FOLHA DE SP - 08/03
Hugo Chávez foi um personagem vital demais para que o encerrem em uma urna de vidro e o exponham à visitação pública, como animal empalhado.
É a opinião de quem tem verdadeira urticária ante à necrofilia, especialmente a necrofilia como instrumento político.
Admito que cadáveres embalsamados causam impacto. Nunca esqueci uma visita à quinta de Olivos, nas imediações de Buenos Aires, faz uns 30 e tantos anos, para ver a cripta em que estavam expostos Juan Domingo Perón e sua mulher Evita.
O esquife de Perón estava fechado e, portanto, não impressionava. Mas Evita, linda e loura em seu vestido branco, parecia que acabara de sair do cabeleireiro. Mas a placidez da morte não combina com personagens que foram tudo o que se quiser --de bom ou de ruim--, mas nunca foram plácidos.
Chávez era um furacão, vital, divertido, um extraordinário ator, que "deu horas de glória ao espetáculo da política", como escreveu para "El País" o colunista Lluís Bassets.
Fui testemunha ocular de alguns desses momentos em que ele foi exatamente como o descreveu a revista "The Economist" que está nas bancas: "Ele demonstrou ser um comunicador e um 'performer' natural, com inigualável habilidade para despertar empatia com os venezuelanos comuns, combinado com muita astúcia".
E olhe que a reportagem da revista é implacável com Chávez, a ponto de dar como título de capa "Um legado podre".
O espetáculo que vi foi em 2001, cúpula do Mercosul em Assunção do Paraguai. Os presidentes iam chegando ao elegante Yacht y Golf Club Paraguayo, recebidos por um trio que tocava e cantava guarânias, a música típica do país anfitrião.
Passou Fernando Henrique Cardoso que, pouco à vontade com o folclore do conjunto, entrou rapidamente. Passou Fernando de la Rúa, o presidente argentino, ainda mais refratário ao espetáculo e ainda mais apressado para entrar.
Aí veio Chávez. Parou junto aos músicos e puxou o canto de "Alma Llanera", uma espécie de hino nacional extra-oficial da Venezuela. Todo um espetáculo.
Depois ficou batendo papo descontraído com os três ou quatro jornalistas que havíamos furado a barreira de segurança e estávamos onde não poderíamos estar.
Soltou aquelas frases de efeito sobre o "câncer" que seria o neoliberalismo, pediu café, ofereceu café aos repórteres, a conversa seguiu como se estivéssemos no botequim da esquina, até um segundo café e a retirada para o interior do hotel.
Volto a Lluís Bassets para falar do ator Chávez, que o político e líder já foi dissecado em mil textos no mundo todo: "[Chávez] é mais virtuosismo que roteiro, mais qualidade de atuar que direção, mais instinto que inteligência, embora esta tampouco tenha lhe faltado na hora de alcançar o poder e, sobretudo, mantê-lo e concentrá-lo em sus mãos".
Dá até para dizer que sua carreira é produto de uma atuação teatral (no caso, televisiva), a julgar pelo que escreveram seus biógrafos Cristina Marcado y Alberto Barrera Tyszka: converteu "um mau golpe de Estado no melhor anúncio publicitário da década".
Alusão a seu comparecimento na TV depois do fracasso de sua tentativa golpista em 1992, que acabou sendo a catapulta para o posterior sucesso.
Um segundo momento cinematográfico vivido com o chavismo se deu em dezembro de 2002, oito meses depois do golpe que o derrubou por menos de 48 horas e no meio de uma greve da PDVSA (a Petrobras venezuelana) que ameaçava desestabilizá-lo.
Chávez marcou uma entrevista comigo e com Vladimir Goitia, então na Agência Estado, para as 22h, no Palácio de Miraflores.
Atendeu-nos por volta de uma da madrugada. Saímos às duas.
O ajudante de ordens que nos acompanhou até a rua foi abrindo eletronicamente uma porta atrás da outra. Na quinta ou sexta (e última) comentou: "Não parece aquele filme, o 'Agente 86'"?. Parecia realmente coisa de cinema, não de um palácio de governo meio sitiado pela crise.
sexta-feira, março 08, 2013
Aos 81 anos, Beatriz disse: deixem comigo! - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO
O Estado de S.Paulo - 08/03
Dia desses, uma amiga do interior me ligou, queria me passar umas informações. Eu disse: "Vou te dar meu e-mail, você passa tudo. E ela: "Acha que sei trabalhar com isso? Sabe quantos anos tenho? Sou de outra geração. Não temos nada a ver com essas coisas". Sei quantos anos ela tem: 73. Porque três anos atrás o marido fez uma bela festa para os 70 anos dela. Lembrei-me que meu tio José ficou fascinado com o computador que ganhou dos filhos. E ainda não havia mouse, imaginem, era tudo controlado pelo teclado. E José estava com quase 80.
Acho que minha amiga não sabe que a vida começa aos 60. Quando jovem, lembro-me de um best-seller chamado A Vida Começa aos 40. Agora já avançamos. Aos 73 ter medo do teclado de um computador é inquietante. É estar desistindo. Desistindo cedo demais. Outro dia falei de toda essa tecnologia que nos assombra. Porém, um computador não assombra mais. Faz parte de nossas vidas, assim como o chuveiro elétrico.
Semana passada, fiquei feliz ao ler a notícia. As coisas estão mudando mesmo, ainda que sejam pontuais, aqui e ali. Pois não é que Beatriz Camargo Pimenta foi eleita presidente do Masp aos 81 anos? Olhem as fotos nos jornais. Inteira, rosto esfuziante, disposta a tocar um barco que nas últimas décadas ameaçou naufragar nas mãos de gente mais nova. O Museu é uma das mais importantes entidades deste Brasil, pelo acervo e pelos eventos que realiza. Pois está aí uma mulher que assume o risco sem medo, ela conhece arte, é colecionadora, tem tutano. Suas declarações são otimistas, de quem aceita o desafio. Longa vida para Beatriz. E para o Masp!
Nessa história de idade, fiquei impressionado quando, há duas semanas, li o livro Alfred Hitchcock e os Bastidores de 'Psicose', de Stephen Rebello, que revela um episódio significativo. O livro é a base do filme que já está em cartaz, com Anthony Hopkins no papel do "mestre do suspense". Nele vemos um momento crucial na vida de um homem de imenso talento. Aos 60 anos, depois de fazer 44 filmes, alguns de enorme sucesso, e apontado como um dos gênios do cinema, Hitchcock foi considerado "velho" pelos chefões da Paramount, que lhe negaram dinheiro para o projeto do filme Psicose. Não deixaram inclusive de chamá-lo de caduco e acabado. Hitch lutou contra o sistema, brigou com bancos, enfrentou críticas de executivos, penhorou sua casa e fez o filme, transformado em um dos maiores sucessos americanos da década de 60. Uma obra hoje clássica que foi baratíssima para os padrões hollywoodianos, 900 e poucos mil dólares.
Foi um tapa na cara dos chefões do estúdio e, igualmente, um tapa na cara de todos os que achavam (e ainda acham) que a velhice é sinônimo de invalidez, fim de linha, incapacidade de trabalho ou de criatividade. Todos os técnicos, muito mais jovens, se assombraram com o olho de Hitch, que sabia a duração exata de uma cena, de um fotograma de filme. Que sabia exatamente o que queria e como chegar lá. Não foi à toa que os jovens da nouvelle vague francesa o endeusaram. Era um "velho" que sabia demais.
Sei, as coisas têm mudado, porém lentamente. Os juízes do Supremo Tribunal Federal não são obrigados a se aposentar aos 70 anos, no auge da experiência, da capacidade mental, do conhecimento? Na maioria das empresas, os 62 anos não são comemorados com a demissão do sujeito? Semana passada, dei com um amigo que acaba de sair de uma grande instituição, porque passou dos 60. Meses depois, voltou como consultor, e com uma belo cachê, porque as gerações intermediárias não estavam dando conta do recado. Esperem! Não quero dizer que a nova geração é incompetente; nada disso; é que a mescla da experiência com o ímpeto da juventude pode resultar em momentos agradáveis e eficientes.
Meu avô paterno trabalhou até os 90 como marceneiro. Meu pai foi diariamente à sua fábrica de sacos de papel (aposentado como ferroviário, ele abriu uma pequena empresa, deu certo) até os 80 e poucos anos. Só saiu por divergências com um sócio. O doutor Jatene fez transplantes até que idade? Niemeyer, dona Canô, Krajcberg, Vanzolini, quantos mais podemos citar? E Inezita Barroso, domingo passado, não conduziu seu programa de televisão aos 88 anos? Só para citar alguns. Os velhos talvez não tenham tanta força. Mas aprendemos a fazer tudo, sentados na cadeira, na poltrona, rede, o que for. Como esses jogadores experientes que jogam na sombra.
P.S.: A propósito, no YouTube circula um vídeo de Ginger Rogers aos 92 anos dançando salsa com o neto. E no livro Em Casa, Breve Historia da Vida Doméstica, Bill Bryson comenta a certa altura que o arquiteto John Nash, na avançada idade de 46 anos, voltou a Londres...
Dia desses, uma amiga do interior me ligou, queria me passar umas informações. Eu disse: "Vou te dar meu e-mail, você passa tudo. E ela: "Acha que sei trabalhar com isso? Sabe quantos anos tenho? Sou de outra geração. Não temos nada a ver com essas coisas". Sei quantos anos ela tem: 73. Porque três anos atrás o marido fez uma bela festa para os 70 anos dela. Lembrei-me que meu tio José ficou fascinado com o computador que ganhou dos filhos. E ainda não havia mouse, imaginem, era tudo controlado pelo teclado. E José estava com quase 80.
Acho que minha amiga não sabe que a vida começa aos 60. Quando jovem, lembro-me de um best-seller chamado A Vida Começa aos 40. Agora já avançamos. Aos 73 ter medo do teclado de um computador é inquietante. É estar desistindo. Desistindo cedo demais. Outro dia falei de toda essa tecnologia que nos assombra. Porém, um computador não assombra mais. Faz parte de nossas vidas, assim como o chuveiro elétrico.
Semana passada, fiquei feliz ao ler a notícia. As coisas estão mudando mesmo, ainda que sejam pontuais, aqui e ali. Pois não é que Beatriz Camargo Pimenta foi eleita presidente do Masp aos 81 anos? Olhem as fotos nos jornais. Inteira, rosto esfuziante, disposta a tocar um barco que nas últimas décadas ameaçou naufragar nas mãos de gente mais nova. O Museu é uma das mais importantes entidades deste Brasil, pelo acervo e pelos eventos que realiza. Pois está aí uma mulher que assume o risco sem medo, ela conhece arte, é colecionadora, tem tutano. Suas declarações são otimistas, de quem aceita o desafio. Longa vida para Beatriz. E para o Masp!
Nessa história de idade, fiquei impressionado quando, há duas semanas, li o livro Alfred Hitchcock e os Bastidores de 'Psicose', de Stephen Rebello, que revela um episódio significativo. O livro é a base do filme que já está em cartaz, com Anthony Hopkins no papel do "mestre do suspense". Nele vemos um momento crucial na vida de um homem de imenso talento. Aos 60 anos, depois de fazer 44 filmes, alguns de enorme sucesso, e apontado como um dos gênios do cinema, Hitchcock foi considerado "velho" pelos chefões da Paramount, que lhe negaram dinheiro para o projeto do filme Psicose. Não deixaram inclusive de chamá-lo de caduco e acabado. Hitch lutou contra o sistema, brigou com bancos, enfrentou críticas de executivos, penhorou sua casa e fez o filme, transformado em um dos maiores sucessos americanos da década de 60. Uma obra hoje clássica que foi baratíssima para os padrões hollywoodianos, 900 e poucos mil dólares.
Foi um tapa na cara dos chefões do estúdio e, igualmente, um tapa na cara de todos os que achavam (e ainda acham) que a velhice é sinônimo de invalidez, fim de linha, incapacidade de trabalho ou de criatividade. Todos os técnicos, muito mais jovens, se assombraram com o olho de Hitch, que sabia a duração exata de uma cena, de um fotograma de filme. Que sabia exatamente o que queria e como chegar lá. Não foi à toa que os jovens da nouvelle vague francesa o endeusaram. Era um "velho" que sabia demais.
Sei, as coisas têm mudado, porém lentamente. Os juízes do Supremo Tribunal Federal não são obrigados a se aposentar aos 70 anos, no auge da experiência, da capacidade mental, do conhecimento? Na maioria das empresas, os 62 anos não são comemorados com a demissão do sujeito? Semana passada, dei com um amigo que acaba de sair de uma grande instituição, porque passou dos 60. Meses depois, voltou como consultor, e com uma belo cachê, porque as gerações intermediárias não estavam dando conta do recado. Esperem! Não quero dizer que a nova geração é incompetente; nada disso; é que a mescla da experiência com o ímpeto da juventude pode resultar em momentos agradáveis e eficientes.
Meu avô paterno trabalhou até os 90 como marceneiro. Meu pai foi diariamente à sua fábrica de sacos de papel (aposentado como ferroviário, ele abriu uma pequena empresa, deu certo) até os 80 e poucos anos. Só saiu por divergências com um sócio. O doutor Jatene fez transplantes até que idade? Niemeyer, dona Canô, Krajcberg, Vanzolini, quantos mais podemos citar? E Inezita Barroso, domingo passado, não conduziu seu programa de televisão aos 88 anos? Só para citar alguns. Os velhos talvez não tenham tanta força. Mas aprendemos a fazer tudo, sentados na cadeira, na poltrona, rede, o que for. Como esses jogadores experientes que jogam na sombra.
P.S.: A propósito, no YouTube circula um vídeo de Ginger Rogers aos 92 anos dançando salsa com o neto. E no livro Em Casa, Breve Historia da Vida Doméstica, Bill Bryson comenta a certa altura que o arquiteto John Nash, na avançada idade de 46 anos, voltou a Londres...
Um pouco de história - CARLOS HEITOR CONY
FOLHA DE SP - 08/03
Descoberto em 1500, o Brasil tem um tempo próprio, que o distingue de outros países. Quando os portugueses aqui chegaram, nossos índios viviam na Idade da Pedra. O período colonial equivaleu à nossa Antiguidade e os dois reinados fizeram a vez de nossa Idade Média.
Com a república no final do século 19, entramos no que seria a Idade Moderna, mas não a Idade Contemporânea. Nada de estranhar, portanto, que oito anos após a vitória republicana, em 1889, fosse fundada a Academia Brasileira de Letras, em julho de 1897, com alguns séculos de atraso em relação a seu modelo, a Academia Francesa.
Na própria França, o gosto literário e a liturgia social haviam mudado, e numa época em que Baudelaire, Mallarmé e Rimbaud rompiam com a ética conservadora e a estética tradicional da literatura, no Brasil ainda se cultuava o parnasianismo rebuscado, o romantismo enviagrado.
Mesmo assim, a ABL representou um estágio superior na história cultural do país. Ali se reuniram os melhores escritores da época, ao lado de alguns notáveis de nossa vida pública --herança da própria Academia Francesa.
Um exemplo ilustra a tradição de academizar os notáveis. Joaquim Nabuco, um dos fundadores, sugeriu a Machado de Assis o nome do Barão do Rio Branco, ministro das Relações Exteriores, certamente o homem mais importante daquele tempo. Machado hesitou, alegando que o barão não tinha livro publicado, nada escrevera até então. Nabuco argumentou: "Rio Branco está escrevendo o mapa do Brasil". E o barão tornou-se acadêmico.
Pouco a pouco, historiadores e sociólogos, e não apenas críticos literários, começam a absorver a fundação da ABL, entre os fatos marcantes da República recém-instaurada. Com efeito, a ideia de uma academia de letras ou de artes sempre pareceu associada aos regimes monárquicos, e o Brasil foi monarquia constitucional desde a sua independência, em 1822.
Atravessou os dois reinados, o de Pedro 1º e Pedro 2º, sem que nenhum brasileiro articulasse seriamente um movimento acadêmico, embora o fato literário, em si, tenha sido dominante na historia da nação, desde os tempos em que era colônia de Portugal.
O próprio d. Pedro 2º tinha pretensões de poeta, ligou-se aos intelectuais e cientistas de sua época, tanto no Brasil como no exterior, mas nunca lhe ocorreu fundar ou patrocinar uma Academia Real (ou Imperial) de Letras ou de Artes. Circulam até hoje sonetos de sua autoria, que alguns atribuem a amigos do imperador, como Carlos de Laet, por sinal, um dos primeiros integrantes da futura Academia "Brasileira" de Letras.
Certo que não houve qualquer conotação política na sua fundação. A ideia de congregar escritores num cenáculo não foi de Machado de Assis, que para todos os efeitos ficou como pai da ideia e dela se apossou, não por vontade própria, mas por mérito e circunstância.
A semente que produziria a futura "Casa de Machado de Assis" foi lançada por Lúcio Mendonça, um jurista, membro do Supremo Tribunal Federal, e homem dedicado às letras mas sem o carisma literário que, na época, somente Machado possuía.
A Academia não se fundou às custas nem sob as benesses do governo, até hoje mantém uma cordial distância do poder político e econômico. Ao mesmo tempo em que elege partidários da situação, igualmente escolhe adversários dos diversos regimes que o país vem atravessando em sua fase republicana.
No seio da agremiação, tiveram assento monarquistas, anarquistas, positivistas, católicos praticantes, comunistas, integralistas --um mosaico até certo ponto divertido do ponto de vista social e político.
Sem falar nas diversas correntes da literatura propriamente dita, desde os classicistas e parnasianos, como Ruy Barbosa, Coelho Neto, Alberto de Oliveira e Olavo Bilac, até modernistas, como Manuel Bandeira, Jorge Amado, José Lins do Rego e Menotti del Pichia, sem falar nos outsiders, como Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto.
Descoberto em 1500, o Brasil tem um tempo próprio, que o distingue de outros países. Quando os portugueses aqui chegaram, nossos índios viviam na Idade da Pedra. O período colonial equivaleu à nossa Antiguidade e os dois reinados fizeram a vez de nossa Idade Média.
Com a república no final do século 19, entramos no que seria a Idade Moderna, mas não a Idade Contemporânea. Nada de estranhar, portanto, que oito anos após a vitória republicana, em 1889, fosse fundada a Academia Brasileira de Letras, em julho de 1897, com alguns séculos de atraso em relação a seu modelo, a Academia Francesa.
Na própria França, o gosto literário e a liturgia social haviam mudado, e numa época em que Baudelaire, Mallarmé e Rimbaud rompiam com a ética conservadora e a estética tradicional da literatura, no Brasil ainda se cultuava o parnasianismo rebuscado, o romantismo enviagrado.
Mesmo assim, a ABL representou um estágio superior na história cultural do país. Ali se reuniram os melhores escritores da época, ao lado de alguns notáveis de nossa vida pública --herança da própria Academia Francesa.
Um exemplo ilustra a tradição de academizar os notáveis. Joaquim Nabuco, um dos fundadores, sugeriu a Machado de Assis o nome do Barão do Rio Branco, ministro das Relações Exteriores, certamente o homem mais importante daquele tempo. Machado hesitou, alegando que o barão não tinha livro publicado, nada escrevera até então. Nabuco argumentou: "Rio Branco está escrevendo o mapa do Brasil". E o barão tornou-se acadêmico.
Pouco a pouco, historiadores e sociólogos, e não apenas críticos literários, começam a absorver a fundação da ABL, entre os fatos marcantes da República recém-instaurada. Com efeito, a ideia de uma academia de letras ou de artes sempre pareceu associada aos regimes monárquicos, e o Brasil foi monarquia constitucional desde a sua independência, em 1822.
Atravessou os dois reinados, o de Pedro 1º e Pedro 2º, sem que nenhum brasileiro articulasse seriamente um movimento acadêmico, embora o fato literário, em si, tenha sido dominante na historia da nação, desde os tempos em que era colônia de Portugal.
O próprio d. Pedro 2º tinha pretensões de poeta, ligou-se aos intelectuais e cientistas de sua época, tanto no Brasil como no exterior, mas nunca lhe ocorreu fundar ou patrocinar uma Academia Real (ou Imperial) de Letras ou de Artes. Circulam até hoje sonetos de sua autoria, que alguns atribuem a amigos do imperador, como Carlos de Laet, por sinal, um dos primeiros integrantes da futura Academia "Brasileira" de Letras.
Certo que não houve qualquer conotação política na sua fundação. A ideia de congregar escritores num cenáculo não foi de Machado de Assis, que para todos os efeitos ficou como pai da ideia e dela se apossou, não por vontade própria, mas por mérito e circunstância.
A semente que produziria a futura "Casa de Machado de Assis" foi lançada por Lúcio Mendonça, um jurista, membro do Supremo Tribunal Federal, e homem dedicado às letras mas sem o carisma literário que, na época, somente Machado possuía.
A Academia não se fundou às custas nem sob as benesses do governo, até hoje mantém uma cordial distância do poder político e econômico. Ao mesmo tempo em que elege partidários da situação, igualmente escolhe adversários dos diversos regimes que o país vem atravessando em sua fase republicana.
No seio da agremiação, tiveram assento monarquistas, anarquistas, positivistas, católicos praticantes, comunistas, integralistas --um mosaico até certo ponto divertido do ponto de vista social e político.
Sem falar nas diversas correntes da literatura propriamente dita, desde os classicistas e parnasianos, como Ruy Barbosa, Coelho Neto, Alberto de Oliveira e Olavo Bilac, até modernistas, como Manuel Bandeira, Jorge Amado, José Lins do Rego e Menotti del Pichia, sem falar nos outsiders, como Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto.
O tapete da copa - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 08/03
Calma, gente
Um bafafá envolve alguns dos médicos mais famosos do Rio. Daniel Tabak e Jacob Kligerman, ex-diretores do Instituto Nacional do Câncer, vao processar o colega José Gomes Temporao.
É que no livro “Câncer como problema de saúde pública”, do Ministério da Saúde, o ex-ministro desancou os dois.
Off...
Sobre Tabak, o ex-ministro disse que ele teria “enlouquecido literalmente, que era caso clínico”. Em relaçao a Kligerman, disse que ele adotou “uma tecnologia que era boa para fábricas de pneus e panelas de pressao, mas nao para a saúde”.
Temporao enviou uma carta aos dois médicos se desculpando e explicando que havia falado tudo em off. Mas nao adiantou.
Dilma Pilatos
Dilma, que tinha vetado a tunga dos royalties do petróleo por considerar a cobrança ilegal, parece que amarelou.
É o que se entende pelas declarações dos ministros Gilberto Carvalho e Luís Inácio Adams de que o governo federal nao vai recorrer ao STF contra a derrubada do veto. É pena.
O cara sem luz
No temporal de terça, o prédio onde mora Roberto Carlos, na Urca, ficou... 15 horas sem luz. O rei subiu cinco andares de escada e passou a noite sem ar-condicionado.
Grito del carioca
Uma das músicas mais cantadas por chavistas na Venezuela é a velha cançao comunista “América Latina obrera”, de Ali Primeira.
Um verso diz assim: “Y viene remontando el Amazonas/el grito rebelde del carioca/y viene a unirse con su hermano/el obrero venezolano”. Há controvérsias.
André Esteves Lemann
Um amigo de André Esteves, que acaba de se juntar a Eike Batista, diz que o banqueiro sempre sonhou trilhar o caminho do seu guru, Jorge Paulo Lemann.
O grande empresário brasileiro, como se sabe, começou no mercado financeiro e migrou para o setor produtivo.
Vale...
Esteves, também com Eike, tentou comprar a Vale, em agosto de 2009. Os dois, no dia 19 daquele mês, foram a Osasco, sede do Bradesco, tentar convencer Lázaro Brandao a vender a parte do bancao na mineradora.
Reação...
O negócio nao prosperou por causa da reaçao, dentro do Bradesco, comandada pelo diretor Mário Teixeira e pelo entao presidente da Vale, Roger Agnelli, que tinha feito carreira no banco.
De lá pra cá...
Aliás, Agnelli, que andou se desentendendo com Eike, depois que deixou a Vale, ficou sócio de André Esteves em negócios de mineraçao.
Diário de Justiça
O juiz Paulo Roberto Campos Fragoso, da 318 Vara Cível do Rio, homologou um acordo entre a Brasport Gestao e o Olaria Atlético Clube.
Participaram da audiência representantes das partes e Eurico Miranda, ex-presidente do Vasco. Eurico estava lá porque... nao sei.
Irreverência carioca
Sabe a festa Movimento dos Interessados em Sacudir Sua Alma, que nao usa mais a sigla M.I.S.S.A. por ter feito um acordo com a Igreja?
Pois bem, quem for à festa, amanha, no Rio, será recebido por dois anões fantasiados de... Chávez e Chorao.
Guarda de trânsito
Um parceiro da coluna ficou impressionado com a desenvoltura de Carlos Roberto Osório, secretário municipal de Transportes.
Uma hora da madrugada de quarta, logo após o temporal que castigou o Rio, ele organizava a saída de táxis no aeroporto Santos Dumont.
Garota exemplar
É hoje, na Travessa, no Rio, o pré-lançamento no Brasil de “Garota exemplar”, o livro de Gilian Flynn que vendeu no ano passado três milhões de cópias, e há 37 semanas está na lista de best-sellers do “New York Times”.
A obra teve seus direitos para o cinema adquiridos pela Fox.
Pavio curto
O Estado do Rio foi condenado pela 38 Câmara do Rio a pagar indenizaçao de R$ 30 mil ao delegado Alexandre Neto. Ele foi algemado, segundo o advogado Joao Tancredo, por um PM chamado Barbosa porque estacionou em local proibido, em 2006, em Copacabana. Na audiência, um desembargador brincou:
— Essa família Barbosa está com o pavio muito curto.
Faz sentido.
ERRO MÉDICO - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 08/03
ERRO MÉDICO 2
O paciente passou por cinco consultas na Unidade Básica de Saúde Jardim Comercial, com feridas, vermelhidão e coceira na boca. Por nove meses, foi atendido pelo mesmo médico, que só prescreveu pomadas. Quando encaminhado a outro hospital, descobriu que estava com carcinoma no lábio. Submetido a cirurgia, ficou com marcas também no pescoço. A Defensoria Pública é autora da ação.
OURO PURO
Dirigentes do PT querem que o governador Eduardo Campos (PSB-PE) comece a pagar já o preço de se movimentar como candidato à Presidência contra Dilma Rousseff, de quem fala mal em encontros reservados. Defendem que ele perca os cargos que indicou na Chesf, a Companhia Hidroelétrica do São Francisco.
OURO PURO 2
A Chesf, com patrimônio de R$ 16,8 bilhões e receita líquida de R$ 5,6 bilhões, está sob comando de Campos desde 2003. Na época, o governador pernambucano negociou o cargo de presidente com o então ministro José Dirceu e indicou Dilton Oliveira para ocupá-lo. Em 2011, ele foi substituído por João Bosco de Almeida, também apadrinhado por Campos.
LATIFÚNDIO
No cálculo do PT, a Chesf vale "dez ministérios" dos que o PSB comanda.
PORTA ABERTA
Nada acontecerá, no entanto, enquanto Lula ainda achar que pode manter Campos na aliança com Dilma.
NÃO PODE
Marta Suplicy baixou norma no Ministério da Cultura proibindo servidores de "receber obras, ingressos ou quaisquer produtos decorrentes de projetos culturais sujeitos à aprovação" da pasta, "independentemente de seu valor". A exceção se aplica à ministra e a ocupantes de altos cargos na pasta, que podem aceitar brindes sem valor comercial ou distribuídos como cortesia ou propaganda, de até R$ 100.
NO DIVÃ, DE NOVO
A HBO Brasil está produzindo uma nova série. A atração, que será dirigida por Marcus Baldini ("Bruna Surfistinha"), gira em torno do universo de um psicanalista, assim como "Sessão de Terapia", do GNT. O roteiro é inspirado em contos de Contardo Calligaris, psicanalista e colunista da Folha. A previsão inicial é de 13 episódios.
ENGRAÇADINHA
A atriz Alessandra Negrini estreia a peça "A Propósito da Senhorita Júlia", com direção de Walter Lima Jr., no dia 20 de abril, em São Paulo. A temporada paulistana do espetáculo faz parte da comemoração dos 12 anos do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) na cidade.
VAMOS FALAR DE CASAMENTO
O ex-deputado e ex-candidato a prefeito Celso Russomanno (PRB-SP) está "muito feliz". Em outubro, conduzirá ao altar a primogênita, Luara Russomanno, 25, na igreja São Francisco de Assis, na Vila Mariana. Ela se casará com Bruno Queiroz, 22, sócio da empresa The Original Cupcake e filiado ao PTB.
Tão feliz que Russomanno pai tem ido a reuniões com filha e genro para decidir "coisas do casamento, como bufê, decoração, convite...". "Ela não tem mãe, né? Então, sempre fui pai e mãe dela", diz, lembrando a mulher Adriana, que morreu sem atendimento médico num hospital.
MOSCA NA SOPA
E o CCBB-SP promove nos dias 20 e 21 de abril o show gratuito "Toca Raul" no Anhangabaú. Zélia Duncan e Zeca Baleiro cantarão clássicos de Raul Seixas.
AMIGO DO SÍNDICO
Cauã Reymond interpretará o paraguaio Fábio, amigo e parceiro de Tim Maia, no filme sobre a vida do artista. O ator também será o narrador do longa, que começa a ser rodado no dia 21 de maio.
PROSTITUIÇÃO
O criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira definiu como "prostituição" a atitude de advogados que deixam de lado a própria convicção para se tornarem estrelas nos casos que atendem, agindo ao sabor da audiência. A íntegra da entrevista estará no ar hoje, no portal Justo na Lei, do Libertuci Advogados Associados.
CLUBINHO ARTÍSTICO
A galeria Room 8 foi inaugurada, anteontem, na alameda Ministro Rocha Azevedo, nos Jardins. O espaço é comandado por Juliana Simão Rodrigues. Entre os presentes estavam a galerista Emanuelle Saeger, a decoradora Claudia Saeger, o designer Pedro Ávila e o DJ e fotógrafo Matheus Sandes.
BEIÇOLA EM AÇÃO
O ator Marcos Oliveira, o Beiçola de "A Grande Família", estreou a peça "Biografia Não Autorizada", no teatro do MuBE. Ele atua com Tiago Robert. A atriz Carol Macedo e a drag Paulette Pink assistiram ao espetáculo.
CURTO-CIRCUITO
A festa Tô Q Tô tem sua segunda edição, hoje, às 23h, na rua da Consolação, 2.554. 18 anos.
O Catavento abre a mostra "Science + You", às 9h.
A banda Remake anima a Celebrate by Chandon especial Dia Internacional da Mulher hoje, no She Rocks.
A terceira edição do projeto Navegar é Preciso - Uma Viagem Literária pela Amazônia ocorre de 29 de abril a 3 de maio.
Inverno à distância - RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 08/03
RIO DE JANEIRO - Em setembro de 1965, Frank Sinatra lançou um LP intitulado "September of My Years". A canção-título, escrita para ele por Jimmy Van Heusen e Sammy Cahn, referia-se àquela quadra da vida em que, pelo visto, as pessoas começam a enxergar o fim do túnel. Ao gravá-la, Sinatra ainda estava a dois meses de completar 50 anos. Como só morreu em 1998, aos 82, conclui-se que se afobou -ainda teria grandes outubros e novembros para viver.
Também em setembro, mas de 2012, em entrevista a Luciana Leiderfarb, do jornal português "Expresso", o escritor americano Paul Auster, 65 anos recém-feitos, declarou: "Agora sou um homem mais velho. Meus dias estão contados e não sei quantos me restam. Certamente menos do que aqueles que já vivi. Estou literalmente no inverno da minha vida. Se dividirmos a vida em quatro estações, cheguei à quarta estação".
Bem, tendo também completado 65 há alguns dias, e pulado fogueiras brabas nos últimos anos, entendo o que Auster quis dizer. Mas não acho que me diga respeito, nem à gente bronzeada do hemisfério Sul. Nossa quarta estação do ano não é o inverno, mas o verão, quando os fluidos se assanham e querem sair por aí, misturando-se a fluidos outros. E, perdão, Frank, mas, para nós, setembro não anuncia folhas secas e caídas, e sim a explosão de cores e cheiros.
O ator Marco Nanini, a apresentadora Marília Gabriela, a ministra do STF Rosa Weber, a dramaturga Gloria Perez, o designer Hans Donner e o treinador e linguista Joel Santana, todos terão 65 anos em 2013. Outros que há muito se despediram dos 65 e acabam de fazer ou farão 70 são Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Nei Lopes, Dori Caymmi, Leny Andrade, Edu Lobo, Marcos Valle e Turibio Santos, para ficarmos só na música.
Pergunte-lhes se estão no inverno de suas vidas.
RIO DE JANEIRO - Em setembro de 1965, Frank Sinatra lançou um LP intitulado "September of My Years". A canção-título, escrita para ele por Jimmy Van Heusen e Sammy Cahn, referia-se àquela quadra da vida em que, pelo visto, as pessoas começam a enxergar o fim do túnel. Ao gravá-la, Sinatra ainda estava a dois meses de completar 50 anos. Como só morreu em 1998, aos 82, conclui-se que se afobou -ainda teria grandes outubros e novembros para viver.
Também em setembro, mas de 2012, em entrevista a Luciana Leiderfarb, do jornal português "Expresso", o escritor americano Paul Auster, 65 anos recém-feitos, declarou: "Agora sou um homem mais velho. Meus dias estão contados e não sei quantos me restam. Certamente menos do que aqueles que já vivi. Estou literalmente no inverno da minha vida. Se dividirmos a vida em quatro estações, cheguei à quarta estação".
Bem, tendo também completado 65 há alguns dias, e pulado fogueiras brabas nos últimos anos, entendo o que Auster quis dizer. Mas não acho que me diga respeito, nem à gente bronzeada do hemisfério Sul. Nossa quarta estação do ano não é o inverno, mas o verão, quando os fluidos se assanham e querem sair por aí, misturando-se a fluidos outros. E, perdão, Frank, mas, para nós, setembro não anuncia folhas secas e caídas, e sim a explosão de cores e cheiros.
O ator Marco Nanini, a apresentadora Marília Gabriela, a ministra do STF Rosa Weber, a dramaturga Gloria Perez, o designer Hans Donner e o treinador e linguista Joel Santana, todos terão 65 anos em 2013. Outros que há muito se despediram dos 65 e acabam de fazer ou farão 70 são Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Nei Lopes, Dori Caymmi, Leny Andrade, Edu Lobo, Marcos Valle e Turibio Santos, para ficarmos só na música.
Pergunte-lhes se estão no inverno de suas vidas.
Ueba! Hoje é o Dia Delas! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 08/03
E uma amiga minha vai comemorar o Dia da Mulher tendo vários orgasmos múltiplos. Com ECO!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E as três últimas charges do Chávez! Charge do Tiago Recchia com o Chávez preenchendo o cadastro no céu: "Causa mortis?". "Ianques!" Rarará!
Charge do Newton Silva com o Chávez sapateando no céu: "Cheguei primeiro! Fidel não contava com a minha astúcia".
E charge do Sinfrônio com o Chávez gritando pra baixo: "Nada de eleições! Posso muito bem governar daqui!". Rarará!
E atenção! Hoje é o Dia Delas! O Perereca's Day! Dia Internacional da Mulher! Podem bater o carro! Tão liberadas! Rarará! O mundo é das mulheres! E não adianta discutir. Aliás, se discutir é pior! Se discutir, aumenta a pensão! Rarará!
Mas o mundo mudou: você entra numa empresa e só tem mulher trabalhando. Aí você entra num supermercado e só tem homem comprando. E antigamente a mulher só falava três coisas: "Pra dentro, menino". "Xô, galinha!" "A janta tá na mesa!" Agora fala três coisas: "Xô, marido". "Bota o lixo pra fora" e "quando eu voltar eu quero a janta na mesa". Rarará!
E uma amiga minha vai comemorar o Dia da Mulher tendo vários orgasmos múltiplos. Com ECO! Pro prédio inteiro ouvir! E um amigo vai comemorar o Dia da Mulher comendo a própria.
E no ano passado um amigo meu fez uma coisa horrível no Dia da Mulher: levou a mulher pra jantar fora, depois levou a um motel, aí tirou a roupa dela e cochichou: "VOCÊ ENGORDOU?!". Rarará!
E uma outra amiga minha disse que vai comemorar o Dia Internacional da Mulher provocando um engavetamento! Rarará!
E o homem? O homem sem a mulher não é nada. Nem corno! E uma amiga me disse que todo dia é dia da mulher e quem for cumprimentá-la pelo Dia da Mulher vai levar uma porrada! Rarará!
E uma travesti no Twitter: "Bom dia! Um quase obrigada de uma quase mulher". E no ano passado o Extra estendeu a faixa: "11/3. Passeio ciclístico do Dia Internacional da Mulher 2012! O que levar: bicicleta". Aí uma amiga minha gritou: "Eu não sou burra". Rarará!
E as sapatas vão comemorar o Dia Internacional da Minha Mulher! E as travecas vão comemorar o Dia da Mulheríssima! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
E uma amiga minha vai comemorar o Dia da Mulher tendo vários orgasmos múltiplos. Com ECO!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E as três últimas charges do Chávez! Charge do Tiago Recchia com o Chávez preenchendo o cadastro no céu: "Causa mortis?". "Ianques!" Rarará!
Charge do Newton Silva com o Chávez sapateando no céu: "Cheguei primeiro! Fidel não contava com a minha astúcia".
E charge do Sinfrônio com o Chávez gritando pra baixo: "Nada de eleições! Posso muito bem governar daqui!". Rarará!
E atenção! Hoje é o Dia Delas! O Perereca's Day! Dia Internacional da Mulher! Podem bater o carro! Tão liberadas! Rarará! O mundo é das mulheres! E não adianta discutir. Aliás, se discutir é pior! Se discutir, aumenta a pensão! Rarará!
Mas o mundo mudou: você entra numa empresa e só tem mulher trabalhando. Aí você entra num supermercado e só tem homem comprando. E antigamente a mulher só falava três coisas: "Pra dentro, menino". "Xô, galinha!" "A janta tá na mesa!" Agora fala três coisas: "Xô, marido". "Bota o lixo pra fora" e "quando eu voltar eu quero a janta na mesa". Rarará!
E uma amiga minha vai comemorar o Dia da Mulher tendo vários orgasmos múltiplos. Com ECO! Pro prédio inteiro ouvir! E um amigo vai comemorar o Dia da Mulher comendo a própria.
E no ano passado um amigo meu fez uma coisa horrível no Dia da Mulher: levou a mulher pra jantar fora, depois levou a um motel, aí tirou a roupa dela e cochichou: "VOCÊ ENGORDOU?!". Rarará!
E uma outra amiga minha disse que vai comemorar o Dia Internacional da Mulher provocando um engavetamento! Rarará!
E o homem? O homem sem a mulher não é nada. Nem corno! E uma amiga me disse que todo dia é dia da mulher e quem for cumprimentá-la pelo Dia da Mulher vai levar uma porrada! Rarará!
E uma travesti no Twitter: "Bom dia! Um quase obrigada de uma quase mulher". E no ano passado o Extra estendeu a faixa: "11/3. Passeio ciclístico do Dia Internacional da Mulher 2012! O que levar: bicicleta". Aí uma amiga minha gritou: "Eu não sou burra". Rarará!
E as sapatas vão comemorar o Dia Internacional da Minha Mulher! E as travecas vão comemorar o Dia da Mulheríssima! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
A figura do pai - LUIZ PAULO HORTA
O GLOBO - 08/03
Quatro páginas diárias nos jornais, desde que a renúncia do Papa foi anunciada, o que corresponde a umas três semanas — é difícil achar exemplo equivalente de cobertura jornalística. Qual o motivo? Certamente não é o carisma (inexistente) de Bento XVI. Muitas reportagens também se esmeram em explicar que a Igreja perde prestígio, perde fiéis, que surgem escândalos dia sim dia não. E, no entanto, vejo pessoas que não são católicas intensamente mobilizadas pelo tema “quem vai ser o próximo Papa?”
Não haverá uma razão única para isso. Desprestigiada a Igreja pode estar; mas ela ainda fornece a mitologia básica da nossa cultura. Experimente pensar num ano do qual fossem retirados o Natal, a Páscoa, a Semana Santa. Estranhíssimo, não? Nesse contexto, o Papa desenha uma figura de pai — que é o que o seu nome indica. Em termos de Ocidente, ele ainda é referência. Não por acaso, ele ainda tem uma palavra a dizer nas grandes crises, nas grandes comoções da humanidade. O contraste não poderia ser maior com outras figuras da atualidade — como as que, na Itália onde fica o Vaticano, pretendem chegar ao palácio Quirinale.
A figura do pai — tema imenso na literatura psicanalítica, ou na literatura “tout court”. Édipo matou o pai. Seria um exemplo do “assassinato ritual” com que você, simbolicamente, tem acesso à plena maturidade. Os nietzscheanos parecem ir além: a partir da “morte de Deus”, postulam um ser humano que seria o criador de si mesmo. Este é o exercício vital de personagens grandiosas como um Goethe.
O ser comum age e pensa de outra maneira. Exemplo prosaico é o da Venezuela, onde há multidões órfãs do coronel Chávez. Isso pode ter causas econômicas ou sociais; mas certamente é mais do que isso.
O mesmo acontece no Brasil. A partir de dados econômicos que são reais — como a expansão da classe média e a diminuição da miséria —, surge um clima onde o ex-presidente Lula se transforma numa espécie de pai da pátria.
Na política, isso é perigoso: conduz fatalmente ao personalismo. É fácil ver, hoje, que Lula tem dificuldade em lidar com a própria imagem. Sente-se mal fora do poder. Desenvolve um tipo de amargura estranha numa pessoa com os seus níveis estratosféricos de popularidade.
No caso do Vaticano, é um pouco diferente. Há exemplo de papas que desenvolveram personalidades imperiais. Mas não é a regra. O prestígio de que eles dispõem, mesmo nas fases mais críticas da Igreja, vem de uma coisa que se chama “autoridade espiritual”.
O mundo moderno tem feito um grande esforço para viver sem isso. É até bem típica da nossa época secularizada a figura do ateu tranquilo que é uma pessoa perfeitamente ética e pode ter um comportamento mais cristão que o de muitos cristãos.
Mas a autoridade espiritual existe. Pode vir, por exemplo, de um professor — um mestre — que abriu novos caminhos na sua vida. Na velha Grécia, quem chegou perto de Sócrates sentiu a sua mordida salutar. O doce licor da sabedoria.
Quatro páginas diárias nos jornais, desde que a renúncia do Papa foi anunciada, o que corresponde a umas três semanas — é difícil achar exemplo equivalente de cobertura jornalística. Qual o motivo? Certamente não é o carisma (inexistente) de Bento XVI. Muitas reportagens também se esmeram em explicar que a Igreja perde prestígio, perde fiéis, que surgem escândalos dia sim dia não. E, no entanto, vejo pessoas que não são católicas intensamente mobilizadas pelo tema “quem vai ser o próximo Papa?”
Não haverá uma razão única para isso. Desprestigiada a Igreja pode estar; mas ela ainda fornece a mitologia básica da nossa cultura. Experimente pensar num ano do qual fossem retirados o Natal, a Páscoa, a Semana Santa. Estranhíssimo, não? Nesse contexto, o Papa desenha uma figura de pai — que é o que o seu nome indica. Em termos de Ocidente, ele ainda é referência. Não por acaso, ele ainda tem uma palavra a dizer nas grandes crises, nas grandes comoções da humanidade. O contraste não poderia ser maior com outras figuras da atualidade — como as que, na Itália onde fica o Vaticano, pretendem chegar ao palácio Quirinale.
A figura do pai — tema imenso na literatura psicanalítica, ou na literatura “tout court”. Édipo matou o pai. Seria um exemplo do “assassinato ritual” com que você, simbolicamente, tem acesso à plena maturidade. Os nietzscheanos parecem ir além: a partir da “morte de Deus”, postulam um ser humano que seria o criador de si mesmo. Este é o exercício vital de personagens grandiosas como um Goethe.
O ser comum age e pensa de outra maneira. Exemplo prosaico é o da Venezuela, onde há multidões órfãs do coronel Chávez. Isso pode ter causas econômicas ou sociais; mas certamente é mais do que isso.
O mesmo acontece no Brasil. A partir de dados econômicos que são reais — como a expansão da classe média e a diminuição da miséria —, surge um clima onde o ex-presidente Lula se transforma numa espécie de pai da pátria.
Na política, isso é perigoso: conduz fatalmente ao personalismo. É fácil ver, hoje, que Lula tem dificuldade em lidar com a própria imagem. Sente-se mal fora do poder. Desenvolve um tipo de amargura estranha numa pessoa com os seus níveis estratosféricos de popularidade.
No caso do Vaticano, é um pouco diferente. Há exemplo de papas que desenvolveram personalidades imperiais. Mas não é a regra. O prestígio de que eles dispõem, mesmo nas fases mais críticas da Igreja, vem de uma coisa que se chama “autoridade espiritual”.
O mundo moderno tem feito um grande esforço para viver sem isso. É até bem típica da nossa época secularizada a figura do ateu tranquilo que é uma pessoa perfeitamente ética e pode ter um comportamento mais cristão que o de muitos cristãos.
Mas a autoridade espiritual existe. Pode vir, por exemplo, de um professor — um mestre — que abriu novos caminhos na sua vida. Na velha Grécia, quem chegou perto de Sócrates sentiu a sua mordida salutar. O doce licor da sabedoria.
Ofensiva diplomática - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 08/03
O Brasil vai disputar a presidência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. O candidato será Paulo Vannuchi, ex-ministro dos Direitos Humanos e atual diretor do Instituto Lula. A eleição será em maio. A presidente Dilma está com a comissão atravessada na garganta desde 2011, quando esta recomendou a paralisação das obras da Usina de Belo Monte (PA).
Uma decisão dramática
A presidente Dilma e a cúpula do PMDB estão diante de uma situação delicada para a reforma ministerial que se aproxima. Eles estão sem saber como tratar da substituição do ministro Mendes Ribeiro (Agricultura). A presidente tem relações pessoais com o ministro e ele é bem quisto no partido. Mas existe uma constatação no governo, e no setor produtivo, que Mendes Ribeiro, devido a seus problemas de saúde, não tem condições físicas e emocionais de cumprir as estafantes tarefas de gestão de uma área tão importante. Esta foi a questão mais embaraçosa tratada, na terça-feira, no almoço da presidente Dilma com o vice Michel Termer para tratar da reforma.
“O PMDB já sabe em que palanque estará em 2014. Os outros partidos da aliança, ninguém sabe” Henrique Eduardo Alves Presidente da Câmara (RN), ao defender mais espaço para o partido no Ministério Dilma
Em busca de visibilidade
O marqueteiro baiano Edson Barbosa, o Edinho, foi contratado e já está trabalhando para produzir as inserções nacionais e o programa nacional de TV do PSB que irá ao ar em 25 de abril. O âncora será o governador Eduardo Campos.
Para a plateia
Ao avaliar a votação do veto à Lei dos Royalties, a bancada de deputados do Rio concluiu que, a despeito das posições públicas assumidas pelo governador tucano Geraldo Alckmin (SP), boa parte da bancada de deputados de São Paulo votou pela derrubada do veto. São Paulo tem 70 deputados, mas apenas 40 votaram pela manutenção da lei.
O impasse
O PR não aceita que o senador Blairo Magi (MT) o represente no ministério. A presidente Dilma avalia que o deputado Luciano Castro (RR), nome do partido, não tem perfil para o Transportes. O PR pode ficar com cargos menores na Esplanada.
O palanque duplo. Sim ou não?
O PMDB está cobrando que a presidente Dilma se posicione na eleição para o governo do Rio. O partido diz que não aceita palanque duplo. Sobre isso comentou um dos mais experientes parlamentares do Brasil: “Se a Dilma chegar forte para a eleição vão engolir o palanque duplo. Foi assim, em 1998, com o Fernando Henrique”.
Paranoia
Amigos e aliados do presidente do STF, Joaquim Barbosa, dão a seguinte explicação para sua dificuldade em encontrar quem aceite ser diretor-geral do Supremo: “O ex-ministro José Dirceu estaria tentando infiltrar alguém no cargo”.
Retorno ao palco
O ex-ministro Delfim Netto foi convidado pelo presidente da Comissão de Agricultura do Senado, Benedito de Lira (PP-AL), para debater soluções para a logística da agroindústria, que é hoje o maior gargalo da produção nacional.
APESAR DE TODA MAROLA PETISTA, a presidente Dilma vai manter, na reforma, os dois ministros do PSB: Fernando Bezerra e Leônidas Cristino.
Uma decisão dramática
A presidente Dilma e a cúpula do PMDB estão diante de uma situação delicada para a reforma ministerial que se aproxima. Eles estão sem saber como tratar da substituição do ministro Mendes Ribeiro (Agricultura). A presidente tem relações pessoais com o ministro e ele é bem quisto no partido. Mas existe uma constatação no governo, e no setor produtivo, que Mendes Ribeiro, devido a seus problemas de saúde, não tem condições físicas e emocionais de cumprir as estafantes tarefas de gestão de uma área tão importante. Esta foi a questão mais embaraçosa tratada, na terça-feira, no almoço da presidente Dilma com o vice Michel Termer para tratar da reforma.
“O PMDB já sabe em que palanque estará em 2014. Os outros partidos da aliança, ninguém sabe” Henrique Eduardo Alves Presidente da Câmara (RN), ao defender mais espaço para o partido no Ministério Dilma
Em busca de visibilidade
O marqueteiro baiano Edson Barbosa, o Edinho, foi contratado e já está trabalhando para produzir as inserções nacionais e o programa nacional de TV do PSB que irá ao ar em 25 de abril. O âncora será o governador Eduardo Campos.
Para a plateia
Ao avaliar a votação do veto à Lei dos Royalties, a bancada de deputados do Rio concluiu que, a despeito das posições públicas assumidas pelo governador tucano Geraldo Alckmin (SP), boa parte da bancada de deputados de São Paulo votou pela derrubada do veto. São Paulo tem 70 deputados, mas apenas 40 votaram pela manutenção da lei.
O impasse
O PR não aceita que o senador Blairo Magi (MT) o represente no ministério. A presidente Dilma avalia que o deputado Luciano Castro (RR), nome do partido, não tem perfil para o Transportes. O PR pode ficar com cargos menores na Esplanada.
O palanque duplo. Sim ou não?
O PMDB está cobrando que a presidente Dilma se posicione na eleição para o governo do Rio. O partido diz que não aceita palanque duplo. Sobre isso comentou um dos mais experientes parlamentares do Brasil: “Se a Dilma chegar forte para a eleição vão engolir o palanque duplo. Foi assim, em 1998, com o Fernando Henrique”.
Paranoia
Amigos e aliados do presidente do STF, Joaquim Barbosa, dão a seguinte explicação para sua dificuldade em encontrar quem aceite ser diretor-geral do Supremo: “O ex-ministro José Dirceu estaria tentando infiltrar alguém no cargo”.
Retorno ao palco
O ex-ministro Delfim Netto foi convidado pelo presidente da Comissão de Agricultura do Senado, Benedito de Lira (PP-AL), para debater soluções para a logística da agroindústria, que é hoje o maior gargalo da produção nacional.
APESAR DE TODA MAROLA PETISTA, a presidente Dilma vai manter, na reforma, os dois ministros do PSB: Fernando Bezerra e Leônidas Cristino.
Governo no muro - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 08/03
O Planalto se antecipou ao anunciar ontem que não recorreria ao STF contra a derrubada do veto à redistribuição dos royalties do petróleo porque sabia que sofreria pressões de Sérgio Cabral (PMDB). Aliados do governador do Rio entendem que Dilma Rousseff "lavou as mãos''. Para agravar a insatisfação, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, será obrigado, pela Lei Orgânica da AGU, a defender no Supremo a manutenção da lei, contra a ação dos Estados produtores.
Bipolar Enquanto Dilma terá de justificar e sustentar o veto que foi derrubado, cabe a Adams "promover a defesa de leis e atos normativos impugnados em ações diretas de inconstitucionalidade".
Muy amigo Sérgio Cabral criticou nos bastidores a condução da sessão pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusando-o de desrespeitar o regimento para derrubar o veto.
Incubadora Dilma relatou a Lula conversas que teve com Michel Temer sobre a reforma ministerial e os cenários possíveis para a entrada do PSD e PR no governo. A primeira nomeação pode sair já na semana que vem.
Adubo Dilma e Temer combinaram novo encontro, mas a presidente sinalizou positivamente ao nome de Antônio Andrade (PMDB-MG) para a Agricultura.
Em casa 1 Em fase de reaproximação com Cid Gomes (CE) depois de cotoveladas recentes, Eduardo Campos (PSB-PE) sugeriu que a pauta dos governadores do Nordeste para a reunião do dia 13 no Congresso, sobre pacto federativo, seja definida na véspera, no Palácio da Abolição.
Em casa 2 A Câmara de João Pessoa concedeu, com votos de 17 dos 27 vereadores, título de cidadão pessoense ao governador de Pernambuco. A proposta foi de Renato Martins (PSB), líder da oposição ao prefeito petista Luciano Cartaxo.
Vingança Sem alarde, Renan comandou a aprovação, anteontem, da recondução de Luiz Moreira para o Conselho Nacional do Ministério Público. Ligado a José Genoino, Moreira é desafeto do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que denunciou o presidente do Senado no STF.
Barraco Gilmar Mendes arquivou representação contra Paulo Maluf (PP-SP) por injúria e ameaça. Roberto Vieira Machado registrou boletim de ocorrência dizendo ter sido xingado pelo deputado e ameaçado por seu segurança. O ministro do STF decidiu que houve bate-boca, sem caracterização penal.
Comandante Jaques Wagner acompanhou a comitiva de Dilma e Lula no velório de Hugo Chávez, que esteve cinco vezes na Bahia durante seu mandato. Em Salvador, o venezuelano inaugurou busto de Simon Bolívar.
SOS Assessores de Fernando Haddad se assustaram ontem com ordem de evacuação do prédio onde funcionam seis secretarias no centro paulistano. Havia ameaça de bomba. Varredura da PM descartou explosivos no local, mas reuniões e eventos foram suspensos.
Pós-Copa A Telebrás participará da implantação da internet gratuita sem fio em São Paulo. O modelo desenvolvido pela estatal na cobertura da região do Itaquerão, na zona leste, será usado como referência para a expansão da rede na capital.
Simbólico Com o ex-ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), a UNE promoverá hoje a reunião inaugural da sua Comissão da Verdade, em São Paulo. O primeiro caso apurado será o de Honestino Guimarães, líder estudantil desaparecido em 1972.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"A forma truculenta com que o Congresso avançou nos recursos do Espírito Santo e do Rio revela a gravidade da crise federativa."
DE RENATO CASAGRANDE (PSB), governador do Espírito Santo, sobre a derrubada do veto presidencial sobre a distribuição de royalties de petróleo.
contraponto
Papai sabe (quase) tudo
Juliana Brizola (PDT-RS) estava na casa do ex-deputado Carlos Araújo - ex-marido de Dilma Rousseff - quando cruzou na semana passada com Paula, filha da presidente. Mães de primeira viagem, as duas engataram longo papo. Como a conversa se alongou, Araújo provocou:
-Uma procuradora do trabalho e uma deputada não têm nada mais importante, um assunto mais interessante para falar do que tratar só de filhos?
Paula, então, respondeu:
-Dê seus conselhos políticos para Juliana, mas de mãe você não entende absolutamente nada.
O Planalto se antecipou ao anunciar ontem que não recorreria ao STF contra a derrubada do veto à redistribuição dos royalties do petróleo porque sabia que sofreria pressões de Sérgio Cabral (PMDB). Aliados do governador do Rio entendem que Dilma Rousseff "lavou as mãos''. Para agravar a insatisfação, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, será obrigado, pela Lei Orgânica da AGU, a defender no Supremo a manutenção da lei, contra a ação dos Estados produtores.
Bipolar Enquanto Dilma terá de justificar e sustentar o veto que foi derrubado, cabe a Adams "promover a defesa de leis e atos normativos impugnados em ações diretas de inconstitucionalidade".
Muy amigo Sérgio Cabral criticou nos bastidores a condução da sessão pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusando-o de desrespeitar o regimento para derrubar o veto.
Incubadora Dilma relatou a Lula conversas que teve com Michel Temer sobre a reforma ministerial e os cenários possíveis para a entrada do PSD e PR no governo. A primeira nomeação pode sair já na semana que vem.
Adubo Dilma e Temer combinaram novo encontro, mas a presidente sinalizou positivamente ao nome de Antônio Andrade (PMDB-MG) para a Agricultura.
Em casa 1 Em fase de reaproximação com Cid Gomes (CE) depois de cotoveladas recentes, Eduardo Campos (PSB-PE) sugeriu que a pauta dos governadores do Nordeste para a reunião do dia 13 no Congresso, sobre pacto federativo, seja definida na véspera, no Palácio da Abolição.
Em casa 2 A Câmara de João Pessoa concedeu, com votos de 17 dos 27 vereadores, título de cidadão pessoense ao governador de Pernambuco. A proposta foi de Renato Martins (PSB), líder da oposição ao prefeito petista Luciano Cartaxo.
Vingança Sem alarde, Renan comandou a aprovação, anteontem, da recondução de Luiz Moreira para o Conselho Nacional do Ministério Público. Ligado a José Genoino, Moreira é desafeto do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que denunciou o presidente do Senado no STF.
Barraco Gilmar Mendes arquivou representação contra Paulo Maluf (PP-SP) por injúria e ameaça. Roberto Vieira Machado registrou boletim de ocorrência dizendo ter sido xingado pelo deputado e ameaçado por seu segurança. O ministro do STF decidiu que houve bate-boca, sem caracterização penal.
Comandante Jaques Wagner acompanhou a comitiva de Dilma e Lula no velório de Hugo Chávez, que esteve cinco vezes na Bahia durante seu mandato. Em Salvador, o venezuelano inaugurou busto de Simon Bolívar.
SOS Assessores de Fernando Haddad se assustaram ontem com ordem de evacuação do prédio onde funcionam seis secretarias no centro paulistano. Havia ameaça de bomba. Varredura da PM descartou explosivos no local, mas reuniões e eventos foram suspensos.
Pós-Copa A Telebrás participará da implantação da internet gratuita sem fio em São Paulo. O modelo desenvolvido pela estatal na cobertura da região do Itaquerão, na zona leste, será usado como referência para a expansão da rede na capital.
Simbólico Com o ex-ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), a UNE promoverá hoje a reunião inaugural da sua Comissão da Verdade, em São Paulo. O primeiro caso apurado será o de Honestino Guimarães, líder estudantil desaparecido em 1972.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"A forma truculenta com que o Congresso avançou nos recursos do Espírito Santo e do Rio revela a gravidade da crise federativa."
DE RENATO CASAGRANDE (PSB), governador do Espírito Santo, sobre a derrubada do veto presidencial sobre a distribuição de royalties de petróleo.
contraponto
Papai sabe (quase) tudo
Juliana Brizola (PDT-RS) estava na casa do ex-deputado Carlos Araújo - ex-marido de Dilma Rousseff - quando cruzou na semana passada com Paula, filha da presidente. Mães de primeira viagem, as duas engataram longo papo. Como a conversa se alongou, Araújo provocou:
-Uma procuradora do trabalho e uma deputada não têm nada mais importante, um assunto mais interessante para falar do que tratar só de filhos?
Paula, então, respondeu:
-Dê seus conselhos políticos para Juliana, mas de mãe você não entende absolutamente nada.
Profissão de risco - SONIA RACY
O ESTADÃO - 08/03
Não deve ser nada fácil ser bonita, de aparência frágil e promotora ao mesmo tempo. É o caso de Beatriz Lopes de Oliveira, do Gaeco. No órgão há dois anos, participou de operações como a do caso Aref e também o de Aurélio Miguel. Ela foi convidada pela coluna a falar no Dia Internacional da Mulher. A seguir, trechos da conversa.
Acha que deveria existir também o Dia do Homem?
Sim. Acho muito preconceituoso haver apenas o Dia da Mulher. Eles também merecem.
Você é tratada de maneira diferente por ser mulher?
Olha, melhorou muito nestes meus 11 anos de profissão. Mas, quando entro em uma delegacia, sinto que ainda tenho de provar capacidade. Sei que, um dia, isso vai acabar.
Há momentos em que participa de ações em áreas de risco. Sente medo?
O mesmo medo que os homens sentem. Nada diferente. Encaro o fato e pronto.
Por que escolheu a carreira dentro do Ministério Público?
Pela ideologia. Nunca pensei em exercer a advocacia. Queria defender os direitos da sociedade. Estou feliz por ter escolhido este caminho.
Novo round?
O pastor Marco Feliciano, eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, não é unanimidade nem entre os evangélicos.
A Rede Fale – que representa 39 grupos religiosos – lança empreitada contra a nomeação: abaixo-assinado e carta aberta na internet, além de pedido de audiência pública.
“Ele não representa e não fala em nome de todos os evangélicos. Não pode usar isso como carta na manga”, disse à coluna Caio César Marçal, representante da organização. “Essa luta terá outros rounds”.
Sem fronteiras
Enquanto isso, o bispo Rodovalho, da Igreja Sara Nossa Terra, vai abrir igreja… em Zurique. E mais: bureau de advocacia, também em Zurique, e escritório de coordenação em Lisboa.
Dedos cruzados
Corre por Madri nome brasileiro para o Nobel de Literatura. Ferreira Gullar é a aposta da classe artística.
Sine die
Ao cumprimentar Eduardo Campos, anteontem em Brasília, durante evento, Dilma avisou que adiou, sim, o encontro com o governador por causa de Hugo Chávez.
Mas vai remarcar a conversa.
De casa
Contagem regressiva para a inauguração da Maison Christian Liaigre na Alameda Gabriel Monteiro da Silva. Em parceria com a Atrium, é o primeiro showroom do designer francês na América do Sul.
Por enquanto, a loja recebe convidados “by appointment”.
Em alta
Levou menos de uma hora para que se esgotassem os ingressos para o show de Gilberto Gil no Auditório Ibirapuera – nos dias 15 e 16.
Depois de SP, ele se apresenta no Cairo, Abu Dhabi e Túnis.
Mulherada
A Companhia das Letras reúne livreiras hoje, Dia da Mulher, para lançamento privê de Faça Acontecer– de Sheryl Sandberg, CEO do Facebook. Capa da Time, ela investiga o por quê de tão poucas mulheres líderes no mundo empresarial.
O evento será no restaurante Brasil a Gosto, com participação de Luiza Trajano, autora do prefácio da versão brasileira.
Longo alcance
E mulheres de países emergentes são mais otimistas do que as de países desenvolvidos. Pelo menos quando o assunto é… oportunidades no futuro.
Segundo a Nielsen, 81% das entrevistadas nas nações do Brics acham que suas filhas terão mais estabilidade financeira do que elas tiveram – contra 40% das pesquisadas no Primeiro Mundo.
Longo alcance 2
Outro dado que chama a atenção diz respeito à quitação de dívidas: as emergentes creem que suas descendentes terão 72% de chances de se livrar dos credores. As “desenvolvidas”? Não passam de 31%.
Em nome…
Abaixo-assinado lançado hoje na plataforma Change.org pede às dez maiores marcas de lingerie do Brasil a fabricação de sutiã adaptado para mulheres que fizeram mastectomia – a preço acessível.
…delas
Iniciativa de Vera Golik e Hugo Lenzi, do projeto De Peito Aberto – cuja exposição fotográfica sobre mulheres que venceram o câncer já passou por NY, encerra temporada domingo em Belém e segue pelo interior de SP.
Acha que deveria existir também o Dia do Homem?
Sim. Acho muito preconceituoso haver apenas o Dia da Mulher. Eles também merecem.
Você é tratada de maneira diferente por ser mulher?
Olha, melhorou muito nestes meus 11 anos de profissão. Mas, quando entro em uma delegacia, sinto que ainda tenho de provar capacidade. Sei que, um dia, isso vai acabar.
Há momentos em que participa de ações em áreas de risco. Sente medo?
O mesmo medo que os homens sentem. Nada diferente. Encaro o fato e pronto.
Por que escolheu a carreira dentro do Ministério Público?
Pela ideologia. Nunca pensei em exercer a advocacia. Queria defender os direitos da sociedade. Estou feliz por ter escolhido este caminho.
Novo round?
O pastor Marco Feliciano, eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, não é unanimidade nem entre os evangélicos.
A Rede Fale – que representa 39 grupos religiosos – lança empreitada contra a nomeação: abaixo-assinado e carta aberta na internet, além de pedido de audiência pública.
“Ele não representa e não fala em nome de todos os evangélicos. Não pode usar isso como carta na manga”, disse à coluna Caio César Marçal, representante da organização. “Essa luta terá outros rounds”.
Sem fronteiras
Enquanto isso, o bispo Rodovalho, da Igreja Sara Nossa Terra, vai abrir igreja… em Zurique. E mais: bureau de advocacia, também em Zurique, e escritório de coordenação em Lisboa.
Dedos cruzados
Corre por Madri nome brasileiro para o Nobel de Literatura. Ferreira Gullar é a aposta da classe artística.
Sine die
Ao cumprimentar Eduardo Campos, anteontem em Brasília, durante evento, Dilma avisou que adiou, sim, o encontro com o governador por causa de Hugo Chávez.
Mas vai remarcar a conversa.
De casa
Contagem regressiva para a inauguração da Maison Christian Liaigre na Alameda Gabriel Monteiro da Silva. Em parceria com a Atrium, é o primeiro showroom do designer francês na América do Sul.
Por enquanto, a loja recebe convidados “by appointment”.
Em alta
Levou menos de uma hora para que se esgotassem os ingressos para o show de Gilberto Gil no Auditório Ibirapuera – nos dias 15 e 16.
Depois de SP, ele se apresenta no Cairo, Abu Dhabi e Túnis.
Mulherada
A Companhia das Letras reúne livreiras hoje, Dia da Mulher, para lançamento privê de Faça Acontecer– de Sheryl Sandberg, CEO do Facebook. Capa da Time, ela investiga o por quê de tão poucas mulheres líderes no mundo empresarial.
O evento será no restaurante Brasil a Gosto, com participação de Luiza Trajano, autora do prefácio da versão brasileira.
Longo alcance
E mulheres de países emergentes são mais otimistas do que as de países desenvolvidos. Pelo menos quando o assunto é… oportunidades no futuro.
Segundo a Nielsen, 81% das entrevistadas nas nações do Brics acham que suas filhas terão mais estabilidade financeira do que elas tiveram – contra 40% das pesquisadas no Primeiro Mundo.
Longo alcance 2
Outro dado que chama a atenção diz respeito à quitação de dívidas: as emergentes creem que suas descendentes terão 72% de chances de se livrar dos credores. As “desenvolvidas”? Não passam de 31%.
Em nome…
Abaixo-assinado lançado hoje na plataforma Change.org pede às dez maiores marcas de lingerie do Brasil a fabricação de sutiã adaptado para mulheres que fizeram mastectomia – a preço acessível.
…delas
Iniciativa de Vera Golik e Hugo Lenzi, do projeto De Peito Aberto – cuja exposição fotográfica sobre mulheres que venceram o câncer já passou por NY, encerra temporada domingo em Belém e segue pelo interior de SP.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 08/03
Mulheres presidentes ainda são poucas no país
O grupo de mulheres à frente de grandes companhias brasileiras é restrito.
Além da Graça Foster, da Petrobras, apenas três ocupam a cadeira da presidência quando são consideradas as 64 empresas cujas ações compõem o índice Ibovespa.
Anna Christina Ramos Saicali comanda hoje a B2W (que reúne Americanas.com e Submarino), Dilma Pena, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e Ana Maria Machado Fernandes, o grupo EDP (empresa do setor de energia elétrica).
Em outras companhias, como na Totvs, aparece uma ou outra vice-presidente.
"A maior parcela dos presidentes é proveniente do setor comercial das empresas, área em que há poucas mulheres. Elas costumam ir para administração ou marketing", diz a professora da FGV Denise Delboni.
"A gravidez também afeta. Elas se afastam por um período, enquanto os homens continuam avançando."
Além da presença reduzida nas principais posições, as mulheres que ocupam cargos de alta gerência continuam recebendo menos.
O setor que apresenta maior desigualdade hoje é o de seguros, segundo a Michael Page, empresa de recrutamento corporativo.
"Seguros é uma área tradicionalmente masculina, onde as mulheres foram entrando aos poucos e hoje começam a ocupar cargos gerenciais, mas estão nos de menor importância", diz Sérgio Sabino, responsável pelos estudos da Michael Page no Brasil.
Nesse setor, o sexo feminino ganha apenas 34% do valor dos salários dos homens em cargos gerenciais.
Em seguida, aparece o varejo como segundo pior segmento para as mulheres.
carteira feminina
As mulheres já representam mais da metade das operações de microcrédito, conforme números de algumas instituições bancárias.
Nas operações do Santander, elas são responsáveis por aproximadamente 70% da carteira de clientes da instituição na modalidade.
"Os índices de adimplência da nossa operação, por exemplo, são de cerca de 96,5%, mas o pagamento em dia é ainda melhor quando olhamos só a base de clientes mulheres", afirma Jerônimo Ramos, superintendente do Santander.
No Banco do Brasil, mais de 360 mil mulheres fizeram pequenos empréstimos -o que representa cerca de 60% do total de clientes de microcrédito.
No Itaú, o percentual de de mulheres na carteira de microcrédito é de 62%.
"A intensa participação feminina na carteira reflete o perfil empreendedor que muitas têm", afirma Eduardo Ferreira, superintendente do Itaú Microcrédito.
Igualdade... O número de mulheres no comando de franquias brasileiras é quase igual ao de homens, segundo a consultoria especializada em franchising Rizzo.
...na franquia Dos 133.599 franqueados ativos até o final do ano passado, 51,4% eram homens e 48,6%, mulheres.
48,6% é a proporção de mulheres à frente de franquias no Brasil, segundo a Rizzo
51,4% é a parcela de franquias comandada por homens Óleo... A Petrobras aumentou a contratação de mulheres em 120% nos últimos nove anos. Segundo informação da empresa, o crescimento da admissão de mão de obra masculina foi de 60% no mesmo período.
...e batom De um total de 6.653 gerentes, as mulheres ocupam hoje 1.104 cargos de gerência, aproximadamente 17%.
Mandatárias Além da presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, a companhia petroleira conta também com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, no conselho de administração.
saúde
Mulheres que trabalham fora são menos cuidadosas com a saúde, de acordo com pesquisa feita pela operadora do setor Omint.
O levantamento mostra que 5,5% das trabalhadoras não realizaram mamografia -exame que deve ser feito anualmente- em 2012. Entre as donas de casa, a parcela é de 2,3%.
A diferença é maior no caso de ultrassonografia de mama: 18,6% das mulheres ativas no mercado não se submeteram ao exame. A porcentagem é de 4,5% entre as que trabalham em casa.
O Papa Nicolau foi feito por todas as donas de casa pesquisadas. No outro grupo, 5,7% passaram o ano sem realizá-lo.
"Não é considerado um percentual alto se olharmos para as estatísticas do país. Mas chama a atenção o fato de que se trata de um publico qualificado, com boa formação e acesso a um plano de saúde", afirma Caio Soares, diretor médico da operadora de saúde.
'Nos EUA, menos de 15% dos CEOs são mulheres'
Nem nos Estados Unidos a presença feminina na cúpula das companhias é lá muito animadora.
"Menos de 15% dos CEOs de empresas listadas nos índices americanos de ações Dow Jones e Nasdaq são mulheres", diz Barbara Spar, presidente do Barnard College, da Universidade Columbia, em Nova York.
"Nos conselhos dessas companhias, só 15 ou 16% dos assentos são ocupados por mulheres."
Para a professora, uma mudança significativa desse cenário nos Estados Unidos ainda vai levar "pelo menos uma década."
Na Europa, o panorama é um pouco melhor, segundo Spar. "Alguns países adotaram cotas para garantir a presença feminina nos conselhos das empresas. Mas ainda não chegam a 50%".
"As cotas não são a melhor estratégia para os EUA. Não gostamos de cotas de nada neste país. Não é bom conseguir um cargo apenas porque há cotas."
O avanço virá, diz. "Talvez não tão rápido quanto desejássemos. Aqui nos EUA, a pressão de dentro das empresas e da mídia funcionará mais do que cotas."
Dar autoconfiança às meninas é essencial. "Mas também educá-las para serem líderes, com capacidades necessárias como administração e negociação."
Fundado em 1889, o Barnard College foi uma das primeiras faculdades do mundo a oferecer um currículo focado em liderança exclusivamente para mulheres.
Todo ano, o Barnard realiza simpósios para levantar questões de gênero, em especial as relacionadas ao mercado de trabalho. Os encontros anteriores foram na China, na África do Sul, em Dubai e na Índia.
Em diferentes setores e com velocidade diversa, as mulheres vêm avançando, observa Spar nos seminários realizados pelo mundo.
"Na Índia, por exemplo, os progressos foram mais notados entre mulheres que trabalham no setor financeiro. Na África do Sul, elas foram bem no governo, mas não tanto no setor privado", relata a professora.
Pequenas iniciativas nas empresas, como uma sala para retirada de leite podem ajudar muito, de acordo com a professora.
"Mulher Maravilha: Sexo, Poder e a Busca por Perfeição" é o título provisório de seu próximo livro, que deverá ser lançado em setembro próximo.
O evento deste ano, intitulado "Women Changing Brazil" (Mulheres que Mudam o Brasil) será presidido por Spar, em São Paulo, no próximo dia 18.
"Uma mudança significativa [da participação da mulher no mercado de trabalho] nos EUA ainda vai levar 'pelo menos uma década'"
"Alguns países europeus adotaram cotas para garantir a presença feminina nos conselhos das empresas. Mas as mulheres ainda não chegam a 50%"
Mulheres presidentes ainda são poucas no país
O grupo de mulheres à frente de grandes companhias brasileiras é restrito.
Além da Graça Foster, da Petrobras, apenas três ocupam a cadeira da presidência quando são consideradas as 64 empresas cujas ações compõem o índice Ibovespa.
Anna Christina Ramos Saicali comanda hoje a B2W (que reúne Americanas.com e Submarino), Dilma Pena, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e Ana Maria Machado Fernandes, o grupo EDP (empresa do setor de energia elétrica).
Em outras companhias, como na Totvs, aparece uma ou outra vice-presidente.
"A maior parcela dos presidentes é proveniente do setor comercial das empresas, área em que há poucas mulheres. Elas costumam ir para administração ou marketing", diz a professora da FGV Denise Delboni.
"A gravidez também afeta. Elas se afastam por um período, enquanto os homens continuam avançando."
Além da presença reduzida nas principais posições, as mulheres que ocupam cargos de alta gerência continuam recebendo menos.
O setor que apresenta maior desigualdade hoje é o de seguros, segundo a Michael Page, empresa de recrutamento corporativo.
"Seguros é uma área tradicionalmente masculina, onde as mulheres foram entrando aos poucos e hoje começam a ocupar cargos gerenciais, mas estão nos de menor importância", diz Sérgio Sabino, responsável pelos estudos da Michael Page no Brasil.
Nesse setor, o sexo feminino ganha apenas 34% do valor dos salários dos homens em cargos gerenciais.
Em seguida, aparece o varejo como segundo pior segmento para as mulheres.
carteira feminina
As mulheres já representam mais da metade das operações de microcrédito, conforme números de algumas instituições bancárias.
Nas operações do Santander, elas são responsáveis por aproximadamente 70% da carteira de clientes da instituição na modalidade.
"Os índices de adimplência da nossa operação, por exemplo, são de cerca de 96,5%, mas o pagamento em dia é ainda melhor quando olhamos só a base de clientes mulheres", afirma Jerônimo Ramos, superintendente do Santander.
No Banco do Brasil, mais de 360 mil mulheres fizeram pequenos empréstimos -o que representa cerca de 60% do total de clientes de microcrédito.
No Itaú, o percentual de de mulheres na carteira de microcrédito é de 62%.
"A intensa participação feminina na carteira reflete o perfil empreendedor que muitas têm", afirma Eduardo Ferreira, superintendente do Itaú Microcrédito.
Igualdade... O número de mulheres no comando de franquias brasileiras é quase igual ao de homens, segundo a consultoria especializada em franchising Rizzo.
...na franquia Dos 133.599 franqueados ativos até o final do ano passado, 51,4% eram homens e 48,6%, mulheres.
48,6% é a proporção de mulheres à frente de franquias no Brasil, segundo a Rizzo
51,4% é a parcela de franquias comandada por homens Óleo... A Petrobras aumentou a contratação de mulheres em 120% nos últimos nove anos. Segundo informação da empresa, o crescimento da admissão de mão de obra masculina foi de 60% no mesmo período.
...e batom De um total de 6.653 gerentes, as mulheres ocupam hoje 1.104 cargos de gerência, aproximadamente 17%.
Mandatárias Além da presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, a companhia petroleira conta também com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, no conselho de administração.
saúde
Mulheres que trabalham fora são menos cuidadosas com a saúde, de acordo com pesquisa feita pela operadora do setor Omint.
O levantamento mostra que 5,5% das trabalhadoras não realizaram mamografia -exame que deve ser feito anualmente- em 2012. Entre as donas de casa, a parcela é de 2,3%.
A diferença é maior no caso de ultrassonografia de mama: 18,6% das mulheres ativas no mercado não se submeteram ao exame. A porcentagem é de 4,5% entre as que trabalham em casa.
O Papa Nicolau foi feito por todas as donas de casa pesquisadas. No outro grupo, 5,7% passaram o ano sem realizá-lo.
"Não é considerado um percentual alto se olharmos para as estatísticas do país. Mas chama a atenção o fato de que se trata de um publico qualificado, com boa formação e acesso a um plano de saúde", afirma Caio Soares, diretor médico da operadora de saúde.
'Nos EUA, menos de 15% dos CEOs são mulheres'
Nem nos Estados Unidos a presença feminina na cúpula das companhias é lá muito animadora.
"Menos de 15% dos CEOs de empresas listadas nos índices americanos de ações Dow Jones e Nasdaq são mulheres", diz Barbara Spar, presidente do Barnard College, da Universidade Columbia, em Nova York.
"Nos conselhos dessas companhias, só 15 ou 16% dos assentos são ocupados por mulheres."
Para a professora, uma mudança significativa desse cenário nos Estados Unidos ainda vai levar "pelo menos uma década."
Na Europa, o panorama é um pouco melhor, segundo Spar. "Alguns países adotaram cotas para garantir a presença feminina nos conselhos das empresas. Mas ainda não chegam a 50%".
"As cotas não são a melhor estratégia para os EUA. Não gostamos de cotas de nada neste país. Não é bom conseguir um cargo apenas porque há cotas."
O avanço virá, diz. "Talvez não tão rápido quanto desejássemos. Aqui nos EUA, a pressão de dentro das empresas e da mídia funcionará mais do que cotas."
Dar autoconfiança às meninas é essencial. "Mas também educá-las para serem líderes, com capacidades necessárias como administração e negociação."
Fundado em 1889, o Barnard College foi uma das primeiras faculdades do mundo a oferecer um currículo focado em liderança exclusivamente para mulheres.
Todo ano, o Barnard realiza simpósios para levantar questões de gênero, em especial as relacionadas ao mercado de trabalho. Os encontros anteriores foram na China, na África do Sul, em Dubai e na Índia.
Em diferentes setores e com velocidade diversa, as mulheres vêm avançando, observa Spar nos seminários realizados pelo mundo.
"Na Índia, por exemplo, os progressos foram mais notados entre mulheres que trabalham no setor financeiro. Na África do Sul, elas foram bem no governo, mas não tanto no setor privado", relata a professora.
Pequenas iniciativas nas empresas, como uma sala para retirada de leite podem ajudar muito, de acordo com a professora.
"Mulher Maravilha: Sexo, Poder e a Busca por Perfeição" é o título provisório de seu próximo livro, que deverá ser lançado em setembro próximo.
O evento deste ano, intitulado "Women Changing Brazil" (Mulheres que Mudam o Brasil) será presidido por Spar, em São Paulo, no próximo dia 18.
"Uma mudança significativa [da participação da mulher no mercado de trabalho] nos EUA ainda vai levar 'pelo menos uma década'"
"Alguns países europeus adotaram cotas para garantir a presença feminina nos conselhos das empresas. Mas as mulheres ainda não chegam a 50%"
FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA
O GLOBO - 08/03
BATALHA JURÍDICA CARREGADA DE SÍMBOLOS
Governo do Rio espera que Dilma deixe que Senado promulgue a lei dos royalties. Ato pode ajudar ação no STF
Confirmada a derrota no terreno político, resta aos estados produtores de petróleo e gás (Rio, Espírito Santo e São Paulo) o front judicial. As ações diretas de inconstitucionalidade da lei de repartição dos royalties terão como autores os próprios governadores. É a regra. Mas Ministério Público e partidos com representação no Congresso também podem ir ao STF. Ontem, a inesperada mudança de lado de Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, frustrou os produtores. No início da semana, chegou-se a comentar que a AGU iria ao Supremo junto com os três estados, se os vetos da presidente Dilma fossem derrubados. Afinal, um parecer do próprio Adams embasou os vetos. À coluna o advogado-geral explicou que, por atribuição constitucional, terá de defender no STF o texto impugnado, ou seja, a lei sem os vetos de Dilma. O governo do Rio espera que a presidente deixe passar o prazo de 48 horas, para que a lei seja promulgada pelo Senado. É ato simbólico que pode ajudar no processo no STF. A Presidência será chamada a se pronunciar, por escrito, nos processos. O Congresso, idem. Na tribuna, só os autores da ação e a AGU, explicou um jurista. O mesmo bambambã, que prefere não se identificar, diz que concentraria munição na defesa do cumprimento de contratos em vigor. "É menos polêmica que outras teses. E o Supremo já teve várias posições favoráveis à estabilidade e à segurança jurídicas". Como dizem no Twitter, #Ficaadica.
De preferência
Para expandir a bandeira Elo, o Bradesco está privilegiando a emissão de cartões de débito da marca. No Rio, clientes dizem que lojistas rejeitam o cartão.
A Elo pertence a Bradesco, BB e CEF. Tem 1,3 milhão de comerciantes afiliados.
Em tempo
Correntista que preferir outra bandeira pode escolher, avisa o Bradesco.
Via ‘web’
O Banco do Brasil fechou 900 mil operações de crédito via internet e celular em 2012. Emprestou R$ 3,8 bi.
Quem vem 1
Max Leite, da Intel Brasil, avisou a Gustavo Tutuca, secretário de C&T do Rio, que o estado receberá parte dos R$ 300 milhões que a empresa investirá no país em cinco anos. Quer fazer parceria com universidades.
Quem vem 2
A Scandinavian Bunkering, norueguesa de combustível para embarcações, abre escritório no Rio na 4ª. Será o 3º do mundo: além da sede, está em Cingapura. No ano fiscal 2011-12, girou mais de US$ 2,5 bilhões.
Formação
A Brasil Brokers vai investir R$ 1 milhão na criação de universidade corporativa. O Centro de Excelência Brasil Brokers pretende capacitar mais de 17 mil corretores no país. A Affero é parceira.
Espalhou
Na pesquisa industrial de janeiro do IBGE, 63,3% dos 755 itens investigados tiveram aumento de produção. Foi o maior resultado para o mês desde 2002, sublinha André Macedo, responsável pela PIN-IBGE. O resultado ficou dez pontos percentuais acima da média histórica, de 53%.
Otimistas
Para 29 das 30 finalistas de uma etapa do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, o Brasil dá grandes oportunidades a empreendedores. A pesquisa é da Fundação Nacional de Qualidade. Seis em dez acham que o governo vê as pequenas empresas como prioridade.
40 GRAUS
A Cervejaria Devassalança hoje a campanha Devassa 40°, que comemora seu aniversário de dez anos. A peça será exibida em monitores de prédios comerciais e lojas da rede. Sugere harmonização de chopes artesanais com bebidas destiladas.
A empresa prevê alta de 10% nas vendas de bebidas. A logomarca da ação é criação da Muffa.
FESTA DE INVERNO
A Corporeum põe na rua amanhã a campanha de inverno. Será veiculada em mídia impressa e internet. A modelo Josefina Cisternas posou para o fotógrafo Bruno Ryfer. Na terça, a marca lança a coleção. Terá linha de vestidos de festa em parceria com a estilista Lethicia Brosntein. Espera crescimento de 30% nas vendas sobre o inverno passado.
A grife tem loja em Ipanema e mais de 300 pontos de comercialização no país.
DIA A DIA
Os pequenos detalhes do dia a dia inspiraram a coleção de inverno da Sonho dos Pés, de calçados e acessórios. A estrela da campanha é a modelo Karen Trevisol, fotografada por Daniel Mattar.
As peças da linha “Brilho do cotidiano” chegam hoje às lojas da rede.
A marca espera crescimento de 15% nas vendas sobre a temporada passada. A grife está 120 pontos de venda do país. Tem 65 lojas próprias no Rio e em Juiz de Fora (MG).
GRIFADA
A multi marcas Wish lança coleção outono-inverno na próxima 4ª feira. Terá peças de Levi’s, Triton, Tahari e Insight (foto), entre outras marcas. A modelo búlgara Eleonora Yotsova foi fotografada por Romulo Soares para o catálogo. A loja quer vender 20% mais.
FLORIDA
A grife Alessa apresenta hoje a prévia da coleção do inverno de 2013. Escolheu o Dia Internacional da Mulher para exibir as peças estampadas digitalmente com fotos de orquídeas. Quem estrela o catálogo é a artista visual Kecya Felix. Posou para Elaine Cury, no Jardim Botânico, no Rio. A previsão de aumento nas vendas é de 20%.
Ação afirmativa
A Chevron está destinando R$ 1 milhão a patrocínios culturais relacionados às mulher. No pacote, está o documentário “Margaret Mee”, de Malu de Martino.
Emprego
Cresceu 13,6% o número de funcionárias no Brasil da PSA Peugeot Citroën, desde 2011. São 950, 18% do total. Já a OSX tem 500; em seis meses, quadruplicaram.
Livre Mercado
A Fundação OSB bateu recorde de assinaturas na temporada 2013. Foram 918, contra 327 em 2012. Somadas às renovações, foram vendidas 3.400 assinaturas.
O escritório Barreto Advogados, especializado em óleo e gás, abre filial em Macaé até o fim do mês.
Gilberto Amorim, oncologista, lança hoje “Tudo o que você sempre quis saber sobre o câncer de mama”. É na Travessa do Shopping Leblon.
BATALHA JURÍDICA CARREGADA DE SÍMBOLOS
Governo do Rio espera que Dilma deixe que Senado promulgue a lei dos royalties. Ato pode ajudar ação no STF
Confirmada a derrota no terreno político, resta aos estados produtores de petróleo e gás (Rio, Espírito Santo e São Paulo) o front judicial. As ações diretas de inconstitucionalidade da lei de repartição dos royalties terão como autores os próprios governadores. É a regra. Mas Ministério Público e partidos com representação no Congresso também podem ir ao STF. Ontem, a inesperada mudança de lado de Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, frustrou os produtores. No início da semana, chegou-se a comentar que a AGU iria ao Supremo junto com os três estados, se os vetos da presidente Dilma fossem derrubados. Afinal, um parecer do próprio Adams embasou os vetos. À coluna o advogado-geral explicou que, por atribuição constitucional, terá de defender no STF o texto impugnado, ou seja, a lei sem os vetos de Dilma. O governo do Rio espera que a presidente deixe passar o prazo de 48 horas, para que a lei seja promulgada pelo Senado. É ato simbólico que pode ajudar no processo no STF. A Presidência será chamada a se pronunciar, por escrito, nos processos. O Congresso, idem. Na tribuna, só os autores da ação e a AGU, explicou um jurista. O mesmo bambambã, que prefere não se identificar, diz que concentraria munição na defesa do cumprimento de contratos em vigor. "É menos polêmica que outras teses. E o Supremo já teve várias posições favoráveis à estabilidade e à segurança jurídicas". Como dizem no Twitter, #Ficaadica.
De preferência
Para expandir a bandeira Elo, o Bradesco está privilegiando a emissão de cartões de débito da marca. No Rio, clientes dizem que lojistas rejeitam o cartão.
A Elo pertence a Bradesco, BB e CEF. Tem 1,3 milhão de comerciantes afiliados.
Em tempo
Correntista que preferir outra bandeira pode escolher, avisa o Bradesco.
Via ‘web’
O Banco do Brasil fechou 900 mil operações de crédito via internet e celular em 2012. Emprestou R$ 3,8 bi.
Quem vem 1
Max Leite, da Intel Brasil, avisou a Gustavo Tutuca, secretário de C&T do Rio, que o estado receberá parte dos R$ 300 milhões que a empresa investirá no país em cinco anos. Quer fazer parceria com universidades.
Quem vem 2
A Scandinavian Bunkering, norueguesa de combustível para embarcações, abre escritório no Rio na 4ª. Será o 3º do mundo: além da sede, está em Cingapura. No ano fiscal 2011-12, girou mais de US$ 2,5 bilhões.
Formação
A Brasil Brokers vai investir R$ 1 milhão na criação de universidade corporativa. O Centro de Excelência Brasil Brokers pretende capacitar mais de 17 mil corretores no país. A Affero é parceira.
Espalhou
Na pesquisa industrial de janeiro do IBGE, 63,3% dos 755 itens investigados tiveram aumento de produção. Foi o maior resultado para o mês desde 2002, sublinha André Macedo, responsável pela PIN-IBGE. O resultado ficou dez pontos percentuais acima da média histórica, de 53%.
Otimistas
Para 29 das 30 finalistas de uma etapa do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, o Brasil dá grandes oportunidades a empreendedores. A pesquisa é da Fundação Nacional de Qualidade. Seis em dez acham que o governo vê as pequenas empresas como prioridade.
40 GRAUS
A Cervejaria Devassalança hoje a campanha Devassa 40°, que comemora seu aniversário de dez anos. A peça será exibida em monitores de prédios comerciais e lojas da rede. Sugere harmonização de chopes artesanais com bebidas destiladas.
A empresa prevê alta de 10% nas vendas de bebidas. A logomarca da ação é criação da Muffa.
FESTA DE INVERNO
A Corporeum põe na rua amanhã a campanha de inverno. Será veiculada em mídia impressa e internet. A modelo Josefina Cisternas posou para o fotógrafo Bruno Ryfer. Na terça, a marca lança a coleção. Terá linha de vestidos de festa em parceria com a estilista Lethicia Brosntein. Espera crescimento de 30% nas vendas sobre o inverno passado.
A grife tem loja em Ipanema e mais de 300 pontos de comercialização no país.
DIA A DIA
Os pequenos detalhes do dia a dia inspiraram a coleção de inverno da Sonho dos Pés, de calçados e acessórios. A estrela da campanha é a modelo Karen Trevisol, fotografada por Daniel Mattar.
As peças da linha “Brilho do cotidiano” chegam hoje às lojas da rede.
A marca espera crescimento de 15% nas vendas sobre a temporada passada. A grife está 120 pontos de venda do país. Tem 65 lojas próprias no Rio e em Juiz de Fora (MG).
GRIFADA
A multi marcas Wish lança coleção outono-inverno na próxima 4ª feira. Terá peças de Levi’s, Triton, Tahari e Insight (foto), entre outras marcas. A modelo búlgara Eleonora Yotsova foi fotografada por Romulo Soares para o catálogo. A loja quer vender 20% mais.
FLORIDA
A grife Alessa apresenta hoje a prévia da coleção do inverno de 2013. Escolheu o Dia Internacional da Mulher para exibir as peças estampadas digitalmente com fotos de orquídeas. Quem estrela o catálogo é a artista visual Kecya Felix. Posou para Elaine Cury, no Jardim Botânico, no Rio. A previsão de aumento nas vendas é de 20%.
Ação afirmativa
A Chevron está destinando R$ 1 milhão a patrocínios culturais relacionados às mulher. No pacote, está o documentário “Margaret Mee”, de Malu de Martino.
Emprego
Cresceu 13,6% o número de funcionárias no Brasil da PSA Peugeot Citroën, desde 2011. São 950, 18% do total. Já a OSX tem 500; em seis meses, quadruplicaram.
Livre Mercado
A Fundação OSB bateu recorde de assinaturas na temporada 2013. Foram 918, contra 327 em 2012. Somadas às renovações, foram vendidas 3.400 assinaturas.
O escritório Barreto Advogados, especializado em óleo e gás, abre filial em Macaé até o fim do mês.
Gilberto Amorim, oncologista, lança hoje “Tudo o que você sempre quis saber sobre o câncer de mama”. É na Travessa do Shopping Leblon.
Uma garota, um iPad e o vírus HIV - RASHEED ABOUALSAMH
O GLOBO - 08/03
Jidá, a mais liberal cidade saudita, responde por 15% de todos os casos de Aids no país
Uma garota de 12 anos, um iPad e uma transfusão de sangue contaminado com o vírus HIV foram os ingredientes para o mais recente escândalo a sacudir a Arábia Saudita. A menina em questão, Reham al-Hakami, sofre de anemia falciforme, fazendo transfusões de sangue necessárias para controlar a doença dela. No mês passado ela ficou internada num hospital público na cidade dela de Jizan, e foi ali que ela recebeu a dose de sangue contaminado depois de não ser triado corretamente. Horas depois de Reham voltar para casa após a transfusão, os médicos do hospital se deram conta do erro e foram para a casa dela informar aos pais o que tinha acontecido. O Ministério da Saúde rapidamente tomou providências, transferindo a garota para o melhor hospital na capital, Riad, onde ele começou a ser tratada com medicação antiviral. Vários médicos e técnicos de laboratório responsáveis no hospital de Jizan foram demitidos e tiveram suas licenças cassadas.
Dias depois de Reham chegar a Riad, o ministro da Saúde, Abdullah al-Rabiah, visitou-a no hospital e deu um iPad novo para ela como presente, carregado de jogos e de gravações do Alcorão sagrado. Assim que a noticia foi divulgada, uma verdadeira enxurrada de críticas tomou conta do Twitter, com muitos sauditas clamando para o ministro renunciar. “Oi, desculpe pelo que aconteceu, então toma esse iPad e baixe uns aplicativos enquanto você espera morrer”, foi tuitado por vários usuários, chocados com a atitude do ministro. Daoud al-Sharian, um famoso apresentador de televisão, pediu que o ministro se demita. “Eu esperava que pelo menos somente dessa vez um ministro ia pedir demissão por causa dos erros do ministério dele”, disse Sharian no programa de TV que tinha o pai e um tio de Reham como seus convidados.
O ministro al-Rabiah reagiu dizendo que ele fez o que qualquer pai faria visitando uma filha no hospital: “Eu não podia chegar de mãos vazias e meus assessores tinham me dito que ela queria escutar o Alcorão, então pensei em trazer o iPad para ela.”
A família de Reham agora entrou com uma ação judicial contra as autoridades de saúde, pedindo uma indenização de US$ 13 milhões. Reham agora virou a garota-propaganda para os portadores do vírus HIV no reino conservador, onde homens muçulmanos podem casar com até quatro mulheres de uma vez — e onde camisinhas são vendidas abertamente nos balcões de farmácias —, mas onde ter e falar de uma vida sexual ativa não é permitido nem considerado de bom-tom.
A Aids e o vírus HIV já formam motivos de muita vergonha numa sociedade onde o sexo antes do casamento é proibido, e onde a homossexualidade é ilegal e pode ser punida com chibatadas e prisão. Mas o governo saudita se deu conta finalmente nos anos 1990 que não podia ignorar a doença, e que, queira ou não, sauditas e estrangeiros morando no país estavam tendo sexo de maneiras diferentes, e às vezes se infecionando com o vírus. Isso não quer dizer, de jeito nenhum, que os sauditas adotaram programas de conscientização como aqui no Brasil, onde o governo exorta ao uso de camisinhas. Mas hoje em dia qualquer saudita que se vê infecionado com o vírus HIV recebe tratamento de graça do governo. Os estrangeiros que ficam infeccionados têm menos sorte: são isolados em clínicas especiais e recebam somente remédios tópicos para tratar dos sintomas de dor e febre, e não a causa. Eles geralmente são deportados para o país de origem. Oficiais têm defendido essa posição dizendo que os cuidados médicos de longa duração são responsabilidade dos países de origem dos estrangeiros, que vão a trabalho no reino como convidados com contratos de dois anos, e assim não são tratados como imigrantes.
O governo saudita relatou 10.000 mil casos de HIV/Aids desde 1986, dos quais 23% foram de sauditas. A cidade de Jidá, a mais liberal do país, responde por 15% de todos os casos. O Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas estima que 78,4% das vítimas sauditas contraíram a doença via relações sexuais, e que 21,6% das vitimas foram infectados durante transfusões de sangue contaminado ou no compartilhamento de seringas. Quase 80% das vítimas estão na faixa etária dos 15 aos 49 anos.
Muitas mulheres sauditas são infectadas pelos maridos, que levam o HIV para casa depois de viajar para Beirute e Bangcoc e visitar prostitutas por lá. O marido saudita de uma ex-colega minha ficou doente assim com o vírus, e ela somente ficou sabendo depois que uma enfermeira sentiu pena dela e contou. O meu próprio faxineiro, que fazia bicos limpando meu apartamento e os de outros em Jidá, mas que trabalhava em uma fábrica de alimentos, frequentava as prostitutas baratas e contraiu a doença. O fato de ele ser soropositivo foi descoberto durante um exame de sangue de rotina, e ele foi detido numa clínica para pessoas como ele. Depois de várias semanas, foi deportado para Bangladesh, de onde me ligou para contar sua triste historia. Ele me disse que não tinha dinheiro para comprar os medicamentos, e eu pensei que o governo do país também tampouco tinha capacidade de fazer isso. Eu mandei um dinheiro para ele, mas sabia que não ia durar muito tempo.
Nessa luta global contra a Aids, governos deviam se dar conta que é impossível vigiar e controlar a vida sexual dos seus cidadãos. O que pode ser feito é falar sobre a doença e como ela é transmitida; ensinar meios de evitar a contaminação — cujo método principal tem sido o uso de camisinhas — e combater a discriminação contra pessoas portadoras da doença. Governos no mundo árabe, inclusive o saudita, se dariam muito bem se seguissem esses pontos. Com mais de meio milhão de pessoas vivendo com o vírus do HIV no mundo árabe, ignorar a presença do vírus não é uma estratégia boa para enfrentar uma das mais desconcertantes doenças que a humanidade já viu.
Jidá, a mais liberal cidade saudita, responde por 15% de todos os casos de Aids no país
Uma garota de 12 anos, um iPad e uma transfusão de sangue contaminado com o vírus HIV foram os ingredientes para o mais recente escândalo a sacudir a Arábia Saudita. A menina em questão, Reham al-Hakami, sofre de anemia falciforme, fazendo transfusões de sangue necessárias para controlar a doença dela. No mês passado ela ficou internada num hospital público na cidade dela de Jizan, e foi ali que ela recebeu a dose de sangue contaminado depois de não ser triado corretamente. Horas depois de Reham voltar para casa após a transfusão, os médicos do hospital se deram conta do erro e foram para a casa dela informar aos pais o que tinha acontecido. O Ministério da Saúde rapidamente tomou providências, transferindo a garota para o melhor hospital na capital, Riad, onde ele começou a ser tratada com medicação antiviral. Vários médicos e técnicos de laboratório responsáveis no hospital de Jizan foram demitidos e tiveram suas licenças cassadas.
Dias depois de Reham chegar a Riad, o ministro da Saúde, Abdullah al-Rabiah, visitou-a no hospital e deu um iPad novo para ela como presente, carregado de jogos e de gravações do Alcorão sagrado. Assim que a noticia foi divulgada, uma verdadeira enxurrada de críticas tomou conta do Twitter, com muitos sauditas clamando para o ministro renunciar. “Oi, desculpe pelo que aconteceu, então toma esse iPad e baixe uns aplicativos enquanto você espera morrer”, foi tuitado por vários usuários, chocados com a atitude do ministro. Daoud al-Sharian, um famoso apresentador de televisão, pediu que o ministro se demita. “Eu esperava que pelo menos somente dessa vez um ministro ia pedir demissão por causa dos erros do ministério dele”, disse Sharian no programa de TV que tinha o pai e um tio de Reham como seus convidados.
O ministro al-Rabiah reagiu dizendo que ele fez o que qualquer pai faria visitando uma filha no hospital: “Eu não podia chegar de mãos vazias e meus assessores tinham me dito que ela queria escutar o Alcorão, então pensei em trazer o iPad para ela.”
A família de Reham agora entrou com uma ação judicial contra as autoridades de saúde, pedindo uma indenização de US$ 13 milhões. Reham agora virou a garota-propaganda para os portadores do vírus HIV no reino conservador, onde homens muçulmanos podem casar com até quatro mulheres de uma vez — e onde camisinhas são vendidas abertamente nos balcões de farmácias —, mas onde ter e falar de uma vida sexual ativa não é permitido nem considerado de bom-tom.
A Aids e o vírus HIV já formam motivos de muita vergonha numa sociedade onde o sexo antes do casamento é proibido, e onde a homossexualidade é ilegal e pode ser punida com chibatadas e prisão. Mas o governo saudita se deu conta finalmente nos anos 1990 que não podia ignorar a doença, e que, queira ou não, sauditas e estrangeiros morando no país estavam tendo sexo de maneiras diferentes, e às vezes se infecionando com o vírus. Isso não quer dizer, de jeito nenhum, que os sauditas adotaram programas de conscientização como aqui no Brasil, onde o governo exorta ao uso de camisinhas. Mas hoje em dia qualquer saudita que se vê infecionado com o vírus HIV recebe tratamento de graça do governo. Os estrangeiros que ficam infeccionados têm menos sorte: são isolados em clínicas especiais e recebam somente remédios tópicos para tratar dos sintomas de dor e febre, e não a causa. Eles geralmente são deportados para o país de origem. Oficiais têm defendido essa posição dizendo que os cuidados médicos de longa duração são responsabilidade dos países de origem dos estrangeiros, que vão a trabalho no reino como convidados com contratos de dois anos, e assim não são tratados como imigrantes.
O governo saudita relatou 10.000 mil casos de HIV/Aids desde 1986, dos quais 23% foram de sauditas. A cidade de Jidá, a mais liberal do país, responde por 15% de todos os casos. O Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas estima que 78,4% das vítimas sauditas contraíram a doença via relações sexuais, e que 21,6% das vitimas foram infectados durante transfusões de sangue contaminado ou no compartilhamento de seringas. Quase 80% das vítimas estão na faixa etária dos 15 aos 49 anos.
Muitas mulheres sauditas são infectadas pelos maridos, que levam o HIV para casa depois de viajar para Beirute e Bangcoc e visitar prostitutas por lá. O marido saudita de uma ex-colega minha ficou doente assim com o vírus, e ela somente ficou sabendo depois que uma enfermeira sentiu pena dela e contou. O meu próprio faxineiro, que fazia bicos limpando meu apartamento e os de outros em Jidá, mas que trabalhava em uma fábrica de alimentos, frequentava as prostitutas baratas e contraiu a doença. O fato de ele ser soropositivo foi descoberto durante um exame de sangue de rotina, e ele foi detido numa clínica para pessoas como ele. Depois de várias semanas, foi deportado para Bangladesh, de onde me ligou para contar sua triste historia. Ele me disse que não tinha dinheiro para comprar os medicamentos, e eu pensei que o governo do país também tampouco tinha capacidade de fazer isso. Eu mandei um dinheiro para ele, mas sabia que não ia durar muito tempo.
Nessa luta global contra a Aids, governos deviam se dar conta que é impossível vigiar e controlar a vida sexual dos seus cidadãos. O que pode ser feito é falar sobre a doença e como ela é transmitida; ensinar meios de evitar a contaminação — cujo método principal tem sido o uso de camisinhas — e combater a discriminação contra pessoas portadoras da doença. Governos no mundo árabe, inclusive o saudita, se dariam muito bem se seguissem esses pontos. Com mais de meio milhão de pessoas vivendo com o vírus do HIV no mundo árabe, ignorar a presença do vírus não é uma estratégia boa para enfrentar uma das mais desconcertantes doenças que a humanidade já viu.
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