O GLOBO - 23/05
Veja a força de Xuxa e do “Fantástico”, da TV Globo. A Secretaria Nacional de Direitos Humanos recebeu mais de 220 mil ligações, desde domingo, depois que a apresentadora disse ter sofrido violência sexual quando era criança. É um recorde de denúncias.
Camila venceu
Dilma decidiu vetar mesmo o artigo do Código Florestal que anistiava os desmatadores — aquele que Camila Pitanga, como mestre de cerimônias de um evento com a presidente, no Rio, quebrou o protocolo e pediu: — Veta, Dilma...
Não é só a Delta
A diretoria da Petrobras Distribuidora deve suspender hoje o contrato com a sueca Skanska para ampliação de sua fábrica de lubrificantes, no Rio. O que se diz é que a empresa, apesar de ter ganhado um reajuste no preço, atrasou a obra.
Carlinhos, 30 anos
Carlinhos de Jesus vai festejar seus 30 anos de carreira em grande estilo. A produtora carioca Montenegro e Raman prepara o espetáculo musical, com direito a maestro, “Carlinhos de Jesus — 30 anos de reinado”. Poderá captar R$ 3.431.640 pela Lei Rouanet.
Crise na terrinha
O consulado de Portugal no Rio vai cortar 5% dos salários de seus funcionários. E avisou: 13,, nem pensar.
Samba em alemão
“Desde que o samba é samba”, o livro de Paulo Lins, será editado em Portugal, pela Editora Caminho, e na Alemanha, pela Droemer Knaur. O autor ficou conhecido com a publicação, em 1997, de “Cidade de Deus”.
IMPERIANOS COMO Dona Ivone Lara, Arlindo Cruz, João Bosco, mestre Zuenir Ventura e outros têm motivo para festejar. O querido Império Serrano, nove vezes campeão do carnaval, criado em 23 de março de 1947 por baluartes como Seu Molequinho, 91 anos, seu único fundador vivo, vai reinaugurar sua quadra sábado. O templo do samba, reformado com apoio da prefeitura, será reaberto com novidades. A escola vai iniciar a segunda fase da modernização, que inclui a construção de um centro cultural com iPads para pesquisa e painéis com imagens de desfiles célebres. Para isso, será lançada a campanha "Meu Império", que vai eternizar os nomes de imperianos colaboradores em azulejos fixados na entrada. Quem doar R$ 250 terá o nome gravado para sempre ali. Veja os modelos com alguns ilustres. Salve o Império!
País dos barnabés
Esse negócio de crédito consignado é coisa, principalmente, de funcionário público. Veja esta conta do economista José Roberto Afonso. Em março, os servidores respondiam por 85% do saldo de R$ 165 bilhões de crédito consignado, segundo o Banco Central.
Aliás...
Deve ser por isso que tem banco que mata e morre para administrar a folha de salários das prefeituras e dos estados. Afinal, esse tipo de papagaio tem, praticamente, risco zero.
Nathália eterna
Nathália Timberg, 82 anos, vai gravar dia 30 agora o seu Depoimento Para a Posteridade, a série do MIS que eterniza a trajetória de grandes brasileiros.
Ponte na Barra
Depois do Museu do Amanhã, o arquiteto espanhol Santiago Calatrava fará outro projeto no Rio. Trata-se de uma ponte sobre o Canal da Barra, que ligará o túnel do metrô da Linha 4 ao Jardim Oceânico.
Corredor do Fórum
A 14+ Câmara Cível do Rio condenou a Viradouro e a Liesa a indenizarem em R$ 18.231,40 Kátia Regina de Azevedo. No carnaval, Kátia desfilava quando um carro da escola se dividiu e ela caiu de 3 metros.
Petisco de Noel
Quem for aos shows da exposição “Noel Rosa, 75 anos sem vida. Viva Noel! 1937-2012”, que será aberta dia 5, no Rio, ganhará amendoim e Vermute. “É para recriar o tempo dele”, diz o curador Mauro Cleverson. Já no vernissage haverá cerveja e... sanduíche de mortadela.
No estaleiro
Sérgio Dias, secretário de Urbanismo de Eduardo Paes, rompeu os tendões do pé. Será operado sexta.
Experiência própria
Luciano Coutinho, presidente do BNDES, preso num engarrafamento no Leme, no Rio, ontem, e atrasado para uma palestra no Copacabana Palace, saltou do carro e... foi a pé. Chegou meio esbaforido e, em sua fala, afirmou que o Brasil tem condições de reduzir emissões de CO² — como a dos... carros.
quarta-feira, maio 23, 2012
Silêncio revelador - EDITORIAL - ZERO HORA
ZERO HORA - 23/05
Personagem central do esquema de corrupção de agentes públicos e privados desbaratado recentemente pela Polícia Federal, o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, protagonizou ontem uma previsível pantomima na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Congresso Nacional. Com o semblante abatido em relação ao homem que transitava com desenvoltura nos bastidores do poder e ladeado por seu advogado Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça do governo Lula, o depoente usou e abusou do direito constitucional de permanecer calado - o que, no caso, equivale a uma explícita confissão de culpa. Em torno dele, deputados e senadores integrantes da investigação parlamentar jogaram para a torcida, a maioria aproveitando o momento de visibilidade para expor suas ideias sobre o caso e para fustigar adversários políticos com insinuações.Apesar das tentativas sensatas de transferência da inquirição para depois da audiência do contraventor na 11ª Vara da Justiça Federal de Goiâ-nia, prevista para o próximo dia 31, os parlamentares levaram adiante a encenação por mais de duas horas, até que uma intervenção veemente da Senadora Kátia Abreu (PSD-TO) conseguiu transformar a sessão de inquérito em reunião administrativa. "Esta sessão está sendo ridícula. O que as pessoas vão pensar de nós, se estamos aqui perguntando para uma múmia? Não estamos aqui para fazer papel de bobos diante de um chefe de quadrilha" - disse a parlamentar. E parecia isso mesmo: a cada questionamento, o depoente respondia de forma monocórdia:
- Calado, senhor!
O silêncio do acusado, ao mesmo tempo em que amplia as suspeitas de sua participação no esquema criminoso, também revela a inoperância de uma CPI que começou promissora, com a convocação de 51 pessoas e 36 quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico, mas não consegue superar vícios políticos e partidários de seus integrantes, mais interessados em proteger correligionários do que em promover uma verdadeira depuração ética na administração pública. Na semana passada, esta estratégia ficou escancarada quando um acordo de líderes livrou de depoimentos os governadores Agnelo Queiroz (PT-DF), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ), além de restringir a investigação sobre a empreiteira Delta à Região Centro-Oeste.
Todos ficaram devendo à nação. Do acusado já se esperava o silêncio espertamente planejado para dificultar a verdade. Dos parlamentares, porém, os brasileiros ainda esperam um pouco mais de seriedade, um pouco mais de responsabilidade com os seus mandatos, um pouco mais de compromisso com o país. Não foi uma boa largada, mas ainda há tempo para uma virada de rumo nesta investigação.
O G-10 da CPI - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 23/05
Já começam a surgir indícios de que blindagem e CPI não combinam. A Justiça do DF quebrou o sigilo da Delta e a CPI terá acesso aos documentos. Ou seja, o escudo que protegia a Delta nacional caiu
Quem assistiu ao não depoimento de Carlinhos Cachoeira à CPI que investiga os negócios do contraventor e suas relações com as autoridades públicas deve ter pensado que a comissão não passa de um teatro. Realmente, valendo-se da máxima “a primeira impressão é a que fica”, essa CPI talvez já esteja carimbada como tal. Percebe-se ainda, à primeira vista, dois grupos — os tucanos fazem perguntas sobre Agnelo Queiroz (PT), o governador do Distrito Federal, e os petistas tratam de jogar Cachoeira no colo do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Normal, em se tratando de partidários que querem defender os seus. Mas a sessão de ontem nos traz mais do que isso.
Toda Comissão Parlamentar de Inquérito que se preze tem um grupo de parlamentares que fura as blindagens. Pelo menos as mais grosseiras, como essa com a qual os partidos pretendem proteger os governadores. Na CPI do caso PC, esse grupo era grande. Reunia nomes como os ex-senadores Mário Covas (PSDB-SP), Maurício Corrêa (PDT-DF) e Pedro Simon (PMDB-RS). Simon é, até hoje, uma referência no Congresso, um dos poucos que, vez por outra, chama a atenção dos próprios colegas.
No Orçamento, houve mais: Sigmaringa Seixas, então deputado pelo PSDB do Distrito Federal, Miro Teixeira (PDT-RJ), Covas, Simon e Jarbas Passarinho (PDS-PA) — que foi o presidente —, Roberto Magalhães — o relator — e o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN). Isso sem contar os petistas José Dirceu e Luiz Gushiken. Esses dois, infelizmente, quando no governo, terminaram envolvidos em problemas talvez tão graves quanto os do Orçamento que ajudaram a investigar.
Por falar em Miro…
Miro Teixeira é, talvez, o único integrante da CPI do Cachoeira que acompanhou todas as comissões de inquérito mais importantes ao longo da história recente do país. Integrou, por exemplo, a CPI que investigou a rede fantasmagórica que cercava o Planalto nos tempos colloridos. Não por acaso, sempre olha meio atravessado para o ex-presidente, que hoje faz parte de uma CPI como investigador.
Miro integra o G-10 da nova CPI, ou seja, o grupo que pretende realmente investigar quem se serviu do esquema de Carlos Cachoeira e quem prestou serviços à quadrilha dentro do poder público constituído. Nesse rol, estão alguns parlamentares que passaram por outras comissões de inquérito, caso de Carlos Sampaio (PSDB-SP), Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Delcídio Amaral (PT-MS) e Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). Essa turma já esteve junta, por exemplo, na CPI dos Correios, que terminou investigando o mensalão. Ali, essa turma ajudou que o processo chegasse ao Ministério Público e ao Supremo Tribunal Federal (STF). E agora promete repetir a dose, levando a esse grupo novos personagens recém-chegados ao Parlamento.
Por falar em novos…
Já estão na listagem desses parlamentares Pedro Taques (PDT-MT), Randolfe Rodrigues (PSol-AP), Glauber Braga (PSB-RJ), Chico Alencar (PSol-RJ) e Fernando Francischini (PSDB-SP). Uns pela experiência como investigadores, casos de Francischini e de Taques. Os dois do PSol e o do PSB entram pelo tempo que têm dedicado à comissão.
Por enquanto, são esses os cavaleiros identificados por muitos como aqueles que tentarão furar as blindagens. Os dois tucanos, por exemplo, são de São Paulo e não se cansam de repetir que Marconi Perillo jamais se recusou a comparecer. Esse grupo pode aumentar, a depender do comportamento de cada um. Não será surpresa se Luiz Pitiman, do DF, que não sai das salas da comissão, também fizer parte. Afinal, quanto mais deputados fizerem parte daqueles que desejam investigar ao estilo doer em quem doer, melhor para a imagem do Congresso. E, convenhamos, está na hora de eles fazerem alguma coisa para dar uma levantada no visual.
Por falar em blindagem…
Vale registro um certo nervosismo por parte do relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), quando o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) mencionou a Operação Saint Michel, da Polícia Civil do Distrito Federal, que trata do interesse da Delta na bilhetagem eletrônica do transporte público no DF. Na semana passada, num cochilo dos “blindeiros”, Onyx aprovou, por unanimidade, pedido para que a CPI tenha acesso aos documentos da Saint Michel. Nessa operação, os delegados pediram e obtiveram a quebra de sigilo bancário da matriz da Delta Construções, no Rio. Onyx ontem deixou claro, num discurso meio rebuscado quase no fim da sessão, que deu um “chapéu” naqueles que tentaram evitar a luz do sol sobre essas informações. Agora, com esse “jeitinho”, basta esperar os papéis chegarem aos responsáveis pela Saint Michel para serem repassados. Esse pequeno detalhe mostra que blindagem e CPI não combinam. E, felizmente, começa a se formar um grupo na comissão para furar escudos.
Já começam a surgir indícios de que blindagem e CPI não combinam. A Justiça do DF quebrou o sigilo da Delta e a CPI terá acesso aos documentos. Ou seja, o escudo que protegia a Delta nacional caiu
Quem assistiu ao não depoimento de Carlinhos Cachoeira à CPI que investiga os negócios do contraventor e suas relações com as autoridades públicas deve ter pensado que a comissão não passa de um teatro. Realmente, valendo-se da máxima “a primeira impressão é a que fica”, essa CPI talvez já esteja carimbada como tal. Percebe-se ainda, à primeira vista, dois grupos — os tucanos fazem perguntas sobre Agnelo Queiroz (PT), o governador do Distrito Federal, e os petistas tratam de jogar Cachoeira no colo do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Normal, em se tratando de partidários que querem defender os seus. Mas a sessão de ontem nos traz mais do que isso.
Toda Comissão Parlamentar de Inquérito que se preze tem um grupo de parlamentares que fura as blindagens. Pelo menos as mais grosseiras, como essa com a qual os partidos pretendem proteger os governadores. Na CPI do caso PC, esse grupo era grande. Reunia nomes como os ex-senadores Mário Covas (PSDB-SP), Maurício Corrêa (PDT-DF) e Pedro Simon (PMDB-RS). Simon é, até hoje, uma referência no Congresso, um dos poucos que, vez por outra, chama a atenção dos próprios colegas.
No Orçamento, houve mais: Sigmaringa Seixas, então deputado pelo PSDB do Distrito Federal, Miro Teixeira (PDT-RJ), Covas, Simon e Jarbas Passarinho (PDS-PA) — que foi o presidente —, Roberto Magalhães — o relator — e o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN). Isso sem contar os petistas José Dirceu e Luiz Gushiken. Esses dois, infelizmente, quando no governo, terminaram envolvidos em problemas talvez tão graves quanto os do Orçamento que ajudaram a investigar.
Por falar em Miro…
Miro Teixeira é, talvez, o único integrante da CPI do Cachoeira que acompanhou todas as comissões de inquérito mais importantes ao longo da história recente do país. Integrou, por exemplo, a CPI que investigou a rede fantasmagórica que cercava o Planalto nos tempos colloridos. Não por acaso, sempre olha meio atravessado para o ex-presidente, que hoje faz parte de uma CPI como investigador.
Miro integra o G-10 da nova CPI, ou seja, o grupo que pretende realmente investigar quem se serviu do esquema de Carlos Cachoeira e quem prestou serviços à quadrilha dentro do poder público constituído. Nesse rol, estão alguns parlamentares que passaram por outras comissões de inquérito, caso de Carlos Sampaio (PSDB-SP), Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Delcídio Amaral (PT-MS) e Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). Essa turma já esteve junta, por exemplo, na CPI dos Correios, que terminou investigando o mensalão. Ali, essa turma ajudou que o processo chegasse ao Ministério Público e ao Supremo Tribunal Federal (STF). E agora promete repetir a dose, levando a esse grupo novos personagens recém-chegados ao Parlamento.
Por falar em novos…
Já estão na listagem desses parlamentares Pedro Taques (PDT-MT), Randolfe Rodrigues (PSol-AP), Glauber Braga (PSB-RJ), Chico Alencar (PSol-RJ) e Fernando Francischini (PSDB-SP). Uns pela experiência como investigadores, casos de Francischini e de Taques. Os dois do PSol e o do PSB entram pelo tempo que têm dedicado à comissão.
Por enquanto, são esses os cavaleiros identificados por muitos como aqueles que tentarão furar as blindagens. Os dois tucanos, por exemplo, são de São Paulo e não se cansam de repetir que Marconi Perillo jamais se recusou a comparecer. Esse grupo pode aumentar, a depender do comportamento de cada um. Não será surpresa se Luiz Pitiman, do DF, que não sai das salas da comissão, também fizer parte. Afinal, quanto mais deputados fizerem parte daqueles que desejam investigar ao estilo doer em quem doer, melhor para a imagem do Congresso. E, convenhamos, está na hora de eles fazerem alguma coisa para dar uma levantada no visual.
Por falar em blindagem…
Vale registro um certo nervosismo por parte do relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), quando o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) mencionou a Operação Saint Michel, da Polícia Civil do Distrito Federal, que trata do interesse da Delta na bilhetagem eletrônica do transporte público no DF. Na semana passada, num cochilo dos “blindeiros”, Onyx aprovou, por unanimidade, pedido para que a CPI tenha acesso aos documentos da Saint Michel. Nessa operação, os delegados pediram e obtiveram a quebra de sigilo bancário da matriz da Delta Construções, no Rio. Onyx ontem deixou claro, num discurso meio rebuscado quase no fim da sessão, que deu um “chapéu” naqueles que tentaram evitar a luz do sol sobre essas informações. Agora, com esse “jeitinho”, basta esperar os papéis chegarem aos responsáveis pela Saint Michel para serem repassados. Esse pequeno detalhe mostra que blindagem e CPI não combinam. E, felizmente, começa a se formar um grupo na comissão para furar escudos.
A mecânica de um braço - RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 23/05
RIO DE JANEIRO - À fratura na cabeça do úmero esquerdo, quebrado em quatro pedaços, seguiu-se uma cirurgia de cinco horas. Mas precisei ter o local imobilizado durante dois meses e só então começar a fisioterapia para me dar conta da maravilha que é o funcionamento de um braço. É uma mecânica de absurda sofisticação, e da qual só nos damos conta quando ela nos causa incômodo e dor.
A princípio, ao conforto da tipoia e proibido de qualquer atividade, ainda brinquei de listar coisas que exigem os dois braços e talvez eu nunca voltasse a fazer -como se as fizesse todo dia-, como bater um lateral, cobrar um lance livre no basquete, levantar a Copa do Mundo, dar bananas para os desafetos ou enviar mensagens com bandeirinhas no convés do porta-aviões. Pois bastou o ortopedista me liberar para os primeiros movimentos para eu descobrir que mesmo o gesto mais simples pode ser uma obra-prima.
Levar a mão ao bolso traseiro para puxar a carteira, por exemplo, envolve um complexo de ossos, músculos, nervos, ligamentos e articulações numa operação quase desproporcional à banalidade do ato.
Levar água à boca com as mãos, conduzir o cinto pelos passadores da calça, lavar o cabelo, cortar um bife com garfo e faca, bater palmas no teatro, digitar com sete ou oito dedos, abraçar uma mulher -todos se tornam proezas, metas a se atingir um dia.
Mulheres com o mesmo problema me dizem que sofrem com tudo isso e até mais -impossível prender um colar ao pescoço ou desprender o fecho do sutiã nas costas.
Mas, a cada sessão de fisioterapia, o braço abre mais um grau ou sobe mais um centímetro. São grandes conquistas. Daqui a muitos graus e centímetros, conseguirei fazer de novo os movimentos que fazia e todo mundo faz, e temo que voltarei a dá-los de barato, como se não fossem nada demais.
Europa, entre querer e poder - ALEXANDRE SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 23/05
Sem uma política fiscal europeia, não há como sustentar o sonho da unidade monetária
FUI MAIS de uma vez questionado, no contexto da atual crise europeia, se -dada a profunda recessão enfrentada pela periferia da zona do euro- não seria o caso de esses países buscarem alguma forma de incentivo ao crescimento como, por exemplo, os programas adotados na esteira da crise financeira de 2008/9, caracterizados por forte expansão fiscal.
Minha resposta tem sido invariavelmente a seguinte: "Expansão fiscal é para quem pode, não para quem quer; mas quem pode não quer".
Já explico. Obviamente, para países como Espanha, Irlanda e mesmo Itália e Portugal, um aumento do gasto público poderia, tudo o mais constante (atentem para essa cláusula), reativar a economia e reduzir a taxa de desemprego.
O único senão é que as demais variáveis têm o péssimo hábito de não se manter constantes ao longo do processo, complicando o problema um bocado.
Na prática, todos os países acima têm encontrado dificuldades na obtenção de recursos para financiar seus níveis atuais de gasto (ou, mais precisamente, dos seus gastos em excesso às receitas).
Enquanto escrevo esta coluna, a Itália precisa pagar um prêmio de risco algo superior a 5% ao ano para convencer investidores a comprar seus títulos, enquanto custa à Espanha ainda um pouco mais (5,5% ao ano) para vender os seus.
Assim, caso resolvessem ampliar seus gastos, enfrentariam complicações adicionais para persuadir poupadores a adquirir seus papéis, sendo obrigados a pagar prêmios ainda maiores.
Todavia, como a taxa de juros dos empréstimos ao governo é geralmente também a menor taxa de juros do país, os efeitos da expansão dos gastos acaba por levar ao encarecimento do crédito, na prática desfazendo, pela via monetária, o potencial impulso que viria pelo lado fiscal.
Há, é verdade, quem argumente que o crescimento da economia resultante do aumento de gastos geraria a receita tributária necessária para financiar tal aumento, mas qualquer economista que dedicar cinco minutos de sua vida à álgebra verificará que se trata de impossibilidade matemática.
Não se trata de maldição genérica. Há países (Alemanha, Reino Unido, EUA) que, mesmo fora da melhor forma fiscal, têm conseguido obter recursos a taxas de juros muito baixas. A taxa de juros real (descontada a inflação) nos títulos de dez anos dos EUA é negativa (algo como -0,5% ao ano); já a taxa para dez anos (sem descontar a inflação) no Reino Unido e na Alemanha é, respectivamente, pouco inferior a 2% ao ano e 1,5% ao ano, menores, portanto, do que a inflação esperada. Posto de outra forma: em dez anos, esses países poderão devolver a seus credores menos do que lhes foi emprestado.
Não há milagre, apenas a percepção de que tais governos, ao contrário daqueles da periferia do euro, não apresentam risco de calote e que, portanto, podem, em alguma medida, elevar seus gastos sem que isso comprometa, pela elevação da taxa de juros, a recuperação da demanda privada.
Do ponto de vista da Europa, pois, se há alguém que possa efetivamente auxiliar na recuperação econômica da periferia (ainda mais levando em conta a profunda integração comercial entre esses países), trata-se da Alemanha.
Dito isso, se declarações mais recentes de autoridades alemãs parecem finalmente demonstrar a percepção de que qualquer solução para a crise europeia passa pela aceleração da demanda interna nesse país (por exemplo, a defesa de aumentos salariais pelo ministro Wolfgang Schäuble e mesmo a aceitação de uma taxa de inflação algo acima da média da zona do euro), ainda estamos longe de ver políticas consistentes no sentido de restaurar as condições de crescimento da periferia.
A hora da verdade para o euro está se aproximando, mas o mundo político ainda não parece ter se dado conta do que está em jogo.
Sem uma política fiscal europeia, não há como sustentar o sonho da unidade monetária.
Sem uma política fiscal europeia, não há como sustentar o sonho da unidade monetária
FUI MAIS de uma vez questionado, no contexto da atual crise europeia, se -dada a profunda recessão enfrentada pela periferia da zona do euro- não seria o caso de esses países buscarem alguma forma de incentivo ao crescimento como, por exemplo, os programas adotados na esteira da crise financeira de 2008/9, caracterizados por forte expansão fiscal.
Minha resposta tem sido invariavelmente a seguinte: "Expansão fiscal é para quem pode, não para quem quer; mas quem pode não quer".
Já explico. Obviamente, para países como Espanha, Irlanda e mesmo Itália e Portugal, um aumento do gasto público poderia, tudo o mais constante (atentem para essa cláusula), reativar a economia e reduzir a taxa de desemprego.
O único senão é que as demais variáveis têm o péssimo hábito de não se manter constantes ao longo do processo, complicando o problema um bocado.
Na prática, todos os países acima têm encontrado dificuldades na obtenção de recursos para financiar seus níveis atuais de gasto (ou, mais precisamente, dos seus gastos em excesso às receitas).
Enquanto escrevo esta coluna, a Itália precisa pagar um prêmio de risco algo superior a 5% ao ano para convencer investidores a comprar seus títulos, enquanto custa à Espanha ainda um pouco mais (5,5% ao ano) para vender os seus.
Assim, caso resolvessem ampliar seus gastos, enfrentariam complicações adicionais para persuadir poupadores a adquirir seus papéis, sendo obrigados a pagar prêmios ainda maiores.
Todavia, como a taxa de juros dos empréstimos ao governo é geralmente também a menor taxa de juros do país, os efeitos da expansão dos gastos acaba por levar ao encarecimento do crédito, na prática desfazendo, pela via monetária, o potencial impulso que viria pelo lado fiscal.
Há, é verdade, quem argumente que o crescimento da economia resultante do aumento de gastos geraria a receita tributária necessária para financiar tal aumento, mas qualquer economista que dedicar cinco minutos de sua vida à álgebra verificará que se trata de impossibilidade matemática.
Não se trata de maldição genérica. Há países (Alemanha, Reino Unido, EUA) que, mesmo fora da melhor forma fiscal, têm conseguido obter recursos a taxas de juros muito baixas. A taxa de juros real (descontada a inflação) nos títulos de dez anos dos EUA é negativa (algo como -0,5% ao ano); já a taxa para dez anos (sem descontar a inflação) no Reino Unido e na Alemanha é, respectivamente, pouco inferior a 2% ao ano e 1,5% ao ano, menores, portanto, do que a inflação esperada. Posto de outra forma: em dez anos, esses países poderão devolver a seus credores menos do que lhes foi emprestado.
Não há milagre, apenas a percepção de que tais governos, ao contrário daqueles da periferia do euro, não apresentam risco de calote e que, portanto, podem, em alguma medida, elevar seus gastos sem que isso comprometa, pela elevação da taxa de juros, a recuperação da demanda privada.
Do ponto de vista da Europa, pois, se há alguém que possa efetivamente auxiliar na recuperação econômica da periferia (ainda mais levando em conta a profunda integração comercial entre esses países), trata-se da Alemanha.
Dito isso, se declarações mais recentes de autoridades alemãs parecem finalmente demonstrar a percepção de que qualquer solução para a crise europeia passa pela aceleração da demanda interna nesse país (por exemplo, a defesa de aumentos salariais pelo ministro Wolfgang Schäuble e mesmo a aceitação de uma taxa de inflação algo acima da média da zona do euro), ainda estamos longe de ver políticas consistentes no sentido de restaurar as condições de crescimento da periferia.
A hora da verdade para o euro está se aproximando, mas o mundo político ainda não parece ter se dado conta do que está em jogo.
Sem uma política fiscal europeia, não há como sustentar o sonho da unidade monetária.
Capitalismo de compadrio - PAULO R. HADDAD
O Estado de S. Paulo - 23/05
François Perroux, o mais importante economista francês do pós-2.ª Guerra, responsável inclusive pelas primeiras propostas para reorganizar uma Europa sem fronteiras econômicas, foi um dos pensadores que melhor compreenderam a lógica e a dinâmica do capitalismo contemporâneo. Afirmava, com muita preocupação, que garantir o lucro é destruir o capitalismo. E, numa economia nacional globalizada, garantir o lucro significa protecionismo econômico.
O protecionismo econômico como um evento não sistêmico não está ausente da agenda do pensamento liberal clássico. No 2.º capítulo do próprio livro quarto de A riqueza das Nações, por exemplo, Adam Smith estabelece uma detalhada reflexão sobre "as restrições à importação de mercadorias estrangeiras que podem ser produzidas no país". E muitas dessas exceções estão presentes no atual cenário mundial, resultantes das reações de diversos países em defesa do seu nível de emprego e renda pós-crise de 2008. Mas essas restrições são apresentadas como exceções, e toda exceção é fonte de controvérsias.
Na atual conjuntura brasileira, há dois argumentos controversos que têm estimulado cada vez mais o protecionismo à indústria nacional. O primeiro é o do processo de reprimarização da economia. Apresenta-se como uma mazela ou um atraso econômico o avanço das exportações de commodities primárias no nosso comércio exterior desde 2002. Há um problema de origem nesse argumento que vem da classificação setorial das exportações em nível de agregação muito elevado (setores de alta, média e baixa tecnologia, por exemplo), desconhecendo-se que a intensidade tecnológica deve ser medida, sempre que possível, no nível de produtos, e não de setores ou ramos industriais.
A tendência é classificar quase todos os produtos intensivos de recursos naturais entre os setores de baixa tecnologia. É indispensável um mínimo de diferenciação interna quanto às características desses produtos (tipos de organização empresarial, transportabilidade, fluxos de destino, dinâmica concorrencial global, etc.) para chegar a classificar a produção de proteína animal e vegetal na agricultura capitalista moderna dos cerrados brasileiros como "uma re-especialização regressiva".
O segundo equívoco de alguns analistas se refere à associação direta que eles estabelecem entre a perda de posição relativa de nossa indústria no cenário exterior e a questão cambial. Esses analistas se dividem quanto a diferentes fatores para explicar a valorização do real, inclusive em suas opiniões sobre a taxa de câmbio necessária para evitar "a desindustrialização" do País, que tem variado de R$ 1,80 a R$ 2,50 por dólar. Ou não seria maior?
As conclusões gerais de Michael Porter sobre a competitividade sistêmica de um país ou região são que: 1) a competitividade não pode ser vista como um fenômeno macroeconômico, impulsionado por variáveis como taxas de câmbio, de juros e déficits governamentais; 2) a competitividade não é função de mão de obra barata ou de recursos naturais abundantes; 3) as empresas de uma região ou de um país não terão êxito se não basearem suas estratégias no progresso e na inovação, numa disposição de competir, no conhecimento realista de seu ambiente nacional/regional/local e de como melhorá-lo; 4) as empresas bem-sucedidas se concentram, com frequência, em determinadas cidades, aglomerados urbanos ou Estados dentro de um país; e 5) o processo de globalização das economias nacionais não exclui a importância das localidades que proporcionam um ambiente fértil para as empresas de indústrias específicas.
Assim, de caso em caso, as autoridades econômicas acabam por selecionar ad hoc esses segmentos que devem ser protegidos e se tornarem "vencedores" no processo de competição global. No final da história, pode-se ir constituindo um capitalismo de compadrio. Acaba-se conspirando contra o consumidor brasileiro, mesmo que os empresários não tenham de se encontrar para tomar chá ou whisky no fim da tarde, como na época de Adam Smith.
Minoritário - SONIA RACY
O ESTADÃO - 23/05
O Banco do Brasil resolveu ser mais light em sua tentativa de abocanhar o Santander Brasil - aproveitando que a situação da economia espanhola vai de mal a pior.
Corre em Brasília que o BB pode fazer proposta para comprar menos de 49% do banco, desde que o negócio também envolva o Votorantim.
Além de Robson Rocha, presidente do conselho da Previ, fala-se de Ivan de Sousa Monteiro, vice do BB e aliado a Aldemir Bendine, para a presidência do fundo no lugar de Ricardo Flores. A decisão deve se dar depois do dia 29, data da eleição direta para outros cargos.
Em tempo: o novo estatuto da Previ estabelece que o presidente tem de ser funcionário da ativa do BB!
Três por umMais uma cartada para impedir que Netinho suba no palanque de Chalita. O PT ofereceu aos comunistas apoio em Jundiaí, Olinda e Florianópolis, onde o PCdoB tem chance.
Amenizando decisão petista de lançar candidato próprio em Porto Alegre, contra Manuela DÁvila, menina dos olhos dos comunistas.
Novo X velhoDirigente petista que assistiu Marta Suplicy discursar “não basta o novo, tem de ter programa novo”, diante de Haddad- durante solenidade de entrega do título de cidadão paulistano a Lula-, não tem dúvidas: “Foi uma canelada. Ela está irritada com o mote”.
Nas inserções do PT na televisão, o próprio ex-presidente fala em renovação.
Assim, simNeymar passou cinco horas com um zagueiro - sem levar botinada. Em gravação de campanha publicitária para a Heliar. No papel do beque, um ator, fã do craque santista.
Lé e créNo Itamaraty, ninguém entendeu as notícias que brotaram, durante o fim de semana, sobre mal-estar entre Antonio Patriota e Celso Amorim. À coluna, fonte do Ministério das Relações Exteriores garantiu: os dois continuam amigos.
Vai entenderNa contramão do mundo, site da Ralph Lauren nos EUA não quer mais cartão de crédito brasileiro. Cliente recebeu e-mail informando: agora, a loja só aceita cartões de Venezuela, Argentina e Panamá, além de europeus e americanos.
Mas, do Brasil…
Hoje à noiteAntes de embarcar, hoje, para o Japão, FHC gravou emocionado depoimento sobre a imprensa e o jornal O Estado de S. Paulo. Que será apresentado, à noite, no lançamento do Acervo Estadão - são mais de 2 milhões de páginas publicadas em seus 137 anos de vida.
Lula também estava programado para gravar sua fala. Motivo? Nunca antes em sua história com D. Marisa, abriu mão de comemorar, a dois, o aniversário de casamento.
À noite 2Alem de Gilberto Gil, Arnaldo Antunes, Dinho Ouro Preto, Ná Ozzetti e Jair Rodrigues, também a cantora Céu estará na festa do Estadão.
No Auditório Ibirapuera.
Em busca de FameTiago Abravanel veio do Rio para ver os amigos no palco do Teatro Frei Caneca, anteontem. “Sou louco por Fame, principalmente o seriado”, disse à coluna. Ele dará um tempo no musical Tim Maia - Vale Tudo e está de viagem marcada, dia 26 de junho, para a Turquia. Parte de sua preparação para viver o vendedor Demir na próxima novela das nove, Salve Jorge. Algum outro personagem que gostaria de encarnar? “Shrek!”
No tapete vermelho, Claudia Raia e o namorado, Jarbas Homem de Mello. A estrela de Cabaret estava ansiosa por ver os jovens talentos no palco: “É importante investir nessa garotada”. Sobre Salve Jorge, na qual interpretará uma traficante de pessoas, a atriz esclareceu: “A Glória Perez adora uma polêmica. E essa máfia movimenta US$ 31 bilhões por ano. Vai ser um desafio!”.
Daniela Mercury, com o marido, Marco Scabia, passou rapidamente pelo red carpet e comentou que musicais sempre a inspiraram. Cantou um trecho de Singinin the Rain e seguiu para a plateia.
Wellington Nogueira, de A Família Addams, foi ao Frei Caneca com a mulher, Mara Mourão. E falou sobre seu mais novo projeto, Plateias Hospitalares: “Hospitais são espaços de vida e, portanto, também de arte”, afirmou.
Já Claudia Netto revelou à coluna que sua Judy Garland, o Fim do Arco-Íris está vindo para SP, mas ainda não encontrou teatro. Enquanto isso, trabalha em peça de Pedro Cardoso. “Porque o show não pode parar”.
O Banco do Brasil resolveu ser mais light em sua tentativa de abocanhar o Santander Brasil - aproveitando que a situação da economia espanhola vai de mal a pior.
Corre em Brasília que o BB pode fazer proposta para comprar menos de 49% do banco, desde que o negócio também envolva o Votorantim.
Além de Robson Rocha, presidente do conselho da Previ, fala-se de Ivan de Sousa Monteiro, vice do BB e aliado a Aldemir Bendine, para a presidência do fundo no lugar de Ricardo Flores. A decisão deve se dar depois do dia 29, data da eleição direta para outros cargos.
Em tempo: o novo estatuto da Previ estabelece que o presidente tem de ser funcionário da ativa do BB!
Três por umMais uma cartada para impedir que Netinho suba no palanque de Chalita. O PT ofereceu aos comunistas apoio em Jundiaí, Olinda e Florianópolis, onde o PCdoB tem chance.
Amenizando decisão petista de lançar candidato próprio em Porto Alegre, contra Manuela DÁvila, menina dos olhos dos comunistas.
Novo X velhoDirigente petista que assistiu Marta Suplicy discursar “não basta o novo, tem de ter programa novo”, diante de Haddad- durante solenidade de entrega do título de cidadão paulistano a Lula-, não tem dúvidas: “Foi uma canelada. Ela está irritada com o mote”.
Nas inserções do PT na televisão, o próprio ex-presidente fala em renovação.
Assim, simNeymar passou cinco horas com um zagueiro - sem levar botinada. Em gravação de campanha publicitária para a Heliar. No papel do beque, um ator, fã do craque santista.
Lé e créNo Itamaraty, ninguém entendeu as notícias que brotaram, durante o fim de semana, sobre mal-estar entre Antonio Patriota e Celso Amorim. À coluna, fonte do Ministério das Relações Exteriores garantiu: os dois continuam amigos.
Vai entenderNa contramão do mundo, site da Ralph Lauren nos EUA não quer mais cartão de crédito brasileiro. Cliente recebeu e-mail informando: agora, a loja só aceita cartões de Venezuela, Argentina e Panamá, além de europeus e americanos.
Mas, do Brasil…
Hoje à noiteAntes de embarcar, hoje, para o Japão, FHC gravou emocionado depoimento sobre a imprensa e o jornal O Estado de S. Paulo. Que será apresentado, à noite, no lançamento do Acervo Estadão - são mais de 2 milhões de páginas publicadas em seus 137 anos de vida.
Lula também estava programado para gravar sua fala. Motivo? Nunca antes em sua história com D. Marisa, abriu mão de comemorar, a dois, o aniversário de casamento.
À noite 2Alem de Gilberto Gil, Arnaldo Antunes, Dinho Ouro Preto, Ná Ozzetti e Jair Rodrigues, também a cantora Céu estará na festa do Estadão.
No Auditório Ibirapuera.
Em busca de FameTiago Abravanel veio do Rio para ver os amigos no palco do Teatro Frei Caneca, anteontem. “Sou louco por Fame, principalmente o seriado”, disse à coluna. Ele dará um tempo no musical Tim Maia - Vale Tudo e está de viagem marcada, dia 26 de junho, para a Turquia. Parte de sua preparação para viver o vendedor Demir na próxima novela das nove, Salve Jorge. Algum outro personagem que gostaria de encarnar? “Shrek!”
No tapete vermelho, Claudia Raia e o namorado, Jarbas Homem de Mello. A estrela de Cabaret estava ansiosa por ver os jovens talentos no palco: “É importante investir nessa garotada”. Sobre Salve Jorge, na qual interpretará uma traficante de pessoas, a atriz esclareceu: “A Glória Perez adora uma polêmica. E essa máfia movimenta US$ 31 bilhões por ano. Vai ser um desafio!”.
Daniela Mercury, com o marido, Marco Scabia, passou rapidamente pelo red carpet e comentou que musicais sempre a inspiraram. Cantou um trecho de Singinin the Rain e seguiu para a plateia.
Wellington Nogueira, de A Família Addams, foi ao Frei Caneca com a mulher, Mara Mourão. E falou sobre seu mais novo projeto, Plateias Hospitalares: “Hospitais são espaços de vida e, portanto, também de arte”, afirmou.
Já Claudia Netto revelou à coluna que sua Judy Garland, o Fim do Arco-Íris está vindo para SP, mas ainda não encontrou teatro. Enquanto isso, trabalha em peça de Pedro Cardoso. “Porque o show não pode parar”.
O homem que anda - MARCELO COELHO
FOLHA DE SP - 23/05
O morto se torna apenas um objeto, uma coisa, indiferente à mosca que entra em sua boca
Em 1946, Alberto Giacometti morava numa edícula, ao fundo de um jardim maltratado, e viu seu vizinho morrer.
"Vi-o, largado em sua cama, a pele amarelo marfim, recolhido em si mesmo e já estranhamente distante, e tornei a vê-lo pouco depois, às três da manhã, morto, os membros de uma magreza esquelética, projetados, esparramados, abandonados longe do corpo, uma imensa barriga inchada, a cabeça jogada para trás, a boca aberta."
O texto, publicado no catálogo da atual exposição do escultor, na Pinacoteca, continua com um toque surrealista e macabro.
"Eu olhava para aquela cabeça que se tornara um objeto, uma pequena caixa, mensurável, insignificante. Naquele momento, uma mosca aproximou-se do buraco negro de sua boca e vagarosamente desapareceu dentro dela."
Eis uma imagem da morte ao mesmo tempo simples e impressionante. O morto se torna apenas um objeto, uma coisa, indiferente à mosca que entra em sua boca. Mas essa boca, sendo um "buraco negro", é ela própria um símbolo da morte. O morto e a morte se tornam uma coisa só. A experiência de Giacometti já tinha muito de aterrorizante em si mesma, mas as coisas ainda iriam piorar na vivência do escultor.
O morto, a quem ele chama de T., passaria a estar presente por toda parte. "Por toda parte, menos no lamentável cadáver que estava sobre a cama", diz Giacometti. "T. não tinha mais limites."
Toalhas, cadeiras, pessoas, tudo tinha sido invadido pela morte. "Todos os vivos estavam mortos, essa visão repetiu-se muitas vezes."
Um garçom, por exemplo: "Imóvel, debruçado sobre mim, com a boca aberta, sem nenhuma relação com o movimento anterior, com o momento seguinte, a boca aberta, os olhos paralisados numa imobilidade absoluta".
A sensação é fantasmagórica, mas também, de outro ponto de vista, corresponde a uma coisa banalíssima. Essa imobilidade, sem relação com o passado nem com o futuro, se manifesta em qualquer fotografia. Quantas bocas abertas e olhos fechados não aparecem na mais inocente foto caseira?
Para qualquer artista plástico, sem dúvida, a fotografia tem algo de ameaçador. Os desenhos de Giacometti, de que há belos exemplos na Pinacoteca, parecem uma resposta particular a essa ameaça.
Quando ele retrata um rosto, não se contenta em captar a fisionomia da pessoa em poucos traços. As linhas se repetem, umas por cima das outras, formando uma imagem "tremida", como se vários negativos fotográficos criassem volumes superpostos. Na arte cubista, a ideia era mostrar um objeto visto de vários ângulos ao mesmo tempo. Nos desenhos de Giacometti, parece haver o inverso disso. Um objeto é visto do mesmo ângulo, mas a partir de vários instantes sucessivos.
Cada pequeno movimento do modelo, cada inclinação de cabeça ou piscar de olhos, teria assim de ser integrado à imagem do momento anterior. Tudo treme sobre a imobilidade do papel: morte e vida.
Morte e vida se misturam de outra forma nas esculturas do autor. Cada ser humano, esquálido como um pavio, está com os pés firmemente presos no pedestal de bronze.
Toda aquela imobilidade não se confunde com solidez, e mal tem volume próprio: quer reduzir-se ao estado de perfil, de recorte, de rabisco. Na época em que viu o cadáver de T., Giacometti começava a experimentar em sua escultura a sensação do isolamento. Ao fazer a escultura de uma cabeça, Giacometti diz que via "o vazio em torno dela".
Nas estátuas mais típicas de Giacometti, esse vazio ganha uma dimensão no tempo. Não se trata apenas de um espaço vago, sem nada.
É um vazio que parece crescer e mover-se no tempo, corroendo a figura humana, reduzindo-a a poucos fiapos de carne e vértebra.
No octógono da Pinacoteca, vemos o "Homem que Anda": a estátua de Giacometti lembra outra, com o mesmo tema, feita por Rodin.
O andarilho de Rodin dava seus primeiros passos, fortes e dolorosos, após a expulsão do paraíso. O de Giacometti se inclina num ângulo difícil, já próximo do final de seu caminho.
Não inspira desprezo nem compaixão, contudo. Ele se move com cautela, carcomido e frágil, mas seu rosto ainda olha para a frente. Não nos viu. Não devolve o nosso olhar. Mesmo assim, acho que devemos saudá-lo com respeito. Ele anda, mas não passará tão cedo.
O morto se torna apenas um objeto, uma coisa, indiferente à mosca que entra em sua boca
Em 1946, Alberto Giacometti morava numa edícula, ao fundo de um jardim maltratado, e viu seu vizinho morrer.
"Vi-o, largado em sua cama, a pele amarelo marfim, recolhido em si mesmo e já estranhamente distante, e tornei a vê-lo pouco depois, às três da manhã, morto, os membros de uma magreza esquelética, projetados, esparramados, abandonados longe do corpo, uma imensa barriga inchada, a cabeça jogada para trás, a boca aberta."
O texto, publicado no catálogo da atual exposição do escultor, na Pinacoteca, continua com um toque surrealista e macabro.
"Eu olhava para aquela cabeça que se tornara um objeto, uma pequena caixa, mensurável, insignificante. Naquele momento, uma mosca aproximou-se do buraco negro de sua boca e vagarosamente desapareceu dentro dela."
Eis uma imagem da morte ao mesmo tempo simples e impressionante. O morto se torna apenas um objeto, uma coisa, indiferente à mosca que entra em sua boca. Mas essa boca, sendo um "buraco negro", é ela própria um símbolo da morte. O morto e a morte se tornam uma coisa só. A experiência de Giacometti já tinha muito de aterrorizante em si mesma, mas as coisas ainda iriam piorar na vivência do escultor.
O morto, a quem ele chama de T., passaria a estar presente por toda parte. "Por toda parte, menos no lamentável cadáver que estava sobre a cama", diz Giacometti. "T. não tinha mais limites."
Toalhas, cadeiras, pessoas, tudo tinha sido invadido pela morte. "Todos os vivos estavam mortos, essa visão repetiu-se muitas vezes."
Um garçom, por exemplo: "Imóvel, debruçado sobre mim, com a boca aberta, sem nenhuma relação com o movimento anterior, com o momento seguinte, a boca aberta, os olhos paralisados numa imobilidade absoluta".
A sensação é fantasmagórica, mas também, de outro ponto de vista, corresponde a uma coisa banalíssima. Essa imobilidade, sem relação com o passado nem com o futuro, se manifesta em qualquer fotografia. Quantas bocas abertas e olhos fechados não aparecem na mais inocente foto caseira?
Para qualquer artista plástico, sem dúvida, a fotografia tem algo de ameaçador. Os desenhos de Giacometti, de que há belos exemplos na Pinacoteca, parecem uma resposta particular a essa ameaça.
Quando ele retrata um rosto, não se contenta em captar a fisionomia da pessoa em poucos traços. As linhas se repetem, umas por cima das outras, formando uma imagem "tremida", como se vários negativos fotográficos criassem volumes superpostos. Na arte cubista, a ideia era mostrar um objeto visto de vários ângulos ao mesmo tempo. Nos desenhos de Giacometti, parece haver o inverso disso. Um objeto é visto do mesmo ângulo, mas a partir de vários instantes sucessivos.
Cada pequeno movimento do modelo, cada inclinação de cabeça ou piscar de olhos, teria assim de ser integrado à imagem do momento anterior. Tudo treme sobre a imobilidade do papel: morte e vida.
Morte e vida se misturam de outra forma nas esculturas do autor. Cada ser humano, esquálido como um pavio, está com os pés firmemente presos no pedestal de bronze.
Toda aquela imobilidade não se confunde com solidez, e mal tem volume próprio: quer reduzir-se ao estado de perfil, de recorte, de rabisco. Na época em que viu o cadáver de T., Giacometti começava a experimentar em sua escultura a sensação do isolamento. Ao fazer a escultura de uma cabeça, Giacometti diz que via "o vazio em torno dela".
Nas estátuas mais típicas de Giacometti, esse vazio ganha uma dimensão no tempo. Não se trata apenas de um espaço vago, sem nada.
É um vazio que parece crescer e mover-se no tempo, corroendo a figura humana, reduzindo-a a poucos fiapos de carne e vértebra.
No octógono da Pinacoteca, vemos o "Homem que Anda": a estátua de Giacometti lembra outra, com o mesmo tema, feita por Rodin.
O andarilho de Rodin dava seus primeiros passos, fortes e dolorosos, após a expulsão do paraíso. O de Giacometti se inclina num ângulo difícil, já próximo do final de seu caminho.
Não inspira desprezo nem compaixão, contudo. Ele se move com cautela, carcomido e frágil, mas seu rosto ainda olha para a frente. Não nos viu. Não devolve o nosso olhar. Mesmo assim, acho que devemos saudá-lo com respeito. Ele anda, mas não passará tão cedo.
Razão cínica - ZUENIR VENTURA
O Globo - 23/05
Aexpressão do título não é nova, foi lançada pelo filósofo alemão Peter Sloterdijk e divulgada aqui nos anos 80 pelo psicanalista Jurandir Freire Costa. Mas nunca teve tanta aplicação quanto agora, por ocasião da CPI do Cachoeira. Diante das evidências fornecidas pela tecnologia da informação - câmeras ocultas, grampos, gravações telefônicas -, os envolvidos estão reagindo como o adúltero do conselho dado por Nelson Rodrigues: "Negue sempre, mesmo que a amante esteja nua a seu lado na cama." Ou, então, "minta, minta sempre, porque alguma coisa fica", como recomendava Joseph Goebels, ministro da Propaganda nazista. De fato, tanto quanto o volume de dinheiro movimentado nessas tenebrosas transações, impressiona a desfaçatez das desculpas dos que são pegos com a boca na botija.
Nesse quesito, Demóstenes Torres não tem competidor, a não ser o Paulo Maluf negando depósitos milionários em paraísos fiscais. Quando a Polícia Federal informou que gravara 416 conversas íntimas e comprometedoras dele com Carlinhos Cachoeira, a resposta do senador foi: "Podem grampear à vontade, não vão encontrar nada." Até porque, como alegou, nunca manteve negócios com o amigo e nem nunca soube que ele era bicheiro. Quando aumentaram os indícios de seu envolvimento, ele se queixou: "A tudo suporto porque nada fiz para envergonhar meu partido, o Senado, Goiás e o Brasil."
Pode-se alegar que Demóstenes é um caso à parte, quase patológico. Mas há outros exemplos dessa prática, como o do deputado petista Cândido Vaccarezza, flagrado garantindo blindagem ao governador Sérgio Cabral. Num torpedo, ele escreveu para o peemedebista: "A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu (sic)." Ao descobrir que tinha sido gravado pelo SBT, foi para o Twitter e desdisse o que disse: "Sou amigo do PMDB e nossas relações nunca serão azedadas." Depois, como um impiedoso pregador moral, prometeu investigar com rigor absoluto todas as questões que cercam a organização criminosa: "Todas, sem exceção, doa a quem doer."
O efeito mais nocivo desse comportamento que mistura mentira, hipocrisia e cinismo é a sua capacidade de contagiar a sociedade. Como já disse Jurandir Costa, é "essa sensação de que nada mais tem valor; de que o valor não existe, que tudo é igual. Ou seja, passa a imperar uma filosofia, que eu chamo de razão cínica, que, no nível político, do dia a dia, diz que, seja eu um mau-caráter, seja eu um homem de bem, é exatamente igual. Ou pior: do ponto de vista do usufruto individual, há até mais vantagens em ser um cafajeste".
Em outras palavras, a razão cínica, aliada à impunidade, reforça a ideia de que o crime de colarinho branco de fato compensa.
Sem perdão - MARTHA MEDEIROS
ZERO HORA - 23/05
Este mês, assisti com atraso, em DVD, ao filme Em Teu Nome, de Paulo Nascimento, cuja história gira em torno da ditadura militar, ocasião em que muitos brasileiros foram obrigados a abandonar o país feito ratos, até ficar o mais longe possível de seus ideais.
O filme mostra alguns rituais de tortura, e por mais que já tenhamos visto e revisto essas cenas dramáticas em várias outras obras, não há como não se horrorizar. Guardadas as proporções, a ditadura militar foi o nosso Holocausto e aconteceu embaixo dos narizes de nossas famílias.
Ainda sob o efeito do filme, acompanhei a entrevista que Carlos Araújo deu à Rádio Gaúcha e que foi publicada por Zero Hora na última sexta-feira, e mais uma vez a sensação foi de embrulho no estômago. O ex-deputado deu detalhes dos procedimentos cruéis e desumanos que ele e demais presos políticos sofreram. Nenhuma novidade, mas se nos contarem mil vezes como foi, mil vezes nos escandalizaremos.
A tortura é, de longe, o crime mais abjeto que alguém pode cometer. Por isso, a relevância da criação da Comissão da Verdade, que (se não virar mais uma forma de escoar nossos impostos para o bolso de alguns) pretende deixar às claras esse período vergonhoso do Brasil.
Sempre acreditei nos benefícios do perdão. Diz um poema da mineira Vera Americano: “Perdão/ duro rito/ de remoção do estorvo”. Não é fácil, mas remover os estorvos de dentro de nós – o rancor, por exemplo – torna a caminhada mais leve. Por que insistir no revanchismo? Assim fui aliviando minha bagagem existencial ao longo da vida, e hoje não há quem me faça trincar os dentes e desejar-lhe o mal.
Já perdoar um torturador está fora de questão. Não há como compreender que alguém tenha tamanho sangue frio, tamanha perversidade para provocar dor física dilacerante em outra pessoa – e dor psicológica também, que por vezes dura para sempre.
É preciso ser muito bestial para dilacerar a integridade de um homem, de coisificá-lo como se ele fosse um pedaço de madeira ou um trapo de pano, que a tudo pode suportar. No ranking das maldades extremas, matar fica em segundo lugar – comparado com a tortura, é quase uma generosidade.
Talvez ainda haja torturadores entre nós, sentados ao nosso lado nos cinemas, apertando nossas mãos em festas, anistiados com o perdão do tempo – ora, aquilo foi em outra época, vamos esquecer, quer mais uma empadinha?
Que a Comissão da Verdade, além de descobrir o que foi feito de cada um dos desaparecidos, identifique cada um de seus carrascos. Mesmo que muitos já tenham morrido sem nenhuma punição, que conheçamos suas caras, que venham à tona suas brutalidades, que seus filhos sintam-se avexados por levar o mesmo sobrenome, que seus netos lamentem a ascendência que têm.
Que essa caixa-preta seja aberta para não ficar por isso mesmo.
Este mês, assisti com atraso, em DVD, ao filme Em Teu Nome, de Paulo Nascimento, cuja história gira em torno da ditadura militar, ocasião em que muitos brasileiros foram obrigados a abandonar o país feito ratos, até ficar o mais longe possível de seus ideais.
O filme mostra alguns rituais de tortura, e por mais que já tenhamos visto e revisto essas cenas dramáticas em várias outras obras, não há como não se horrorizar. Guardadas as proporções, a ditadura militar foi o nosso Holocausto e aconteceu embaixo dos narizes de nossas famílias.
Ainda sob o efeito do filme, acompanhei a entrevista que Carlos Araújo deu à Rádio Gaúcha e que foi publicada por Zero Hora na última sexta-feira, e mais uma vez a sensação foi de embrulho no estômago. O ex-deputado deu detalhes dos procedimentos cruéis e desumanos que ele e demais presos políticos sofreram. Nenhuma novidade, mas se nos contarem mil vezes como foi, mil vezes nos escandalizaremos.
A tortura é, de longe, o crime mais abjeto que alguém pode cometer. Por isso, a relevância da criação da Comissão da Verdade, que (se não virar mais uma forma de escoar nossos impostos para o bolso de alguns) pretende deixar às claras esse período vergonhoso do Brasil.
Sempre acreditei nos benefícios do perdão. Diz um poema da mineira Vera Americano: “Perdão/ duro rito/ de remoção do estorvo”. Não é fácil, mas remover os estorvos de dentro de nós – o rancor, por exemplo – torna a caminhada mais leve. Por que insistir no revanchismo? Assim fui aliviando minha bagagem existencial ao longo da vida, e hoje não há quem me faça trincar os dentes e desejar-lhe o mal.
Já perdoar um torturador está fora de questão. Não há como compreender que alguém tenha tamanho sangue frio, tamanha perversidade para provocar dor física dilacerante em outra pessoa – e dor psicológica também, que por vezes dura para sempre.
É preciso ser muito bestial para dilacerar a integridade de um homem, de coisificá-lo como se ele fosse um pedaço de madeira ou um trapo de pano, que a tudo pode suportar. No ranking das maldades extremas, matar fica em segundo lugar – comparado com a tortura, é quase uma generosidade.
Talvez ainda haja torturadores entre nós, sentados ao nosso lado nos cinemas, apertando nossas mãos em festas, anistiados com o perdão do tempo – ora, aquilo foi em outra época, vamos esquecer, quer mais uma empadinha?
Que a Comissão da Verdade, além de descobrir o que foi feito de cada um dos desaparecidos, identifique cada um de seus carrascos. Mesmo que muitos já tenham morrido sem nenhuma punição, que conheçamos suas caras, que venham à tona suas brutalidades, que seus filhos sintam-se avexados por levar o mesmo sobrenome, que seus netos lamentem a ascendência que têm.
Que essa caixa-preta seja aberta para não ficar por isso mesmo.
Mais telefones em Chicago... - ROBERTO DaMATTA
O Estado de S.Paulo - 23/05
Há mais telefones em Chicago do que em toda a América Latina! Ouvi essa frase do meu saudoso amigo Mário Roberto Zagari naquela São João Nepomuceno dos anos 50. Hoje, a tal América Latina tem milhões de telefones e o Brasil produz mais carrocerias de ônibus do que os tais Estados Unidos.
Houve um tempo no qual a Europa e os Estados Unidos concebiam-se como sociedades concluídas. Havia um início do mundo civilizado na Grécia e, depois dele, havia um mundo pronto e acabado - perfeito na sua autocomplacência etnocêntrica - naquela região do Hemisfério Norte em cujo oceano naufragou o Titanic - o maior e o mais avançado navio de passageiros que o mundo jamais havia visto.
Quando meu amigo me passou essa "informa-lição", eu fiquei tão assustado que não a esqueci. E aqui estou a dizer ao leitor que sou de um tempo mais ou menos antigo; de um tempo no qual havia uma cidade americana um tanto estranha. Essa Chicago que numa música é cantada como uma cidade especial; noutra é uma urbe cambaleante e é também um berço de bandidos que, no entanto, são presos.
* * * *
Se você chegou (Deus sabe como) a uma certa idade (que é sempre uma idade incerta), é impossível não ler os jornais sem se lembrar de José do Egito (filho de Jacó-Israel e Raquel), o decifrador dos sonhos do faraó e, ele próprio, um sonhador. Pois como entender a lógica dos sonhos sem sonhar?
Eis o sonho de José. "Fazíamos feixes no campo e, de repente, o meu feixe ergueu-se e ficou de pé, enquanto que os vossos puseram-se à volta e prostraram-se diante dele." Os irmãos interpretaram imediatamente o sonho de José. Esse sonho, disseram, significa que "tu reinará sobre nós, te tornarás nosso senhor?"
O filho favorito de Jacó despertava uma inveja incontida nos seus irmãos. E ele, ingênuo, falava muito e dividia os seus sonhos. Pior, ou tão grave quanto isso, era ser o filho preferido de Jacó. O texto bíblico explica a preferência, acentuando que José era filho da velhice de Jacó. O livro de Thomas Mann, José e Seus Irmãos, vale-se do espírito da narrativa - do poder conferido aos sonhos escritos; a isso que chamamos de "literatura", para explicar que José era um "sonhador". O que atraía o amor do seu pai era a sua capacidade de construir um mundo de sonhos.
De fato, mais adiante, quando José é visto pelos irmãos já possuídos pelo ressentimento (esse irmão mais novo da inveja) e decididos a eliminá-lo, um deles diz: "Eis que chega o sonhador". (Gênesis, 37:2-18)
* * * *
Sabemos como os irmãos de José jogaram-no numa cisterna fazendo-o morrer para sua tribo e família e, em seguida, como foi encontrado por mercadores que seguiam em direção ao Egito (que, naquele tempo, tinha mais templos do que todo mundo).
Mesmo socialmente morto, vendido e comprado, José continua possuído por sonhos. Recusa-se a ser a fantasia sexual da mulher de Putifar, o mordomo eunuco do faraó. É falsamente denunciado e, preso, decifra os sonhos do padeiro-mor e do copeiro-mor da Corte, encarcerados por corrupção. Sua interpretação é perfeita: um dos funcionários será salvo; o outro, decapitado. Percebe-se que o Egito antigo sem telefones era distinto deste Brasil lotado de milhões de celulares. Pois, entre nós, quando se trata de punir funcionários graúdos, cujos sonhos de enriquecimento ilícito ampliam exponencialmente suas fortunas, não há faraó que os condene. Nossos sonhos apenas dizem: nada lhes vai acontecer nem em três dias nem em 30 anos!
Mas no velho Egito havia condenação como havia recompensa. E foi assim que José, graças ao ministro salvo, chegou a ter contato direto com o rei deus obcecado por dois sonhos recorrentes que, na verdade, como José explicou, não eram dois, mas apenas um e denso sonho que não o deixava dormir.
Reunido com sua corte na Brasília do seu tempo, o faraó conta seus sonhos indecifráveis. Sete vacas gordas são devoradas por sete vacas horrorosas. Sete espigas maduras se curvam diante de sete espigas feias e secas pelo vento.
* * * *
José não é nenhum economista, pois Deus - sempre misericordioso - só veio a inventar a economia alguns séculos depois, quando a exploração do trabalho atingiu o seu cume, criando espigas cheias e belas que comiam sem parar as magras e feias. Mas com a precisão e a autoridade cortante de um Mario Simonsen ou de um Delfim Netto, ele não hesita em falar o que lhe cabe.
José diz mais ou menos o seguinte - deixe a preguiça e veja em Gênesis 41-47: toda fartura em excesso é uma bolha. Sete anos com grandes ofertas serão seguidos de sete anos de penúria. O rei deus deve evitar que a fartura se transforme em bolhas. A oferta deve ser domesticada como um meio de prevenir os anos de privação. José foi o primeiro ministro do planejamento veraz e competente da História. Foi um sonhador. Sonhou que era possível conciliar riqueza e pobreza, fartura e penúria, cargos públicos e honra.
Mais que isso, percebeu a dificuldade de interpretar sua própria história, pois, como diz Thomas Mann, é comum não compreendermos a nossa história. A não ser como sonhadores dispostos a perdoar, como José.
Às salsichas - HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 23/05
“Leis, como salsichas, deixam de ser respeitadas à medida que descobrimos como são feitas.” A frase, falsamente atribuída ao chanceler Otto von Bismarck (1815-1898), parece ter sido cunhada para designar a CPI do Cachoeira.
É verdade que ela começou meio por acaso. Embora contrariasse os interesses de todos os grandes partidos, que parecem ter lideranças envolvidas nas estripulias do bicheiro, a comissão acabou vindo à luz num arroubo do ex-presidente Lula.
Quando parlamentares finalmente se deram conta de que os ônus potenciais superavam os bônus, já era tarde demais para recuar. O resultado é o festival de conchavos e bizarrices a que agora assistimos, desde os esforços despudorados para limitar as investigações até a eloquente sala-cofre, onde todos os congressistas são tratados como suspeitos, passando pelo estrondoso silêncio de Cachoeira em seu depoimento.
CPIs nunca foram um instrumento eficaz de investigação. Nós, jornalistas, gostamos delas porque dão dramaticidade a um processo que tem muito de aborrecido, mas parlamentares, com raras exceções, não têm a técnica nem o treinamento de policiais e, por isso, deixam escapar pontos importantes, quando não fazem coisas piores, como invalidar provas.
Algumas vezes, porém, a ineficiência perquisitiva é compensada pela visibilidade política que a comissão dá a um caso, podendo até mesmo exercer uma função cívico-pedagógica, como ocorreu na CPI que levou ao impeachment de Collor.
No caso da CPI do Cachoeira, porém, estamos no pior dos mundos. Ela não só tem reduzidas chances de produzir avanços nas investigações como ainda escancara a desfaçatez com que políticos, para resguardar desígnios particulares e momentâneos, sacrificam o interesse da sociedade em conhecer a rede de corrupção montada por Cachoeira e a própria imagem do Legislativo. E isso nos leva às salsichas.
São todos iguais - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 23/05
Os integrantes da CPI usaram o silêncio de Cachoeira para assacar seus adversários. Os tucanos Carlos Sampaio (SP) e Fernando Francischini (PR) atiraram contra o governo Agnelo Queiroz (PT-DF). E tentaram colocar o senador Roberto Requião (PMDB-PR) no liquidificador. O governo Marconi Perillo (PSDB-GO) entrou no palco pelas mãos de Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Paulo Teixeira (PT-SP). Cândido Vaccarezza (SP) não é o único que está na CPI para blindar aliados.
A voz da razão e o banho de lama
Coube a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) e ao deputado Silvio Costa (PTB-PE) darem um puxão de orelhas no Fla x Flu entre tucanos e petistas. Costa advertiu que a CPI corre o risco de ser "ridicularizada" e previu que todos os demais integrantes da organização criminosa vão seguir os passos de Cachoeira e invocar o direito constitucional ao silêncio. Nessa hora, o relator Odair Cunha (PT-MG) propôs o fim da sessão. Mas os holofotes falaram mais alto. Os membros da CPI, filiados ao PMDB, outrora o patinho feio dos partidos, mal disfarçavam o sorriso ao verem os ex-arautos da ética, o PSDB e o PT, chafurdando no lodo.
"Estamos fazendo papel ridículo diante deste senhor que está nos manipulando. Não vou fazer papel de bobo para a cara cínica de um chefe de quadrilha” — Kátia Abreu, senadora (PSD-TO)
JÁ VIRAM ESTE FILME. A cúpula do PT está pessimista com o desempenho do partido nas eleições em Recife. O presidente do PT, Rui Falcão (na foto), está apreensivo. O prefeito João da Costa ganhou as prévias para disputar a reeleição, mas o candidato derrotado, Maurício Rands, questiona a lisura do pleito. A divisão petista já custou caro. Em 92, o PT não fez o sucessor em São Bernardo do Campo (SP) e em 2002, o atual governador gaúcho, Tarso Genro, derrotou o governador Olívio Dutra (RS) nas prévias do partido, mas não conseguiu se eleger.
Isolado
As testemunhas de defesa do senador Demóstenes Torres (GO) no Conselho de Ética, o advogado Ruy Cruvinel e o contraventor Carlos Cachoeira, decidiram não comparecer para depor. Demóstenes está só por sua conta e risco.
Na lupa
Chegaram ao Conselho de Ética os DVDs com imagens das pessoas que entraram e saíram do gabinete de Demóstenes Torres nos últimos anos. O relator Humberto Costa (PT-PE) busca imagens dos envolvidos na Operação Monte Carlo.
O DEM elege seu alvo: Sérgio Cabral
O DEM elegeu seu alvo na CPI. Quer a cabeça do governador Sérgio Cabral (PMDB). Ontem, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) cantou em prosa e verso a Operação Saint Michel, que conteria dados reveladores da atuação da Delta no Rio. Após visita à 5 Vara Criminal de Brasília, onde estão os autos, Onyx anunciou na CPI que há provas de que Cláudio Abreu e Heraldo Puccini tinham autorização para atuar na Delta do Rio.
Genéricos
Hoje na assembleia da Organização Mundial da Saúde, os Brics (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) fecharão posição a favor dos genéricos para garantir o direito à saúde, e que a OMS se abstenha de tratar da propriedade intelectual.
Desconcertante
Ao falar das novas medidas, o ministro Guido Mantega (Fazenda) surpreendeu o Congresso com a frase: "Se eu fosse me basear nas projeções do Focus, eu estaria perdido". Editado pelo BC, o boletim indica a inflação segundo o mercado.
OS ALIADOS do governo não exibem o mesmo otimismo da presidente Dilma quanto ao impacto da crise econômica internacional no Brasil.
A EMBAIXADORA do Brasil na ONU, Maria Luiza Viotti, está em alta junto a presidente Dilma. O seu estilo agressivo na defesa das posições do Brasil caiu no gosto do Palácio do Planalto.
MAS OS MEUS CABELOS... A única revelação do depoimento de Carlos Cachoeira à CPI foi a de que ele pintava o cabelo. No presídio da Papuda (DF), o preto pneu deu lugar aos fios grisalhos e à calvície.
A desvalorização do real não favorece a exportação - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 23/05
Já que a taxa cambial apresenta importante desvalorização, é particularmente útil analisar como o comércio exterior está reagindo a isso.
Podemos admitir que é muito cedo para que a desvalorização tenha tido efeitos, tanto sobre as exportações - que deveriam aumentar - quanto sobre as importações - que deveriam diminuir. A questão é que as exportações, de modo geral, são negociadas com meses de antecedência, especialmente no caso de algumas commodities, o que se verifica também para algumas importações, que geralmente aumentam em período de festas. Todavia, o intercâmbio internacional é sensível à política cambial que os países adotam, e o Brasil nunca escondeu sua vontade de adotar medidas que favorecessem a desvalorização da moeda nacional. Se o efeito da nova política cambial ainda não é totalmente visível, há que se admitir que ele começa a se verificar.
Nesse sentido, os dados da terceira semana de maio podem servir de alerta: com 5 dias úteis a semana apresentou, por dia, US$ 1,019 bilhão de exportações, valor 16,1% menor do que a média diária verificada até a segunda semana do mês - queda bastante significativa. Foram os produtos básicos que sofreram a maior queda (26,2%), e entre eles predominam o minério de ferro, o complexo soja e o petróleo. Para a queda, muito contribuíram as encomendas da China, tanto em volume quanto em preços. As vendas de produtos manufaturados tiveram uma redução de 7,6%, evidenciando que a desvalorização do real não é o único problema nessas exportações.
Lembramos que, no mês de abril, os bens de consumo duráveis haviam acusado uma queda de 22,2% em volume e um aumento de 5,4% em valor. Estamos sofrendo com a crise europeia e com a lenta recuperação da economia norte-americana. Em compensação, os bens semimanufaturados apresentaram aumento de 1,6%, principal efeito da desvalorização do real.
Como se podia prever, a desvalorização do real ante o dólar tem um efeito sobre as importações, que acusaram, na terceira semana de maio, uma queda de 7,9% em comparação com a média das duas semanas anteriores. Os principais bens que sofreram redução foram as máquinas, pela ausência de investimentos; os aparelhos eletroeletrônicos; os automóveis, em razão do aumento de tarifas aduaneiras; os produtos farmacêuticos; e os instrumentos de ótica e precisão. Podemos prever que essa redução se acentuará nos próximos meses, tendo já um efeito sobre as compras dos turistas brasileiros no exterior.
A armadilha da dívida - Quase metade da renda anual do brasileiro já é engolida com compromissos financeiros
O GLOBO - 23/05
Quase metade da renda anual do brasileiro já é engolida com compromissos financeiros
Ronaldo D'Ercole, Roberta Scrivano
e Lucianne Carneiro
No momento em que o governo tenta conter de novo o desempenho fraco da economia pelo consumo, o peso das dívidas antigas alcança valores recordes no orçamento das famílias brasileiras. Em abril, só as dívidas financeiras representavam em média 45% da renda anual, segundo projeção do economista Simão Silber, da Universidade de São Paulo (USP), com base em dados do Banco Central (BC). Esse percentual era de 24,94% em janeiro de 2007 e de 35,8% no começo de 2010.
- O comprometimento das famílias com o endividamento aumentou bastante recentemente e dá sinais de saturação. A questão é que o maior acesso a crédito no Brasil é acompanhado por taxas de juros ainda elevadas, o que significa um perfil de endividamento que não é saudável. Isso gera a armadilha da dívida. As pessoas vão se estrangulando e ficam presas aos bancos - afirma o professor de Economia da Uerj Luiz Fernando de Paula, admitindo risco de aumento de inadimplência por causa das medidas de estímulo ao consumo anunciadas pelo governo.
Além disso, atualmemte, todo mês, mais de um quinto da renda das famílias já está comprometida com o pagamento de dívidas bancárias. Neste caso, essa fatia saltou de 18%, em janeiro de 2008, para 22% em fevereiro último. Um percentual muito elevado, segundo economistas, já que o consumidor ainda tem despesas como educação, habitação, transporte, saúde e alimentação. O excesso de dívidas acaba se traduzindo em aumento de inadimplência. Em março, a taxa, que considera atrasos acima de 90 dias, chegava a 7,4% dos financiamentos para pessoas físicas, ou R$ 38,85 bilhões.
Classe C deve 60% de sua renda anual
O educador financeiro Mauro Calil considera o grau de endividamento das famílias hoje elevado. Ele acredita que as novas medidas de incentivo ao consumo podem até ser favoráveis para a sociedade, por estimularem a economia, mas alguns indivíduos pagarão a conta, com mais endividamento.
A situação no Brasil é mais delicada que em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, a fatia da renda mensal para quitar dívidas bancárias varia de 15% a 17%. Em países ricos, o nível de endividamento pode até ultrapassar 100% da renda anual. Mas, como os juros são menores e os prazos muito mais longos que no Brasil, o peso final no orçamento mensal das famílias (que é o comprometimento) é proporcionalmente menor. Outro agravante no caso brasileiro, segundo o professor da Uerj, é o prazo mais curto dos financiamentos.
- O endividamento e, principalmente, o comprometimento da renda mensal hoje são muito maiores que em 2008 e 2009, e o pacote do governo é o mesmo. Para voltar a se endividar com crédito, o consumidor tem de recuperar espaço no orçamento - diz Luiz Rabi, gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian.
Cálculos da área econômica do banco Pine indicam que o nível de endividamento médio é ainda maior entre as famílias da chamada classe C, com renda mensal entre 2,5 e cinco salários mínimos (de R$ 1.555 a R$ 3.110): chegaria a 60% da renda anual.
- Ultimamente as dívidas que esse extrato têm contraído são mais caras que em 2009, por exemplo. Até então, o endividamento era em CDC (crédito direto ao consumidor), agora há dívida em cheque especial, cujos juros são mais altos - observa Marco Maciel, economista-chefe do banco Pine.
Luiz Fernando de Paula lembra ainda que a baixa renda, além de só ter acesso a crédito com taxas de juros mais altas, tem menos facilidade para negociar suas dívidas com as instituições financeiras.
O encarregado administrativo Daivison da Costa, de 31 anos, foi um dos que se viu envolvido em dívidas que não conseguia pagar. Em 2007, ele teve um cheque de cerca de R$ 2 mil protestado às vésperas de seu casamento. As despesas do dia a dia e os gastos com a cerimônia e com a casa nova dificultaram o pagamento.
- Outro problema foi o parcelamento proposto pelo banco. As parcelas eram muito altas, incompatíveis com meus gastos mensais e com juros muito altos - conta Daivison.
A supervisora de vendas Jane Araújo, de 42 anos, contraiu uma dívida de R$ 1.600 no banco em 2007, mas só deu atenção ao problema quando o débito bateu R$ 6 mil:
- Meu limite era de quase R$ 2 mil, e, a essa altura, era impossível pagar.
Silber, da USP, não vê nas medidas de estímulo ao crédito grande potencial para impulsionar a economia.
- Por mais que o governo queira, vai ser difícil esticar tanto o crédito como já foi feito. E isso não ocorrerá por causa da estrutura atual. Os juros ainda são muito altos e dívidas, mesmo pequenas, já comprometem muito a renda. Além disso, os prazos dos empréstimos são curtos no Brasil - diz Silber, lembrando que o prazo médio dos empréstimos para pessoa física é de 600 dias, menos de dois anos.
A economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Marianne Hanson também acredita que o endividamento vai limitar o impacto dessas medidas, porque as pessoas estão mais cautelosas.
As operações de crédito do sistema financeiro alcançaram 49,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, mais que o dobro dos 24,1% registrados em 2003. É consenso entre os economistas que a expansão do crédito agora ocorrerá num ritmo menos vertiginoso.
Maciel, do Pine, ressalta ainda que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de veículos e do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de crédito são muito restritos à indústria automotiva.
Novidade - ANTONIO DELFIM NETTO
FOLHA DE SP - 23/05
O euro é a sua moeda, mas a “Eurolândia” está muito longe de ser um país. Em termos talvez um pouco menores, os 17 países da zona do euro são tão heterogêneos quanto os Brics.
A diferença é que os Brics são só uma ideia mercadologicamente bem-sucedida. Não envolve compromissos: cada um de seus componentes mantém suas próprias políticas fiscal, monetária e cambial, cuja eficácia depende da situação global em que estão inseridos. Para entender isso, basta considerar um país com deficit fiscal elevado acompanhado de deficit em conta-corrente insustentável, o que significa que ele precisa eliminá-los ou minorá-los, ou seja, deve reduzir a demanda do governo.
Pode fazê-lo de duas formas (ou com uma combinação das duas): corte de despesas e/ou aumento seletivo da tributação. Precisa, ao mesmo tempo, atingir dois objetivos: 1) reduzir seu excesso de demanda e 2) alterar a estrutura produtiva aumentando as exportações e diminuindo as importações.
Um experimento “intelectual” tem suportado a lenda de que um programa fiscal virtuoso -a contração fiscal expansionista- pode modificar todas as expectativas dos agentes e, quase imediatamente, produzir um significativo aumento dos investimentos financiados externamente e destinados à exportação, resolvendo os dois problemas.
Infelizmente, os ajustes reais são muito mais lentos e dolorosos, principalmente se o país estiver num regime de câmbio fixo irretratável e a maioria dos países para os quais exporta estiver nas mesmas condições, como é o caso da “Eurolândia”. A solução que eventualmente poderia ser razoável para cada país transforma-se num desastre coletivo, quando utilizada por todos ao mesmo tempo.
Desde 2008, era evidente, por motivos econômicos e políticos, que só a “virtude fiscal” não poderia ser a solução para o reequilíbrio da “Eurolândia”, como insistia a Alemanha. O ajuste interno sem a possibilidade de desvalorização cambial equivale a uma amputação sem anestesia que, cedo ou tarde, derrubará todos os poderes incumbentes com ele envolvidos.
É exatamente o que está ocorrendo em cada país submetido às eleições -e, provavelmente, acontecerá na própria Alemanha, que há menos de um mês continuava a opor-se à ação mais desembaraçada do Banco Central Europeu.
Com a ameaça do “populismo” -que, obviamente, não vai resolver nenhum problema e pode, na verdade, criar alguns politicamente insolúveis-, parece que caiu a ficha: a própria chanceler Angela Merkel anunciou, na última semana de abril, que a União Europeia precisa de um programa “para estimular o desenvolvimento econômico”.
Há qualquer coisa de novo sob o sol?
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 23/05
Cresce reciclagem de móveis para escritório
Cresce entre fabricantes de móveis para escritório a prática da reciclagem de produtos descartados pelas empresas clientes.
Após a entrega do mobiliário novo, mesas, cadeiras, bancadas e outros objetos antigos são retirados pela própria fabricante, que passa a oferecer também o serviço da destinação dos resíduos.
A porcentagem do que acaba no lixo comum pode chegar 6% por meio de processo conhecido no setor como logística reversa, segundo Fabio Riccó, da Riccó, especializada em móveis corporativos.
Materiais como madeira e peças plásticas são os mais comuns. O metal é separado em aço, alumínio e outros.
"A ideia surgiu a partir da necessidade de um cliente. É possível oferecermos documentos que podem ser aproveitados em relatórios de sustentabilidade das clientes."
Para elevar a sustentabilidade do mobiliário corporativo, a Alberflex investiu em um novo equipamento de pintura com sistema de economia de água e energia.
"Estamos trabalhando para elevar essa rotulagem ecológica. Nossos investimentos têm sido direcionados a essa área", diz José Alberto Chiuratto, presidente da empresa.
No segmento residencial, ainda não foi desenvolvido um modelo consolidado de devolução de usados para reciclagem, segundo José Luiz Fernandez, presidente da Abimóvel, que reúne o setor.
Executiva do Aché será nova presidente da Pró Genéricos
Telma Salles, diretora de relações institucionais do laboratório Aché, vai assumir a presidência da Pró Genéricos (Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos), segundo executivos do setor.
A partir de junho, Salles sucede Odnir Finotti, que segue para a presidência da BioNovis, novo laboratório nacional que investirá na produção de medicamentos biológicos e biossimilares.
Nesta semana, Finotti cumpre, na Rússia, seu último compromisso no exterior em nome da entidade.
"Vim apresentar para a indústria farmacêutica russa o nosso conceito de genéricos. Eles pretendem implantar modelo semelhante", afirmou, por telefone, de São Petesburgo.
Pouco mais de dez anos após ser criado no país, o segmento de genéricos do Brasil tem hoje mais de 25% de participação de mercado.
Salles, que assumiu seu atual cargo no Aché em 2009, não concedeu entrevista, após pedidos da coluna ao laboratório e à Pró Genéricos.
ÂNIMO AMERICANO
Com exceção da América do Norte, as populações de todas as regiões do mundo acreditam que a situação econômica piorou em maio.
Levantamento da Ipsos mostra que, entre os países da América do Norte, o otimismo cresceu principalmente nos Estados Unidos. Em abril, 22% dos entrevistados avaliaram que a economia do país ia bem. Neste mês, o número subiu para 27%.
A parcela de latino-americanos que acha que a situação econômica é boa é de 43% -dois pontos percentuais a menos que o registrado no mês anterior. No Brasil, porém, houve alta de 5 pontos percentuais.
Foram entrevistadas 18,7 mil pessoas em 24 países.
PARA ACELERAR
O projeto Fórmula Indy, da Apex-Brasil, deve gerar um valor recorde de negócios para uma única prova durante a disputa das 500 milhas de Indianápolis, no próximo fim de semana.
Cerca de 19 companhias brasileiras participarão de encontros com 90 empresários norte-americanos. Elas estimam fechar US$ 509,6 milhões em vendas nos próximos 12 meses.
O destaque serão as empresas do setor de máquinas, que devem gerar negócios de US$ 432 milhões.
Empresas dos segmentos de alimentos (US$ 11,8 milhões), construção civil (US$ 38,3 milhões) e tecnologia e saúde (US$ 27,3 milhões) também participarão do evento.
Chá Empresas de mineração e construção da Inglaterra chegam hoje no Brasil para missão comercial. O foco são parcerias com a Bahia Mineração e outras de infraestrutura. Haverá reuniões na Fiemg, em Belo Horizonte, e no Consulado Geral Britânico, em SP.
Apê O número de ações de cobrança por falta de pagamento da taxa condominial caiu 55,3% em abril, segundo estudo do Secovi-SP feito nos fóruns da cidade de São Paulo. No mês, foram ajuizadas 531 ações. Ante abril de 2011, a queda foi de 30,9%.
Estética A Onodera, empresa do segmento de estética, abrirá 12 lojas no Brasil até o final deste ano. Com as inaugurações, que acontecerão principalmente no interior de São Paulo e em capitais de outros Estados, a companhia chegará a 66 unidades no país.
Corrida bancária, ameaça letal para a zona do euro - EDITORIAL VALOR ECONÔMICO
Valor Econômico - 23/05
Os bancos dos países mais endividados da Europa vivem uma corrida bancária em câmara lenta. Na Grécia, ela se acelerou nas últimas semanas, enquanto retiradas massivas de correntistas ocorreram também na Espanha, país que concentra as atenções do mercado agora e que tem exigido sucessivas capitalizações de seu sistema bancário. A grande assimetria na zona do euro se manifesta também no movimento do dinheiro, que migra para os países com as economias mais sólidas, em especial a Alemanha. A repulsa geral do povo grego em aceitar a amarga receita recessiva dos líderes europeus colocou o país a um passo de sair da união monetária. Os mercados estão deprimidos com a visão das consequências que tal gesto pode ter para o futuro do euro.
Com governos endividados e bancos cambaleantes, uma corrida bancária é a antessala do inferno. A fuga de depósitos revela mais um flanco vulnerável importante de uma união monetária incompleta, dos vários que a crise vem descortinando. Há o Banco Central Europeu, que é a autoridade monetária da zona do euro, e os Estados nacionais, que perderam poder de emitir moeda. Dessa forma, quando bilhões de euros vindos da Grécia vão parar em bancos alemães, as autoridades gregas nada podem fazer. Os bancos perdem depósitos e seu suprimento de dinheiro será substituído por empréstimos de liquidez do BCE, ou pelo Banco Central grego com autorização do BCE. Legalmente, o Estado nacional só pode conter uma fuga de capitais se essa revoada se dirigir para um país de fora da união monetária, mas não para a Alemanha, por exemplo, que é para onde os recursos dos países sob ataque de mercados nervosos estão pousando.
Para impedir a falência dos bancos gregos, e depois de espanhóis e italianos, se a crise caminhar de fato para uma ruptura grega, o BCE, com seus empréstimos de liquidez, terá de "financiar" os saques dos depositantes nos bancos e isso vai requerer uma intervenção de uma magnitude gigantesca, maior até do que se tivesse de comprar no mercado a dívida soberana dos países afetados - Portugal, Grécia, Espanha, Itália e Irlanda -, segundo Gavyn Davies, ex-economista do Goldman Sachs (FT.com, 20 de maio). Enquanto os débitos, somados, atingem hoje algo como € 2,5 trilhões, cobrir o vazio deixado por depositantes em fuga chegaria perto de € 3,7 trilhões.
Davies argumenta, com razão, que os depositantes não temem exatamente uma quebra de bancos que, obviamente, pode ocorrer em um ambiente tão explosivo como o atual, mas sim um risco cambial - a saída da união monetária e o estabelecimento de uma paridade entre a nova moeda e o euro. Como as economias sob ataque têm problemas de competitividade, desvalorizações brutais ocorreriam no caso de rompimento com o bloco do euro.
Seja qual for o problema que apareça - e os traços de uma corrida bancária são um dos sintomas terminais -, volta-se ao problema recorrente da união monetária. Ficou claro que a receita da austeridade não dá frutos, nem dará esperanças por anos a fio, que serão marcados por recessão e desemprego alto. A saída seria agora usar a maior parte ou todos os meios disponíveis sugeridos para que a integridade do euro fosse mantida. Isso exigiria maior apoio de liquidez aos bancos, intervenção do BCE para compra de títulos soberanos, utilização do dinheiro do Mecanismo de Estabilização Monetária como apoio suplementar, uma garantia de depósitos para a zona do euro, apoio dos fundos estruturais do Banco Europeu de Investimentos para obras de infraestrutura, ajuda do Fundo Monetário Internacional e o lançamento de eurobônus bancados pelos 17 países.
Nada disso conta com a aprovação ou simpatia da Alemanha e dos países nórdicos, que até agora têm se mostrado inflexíveis em suas posições, com alguma concessão nada essencial. A situação exige uma "união de transferências" ou o bloco se estilhaçará, isto é, a Alemanha, a maior beneficiária do euro, terá de pagar a maior conta para garantir a sobrevivência da união monetária. É para tentar desviar a rota do esfacelamento, que parece inexorável, que França e boa parte do G-8 tentam demover a Alemanha de seus propósitos. A situação chegou a um ponto crítico, e há quem veja na busca de títulos que nada pagam da Alemanha e EUA como o prólogo da fuga dos investidores em relação ao próprio euro - uma perspectiva aterradora.
Lindo Chelsea - RODRIGO BUENO
FOLHA DE SP - 23/05
Se um time brasileiro ganha uma taça de forma "feia", como o Chelsea, o título vira "merecido"
A FILA estava maior do que as de alguns "filmes cabeça" e de uns "filmes B" que vi recentemente no cinema. Acho que só mesmo "Os Vingadores" agitaram mais as telonas nos últimos dias do que a decisão da Champions League, que empolgou o grande público só a partir do final do segundo tempo.
Pela primeira vez fui ver um jogo todo em 3D. E na verdade não vi, pois deu um pau no sistema do cinema, e a galera, revoltada, engoliu o bom e velho 2D. Dois homens de meia idade, bem arrumados, trajavam camisas do Bayern. E dezenas de garotos (alguns poucos engomadinhos) vestiam Chelsea, que em campo não animava muito, assim como o jogo.
Dava para ouvir os resmungos de um senhor na prorrogação temendo o título do Chelsea, o que seria, segundo ele, um "crime" contra o futebol. Enquanto isso, a garotada que abraçou os Blues sorria cada vez mais, tanto que uma moçadinha se levantou e foi conferir a disputa de pênaltis de pé, todo mundo colado na tela e fazendo guerra de almofada (o pessoal estava tão convicto no título quanto na curtição de adotar um time da Premier League).
De fato foi uma experiência bem "diferenciada" para este jornalista que tinha acompanhado in loco três das quatro finais anteriores da Champions. E valeu o ingresso (me devolveram os R$ 60 da entrada por causa da pane no 3D).
O Bayern é melhor sim, mas sucumbiu diante do time que já nem é tão da moda (o Manchester City é o novo Chelsea, afinal). Quando o destino e os deuses do futebol querem uma coisa, não tem jeito. Não tem pênalti (burro é quem deixou o amarelão Robben bater), não tem desfalques (Ramires, Terry, Ramires, Ivanovic, Ramires, Meireles, Ramires...), não tem dono da casa (Allianzaço), não tem posse de bola (tão sacaneada nesta temporada), não tem planejamento (o Chelsea tem seus "jogadores-senadores" como técnico), não tem nada. Não era para o Chelsea ganhar a Europa este ano, mas foi!
É chavão comentarista dizer em seu país que o título, seja de que time for e como for, é "merecido", mas o que mais tem é gente desmerecendo a conquista épica dos Blues.
Se fosse um Grêmio feio campeão, seria copeiro. Se fosse um Corinthians feio campeão, seria na raça. Se fosse um Flamengo feio campeão, seria por causa do manto. Se fosse uma seleção brasileira feia campeã, seria porque os brasileiros são os reis do futebol mesmo. Mas foi um Chelsea feio, que fica do outro lado do Atlântico, que ergueu a tão badalada taça. Foi lindo!
MÃOS AO ALTO - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 23/05
Um assalto à mão armada em plena luz do dia assustou os frequentadores do Jockey Club de SP, em Cidade Jardim, uma das regiões nobres da capital. A vítima foi o próprio presidente da entidade, Eduardo da Rocha Azevedo. Ele estava no último lance da escada principal quando um homem que subia ao seu lado tirou um revólver da cintura e pediu seu Rolex.
CRACHÁ
Azevedo diz que, como a entrada do Jockey serve de acesso aos restaurantes do lugar, qualquer um entra por ela sem se identificar -o que dificultaria o trabalho dos seguranças. "E os restaurantes de São Paulo estão visados."
BATE E VOLTA
O tal parecer da prefeitura que autorizaria a abertura do shopping JK, na Vila Olímpia, foi devolvido à PGM (Procuradoria Geral do Município) ontem. O documento chegou às mãos de Claudio Lembo, secretário de Negócios Jurídicos, a quem cabe a palavra final, na sexta. Ele fez vários questionamentos e ponderações. O procurador-geral Celso Coccaro pediu a papelada de volta para nova "consolidação".
CORDA...
Lembo já disse que "até o papa" pode pressionar pela liberação, mas "a lei tem que ser cumprida", com obras que mitiguem o trânsito.
...ESTICADA
E quatro promotores que movem mais de uma dezena de ações sobre os polos geradores de trânsito na cidade se reuniram com o procurador Coccaro na segunda. Eles conseguiram suspender a abertura do shopping JK na Justiça e defendem que ele só seja aberto quando as obras de trânsito forem "integralmente finalizadas".
DOIS PONTOS
Pesquisa que circula no gabinete do prefeito Gilberto Kassab (PSD-SP) mostra ligeira alta nas intenções de voto de Fernando Haddad (PT-SP) -que aparece com 3% nas pesquisas divulgadas até agora. A interlocutores, Kassab diz esperar que o petista, principal adversário de seu candidato, José Serra (PSDB-SP), chegue a agosto num patamar de 15% a 18%.
VOLTA ÀS AULAS
A festa de estreia da novela "Carrossel", do SBT, aconteceu anteontem na Estação São Paulo, em Pinheiros. Estavam presentes os atores Rosanne Mulholland, Matheus Ueta, Jean Paulo Campos, Larissa Manoela, Aysha Benelli, filha de Simony, e o cachorro Fenômeno.
15 MINUTOS DE FAMA
"Fame, o Musical" teve sessão para convidados anteontem, no Teatro Frei Caneca. O casal de atores Claudia Raia e Jarbas Homem de Mello assistiu à peça. O ator Tiago Abravanel, neto de Silvio Santos, também estava na plateia.
ACIMA DE TUDO
"Ele está acima do bem e do mal e pode fazer essas coisas", disse a apresentadora Patricia Abravanel à coluna sobre seu pai, Silvio Santos. Ele perdeu as calças em um programa e, no domingo, falou um palavrão no ar.
IMAGEM
José Dirceu contratou reforço para a sua equipe de mídia: Luiz Rila, sócio da FSB, uma das maiores agências de comunicação do país, pediu licença para trabalhar com ele na reta final do julgamento do mensalão.
BICHO SOLIDÁRIO
O vereador Agnaldo Timóteo (PR-SP) quer lançar uma campanha solidária contra a "demagogia" de "amigos" que se afastaram após o empresário do jogo Carlinhos Cachoeira ser preso. "Todo mundo corre atrás dos bicheiros para pedir ajuda em campanha. Eu? Eu tinha uma intimidade com o Castor [de Andrade, morto em 1997]. Ele me chamava de filho preto."
PRATO EXECUTIVO
O chef Alex Atala tem encontro amanhã com Flávio Dino, presidente da Embratur. O instituto quer discutir projetos para promover a gastronomia fora do país.
INGLÊS DE RUSSO
O guitarrista britânico Andy Gill virá ao Brasil para participar do tributo da MTV à Legião Urbana, ao lado do ator Wagner Moura. Gill toca no Gang of Four, um dos grupos preferidos de Renato Russo (1960-1996).
FAZENDO ARTE
O MIS (Museu da Imagem e do Som) recebeu no fim de semana 2.000 pessoas, o dobro do habitual. Lá estão em cartaz mostras de Andy Warhol, André Kertesz, Claudio Edinger e Ozualdo Candeias.
DOBRADINHA
Os irmãos Dean e Dan Caten, da grife Dsquared², ganharam jantar na casa da dentista Andrea Cury.Entre os convidados, a top Lea T e o estilista Amir Slama.
com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, LÍGIA MESQUITA e OLÍVIA FLORÊNCIA
Assinar:
Postagens (Atom)