quarta-feira, outubro 19, 2011

ANCELMO GOIS - REI NA BARRIGA


REI NA BARRIGA
 ANCELMO GOIS
O GLOBO - 19/10/11

Agnelo Queiroz pode até não ter sido culpado pela montagem de um feudo do PCdoB, de odor duvidoso, na época em que foi ministro do Esporte.
Mas o governador de Brasília deveria calçar as sandálias da humildade.

É QUE... 
Ontem, um segurança de Agnelo criou o maior rebu na porta da Fifa, em Zurique.
Queria porque queria entrar para vistoriar as condições de segurança da sede da entidade, de modo a garantir a “integridade física” do governador e de sua comitiva de oito pessoas, esperados hoje na Suíça.

FALTAM 967 DIAS... 
Aliás, a confusão com Orlando Silva chegou a Zurique, onde a cúpula da Fifa está reunida para tratar da Copa de 14.
O temor é que o escândalo atrase a aprovação da Lei Geral da Copa no Congresso.

POR FALAR EM SILVA... 
Nesse escândalo do PCdoB, não é só Orlando Silva que tem nome de cantor famoso.
O policial João Dias, autor das denúncias, é xará de um famoso cantor paulista, popular nos anos 1950 e 1960, descoberto por Francisco Alves.

CALMA, PADRE 
Sermão do padre, segunda, na Igreja da Ressurreição, em Copacabana, na missa das 18h:
— Em todas as áreas, há pessoas que são exemplos de vida. Na arte, na literatura, no esporte, na música... Vocês talvez tenham também na política. Mas eu não tenho, não...

ESQUERDA, VOLVER 
O livro do cientista político Emir Sader A nova toupeira — Os caminhos da esquerda latino-americana, publicado pela editora Verso, ganhou, depois das edições brasileira e espanhola, versão em inglês pela New Left Review, da Inglaterra.

BILL NO UFC 
A música Liberte-se, de MV Bill, embalará a luta de Júnior dos Santos, o Cigano, no UFC, dia 12 de novembro, na Califórnia.
— Bill a compôs inspirado nas lutas de MMA — diz o advogado Daniel Campello.

PAÍS DO MARKETING 
O Brasil continua exportando marqueteiros políticos.
Renato Pereira, que atuou nas campanhas de Cabral e Paes, foi contratado por Capriles Radonski, candidato da oposição a Chávez na Venezuela.

ISRAEL E PALESTINA 
Júlia Bacha, nossa documentarista radicada nos EUA, vem ao Rio e a São Paulo para debates e exibições de seu filme Budrus, sobre a luta palestina.
O longa, premiado nos festivais de Berlim e São Francisco, será lançado em DVD pela Copacabana Filmes este mês.

QUEM TEM... TEM 
O TJ-RJ publicou edital interno para inscrição de juízes interessados em se transferir para alguma das 22 varas que estão vagas no Estado. A 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, a da magistrada Patrícia Acioli, assassinada em agosto, não teve nenhum inscrito.

ATRAÇÃO FATAL 
O caso foi registrado na 16ª DP, na Barra, no Rio.
Domingo, uma moça inconformada com fim do namoro invadiu a casa do ex, quebrou tudo, fez xixi e cocô na cama dele e se limpou com a almofada.

ALON FEUERWERKER - Um papel para o Brasil



Um papel para o Brasil
ALON FEUERWERKER
CORREIO BRAZILIENSE - 19/10/11

No conflito Israel-Palestina poderia caber ao Brasil um papel de mais destaque. Nosso país tem autoridade política e moral para vocalizar uma linha equilibrada. De um modo mais afirmativo do que Dilma Rousseff vem fazendo
O Brasil anda surpreendentemente distante da confusão no Oriente Médio. Do desejo de protagonismo, parece ter restado a retórica. Dilma Rousseff tocou no assunto quando abriu a Assembleia Geral da ONU. Só. 
Nosso país apresentou-se como candidato a ocupar o palco quando Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que era hora de mover a peça. Foi a Jerusalém e a Ramallah, um gesto forte. 
Verdade que Lula recusou visitar o túmulo do fundador do moderno nacionalismo judeu, enquanto prestava as também legítimas homenagens no túmulo do líder histórico do nacionalismo árabe-palestino. 
Um viés talvez desnecessário. Mas explicado por certo alinhamento de décadas da nossa diplomacia. E também pelas posições do PT. 
Mas isso é detalhe, incapaz de remover o aspecto central: se o Brasil não tem peso específico para bancar um eventual acordo, pode projetar-se a partir de uma posição de equilíbrio. 
Ontem Israel e o Hamas completaram a troca que libertou 1.027 condenados palestinos e também o militar israelense Gilad Shalit, capturado há mais de cinco anos pelo Hamas em território do Estado judeu. 
Uma demonstração de que mesmo inimigos aparentemente inconciliáveis acabam aceitando dialogar se vislumbram soluções interessantes para ambos. Aqui havia, e chegou-se a um acordo. 
A saída definitiva para o conflito entre Israel e Palestina está bem delineada, na teoria. Quem a resumiu com mais competência foi Barack Obama. Num discurso corajoso. 
Dois países, cada um deles para realizar o projeto nacional do respectivo povo. 
Com fronteiras baseadas nas linhas de armistício que vigoraram entre 1949 e 1967, mas com trocas territoriais para refletir as mudanças demográficas das últimas quatro décadas e meia. 
E com a garantia de os dois lados aceitarem pôr fim definitivamente ao conflito, assumindo compromissos estratégicos com a segurança do vizinho. 
Uma solução desse tipo deveria obrigatoriamente incluir reparações aos descendentes de populações deslocadas à força. 
Palestinos removidos de onde hoje é Israel e comunidades judaicas forçadas a abandonar os países árabes que habitavam há séculos. 
Outra premissa é garantir condições de prosperidade para o futuro Estado Palestino. Com fortes investimentos e acordos de integração econômica. 
O conflito naquele pedaço do mundo persiste não pela falta de soluções razoáveis no papel, mas pela ausência de liderança política que as faça acontecer. 
Aparentemente, Israel está mais perto de abandonar a ilusão de tentar realizar seu projeto nacional negando aos palestinos o mesmo direito. 
Mas o discurso de Abu Mazen na ONU mostrou que o lado palestino ainda enfrenta dificuldades para admitir que os judeus têm ligação com aquele território e direito de concretizar ali sua autodeterminação. 
Pois se a Autoridade Palestina considera razoável exigir que todo palestino tenha direito de habitar Israel, também será aceitável, por isonomia, que todo judeu tenha o direito de ajudar a povoar o futuro Estado da Palestina. 
Um ponto de partida para chegar a lugar nenhum. 
A supressão do direito alheio " como em qualquer conflito " supõe o recurso à violência, no caso a guerra. Quando se fala em paz, uma premissa é reconhecer a legitimidade do projeto do outro. 
Esse é o passo decisivo. E aqui poderia caber ao Brasil um papel de destaque. Nosso país tem autoridade política e moral para vocalizar essa linha. De um modo mais afirmativo do que Dilma Rousseff vem fazendo. 
Inclusive porque é só meia verdade dizer que o problema não nos afeta diretamente. 
Se o quadro ali evoluir para uma confrontação militar regional, as incertezas produzirão um novo e potente vetor de desequilíbrio da economia mundial. Na pior hora possível. 
É só olhar o mapa e notar que quase metade do petróleo do mundo passa pelo estreito de Ormuz. 
Isso para começo de conversa.

HÉLIO SCHWARTSMAN - Tomba um mártir?



Tomba um mártir? 
HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 19/10/11 

SÃO PAULO - São particularmente ruins os argumentos utilizados pela blogosfera que se diz de esquerda para defender o ministro Orlando Silva. Para os representantes dessa corrente, as denúncias não merecem crédito porque são requentadas e vêm de testemunha inidônea.

Até onde vão o direito e a lógica, ser novidade não é critério para a abertura de investigações. Desde que o suposto crime não esteja prescrito, sempre é tempo de apurar e punir quem tenha cometido irregularidades. E todos aqueles interessados em fazer progredir as instituições políticas brasileiras -a esquerda costumava levantar essa bandeira- deveriam aplaudir quando isso ocorre.

Quanto à origem das acusações, a motivação e o histórico do policial devem de fato ser considerados quando da avaliação das evidências, mas não há nenhuma regra matemática a determinar que figuras suspeitas sempre mintam. Como qualquer ser humano, o policial pode ou não estar dizendo a verdade -e é justamente isso que temos de descobrir.

Igualmente débil é a tentativa de transformar o ministro numa espécie de Davi que ousou desafiar o Golias incorporado na Fifa e na CBF. Por essa narrativa épica, Silva corre o risco de cair porque, num gesto de defesa da soberania nacional, enfrentou os interesses da multinacional futebolística e de seu assecla entreguista.

O problema dessa versão é que estar contra a Fifa e a CBF é quase sempre a justa posição. Mas vale frisar o "quase". No caso específico, o ministro tombaria como mártir da meia-entrada e da abstemia nos estádios, duas leis cuja racionalidade ainda está por ser provada.

É bem possível e até provável que a Fifa e a CBF tenham algo a ver com o "timing" das denúncias. Só que mais importante do que saber por que elas surgiram agora é descobrir se são ou não verdadeiras. Uma investigação que dê a Silva ampla oportunidade para defender-se parece ser o melhor caminho.

O PAI E A MÃE DA CORRUPÇÃO


DORA KRAMER - A primeira vítima


A primeira vítima
 DORA KRAMER
 O Estado de S.Paulo - 19/10/2011

Geralmente atrapalhada e ineficaz, a oposição marcou ontem um ponto em favor da função fiscalizadora que lhe foi atribuída pelas urnas: ouviu reservadamente o policial que acusa de corrupção o ministro do Esporte e propôs à Câmara que o faça publicamente.

Os partidos governistas, que participavam de uma sessão em tese convocada para questionar o ministro Orlando Silva, ficaram diante de um desconfortável dilema: aceitar e assumir os riscos decorrentes ou recusar e admitir que a ideia nunca foi esclarecer coisa alguma, mas apenas repetir a cenografia de saudações laudatórias de sempre.

Os deputados oposicionistas dizem que João Dias Ferreira, o denunciante, fez um relato consistente e ainda mais abrangente sobre as denúncias. Pode ser e pode não ser, mas por ora a vítima é sempre a primeira atingida: a verdade.

Os governistas, assim como o ministro Orlando Silva, desqualificam o "delinquente" (no que não contam novidade), mas não desmontam as denúncias.

Portanto, a situação é de palavra contra palavra. E, nesse caso, a maneira transparente de firmar um compromisso com a verdade seria promover a confrontação das palavras.

Falou-se muito na sessão de ontem em defesa da democracia. Ao mesmo tempo, os governistas buscavam escapar da sinuca em que foram postos pela oposição insinuando que o Parlamento não poderia equiparar um ministro a um molambo qualquer. Muito menos a um acusado de corrupção.

Incorrem em dois tipos de contradição: agridem o princípio democrático da igualdade dos cidadãos e vários contrariam o próprio comportamento reverente em relação a réus processados por corrupção que estão pontificando por aí.

Como tantas outras convocadas para dar a ministros a chance de se defender, a sessão de ontem foi inócua. Orlando Silva mais ouviu (elogios) que falou. A base governista deu sinais de que não pretende abrir espaço ao denunciante, desmontando o discurso do ministro de que não tem nada a temer.

Assim é. A presidente Dilma Rousseff não gostou quando os jornalistas a abordaram sobre as denúncias de corrupção contra o ministro do Esporte.

"De novo?" Dilma ficou irritada com a insistência dos repórteres em saber qual era sua expectativa em relação ao depoimento do ministro na Câmara.

A presidente cumpre, na África, mais uma etapa do roteiro de viagens nacionais e internacionais montado pelo Palácio do Planalto para atender à "demanda reprimida" durante o período em que Dilma esteve dedicada a atividades internas.

A ideia é fazê-la protagonista das boas notícias, mas a vida costuma cobrar contas em aberto.

Daí é que a presidente precisa sim, de novo, depois de quatro ministros demitidos por condutas suspeitas, voltar ao assunto que preferia ver encerrado.

Refazendo. O acusador do ministro Orlando Silva relata como o dinheiro do Ministério do Esporte era desviado para o PC do B e, em poucas palavras, explica a razão do interesse dos partidos em ocupar a máquina pública.

"Você protocola o projeto, passa para análise, depois passa por um diretor no ministério, em seguida vai para o jurídico e aí entra o partido para negociar." Segundo ele, 20% do valor do convênio vai para os cofres partidários.

Só acontece no PC do B? A realidade mostra que a prática de arrecadação de fundos mediante o desvio de dinheiro público para uso particular é geral e consagrada.

O que foi o mensalão? Guardadas as proporções, a mesma coisa. Semelhante até na motivação do denunciante. "Me acharam com cara de mané", disse Dias Ferreira na entrevista de ontem ao Estado, na qual relatou que resolveu denunciar o esquema porque ministro e equipe tentaram ludibriá-lo fraudando um documento que o responsabilizava por desvios.

José Dirceu e companhia também acharam Roberto Jefferson com "cara de mané", quando tentaram imputar exclusivamente ao PTB uma série de irregularidades que ocorriam nos Correios.

REGINA ALVAREZ - Em causa própria



Em causa própria 
REGINA ALVAREZ 
O Globo - 19/10/2011

Na romaria que antecede a discussão do Orçamento no Congresso chama a atenção a mobilização de representantes do Judiciário,que atuam em várias frentes para pressionar o Legislativo a aprovar um reajuste de até 57% com impacto de R$ 7,7 bilhões nas contas de 2012. A última dos juízes federais foi o anúncio de uma "operação-padrão" em ações que envolvam a União para pressionar o governo a apoiar a reivindicação.

A marcação cerrada sobre a Comissão Mista de Orçamento não acontece apenas em Brasília. Nas audiências públicas que a Comissão está realizando nos estados, os representantes do Judiciário também têm marcado presença para defender o aumento da categoria. O argumento principal é que a arrecadação federal está crescendo e esse bolo precisa ser dividido entre os poderes.

A revisão das receitas apresentada pelo senador Acir Gurgacz (PDT-RO) à Comissão Mista, que ampliou em R$ 25,6 bilhões a previsão de arrecadação líquida do governo federal em 2012, só fez aumentar o apetite e apressão do Judiciário sobre o Congresso. Até porque o governo

Dilma jogou no colo do Legislativo a decisão sobre o aumento, ao não incluir na proposta de lei orçamentária uma reserva de recursos para esse fim.O projeto que prevê reajuste para o Judiciário está parado na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, mas só pode ser aprovado para valer em 2012, se houver no Orçamento recursos para bancá-lo. O que os juízes e a cúpula do Judiciário defendem é que o Congresso destine uma bolada que equivale à metade dos recursos destinados ao Bolsa Família para engordar os salários já obesos da categoria. Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos tribunais superiores e juízes federais tiveram seus salários reajustados em 110% entre 2002 e 2010, enquanto a inflação do período chegou a 56,7%.Já os servidores do Judiciário receberam no mesmo período aumentos que variaram entre 37% e 120%.

Os gastos com a folha do Judiciário cresceram em um ritmo forte nos últimos anos por duas razões: o aumento do quadro de pessoal ativo, que passou de 82 mil servidores em 2003 para 115 mil em 2010. E os reajustes nos salários. Outro número que impressiona é o rendimento médio do Judiciário em 2011, incluindo todos os benefícios que a categoria tem direito: R$ 11 mil. Assim, falar em “operação-padrão” para tornar ainda mais lenta a Justiça que já caminha, em muitos casos, a passos de tartaruga soa desrespeitoso não apenas para a parcela de 52 milhões de brasileiros que recebem o Bolsa Família, porque têm uma renda mensal de até R$ 140, mas para a sociedade em geral.

Termômetro
O HSBC produziu uma tabela que mostra a sensibilidade de cada país à redução da demanda nos EUA e na Europa. O ranking considera o peso das exportações no PIB e o volume exportado para as duas regiões. O Brasil aparece em terceiro lugar entre os países da AL em relação a s exportações para a Europa, que compra 18,2% de tudo que exportamos. As vendas totais ao exterior pesam 9,7% no nosso PIB.

Quando o destino das exportações é os EUA, o Brasil vai para sexto.O México é o mais exposto, não só pelo total exportado aos americanos (80%), mas também pelo peso das exportações no PIB.

Mau Sinal: Pela primeira vez, o diferencial de juros entre os títulos da Alemanha e da França superou 1 ponto percentual. Ontem, o rendimento alemão de 10 anos foi negociado a 2,011%, enquanto o francês, a 3,128%.

Na Esperança: As bolsas subiram depois da notícia de que o Fundo Europeu pode chegar a C 2 trilhões.

CELSO MING - Indignação global


Indignação global
 CELSO MING
 O Estado de S.Paulo - 19/10/2011

Por todos os cantos do mundo vão brotando manifestações, passeatas e concentrações. É a Primavera Árabe; a inesperada irrupção da violência em Londres e em Berlim; os acampamentos dos indignados na Espanha; os protestos dos estudantes em Santiago; e agora esse movimento que carrega palavra de ordem: "Ocupe Wall Street".

Impressionados com a grande capacidade de mobilização proporcionada pela internet e pelas redes sociais de comunicação, observadores parecem mais preocupados em avaliar o poder de transformação dessas agitações coletivas. Querem saber até que ponto conseguem desestabilizar regimes políticos – caso da Primavera Árabe – ou se não passarão de um furacão que logo dará lugar à bonança – como em 1968, sobretudo na França.

Seus desdobramentos nas relações de poder são matéria para analistas políticos e sociólogos. O objetivo desta Coluna é tentar identificar a origem dessas frustrações das classes médias.

Não há um foco aparente que unifique esses eventos. Mas dá para reconhecer uma revolta contra os privilégios dos ricos. É o que leva alguns a julgar essas ações como ataques à excessiva concentração de riqueza.

A má distribuição da renda nacional (e global) não é somente um atentado contra a justiça social. Também provoca enormes distorções na economia e, a longo prazo, é fator de desestabilização política. Mas não dá para caracterizá-la como a principal força propulsora do descontentamento atual. As disparidades na divisão da renda apenas são capazes de grandes mudanças quando vêm acompanhadas de outras motivações.

No Brasil, por exemplo, o acesso desigual a ela é um grave problema social – e um certo conjunto de fatores sugere que não está melhorando como deveria. No entanto, o brasileiro médio de hoje parece satisfeito por carregar a sensação de que progrediu. Mas ele não está comparando seu padrão de vida com o das classes altas, que prosperaram mais do que ele. Está levando em conta apenas sua vida nos anos anteriores.

A generalização dessa percepção tem a ver com três fatores: com o controle da inflação a partir do Plano Real, que deixou de esmerilhar tão fortemente o poder aquisitivo da população; com as políticas de transferência de recursos para os setores menos favorecidos da sociedade; e com o melhor crescimento econômico dos últimos anos.

No resto do mundo, especialmente nos países avançados, as classes médias vivem uma síndrome diferente. O desemprego e a devastação do patrimônio familiar (sobretudo imobiliário), agravados com a crise, são fatores de destruição de projetos de vida. É aquilo que alguns observadores dos Estados Unidos têm chamado de "fim do sonho americano".

É um fenômeno diretamente ligado à impressionante redivisão mundial do trabalho: transferência dos empregos para a Ásia e incorporação da mulher ocidental ao mercado de trabalho em apenas três gerações. E não se pode minimizar a enorme evolução tecnológica, que está desmontando capacitações profissionais.

A história da humanidade ensina que caldeirões de insatisfação coletiva são frequentemente usados por competentes manipuladores das massas que, em seguida, tratam de aniquilar instituições democráticas. Ou seja, o aprofundamento da crise pode se transformar em caldo de cultura das ditaduras. E este é o risco.

Confira
O avanço do emprego formal em setembro tornou precipitadas as conclusões de que os números de agosto sinalizavam desaceleração. O mercado de trabalho continua aquecido.

Soy contra. O presidente do Grupo Santander, Emilio Botín, fez duro discurso nesta terça-feira direcionado ao FMI e à área do euro, que exigem rápida capitalização dos bancos europeus. Botín condena a indiscriminação e adverte: mantidas as exigências, haverá apagão do crédito e desvalorização dos ativos, porque os bancos terão de vender posições em títulos para fazer capital.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Troca de guarda 
SONIA RACY 
O Estado de S.Paulo - 19/10/2011

Terminou a due diligence na Jequiti Cosméticos, de Silvio Santos. Com isso, está sacramentada sua venda para a Coty Beauty – dona de marcas como Adidas, Calvin Klein e Pierre Cardin, conforme antecipado nesta coluna, no começo de agosto. E desmentido. Os mais conservadores avaliam que o negócio ronda a casa do R$ 700 milhões. Os mais otimistas, R$ 1 bilhão.

Dureza
Diferentemente de FHC, que pacientemente esperava Serra, contumaz atrasado, Dilma não deu colher de chá para Mercadante ou Marco Aurélio, seu assessor especial. No domingo à noite, eles não conseguiram chegar a tempo em Brasília, partindo de São Paulo. Dilma esperou uma hora e mandou ligar as turbinas rumo à África. Recado? Pediu para embarcar em no avião reserva duas horas depois. Em tempo: Mercadante foi convocado no próprio dia tendo que cancelar todas suas participações na semana nacional deciência e tecnologia.

Do contra
Alberto Goldman, que participou das prévias do PMDB para a Prefeitura em 1996, não está nada empolgado com a versão tucana: “É muito desgastante. Acho que não soma, só divide”.

Gato no telhado
Interlocutor tucano avisa: a tendência hoje, das prévias tucanas para Prefeitura de SP, é fim de fevereiro.

Volta a escola
O PMDB, segundo Gabriel Chalita, marcou para dia 29, o primeiro encontro dos pré-candidatos a vereadores com a direção do partido. Vão lançar um curso de formação política. Terão aulas sobre a cidade de São Paulo,orçamento,legislação eleitoral e humanização na saúde e educação.

Poliglota
Em sua viagem pela Espanha, Lula está falando todas as línguas. Depois de encontrar-se com Alfredo Pérez Rubalcaba, candidato de esquerda do PSOE, o ex-presidente se reúne hoje com o adversário dele, Mariano Rajoy, do Partido Popular de direita.

Satisfaction
Mick Jagger está em Sampa, conforme antecipado ontem no blog da coluna. O Stone desembarcou discreto mas foi flagrado segunda, às 6h da tarde, batendo bola com o filho Lucas. Quem tentou fotografá-lo foi barrado por seguranças. Onde? Na quadra da Vertical Tênis, na Vila Olímpia.Com direito a Luciana Gimenez na arquibancada. Geralmente, Lucas e a mãe vão a Londres visitar o pai. Como Luciana está com o pequeno Lorenzo (filho dela com Marcelo de Carvalho), o roqueiro aproveitou, visitou Cuzco com Lucas e veio para cá.

Unha e cutícula
Fusão no mercado dos escritórios de advocacia. O de Horácio Bernardes Neto se uniu com o tradicionalíssimo Motta, Fernandes Rocha – que tem como sócio Luiz Cantidiano.

Dueto
Celso La Pastina e Rogério Fasano fecharam parceria. As lojas Enoteca Fasano serão administradas, a partir de hoje, pela World Wine, grande importadora de vinhos do Grupo La Pastina. E o nome? Enoteca Fasano continua... pelo menos até 2013.

ILIMAR FRANCO - Vital, o paulista


Vital, o paulista
ILIMAR FRANCO 
O GLOBO - 19/10/11

O Senador Vital do Rego (PMDB-PB) fez um relatório que vai retirar receitas de petróleo do Rio e transferir para o estado mais rico do país: São Paulo. Vital adotou em seu relatório, para os futuros contratos, proposta da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), quando exercia mandato no Senado, que muda o critério de projeção das linhas divisórias dos estados no mar territorial. Se seu relatório for aprovado como está, a receita do pré-sal vai acabar no cofre do governo paulista. Ricardo Ferraço denunciou a manobra
Coube ao Senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) denunciar a mais nova manobra para reduzir as receitas dos atuais estados produtores de petróleo (Rio e Espírito Santo). Se a regra que o relator quer adotar estivesse em vigor hoje, os campos de Iara, Tupi e Guará, com 10,7 bilhões de barris de petróleo, teriam São Paulo como estado confrontante. O mesmo ocorreria com Júpiter e Parati. O relator também beneficia a sua Paraíba, aumentando a projeção de seu território no mar, em detrimento de Pernambuco e do Rio Grande do Norte. "Ele não conversou isso com ninguém", protestou o líder do PMDB, Henrique Alves (RN).



 Isso é muito bonito. Um dia de oposição. Vendo o governo falar mal do governo" 
- Demóstenes Torres, líder do DEM no Senado (GO), sobre a divisão dos Senadores governistas no debate dos royalties do petróleo

SANÇÃO GARANTIDA? Mesmo reduzindo receitas da União, o que contraria o governo, os líderes do governo no Congresso diziam ontem que dificilmente a presidente Dilma vetará a nova lei dos royalties. Argumentam que a presidente delegou a decisão ao Congresso e garantiu aos líderes que não se envolveria na discussão, ao contrário do que reivindica o governador Sérgio Cabral (RJ). Os líderes governistas garantem que a presidente não irá contrariar a maioria de sua base parlamentar.

Estratégia de açãoA bancada de deputados do Rio decidiu ontem que vai obstruir a votação da prorrogação da DRU, como forma de pressionar o governo a intervir a favor do estado no debate dos royalties. Dependendo do quorum que conseguirem reunir em ato marcado para hoje na rampa do Congresso, os deputados cariocas pretendem marchar até o Palácio do Planalto para pedir uma audiência com a presidente Dilma na semana que vem.

Clima ruimO líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), não compareceu à reunião de líderes e faz coro com a insatisfação reinante. O problema é a liberação das emendas parlamentares. "Os ministérios barraram as liberações", se queixa.

Sem holofotesOs governadores dos estados não produtores submergiram na discussão dos royalties do petróleo a pedido do Palácio do Planalto. O governo não quer uma polarização que flagre o isolamento do governador Sérgio Cabral (RJ).

Na linha de tiroO ministro Orlando Silva (Esporte) manteve ontem o o apoio da presidente Dilma. Mas o estrago na sua imagem está feito. Além disso, a Procuradoria da República, aquela que inocentou Palocci, um dia antes da demissão, vai entrar no jogo.

DesesperoO deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) propôs à bancada do Rio ocupar, fisicamente, hoje, a Mesa Diretora do Senado para impedir a realização da sessão. "Precisamos de um ato forte. Ou criamos um impasse ou somos atropelados", disse.

O Senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) critica o relatório do Senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) sobre royalties: "Vossa Excelência está parecendo aquele programa do Silvio Santos "Quem quer dinheiro?"".

SERÁ CRIADA hoje no Congresso a Frente Parlamentar em defesa do Biodiesel. Com cerca de 260 integrantes, ela tem o apoio da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil.

O BOLSA FAMÍLIA completa oito anos amanhã. Nesse período, repassou R$76,5 bi a cerca de 52 milhões de pessoas.

MARTHA MEDEIROS - Quando menos se espera


Quando menos se espera
 MARTHA MEDEIROS
ZERO HORA - 19/10/11

Quando alguém se queixa de que não encontra sua cara-metade, que procura, procura, procura e nada, os amigos logo lembram o queixoso de que o amor só é encontrado ao acaso. Justamente no dia que você vai à locadora todo esculhambado para devolver um DVD, poderá esbarrar na mulher da sua vida.

E naquela noite em que você sai de pantufas do apartamento só pra descer até a garagem do prédio e desligar a droga do alarme do carro que disparou, é então que o Cupido poderá atacar, fazendo com que o príncipe dos sonhos divida com você o elevador.

Não acredita? Eu acredito. Nas vezes em que saí de casa preparada pra guerra, voltei de mãos vazias. Todos os meus namoros começaram quando eu estava completamente distraída. Mas não vale se fingir de distraída, tem que estar realmente com a cabeça na lua. Aí, acontece. O amor adora se fazer de difícil.

Pois foi meio assim que aconteceu com a universitária que foi parada numa blitz semana passada. Ela se recusou a fazer o teste do bafômetro, então teve a carteira recolhida e prestou algumas informações. Voltou pra casa e pouco tempo depois recebeu um torpedo de um dos agentes perguntando se ela estava no Facebook ou se podia dar seu MSN, porque ele gostaria de conhecê-la melhor.

Vibro com essas conspirações do destino, que fazem com que duas pessoas que estavam absolutamente despreparadas para um encontro amoroso (um trabalhando na madrugada, outra voltando de uma festa) se encontrem de forma inusitada e a partir daí comece um novo capítulo da história de cada um. Claro, levando-se em conta que ambos tenham simpatizado um com o outro, que a atração tenha sido recíproca.

Não foi o caso. A universitária não se agradou do rapaz. Acontece muito. O Cupido passa trabalho, não é fácil combinar os pares. Nesses casos, todo mundo sabe o que fazer: basta não responder ao torpedo, ou responder amavelmente dizendo que não está interessada, ou mandar um chega pra lá mais incisivo, desestimulando uma segunda tentativa.

A universitária desprezou essas três opções de dispensa. Inventou uma quarta maneira para liquidar o assunto: deu queixa do rapaz aos órgãos competentes. Dedurou o cara. Não perdoou que uma informação confidencial (o número do seu celular) houvesse sido utilizada indevidamente por um servidor público.

É duro viver num mundo sem humor. Uma cantada, uma reles cantada. Se fosse num bar, seria óbvia. Tendo sido após uma blitz, foi incomum. No mínimo, poderia ter arrancado um sorriso do rosto da garota que deveria estar pê da vida por ter a carteira apreendida.

Depois de um fim de noite aborrecido, ela teve a chance de achar graça de alguma coisa, mas se enfezou ainda mais. No próximo sábado, é provável que esteja de novo na balada, cercada de outras meninas e meninos, a maioria se queixando de que o amor não dá mole.

PAULO SANT’ANA - Meus 40 anos


Meus 40 anos
PAULO SANT’ANA
ZERO HORA - 19/10/11 

Não foi por demagogia que ontem exaltei a preocupação que devem ter as empresas – e as repartições públicas – com o bem-estar de seus funcionários.

É que eu tenho tradição nesse ramo. Tanto que o fumódromo de Zero Hora tem uma placa de bronze me elegendo como seu patrono. Fui um dos lutadores por melhores condições aos fumantes do nosso jornal e da Rádio Gaúcha.

E fui também um dos batalhadores por serem colocadas mesas com cadeiras no bar da Redação, o que foi feito e melhorou as condições humanas do bar, que, apesar de acanhado ainda para as nossas aptidões, ganhou um ar mais simpático e acolhedor.

Durante muito tempo vigorou na Redação uma mentalidade retrógrada e reacionária: a de que, se for dado conforto ao bar, as pessoas não sairão de lá e trabalharão menos.

Nada disso. Quanto mais conforto tiverem, mais e melhor trabalharão, essa é a verdade alcançada pela atual direção, que melhorou sensivelmente o aspecto e o funcionamento do bar.

Enquanto isso, muito me honra que, preparando o aniversário de quatro décadas em que me dedico a Zero Hora e à RBS, que ocorrerá no próximo mês de novembro, nosso jornal lançou domingo um site especial em minha homenagem, contendo aspectos dessa minha trajetória jornalística há 40 anos.

Os leitores poderão colaborar nesse site, recordando sua relação com meu trabalho, o que mais lhes tocou em minhas colunas e no meu comportamento público e profissional.

E, por fim, honra-me muito também que foi lançado um concurso entre alunos universitários e do Ensino Médio.

Eles mandarão textos como se fossem eu, que serão analisados por uma equipe selecionadora e finalmente os 10 mais qualificados terão seus trabalhos publicados no Blog do Editor e o vencedor final terá seu texto publicado inteiramente em minha coluna. Ontem, em Pelotas, por onde passei rapidamente, havia pessoas me dizendo que vão escrever no meu lugar e querem ser vencedoras.

Obrigado pela iniciativa do jornal. Mas eu quero dizer que mereço. Foram 40 anos de trabalho em Zero Hora e na RBS nos quais coloquei toda a minha dedicação e fidelidade aos leitores, telespectadores e ouvintes e também fidelidade à minha empresa.

Foi uma aventura espetacular a que tive nestas quatro décadas. Confesso que vivi, que participei, que chorei, que ri, tenho certeza de que não passei em vão e, principalmente, fiz rir, fiz chorar, toquei as pessoas e tive a felicidade, modéstia à parte, de entender o que elas queriam e sonhavam, este talvez seja o meu maior mérito.

Obrigado ao público, meus agradecimentos aos meus colegas e aos meus empregadores. Estes últimos, nos meus primeiros meses de trabalho, em 1971, resistiram à tentação de me demitir, porque no meu início eu causei escândalo e impacto estrepitoso, lançando um estilo diferente e revolucionário, que agrediu um pouco o segmento conservador e tradicionalista das plateias.

Mas depois tudo se ajeitou e deu nisso, que valeu a pena.

Foi e tem sido sensacional este meu personagem.

MARCIA PELTIER - Sem reposição


Sem reposição
MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 19/10/11
 
A entrada em operação das quatro novas usinas nucleares que serão construídas no país vai exigir, cada uma, a contratação de 500 a 800 especialistas. A curto prazo, o setor já se ressente da falta de profissionais qualificados por conta da proximidade da aposentadoria do atual quadro de pessoal, a maioria com idade acima de 50 anos, e da dificuldade para contratação de novos funcionários por parte das estatais. Essas questões serão discutidas, na próxima semana, durante a International Nuclear Atlantic Conference, em Belo Horizonte.

Nova cátedra 
Presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear, que organiza o evento, Edson Kuramoto destaca a necessidade de programas para formação e fixação de profissionais para o setor. “A situação é crítica também nos institutos de pesquisa. Corremos o risco de perda de capacitação tecnológica’’, frisa. Ele saúda a criação dos cursos de engenharia nuclear nas universidades. No Rio, a UFRJ já tem duas turmas. A UFPE prepara a primeira leva de formandos e a USP anunciou a criação da cadeira há uma semana.

Ao mestre com carinho 
O chef italiano Paolo Lopriore irá preparar para os participantes do Jantar das Origens, dia 24 – jantar beneficente que abre a Semana Mesa SP 2011— o famoso risoto de açafrão com folha de ouro criado pelo chef Gualtiero Marchesi. E, para ser fiel à tradição, a escola ALMA (La Scuola Internazionale di Cucina Italiana) enviará para o Brasil 140 pratos decorados com borda preta e fio de ouro. Dono do restaurante Il Canto, localizado na região da Toscana e considerado um dos 50 melhores no mundo, Lopriore é famoso por sua criatividade no que diz respeito à estética de um prato e escolheu homenagear o mestre Marchesi, de quem é discípulo. A noite gastronômica, que custa R$ 3 mil por pessoa, será no Terraço Itália.

Barroca e dourada 
Não poderá ser decorada com flores no interior da nave a cerimônia de casamento do jovem barão Édouard de Waldner, filho da carioca Sílvia Amélia, com Manuela Sève, sábado, na belíssima igreja de São Francisco da Penitência, que fica ao lado da Igreja de Santo Antônio, e foi reformada em campanha liderada por Nizan Guanaes. É que, por precaução, teme-se a ação de microorganismos nas talhas douradas dos altares e paredes e na pintura do forro do teto, que retrata a Glorificação de São Francisco e é a primeira pintura que simula perspectiva feita em igreja no Brasil.

Sintonizados 

Do lado de fora, no entanto, Raimundo Basílio colocará dois grandes arranjos de flores brancas, que receberão os cerca de 600 convidados. O noivo, Édouard, prefere o Rio a Paris e já mora na Cidade Maravilhosa há mais de um ano. Ele é do mercado financeiro, assim como Manuela, cujo chefe, Armínio Fraga, não poderá estar presente ao casamento, pois está na Europa.

Sangue azul 
São aguardados alguns Rotschild, pois a falecida avó do noivo, mãe do barão Gérard de Waldner, era do clã. Também virão da Europa a duquesa de Cadaval, a portuguesa Diana de Orléans, que pelo casamento com Carlos Filipe Maria Luís de Orléans tornou-se duquesa de Anjou. E mais Jaime de Marichalar, que foi casado com a filha mais velha do Rei da Espanha, a infanta Elena, até 2010, e, por conta do divórcio, perdeu o título de duque de Lugo.

Especiais e abundantes 
O presidente da Ambev, João Castro Neves, disse ontem, na cerimônia de expansão da fábrica de Piraí, que a empresa pretende continuar produzindo cervejas especiais como a Bohemia Confraria. Parte dos R$ 307 milhões que a Ambev vai investir no Rio até o fim do ano irá para a Cervejaria Bohemia, em Petrópolis. Segundo Neves, o lema da empresa para essa categoria é: produtos diferentes, mas em grande volume.

Na reta final 
O Instituto Cultural Cravo Albin vai deslanchar, amanhã, a campanha para que os cariocas ajudem a eleger, a três semanas do final do concurso, as Cataratas do Iguaçu como uma das Sete Maravilhas da Natureza, disputando com outros 27 monumentos naturais do mundo inteiro. A ação tem o apoio da Itaipu Binacional e aceita votos tanto pelo site votecataratas.com quanto por celular, bastando enviar uma mensagem SMS para o número 22046 com a palavra cataratas.

Achado sonoro 

O vídeo institucional das Cataratas tem como trilha sonora a música Que Maravilha, de Jorge Ben Jor, no trecho que diz: “Ela vem toda de branco/ Toda molhada, linda e despenteada, que maravilha/Que coisa linda que é o meu amor”.

Cultura protegida 
A casa em Duque de Caxias que pertenceu a Tenório Cavalcanti é, agora, propriedade da prefeitura local, depois de negociação com as quatro filhas do temido Homem da Capa Preta. A fortaleza cheia de passagens secretas e com portas a prova de balas será transformada em centro cultural.

Papai Noel confuso 
Comprar presente pela internet sempre gera uma certa apreensão. Mas com essa, ninguém contava. A 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiçado Rio condenou o site Americanas.com a indenizar uma cliente, por danos morais, no valor de R$ 1,5 mil. Camila Cerqueira comprou uma bicicleta para dar de presente no Natal passado para seu filho. Porém, ao desembrulhar o presente, ela descobriu que se tratava de um patinetes.

Livre Acesso

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro comemora seus 25 anos com o lançamento, amanhã, da primeira edição do Guia Abrasel 2011, no Real Astória. Em inglês e português, o livro é direcionado para turistas, abrangendo também pontos de interesse em Búzios, Paraty, Angra e da Serra. A obra indica o valor médio dos pratos de cada restaurante analisado.

Uma apresentação musical vai reunir, hoje, no Espaço Criança Esperança, a Orquestra Afroreggae e o grupo de choro da Associação do Movimento de Compositores da Baixada Fluminense. Trata-se de ensaio aberto de uma apresentação que acontecerá, no fim deste mês, na 36ª Conferência Geral da Unesco, em Paris. O Programa Criança Esperança ganhará aplicativo nos tablets utilizados pela Unesco.

Ricardo Levisky, diretor de negócios da Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira, fala, hoje, no IV Fórum de Práticas e Tendências do Marketing Cultural, da Associação Brasileira de Anunciantes, no Teatro Nelson Rodrigues, na Caixa Cultural. Sob o tema Manifestações culturais: música erudita, balé e orquestra, o executivo discorrerá sobre sua experiência à frente da OSB.

As arquitetas Laura e Cristina Bezamat comemoram 22 anos de carreira com o lançamento do livro Oca e coquetel no Londra, hoje.

Para debater os desafios que o planeta terá de enfrentar na produção de alimentos, nos próximos anos, bem como o papel do Brasil na solução desse problema, a Sociedade Nacional de Agricultura promove, hoje, uma reunião com membros de sua diretoria e da Academia Nacional de Agricultura.

A quarta edição do Prêmio Mario Pedrosa, do Ibram, vai selecionar três trabalhos jornalísticos publicados em mídia impressa sob o tema Mulheres, Museus e Memórias. As inscrições vão até 26 de novembro.

Com Marcia Bahia, Cristiane Rodrigues, Marcia Arbache e Gabriela Brito

EDITORIAL O ESTADÃO - Onde começa a fraude



Onde começa a fraude
EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 19/10/2011

O ministro do Esporte, Orlando Silva, do PC do B, atribuiu ao seu antecessor e ex-correligionário Agnelo Queiroz, que se filiou ao PT e se elegeu governador do Distrito Federal, a responsabilidade pela escolha de duas organizações não governamentais (ONGs) criadas pelo PM João Dias Ferreira para executar, mediante convênio, projetos no âmbito do programa Segundo Tempo, destinado a proporcionar a prática de esportes a crianças e jovens carentes. No ano passado, o policial foi preso por suspeita de participação no desvio de R$ 1,99 milhão daqueles contratos. Ele, por sua vez, acusa o ministro de envolvimento pessoal com as fraudes, cujo produto seria canalizado para o caixa 2 do PC do B. A defesa de Orlando Silva é primária. Se é verdade que, na condição de secretário executivo da pasta, foi instruído pelo chefe a assinar um convênio com João Dias, o fato é que nada mudou depois que ele se tornou ministro; ou melhor, as irregularidades no Esporte ficaram mais evidentes.

Debatendo-se no centro das denúncias, Orlando Silva procura ainda assumir o papel de moralizador anunciando o fim dos convênios com ONGs para o Segundo Tempo. Nenhum dos 11 contratos do gênero, a vencer no próximo ano, será renovado. Mas ele fala como se a escolha das entidades não guardasse qualquer relação com as mutretas que o escândalo trouxe à luz ou que já haviam sido expostas. Em 2010, conforme o Estado revelou em fevereiro, o Ministério repassou R$ 30 milhões a ONGs de membros e aliados do PC do B. O que o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União têm apurado não deixa dúvida de que a fraude, tosca e rasteira, é a regra. O TCU descobriu um caso em que cerca de 90% dos gastos correspondem a "atos impróprios". Trata-se de um convênio de R$ 2 milhões entre o Ministério do Esporte e a Federação dos Trabalhadores no Comércio (Fetracom) para atender 5 mil crianças do Distrito Federal. A auditoria só encontrou 348 crianças - e mazelas em profusão.

A presidente Dilma Rousseff tem razão ao dizer que "existem ONGs e ONGs". Mas o número daquelas criadas para se apropriar de recursos públicos, não raro com a cumplicidade das mesmas autoridades que deveriam zelar por eles, é assombroso. Diante disso, a presidente se viu na obrigação de alertar recentemente os seus ministros para que filtrem as ONGs interessadas em se conveniar com o Executivo. Foi o que ela contou em Pretória, na África do Sul, onde participa da cúpula do Ibas, que reúne o país anfitrião, o Brasil e a Índia, ao comentar a mais recente denúncia de corrupção no seu governo, que ela disse estar acompanhando atentamente. "Tem que se fazer uma chamada pública, tem de apurar se a ONG existe há mais de três anos", explicou. E não pode haver nenhuma possibilidade de convênio com ONG "que tiver incorrido em alguma falha, seja qual for".

Dilma deixou clara a sua preferência por governos estaduais e prefeituras como parceiros da administração federal, porque as ONGs "são menos formais" em matéria de controles internos. O paradoxo é que os convênios com as ONGs aumentaram substancialmente já no governo Fernando Henrique, na expectativa de limitar a influência dos interesses políticos locais ou regionais na execução de programas de alcance social. A preocupação é legítima e a alternativa seria válida se os Ministérios não fechassem os olhos para a proliferação de ONGs de fachada ou, como tudo indica ser o caso do Esporte, não fizessem arranjos espúrios com elas. Menos mal que os ministros agora tenham de assinar, eles próprios, os convênios de suas pastas, o que os torna diretamente responsáveis pelos contratos - e as associações contratadas. "Em muitos momentos do passado houve convênios com ONGs mais frágeis", reconheceu Dilma, em um eufemismo para não usar um termo mais forte.

Essas considerações, porém, não simplificam o seu problema. Com a Copa do Mundo no horizonte, não há como ela preservar o ministro Orlando Silva. A sua capacidade de impor seus pontos de vista aos donos da Fifa, que já é pequena, ficaria ainda mais reduzida. E o Brasil não fez tanta força para sediar a mais popular competição do globo para passar vergonha.

GOSTOSA


MÔNICA BERGAMO - BALANÇA RECORDE


BALANÇA RECORDE
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 19/10/11

O Brasil deve bater hoje todas as exportações de 2010. No ano passado, as vendas de janeiro a dezembro ao exterior somaram US$ 201,9 bilhões. O volume registrado neste ano, só até agora, já chega ao mesmo valor. A média diária de exportação do país é de US$ 1 bilhão. FITA MÉTRICA
De janeiro até a segunda semana de outubro, foram exportados US$ 199,8 bilhões. Na outra mão, foram registrados US$ 175,8 bilhões de importação. O saldo, positivo, é de US$ 23,9 bilhões.

FITA MÉTRICA 2
As exportações ainda não foram afetadas pela crise mundial. Vendas de produtos primários e também de manufaturados continuam aquecidas. No caso da segunda, até crescendo.

URNA FECHADA
Com contrato até maio de 2012 e já procurado para a renovação, o técnico Muricy Ramalho, do Santos, pretende esperar as eleições do clube, em dezembro, para definir sua permanência no alvinegro. Parte da diretoria do São Paulo -e também da torcida- sonha com o retorno do treinador, que levou o time ao tricampeonato brasileiro entre 2006 e 2008.

UM POR TODOS
O ministro Alexandre Padilha, da Saúde, está convidando os principais hospitais privados do país, como Albert Einstein e Sírio-Libanês, para formar um comitê gestor de recuperação de instituições de saúde que passam por dificuldades. A ação vai começar pela Santa Casa de São Paulo e o pronto-socorro do hospital Santa Marcelina, "que nós vamos reabrir", diz Padilha.

TODOS POR UM
Ele explicou à coluna: "Cada hospital parceiro vai colaborar com um serviço. Pode ser na formação de médicos, na sistematização de informações ou no controle da redução de tempo de espera de atendimento. Vamos levar o padrão de excelência dessas instituições ao serviço público". Ele lembra que hospitais beneficiados pela lei de filantropia têm que prestar serviços públicos.

FICA
A aposta ontem na Band era que Rafinha Bastos ficaria na emissora. Ele estaria cumprindo a sua parte, maneirando nas piadas em seus shows para que a emissora conseguisse contornar as pressões dos que torciam por sua saída da TV.

MAMÃE
A peça "Querida Mamãe", de Maria Adelaide Amaral, vai virar filme. Orçada em R$ 4 milhões, a obra está em fase de captação.
O filme será produzido pela Moonshot Pictures e dirigido por Jeremias Moreira ("Fuscão Preto", "O Menino da Porteira").

ELE MESMO
Fábio Assunção foi convidado para ser DJ na festa Bailinho, na sexta, no Moinho.

HOMENAGEM
Uma foto grande de Leon Cakoff com uma camiseta da Mostra de Cinema de SP estampa a parede da Central da Mostra, no Conjunto Nacional. Cakoff, criador do festival, morreu na sexta.

FILHOS DO PANTANAL
E a atriz Luciene Adami, que fez "Pantanal" e já foi capa da "Playboy", está trabalhando no evento de cinema. Ela ajuda no credenciamento dos convidados do festival, no Conjunto Nacional.

PRAZO DE VALIDADE
O Tribunal de Justiça de SP deve perder 24 desembargadores até 2012. Cinco dos 348 magistrados fazem 70 anos, limite para a aposentadoria, em 2011. Outros 19 completarão sete décadas no ano que vem. Os dados são do "Anuário da Justiça de SP", que será lançado na sexta.

TERRA NOSTRA
O ex-ministro Rubens Ricupero, a urbanista Marta Grostein e o artista Antonio Peticov foram ao jantar de entrega do Prêmio Itália, anteontem, no parque Ibirapuera.

OS IMIGRANTES
O jurista Dalmo Dallari, a atriz Valentina Lattuada, Roberto Frizzo, do Palmeiras, e Lala Deheinzelin foram à abertura da exposição "DNA Italiano no Brasil", no Cine Livraria Cultura no Conjunto Nacional.

CURTO-CIRCUITO

Philippe de Nicolay Rothschild, da marca Polo de Deauville, promove hoje jantar em homenagem ao perfumista francês Jacques Cavallier, no Bistrô Charlô, nos Jardins.

A agência Young & Rubican inaugura hoje a Young Gallery em sua sede.

O chef italiano Meliadus Intilla fará hoje jantar harmonizado no Santovino.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

ANDRÉ MELONI NASSAR - O Código Florestal e os cientistas



O Código Florestal e os cientistas
 ANDRÉ MELONI NASSAR
O ESTADÃO - 19/10/11


Na semana passada, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Associação Brasileira de Ciências (ABC) apresentaram um documento sobre a reforma do Código Florestal. Diferentemente das posições anteriores, esta é mais precisa nas sugestões e marca posição, fundamentada em pesquisas, nas questões em que elas se mostram contrárias ao texto em discussão no Senado.
Embora o documento seja uma contribuição ao debate, as entidades optaram, em lugar de dar prioridade só às questões com amparo nas pesquisas das ciências experimentais, por se aventurar em temas econômicos e jurídicos, nos quais o grupo tem menos a contribuir. Da mesma forma que um novo código não sairá à imagem e semelhança dos interesses dos produtores rurais, o mesmo não ocorrerá com os desejos desse grupo de cientistas. Até porque, se levadas a ferro e fogo, as sugestões do documento não promovem uma reforma do código, mas apenas uma atualização. Nesse sentido, é um documento de posições maximalistas e, como tal, ignora as abordagens que justificam a reforma em discussão.
O central das sugestões da SBPC e da ABC se refere às áreas de proteção permanente (APPs), sobretudo as de beira de cursos dágua, e à reserva legal (RL). Quanto às APPs de beira de cursos dágua, defendem recuperação integral da vegetação nativa e manutenção da definição de APPs do código vigente. São contrários à aplicação do conceito de área rural consolidada porque, embora reconheçam que há atividades produtivas que devem ser mantidas em APPs, veem nele uma deterioração do propósito principal dessas áreas de garantir serviços ambientais fundamentais.
Em relação às RLs, mostram-se contrários à compensação do déficit de reserva legal no bioma, pois entendem que ela deva ocorrer apenas no mesmo ecossistema - ou seja, num polígono geográfico muito menor e mais uniforme. São contrários também ao cômputo das APPs conservadas na RL. Argumentam que o tratamento diferenciado deve ser dado apenas aos agricultores familiares, e não a todas as propriedades menores que quatro módulos fiscais, como define o projeto em votação no Senado. Na prática, as sugestões de SBPC e ABC levam, no caso da RL, a uma situação semelhante à que elas estão propondo para as APPs: um forte aumento na obrigação de reflorestamento nas propriedades onde o déficit ocorre, pois as alternativas de compensação continuam muito restritas.
Por fim, para confirmar que a tese central defendida pelas entidades é buscar o máximo possível de reflorestamento, o documento insiste que o custo da restauração é baixo, os serviços ambientais das APPs restauradas poderiam ser pagos, as áreas restauradas poderiam ter retorno econômico e que elas vão agregar valor ao produto agrícola. Fecham o estudo falando das inúmeras funções ambientais das vegetações ripárias.
Os cientistas estão errados? No mundo ideal, não. No mundo real, composto por 5,2 milhões de estabelecimentos rurais, ocupando, no mínimo, 330 milhões de ha (39% do território brasileiro) - sendo que 72% desse total já foi convertido para atividades antrópicas -, cuja situação de conformidade com a legislação ambiental é absolutamente desconhecida, a possibilidade de os cientistas estarem defendendo argumentos confinados ao campo das ideias é muito grande.
Não estou, em hipótese alguma, desmerecendo as ideias. Mas, se temos um código vigente, que desde 1965 é ignorado pelo próprio Estado - porque ele determina que o reflorestamento das APPs em áreas privadas pode ser executado pelo poder público se o dono da terra não o fizer e, no caso de ocupação com atividades produtivas, o proprietário deverá ser indenizado -, qual o propósito prático de defender a recomposição integral de APPs e, principalmente, de RLs?
Sou, por convicção, defensor de arranjos de mercado que remunerem a vegetação nativa remanescente. Afinal, se eles existissem, os enormes passivos de APPs e RLs seriam muito menores. Aliás, os que dizem que outros países não têm mecanismos semelhantes à APP e RL estão errados. No entanto, nos países onde mecanismos equivalentes existem, os custos são partilhados com a sociedade, bem diferente do caso brasileiro.
Uma proposta coerente de atualização do código, para usar o termo empregado por SBPC e ABC, que defendesse a integral restauração das APPs, deveria propor em conjunto o sistema de pagamentos por serviços ambientais como forma de financiar parte do investimento necessário, seja para o isolamento das áreas (no caso das pastagens), seja para arcar com os custos de oportunidade da retirada de atividades produtivas, quando for o caso. Mas não é isso que os cientistas recomendam. Eles sugerem que os pagamentos por serviços ambientais são uma possibilidade de retorno econômico futuro, o que é vago e distante da realidade de quem tem a obrigação de pôr conservação em prática.
Além disso, a tese de que é possível fazer a recuperação integral dos déficits de RL, no mesmo ecossistema, em áreas de baixa aptidão agrícola e ocupadas com pastagens não se sustenta.
Se isso fosse verdade, o déficit de RL não existiria, porque os próprios produtores buscariam regularizar-se dessa forma. Segundo, porque essa tese pressupõe uma transformação tecnológica da pecuária de corte que requer mecanismos de incentivos e promoção de investimentos, os quais o código não contempla.
Existe uma combinação possível entre as propostas dos cientistas e os anseios por regularização dos produtores. Ela não passa pelas ideias dos cientistas sobre RL. Mas poderia passar pelas propostas em relação à recuperação das APPs, desde que ajudem a encontrar a solução para que a sociedade se corresponsabilize por parte dos investimentos necessários para promover sua restauração.

JOSÉ SIMÃO - Ueba! Pandemônio na Record!


Ueba! Pandemônio na Record! 
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 19/10/11

Brasília tem de ter cama elástica! O ministério da Dilma tá parecendo motel: alta rotatividade!

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Pandemônio! Ih, pandemônio não pode porque é na Record! O melhor do Pan 2011 é a disputa: Globo x Record.
E com esse Pan na Record a gente fica sabendo coisas que nunca imaginava: que o Gugu ainda tá no ar e que tem uma novela chamada "Rebelde". E os atletas que ganham ouro têm de pagar dízimo pra Universal? E a Globo vai ganhar ouro em mico! E um amigo me disse que vai criar uma nova modalidade: salto na minha vara!
E Brasília? Brasília tem de ter cama elástica! O ministério da Dilma tá parecendo motel: alta rotatividade! Agora é o ministro por esporte Orlando Silva. Eu acho que o Orlando Silva vai cantar em outra freguesia! Rarará! E diz que ele recebeu propina na garagem do ministério. Ótimo, aproveita e faz a abertura da Copa na garagem!
E a manchete do Sensacionalista: "Aeroportos e explicações de Orlando Silva não ficarão prontos até 2014". E o site QMerda disse que os ministros da Dilma vão ganhar ouro em revezamento de propina. E a Hebe, a Marta e a Ana Maria Braga vão ganhar ouro em revezamento de bisturi! Rarará!
E eu quero ser ministro dos Esportes. Vou incentivar o assalto ornamental, assalto em distância e assalto na minha vara! Rarará! E dominó, tranca, palitinho, porrinha e pega-varetas. E duas modalidades bem brasileiras: tiro e corrida. Um atira e o outro sai correndo.
Pândego 2011! O Brasil tá com mais ouro que o shopping center de Dubai! Vamos derreter pra fazer um aeroporto novo! Até a touca do Cielo é dourada. Esse Cielo nada bem até em lava-rápido! Ganha ouro até em lava-rápido! E adorei o japonês Hugo Oyama, ouro em tênis de mesa. E jogou com a cueca do Palmeiras.
Cueca Felipão! Então é pênis de mesa. Japonês é ouro em pênis de mesa! Esse japonês tem tanto ouro que dava pra derreter e abrir um sushibar! É mole, mas sobe! É mole, mas só sobe no pódio!
E essa faixa na Feira do Alecrim, em Natal: "Neta das Calcinhas! Promoção novidade: calcinha boca de confusão, 3 por R$ 5". Adorei a calcinha boca de confusão. Deve ser a calcinha da Joana Machado, a ex do Adriano! E essa outra: "Proibido estacionar, embaixo do toldo é lugar do pipoqueiro". Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

LULI RADFAHRER - Do amor e da baixa autoestima



Do amor e da baixa autoestima
LULI RADFAHRER
FOLHA DE SP - 19/10/11

HÁ um quê de Ayrton Senna, de Lady Di, na dor que sucedeu a morte de Steve Jobs.
A morte, em si, não surpreendeu. A doença era grave, e o biótipo minguante não deixava dúvidas de que o fim estaria próximo. É certo que as circunstâncias que a antecederam tiveram um jeitão de Tancredo. Pois, se morrer no dia seguinte à estreia do sucessor, no lançamento de um produto crucial, já levantaria suspeitas de um acordo divino, deixar os palcos por e-mail, sem apoteose, justo ele que era o rei dos keynotes, é no mínimo um anticlímax.
Mas foi o tamanho da repercussão que me impressionou. Chegou a lembrar a comoção nacional por Ayrton Senna. A multidão que acompanhou seu corpo na 23 de Maio não dizia respeito à morte de um esportista arrojado, que pilotava com o brilho de um Gilles Villeneuve e a coragem de um Niki Lauda. Chorava-se a morte daquele que simbolizava o amor à pátria. Nunca mais a Fórmula 1 teve o mesmo gosto.
Três anos mais tarde morria Lady Diana, princesa de Gales. Desde seu casamento em 1981, a moça mostrava às mulheres que era possível ser bela e influente sem ser Maria Antonieta. Sua história, eviscerada pela mídia pré-Facebook, era um exemplo de elegância e rebeldia contra um sistema poderosíssimo.
Seria tão fácil e esperado baixar a cabeça, suportar a amante e posar sorrindo para as fotos oficiais. Mas ela resistiu e canalizou atitudes e desejos de uma independência que, se longe de ser universal, pelo menos está muito melhor do que a época das Jeannies e das secretárias de "Mad Men".
O mundo é certamente mais duro sem eles. Mas... e Jobs? Por mais que seu estilo de vestimenta e rebeldia lembrassem um James Dean ou Kurt Cobain, ele não tinha nada de Amy Winehouse. Seu histórico não era diferente do de tantos ex-hippies, sem curso superior completo, financiados pelos ciclos de prosperidade da Costa Oeste americana.
Suas batalhas eram ousadas, mas não demandavam risco de morte a ponto de pilotar um bólido em alta velocidade de olhos fechados só para não perder a visão do túnel de Mônaco. Em seu histórico, a única vez que peitou sozinho um sistema maior do que ele, acabou demitido.
Os depoimentos comoventes que se seguiram ao anúncio de sua morte não eram histórias de sucesso ou consumo, mas de amor. Um amor diferente daquele embalado pelas músicas de um John Lennon ou pelos poemas de um Vinicius de Moraes. Um amor mediado por coisas e correspondido por elas.
A maioria dos que lamentaram sua perda não chorava pela morte do Papai Noel que materializava os sonhos mais lindos, mas sofria pelo triste fim daquele que foi o pai de objetos diferentes. Dele nasceram os primeiros produtos de consumo de massa a serem colocados no mercado incompletos, frágeis, dependentes e cheios de manias, como tamagotchis de estimação.
Computadores com a personalidade ideal para acolher indivíduos modernos e antenados, ao mesmo tempo conectados e sós, poderosos e carentes, independentes e isolados, que terceirizavam parte da autoestima, perdida pelo excesso de trabalho, para máquinas que, mesmo incapazes de compreendê-los, pareciam ouvi-los. Máquinas que, após a invenção desses dispositivos de relacionamento, nunca mais foram as mesmas. Os vínculos que criam, ao contrário da vida de Jobs, jamais serão interrompidos

BRAZIU: O PUTEIRO


MARCELO COELHO - Chanel nº 7124


Chanel nº 7124
MARCELO COELHO
FOLHA DE SP - 19/10/11

Hal Vaughan tem 83 anos, é um americano gordinho e rosado, e usa um bigode aparado e bem branco. Estaria no papel perfeito de um vovô contando histórias para os netinhos, num filme da Disney.
Mas o que ele narra, no livro "Dormindo com o Inimigo" (editora Companhia das Letras), não é nada edificante. Era uma vez uma menina pobre, muito bonitinha e magrinha, chamada Gabrielle. Sua mãe morre cedo. O pai entrega-a aos cuidados das freiras num orfanato e nunca mais irá visitá-la.
Ao completar 18 anos, Gabrielle terá de se virar pelo mundo. Em pouco tempo, começa a cantar num cabaré, numa pequena cidade do interior da França. Estamos nos primeiros anos do século 20.
Surge um príncipe encantado, com castelo e tudo. Étienne Balsan acha graça quando Gabrielle canta "cocoricó" no seu número de café-concerto e não se importa muito em partilhar a jovenzinha com seus amigos ricaços.
Surge o segundo príncipe encantado, um milionário inglês chamado "Boy" Capel, que será sua grande paixão. "Coco", como Gabrielle passou a ser chamada, passa a conhecer a elegância britânica, a sobriedade das roupas esportivas, o conforto dos tecidos de malha e, sobretudo, um novo padrão para a estética feminina.
Em vez daquela opulência hormonal, emplumada e frufrulejante da "belle époque" parisiense, Coco passou a adotar um estilo mais seco, sem curvas, próximo daquela androginia adolescente que tantos ingleses, sem dúvida, começam a apreciar nos dormitórios do colégio interno.
A austeridade do orfanato católico francês transmutava-se em "classe" ao estilo inglês -e a pequena Gabrielle agora tratava de mudar a história da moda do século 20, atendendo pelo nome de Coco Chanel. Esse, contudo, é apenas o começo da história contada por Hal Vaughan em "Dormindo com o Inimigo".
Outros príncipes encantados apareceriam na vida de Chanel. Um arquiduque russo; o duque de Westminster, que, na época (já estamos por volta de 1925), era o homem mais rico da Inglaterra; por fim, um barão nazista.
Bem antes de Hitler, Hans Günther von Dincklage já trabalhava para o serviço secreto alemão. Veio a guerra, a França foi ocupada pelos alemães, houve quem resistisse ao nazismo e houve quem colaborasse com o inimigo.
Chanel se alinhou firmemente ao segundo grupo. Era de um antissemitismo atroz. Quis aproveitar-se do poder nazista para recuperar seus direitos sobre o perfume Chanel nº 5, fabricado por empresários judeus. Manteve seus apartamentos no Ritz, quando poucos franceses eram admitidos no hotel -prioridade de hospedagem para Goering e companhia.
Hal Vaughan descobriu mais coisas. Na qualidade de agente F-7124, do serviço secreto nazista, Chanel participou de duas missões diplomáticas em prol dos interesses alemães.
Não é nada bonito, mas não é tão escandaloso quanto Hal Vaughan quer que pareça. Não há indício de que Chanel tenha revelado segredos ou denunciado alguém. Suas duas missões com Dincklage tinham o propósito de sondar, à revelia de Hitler, as condições de uma paz em separado com a Inglaterra. Não foram além de conversas inconclusivas com diplomatas sem importância. Chanel parecia estar mais interessada em resolver o problema de um sobrinho, preso pelos alemães, e de uma amiga inglesa, suspeita de espionagem.
E, como sempre, estava interessada nela mesma: em manter-se ao lado dos poderosos do momento. Foi assim que passou a vida toda. O caso de Chanel interessa menos pelas revelações de Vaughan do que pelo que tem de instrutivo quanto ao antissemitismo da personagem. Dotada de determinação implacável, de agudo senso comercial, de grande talento, Chanel foi admitida nas rodas mais exclusivas da Europa -mas nenhum nobre ou milionário haveria de casar-se com ela. Sem nenhum "pedigree", ensinou, mais do que a elegância, a qualidade da "distinção" para mulheres mais bem-nascidas do que ela.
Tinha tudo para ser uma duquesa; mas sua origem familiar a impedia disso. Tinha todas as qualidades e os defeitos que os antissemitas atribuem aos judeus; mas não era judia.
"Só uma coisa faz com que eu não seja igual a uma judia: sou antissemita": essa a oração secreta que Chanel, depois de uma noitada com barões, marqueses e nazistas, devia pronunciar entre os biombos de seus aposentos no Ritz.

ROBERTO DaMATTA - Metáforas, Brasil e futebol



Metáforas, Brasil e futebol
ROBERTO DaMATTA
O Globo - 19/10/2011

O título parece complicado, mas não é. Metáforas são figuras de linguagem que substituem uma coisa por outra. São indispensáveis na expressão da vida. Por exemplo: o coração, que é um órgão do corpo humano passível de cirurgia, palpitação e substituição, é uma metáfora do amor - essa "coisa" também cheia de truques que escapa dos procedimentos objetivos e tem regras que, como dizia o grande Pascal (e o cada vez mais atual Freud), ele não suspeita. Há, li outro dia no "The New York Times", um debate se as carruagens devem ser mantidas ou não em Manhattan. Como toda metáfora, elas são um contrassenso. Pois quem colocaria a "mão no fogo pelo governo" que recebeu, mas não se livra, dessa onda de pobreza intelectual, de ausência de percepção institucional e sociológica que abunda hoje no Brasil? E quem seria capaz de defender carruagens neste mundo contemporâneo onde existe um índice (e logo um marco regulatório) para a felicidade e para a atividade sexual?

Carruagens num mundo de trens, aviões e automóveis são algo tão anacrônico, tanto quanto as "liturgias", como diz Sarney, que, no Brasil, gastamos para manter certos cargos e estruturas governamentais configuradas pela nossa vocação aristocrática. Mas - como toda metáfora - as carruagens não são meios para fins, são - como os salários e as sinecuras dos nossos governantes - fins para meios. Elas ritualizam, tal como fazem os exageros e as anedotas, o modo de viajar não dando a mínima para o elo direto ou racional entre meios e fins. Por isso você pega um carro quando está com pressa e entra numa carruagem em Manhattan quando quer criar um clima romântico e viver um gozo que lhe confirma o sofrimento no qual você estava engolfado.

Vamos de bonde?

Não, vamos a pé...

Eu, esse vosso cronista confuso, misto de acadêmico marginal e escritor bastardo, produzi exatamente essa resposta em algum dia de 1951, em Juiz de Fora, quando fui buscar a Zelinha no ensaio do teatro do colégio em que ela estudava. Era um dia chuvoso e nós andamos da Rua Halfeld até o Alto dos Passos debaixo de um mesmo guarda-chuva, o que me permitia ficar fisicamente próximo do ser idolatrado.

Preferi o caminhar (que é velho e lento) ao bonde (que, naqueles tempos antigos, era veloz e confortável). Mas, em compensação o "passeio" sinônimo do andar sem rumo - metáfora do andar lado a lado -, essa raridade, esse caminhar junto (metafórico do peregrinar, do pertencer e do estar com o outro), subvertia os meios e os fins como a melhor prova de que estava apaixonado, tal como eu hoje enxergo que são essas substituições que nos tornam humanos. Só nós podemos realizá-las. Nem os anjos (que são perfeitos, mas não se reproduzem) nem animais (que são imperfeitos e se reproduzem além da conta) sabem o que é esse pertencer sofrido que vem de dentro para fora - como exprime o coração humano que está dentro e, ao mesmo tempo fora de nós.

Entendem-se, então, as carruagens e as liturgias de Sarney. Elas não estão ali para transportar ou ajudar a servir melhor o povo e a sociedade, mas para criar um clima romântico e para garantir uma opulência que beira ao desperdício - esse mal do Brasil. Num caso, a lentidão que faz da disciplina amorosa e romântica; no outro, a transformação do republicano num reino de Jambon onde poucos comem muito sem fazer nada e muitos comem pouco fazendo tudo.

Eu estou convencido que o futebol, inventado à revelia pelos brilhantes e reprimidos ingleses do período vitoriano, é uma das mais recorrentes metáforas da vida (e dos seus dilemas) tal como ela é idealizada entre nós. Nele, queremos o futebol "arte", o estilo dionisíaco de Gilberto Freyre e malandro - cheio de jogo de cintura, como mostrei faz tempo, mas exigimos "resultados" e "objetividade": no caso, muitos gols. Eis o dilema: como conciliar o belo com o técnico. Como ajudar o povo sem impedir que uma centralização neostalinista voltada para permanecer no poder produza fraudes, corrupção e impunidade? Como misturar um estilo de jogo personalístico, baseado na superexcelência de alguns craques que reinventam uma aristocracia no campo, com o jogo com e pelo time, que, como enfatizam os nossos teóricos do futebol, levam a uma identidade social especifica - essa marca das grandes seleções?

Em outras palavras, como submeter todos a regra da lei e da coletividade (o time) se não dispensamos os salvadores da pátria, os messias do futebol - os que salvam os jogos dando a vitória ao nosso Brasil, gente como Ademir, Zizinho, Rivelino, Zico e tantos outros, para não mencionar a realeza do Príncipe Didi e do Rei Pelé ou o "fenômeno" que era o nosso Ronaldo?

Eu me pergunto se essa busca da arte com (e não contra) a técnica; da justiça que vale para todos e leva à punição dos faltosos com a compaixão que distingue e perdoa; da lei universal que iguala com as amizades singulares que distinguem, não seriam as conjugações que implícita ou inconscientemente temos tentado declinar no Brasil. E se não é tempo de não tomar partido e saber de que lado nos situamos. Mas o que é que não cabe dentro de um sonho? E o futebol, como a poesia, é ótimo para sonhar e para revelar essa busca pelas causas perdidas. Ou para voltar ao começo, esse querer andar de carruagem em Manhattan.