O GLOBO - 13/06
Vejam como os europeus estão de olho no dinheiro dos brasileiros que viajam para lá. O grupo Chic Outlet Shopping, graúdo na Europa, contratou nossa Debora Bloch e a filha Júlia Anquier para estrelarem sua próxima campanha. As duas já até posaram para fotos (acima).
É que...
Um estudo põe os brasileiros entre os que mais gastam lá. Só perdem para chineses e russos. Gastamos, em média, 297 euros em lojas como Gucci, Prada...
Cada um no seu galho
A Fifa, com discreto apoio do governo, sonha convencer José Maria Marin, da CBF, a deixar a presidência do Comitê Local da Copa. Nada pessoal. A acumulação de cargos, iniciada por Ricardo Teixeira, é vista como improdutiva.
Tanque de pão
Dia 19, o Morro Dona Marta receberá um tanque de guerra todo feito de pães. A ideia, do Viva Rio, é despertar o olhar mundial para os gastos militares globais anuais (cerca de US$ 1,7 trilhão). Menos de 5% disso já financiariam os Objetivos do Milênio da ONU, como o fim da miséria.
Erotismo no Brasil
O livro “Histórias íntimas”, da historiadora Mary del Priore, sobre a evolução do erotismo no país, virou filme de Júlio Léllis. Estreia ainda este ano. Traz no elenco Nádia Lippi, Cristina Prochaska, Sônia Clara, Luciano Szafir e Tássia Camargo.
RUBEM FONSECA, 87 anos, nosso grande escritor que prefere viver longe dos flashes, abriu uma exceção. Por uma causa nobre, claro. Ontem de manhã, o autor de “Agosto” se deixou fotografar numa visita ao ipê-roxo que plantou há uns dois anos naPraça Antero de Quental, no Leblon. O romancista está preocupado, pois o local vai virar canteiro de obras em breve, com a construção da Linha 4 do metrô. Mas o consórcio responsável procurou o mestre das letras para garantir que o ipê terá cuidados especiais e será replantado em outro ponto da praça no fim das obras. Nesse tempo, ficará cercado por tapumes. Que Deus proteja o ipê, abençoe o nosso Rubem, e a nós não desampare jamais
A história continua
A Biblioteca Nacional convoca hoje, em seu site, entidades sem fins lucrativos interessadas em coeditar a “Revista de História”. Na prática, é uma intervenção na revista, hoje controlada pela Sociedade dos Amigos da Biblioteca Nacional, entidade que causou a atual crise e agora poderá ser substituída por outra.
Com aval do STF
Será aberto processo de extradição do argentino Cláudio Vallejos, 53 anos, preso em Santa Catarina por estelionato. “El Gordo”, como é chamado, admitiu que, na ditadura argentina (1976-1983), fez parte de torturas e da morte de presos políticos — entre eles, brasileiros.
Arte de Aderbal
Aderbal Freire Filho será o novo apresentador do “Arte do Artista”, na TV Brasil, no lugar do saudoso Sérgio Britto.
Acabou em samba
Domingo, Eduardo Paes vai levar para visitar o bloco Cacique de Ramos um grupo de índios que veio para a Rio+20 e está reunido na aldeia Kari-Oca. São tribos diferentes. Mas vai ser curioso.
Combate à pobreza
A ONG Rio de Paz, que ficou conhecida quando fincou 700 cruzes na areia de Copacabana, vai reproduzir uma favela de novo na praia, numa série de protestos a partir do dia 16.
Reage, Flamengo
Três executivos de sucesso — Carlos Geraldo Langoni, Rodolfo Landim e Flávio Godinho — vão preparar, a pedido da oposição à atual diretoria do Flamengo, um projeto com diretrizes básicas para a modernização do clube.
PPS com Paes
Sábado, o PPS vai fazer convenção e já lançar sua chapa completa para vereadores. Além disso, oficializará seu apoio a Paes. O apoio foi costurado pelo “Adriano do MR-8”, codinome do vice-prefeito Carlos Alberto Muniz na ditadura.
Em nome de Patrícia
O juiz Fábio Uchôa julga hoje Edson da Silva Mota e seu filho André. Os dois são acusados de liderar a máfia das vans em São Gonçalo e de mandar matar Luiz Cláudio de Souza Moreira por causa do controle do transporte. A juíza Patrícia Acioli cuidava do processo até ser assassinada, em agosto de 2011.
quarta-feira, junho 13, 2012
Muito além da CPI - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 13/06
Quanto mais a presidente se afasta da sua própria base, mais os partidos, em especial o PMDB, se unem à oposição. Ontem foi um desses momentos. Há outros em curso
É bom a presidente Dilma Rousseff prestar mais atenção ao que ocorre no parlamento. Enquanto ela se mantém focada nos eventos internacionais, acordos vão se formatando entre o PSDB e o PMDB. Na sessão de ontem da CPI de Carlos Cachoeira, essa parceria ficou implícita em vários momentos.
O primeiro deles, mais emblemático, foi o silêncio da deputada Íris de Araújo (PMDB-GO) ao não se manifestar na sessão. Ela passou todo o dia sem fazer sequer uma pergunta ao governador Marconi Perillo. Outro amigo foi o deputado Filipe Pereira (PSC-RJ), da trupe do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do PMDB. O jovem parlamentar foi o primeiro a citar o episódio do mensalão do PT.
A menção ao mensalão só não foi levantada pelo PMDB para não deixar tão à vista a parceira entre a oposição e o principal aliado do Palácio do Planalto. A bola levantada por Pereira foi redondinha para Perillo cortar. O governador, então, disse que não estava ali para falar do mensalão petista, mas não deixou de mencionar que havia alertado Lula. Foi um lance com cara de jogada tão ensaiada quanto os passes da Seleção Brasileira de futebol na Copa de 1994.
Por falar em ensaio...
Diante de uma presidente que não tem lá muita paciência para o jogo político congressual, a base segue meio solta. Assim, aproximam-se aqueles que têm afinidades nessa seara. Nesse cenário, as consequências já começam a surgir. Quanto mais a presidente se afasta da sua própria base, mais os partidos se unem à oposição em vários momentos, chorando as mágoas em relação ao Planalto.
A resultante desse processo no futuro próximo será o fortalecimento da candidatura de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) rumo à presidência da Câmara em janeiro do ano que vem. Dilma não é hoje a melhor amiga do líder do PMDB. Por isso, quanto mais ela estiver longe dos congressistas, mais eles vão fechar com Henrique Alves.
O líder do PMDB foi um dos puxadores da derrota do governo no Código Florestal na Câmara. Muitos recordam ainda que, volta e meia, ele tem algum entrevero com o Poder Executivo. Há quem recorde inclusive a velha história do bambolê, um presente de Henrique Alves à então ministra Dilma Rousseff, a todo-poderosa da Casa Civil no governo Lula. Ali, ficou eternamente simbolizado para muitos políticos a falta de jogo de cintura da futura presidente com os parlamentares. Por essas e outras, Henrique é visto hoje pela oposição e pelos partidos da base como o nome mais forte para empunhar a bandeira de uma Câmara mais independente em relação ao Planalto.
Por falar em oposição...
Esse ensaio rumo ao fortalecimento político do PMDB no Congresso via parceria com os tucanos indica, dentro da CPI e fora dela, que os peemedebistas começam a trabalhar um caminho alternativo longe do PT. Afinal, se a economia fizer água, ainda que por fatores externos, os partidos consideram difícil a presidente Dilma manter os atuais índices de popularidade. E, nesse cenário, se Lula não for o candidato, o PT não tem hoje ninguém a quem recorrer para carregar a bandeira vermelha com reais chances de vitória.
É por aí que a oposição vai jogar daqui pra frente. E, dada as alianças em formatação, a CPI que serviria para emparedar o PSDB começou a virar o leme para o outro lado. Hoje, no depoimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, será mais um capítulo a se acompanhar.
Por falar em capítulo...
Hoje à noite, o Memorial JK será palco do lançamento do livro Momentos Decisivos — JK contra o Golpismo no Brasil. Mais um capítulo da vida do ex-presidente vem a público pelas mãos do ex-deputado Carlos Murilo Felício dos Santos, primo de JK. Indispensável para quem gosta de política e da história do presidente que construiu Brasília.
Quanto mais a presidente se afasta da sua própria base, mais os partidos, em especial o PMDB, se unem à oposição. Ontem foi um desses momentos. Há outros em curso
É bom a presidente Dilma Rousseff prestar mais atenção ao que ocorre no parlamento. Enquanto ela se mantém focada nos eventos internacionais, acordos vão se formatando entre o PSDB e o PMDB. Na sessão de ontem da CPI de Carlos Cachoeira, essa parceria ficou implícita em vários momentos.
O primeiro deles, mais emblemático, foi o silêncio da deputada Íris de Araújo (PMDB-GO) ao não se manifestar na sessão. Ela passou todo o dia sem fazer sequer uma pergunta ao governador Marconi Perillo. Outro amigo foi o deputado Filipe Pereira (PSC-RJ), da trupe do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do PMDB. O jovem parlamentar foi o primeiro a citar o episódio do mensalão do PT.
A menção ao mensalão só não foi levantada pelo PMDB para não deixar tão à vista a parceira entre a oposição e o principal aliado do Palácio do Planalto. A bola levantada por Pereira foi redondinha para Perillo cortar. O governador, então, disse que não estava ali para falar do mensalão petista, mas não deixou de mencionar que havia alertado Lula. Foi um lance com cara de jogada tão ensaiada quanto os passes da Seleção Brasileira de futebol na Copa de 1994.
Por falar em ensaio...
Diante de uma presidente que não tem lá muita paciência para o jogo político congressual, a base segue meio solta. Assim, aproximam-se aqueles que têm afinidades nessa seara. Nesse cenário, as consequências já começam a surgir. Quanto mais a presidente se afasta da sua própria base, mais os partidos se unem à oposição em vários momentos, chorando as mágoas em relação ao Planalto.
A resultante desse processo no futuro próximo será o fortalecimento da candidatura de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) rumo à presidência da Câmara em janeiro do ano que vem. Dilma não é hoje a melhor amiga do líder do PMDB. Por isso, quanto mais ela estiver longe dos congressistas, mais eles vão fechar com Henrique Alves.
O líder do PMDB foi um dos puxadores da derrota do governo no Código Florestal na Câmara. Muitos recordam ainda que, volta e meia, ele tem algum entrevero com o Poder Executivo. Há quem recorde inclusive a velha história do bambolê, um presente de Henrique Alves à então ministra Dilma Rousseff, a todo-poderosa da Casa Civil no governo Lula. Ali, ficou eternamente simbolizado para muitos políticos a falta de jogo de cintura da futura presidente com os parlamentares. Por essas e outras, Henrique é visto hoje pela oposição e pelos partidos da base como o nome mais forte para empunhar a bandeira de uma Câmara mais independente em relação ao Planalto.
Por falar em oposição...
Esse ensaio rumo ao fortalecimento político do PMDB no Congresso via parceria com os tucanos indica, dentro da CPI e fora dela, que os peemedebistas começam a trabalhar um caminho alternativo longe do PT. Afinal, se a economia fizer água, ainda que por fatores externos, os partidos consideram difícil a presidente Dilma manter os atuais índices de popularidade. E, nesse cenário, se Lula não for o candidato, o PT não tem hoje ninguém a quem recorrer para carregar a bandeira vermelha com reais chances de vitória.
É por aí que a oposição vai jogar daqui pra frente. E, dada as alianças em formatação, a CPI que serviria para emparedar o PSDB começou a virar o leme para o outro lado. Hoje, no depoimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, será mais um capítulo a se acompanhar.
Por falar em capítulo...
Hoje à noite, o Memorial JK será palco do lançamento do livro Momentos Decisivos — JK contra o Golpismo no Brasil. Mais um capítulo da vida do ex-presidente vem a público pelas mãos do ex-deputado Carlos Murilo Felício dos Santos, primo de JK. Indispensável para quem gosta de política e da história do presidente que construiu Brasília.
O alívio do tucano - CAROLINA BAHIA
ZERO HORA - 13/06
Marconi Perillo saiu da CPI do Cachoeira melhor do que entrou. Firme na defesa, orador experiente, conduziu sem sobressaltos a apresentação de quase duas horas. Mas o que de fato contribuiu para o desempenho do tucano foram as perguntas fracas, até mal formuladas. Ao contrário do que ameaçava nos bastidores, o PT pegou leve. Por incompetência ou má-fé, o relator Odair Cunha (PT-MG) seguiu um insosso roteiro de questões sem avançar um milímetro nas denúncias já apresentadas na imprensa. Afinal, a venda da casa continua intrincada demais para ser uma simples transação comercial, e as relações pessoais de Perillo com o bicheiro não ficaram esclarecidas. Ao final, parlamentares diziam já sentir um perfume de acordão no ar. Desconfiado, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) deu a dica:
- Agora, vamos ver como o PSDB vai se comportar diante do petista Agnelo Queiroz.
Bem arranjados
Aliás, não é a primeira vez que Odair Cunha tem um desempenho pífio na CPI. Quando o bicheiro Carlinhos Cachoeira foi à sessão disposto a não falar, o petista tremia de nervoso.
- É que ele é tímido - defendia um deputado petista.
Bodas
À frente das negociações da aliança do petista Adão Villaverde com o PR, o deputado Paulo Ferreira (PT, foto) brinca que na próxima semana um namoro vai virar casamento. Confiante de que o acordo vai se concretizar, ele adianta que os partidos que formam a aliança se reunirão para decidir de quem será a vaga de vice.
Dança de cadeiras
Depois da Rio+20, o ministério do governo Dilma poderá sofrer mais uma mudança, com a saída da ministra Helena Chagas da Secretaria de Comunicação. A volta de Franklin Martins para o cargo já contaria com um lobista de peso: o ex-presidente Lula. Mas ao que tudo indica, Dilma está mais inclinada para uma solução caseira.
Ressaca
Deputados da bancada federal do PP avisam que não pretendem seguir a Senadora Ana Amélia Lemos no apoio paralelo a Manuela D"Ávila.
- O momento agora é outro. Sou um político de partido. O importante é a unidade - alegava um parlamentar.
PARA CONFERIR ali adiante
Rebelde
Quem resolveu também desafiar a orientação do Planalto foi o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). Em reunião com os líderes dos partidos, ele prometeu priorizar a votação dos royalties do petróleo, assim que o plenário limpar a pauta das medidas provisórias. A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) já avisou, no entanto, que royalties, só depois das eleições.
Censura prévia
A comissão especial da MP do Código Florestal resolveu marcar para o dia 26 a participação dos ministros envolvidos no tema, quando o deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) reclamou:
- Como vocês querem que o Mendes venha? Ele foi proibido de falar pela presidente Dilma.
O ministro, no entanto, confirmou presença. É que a lei do silêncio vale só até o final da Rio+20.
Marconi Perillo saiu da CPI do Cachoeira melhor do que entrou. Firme na defesa, orador experiente, conduziu sem sobressaltos a apresentação de quase duas horas. Mas o que de fato contribuiu para o desempenho do tucano foram as perguntas fracas, até mal formuladas. Ao contrário do que ameaçava nos bastidores, o PT pegou leve. Por incompetência ou má-fé, o relator Odair Cunha (PT-MG) seguiu um insosso roteiro de questões sem avançar um milímetro nas denúncias já apresentadas na imprensa. Afinal, a venda da casa continua intrincada demais para ser uma simples transação comercial, e as relações pessoais de Perillo com o bicheiro não ficaram esclarecidas. Ao final, parlamentares diziam já sentir um perfume de acordão no ar. Desconfiado, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) deu a dica:
- Agora, vamos ver como o PSDB vai se comportar diante do petista Agnelo Queiroz.
Bem arranjados
Aliás, não é a primeira vez que Odair Cunha tem um desempenho pífio na CPI. Quando o bicheiro Carlinhos Cachoeira foi à sessão disposto a não falar, o petista tremia de nervoso.
- É que ele é tímido - defendia um deputado petista.
Bodas
À frente das negociações da aliança do petista Adão Villaverde com o PR, o deputado Paulo Ferreira (PT, foto) brinca que na próxima semana um namoro vai virar casamento. Confiante de que o acordo vai se concretizar, ele adianta que os partidos que formam a aliança se reunirão para decidir de quem será a vaga de vice.
Dança de cadeiras
Depois da Rio+20, o ministério do governo Dilma poderá sofrer mais uma mudança, com a saída da ministra Helena Chagas da Secretaria de Comunicação. A volta de Franklin Martins para o cargo já contaria com um lobista de peso: o ex-presidente Lula. Mas ao que tudo indica, Dilma está mais inclinada para uma solução caseira.
Ressaca
Deputados da bancada federal do PP avisam que não pretendem seguir a Senadora Ana Amélia Lemos no apoio paralelo a Manuela D"Ávila.
- O momento agora é outro. Sou um político de partido. O importante é a unidade - alegava um parlamentar.
PARA CONFERIR ali adiante
Rebelde
Quem resolveu também desafiar a orientação do Planalto foi o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). Em reunião com os líderes dos partidos, ele prometeu priorizar a votação dos royalties do petróleo, assim que o plenário limpar a pauta das medidas provisórias. A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) já avisou, no entanto, que royalties, só depois das eleições.
Censura prévia
A comissão especial da MP do Código Florestal resolveu marcar para o dia 26 a participação dos ministros envolvidos no tema, quando o deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) reclamou:
- Como vocês querem que o Mendes venha? Ele foi proibido de falar pela presidente Dilma.
O ministro, no entanto, confirmou presença. É que a lei do silêncio vale só até o final da Rio+20.
Depois da euforia (II): produtividade fraca - FABIO GIAMBIAGI
Valor Econômico - 13/06
Continuo hoje a série de cinco artigos acerca do meu livro com Armando Castelar ("Além da euforia", Editora Campus). O livro trata do "lado escuro da Lua" da nossa realidade: os problemas, a rigor, conhecidos por todos, mas que insistimos em não levar em consideração. Após um primeiro artigo geral, o tema em questão hoje é a nossa baixa produtividade.
A economia brasileira está ingressando em mares nunca dantes navegados: o da escassez de mão de obra. Em épocas antigas, a necessidade de braços (e mentes) era abastecida pelo movimento demográfico do país. Entre 1950 e 1960, a população brasileira cresceu a uma taxa de 3% ao ano, taxa que se manteve elevada por um par de décadas. Além disso, o Brasil dinâmico era o da indústria em expansão e a migração campo-cidade assegurava fluxos de trabalhadores aos borbotões. Como se não bastasse, a expansão da participação das mulheres no mercado fazia com que a taxa de variação do número de pessoas dispostas a trabalhar fosse maior que a do número de pessoas em idade de trabalhar.
Quando comecei a estudar economia, em 1980, logo tivemos a crise recessiva de 1981/1983 e a economia entrou em colapso. O investimento despencou e o desemprego em massa tornou-se um fantasma que assolou toda uma geração. No Brasil no qual se formou o grupo dos economistas "cinquentões" a que pertenço, o grande entrave ao crescimento era a escassez ora de demanda - quase sempre - ora de capital, nas (raras) ocasiões em que o produto potencial não conseguia "dar conta do recado", como nos "minibooms" do Plano Cruzado (1986), do Plano Real (1994/1995) ou, episodicamente, em alguns momentos de 2005, 2008 ou 2010, quando o governo tinha que subir os juros para esfriar a economia. Falta de mão de obra, porém, era um não problema, uma categoria analítica que não frequentava nossa realidade - nem nos meus anos de faculdade do começo dos 80, nem nos 30 anos seguintes.
Agora, porém, as coisas estão mudando (ver tabela). As estatísticas da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) sofreram uma descontinuidade em 2002 e, portanto, o primeiro ano para o qual é possível definir uma média anual é 2003. Entre aquele ano e 2010, as taxas de variação média anual das variáveis População Economicamente Ativa (PEA), População Ocupada (PO) e população desempregada foram de 1,6%, 2,5% e menos 6,8% (taxa negativa), respectivamente. Nesse mesmo período, a taxa de variação média da população de 15 a 64 anos foi também de 1,6% ao ano, similar à da PEA.
A economia brasileira está ingressando em mares nunca dantes navegados: o da escassez de mão de obra
Em 2011, a PEA e a população de 15 a 64 anos aumentaram 1,2% e 1,3%, respectivamente, a PO cresceu 2,1% e o número de desempregados diminuiu 10,4%. A taxa de desemprego média do Brasil está perto do piso. Talvez possa cair mais um pouco, mas quando chegar a algo em torno de 5%, não haverá novos desempregados para serem absorvidos estruturalmente. O emprego no passado recente não foi limitado pela PEA, que nos últimos cinco anos cresceu 1,5% ao ano e, por isso, foi possível que ele pudesse crescer a taxas elevadas. Já nos próximos anos, em contraste com essa realidade, a variável passará a ser limitada pela PEA, ao mesmo tempo em que esta irá a caminho de crescer apenas 1% ao ano daqui a alguns anos.
O que isso significa? Para entender a plena dimensão do desafio, olhemos com cuidado a última coluna da tabela. Ela compara o crescimento do PIB com o da população empregada, medida pela PME. Sei que são universos diferentes e que a PO abrange apenas as regiões metropolitanas, mas o indicador dá uma ideia do que ocorre no mundo real. E o que aconteceu é simples de entender: a produtividade não teve nenhum desempenho exuberante. Nos próximos anos, a não ser que a eficiência da economia dê um salto, se combinarmos a expansão do produto por homem ocupado no ciclo do crescimento do PIB de 2003/2011 (menos de 2%), com a taxa de crescimento da PEA - e da PO - rumo à qual estamos migrando (em torno de 1%), o problema não é que será difícil crescer a pelo menos 5%, como com grande dose de voluntarismo se postula em alguns círculos, mas sim que o Brasil terá problemas até para crescer 4%!
Carlos Díaz Alejandro publicou em meados dos anos 80 um artigo muito comentado na época, chamado "Good-bye financial repression, hello financial crash". Parodiando Alejandro podemos dizer hoje "Adeus, economia da escassez de demanda; bom dia, economia da escassez de mão de obra". O keynesianismo do "pau na máquina" e da demanda "na veia" terá que ceder espaço ao mundo muito mais sofisticado do aumento da produtividade. Para o Brasil, será o fim da vida fácil e a hora de mostrar o seu valor.
Só o necessário - SONIA RACY
O ESTADÃO - 13/06
Querem evitar que apareçam informações como pagamento de pensão alimentícia ou empréstimos, por exemplo.
Necessário 2
E para que os holerites não venham a público individualmente, a Procuradoria Geral da República se organiza para colocar todos, simultaneamente, no ar. O STF faz o mesmo.
Mais humildade
Está no Brasil, à caça de possíveis clientes para comprar 73% da famigerada Companhia Siderúrgica do Atlântico, Guido Kerkhoff, CFO da ThyssenKrupp.
Quando resolveu sair do negócio, o Grupo começou pedindo US$ 10 bilhões. Depois, reavaliou a transação para US$ 7,5 bilhões. Agora, acredita-se que não consiga vender o ativo por mais de US$ 5 bilhões.
Triste, a vida
Nos últimos 60 dias, a imagem do Brasil despencou do céu. Anteontem, mais um pouco. Diretoria de mercados emergentes do HSBC na Suíça publicou, em jornal local, artigo fulminante, intitulado “Fim da era de crescimento fácil”.
Entre as críticas, o protecionismo do governo Dilma, taxado de “ineficiente” e “populista”.
Tic-tac
A Technos negocia compra da Dumont Relógios.
No, we can’t
Luiza Eluf saiu decepcionada, anteontem, de reunião da Comissão de Revisão do Código Penal, da qual faz parte. Suas propostas de criminalização da homofobia e do femicídio foram vetadas.
Um dia após a parada LGBT, que teve, entre suas maiores reivindicações, justamente a punição penal da homofobia.
Para 2013
Tunga ganhará seu terceiro livro. A Cosac Naify contratou a crítica de arte inglesa Catherine Lampert para fazer uma retrospectiva de sua carreira.
Farolete
Muita gente concordou: estava difícil prestar atenção às explicações de Marconi Perillo, ontem, durante depoimento na CPMI do Cachoeira.
Culpa de sua gravata rosa, com impecável nó Windsor.
Rio-20
Álvaro de Souza, da WWF Brasil, não espera nada da Rio+20 depois da preparação conturbada. “A crise externa afetou muito. E, por aqui, o imbróglio do Código Florestal foi resolvido somente no mês passado, o que fez com que o evento não ganhasse a velocidade necessária para ter mais chances de êxito”, lamentou.
Rio-20 2
Entretanto, ele lembra que a última conferência, em Copenhague, começou mal, mas, aos 47 minutos do segundo tempo, surpreendeu. E chegou a conclusões importantes: “Temos de manter a esperança”.
Rio-20 3
Esperança que se esvaiu quando Souza tentou conseguir lugar para dormir na cidade maravilhosa durante a conferência.
Vai ter de viver, diariamente, na ponte aérea Rio-São Paulo até o término do evento.
Fashionista
Isabeli Fontana estreia como estilista na Faith Connexion. A marca francesa apresenta algumas das peças hoje, no Hotel Unique, em São Paulo, e também no Standard Hotel, em Nova York.
Inspiração? Isabeli conta que evocou uma Sophia Loren do século 21. “E um pouco de tudo desses anos de carreira.”
Na frente
Cinco adolescentes foram assaltados a mão armada, em plena luz do dia, sábado, ao lado do Shopping Higienópolis. Por um só meliante, que fez o rapa na turma.
Frederico Curado, da Embraer, foi co-chairman do World Economic Forum para África, Europa e Oriente Médio. Em Istambul.
Antes de seguir para a Rio+20, Pavan Sukhdev dá palestra sobre economia verde. Hoje, no Sesc Pinheiros.
Abre hoje a exposição coletiva de comemoração dos 10 anos da Galeria Virgilio.
Gustavo Rosa e Martha Medeiros pilotam evento beneficente, hoje, na loja da estilista. Em prol da Fundação Oftalmológica Rubem Cunha e da Apae.
A Paralelo Gallery abre exposição de Claudia Casarino e Tetê de Alencar. Sábado.
Santista é malvado. Estão jogando nas costas de Antonio Ferreira Pinto, da Secretaria de Segurança Pública – que tem distintivo do Corinthians tatuado no peito –, o fato de a PM ter vetado o mosaico escrito “Tricampeão da Libertadores” no jogo de hoje.
Passe adiante - MARTHA MEDEIROS
ZERO HORA - 13/06
Tenho vários DVDs de shows, e houve uma época em que assistia a eles atenta, ou então deixava rodando como som ambiente enquanto fazia outras coisas pela casa. Até que os esqueci de vez. Conhecedor do meu acervo, meu irmão outro dia pediu: posso pegar emprestado uns shows aí da tua coleção? Claro! Ele escolheu quatro e levou com ele. E subitamente me deu uma vontade incontrolável de voltar a assistir àqueles shows. Aqueles quatro, não é estranho?
Logo a vontade passou, mas fiquei com o alerta na cabeça. Me lembrei de uma amiga que uma vez disse que havia comprado um vestido que nunca usara, ele seguia pendurado no guarda-roupa. Um dia ela me mostrou o tal vestido e intimou: “Pega pra ti, me faz esse favor. Jamais vou usar”. Trouxe-o para casa. Muito tempo depois, ela me confidenciou, às gargalhadas, que não havia dormido aquela noite. Passou a ver o vestido com outros olhos. Por que ela não dera uma chance a ele?
Maldita sensação de posse, que faz com que a gente continue apegada ao que deixou de ser relevante. Incluindo relacionamentos.
Uma outra amiga vivia reclamando do namorado, dizia que eles não tinham mais nada em comum e que ela estava pronta para partir para outra. E por que não partia? “Porque não quero deixá-lo dando sopa por aí.” Como é que é?
Ela não terminava com o cara porque não queria que ele tivesse outra namorada, dizia que não suportaria. Reconhecia a mesquinhez da sua atitude, mas, depois de tantos anos juntos, ela ainda não se sentia preparada para admitir que ele não seria mais dela.
DVDs, roupas, amores: claro que não é tudo a mesma coisa, mas o apego irracional se parece. É a velha e surrada história de só darmos valor àquilo que perdemos. Será que existe solução para essa neura? Atribuir ao nosso egoísmo latente talvez seja simplista demais, porém não encontro outra justificativa que explique essa necessidade de “ter” o que já nem levamos mais em consideração.
É preciso abrir espaço. Limpar a papelada das gavetas, doar sapatos e bolsas que estão mofando, passar adiante livros que jamais iremos abrir. É uma forma de perder peso e convidar a tão almejada “vida nova” para assumir o posto que lhe é devido. Fácil? Bref. Um pedaço da nossa história vai embora junto. Somos feitos – também – de ingressos de shows, recortes de jornal, fotos de formatura, bilhetes de amor.
Isso sem falar no medo de não reconhecermos a nós mesmos quando o futuro chegar, de não ter lá na frente emoções tão ricas nos aguardando, de a nostalgia vir a ser mais potente do que a tal “vida nova”.
Qual é a garantia? Um ano para geladeiras, três anos para carros 0km, cinco anos para apartamentos. Pra vida, não tem. É se desapegar e ver no que dá, ou ficar velando para sempre os cadáveres das vontades que passaram.
Tenho vários DVDs de shows, e houve uma época em que assistia a eles atenta, ou então deixava rodando como som ambiente enquanto fazia outras coisas pela casa. Até que os esqueci de vez. Conhecedor do meu acervo, meu irmão outro dia pediu: posso pegar emprestado uns shows aí da tua coleção? Claro! Ele escolheu quatro e levou com ele. E subitamente me deu uma vontade incontrolável de voltar a assistir àqueles shows. Aqueles quatro, não é estranho?
Logo a vontade passou, mas fiquei com o alerta na cabeça. Me lembrei de uma amiga que uma vez disse que havia comprado um vestido que nunca usara, ele seguia pendurado no guarda-roupa. Um dia ela me mostrou o tal vestido e intimou: “Pega pra ti, me faz esse favor. Jamais vou usar”. Trouxe-o para casa. Muito tempo depois, ela me confidenciou, às gargalhadas, que não havia dormido aquela noite. Passou a ver o vestido com outros olhos. Por que ela não dera uma chance a ele?
Maldita sensação de posse, que faz com que a gente continue apegada ao que deixou de ser relevante. Incluindo relacionamentos.
Uma outra amiga vivia reclamando do namorado, dizia que eles não tinham mais nada em comum e que ela estava pronta para partir para outra. E por que não partia? “Porque não quero deixá-lo dando sopa por aí.” Como é que é?
Ela não terminava com o cara porque não queria que ele tivesse outra namorada, dizia que não suportaria. Reconhecia a mesquinhez da sua atitude, mas, depois de tantos anos juntos, ela ainda não se sentia preparada para admitir que ele não seria mais dela.
DVDs, roupas, amores: claro que não é tudo a mesma coisa, mas o apego irracional se parece. É a velha e surrada história de só darmos valor àquilo que perdemos. Será que existe solução para essa neura? Atribuir ao nosso egoísmo latente talvez seja simplista demais, porém não encontro outra justificativa que explique essa necessidade de “ter” o que já nem levamos mais em consideração.
É preciso abrir espaço. Limpar a papelada das gavetas, doar sapatos e bolsas que estão mofando, passar adiante livros que jamais iremos abrir. É uma forma de perder peso e convidar a tão almejada “vida nova” para assumir o posto que lhe é devido. Fácil? Bref. Um pedaço da nossa história vai embora junto. Somos feitos – também – de ingressos de shows, recortes de jornal, fotos de formatura, bilhetes de amor.
Isso sem falar no medo de não reconhecermos a nós mesmos quando o futuro chegar, de não ter lá na frente emoções tão ricas nos aguardando, de a nostalgia vir a ser mais potente do que a tal “vida nova”.
Qual é a garantia? Um ano para geladeiras, três anos para carros 0km, cinco anos para apartamentos. Pra vida, não tem. É se desapegar e ver no que dá, ou ficar velando para sempre os cadáveres das vontades que passaram.
A coqueluche da cidade - HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 13/06
SÃO PAULO - Arrastões se tornaram a nova coqueluche da cidade de São Paulo. Espalham-se rapidamente e todo mundo tem medo. Trata-se de um problema real de segurança pública para o qual o governo paulista precisa dar uma resposta. Cidadãos amedrontados são ruins para os negócios e para a política.
O mais interessante desse tipo de fenômeno, porém, é o que ele revela sobre nossa forma de pensar. Investigando como as pessoas estimam a frequência de algum evento ou categoria, Amos Tversky e Daniel Kahneman descobriram que seguimos a lei do menor esforço: já que o cérebro não carrega tabelas atuariais, nós nos apoiamos na facilidade com que exemplos vêm à nossa mente.
Os pesquisadores batizaram esse efeito de heurística da disponibilidade. Suas implicações são profundas.
Para começar, ficamos com uma imagem distorcida da realidade. Paul Slovic mostra que a percepção pública de riscos é uma ficção. Nos EUA, derrames provocam duas vezes mais mortes que acidentes; não obstante, 80% acham que os óbitos pela segunda causa são mais comuns. Acidentes ganham manchetes; AVCs, não.
Essa heurística faz com que temamos as coisas erradas. Sentimos calafrios só de pensar em ataques de tubarões, terroristas e acidentes aéreos, mas quase não nos comovemos diante de choques elétricos, quedas e afogamentos, que são perigos muito mais mortíferos e frequentes.
Para tornar as coisas ainda mais precárias, Slovic sustenta que, em muitas instâncias, avançamos ainda mais na política de substituições de menor esforço e deixamos que nossas emoções assumam as rédeas.
A pergunta "o que você pensa de X?" é difícil. Nem sempre temos uma opinião embasada sobre X. Assim, nossos cérebros pegam um atalho e, sem se dar conta, respondem dizendo como nos sentimos em relação a X.
Basicamente, nós lidamos com as complexidades do mundo fingindo que elas não existem.
Os pesquisadores batizaram esse efeito de heurística da disponibilidade. Suas implicações são profundas.
Para começar, ficamos com uma imagem distorcida da realidade. Paul Slovic mostra que a percepção pública de riscos é uma ficção. Nos EUA, derrames provocam duas vezes mais mortes que acidentes; não obstante, 80% acham que os óbitos pela segunda causa são mais comuns. Acidentes ganham manchetes; AVCs, não.
Essa heurística faz com que temamos as coisas erradas. Sentimos calafrios só de pensar em ataques de tubarões, terroristas e acidentes aéreos, mas quase não nos comovemos diante de choques elétricos, quedas e afogamentos, que são perigos muito mais mortíferos e frequentes.
Para tornar as coisas ainda mais precárias, Slovic sustenta que, em muitas instâncias, avançamos ainda mais na política de substituições de menor esforço e deixamos que nossas emoções assumam as rédeas.
A pergunta "o que você pensa de X?" é difícil. Nem sempre temos uma opinião embasada sobre X. Assim, nossos cérebros pegam um atalho e, sem se dar conta, respondem dizendo como nos sentimos em relação a X.
Basicamente, nós lidamos com as complexidades do mundo fingindo que elas não existem.
O viajante desencantado - ROBERTO DaMATTA
O Estado de S.Paulo - 13/06
Uma conferência sobre a obra de Jorge Amado, organizada pela presidente da Academia Brasileira de Letras, Ana Maria Machado; pela British Library; e pela Embaixada Brasileira a propósito da celebração do centenário de nascimento de um dos nossos maiores escritores, leva-me à Europa da Europa: a Paris e a Londres, onde ocorreu a reunião no último dia 8.
Escrevo estas notas como um viajante que não sabe ser turista, esse estilo de andança moderna inventada por um Ocidente hoje em plena dúvida consigo mesmo. Uma dúvida que, lamento constatar, é tão real quanto o meu cansaço depois de bater perna pelo British Museum (que ainda não perdeu seu charme...) e pela cidade, já que um dos prazeres que continuam a existir nas metrópoles clássicas é caminhar por suas calçadas impecáveis, no deslumbramento de tentar enxergar o passado soterrado pelo presente.
De Paris, meu ponto de chegada como um velho turista, tenho mil memórias despedaçadas. Uma delas é a de uma conferência na Maison des Sciences de l'Homme quando minha obra despertava uma certa curiosidade entre os franceses. Lembro-me de uma conferência realizada justamente no auditório Émile Durkheim a convite de um acolhedor Michel Maffesoli. Falei sobre o carnaval como uma festa de inversão, mas a todo momento não me saía da cabeça o que diria o mestre fundador se ouvisse o que eu expunha para um grupo de jovens de olhar curioso. Uma outra recordação vem dos vários encontros com Claude Lévi-Strauss, a quem eu visitava religiosamente e que, depois de me receber gentilmente por cerca de 20 ou 30 minutos, olhava para o relógio como um sinal evidente de que meu tempo havia terminado. Eram "visitas estruturais" que tinham o dom de tornar Paris um lugar mágico e a Rue des Écoles, onde trabalhava o meu admirado mestre, o local das verdadeiras "mitologias", como disse uma vez num ensaio num número a ele devotado do Magazine Littéraire, em 1985.
Andando no início da semana passada numa Paris abarrotada e visitando os lugares onde vivi, fui possuído pelas visões de um jovem cujo amor pela antropologia francesa era uma forte razão de viver. Hoje, constato feliz, a chama não mais existe e dela fica um conjunto de imagens agradecidas, como a de um Louis Dumont e de um Luiz Tarlei de Aragão, ambos falecidos - este discípulo fiel do primeiro, ouvindo um seminário que dei mais nervoso do que um padre rezando sua primeira missa, para o grupo do professor Dumont, durante o qual surgiu inesperadamente a figura majestática de Lévi-Strauss, causando espanto em pelo menos um colega francês e muita inveja num outro. Depois do ordálio de ter sido ouvido por dois dos maiores mestres do pensamento sociológico francês, quando jantávamos descontraídos, Dumont levantou um brinde à minha presença que havia feito com que o seu antigo mentor no Museu do Homem, Claude Lévi-Strauss, viesse ao seu encontro - graças, disse ele, à vossa presença. Os olhos de uma mulher, que sabia da minha admiração e do meu encanto sem dúvida adolescentes por esses mestres, brilhavam de orgulho e amor.
Hoje, flanando por uma Paris superlotada de turistas, eu me vi como um peregrino desencantado. Tinha visto tudo. Os mestres haviam morrido. Eu não conhecia os novos luminares. Senti-me, graças a Deus, como um herege em Meca. Perguntei-me sem medo: Paris continuava a ser Meca? Na disputa palmo a palmo por um espaço para caminhar e entrar nos museus, notei a ausência daquela homogeneidade branca, esguia e apolínea que fazia da França um modelo de vida que nós, dos trópicos - esses tristes trópicos, como dizia Lévi-Strauss -, jamais iríamos atingir.
Onde foi parar a pureza da França que hoje me lembra uma Bahia coroada pela Notre-Dame? Pensei e, depois, disse em alto e bom som em Londres: vocês, hoje, têm o desafio que nós tivemos no Brasil no início do século 20. Como integrar essa diversidade de pessoas, línguas, corpos e culturas nestas cidades que foram (e ainda são) modelos da utopia social moderna?
* * *
Cruzei uma rua, esperei numa gigantesca fila e finalmente me vi dentro do Museu d'Orsay. Na velocidade da visita, vendo e não vendo suas obras, dei-me conta da maravilhosa doidice humana. Pois apenas havia saído da loucura da multidão em busca de arte, para encontrar nas exposições a materialização sistemática e despudorada, porque explicita e ritualizada, da sublimação feita em mármore, bronze e tinta da demência humana. Pois ali, em grandes e micronarrativas, como é típico das artes visuais, estampava-se livre toda a neurose. Neurose em diálogo, já que um artista não existe sem outro e todos se revelam devedores do grande manancial da imaginação humana que não tem começo porque tem fim.
* * *
Ontem, já em Londres, recordei Jorge Amado meditando sobre o romance Dona Flor e Seus Dois Maridos. Foi quando enfatizei para meus ilustres companheiros de seminário, Ana Maria Machado, Kenneth Maxwell, Maria Lúcia Pallares-Burke, João Ubaldo Ribeiro, Peter Wade, David Teece e Mark Sabine, que o importante era escolher não escolher e, desse modo trocar o dilema shakespeariano do "ser ou não ser" para a fórmula amadiana do "ser e ser".
O que faz rico um país - ELIANA CARDOSO
O ESTADÃO - 13/06
A presidente disse que tem um arsenal de medidas para lidar com a crise. Fiquei preocupada. Desde que o mundo é mundo, períodos de expansão e contração se sucedem, e mais importante é o ritmo sustentável no longo prazo, garantido pelo respeito às instituições. Usar o Banco Central para programar políticas setoriais, por exemplo, viola esse princípio.
Mas no longo prazo - a presidente me diria - estaremos mortos. Com certeza. Mas os netos de nossos netos estarão vivos: razão suficiente para nos perguntarmos que país desejamos lhes deixar de herança.
Os economistas apontam duas causas para explicar a diferença de riqueza entre nações: a geografia e as instituições. A geografia em primeiro lugar. Doenças e baixa produtividade do solo contribuem para a pobreza dos países tropicais, em comparação com países de clima temperado. Os trópicos são insalubres, contando com mais parasitas, mosquitos e carrapatos. As características biológicas dos organismos responsáveis por doenças tropicais dificultam o desenvolvimento de vacinas. A falta de saúde reduz a produtividade do trabalho.
A produtividade da terra na região tropical também é mais baixa que nas áreas temperadas. As geleiras, que avançaram e recuaram, criaram solos ricos em nutrientes nas áreas temperadas. Áreas tropicais tendem a ter solos mais antigos, cujos nutrientes as chuvas lavaram durante milhares de anos. As plantas de clima temperado armazenam mais energia em suas partes comestíveis, enquanto certas pragas diminuem o rendimento das culturas tropicais. A tecnologia pode mudar alguns desses aspectos, mas durante séculos eles contribuíram para as desigualdades que hoje se observam.
De outro lado, as instituições merecem, cada vez mais, a atenção dos economistas. Daron Acemoglu e A. James Robinson (Why Nations Fail) explicam que, entre os países colonizados por europeus, aqueles que eram inicialmente os mais ricos são hoje os mais pobres. Em regiões (como as do Peru, Indonésia e Índia) que contavam com populações densas na época da colonização, os europeus introduziram instituições extrativistas como o trabalho forçado e o confisco de produtos em benefício da elite governante. Noutras regiões mais pobres, com populações mais escassas (como nas que hoje correspondem aos EUA e à Austrália), os colonos europeus tinham de trabalhar e, por isso, desenvolveram mecanismos institucionais mais gratificantes para o trabalho. Quando alcançaram a independência, as diferentes regiões herdaram as instituições das antigas colônias.
Entre as boas instituições, os economistas incluem a proteção ao direito de propriedade, o respeito aos contratos, as oportunidades para investir e controlar o rendimento dos investimentos, a inflação baixa e a livre troca de moedas. A evidência mais forte em apoio a essa opinião vem de experimentos naturais envolvendo a divisão de um ambiente uniforme por uma fronteira política separando instituições. Os exemplos incluem os contrastes entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul e entre a Alemanha Oriental e a antiga Alemanha Ocidental.
A cerca que divide a cidade de Nogales, no Arizona (EUA), da cidade de Nogales, em Sonora (México), representa outro experimento natural sobre as sociedades humanas. Do lado americano, a renda média e a expectativa de vida são maiores; o crime e a corrupção, menores; saúde e estradas, melhores; as eleições, mais democráticas. A geografia é a mesma em ambos os lados da cerca; a composição étnica da população, muito semelhante. As razões para as diferenças entre as duas cidades residem nas diferenças entre as instituições dos EUA e as do México.
As instituições econômicas determinam em boa parte se um país é pobre ou rico. Por sua vez, as instituições econômicas dependem das instituições políticas. Sustentável é a riqueza alicerçada em boas instituições. Os progressos econômicos e subsequente declínio da União Soviética e do Império Otomano ilustram esse ponto. Se o ponto vale, podemos apostar que a China - cujas perspectivas de crescimento parecem ilimitadas para muitos observadores ocidentais - tem, provavelmente, trajetória destinada a ir de encontro a um despenhadeiro.
Não há dúvida sobre a importância das instituições na determinação da riqueza de um país. Mas por que alguns países as têm e outros, não? Pura sorte?
Jared Diamond (Armas, germes e aço) acredita que o surgimento de boas instituições depende da duração histórica do Estado. Até cerda de 3400 a.C., as sociedades humanas se organizavam em tribos e bandos desprovidos das instituições complexas dos governos modernos. As nações onde a agricultura surgiu há muitos milênios (como as europeias) hoje são, em média, mais ricas do que aquelas onde a agricultura tem uma história menos longa (como na África subequatorial). Esse fator explica cerca de metade das diferenças nacionais em termos de riqueza no mundo moderno. Como as boas instituições econômicas estão ligadas à duração das instituições governamentais, que por sua vez estão ligadas à história da agricultura, cuja produtividade foi pré-requisito para a criação de governos centralizados na antiguidade, cá estamos nós de volta à geografia.
A longevidade do Estado importa, porque não se podem introduzir instituições governamentais do nada, na esperança de que as pessoas desaprendam a experiência passada, da noite para o dia. Nem por isso a longa história de um Estado - embora crie condições para o surgimento de boas instituições - garante que elas surjam.
Contando com avanços tecnológicos na agricultura e no tratamento das doenças tropicais, resta aos brasileiros lutar por suas instituições. Medidas desesperadas, motivadas pelo desejo de produzir crescimento acima de 2% em 2012, podem prejudicar o desempenho da economia durante muitos anos.
Só Perillo não viu - DORA KRAMER
O ESTADÃO - 13/06
O governador Marconi Perillo começou comandando o show na CPI mais famosa do Brasil. Senhor do tempo na apresentação inicial feita em tempo quatro vezes maior que os 20 minutos regulamentares, deu explicações a princípio convincentes sobre a venda da casa onde foi preso Carlos Cachoeira, aproveitou para propagandear seus feitos em Goiás e ainda reivindicar a autoria de dois dos mais celebrados programas sociais do governo petista: o ProUni e o Bolsa-Família.
Contou para isso com a colaboração da linha de interrogatório escolhida pelo relator, feita no intuito de cumprir o rito de defesa e levar o governador a se pronunciar sobre tópicos polêmicos já conhecidos e a respeito dos quais Perillo chegou bem preparado para responder. Em uma hora e meia de questionamento, o deputado Odair Cunha deixou passar oportunidades de preencher lacunas sobre as relações dele com Cachoeira. Tampouco deu ouvidos às reiteradas referências do governador ao envolvimento de pessoas, partidos e governos com pagamento de propinas, com a construtora Delta, com o senador Demóstenes Torres e com o acusado de comandar a organização criminosa alvo da comissão de inquérito.
Fruto de um pacto não escrito nem explícito de não agressão entre PT e PSDB, com participação coadjuvante do PMDB? As citações elogiosas de Perillo ao governo, aos ministros, à presidente Dilma Rousseff e a maneira como se esquivou de abordar o aviso dado a Lula sobre a existência do mensalão poderiam reforçar essa percepção. Mas acertos são de difícil sustentação, como demonstrado pela reação do PSDB quando o relator referiu-se ao governador como "investigado" e perguntou se ele abria mão de seus sigilos fiscal, bancário e telefônico.
Além disso, as investigações dependem mais do cruzamento de informações substantivas - obtidas, por exemplo, da quebra de sigilos - que do conteúdo dos depoimentos. Nestes, às vezes importa observar mais o que o depoente busca ocultar e menos o que se preparou para contar. Na participação do governador Marconi Perillo chamou atenção o modo como procurou mostrar-se absolutamente alheio às atividades ilegais de Carlos Cachoeira.
Soou artificial ao dizer que desconhecia as andanças de Cachoeira pelas margens da lei e que não acompanhou a participação dele como um dos personagens principais da CPI dos Bingos - da qual resultou um pedido de indiciamento criminal - por falta de tempo para "ver televisão". Pueril, não suscitasse desconfiança tamanha alienação. Também não viu nem ouviu coisa alguma sobre um vídeo divulgado no ano de 2004 em que Cachoeira e Waldomiro Diniz, este como presidente da Loterj e aquele como representante de consórcio prestador de serviços à autarquia fluminense, dialogavam sobre o pagamento de um porcentual do valor de contrato para financiamento de campanhas eleitorais. A acreditar nessa versão, Perillo teria sido o único.
Há elos a serem esclarecidos: a proximidade da ex-chefe de gabinete do governador com Cachoeira a quem é ligada a pessoa jurídica compradora do imóvel onde foi preso nosso personagem, em negócio intermediado por Wladimir Garcez, dublê de funcionário da Delta e agente facilitador do contraventor junto ao poder público. Dúvida que fica. Não a única.
Contou para isso com a colaboração da linha de interrogatório escolhida pelo relator, feita no intuito de cumprir o rito de defesa e levar o governador a se pronunciar sobre tópicos polêmicos já conhecidos e a respeito dos quais Perillo chegou bem preparado para responder. Em uma hora e meia de questionamento, o deputado Odair Cunha deixou passar oportunidades de preencher lacunas sobre as relações dele com Cachoeira. Tampouco deu ouvidos às reiteradas referências do governador ao envolvimento de pessoas, partidos e governos com pagamento de propinas, com a construtora Delta, com o senador Demóstenes Torres e com o acusado de comandar a organização criminosa alvo da comissão de inquérito.
Fruto de um pacto não escrito nem explícito de não agressão entre PT e PSDB, com participação coadjuvante do PMDB? As citações elogiosas de Perillo ao governo, aos ministros, à presidente Dilma Rousseff e a maneira como se esquivou de abordar o aviso dado a Lula sobre a existência do mensalão poderiam reforçar essa percepção. Mas acertos são de difícil sustentação, como demonstrado pela reação do PSDB quando o relator referiu-se ao governador como "investigado" e perguntou se ele abria mão de seus sigilos fiscal, bancário e telefônico.
Além disso, as investigações dependem mais do cruzamento de informações substantivas - obtidas, por exemplo, da quebra de sigilos - que do conteúdo dos depoimentos. Nestes, às vezes importa observar mais o que o depoente busca ocultar e menos o que se preparou para contar. Na participação do governador Marconi Perillo chamou atenção o modo como procurou mostrar-se absolutamente alheio às atividades ilegais de Carlos Cachoeira.
Soou artificial ao dizer que desconhecia as andanças de Cachoeira pelas margens da lei e que não acompanhou a participação dele como um dos personagens principais da CPI dos Bingos - da qual resultou um pedido de indiciamento criminal - por falta de tempo para "ver televisão". Pueril, não suscitasse desconfiança tamanha alienação. Também não viu nem ouviu coisa alguma sobre um vídeo divulgado no ano de 2004 em que Cachoeira e Waldomiro Diniz, este como presidente da Loterj e aquele como representante de consórcio prestador de serviços à autarquia fluminense, dialogavam sobre o pagamento de um porcentual do valor de contrato para financiamento de campanhas eleitorais. A acreditar nessa versão, Perillo teria sido o único.
Há elos a serem esclarecidos: a proximidade da ex-chefe de gabinete do governador com Cachoeira a quem é ligada a pessoa jurídica compradora do imóvel onde foi preso nosso personagem, em negócio intermediado por Wladimir Garcez, dublê de funcionário da Delta e agente facilitador do contraventor junto ao poder público. Dúvida que fica. Não a única.
Teste de autonomia - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 13/06
Ao se dissociar da briga fratricida do PT em Recife e acenar com candidatura própria do PSB, o governador Eduardo Campos se previne do risco de derrota em seu quintal, diagnosticado em várias conversas que teve nas últimas horas, e testa voo solo em relação a Lula e Dilma Rousseff, que pode ter consequências para 2014.
Ao confirmar apoio a Fernando Haddad em São Paulo, o PSB faz um gesto de lealdade ao mesmo tempo em que se desvincula do PT em Estados que governa.
Incêndio Campos passou a ver risco de derrota do PT em Recife quando militantes pró-João da Costa se reuniram em frente ao prédio de Humberto Costa aos berros de "sanguessuga" e deputados do PT passaram a chamá-lo de "candidato biônico".
O cara Entre os quatro pré-candidatos que o governador "lançou" ontem o preferido é o ex-secretário de Desenvolvimento Geraldo Júlio, chamado em Pernambuco de "a Dilma do Eduardo".
Tudo ele Aliados de Gilberto Kassab identificam as digitais de José Aníbal, derrotado nas prévias tucanas à prefeitura, no movimento do PSDB contra alianças proporcionais. O secretário paulista de Energia até agora evita declarar apoio a José Serra.
Tela Pré-candidato do PTB em São Paulo, Luiz Flávio D'Urso quer aproveitar a exposição como advogado da família do executivo Marcos Matsunaga, esquartejado pela mulher, para se tornar conhecido pelo eleitorado.
Zé Gotinha Guilherme Afif (PSD) assume hoje o governo paulista até segunda, quando Geraldo Alckmin volta de viagem aos EUA e México. Sua principal atividade será a abertura da campanha de vacinação contra a pólio.
Padrão Ao chamar ontem Antonio Anastasia (MG) de "parceiro estratégico", Dilma repetiu exatamente o tratamento dado ao também tucano Geraldo Alckmin.
Passe... Relatório da Operação Saint Michel, derivada da Monte Carlo, registra reunião entre membros do grupo de Carlinhos Cachoeira e servidores do DF em um anexo do Palácio do Buriti.
... livre O encontro, diz o Ministério Público, serviu para negociar favorecimento à Delta em contrato de serviço de bilhetagem eletrônica de ônibus da gestão de Agnelo Queiroz (PT), em 2011.
Time Participaram do encontro Gleyb Cruz, braço direito de Cachoeira, e Heraldo Neto, ex-diretor da construtora no Centro-Oeste.
Reação Diante do risco de a Justiça anular a Operação Monte Carlo, membros da CPI apostam em recursos ao STJ e ao STF para evitar a invalidação dos trabalhos.
Fica a dúvida De um integrante do governo ao avaliar como "bem-sucedido" o depoimento de Marconi Perillo ontem à CPI: "Só não sabemos se ele realmente foi bem ou se o PT naufragou".
Viés de baixa Governistas acreditam que Agnelo terá blindagem semelhante à de Perillo hoje, mas corre risco. "O preparo é outro", diz um peemedebista, lembrando dos deslizes do petista nos debates eleitorais de 2010.
Scanner Em tempo recorde, o Senado aprovou ontem projeto de lei de equivalência jurídica da cópia digital de um documento em relação ao original. O Planalto queria sancionar o texto antes do início da Rio+20.
Visita à Folha Marcelo Araujo, secretário paulista da Cultura, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Sérgio Tiezzi, secretário-adjunto, e José Luiz Herência, assessor especial.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"Hoje o que vimos foi um climão romântico de Dia dos Namorados. Amanhã, que é dia de Santo Antônio, veremos se dá casamento."
DO SENADOR RANDOLFE RODRIGUES (PSOL-AP), sobre um suposto acordo entre PT e PSDB para poupar Marconi Perillo e Agnelo Queiroz na CPI.
contraponto
De filho para pai
O vice-presidente, Michel Temer, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, participavam de evento no Rio, organizado pela Fiesp e Firjan, em homenagem a Eliezer Batista. O empresário, de 88 anos, resolveu discursar, o que não estava previsto. Diante da longa fala, que já passava de meia hora e sem sinal para acabar, os paulistas presentes começaram a se preocupar em perder o voo de volta.
Incumbido de dar um toque em Eliezer, o filho e também empresário Eike Batista entregou-lhe um bilhete:
-Time out!
Surtiu efeito imediato e o patriarca encerrou a fala.
O relatório - ALMIR PAZZIANOTTO PINTO
O ESTADÃO - 13/06
A Nação acompanha com acentuado interesse o processo do "mensalão". Justifica-se a ansiedade popular, pois está em jogo a eficiência das ferramentas de que dispõe o Estado democrático para combater a corrupção. Afinal, indaga o cidadão comum, para que Constituição, leis e Poder Judiciário, quando se constata o passar dos anos sem que haja julgamento de pessoas acusadas de crimes graves?
Finalmente, o ministro Joaquim Barbosa divulgou o relatório da Ação Penal n.º 470-Minas Gerais, elaborado em 122 páginas. Sabia-se, por declarações de S. Exa., que o texto estava terminado. O conteúdo, entretanto, permanecia disponível apenas nos computadores do Supremo Tribunal Federal (STF). A internet trouxe a público um trabalho escrito em linguagem jurídica objetiva e consistente, obediente às regras da legislação processual, pois se circunscreve à síntese dos atos e fatos do processo.
O revisor, ministro Ricardo Lewandowski, citado em artigo de Dora Kramer, esclareceu à jornalista nunca haver dito que devolveria o feito revisado "só no ano que vem, mas que precisaria examinar cuidadosamente o processo com 38 réus". Assinalou S. Exa. que desconhece, no Supremo, voto revisor "que tenha levado menos de seis meses para ficar pronto" (!). Por fim, Lewandowski salientou: "Mesmo que pretendesse entregar em 2013, não haveria o risco de prescrição, porque isso só acontecerá em 2015".
Diante da corrida contra o tempo, e preso à obrigação moral que tem de encerrar a ação antes que o pior venha a acontecer, o Supremo, sob a presidência do ministro Carlos Ayres Britto, estabeleceu rigoroso cronograma, em que determina o dia 1.º de agosto para início do julgamento, que estaria concluído até as eleições municipais de outubro. Em setembro se aposenta o ministro Cezar Peluso; em novembro, o mesmo ocorrerá com Ayres Britto. É impossível saber o que ocorrerá se, até então, a tarefa não estiver concluída. Para que o plano traçado alcance êxito, nada deverá falhar. Lúcio Costa, o urbanista construtor de Brasília, teria dito, certa vez, que a única certeza possível é de que as coisas nunca ocorrem como planejadas. Os advogados declaram confiança na Justiça, mas não abrem mão do amplo direito de defesa e do respeito ao devido processo legal. Basta para se anteverem as dificuldades que encontrará o presidente Ayres Britto a fim de conduzir o feito como planejado.
Há cerca de dez anos o Poder Judiciário tomou a decisão de abrir as sessões de julgamento para amplo conhecimento público, com o emprego de redes de televisão. O propósito é elogiável. Faz chegar a localidades distantes de Brasília imagens até então reservadas a advogados e partes interessadas, com dinheiro, disposição e tempo para se deslocarem até a capital federal. Aos membros do Judiciário, habituados à vida reclusa dos tribunais, a televisão revelou ter duas faces: de um lado, deu-lhes mais projeção e renome; e, de outro lado (embora com exceções), converteu-se no afrodisíaco das vaidades. Em causas polêmicas, o telespectador passou a acompanhar, em tempo real ou retransmitidas altas horas, demonstrações de eloquência barroca e desafios de erudição, não raro convertidos em disputas verbais, para desmerecimento da reputação da Corte.
Fenômeno semelhante ocorreu com advogados. Sempre propensos às exibições de oratória, a televisão lhes trouxe a oportunidade de exibirem o talento ao mundo.
A Ação Penal n.º 470-Minas Gerais trata de crimes relatados pelo procurador-geral da República, cuja denúncia registra: "sofisticada organização criminosa, dividida em setores de atuação, que se estruturou profissionalmente para a prática de crimes como peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta, além das mais diversas formas de fraude" (fls. 5.621). Diz, ainda: "todos os graves delitos que serão imputados aos denunciados ao longo da presente peça têm início com a vitória eleitoral de 2002 do Partido dos Trabalhadores no plano nacional e tiveram por objetivo principal (...) garantir a continuidade do projeto de poder do Partido dos Trabalhadores, mediante a compra de suporte político de outros partidos políticos e do financiamento futuro e pretérito (pagamento de dívidas) das suas próprias campanhas eleitorais".
Oito séculos antes de Cristo, o profeta Miqueias se lamentava: "No país inteiro não há uma só pessoa honesta..." "Autoridades exigem dinheiro por fora, e juízes recebem presentes para torcer a justiça" (Mq. 7/2-3). No ano de 1675, em sermão dedicado a Santo Antonio, o padre Antonio Vieira apontava a depravação dominante entre o povo. Para ilustrar a peroração, acusava o jesuíta: "Grande sabor é o do alheio, até para o gosto e paladar daqueles que o trazem costumado aos mais esquisitos manjares". Notórios rapinantes do dinheiro público se viciaram em viver do roubado. Intimados, comparecem perante comissões parlamentares de inquérito ou diante dos tribunais, impassíveis, de cara lavada. Reivindicam o direito de permanecerem mudos ou negam fatos documentadamente comprovados. Quase sempre a estratégia de defesa se limita à protelação. Imagina-se que, com o passar dos anos, os crimes cairão no esquecimento ou serão apagados pela prescrição. Devem imaginar: 2015 aparenta estar longe, mas não custa tentar alcançá-lo.
Os protagonistas do "mensalão" refletem a face suja da política do "nunca antes neste país", da demagogia populista, das bravatas, da licenciosidade. Conhecido o relatório do ministro Joaquim Barbosa, cabe à Suprema Corte levar a efeito o julgamento, conforme planejado. Do resultado se saberá qual o grau alcançado pelo regime democrático, restabelecido em 1985.
Gente fina é outra coisa - MARCELO COELHO
FOLHA DE SP - 13/06
Seria, a meu ver, um grande passo para a reforma política se, ao lado da Ficha Limpa, viesse a Lei Grecin
EIS UMA boa notícia na pré-campanha para a Prefeitura de São Paulo. O candidato José Serra vai dar um tempo na clássica combinação calça bege e camisa azul.
É o que informou a Folha deste domingo. Entram os jeans, a camisa branca e -lance ousado- os sapatênis. Há também novidades nos óculos, mais atualizados.
Na verdade, o antigo visual tucano me parecia adequado ao candidato; alguma dose de risco existe na mudança. Mas por que não?
O estímulo para isso, do ponto de vista político, vem do marketing do adversário, Fernando Haddad. Com poucos eleitores a conhecê-lo, o petista se apresenta como "homem novo para um tempo novo".
Nada mais velho, aliás, do que falar em tempos novos para uma cidade que, a cada dia que passa, sai menos do lugar.
Não importa -o aspecto visual é tudo na política hoje em dia. Por isso mesmo está nas livrarias o "Guia de Estilo para Candidatos ao Poder - E para Quem Já Chegou Lá".
É uma publicação da editora Senac e tem três autores: Luci Molina, jornalista que já fez um livro em companhia de Lila Covas, Milla Mathias, advogada e consultora de estilo, e Sergio Kobayashi, que "coordenou diversas campanhas" desde 1984. Vejo na internet que ele foi assessor de Mário Covas (1930-2001).
O gênero "tucano fino" é recomendado, de forma geral, ao longo do livro, embora não faltem elogios à transformação visual operada por Duda Mendonça em Lula. O caso Maluf, outro sucesso do marqueteiro, foi omitido. Evidentemente, não interessa aos autores do livro glorificar a farsa, a mentira, a empulhação eleitoral pura e simples.
Torne-se a coisa mais agradável, contudo, e já será um progresso. O terno verde dos candidatos nanicos, enunciando sílaba por sílaba o que leem nos "teleprompters", seria assim aposentado com proveito.
Terno? Os autores me corrigem. Paletó e calça do mesmo tecido atendem pelo nome de "costume". Terno, como a palavra indica, exige uma terceira peça, o colete.
Essa é fácil. Mas desafio o mais elegante político a distinguir entre os diversos tipos de sapato exemplificados no livro. Quando deixar de lado o "barcroft" e usar o "derby"? Saiba que o "full brogue" só pode ser usado em ocasiões informais. É, digamos assim, o contrário do "monkstrap".
Perto dessa sofisticação, outras dicas do livro parecem deslocadas. Por exemplo, a de evitar meias cobrindo as canelas quando se usa bermuda.
Há omissões. Posso estar enganado, mas não vi nenhum anátema contra pintar o cabelo. Seria, a meu ver, um grande passo para a reforma política se, ao lado da Ficha Limpa, viesse a Lei Grecin, tornando inelegíveis os usuários do produto. Outra omissão: os autores apontam o erro de usar cinto e suspensório ao mesmo tempo -mas nesse ponto valeria ser mais radical. Suspensórios deveriam ser evitados "tout court".
Tiveram sua moda durante alguma bolha do mercado financeiro aí por 1990, mas a desconfiança que inspiram só é comparável, a meu ver, àquela provocada pela gravata clara com camisa escura.
O livro acerta nesse ponto: a opção "resulta num visual de mafioso". Não é isso o que queremos, certamente. Afinal, diz o primeiro parágrafo, "a sociedade nos toma por aquilo que parecemos ser". Uma vez que "os políticos são eleitos pela imagem que transmitem", continuam os autores, "é dever deles aprimorá-la".
Por que não? Mas será possível? Temo que o costume perfeitamente combinado, com sapatos pretos (o livro restringe o uso do marrom) e a gravata discreta, não se diferencie muito, aos olhos de parcela da população, do visual mafioso abominado pelos consultores de estilo.
Seria então melhor mudar de roupa o tempo todo? Esquecer o paletó e chegar ao extremo da camiseta regata? Ninguém ousaria chegar a tanto. Quem sabe aquelas camisetas que os jogadores mostravam no final das partidas, com mensagens evangélicas ou familiares, fossem a melhor inovação.
Escreveriam seus slogans, de preferência em inglês: "Change!", "yes, we can", "young candidate", e sua eficácia comunicativa cresceria bastante. Um simples "agora vai!", dependendo do caso, daria conta do recado. Uma última recomendação dos autores merece ser lembrada. "Se quando você se sentar, o bolso abrir demais, está na hora de comprar uma calça um ou dois números maior". Vai que alguma coisa cai lá de dentro.
EIS UMA boa notícia na pré-campanha para a Prefeitura de São Paulo. O candidato José Serra vai dar um tempo na clássica combinação calça bege e camisa azul.
É o que informou a Folha deste domingo. Entram os jeans, a camisa branca e -lance ousado- os sapatênis. Há também novidades nos óculos, mais atualizados.
Na verdade, o antigo visual tucano me parecia adequado ao candidato; alguma dose de risco existe na mudança. Mas por que não?
O estímulo para isso, do ponto de vista político, vem do marketing do adversário, Fernando Haddad. Com poucos eleitores a conhecê-lo, o petista se apresenta como "homem novo para um tempo novo".
Nada mais velho, aliás, do que falar em tempos novos para uma cidade que, a cada dia que passa, sai menos do lugar.
Não importa -o aspecto visual é tudo na política hoje em dia. Por isso mesmo está nas livrarias o "Guia de Estilo para Candidatos ao Poder - E para Quem Já Chegou Lá".
É uma publicação da editora Senac e tem três autores: Luci Molina, jornalista que já fez um livro em companhia de Lila Covas, Milla Mathias, advogada e consultora de estilo, e Sergio Kobayashi, que "coordenou diversas campanhas" desde 1984. Vejo na internet que ele foi assessor de Mário Covas (1930-2001).
O gênero "tucano fino" é recomendado, de forma geral, ao longo do livro, embora não faltem elogios à transformação visual operada por Duda Mendonça em Lula. O caso Maluf, outro sucesso do marqueteiro, foi omitido. Evidentemente, não interessa aos autores do livro glorificar a farsa, a mentira, a empulhação eleitoral pura e simples.
Torne-se a coisa mais agradável, contudo, e já será um progresso. O terno verde dos candidatos nanicos, enunciando sílaba por sílaba o que leem nos "teleprompters", seria assim aposentado com proveito.
Terno? Os autores me corrigem. Paletó e calça do mesmo tecido atendem pelo nome de "costume". Terno, como a palavra indica, exige uma terceira peça, o colete.
Essa é fácil. Mas desafio o mais elegante político a distinguir entre os diversos tipos de sapato exemplificados no livro. Quando deixar de lado o "barcroft" e usar o "derby"? Saiba que o "full brogue" só pode ser usado em ocasiões informais. É, digamos assim, o contrário do "monkstrap".
Perto dessa sofisticação, outras dicas do livro parecem deslocadas. Por exemplo, a de evitar meias cobrindo as canelas quando se usa bermuda.
Há omissões. Posso estar enganado, mas não vi nenhum anátema contra pintar o cabelo. Seria, a meu ver, um grande passo para a reforma política se, ao lado da Ficha Limpa, viesse a Lei Grecin, tornando inelegíveis os usuários do produto. Outra omissão: os autores apontam o erro de usar cinto e suspensório ao mesmo tempo -mas nesse ponto valeria ser mais radical. Suspensórios deveriam ser evitados "tout court".
Tiveram sua moda durante alguma bolha do mercado financeiro aí por 1990, mas a desconfiança que inspiram só é comparável, a meu ver, àquela provocada pela gravata clara com camisa escura.
O livro acerta nesse ponto: a opção "resulta num visual de mafioso". Não é isso o que queremos, certamente. Afinal, diz o primeiro parágrafo, "a sociedade nos toma por aquilo que parecemos ser". Uma vez que "os políticos são eleitos pela imagem que transmitem", continuam os autores, "é dever deles aprimorá-la".
Por que não? Mas será possível? Temo que o costume perfeitamente combinado, com sapatos pretos (o livro restringe o uso do marrom) e a gravata discreta, não se diferencie muito, aos olhos de parcela da população, do visual mafioso abominado pelos consultores de estilo.
Seria então melhor mudar de roupa o tempo todo? Esquecer o paletó e chegar ao extremo da camiseta regata? Ninguém ousaria chegar a tanto. Quem sabe aquelas camisetas que os jogadores mostravam no final das partidas, com mensagens evangélicas ou familiares, fossem a melhor inovação.
Escreveriam seus slogans, de preferência em inglês: "Change!", "yes, we can", "young candidate", e sua eficácia comunicativa cresceria bastante. Um simples "agora vai!", dependendo do caso, daria conta do recado. Uma última recomendação dos autores merece ser lembrada. "Se quando você se sentar, o bolso abrir demais, está na hora de comprar uma calça um ou dois números maior". Vai que alguma coisa cai lá de dentro.
Dominado - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 13/06
O PMDB decidiu engolir em seco o fato de o ministro Mendes Ribeiro (Agricultura) ter sido desautorizado pela presidente Dilma. As bancadas do PMDB, e a dos ruralistas, chegaram a redigir uma carta, dirigida à presidente, de solidariedade ao amargurado ministro. A cúpula peemedebista evitou que isso ocorresse por acreditar que seria criado um conflito. A interdição do ministro da Agricultura, no debate do Código Florestal, é mais uma gota no pote até aqui de mágoas do partido.
Uma CPI que mete medo em todos
A deputada Iris de Araújo (PMDB-GO), até então participante ativa da CPI, não se inscreveu para fazer perguntas ao governador Marconi Peril-lo (PSDB-GO). A despeito disso, o tucano mostrou em seu depoimento que estava preparado para a “guerra regional”. Ainda na fala inicial, Marconi deu a senha: em seu governo, a Delta recebeu R$ 50 milhões em contratos. Lembrou que a empreiteira começou a atuar em Goiás na gestão de Maguito Vilela (PMDB) e que no governo Alcides Rodrigues (PP) a Delta recebeu R$ 66 milhões. E ressaltou que a empresa faturou cerca de R$ 300 milhões por obras em prefeituras goianas.
“Esta CPI tem muitos advogados e poucos promotores. Está todo mundo na defesa. É a maior retranca” —Luiz Sérgio, deputado federal (PT-RJ)
PROMESSA. O prefeito de São Paulo e principal líder do PSD, Gilberto Kassab, esteve na casa do vice-presidente M ichel Temer no sábado, em São Paulo. Foi lá para dizer que, apesar de apoiara candidatura deJosé Serra (PSDB) na sucessão na prefeitura, não estava se afastando do governo Dilma. Contou que esteve também com o ex-presidente Lula e que, passadas as eleições municipais, o PSD vai se integrar à base parlamentar aliada.
Lição de vida
No dia anterior ao depoimento do governador Marconi Perillo (PSDB-GO), tucanos e petistas rangeram os caninos e declararam que haveria confronto. Mas ontem, quando chegaram ao campo de batalha, limitaram-se a abanar o rabo.
Orelha puxada
O relator da CPI do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), recebeu várias críticas, por telefone, durante o depoimento do governador Marconi Perillo (GO). Os petistas o acusavam de estar pegando leve e deixando o tucano correr solto.
Governo Dilma, Sindifisco e Rio+20
O secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, na segunda-feira à noite, chamou o presidente nacional do Sindifisco, Pedro Delarue, para fazer um apelo: que os auditores fiscais não prejudiquem a Conferência com o movimento que vão
deflagrar a partir do dia 18. A categoria está em campanha salarial, reivindica um reajuste de 30,18% e fará manifestações em todo o país, inclusive no Rio. Até então, o governo não tinha recebido o Sindifisco para qualquer negociação.
Resumo da ópera
Coube ao estreante na Câmara Ronaldo Fonseca (PR-DF) desnudar a lógica de petistas e tucanos na CPI do Cachoeira: “As escutas telefônicas sobre nossos aliados não são válidas; as escutas sobre nossos adversários são válidas”.
Hillary no Rio
O Itamaraty recebeu ontem confirmação oficial de que a Secretária de Estado americana, Hillary Clinton, vai chefiar a delegação de seu país na Rio+20. A chefe da Agência de Proteção Ambiental americana, Lisa Jackson, está na comitiva.
O MINISTRO Brizola Neto (Trabalho) disse ontem, na Conferência do Trabalho na ONU, em Genebra, que o Brasil está aberto aos “cérebros” que queiram migrar para o Brasil em busca de emprego.
A COMISSÃO de Ética da Presidência da República absolveu o ex-ministro Orlando Silva (Esporte) de envolvimento em supostas irregularidades no Programa Segundo Tempo.
O MINISTÉRIO das Relações Exteriores lançou a cartilha “Orientações para trabalho no exterior — modelos, jogadores de futebol e outros profissionais”. O documento está em www.portalconsular.mre.gov.br.
Uma CPI que mete medo em todos
A deputada Iris de Araújo (PMDB-GO), até então participante ativa da CPI, não se inscreveu para fazer perguntas ao governador Marconi Peril-lo (PSDB-GO). A despeito disso, o tucano mostrou em seu depoimento que estava preparado para a “guerra regional”. Ainda na fala inicial, Marconi deu a senha: em seu governo, a Delta recebeu R$ 50 milhões em contratos. Lembrou que a empreiteira começou a atuar em Goiás na gestão de Maguito Vilela (PMDB) e que no governo Alcides Rodrigues (PP) a Delta recebeu R$ 66 milhões. E ressaltou que a empresa faturou cerca de R$ 300 milhões por obras em prefeituras goianas.
“Esta CPI tem muitos advogados e poucos promotores. Está todo mundo na defesa. É a maior retranca” —Luiz Sérgio, deputado federal (PT-RJ)
PROMESSA. O prefeito de São Paulo e principal líder do PSD, Gilberto Kassab, esteve na casa do vice-presidente M ichel Temer no sábado, em São Paulo. Foi lá para dizer que, apesar de apoiara candidatura deJosé Serra (PSDB) na sucessão na prefeitura, não estava se afastando do governo Dilma. Contou que esteve também com o ex-presidente Lula e que, passadas as eleições municipais, o PSD vai se integrar à base parlamentar aliada.
Lição de vida
No dia anterior ao depoimento do governador Marconi Perillo (PSDB-GO), tucanos e petistas rangeram os caninos e declararam que haveria confronto. Mas ontem, quando chegaram ao campo de batalha, limitaram-se a abanar o rabo.
Orelha puxada
O relator da CPI do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), recebeu várias críticas, por telefone, durante o depoimento do governador Marconi Perillo (GO). Os petistas o acusavam de estar pegando leve e deixando o tucano correr solto.
Governo Dilma, Sindifisco e Rio+20
O secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, na segunda-feira à noite, chamou o presidente nacional do Sindifisco, Pedro Delarue, para fazer um apelo: que os auditores fiscais não prejudiquem a Conferência com o movimento que vão
deflagrar a partir do dia 18. A categoria está em campanha salarial, reivindica um reajuste de 30,18% e fará manifestações em todo o país, inclusive no Rio. Até então, o governo não tinha recebido o Sindifisco para qualquer negociação.
Resumo da ópera
Coube ao estreante na Câmara Ronaldo Fonseca (PR-DF) desnudar a lógica de petistas e tucanos na CPI do Cachoeira: “As escutas telefônicas sobre nossos aliados não são válidas; as escutas sobre nossos adversários são válidas”.
Hillary no Rio
O Itamaraty recebeu ontem confirmação oficial de que a Secretária de Estado americana, Hillary Clinton, vai chefiar a delegação de seu país na Rio+20. A chefe da Agência de Proteção Ambiental americana, Lisa Jackson, está na comitiva.
O MINISTRO Brizola Neto (Trabalho) disse ontem, na Conferência do Trabalho na ONU, em Genebra, que o Brasil está aberto aos “cérebros” que queiram migrar para o Brasil em busca de emprego.
A COMISSÃO de Ética da Presidência da República absolveu o ex-ministro Orlando Silva (Esporte) de envolvimento em supostas irregularidades no Programa Segundo Tempo.
O MINISTÉRIO das Relações Exteriores lançou a cartilha “Orientações para trabalho no exterior — modelos, jogadores de futebol e outros profissionais”. O documento está em www.portalconsular.mre.gov.br.
"Eu não sabia" - FERNANDO RODRIGUES
FOLHA DE SP - 13/06
BRASÍLIA - A fórmula mais clássica para se livrar de uma acusação no reino da política é alegar desconhecimento de um fato. Funciona muito bem no Brasil e no mundo.
Ronald Reagan, nos anos 1980, negou conhecer a cabeluda venda irregular de armas para contrarrevolucionários nicaraguenses via Irã.
Fernando Henrique Cardoso dizia, em 1997, não ter notícia das traficâncias no Congresso para comprar votos a favor da emenda da reeleição. Compungido, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2005, professou ignorância sobre o mensalão.
Essas negativas têm duas características em comum. Primeiro, são inverossímeis. Segundo, ninguém tem como desmenti-las. Inexistem provas. Daí a estratégia ser tão usada na política. Inclusive ontem pelo governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, durante seu longo depoimento à CPI do Cachoeira.
Com seu semblante sereno, o tucano repetiu a história a respeito da venda de uma casa em 2011. Recebeu R$ 1,4 milhão em três cheques emitidos por uma empresa suspeita de receber dinheiro irregular do esquema de Carlos Cachoeira.
Não ocorreu a Perillo perguntar quem era o emitente dos cheques. Vendeu o imóvel para uma pessoa, recebeu cheques de uma empresa esquisita e nada quis saber.
O governador goiano revelou seguir uma peculiar regra de etiqueta financeira: seria um "ato constrangedor e não usual abordar o interessado e exigir dele a declaração de onde vêm os seus recursos".
O experiente deputado Miro Teixeira duvidou: "Nunca vi alguém vender uma casa e entrar em tremenda fria". Perillo não piscou.
Fora da CPI, petistas lamuriavam que "não dá para acreditar" na versão de Perillo. Repetem os resmungos de tucanos sobre Lula ter negado conhecer o mensalão. No fundo, PT e PSDB cada vez mais se equivalem. Tanto nas acusações como nas desculpas esfarrapadas.
Marconi Perillo! A Casa Maldita! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 13/06
E a Mulher Melancia tem que ter muitos namorados. Porque melancia ninguém consegue comer sozinho!
BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
É hoje! Que o Brasil para! Santos x Corinthians! Enquanto houver Corinthians, haverá Libertadores. E esta pichação pra dar uma zica: "Timão Frangão! Santos Campeão!".
Diz que o Neymar Pica-Pau de Chapinha não fez nada na Selecinha porque tava se guardando pra Libertadores! E hoje só posso fazer uma pergunta: E aí, comeu?
E sabe como eu sei que o Dia dos Namorados foi animado? Porque, às 13h, todos os celulares AINDA estavam dando caixa! Pererecas de ressaca! E uma amiga levou o namorado mineiro pra conhecer o mar e sabe o que ele falou? "Imagine se tudo isso fosse leite." Rarará!
E um amigo levou a namorada prum motel tão bagaça, mas tão bagaça que tinha um cartaz pendurado na porta: "Favor não beber cerveja e urinar na garrafa".
E matar muriçoca na parede pode? Pode, Arnaldo? E o que você deu pra sua namorada? Dei duas. Dei duro. Dei um chifre!
E uma amiga ganhou do namorado uma bolsa de pano, bem bagaça, e escreveu nela: "Minha outra bolsa é uma Louis Vuitton".
E o Marconi Perillo? Continua a perillo! A casa caiu? Eu sei que ele tá enrolado com a venda duma casa onde o Cachoeira foi preso. A Casa Maldita! Filme de terror trash!
A Casa das Almas Perdidas. Tranquem a casa. Acendam a luz. Olhem embaixo das camas! Esta noite o Cachoeira bate na sua porta.
Adoro gente que vai pra CPI e se faz de vítima. Choro muito! Rarará! Pessoal da CPI: cassa logo o Demóstenes, o Perillo e o Agnelo. E chega. Bola pra frente! Libertadores!
O Brasil é lúdico. Olha esta placa numa empresa: "Regras de Convivência: não pode biliscá, chutar, não pode morder. Não pode apilhidar os colegas e não pode dizer que vai matar os colegas".
Que lugar mais chato! Não pode nada. Quem escreveu essa placa foi o Drauzio Varella. Não pode nada. Rarará!
E a Mulher Melancia tem que ter muitos namorados. Porque melancia é uma coisa que ninguém consegue comer sozinho!
E uma leitora me escreveu revoltada: por que mulher feia só é elogiada no trabalho? Rarará! O Piriquitério da Dilma que o diga!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Delta na berlinda - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 13/06
A CPI do Cachoeira vê-se agora diante de um desafio de sobrevivência: assumir o controle da investigação sobre os tentáculos do bicheiro nos negócios da empreiteira Delta espalhados pelo país. Depois que a Controladoria Geral da União (CGU) a declarou inidônea, impedindo-a de participar de qualquer licitação e de assinar novos contratos, não há mais razão - se é que havia antes - para que ela não se torne o centro das investigações.
Os parlamentares têm agora motivos suficientes para começar a trabalhar em casos concretos, deixando de lado as ridículas picuinhas partidárias que tomam conta do plenário desde que a CPMI foi instalada.
Estabelecer uma subcomissão para aprofundar as investigações sobre a Delta, conforme sugestão da senadora Kátia Abreu, é um caminho objetivo para que a CPMI não caia no vazio, transformando-se em mais uma comissão que não terá consequência prática.
Outro ponto importante seria a CPMI apresentar uma proposta de nova lei de licitações para as obras públicas, pois estamos vendo as dificuldades que existem para deslanchar as obras tão necessárias ao desenvolvimento do país, seja pela descoberta de corrupção, seja pela burocracia que emperra os cronogramas.
A convocação de dois dos governadores aparentemente mais envolvidos com o esquema corrupto que o bicheiro montou em clara associação com a empreiteira Delta tornou inevitável o que se viu ontem, um acordo tácito entre PT, PSDB e PMDB para que tanto o tucano Marconi Perillo quanto o petista Agnelo Queiroz passem pela arguição da CPI sem maiores problemas.
O PMDB fica de prontidão para que tudo saia como o combinado nos bastidores, garantindo que outro governador, o peemedebista Sérgio Cabral, do Rio, não precisará nem mesmo sentar no banco de testemunhas da CPMI.
O governador Marconi Perillo, o primeiro a ser interrogado, saiu-se bem da empreitada do ponto de vista pragmático da política, mesmo que algumas situações não tenham ficado esclarecidas devidamente, como ressaltou o líder do PSOL Chico Alencar, o único partido que parece disposto a investigar verdadeiramente as ligações de Cachoeira com os políticos.
A mais interessante de todas as contradições do governador tucano foi a origem dos cheques que diz ter recebido em pagamento por sua casa.
Ele se arrepende de não ter querido saber quem eram os signatários dos cheques, como se fosse um negociador inexperiente e não um político dos mais calejados na vida pública.
Sua atuação foi tão convincente quanto as palmas dos correligionários ao seu final, todos em busca de um clima que afastasse as ameaças de uma investigação mais aprofundada.
Para confirmar a velha lenda de que nunca se sabe como uma CPI vai terminar, a evidência de que havia uma combinação para não pressionar o governador de Goiás provocou uma situação imprevista difícil de superar e que pode ter desdobramentos hoje no depoimento do governador do Distrito Federal.
O que pode melar todos os acordos feitos por baixo do pano e dar à CPMI uma nova vida, mais compatível com a realidade com que estão tratando.
As críticas pela quase camaradagem com que o relator, o petista Odair Cunha, estava tratando o governador tucano fizeram com que ele se sentisse acuado por uma ala do PT que continua mais empenhada em pegar um tucano de bico grande do que os ladrões do dinheiro público do esquema mafioso de Cachoeira.
Odair Cunha, depois de uma saída estratégica que deve ter servido para que fosse pressionado nos bastidores, voltou a comandar a sessão com mais apetite e lançou no ar a possibilidade de quebrar os sigilos fiscal e bancário do governador Marconi Perillo.
Disfarçou o desejo com uma pergunta extemporânea que, se aceita pelo tucano, abriria uma brecha para a quebra dos sigilos sem que fosse preciso aprová-la em plenário.
A manobra foi denunciada pelos integrantes do PSDB, que imediatamente cobraram do relator uma atitude semelhante com relação ao governador petista do Distrito Federal.
É previsível que hoje o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, sofra um pouco no começo do interrogatório, para que se restabeleça o equilíbrio de forças políticas que levou ao acordo que ficou explícito na maior parte do depoimento de Perillo.
Restabelecido esse equilíbrio precário, que tem no PMDB seu fiador, a CPMI voltará à estaca zero, sem ter para onde correr, a não ser a empreiteira Delta.
Foi esse equilíbrio de forças, mesmo que na teoria a base aliada seja maioria esmagadora no plenário, que levou à quebra do sigilo nacional da Delta, que não interessava a ninguém, mas se impôs como uma necessidade para não desmoralizar de vez a CPMI.
A tentativa de limitar as investigações sobre a empreiteira Delta ao que acontecia na sua direção do Centro-Oeste já havia sido superada pela maioria da CPMI, que exigiu a quebra do sigilo da empreiteira em todo o país, pois não é plausível imaginar que os métodos adotados naquela região pela empreiteira nada tivessem a ver com a sua cultura nos demais estados do país onde funcionava.
A empreiteira agora considerada inidônea tinha obras em praticamente todas as unidades da Federação, sobretudo devido ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e nada indica que seus métodos de ganhar licitações fossem diferentes em Goiás e no Rio de Janeiro, por exemplo.
Depois dessa decisão da CGU, não é possível fazer de conta que a relação profissional da Delta com políticos de vários partidos e em vários estados não mereça ser investigada.
Os parlamentares têm agora motivos suficientes para começar a trabalhar em casos concretos, deixando de lado as ridículas picuinhas partidárias que tomam conta do plenário desde que a CPMI foi instalada.
Estabelecer uma subcomissão para aprofundar as investigações sobre a Delta, conforme sugestão da senadora Kátia Abreu, é um caminho objetivo para que a CPMI não caia no vazio, transformando-se em mais uma comissão que não terá consequência prática.
Outro ponto importante seria a CPMI apresentar uma proposta de nova lei de licitações para as obras públicas, pois estamos vendo as dificuldades que existem para deslanchar as obras tão necessárias ao desenvolvimento do país, seja pela descoberta de corrupção, seja pela burocracia que emperra os cronogramas.
A convocação de dois dos governadores aparentemente mais envolvidos com o esquema corrupto que o bicheiro montou em clara associação com a empreiteira Delta tornou inevitável o que se viu ontem, um acordo tácito entre PT, PSDB e PMDB para que tanto o tucano Marconi Perillo quanto o petista Agnelo Queiroz passem pela arguição da CPI sem maiores problemas.
O PMDB fica de prontidão para que tudo saia como o combinado nos bastidores, garantindo que outro governador, o peemedebista Sérgio Cabral, do Rio, não precisará nem mesmo sentar no banco de testemunhas da CPMI.
O governador Marconi Perillo, o primeiro a ser interrogado, saiu-se bem da empreitada do ponto de vista pragmático da política, mesmo que algumas situações não tenham ficado esclarecidas devidamente, como ressaltou o líder do PSOL Chico Alencar, o único partido que parece disposto a investigar verdadeiramente as ligações de Cachoeira com os políticos.
A mais interessante de todas as contradições do governador tucano foi a origem dos cheques que diz ter recebido em pagamento por sua casa.
Ele se arrepende de não ter querido saber quem eram os signatários dos cheques, como se fosse um negociador inexperiente e não um político dos mais calejados na vida pública.
Sua atuação foi tão convincente quanto as palmas dos correligionários ao seu final, todos em busca de um clima que afastasse as ameaças de uma investigação mais aprofundada.
Para confirmar a velha lenda de que nunca se sabe como uma CPI vai terminar, a evidência de que havia uma combinação para não pressionar o governador de Goiás provocou uma situação imprevista difícil de superar e que pode ter desdobramentos hoje no depoimento do governador do Distrito Federal.
O que pode melar todos os acordos feitos por baixo do pano e dar à CPMI uma nova vida, mais compatível com a realidade com que estão tratando.
As críticas pela quase camaradagem com que o relator, o petista Odair Cunha, estava tratando o governador tucano fizeram com que ele se sentisse acuado por uma ala do PT que continua mais empenhada em pegar um tucano de bico grande do que os ladrões do dinheiro público do esquema mafioso de Cachoeira.
Odair Cunha, depois de uma saída estratégica que deve ter servido para que fosse pressionado nos bastidores, voltou a comandar a sessão com mais apetite e lançou no ar a possibilidade de quebrar os sigilos fiscal e bancário do governador Marconi Perillo.
Disfarçou o desejo com uma pergunta extemporânea que, se aceita pelo tucano, abriria uma brecha para a quebra dos sigilos sem que fosse preciso aprová-la em plenário.
A manobra foi denunciada pelos integrantes do PSDB, que imediatamente cobraram do relator uma atitude semelhante com relação ao governador petista do Distrito Federal.
É previsível que hoje o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, sofra um pouco no começo do interrogatório, para que se restabeleça o equilíbrio de forças políticas que levou ao acordo que ficou explícito na maior parte do depoimento de Perillo.
Restabelecido esse equilíbrio precário, que tem no PMDB seu fiador, a CPMI voltará à estaca zero, sem ter para onde correr, a não ser a empreiteira Delta.
Foi esse equilíbrio de forças, mesmo que na teoria a base aliada seja maioria esmagadora no plenário, que levou à quebra do sigilo nacional da Delta, que não interessava a ninguém, mas se impôs como uma necessidade para não desmoralizar de vez a CPMI.
A tentativa de limitar as investigações sobre a empreiteira Delta ao que acontecia na sua direção do Centro-Oeste já havia sido superada pela maioria da CPMI, que exigiu a quebra do sigilo da empreiteira em todo o país, pois não é plausível imaginar que os métodos adotados naquela região pela empreiteira nada tivessem a ver com a sua cultura nos demais estados do país onde funcionava.
A empreiteira agora considerada inidônea tinha obras em praticamente todas as unidades da Federação, sobretudo devido ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e nada indica que seus métodos de ganhar licitações fossem diferentes em Goiás e no Rio de Janeiro, por exemplo.
Depois dessa decisão da CGU, não é possível fazer de conta que a relação profissional da Delta com políticos de vários partidos e em vários estados não mereça ser investigada.
LISTA DE CHAMADA - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 13/06
Três alunos transexuais de faculdades de SP conseguiram o direito de serem chamados por seus nomes sociais, e não pelo que consta em seus RGs. Dois deles nasceram mulheres e pediram para ser chamados pelos nomes masculinos que adotaram -um deles, na formatura. No terceiro caso, um jovem adotou a identidade feminina.
LISTA 2
A intervenção, em nome dos alunos, foi feita pela Defensoria de SP. O órgão alegou que as faculdades são concessionárias do serviço público de educação e precisam respeitar o decreto estadual que determina aos órgãos públicos que usem os nomes sociais das pessoas.
LISTA 3
As faculdades que concordaram com a Defensoria foram a Unip de Campinas, o Senac Santo Amaro e o Centro Claretiano, em Batatais.
CRACOLÂNDIA
Além de pedir indenização de R$ 40 milhões ao governo de SP por causa da operação da cracolândia, o Ministério Público pedirá investigação que identifique quem foram os comandantes da iniciativa. Os promotores pretendem responsabilizá-los individualmente.
É PRA JÁ
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) apresentará na Rio+20 pesquisa feita com 60 executivos de algumas das maiores empresas do Brasil sobre o tema: 84% responderam que a sustentabilidade é "parte do desenvolvimento econômico e social". E 16% disseram que é um problema das próximas gerações. Em outra sondagem, 75% afirmaram acreditar que os investimentos na área vão aumentar nos próximos dois anos.
LULA LÁ
Lula foi convidado para inaugurar a mostra "Portinari + Brasileir@s" na Arena Socioambiental da Rio+20, no sábado. Está prevista palestra dele sobre "erradicação da pobreza e desenvolvimento sustentável". Na cerimônia devem estar presentes os ministros Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente).
ESTRELA
Uma das preocupações da equipe de Dilma Rousseff durante a visita do rei Juan Carlos, da Espanha, ao Brasil na semana passada era saber se a suposta namorada dele, Corinna Zu Sayn, apareceria por aqui. Ninguém percebeu sinal dela na comitiva.
TURMA DA MARISA
A turnê "Verdade uma Ilusão", de Marisa Monte, conta com nove músicos, 30 pessoas nos bastidores e dez toneladas em equipamentos. Ela estreia série de shows em São Paulo a partir do dia 21, no HSBC Brasil.
MOLDURA
O grupo Patronos da Arte Contemporânea do Acervo da Pinacoteca de SP já conseguiu arrecadar R$ 250 mil. A primeira reunião para decidir quais obras serão compradas com a quantia arrecadada será após a abertura Bienal de SP, em setembro.
ATOR PRINCIPAL
O ator Marcos Palmeira, que produz alimentos orgânicos e milita na causa ambiental, não está otimista com a Rio+20. "Sem os grande países, como EUA e China, fica difícil termos alguma mudança." Palmeira vai participar do evento.
DIAMANTE NEGRO
Titina Bilton, da Agenda Black, reuniu empresárias e socialites na joalheria de Jack Vartanian, nos Jardins, anteontem, para evento em prol do Verdescola, de Maria Antonia Civita; o dinheiro da venda de pulseiras de ouro branco e diamante negro foi revertido para o projeto, que promove educação socioambiental em escolas de SP.
PRAIA PAULISTA
Os atores Caco Ciocler, Fernanda Paes Leme e Fernanda Souza e o cantor Thiaguinho conferiram os desfiles do primeiro dia da SPFW, anteontem, na Bienal. A cantora Maria Rita foi à apresentação de Fause Haten.
MULHERES DE PRETO
A atriz Luana Piovani (à esq.) e a cantora Zélia Duncan serão as mestres de cerimônia do Prêmio da Música Brasileira, hoje, no Rio. O organizador da festa, José Mauricio Machline, queria alguém ligado à música na apresentação e convidou Zélia; já Luana havia lhe contado que adoraria estar no palco. A figurinista Sonia Soares escolheu smoking e vestido, ambos pretos, para cada uma. "A Luana está com o corpo ótimo dois meses após dar à luz", diz Sonia.
CURTO-CIRCUITO
Natalia Brizuela lança hoje o livro "Fotografia e Império - Paisagens para um Brasil Moderno", no centro de convenções da Faap, às 19h30.
A ópera "Dido and Aeneas", de Henry Purcell, será apresentada hoje no Club Homs, na avenida Paulista, às 20h. Livre.
O indiano Pavan Sukhdev abre hoje simpósio sobre meio ambiente do Pnuma (Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente) sobre economia verde, no Sesc Pinheiros, às 9h.
Matthieu Chedid -M se apresenta hoje no Na Mata Café, às 23h, em SP. Classificação: 18 anos.
com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, LÍGIA MESQUITA e OLÍVIA FLORÊNCIA
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