sexta-feira, setembro 25, 2009

CARLOS EDUARDO NOVAES

Zelando por Zelaya


Jornal do Brasil - 25/09/2009

RIO - Não me lembro de ter ouvido tanto escarcéu pelo mundo em 1992 – ontem praticamente – quando o Brasil apeou do poder o primeiro presidente eleito por voto direto desde 1960. Bem verdade que tivemos o cuidado de tomar providências legais – o tal do impeachment – evitando assim que Fernando Collor fosse colocado de pijama dentro de um avião para a Bolívia.

Se por acusações que nunca foram confirmadas – o homem está aí lépido e fagueiro – não tivemos paciência para esperar pelo fim do mandato, por que Honduras deveria aguardar as próximas eleições para os insatisfeitos mudarem o governo, como sugere o presidente Lula? É bom não esquecer que a deposição de Zelaya foi avalizada pelo Congresso, pela Justiça e pelos militares, não necessariamente nesta ordem. Confesso que não me sinto à vontade para chamar Micheletti e sua turma de golpistas, ou me verei obrigado a rever os acontecimentos de 1992 para investigar se por trás do impeachment não se escondia um golpe de Estado.

A verdade é que sempre tivemos muita classe e habilidade para rasgar nossa Carta Magna. Viemos nos aperfeiçoando desde os tempos do marechal Deodoro. Sempre arranjávamos um jeitinho de disfarçar nossas fraturas constitucionais. Que eu saiba, em nenhuma ditadura do continente houve rodízio de generais no poder, com eleições indiretas e tudo para que exibíssemos uma aparência de estado democrático. Estou certo de que Micheletti e sua turma, não estariam nessa saia justa se tivessem consultado o Brasil sobre a melhor maneira de proceder nesses casos. Talvez, sob nossa orientação, Zelaya é que estivesse sendo chamado de golpista!!!

Desconfio que as razões da deposição do bigodudo vão muito além de seu desejo de se reeleger. Pouca gente acredita que Zelaya se materializou na embaixada, como alega um diplomata brasileiro. Foi uma empreitada de alto risco que não permitia erros de cálculos. E se não tivesse ninguém em casa? (Era domingo à noite). Pela versão corrente, porém, Zelaya simplesmente bateu à nossa porta em Tegucigalpa, como um entregador de pizzas:

– Quem é? – perguntou o funcionário do lado de dentro depois de ouvir insistentes toques na campainha.

– É o presidente deposto de Honduras!

– Quem? – o funcionário pensou ter ouvido mal.

– Manuel Zelaya! Será que dá para você abrir a porta?

O funcionário cochichou temeroso com a mulher. A capital hondurenha também tem sua violência urbana. Podia ser um assalto.

– O senhor veio a mando de quem?

– Sou amigo do presidente Lula. Abra essa porta, por favor. Viajei 15 horas, estou cansado, com fome, preciso tomar um banho.

– Só temos um quarto de solteiro disponível. O senhor está sozinho?

– Estou com alguns assessores e parentes. Somos – virou-se e começou a contar – um, dois, três... setenta!

– O quêêêêê?... Só posso deixá-lo entrar se receber uma prova de que o senhor é mesmo o presidente Zelaya.

–Tudo bem. Vou jogar meu chapéu por cima do muro!

Agora o presidente Lula está com essa banana – não confundam com batata – quente nas mãos: ou entrega Zelaya às autoridades do país ou lhe concede asilo, caso em que ele pode virar um novo Stroessner – ditador paraguaio que viveu 17 anos no Brasil. Outra saída seria convencer Zelaya a fazer o caminho de volta enquanto Micheletti e sua turma disfarçam e fingem vigiá-lo na Nicarágua.

Seja como for, o imbróglio botou o pequenino país centro-americano no mapa da mídia mundial. A última vez que Honduras ganhou manchetes na imprensa brasileira foi em 2001, quando sua seleção derrotou o Brasil de Felipão, por 2 a 0, na Copa América. Mas isso já é outra história...

* Carlos Eduardo Novaes é escritor.

AUGUSTO NUNES

VEJA ON-LINE


Toffoli disse há quatro meses que quem faz o que fez há quatro anos não merece uma vaga no Supremo

25 de setembro de 2009

No outono de 2005, depois de ganhar de presente uma passagem de ida e volta, Benedito Vitor Januário dos Santos embarcou num avião em São Paulo, participou do jantar em Brasília promovido por ex-alunos da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e voltou na manhã seguinte. Quem teve a ideia de abrilhantar a noitada com a presença do folclórico Vitão, funcionário do Departamento Jurídico XI de Agosto e festeiro animadíssimo, foi o advogado José Antonio Toffoli, subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, que providenciou o bilhete aéreo. Quem pagou foi a Secretaria da Administração da Presidência da República. Quem bancou a viagem foram os pagadores de impostos.

O Portal da Transparência, criado pela Controladoria Geral da República para mostrar como o governo gasta o que toma dos brasileiros comuns, confirma que em 19 de maio de 2005 a Secretaria da Administração repassou R$ 290 a Benedito Vitor Januário dos Santos. O portal se limita a revelar o valor desembolsado e a identidade do ”favorecido”. A transparência não se estende ao nome de quem mandou pagar nem à razão do pagamento. No caso de Vitão, a informação é dispensável. Há quatro anos, um voo de ida e volta entre São Paulo e Brasília custava exatamente R$ 290. Toffoli vive assumindo a paternidade da ideia em jantares com amigos.

Para os padrões brasileiros, subvertidos por roubalheiras que movimentam cifras inverossímeis, parece pouco. Dinheiro de troco, diriam os senadores. Uma viagem só, e ainda por cima doméstica, é coisa de amador, desdenhariam os deputados. Num país rebaixado a viveiro de corruptos bilionários, José Antonio Toffoli subtraiu aos cofres públicos uma quantia inferior a mil reais, consumida em duas decolagens e dois pousos. Quem faz isso merece castigo?

Merece uma punição exemplar, acha José Antonio Toffoli ─ ele mesmo, mas quatro anos mais tarde e em outro emprego. Ou achava até maio passado. ”O Brasil precisa conscientizar-se de que quem exerce uma função pública só pode gastar o dinheiro público no interesse público”, disse em entrevista a VEJA o chefe da Advocacia Geral da União. Depois de sublinhar que a corrupção endêmica e a gastança irresponsável devem ser combatidas com muito mais rigor, o entrevistado ensinou que um crime jamais será condicionado pelo tamanho do lucro ou do prejuízo. Atos ilícitos não são tabelados.

“É preciso acabar com esse costume de passar a mão na cabeça dizendo que o erro foi pequeno, que foi coisa de mil reais, que foi só uma passagem aérea”, reiterou Toffoli. “Não há erro pequeno. É preciso tolerância zero com o uso indevido de dinheiro público. Mesmo o erro pequeno precisa de punição”. Segundo o chefe da AGU, essa modalidade criminosa não comporta pecados veniais. Todos são mortais. Não há diferenças relevantes, portanto, entre o subchefe da Casa Civil que desviou R$ 290 e o mais guloso mensaleiro. O uso irregular de um bilhete é tão criminoso quanto o furto de milhagens transatlânticas.

Indicado por Lula para uma vaga no STF, Toffoli anda visitando senadores para garantir que merece nota dez nos quesitos reputação ilibada e notável saber jurídicos, que deveriam determinar o destino de um candidato à toga. Algum pai da pátria tem de apartear o discurso do visitante, apresentar-lhe simultaneamente o caso de Vitão e a entrevista de maio e convidá-lo a explicar a colisão frontal. Se renegar a entrevista, estará provado que o saber jurídico de Toffoli é notavelmente instável. Se reafirmar o que disse, estará provado que a reputação não rima com ilibada.

Seja qual for a resposta, Toffoli estará desqualificado para virar ministro do Supremo. Seu passado pode arruinar o futuro do tribunal.

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PARA....HIHIHIHI

Controle de natalidade

Um engenheiro casado com uma médica e pai de dois filhos resolveu comprar uma bela fazenda.

A fazenda era muito boa, eletrificada, muito gado, bela casa, açude grande com muita água, enfim uma estrutura magnífica.

Foi conhecer a fazenda e levou a familia.

Lá chegando pediu para conhecer o morador,que pelo acordo tratado deveria continuar trabalhando na fazenda, já que era de confiança e ali estava radicado há anos.

- O Sr. é seu Joaquim? O antigo dono fala muito bem do Sr.
- Sim Sr. patrão.
- Quantos filhos o Sr. tem?
-São 16 senhor, e a muié tá esperando outro.
- Meu amigo eu não acredito. Olhe eu sou engenheiro casado com uma médica, nós ganhamos muito bem e só temos dois filhos.- Sabe o que é patrãozinho, é porque muié de pobe não gosta de dar o cú de jeito nenhum...
COLABORAÇÃO ENVIADA POR SUELY

MÍRIAM LEITÃO

Os dois lados

O GLOBO - 25/09/09


A política de acumulação de reservas do Banco Central é feita de olho em 2010. O Banco Central quer estar preparado para qualquer incerteza criada pelo ano eleitoral. Hoje o país tem US$ 223 bilhões. Elas continuarão subindo. O governo acha que a demanda pode retomar de forma mais forte do que se imagina.

Os empresários não estão tão certos disso, mas parte está zerando as perdas neste terceiro trimestre.

Aqui na coluna Bruno e eu conversamos com pessoas do governo e das empresas para sabermos como anda a economia neste início da reta final de um ano difícil. Os dois lados passaram uma avaliação positiva da economia, mas os empresários continuam preocupados com a demanda externa e o câmbio.

O setor automotivo foi um dos primeiros a sentir os efeitos da crise. Com o mercado interno congelado e as exportações em queda, montadoras cortaram produção e empregos. O setor entrou em recuperação, com incentivos de IPI e volta do crédito. O presidente da Fiat na América Latina, Cledorvino Belini, afirma que as vendas continuam em crescimento neste terceiro trimestre e que o setor fechará o ano em alta de 4%.

— O problema continua nas exportações, em queda de 40% no acumulado do ano até agosto — diz Belini.

A taxa de câmbio já está sendo, de novo, motivo de reclamação dos exportadores, mas é resultado da entrada de capitais. Uma delas é a operação de emissão de ações do Santander. A avaliação no governo é que não é comum uma empresa achar que tem mais condições de atrair capital na emissão de ações num país onde tem uma subsidiária do que no país sede. Isso mostraria a atratividade do Brasil.

A entrada forte de dólar derruba a cotação, mas pode ser uma poderosa aliada no fortalecimento das reservas.

Para que tantas reservas? O Banco Central percebeu que a velocidade de saída de capitais numa crise é muito maior agora do que já foi no passado. São inúmeros agentes, fundos, hedge funds, bancos, empresas, investidores remetendo recursos para portos supostamente seguros durante episódios de alta de aversão a risco. Por isso será mais confortável para o país ter bastante munição em caixa para atravessar o ano de 2010 quando, no calor do debate eleitoral, muitas incertezas podem se formar.

Os empresários estão olhando de forma mais imediata para seus problemas.

Afinal, muitas empresas só agora começam a ver a recuperação da demanda. Muitos setores foram turbinados pelo gasto público, através das políticas de incentivos fiscais.

Elas custaram aos cofres públicos preciosos R$ 17,3 bilhões em queda de arrecadação de janeiro a agosto.

O setor de eletrodomésticos foi um dos beneficiados pela desoneração tributária do governo. Dona de marcas como Brastemp e Consul, a Whirlpool previu no pior momento da crise que chegaria ao final deste ano com crescimento zero.

Nos três primeiros meses do ano, a empresa vendeu 6% a menos do que no mesmo período de 2008. E entrou no segundo trimestre prevendo uma nova queda de 20%.

Mas o mercado melhorou, o crédito voltou e a empresa vendeu 15% a mais.

— Neste terceiro trimestre crescemos mais 20%. Recuperamos as perdas da crise — diz Armando Valle Junior, diretor da Whirlpool.

O IPI reduzido para geladeiras, fogões e máquinas de lavar termina em 30 de outubro. O setor não espera uma extensão da medida, mas não está preocupado.

— Temos o Natal pela frente, e esperamos agora fechar o ano com crescimento de 6% nas vendas — afirma.

O setor químico teve grande oscilação de demanda, em parte ocasionada pelo câmbio. Uma das gigantes do mercado, a Quattor espera recuperar neste terceiro trimestre as perdas de 27% dos três últimos meses do ano passado. Calcula crescer 10% no mercado interno de julho a setembro frente ao trimestre anterior. Para Vitor Mallmann, presidente da empresa, com a recuperação já ocorrida no primeiro semestre, a empresa terá até um pequeno crescimento no acumulado do ano.

— O mercado acumulou estoques no pior momento da crise, mas já fez o ajuste.

Empresas voltarão a comprar mais resinas. Por isso, teremos um discreto crescimento neste ano.

Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, foi apanhada pela crise no meio de um ousado plano de abertura de lojas. O varejo foi menos atingido que a indústria, mas Luiza admite que o setor poderia estar melhor. Ainda sem números fechados do trimestre, a empresária acha que os dados vão mostrar crescimento das vendas.

— Esperamos um quarto trimestre melhor do que o do ano passado, que aliás foi o pior do ano — diz Luiza, mais esperançosa sobre 2010.

No governo acredita-se que as empresas erram quando mantêm arquivados seus planos de investimento. O país, na visão deles, terá forte aumento de demanda daqui para frente. Mas as empresas ainda estão preocupadas em curar as feridas do enorme tombo de um ano atrás.

É o caso do setor siderúrgico, que suspendeu bilhões em investimentos. Parte das feridas cicatrizou. Quatro altos-fornos foram religados.

Mas as perspectivas permanecem ruins: o consumo interno de aço bruto deve cair 19% neste ano.

— O governo nos cobra investimento, mas nosso uso de capacidade ainda está em 70%, abaixo da média histórica de 80% — afirma Marco Polo de Mello Lopes, vice-presidente executivo do Instituto Aço Brasil.


COM BRUNO VILLAS BÔAS

LUGAR ERRADO

CELSO MING

Culpa no cartório

O ESTADO DE SÃO PAULO - 25/09/09

É surpreendente que as agências de classificação de risco estejam fora das listas das instituições que precisam ser mais fiscalizadas e mais supervisionadas para se evitar crises futuras. Elas mostraram atuação irresponsável. Não foram apenas os bancos que provocaram as bolhas. A crise aconteceu também por causa das agências.

Essas instituições têm a função de determinar o grau de risco inerente a um título de dívida. Elas trabalham com duas grandes categorias. Os títulos de nível especulativo são os que apresentam relativamente alto risco de calote. E os de nível de investimento são os mais seguros. As três grandes agências internacionais de classificação de risco são a Moody"s, a Standard & Poor"s e a Fitch.

Elas hierarquizam o risco dos títulos por meio de uma escala alfanumérica. Os de risco praticamente zero levam, em geral, nota Aaa (na classificação da Moody"s). Depois vêm os Aa1, Aa2... Baa1, Baa2... Lá embaixo estão os de nível C.

As agências apareceram no início do século 20 para atender à necessidade dos investidores que não dispõem de condições para avaliar previamente a canoa financeira na qual estão embarcando sua poupança. Nos anos 70, organismos oficiais americanos passaram a exigir atestados dessas instituições, seja para a concessão de financiamentos no mercado, seja para proteger os interesses dos aplicadores.

Isso significa que, em certo grau, o mercado financeiro ficou dependente do veredicto dessas empresas, que assim se tornaram árbitras poderosíssimas quando entra em jogo a qualidade de um título.

No entanto, a maior crise desde os anos 30 não teria acontecido se essas agências não tivessem feito farta distribuição de certificados de excelência a títulos que logo em seguida foram considerados "lixo tóxico" ou "ativos podres" e que, por isso, foram rejeitados por todos os bancos, o que aprofundou a crise. Isso demonstra que os critérios com que elas trabalham são no mínimo suspeitos e suas decisões, tomadas com certo grau de leviandade.

Mais do que isso, em meio à crise, aparentemente para salvar o que ainda restava de sua reputação, as agências passaram a trabalhar com uma rapidez nunca vista; logo elas, que, em geral, levam anos para mudar uma classificação, como aconteceu com os títulos de dívida do Brasil. Enquanto o mercado pegava fogo, elas se puseram a recarimbar como de nível C nada menos que US$ 1,9 trilhão em ativos que no dia anterior levavam AAA. Ou estavam erradas antes ou ficaram depois.

Pior que isso, essa corrida remarcatória acentuou a crise. Por disposição legal ou estatutária, um grande número de investidores, como fundos de pensão e carteiras conservadoras de títulos, só pode trabalhar com aplicações de risco zero. Por isso mesmo, foram obrigados a se desfazer imediatamente (e com enorme prejuízo) desses papéis, contribuindo assim para o aumento do pânico geral dos mercados.

Alguns analistas têm observado que as agências de classificação de risco são pagas pelos próprios emissores dos títulos, que, evidentemente, têm interesse na melhor nota possível, e que isso produz uma relação incestuosa com as consequências que se podem prever.

Mas, afinal, se é para dar segurança ao investidor, quando é que a atividade dessas agências será fiscalizada?

JOÃO MELLÃO NETO

Velhos tempos, belos dias


O Estado de S. Paulo - 25/09/2009

Se bem me recordo, meu pai adquiriu uma perua DKW zerinho por volta de 1962. Ele gostava de carros e entendia um pouco do assunto. Lembro-me da raiva que ele tinha do veículo - que só aumentava à medida que ele o ia conhecendo melhor - e de seu calvário por ter de levá-lo semanalmente ao mecânico. O motor era de dois tempos, o que significa que era barulhento e fumegante. A vedação era péssima: quando chovia lá fora, também chovia dentro. A maçaneta do vidro saía na mão sempre que se tentava acioná-la. Os ruídos internos davam a impressão de que a carroceria estava com todos os parafusos soltos. O câmbio "na direção" era de três marchas que teimavam em não se deixar engatar. A qualidade do carro, enfim, era sofrível. Principalmente quando comparado aos norte-americanos que predominavam em nossas ruas à época.

Mas nem por isso se deve condená-lo. Ele representou um papel importante nos primórdios da indústria automotiva brasileira. O ceticismo quanto à viabilidade de uma fábrica nacional de veículos era muito grande. Para se ter uma ideia basta relembrar um argumento muito ventilado então: era tecnicamente impossível fundir blocos de motores em climas tropicais. O DKW, e também o Fusca, desafiaram todos os tipos de dúvida e descrença ao serem integralmente fabricados aqui.

Pois bem, a vida nos ensina que não é porque pranteamos um morto que desejamos, na prática, ressuscitá-lo.

Qual seria a reação dos consumidores se o saudoso DKW Vemag fosse relançado agora? Pior: se, além de reiniciar a sua produção, o governo proibisse qualquer outra marca de construir veículos em território brasileiro, sob o argumento de que é necessário prestigiar a indústria nacional?

Pois a respeitável matrona que atende pelo nome de dona Dilma já provou ser capaz de entabular raciocínios semelhantes. Em sua mais recente entrevista - publicada na Folha de S.Paulo no domingo -, ela afirma, explicitamente:

Que a presença do Estado na economia tem de aumentar;

e que patriotismo e nacionalismo são exatamente a mesma coisa.

São teses que remontam à época do DKW. E dona Dilma, ao que parece, deseja mesmo relançá-lo. Ou promover algum disparate semelhante. Se ela chegar à Presidência, mais que de imediato a indústria de vestuário tratará de recuperar o maiô de duas peças. E não é impossível que ela mesma venha a usá-lo para divulgar a nova moda.

Dona Dilma é realmente um achado único. Um precioso fóssil encontrado pelo presidente Lula. Parabéns a ele.

Ela é plenamente capaz de afirmar publicamente, sem ruborizar-se, que jamais se encontrou com as pessoas com quem de fato se encontrou. Na recíproca, a ninguém surpreenderia caso reiterasse que participou de eventos em que nunca esteve. Como a Santa Ceia ou a 3ª Internacional Comunista, por exemplo.

Consta que ela surgiu nas hostes do PDT, de Leonel Brizola. Este deve ter sido o seu grande guru em matéria de discurso político. Para quem não se recorda, Brizola caracterizava-se por pregar, na década de 90, tudo aquilo de que se falava na década de 50. Era algo que nos reportava às preleções de nossos avôs.

Para restaurar os fatos, vale a pena lembrar que a surpreendente dona Dilma estreou no cenário político muito antes do retorno de Brizola ao Brasil. Ela militou na VAR-Palmares, uma organização terrorista, e, com merecimento, passou alguns anos no calabouço.

Curiosamente, foi no período em que a indomável dona Dilma esteve a ferros que o governo militar de Geisel, sem que ninguém das esquerdas se desse conta, tomou-lhes algumas de suas mais caras bandeiras. A proliferação de empresas estatais, na época, foi avassaladora. O Estado, por sua vez, nunca antes fora maior, tampouco mais abrangente. Ele tudo previa. E também tudo provia.

O raciocínio da elite pensante da área militar seria facilmente subscrito por gente como a empertigada dona Dilma. Pregavam eles que havia na economia numerosas áreas estratégicas que, se não estivessem sob controle estatal, facilmente cairiam nas mãos dos odiosos estrangeiros. Estatizar, portanto, era um gesto de soberania. E esse raciocínio valia tanto para empresas siderúrgicas como para redes de restaurantes e - pasme-se - hotéis de alta rotatividade.

E quanto à iniciativa privada? Era vista com maus olhos e tratada com má vontade. Segundo eles, os então poucos empresários brasileiros, em sua ânsia por capitais, não teriam o menor escrúpulo em se associar às perigosas e malquistas empresas multinacionais. E isso era o fim!

A verdade é que o Estado de então apenas tolerava a existência de empresas privadas nacionais. Concedia-lhes crédito subsidiado, mas em troca exigia vassalagem. Cabia ao Estado determinar o que e quanto devia ser produzido por cada uma. No mais, sempre que surgia uma nova oportunidade na economia, antes que algum "aventureiro" dela se apossasse, logo vinha o Estado criando uma nova estatal.

Ora, esse, na prática, era o discurso das esquerdas brasileiras, desde a década de 1950. E a persistente dona Dilma, com o seu discurso "retrô", caso se consagre nas urnas, certamente o adotará. Não seria mais a volta do DKW, mas a do Maverick GT.

Confesso que tenho medo de gente como a circunspecta dona Dilma. Ela parece ser fria, determinada, alguém que de tudo faria se fosse em prol da "causa" que defende. E o pior é que tem chances reais de chegar à Presidência da República. Se isso vier a ocorrer, será que ela nos vai permitir tratá-la como "tia Dilma"?

Não é por nada, não. É que ela não tem jeito de governante. Tem, isso sim, de governanta.

GOSTOSA


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PARA....HIHIHIHI

A VIÚVA VIRGEM

Uma viúva, ao casar pela 11ª vez, diz carinhosamente ao marido:
- Benzinho,sou virgem!
- Como? Não fostes casada 10 vezes? disse o marido:
- Sim, disse ela, mas aconteceu o seguinte:

O 01° era político, só prometia e não cumpria;
O 02° era bancário, só entendia de fundos;
O 03° era poliglota, só entendia de línguas;
O 04° era massagista, só esfregava;
O 05° era caçador, só gostava de veado;
O 06° era médico, só examinava;
O 07° era juiz do interior, não tinha vara;
O 08° era coveiro aposentado, não enterrava mais;
O 09° era perfumista, se contentava só com o cheiro;
O 10° era do PT, quando estava por cima não fazia nada.

E agora, minha esperança é você....
Então o marido diz:
- E porque eu?

Porque você é Fiscal da Receita Federal, tenho certeza que vai me foder.

COLABORAÇÃO ENVIADA POR APOLO

FRANCISCO C. WEFFORT

O Itamaraty e seu aliado, Zelaya

O GLOBO - 25/09/09

Para quem observa a política externa brasileira, a entrada escandalosa de Manuel Zelaya em nossa embaixada em Tegucigalpa só teve, até o momento, um efeito: o de fazer esquecer o novo fracasso do Itamaraty, derrotado nas eleições para a direção da Unesco. Como se sabe, mesmo quando se cogitava de um candidato brasileiro, Márcio Barbosa, vice-diretor geral da Unesco, o Itamaraty passou a apoiar o egípcio Farouk Hosni. Mas venceu a embaixadora búlgara Irina Bokova, cujo nome só chegou ao conhecimento do distinto público no Brasil depois das eleições.
Minha pergunta é a seguinte: o Itamaraty é mal informado? Ou, supondoo bem informado, faz por mal informar o público brasileiro? Como outras, essa nova derrota do Itamaraty parece ter pouca importância no Brasil.
Até porque não há nenhuma segurança de que o egípcio fosse melhor que a embaixadora.
O caso de Manuel Zelaya, também confuso desde o início, é, porém, um pouco diferente. E agora pode, com a sua espetacular entrada na embaixada brasileira em Tegucigalpa, envolver algum risco. Ao que se sabe, a Constituição de Honduras é rigidamente contrária à renovação de mandatos de presidentes.
É contrária mesmo à realização de consultas populares a respeito. Mas, seguindo uma tendência que se ampliou depois de Chávez, da Venezuela, o então presidente Manuel Zelaya que, como vemos agora, é de uma teimosia incontrolável, insistiu em realizar uma consulta popular visando a abrir caminho para um novo mandato. Para realizar a consulta, designou o chefe do EstadoMaior das Forças Armadas e este, alegando inconstitucionalidade da ordem presidencial, recusou-se a obedecer.
Zelaya o destituiu do cargo. O caso foi então julgado no Parlamento, que decidiu destituir Zelaya da Presidência, e determinou que fosse substituído pelo então presidente do Congresso, Michelletti.
Assumindo a Presidência, Michelletti expulsou Zelaya do país. Contra o expresidente foi elaborada uma longa lista de acusações e uma ordem de prisão em caso de regresso. Zelaya, porém, teve enorme êxito em difundir, sem margem para contestação ou dúvida, a notícia de que teria sido expulso por um golpe militar. E muitos passaram a defendê-lo em nome de uma Constituição que, segundo seus acusadores, ele próprio não respeitava. Teria sido mesmo um golpe militar? É difícil decidir de fora sobre essa questão.
Em todo caso, quando se revisam os fatos com alguma distância, percebese que há uma grande confusão em todo este problema hondurenho. Aliás, tudo é muito estranho nas histórias em torno de Zelaya.
Mais confusa, porém, do que a sua queda do governo foi a chegada de Zelaya à embaixada brasileira. Depois de perto de um mês buscando a atenção da mídia em diversos países, ele decidiu alojar-se na Embaixada do Brasil em Honduras, invocando a proteção de Lula e tecendo loas ao ministro Amorim e ao assessor Marco Aurélio Garcia. Vejamos, porém, alguns detalhes do périplo que realizou para chegar lá. Zelaya partiu da Nicarágua em um avião da Venezuela, parou em El Salvador, onde carros o esperavam para levá-lo a Tegucigalpa, de onde havia sido expulso e era, supostamente, procurado pela polícia.
São muitas as perguntas que se colocam: só Zelaya sabia destes planos? Ninguém mais sabia disso na Venezuela? Nem na Nicarágua? Ninguém sabia disso em El Salvador, onde o esperavam alguns carros? E a pergunta mais importante para nós: tendo Lula visitado recentemente a América Central, nenhum funcionário ou autoridade brasileira tinha conhecimento prévio disso? O único ponto claro dos planos de Zelaya é que ele continua em campanha para reassumir a Presidência de Honduras. Se isso acontecer, por que haveria ele, reconduzido então “nos braços do povo”, como costumam dizer os políticos, de deixar de lado seu sonho continuísta? Ele disse que entrou na embaixada brasileira sob a “proteção do presidente Lula”. Mas que significa isso se ele já declarou que não aceita pedir asilo? Aliás, neste detalhe, ele tem razão: se o que ele quer é voltar à Presidência do seu país, sua presença na embaixada só lhe será útil se ele não for um asilado. O que, evidentemente, cria para o Brasil um enorme problema.
Estar na embaixada serve a Zelaya para criar um novo ponto de atração para os jornalistas, atraídos pela figura que se pretende romântica do “rebelde latino”, com seus bigodes tingidos de negro e seu enorme chapéu texano.
Além disso, ele ostenta (sempre que pode) as aparências de uma vítima de golpe militar. O que o atrapalha neste aspecto é que vai ficando nítido aos olhos de quem quer ver que ele é apenas um fazendeirão, “um hacendado” tão rico e tão reacionário quanto os examigos da oligarquia que o expulsou do poder. Seu objetivo na embaixada é só um, o de encontrar uma brecha nas eleições de seu país, em novembro, eleições das quais, como ex-presidente, não tinha como participar.
Uma pergunta final: e o Brasil como fica nesta trapalhada toda? Como já disse o senador Heráclito Fortes, Zelaya transformou a embaixada em seu escritório político, pondo nosso país no meio de uma confusão sem tamanho.
Michelletti cobra do Brasil que caracterize a condição de Zelaya como asilado ou que o entregue à polícia hondurenha, já que há mandado de prisão contra o ex-presidente.
Neste sentido, é sintomático o apelo de Lula a Zelaya que não faça nada que possa provocar a invasão da embaixada pelo governo. É que, se por desgraça isso vier a ocorrer, a desmoralização do Brasil no incidente se tornará inevitável.
À distancia de apenas dois meses das eleições em Honduras, mandar tropas para proteger um demagogo como Zelaya é algo impensável. Não fazer nada é também absolutamente constrangedor.
Daí o apelo do Itamaraty ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
É o que resta para salvar a face. Tirar as castanhas do fogo com a mão do gato.
É, aliás, o que sempre resta a fazer quando se trabalha com uma política externa como a nossa, na qual a marquetagem dos governantes se sobrepõe aos interesses do país.
FRANCISCO C. WEFFORT é sociólogo.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

MERVAL PEREIRA

República de Bananas

O GLOBO - 25/09/09

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e o protoditador venezuelano Hugo Chávez encarregaram-se em questão de poucas horas de desmontar a versão oficial de que as autoridades brasileiras nada sabiam sobre a sua estratégia de regressar ao país e abrigar-se na embaixada brasileira em Tegucigalpa. Falando à rádio Jovem Pan, o presidente deposto, Manuel Zelaya, disse que a escolha da representação diplomática brasileira foi uma “decisão pessoal”, depois de consultas feitas ao presidente Lula e ao chanceler Celso Amorim.
Já Chávez revelou, rindo, como “enganou” todo mundo, monitorando a viagem de Zelaya através de um telefone via satélite, e que quando todos esperavam que o presidente deposto estaria em Nova York, para a reunião da ONU, ele “se materializou” na embaixada brasileira.
A reboque da estratégia bolivariana, o governo brasileiro está participando de uma farsa política com ares de “república de banana”, só que dessa vez o papel de interventor não é dos Estados Unidos, mas do Brasil, conivente com a irresponsabilidade de Chávez.
Um advogado paulista, Lionel Zaclis, doutor e mestre em Direito pela USP, publicou no site “Consultor Jurídico” um estudo detalhado sobre o processo de destituição do presidente hondurenho, à luz da Constituição do país, e chegou à conclusão de que não houve golpe de Estado.
Segue um resumo de seu relato: “De acordo com a Constituição de Honduras, como destacamos aqui ontem, o mandato presidencial tem o prazo máximo de quatro anos (artigo 237), vedada expressamente a reeleição.
Aquele que violar essa cláusula, ou propuserlhe a reforma, perderá o cargo imediatamente, tornandose inabilitado por dez anos para o exercício de toda função pública.” “(...) Em 23 de março de 2009, o presidente Zelaya baixou o Decreto Executivo PCM-05-2009, estabelecendo a realização de uma consulta popular sobre a convocação de uma assembleia nacional constituinte para deliberar a respeito de uma nova carta política.” “(...) Em 8 de maio de 2009, o Ministério Público promoveu, perante o ‘Juzgado de Letras Del Contencioso Administrativo’ de Tegucigalpa, uma ação judicial contra o Estado de Honduras, pleiteando a declaração de nulidade do decreto (...).” “(...) E, como tutela antecipatória, que foi aprovada, requereulhe a suspensão dos efeitos, sob o fundamento de que produziria danos e prejuízos ao sistema democrático do país, de impossível ou difícil reparação, e em flagrante infração às normas constitucionais e às demais leis da República, para não falar dos prejuízos econômicos à sociedade e ao Estado, tendo em vista a dimensão nacional da consulta.” “(...) Em 3 de junho, o Juizado proibiu o presidente Zelaya de continuar a consulta.
Contra essa decisão, impetrou ele um Recurso de Amparo — similar ao nosso Mandado de Segurança — perante a Corte de Apelações do Contencioso Administrativo, o qual foi rejeitado em 16 de junho.” “(...) Assim, o Juizado do Contencioso Administrativo expediu, no dia 18 de junho, uma segunda ordem contra o presidente, tendo uma terceira sido expedida nesse mesmo dia. Em virtude dessa desobediência, o promotor-geral da República ofereceu, perante a Suprema Corte, denúncia criminal contra o presidente Zelaya, sustentando configurar sua conduta crimes de atentado contra a forma de governo, de traição à pátria, de abuso de autoridade e de usurpação de funções, em prejuízo da administração pública e do Estado.” “(...) A Suprema Corte aceitou a denúncia em 26 de junho, com fundamento no art. 313 da Constituição e designou um magistrado para instruir o processo.
Foi decretada a prisão preventiva do denunciado, com o que foi expedido mandado de captura, cujo cumprimento ficou a cargo do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas.” “(...) No mesmo dia, o Juizado de Letras do Contencioso Administrativo deu ordem às Forças Armadas para suspender a consulta pretendida pelo presidente Zelaya e tomar posse de todo o material que nela seria utilizado.” “(...) O presidente Zelaya, então, ordenou ao chefe do Estado-Maior das Forças Armadas que distribuísse o material eleitoral de qualquer modo, porém o último, invocando a ordem judicial, se negou a fazê-lo, ao que foi destituído, tendo, em seguida, impetrado junto à Suprema Corte um recurso de amparo para ser reconduzido ao cargo.” “(...) Em 25 de junho a Suprema Corte cassou o ato do presidente Zelaya, sob o fundamento de que a remoção do chefe do EstadoMaior das Forças Armadas constitui ato privativo do Congresso Nacional nos termos do artigo 279 da Constituição.” “Uma frase famosa na diplomacia brasileira é a do chanceler do governo Geisel Azeredo da Silveira, que vivia repetindo: “O Brasil não pode dar a impressão de que é uma Honduras”.
A preocupação tinha sentido: Honduras é o país inspirador do termo “República de bananas” ou “República bananeira” cunhado pelo escritor americano O. Henry, pseudônimo de William Sydney Porter, que, no livro de contos curtos Cabbages and Kings, (Repolhos e Reis) de 1904, usou pela primeira vez a expressão, que passou a designar um país atrasado e dominado por governos corruptos e ditatoriais, geralmente na América Central.
O principal produto desses países, a banana, era explorado pela famosa United Fruit Company, que teve um histórico de intromissões naquela região, especialmente Honduras e Guatemala, para financiar governos que beneficiassem seus interesses econômicos, sempre apoiado pelo governo dos Estados Unidos.
A cláusula pétrea da Constituição de 1982 de Honduras tinha justamente o objetivo de cortar pela raiz a possibilidade de permanência no poder de um presidente, pondo fim à tradição caudilhesca no país.

VINÍCIUS TORRES FREIRE

Os desequilibrados de Pittsburgh


Folha de S. Paulo - 25/09/2009



EUA põem "reequilíbrio" do comércio mundial na pauta, mas demais grandes PIBs não tendem a se comover muito


"NÃO VAI TER FMI monitorando nada", diz uma autoridade brasileira que participa da reunião do G20, nos EUA. O assessor de Lula refere-se a um dos zum-zuns em torno da ideia lançada pelos americanos de "reequilibrar" o crescimento das maiores economias do mundo. Isto é, trata da participação do FMI no "monitoramento" desse "acordo", digamos, sobre a "nova ordem econômica mundial". Tudo entre aspas, dada a grandiloquência ridícula das palavras e o fato de que tais ímpetos de reforma da natureza murcham logo após o bafafá tedioso das cúpulas.
Esse "reequilíbrio" seria uma coordenação internacional de políticas de modo a fazer com que os americanos se endividem e consumam menos, poupem mais, importem menos capital e exportem mais bens e serviços; chineses e cia., além de alemães, deveriam consumir mais e reduzir seus superavit comerciais (vender no exterior mais do que compram). Isso para ficar no resumo "pop" de um problema bem enrolado e que foi um dos fundamentos da crise de 2007-2009.
A autoridade brasileira diz que, no resumo final do encontro do G20, o "comunicado", o FMI aparecerá um tanto como Pilatos num credo meio vago, no máximo como fornecedor de estatísticas e pareceres sobre "desequilíbrios". Não que houvesse alguma possibilidade de que países como Estados Unidos, China, Japão e Alemanha alterassem políticas econômicas por "recomendação" do Fundo, uma ridicularia grotesca.
Também é meio tola a ideia de que governos, mesmo o chinês, tenham a capacidade de modelar economias complexas a torto e a direito, muito menos se tal dirigismo depende de acordos internacionais politicamente difíceis e instáveis.
Mudar o padrão de gasto público, incentivar ou não investimentos, tentar interferir no câmbio, tudo isso pode influenciar o caráter "poupador" ou "consumidor" de uma economia, mas está muito longe de bastar. Não se trata, porém, de uma impossibilidade: "acordos" de fato puseram certa e provisória ordem na economia mundial depois da Segunda Guerra, por exemplo, mas a garantia de tais ordenamentos são canhões ou dinheiro grosso: a predominância de uma potência.
A persistência dessa conversa de "reequilíbrio", muito enfatizada por Barack Obama, indica porém preocupações sérias. Primeiro, e mais óbvio, os EUA precisam arrumar sua casa; exportar mais pode dar impulso à recuperação econômica. A China, por sua vez, discute a ideia de "crescer para dentro" (consumir mais) desde antes da crise, dizem os entendidos no país -no mínimo, por correr o risco de uma crise devida a excesso de investimento.
Na crise, porém, os chineses abriram a porteira do crédito e investem pesado a fim de evitar sua "recessão" (crescer "apenas" 6% ao ano). O interesse maior, porém, é americano. A resistência maior à "coordenação" vem de Brasil, Índia, Alemanha e Rússia, segundo a autoridade brasileira.
Os chineses fazem pouco barulho. Podem assinar um papel qualquer sobre "cooperação" -não custa nada. Vão continuar a fazer o que lhes der na telha e vão ignorar apelos externos, como o fazem com as críticas a sua política cambial ou ao seu autoritarismo.

GOSTOSA


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BRASÍLIA - DF

Toffoli no telhado


Correio Braziliense - 25/09/2009



O clima no Senado anda esquisito para o lado do ex-advogado-geral da União José Antônio Toffoli, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP), garante que o nome de Toffoli foi uma grande escolha: “Trata-se de um jurista competente, um homem que tem desempenhado funções públicas de relevância e que desfruta do maior conceito no Judiciário e em todos os meios jurídicos do país”, garante. Mas seus aliados no Amapá, Gilvam Borges (PMDB) e Papaléo Paes (PSDB), não votam em Toffoli nem que a vaca tussa. Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), outro aliado de Sarney, também foi à tribuna desancar o petista, o que significa muito trabalho para o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), articular a aprovação de seu nome em plenário. A indicação de Toffoli para o Supremo, gesto monocrático do presidente Lula, atropelou outros pretendentes poderosos. O ministro da Justiça, Tarso Genro, embora tenha colocado o nome de Toffoli na cabeça da lista sêxtupla que enviou ao presidente da República, preferia o conselheiro da OAB Roberto Caldas, ou o ex-procurador-geral da República Antônio Fernando de Souza, que não pleiteava o cargo. E havia ainda a expectativa dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de que o escolhido fosse o presidente daquela Corte, Cesar Asfor Rocha, ou os ministros Jorge Mussi e Gilson Dipp, sugeridos pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim.


Tragédia// A Comissão de Viação e Transporte da Câmara dos Deputados fará um balanço das investigações do acidente do voo 1907 da Gol, que matou 154 passageiros. A audiência será na terça-feira, 29 de setembro, dia em que a tragédia completa três anos.

Bala de prata



Aliados da ex-prefeita Marta Suplicy voltam à carga para que o senador petista Aloizio Mercadante (foto) seja o candidato da legenda ao Palácio dos Bandeirantes. “Se o Palocci não se viabilizar, será nossa única alternativa competitiva”, avalia o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), preocupado com a falta de um palanque robusto para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), em São Paulo.

Búzios

Governador da Bahia, Jaques Wagner (PT) acredita mais nos orixás do que nas pesquisas de opinião. “É tudo uma bobageira, a eleição vai se definir quando começar a novela”, dispara, ao desdenhar dos resultados das pesquisas que apontam o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), como favorito para a sucessão de Lula em 2010. Segundo Wagner, as pesquisas apontavam a vitória de Paulo Souto (DEM) em 2006, quando se elegeu governador, e a derrota do prefeito João Henrique (PMDB), nas eleições de 2008.

Remédios

O senador Tião Viana (PT-AC) alerta que o Sistema Único da Saúde (SUS) está ameaçado por gastos decorrentes de decisões judiciais, que obrigam o governo a adquirir medicamentos fora da listagem oficial do Ministério da Saúde. Em 2002, o governo gastou R$ 450 milhões na compra de medicamentos excepcionais, muitos importados e caríssimos; neste ano, já foram gastos R$ 2 bilhões. São 167 milhões de recursos judiciais.

Animal

O PP também aderiu à moda de engrossar sua lista de candidatos em 2010 com estrelas dos mundos esportivo e artístico. Entre os neoprogressistas, estão o ex-jogador de futebol Edmundo e o cantor brega Elimar Santos, ambos neófitos na política.


Maratona/ Candidato a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, o deputado federal Geraldo Magela (DF) faz campanha em São Paulo. Ontem, participou, na Assembleia Legislativa, do lançamento da candidatura de Edinho Silva à presidência do PT estadual; hoje, visita a Baixada Santista, Suzano, Osasco e a capital.

Dança/ Parte da bancada baiana na Câmara dos Deputados busca uma acomodação melhor para 2010. O deputado Sérgio Brito deixará o PDT para se filiar ao PSC, partido da base de apoio ao PMDB do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima. Brito assume semana que vem a Secretaria de Administração de Salvador, do prefeito João Henrique (PMDB).

Produção/ Representantes da OAB, Emmanoel Pereira e Cristina Peduzzi batem recordes de julgamentos no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Somente no mês de setembro, por exemplo, os dois julgaram mais de 4 mil processos.

Pelourinho/ O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) resolveu bater duro na Telefônica, que sofreu problemas técnicos em função das enchentes em São Paulo nos serviços de banda larga e telefonia. A empresa se queixa de perseguição.

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

E o Fed começou a se mover...


Folha de S. Paulo - 25/09/2009



As primeiras medidas, longe de sinalizar aperto monetário, são uma resposta à exigência de menor liquidez do mercado


OS MERCADOS estão claramente precificando uma recuperação econômica na maior economia do mundo. Embora ainda se ouçam algumas advertências, a grande maioria trabalha hoje com esse cenário.
A recessão ficou para trás, embora os obstáculos para uma normalização do crescimento se projetem para 2010 e, provavelmente, para 2011. Portanto nada mais natural que os instrumentos monetários que foram utilizados pelo Fed (banco central dos Estados Unidos) para evitar um colapso do sistema financeiro americano sejam desativados ao longo dos próximos meses. A questão que se coloca é a forma e a rapidez com que serão retirados mais de US$ 1 trilhão do sistema bancário norte-americano.
Como sempre ocorre com as questões econômicas mais sensíveis, os analistas estão divididos em grupos: de um lado, os que projetam uma explosão inflacionária se o Fed não agir já; no outro extremo, os que defendem a manutenção da liquidez atual sob o risco de abortar uma recuperação econômica ainda muito frágil. Finalmente, os que entendem que ainda é muito cedo para mudar a ação do Fed, mas que este já deveria anunciar seu plano de ação para o futuro.
O movimento do Fed -quando ocorrer- vai provocar grande volatilidade com ajustes discretos de preços dos ativos financeiros. Por isso, a instituição presidida por Ben Bernanke sabe que está pisando em ovos. A forma como ele vai comunicar ao mercado uma mudança em sua política monetária precisa ser construída com a sabedoria e a sutileza de um artesão. Por isso, tenho procurado identificar pequenos sinais que possam sinalizar o início de sua ação.
Aconselho aqueles que estão comigo na mesma busca a não esperar que isso venha a acontecer de maneira formal nas reuniões periódicas do comitê de política monetária americano. Antes, os mercados serão informados de maneira indireta -certamente em pequenas pílulas- da decisão de encerrar o chamado "afrouxo monetário quantitativo".
Essa forma de agir tem a grande vantagem de não fixar prazos para seu início, além de permitir uma meia-volta se a economia reagir mal a esse movimento. Também é uma maneira eficiente de lidar com a tradicional histeria dos investidores em momentos cruciais como esse que será vivido à frente.
Foi o que aconteceu nesta semana. Em um primeiro e sutil movimento, o Fed iniciou uma série de consultas a instituições financeiras e a fundos de investimento para discutir a mecânica para realizar operações de curto prazo -chamadas de venda de compromisso de recompra- tendo como lastro títulos de crédito que hoje compõem sua carteira de mais de US$ 2 trilhões. Essas operações permitem que o Fed retire liquidez rapidamente dos mercados quando achar necessário.
Outra "piscada" veio na quarta-feira e ontem com uma série de medidas que afetam as intervenções do Fed no mercado bancário e de títulos, diminuindo o volume e o prazo dos leilões de crédito (os chamados TAF e TSLF) e estendendo o prazo das compras dos títulos lastreados em empréstimos imobiliários. Essas medidas, longe de sinalizar um aperto monetário, foram uma resposta à necessidade menor de liquidez do mercado.
Apesar de não terem efeitos no curto prazo, elas sinalizam uma ação mais efetiva no futuro. Certamente, os mais preocupados com os efeitos inflacionários do excesso de liquidez atual vão ficar mais calmos, e os que se preocupam com a eventual volta da recessão não podem ainda criticar a ação do Fed.

GOSTOSAS


DIRETO DA FONTE

Dívidas vão virar recursos

SONIA RACY

O ESTADO DE SÃO PAULO - 25/09/09


São Paulo conseguiu aprovação de lei na Assembleia, anteontem, para criar uma empresa de factoring que vai possibilitar a "venda" de créditos tributários. A nova estatal poderá repassar para o mercado, antecipando créditos, algo estimado hoje em R$ 4 bilhões.
Trata-se, basicamente, de impostos atrasados, principalmente ICMS e IPVA, cujos devedores já acertaram com o Estado o pagamento da dívida em parcelas, Com base nesses recebíveis, a nova empresa vai emitir debêntures.
Por lei, R$ 1 bilhão desse dinheiro vai para os municípios. Metade dos R$ 3 bi restantes, avisa o presidente da Assembleia, Vaz de Lima, podem ser negociados. Obviamente com deságio que a Fazenda e o mercado definirão.

Livro em série

Bruno Barreto foi visto em Brasília trocando figurinha com José Sarney.
Consta que ele planeja fazer minissérie, para a Globo, a partir de Samarinda, uma das criações do presidente do Senado.

Hard day"s night

Celso Amorim não tem tempo nem para comprar uma camiseta "I love New York". São 86 eventos na agenda, em quatro dias - contra apenas 64 de Lula.

Perigo real

O Itamaraty deve estar torcendo para os hondurenhos terem muito juízo. Do ponto de vista legal, como lembra Bruno Yepes, da Escola de Sociologia de Política, qualquer ação contra a Embaixada brasileira equivale a declaração formal de guerra.
"Seria o mesmo que marchar sobre Brasília", diz ele.

Sem receita

Dirceu Raposo, da Anvisa, virou retratista. Em Londres, onde está com José Temporão, para diante das farmácias, fotografa os remédios e sai discretamente.
Como já fez na Áustria, em Portugal e na Espanha.

Papá cumple años

O Grupo Camargo Corrêa prestou ontem homenagem especial ao seu fundador Sebastião Camargo.
Que faria 100 anos hoje.

Back to the future

Luiz Gonzaga Beluzzo está reabilitando os esportes olímpicos no Palmeiras. Inaugurou, anteontem, a academia de boxe do clube - que estava parada havia 50 anos.
E hoje inaugura a academia de tênis, que será comandada por Flavio Saretta, 44º no ranking mundial.

Mutirão

Tudo acertado entre Heitor Martins e Nicholas Serota, da Tate Gallery. Obras do acervo britânico virão para a Bienal de 2010.

Conexão NY

Recebido com a estrela da noite, Bill Clinton não decepcionou. No jantar patrocinado anteontem por Nizan Guanaes e Donata Meirelles, no Rockefeller Center, em Nova York, ele fez dos mercados emergentes o carro-chefe de seu discurso.

Nas mesas, convidados que iam desde Naomi Campbell e do guru John Kao ao economista-chefe do Banco Mundial, Justin Lin, e o ex-presidente mexicano Ernesto Zedillo.

Baú de letras

Textos originais datilografados por Guimarães Rosa serão escaneados para a versão fac-símile de Grande Sertão: Veredas.
Observações do escritor também farão parte da edição, que terá tiragem restrita e ainda está buscando recursos via Lei Rouanet.

Cansou?

Diferentemente de Cacilda!, montada há 10 anos, José Celso Martinez Corrêa não vai entrar em cena na continuação do espetáculo, Cacilda!!, no dia 3.
Quem for ao Oficina ouvirá apenas gravações de sua voz interpretando Décio de Almeida Prado.

Na frente

Tem a assinatura de Janaina Tschäpe o cartaz de Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo, de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes. O longa tem pré-estreia hoje, no Festival do Rio.
Aos 84 anos, B.B. King incluiu shows no Rio e Brasília na turnê que fará pelo Brasil em 2010. Além de São Paulo.
Fernando Meirelles arregaça as mangas para produzir Rosa Morena. Com direção de Carlos Oliveira, o filme conta o drama de um gay dinamarquês empenhado em adotar uma criança brasileira.
A loja-conceito das Havaianas, de Isay Weinfeld, é troféu Ouro na categoria Ambientes do prêmio Idea - espécie de Oscar do design nos EUA.
Ricardo Viveiros lança o livro Coragem, biografia do empresário Alejandro Fernandez, pela Azulsol. Dia 8, no Museu da Casa Brasileira.
Emanuelle Araújo, da Banda Moinho, apresenta hoje a final do Brasil Master Chopp, campeonato dos melhores tiradores de chope do país.
Gerd Langguth autografa o livro Angela Merkel, Ascensão ao Poder. Domingo, no Clube Transatlântico.
Dúvida do dia: o que faz a bandeira do Rio de Janeiro junto ao sofá-cama de Zelaya?

DIONISIO DIAS CARNEIRO

Administrando a retomada

O ESTADO DE SÃO PAULO - 25/09/09


Há consenso mundial de que o pior da recessão já passou. Mas, para usar as palavras do presidente Hu Jintao sobre a recuperação chinesa, mãe da atual mudança de cenário, a recuperação é precária, desordenada e instável. Por quê? Qual deve ser a preocupação dos governantes?

O comércio internacional foi o principal veículo de propagação da prosperidade e da crise. A resposta positiva da economia chinesa aos estímulos domésticos tem sido fortalecida pela nova integração comercial do bloco asiático. Desde fevereiro, essa novidade tem compensado os estragos que a crise financeira produziu sobre a oferta de crédito. Com isso, a defesa da demanda interna se transmitiu, via compras interindustriais, aos países cujo dinamismo recente dependia das exportações, inclusive o Brasil.

Finalmente, a alta de preços dos ativos afetados pelo desempenho desses mercados revigorou o apetite para o risco financeiro em todo o mundo. Dados os baixos custos de financiamento, em consequência das políticas monetárias expansionistas em todo o mundo, esse apetite estimulou maiores preços das ações e baixou o custo do endividamento privado e público. Com o novo clima de otimismo nos mercados financeiros, os ânimos empresariais recuperam a disposição para aumentar os gastos de capital.

Até recentemente, os riscos de que esse otimismo resultasse numa bolha de curta duração dominavam as análises. A razão era a distância que separava as perspectivas das economias reais, ainda muito fragilizadas pelos desdobramentos internos da recessão nos EUA e na Europa, das projeções de lucros embutidos nos preços das ações.

Desde o final de julho, entretanto, três fatos diminuíram a relevância desses riscos: a suavidade da queda do dólar diminuiu os temores de que a persistência dos desequilíbrios americanos gerasse um desastre cambial; os movimentos de realização de lucros e projeções mais em linha com os cenários econômicos não derrubaram os preços das ações globais; e a melhoria das projeções globais predomina sobre a queda esperada no consumo americano em 2010.

As projeções para o nível de atividade e para o comércio internacional continuam a melhorar em praticamente toda a parte, mas foi a Ásia que teve seu papel reforçado como capaz de compensar a queda do consumo americano, o mais importante motor da última fase expansiva do ciclo mundial. O Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB) registra a novidade que aumentou o crescimento esperado da região em 2009 para 3,9%: o aumento do comércio inter-regional. Em 2008, este respondia por 42% dos fluxos, em particular do fluxo intrarregional de bens finais. Essa novidade compensou a queda de 27% nas exportações do núcleo da Ásia (inclusive Japão) para o G-7 (ex-Japão) desde setembro de 2008. As exportações totais desse grupo caíram 47,5% entre setembro de 2008 e fevereiro de 2009, mas cresceram 48% de fevereiro a julho. As importações (sem Japão) já representam 19,8% do total mundial.

A integração comercial, que ao longo dos últimos dez anos era calcada nos laços interindustriais, passa a depender, agora, dos laços intrarregionais de bens finais. Isso explica a maior resistência dos mercados à queda das importações americanas e europeias. Neste ano, as compras chinesas dos vizinhos (exceto Japão) aumentaram de US$ 19,9 bilhões, em janeiro, para US$ 37,4 bilhões, em julho. Essa combinação permitiu que os países da região se beneficiassem da defesa da demanda interna na China e no Japão.

Se um crescimento mais rápido está diante de nós, qual o problema a administrar? A precariedade e a instabilidade apontadas por Hu Jintao. A vulnerabilidade foi descrita pelo próprio presidente chinês em seu último discurso ao partido: "Se não houver estabilidade (...) o que quer que tenhamos conseguido será perdido." Um contraste com o discurso de outros governos que se atribuem o dom da magia e abusam da demagogia.

O combustível monetário e fiscal da inflação está espalhado por todas as economias. Um crescimento rápido produz fagulhas. O G-20 precisa agir para não desmontar, com uma inflação desorganizadora, a confiança no progresso da gestão macroeconômica, que produziu o longo ciclo de prosperidade e limitou, na recessão, a destruição, no rastro de uma das mais sérias crises bancárias da História. No Brasil, a tarefa ainda é fácil, mas o governo precisa levar a sério os sinais da deterioração fiscal.

*Dionísio Dias Carneiro, economista, é diretor da Galanto Consultoria e do IEPE/CdG