETA DO POVO -PR - 27/10
A campanha de Dilma foi marcada pela baixaria. Mas, uma vez vitoriosa, que ela conduza seu segundo mandato com sabedoria
Escândalos sucessivos de corrupção e uma economia cambaleante não foram suficientes para que os eleitores brasileiros optassem pela alternância de poder. Ontem, Dilma Rousseff foi reeleita para um segundo mandato, o que levará o PT a 16 anos no Palácio do Planalto. Se programas como o Bolsa Família, o Pronatec, o Mais Médicos e o Minha Casa, Minha Vida tiveram influência no ânimo do eleitor, não se pode descartar um outro aspecto. Afinal, tão digna de nota quanto o resultado da eleição é a maneira como ele foi obtido.
O PT praticou, nesses meses, a campanha eleitoral mais sórdida dos últimos anos. Cheios daquele “ardor apaixonado” do qual “os piores estão cheios”, nas palavras do poeta irlandês William Butler Yeats, marqueteiros, candidata e, principalmente, o ex-presidente Lula se entregaram à baixaria, não pensando duas vezes antes de promover a desconstrução mentirosa dos adversários. Primeiro, com Marina Silva, que após a morte de Eduardo Campos despontou como aquela que tinha mais chances de vencer. Sua proposta de independência do Banco Central chegou a ser diretamente associada à falta de comida na mesa do brasileiro.
Com Marina derrotada no primeiro turno, foi a vez de Aécio Neves receber o bombardeio petista. Acusações de caráter pessoal e afirmações explícitas de que em seu governo os programas sociais seriam extintos se tornaram frequentes. Mas Aécio reagiu com firmeza, o que gerou uma nova onda de agressões, agora de um Lula ensandecido: como o tucano falava duro com Dilma nos debates, Lula resolveu acusá-lo de “desrespeitar mulheres” (embora Lula não tenha pensado muito em “respeito às mulheres” quanto atacou a jornalista Miriam Leitão, nem quando pediu a cabeça de uma analista do banco Santander). Na semana passada, o ex-presidente chegou a afirmar que os tucanos estavam “agredindo a gente como os nazistas agrediam no tempo da Segunda Guerra Mundial” – o que levou a Confederação Israelita Brasileira a manifestar seu repúdio. A vitória nas urnas dessa estratégia suja manda o pior recado que a jovem democracia brasileira poderia receber: a de que “fazer o diabo”, como havia prometido Dilma em 2013, compensa.
Mas a vontade das urnas tem de ser respeitada, e só podemos esperar que o segundo mandato de Dilma seja melhor que o primeiro, tanto no campo moral quanto no econômico, pois o país já não aguenta mais ver os recursos públicos seguidamente desviados – aos milhões e, às vezes, bilhões – em benefício do PT e de seus aliados. E também teme a volta da inflação, acompanhada da estagnação econômica marcada pelo crescimento pífio que coloca o país na rabeira da América Latina. São justamente os mais pobres as grandes vítimas da inflação, como lembramos ontem. A presidente já havia dito que Guido Mantega, hoje motivo de piada internacional, não seguiria à frente da equipe econômica. Mas, se “Dilma é seu próprio ministro da Fazenda”, como disse Delfim Netto à revista The Economist, o país só teria, no máximo, um novo copiloto, enquanto o verdadeiro responsável pela pilotagem permanece o mesmo. E, a julgar pela campanha, a presidente não parece considerar equivocado o rumo que deu ao país, abandonando o tripé macroeconômico.
Se desejamos a Dilma sucesso na tarefa de recolocar a economia nos eixos, não o fazemos por concordar com a corrupção desenfreada que grassa nos governos petistas, nem com o hábito de considerar “heróis” criminosos condenados, nem com a cumplicidade histórica do partido com as mais abjetas ditaduras, nem com o aparelhamento de estatais e órgãos públicos para transformá-los em braços do partido, nem com o ataque sistemático às instituições e liberdades democráticas promovido por pessoas como Lula ou Rui Falcão. É simplesmente por querer o bem do nosso país e por acreditar que as pessoas podem mudar para melhor. Nesse sentido, é preciso dar um voto de confiança à presidente Dilma. Que ela saiba governar com sabedoria ao longo dos próximos quatro anos, curando as feridas destes últimos meses.
A campanha de Dilma foi marcada pela baixaria. Mas, uma vez vitoriosa, que ela conduza seu segundo mandato com sabedoria
Escândalos sucessivos de corrupção e uma economia cambaleante não foram suficientes para que os eleitores brasileiros optassem pela alternância de poder. Ontem, Dilma Rousseff foi reeleita para um segundo mandato, o que levará o PT a 16 anos no Palácio do Planalto. Se programas como o Bolsa Família, o Pronatec, o Mais Médicos e o Minha Casa, Minha Vida tiveram influência no ânimo do eleitor, não se pode descartar um outro aspecto. Afinal, tão digna de nota quanto o resultado da eleição é a maneira como ele foi obtido.
O PT praticou, nesses meses, a campanha eleitoral mais sórdida dos últimos anos. Cheios daquele “ardor apaixonado” do qual “os piores estão cheios”, nas palavras do poeta irlandês William Butler Yeats, marqueteiros, candidata e, principalmente, o ex-presidente Lula se entregaram à baixaria, não pensando duas vezes antes de promover a desconstrução mentirosa dos adversários. Primeiro, com Marina Silva, que após a morte de Eduardo Campos despontou como aquela que tinha mais chances de vencer. Sua proposta de independência do Banco Central chegou a ser diretamente associada à falta de comida na mesa do brasileiro.
Com Marina derrotada no primeiro turno, foi a vez de Aécio Neves receber o bombardeio petista. Acusações de caráter pessoal e afirmações explícitas de que em seu governo os programas sociais seriam extintos se tornaram frequentes. Mas Aécio reagiu com firmeza, o que gerou uma nova onda de agressões, agora de um Lula ensandecido: como o tucano falava duro com Dilma nos debates, Lula resolveu acusá-lo de “desrespeitar mulheres” (embora Lula não tenha pensado muito em “respeito às mulheres” quanto atacou a jornalista Miriam Leitão, nem quando pediu a cabeça de uma analista do banco Santander). Na semana passada, o ex-presidente chegou a afirmar que os tucanos estavam “agredindo a gente como os nazistas agrediam no tempo da Segunda Guerra Mundial” – o que levou a Confederação Israelita Brasileira a manifestar seu repúdio. A vitória nas urnas dessa estratégia suja manda o pior recado que a jovem democracia brasileira poderia receber: a de que “fazer o diabo”, como havia prometido Dilma em 2013, compensa.
Mas a vontade das urnas tem de ser respeitada, e só podemos esperar que o segundo mandato de Dilma seja melhor que o primeiro, tanto no campo moral quanto no econômico, pois o país já não aguenta mais ver os recursos públicos seguidamente desviados – aos milhões e, às vezes, bilhões – em benefício do PT e de seus aliados. E também teme a volta da inflação, acompanhada da estagnação econômica marcada pelo crescimento pífio que coloca o país na rabeira da América Latina. São justamente os mais pobres as grandes vítimas da inflação, como lembramos ontem. A presidente já havia dito que Guido Mantega, hoje motivo de piada internacional, não seguiria à frente da equipe econômica. Mas, se “Dilma é seu próprio ministro da Fazenda”, como disse Delfim Netto à revista The Economist, o país só teria, no máximo, um novo copiloto, enquanto o verdadeiro responsável pela pilotagem permanece o mesmo. E, a julgar pela campanha, a presidente não parece considerar equivocado o rumo que deu ao país, abandonando o tripé macroeconômico.
Se desejamos a Dilma sucesso na tarefa de recolocar a economia nos eixos, não o fazemos por concordar com a corrupção desenfreada que grassa nos governos petistas, nem com o hábito de considerar “heróis” criminosos condenados, nem com a cumplicidade histórica do partido com as mais abjetas ditaduras, nem com o aparelhamento de estatais e órgãos públicos para transformá-los em braços do partido, nem com o ataque sistemático às instituições e liberdades democráticas promovido por pessoas como Lula ou Rui Falcão. É simplesmente por querer o bem do nosso país e por acreditar que as pessoas podem mudar para melhor. Nesse sentido, é preciso dar um voto de confiança à presidente Dilma. Que ela saiba governar com sabedoria ao longo dos próximos quatro anos, curando as feridas destes últimos meses.
Os desafios de Dilma - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 27/10
Reeleita por pequena margem, presidente deve desanuviar o ambiente político e atender a expectativas de mudança
Numa disputa milimétrica, que galvanizou a atenção --e as emoções-- da maioria dos brasileiros durante o início da noite de ontem (26), Dilma Rousseff (PT) foi reeleita presidente da República.
O resultado apertado não se reproduziu, contudo, em todas as unidades da Federação. Nos Estados do Sul e em São Paulo, Aécio Neves (PSDB) levou larga vantagem, enquanto a petista teve amplo apoio no Norte e no Nordeste.
As diferenças regionais e sociais entre os apoiadores de um e outro candidato não têm como abolir, de qualquer modo, um fato essencial: à presidente da República cabe governar o conjunto do país.
Não serão pequenos os desafios políticos e administrativos que estão à frente. Nada pior do que imaginar, dada a estreita margem a garantir a vitória petista, que se tenha concedido uma carta branca ao comportamento e à gestão de Dilma Rousseff até aqui.
Ao mesmo tempo em que as urnas expressam o desejo de continuidade dos programas sociais, uma profunda expectativa de mudança de rumos não pode ser descartada da equação de poder.
A economia necessita de ajustes, e a necessidade de uma equipe nova, capaz de reconfigurar o diálogo entre o Planalto e os setores produtivos, impõe-se com clareza.
A reforma política passou, desde os últimos momentos da campanha, a ser admitida como prioridade pela presidente --ao que tudo indica para efeito retórico.
Externamente, as relações com o Congresso e com os poderes regionais se tornam mais delicadas do que nunca; mas, ao mesmo tempo, uma composição partidária esfacelada no Legislativo e um quadro em que o PSDB sai vencedor em Estados importantes aumentam os anteparos ao poder federal.
No curtíssimo prazo, cumpre dissipar o clima de confronto e sectarismo que marcou as últimas semanas da vida política brasileira.
Sinal inequívoco do clima de radicalização deste final de campanha, o ataque realizado por uma minoria de militantes contra a sede da revista "Veja", em São Paulo, suscita firme repúdio e fundamentadas preocupações.
Não foi este o único arranhão que se infligiu à liberdade de imprensa. Numa decisão monocrática e questionável --ainda mais porque partiu de um ex-advogado da campanha de Dilma em 2010--, o ministro Admar Gonzaga impôs, sobre a mesma revista semanal, a obrigação de conceder direito de resposta à coligação do PT por noticiar fatos desfavoráveis aos interesses da candidatura.
Proibiu, ademais, a divulgação de publicidade da revista, na interpretação de que constituiria uma forma de propaganda eleitoral disfarçada, numa decisão sem dúvida inconstitucional.
Se, nesses casos, o calor eleitoral predominou sobre a institucionalidade democrática, abre-se agora uma fase de reconciliação e, sobretudo, de reconstrução administrativa, política e econômica.
Que a presidente Dilma Rousseff, eleita para governar por mais quatro anos, tenha sorte, talento e humildade para levá-la adiante.
Reeleita por pequena margem, presidente deve desanuviar o ambiente político e atender a expectativas de mudança
Numa disputa milimétrica, que galvanizou a atenção --e as emoções-- da maioria dos brasileiros durante o início da noite de ontem (26), Dilma Rousseff (PT) foi reeleita presidente da República.
O resultado apertado não se reproduziu, contudo, em todas as unidades da Federação. Nos Estados do Sul e em São Paulo, Aécio Neves (PSDB) levou larga vantagem, enquanto a petista teve amplo apoio no Norte e no Nordeste.
As diferenças regionais e sociais entre os apoiadores de um e outro candidato não têm como abolir, de qualquer modo, um fato essencial: à presidente da República cabe governar o conjunto do país.
Não serão pequenos os desafios políticos e administrativos que estão à frente. Nada pior do que imaginar, dada a estreita margem a garantir a vitória petista, que se tenha concedido uma carta branca ao comportamento e à gestão de Dilma Rousseff até aqui.
Ao mesmo tempo em que as urnas expressam o desejo de continuidade dos programas sociais, uma profunda expectativa de mudança de rumos não pode ser descartada da equação de poder.
A economia necessita de ajustes, e a necessidade de uma equipe nova, capaz de reconfigurar o diálogo entre o Planalto e os setores produtivos, impõe-se com clareza.
A reforma política passou, desde os últimos momentos da campanha, a ser admitida como prioridade pela presidente --ao que tudo indica para efeito retórico.
Externamente, as relações com o Congresso e com os poderes regionais se tornam mais delicadas do que nunca; mas, ao mesmo tempo, uma composição partidária esfacelada no Legislativo e um quadro em que o PSDB sai vencedor em Estados importantes aumentam os anteparos ao poder federal.
No curtíssimo prazo, cumpre dissipar o clima de confronto e sectarismo que marcou as últimas semanas da vida política brasileira.
Sinal inequívoco do clima de radicalização deste final de campanha, o ataque realizado por uma minoria de militantes contra a sede da revista "Veja", em São Paulo, suscita firme repúdio e fundamentadas preocupações.
Não foi este o único arranhão que se infligiu à liberdade de imprensa. Numa decisão monocrática e questionável --ainda mais porque partiu de um ex-advogado da campanha de Dilma em 2010--, o ministro Admar Gonzaga impôs, sobre a mesma revista semanal, a obrigação de conceder direito de resposta à coligação do PT por noticiar fatos desfavoráveis aos interesses da candidatura.
Proibiu, ademais, a divulgação de publicidade da revista, na interpretação de que constituiria uma forma de propaganda eleitoral disfarçada, numa decisão sem dúvida inconstitucional.
Se, nesses casos, o calor eleitoral predominou sobre a institucionalidade democrática, abre-se agora uma fase de reconciliação e, sobretudo, de reconstrução administrativa, política e econômica.
Que a presidente Dilma Rousseff, eleita para governar por mais quatro anos, tenha sorte, talento e humildade para levá-la adiante.
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
YOUSSEF ENTREGA PROVAS SOBRE POLÍTICOS QUE CITOU
Além de entregar comparsas no governo e no Congresso Nacional, o megadoleiro Alberto Youssef também está mostrando à Polícia e ao Ministério Público Federal todas as provas documentais que acumulou e deixou em mãos de pessoas de sua confiança. Ele promete revelar os bens usados pelo esquema do Petrolão para presentear corruptos, além dos números das contas do desses políticos em paraísos fiscais.
VAREJÃO DA CORRUPÇÃO
Paulo Roberto Costa tratava com a cúpula do poder (Lula o chamava de “Paulinho”) e Youssef fazia o “varejo”, pagando propina a políticos.
BANCADA DO PETROLÃO
Alberto Youssef já revelou à PF e ao MPF que pelo menos 28 membros do Congresso recebiam propinas mensais de R$ 100 mil a R$ 150 mil.
ELES SABIAM DE TUDO
Na terça-feira, 30, Youssef revelou à PF e ao MPF, em depoimento, que Lula e Dilma sempre souberam da roubalheira na Petrobras.
PF BEM QUE AVISOU
Ainda no início das investigações, a Polícia Federal concluiu que uma quadrilha se instalou na Petrobras para roubá-la. Estava corretíssima.
DESAFIO DE DILMA SERÁ APROXIMAR O PAÍS DIVIDIDO
Reeleita com grande votação nos grotões, a presidenta Dilma (PT) terá uma tarefa difícil em seu segundo mandato: buscar a reconciliação com a metade do País que a rejeitou nas urnas. Após campanha agressiva, multidões passaram a hostilizá-la nas grandes cidades, durante eventos em estádios, ginásios esportivos etc., o desafio de Dilma será usar muita política e menos propaganda para reconquistar os corações.
ANTIPETISMO
Maior Estado do País, São Paulo definitivamente não quer papo com o PT: 65% votaram em Aécio Neves.
ALVES SEM MANDATO
Depois de 44 anos, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), fica sem mandato após sua derrota ontem.
MINAS E PERNAMBUCO
A presidenta Dilma Rousseff (PT), reeleita na noite de ontem, venceu Pernambuco, reduto do falecido governador Eduardo Campos (PSB), com mais de 70% dos votos. Em Minas Gerais, reduto do tucano Aécio Neves, Dilma teve 52,4% contra 47,6%. Aécio cresceu em SP.
SOSSEGA LEÃO
Homem forte na campanha da presidente Dilma, Giles Azevedo deixou a equipe de sobreaviso ontem para um encontro a fim de acompanhar a apuração dos votos. A turma estava à base do calmante.
PESQUISAS DERROTADAS
Os pesquiseiros do Ibope e Datafolha erraram de novo nos Estados, nas vitórias de José Ivo Sartori (PMDB-RS), Simão Jatene (PSDB-PA) e Marconi Perillo (PSDB-GO), bem mais expressivas que o previsto.
NOVES FORA, ZERO
O deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) acredita que as abstenções em Belo Horizonte devido às fortes chuvas ontem não ajudaram nem prejudicaram Aécio ou Dilma: “Como havia empate, perderam os dois”.
BOTA FORA
O senador Cristovam Buarque (PDT) diz que ficou “satisfeito” com eleição de Rodrigo Rollemberg (PSB), no DF, deixando de fora a turma de José Roberto Arruda e Joaquim Roriz: “Dos antigos, só sobrou eu”.
MESMO AVIÃO
Aliado histórico do PSDB, o DEM descolou um avião ontem a fim de levar políticos potiguares e pernambucanos para acompanhar, em MG, o resultado das eleições. Foram no mesmo voo José Agripino (RN), Felipe Maia (RN), Mendonça Filho (PE) e Bruno Araújo (PE).
ANO DE CRISE
Será perdido o ano de 2015, segundo líderes do Congresso. É que a revelação dos ladrões do Petrolão provocará abertura de processos de cassação e ações criminais na Justiça. E isso deve paralisar o País.
COTADOS
O vice-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, e o relator da CPMI da Petrobras, Marco Maia (RS), são cotados no PT para encarar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na briga pela presidência da Câmara em 2015.
PARA ALÍVIO GERAL
Hospitalizado, o megadoleiro Alberto Youssef ganhou bom motivo para não aparecer na CPI do Petrolão, na quarta (29).
Além de entregar comparsas no governo e no Congresso Nacional, o megadoleiro Alberto Youssef também está mostrando à Polícia e ao Ministério Público Federal todas as provas documentais que acumulou e deixou em mãos de pessoas de sua confiança. Ele promete revelar os bens usados pelo esquema do Petrolão para presentear corruptos, além dos números das contas do desses políticos em paraísos fiscais.
VAREJÃO DA CORRUPÇÃO
Paulo Roberto Costa tratava com a cúpula do poder (Lula o chamava de “Paulinho”) e Youssef fazia o “varejo”, pagando propina a políticos.
BANCADA DO PETROLÃO
Alberto Youssef já revelou à PF e ao MPF que pelo menos 28 membros do Congresso recebiam propinas mensais de R$ 100 mil a R$ 150 mil.
ELES SABIAM DE TUDO
Na terça-feira, 30, Youssef revelou à PF e ao MPF, em depoimento, que Lula e Dilma sempre souberam da roubalheira na Petrobras.
PF BEM QUE AVISOU
Ainda no início das investigações, a Polícia Federal concluiu que uma quadrilha se instalou na Petrobras para roubá-la. Estava corretíssima.
DESAFIO DE DILMA SERÁ APROXIMAR O PAÍS DIVIDIDO
Reeleita com grande votação nos grotões, a presidenta Dilma (PT) terá uma tarefa difícil em seu segundo mandato: buscar a reconciliação com a metade do País que a rejeitou nas urnas. Após campanha agressiva, multidões passaram a hostilizá-la nas grandes cidades, durante eventos em estádios, ginásios esportivos etc., o desafio de Dilma será usar muita política e menos propaganda para reconquistar os corações.
ANTIPETISMO
Maior Estado do País, São Paulo definitivamente não quer papo com o PT: 65% votaram em Aécio Neves.
ALVES SEM MANDATO
Depois de 44 anos, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), fica sem mandato após sua derrota ontem.
MINAS E PERNAMBUCO
A presidenta Dilma Rousseff (PT), reeleita na noite de ontem, venceu Pernambuco, reduto do falecido governador Eduardo Campos (PSB), com mais de 70% dos votos. Em Minas Gerais, reduto do tucano Aécio Neves, Dilma teve 52,4% contra 47,6%. Aécio cresceu em SP.
SOSSEGA LEÃO
Homem forte na campanha da presidente Dilma, Giles Azevedo deixou a equipe de sobreaviso ontem para um encontro a fim de acompanhar a apuração dos votos. A turma estava à base do calmante.
PESQUISAS DERROTADAS
Os pesquiseiros do Ibope e Datafolha erraram de novo nos Estados, nas vitórias de José Ivo Sartori (PMDB-RS), Simão Jatene (PSDB-PA) e Marconi Perillo (PSDB-GO), bem mais expressivas que o previsto.
NOVES FORA, ZERO
O deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) acredita que as abstenções em Belo Horizonte devido às fortes chuvas ontem não ajudaram nem prejudicaram Aécio ou Dilma: “Como havia empate, perderam os dois”.
BOTA FORA
O senador Cristovam Buarque (PDT) diz que ficou “satisfeito” com eleição de Rodrigo Rollemberg (PSB), no DF, deixando de fora a turma de José Roberto Arruda e Joaquim Roriz: “Dos antigos, só sobrou eu”.
MESMO AVIÃO
Aliado histórico do PSDB, o DEM descolou um avião ontem a fim de levar políticos potiguares e pernambucanos para acompanhar, em MG, o resultado das eleições. Foram no mesmo voo José Agripino (RN), Felipe Maia (RN), Mendonça Filho (PE) e Bruno Araújo (PE).
ANO DE CRISE
Será perdido o ano de 2015, segundo líderes do Congresso. É que a revelação dos ladrões do Petrolão provocará abertura de processos de cassação e ações criminais na Justiça. E isso deve paralisar o País.
COTADOS
O vice-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, e o relator da CPMI da Petrobras, Marco Maia (RS), são cotados no PT para encarar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na briga pela presidência da Câmara em 2015.
PARA ALÍVIO GERAL
Hospitalizado, o megadoleiro Alberto Youssef ganhou bom motivo para não aparecer na CPI do Petrolão, na quarta (29).
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