quinta-feira, outubro 09, 2014

NORDESTE - RIO GRANDE DO NORTE - AÉCIO 45

NORDESTE - RIO GRANDE DO NORTE - AÉCIO 45

Movimento realizado nesta quinta-feira(9) mobilizou estudantes de medicina da maior universidade do Rio Grande do Norte, e chamou a atenção pelo volume de defensores do candidato à Presidência pelo PSDB.Fotos: Cesimar Nascimento





Unidos pelo repúdio - FERNÃO LARA MESQUITA

O ESTADO DE S.PAULO - 09/10

O divisor de águas, afinal, é "social" ou é ético? Ha duas maneiras de ler o resultado do primeiro turno.

O que nos disse esse PT que dispensa a contribuição dos fatos para compor sua versão da realidade com o bombardeio de "reclames" do gênero daqueles em que os pratos de comida de uns se esvaziavam na proporção em que os dos outros se enchiam é que não apenas faz sentido que a "Bélgica" vote maciçamente em Aécio e a "Índia" vote maciçamente em Dilma - tanto mais quanto mais para baixo estiver o eleitor no IDH -, como que não há outro caminho nesta nossa "Belíndia", onde, por definição, o bolo não cresce e cada um só pode aumentar seu quinhão à custa do dos demais, senão uma submeter a outra, pela força se houver resistência.

A mesma receita que o partido reconfirma com sua política de alinhamento automático com todas as ditaduras que cavalgam essa mesma falácia na arena internacional.

Mas esta eleição provou que, se existe um país manipulável porque vive na insegurança econômica extrema e tem prioridades mais urgentes que distinguir a verdade da mentira ou pensar além da sobrevivência até amanhã, convive com ele outro que, por cima dos matizes ideológicos em que se divide internamente, pode olhar para mais adiante e responde com avalanches de indignação às que lhe têm sido atiradas desaforadamente à cara, como confirma o contingente antipetista que chegou às urnas maior do que partiu.

Por que a relação desse Brasil com o PT que sobrou (depois da debandada da esquerda honesta) se vai tornando tão radicalmente insuperável? Porque, sendo esse PT essencialmente um produto desse mesmo Brasil com mais capacidade de discernimento, não poderá jamais convencê-lo de que não está mentindo a cada vez que mentir.

Para atrair o Brasil que vive da assistência à miséria, à margem da economia real, e continuar acenando-lhe com "uma melhora geral da economia" e uma "redução da desigualdade" que o IBGE não confirma o PT que sobrou terá de continuar mentindo, e cada vez mais à medida que suas mentiras forem piorando o ambiente econômico e empurrando os indicadores mais para baixo. E quanto mais mentir, maior será a indignação que colherá no Brasil que não só não engole suas mentiras, como, principalmente, se sente cada vez mais ameaçado pela temerária realimentação do ódio de classes para os quais elas inevitavelmente nos empurram.

O resultado que as urnas de domingo colheram reflete um movimento de autopreservação desse Brasil que, tudo indica, ainda não se completou. Pois, ao assumir a mentira como linha mestra de sua campanha, o PT que sobrou não está apenas confessando falido o "projeto" com que tenta vender-se ao outro, está declarando guerra ao Brasil com discernimento, posto que esse caminho não tem volta: ou o País inteiro regride ao estágio de que ainda não conseguiram sair os grotões - como foi feito nas ditaduras que o PT nos aponta como exemplos e se trata de fazer nos rebentos "bolivarianos" que nos cercam, calando a imprensa (e até o IBGE) e substituindo os debates legislativos dos representantes eleitos pelo povo pelos decretos das Organizações Não Governamentais Organizadas pelo Governo (ONGOGs), ditas "movimentos sociais", conforme prescrito no Decreto 8.243, baixado pela "presidenta" - ou confina esse PT ao nicho reservado aos dinossauros políticos que, em todo o resto do planeta, foram à extinção no ano 89 do século passado.

É isso que tem mantido unidas a esquerda e a não esquerda honestas e democráticas que, somadas, ainda são maioria na sociedade brasileira.

É normal e saudável que haja divergências a respeito do que se deseja para o País e que isso mude, na visão dos mesmos grupos, em diferentes momentos da conjuntura nacional e internacional. Mas até para que isso possa continuar sendo assim tem de haver uma concordância de todos a respeito do que não se deseja para o País, qualquer que seja a circunstância. E esse limite é o da preservação da democracia representativa (de todos os brasileiros, não só de alguns).

É sobre esse ponto que mostram estar de acordo os brasileiros todos que votaram sob o signo do antipetismo e, felizmente, tanto Aécio Neves quanto Marina Silva parecem ter entendido perfeitamente que é disso que se trata.

A "polarização entre PT e PSDB" em que insistia Marina é um falso problema. Ela existe no mundo inteiro, sob siglas variadas, com a diferença de que, quanto mais alto o IDH, os extremos entre as partes em disputa se vão aproximando do centro e a alternância no poder entre elas se vai tornando menos turbulenta. Aqui mesmo já estiveram muito menos afastados um do outro do que a distância para a qual voltaram a ser empurrados pelo sistemático processo de subversão de significados que o PT que sobrou conseguiu instalar nas escolas e universidades brasileiras, estas que vão despencando em queda livre pelos rankings internacionais de qualidade em função dessa violência.

O próprio Lula entendeu em 2002 que para eleger-se teria de comprometer-se com a democracia e com o modelo econômico civilizado, por acaso implantado no Brasil pós-Sarney pelo PSDB. A grande "novidade" que Marina Silva prometia, para além do repúdio moral à mentira generalizada como modelo político, era recolocá-lo no lugar de onde foi expulso pelo voluntarismo arrogante e mal articulado de Dilma Vana Rousseff.

Tudo o mais - as dosagens de assistência aos necessitados, desde que com os indispensáveis dispositivos de saída obrigatórios como provas de boa-fé para diferenciá-los das execráveis operações de compra de votos e exploração da miséria dessa "política" de fato "velha" aliada ao PT que sobrou -, como tem dito Aécio e como tem dito Marina, se mantém ou até se expande, se for o caso. O Brasil pode tranquilamente arcar com isso. Com o que não pode mais arcar, por um minuto que seja, é com o resto do pacote de aparelhamento do Estado e compra de poder à custa do futuro do Brasil do PT que sobrou e da legião dos indecorosos bilionários vendedores de "governabilidade" abraçado à qual ele tem a caradura de nos falar em "mudança".


Troquem pelo tomate - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 09/10

A inflação está espalhada, é persistente e o governo não encontra nada melhor que um tomate para combatê-la



Um bom azeite, cebola, um tantinho de sal — é o que basta para cozinhar muita coisa boa, inclusive um bom bife. Mas a cebola está cara, subiu muito durante o ano, e a carne bovina mais ainda. Qual o problema? Troquem por tomate, recomenda o secretário de Política Econômica da Fazenda, Márcio Holland.

Não deve ser bom cozinheiro. Churrasco sem carne bovina não vale, mas, vá lá, o combo coxa/asa de frango quebra o galho em dias de orçamento apertado. Tudo bem com o tomate, mas só neste momento. O produto não é confiável a médio prazo, pois o preço costuma ter altas espetaculares a qualquer problema climático. Pode-se tentar a batata, também baratinha por ora.

Agora, sem cebola não dá. Alguns sugerem o alho, erradamente. O alho vai bem com a cebola, não em vez dela. Além disso, o alho também não é confiável. Sabiam que o maior produtor mundial é a China? Pois então, quando a safra chinesa é boa, o preço cai por aqui, por causa da importação. Quando dá algum problema por lá, como aconteceu no início deste ano, o preço local dispara. Além disso, o governo brasileiro não acha errado tocar imposto no alho chinês, tornando-o mais caro, para ajudar os produtores locais.

Pois é, não tem jeito. Solta daqui, aperta dali. E quando esse tipo de conversa é colocado por uma autoridade como o secretário de Política Econômica, encarregado de definir as grandes linhas, é sinal de que a inflação está espalhada, é persistente e o governo não encontra nada melhor que um tomate para combatê-la.

Cozinheiros e consumidores têm até o direito de se sentirem ofendidos. Não fazem outra coisa senão procurar as alternativas mais em conta. Macarrão caro? Vamos de batata. A carne pelo frango, o frango pelo peixe, o feijão pela mandioca e assim se toca o orçamento doméstico. Não precisa o secretário explicar. O ambiente fica desconfortável, como agora, quando a alta de preços é muito espalhada, o que estreita as margens de escape.

Tudo considerado, isso quer dizer o seguinte: o governo não sabe o que fazer para derrubar a inflação. Também parece que não sabe muito bem a causa. Já disse que era só uma inflação de alimentos. Só comida?

Depois disse que estava todo mundo enganado. Na verdade, sustentavam a presidente Dilma, o ministro Mantega e o secretário Holland, não havia inflação, pois o índice oficial de preços, o IPCA, estava dentro da meta. A presidente chegou a dizer, em debates do primeiro turno, que a inflação era zero. Zero! Baseava-se no índice de um único mês, que todo mundo sabia ser um acontecimento único.

Nem era zero, nem estava na meta. Esta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4,5% no ano, com margem de tolerância de dois pontos. Logo, 6,5% é o teto tolerado para situações excepcionais — e não por quatro anos seguidos. Muito azar, não é mesmo?

Depois, quando a inflação estourou mesmo os 6,5%, como agora... ora, por que não comem tomate?

Repararam na sequência? É só alimentos; está na meta; não comam carne bovina. Neste momento, portanto, eis o que sugere o secretário, o índice só furou o teto porque a população não sabe fazer compras.

Será que eles acreditam nisso ou seria mais uma dessas “coisas de campanha”? É difícil para a presidente que busca a reeleição admitir que tem inflação. Mas, se ela sustenta que sua política econômica está correta, então deveria ter como explicar o fenômeno. Às vezes, problemas ocorrem mesmo quando se aplica a política conveniente. E o segundo turno poderia ser um momento adequado para se explicar isso.

Poderia.

No lado da oposição, se Aécio diz que a inflação alta é culpa do governo, então precisa informar como pretende combatê-la, com quais instrumentos (juros? Corte de gastos públicos?) e em qual prazo pode alcançar a meta.

Digamos que no debate preliminar — tem ou não tem inflação — a oposição leva. Na fase seguinte, o governo sai com essa do tomate. A oposição não pode simplesmente dizer que a cebola é insubstituível.

PIADA

Sugerida por uma ouvinte da CBN, a Tatiana. Qual o eufemismo petista para privatização? Concessão.

E o tucano para racionamento de água? Administração de recursos hídricos.

O dia depois - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 09/10

Votamos exatamente por isso: para confirmar nossa fé no poder de os indivíduos modificarem o mundo


1) Em dia de eleições, quer eu vote ou não, gosto de visitar os locais de votação. Quando tem polícia ou civilidade suficientes (e, portanto, ninguém tenta convencer ninguém, na última hora, à força de santinhos e bandeiras), o clima é festivo e calmo.

As famílias chegam juntas e, às vezes, endomingadas. Parece haver uma vontade de mostrar para as crianças o que é votar.

O clima é diferente do da missa de domingo ou de qualquer outra cerimônia religiosa --entre as cerimônias religiosas, incluo os comícios e todas as manifestações coletivas em que a massa venera, adora e louva um candidato, uma bandeira, um santo ou um santinho.

Votar talvez seja um rito e uma espécie de ato de fé. Mas o momento crucial desse rito não é coletivo --ao contrário, ele é estritamente reservado ao indivíduo. Rito de qual culto, então? E ato de fé em quê?

Pois é, ninguém (salvo ilusões e delírios) acredita que, depositando nosso voto na urna, a gente possa mudar o mundo. Mas, paradoxalmente, votamos exatamente por isso: para confirmar nossa fé no poder de os indivíduos modificarem o mundo.

Alguns dizem que votar é uma palhaçada ou, no mínimo, um fazer de conta desprezível. Outros acham que, ao contrário, é pelo voto que as vontades individuais acabam contando, porque elas se juntam e se transformam em vontades coletivas, as quais, por serem coletivas, pesariam mais e teriam o poder de mudar o mundo.

Invejo esse otimismo. Mas tendo a pensar que as vontades individuais nunca se somam e nunca produzem vontades coletivas. As vontades coletivas são entidades que nascem por conta própria e, em geral, pedem para os indivíduos desistirem do que eles desejam para serem "aceitos" numa coletividade.

Enfim, sem otimismo e sem pessimismo excessivo, prefiro pensar que votar (mesmo que não mude nada ou quase) seja uma espécie de condição sem a qual uma democracia é impraticável. Explico.

Para organizar nossa vida numa democracia, é preciso acreditar na possibilidade de o indivíduo expressar sua vontade e ser ouvido (que isso aconteça ou não, tanto faz). Votar é a expressão de uma fé necessária, um jeito de lembrar que, apesar de vivermos em sociedade, não renunciamos totalmente à nossa vontade individual.

2) Quase sempre, em dia de eleições, passo a noite esperando os resultados. Hoje, no Brasil, com as urnas eletrônicas, às 21h já se sabe quase tudo. É maravilhoso, mas sinto falta do suspense dos números parciais e de sua dolorosa interpretação noite adentro.

Hoje, quase sempre, durmo já sabendo quem ganhou ou, no caso, quem vai para o segundo turno.

3) Seja como for, que se trate do primeiro ou do segundo turno, o dia depois das eleições, para mim, sempre foi uma espécie de decepção --claro, maior no caso do segundo turno.

Acordo, tomo café e saio de casa para trabalhar --tudo normal. Não imagino que o mundo tenha mudado no meio da noite por causa do voto do dia anterior. Se houver mudanças, sei que elas levarão tempo: é necessário esperar o segundo turno e que os novos eleitos assumam. Isso, sem contar que as mudanças são lentas e progressivas, e pouco importa que os eleitos sejam proativos ou revolucionários.

Mesmo assim, no dia depois, saio de casa e olho ao redor de mim com uma certa surpresa. Tivemos eleições, mas tudo está igual a ontem, ou pior, igual a sexta passada, pois ontem era um pouco diferente, por ser domingo e, ainda por cima, domingo de eleições. As pessoas estão indo para o trabalho ou já estão aos seus postos. Tudo como sempre.

Mas o que eu estava esperando? O desespero de quem acha que perdeu? A festa descontrolada de quem acha que ganhou? Não, nada disso.

O quê, então?

Não sei, mas a sensação de que nada mudou, a sensação de que nasceu um dia igual a qualquer dia da semana passada, como num feitiço eleitoral do tempo, acaba me entristecendo.

Houve algumas eleições, ao longo da minha vida, em que, na manhã do dia depois, parecia que houvesse algo diferente no ar, como se o mundo não fosse nem pudesse mais ser o mesmo.

Lembro-me de duas: a eleição de Mitterand em 1981 e a eleição de Obama em 2008. Alguém me perguntará se não acho que foram apenas mais duas ilusões quaisquer. Responderei que não, que foram eleições que mudaram o gosto do ar que respirei naquelas manhãs (mudaram "l'air du temps", o ar do tempo, como dizem os franceses). Mas essa é outra história.

Eficiência reduz burocracia - JOSÉ CARLOS MARTINS

GAZETA DO POVO - PR - 09/10


Buscar formas de trazer mais eficiência para o setor da construção e, com isso, contribuir para o desenvolvimento econômico e social do nosso país é um dos principais objetivos da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), entidade que presido desde julho passado. Um estudo recente desenvolvido pela consultoria Booz&Co, intitulado “O custo da burocracia no imóvel”, analisou os gargalos burocráticos que oneram e atrasam os empreendimentos imobiliários no país, impactando toda a nossa sociedade.

O trabalho, por exemplo, constatou que o excesso de burocracia para a construção e aquisição da casa própria no Brasil aumenta em até 12% o valor final do imóvel para o proprietário. Isso equivale a R$ 18 bilhões por ano. Este custo extra onera toda a cadeia do nosso setor e, infelizmente, é pago pela sociedade brasileira. A burocracia também aumenta o prazo de entrega da casa própria. Dos cinco anos que um imóvel financiado pelo FGTS pode levar para sair do papel – ou seja, do projeto à entrega –, dois anos são consumidos apenas pelos processos burocráticos, o que considero um verdadeiro absurdo em termos de eficiência.

Pelo estudo, entendemos que a redução de prazos para a concessão de licenciamentos poderia ser uma forma de ajudar nas finanças municipais, pois anteciparia receitas com tributos importantes (ISS, ITBI e IPTU), algo extremamente relevante para as prefeituras, que antecipariam suas receitas e, com isso, poderiam investir em projetos que beneficiem a população. Pensando nisso, a prefeitura de Curitiba, o Sindicato da Indústria da Construção do Paraná (Sinduscon-PR), a Associação Brasileira de Incorporadoras (Abrainc) e a Cbic se uniram na vontade de melhorar o cenário quando o assunto é reduzir a burocracia, e idealizaram um evento que pudesse promover a troca de experiências de sucesso em relação à otimização de processos.

A Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) vai colocar a ideia dessas instituições em prática e realizar o 1º Encontro Nacional sobre Licenciamentos na Construção, no dia 10 de outubro, em Curitiba, com secretários de importantes cidades brasileiras (São Paulo, Fortaleza, Rio de Janeiro, Goiânia, Porto Alegre, Belém, Curitiba e Belo Horizonte), responsáveis pelos licenciamentos nos municípios. O evento também conta com o apoio do Senai.

Sem dúvida alguma, o evento será um ambiente propício para a troca de experiências de sucesso que poderão ser difundidas pelo resto do país. Boas práticas precisam e devem ser compartilhadas. Acredito que, por meio de exemplos reais, poderemos contribuir com sugestões para proporcionar maior eficiência aos processos e, então, tornar a parceria dos municípios com o setor da construção mais ágil, transparente e moderna. Os resultados de um evento como este, tenho certeza, vão trazer benefícios tanto para os municípios quanto para a população.

Humores da largada - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 09/10


BRASÍLIA - Antes mesmo do Datafolha e do reinício da propaganda na TV, nesta quinta (9), uma constatação óbvia é que o tucano Aécio Neves sai na frente da petista Dilma Rousseff no segundo turno.

A campanha está só começando e tudo pode mudar, mas Aécio conquistou apoio do PSB, da futura Rede e do PPS (da coligação de Marina Silva), do PV de Eduardo Jorge e do PSC do Pastor Everaldo, enquanto deputados do PMDB ameaçam se rebelar contra o PT. Do outro lado, Dilma só colheu um terço do apoio de Luciana Genro (PSOL), que acenou com "nulo, branco ou Dilma".

Na expectativa dos tucanos, Marina vai apoiar Aécio hoje, levando o voto de Renata, João e Antônio Campos. Aécio e Dilma disputam particularmente Pernambuco, onde ela teve 44%, e ele, 6%, o seu menor percentual do primeiro turno, mas quem ganhou ali foi Marina Silva, com 48%, graças à força de Eduardo Campos.

Comparem-se também as primeiras reuniões dos dois polos. A de Dilma, na terça (7), foi a portas fechadas, em tom grave e cometeu a indelicadeza, ou o erro tático, de excluir os derrotados. Onde estavam Alexandre Padilha, Gleisi Hoffmann, Agnelo Queiroz? Onde estava Eduardo Suplicy, que dedicou a vida ao PT?

A de Aécio foi uma grande festa com os vitoriosos de São Paulo e do Paraná ao lado de vencidos do PSDB e de aliados de Minas, Bahia, Rio Grande do Sul. Não foi uma reunião de trabalho no Centro de Convenções, como a de Dilma. Foi um grande palanque no Memorial JK, que remete a um mineiro, como Aécio, e que ainda hoje é um dos presidentes mais populares do país, um símbolo de modernidade.

Para completar, houve um festival de notícias ruins para o PT nesta quarta: inflação fora da meta, metralhadora giratória na CPI da Petrobras, depoimentos de doleiro e do tal ex-diretor Paulo Roberto em Curitiba. Sem falar num avião esquisito, cheio de dinheiro e mistério. Bom para a candidata Dilma nada disso é.

Federalismo frágil, eficiência baixa - JOSEF BARAT

O ESTADO DE S.PAULO - 09/10


Um desafio para países com grande extensão e marcantes desequilíbrios regionais é como distribuir, em seu território, os recursos públicos para investimentos nas infraestruturas. Torna-se mais difícil quando a taxa de investimento em relação ao PIB e a margem de recursos orçamentários para o governo investir são muito baixas. Tais restrições agravam o dilema entre remover gargalos que reduzem a eficiência da produção nas regiões mais ricas ou contemplar a equidade, gerando desenvolvimento nas regiões mais pobres. O processo decisório dos governos centrais, pois, tem de escolher entre elevar os níveis de produtividade onde ela já é relativamente mais alta ou destinar recursos em favor das regiões mais pobres.

Com as concessões ou parcerias, a tendência natural da iniciativa privada é de investir em infraestruturas nas regiões onde os níveis de eficiência mais altos propiciam maiores retornos para o capital investido. Já a ação pública é mais orientada para a correção dos desequilíbrios sociais e regionais e a indução do desenvolvimento, inclusive em razão das pressões políticas. Num país com extenso território e estrutura federativa, Estados e municípios pressionam para que os recursos públicos, já escassos, sejam mais dispersos entre as unidades da Federação.

O aumento da eficiência econômica, como resultado dos investimentos privados nas infraestruturas, contribui para a ampliação das oportunidades de emprego e geração de renda também em outras regiões. Isso em virtude do fortalecimento do mercado interno e da maior competitividade das exportações. Em última análise, contribui para a maior equidade, na medida em que projetos de grande envergadura que se sustentam por uma lógica de retorno privado liberam o governo para investir em setores ou regiões carentes. Portanto, a baixa capacidade de investimento e a necessidade de superar gargalos e defasagens nas infraestruturas de transporte, energia, comunicações e saneamento impõem a associação de mecanismos de concessões e parcerias, de um lado, a maior racionalidade na aplicação de recursos públicos, de outro.

Governos de índole populista tendem a dispersar de forma aleatória seus recursos escassos pelo território, em prejuízo da eficiência, quando deveriam se preocupar em concentrá-los em projetos que contribuam para elevar o nível geral de produtividade, nas diversas regiões. Assim, a questão crucial é como estabelecer equilíbrio entre os objetivos de eficiência e equidade, restringindo tanto os desperdícios de aplicações em projetos mal concebidos e mal estruturados financeiramente quanto sua improdutiva dispersão territorial. Ou seja, como um Estado Federativo pode estabelecer compromissos na escolha de projetos que sejam funcionais e efetivos, tanto para dar suporte à eficiência quanto para promover a equidade.

Países extensos, como EUA, Canadá e Austrália, com forte tradição de autonomia dos Estados (ou províncias) federados e dos poderes locais, estabelecem consensos entre os três níveis para a governança de projetos de infraestrutura de interesse comum. Os governos centrais definem regras claras para a adesão e distribuição de recursos para os programas que tenham desdobramentos regionais. Trabalha-se com base em carteiras compostas por grupos de projetos estruturantes, associados e complementares - envolvendo um esforço conjunto -, o que gera efeitos sinérgicos com fortes impactos regionais. Assim se racionalizam e ampliam-se o potencial e as oportunidades de financiamento público ou privado, abrindo caminho para concessões, parcerias e créditos de longo prazo.

Estratégias de desenvolvimento nacional e regional se concretizam em grande parte, pois, por meio da gestão moderna, eficiente e compartilhada de conjuntos de projetos. Infelizmente, a forte tradição centralizadora e um federalismo mambembe não propiciam ao Brasil mecanismos que permitam consolidar formas modernas e inovadoras de governança e gestão dos investimentos nas infraestruturas.

Dois Brasis, quase - DEMÉTRIO MAGNOLI

O GLOBO - 09/10

Nos polos opostos do espectro político, sob as lentes do dualismo, emergem interpretações eleitorais rasteiras


‘Os dois Brasis” — o título é célebre; o autor, pouco conhecido. Publicada em 1957, nos anos áureos de JK, a obra do francês Jacques Lambert contrapunha o “novo” ao “arcaico”, esboçando os rumos de uma modernização pela qual o primeiro contaminaria o segundo até dissolvê-lo no caldo do progresso. A linguagem binária da sociologia do desenvolvimento, um eco de polaridades antigas (litoral versus sertão, cidade versus campo), projetava-se como geografia econômica: Sudeste versus Nordeste. Mais de meio século depois, a tese dualista parece se refletir como mapa eleitoral: Aécio triunfou no Centro-Sul; Dilma, no Norte-Nordeste.

A hegemonia lulopetista na “sua” região é avassaladora. Na Bahia, Dilma obteve 61% dos votos; no Ceará, 68%; no Maranhão e no Piauí, 70%. As derrotas coagulam singularidades: Pernambuco, terra de Eduardo Campos, escolheu Marina, assim como o Acre, terra de Marina; Roraima, estado de colonos traumatizados pela política indígena, sufragou Aécio. O Brasil que depende do poder central, das transferências públicas, dos programas de renda, teme a mudança. Lambert tinha razão? Não: a modernização reiterou o arcaísmo, atualizando-o.

A fronteira entre os “dois Brasis” atravessa o Centro-Sul. São Paulo deu a Aécio 29% de sua votação nacional. O tucano levou o Sul, mas não o Rio Grande do Sul, triunfou em todo o Centro-Oeste e venceu no Espírito Santo — mas perdeu no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. É que a “fronteira lambertiana” passa dentro dos estados. O Norte de Minas Gerais, cujos indicadores sociais assemelham-se aos do Nordeste, inclinou-se em massa para Dilma, tanto quanto a deprimida “Metade Sul” do Rio Grande do Sul. No Rio de Janeiro, Aécio levou a capital e a Região Serrana, enquanto Marina levou Niterói, mas Dilma ficou com a Baixada Fluminense e o interior do estado. Até em São Paulo a presidente-candidata obteve vitórias esparsas, quase restritas aos municípios pobres do Pontal do Paranapanema e do Vale do Ribeira.

O PT nasceu e cresceu nas grandes cidades do Centro-Sul, entre os jovens, a classe média e os trabalhadores qualificados, mas trocou de eleitorado depois de chegar ao poder. Hoje, esse universo é terra estrangeira para o lulopetismo: todas as capitais do Sudeste, do Sul e do Centro-Oeste alinharam-se com Aécio. Somados, Aécio e Marina tiveram algo entre 70% e 80% dos votos de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Brasília. No Nordeste, pelo contrário, entre as cidades mais importantes, Dilma só perdeu em Recife, Caruaru e Maceió (para Marina) e em Campina Grande, polo tecnológico e acadêmico (para Aécio). Os principais centros industriais viraram as costas ao PT, que perdeu no ABC Paulista, seu berço original, em Volta Redonda, no cinturão siderúrgico mineiro e na maioria das cidades manufatureiras do Sul. A “classe trabalhadora” vota contra o “Partido dos Trabalhadores”.

Nos polos opostos do espectro político, sob as lentes do dualismo, emergem interpretações eleitorais rasteiras. “Luta de classes”, diz uma esquerda caricata, oportunamente esquecida de que a antiga Arena tinha suas fortalezas eleitorais nas regiões e camadas mais pobres. “Desinformação”, replica uma direita primitiva, incapaz de entender as assimetrias da razão: a lógica dos outros. A rígida divisão regional do mapa eleitoral não é uma boa notícia política, mas o problema real se expressa nesse tipo de leituras do cenário nacional.

Há um mês, em entrevista à “Folha de S.Paulo”, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, um preposto do lulismo alçado pelo bloco acionário composto pelo BNDES e pelos fundos de pensão, ecoou a melodia da campanha de Dilma atribuindo as críticas ao governo a empresários rancorosos “da Faria Lima”. São Paulo esteve, ao lado de Porto Alegre, entre os primeiros grandes municípios administrados pelo PT, de 1989 a 1993 — e, depois de Luiza Erundina, voltou a eleger uma prefeita petista, Marta Suplicy, em 2001. O antipetismo registrado na onda de votos em Aécio não é um dado inerente aos paulistas, mas o fruto de uma longa experiência política. O núcleo central do empresariado, constituído por bancos, empreiteiras e companhias financiadas pesadamente pelo BNDES, dirigiu a maior parcela das doações legais de campanha para a presidente-candidata. A “elite branca paulista” é um álibi, tecido com a linguagem abominável da raça, para justificar o recuo do lulopetismo rumo ao Norte-Nordeste.

Na outra ponta, o mapa do voto é um convite à irrupção do preconceito antinordestino, que associa os sufrágios em Dilma à “ignorância” e ao “cabresto”. Não há nada de surpreendente na circunstância de que as escolhas eleitorais da população de escolaridade e renda inferiores são atraídas pela força gravitacional do poder de Estado. No passado, o tradicional voto de cabresto beneficiava os “coronéis”, chefes políticos locais que intercambiavam apoio eleitoral por favores pessoais, derramando dentaduras entre os habitantes de seus “currais”. O Bolsa Família não é uma “bolsa esmola”, como o qualificou Lula quando, nos idos do governo FH, ainda se chamava Bolsa Escola. O voto nas políticas de renda distingue-se positivamente do antigo voto de cabresto pois circunda os “coronéis”, inscrevendo-se de algum modo no campo do debate público sobre as políticas de combate à pobreza.

O conceito de “dois Brasis” é uma explicação sedutora, mas superficial, da cena eleitoral reiterada no domingo. Os “dois Brasis” estão em todas as regiões, como provam Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Além disso, crucialmente, a meta de superação da pobreza forma uma ponte política entre os “dois Brasis”, como prova o triunfo eleitoral de Lula em 2002, obtido com os votos majoritários do Centro-Sul, inclusive de São Paulo. Tanto um Brasil como o outro merecem mais que a exumação oportunista de uma ossada sociológica.

Caixinha de surpresas - DORA KRAMER

O ESTADÃO - 09/10


Quem diria que um dia o PT reconheceria uma derrota sem jogar a culpa no colo do vizinho. A presidente Dilma Rousseff calçando as sandálias da humildade em público também é uma cena inédita.

O efeito do fracasso retumbante em São Paulo, a inesperada votação de Aécio Neves, o desempenho nacional de Dilma aquém do previsto e o custo da falta de escrúpulos exibida nos ataques contra Marina Silva pode ser que dure pouco e essa suavidade toda seja mera estratégia de João Santana, que anuncia uma campanha sem ataques para os próximos dias.

Dissimula ou exagera, até porque a altercação é inerente ao embate. Só não precisa ser desleal nem de baixo calão. Seja como for o desenrolar, o início deste segundo turno mostra um PT desprevenido e um PSDB revigorado. De maneira surpreendente para um partido que não se notabiliza pelo vigor na hora da luta e que teria jogado a toalha não fosse a persistência do candidato.

O resultado deu o primeiro lugar ao PT e, em tese, isso deveria dar gás ao partido uma vez que, historicamente, não se tem notícia de viradas no segundo turno; quem ganhou no primeiro até hoje levou a taça na final. Ocorre que esta eleição está desmentindo antigas escritas.

Uma delas: a vitória mais do que certa de Aécio Neves em Minas Gerais. Há várias explicações para o revés: o tucano descuidou da terra natal, achou que ganharia por gravidade, errou na escolha do candidato a governador e até mesmo houve confusão no eleitorado porque o petista Fernando Pimentel até outro dia mesmo era um aliado de Aécio.

Mas não interessa, perdeu. Para sorte dele, o PT perdeu tão feio em São Paulo, Pernambuco (terra de Lula) e teve baixas importantes no Congresso que essa derrota ficou em segundo plano. Os tucanos saíram em segundo lugar com jeito de vencedores e os petistas com ar de perdedores. Contribui para o ar triunfal da reestreia do PSDB o chamado "adensamento do entorno".

Rapidamente, já nos primeiros dias, ficou claro que a oposição conseguiria acrescentar novos apoios. Marina Silva sinalizou no domingo, seus aliados da Rede se manifestaram no mesmo sentido, a maior parte do PSB tomou o mesmo rumo, o PPS acompanhou, o grupo dos evangélicos manifestou tendência majoritária e Eduardo Jorge, sucesso entre a juventude, posicionou o PV no campo da oposição.

O governo contou com a declaração de voto de Luciana Genro do PSOL, assistiu ao PMDB reeditar a divisão, mas também terá ao seu lado um exército de 24 governadores eleitos ou candidatos ao segundo turno. Assim que despertar do nocaute, ninguém se iluda, sairá ao combate munido de punhos de aço e sem a pele de cordeiro que agora pode levar à ilusão de que vai se conformar em morrer na praia.

Vacina. Apesar de ter contado com todas as vantagens de ser governo e chegado ao segundo turno em primeiro lugar, o PT já tem pronta a alegação de que não concorre na etapa final em igualdade de condições com o PSDB.

Argumento: nunca, desde Getúlio Vargas, um governo enfrentou a oposição dos meios de comunicação como agora. Ou seja, em caso de derrota, não foi o eleitor quem decidiu, mas a chamada mídia que induziu. Equivale a dizer que houve a mesma indução quando o PT ganhou.

Os duelistas. Se quiser fazer um embate à altura com os tucanos no campo da economia, a campanha de Dilma vai precisar escolher melhor os debatedores. Até agora foram escalados os ministros Guido Mantega e Aloizio Mercadante para enfrentar a turma do Plano Real aliada a Aécio e liderada por Armínio Fraga.

Mantega passou os últimos quatro anos fazendo previsões otimistas reiteradamente desmentidas pelos fatos e está demitido. Mercadante foi quem aconselhou o PT, quando do lançamento do Plano, a apostar que o Real estava fadado o fracasso.


A crise do Estado regulador - FARLEI MARTINS RICCIO

O GLOBO - 09/10

Surgimento de agências reguladoras foi, pouco a pouco, sendo capturado politicamente nos dois governos do PT que se sucederam


A inovação da ação regulatória moderna reside no fato de a mesma possuir um conteúdo mais amplo e variado, bem como ter sua atividade desempenhada por entidades públicas com considerável autonomia administrativa e financeira, em relação à administração direta do Estado. Por inspiração do direito americano, recebem essas entidades a denominação de agências reguladoras independentes. Nesse contexto, é atribuído a essas entidades um complexo de funções específicas de naturezas normativa (edição de normas técnicas com força de lei), executivas (executar as leis votadas pelo Legislativo e conduzir as atividades governamentais) e judicantes (condução de investigações de condutas irregulares dos agentes regulados e o julgamento de litígios inerentes à atividade objeto da regulação).

No Brasil, a regulação por meio de entidades públicas independentes institucionalizou-se na década de 1990, a partir do lançamento, pelo governo federal, do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado — PDRAE, que definiu os objetivos e estabeleceu as diretrizes da reforma administrativa do Estado, visando à reconstrução da regulação pública em bases modernas e racionais. No âmbito econômico, a regulação por meio de entidades públicas independentes teria por finalidade principal estabelecer o funcionamento equilibrado do mercado, sem a figura da concorrência desleal; enquanto que no âmbito social o que se pretendia era atender ao interesse coletivo, especialmente no tocante aos direitos dos usuários dos serviços públicos.

A necessidade de uma maior autonomia frente à administração central do Estado visa a preservar as entidades de valorações políticas indevidas, demarcando um espaço de legítima discricionariedade, com predomínio de juízos técnicos. De um modo geral, o marco legal das entidades garante essa autonomia por meio de outorgas de prerrogativas político-administrativa e econômico-financeira. A primeira protege os dirigentes contra a destituição da função, tendo em vista a investidura em mandato por prazo fixo. Quanto à autonomia econômico-financeira, procura-se conferir às entidades, além das dotações orçamentárias gerais, a arrecadação de receitas provenientes de outras fontes, como taxas de fiscalização e regulação ou participações em contratos e convênios.

No entanto, a par de sua importância para o estabelecimento de um mercado justo e equilibrado, disciplinado com um maior grau de racionalidade e eficiência na alocação de bens e serviços, o surgimento de tais entidades foi, pouco a pouco, sendo capturado politicamente nos dois governos do PT que se sucederam. Essa captura ocorreu basicamente pelo bloqueio de recursos orçamentários, acarretando a redução de sua eficácia, e pela nomeação dos dirigentes por critérios políticos, e não técnicos, transformando-as rapidamente em cabide de empregos para acomodar aliados do governo.

Para o bom funcionamento do Estado regulador, é imprescindível uma liderança política sustentada e consistente, que reafirme continuamente o objetivo do governo de fortalecer a atuação das agências reguladoras e o marco regulatório estabelecido, além de um compromisso dos governantes para tornar o Estado mais transparente e ético.

Política fiscal põe em risco credibilidade do país - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 09/10

Grau de investimento conquistado a duras penas pode ser perdido se o Brasil não voltar a pôr as finanças públicas em ordem, controlando os gastos governamentais


Com muito esforço para ajustar seus fundamentos macroeconômicos, o Brasil conquistou há alguns anos o grau de investimento na escala de classificação das principais agências internacionais de avaliação de risco para investidores estrangeiros. E graças a esse bom conceito o volume de investimentos diretos no país se ampliou. Tanto o Tesouro Nacional como outros entes federativos e diversas companhias brasileiras passaram a ter ainda mais acesso aos mercados de títulos, captando recursos em condições favoráveis (taxas de juros mais baixas e prazos de pagamento mais longos).

Esse fluxo de capitais permitiu ao Brasil conviver com um elevado déficit em suas transações envolvendo mercadorias e serviços com o exterior, sem que os suprimentos de tecnologia, bens e meios de transporte necessários ao funcionamento rotineiro da economia e do cotidiano dos brasileiros fossem afetados. Tal fluxo de capitais também permitiu que o Banco Central acumulasse reservas consideráveis em moedas estrangeiras (mais de US$ 300 bilhões), que serviram de anteparo contra movimentos especulativos no câmbio nos períodos mais críticos da crise financeira internacional, até hoje não totalmente superada.

Mas o conceito de grau de investimento tem variações dentro dele. E o Brasil já vem caindo nessa escala. Na agência Moody’s, por exemplo, está a um degrau do rebaixamento. E a razão é a deterioração dos fundamentos macroeconômicos, em função de uma política que está se mostrando desastrosa especialmente na condução das finanças públicas.

A acumulação de superávits primários a partir do último trimestre de 1998 (e que até foram reforçados no primeiro e em parte do segundo mandato do presidente Lula) propiciou uma situação fiscal confortável. A dívida pública se reduziu como proporção do Produto Interno Bruto e abriu espaço para um corte gradual dos juros, cronicamente altos. Diante desse quadro, o presidente Lula, no segundo mandato, optou por não diminuir a carga tributária e pisar no acelerador dos gastos. Dilma Rousseff sucedeu a Lula pisando mais fundo no acelerador das despesas correntes, acreditando que havia descoberto a fórmula mágica para a economia brasileira passar ao largo da crise financeira internacional. Mas o resultado está aí. A economia parou de crescer (o FMI estima mero 0,3%, este ano), a inflação está perigosamente alta (subiu para 6,75%, acima, portanto, do teto da meta), o desequilíbrio nas contas externas se agravou (3,36% do PIB, o terceiro maior do mundo) e a credibilidade do país junto aos mercados internacionais está derretendo.

O que mais preocupa é que a cada mês a possibilidade de inversão dessa trajetória vai ficando remota. Praticamente todo o superávit primário que o governo prometeu alcançar em 2014 (1,9% do PIB) terá de ser acumulado neste último trimestre. Só mesmo com um milagre. Talvez com uma overdose de contabilidade criativa. Mas sem qualquer credibilidade, por óbvio.

O que se pode esperar agora - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S.PAULO -09/10

Uma campanha eleitoral serve para oferecer aos eleitores uma visão tão clara, ampla e profunda quanto possível daquilo que se propõem a fazer, uma vez eleitos, aqueles que disputam seu voto. No que estão implícitas, especialmente no caso de candidatos oposicionistas, as críticas e correspondentes alternativas às políticas em vigor e das quais discordam.

É também a oportunidade que os candidatos têm de apresentar as credenciais que os habilitam a cumprir o que prometem. São assim as campanhas civilizadas, que honram e elevam o debate político e resultam no aprimoramento do sistema democrático e da gestão da coisa pública. Infelizmente, não é o que se tem visto no Brasil, de modo muito especial desde que o PT passou a disputar eleições.

Diante do retrospecto da campanha do primeiro turno desta eleição presidencial, para ficar nos exemplos mais recentes, é difícil de imaginar que a propaganda eleitoral que recomeça hoje fuja do padrão "fazer o diabo" preconizado por Dilma Rousseff e fielmente cumprido pelo portentoso aparato montado pelo PT para manipular números, inventar mentiras e alimentar ilusões.

Por essa razão, são até animadoras, mesmo analisadas com a devida cautela, as declarações de dois importantes líderes petistas estampadas nos jornais desta semana, nas quais afirmam discordar da radicalização da campanha eleitoral como Dilma Rousseff fez no primeiro turno.

Os petistas Fernando Pimentel, governador eleito no primeiro turno em Minas Gerais, e Jaques Wagner, governador que chega ao fim de seu segundo mandato na Bahia garantindo, também em primeiro turno, a eleição de seu sucessor, em entrevistas separadas ao jornal Valor, consideraram "um erro" eventual tentativa de repetir, contra Aécio Neves, a tática do terror empregada contra Marina Silva.

Com o prestígio acumulado junto à cúpula do PT com as importantes vitórias que obtiveram em seus Estados, Pimentel e Wagner entendem que a campanha de Dilma Rousseff neste segundo turno precisa ser propositiva, baseada na comparação dos governos petistas com os dos tucanos.

Deve-se, contudo, dar um desconto para os bons modos dos dois próceres petistas, que se manifestaram de alma leve, no embalo da euforia pelas significativas vitórias eleitorais que conquistaram. Não é essa a disposição geral entre os lulopetistas. No calor da disputa do segundo turno, principalmente se as primeiras pesquisas de intenção de voto não lhes trouxerem boas notícias, os petistas de truz não hesitarão em apelar para o que sabem fazer de melhor: reduzir o discurso ao nível mais baixo possível e partir para o ataque aos "inimigos do povo" com muita maldade e nenhum escrúpulo.

A verdade é que de quem assim age pouco se pode esperar qualquer contribuição importante para o aprimoramento da democracia, única via segura para a conquista do progresso com a eliminação das injustiças sociais, porque o argumento central do discurso imposto ao partido pelo pragmatismo populista de Lula é falso como uma nota de três reais: o que está em jogo, permanentemente, é a luta de "nós", o povo humilde e sofrido, contra "eles", a elite perversa.

Esse substrato da retórica petista, facilmente identificável, nem sempre está claramente exposto nos discursos oficiais ou na propaganda eleitoral, mas é abertamente usado pela militância petista, que não hesita em atemorizar o eleitorado dependente de programas sociais como o Bolsa Família com a falácia de que os adversários do PT, se eleitos, acabarão com esses programas.

Até mesmo Fernando Pimentel, que se diz contra campanhas eleitorais de baixo nível, pratica o discurso lulista do bem contra o mal. Em sua entrevista ao Valor, garantiu que o PT, generoso, defende "um modelo comprometido com o bem-estar da população", enquanto a oposição, insensível, "tem a preocupação clara com a livre circulação do capital financeiro, com o processo mais de acumulação do lucro das empresas do que da distribuição de renda". Vem muito mais por aí.

Eleições e preconceito - EDITORIAL GAZETA DO POVO PR

GAZETA DO POVO PR - 09/10


Quem diminui os outros por terem votado de forma diferente ainda não entendeu o que é a democracia


Os resultados das eleições de 5 de outubro, que definiram o governo de vários estados e que conduziram ao segundo turno do pleito presidencial o tucano Aécio Neves e a petista Dilma Rousseff, têm despertado um lado deplorável do brasileiro, especialmente nas mídias sociais: o preconceito, especialmente regional ou de classe social. Assim que surgiram os números definitivos, mostrando que Dilma venceu na maioria dos estados do Norte e Nordeste, enquanto Aécio predominou na maioria dos estados das regiões Sul e Sudeste, insultos começaram a ser disparados em todas as direções.

Os nordestinos são as principais vítimas do preconceito, classificados nas mídias sociais como “vagabundos”, “burros”, “sem cultura”, que se vendem por qualquer migalha. Associações entre o Bolsa Família e o voto em Dilma são frequentes por parte dos que fazem afirmações desse tipo. Mas militantes de esquerda também não pouparam paulistas, paranaenses, catarinenses e pessoas de outros estados que elegeram governadores tucanos ou votaram majoritariamente em Aécio Neves, bem como em candidatos à Câmara como Marco Feliciano e Jair Bolsonaro. Perfis no Tumblr, como o “Esses Nordestinos” e o “Esses Paulistas”, reúnem as frases preconceituosas que vão sendo coletadas na internet.

O que falta a todas essas pessoas, além do mais básico respeito aos demais, é a compreensão de que o “um homem, um voto” é um princípio essencial da democracia. O voto do nordestino vale tanto quanto o do sulista; o do beneficiário do Bolsa Família, tanto quanto o do multimilionário; o do analfabeto, tanto quanto o daquele que tem doutorado; o do conservador, tanto quanto o do estatista.

E a consciência de cada eleitor é inviolável. Algumas semanas atrás, a Gazeta do Povo lembrava, em editorial sobre a proposta de excluir das eleições os beneficiários de programas governamentais, que cada um tem o direito de levar à urna “suas convicções, suas circunstâncias e, por que não?, suas gratidões e lealdades”. Não compreender esse aspecto básico do ato de votar é falsificar a democracia, que só passa a ser boa “quando os outros votam como eu”. Há quem prefira votar no candidato que defenda determinado grupo ao qual o eleitor pertence ou com o qual simpatiza; outros se guiam pelo histórico de realizações do político em sua cidade, bairro ou mesmo em sua rua; há quem analise planos de governo, quem risque da sua lista candidatos ou partidos envolvidos em escândalos, e quem vote guiado por laços de parentesco ou amizade. Tudo isso é perfeitamente legítimo.

Todos podemos e devemos nos esforçar para que o eleitorado, como um todo, busque mais informação sobre os candidatos (papel que a Gazeta do Povo busca cumprir não só com seu noticiário, mas também com ferramentas como o Candibook); compreenda como as convicções políticas e partidárias afetam a sociedade; entenda que o político ladrão pode até conseguir uma ou outra obra para sua base eleitoral, mas sua desonestidade tira dinheiro que deveria beneficiar ainda mais a população. Podemos lamentar especialmente que candidatos notoriamente corruptos continuem a ser eleitos e reeleitos, tanto para o Executivo quanto para o Legislativo. Mas nada disso nos autoriza a tratar com preconceito o eleitor que escolhe de uma maneira diferente da nossa. “Antes de criticar alguém, lembre-se de que nem todos tiveram as oportunidades que você teve”, diz o pai de Nick Carraway, o narrador do romance O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald – é um conselho que vale para todos nós.

Ritmo lento - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 09/10


FMI reduz projeção de crescimento da economia brasileira, que deverá ficar muito aquém do avanço no restante do mundo


O Fundo Monetário Internacional reduziu, pela sexta vez seguida, sua projeção sobre o crescimento da economia brasileira neste ano. A alta esperada do PIB caiu de 1,3% para 0,3% --nada, portanto.

A expansão global também sofreu revisão, mas foi discreto o corte na estimativa: passou de 3,4% para 3,3%. Entre os principais países, apenas Itália e Rússia devem avançar menos que o Brasil.

Com o novo prognóstico, o FMI se alinha ao que calculam analistas brasileiros. O relatório Focus, que reúne informações de dezenas de instituições e é divulgado pelo Banco Central, mostra o mesmo cenário de estagnação econômica com inflação alta e persistente.

Mesmo com essa convergência, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, insiste em classificar tais projeções como pessimistas e atribuir a fatores externos a maior parcela de culpa pelos problemas nacionais.

O argumento não se sustenta. Confirmados os números, o Brasil terá crescido 1,6% nos últimos quatro anos, enquanto a média mundial será de 3,5% (e 5,1% no caso dos emergentes). Estamos muito aquém do ritmo dos demais países, e não há otimismo capaz de superar tamanha diferença.

Verdade que, como diz o FMI, a recuperação global é desigual e concentrada nos Estados Unidos e em partes da Ásia. Mas o fato de o Brasil figurar de novo entre os piores do mundo atesta que há algo de particular por aqui.

O roteiro é conhecido. O governo demorou para perceber que as condições internacionais tinham se tornado mais adversas ao país. Os preços das exportações de matérias-primas caem desde 2011.

Trata-se de reversão do padrão vigente nos dois mandatos de Lula, quando as receitas brasileiras aumentaram com vendas externas, que puderam ser canalizadas para a expansão do consumo local.

O Brasil lidou mal com a mudança. A insistência num modelo que privilegia o consumo, desequilibra as contas públicas com subsídios de eficácia duvidosa e fecha ainda mais a economia para a competição internacional não deu resultados. Ao contrário, trouxe mais problemas, pois fez estagnar a produtividade e elevou os custos.

Como agravante, as intervenções aventureiras e desastradas em vários setores provocaram um colapso da confiança de empresários e consumidores, retardando o investimento, que é hoje menor (em relação ao PIB) do que no início do mandato de Dilma Rousseff (PT).

Quem quer que seja presidente pelos próximos quatro anos precisará tirar o país dessa situação, ou logo a geração de emprego e renda estará comprometida.

Ebola encontra portas abertas - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 09/10

Há exatos dois meses, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a epidemia de ebola, então limitada à África Ocidental, emergência pública sanitária internacional. Na semana passada, um liberiano recém-chegado do continente africano era diagnosticado com a febre hemorrágica em hospital de Dallas, nos Estados Unidos. Na última segunda-feira, uma auxiliar de enfermagem espanhola, que cuidara de dois missionários que contraíram o vírus em Serra Leoa, recebeu, em Madri, a confirmação de que havia sido infectada.

Isolados, os dois casos já seriam preocupantes. Mas nem se sabe ao certo com quantas pessoas - dezenas estão sendo monitoradas - os doentes tiveram contato. Ou seja, ficou patente a incapacidade dos países de responder satisfatoriamente ao alerta da OMS. E preocupa, sobretudo, que a porta tenha sido arrombada em países do Primeiro Mundo, com controles sanitários e sistemas de saúde supostamente rigorosos e consolidados. O nigeriano, que morreu ontem, chegou ao hospital americano com sintomas da doença e avisando que vinha da Libéria, foco do surto de ebola.

Nesse contexto, nem dá para animar-se com a expectativa de que, até o fim da semana, a Nigéria e o Senegal possam completar 42 dias - dobro do período máximo de incubação do vírus - sem infecções e ser declarados livres do surto. Afinal, a doença altamente letal, que só na presente epidemia já matou perto de 3,5 mil pessoas, rompeu as fronteiras dentro das quais se mantinha restrita desde que descoberta, quase quatro décadas atrás. E isso, vale ressaltar, menos de 60 dias depois de a OMS recomendar aos países o reforço da vigilância e dos planos de contingência.

Pois bem, o prenúncio transformou-se em realidade na América e na Europa, quase simultaneamente. Há, ainda, uma médica norueguesa levada doente de Serra Leoa para Oslo, a capital da Noruega. A impressão é de que custou a cair a ficha de que a ameaça era real. Tanto que, ontem, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos admitiu a necessidade de medidas mais rígidas. Já o governo espanhol, por intermédio do primeiro-ministro, Mariano Rajoy, preferiu pedir tranquilidade à população. E insistir na tese da dificuldade de transmissão, uma vez que o contágio apenas se dá em contato direto com paciente em avançado estágio da doença.

É verdade, mas o argumento está longe de sugerir qualquer acomodação das autoridades. O liberiano chegou ao Texas infectado. Entrou no país, apresentou-se a um hospital, comunicou sua origem e, ainda assim, foi mandado para casa com a prescrição de antibióticos. Internado posteriormente, resistiu por pouco mais de uma semana. Com a espanhola, foi diferente. Trata-se do primeiro caso de contágio pelo vírus ebola fora da África. E ela garante ter seguido os protocolos ao ajudar a tratar dos missionários doentes levados de Serra Leoa para Madri.

E os cuidados no Brasil, país de dimensão continental, com vastas fronteiras e milhares de viajantes mundo afora? Uma das primeiras providências anunciadas foi o reforço da vigilância epidemiológica sobre pessoas provenientes das áreas afetadas, com triagem em aeroportos, portos e regiões fronteiriças. Mas já se tem notícias, inclusive, de senegaleses aproveitando-se da pele negra e do sotaque francês para se fazerem passar por haitianos e entrarem no Acre, vindos do Equador e do Peru. Ou seja, sempre haverá uma porta aberta.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

“O PT estava pagando a multa do mensalão”
Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, na CPMI da Petrobras


EMPREITEIRAS LOTAM DE ‘OLHEIROS’ CPMI

No olho do furacão das denúncias de propinoduto na Petrobras, as empreiteiras Odebrecht, Camargo e Corrêa e Galvão Engenharia lotaram de olheiros ontem a sessão da CPMI da Petrobras, que ouviu o depoimento de Meire Poza, ex-contadora do megadoleiro Alberto Youssef. As construtoras têm sido alvo de acusações na delação premiada do ex-diretor Paulo Roberto Costa e do próprio Youssef.

PÂNICO GERAL

A delação de Youssef, antecipada nesta coluna no último dia 24, gerou pânico entre políticos. O doleiro até agora não foi convocado na CPMI.

PRATO CHEIO

A oposição vibrou quando Meire disse que empreiteiras pagaram R$ 15 mil ao mês para Enivaldo Quadrado pagar multa do caso do mensalão.

CARNIFICINA

A campanha de segundo turno será uma “carnificina”. O PT decidiu desconstruir Aécio, como o fez com Marina. Abaixo da linha de cintura.

LIXO ELEITORAL

O Serviço de Limpeza Urbana de Brasília calcula em 137 toneladas todo o lixo jogado nas ruas pelos candidatos, na eleição do dia 5.

PEDIU VOTOS PARA O PT

O PT se apossou mesmo dos Correios. O engajamento é total, do presidente aos diretores regionais, como o do Paraná, Areovaldo Alves de Figueiredo, um apadrinhado do ministro Paulo Bernardo (Comunicações). Conforme foto em poder da coluna, ele reuniu os subordinados no dia 2, a três dias da eleição, pedindo votos para Dilma e Gleisi Hoffmann (PT), mulher de Bernardo e candidata a governadora.

FIGURA MANJADA

O diretor regional do Paraná, um ex-carteiro e sindicalista, reuniu funcionários na Associação Recreativa dos Correios, em Curitiba.

PINHEIRO NEGOU

O presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, desmentiu o uso eleitoral da estatal pelo PT, apesar de vídeo (com ele) mostrando o contrário.

BATOM NA CUECA

Deletaram do Facebook, mas o portal Diário do Poder recuperou fotos do presidente dos Correios pedindo votos para Dilma.

CONDOMÍNIO FAMOSO

A casa adquirida pelo cantor Frank Aguiar, vice do prefeito petista Luiz Marinho, pode ter sido a mesma que chegou a ser atribuída a Lulinha, filho do ex-presidente. O imóvel no condomínio Swiss Park, em São Bernardo (SP), na verdade era do traficante Jailson Souza, o “Jabá”.

PESO INSUPORTÁVEL

Políticos de partidos governistas e da oposição estão convencidos de que Marina Silva (PSB) ficou aliviada com a derrota no primeiro turno. A ex-senadora expressou a aliados estar à beira do esgotamento.

PERUA EM AÇÃO

Ex-contadora de Alberto Youssef, Meire Poza deve ter ganhado muito dinheiro na vida: desembarcou em Brasília fazendo modelito “perua”: casaco de oncinha, sapatos salto 12 e bolsa de grife para poucas.

LIGAÇÃO AO PT

Citado por Meire Poza, o jornalista Breno Altman tem editora em São Paulo e uma trajetória profissional ligada à esquerda e ao PT. Diz ela que, em nome do partido de Lula, ele entregava o dinheiro para pagar a multa fixada pelo STF para o mensaleiro Enivaldo Quadrado.

ABANDONO CERTO

Com ou sem a vitória de Aécio, o PSDB duvida da permanência de José Serra no Senado. O novo senador deve virar ministro ou secretário em SP, abrindo vaga para o suplente José Aníbal.

SUSPEITA INJUSTA

Profissional querido e respeitado em Brasília, Marcier Trombiere Moreira retornaria para casa pela Gol, após atuar na campanha do PT em Minas. Mas foi convidado a viajar no jato de Benedito Rodrigues (“Bené”), fornecedor do PT em quem a PF estava de olho e ele não sabia. Foi detido com R$ 5 mil no bolso, sacados de sua conta na CEF.

JUNTOS NA CAUSA

Eleito senador pelo PSDB de São Paulo, José Serra foi escalado para buscar o apoio de Ivo Sartori (PMDB) – candidato ao governo gaúcho – à candidatura do tucano Aécio Neves (MG) a presidente da República.

‘MODUS FERRANDI’

Diminuíram os ânimos do Conselho de Ética para cassar o mandato do deputado Luiz Argôlo (Solidariedade-BA) derrotado nas urnas, no dia 5. O baiano é acusado de ser sócio do megadoleiro Alberto Youssef.

DESAFIO DO BALDE

Foi recebida no PT como banho de balde de gelo o levantamento do instituto Paraná Pesquisas mostrando Aécio com 54% e Dilma 46%.


PODER SEM PUDOR

NÃO TE FRESQUEIA, TCHÊ

O líder gaúcho Flores da Cunha era do tipo que não guardava papas na língua e zelava pela reputação dos machos do Rio Grande do Sul.

Mas certa vez, num comício em Uruguaiana, ao ser saudado, um orador local exagerou nos elogios:

- Bravo general, corpo de espartano, cérebro ateniense, coração de pomba, alma de dama...

Ele chama o chefe político e ordena, interrompendo o discurso:

- Tira esse demente daqui antes que ele me chame de fresco.