sábado, julho 04, 2009

VALE A PENA ASSISTIR!

J. R. GUZZO

REVISTA VEJA
J.R. Guzzo

Gente do ramo

"A burrice faz parte das doenças que não têm cura; por isso
mesmo, produz efeitos em qualquer época, como se pode
verificar com tanta facilidade no Brasil de hoje"

Pouco se ouve falar no Brasil, já faz um bom tempo, em intelligentsia. Quem ainda utiliza essa expressão, hoje em dia, ou sabe de sua existência? Como é possível lembrar, a palavra foi tomada em empréstimo do russo, para designar a classe de gente que em geral vive nos degraus superiores da sociedade e a quem se atribui a capacidade de pensar o que é melhor para todos, devido aos altos teores de sua instrução, preparo profissional e inteligência. Haverá, com certeza, boas razões para o conceito ter saído de moda e caído em desuso; professores de sociologia podem explicar isso bem melhor que um artigo de revista. É interessante notar, em todo caso, que no Brasil de ontem e de hoje, quando se pensa na produção de resultados práticos, aintelligentsia sempre pareceu competir em desvantagem com o que poderia ser descrito como a sua outra face – a burritsia. Trata-se de uma classe em tudo idêntica à primeira. Os que fazem parte dela também estudam muito, raciocinam "em bloco", armam estratégias e, ao fim desses esforços, sempre chegam à conclusão errada – ou, entre todas as decisões possíveis, escolhem sempre a pior.

Um dos grandes momentos da burritsia nacional ocorreu quando os governos militares, entre os anos 60 e 70, descobriram que um dos piores problemas do Brasil, no seu modo de ver as coisas, era a existência de estradas de ferro. Passaram, então, a erradicar ferrovias com a urgência de quem combate a saúva. Arrancaram trilhos do chão, fecharam estações e exterminaram companhias inteiras; ficaram só com os funcionários e a folha de pagamento. O resultado é que o Brasil perdeu de trinta a quarenta anos no desenvolvimento de sua estrutura ferroviária e hoje tem de correr atrás para recuperar uma parte, pelo menos, do atraso. Naturalmente, demora e custa caro. Para ficar num exemplo só, a Ferrovia Norte-Sul, que um dia ligará Goiás ao Maranhão, atravessando o Tocantins, começou a ser construída há 22 anos e ainda não conseguiu cobrir nem a metade do trajeto previsto; até hoje não transportou um único saco de soja, o que deveria ser um dos seus principais propósitos, e alguns trechos da sua parte sul nem sequer foram licitados para dar-se início às obras. Conclusão: o que já estava pronto não existe mais, e o que precisa existir não está pronto.

Os colossos do pensamento brasileiro também nos brindaram no passado com a extraordinária noção de que o país não teria futuro se não controlasse, do começo ao fim, todo o processo da produção de computadores – sem isso, o Brasil ficaria na dependência de "potências estrangeiras" numa área estratégica da tecnologia. E se num dia qualquer a IBM, por exemplo, não quisesse vender um computador para a gente? A solução seria projetar e construir aqui dentro o nosso próprio parque digital, e para tanto os produtores nacionais teriam de ser protegidos da competição internacional com a "reserva de mercado". Num período em que o mundo começava a andar na direção exatamente oposta, com a descoberta de que o importante não era juntar peças para montar um computador, e sim ter as melhores ideias para tirar proveito do seu funcionamento, o governo brasileiro imaginava que conseguiria legislar sobre o pensamento humano e proibir a sua livre circulação de um lado para outro do planeta. Hoje parece engraçado que uma coisa dessas tenha sido levada a sério, mas aí está: o Brasil oficial passou anos acreditando que computador era algo que tinha de ser controlado pelo governo, como a emissão de moeda ou o funcionamento dos semáforos nos cruzamentos de rua. Deveria, é claro, servir à segurança nacional e ser utilizado, pensando bem, apenas por engenheiros ou técnicos capacitados.

A burrice faz parte das doenças que não têm cura; por isso mesmo, produz efeitos em qualquer época, como se pode verificar com tanta facilidade no Brasil de hoje. Por trás dela há o princípio básico de que o mundo se divide em gente "do ramo", a quem cabe decidir os grandes temas de interesse público, e os demais, a quem cabe pagar pelas consequências; uma de suas marcas clássicas é a intolerância com a opinião de quem "não entende nada do assunto". A agravante é que o Brasil gosta de se considerar um país espertíssimo, onde frequentemente a "malandragem" é tida como uma forma superior de virtude. É o ideal para esconder os sintomas da moléstia. É, também, o caminho mais curto para o povão acabar no papel de otário, como comprova todos os dias o noticiário político. Quem sai ganhando, sempre, é a espertetsia.

JOSIAS DE SOUZA

04/07/2009

História secreta da simulação da renúncia de Sarney

Senador se finge de Jânio para voltar ‘nos braços do PT’

Plano envolveu conversas reservadas com Lula e Dilma

José Cruz/ABr

Brasília respirou, entre terça e quarta-feira, a expectativa de uma renúncia planejada para não acontecer. Moído por uma crise que o persegue a cinco meses, José Sarney pôs em marcha uma estratégia definida por um de seus aliados como “Plano Jânio Quadros”.

Jânio, como se sabe, renunciou à presidência da República, em agosto de 1961, seis meses e 23 dias depois de ter sido empossado. Em texto manuscrito, de cunho enigmático –“forças terríveis levantam-se contra mim”—, comunicou a decisão ao Congresso e voou para São Paulo.

Esperava que o Legislativo recusasse a renúncia e que o povo fosse às ruas clamar por seu retorno. Não ocorreu nem uma coisa nem outra. O resto é história. Sarney –“um Jânio sem álcool”, na definição ouvida pelo blog— simulou a renúncia para “voltar” a um cargo que lhe foge. Sem o inconveniente de deixar a cadeira.

Para livrar sua “presidência” das aspas que a conspurcam, Sarney tramou uma ressurreição “nos braços do PT”. Deu-se o seguinte:

1. Na manhã de quarta, Sarney recebeu em sua mansão, no Lago Sul, Aloizio Mercadante e Ideli Sanvatti. Foram contar a ele um segredo de polichinelo. Na noite anterior, a bancada do PT posicionara-se a favor do seu afastamento. Licença de um mês. Sarney refugou. Licença não tiraria. Ou o PT o apoiava ou renunciaria.

2. Sem que Mercadante e Ideli suspeitassem, Sarney armava a reação desde a tarde da véspera, quando a notícia sobre a cara virada do PT lhe chegara aos ouvidos. Em segredo, conversara pelo telefone com Lula, que estava na Líbia. Queixara-se da movimentação do petismo. Ouvira de Lula críticas acerbas ao PT. O presidente chamara de amadores os senadores de seu partido. E tranquilizara Sarney.

3. Lula acionaria, desde a Líbia, a ministra Dilma Rousseff e o chefe de gabinete dele, Gilberto Carvalho. Ordenou-lhes que agissem para deter o “amadorismo” do PT. Na noite de terça, enquanto a bancada petista apreciava o pedido de licença de Sarney –7 votos a favor e 4 contra– o “alvo” reunia-se secretamente com Dilma e Carvalho, na casa da ministra.

4. Sob orientações de Lula e de olho na preservação do apoio do PMDB à sua candidatura presidencial, Dilma acalmou Sarney. Pediu que aguardasse o retorno do chefe. Tudo seria solucionado, disse. Assim, Lula e sua principal ministra já haviam vendido a Sarney o apoio do PT, que Mercadante e Ideli diziam não existir.

5. Sarney tinha razões para escorar-se no governo. O plenário fervia. Três partidos exigiram a sua licença: PSDB, PDT e até o DEM. Sem o PT, sua “presidência”, já comprometida pelas aspas, poderia virar cinzas. Na conversa com Mercadante e Ideli, testemunhada por Renan Calheiros, Sarney, na pele de “Jânio sóbrio”, como que devolveu o problema ao PT e ao governo. Parecia jogar o seu futuro numa única mão de cartas. Mas a renúncia era teatro.

6. Quatro dias antes, no início da noite de um domingo frio de Brasília, um Sarney apegado ao cargo e seu escudeiro Renan Calheiros tiveram uma primeira reunião sigilosa com com Lula. Dera-se na Granja do Torto. Lula se preparava para a viagem à Líbia. Àquela altura, a fuga do DEM tinha a forma de uma ameaça, pendurada nas manchetes pelo líder José Agripino Maia. Sarney e Renan pareciam descrer. Pelo sim, pelo não, decidiram testar os limites do apoio de Lula. Não havia limites. O presidente prometeu-lhes apoio irrestrito.

8. Tampouco o PSDB, parceiro de oposição do DEM, levava a sério os arroubos de Agripino. “Não vão chegar a tanto”, dizia, na segunda-feira, o presidente tucano Sérgio Guerra ao dissidente peemedebista Jarbas Vasconcelos. Estavam no aeroporto de Cumbica, em São Paulo. Retornavam de uma viagem a Estocolmo. Àquela altura, Agripino já havia costurado o rompimento.

9. O líder ‘demo’ entendera-se com os “formadores de opinião” de sua bancada. Até o sereno Marco Maciel apoiara a tese do afastamento de Sarney. A decisão do DEM foi vendida ao público como “consensual”. Meia-verdade. De 14 senadores, três saíram da reunião como votos vencidos: Eliseu Resende (MG), ACM Jr. (BA) e Heráclito Fortes (PI).

10. Primeiro-secretário da Mesa presidida por Sarney, Heráclito ponderou que o rompimento poderia empurrar Sarney para a reunúncia. Pintou um cenário de caos. Agripino atalhou a argumentação com uma idéia que sabia inviável: “Por que não uma candidatura própria, de Marco Maciel? Ficava claro que, além de romper com Sarney, o DEM já esboçava a sucessão. Agripino prevaleceu.

11. No meio da reunião do DEM, tocou o telefone. Era o tucano Sérgio Guerra. Queria que Agripino aderisse a uma proposta de última hora: a constituição de um grupo de senadores notáveis. Reformariam o Senado sob um Sarney manietado. Agripino já havia sido informado dos planos de Guerra por Renan, procurado antes dele. Reagira mal. Chamara a proposta de “tolice”. Nem atendeu ao telefone. Mesmo sem o assentimento de Agripino, Guerra foi à casa de Sarney. Levou a tiracolo os tucanos Alvaro Dias e Marisa Serrano.

12. Apresentado à tese da constituição do grupo de senadores insignes, Sarney simulou interesse. Disse que iria pensar. Os tucanos disseram-lhe que nem precisaria se licenciar do cargo. Bastaria um afastamento informal. Não queriam ver Sarney pelas costas. De quebra, sondaram-no sobre a disposição de instalar a CPI da Petrobras. “Parece que nem a oposição está interessada”, provocou Sarney.

13. O tucanato estava, sim, interessado. Sarney e Renan trataram de levar esse interesse ao caldeirão da crise como mais uma ameaça ao governo. Em seus diálogos, deixaram antever que, ao menor sinal de abandono, o PMDB ajudaria a abrir a CPI.

14. Lula manteve a mão estendida. Mal posou na base aérea de Brasília, na noite de quarta, discou para Sarney. Antes, telefonara para Ideli Salvatti, que lhe relatara um encontro ameno de Sarney com dez dos 12 senadores do PT. Só Marina Silva e Eduardo Suplicy ousaram repisar a tese da licença diante de Sarney. A bancada parecia ceder à pressão. Lula sentiu o pulso de Sarney e agendou uma conversa com ele. Seria na quinta. Foi transferida para sexta. O presidente quis, primeiro, avistar-se com o PT.

15. Lula testemunhou ao vivo o “amadorismo” que pressentira à distância. Cinco senadores petistas defenderam a licença de Sarney. Em resposta, reduziu a crise do Senado a uma “guerra política”. Lembrou 2010 e apelou à governabilidade. Encurralado, o PT reunirá sua bancada, de novo, na próxima terça. De antemão, Lula disse a Sarney, nesta sexta, que entregará a mercadoria que prometera. Se conseguir, José ‘Quadros’ Sarney ganhará sobrevida para conduzir opó Senado. Não se sabe para onde.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO


MÍRIAM LEITÃO

Os sem-crise

O GLOBO - 04/07/09

Eles não demitiram, não perderam receita, estão ampliando negócios e mantendo investimentos. Alguns estão aumentando o número de funcionários. São o que se pode chamar de os sem-crise: setores que ainda não foram atingidos pela recessão ou que, por motivos diversos, estão se saindo melhor nessa difícil conjuntura. Não é fácil agrupá-los. Cada um tem um motivo para estar protegido da tempestade.

A rede Centauro, de material esportivo, planeja inaugurar mais 40 lojas este ano. A Avon, especializada em vendas diretas de artigos de cosméticos e beleza, teve crescimento de 12% na receita do primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior. O número de revendedores cresceu 6%. O grupo Brookfield Gestão de Empreendimentos, que comanda 15 shoppings na região Sudeste, entre eles, o Rio Sul, disse que, dos seis segmentos dos shoppings, apenas o de lojas âncoras sofreu, pela restrição do crédito. No segmento recreação e lazer houve crescimento acima da média.

A rede Livraria Cultura teve alta de 18% na receita do primeiro semestre, na comparação com 2008. Mais uma superloja será inaugurada este ano e para 2010 a projeção é de abertura de mais duas. A Ambev teve alta de 32% no lucro líquido; de 10,7% na receita; e de 5,1% no volume de vendas no primeiro trimestre. A Coca-Cola garante que vai investir 16,6% a mais em 2009. No 1º trimestre, o volume de vendas da empresa aumentou 4%. A rede Boticário inaugurou 50 novos pontos de venda e diz que o objetivo é chegar a 100 até o final do ano. As vendas cresceram de 7% a 10%.

- Nossas vendas não dependem de crédito e temos produtos de várias faixas de preço - explicou o presidente do Boticário, Artur Grynbaum.

O que explica o bom desempenho numa crise? Primeiro, o varejo ficou mais protegido. Os mais pessimistas acham que ele pode ser atingido depois. Passou melhor quem não vende a crédito. Setor de cosméticos, produtos de beleza, material esportivo, produtos diet/light têm sempre vendido mais que a média.

Alguns foram beneficiados com efeitos colaterais da turbulência. É o caso do segmento recreação e lazer dos shoppings, de acordo com o diretor executivo do grupo Brookfield, Filipe Vasconcelos:

- Duas justificativas têm relação com a crise: menos gente viajando e queda no consumo de artigos mais caros, como eletrodomésticos. Mais gente ficou na própria cidade e acabou gastando fora de casa o dinheiro que seria usado em uma compra financiada.

A venda de livros também foi favorecida por isso, de acordo com o diretor comercial da Livraria Cultura, Fábio Herz. Livro tem baixo preço - se comparado a outros artigos - , é lazer e também ajuda em tempos de crise. Ele explica que, com um gasto de R$30 em um livro, a pessoa consegue ter lazer e entretenimento em casa por uma semana.

Além disso, em momentos de turbulência financeira, há aumento na preocupação com a formação profissional e qualificação, coisas que se conseguem nos livros.

O desemprego fez aumentar a oferta de pessoas disponíveis para venda porta em porta. Aumentou o número de revendedores da Avon.

- Passei a ter mais gente se dedicando às vendas e isso foi importante para o resultado. Todos os nossos investimentos para 2009 foram mantidos, inclusive nos gastos com marketing e publicidade - explicou o presidente da empresa no Brasil, Luis Felipe Miranda.

Os números da Associação Brasileira de Vendas Diretas (ABVD) comprovam. No primeiro trimestre houve aumento de 18,1% no volume de vendas e de 13,8% no número de revendedores.

- Parte de nossas vendas é baseada nas redes de relacionamento dos próprios vendedores. Em tempos de crise, eles acabam sendo beneficiados porque recebem mais ajuda dessa rede, que geralmente incluem amigos e familiares - explicou o presidente da ABVD, Lírio Cipriani.

Os alimentos tiveram queda de preço com a crise internacional e por isso o varejo vendeu mais. Com mais renda disponível pela queda dos alimentos, o consumidor também comprou mais bebidas. Prova desse efeito, segundo o vice-presidente de Comunicação e Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil, Marco Simões, é que o auge do crescimento da economia mundial, no segundo trimestre de 2008, foi justamente o menor período de crescimento da empresa no país.

- Estamos crescendo a 22 trimestres seguidos. O de menor crescimento foi o segundo do ano passado, quando as commodities agrícolas estavam em alta e a inflação dos alimentos também. Agora, estamos vendo um efeito contrário, a inflação de alimentos está em queda e isso beneficia o nosso setor - afirmou.

Alexandre Loures, gerente de comunicação corporativa da AmBev, explica também que a antecipação do aumento do salário mínimo, de maio para março, acabou garantindo o consumo das famílias de baixa renda. Além disso, a empresa investiu na diversificação de produtos e embalagens, com preços que poderiam se adaptar melhor à realidade de crise.

É o que registramos na coluna de ontem. A crise se espalha de maneira diferente. A economia brasileira é como um organismo com várias temperaturas. Estes setores, ouvidos hoje, estão quentes.

PANORAMA

REVISTA VEJA

Panorama

Holofote


Felipe Patury


O trem descarrilado da ministra Dilma

Marisa Cauduro/ Folha Imagem


A construção da Ferrovia Transnordestina, entregue à CFN de Benjamin Steinbruch, é um dos assuntos que mais suscitam reações explosivas no governo. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pretendia inaugurá-la em 2010, mas, na velocidade atual, a obra só estará pronta em 2043. Os atrasos a exasperam, e seus rompantes em torno do projeto se repetem há um ano e meio. Na semana passada, ela enquadrou o secretário executivo da Integração Nacional, Luiz Eira, com tal, digamos, veemência que ele se demitiu. Nas reuniões sobre o assunto, Dilma já acenou com ameaças. Entre elas, decretar a caducidade da concessão dada à CFN, o que obrigaria os órgãos federais a cortar relações com todas as empresas de Steinbruch. O empresário nega a existência das discussões, das ameaças e até da briga que motivou a demissão de Luiz Eira.

Ele é da lata

Publius Vergilius/ Folha Imagem


Há nove anos, o executivo André Balbi passou a comandar a operação brasileira da Rexam, empresa inglesa líder na fabricação de latas de alumínio e a segunda maior produtora de embalagens do mundo. Em todos os anos de sua gestão, Balbi registrou os maiores aumentos de receita do grupo. Em média, na casa dos 6% anuais. Neste ano, em meio à recessão, já expandiu o faturamento brasileiro em 10%. Esses resultados levaram a Rexam a entregar-lhe há duas semanas o comando da operação nas Américas. Balbi passa a responder por uma receita de 1,5 bilhão de euros, um terço do faturamento do grupo, e a integrar o comitê estratégico global da empresa.

CPI via Supremo

José Cruz/ABR


O PSDB dará um ultimato ao presidente do Senado, José Sarney: ou ele nomeia os integrantes da CPI da Petrobras nesta terça-feira ou o partido recorrerá ao Supremo Tribunal Federal no dia seguinte para obrigá-lo a fazê-lo. Aprovada pela cúpula do partido, a estratégia foi proposta na semana passada pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR), autor do requerimento da CPI. Ele se baseou em uma decisão semelhante adotada em 2005 para forçar a instalação da CPI dos Bingos.

É poça ou poça?

Antonio Milena


Salvador é a capital em que a dengue mais fez vítimas neste ano. Um dos principais locais de reprodução do mosquito transmissor da doença é a região da Avenida Paralela. Cinco empresas possuem terrenos nessa área, que é coberta por poças infestadas pelos insetos. Em maio, a Justiça determinou que os alagamentos fossem aterrados, mas o governo baiano não deixa. Diretora-geral do Instituto do Meio Ambiente do estado e ex-mulher do governador Jaques Wagner, Beth Wagner diz que as poças são, na verdade, lagoas e que eliminá-las é crime ambiental. A prefeitura alega que elas tanto são poças que muitas têm até ralos.

Outro Chico Mendes?

Manoel Marques


Osmarino Amâncio Rodrigues
assumiu o lugar de líder seringueiro após o assassinato de Chico Mendes, em 1988. Vinte e um anos depois, receia ter o mesmo destino. Ele se nega a permitir que madeireiros atuem dentro de uma reserva florestal no Acre. Há um mês, sua casa foi invadida e depredada. Rodrigues diz que o processo que desembocou na morte de Chico Mendes começou da mesma forma.

Lailson Santos


Um candidato a Silvio Santos

Não foram só a proposta de um salário anual de 6 milhões de reais e a perspectiva de participação em propaganda superior a 30 milhões de reais que levaram o apresentador Roberto Justus a trocar a Record pelo SBT. Seu agora patrão, Silvio Santos, o seduziu afirmando que Justus se parecia com o Silvio de trinta anos atrás e que seria ele o grande nome da TV no futuro próximo. Da conversa, Justus depreendeu que Silvio o havia escolhido como sucessor. Não se fez de rogado e já se ofereceu para comprar parte do SBT.

GOSTOSA


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REINALDO AZEVEDO

VEJA ON-LINE

LULA É O JOE JACKSON DO PT

quinta-feira, 2 de julho de 2009 | 20:29

Eu gostava, gosto, de Michael Jackson, deixo claro desde já. No gênero, Thriller me parece mesmo brilhante. Cantava e dançava muito bem. Era também um bom compositor. Essas ressalvas todas porque sei que alguns hão de protestar contra a comparação. Mesmo assim, vou adiante. Lula é o Joe Jackson do PT, aquele pai esquisito que fica sorrindo e posando para fotógrafos enquanto o mundo chora a morte do filho. O pai tirânico. Sim, é bem provável que, sem a obstinação de Joe em fazer dos filhos artistas — e máquinas de ganhar dinheiro —, o menino Michael não tivesse saído do zero. O pai está na origem da disciplina, mas também da sua autodestruição. O roteiro é conhecido.

Michael, tudo indica, odiava o pai, o que significa que estava preso a ele por um laço indestrutível. Nada é mais íntimo e causa mais dependência do que essa relação. O alvo do ódio escraviza o que odeia. E ambos passam a ter a mais perversa das relações. Sendo Lula o Joe do PT, o PT, por óbvio, é o Michael Jackson de Lula.

O “pai” não cansa de humilhar o ”filho”, de tratá-lo como um idiota. Impõe-lhe como candidata à Presidência uma figura que, vá lá, ainda é um tanto desconhecida no partido. Obriga-o a mudar de posição da noite para o dia; imprime-lhe mudanças de rumo e de propósitos com base nas próprias necessidades. O partido vai se desfigurando, vai se tornando um monstrengo, derretendo em praça pública. De “preto” e socialista, tornou-se rosado e dependente da boa vontade de gente como Sarney e Renan Calheiros. E Joe nunca está satisfeito. Diz assim: “Fui eu que o fiz, e você me deve obediência”.

Hão de dizer: a transfiguração de Michael se deu quando já estava livre do pai. O diabo é que ele nunca se livrou do tirano. Estava estampado em sua alma, como, acho, o PT jamais vai se livrar de Lula. Sei que os petistas vão protestar, mas o partido acaba no dia em que Lula se for. Já não sabe mais o que é: preto ou branco?; homem ou mulher?; adulto ou criança? O PT é só Lula.

Michael, infelizmente, ficou tão lelé que morreu antes do Joe. Tivesse sido o contrário, não sobreviveria muito à morte do pai. O desaparecimento do objeto desse ódio vital mata também quem odeia. Lula, embora não pareça, eu sei, é finito, como todos nós. Quando ele se for, o PT morre em seguida. Sem identidade, precisa do tirano que o escravize. Ou faz besteira. Convenham: do ponto de vista do puro pragmatismo, brigar com Sarney era uma burrice. Eu torci muito para Mercadante ser bem-sucedido. Mas Joe, como sempre, foi mas sagaz do que o seu monstrengo sem identidade.

INFORME JB

"Não posso aceitar a sua renúncia"

Leandro Mazzini

JORNAL DO BRASIL - 04/07/09

O senador José Sarney (PMDB-AP), (foto) presidente do Congresso, vai ficar no cargo. Foi o que ficou acordado ontem, numa reunião entre ele e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no CCBB – sede provisória do governo em Brasília. "Não posso aceitar a sua renúncia", disse o presidente no início da conversa. Lula enquadrou praticamente todos os partidos da base e cobrou apoio ao cacique. A situação chegou a tal ponto que Executivo e Legislativo estão interligados mais pela governabilidade política do que pelo bom senso de respeito à representação congressista. Pelas contas, agora, com o apoio irrestrito da bancada do PT - mais PMDB, PP, PRB, PSB, PDT e PTB, partidos da base - Sarney calcula ter 54 senadores a seu lado.

A jato A jato 2

A palavra crise não constava do vocabulário do presidente do Senado, José Sarney, no início do ano. Pelo menos em parte. O senador, que tem um jatinho Hawker 800, encomendou o modelo 900, top de linha, direto da fábrica.

O modelo 900 custa US$ 15 milhões – Sarney cobriria a diferença, uns US$ 6 milhões, por baixo. Chegou a pagar um sinal, mas desistiu em fevereiro. Ainda voa no velho jato, que vale uns US$ 9 milhões.

Pedala, IPI!

O governo já desonerou automóveis, motos e caminhões, diz o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE). Então, entrou na campanha Bicicletas para Todos, pela redução de IPI para bikes.

Pedala, Orlando!

Esta semana, Arruda encheu a sala do ministro de ciclistas.

Voto on-line

A Câmara vai querer saber quantos deputados têm sites oficiais, blogs ou estão no twitter.

O motorista

O motorista de Agaciel Maia, ex-diretor do Senado que visitou a Casa na quinta, foi todo perguntas aos repórteres. Descobriu-se que era o filho do ex-chefão.

Fashion Rio

A Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio distribui 500 mil peças de roupas, apreendidas pela Receita, às prefeituras fluminenses. Serão repassadas à população carente.

Moda Bené

Quem tem levado as roupas é a secretária Benedita da Silva. Na quinta, passou por Paracambi e ali deixou trouxas também para Paulo de Frontin, Mendes, Japeri, Vassouras, Miguel Pereira e Quatis.

Nova chance

O governo de Minas Gerais lançou o Projeto Regresso, que facilita contratação de ex-detentos por empresas que ganharão benefícios fiscais.

Mesa farta

Pelo menos 75 CEOs do Grupo de Líderes Empresariais vão participar do 4º Lide Gastronomia, no Terraço Itália, na Casa Cor, próxima terça, em São Paulo.

CPI da luz

Frase de um deputado do PMDB do Rio, sobre a recém-instalada CPI da Conta de Luz na Câmara em Brasília: "Há 150 por cento de chances de dar M".

Alerta

Em tempo, as duas obras na mira do TCU no Rio, cujo terreno é pantanoso, não são do PAC.

DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA
Diogo Mainardi

O Cordeiro do presidente

"O blogueiro de Lula considera que a ‘grande mídia’ – da qual ele e
Franklin Martins foram demitidos – ‘é apenas uma ferramenta para
perpetuar o status quo de uma elite, veículo de pré-conceitos, defesa
de interesses escusos e muito, mas muito cinismo mesmo’"

Jorge Cordeiro? Isso mesmo: Jorge Cordeiro. Ninguém sabe quem ele é. Ninguém sabe o que ele faz. Mas Franklin Martins acabou de contratá-lo para comandar o blog do Lula. O blog do Planalto.

Lula declarou recentemente que, com a internet, a imprensa perdeu "o poder que tinha alguns anos atrás". E, de acordo com ele, quanto menos poder a imprensa tiver, melhor. Porque isso impede que os jornais tentem "dar um golpe de estado", manipulando os fatos. Lula, a Arianna Huffington de Caetés, acredita que só agora, com o Blogger, o Facebook e o Twitter, "este país está tendo o gosto da liberdade de informação". Segundo ele, "estamos vivendo um momento revolucionário da humanidade".

Jorge Cordeiro, o blogueiro de Lula, tem o perfil do revolucionário da internet. Depois de trabalhar por seis anos como assessor de imprensa da Odebrecht, no período em que a empreiteira se enroscou com Fernando Collor de Mello, ele se distinguiu por sua passagem em jornais como O Fluminense. Quando Marta Suplicy foi eleita, ele ganhou um cargo na área de internet da prefeitura paulistana. Em 2005, arrumou um emprego no Globo Online, sendo demitido menos de um ano depois. Ultimamente, até ser contratado por Franklin Martins, ele mantinha um blog que era lido e comentado sobretudo por ele mesmo. A internet tem esse aspecto revolucionário: o autor de um blog pode ser também o seu único leitor.

Assim como Lula, Jorge Cordeiro dispara contra a imprensa. Seu blog solitário é sua Sierra Maestra. Ele considera que a "grande mídia" – da qual ele e Franklin Martins foram demitidos – "é apenas uma ferramenta para perpetuar o status quo de uma elite, veículo de pré-conceitos, defesa de interesses escusos e muito, mas muito cinismo mesmo". VEJA, Folha, Estado, Globo: o blogueiro de Lula condena todo o "(tu)baronato" da imprensa, acusando-o de irresponsabilidade, de tendenciosidade, de forjar a roubalheira dos mensaleiros e de montar uma farsa golpista no episódio dos aloprados, a fim de evitar o triunfo histórico de "Lulaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!".

O blogueiro de Lula, como o próprio Lula, argumenta que há mais liberdade e mais pluralidade nos blogs do que na imprensa. Os elogios aos blogs cessam no momento em que eles abusam dessa liberdade e dessa pluralidade para – epa! – falar mal de Lula. Ricardo Noblat se torna automaticamente "dissimulado, prepotente, mentiroso". E Reinaldo Azevedo é ironizado por seus tumores, que o blogueiro de Lula apelida de "bolotinhas".

Eu? Eu sou um "dândi". Tenho de levar "uma bela cusparada" e, como Paulo Francis, "sucumbir a inúmeros processos". Na semana passada, renunciei espontaneamente ao meu trabalho na internet. O blogueiro de Lula comemorou minha despedida com o seguinte comentário: "U-huuuuu!!". Agora que Lula tem um blog, e que pretende trocar a imprensa por spams, sou eu que comemoro minha saída da internet: "U-huuuuu!!".

VAMOS COMPRAR TECIDO?


PAINEL DA FOLHA

Trabalho de base

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 04/07/09

Enquanto Lula cuida do PT, os operadores de José Sarney tentam ampliar sua sustentação em outras siglas da base. Convocado pelo círculo próximo do presidente do Senado, o ministro Carlos Lupi (Trabalho) entrou em campo para minar as resistências de seu partido, o PDT. Na terça, o líder da bancada, Osmar Dias (PR), pediu em plenário o afastamento. Ontem, os sarneyzistas contabilizavam o próprio Osmar e a senadora Patricia Saboya (CE) como apoiadores, ainda que tímidos, da permanência do presidente.
No PR, o ministro Alfredo Nascimento (Transportes) faz marcação sobre os quatro senadores, que já haviam assinado nota dizendo confiar em Sarney.

Aritmética - Renan Calheiros & Cia. fecharam a semana com a avaliação de que o quadro melhorou e, se voltar a piorar, será por força ‘da mídia’. O apoio interno a Sarney estaria ‘equacionado’.

Fala sério - De Lula, no jantar com senadores do PT: ‘Ô, Suplicy, você acha que alguém vai acreditar que você, há quase 18 anos ali, não tinha ideia do que acontecia no Senado?’.

Conceição - Ainda no jantar, Lula disse que, após tantas plásticas, o ditador da Líbia, Muammar Gadaffi, ‘está a cara do Cauby Peixoto’.

Torneira - Lula determinou que seja feito cronograma para empenho de emendas parlamentares. A equipe econômica estima ser possível chegar no máximo à metade dos R$ 5,9 bi previstos para emendas individuais neste ano.

Revisão - O site da Casa Civil corrigiu ontem informação sobre o currículo de Dilma Rousseff. Antes, ali se informava que a ministra era ‘mestre em teoria econômica e doutoranda em economia monetária e financeira pela Unicamp’. Agora, que ela ‘cursou mestrado e doutorado’ nessa universidade.

Ele e elas - Ao lado de Cherie Blair, mulher do ex-premiê britânico Tony Blair, e de Sheikha Fariha, princesa do Kuwait, José Serra será homenageado pela Organização Mundial da Família, no dia 8 em Genebra, por suas contribuições na área da saúde.

Viável - Do presidente do DEM, Rodrigo Maia, sobre Ibope no qual o prefeito Gilberto Kassab aparece em primeiro lugar para a sucessão estadual, em cenários sem Geraldo Alckmin (PSDB): ‘Os números projetam a possibilidade de ele vir a governar o Estado’. Maia deixa claro que qualquer decisão do partido dependerá de José Serra.

Fica - Em carta a ser lida hoje na reunião da Mensagem ao Partido, o ministro Tarso Genro dirá que mantém o apoio à candidatura de José Eduardo Cardozo à presidência do PT. A ala majoritária lançará José Eduardo Dutra.

Lipo - O presidente da Funasa, Danilo Forte, comemora queda nos gastos de custeio da fundação, ligada ao Ministério da Saúde. As despesas com passagens caíram 23,5% de 2007 (R$ 7,745 milhões) para 2008 (R$ 6,269 milhões).

Goleada - Na sexta edição do Barômetro de Imprensa, sondagem online com profissionais da área realizada bimestralmente pelo Instituto FSB Pesquisa, mais de dois terços (67%) dos 510 consultados se declararam favoráveis a uma Assembléia Constituinte em 2011 exclusivamente para realizar a reforma política.

Empate - Não houve consenso sobre qual seria a reforma mais urgente para o país: 42% optaram pela tributária; 39% ficaram com a política.

Tiroteio

É um alerta aos aliados da ministra. Se, como segunda pessoa mais forte do governo, ela age dessa maneira, imagine se chegar à Presidência.
Do deputado ACM NETO (DEM-BA), sobre o pedido de demissão do secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, Luiz Antonio Eira, depois de ter sido destratado por Dilma Rousseff.

Outro lado - Segundo o Ipea, o advogado Rodolfo Gropen ‘não prestou qualquer tipo de consultoria até a presente data’ ao instituto, embora seja um de seus ‘especialistas cadastrados’. Gropen é advogado de Marcos Valério, o operador do mensalão.

Contraponto

Conta outra

Em pleno segundo turno da campanha de 2006, Geraldo Alckmin teve de interromper a agenda, já tarde da noite, para ir ao dentista recolocar uma restauração. A caminho do consultório, o tucano comentou com assessores:
-É bom eu parar antes numa lanchonete e comer alguma coisa. Depois da anestesia não vai dar...
Num estabelecimento no bairro paulistano de Vila Mariana, o candidato a presidente pediu bife com ovo. Enquanto comia, foi abordado por uma moça:
-Já falaram que você é a cara do Geraldo Alckmin?
Quando ele se apresentou, a moça ficou brava:
-Geraldo Alckmin aqui, às dez da noite, comendo um bife? Olha, vê se vai enrolar outra!