FOLHA DE SP - 26/11
Existem muitas situações de trevas em que, em nome do bem comum, o Príncipe tem de cometer males
Maquiavel: O nome é todo um programa. E "maquiavélico" é adjetivo que dispensa apresentações.
Quando acusamos alguém de maquiavelismo, não precisamos acrescentar mais nada. O sujeito é imoral, hipócrita, mentiroso, potencialmente violento. Uma mistura de Charles Manson com Hannibal Lecter, digamos. Estaremos a ser injustos com o florentino?
Estamos, sim, responde Michael Ignatieff. Ponto prévio: Ignatieff, um excelente filósofo, andou uns tempos perdido (ou será iludido?) na política canadense. Liderou o Partido Liberal. Disputou eleições. Perdeu. Como normalmente acontece com os filósofos que flertam com a política e são desiludidos por ela, regressou agora aos livros.
Em boa hora: na revista "The Atlantic", Ignatieff celebra os 500 anos de "O Príncipe" (escrito em 1513) e oferece uma das mais preciosas explicações para o desconforto que Maquiavel sempre provocou nas gerações posteriores.
Uma empreitada dessas já tinha sido iniciada por Isaiah Berlin no clássico "The Originality of Machiavelli", que Ignatieff obviamente conhece como biógrafo "oficial" de Berlin.
No ensaio, Berlin começava por listar as múltiplas interpretações que foram sendo urdidas sobre a obra e o autor ("um manual para gangsters", disse Leo Strauss; "um humanista angustiado", disse Benedetto Croce; "um homem de gênio", disse Hegel).
E depois, como é usual nos ensaios mais "escolásticos" de Berlin, o próprio acrescentava a sua interpretação a respeito: o que perturba em Maquiavel não é a defesa da dissimulação ou da violência. Ele não foi o primeiro. Não será o último.
O problema é que Maquiavel mostrou a incompatibilidade absoluta entre duas moralidades distintas na conduta de um político: a moralidade pagã e a moralidade cristã.
Eis a "originalidade" de Maquiavel: quem deseja ser um bom cristão, cultivando as virtudes típicas do cristianismo (perdão, benevolência, compaixão etc.), o melhor que tem a fazer é afastar-se da política. Essas virtudes são boas em si mesmas (Maquiavel nunca negou isso, ao contrário do que se imagina). Mas elas são boas na vida privada dos indivíduos, não na defesa da comunidade.
Em política, são as virtudes pagãs (força, disciplina, magnanimidade etc.) que garantem a sobrevivência do Estado.
Ignatieff aceita o essencial dessa explicação. Mas acrescenta um ponto decisivo que está ausente do ensaio de Berlin e que me parece o mais importante: Maquiavel perturba-nos tanto, 500 anos depois, porque existe em nós a intolerável suspeita de que ele pode ter razão.
Vivemos em sociedade. Desfrutamos de um mínimo de ordem. Queremos ser poupados ao crime e à violência de forma a perseguir os nossos interesses ou ambições.
Mas, ao mesmo tempo, recusamos sequer a hipótese de que muitos dos nossos "ganhos civilizacionais" possam ser mantidos por políticos que "sujam as mãos" e não têm insônias com isso.
Cuidado: não falo de políticos que "sujam as mãos" em proveito próprio. Essa hipótese seria intolerável para um patriota como Maquiavel. Falo de qualquer líder, em qualquer democracia, que muitas vezes usa a dissimulação, a mentira ou a brutalidade para que as insônias não nos perturbem a nós.
Ignatieff dá um exemplo, apenas um entre mil: o momento em que Barack Obama invadiu o Paquistão para capturar e matar Bin Laden. O que diriam os Evangelhos dessa operação? E o que dizemos nós, ao saber que o mundo tem um terrorista a menos --o mais temível e procurado deles?
Maquiavel, falando para a Florença do seu tempo, falou também para as Florenças de todos os tempos. E limitou-se a mostrar o "backstage" do nosso teatro cotidiano. No palco, tudo é luz e fantasia. Atrás do palco, existem muitas vezes situações de trevas em que, em nome do bem comum, o Príncipe tem de cometer males inevitáveis.
No fundo, talvez o problema de "O Príncipe" não esteja no texto propriamente dito, mas no efeito que ele teve sobre a imagem virtuosa que gostamos de cultivar sobre nós próprios.
Alguém dizia que os seres humanos nunca suportaram demasiada realidade. O crime de Maquiavel, 500 anos depois, foi ter insultado a nossa vaidade com esse excesso de realidade.
terça-feira, novembro 26, 2013
A verdadeira vida - ARNALDO JABOR
O Estado de S.Paulo - 26/11
A primeira vez que eu vi Rimbaud, senti que havia uma outra vida para além das paredes cinzentas de meu quarto. Eu com 17 anos de idade, sem amor nem sexo, não li Rimbaud apenas; eu o vi, diante de mim, "como um gracioso filho de Pan - em torno de sua fronte coroada de flores, seus olhos, duas órbitas preciosas, giravam. Seu peito parecia uma cítara e acordes ressoavam em seus braços louros e seu coração batia em seu ventre onde dormia um sexo duplo". Nesse dia, vi que ele morava em outra vida, "la vraie vie" ( a verdadeira vida), como ele a chamava.
Não havia internet naquele tempo e a literatura era tudo; a poesia era a promessa de outra realidade, impalpável. Li depois, em Artaud, uma profunda definição de arte: "A arte não é a imitação da vida; a vida é que é a imitação de alguma coisa transcendental com que a arte nos põe em contato". Se é que arte tem definição, entendi que aquele era o campo de Rimbaud quando li seus poemas com o coração disparado. "Eu a reencontrei. O quê? A eternidade. É o mar alado partindo com o sol." Minha vida mudou. Rimbaud abria a consciência como uma droga. Anos mais tarde, tomei LSD e vi que a experiência de Rimbaud era lisérgica. Jim Morrison, Kurt Cobain eram Rimbaud.
Eu vivia em vertigem. Não sabia o que queria, mas não queria a vida de meus pais, escurecida por uma infelicidade que não percebiam. Minhas conversas com meu amigo "Broca" beiravam a loucura. Delirávamos a beira-mar, nos paredões da Urca, nas noite daquele tempo. Onde andará Broca, o gênio que gritava para as pedras, onde fervilhavam caranguejos e guaiamuns: "Oisive jeunesse à tout asservie, par delicatesse j'ai perdu ma vie!" E eu contracantava: "Temos de ser absolutamente modernos!". E os guaiamuns agitavam as antenas espantados.
"Temos de conseguir o desregramento de todos os sentidos", nos ensinava Rimbaud, com sua cara de linda bicha louca, no quadro de Fantin-Latour. Partimos então para os prostíbulos - nossa ideia de desregrar sentidos. Não havia drogas ainda, nem uma reles maconha ao alcance de burguesinhos como nós. Enchíamos a cara de Cuba Libre (Coca-cola com rum) e íamos para os bordéis, que pareciam salas de visitas de classe media, com "meninas" sentadas em volta, discretas, num silencio de velório, e indo conosco para a cama emburradas como para um sacrifício - homenagem à virtude perdida. As prostitutas tinham uma aura de transgressão, de loucura de que nos orgulhávamos, os dois corajosos lutadores contra a caretice. Naquele tempo a verdade era inatingível.
Hoje, a "verdade" se proclama visível. O Google tem todos os sentimentos catalogados, mas falta-nos sentir o gosto de alguma coisa vaga que nunca se atinge. Qual seria a emoção de um "gamer" ao ler: "Enquanto os fundos públicos são desperdiçados em caridade, um sino de fogo róseo soa entre as nuvens"? O jovem teria um tédio infinito. Ninguém quer atingir mais nada. Está tudo aí, classificado.
A realidade era nosso delírio. Olhávamos com desprezo os comuns ou então elevávamos os mais vulgares vagabundos à condição de seres tocados por uma aura imerecida. Até que um dia o Broca se apaixonou. Se enamorou de uma colegial sóbria e virgem, claro. Todas eram virgens. Começou a rarear seu amor ao "desregramento"; ia de mãos dadas ao cinema e já olhava com uma ponta de desdém a minha "maldição". Eu o desprezei naquele namoro, muito mais para Lamartine que para nosso deus maldito. Mas aquele amor me tocou. "Minha vida era um festim aberto a todos os corações", murmurava.
Um dia, chegou a minha vez. Não sei como fui capturado pelas duas Terezinhas. Uma era magrela e feiosa e a outra era gorda. Sei que moravam juntas e tinham amantes, mas não eram prostitutas não. Preferi a Terezinha gorda, rosto bonito, muito gorda, mas dividida por uma cintura finíssima e formas sólidas. Deitado em seu corpo nu, parecia estar em um colchão macio, farto, onde me aconchegava como num grande berço protetor. Eu sentia que ela estava encantada com aquele garoto extasiado. Ela tinha algo de vaca e de mãe.
Só pensava nela. Saía do colégio de uniforme, corria para seu apartamento conjugado no Lido e me jogava em seus braços, com um fervor que aos poucos foi entediando Terezinha gorda - percebi eu, algumas vezes, durante meus delírios poéticos. "Por vezes vejo no céu praias infinitas cobertas por brancas nações em júbilo", frases do "além", segundo ela, que era espírita, médium e também funcionária publica que - dizia triste - tinha de contar com a ajuda de um senhor que era seu chefe de seção. Mesmo assim, eu via em Terezinha uma Vênus primitiva, com ancas fecundas, os seios escapando do sutiã negro, com uma luz de grandeza inatingível e misteriosa. No entanto, ela estava diferente, eu via, e já forjava uma admiração por meu "gênio", traída por um desinteresse crescente.
Até que um dia ela disse que não dava mais para eu vir ali, que seu protetor estava voltando de viagem e que eu tinha de arranjar uma moça da minha idade. Ficou com o rosto impassível mesmo quando comecei a chorar, sentindo-me um poeta abandonado, pois "quando se tem fome e sede, alguém nos expulsa!". Foi quando a outra Terezinha, a feia, gritou da janela: "Ih, o Peçanha está chegando" - e saiu correndo porta afora. A gorda amada me empurrou para o hall, coberto de lágrimas, no momento exato em que um sujeito forte e careca cruzou por mim na escada e meteu o pé na porta, dando para ouvir seu berro de "quem é esse merdinha aí?". Eu descia correndo, mas voltei ao ouvir uns gritos lá dentro, olhei pelo olho mágico e vi, como numa luneta convexa, o sujeito arrancando a roupa de minha gorda metafísica e cobrindo-a de bofetadas, que ela recebia com as faces coradas de alegria e um fio de sangue escorrendo-lhe da boca, enquanto lambia o peito cabeludo do sujeito, também banhada em lágrimas. Ali, no olho mágico eu vi então a "la vraie vie" (a verdadeira vida) que Rimbaud deve ter visto quando Verlaine tentou matá-lo com dois tiros. Quando saí, a rua estava diferente.
A primeira vez que eu vi Rimbaud, senti que havia uma outra vida para além das paredes cinzentas de meu quarto. Eu com 17 anos de idade, sem amor nem sexo, não li Rimbaud apenas; eu o vi, diante de mim, "como um gracioso filho de Pan - em torno de sua fronte coroada de flores, seus olhos, duas órbitas preciosas, giravam. Seu peito parecia uma cítara e acordes ressoavam em seus braços louros e seu coração batia em seu ventre onde dormia um sexo duplo". Nesse dia, vi que ele morava em outra vida, "la vraie vie" ( a verdadeira vida), como ele a chamava.
Não havia internet naquele tempo e a literatura era tudo; a poesia era a promessa de outra realidade, impalpável. Li depois, em Artaud, uma profunda definição de arte: "A arte não é a imitação da vida; a vida é que é a imitação de alguma coisa transcendental com que a arte nos põe em contato". Se é que arte tem definição, entendi que aquele era o campo de Rimbaud quando li seus poemas com o coração disparado. "Eu a reencontrei. O quê? A eternidade. É o mar alado partindo com o sol." Minha vida mudou. Rimbaud abria a consciência como uma droga. Anos mais tarde, tomei LSD e vi que a experiência de Rimbaud era lisérgica. Jim Morrison, Kurt Cobain eram Rimbaud.
Eu vivia em vertigem. Não sabia o que queria, mas não queria a vida de meus pais, escurecida por uma infelicidade que não percebiam. Minhas conversas com meu amigo "Broca" beiravam a loucura. Delirávamos a beira-mar, nos paredões da Urca, nas noite daquele tempo. Onde andará Broca, o gênio que gritava para as pedras, onde fervilhavam caranguejos e guaiamuns: "Oisive jeunesse à tout asservie, par delicatesse j'ai perdu ma vie!" E eu contracantava: "Temos de ser absolutamente modernos!". E os guaiamuns agitavam as antenas espantados.
"Temos de conseguir o desregramento de todos os sentidos", nos ensinava Rimbaud, com sua cara de linda bicha louca, no quadro de Fantin-Latour. Partimos então para os prostíbulos - nossa ideia de desregrar sentidos. Não havia drogas ainda, nem uma reles maconha ao alcance de burguesinhos como nós. Enchíamos a cara de Cuba Libre (Coca-cola com rum) e íamos para os bordéis, que pareciam salas de visitas de classe media, com "meninas" sentadas em volta, discretas, num silencio de velório, e indo conosco para a cama emburradas como para um sacrifício - homenagem à virtude perdida. As prostitutas tinham uma aura de transgressão, de loucura de que nos orgulhávamos, os dois corajosos lutadores contra a caretice. Naquele tempo a verdade era inatingível.
Hoje, a "verdade" se proclama visível. O Google tem todos os sentimentos catalogados, mas falta-nos sentir o gosto de alguma coisa vaga que nunca se atinge. Qual seria a emoção de um "gamer" ao ler: "Enquanto os fundos públicos são desperdiçados em caridade, um sino de fogo róseo soa entre as nuvens"? O jovem teria um tédio infinito. Ninguém quer atingir mais nada. Está tudo aí, classificado.
A realidade era nosso delírio. Olhávamos com desprezo os comuns ou então elevávamos os mais vulgares vagabundos à condição de seres tocados por uma aura imerecida. Até que um dia o Broca se apaixonou. Se enamorou de uma colegial sóbria e virgem, claro. Todas eram virgens. Começou a rarear seu amor ao "desregramento"; ia de mãos dadas ao cinema e já olhava com uma ponta de desdém a minha "maldição". Eu o desprezei naquele namoro, muito mais para Lamartine que para nosso deus maldito. Mas aquele amor me tocou. "Minha vida era um festim aberto a todos os corações", murmurava.
Um dia, chegou a minha vez. Não sei como fui capturado pelas duas Terezinhas. Uma era magrela e feiosa e a outra era gorda. Sei que moravam juntas e tinham amantes, mas não eram prostitutas não. Preferi a Terezinha gorda, rosto bonito, muito gorda, mas dividida por uma cintura finíssima e formas sólidas. Deitado em seu corpo nu, parecia estar em um colchão macio, farto, onde me aconchegava como num grande berço protetor. Eu sentia que ela estava encantada com aquele garoto extasiado. Ela tinha algo de vaca e de mãe.
Só pensava nela. Saía do colégio de uniforme, corria para seu apartamento conjugado no Lido e me jogava em seus braços, com um fervor que aos poucos foi entediando Terezinha gorda - percebi eu, algumas vezes, durante meus delírios poéticos. "Por vezes vejo no céu praias infinitas cobertas por brancas nações em júbilo", frases do "além", segundo ela, que era espírita, médium e também funcionária publica que - dizia triste - tinha de contar com a ajuda de um senhor que era seu chefe de seção. Mesmo assim, eu via em Terezinha uma Vênus primitiva, com ancas fecundas, os seios escapando do sutiã negro, com uma luz de grandeza inatingível e misteriosa. No entanto, ela estava diferente, eu via, e já forjava uma admiração por meu "gênio", traída por um desinteresse crescente.
Até que um dia ela disse que não dava mais para eu vir ali, que seu protetor estava voltando de viagem e que eu tinha de arranjar uma moça da minha idade. Ficou com o rosto impassível mesmo quando comecei a chorar, sentindo-me um poeta abandonado, pois "quando se tem fome e sede, alguém nos expulsa!". Foi quando a outra Terezinha, a feia, gritou da janela: "Ih, o Peçanha está chegando" - e saiu correndo porta afora. A gorda amada me empurrou para o hall, coberto de lágrimas, no momento exato em que um sujeito forte e careca cruzou por mim na escada e meteu o pé na porta, dando para ouvir seu berro de "quem é esse merdinha aí?". Eu descia correndo, mas voltei ao ouvir uns gritos lá dentro, olhei pelo olho mágico e vi, como numa luneta convexa, o sujeito arrancando a roupa de minha gorda metafísica e cobrindo-a de bofetadas, que ela recebia com as faces coradas de alegria e um fio de sangue escorrendo-lhe da boca, enquanto lambia o peito cabeludo do sujeito, também banhada em lágrimas. Ali, no olho mágico eu vi então a "la vraie vie" (a verdadeira vida) que Rimbaud deve ter visto quando Verlaine tentou matá-lo com dois tiros. Quando saí, a rua estava diferente.
Ueba! Gols do ROUBRASILEIRÃO! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 26/11
Papuda News: diz que o Zé Dirceu tem mania de limpeza. Isso tem mesmo. Os cofres que o digam!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! O Vasco é uma piada pronta! "Caminhão desgovernado derruba muro do Vasco". Só piora: sem título, sem água e agora sem muro! Outra piada pronta: "Estádio do Vasco é cenário para o filme A Esperança É a Última que Morre'". Verdade! Com a Dani Calabresa!
E sabe a semelhança entre o Vasco e a Perimetral? Ambos vão cair com Dinamite! Rarará!
E sabe qual a semelhança entre o Félix e o São Paulo? Ambos apanharam em casa!
E sabe como se chama aquela partida Vasco x Cruzeiro? ROUBRASILEIRÃO! O Brasileirão virou Roubrasileirão. E o site FuteboldaDepressao definiu assim a partida Flamengo x Corinthians: o jogo em que os juízes ficam sem saber pra que lado roubar! Rarará! Flamengo x Corinthians! Urubu x Gambá! O jogo devia ser no lixão. Da Mãe Lucinda! Rarará!
Guerra! O Batbarbosa nomeou um novo juiz pra executar a pena dos mensaleiros: um filho de tucano cujo pai trabalhou pro Arruda do Mensalão do DEM! Então ficamos assim: descendente do Mensalão do DEM executa penas do mensalão do PT, que exige julgamento do mensalão do PSDB! É muito mensalão! Como diz o chargista Fausto: Imensalão! O País do Imensalão! Rarará!
E atenção! Papuda News: diz que o Zé Dirceu tem mania de limpeza. Ah, isso tem mesmo! Limpa tudo. Os cofres que o digam! Rarará!
E diz que o Genoino é hipertenso e o Dirceu é hiperchato! E um leitor mandou perguntar se o Genoino só tem aquela camisa rosa!
E o Joaquim Barbosa com aquela capa preta tá parecendo o Antônio das Mortes, o matador de cangaceiros! Rarará! Aquele personagem do filme de Glauber Rocha: "Deus e o Diabo na Terra do Sol".
É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Olha a placa no restaurante Imaculada, centro do Rio: "Eike Batista nunca esteve aqui". Rarará!
Acho que vou botar essa placa na porta daqui de casa: Eike Batista nunca esteve aqui! Rarará!
E essa placa no mercado Ver-o-Peso em Belém: "A partí de agora tá proibido nesse local: Vale Tudo (brigas), palavrões, dormir drogado, roubar e mentir. A direção agradece". E se todos obedecerem, o povo brasileiro agradece. Rarará.
Hoje, só amanhã!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Papuda News: diz que o Zé Dirceu tem mania de limpeza. Isso tem mesmo. Os cofres que o digam!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! O Vasco é uma piada pronta! "Caminhão desgovernado derruba muro do Vasco". Só piora: sem título, sem água e agora sem muro! Outra piada pronta: "Estádio do Vasco é cenário para o filme A Esperança É a Última que Morre'". Verdade! Com a Dani Calabresa!
E sabe a semelhança entre o Vasco e a Perimetral? Ambos vão cair com Dinamite! Rarará!
E sabe qual a semelhança entre o Félix e o São Paulo? Ambos apanharam em casa!
E sabe como se chama aquela partida Vasco x Cruzeiro? ROUBRASILEIRÃO! O Brasileirão virou Roubrasileirão. E o site FuteboldaDepressao definiu assim a partida Flamengo x Corinthians: o jogo em que os juízes ficam sem saber pra que lado roubar! Rarará! Flamengo x Corinthians! Urubu x Gambá! O jogo devia ser no lixão. Da Mãe Lucinda! Rarará!
Guerra! O Batbarbosa nomeou um novo juiz pra executar a pena dos mensaleiros: um filho de tucano cujo pai trabalhou pro Arruda do Mensalão do DEM! Então ficamos assim: descendente do Mensalão do DEM executa penas do mensalão do PT, que exige julgamento do mensalão do PSDB! É muito mensalão! Como diz o chargista Fausto: Imensalão! O País do Imensalão! Rarará!
E atenção! Papuda News: diz que o Zé Dirceu tem mania de limpeza. Ah, isso tem mesmo! Limpa tudo. Os cofres que o digam! Rarará!
E diz que o Genoino é hipertenso e o Dirceu é hiperchato! E um leitor mandou perguntar se o Genoino só tem aquela camisa rosa!
E o Joaquim Barbosa com aquela capa preta tá parecendo o Antônio das Mortes, o matador de cangaceiros! Rarará! Aquele personagem do filme de Glauber Rocha: "Deus e o Diabo na Terra do Sol".
É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Olha a placa no restaurante Imaculada, centro do Rio: "Eike Batista nunca esteve aqui". Rarará!
Acho que vou botar essa placa na porta daqui de casa: Eike Batista nunca esteve aqui! Rarará!
E essa placa no mercado Ver-o-Peso em Belém: "A partí de agora tá proibido nesse local: Vale Tudo (brigas), palavrões, dormir drogado, roubar e mentir. A direção agradece". E se todos obedecerem, o povo brasileiro agradece. Rarará.
Hoje, só amanhã!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Eike pagou o pato - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 26/11
Ronaldo Fenômeno e dez amigos jantaram no sábado à noite no Mr.Lam, restaurante chique chinês de Eike Sempre Ele Batista, no Rio.
Na mesa ao lado, estava o dono do espaço, que não deixou o ex-craque e sua turma pagarem a conta.
Boom das biografias
Embora nem o STF nem o Congresso tenham ainda acabado com a censura prévia para biografias, o mercado editorial anda agitado com a perspectiva de lançar novos títulos.
Os contatos andam a mil.
Não cicatrizaram...
Aliás, até hoje as relações do grupo Procure Saber com o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, ainda não cicatrizaram.
Tudo por causa de uma reportagem da “Isto É”, publicada há duas semanas. Lá diz que o advogado de Roberto Carlos, nas reuniões do Procure Saber, teria conseguido que o “grupo desistisse da ideia de censura às biografias”.
Kakay já escreveu para a revista negando a declaração.
Aços especiais
O grupo italiano Marcora comunicou ontem ao governo Cabral a decisão de instalar em Seropédica uma unidade de forjaria de aços especiais.
Negócio de uns 50 milhões de dólares.
Relógio de Getúlio
Será leiloado por Roberto Haddad, na sexta, este relógio de pulso (foto) usado diariamente por Getúlio Vargas (1882-1954). É feito em ouro pela suíça Jaeger LeCoultre, fundada em 1883.
A peça foi presente da família do presidente ao médico João Hugo
Menditeguy. O lance mínimo é de R$ 3 mil.
Calma, gente!
O “Rio de fé”, documentário de Cacá Diegues sobre a Jornada Mundial da Juventude no Rio, só será lançado no dia 6, mas já está provocando polêmica.
Grupos de católicos conservadores estão atacando o filme na internet. Reclamam que ele registra o encontro de peregrinos com evangélicos, judeus e membros do candomblé e da umbanda.
Tem mais...
Não gostaram também de ver entrevistas com católicos gays e com Leonardo Boff.
“Rio de fé” teve a aprovação do arcebispo do Rio dom Orani Tempesta.
Sacerdotisa do sexo
Lembra-se de Enoli Lara, que foi símbolo sexual na década de 1980 e ficou famosa por ter ganho US$ 40 mil de indenização pelo uso indevido da imagem de seu bumbum? Está na pior.
Teve de deixar seu apartamento em Ipanema, no Rio, por falta de dinheiro. Foi morar com a mãe, em Curitiba. Que seja feliz!
Bebês no zoo
O Jardim Zoológico do Rio apresenta hoje quatro filhotes de macacos de espécies diferentes. Os bebês estão se alimentando de leite materno, passam bem e estão em exposição sob os cuidados e olhares atentos dos papais corujas. Entre eles, este miúdo da foto, o macaco-caiarara-branco (Cebus albifrons). Não é fofo?
Uma ode ao sonho
Hoje, na entrega do Prêmio Rio Sem Preconceito, no Teatro Carlos Gomes, Daniela Mercury vai cantar músicas afros para celebrar os 50 anos do histórico discurso de Martin Luther King, o “I have a dream” (Eu tenho um sonho).
BRT na Baixada
Cabral, a exemplo de Eduardo Paes, também pensa em investir em BRT.
O primeiro corredor intermunicipal ligaria o Rio a Nova Iguaçu e aproveitaria o traçado da Via Light, que vai ganhar uma alça de 3,5 quilômetros até a Avenida Brasil.
Copa-Corcovado
O secretário Rodrigo Bethlem, em parceria com o Instituto Chico Mendes, anuncia hoje que vai estender os serviços de vans que chegam ao Corcovado.
A partir da semana que vem, 25 vans sairão de Copacabana diretamente para o ponto turístico. A ideia é levar 400 pessoas por hora.
É de ouro?
Sabe aquela loja famosa de panelas e louças, a Le Creuset, no Village Mall, no Rio? Outro dia, uma cliente deixou cair a tampa de um pote de mel no chão. E foi obrigada a pagar R$ 95 pelo estrago.
Na mesa ao lado, estava o dono do espaço, que não deixou o ex-craque e sua turma pagarem a conta.
Boom das biografias
Embora nem o STF nem o Congresso tenham ainda acabado com a censura prévia para biografias, o mercado editorial anda agitado com a perspectiva de lançar novos títulos.
Os contatos andam a mil.
Não cicatrizaram...
Aliás, até hoje as relações do grupo Procure Saber com o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, ainda não cicatrizaram.
Tudo por causa de uma reportagem da “Isto É”, publicada há duas semanas. Lá diz que o advogado de Roberto Carlos, nas reuniões do Procure Saber, teria conseguido que o “grupo desistisse da ideia de censura às biografias”.
Kakay já escreveu para a revista negando a declaração.
Aços especiais
O grupo italiano Marcora comunicou ontem ao governo Cabral a decisão de instalar em Seropédica uma unidade de forjaria de aços especiais.
Negócio de uns 50 milhões de dólares.
Relógio de Getúlio
Será leiloado por Roberto Haddad, na sexta, este relógio de pulso (foto) usado diariamente por Getúlio Vargas (1882-1954). É feito em ouro pela suíça Jaeger LeCoultre, fundada em 1883.
A peça foi presente da família do presidente ao médico João Hugo
Menditeguy. O lance mínimo é de R$ 3 mil.
Calma, gente!
O “Rio de fé”, documentário de Cacá Diegues sobre a Jornada Mundial da Juventude no Rio, só será lançado no dia 6, mas já está provocando polêmica.
Grupos de católicos conservadores estão atacando o filme na internet. Reclamam que ele registra o encontro de peregrinos com evangélicos, judeus e membros do candomblé e da umbanda.
Tem mais...
Não gostaram também de ver entrevistas com católicos gays e com Leonardo Boff.
“Rio de fé” teve a aprovação do arcebispo do Rio dom Orani Tempesta.
Sacerdotisa do sexo
Lembra-se de Enoli Lara, que foi símbolo sexual na década de 1980 e ficou famosa por ter ganho US$ 40 mil de indenização pelo uso indevido da imagem de seu bumbum? Está na pior.
Teve de deixar seu apartamento em Ipanema, no Rio, por falta de dinheiro. Foi morar com a mãe, em Curitiba. Que seja feliz!
Bebês no zoo
O Jardim Zoológico do Rio apresenta hoje quatro filhotes de macacos de espécies diferentes. Os bebês estão se alimentando de leite materno, passam bem e estão em exposição sob os cuidados e olhares atentos dos papais corujas. Entre eles, este miúdo da foto, o macaco-caiarara-branco (Cebus albifrons). Não é fofo?
Uma ode ao sonho
Hoje, na entrega do Prêmio Rio Sem Preconceito, no Teatro Carlos Gomes, Daniela Mercury vai cantar músicas afros para celebrar os 50 anos do histórico discurso de Martin Luther King, o “I have a dream” (Eu tenho um sonho).
BRT na Baixada
Cabral, a exemplo de Eduardo Paes, também pensa em investir em BRT.
O primeiro corredor intermunicipal ligaria o Rio a Nova Iguaçu e aproveitaria o traçado da Via Light, que vai ganhar uma alça de 3,5 quilômetros até a Avenida Brasil.
Copa-Corcovado
O secretário Rodrigo Bethlem, em parceria com o Instituto Chico Mendes, anuncia hoje que vai estender os serviços de vans que chegam ao Corcovado.
A partir da semana que vem, 25 vans sairão de Copacabana diretamente para o ponto turístico. A ideia é levar 400 pessoas por hora.
É de ouro?
Sabe aquela loja famosa de panelas e louças, a Le Creuset, no Village Mall, no Rio? Outro dia, uma cliente deixou cair a tampa de um pote de mel no chão. E foi obrigada a pagar R$ 95 pelo estrago.
LUXO NA MIRA - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 26/11
Uma das gerentes da Christian Dior no shopping Cidade Jardim foi acusada de assédio moral pelas vendedoras da loja. Na manhã de ontem, um responsável pela área de recursos humanos da grife de luxo participou de audiência no Sindicato dos Comerciários de São Paulo, quando assumiu, em ata, o compromisso de tomar providências.
LUXO NA MIRA 2
Segundo relatório de uma equipe do sindicato que visitou a loja no início do mês, teria sido comprovada a denúncia de xingamentos, ofensas e humilhações por parte da gerente. "A empresa diz estar tomando providências, e agora vamos monitorar a situação", afirma Josimar Andrade, diretor de relações sindicais do Sindicato dos Comerciários. A assessoria da Dior diz que a posição da empresa é a que consta da ata da reunião.
LUXO NA MIRA 3
A gerente deverá passar por treinamento ou ser afastada, recomenda o sindicato. Caso a situação perdure, o próximo encaminhamento é notificar o Ministério Público do Trabalho. Uma outra denúncia de atraso no pagamento não foi comprovada na visita do sindicato à loja.
CAUSA PRÓPRIA
Ativistas e entidades de defesa dos direitos LGBT entregaram carta ontem ao Senado em que manifestam "profunda indignação" com o adiamento da votação da proposta de criminalização da homofobia. O psicólogo João Nery, tido como o primeiro transexual masculino operado do Brasil, o Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e o Instituto Brasileiro de Direito de Família estão entre os que endossam o texto e pedem a aprovação do projeto de lei.
NO CARTÓRIO
O número de protestos por falta de pagamento do condomínio quase dobrou em SP. Segundo pesquisa da Lello, empresa de administração imobiliária, entre janeiro e outubro deste ano, 914 inadimplentes foram protestados e inscritos em serviços de proteção ao crédito. No ano passado, o número era de 535 casos entre os contratos da administradora.
SÓ DÁ ELA
Mônica, a criação de Mauricio de Sousa que está espalhada por 50 lugares de São Paulo na forma de estátua, adere a uma nova causa. A imagem dela será usada na divulgação do Dia Nacional de Combate à Fome Oculta --que é a deficiência de determinados nutrientes. A personagem vai incentivar a alimentação saudável entre as crianças.
PROIBIDO É MELHOR
Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, lida com a polêmica questão das biografias de forma bem-humorada e com tino comercial: só venderá as não autorizadas nas lojas da rede. "As que todo mundo quer esconder são as mais interessantes de ler."
ANTES DA LARGADA...
Um dos anfitriões do camarote da Shell em Interlagos, Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da Cosan, apresentou o neto a Danielle Winits. "Ela é a má da novela", explicava. Tímido, o garoto não quis posar para foto ao lado da atriz, que faz o papel de Amarylis, em "Amor à Vida". O empresário conta que é noveleiro. "Quando não dá tempo de assistir, peço para gravar."
...E DEPOIS DA FUSÃO
Após a fusão da Cosan, maior produtora de etanol no mundo, com a Shell na joint venture Raízen, Ometto diz que tem sobrado mais tempo para pensar. "E também estamos mais eficientes", completa.
TALENTOS MÚLTIPLOS
O ator Hugh Laurie, o doutor House, da série homônima, virá ao Brasil pela primeira vez em março do ano que vem. Também pianista e cantor de jazz, ele fará shows em seis capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília e Curitiba.
FIM DE TEMPORADA
Deborah Secco, Danielle Winits e Murilo Benício, com o filho Pietro, estiveram nos camarotes do autódromo de Interlagos para assistir ao Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, anteontem em São Paulo. Hélio Magalhães, presidente do Citi Brasil, e os empresários Rubens Ometto, da Cosan, e Flávio Rocha, da Riachuelo, também foram ao evento. Rossana Fittipaldi levou o filho Emo para ver a última corrida do ano.
VELOCIDADE MÁXIMA
Paolo Dal Pino, presidente da Pirelli para América Latina, recebeu convidados na festa Let's Dance, realizada pela marca no Grand Metrópole, no centro, às véspera do GP de F-1. O empresário André Almada e ex-jogador de vôlei Maurício Lima com a mulher, Roberta, estiveram na casa noturna.
CURTO-CIRCUITO
Angelika Winkler organiza almoço para Luiza Brunet e Melissa Fernandes, embaixadoras da grife italiana MaxMara, no Skye.
Heitor Dhalia dirige a próxima campanha da Vivo.
O cenógrafo Marcelo Bacchin comemora 15 anos de carreira com festa na Casa Fasano, hoje, às 19h.
Ademir Perín recebe hoje organizadores do Festival do Cinema Italiano e o cineasta Vittorio Taviani em jantar na Jardineira Grill.
O Alana lança hoje a campanha Prioridade Absoluta, em defesa dos direitos da infância, no auditório do instituto, em Pinheiros.
Uma das gerentes da Christian Dior no shopping Cidade Jardim foi acusada de assédio moral pelas vendedoras da loja. Na manhã de ontem, um responsável pela área de recursos humanos da grife de luxo participou de audiência no Sindicato dos Comerciários de São Paulo, quando assumiu, em ata, o compromisso de tomar providências.
LUXO NA MIRA 2
Segundo relatório de uma equipe do sindicato que visitou a loja no início do mês, teria sido comprovada a denúncia de xingamentos, ofensas e humilhações por parte da gerente. "A empresa diz estar tomando providências, e agora vamos monitorar a situação", afirma Josimar Andrade, diretor de relações sindicais do Sindicato dos Comerciários. A assessoria da Dior diz que a posição da empresa é a que consta da ata da reunião.
LUXO NA MIRA 3
A gerente deverá passar por treinamento ou ser afastada, recomenda o sindicato. Caso a situação perdure, o próximo encaminhamento é notificar o Ministério Público do Trabalho. Uma outra denúncia de atraso no pagamento não foi comprovada na visita do sindicato à loja.
CAUSA PRÓPRIA
Ativistas e entidades de defesa dos direitos LGBT entregaram carta ontem ao Senado em que manifestam "profunda indignação" com o adiamento da votação da proposta de criminalização da homofobia. O psicólogo João Nery, tido como o primeiro transexual masculino operado do Brasil, o Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e o Instituto Brasileiro de Direito de Família estão entre os que endossam o texto e pedem a aprovação do projeto de lei.
NO CARTÓRIO
O número de protestos por falta de pagamento do condomínio quase dobrou em SP. Segundo pesquisa da Lello, empresa de administração imobiliária, entre janeiro e outubro deste ano, 914 inadimplentes foram protestados e inscritos em serviços de proteção ao crédito. No ano passado, o número era de 535 casos entre os contratos da administradora.
SÓ DÁ ELA
Mônica, a criação de Mauricio de Sousa que está espalhada por 50 lugares de São Paulo na forma de estátua, adere a uma nova causa. A imagem dela será usada na divulgação do Dia Nacional de Combate à Fome Oculta --que é a deficiência de determinados nutrientes. A personagem vai incentivar a alimentação saudável entre as crianças.
PROIBIDO É MELHOR
Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, lida com a polêmica questão das biografias de forma bem-humorada e com tino comercial: só venderá as não autorizadas nas lojas da rede. "As que todo mundo quer esconder são as mais interessantes de ler."
ANTES DA LARGADA...
Um dos anfitriões do camarote da Shell em Interlagos, Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da Cosan, apresentou o neto a Danielle Winits. "Ela é a má da novela", explicava. Tímido, o garoto não quis posar para foto ao lado da atriz, que faz o papel de Amarylis, em "Amor à Vida". O empresário conta que é noveleiro. "Quando não dá tempo de assistir, peço para gravar."
...E DEPOIS DA FUSÃO
Após a fusão da Cosan, maior produtora de etanol no mundo, com a Shell na joint venture Raízen, Ometto diz que tem sobrado mais tempo para pensar. "E também estamos mais eficientes", completa.
TALENTOS MÚLTIPLOS
O ator Hugh Laurie, o doutor House, da série homônima, virá ao Brasil pela primeira vez em março do ano que vem. Também pianista e cantor de jazz, ele fará shows em seis capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília e Curitiba.
FIM DE TEMPORADA
Deborah Secco, Danielle Winits e Murilo Benício, com o filho Pietro, estiveram nos camarotes do autódromo de Interlagos para assistir ao Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, anteontem em São Paulo. Hélio Magalhães, presidente do Citi Brasil, e os empresários Rubens Ometto, da Cosan, e Flávio Rocha, da Riachuelo, também foram ao evento. Rossana Fittipaldi levou o filho Emo para ver a última corrida do ano.
VELOCIDADE MÁXIMA
Paolo Dal Pino, presidente da Pirelli para América Latina, recebeu convidados na festa Let's Dance, realizada pela marca no Grand Metrópole, no centro, às véspera do GP de F-1. O empresário André Almada e ex-jogador de vôlei Maurício Lima com a mulher, Roberta, estiveram na casa noturna.
CURTO-CIRCUITO
Angelika Winkler organiza almoço para Luiza Brunet e Melissa Fernandes, embaixadoras da grife italiana MaxMara, no Skye.
Heitor Dhalia dirige a próxima campanha da Vivo.
O cenógrafo Marcelo Bacchin comemora 15 anos de carreira com festa na Casa Fasano, hoje, às 19h.
Ademir Perín recebe hoje organizadores do Festival do Cinema Italiano e o cineasta Vittorio Taviani em jantar na Jardineira Grill.
O Alana lança hoje a campanha Prioridade Absoluta, em defesa dos direitos da infância, no auditório do instituto, em Pinheiros.
Candidaturas auxiliares - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 26/11
Os candidatos nanicos estão nas contas do PSDB para levar para o segundo turno a eleição presidencial. O desempenho de Aécio Neves e Eduardo Campos (PSB) não dão hoje essa segurança. Por isso, os tucanos contam na corrida sucessória com o pastor Everaldo (PSC); o senador Randolfe Rodrigues (PSOL); e, ainda, a ex-vereadora Sonia Francine (PPS). Essas articulações já estão em curso.
Turbinando as obras
A presidente Dilma volta a bater o bumbo no dia 10 de dezembro. Nessa data, ela e um séquito de ministros do governo estarão nas usinas de Girau e Santo Antônio, em Rondônia. Ela vai inaugurar o início das operações das usinas e a primeira linha de transmissão, que levará a energia gerada pelo Rio Madeira ao sistema integrado nacional. Serão inauguradas algumas turbinas, e isso significa que a presidente Dilma pretende voltar ao empreendimento outras vezes durante o ano que vem. Acontece que, quando concluídas, a usina de Girau terá 46 turbinas, e a de Santo Antônio, 50 turbinas. A ideia no governo é, como se diz, chupar até o último bagaço da laranja.
"O clima é de tristeza. Tem gente que não esperava de fato que isso pudesse vir a acontecer um dia"
André Vargas
Vice-presidente da Câmara (PR), sobre a prisão dos petistas condenados pelo mensalão
À beira do gramado
O ex-deputado Bispo Rodrigues, condenado a seis anos e três meses no mensalão, instalou-se num flat em Brasília e vai comandar uma das igrejas da Universal. Ontem, ele se reuniu com outro condenado: Valdemar Costa Neto (PR).
Tudo azul?
Ninguém confirma no PSDB que foi dado um empurrão para que o deputado Eduardo Azeredo, reú do mensalão mineiro, deixe o partido. Ele mesmo esta convencido que será inocentado. Diz que, das 25 testemunhas, só uma o cita. E relatou à bancada que abriu mão do recurso protelatório de pedir para dar um novo depoimento.
A explicação
O presidente do PPS, deputado Roberto Freire, na conversa com o candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, explicou sua preferência pessoal por Eduardo Campos (PSB). Freire teme que o socialista fique isolado e desista de concorrer.
O que rola no PMDB
A presidente Dilma e o governador Cid Gomes (PROS) estariam avançando na construção da chapa no Ceará. Depois de o senador Eunício Oliveira (PMDB) ter reclamado com ela e o ex-presidente Lula, estaria se formando a chapa com Eunício ao governo, Zezinho Albuquerque (PROS) a vice (ele é presidente da Assembleia e ligado a Cid) e Inácio Arruda (PCdoB) ao Senado.
Montando o quebra-cabeça
Segundo essa articulação, o PT não poderia retirar o apoio à reeleição de Inácio Arruda (PCdoB), que tem 25% nas pesquisas. Além disso, o suplente de Eunício, o petista Valdemir Catanho, é ligado à ex-prefeita Luizianne Lins.
Ao pé do ouvido
Depois de se reunir com o governador Cid Gomes (PROS-CE), no Palácio da Abolição, sexta-feira, a presidente Dilma pediu uma conversa reservada com o ex-ministro Ciro Gomes. O encontro durou 40 minutos. Dilma saiu sem comentar nada.
O MINISTRO MARCELO CRIVELLA (pesca) desconversa: "Sou candidato ao governo do Rio, não havendo a mais remota possibilidade de sèr candidato a vice"
Turbinando as obras
A presidente Dilma volta a bater o bumbo no dia 10 de dezembro. Nessa data, ela e um séquito de ministros do governo estarão nas usinas de Girau e Santo Antônio, em Rondônia. Ela vai inaugurar o início das operações das usinas e a primeira linha de transmissão, que levará a energia gerada pelo Rio Madeira ao sistema integrado nacional. Serão inauguradas algumas turbinas, e isso significa que a presidente Dilma pretende voltar ao empreendimento outras vezes durante o ano que vem. Acontece que, quando concluídas, a usina de Girau terá 46 turbinas, e a de Santo Antônio, 50 turbinas. A ideia no governo é, como se diz, chupar até o último bagaço da laranja.
"O clima é de tristeza. Tem gente que não esperava de fato que isso pudesse vir a acontecer um dia"
André Vargas
Vice-presidente da Câmara (PR), sobre a prisão dos petistas condenados pelo mensalão
À beira do gramado
O ex-deputado Bispo Rodrigues, condenado a seis anos e três meses no mensalão, instalou-se num flat em Brasília e vai comandar uma das igrejas da Universal. Ontem, ele se reuniu com outro condenado: Valdemar Costa Neto (PR).
Tudo azul?
Ninguém confirma no PSDB que foi dado um empurrão para que o deputado Eduardo Azeredo, reú do mensalão mineiro, deixe o partido. Ele mesmo esta convencido que será inocentado. Diz que, das 25 testemunhas, só uma o cita. E relatou à bancada que abriu mão do recurso protelatório de pedir para dar um novo depoimento.
A explicação
O presidente do PPS, deputado Roberto Freire, na conversa com o candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, explicou sua preferência pessoal por Eduardo Campos (PSB). Freire teme que o socialista fique isolado e desista de concorrer.
O que rola no PMDB
A presidente Dilma e o governador Cid Gomes (PROS) estariam avançando na construção da chapa no Ceará. Depois de o senador Eunício Oliveira (PMDB) ter reclamado com ela e o ex-presidente Lula, estaria se formando a chapa com Eunício ao governo, Zezinho Albuquerque (PROS) a vice (ele é presidente da Assembleia e ligado a Cid) e Inácio Arruda (PCdoB) ao Senado.
Montando o quebra-cabeça
Segundo essa articulação, o PT não poderia retirar o apoio à reeleição de Inácio Arruda (PCdoB), que tem 25% nas pesquisas. Além disso, o suplente de Eunício, o petista Valdemir Catanho, é ligado à ex-prefeita Luizianne Lins.
Ao pé do ouvido
Depois de se reunir com o governador Cid Gomes (PROS-CE), no Palácio da Abolição, sexta-feira, a presidente Dilma pediu uma conversa reservada com o ex-ministro Ciro Gomes. O encontro durou 40 minutos. Dilma saiu sem comentar nada.
O MINISTRO MARCELO CRIVELLA (pesca) desconversa: "Sou candidato ao governo do Rio, não havendo a mais remota possibilidade de sèr candidato a vice"
Na boca do caixa - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 26/11
Ricardo Lewandowski, relator no STF do processo sobre a correção das cadernetas de poupança pelos planos econômicos dos anos 80 e 90, quer proferir seu voto na sessão de amanhã. O ministro tem dito que não aceitará pressão do Banco Central e de bancos privados para adiar a decisão. Colegas acham que Lewandowski decidirá a favor dos poupadores. Ministros com a mesma tendência dizem que o cálculo do BC de risco de retração de crédito de R$ 1 trilhão é "terrorista".
Oficial O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, fará sustentação oral no plenário da corte contra o pagamento da correção. "Temos de superar esses passivos", diz. O governo prevê grande impacto no crédito caso o STF dê ganho aos poupadores.
Menos dois Luiz Fux e Luís Roberto Barroso podem se declarar impedidos de julgar a ação. A corte está bem dividida sobre a questão.
Muda tudo Dilma Rousseff resolveu intervir para tirar o Conselhão, instância de diálogo entre o governo e o empresariado, das atribuições da Secretaria de Assuntos Estratégicos e passá-lo para a Casa Civil. Empresários ameaçavam boicotar as reuniões do grupo porque não concordam com a linha de condução de Marcelo Néri.
Linha direta Um empresário com bom trânsito político conta que, sob condução do titular da SAE, o grupo não enxergava "entusiasmo" do governo com as reuniões do conselho. Ele acredita que Gleisi Hoffmann terá maior capacidade de interlocução com a presidente.
Vespeiro Dilma resolveu fazer a mudança para sinalizar ao empresariado que está atenta às críticas. Um boicote às reuniões agora agravaria a percepção do mercado de que falta diálogo do governo com o setor produtivo.
Reação 1 O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) anuncia hoje em plenário que vai interpelar extra e judicialmente o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer.
Reação 2 O tucano também pedirá ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) esclarecimentos sobre em que se baseia a denúncia de suposto envolvimento dele com o empresário Arthur Teixeira.
Em casa Roberto Freire deve se encontrar no fim de semana com Eduardo Campos (PSB) em Pernambuco para discutir o apoio do PPS à candidatura presidencial do governador e iniciar conversas sobre acordos estaduais.
Mapa Em pauta, a aliança do PSB com Geraldo Alckmin (PSDB), defendida por Freire, a união das oposições no Rio e o apoio socialista a Eliziane Gama (PPS) no Maranhão, onde a sigla tende a ir com Flávio Dino (PC do B).
Paz e amor O PPS também levará a Campos o pedido de "boa convivência" com a candidatura de Aécio Neves (PSDB), rival do governador na disputa pelo Planalto.
Separação PT e PSD decidiram que, a princípio, caminharão separados na eleição para o governo de Santa Catarina. Dilma, portanto, terá dois palanques no Estado: o do governador Raimundo Colombo (PSD) e o do PT.
Sintonia Após conversa com Fernando Haddad na semana passada, dirigentes do PR retomaram negociação com o PT para as eleições de 2014 no Estado. O último entrave para apoiar Alexandre Padilha (Saúde) era a relação conflituosa com o prefeito.
Nos boxes Haddad deixou o autódromo de Interlagos antes do fim do GP Brasil, no domingo, sem entregar o prêmio a Sebastian Vettel, como é a tradição. A aliados, confidenciou temer ser alvo de vaias da torcida.
tiroteio
"Diante de denúncia pesada de corrupção, o PSDB tenta inverter a apuração e constranger Cade, Polícia Federal e o Ministério da Justiça."
DO DEPUTADO PAULO TEIXEIRA (PT-SP), sobre PSDB criticar o ministro da Justiça, a PF e o Cade por acusação de pagamento de propina a tucanos.
contraponto
Pressão da torcida
O PPS-RJ realizou seu Congresso no último fim de semana, em que tirou uma moção de apoio à candidatura presidencial de Aécio Neves, com a presença do tucano.
O presidente regional da sigla, deputado estadual Comte Bittencourt, causou alvoroço ao anunciar:
--Vamos ouvir nosso presidente Roberto Jefferson! --disse, confundindo o deputado federal Roberto Freire com o delator do mensalão.
Diante das gargalhadas da plateia, um constrangido Bittencourt explicou:
--Isso é que dá tanto botafoguense em volta da gente!
Ricardo Lewandowski, relator no STF do processo sobre a correção das cadernetas de poupança pelos planos econômicos dos anos 80 e 90, quer proferir seu voto na sessão de amanhã. O ministro tem dito que não aceitará pressão do Banco Central e de bancos privados para adiar a decisão. Colegas acham que Lewandowski decidirá a favor dos poupadores. Ministros com a mesma tendência dizem que o cálculo do BC de risco de retração de crédito de R$ 1 trilhão é "terrorista".
Oficial O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, fará sustentação oral no plenário da corte contra o pagamento da correção. "Temos de superar esses passivos", diz. O governo prevê grande impacto no crédito caso o STF dê ganho aos poupadores.
Menos dois Luiz Fux e Luís Roberto Barroso podem se declarar impedidos de julgar a ação. A corte está bem dividida sobre a questão.
Muda tudo Dilma Rousseff resolveu intervir para tirar o Conselhão, instância de diálogo entre o governo e o empresariado, das atribuições da Secretaria de Assuntos Estratégicos e passá-lo para a Casa Civil. Empresários ameaçavam boicotar as reuniões do grupo porque não concordam com a linha de condução de Marcelo Néri.
Linha direta Um empresário com bom trânsito político conta que, sob condução do titular da SAE, o grupo não enxergava "entusiasmo" do governo com as reuniões do conselho. Ele acredita que Gleisi Hoffmann terá maior capacidade de interlocução com a presidente.
Vespeiro Dilma resolveu fazer a mudança para sinalizar ao empresariado que está atenta às críticas. Um boicote às reuniões agora agravaria a percepção do mercado de que falta diálogo do governo com o setor produtivo.
Reação 1 O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) anuncia hoje em plenário que vai interpelar extra e judicialmente o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer.
Reação 2 O tucano também pedirá ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) esclarecimentos sobre em que se baseia a denúncia de suposto envolvimento dele com o empresário Arthur Teixeira.
Em casa Roberto Freire deve se encontrar no fim de semana com Eduardo Campos (PSB) em Pernambuco para discutir o apoio do PPS à candidatura presidencial do governador e iniciar conversas sobre acordos estaduais.
Mapa Em pauta, a aliança do PSB com Geraldo Alckmin (PSDB), defendida por Freire, a união das oposições no Rio e o apoio socialista a Eliziane Gama (PPS) no Maranhão, onde a sigla tende a ir com Flávio Dino (PC do B).
Paz e amor O PPS também levará a Campos o pedido de "boa convivência" com a candidatura de Aécio Neves (PSDB), rival do governador na disputa pelo Planalto.
Separação PT e PSD decidiram que, a princípio, caminharão separados na eleição para o governo de Santa Catarina. Dilma, portanto, terá dois palanques no Estado: o do governador Raimundo Colombo (PSD) e o do PT.
Sintonia Após conversa com Fernando Haddad na semana passada, dirigentes do PR retomaram negociação com o PT para as eleições de 2014 no Estado. O último entrave para apoiar Alexandre Padilha (Saúde) era a relação conflituosa com o prefeito.
Nos boxes Haddad deixou o autódromo de Interlagos antes do fim do GP Brasil, no domingo, sem entregar o prêmio a Sebastian Vettel, como é a tradição. A aliados, confidenciou temer ser alvo de vaias da torcida.
tiroteio
"Diante de denúncia pesada de corrupção, o PSDB tenta inverter a apuração e constranger Cade, Polícia Federal e o Ministério da Justiça."
DO DEPUTADO PAULO TEIXEIRA (PT-SP), sobre PSDB criticar o ministro da Justiça, a PF e o Cade por acusação de pagamento de propina a tucanos.
contraponto
Pressão da torcida
O PPS-RJ realizou seu Congresso no último fim de semana, em que tirou uma moção de apoio à candidatura presidencial de Aécio Neves, com a presença do tucano.
O presidente regional da sigla, deputado estadual Comte Bittencourt, causou alvoroço ao anunciar:
--Vamos ouvir nosso presidente Roberto Jefferson! --disse, confundindo o deputado federal Roberto Freire com o delator do mensalão.
Diante das gargalhadas da plateia, um constrangido Bittencourt explicou:
--Isso é que dá tanto botafoguense em volta da gente!
Luz, câmera... eleição! - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 26/11
A presidente Dilma Rousseff inaugura, no próximo dia 10, as Usinas do Complexo do Rio Madeira — Santo Antônio e Jirau. Juntas, as duas hidrelétricas terão capacidade para gerar quase 7 mil megawatt de energia. Ao mesmo tempo em que ganha munição energética diante dos riscos de apagão que assustam o setor produtivo brasileiro, Dilma comprará outras brigas com as inaugurações.
As usinas do Madeira são extremamente questionadas pelos ambientalistas. Foi, inclusive, uma das quedas de braço de Dilma, ainda na Casa Civil, e Marina Silva, quando era ministra do Meio Ambiente de Lula. De lá pra cá, não foram poucas as vezes que a obra parou por querelas trabalhistas levantadas pelos sindicatos de trabalhadores que atuaram nas obras.
Prancheta
Dilma também já cobrou de seus ministros os números que pretende apresentar durante a campanha eleitoral. Até junho do ano que vem, a presidente quer matricular 1,4 milhão de pessoas no Pronatec, aposta como a porta de saída do Bolsa Família. Hoje, estão matriculadas 850 mil. Ela quer ainda assinar mais 750 mil contratos do Minha Casa Minha Vida, para somar aos 2 milhões já assinados.
Asas abertas...
Disposto a vencer possíveis resistências que ainda enfrenta em São Paulo, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) assumiu pessoalmente a defesa dos tucanos paulistas envolvidos no caso Alston/Siemens. Aécio dará hoje uma coletiva sobre o assunto ao lado dos líderes da Câmara, Carlos Sampaio, e do Senado, Aloysio Nunes Ferreira, na sede do partido.
...rumo a Sampa
O senador mineiro também intensificará a agenda de viagens para o Estado. Na sexta, estará em Franca e, no sábado, em Bauru. Na semana que vem, deve aterrissar em Campinas, Americana e Sorocaba.
Ao portador
Uma semana depois de receber o apoio do PSD à campanha pela reeleição, Dilma terá longa agenda em Santa Catarina ao lado do governador Raimundo Colombo, filiado ao partido de Gilberto Kassab.
Pura maldade!
Ela estará acompanhada da ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Ideli Salvatti. Ambas sobrevoarão o estado a bordo de um helicóptero...da Presidência.
Concede-me o prazer.../ A representantes do agronegócio, em reunião realizada há duas semanas, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, afirmou que a melhor coisa que lhe aconteceu nos últimos meses foi ter trazido Marina Silva para ser sua vice no PSB.
...desta contradança?/ E disse ainda, para acalmar os empresários, ressabiados com a ambientalista. “Durante o debate dos transgênicos, fui eu que a convenci a sentar à mesa e negociar”. Na época, primeiro mandato de Lula, Campos era ministro de Ciência e Tecnologia e Marina, do Meio Ambiente.
Luta de classes/ A Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) apresentará ao Ministério do Trabalho e Emprego proposta para criação de uma câmara de arbitragem, em âmbito federal, de autos de infração e multas trabalhistas. A ideia é estabelecer um nível consensual de recurso de última instância para julgar autuações aplicadas aos empregadores pelos auditores fiscais do trabalho.
Lanterna amiga/ O vice-presidente Michel Temer se reúne hoje com o vice-presidente da Nigéria Mohammed Namadi Sambo para trocar ideias sobre o Programa Luz para Todos. Os nigerianos querem saber se é possível exportar o programa para lá.
As usinas do Madeira são extremamente questionadas pelos ambientalistas. Foi, inclusive, uma das quedas de braço de Dilma, ainda na Casa Civil, e Marina Silva, quando era ministra do Meio Ambiente de Lula. De lá pra cá, não foram poucas as vezes que a obra parou por querelas trabalhistas levantadas pelos sindicatos de trabalhadores que atuaram nas obras.
Prancheta
Dilma também já cobrou de seus ministros os números que pretende apresentar durante a campanha eleitoral. Até junho do ano que vem, a presidente quer matricular 1,4 milhão de pessoas no Pronatec, aposta como a porta de saída do Bolsa Família. Hoje, estão matriculadas 850 mil. Ela quer ainda assinar mais 750 mil contratos do Minha Casa Minha Vida, para somar aos 2 milhões já assinados.
Asas abertas...
Disposto a vencer possíveis resistências que ainda enfrenta em São Paulo, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) assumiu pessoalmente a defesa dos tucanos paulistas envolvidos no caso Alston/Siemens. Aécio dará hoje uma coletiva sobre o assunto ao lado dos líderes da Câmara, Carlos Sampaio, e do Senado, Aloysio Nunes Ferreira, na sede do partido.
...rumo a Sampa
O senador mineiro também intensificará a agenda de viagens para o Estado. Na sexta, estará em Franca e, no sábado, em Bauru. Na semana que vem, deve aterrissar em Campinas, Americana e Sorocaba.
Ao portador
Uma semana depois de receber o apoio do PSD à campanha pela reeleição, Dilma terá longa agenda em Santa Catarina ao lado do governador Raimundo Colombo, filiado ao partido de Gilberto Kassab.
Pura maldade!
Ela estará acompanhada da ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Ideli Salvatti. Ambas sobrevoarão o estado a bordo de um helicóptero...da Presidência.
Concede-me o prazer.../ A representantes do agronegócio, em reunião realizada há duas semanas, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, afirmou que a melhor coisa que lhe aconteceu nos últimos meses foi ter trazido Marina Silva para ser sua vice no PSB.
...desta contradança?/ E disse ainda, para acalmar os empresários, ressabiados com a ambientalista. “Durante o debate dos transgênicos, fui eu que a convenci a sentar à mesa e negociar”. Na época, primeiro mandato de Lula, Campos era ministro de Ciência e Tecnologia e Marina, do Meio Ambiente.
Luta de classes/ A Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) apresentará ao Ministério do Trabalho e Emprego proposta para criação de uma câmara de arbitragem, em âmbito federal, de autos de infração e multas trabalhistas. A ideia é estabelecer um nível consensual de recurso de última instância para julgar autuações aplicadas aos empregadores pelos auditores fiscais do trabalho.
Lanterna amiga/ O vice-presidente Michel Temer se reúne hoje com o vice-presidente da Nigéria Mohammed Namadi Sambo para trocar ideias sobre o Programa Luz para Todos. Os nigerianos querem saber se é possível exportar o programa para lá.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 26/11
Grupo de call centers projeta expansão maior fora do país
Para acompanhar o crescimento nas operações de call center no exterior, o grupo brasileiro Contax abrirá novas unidades em países onde atua na América do Sul.
A companhia, que tem como sócios Andrade Gutierrez, La Fonte (Grupo Jereissati) e Portugal Telecom, planeja uma nova base em Lima, no Peru, em 2014. Outra, em Medellín (Colômbia), será inaugurada nesta semana.
"Enquanto no Brasil [o negócio] cresce entre 7% e 10%, fora [do país] o avanço ocorre a taxas de 30% a 35% ao ano, em média", afirma o presidente, Carlos Zanvettor.
No Peru, a alta para 2014 será ainda maior do que a média --cerca de 50%, de acordo com o executivo.
O mercado menos concentrado do que o brasileiro e a ampliação na exportação de serviços explicam a evolução em ritmo mais acelerado.
A partir de unidades no Peru e na Colômbia, a Contax faz atendimentos para empresas no Chile, na Espanha e nos Estados Unidos.
O grupo também opera na Argentina e avalia entrar no México. Do faturamento total, hoje 24% vêm do exterior. "Esse percentual tende a chegar aos 40% nos próximos anos", diz Zanvettor.
No Brasil, onde a empresa detém um terço do mercado, também haverá expansões. Em 2014, a companhia chegará a João Pessoa --a unidade terá 3.000 funcionários.
Uma nova planta em Salvador está em obras, com mais 6.000 vagas. "A gente investe cerca de R$ 180 milhões ao ano, uma parte para atualizar projetos antigos e outra para expandir [o grupo]."
MERGULHO EM MADRI
O atendimento a empresas na Espanha fez a Contax criar no Peru e na Colômbia uma rotina para os funcionários do call center que vai além da adaptação ao fuso horário.
Com a diferença de até seis horas em relação a Madri, os operadores passam por uma ambientação, que inclui leitura de jornais espanhóis.
"Antes de começar a trabalhar, o funcionário que está em Lima mergulha' em Madri. Ele vai ler manchetes de jornais, verificar como está a temperatura e o trânsito", afirma o presidente da companhia, Carlos Zanvettor.
"Quando [o operador] pega o telefone e vai falar com um consumidor que está em um dia de chuva torrencial em Madri, ele já sabe e está preparado", diz.
Para amenizar diferentes sotaques, os atendentes passam por treinamento, o que também ocorre no Brasil. "É comum ter um nordestino falando com um gaúcho. O objetivo é ter um atendimento o mais neutro possível."
PNEU ECONÔMICO
A Lanxess, que tem fábricas no Brasil, promoveu um teste na Alemanha com a TÜV Rheinland, organismo certificador alemão, que comprovou a economia de R$ 4,5 milhões por ano de combustível em uma frota de 300 caminhões com "pneus verdes".
Esses pneus se caracterizam pela baixa resistência à rolagem e pela redução de emissão de CO2.
A etiquetagem dos pneus, que permitirá ao consumidor conhecer a qualidade do produto, será obrigatória a partir de 2016.
A Lanxess adiou para dezembro de 2016 o projeto de conversão da produção de borracha E-SBR na fábrica de Triunfo (BA) para S-SBR, usada nos pneus verdes.
Mas a produção virá de outras unidades da empresa, frisa o presidente da companhia no Brasil, Marcelo Lacerda.
"Com a demanda mundial um pouco mais fraca, fizemos um ajuste", diz.
A conclusão do plano, que demandará investimentos de cerca de € 80 milhões, era, de início, esperada para o final de 2014.
INVESTIMENTO FEMININO
Oito em cada dez mulheres paulistanas da classe A recebem mais do que o necessário para pagar suas contas mensais, de acordo com levantamento da QuorumBrasil feito com 800 pessoas.
Nas classes B e C, são 67% e 52%, respectivamente. Na D, a parcela não alcança 40%, mostra a pesquisa.
A caderneta de poupança é o principal investimento feminino em todas as classes sociais, atingindo 67% das entrevistadas pertencentes à classe B.
O seguro de vida aparece na segunda posição na lista dos principais destinos dos recursos.
Das mulheres ouvidas da classe A, 37% têm uma apólice. Na classe B, são 33% e, na C, 24%. Entre as com renda mais baixa, no entanto, apenas 10% possuem uma.
Previdência privada, fundos de investimentos, ações e consórcios também recebem aportes das mulheres mais ricas, com 33%, 23%, 18% e 8%, respectivamente.
Ainda nessa classe social, 32% pagam hoje a prestação de algum imóvel.
Geladeira... Apenas 0,2% dos eletrodomésticos da linha branca fiscalizados pelo Inmetro durante uma operação nacional realizada neste mês apresentaram irregularidades em etiquetas de eficiência energética.
...fiscalizada No total, foram 280 produtos com problemas na identificação. No ano passado, o índice de irregularidade chegou a 1,25%. As empresas foram notificadas e poderão ser multadas em até R$ 1,5 milhão.
Visita Investidores de 22 países árabes, entre eles Qatar e Arábia Saudita, estarão no Brasil na próxima semana. Eles se reunirão com 150 empresários brasileiros na sede da CNI, em Brasília, em um fórum econômico.
NATAL À VISTA
A maior parte dos consumidores pagam as despesas de Natal em dinheiro, segundo pesquisa do McCann Worldgroup realizada em 13 países da América Latina.
Dos 2.500 entrevistados, 70% usam a moeda na hora de realizar as compras. Em seguida estão os cartões de crédito (52%) e débito (44%) e o crédito de loja (24%).
O salário do mês dezembro é a principal origem dos recursos (78%).
Uma parte dos entrevistados (40%) economiza antecipadamente, enquanto 28% utilizam os bônus e gratificações do trabalho.
A amostra foi composta por homens e mulheres de 30 a 60 anos, pais e mães de família de todas as classes sociais.
No Brasil, foram realizadas mil entrevistas.
Números
69%
das pessoas ouvidas costumam comprar os presentes em lojas de shopping centers
35%
dos entrevistados compram em média mais de oito presentes no Natal
Exportações de eletrônicos caem 5,4% em nove meses
Enquanto as exportações do setor de eletroeletrônicos caíram 5,4% entre janeiro e outubro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2012, as importações cresceram 7,7%.
Dados levantados pela Abinee (associação brasileira da indústria) com o Ministério do Desenvolvimento apontam que, só em outubro, houve expansão de 9,7% nos desembarques, em relação ao mês anterior.
As vendas para outros países, por outro lado, alcançaram US$ 657,7 milhões --retração de 0,5%.
Diante dos resultados apurados até agora, a entidade prevê que o deficit do setor seja 9% superior ao do ano passado, fechando 2013 em US$ 35 bilhões.
A desvalorização do real registrada neste ano não ajudou a indústria a amenizar o deficit. Para a entidade, o setor só ganharia competitividade se o câmbio ficasse entre R$ 2,60 e R$ 2,70.
Grupo de call centers projeta expansão maior fora do país
Para acompanhar o crescimento nas operações de call center no exterior, o grupo brasileiro Contax abrirá novas unidades em países onde atua na América do Sul.
A companhia, que tem como sócios Andrade Gutierrez, La Fonte (Grupo Jereissati) e Portugal Telecom, planeja uma nova base em Lima, no Peru, em 2014. Outra, em Medellín (Colômbia), será inaugurada nesta semana.
"Enquanto no Brasil [o negócio] cresce entre 7% e 10%, fora [do país] o avanço ocorre a taxas de 30% a 35% ao ano, em média", afirma o presidente, Carlos Zanvettor.
No Peru, a alta para 2014 será ainda maior do que a média --cerca de 50%, de acordo com o executivo.
O mercado menos concentrado do que o brasileiro e a ampliação na exportação de serviços explicam a evolução em ritmo mais acelerado.
A partir de unidades no Peru e na Colômbia, a Contax faz atendimentos para empresas no Chile, na Espanha e nos Estados Unidos.
O grupo também opera na Argentina e avalia entrar no México. Do faturamento total, hoje 24% vêm do exterior. "Esse percentual tende a chegar aos 40% nos próximos anos", diz Zanvettor.
No Brasil, onde a empresa detém um terço do mercado, também haverá expansões. Em 2014, a companhia chegará a João Pessoa --a unidade terá 3.000 funcionários.
Uma nova planta em Salvador está em obras, com mais 6.000 vagas. "A gente investe cerca de R$ 180 milhões ao ano, uma parte para atualizar projetos antigos e outra para expandir [o grupo]."
MERGULHO EM MADRI
O atendimento a empresas na Espanha fez a Contax criar no Peru e na Colômbia uma rotina para os funcionários do call center que vai além da adaptação ao fuso horário.
Com a diferença de até seis horas em relação a Madri, os operadores passam por uma ambientação, que inclui leitura de jornais espanhóis.
"Antes de começar a trabalhar, o funcionário que está em Lima mergulha' em Madri. Ele vai ler manchetes de jornais, verificar como está a temperatura e o trânsito", afirma o presidente da companhia, Carlos Zanvettor.
"Quando [o operador] pega o telefone e vai falar com um consumidor que está em um dia de chuva torrencial em Madri, ele já sabe e está preparado", diz.
Para amenizar diferentes sotaques, os atendentes passam por treinamento, o que também ocorre no Brasil. "É comum ter um nordestino falando com um gaúcho. O objetivo é ter um atendimento o mais neutro possível."
PNEU ECONÔMICO
A Lanxess, que tem fábricas no Brasil, promoveu um teste na Alemanha com a TÜV Rheinland, organismo certificador alemão, que comprovou a economia de R$ 4,5 milhões por ano de combustível em uma frota de 300 caminhões com "pneus verdes".
Esses pneus se caracterizam pela baixa resistência à rolagem e pela redução de emissão de CO2.
A etiquetagem dos pneus, que permitirá ao consumidor conhecer a qualidade do produto, será obrigatória a partir de 2016.
A Lanxess adiou para dezembro de 2016 o projeto de conversão da produção de borracha E-SBR na fábrica de Triunfo (BA) para S-SBR, usada nos pneus verdes.
Mas a produção virá de outras unidades da empresa, frisa o presidente da companhia no Brasil, Marcelo Lacerda.
"Com a demanda mundial um pouco mais fraca, fizemos um ajuste", diz.
A conclusão do plano, que demandará investimentos de cerca de € 80 milhões, era, de início, esperada para o final de 2014.
INVESTIMENTO FEMININO
Oito em cada dez mulheres paulistanas da classe A recebem mais do que o necessário para pagar suas contas mensais, de acordo com levantamento da QuorumBrasil feito com 800 pessoas.
Nas classes B e C, são 67% e 52%, respectivamente. Na D, a parcela não alcança 40%, mostra a pesquisa.
A caderneta de poupança é o principal investimento feminino em todas as classes sociais, atingindo 67% das entrevistadas pertencentes à classe B.
O seguro de vida aparece na segunda posição na lista dos principais destinos dos recursos.
Das mulheres ouvidas da classe A, 37% têm uma apólice. Na classe B, são 33% e, na C, 24%. Entre as com renda mais baixa, no entanto, apenas 10% possuem uma.
Previdência privada, fundos de investimentos, ações e consórcios também recebem aportes das mulheres mais ricas, com 33%, 23%, 18% e 8%, respectivamente.
Ainda nessa classe social, 32% pagam hoje a prestação de algum imóvel.
Geladeira... Apenas 0,2% dos eletrodomésticos da linha branca fiscalizados pelo Inmetro durante uma operação nacional realizada neste mês apresentaram irregularidades em etiquetas de eficiência energética.
...fiscalizada No total, foram 280 produtos com problemas na identificação. No ano passado, o índice de irregularidade chegou a 1,25%. As empresas foram notificadas e poderão ser multadas em até R$ 1,5 milhão.
Visita Investidores de 22 países árabes, entre eles Qatar e Arábia Saudita, estarão no Brasil na próxima semana. Eles se reunirão com 150 empresários brasileiros na sede da CNI, em Brasília, em um fórum econômico.
NATAL À VISTA
A maior parte dos consumidores pagam as despesas de Natal em dinheiro, segundo pesquisa do McCann Worldgroup realizada em 13 países da América Latina.
Dos 2.500 entrevistados, 70% usam a moeda na hora de realizar as compras. Em seguida estão os cartões de crédito (52%) e débito (44%) e o crédito de loja (24%).
O salário do mês dezembro é a principal origem dos recursos (78%).
Uma parte dos entrevistados (40%) economiza antecipadamente, enquanto 28% utilizam os bônus e gratificações do trabalho.
A amostra foi composta por homens e mulheres de 30 a 60 anos, pais e mães de família de todas as classes sociais.
No Brasil, foram realizadas mil entrevistas.
Números
69%
das pessoas ouvidas costumam comprar os presentes em lojas de shopping centers
35%
dos entrevistados compram em média mais de oito presentes no Natal
Exportações de eletrônicos caem 5,4% em nove meses
Enquanto as exportações do setor de eletroeletrônicos caíram 5,4% entre janeiro e outubro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2012, as importações cresceram 7,7%.
Dados levantados pela Abinee (associação brasileira da indústria) com o Ministério do Desenvolvimento apontam que, só em outubro, houve expansão de 9,7% nos desembarques, em relação ao mês anterior.
As vendas para outros países, por outro lado, alcançaram US$ 657,7 milhões --retração de 0,5%.
Diante dos resultados apurados até agora, a entidade prevê que o deficit do setor seja 9% superior ao do ano passado, fechando 2013 em US$ 35 bilhões.
A desvalorização do real registrada neste ano não ajudou a indústria a amenizar o deficit. Para a entidade, o setor só ganharia competitividade se o câmbio ficasse entre R$ 2,60 e R$ 2,70.
Um tabu pode cair - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 26/11
Amanhã deve cair mais um tabu do governo Dilma: o de que os juros básicos (Selic), que hoje estão nos 9,5% ao ano, não devem chegar aos dois dígitos, ou seja, aos 10% ao ano.
O Banco Central teria de apresentar justificativa muito séria para desta vez não remarcar a Selic em 10,0% ao ano. Esta é também a expectativa geral do mercado tal como apontada pela Pesquisa Focus, do Banco Central, que conta com a Selic a 10,0% até o final de dezembro e a 10,5% em 2014.
A quebra do tabu pouco significado tem em si mesma. Confirma apenas que o governo Dilma fixou arbitrariamente essa meta informal sem antes providenciar a obtenção das condições macroeconômicas para isso.
Dito de outra forma, a inflação disparou e continua alta demais porque o governo federal descuidou de várias frentes de combate. Descuidou, primeiro, da política fiscal, na medida em que deixou que as despesas correntes disparassem à razão de 7,2% em 12 meses enquanto a arrecadação se arrasta ao ritmo de 1,25% em termos reais. A própria política de preços do governo contribuiu para a quebra da arrecadação, na medida em que achatou tarifas de energia elétrica e derivados de petróleo, que, por sua vez, implicou recolhimento mais baixo de impostos e, portanto, o encurtamento do cobertor fiscal do governo.
Descuidou, também, dos investimentos em infraestrutura, cujo efeito aumentou os custos de produção e proporcionou uma política excessivamente generosa de rendas, em descompasso com os ganhos de produtividade da economia que puxaram o consumo para acima da capacidade de oferta da economia.
Em outubro de 2012, o Banco Central também imaginou que pudesse derrubar definitivamente os juros para abaixo de dois dígitos, porque acreditou nas juras de austeridade na condução das contas públicas pelo governo Dilma. Mas, no meio do caminho, foi traído pela área da Fazenda e teve de seguir sozinho na tarefa de combater a inflação, desta vez puxando a Selic até onde for preciso para segurar a inflação.
Os próximos meses acenam com mais duas fontes de pressão sobre os preços. A primeira delas é o câmbio. As cotações do dólar tenderão a subir também em reais tão logo o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) comece a fechar a válvula que hoje injeta dólares nos mercados à proporção de US$ 85 bilhões por mês. E um dólar mais caro em reais aumenta o calor inflacionário, porque tende a puxar para cima os preços dos produtos importados.
A outra fonte de pressão sobre a inflação é o atraso do ajuste dos preços administrados, aqueles que ficam sob controle do governo. No período de 12 meses até outubro, esse segmento de preços aumentou apenas 1,02%, enquanto os preços livres subiram 7,3%. Entre esses preços controlados à espera de urgente reajuste estão as tarifas de combustíveis e os preços da energia elétrica, com impacto sobre toda a cadeia produtiva.
Esse quadro sugere que o Banco Central será obrigado a manter a guarda e a preparar os espíritos para seguir na sua política de aperto monetário, não olhando mais para tabus ou metas informais destituídas de fundamento real.
Amanhã deve cair mais um tabu do governo Dilma: o de que os juros básicos (Selic), que hoje estão nos 9,5% ao ano, não devem chegar aos dois dígitos, ou seja, aos 10% ao ano.
O Banco Central teria de apresentar justificativa muito séria para desta vez não remarcar a Selic em 10,0% ao ano. Esta é também a expectativa geral do mercado tal como apontada pela Pesquisa Focus, do Banco Central, que conta com a Selic a 10,0% até o final de dezembro e a 10,5% em 2014.
A quebra do tabu pouco significado tem em si mesma. Confirma apenas que o governo Dilma fixou arbitrariamente essa meta informal sem antes providenciar a obtenção das condições macroeconômicas para isso.
Dito de outra forma, a inflação disparou e continua alta demais porque o governo federal descuidou de várias frentes de combate. Descuidou, primeiro, da política fiscal, na medida em que deixou que as despesas correntes disparassem à razão de 7,2% em 12 meses enquanto a arrecadação se arrasta ao ritmo de 1,25% em termos reais. A própria política de preços do governo contribuiu para a quebra da arrecadação, na medida em que achatou tarifas de energia elétrica e derivados de petróleo, que, por sua vez, implicou recolhimento mais baixo de impostos e, portanto, o encurtamento do cobertor fiscal do governo.
Descuidou, também, dos investimentos em infraestrutura, cujo efeito aumentou os custos de produção e proporcionou uma política excessivamente generosa de rendas, em descompasso com os ganhos de produtividade da economia que puxaram o consumo para acima da capacidade de oferta da economia.
Em outubro de 2012, o Banco Central também imaginou que pudesse derrubar definitivamente os juros para abaixo de dois dígitos, porque acreditou nas juras de austeridade na condução das contas públicas pelo governo Dilma. Mas, no meio do caminho, foi traído pela área da Fazenda e teve de seguir sozinho na tarefa de combater a inflação, desta vez puxando a Selic até onde for preciso para segurar a inflação.
Os próximos meses acenam com mais duas fontes de pressão sobre os preços. A primeira delas é o câmbio. As cotações do dólar tenderão a subir também em reais tão logo o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) comece a fechar a válvula que hoje injeta dólares nos mercados à proporção de US$ 85 bilhões por mês. E um dólar mais caro em reais aumenta o calor inflacionário, porque tende a puxar para cima os preços dos produtos importados.
A outra fonte de pressão sobre a inflação é o atraso do ajuste dos preços administrados, aqueles que ficam sob controle do governo. No período de 12 meses até outubro, esse segmento de preços aumentou apenas 1,02%, enquanto os preços livres subiram 7,3%. Entre esses preços controlados à espera de urgente reajuste estão as tarifas de combustíveis e os preços da energia elétrica, com impacto sobre toda a cadeia produtiva.
Esse quadro sugere que o Banco Central será obrigado a manter a guarda e a preparar os espíritos para seguir na sua política de aperto monetário, não olhando mais para tabus ou metas informais destituídas de fundamento real.
As marolas de 2013 - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 26/11
Clima político eleitoral, confrontos e protestos dão uma esfriada, assim como a economia
O SHOW DA aliança de Marina Silva com Eduardo Campos por um tempo parecia ter lançado de vez a campanha eleitoral e até arremedos de debate de programas, como aquelas discussões vaporosas a respeito do "tripé de política econômica".
Naquelas semanas ainda pipocavam também protestos de rua variados, de manifestações restantes de professores a revoltas com incêndios de ônibus, as quais se tornaram mais esparsas e perdidas pelas periferias até se acalmarem também.
Foram os dias em que se notou o último suspiro de recuperação parcial do prestígio do governo e da presidente Dilma Rousseff, ao menos por enquanto. Notou-se também que, passado o período de exposição mais intenso na mídia, a votação de Maria e cia. deu uma desmilinguida. Normal. Mas deu.
Os pré-candidatos como que se retiraram do palco do show político, dedicando-se mais a vender seu peixe para a elite econômica, em encontros mais reservados.
Por ora, uma parte da política, a política politiqueira e candidatícia, parece ter esfriado. Curiosamente, outra vez curiosamente, os protestos de rua também. Os "black blocs" parecem ter quase hibernado a partir do final de outubro. Foi quando as polícias pareceram agir de modo mais coordenado para vigiá-los e puni-los; foi quando mesmo Dilma Rousseff criticou essas turmas e as chamou de "fascistas".
O clima não ficou bom, de qualquer maneira, embora as tempestades tenham varrido outras praças. Durante quase um mês, donos do dinheiro grosso, a cúpula da finança, economistas e outros interessados nesses assuntos, uma minoria poderosa e vocal, mas minoria, malhou o governo com palavras e taxas de juros mais altas, por assim dizer.
O "pior não passou", embora não tenha piorado recentemente. Entre esse público, "mercados", ficou uma nota de descrédito definitivo em relação à política econômica do governo.
O governo contra-atacou com algumas tentativas de contrapropaganda e juras de "absoluto controle" da economia, mas não convenceu quase ninguém. No fim, como tem feito mais ou menos desde abril, maio, rendeu-se em parte, prometendo alguns remendos na política econômica, em especial na de gastos públicos.
O show das prisões do mensalão talvez tenha causado alguma ilusão de ótica ou ruído bastante para abafar a sucessão de episódios de confronto que estávamos vendo desde junho ("ruas x políticos", "vândalos" x alguma coisa, pré-candidatos x governo, "mercado" x política econômica). Talvez seja apenas o final do ano chegando, as "festas", o calor do verão.
A economia anda abaixo de morna; para o cidadão comum, a sensação térmica é de esfriamento. A massa salarial nos últimos 12 meses não crescia tão pouco desde a recessão de 2009 ou do início difícil dos anos Lula. O crescimento do consumo caiu pela metade do que era nos últimos cinco anos; o crédito cresce na velocidade mais baixa em quase uma década. A inflação anda na mesma faz cinco anos e na mesma estará em 2014. O nível de emprego vai parando de crescer.
Não há grande motivo para achar que virá mudança importante até a eleição de 2014. O humor do cidadão será pior ou melhor do que o deste ano?
Clima político eleitoral, confrontos e protestos dão uma esfriada, assim como a economia
O SHOW DA aliança de Marina Silva com Eduardo Campos por um tempo parecia ter lançado de vez a campanha eleitoral e até arremedos de debate de programas, como aquelas discussões vaporosas a respeito do "tripé de política econômica".
Naquelas semanas ainda pipocavam também protestos de rua variados, de manifestações restantes de professores a revoltas com incêndios de ônibus, as quais se tornaram mais esparsas e perdidas pelas periferias até se acalmarem também.
Foram os dias em que se notou o último suspiro de recuperação parcial do prestígio do governo e da presidente Dilma Rousseff, ao menos por enquanto. Notou-se também que, passado o período de exposição mais intenso na mídia, a votação de Maria e cia. deu uma desmilinguida. Normal. Mas deu.
Os pré-candidatos como que se retiraram do palco do show político, dedicando-se mais a vender seu peixe para a elite econômica, em encontros mais reservados.
Por ora, uma parte da política, a política politiqueira e candidatícia, parece ter esfriado. Curiosamente, outra vez curiosamente, os protestos de rua também. Os "black blocs" parecem ter quase hibernado a partir do final de outubro. Foi quando as polícias pareceram agir de modo mais coordenado para vigiá-los e puni-los; foi quando mesmo Dilma Rousseff criticou essas turmas e as chamou de "fascistas".
O clima não ficou bom, de qualquer maneira, embora as tempestades tenham varrido outras praças. Durante quase um mês, donos do dinheiro grosso, a cúpula da finança, economistas e outros interessados nesses assuntos, uma minoria poderosa e vocal, mas minoria, malhou o governo com palavras e taxas de juros mais altas, por assim dizer.
O "pior não passou", embora não tenha piorado recentemente. Entre esse público, "mercados", ficou uma nota de descrédito definitivo em relação à política econômica do governo.
O governo contra-atacou com algumas tentativas de contrapropaganda e juras de "absoluto controle" da economia, mas não convenceu quase ninguém. No fim, como tem feito mais ou menos desde abril, maio, rendeu-se em parte, prometendo alguns remendos na política econômica, em especial na de gastos públicos.
O show das prisões do mensalão talvez tenha causado alguma ilusão de ótica ou ruído bastante para abafar a sucessão de episódios de confronto que estávamos vendo desde junho ("ruas x políticos", "vândalos" x alguma coisa, pré-candidatos x governo, "mercado" x política econômica). Talvez seja apenas o final do ano chegando, as "festas", o calor do verão.
A economia anda abaixo de morna; para o cidadão comum, a sensação térmica é de esfriamento. A massa salarial nos últimos 12 meses não crescia tão pouco desde a recessão de 2009 ou do início difícil dos anos Lula. O crescimento do consumo caiu pela metade do que era nos últimos cinco anos; o crédito cresce na velocidade mais baixa em quase uma década. A inflação anda na mesma faz cinco anos e na mesma estará em 2014. O nível de emprego vai parando de crescer.
Não há grande motivo para achar que virá mudança importante até a eleição de 2014. O humor do cidadão será pior ou melhor do que o deste ano?
Nordeste em movimento - ANTÔNIO MÁRCIO BUAINAIN
O Estado de S.Paulo - 26/11
O Banco do Nordeste tem promovido estudos sobre as perspectivas de desenvolvimento do Nordeste que revelam que a economia regional está em movimento. Sob coordenação de Tania Bacelar e Leonardo Guimarães, possivelmente os economistas na ativa que melhor conhecem o Nordeste, os resultados preliminares indicam que a "região-problema" aos poucos se transforma numa "região com problemas", os mesmos que afligem o País como um todo, embora com intensidade muito mais elevada. Apesar da persistência das disparidades regionais e da concentração da pobreza no Nordeste, já não é possível esconder, nem para manter o justificado e necessário tratamento especial que a região recebe, os novos Nordestes dinâmicos que estão emergindo e que, em muitos casos, já são realidade.
O professor Gustavo Maia Gomes, da UFPE, sintetiza as principais transformações econômicas. Enquanto a agricultura dos cerrados e os polos de irrigação recolocaram a região no mapa do agronegócio brasileiro, a grande indústria regional - simbolizada nas fábricas de automóveis, estaleiros, siderúrgicas e refinarias em construção ou projetadas - está renascendo. Após séculos de concentração no litoral, o dinamismo está atravessando os agrestes e desbravando os sertões, onde cidades de médio porte, povoadas por pequenas e médias empresas, vão se consolidando como hub de negócios que atraem e absorvem a população local que antes migrava para as capitais.
Em muitas cidades do semiárido o setor serviço está se modernizando, puxado pela construção de centros comerciais, expansão da rede de ensino superior e consolidação de polos médicos, entre outras atividades. Novos projetos de mineração estão em curso e têm potencial para movimentar economias locais estagnadas e sem perspectivas. É provável que, em poucos anos, a fotografia do semiárido seja um campo de torres de geração de energia eólica, que se espalham em todos os Estados, com grande potencial de crescimento. Analisados em conjunto, pode-se afirmar, sem incorrer no exagero propagandístico dos governos, que a economia nordestina está sendo revolucionada. Maia Gomes considera que "metade dessa renovação se deve à chegada do capitalismo ao Nordeste e que a outra metade é obra do Estado. Neste caso, os dois não brigam, mas se complementam".
Também não é possível esconder o Nordeste que resiste às mudanças, representado por parte do setor sucroalcooleiro, pelos latifúndios e minifúndios do semiárido, pelo empreguismo público e pelas muitas famílias pobres que vivem das transferências governamentais e compõem a "economia sem produção", no dizer de Maia Gomes. Para ele, "metade dessa mesmice se deve à falta de capitalismo e a outra metade é obra do Estado, que protege os ineficientes e considera a questão social um caso de esmolas. Os governos do bem e os empresários da boquinha não são inimigos. São sócios".
Um dos principais gargalos é a precariedade da infraestrutura, que no Nordeste é ainda mais indigente do que nas demais regiões do País (exceto a Norte). Há anos o governo vem anunciando grandes investimentos em infraestrutura, que deveriam equacionar as deficiências e pôr o País em condições de igualdade para competir com o resto do mundo. Não se discute a extrema relevância das obras em curso para a economia regional, mas Maia Gomes estima que o investimento anual em infraestrutura no Nordeste é pouco mais da metade do que seria necessário, o equivalente a 6% do PIB por ano para manter o projeto de crescimento da região. Segundo ele, "é realmente menos do que muito pouco".
Não parece haver dúvidas sobre qual Nordeste prevalecerá, mas não se pode dar por descontado que o atual ciclo de crescimento se sustente sem ajustes importantes na política pública. A mudança de postura do governo federal em relação à privatização de serviços, construção e operação de infraestrutura é, sem dúvida, a maior novidade e fator de otimismo de que o movimento pode continuar. Mas tiro no pé parece ser um dos esportes preferidos de Brasília. Fiquem atentos!
O Banco do Nordeste tem promovido estudos sobre as perspectivas de desenvolvimento do Nordeste que revelam que a economia regional está em movimento. Sob coordenação de Tania Bacelar e Leonardo Guimarães, possivelmente os economistas na ativa que melhor conhecem o Nordeste, os resultados preliminares indicam que a "região-problema" aos poucos se transforma numa "região com problemas", os mesmos que afligem o País como um todo, embora com intensidade muito mais elevada. Apesar da persistência das disparidades regionais e da concentração da pobreza no Nordeste, já não é possível esconder, nem para manter o justificado e necessário tratamento especial que a região recebe, os novos Nordestes dinâmicos que estão emergindo e que, em muitos casos, já são realidade.
O professor Gustavo Maia Gomes, da UFPE, sintetiza as principais transformações econômicas. Enquanto a agricultura dos cerrados e os polos de irrigação recolocaram a região no mapa do agronegócio brasileiro, a grande indústria regional - simbolizada nas fábricas de automóveis, estaleiros, siderúrgicas e refinarias em construção ou projetadas - está renascendo. Após séculos de concentração no litoral, o dinamismo está atravessando os agrestes e desbravando os sertões, onde cidades de médio porte, povoadas por pequenas e médias empresas, vão se consolidando como hub de negócios que atraem e absorvem a população local que antes migrava para as capitais.
Em muitas cidades do semiárido o setor serviço está se modernizando, puxado pela construção de centros comerciais, expansão da rede de ensino superior e consolidação de polos médicos, entre outras atividades. Novos projetos de mineração estão em curso e têm potencial para movimentar economias locais estagnadas e sem perspectivas. É provável que, em poucos anos, a fotografia do semiárido seja um campo de torres de geração de energia eólica, que se espalham em todos os Estados, com grande potencial de crescimento. Analisados em conjunto, pode-se afirmar, sem incorrer no exagero propagandístico dos governos, que a economia nordestina está sendo revolucionada. Maia Gomes considera que "metade dessa renovação se deve à chegada do capitalismo ao Nordeste e que a outra metade é obra do Estado. Neste caso, os dois não brigam, mas se complementam".
Também não é possível esconder o Nordeste que resiste às mudanças, representado por parte do setor sucroalcooleiro, pelos latifúndios e minifúndios do semiárido, pelo empreguismo público e pelas muitas famílias pobres que vivem das transferências governamentais e compõem a "economia sem produção", no dizer de Maia Gomes. Para ele, "metade dessa mesmice se deve à falta de capitalismo e a outra metade é obra do Estado, que protege os ineficientes e considera a questão social um caso de esmolas. Os governos do bem e os empresários da boquinha não são inimigos. São sócios".
Um dos principais gargalos é a precariedade da infraestrutura, que no Nordeste é ainda mais indigente do que nas demais regiões do País (exceto a Norte). Há anos o governo vem anunciando grandes investimentos em infraestrutura, que deveriam equacionar as deficiências e pôr o País em condições de igualdade para competir com o resto do mundo. Não se discute a extrema relevância das obras em curso para a economia regional, mas Maia Gomes estima que o investimento anual em infraestrutura no Nordeste é pouco mais da metade do que seria necessário, o equivalente a 6% do PIB por ano para manter o projeto de crescimento da região. Segundo ele, "é realmente menos do que muito pouco".
Não parece haver dúvidas sobre qual Nordeste prevalecerá, mas não se pode dar por descontado que o atual ciclo de crescimento se sustente sem ajustes importantes na política pública. A mudança de postura do governo federal em relação à privatização de serviços, construção e operação de infraestrutura é, sem dúvida, a maior novidade e fator de otimismo de que o movimento pode continuar. Mas tiro no pé parece ser um dos esportes preferidos de Brasília. Fiquem atentos!
Na contramão do desenvolvimento do país - NORMANDO BAÚ
GAZETA DO POVO - PR - 26/11
Trava-se na Câmara dos Deputados uma verdadeira guerra deflagrada pelas centrais sindicais contra a aprovação do Projeto de Lei 4.330, de 2004, que regulamenta a terceirização no Brasil. Esse movimento contrário a esta modalidade de contratação segue na contramão do desenvolvimento do país, que precisa urgentemente modernizar as relações trabalhistas.
Nos países mais ricos do mundo, a terceirização proposta no projeto já é uma tendência forte, visto que reduz custos, aumenta a competitividade e produtividade das empresas, bem como a qualidade dos serviços prestados. Diferentemente do que alguns representantes de entidades laborais têm dito, a terceirização não irá reduzir salários, nem colocar em risco a segurança dos trabalhadores. É imprudente jogar dados desatualizados ou sem fundamentação para defender um posicionamento.
Se aprovado, o PL traz uma série de garantias e direitos para contratantes e contratados. Do lado empresarial, esta medida é vital para as micro e pequenas empresas, que representam 85% do mercado nacional e não têm condições de absorver a mão de obra especializada necessária para o exercício de suas atividades.
Setores como construção civil, nanotecnologia, biotecnologia, naval, mecatrônica e tecnologia da informação, dentre tantos outros, só serão mais eficientes e produtivos com a terceirização de alguns serviços. A construção de um prédio sem especialistas em terraplenagem, concretagem, hidráulica, eletricidade e pintura, por exemplo, é completamente inviável. Os apartamentos ou salas ficariam caríssimos se apenas uma empresa tivesse de comprar todos os equipamentos e contratar diretamente todos os empregados que trabalhariam em uma das várias etapas da obra, e no tempo restante ficariam ociosos ou subutilizados. Profissionais especializados elevam a qualidade e produtividade dos serviços prestados. Também garantem obras mais rápidas, menos impacto ao meio ambiente, e diminuição de ocorrência de acidentes do trabalho. É a mesma lógica aplicada em outras áreas, como na saúde. Se uma pessoa está sofrendo um enfarte, ela busca um cardiologista ou um clínico-geral? Certamente irá preferir o médico especializado, que tem mais conhecimento e experiência para traçar um diagnóstico preciso.
Do lado dos trabalhadores, é importante destacar que os empregados da empresa contratante e da contratada têm assegurados os direitos aos salários, às horas extras, ao 13.º salário, às férias e a todos os outros direitos e garantias estabelecidos na legislação trabalhista, em acordos e convenções coletivas de suas respectivas categorias profissionais. O PL não interfere nessas questões.
A própria Consolidação das Leis do Trabalho, criada há mais de 70 anos, quando o Brasil ainda era rural, prevê a contratação de terceiros em seu artigo 455. Será que as centrais sindicais querem rasgar a CLT também?
É por causa da falta de modernização das relações do trabalho que as empresas travam, impedindo o aumento de produtividade, o que certamente impactou recentemente para que o Brasil perdesse oito posições no ranking de competitividade internacional. Nesse sentido, a indústria da construção, assim como os demais setores produtivos, espera que os congressistas entendam a importância e urgência de aprovar este projeto de lei, essencial para a melhora das relações empresariais e do ambiente de negócios no Brasil.
Como bem disse o renomado professor de relações do trabalho José Pastore, há de se buscar fórmulas simples que deem liberdade para quem contrata e proteção para quem é contratado. Todo o resto é secundário.
Trava-se na Câmara dos Deputados uma verdadeira guerra deflagrada pelas centrais sindicais contra a aprovação do Projeto de Lei 4.330, de 2004, que regulamenta a terceirização no Brasil. Esse movimento contrário a esta modalidade de contratação segue na contramão do desenvolvimento do país, que precisa urgentemente modernizar as relações trabalhistas.
Nos países mais ricos do mundo, a terceirização proposta no projeto já é uma tendência forte, visto que reduz custos, aumenta a competitividade e produtividade das empresas, bem como a qualidade dos serviços prestados. Diferentemente do que alguns representantes de entidades laborais têm dito, a terceirização não irá reduzir salários, nem colocar em risco a segurança dos trabalhadores. É imprudente jogar dados desatualizados ou sem fundamentação para defender um posicionamento.
Se aprovado, o PL traz uma série de garantias e direitos para contratantes e contratados. Do lado empresarial, esta medida é vital para as micro e pequenas empresas, que representam 85% do mercado nacional e não têm condições de absorver a mão de obra especializada necessária para o exercício de suas atividades.
Setores como construção civil, nanotecnologia, biotecnologia, naval, mecatrônica e tecnologia da informação, dentre tantos outros, só serão mais eficientes e produtivos com a terceirização de alguns serviços. A construção de um prédio sem especialistas em terraplenagem, concretagem, hidráulica, eletricidade e pintura, por exemplo, é completamente inviável. Os apartamentos ou salas ficariam caríssimos se apenas uma empresa tivesse de comprar todos os equipamentos e contratar diretamente todos os empregados que trabalhariam em uma das várias etapas da obra, e no tempo restante ficariam ociosos ou subutilizados. Profissionais especializados elevam a qualidade e produtividade dos serviços prestados. Também garantem obras mais rápidas, menos impacto ao meio ambiente, e diminuição de ocorrência de acidentes do trabalho. É a mesma lógica aplicada em outras áreas, como na saúde. Se uma pessoa está sofrendo um enfarte, ela busca um cardiologista ou um clínico-geral? Certamente irá preferir o médico especializado, que tem mais conhecimento e experiência para traçar um diagnóstico preciso.
Do lado dos trabalhadores, é importante destacar que os empregados da empresa contratante e da contratada têm assegurados os direitos aos salários, às horas extras, ao 13.º salário, às férias e a todos os outros direitos e garantias estabelecidos na legislação trabalhista, em acordos e convenções coletivas de suas respectivas categorias profissionais. O PL não interfere nessas questões.
A própria Consolidação das Leis do Trabalho, criada há mais de 70 anos, quando o Brasil ainda era rural, prevê a contratação de terceiros em seu artigo 455. Será que as centrais sindicais querem rasgar a CLT também?
É por causa da falta de modernização das relações do trabalho que as empresas travam, impedindo o aumento de produtividade, o que certamente impactou recentemente para que o Brasil perdesse oito posições no ranking de competitividade internacional. Nesse sentido, a indústria da construção, assim como os demais setores produtivos, espera que os congressistas entendam a importância e urgência de aprovar este projeto de lei, essencial para a melhora das relações empresariais e do ambiente de negócios no Brasil.
Como bem disse o renomado professor de relações do trabalho José Pastore, há de se buscar fórmulas simples que deem liberdade para quem contrata e proteção para quem é contratado. Todo o resto é secundário.
Latência nuclear - HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 26/11
SÃO PAULO - É claro que um mundo onde uma teocracia amalucada como a do Irã não tenha armas atômicas é preferível a um no qual as possua. Receio, porém, que teremos de conviver, se não com um Irã nuclear, ao menos com um que tenha a capacidade de produzir bombas rapidamente, caso decida fazê-lo. Não creio que o armagedon virá daí.
O principal ingrediente de uma arma atômica é conhecimento, que, para o bem e para o mal, é quase impossível de conter. Todos os 31 países que mantêm usinas nucleares mais uma dezena de nações industrializadas poderiam, se desejassem e tivessem acesso ao material físsil, construir artefatos bélicos num intervalo que vai de meses a poucos anos.
Desses, Japão, Alemanha e Coreia do Sul estão provavelmente a um parafuso da bomba. Já têm tudo o que é necessário, mas optaram por não montá-la. Há sabedoria aí. Conservam-se fiéis às obrigações assumidas no Tratado de Não Proliferação Nuclear e ainda evitam os ônus de ser um Estado nuclear, como ter um número ainda maior de mísseis apontados para suas capitais e gastar um bom dinheiro na manutenção do armamento. E, em termos de poder dissuasório, é mínima a diferença entre ter de fato a arma e estar a um passo de fabricá-la. Não foi por outra razão que países como África do Sul e Ucrânia abriram mão de seus arsenais.
Há duas ordens de razões para que armas nucleares, embora existam há quase 70 anos, tenham sido utilizadas num só conflito. A primeira é matemática e leva o nome de "equilíbrio de Nash". A única maneira de não ser aniquilado numa guerra nuclear de larga escala é não a começando.
Há também uma dimensão psicológica. A humanidade desenvolveu verdadeiro horror a esse tipo de arma, vendo sua utilização como algo moralmente errado. Isso vale também para os iranianos. O próprio aiatolá Ali Khamenei já afirmou que a bomba é anti-islâmica. Freios morais não são 100% seguros, mas ajudam.
SÃO PAULO - É claro que um mundo onde uma teocracia amalucada como a do Irã não tenha armas atômicas é preferível a um no qual as possua. Receio, porém, que teremos de conviver, se não com um Irã nuclear, ao menos com um que tenha a capacidade de produzir bombas rapidamente, caso decida fazê-lo. Não creio que o armagedon virá daí.
O principal ingrediente de uma arma atômica é conhecimento, que, para o bem e para o mal, é quase impossível de conter. Todos os 31 países que mantêm usinas nucleares mais uma dezena de nações industrializadas poderiam, se desejassem e tivessem acesso ao material físsil, construir artefatos bélicos num intervalo que vai de meses a poucos anos.
Desses, Japão, Alemanha e Coreia do Sul estão provavelmente a um parafuso da bomba. Já têm tudo o que é necessário, mas optaram por não montá-la. Há sabedoria aí. Conservam-se fiéis às obrigações assumidas no Tratado de Não Proliferação Nuclear e ainda evitam os ônus de ser um Estado nuclear, como ter um número ainda maior de mísseis apontados para suas capitais e gastar um bom dinheiro na manutenção do armamento. E, em termos de poder dissuasório, é mínima a diferença entre ter de fato a arma e estar a um passo de fabricá-la. Não foi por outra razão que países como África do Sul e Ucrânia abriram mão de seus arsenais.
Há duas ordens de razões para que armas nucleares, embora existam há quase 70 anos, tenham sido utilizadas num só conflito. A primeira é matemática e leva o nome de "equilíbrio de Nash". A única maneira de não ser aniquilado numa guerra nuclear de larga escala é não a começando.
Há também uma dimensão psicológica. A humanidade desenvolveu verdadeiro horror a esse tipo de arma, vendo sua utilização como algo moralmente errado. Isso vale também para os iranianos. O próprio aiatolá Ali Khamenei já afirmou que a bomba é anti-islâmica. Freios morais não são 100% seguros, mas ajudam.
Um acordo para o Irã - GILLES LAPOUGE
O Estado de S.Paulo - 26/11
Até Le Figaro (jornal de direita) felicitou o socialista François Hollande no dia seguinte ao acordo nuclear assinado com o Irã pelo grupo P5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha). Após mais de um ano em que todos começávamos o dia com um artigo do Figaro esbravejando contra Hollande e seu grupo, hoje, tudo mudou. E achávamos já ter visto de tudo!
De fato, a França teve papel importante desde que, em 2002, foi descoberto o programa nuclear iraniano não declarado. Depois disso, a estratégia de Paris nunca mudou: por um lado, evitar que o Irã construísse a bomba atômica, e ao mesmo tempo, impedir que Israel, e quem sabe os EUA, bombardeassem instalações iranianas.
Além disso, no início do mês, a França bloqueou um acordo que Barack Obama, ansioso por obter a recompensa pela paciência que teve com o Irã durante cinco anos, estava prestes a assinar. Paris acaba de obter ganho num ponto fundamental, o reator de plutônio de Arak.
Mas não exageremos: o verdadeiro vencedor ao longo de todo o processo são os EUA. Os jornais nos informaram que os homens de Obama preparavam sigilosamente o acordo sem nada informar aos aliados havia muito tempo, antes mesmo que o moderado Hassan Rohani fosse eleito presidente do Irã em 14 de junho. Portanto, desde a época de Mahmoud Ahmadinejad.
No Irã, o acordo de Genebra consolidará a autoridade de Rohani perante o líder supremo, Ali Khamenei, que lhe deu plena liberdade de ação, e principalmente perante a irredutível Guarda Revolucionária. Ele conta com o apoio maciço da opinião pública iraniana, esgotada depois das loucuras que converteram um país rico numa "imensidão de ruínas", em razão das sanções.
Os aiatolás não pararam de insultar o "Grande Satã" (os EUA), mas o povo iraniano continuava fascinado pelos EUA, seu estilo de vida, tecnologia digital, roupas, comportamento. É para lá que os iranianos ricos sonham em enviar os filhos. Agora, o acordo de Genebra facilitará a chegada da tão esperada tecnologia americana, particularmente no setor petrolífero, e o desbloqueio do dinheiro iraniano. O comércio e, portanto, a economia deverão florescer.
Poderemos prever também mudanças profundas no mapa geopolítico do Oriente Médio, e portanto mundial? Seguramente, pelo menos se o acordo perdurar. Uma nova potência regional sobe agora ao palco: o Irã, que desperta a admiração de várias capitais islâmicas, porque soube conduzir esses acordos com sucesso, sem entretanto atenuar seu discurso anti-Israel. Os países do Golfo (Arábia Saudita e Catar) terão de aceitar que um novo interlocutor participe do diálogo da região com os EUA e o Ocidente.
A chegada desse novo ator influirá em todos os dramas que abalam permanentemente a região. Trata-se de um peso pesado. O Irã é um país culturalmente muito evoluído. É muito mais populoso do que a Arábia Saudita e seus recursos naturais são importantes.
Se o acordo assinado em Genebra não fracassar, a possível redistribuição dos papéis deverá satisfazer os EUA. Depois de tantos anos de silêncio, inatividade ou complacência em relação à Arábia Saudita e ao Catar, Washington começa a mostrar irritação com o jogo duplo dos dois países entre Ocidente e Islã. Uma potência como o Irã pode agora servir de contrapeso às monarquias do Golfo.
Alguns imaginam que o Irã tentará uma abertura na direção da Arábia Saudita. Ao que tudo indica, Hassan Rohani gostaria de restabelecer alguns vínculos menos arriscados com os países do Golfo. Mas outro obstáculo ameaça travar os esforços: a questão religiosa. E quanto a Israel, às vésperas da possível reorganização? Israel está bastante preocupado. E não há dúvida de que sua preocupação é plenamente legítima. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
Até Le Figaro (jornal de direita) felicitou o socialista François Hollande no dia seguinte ao acordo nuclear assinado com o Irã pelo grupo P5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha). Após mais de um ano em que todos começávamos o dia com um artigo do Figaro esbravejando contra Hollande e seu grupo, hoje, tudo mudou. E achávamos já ter visto de tudo!
De fato, a França teve papel importante desde que, em 2002, foi descoberto o programa nuclear iraniano não declarado. Depois disso, a estratégia de Paris nunca mudou: por um lado, evitar que o Irã construísse a bomba atômica, e ao mesmo tempo, impedir que Israel, e quem sabe os EUA, bombardeassem instalações iranianas.
Além disso, no início do mês, a França bloqueou um acordo que Barack Obama, ansioso por obter a recompensa pela paciência que teve com o Irã durante cinco anos, estava prestes a assinar. Paris acaba de obter ganho num ponto fundamental, o reator de plutônio de Arak.
Mas não exageremos: o verdadeiro vencedor ao longo de todo o processo são os EUA. Os jornais nos informaram que os homens de Obama preparavam sigilosamente o acordo sem nada informar aos aliados havia muito tempo, antes mesmo que o moderado Hassan Rohani fosse eleito presidente do Irã em 14 de junho. Portanto, desde a época de Mahmoud Ahmadinejad.
No Irã, o acordo de Genebra consolidará a autoridade de Rohani perante o líder supremo, Ali Khamenei, que lhe deu plena liberdade de ação, e principalmente perante a irredutível Guarda Revolucionária. Ele conta com o apoio maciço da opinião pública iraniana, esgotada depois das loucuras que converteram um país rico numa "imensidão de ruínas", em razão das sanções.
Os aiatolás não pararam de insultar o "Grande Satã" (os EUA), mas o povo iraniano continuava fascinado pelos EUA, seu estilo de vida, tecnologia digital, roupas, comportamento. É para lá que os iranianos ricos sonham em enviar os filhos. Agora, o acordo de Genebra facilitará a chegada da tão esperada tecnologia americana, particularmente no setor petrolífero, e o desbloqueio do dinheiro iraniano. O comércio e, portanto, a economia deverão florescer.
Poderemos prever também mudanças profundas no mapa geopolítico do Oriente Médio, e portanto mundial? Seguramente, pelo menos se o acordo perdurar. Uma nova potência regional sobe agora ao palco: o Irã, que desperta a admiração de várias capitais islâmicas, porque soube conduzir esses acordos com sucesso, sem entretanto atenuar seu discurso anti-Israel. Os países do Golfo (Arábia Saudita e Catar) terão de aceitar que um novo interlocutor participe do diálogo da região com os EUA e o Ocidente.
A chegada desse novo ator influirá em todos os dramas que abalam permanentemente a região. Trata-se de um peso pesado. O Irã é um país culturalmente muito evoluído. É muito mais populoso do que a Arábia Saudita e seus recursos naturais são importantes.
Se o acordo assinado em Genebra não fracassar, a possível redistribuição dos papéis deverá satisfazer os EUA. Depois de tantos anos de silêncio, inatividade ou complacência em relação à Arábia Saudita e ao Catar, Washington começa a mostrar irritação com o jogo duplo dos dois países entre Ocidente e Islã. Uma potência como o Irã pode agora servir de contrapeso às monarquias do Golfo.
Alguns imaginam que o Irã tentará uma abertura na direção da Arábia Saudita. Ao que tudo indica, Hassan Rohani gostaria de restabelecer alguns vínculos menos arriscados com os países do Golfo. Mas outro obstáculo ameaça travar os esforços: a questão religiosa. E quanto a Israel, às vésperas da possível reorganização? Israel está bastante preocupado. E não há dúvida de que sua preocupação é plenamente legítima. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
No Parlamento, a palavra vale - ANTÔNIO DELFIM NETO
VALOR ECONÔMICO - 26/11
Os que se acham muito bem informados e demonizam o sistema político, porque ele não faz, na velocidade desejada, o que supõem ser o certo , são os mesmos que frequentemente se engasgam quando se pede que digam o nome do deputado ou do senador em quem votaram.
São, em geral, cidadãos pela metade: restringem a sua cidadania ao que lhe dizem seus botões e os interesses dos seus umbigos. Cumprem o seu dever cívico com uma contribuição monetária anônima para os partidos políticos que deles se aproximam no processo eleitoral. Não têm nenhuma disposição de organizarem-se dentro de alguns deles e utilizar proveitosamente uma pequena parte do seu tempo para influir nos seus programas e na escolha dos seus candidatos.
As objeções à necessária participação de todo cidadão virtuoso ao processo partidário são muito conhecidas, mas nenhuma insuperável: 1) eles creem que os partidos são dominados por desqualificados , que os usam para seus próprios interesses. Talvez haja alguma verdade nisso, mas é uma generalização perigosa. O problema é que vai continuar a ser assim, enquanto os qualificados não se organizarem (dentro deles) para diminuir o seu poder; 2) o trágico é que alguns ainda não entenderam que a reforma eleitoral, que: a) institui a lista fechada, aumenta o poder dos desqualificados ; b) o financiamento público das campanhas eleitorais reforça a reprodução do status quo ante . Manteria as coisas onde elas sempre estiveram; 3) é verdade que tudo conspira para a reprodução do que está aí : o horário eleitoral, gratuito para os políticos, mas oneroso para a sociedade, que não percebe seu custo , e que beneficia o poder incumbente; 4) a falta de controle social efetivo e robusto (apesar do esforço do Ministério Público e do Superior Tribunal Eleitoral) lhe dá, ainda, uma superioridade imensurável; e, finalmente, mas não menos importante, 5) a desastrosa institucionalização da reeleição nos Estados e municípios com precário controle social local, combinada com a pouca sensibilidade do eleitor (empiricamente verificada) com relação à integridade e transparência da administração pública, cria as condições para a formação de verdadeiras quadrilhas , que só são substituídas depois de longo e continuado abuso do poder.
Tal sistema, cuidadosamente montado para a sua reprodução depois de uma vitória eventual, não funcionou para o PSDB no nível nacional, porque esse nunca foi, de fato, um partido, mas apenas a emanação de lideranças inteligentes beneficiadas por um acidente maravilhoso, o Plano Real, formulado no governo Itamar Franco. E, mais, porque talvez seu combustível tenha se esgotado com a morte do generoso, trabalhador e astuto Sérgio Motta. Tem funcionado para o PT, depois que Lula se elegeu pela primeira vez diante do fracasso de FHC de fazer o seu sucessor, após de ter ido duas vezes ao FMI para evitar o default externo.
Isso está longe de diminuir o bom trabalho do governo de Fernando Henrique Cardoso, espantosamente escondido pelo próprio PSDB no processo eleitoral de 2002. É importante dizer que o PT não mudou nada. Agora está tentando a lista fechada e o financiamento oficial para aumentar ainda mais o poder de reprodução do poder incumbente. Até aqui, apenas usou a máquina montada pelo PSDB, que foi incapaz de operá-la no nível federal, ainda que a tenha utilizado com algum êxito nos níveis estadual e municipal.
É preciso reconhecer que por muito tempo, ainda, esse mecanismo de reprodução vai funcionar e que devemos tentar ajudar a superar seus estragos. Nossa situação econômica não é tão boa como quer o governo, mas não é tão ruim quanto quer a oposição. Não a oposição política, mas a dos analistas financeiros.
No campo fiscal é desconfortável, não pela situação presente, mas principalmente pelas complicações que poderão advir dos projetos em discussão no Congresso. No campo monetário, a taxa de inflação é preocupante, porque esconde alguns controles de preços, mas nada que não possa ser corrigido ou ameace uma perda do seu controle. No câmbio, o próprio mercado está amenizando os equívocos do governo.
É necessário dizer que o funcionamento do Congresso não é o caos que parece. Ele obedece a pelo menos três convenções: 1) não existe arrependimento. O voto dado não pode ser corrigido por informações posteriores; 2) um parlamentar nunca questiona outro sobre a natureza e qualidade do voto; e 3) a palavra empenhada pelos líderes nos acordos é sempre honrada. A violação dessa regra imobiliza as decisões. É por isso que o respeito mútuo entre o governo e o seu líder deve ser absoluto.
O fato importante é que, por iniciativa da própria presidente, tem havido progresso nas relações do governo com o setor privado, que devem continuar a garantir o sucesso das concessões de infraestrutura, que estimularão em dois ou três anos os investimentos e o crescimento econômico, com efeitos positivos sobre o espírito animal dos empresários.
Tão significativo quanto isso, é o Pacto de Responsabilidade Fiscal, assinado pelas principais lideranças do governo no Congresso para não pôr na pauta qualquer projeto que aumente despesa ou reduza receita, inclusive os que haviam sido propostos pelo governo. As lideranças partidárias e o governo devem ter presente que desrespeitá-lo pode ser um forte ingrediente para a redução do nosso rating soberano, com consequências imprevisíveis sobre o bem-estar dos brasileiros.
São, em geral, cidadãos pela metade: restringem a sua cidadania ao que lhe dizem seus botões e os interesses dos seus umbigos. Cumprem o seu dever cívico com uma contribuição monetária anônima para os partidos políticos que deles se aproximam no processo eleitoral. Não têm nenhuma disposição de organizarem-se dentro de alguns deles e utilizar proveitosamente uma pequena parte do seu tempo para influir nos seus programas e na escolha dos seus candidatos.
As objeções à necessária participação de todo cidadão virtuoso ao processo partidário são muito conhecidas, mas nenhuma insuperável: 1) eles creem que os partidos são dominados por desqualificados , que os usam para seus próprios interesses. Talvez haja alguma verdade nisso, mas é uma generalização perigosa. O problema é que vai continuar a ser assim, enquanto os qualificados não se organizarem (dentro deles) para diminuir o seu poder; 2) o trágico é que alguns ainda não entenderam que a reforma eleitoral, que: a) institui a lista fechada, aumenta o poder dos desqualificados ; b) o financiamento público das campanhas eleitorais reforça a reprodução do status quo ante . Manteria as coisas onde elas sempre estiveram; 3) é verdade que tudo conspira para a reprodução do que está aí : o horário eleitoral, gratuito para os políticos, mas oneroso para a sociedade, que não percebe seu custo , e que beneficia o poder incumbente; 4) a falta de controle social efetivo e robusto (apesar do esforço do Ministério Público e do Superior Tribunal Eleitoral) lhe dá, ainda, uma superioridade imensurável; e, finalmente, mas não menos importante, 5) a desastrosa institucionalização da reeleição nos Estados e municípios com precário controle social local, combinada com a pouca sensibilidade do eleitor (empiricamente verificada) com relação à integridade e transparência da administração pública, cria as condições para a formação de verdadeiras quadrilhas , que só são substituídas depois de longo e continuado abuso do poder.
Tal sistema, cuidadosamente montado para a sua reprodução depois de uma vitória eventual, não funcionou para o PSDB no nível nacional, porque esse nunca foi, de fato, um partido, mas apenas a emanação de lideranças inteligentes beneficiadas por um acidente maravilhoso, o Plano Real, formulado no governo Itamar Franco. E, mais, porque talvez seu combustível tenha se esgotado com a morte do generoso, trabalhador e astuto Sérgio Motta. Tem funcionado para o PT, depois que Lula se elegeu pela primeira vez diante do fracasso de FHC de fazer o seu sucessor, após de ter ido duas vezes ao FMI para evitar o default externo.
Isso está longe de diminuir o bom trabalho do governo de Fernando Henrique Cardoso, espantosamente escondido pelo próprio PSDB no processo eleitoral de 2002. É importante dizer que o PT não mudou nada. Agora está tentando a lista fechada e o financiamento oficial para aumentar ainda mais o poder de reprodução do poder incumbente. Até aqui, apenas usou a máquina montada pelo PSDB, que foi incapaz de operá-la no nível federal, ainda que a tenha utilizado com algum êxito nos níveis estadual e municipal.
É preciso reconhecer que por muito tempo, ainda, esse mecanismo de reprodução vai funcionar e que devemos tentar ajudar a superar seus estragos. Nossa situação econômica não é tão boa como quer o governo, mas não é tão ruim quanto quer a oposição. Não a oposição política, mas a dos analistas financeiros.
No campo fiscal é desconfortável, não pela situação presente, mas principalmente pelas complicações que poderão advir dos projetos em discussão no Congresso. No campo monetário, a taxa de inflação é preocupante, porque esconde alguns controles de preços, mas nada que não possa ser corrigido ou ameace uma perda do seu controle. No câmbio, o próprio mercado está amenizando os equívocos do governo.
É necessário dizer que o funcionamento do Congresso não é o caos que parece. Ele obedece a pelo menos três convenções: 1) não existe arrependimento. O voto dado não pode ser corrigido por informações posteriores; 2) um parlamentar nunca questiona outro sobre a natureza e qualidade do voto; e 3) a palavra empenhada pelos líderes nos acordos é sempre honrada. A violação dessa regra imobiliza as decisões. É por isso que o respeito mútuo entre o governo e o seu líder deve ser absoluto.
O fato importante é que, por iniciativa da própria presidente, tem havido progresso nas relações do governo com o setor privado, que devem continuar a garantir o sucesso das concessões de infraestrutura, que estimularão em dois ou três anos os investimentos e o crescimento econômico, com efeitos positivos sobre o espírito animal dos empresários.
Tão significativo quanto isso, é o Pacto de Responsabilidade Fiscal, assinado pelas principais lideranças do governo no Congresso para não pôr na pauta qualquer projeto que aumente despesa ou reduza receita, inclusive os que haviam sido propostos pelo governo. As lideranças partidárias e o governo devem ter presente que desrespeitá-lo pode ser um forte ingrediente para a redução do nosso rating soberano, com consequências imprevisíveis sobre o bem-estar dos brasileiros.
Por que Mantega segurou a renegociação - DARCY FRANCISCO CARVALHO DOS SANTOS
ZERO HORA - 26/11
A notícia de que o governo federal não se empenhará mais para aprovação das mudanças no acordo da dívida dos Estados e municípios caiu como um balde de água fria nos planos de investimento dessas unidades federadas, especialmente em nosso Estado.
Na realidade, o que está por trás dessa mudança de atitude do ministro é uma série de fatos no tocante à economia nacional. O principal deles são as contas públicas federais, que vêm se deteriorando. As despesas crescem num ritmo muito superior ao das receitas, que sofrem a influência do baixo crescimento do PIB. No corrente exercício, em termos reais, as receitas cresceram 1,7% e as despesas, 6,7%.
No acumulado de 12 meses, em setembro, o superávit primário do governo central foi de 2,4% do PIB em 2011, decrescendo para 1,69% em 2012 e para 1,23% em 2013. O superávit primário, que é a poupança para pagar os juros da dívida, correspondeu deles apenas 58,3%, 48,1% e 33,1%, respectivamente, nos períodos citados, incorporando à dívida a parte não paga.
Além disso, esse superávit vem sendo inflado por uma série de truques contábeis que se convencionou chamar de contabilidade criativa, que está minando a confiança nas contas públicas.
O governo federal autorizou novas operações de crédito aos já endividados Estados, na ordem de R$ 89 bilhões, para cuja realização, em muitos casos, dependem de espaço fiscal que as mudanças em causa propiciariam. Como isso significa mais endividamento e mais despesas para os Estados, não foi bem visto pelo mercado.
A inflação vem sendo segurada de forma artificial, como ocorre com a contenção dos preços dos combustíveis e como ocorreu com a redução das tarifas de energia elétrica na antecipação da renovação dos contratos das concessionárias, entre outros casos. Não fosse isso, ela estaria num patamar bem superior.
O déficit em transações correntes está crescendo muito, alcançando em 12 meses US$ 82 bilhões ou 3,67% do PIB.
Diante de tantas práticas e situações adversas, o mercado passou a ver o Brasil com olhos diferentes, reduzindo a confiança até então existente.
Talvez o ministro Mantega tenha feito uma retirada estratégica, mesmo em prejuízo de seu aliado e maior beneficiário, o prefeito de São Paulo. Como essa mudança tem origem em seu próprio ministério, espera-se que ele a retome oportunamente.
A notícia de que o governo federal não se empenhará mais para aprovação das mudanças no acordo da dívida dos Estados e municípios caiu como um balde de água fria nos planos de investimento dessas unidades federadas, especialmente em nosso Estado.
Na realidade, o que está por trás dessa mudança de atitude do ministro é uma série de fatos no tocante à economia nacional. O principal deles são as contas públicas federais, que vêm se deteriorando. As despesas crescem num ritmo muito superior ao das receitas, que sofrem a influência do baixo crescimento do PIB. No corrente exercício, em termos reais, as receitas cresceram 1,7% e as despesas, 6,7%.
No acumulado de 12 meses, em setembro, o superávit primário do governo central foi de 2,4% do PIB em 2011, decrescendo para 1,69% em 2012 e para 1,23% em 2013. O superávit primário, que é a poupança para pagar os juros da dívida, correspondeu deles apenas 58,3%, 48,1% e 33,1%, respectivamente, nos períodos citados, incorporando à dívida a parte não paga.
Além disso, esse superávit vem sendo inflado por uma série de truques contábeis que se convencionou chamar de contabilidade criativa, que está minando a confiança nas contas públicas.
O governo federal autorizou novas operações de crédito aos já endividados Estados, na ordem de R$ 89 bilhões, para cuja realização, em muitos casos, dependem de espaço fiscal que as mudanças em causa propiciariam. Como isso significa mais endividamento e mais despesas para os Estados, não foi bem visto pelo mercado.
A inflação vem sendo segurada de forma artificial, como ocorre com a contenção dos preços dos combustíveis e como ocorreu com a redução das tarifas de energia elétrica na antecipação da renovação dos contratos das concessionárias, entre outros casos. Não fosse isso, ela estaria num patamar bem superior.
O déficit em transações correntes está crescendo muito, alcançando em 12 meses US$ 82 bilhões ou 3,67% do PIB.
Diante de tantas práticas e situações adversas, o mercado passou a ver o Brasil com olhos diferentes, reduzindo a confiança até então existente.
Talvez o ministro Mantega tenha feito uma retirada estratégica, mesmo em prejuízo de seu aliado e maior beneficiário, o prefeito de São Paulo. Como essa mudança tem origem em seu próprio ministério, espera-se que ele a retome oportunamente.
Ética e realpolitik - RUBENS BARBOSA
O ESTADÃO - 26/11
As revelações de que os EUA estão espionando não só os governos, mas também dados pessoais de gente do mundo inteiro, inclusive de cidadãos americanos, causaram um grande mal-estar e um profundo desgaste para o governo Obama. Nos EUA, a psicose coletiva gerada pelo 11 de setembro levou à proliferação de órgãos ligados a programas de combate ao terrorismo. Hoje são mais de 1.200 gerando mais de 50 mil relatórios anuais e ocupando mais de um milhão de funcionários, dos quais 850 mil com credenciais de acesso a documentos ultrassecretos. Esse verdadeiro complexo de segurança e militar está aparentemente fora do controle da Casa Branca, tanto no tocante à espionagem sobre outros países quanto sobre a bisbilhotagem de dados pessoais e de empresas na internet.
A questão não é se os governos devem ou não coletar informação sobre outros países. Todos, de alguma maneira, o fazem e continuarão a fazê-lo.
Dentre os problemas gerados por essas atividades, menciono dois. O primeiro é o dilema entre realpolitik e ética. Se a espionagem deve estender-se também a países aliados e seus principais lideres, como aconteceu com Angela Merkel, na Alemanha, e Dilma Roussef, no Brasil. Cabe indagar se espionar telefones dos lideres mundiais (até aqui foram relacionados 35 chefes de governo) seria o meio mais efetivo para obter informações e se o custo de eventuais revelações públicas compensaria esse risco. Levando em conta a reação pública recente, parece que a resposta é não.
O segundo tem a ver com o acesso aos dados pessoais e de empresas através da internet em terceiros países. Basta dizer que só na França, entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013, 70 milhões de pessoas e algumas das principais empresas francesas tiveram sua privacidade invadida. Embora a espionagem comercial não seja novidade (na década de 90 o programa Echellon e a própria NSA foram denunciados por o fazerem), a escala e a sofisticação dessa ação intrusiva despertaram enorme reação pública em todos os países.
O vazamento da espionagem sobre o governo brasileiro, a presidente Dilma, empresas e indivíduos causou natural reação do governo, a exemplo do que ocorreu em outros países. O Brasil, com o apoio da Alemanha, está propondo uma nova regulamentação de governança global para proteger dados pessoais. Para tentar reduzir nossa vulnerabilidade, reconhecida inclusive pelo Ministro Celso Amorim, o governo propôs algumas iniciativas no âmbito da legislação sobre o marco civil da internet, algumas delas irrealistas pela falta de recursos tecnológicos e financeiros para implementá-las.
Como assinalou o professor Silvio Meira em recente artigo na revista “Interesse Nacional”, o Brasil tem de estabelecer uma estratégia de informação que dê conta de toda a cadeia de valor do que há de mais importante na sociedade de hoje, como base para o conhecimento — dados e informações. Uma das consequências dessa falta de estratégia é que nunca geramos capacidade nacional, de classe global, para a solução de problemas desse tipo.
As revelações de que os EUA estão espionando não só os governos, mas também dados pessoais de gente do mundo inteiro, inclusive de cidadãos americanos, causaram um grande mal-estar e um profundo desgaste para o governo Obama. Nos EUA, a psicose coletiva gerada pelo 11 de setembro levou à proliferação de órgãos ligados a programas de combate ao terrorismo. Hoje são mais de 1.200 gerando mais de 50 mil relatórios anuais e ocupando mais de um milhão de funcionários, dos quais 850 mil com credenciais de acesso a documentos ultrassecretos. Esse verdadeiro complexo de segurança e militar está aparentemente fora do controle da Casa Branca, tanto no tocante à espionagem sobre outros países quanto sobre a bisbilhotagem de dados pessoais e de empresas na internet.
A questão não é se os governos devem ou não coletar informação sobre outros países. Todos, de alguma maneira, o fazem e continuarão a fazê-lo.
Dentre os problemas gerados por essas atividades, menciono dois. O primeiro é o dilema entre realpolitik e ética. Se a espionagem deve estender-se também a países aliados e seus principais lideres, como aconteceu com Angela Merkel, na Alemanha, e Dilma Roussef, no Brasil. Cabe indagar se espionar telefones dos lideres mundiais (até aqui foram relacionados 35 chefes de governo) seria o meio mais efetivo para obter informações e se o custo de eventuais revelações públicas compensaria esse risco. Levando em conta a reação pública recente, parece que a resposta é não.
O segundo tem a ver com o acesso aos dados pessoais e de empresas através da internet em terceiros países. Basta dizer que só na França, entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013, 70 milhões de pessoas e algumas das principais empresas francesas tiveram sua privacidade invadida. Embora a espionagem comercial não seja novidade (na década de 90 o programa Echellon e a própria NSA foram denunciados por o fazerem), a escala e a sofisticação dessa ação intrusiva despertaram enorme reação pública em todos os países.
O vazamento da espionagem sobre o governo brasileiro, a presidente Dilma, empresas e indivíduos causou natural reação do governo, a exemplo do que ocorreu em outros países. O Brasil, com o apoio da Alemanha, está propondo uma nova regulamentação de governança global para proteger dados pessoais. Para tentar reduzir nossa vulnerabilidade, reconhecida inclusive pelo Ministro Celso Amorim, o governo propôs algumas iniciativas no âmbito da legislação sobre o marco civil da internet, algumas delas irrealistas pela falta de recursos tecnológicos e financeiros para implementá-las.
Como assinalou o professor Silvio Meira em recente artigo na revista “Interesse Nacional”, o Brasil tem de estabelecer uma estratégia de informação que dê conta de toda a cadeia de valor do que há de mais importante na sociedade de hoje, como base para o conhecimento — dados e informações. Uma das consequências dessa falta de estratégia é que nunca geramos capacidade nacional, de classe global, para a solução de problemas desse tipo.
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