O GLOBO - 26/11
O escândalo do mensalão gera desdobramentos extraordinários desde a entrevista do então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) à Folha de S.Paulo , em 2005, na qual ele denunciou o esquema de compra literal de apoio político e parlamentar ao governo Lula.
Beneficiário daquela obra de engenharia financeira da baixa política projetada em altos escalões do primeiro governo petista, Jefferson viria a ser um dos condenados no processo que inicialmente arrolou 40 mensaleiros, um fato inédito na mais que centenária história da República brasileira.
E o ineditismo não parou por aí. Como nunca houve um banco de réus VIPs tão amplo, a história da Justiça nacional não aconselhava qualquer otimismo quanto a condenações. Pois aconteceu o oposto.
Apesar de todas as possibilidades de recursos protelatórios permitidos pela legislação - à disposição de alguns dos melhores e mais bem remunerados advogados do país -, ilustres terminaram condenados à prisão, outro fato pouco visto na vida pública. E neste sentido importa menos se o regime da pena é ou não de cárcere fechado do que o veredicto que pune poderosos, importante por si.
Expedidos, durante o feriadão da semana passada, os primeiros 12 mandados de prisão de mensaleiros condenados por corrupção, o processo do mensalão passou a gerar excentricidades. Como o primeiro escalão petista apanhado neste primeiro arrastão judicial se autodeclarar prisioneiro político . Não passa de reação risível, sob encomenda para militantes sectários, o ex-ministro José Dirceu, o deputado e ex-presidente do PT José Genoino e o tesoureiro petista Delúbio Soares se considerarem presos políticos devido à sentença de um Supremo tribunal Federal composto, em sua maioria, por ministros indicados pelos governos companheiros de Lula e Dilma Rousseff, e num processo que transcorre há seis anos, com o exercício de amplos direitos de defesa. Neste caso, Marcos Valério também seria um perseguido do regime? Bizarro. A reação dos petistas, coreografada por gestos de punhos cerrados como revolucionários de gibi, da primeira metade do século XX, denuncia uma faceta de uma certa esquerda brasileira - a de viver do passado. Já inaceitáveis privilégios com que os prisioneiros petistas têm sido tratados na Papuda, em Brasília, denunciam outra faceta: a do Brasil arcaico, aristocrático até a medula, do você sabe com quem está falando? . Deste Brasil, Dirceu, Genoino e Delúbio também fazem parte. Eles são mais iguais que os prisioneiros comuns - entre eles, cardíacos, com certeza - cujo sistema de visita é espartano, em contraste com o regime de portas constantemente abertas que tem valido para as personalidades petistas condenadas.
O velho Brasil das elites - ironicamente tão enxovalhadas por facções do PT - está expresso em cores fortes nos acontecimentos em torno das primeiras prisões de mensaleiros.
Beneficiário daquela obra de engenharia financeira da baixa política projetada em altos escalões do primeiro governo petista, Jefferson viria a ser um dos condenados no processo que inicialmente arrolou 40 mensaleiros, um fato inédito na mais que centenária história da República brasileira.
E o ineditismo não parou por aí. Como nunca houve um banco de réus VIPs tão amplo, a história da Justiça nacional não aconselhava qualquer otimismo quanto a condenações. Pois aconteceu o oposto.
Apesar de todas as possibilidades de recursos protelatórios permitidos pela legislação - à disposição de alguns dos melhores e mais bem remunerados advogados do país -, ilustres terminaram condenados à prisão, outro fato pouco visto na vida pública. E neste sentido importa menos se o regime da pena é ou não de cárcere fechado do que o veredicto que pune poderosos, importante por si.
Expedidos, durante o feriadão da semana passada, os primeiros 12 mandados de prisão de mensaleiros condenados por corrupção, o processo do mensalão passou a gerar excentricidades. Como o primeiro escalão petista apanhado neste primeiro arrastão judicial se autodeclarar prisioneiro político . Não passa de reação risível, sob encomenda para militantes sectários, o ex-ministro José Dirceu, o deputado e ex-presidente do PT José Genoino e o tesoureiro petista Delúbio Soares se considerarem presos políticos devido à sentença de um Supremo tribunal Federal composto, em sua maioria, por ministros indicados pelos governos companheiros de Lula e Dilma Rousseff, e num processo que transcorre há seis anos, com o exercício de amplos direitos de defesa. Neste caso, Marcos Valério também seria um perseguido do regime? Bizarro. A reação dos petistas, coreografada por gestos de punhos cerrados como revolucionários de gibi, da primeira metade do século XX, denuncia uma faceta de uma certa esquerda brasileira - a de viver do passado. Já inaceitáveis privilégios com que os prisioneiros petistas têm sido tratados na Papuda, em Brasília, denunciam outra faceta: a do Brasil arcaico, aristocrático até a medula, do você sabe com quem está falando? . Deste Brasil, Dirceu, Genoino e Delúbio também fazem parte. Eles são mais iguais que os prisioneiros comuns - entre eles, cardíacos, com certeza - cujo sistema de visita é espartano, em contraste com o regime de portas constantemente abertas que tem valido para as personalidades petistas condenadas.
O velho Brasil das elites - ironicamente tão enxovalhadas por facções do PT - está expresso em cores fortes nos acontecimentos em torno das primeiras prisões de mensaleiros.
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