Há consenso entre gregos e troianos de que, doravante, a expansão dos investimentos é condição indispensável para a economia brasileira crescer de forma continuada e sustentável. De fato, as medidas fiscais e monetárias - redução dos juros, desoneração tributária de produtos industriais e expansão do crédito - adotadas pelo atual governo não lograram expandir o consumo e, por via de consequência, os investimentos na produção. O resultado foi o pálido crescimento econômico de 0,9 %, em 2012, segundo o IBGE.
Enquanto o investimento não acontece e a economia não cresce, a inflação se expande ameaçando atingir ou mesmo ultrapassar o topo da meta de 6,5% estabelecida pelo Banco Central, o que irá obrigar as autoridades monetárias a adotar medidas de contenção da demanda agregada, reduzindo ainda mais as expectativas de crescimento, com consequências negativas sobre a geração de empregos, que já vem perdendo o dinamismo, pois foram criados apenas 28,9 mil postos de trabalho com carteira assinada em janeiro, contra 118,9 mil no mesmo período de 2012, portanto uma queda de 75,7%. Foi o pior desempenho desde 1992.
Essa combinação perversa de baixo crescimento, inflação em alta e queda no nível de emprego é realmente preocupante, até mesmo assustadora, considerando-se os irrisórios resultados das medidas adotadas, em especial, a vertical redução dos juros e a desoneração tributária sem que isso tenha se refletido no aumento do consumo. E, se não há ampliação do consumo, também não haverá alargamento da produção. Essa equação de resultado próximo a zero parece refletir o temporário esgotamento do modelo de crescimento baseado no consumo das famílias em razão do elevado endividamento resultante da expansão do crédito.
Cabe, então, ao investimento autônomo, aquele relacionado com as grandes obras de infraestrutura, alavancar as atividades econômicas em curto prazo e dotar o país do capital social básico indispensável para a redução do custo Brasil e para o crescimento no longo prazo. Tarefa esta que, historicamente, sempre foi do poder público. Como a situação do governo, em matéria de gestão, não é das melhores, haja vista os atrasos nas obras do PAC, restam as concessões à iniciativa privada. Isso, sem as limitações excessivas das taxas de retorno, capazes de inviabilizar os empreendimentos e afugentar as empresas dos leilões. Espera-se que o governo cumpra melhor seu papel de indutor do desenvolvimento e intervenha menos na economia a fim de criar um clima de confiança propício aos investimentos.
Se aproxima do fim o ciclo, aliás bem-sucedido, de distribuição de renda dos últimos anos, corolário das importantes reformas econômicas realizadas na segunda metade dos anos 90. Para o Brasil ingressar num novo ciclo virtuoso de desenvolvimento sustentável e de distribuição de renda urge a realização de reformas estruturais, que, lamentavelmente, vêm sendo proteladas.
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