FOLHA DE SP - 03/12
Para uma criança em sofrimento, apresentar-lhe a morte como alternativa é um gesto de obscenidade
O jornalista Paulo Francis, que adorava crianças malcomportadas, costumava dizer que Herodes tinha sido um incompreendido. Pena que Francis não esteja entre nós para contemplar o que se passa na Bélgica. O espírito de Herodes está vivo por aquelas bandas e o país está a um passo de legalizar a eutanásia para crianças.
Verdade que a Bélgica sempre foi bastante "liberal" (peço desculpa pelo uso abusivo do termo) nessas matérias. Segundo os manuais da especialidade, a eutanásia (ativa ou passiva) existe para terminar com o sofrimento intolerável (e incurável) de um doente.
O médico pode matar o paciente (eutanásia ativa), ou, em alternativa, pode suspender certos tratamentos que terão o mesmo fim (eutanásia passiva).
Seja como for, havia pelo menos um entendimento mínimo de que a eutanásia era um expediente extremo, só aplicável a situações extremas.
Acontece que a Bélgica foi alargando os casos de "situações extremas". Sim, um doente terminal com câncer cumpre os requisitos para uma injeção letal. Mas o que dizer de uma pessoa em profundo sofrimento psicológico ou acometida por uma deficiência irreversível como a cegueira?
Se o argumento da autonomia é o mais importante nas questões de vida ou morte, não devemos respeitar também a autonomia de alguém que não deseja mais viver porque habitar as trevas --psicológicas, sensoriais-- não é destino que se deseje para ninguém?
Foi assim que a Bélgica começou a praticar estas formas de eutanásia "à la carte" muito para além dos casos clássicos de sofrimento irreversível. O passo seguinte --eutanásia para crianças-- era apenas uma questão de tempo.
Posição pessoal: sou favorável a que os médicos façam tudo para minorar a dor (mesmo que esses cuidados paliativos tenham como "duplo efeito" a morte a prazo do paciente --por exemplo, com injeções crescentes de morfina).
E, além disso, admito situações de eutanásia passiva em que se retiram meios artificiais que apenas adiam artificialmente o fim de qualquer existência. Entre esses meios artificiais não estão, logicamente, o oxigênio, a água e a alimentação. Matar um ser humano por asfixia, sede ou fome não faz parte da minha cartilha.
Mas também não faz parte da minha cartilha os argumentos autônomos e utilitaristas que normalmente são avançados para defender a eutanásia ativa.
Sobre os argumentos utilitaristas --há certos meios (matar o paciente) que são legítimos para se atingir certos fins (evitar o sofrimento do paciente)--, convém não levarmos demasiado longe esse raciocínio de "meios e fins". Caso contrário, também podemos defender, sem nenhuma contradição, que existem certos meios (matar quem defende matar pacientes) para se atingirem certos fins (salvar a vida dos pacientes).
Sobre os argumentos de autonomia individual, a questão não está em saber se a autonomia é um valor fundamental. Claro que é. A questão está antes em saber até que ponto alguém em sofrimento considerável continua a ser o melhor juiz em causa própria. Sobretudo quando existem alternativas terapêuticas para diminuir esse sofrimento.
E, claro, a questão agrava-se quando falamos de crianças. Na lei belga que o Parlamento se prepara para aprovar, a eutanásia poderá ser ministrada a crianças gravemente doentes desde que elas o desejem; desde que os pais o permitam; e desde que um especialista sancione essa escolha.
Cada uma dessas premissas já é um problema por si só. Não vou discutir o que significa para uma civilização alegadamente avançada conceder aos pais (e aos médicos) o direito de matar os filhos. O cenário comenta-se a si próprio.
Fico-me pelos filhos: respeitar a vontade de uma criança que deseja morrer não é apenas um problema legal, que lida com o fato de ela não ter atingido ainda a maioridade. É sobretudo uma forma de desistência moral: para uma criança em sofrimento, apresentar-lhe a morte como alternativa é um gesto de obscenidade que deveria envergonhar uma sociedade de adultos.
"Herodes, esse incompreendido", dizia Paulo Francis, com perversa ironia. Mal ele imaginava que, na segunda década do século 21, Herodes deixaria de ser uma ironia.
terça-feira, dezembro 03, 2013
Quem vê tanta imagem? - PEDRO DORIA
O GLOBO - 03/12
A oferta excessiva de fotografias, milhares de cliques por mês, pode ter levado a uma perda de valor.
RIO - Há uma cena memorável num dos últimos episódios da primeira temporada de “Mad Men”. Don Draper, o gênio da publicidade ainda em plenos anos 1950, explica para dois executivos da Kodak o valor do carrossel de slides. “Nostalgia, em grego, quer dizer a dor de uma antiga ferida”, ele diz, sua voz suave. A sala, escura, é iluminada apenas pelo projetor. Na parede, fotos de família giram. “É uma fisgada no coração, tem muito mais poder do que apenas memória.” A tecnologia digital vem mudando nosso cotidiano de tantas maneiras distintas, e vivendo um dia após o outro frequentemente não nos damos conta. Fotografias, por exemplo, mudaram de significado.
Por que fotografamos? Não a foto profissional, o registro jornalístico ou artístico. Fotos de família servem para quê? A resposta imediata que surge é: para lembrar. Abra um álbum de fotos com mais de vinte anos. Ninguém passa rápido pelas imagens. Cada uma desperta uma emoção. Como sugere Don, é mais que memória. Por alguns segundos somos preenchidos pelas emoções daquele momento. Revivemos um pouco.
As fotos dos anos 60 são, quase sempre, em preto e branco. O corte quadrado não era raro. Nítidas. Na década seguinte, perdem essa nitidez mas ganham cor. É, graças à tecnologia de fixador do tempo, uma cor que amarelou, ressaltou o vermelho, perdeu o azul. Conforme avançam os 80 e os 90, as cores se estabilizam e a nitidez volta. O fluxo, aí, se interrompe. Tínhamos, talvez, umas cem fotos de toda a infância. Quem sabe, 300. Como era caro fotografar. É o que tiramos por mês. Ou por semana.
Fotografias significavam nostalgia.
Na semana passada, o site Buzzfeed pôs no ar um divertido filmete: explicando fotografia em filme para a garotada moderna. Precisávamos pensar: um filme de 24 poses obrigava cada pessoa com a câmera na mão a se concentrar. É preciso definir que imagem, afinal, merece ser registrada. Ir à loja buscar as fotos reveladas e ampliadas era sempre uma experiência carregada.
Fotografias digitais não entraram de repente em nossas vidas. Foi um processo lento. As primeiras câmeras já estavam à venda no mercado em finais do século. Eram, porém, máquinas caras, com um ou dois megapixels, lentes ruins, baixa qualidade. Não temos registros amadores do Onze de Setembro. Nem em Nova York as câmeras digitais andavam por todos os bolsos.
A primeira década do século XXI foi dominada por câmeras fotográficas digitais que melhoraram incrivelmente de qualidade. Os chips de captação aumentaram sua capacidade, fidelidade. Ao mesmo tempo, as lentes, que fazem a real diferença, sofisticaram-se.
Se passamos a tirar mais fotos com as digitais, ainda assim elas não eram onipresentes. Já há câmeras no celular faz vários anos. Mas câmeras decentes não fazem muito tempo e elas vêm, mais ou menos, no mesmo passo que chegam os smartphones. É uma tríade radical: Câmera no celular conectado à internet. Sempre no bolso. Não há registros amadores do Onze de Setembro, o enforcamento de Saddam Hussein foi filmado com qualidade precária e divulgado vários dias depois, a prisão de Muamar Kadafi é nítida e estava online numa questão de horas.
Tiramos muito mais fotografias. Não é mais registrar a viagem de férias ou o momento exato em que o filho sopra a velinha. É o almoço. Uma careta. Bate outra para ver se fica melhor. E uma terceira. Jogamos no Facebook, no Instagram. Alguns likes e comentários depois, perdeu-se no esquecimento. Talvez para sempre. Se os princípios econômicos valem, no momento em que aumentou a oferta, a demanda arrefece. Talvez o excesso de fotografias faça com que percam seu valor.
Ou talvez não.
Na verdade, ainda é cedo para dizer. Talvez esta aqui, mesmo, seja uma coluna nostálgica. Com uma pitada de ludita. E as dezenas milhares de fotografias que tiramos anualmente ainda terão seu valor emocional. Talvez novas profissões surjam: o editor de imagens, por exemplo. Capaz de criar uma narrativa no caos. Ora, pois. Quem sabe?
A oferta excessiva de fotografias, milhares de cliques por mês, pode ter levado a uma perda de valor.
RIO - Há uma cena memorável num dos últimos episódios da primeira temporada de “Mad Men”. Don Draper, o gênio da publicidade ainda em plenos anos 1950, explica para dois executivos da Kodak o valor do carrossel de slides. “Nostalgia, em grego, quer dizer a dor de uma antiga ferida”, ele diz, sua voz suave. A sala, escura, é iluminada apenas pelo projetor. Na parede, fotos de família giram. “É uma fisgada no coração, tem muito mais poder do que apenas memória.” A tecnologia digital vem mudando nosso cotidiano de tantas maneiras distintas, e vivendo um dia após o outro frequentemente não nos damos conta. Fotografias, por exemplo, mudaram de significado.
Por que fotografamos? Não a foto profissional, o registro jornalístico ou artístico. Fotos de família servem para quê? A resposta imediata que surge é: para lembrar. Abra um álbum de fotos com mais de vinte anos. Ninguém passa rápido pelas imagens. Cada uma desperta uma emoção. Como sugere Don, é mais que memória. Por alguns segundos somos preenchidos pelas emoções daquele momento. Revivemos um pouco.
As fotos dos anos 60 são, quase sempre, em preto e branco. O corte quadrado não era raro. Nítidas. Na década seguinte, perdem essa nitidez mas ganham cor. É, graças à tecnologia de fixador do tempo, uma cor que amarelou, ressaltou o vermelho, perdeu o azul. Conforme avançam os 80 e os 90, as cores se estabilizam e a nitidez volta. O fluxo, aí, se interrompe. Tínhamos, talvez, umas cem fotos de toda a infância. Quem sabe, 300. Como era caro fotografar. É o que tiramos por mês. Ou por semana.
Fotografias significavam nostalgia.
Na semana passada, o site Buzzfeed pôs no ar um divertido filmete: explicando fotografia em filme para a garotada moderna. Precisávamos pensar: um filme de 24 poses obrigava cada pessoa com a câmera na mão a se concentrar. É preciso definir que imagem, afinal, merece ser registrada. Ir à loja buscar as fotos reveladas e ampliadas era sempre uma experiência carregada.
Fotografias digitais não entraram de repente em nossas vidas. Foi um processo lento. As primeiras câmeras já estavam à venda no mercado em finais do século. Eram, porém, máquinas caras, com um ou dois megapixels, lentes ruins, baixa qualidade. Não temos registros amadores do Onze de Setembro. Nem em Nova York as câmeras digitais andavam por todos os bolsos.
A primeira década do século XXI foi dominada por câmeras fotográficas digitais que melhoraram incrivelmente de qualidade. Os chips de captação aumentaram sua capacidade, fidelidade. Ao mesmo tempo, as lentes, que fazem a real diferença, sofisticaram-se.
Se passamos a tirar mais fotos com as digitais, ainda assim elas não eram onipresentes. Já há câmeras no celular faz vários anos. Mas câmeras decentes não fazem muito tempo e elas vêm, mais ou menos, no mesmo passo que chegam os smartphones. É uma tríade radical: Câmera no celular conectado à internet. Sempre no bolso. Não há registros amadores do Onze de Setembro, o enforcamento de Saddam Hussein foi filmado com qualidade precária e divulgado vários dias depois, a prisão de Muamar Kadafi é nítida e estava online numa questão de horas.
Tiramos muito mais fotografias. Não é mais registrar a viagem de férias ou o momento exato em que o filho sopra a velinha. É o almoço. Uma careta. Bate outra para ver se fica melhor. E uma terceira. Jogamos no Facebook, no Instagram. Alguns likes e comentários depois, perdeu-se no esquecimento. Talvez para sempre. Se os princípios econômicos valem, no momento em que aumentou a oferta, a demanda arrefece. Talvez o excesso de fotografias faça com que percam seu valor.
Ou talvez não.
Na verdade, ainda é cedo para dizer. Talvez esta aqui, mesmo, seja uma coluna nostálgica. Com uma pitada de ludita. E as dezenas milhares de fotografias que tiramos anualmente ainda terão seu valor emocional. Talvez novas profissões surjam: o editor de imagens, por exemplo. Capaz de criar uma narrativa no caos. Ora, pois. Quem sabe?
Ueba! Papuda Padrão Fifa! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 03/12
E sabe qual o novo apelido dos tucanos? Tucanóquio! Tucano, quando fala, o bico cresce! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Piada Pronta: "Vencedora da Miss Transexual Latinoamérica é argentina da cidade de PIRPINTOS", rarará!
E atenção! Manifestantes petistas vão a Brasília para uma nova exigência, petistas gritam: "PAPUDA PADRÃO FIFA! Queremos Papuda Padrão Fifa!" Rarará!
E a manchete do "Piauí Herald": "Inspirado por Dirceu, Delúbio será revendedor da Avon". O Delúbio vai revender Avon na Papuda! Ops, na Barbuda! Vai vender hidratante de barba!
Já imaginou ele tocando a campainha das celas: "Tin tón! Avon chama". Rarará!
E mais: diz que o Luiz Carlos Barreto vai fazer um filme no lobby do hotel do Dirceu: "Deu a Louca na Camareira". Com Zé de Abreu, Paulo Betti e Angelina Jolie! A Angelina é mensaleira! Rarará!
E o helipóptero? O helipóptero da família do senador Zezé Perrella? Esparrella! Sabe como é o barulho do helipóptero do senador Espórrella? "Pó Pó Pó Pó!"
E diz que o MP de Minas vai processar o helipóptero por carregar meia tonelada de cocaína sozinho. Proprietários e pilotos foram enganados! É um transformer! Um fusca do Itamar que virou helipóptero, que vai virar abóbora! O helipóptero vai virar abóbora!
E a charge do Aroeira com o piloto do helipóptero falando mineirês: "Pó pousar? Pó pousar?". "Pó pousar o pó, pô!". Rarará!
E condenação mesmo é ficar solto, com um salário mínimo por mês, tomando metrô na praça da Sé às seis da tarde e, quando chega em casa, encontra a sogra de chinelo e calcanhar rachado! Isso é que é uma Papuda Padrão Fifa!
E sabe qual o novo apelido dos tucanos? Tucanóquio! Tucano, quando fala, o bico cresce! Rarará!
E a popularidade do Haddad? O Haddad foi aumentar o IPTU e a casa caiu! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Olha esse cartaz num poste aqui em São Paulo: "Evite solidão! Consertamos o seu PlayStation".
E essa placa em Pindaçu, na Bahia: "Caldo de cana! A 200 metros atrás!". Rarará. E esse restaurante em Sorocaba: "Aqui Se Come". Ué, e se fosse uma sorveteria seria: "Aqui Se Chupa?" Rarará!
Hoje, só amanhã!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
E sabe qual o novo apelido dos tucanos? Tucanóquio! Tucano, quando fala, o bico cresce! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Piada Pronta: "Vencedora da Miss Transexual Latinoamérica é argentina da cidade de PIRPINTOS", rarará!
E atenção! Manifestantes petistas vão a Brasília para uma nova exigência, petistas gritam: "PAPUDA PADRÃO FIFA! Queremos Papuda Padrão Fifa!" Rarará!
E a manchete do "Piauí Herald": "Inspirado por Dirceu, Delúbio será revendedor da Avon". O Delúbio vai revender Avon na Papuda! Ops, na Barbuda! Vai vender hidratante de barba!
Já imaginou ele tocando a campainha das celas: "Tin tón! Avon chama". Rarará!
E mais: diz que o Luiz Carlos Barreto vai fazer um filme no lobby do hotel do Dirceu: "Deu a Louca na Camareira". Com Zé de Abreu, Paulo Betti e Angelina Jolie! A Angelina é mensaleira! Rarará!
E o helipóptero? O helipóptero da família do senador Zezé Perrella? Esparrella! Sabe como é o barulho do helipóptero do senador Espórrella? "Pó Pó Pó Pó!"
E diz que o MP de Minas vai processar o helipóptero por carregar meia tonelada de cocaína sozinho. Proprietários e pilotos foram enganados! É um transformer! Um fusca do Itamar que virou helipóptero, que vai virar abóbora! O helipóptero vai virar abóbora!
E a charge do Aroeira com o piloto do helipóptero falando mineirês: "Pó pousar? Pó pousar?". "Pó pousar o pó, pô!". Rarará!
E condenação mesmo é ficar solto, com um salário mínimo por mês, tomando metrô na praça da Sé às seis da tarde e, quando chega em casa, encontra a sogra de chinelo e calcanhar rachado! Isso é que é uma Papuda Padrão Fifa!
E sabe qual o novo apelido dos tucanos? Tucanóquio! Tucano, quando fala, o bico cresce! Rarará!
E a popularidade do Haddad? O Haddad foi aumentar o IPTU e a casa caiu! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Olha esse cartaz num poste aqui em São Paulo: "Evite solidão! Consertamos o seu PlayStation".
E essa placa em Pindaçu, na Bahia: "Caldo de cana! A 200 metros atrás!". Rarará. E esse restaurante em Sorocaba: "Aqui Se Come". Ué, e se fosse uma sorveteria seria: "Aqui Se Chupa?" Rarará!
Hoje, só amanhã!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
O enorme presente - ARNALDO JABOR
O Estado de S.Paulo - 03/12
Um amigo meu, cultíssimo, tem um filho muito "conectado" à internet. E o menino disse a ele: "Pai, você sabe tudo que já aconteceu, mas não sabe nada do que está acontecendo". O pai, como todos nós, embatucou. A mutação cultural dos últimos anos foi tão forte, a turbulência no mundo pós-industrial dissolveu tantas certezas, que caímos num vácuo de rotas.
Artistas e pensadores vivem perplexos - não sabem o que filmar, escrever, formular. Sinto em mim mesmo como é difícil criar sem esperança ou finalidade. Como era gostoso nosso modernismo, os cinemas novos, os movimentos literários, as cozinhas ideológicas. Os criadores se sentiam demiurgos falando para muitos. Sei que, neste exato momento, jovens filhos da web, os "hackers" da arte devem estar rindo de mim. Por isso, lembro a frase de Drummond: "Cansei de ser moderno, quero ser eterno". "Frase manjada", dirão meus inimigos. Tudo bem, mas sinto muita falta do tempo em que alguma "síntese", mesmo ilusória, nos era oferecida. Aí, a "contemporaneidade", esse "faz-tudo" do novo vocabulário, inventou a "utopia da distopia". Nada como uma boa distopia para saciar nossa fome de certezas. Vá a qualquer exposição de arte e veja o "conceito" ou a "narrativa" (outras palavras de mil utilidades) das obras: "O futuro vai ser uma bosta". E os artistas vibram de orgulho, radiantes como profetas do nada. A fruição poética é impedida, como se o prazer fosse uma coisa reacionária, "alienada", nos levando a ignorar o "mal do mundo". Há uma encruzilhada de linguagens, uma mutação no pensamento.
As palavras que eram nosso muro de arrimo foram esvaziadas e ficamos à deriva. Por exemplo, "futuro". Que quer dizer? Antes, era visto como um lugar a que chegaríamos. Agora, no lugar de "futuro", temos um presente incessante, sem ponto de chegada. Pela influencia do avanço tecnológico da informação e pelo mercado global, foram se afastando do grande público as criações artísticas e literárias, as ideias filosóficas, os valores. "Toda aquela dimensão espiritual chamada antigamente de cultura que, ainda que confinada nas elites, transbordava sobre o conjunto da sociedade e nela influía, dando uma razão de ser para a existência" - escreveu Vargas Llosa. Passamos a viver diante de telas - ou TV ou "games" que nos matam a fome de sentido. Surgiu uma "segunda vida" digital e audiovisual que nos afasta do antigo vazio da realidade misteriosa. Nas telas, nos games, nossa existência se explica; é só seguir as regras do jogo. Agora, na falta das "grandes narrativas" do passado, estamos a idealizar irrelevâncias, porque ali pode haver pistas para novas "verdades" a desvelar.
Nunca tivemos tantos criadores, tanta produção cultural enchendo nossos olhos e ouvidos com uma euforia medíocre, mas autêntica. A aura deslizou da obra para o próprio autor. Há uma grande vitalidade neste cafajestismo poético, enchendo a "web" de grafites delirantes. Não sei em que isso vai dar, mas o tal "futuro" chegou. Talvez este excesso de "irrelevâncias" esteja produzindo um acervo de conceitos "relevantes", ainda despercebidos. Podemos nos arriscar ao erro com mais alegria; mas isso não pode justificar um desprezo pela excelência. As tentativas de "grande arte" são vistas com desconfiança, como atitudes conservadoras, diante da cachoeira de produções que navegam no ar. Isso me lembra o tempo em que achávamos que o "fluxo da consciência", "the stream of consciousness" ou o discurso psicótico, continha uma sabedoria insuspeitada.
Hoje há uma espécie de presente eterno, que esqueceu o passado ou as influências dele. Como se crianças nascessem por geração espontânea, sem pai nem mãe. Uma psicanalista me disse que estão todos desesperados na profissão porque os pacientes não tem mais interioridade. Não têm sobre o que refletir. A psicanálise está diante de um tipo de subjetividade inesperada. Nas artes, o mesmo. Na literatura nova atual, sente-se que a busca não é só de um tema ou assunto, mas que a preocupação maior é com "como" escrever. Como ser "contemporâneo"? Como buscar um sentido para a falta de sentido? A própria superficialidade ou talvez a vulgaridade, a irrelevância sejam relevantes - acham. A irrelevância é buscada. Temos de ter um "não enredo", um "não final", uma "não explicação" buscada. A utopia da distopia. Há livros cultuados na literatura contemporânea que são absolutamente insuportáveis, mas que são vendidos (e lidos?) para milhões que acham aquilo arte "da hora". É o difícil superficial, o óbvio disfarçado de profundo.
Aliás, a própria crítica está intimidada, porque "julgar" algo pode denotar que o sujeito que ousou fazê-lo teria opiniões conservadoras, que ele seria um crítico "estraga prazeres", um intrometido. Será que houve a morte da "importância"? Ou ela seria justamente esta explosão de conteúdos e autores? O "importante" seria agora o quantitativo? Não sei; mas, se tudo é "importante", nada o é. A importância de uma obra reside no grau de decifração da vida de seu tempo e para onde ela aponta, mesmo no túnel sem luz. Se olharmos as obras primas de, digamos, Jan van Eyck, o gênio holandês, vemos ali todo o espírito da Idade Média revelado nos detalhes mais banais, mesmo nas encomendas de príncipes ou cardeais.
Contudo, é preciso que esses tópicos sejam discutidos, pois na tal conversa do pai erudito com o filho conectado, a resposta do pai poderia ser: "Você acha que sabe tudo que está acontecendo e nada sabe sobre o que já aconteceu".
Por isso, dou uma pequena contribuição ao assunto: tenho um filho de 13 anos. Eu, zeloso pai, botei o Quarteto de Cordas opus 133, de Beethoven, para que ele ouvisse um momento máximo da história da música. Ouviu tudo atentamente enquanto, no ritmo exato do quarteto, jogava um "game" no Xbox. Beethoven e o "game" se uniram em harmonia. Talvez haja futuro.
Um amigo meu, cultíssimo, tem um filho muito "conectado" à internet. E o menino disse a ele: "Pai, você sabe tudo que já aconteceu, mas não sabe nada do que está acontecendo". O pai, como todos nós, embatucou. A mutação cultural dos últimos anos foi tão forte, a turbulência no mundo pós-industrial dissolveu tantas certezas, que caímos num vácuo de rotas.
Artistas e pensadores vivem perplexos - não sabem o que filmar, escrever, formular. Sinto em mim mesmo como é difícil criar sem esperança ou finalidade. Como era gostoso nosso modernismo, os cinemas novos, os movimentos literários, as cozinhas ideológicas. Os criadores se sentiam demiurgos falando para muitos. Sei que, neste exato momento, jovens filhos da web, os "hackers" da arte devem estar rindo de mim. Por isso, lembro a frase de Drummond: "Cansei de ser moderno, quero ser eterno". "Frase manjada", dirão meus inimigos. Tudo bem, mas sinto muita falta do tempo em que alguma "síntese", mesmo ilusória, nos era oferecida. Aí, a "contemporaneidade", esse "faz-tudo" do novo vocabulário, inventou a "utopia da distopia". Nada como uma boa distopia para saciar nossa fome de certezas. Vá a qualquer exposição de arte e veja o "conceito" ou a "narrativa" (outras palavras de mil utilidades) das obras: "O futuro vai ser uma bosta". E os artistas vibram de orgulho, radiantes como profetas do nada. A fruição poética é impedida, como se o prazer fosse uma coisa reacionária, "alienada", nos levando a ignorar o "mal do mundo". Há uma encruzilhada de linguagens, uma mutação no pensamento.
As palavras que eram nosso muro de arrimo foram esvaziadas e ficamos à deriva. Por exemplo, "futuro". Que quer dizer? Antes, era visto como um lugar a que chegaríamos. Agora, no lugar de "futuro", temos um presente incessante, sem ponto de chegada. Pela influencia do avanço tecnológico da informação e pelo mercado global, foram se afastando do grande público as criações artísticas e literárias, as ideias filosóficas, os valores. "Toda aquela dimensão espiritual chamada antigamente de cultura que, ainda que confinada nas elites, transbordava sobre o conjunto da sociedade e nela influía, dando uma razão de ser para a existência" - escreveu Vargas Llosa. Passamos a viver diante de telas - ou TV ou "games" que nos matam a fome de sentido. Surgiu uma "segunda vida" digital e audiovisual que nos afasta do antigo vazio da realidade misteriosa. Nas telas, nos games, nossa existência se explica; é só seguir as regras do jogo. Agora, na falta das "grandes narrativas" do passado, estamos a idealizar irrelevâncias, porque ali pode haver pistas para novas "verdades" a desvelar.
Nunca tivemos tantos criadores, tanta produção cultural enchendo nossos olhos e ouvidos com uma euforia medíocre, mas autêntica. A aura deslizou da obra para o próprio autor. Há uma grande vitalidade neste cafajestismo poético, enchendo a "web" de grafites delirantes. Não sei em que isso vai dar, mas o tal "futuro" chegou. Talvez este excesso de "irrelevâncias" esteja produzindo um acervo de conceitos "relevantes", ainda despercebidos. Podemos nos arriscar ao erro com mais alegria; mas isso não pode justificar um desprezo pela excelência. As tentativas de "grande arte" são vistas com desconfiança, como atitudes conservadoras, diante da cachoeira de produções que navegam no ar. Isso me lembra o tempo em que achávamos que o "fluxo da consciência", "the stream of consciousness" ou o discurso psicótico, continha uma sabedoria insuspeitada.
Hoje há uma espécie de presente eterno, que esqueceu o passado ou as influências dele. Como se crianças nascessem por geração espontânea, sem pai nem mãe. Uma psicanalista me disse que estão todos desesperados na profissão porque os pacientes não tem mais interioridade. Não têm sobre o que refletir. A psicanálise está diante de um tipo de subjetividade inesperada. Nas artes, o mesmo. Na literatura nova atual, sente-se que a busca não é só de um tema ou assunto, mas que a preocupação maior é com "como" escrever. Como ser "contemporâneo"? Como buscar um sentido para a falta de sentido? A própria superficialidade ou talvez a vulgaridade, a irrelevância sejam relevantes - acham. A irrelevância é buscada. Temos de ter um "não enredo", um "não final", uma "não explicação" buscada. A utopia da distopia. Há livros cultuados na literatura contemporânea que são absolutamente insuportáveis, mas que são vendidos (e lidos?) para milhões que acham aquilo arte "da hora". É o difícil superficial, o óbvio disfarçado de profundo.
Aliás, a própria crítica está intimidada, porque "julgar" algo pode denotar que o sujeito que ousou fazê-lo teria opiniões conservadoras, que ele seria um crítico "estraga prazeres", um intrometido. Será que houve a morte da "importância"? Ou ela seria justamente esta explosão de conteúdos e autores? O "importante" seria agora o quantitativo? Não sei; mas, se tudo é "importante", nada o é. A importância de uma obra reside no grau de decifração da vida de seu tempo e para onde ela aponta, mesmo no túnel sem luz. Se olharmos as obras primas de, digamos, Jan van Eyck, o gênio holandês, vemos ali todo o espírito da Idade Média revelado nos detalhes mais banais, mesmo nas encomendas de príncipes ou cardeais.
Contudo, é preciso que esses tópicos sejam discutidos, pois na tal conversa do pai erudito com o filho conectado, a resposta do pai poderia ser: "Você acha que sabe tudo que está acontecendo e nada sabe sobre o que já aconteceu".
Por isso, dou uma pequena contribuição ao assunto: tenho um filho de 13 anos. Eu, zeloso pai, botei o Quarteto de Cordas opus 133, de Beethoven, para que ele ouvisse um momento máximo da história da música. Ouviu tudo atentamente enquanto, no ritmo exato do quarteto, jogava um "game" no Xbox. Beethoven e o "game" se uniram em harmonia. Talvez haja futuro.
O que esperar do futuro? - HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 03/12
SÃO PAULO - À primeira vista, o povo enlouqueceu. Segundo o Datafolha, 59% dos brasileiros acham que a inflação vai aumentar e 43% apostam na alta do desemprego. Não obstante, 56% creem que sua situação econômica pessoal vai melhorar. Como conciliar essas asserções aparentemente contraditórias?
Meu palpite é o de que a explicação está não na economia, mas na psicologia, mais especificamente nas tinturas com as quais encaramos o futuro. Apesar da exuberância de temperamentos humanos, há entre nós uma tendência para o otimismo local e o pessimismo global.
No plano pessoal, nutrimos a mais generosa das predisposições. É o que os psicólogos chamam de viés da superioridade ilusória ou efeito lago Wobegon, "um lugar onde todas as mulheres são fortes, todos os homens, bonitos, e todas as crianças estão acima da média".
Temos uma confiança pouco razoável em nós mesmos e nossas capacidades. Isso se traduz em paradoxos estatísticos como o fato de 87% dos alunos de MBA de Stanford julgarem sua performance acadêmica acima da mediana da escola ou 93% dos americanos acreditarem que são motoristas mais hábeis que a média. Num estudo, pacientes de câncer se revelaram mais otimistas com seu futuro do que os controles saudáveis.
Nas atividades em que nossa performance afeta o resultado, é útil nutrir autoconfiança. Se eu imaginar que consigo realizar uma tarefa, tenho mais chance de sucesso do que se achar que fracassarei logo de cara.
Na esfera global, isto é, em relação a coisas sobre as quais não temos nenhum controle, a lógica se inverte. Aqui, leva vantagem quem se prepara para o pior, ou seja, o pessimista. Se seu catastrofismo não se confirma, ele fez papel de bobo, mas, se a cautela extra era motivada, ela pode ter-lhe garantido a descendência.
Alguns séculos de civilização e aulas de matemática não bastaram para mudar essa visão de mundo.
SÃO PAULO - À primeira vista, o povo enlouqueceu. Segundo o Datafolha, 59% dos brasileiros acham que a inflação vai aumentar e 43% apostam na alta do desemprego. Não obstante, 56% creem que sua situação econômica pessoal vai melhorar. Como conciliar essas asserções aparentemente contraditórias?
Meu palpite é o de que a explicação está não na economia, mas na psicologia, mais especificamente nas tinturas com as quais encaramos o futuro. Apesar da exuberância de temperamentos humanos, há entre nós uma tendência para o otimismo local e o pessimismo global.
No plano pessoal, nutrimos a mais generosa das predisposições. É o que os psicólogos chamam de viés da superioridade ilusória ou efeito lago Wobegon, "um lugar onde todas as mulheres são fortes, todos os homens, bonitos, e todas as crianças estão acima da média".
Temos uma confiança pouco razoável em nós mesmos e nossas capacidades. Isso se traduz em paradoxos estatísticos como o fato de 87% dos alunos de MBA de Stanford julgarem sua performance acadêmica acima da mediana da escola ou 93% dos americanos acreditarem que são motoristas mais hábeis que a média. Num estudo, pacientes de câncer se revelaram mais otimistas com seu futuro do que os controles saudáveis.
Nas atividades em que nossa performance afeta o resultado, é útil nutrir autoconfiança. Se eu imaginar que consigo realizar uma tarefa, tenho mais chance de sucesso do que se achar que fracassarei logo de cara.
Na esfera global, isto é, em relação a coisas sobre as quais não temos nenhum controle, a lógica se inverte. Aqui, leva vantagem quem se prepara para o pior, ou seja, o pessimista. Se seu catastrofismo não se confirma, ele fez papel de bobo, mas, se a cautela extra era motivada, ela pode ter-lhe garantido a descendência.
Alguns séculos de civilização e aulas de matemática não bastaram para mudar essa visão de mundo.
Loucuras podem render votos - CLÓVIS ROSSI
FOLHA DE SP - 03/12
As iniciativas que Maduro adota parecem um grande disparate, mas podem lhe dar um triunfo eleitoral
A sabedoria convencional ensina que são puro disparate os atos com que o presidente venezuelano Nicolás Maduro conduz o que chama de "guerra econômica" contra os capitalistas malvados.
Afinal, "proibir a inflação", como o jornal espanhol "El País" tratou as primeiras medidas da "guerra", é uma tarefa fadada ao fracasso, como sabemos os brasileiros que acompanhamos os congelamentos da superinflação.
Mas é possível que a sabedoria popular destoe da convencional e contemple os dislates do presidente com número suficiente de votos para que o chavismo, agora encarnado em Maduro, consiga uma vitoria crucial nas eleições municipais de domingo.
Henrique Capriles, o líder oposicionista, tratou, desde o início da campanha, de caracterizar um pleito em tese secundário como um plebiscito sobre a gestão Maduro.
No domingo, Capriles considerou "a votação de 8 de dezembro como o freio que tem cada venezuelano para parar essa situação de destruição a que nos submete o governo".
Consciente de que corre o risco de perder o "plebiscito", Maduro prefere descaracterizá-lo, ao afirmar: "Temos presidente até 2019, governadores até 2016 e Assembleia Nacional [Parlamento] até 2015", disse, também no domingo.
É uma maneira de circunscrever o voto às prefeituras (de 335 municípios), "desnacionalizando-o".
Fácil de entender: se o governo perder na soma de votos, "a oposição estará fortalecida e em boa posição para tentar convocar um referendo revogatório dentro de dois anos", analisam David Smilder e Hugo Pérez Hernaiz, especialistas em Venezuela do Washington Office on Latin America.
Mais: "Maduro ficaria seriamente enfraquecido como sucessor de Chávez e provavelmente seria desafiado por outros líderes do chavismo".
Até outubro, as pesquisas indicavam que a "oposição tinha uma oportunidade de ouro para ganhar com diferença moderada, devido à queda de popularidade do presidente", como escreveu ontem para "El Universal" Luis Vicente León, diretor do Datanalisis, o mais respeitado instituto de pesquisas da Venezuela.
Depois de iniciada a "guerra econômica", León subiu no muro:
"Os acontecimentos recentes, em que Maduro endurece o jogo, sua intensa utilização de cadeias nacionais [de TV], sua passagem da retórica à ação, a identificação e as represálias contra os culpados', com o que desvia a atenção de sua própria responsabilidade por políticas econômicas desacertadas, (...), a apresentação midiática de provas' de atos inadequados que sabemos que existem, poderiam jogar a seu favor em termos de popularidade, embora continue sendo incerta a capacidade dessas ações para preencher o vazio que a crise havia criado em sua relação com as massas".
No Brasil de 1986, a pirotecnia econômica deu certo eleitoralmente, a ponto de, pela primeira vez na história, um partido (o PMDB) ter feito a maioria absoluta do Parlamento e eleito todos os governadores, menos um. Depois, é verdade, veio o desabamento --mas Maduro, por enquanto, só precisa do primeiro momento. A conferir.
As iniciativas que Maduro adota parecem um grande disparate, mas podem lhe dar um triunfo eleitoral
A sabedoria convencional ensina que são puro disparate os atos com que o presidente venezuelano Nicolás Maduro conduz o que chama de "guerra econômica" contra os capitalistas malvados.
Afinal, "proibir a inflação", como o jornal espanhol "El País" tratou as primeiras medidas da "guerra", é uma tarefa fadada ao fracasso, como sabemos os brasileiros que acompanhamos os congelamentos da superinflação.
Mas é possível que a sabedoria popular destoe da convencional e contemple os dislates do presidente com número suficiente de votos para que o chavismo, agora encarnado em Maduro, consiga uma vitoria crucial nas eleições municipais de domingo.
Henrique Capriles, o líder oposicionista, tratou, desde o início da campanha, de caracterizar um pleito em tese secundário como um plebiscito sobre a gestão Maduro.
No domingo, Capriles considerou "a votação de 8 de dezembro como o freio que tem cada venezuelano para parar essa situação de destruição a que nos submete o governo".
Consciente de que corre o risco de perder o "plebiscito", Maduro prefere descaracterizá-lo, ao afirmar: "Temos presidente até 2019, governadores até 2016 e Assembleia Nacional [Parlamento] até 2015", disse, também no domingo.
É uma maneira de circunscrever o voto às prefeituras (de 335 municípios), "desnacionalizando-o".
Fácil de entender: se o governo perder na soma de votos, "a oposição estará fortalecida e em boa posição para tentar convocar um referendo revogatório dentro de dois anos", analisam David Smilder e Hugo Pérez Hernaiz, especialistas em Venezuela do Washington Office on Latin America.
Mais: "Maduro ficaria seriamente enfraquecido como sucessor de Chávez e provavelmente seria desafiado por outros líderes do chavismo".
Até outubro, as pesquisas indicavam que a "oposição tinha uma oportunidade de ouro para ganhar com diferença moderada, devido à queda de popularidade do presidente", como escreveu ontem para "El Universal" Luis Vicente León, diretor do Datanalisis, o mais respeitado instituto de pesquisas da Venezuela.
Depois de iniciada a "guerra econômica", León subiu no muro:
"Os acontecimentos recentes, em que Maduro endurece o jogo, sua intensa utilização de cadeias nacionais [de TV], sua passagem da retórica à ação, a identificação e as represálias contra os culpados', com o que desvia a atenção de sua própria responsabilidade por políticas econômicas desacertadas, (...), a apresentação midiática de provas' de atos inadequados que sabemos que existem, poderiam jogar a seu favor em termos de popularidade, embora continue sendo incerta a capacidade dessas ações para preencher o vazio que a crise havia criado em sua relação com as massas".
No Brasil de 1986, a pirotecnia econômica deu certo eleitoralmente, a ponto de, pela primeira vez na história, um partido (o PMDB) ter feito a maioria absoluta do Parlamento e eleito todos os governadores, menos um. Depois, é verdade, veio o desabamento --mas Maduro, por enquanto, só precisa do primeiro momento. A conferir.
Kirchneristas fazem perseguição ideológica na Chancelaria - MARTÍN DINATALE
O GLOBO - 03/12
Diplomatas e funcionários que não adotam o ideário K são afastados e substituídos por jovens de grupos como La Câmpora
Num fundo de tela emblemático distribuído entre funcionários do Palácio San Martín, a Chancelaria argentina é chamada de Kancillería nacional y popular. Os kirchneristas detestam os profissionais de carreira, que chamam pejorativamente de “os diplos”. E os empregados administrativos que não estão com a “causa” são discriminados.
Em todos os casos, são repetitivas as ferramentas para amedrontar e impor ideias que usam há tempos os jovens de La Câmpora e outros agrupamentos kirchneristas na Chancelaria: assédio trabalhista, redução de salários, conversas de doutrinação política, práticas econômicas pouco transparentes na convocação de empresas para feiras internacionais e uma constante perseguição ideológica.
No âmbito administrativo da Chancelaria, o sindicato União do Pessoal Civil da Nação contabiliza mais de 20 denúncias verbais de maus-tratos e assédio trabalhista, envolvendo cerca de 60 funcionários. O sindicato levou as queixas às autoridades, mas ainda não houve resposta. Estima-se que, de um total de 104 diretores, 63 foram substituídos e seus cargos ficaram nas mãos dos jovens K. A redução salarial se efetua com corte de horas extras ou a eliminação de “unidades retributivas” (gratificação por desempenho).
O chanceler Héctor Timerman não comanda estes grupos, mas aparentemente os deixa agir. O timão está nas mãos do ministro da Economia, Axel Kicillof, e dos camporistas próximos ao deputado nacional Eduardo “Wado” de Pedro. O resultado deste clima que se vive na Chancelaria é o aumento de empregados com problemas econômicos e psíquicos, uma cultura generalizada de temor e a paranoia como política de Estado.
As autoridades que estariam envolvidas nas práticas são o secretário de Relações Econômicas Internacionais, Augusto Costa, nomeado para substituir Guillermo Moreno; o subsecretário de Negociações Econômicas Internacionais, Carlos Bianco, que ocupará o lugar de Costa; o chefe de Gabinete da Subsecretaria de Desenvolvimento de Investimentos e Promoção Comercial, Leonardo Constantino; a embaixadora nos EUA, Cecilia Nahón; o coordenador de Feiras e Missões Comerciais, Martín Littieri; e o diretor da Fundação ExporAr, Javier Dufourquet, entre outros.
Segundo pôde reconstruir “La Nación” ao longo de dois meses de pesquisas sobre documentos escritos e ouvindo o testemunho de 15 empregados administrativos e diplomáticos que sofreram na pele maus-tratos das autoridades, podem ser detalhados os seguintes casos pontuais:
Assédio trabalhista: o sindicato do pessoal civil recebeu denúncias reiteradas dos empregados da área econômica da Chancelaria, a quem se obrigou a deixar suas funções para serem “deportados” para um programa de comércio internacional denominado Pdcex, que funciona numa sala do Palácio San Martín. Ali, fazem trabalhos alheios aos que vinham desempenhando ou só lhes oferecem uma cadeira e um computador, sem tarefa definida. Nos caso dos diplomatas de carreira afastados, são convidados a se aposentar antes do tempo, ou são enviados para postos menores no exterior, ou os da área econômica passam à área política a cargo do vice-chanceler Eduardo Zuain. Em todos os casos, quem ocupa os cargos vagos são jovens camporistas ou do agrupamento TNT (Tontos Pero no Tantos), liderada por Kicillof.
Redução salarial: na maioria dos casos dos empregados administrativos deslocados por não “comungarem da causa K”, segundo coincidiram sete dos consultados por “La Nación”, seus salários sofreram redução. Deixaram de pagar-lhes horas extras, tiraram as “unidades retributivas” ou não são enviados a missões pontuais ao exterior, com o que não podem aumentar sua renda. “Por opinar de forma diferente do governo, deixaram-me sem a gratificação por desempenho, o que complicou muito minha economia familiar”, disse uma das funcionárias. Em alguns casos, isto pode se refletir em perda de 20% do salário. O sindicato levou as queixas a Costa, Constantino e Bianco. Deixou claro tratar-se de “perda de direito adquirido”. Mas não houve solução.
Consultado por “La Nación”, Constantino descartou a ideia que as unidades retributivas sejam direitos adquiridos. “São prêmios que se podem dar ou não em função do trabalho, mas não é um direito”, disse o funcionário, que é de carreira, mas está alinhado a Bianco e Costa. Por sua vez, Constantino negou ser responsável por todas as denúncias na Chancelaria. “Não tomo decisões políticas, meu trabalho é apenas administrativo”, disse. Costa e Bianco, assim como Timerman e o restante dos acusados, não responderam às consultas de “La Nación”.
Maus-tratos: os casos de maus-tratos a empregados que não subscrevem a ideia da Kancilleria são reiterados. Entre os administrativos que levaram suas denúncias ao sindicato, há duas mulheres grávidas, uma delas com problemas psíquicos que afetaram sua gestação, segundo atestado médico. A Direção de Saúde da Chancelaria conhece os casos. Na Embaixada da Argentina em Washington, a cargo de Nahón, também houve queixas por maus-tratos.
Doutrinamento: Costa ou Bianco enviam e-mails aos empregados para convocá-los a reuniões ou manifestações kirchneristas. Por exemplo, chamaram-nos ao ato pela democratização da Justiça na área denominadaTribunales ou a reuniões sobre “economia e política global”. Por temerem represálias, muitos empregados atendem calados às convocações.
Diplomatas e funcionários que não adotam o ideário K são afastados e substituídos por jovens de grupos como La Câmpora
Num fundo de tela emblemático distribuído entre funcionários do Palácio San Martín, a Chancelaria argentina é chamada de Kancillería nacional y popular. Os kirchneristas detestam os profissionais de carreira, que chamam pejorativamente de “os diplos”. E os empregados administrativos que não estão com a “causa” são discriminados.
Em todos os casos, são repetitivas as ferramentas para amedrontar e impor ideias que usam há tempos os jovens de La Câmpora e outros agrupamentos kirchneristas na Chancelaria: assédio trabalhista, redução de salários, conversas de doutrinação política, práticas econômicas pouco transparentes na convocação de empresas para feiras internacionais e uma constante perseguição ideológica.
No âmbito administrativo da Chancelaria, o sindicato União do Pessoal Civil da Nação contabiliza mais de 20 denúncias verbais de maus-tratos e assédio trabalhista, envolvendo cerca de 60 funcionários. O sindicato levou as queixas às autoridades, mas ainda não houve resposta. Estima-se que, de um total de 104 diretores, 63 foram substituídos e seus cargos ficaram nas mãos dos jovens K. A redução salarial se efetua com corte de horas extras ou a eliminação de “unidades retributivas” (gratificação por desempenho).
O chanceler Héctor Timerman não comanda estes grupos, mas aparentemente os deixa agir. O timão está nas mãos do ministro da Economia, Axel Kicillof, e dos camporistas próximos ao deputado nacional Eduardo “Wado” de Pedro. O resultado deste clima que se vive na Chancelaria é o aumento de empregados com problemas econômicos e psíquicos, uma cultura generalizada de temor e a paranoia como política de Estado.
As autoridades que estariam envolvidas nas práticas são o secretário de Relações Econômicas Internacionais, Augusto Costa, nomeado para substituir Guillermo Moreno; o subsecretário de Negociações Econômicas Internacionais, Carlos Bianco, que ocupará o lugar de Costa; o chefe de Gabinete da Subsecretaria de Desenvolvimento de Investimentos e Promoção Comercial, Leonardo Constantino; a embaixadora nos EUA, Cecilia Nahón; o coordenador de Feiras e Missões Comerciais, Martín Littieri; e o diretor da Fundação ExporAr, Javier Dufourquet, entre outros.
Segundo pôde reconstruir “La Nación” ao longo de dois meses de pesquisas sobre documentos escritos e ouvindo o testemunho de 15 empregados administrativos e diplomáticos que sofreram na pele maus-tratos das autoridades, podem ser detalhados os seguintes casos pontuais:
Assédio trabalhista: o sindicato do pessoal civil recebeu denúncias reiteradas dos empregados da área econômica da Chancelaria, a quem se obrigou a deixar suas funções para serem “deportados” para um programa de comércio internacional denominado Pdcex, que funciona numa sala do Palácio San Martín. Ali, fazem trabalhos alheios aos que vinham desempenhando ou só lhes oferecem uma cadeira e um computador, sem tarefa definida. Nos caso dos diplomatas de carreira afastados, são convidados a se aposentar antes do tempo, ou são enviados para postos menores no exterior, ou os da área econômica passam à área política a cargo do vice-chanceler Eduardo Zuain. Em todos os casos, quem ocupa os cargos vagos são jovens camporistas ou do agrupamento TNT (Tontos Pero no Tantos), liderada por Kicillof.
Redução salarial: na maioria dos casos dos empregados administrativos deslocados por não “comungarem da causa K”, segundo coincidiram sete dos consultados por “La Nación”, seus salários sofreram redução. Deixaram de pagar-lhes horas extras, tiraram as “unidades retributivas” ou não são enviados a missões pontuais ao exterior, com o que não podem aumentar sua renda. “Por opinar de forma diferente do governo, deixaram-me sem a gratificação por desempenho, o que complicou muito minha economia familiar”, disse uma das funcionárias. Em alguns casos, isto pode se refletir em perda de 20% do salário. O sindicato levou as queixas a Costa, Constantino e Bianco. Deixou claro tratar-se de “perda de direito adquirido”. Mas não houve solução.
Consultado por “La Nación”, Constantino descartou a ideia que as unidades retributivas sejam direitos adquiridos. “São prêmios que se podem dar ou não em função do trabalho, mas não é um direito”, disse o funcionário, que é de carreira, mas está alinhado a Bianco e Costa. Por sua vez, Constantino negou ser responsável por todas as denúncias na Chancelaria. “Não tomo decisões políticas, meu trabalho é apenas administrativo”, disse. Costa e Bianco, assim como Timerman e o restante dos acusados, não responderam às consultas de “La Nación”.
Maus-tratos: os casos de maus-tratos a empregados que não subscrevem a ideia da Kancilleria são reiterados. Entre os administrativos que levaram suas denúncias ao sindicato, há duas mulheres grávidas, uma delas com problemas psíquicos que afetaram sua gestação, segundo atestado médico. A Direção de Saúde da Chancelaria conhece os casos. Na Embaixada da Argentina em Washington, a cargo de Nahón, também houve queixas por maus-tratos.
Doutrinamento: Costa ou Bianco enviam e-mails aos empregados para convocá-los a reuniões ou manifestações kirchneristas. Por exemplo, chamaram-nos ao ato pela democratização da Justiça na área denominadaTribunales ou a reuniões sobre “economia e política global”. Por temerem represálias, muitos empregados atendem calados às convocações.
CELA DE NATAL - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 03/12
João Paulo Cunha (PT-SP) está em contagem regressiva, com a perspectiva de ir para a prisão ainda antes do Natal. Os embargos apresentados por seus advogados devem ser recusados pelos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) nas próximas semanas.
EMPREGO FIXO
O petista começaria então a cumprir a pena em regime semiaberto. Como ainda é deputado, ele deve pedir para sair todos os dias para despachar na Câmara assim que o parlamento voltar do recesso. Caso seu mandato seja cassado, Cunha deve procurar outro emprego.
BEM PERTO
Eduardo Campos (PSB-PE) convidou Gilberto Gil para jantar no Recife. Voltando de Paris, onde recebeu o prêmio Grand Prix Sacem 2013, na categoria Musiques du Monde (Músicas do Mundo), o cantor fez escala na capital pernambucana no sábado. Foi recebido na residência oficial pelo governador e sua família.
BEM PERTO 2
No mês passado, Campos chegou a convidar Gil para se candidatar ao governo do Rio de Janeiro pelo PSB. Mas o baiano recusou.
BEM LONGE
E o secretário municipal de Educação, Cesar Callegari, já se desfiliou do PSB de Eduardo Campos. Integrado à equipe do prefeito petista Fernando Haddad, ele diz que saiu da legenda para tocar a pasta de forma "apartidária". O PSB em São Paulo apoia a reeleição do tucano Geraldo Alckmin (PSDB-SP).
CAMINHO DAS URNAS
Eliana Calmon assumiu o discurso de candidata. A ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que deve se filiar ao PSB para disputar o Senado pela Bahia, declarou já ter conquistado "tudo que queria" no Judiciário. "Agora vou buscar outras paragens para continuar meu trabalho", disse, no Encontro Estadual da Mulher Advogada, no sábado. "Dia 18 eu destravo", afirmou, referindo-se à data de sua aposentadoria.
ETERNO
Cinco anos depois do acidente do avião da Air France que matou 228 passageiros, familiares de vítimas brasileiras ainda não conseguiram sequer citar a Airbus no processo em que pedem indenização. Há alguns dias, a Justiça autorizou oficiais a buscarem o endereço de uma outra companhia, a EADS Brasil Ltda., que representaria a fabricante de aeronaves francesa no país.
SÓ NO SAPATINHO
Depois de voltar na repescagem, Lea T chegou à final do "Ballando con le Stelle", a versão italiana da "Dança dos Famosos". No sábado, a modelo brasileira que se submeteu a cirurgia de mudança de sexo vai disputar com três casais o título do programa da RAI. "Não esperava chegar até aqui. Meu professor fez milagre. Sou compridona', é muito difícil dançar", diz.
SÓ NO SAPATINHO 2
Na semifinal no sábado passado, a filha do ex-jogador da seleção brasileira Toninho Cerezo contou com o apoio da família. Direto do Japão, onde é técnico de futebol, o pai desejou sorte a Lea em uma transmissão por Skype. A mãe e os irmãos estão em Roma para ver a final. A popularidade da brasileira cresceu nos últimos dias. "Comecei a ser seguida por paparazzi", conta ela.
EM CASA
O ex-guitarrista da Legião Urbana, Dado Villa-Lobos, já está gravando em seu próprio estúdio, o Rockit!, a primeira temporada de "Ao Vivo no Estúdio do Dado". Jards Macalé, Otto, Os Paralamas do Sucesso, Rodrigo Amarante e Marcelo D2 participarão da atração semanal, que estreia em março de 2014 no canal Bis.
PALMAS BRASILEIRAS
O diretor franco-tunisiano Abdellatif Kechiche e as atrizes Adèle Exarchopoulos e Mona Walravens vieram ao Brasil para a pré-estreia do filme "Azul É a Cor Mais Quente", ganhador da Palma de Ouro, principal prêmio do Festival de Cannes. Os atores Caco Ciocler e Alessandra Negrini e a ex-vereadora Soninha Francine estiveram no evento no Reserva Cultural, que também contou com a presença do cineasta Marcelo Galvão e sua mulher, a arquiteta Letícia.
FORA DA TOCA
O ator Thiago Lacerda participou de uma das sessões da montagem "White Rabbit, Red Rabbit", anteontem, no teatro Ágora, na Bela Vista. Os atores Alaissa Rodrigues, Júlio Silvério e Rafael de Bona assistiram ao espetáculo, que alterna seus protagonistas a cada apresentação.
CURTO-CIRCUITO
Os atores Camila Morgado e Matheus Nachtergaele vão apresentar o 11º Prêmio Portugal Telecom de Literatura, amanhã, no Auditório Ibirapuera.
A banda Bixiga 70 faz show hoje no Mundo Pensante, às 22h. 18 anos.
A estilista Patricia Bonaldi inaugura a primeira loja Pat Bo, hoje, às 19h, no shopping JK Iguatemi.
O jornalista Chico de Gois lança hoje "Os Ben$ que os Políticos Fazem", às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
O IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa) faz jantar de fim de ano hoje, no Lions Nightclub.
EMPREGO FIXO
O petista começaria então a cumprir a pena em regime semiaberto. Como ainda é deputado, ele deve pedir para sair todos os dias para despachar na Câmara assim que o parlamento voltar do recesso. Caso seu mandato seja cassado, Cunha deve procurar outro emprego.
BEM PERTO
Eduardo Campos (PSB-PE) convidou Gilberto Gil para jantar no Recife. Voltando de Paris, onde recebeu o prêmio Grand Prix Sacem 2013, na categoria Musiques du Monde (Músicas do Mundo), o cantor fez escala na capital pernambucana no sábado. Foi recebido na residência oficial pelo governador e sua família.
BEM PERTO 2
No mês passado, Campos chegou a convidar Gil para se candidatar ao governo do Rio de Janeiro pelo PSB. Mas o baiano recusou.
BEM LONGE
E o secretário municipal de Educação, Cesar Callegari, já se desfiliou do PSB de Eduardo Campos. Integrado à equipe do prefeito petista Fernando Haddad, ele diz que saiu da legenda para tocar a pasta de forma "apartidária". O PSB em São Paulo apoia a reeleição do tucano Geraldo Alckmin (PSDB-SP).
CAMINHO DAS URNAS
Eliana Calmon assumiu o discurso de candidata. A ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que deve se filiar ao PSB para disputar o Senado pela Bahia, declarou já ter conquistado "tudo que queria" no Judiciário. "Agora vou buscar outras paragens para continuar meu trabalho", disse, no Encontro Estadual da Mulher Advogada, no sábado. "Dia 18 eu destravo", afirmou, referindo-se à data de sua aposentadoria.
ETERNO
Cinco anos depois do acidente do avião da Air France que matou 228 passageiros, familiares de vítimas brasileiras ainda não conseguiram sequer citar a Airbus no processo em que pedem indenização. Há alguns dias, a Justiça autorizou oficiais a buscarem o endereço de uma outra companhia, a EADS Brasil Ltda., que representaria a fabricante de aeronaves francesa no país.
SÓ NO SAPATINHO
Depois de voltar na repescagem, Lea T chegou à final do "Ballando con le Stelle", a versão italiana da "Dança dos Famosos". No sábado, a modelo brasileira que se submeteu a cirurgia de mudança de sexo vai disputar com três casais o título do programa da RAI. "Não esperava chegar até aqui. Meu professor fez milagre. Sou compridona', é muito difícil dançar", diz.
SÓ NO SAPATINHO 2
Na semifinal no sábado passado, a filha do ex-jogador da seleção brasileira Toninho Cerezo contou com o apoio da família. Direto do Japão, onde é técnico de futebol, o pai desejou sorte a Lea em uma transmissão por Skype. A mãe e os irmãos estão em Roma para ver a final. A popularidade da brasileira cresceu nos últimos dias. "Comecei a ser seguida por paparazzi", conta ela.
EM CASA
O ex-guitarrista da Legião Urbana, Dado Villa-Lobos, já está gravando em seu próprio estúdio, o Rockit!, a primeira temporada de "Ao Vivo no Estúdio do Dado". Jards Macalé, Otto, Os Paralamas do Sucesso, Rodrigo Amarante e Marcelo D2 participarão da atração semanal, que estreia em março de 2014 no canal Bis.
PALMAS BRASILEIRAS
O diretor franco-tunisiano Abdellatif Kechiche e as atrizes Adèle Exarchopoulos e Mona Walravens vieram ao Brasil para a pré-estreia do filme "Azul É a Cor Mais Quente", ganhador da Palma de Ouro, principal prêmio do Festival de Cannes. Os atores Caco Ciocler e Alessandra Negrini e a ex-vereadora Soninha Francine estiveram no evento no Reserva Cultural, que também contou com a presença do cineasta Marcelo Galvão e sua mulher, a arquiteta Letícia.
FORA DA TOCA
O ator Thiago Lacerda participou de uma das sessões da montagem "White Rabbit, Red Rabbit", anteontem, no teatro Ágora, na Bela Vista. Os atores Alaissa Rodrigues, Júlio Silvério e Rafael de Bona assistiram ao espetáculo, que alterna seus protagonistas a cada apresentação.
CURTO-CIRCUITO
Os atores Camila Morgado e Matheus Nachtergaele vão apresentar o 11º Prêmio Portugal Telecom de Literatura, amanhã, no Auditório Ibirapuera.
A banda Bixiga 70 faz show hoje no Mundo Pensante, às 22h. 18 anos.
A estilista Patricia Bonaldi inaugura a primeira loja Pat Bo, hoje, às 19h, no shopping JK Iguatemi.
O jornalista Chico de Gois lança hoje "Os Ben$ que os Políticos Fazem", às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
O IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa) faz jantar de fim de ano hoje, no Lions Nightclub.
O puxão de orelhas - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 03/12
Na lei ou na marra
Mesmo não sendo lei ainda, 50% das emendas parlamentares ao Orçamento de 2014 serão direcionadas para a Saúde, como o governo Dilma quer. A regra foi colocada em dúvida com o fatiamento do orçamento impositivo. Mas a destinação para a Saúde valerá para o ano que vem, porque o governo conseguiu encerrar ontem o prazo para apresentação de emendas. Para isso, a Comissão de Orçamento recebeu até emendas por fax. Assim, caso a regra dos 50% não virar lei, estará garantida na prática sua execução. No ano que vem, com a eleição no horizonte, o governo espera um melhor ambiente no Congresso para aprovar este item do orçamento impositivo.
"Na eleição passada, garantimos 2 milhões de votos de frente para a presidente Dilma! E, agora, o PT está querendo apoiar o PCdoB no Maranhão?"
José Sarney
Senador (PMDB-MA), na reunião das cúpulas do PMDB e do PT com a presidente Dilma e o ex-presidente Lula
Dobradinha
O ministro Aguinaldo Silva (Cidades) e o PT buscam trilhar caminho próprio na Paraíba. Eles negam apoio a Veneziano Vital dó Rego (PMDB), ex-prefeito de Campina Grande. E enrolam dizendo que apoiariam o senador Vital do Rego.
Na linha do PT
A despeito das posições do ex-presidente Lula, Rui Falcão foi presidente do PT.
Sábado no Planalto, ele ; defendeu o apoio a Flávio Dino (PCdoB), na foto, para o governo (MA), com a governadora Roseana Sarney ao Senado. A cúpula do PMDB insistiu que o PT permaneça no governo Sérgio Cabral (RJ) até março. Rui disse que era difícil segurar o partido.
Pedido de socorro
O PMDB pediu socorro ao ex-presidente Lula. Quer que ele converse com o governador Cid Gomes (CE). Ele quer ter candidato próprio e já tem o apoio do PT. Aliado de Cid, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, foi preterido.
Alinhados
Com direito a disputar a reeleição, o senador | Francisco Dornelles (PP) vai manter sua aliança com o governador Sérgio Cabral (PJV1DB). Este definiu que deixará o governo em março para concorrer ao Senado. Para que não se criem marolas, Dornelles faz questão de afirmar: "Nunca disputaria contra o Sérgio. Se ele for candidato ao Senado, darei meu apoio integral"
Água mole em pedra dura
O presidenciável tucano Aécio Neves continua investindo em São Paulo. Nas próximas duas semanas, ele vai a Campinas, Sorocaba, Santos e São José dos Campos. Quer desfazer aquela imagem de que o PSDB paulista não o apoiará.
União de contrários
O líder do DEM, Ronaldo Caiado, despachado por Marina Silva da candidatura de Eduardo Campos (PSB), foi procurado por Aécio Neves (PSDB). Este se propôs a construir uma forma de conviência com o governador Marconi Perillo (GO).
COMENTÁRIO ATRIBUÍDO AO EX-PRESIDENTE LULA sobre O Rio: "Enquanto o PT e o PMDB brigam, o Marcelo Crivella e o Anthony Garotinho crescem"
A ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) reuniu-se ontem com o comandante do Exército, general Enzo Peri, para tratar do escândalo dos carros-pipa. Gleisi cobrou ; relatórios e uma investigação sobre a tarefa de responsabilidade dos militares. A ministra pediu dados sobre a implantação, pelos militares, de GPS em todos os veículos que distribuem água no semiárido do Nordeste.
Na lei ou na marra
Mesmo não sendo lei ainda, 50% das emendas parlamentares ao Orçamento de 2014 serão direcionadas para a Saúde, como o governo Dilma quer. A regra foi colocada em dúvida com o fatiamento do orçamento impositivo. Mas a destinação para a Saúde valerá para o ano que vem, porque o governo conseguiu encerrar ontem o prazo para apresentação de emendas. Para isso, a Comissão de Orçamento recebeu até emendas por fax. Assim, caso a regra dos 50% não virar lei, estará garantida na prática sua execução. No ano que vem, com a eleição no horizonte, o governo espera um melhor ambiente no Congresso para aprovar este item do orçamento impositivo.
"Na eleição passada, garantimos 2 milhões de votos de frente para a presidente Dilma! E, agora, o PT está querendo apoiar o PCdoB no Maranhão?"
José Sarney
Senador (PMDB-MA), na reunião das cúpulas do PMDB e do PT com a presidente Dilma e o ex-presidente Lula
Dobradinha
O ministro Aguinaldo Silva (Cidades) e o PT buscam trilhar caminho próprio na Paraíba. Eles negam apoio a Veneziano Vital dó Rego (PMDB), ex-prefeito de Campina Grande. E enrolam dizendo que apoiariam o senador Vital do Rego.
Na linha do PT
A despeito das posições do ex-presidente Lula, Rui Falcão foi presidente do PT.
Sábado no Planalto, ele ; defendeu o apoio a Flávio Dino (PCdoB), na foto, para o governo (MA), com a governadora Roseana Sarney ao Senado. A cúpula do PMDB insistiu que o PT permaneça no governo Sérgio Cabral (RJ) até março. Rui disse que era difícil segurar o partido.
Pedido de socorro
O PMDB pediu socorro ao ex-presidente Lula. Quer que ele converse com o governador Cid Gomes (CE). Ele quer ter candidato próprio e já tem o apoio do PT. Aliado de Cid, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, foi preterido.
Alinhados
Com direito a disputar a reeleição, o senador | Francisco Dornelles (PP) vai manter sua aliança com o governador Sérgio Cabral (PJV1DB). Este definiu que deixará o governo em março para concorrer ao Senado. Para que não se criem marolas, Dornelles faz questão de afirmar: "Nunca disputaria contra o Sérgio. Se ele for candidato ao Senado, darei meu apoio integral"
Água mole em pedra dura
O presidenciável tucano Aécio Neves continua investindo em São Paulo. Nas próximas duas semanas, ele vai a Campinas, Sorocaba, Santos e São José dos Campos. Quer desfazer aquela imagem de que o PSDB paulista não o apoiará.
União de contrários
O líder do DEM, Ronaldo Caiado, despachado por Marina Silva da candidatura de Eduardo Campos (PSB), foi procurado por Aécio Neves (PSDB). Este se propôs a construir uma forma de conviência com o governador Marconi Perillo (GO).
COMENTÁRIO ATRIBUÍDO AO EX-PRESIDENTE LULA sobre O Rio: "Enquanto o PT e o PMDB brigam, o Marcelo Crivella e o Anthony Garotinho crescem"
Mão dupla - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 03/12
O ex-presidente Lula demonstrou impaciência ontem com a cobrança que o PMDB faz por apoio do PT a seus candidatos a governador em vários Estados. Em reunião com dirigentes e pré-candidatos petistas num hotel em São Paulo, Lula reiterou que não está fechada a aliança do PT com o candidato da família Sarney no Maranhão e reclamou de falta de reciprocidade do partido de Michel Temer, que não fechou com candidatos petistas em Minas, Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná.
Alto lá "Vá com calma, Lindbergh", pediu Lula ao pré-candidato e senador petista do Rio. Disse que o PT foi aliado do governador nos dois mandatos e não pode romper bruscamente com ele.
Gargarejo Dilma Rousseff vai amanhã a São Bernardo para a entrega de título de doutor honoris causa ao seu antecessor pela Universidade Federal do ABC.
Metamorfose... O Palácio do Planalto acredita que o fato de que a maioria da população quer que o próximo governo seja diferente pode ser usado em favor de Dilma. Pesquisas qualitativas do PT apontam que os eleitores viram sentido de mudança nas ações da presidente após os protestos de junho.
... ambulante A partir desse diagnóstico, o governo vai investir no discurso de que "avanços" foram observados em programas como Mais Médicos, Pronatec e Minha Casa, Minha Vida.
Em aberto Números do Datafolha apontam que, do grupo de eleitores que dizem querer ações diferentes do próximo governo, 32% declaram voto em Dilma, 25% em Aécio Neves (PSDB) e 15% em Eduardo Campos (PSB).
Veteranos Campos e Marina Silva darão papel de destaque na pré-campanha a mais um ex-ministro de Lula: na sexta-feira, José Gomes Temporão, que comandou a pasta da Saúde, coordenará seminário sobre a área na Fundação João Mangabeira.
Natal magro Os eventos do PSB realizados após a aliança entre Campos e Marina levaram o partido a fechar novembro com deficit de R$ 200 mil. A ordem é apertar os cintos até o fim do ano, pois a sigla evita aceitar doações de empresários por enquanto.
Ano Velho Em conversa no Recife, Eduardo Campos indicou para Roberto Freire (PPS) que espera uma declaração oficial de apoio a sua candidatura ainda este ano.
Banho de povo Mais do que a leve recuperação de Geraldo Alckmin (PSDB) após os protestos de junho, tucanos ficaram entusiasmados com o desempenho do governador entre o eleitorado mais pobre, identificado com o PT.
Vai mal Na região metropolitana da capital, onde o tucano tem performance pior, o Palácio dos Bandeirantes programa agenda intensiva de eventos e entregas de obras em 2014 nas áreas de saúde e mobilidade.
Medida certa A Assembleia de São Paulo comprou, por R$ 45 mil, um analisador de composição corporal para o serviço médico da Casa. O aparelho, que faz diagnósticos de obesidade, servirá para exames em funcionários.
Tamo junto O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, recebeu apoio do prefeito petista de São Bernardo, Luiz Marinho, ao projeto de lei que fecha o cerco em torno de desmanches de carro no Estado.
Instagram Para mostrar sintonia com o governo federal, o governo Sérgio Cabral insiste para que Dilma participe da entrega de novas unidades do Minha Casa, Minha Vida para vítimas das enchentes de 2011 em Nova Friburgo, na região serrana.
com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA
tiroteio
"Haddad abandonou promessas, perdeu um secretário sob suspeita e mordeu o bolso do eleitor. Estranho seria se não despencasse."
DO VEREADOR MARIO COVAS NETO (PSDB-SP), sobre a avaliação positiva do prefeito Fernando Haddad (PT), que passou de 34% para 18% em seis meses.
contraponto
Série B
No congresso que realizou no fim de semana, o PSOL colocou em votação a possibilidade de definir sua candidatura à Presidência no evento ou de realizar prévias entre Randolfe Rodrigues e Luciana Genro. Favorável à consulta, o flamenguista Marcelo Freixo provocou o palmeirense Ivan Valente e o vascaíno Milton Temer:
-- Vocês vão cair de novo, coisa que nunca aconteceu com o Flamengo!
Ao final, a prévia foi derrotada por 201 votos a 186, e Rodrigues foi escolhido candidato. Milton Temer devolveu:
--Desta vez o Palmeiras não caiu nem o Vasco foi vice...
O ex-presidente Lula demonstrou impaciência ontem com a cobrança que o PMDB faz por apoio do PT a seus candidatos a governador em vários Estados. Em reunião com dirigentes e pré-candidatos petistas num hotel em São Paulo, Lula reiterou que não está fechada a aliança do PT com o candidato da família Sarney no Maranhão e reclamou de falta de reciprocidade do partido de Michel Temer, que não fechou com candidatos petistas em Minas, Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná.
Alto lá "Vá com calma, Lindbergh", pediu Lula ao pré-candidato e senador petista do Rio. Disse que o PT foi aliado do governador nos dois mandatos e não pode romper bruscamente com ele.
Gargarejo Dilma Rousseff vai amanhã a São Bernardo para a entrega de título de doutor honoris causa ao seu antecessor pela Universidade Federal do ABC.
Metamorfose... O Palácio do Planalto acredita que o fato de que a maioria da população quer que o próximo governo seja diferente pode ser usado em favor de Dilma. Pesquisas qualitativas do PT apontam que os eleitores viram sentido de mudança nas ações da presidente após os protestos de junho.
... ambulante A partir desse diagnóstico, o governo vai investir no discurso de que "avanços" foram observados em programas como Mais Médicos, Pronatec e Minha Casa, Minha Vida.
Em aberto Números do Datafolha apontam que, do grupo de eleitores que dizem querer ações diferentes do próximo governo, 32% declaram voto em Dilma, 25% em Aécio Neves (PSDB) e 15% em Eduardo Campos (PSB).
Veteranos Campos e Marina Silva darão papel de destaque na pré-campanha a mais um ex-ministro de Lula: na sexta-feira, José Gomes Temporão, que comandou a pasta da Saúde, coordenará seminário sobre a área na Fundação João Mangabeira.
Natal magro Os eventos do PSB realizados após a aliança entre Campos e Marina levaram o partido a fechar novembro com deficit de R$ 200 mil. A ordem é apertar os cintos até o fim do ano, pois a sigla evita aceitar doações de empresários por enquanto.
Ano Velho Em conversa no Recife, Eduardo Campos indicou para Roberto Freire (PPS) que espera uma declaração oficial de apoio a sua candidatura ainda este ano.
Banho de povo Mais do que a leve recuperação de Geraldo Alckmin (PSDB) após os protestos de junho, tucanos ficaram entusiasmados com o desempenho do governador entre o eleitorado mais pobre, identificado com o PT.
Vai mal Na região metropolitana da capital, onde o tucano tem performance pior, o Palácio dos Bandeirantes programa agenda intensiva de eventos e entregas de obras em 2014 nas áreas de saúde e mobilidade.
Medida certa A Assembleia de São Paulo comprou, por R$ 45 mil, um analisador de composição corporal para o serviço médico da Casa. O aparelho, que faz diagnósticos de obesidade, servirá para exames em funcionários.
Tamo junto O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, recebeu apoio do prefeito petista de São Bernardo, Luiz Marinho, ao projeto de lei que fecha o cerco em torno de desmanches de carro no Estado.
Instagram Para mostrar sintonia com o governo federal, o governo Sérgio Cabral insiste para que Dilma participe da entrega de novas unidades do Minha Casa, Minha Vida para vítimas das enchentes de 2011 em Nova Friburgo, na região serrana.
com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA
tiroteio
"Haddad abandonou promessas, perdeu um secretário sob suspeita e mordeu o bolso do eleitor. Estranho seria se não despencasse."
DO VEREADOR MARIO COVAS NETO (PSDB-SP), sobre a avaliação positiva do prefeito Fernando Haddad (PT), que passou de 34% para 18% em seis meses.
contraponto
Série B
No congresso que realizou no fim de semana, o PSOL colocou em votação a possibilidade de definir sua candidatura à Presidência no evento ou de realizar prévias entre Randolfe Rodrigues e Luciana Genro. Favorável à consulta, o flamenguista Marcelo Freixo provocou o palmeirense Ivan Valente e o vascaíno Milton Temer:
-- Vocês vão cair de novo, coisa que nunca aconteceu com o Flamengo!
Ao final, a prévia foi derrotada por 201 votos a 186, e Rodrigues foi escolhido candidato. Milton Temer devolveu:
--Desta vez o Palmeiras não caiu nem o Vasco foi vice...
Focos & sustos - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 03/12
A ordem que Lula e Dilma Rousseff estipularam para o chamamento dos partidos aliados às conversas sobre palanques estaduais obedece ao critério de tamanho das bancadas. O PMDB tem 75 deputados. O PP, 44. O próximo será o PR, que tem 32. É isso que define o tempo de tevê. Hoje, avaliam os petistas, por mais que Dilma esteja bem nas pesquisas e tenha condições reais de reeleição, o sentimento de mudança latente preocupa o partido. Portanto, quanto mais tempo de tevê ela obtiver para mostrar o governo e evitar que Aécio Neves e Eduardo Campos apareçam, melhor. Afinal, por quê motivos eles iriam se reunir com o PP no sábado à tarde na Granja do Torto e passar a manhã com o PMDB se estivesse tudo às mil maravilhas? A preocupação é fato. E quanto antes tudo for resolvido, melhor.
O problema é que o PT não tem conseguido nas conversas passar aquela sensação de que está tudo bem. As legendas que já conversaram sentiram que o papo presidencial é do tipo, dá cá. Sem o toma lá. No caso do PMDB, por exemplo, a impressão de muitos é a de que o amor de Lula e Dilma para com o partido já foi maior. Até março, leitor, sustos virão.
A fúria
Lula não gostou do vazamento do teor das reuniões de sábado. Ele comentou com os petistas logo depois: “não tenho como ficar contra o Sarney no Maranhão”. Resultado: o PT fará jogo duplo por lá. Uma ala vai de Flávio Dino, do PCdoB, outra vai engrossar a chapa patrocinada pelo clã do ex-presidente José Sarney e a governadora Roseana.
O corpo fala
Chamou a atenção na reunião da Granja do Torto que nem Dilma nem Lula se sentaram à cabeceira da mesa, deixando ali duas cadeiras vazias. Destaque ainda para as reverências da Dilma ao antecessor, a quem trata de “presidente” todo o tempo. Ele, entretanto, continua chamando a chefe da Nação apenas de “Dilma”, como sempre fez.
Tomou gosto
Dilma não para de privatizar. Depois dos aeroportos, vem aí a privatização da Camed, o plano de saúde dos funcionários do Banco do Nordeste do Brasil, o BNB. A aposta é a de que os serviços serão repassados a Unimed. Às vésperas de ano eleitoral, o olho vivo nessas privatizações nunca é demais.
Aulão
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, conversa hoje como PMDB sobre o Plano Nacional de Educação. Depois do susto da semana passada, em que o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) conseguiu aprovar o plano na Comissão de Educação sem a anuência do governo, todo o cuidado é pouco.
Dicas da Dilma I/ Na conversa com o PP, a presidente da República sugeriu ao líder da sigla, Dudu da Fonte (foto), de Pernambuco, a leitura da biografia de Getulio Vargas, do jornalista Lyra Neto. “Vou comprar assim que chegar no aeroporto. Quem sabe tem alguma dica ali”, respondeu. Em tempo: o primeiro volume da obra de Lyra Neto é tido como uma aula sobre como Getulio fez o que quis dando a entender que fazia o que os outros desejavam.
Dicas da Dilma II/ Um amigo do deputado não se conteve: “Pô! Você queria uma indicação para a Caixa Econômica, para o Banco do Brasil e ela veio com um livro…”
Só água/ Do Torto, não saiu nem cargo, nem palanque, nem… um biscoitinho. O deputado Dudu da Fonte, o presidente do partido, senador Ciro Nogueira, e o ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades) saíram da Granja do Torto direto para uma lanchonete. Quem os flagrou, ficou impressionado com o tamanho do cachorro-quente e a quantidade de batatas fritas. Isso sem contar os dois milkshakes que Dudu tomou.
Representantes de todos os partidos choram…/ …a morte de Marcelo Déda, governador de Sergipe. Eis que o Brasil perdeu um de seus quadros políticos que se destacou pela solidez intelectual e a capacidade de diálogo, matéria-prima rara nos dias de hoje entre governo e oposição. Seu estilo fará muita falta nesses dias em que muitos parecem voltados ao ódio, numa política rasteira, sem respeito ao outro. À família, nossa solidariedade.
O problema é que o PT não tem conseguido nas conversas passar aquela sensação de que está tudo bem. As legendas que já conversaram sentiram que o papo presidencial é do tipo, dá cá. Sem o toma lá. No caso do PMDB, por exemplo, a impressão de muitos é a de que o amor de Lula e Dilma para com o partido já foi maior. Até março, leitor, sustos virão.
A fúria
Lula não gostou do vazamento do teor das reuniões de sábado. Ele comentou com os petistas logo depois: “não tenho como ficar contra o Sarney no Maranhão”. Resultado: o PT fará jogo duplo por lá. Uma ala vai de Flávio Dino, do PCdoB, outra vai engrossar a chapa patrocinada pelo clã do ex-presidente José Sarney e a governadora Roseana.
O corpo fala
Chamou a atenção na reunião da Granja do Torto que nem Dilma nem Lula se sentaram à cabeceira da mesa, deixando ali duas cadeiras vazias. Destaque ainda para as reverências da Dilma ao antecessor, a quem trata de “presidente” todo o tempo. Ele, entretanto, continua chamando a chefe da Nação apenas de “Dilma”, como sempre fez.
Tomou gosto
Dilma não para de privatizar. Depois dos aeroportos, vem aí a privatização da Camed, o plano de saúde dos funcionários do Banco do Nordeste do Brasil, o BNB. A aposta é a de que os serviços serão repassados a Unimed. Às vésperas de ano eleitoral, o olho vivo nessas privatizações nunca é demais.
Aulão
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, conversa hoje como PMDB sobre o Plano Nacional de Educação. Depois do susto da semana passada, em que o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) conseguiu aprovar o plano na Comissão de Educação sem a anuência do governo, todo o cuidado é pouco.
Dicas da Dilma I/ Na conversa com o PP, a presidente da República sugeriu ao líder da sigla, Dudu da Fonte (foto), de Pernambuco, a leitura da biografia de Getulio Vargas, do jornalista Lyra Neto. “Vou comprar assim que chegar no aeroporto. Quem sabe tem alguma dica ali”, respondeu. Em tempo: o primeiro volume da obra de Lyra Neto é tido como uma aula sobre como Getulio fez o que quis dando a entender que fazia o que os outros desejavam.
Dicas da Dilma II/ Um amigo do deputado não se conteve: “Pô! Você queria uma indicação para a Caixa Econômica, para o Banco do Brasil e ela veio com um livro…”
Só água/ Do Torto, não saiu nem cargo, nem palanque, nem… um biscoitinho. O deputado Dudu da Fonte, o presidente do partido, senador Ciro Nogueira, e o ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades) saíram da Granja do Torto direto para uma lanchonete. Quem os flagrou, ficou impressionado com o tamanho do cachorro-quente e a quantidade de batatas fritas. Isso sem contar os dois milkshakes que Dudu tomou.
Representantes de todos os partidos choram…/ …a morte de Marcelo Déda, governador de Sergipe. Eis que o Brasil perdeu um de seus quadros políticos que se destacou pela solidez intelectual e a capacidade de diálogo, matéria-prima rara nos dias de hoje entre governo e oposição. Seu estilo fará muita falta nesses dias em que muitos parecem voltados ao ódio, numa política rasteira, sem respeito ao outro. À família, nossa solidariedade.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 03/12
Setor óptico crescerá em 2013 menos que a projeção inicial
O mercado de óculos e lentes deverá fechar 2013 com um crescimento de 20% em comparação a 2012, cinco pontos abaixo da projeção feita no início deste ano, diz a Abióptica (associação brasileira do setor).
O faturamento do segmento atingirá cerca de R$ 23,3 bilhões neste ano --foram R$ 19,5 bilhões em 2012.
Os protestos que ocorreram no meio deste ano e que reduziram as vendas em algumas capitais são uma das causas para a evolução menor, afirma Bento Alcoforado, presidente da entidade.
A desaceleração no consumo causada por fatores econômicos também influenciou, segundo o executivo.
"Depois das manifestações, ainda vieram outras más notícias, como a queda de popularidade da presidente [Dilma Rousseff] e os temores com a inflação", diz.
"Não fossem esses cenários, teríamos avançado 25%. Ainda assim, será um crescimento muito substancial."
Para 2014, o setor retoma a projeção de progredir 25%.
"Os óculos, cada vez mais, são vistos como um produto de moda. Além disso, o número de brasileiros que precisam de correção visual, mas que ainda não usam óculos, é muito grande."
Hoje, 78% são de produtos importados. A meta da entidade é reduzir a dependência externa a 50%, em um prazo de oito a dez anos.
"Estamos mapeando toda a cadeia para debater as carências do setor e fazer com que o crescimento [do produto nacional] seja possível."
TÍQUETE MENOR
O consumidor reduziu em cerca de 15% o gasto médio em óculos neste ano em relação a 2012, de acordo com a rede Óticas do Povo.
"Atuamos com bastante força nas classes C e D e houve uma queda no tíquete médio", diz o presidente, Manoel Carlos Pessanha.
Além da piora do cenário econômico, o aumento da concorrência resultou em corte de preços, afirma o empresário.
O valor desembolsado por consumidor, que era de aproximadamente R$ 365 em 2012, passou para cerca de R$ 310 neste ano, segundo Pessanha.
Apesar desse recuo, a rede deverá faturar 15% a mais neste ano. "A alta será garantida pelo aumento no número de clientes", diz.
Com sede no Rio e presença em mais quatro Estados --São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo e Minas Gerais--, o grupo abriu seis novas lojas em 2013. Em 2014, planeja entrar no Rio Grande do Sul.
103
é o número de lojas próprias da rede, que não tem franquias
15%
é o crescimento estimado no faturamento do grupo em 2013
950
é o total de funcionários
ABERTURA ADIADA
Trinta novas lojas que seriam abertas pela rede Óticas Carol ainda neste ano ficarão para 2014 por causa do atraso na emissão de documentos, de acordo com Ronaldo Pereira Junior, CEO da companhia.
"Também há alguns casos de shopping centers que não serão entregues na data prevista", afirma.
A inauguração de 180 novas lojas neste ano deverá puxar para cima o faturamento em aproximadamente 39% em relação a 2012.
"Se compararmos com a mesma base do ano passado, sem incluir as novas unidades, o aumento será de 12,7%", diz Pereira Junior.
R$ 440 MILHÕES
é a previsão de faturamento da companhia neste ano, alta de 39% em relação a 2012
640
é o total de lojas da rede
BRASILEIRO COM PÉ NO BREQUE
Quase sete em cada dez consumidores brasileiros planejam reduzir suas despesas nos próximos 12 meses, segundo pesquisa do BCG (Boston Consulting Group).
É o percentual mais elevado quando comparado a outros dois mercados emergentes --China e Índia.
No Brasil, 66% dos entrevistados disseram que vão gastar menos em relação ao que desembolsaram nos últimos 12 meses. Na Índia, esse percentual caiu para 49% e na China, para 33%.
Os brasileiros também estão entre os que menos afirmam se sentir financeiramente seguros: 31% dos ouvidos no estudo.
O percentual sobe para 60% dos entrevistados na China e 73% na Índia.
"É um sentimento de curto prazo ligado ao nível de endividamento [dos consumidores brasileiros]", diz Rim Abida, diretora do BCG.
"Quanto ao médio e ao longo prazo, no entanto, há um mercado de consumo que continuará a crescer e passará dos atuais R$ 2,9 trilhões para R$ 3,5 trilhões em 2020."
Foram entrevistadas 7.000 pessoas nas três localidades.
JANTAR DE NOEL
Porto Alegre tem a cesta de Natal mais cara entre as cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba, segundo estudo da Ecobenefícios, que pesquisou 31 produtos em 11 supermercados.
O custo da cesta na capital gaúcha é 5% superior ao da de São Paulo, a mais econômica. Belo Horizonte aparece como a segunda mais cara.
Em Porto Alegre, os preços variaram até 10% --uma diferença de R$ 23,90.
"As carnes e as frutas secas e cristalizadas contribuíram para o encarecimento da ceia neste ano", diz Anajara Moraes, responsável pelo estudo.
Gasolina na fogueira - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 03/12
Reajuste dos combustíveis não resolve crise na Petrobras e cria mais problema para o governo
O PREÇO DAS ações da Petrobras caiu cerca de 10% ontem, um massacre. Caiu assim porque, na prática, o governo reafirmou que a empresa mais relevante do Brasil serve de instrumento de política econômica, política de resto ruim.
Na sexta-feira, o governo decretou o reajuste de 4% do preço da gasolina. Isto é, a Petrobras ainda vai continuar a vender combustível a um preço abaixo do custo.
Tal sangria vai prosseguir porque o governo quer na prática maquiar a taxa de inflação: quer impedir que o IPCA deste ano seja maior que o de 2012, 5,84%, e não, sei lá, 5,98% ou 6,03%.
Não faz diferença, no que diz respeito à política econômica; o povo vai ignorar o "sucesso" de conter centésimos de inflação.
Qualquer cidadão que acompanha o noticiário econômico elementar sabe que a inflação apenas não superou o teto da meta (6,5% ao ano) porque os preços controlados pelo governo estão reprimidos.
Em suma, o governo não vai enganar ninguém. Pior, cria ainda mais problemas. A história toda não faz sentido algum.
Além de decretar um reajuste insuficiente, o governo na melhor das hipóteses não deu pista alguma de como vai ser a políti- ca de preços e de como vai evitar que, faturando menos, a Petrobras se endivide ainda mais ao fazer os investimentos necessários (aliás, a empresa já está perto de seus limites).
Ou seja, o governo desacredi- ta ainda mais sua política econômica (contém preços com tabelamentos mal disfarçados), arrebenta uma empresa gigante e crucial para o país e na esteira disso causa distorções em outros setores da economia, como a indústria sucroalcooleira, para citar um apenas.
O governo além do mais estoca problemas para o ano que vem. Há risco razoável de disparadas do dólar em 2014, devido a mudanças na economia americana (e à eleição no Brasil). Dólar caro e combustível barato arrebentam ainda mais a Petrobras. Dilma Rousseff está dando chance para o azar.
Ontem foi dia de alta do dólar e de juros no Brasil, pois os juros na praça do mercado americano subiram. Desde junho temos vistos esses ensaios do que pode acontecer em 2014. O tumulto não está maior devido às intervenções do Banco Central, as quais acalmaram um pouco as coisas entre o final de agosto e o final de outubro. Mas desde então os tremeliques no mercado voltaram, mesmo com a oferta de dólares do BC.
Há quem diga que juros bem mais altos no Brasil tendem a compensar parte da propensão à fuga de dólares quando os juros subirem mais nos EUA. Quem sabe. Mas não é razoável pagar para ver.
O Brasil está angariando má fama (risco de fazer investidor perder dinheiro) por causa da inflação persistente, da piora nas contas do governo e do deficit externo em alta ruim (fermentos de desvalorização do real).
É muito difícil atribuir a notícias pontuais sobre esses indicadores os pulos do dólar, muito associados na verdade aos pulinhos dos juros nos EUA. Porém, se e quando a temperatura americana aumentar, o caldo vai entornar aos montes por aqui devido também ao mau estado geral da economia.
Reajuste dos combustíveis não resolve crise na Petrobras e cria mais problema para o governo
O PREÇO DAS ações da Petrobras caiu cerca de 10% ontem, um massacre. Caiu assim porque, na prática, o governo reafirmou que a empresa mais relevante do Brasil serve de instrumento de política econômica, política de resto ruim.
Na sexta-feira, o governo decretou o reajuste de 4% do preço da gasolina. Isto é, a Petrobras ainda vai continuar a vender combustível a um preço abaixo do custo.
Tal sangria vai prosseguir porque o governo quer na prática maquiar a taxa de inflação: quer impedir que o IPCA deste ano seja maior que o de 2012, 5,84%, e não, sei lá, 5,98% ou 6,03%.
Não faz diferença, no que diz respeito à política econômica; o povo vai ignorar o "sucesso" de conter centésimos de inflação.
Qualquer cidadão que acompanha o noticiário econômico elementar sabe que a inflação apenas não superou o teto da meta (6,5% ao ano) porque os preços controlados pelo governo estão reprimidos.
Em suma, o governo não vai enganar ninguém. Pior, cria ainda mais problemas. A história toda não faz sentido algum.
Além de decretar um reajuste insuficiente, o governo na melhor das hipóteses não deu pista alguma de como vai ser a políti- ca de preços e de como vai evitar que, faturando menos, a Petrobras se endivide ainda mais ao fazer os investimentos necessários (aliás, a empresa já está perto de seus limites).
Ou seja, o governo desacredi- ta ainda mais sua política econômica (contém preços com tabelamentos mal disfarçados), arrebenta uma empresa gigante e crucial para o país e na esteira disso causa distorções em outros setores da economia, como a indústria sucroalcooleira, para citar um apenas.
O governo além do mais estoca problemas para o ano que vem. Há risco razoável de disparadas do dólar em 2014, devido a mudanças na economia americana (e à eleição no Brasil). Dólar caro e combustível barato arrebentam ainda mais a Petrobras. Dilma Rousseff está dando chance para o azar.
Ontem foi dia de alta do dólar e de juros no Brasil, pois os juros na praça do mercado americano subiram. Desde junho temos vistos esses ensaios do que pode acontecer em 2014. O tumulto não está maior devido às intervenções do Banco Central, as quais acalmaram um pouco as coisas entre o final de agosto e o final de outubro. Mas desde então os tremeliques no mercado voltaram, mesmo com a oferta de dólares do BC.
Há quem diga que juros bem mais altos no Brasil tendem a compensar parte da propensão à fuga de dólares quando os juros subirem mais nos EUA. Quem sabe. Mas não é razoável pagar para ver.
O Brasil está angariando má fama (risco de fazer investidor perder dinheiro) por causa da inflação persistente, da piora nas contas do governo e do deficit externo em alta ruim (fermentos de desvalorização do real).
É muito difícil atribuir a notícias pontuais sobre esses indicadores os pulos do dólar, muito associados na verdade aos pulinhos dos juros nos EUA. Porém, se e quando a temperatura americana aumentar, o caldo vai entornar aos montes por aqui devido também ao mau estado geral da economia.
Hemorragia na Petrobrás - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 03/12
As justificativas do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para manter uma política predatória de preços dos combustíveis trombam com a lógica.
Ontem, por exemplo, ele afirmou que "o combate à inflação não pode ficar em segundo plano". Ou seja, o governo está exigindo que a Petrobrás também desempenhe a função de combater a inflação que não é ela que causa e que não lhe cabe. Todos os meses, o Banco Central aponta os fatores da inflação: o consumo excessivo, a disparada das despesas públicas, o alto custo do sistema produtivo, os reajustes salariais acima do avanço da produtividade do trabalho. Se fosse mesmo sincero no repúdio à inflação, Mantega trataria de atacar as fontes de inflação. Mas prefere sangrar o caixa da Petrobrás.
Se preços realistas dos combustíveis provocassem alta permanente de preços, o mundo inteiro estaria em erupção inflacionária, sobretudo os Estados Unidos e a Europa, onde não há o mesmo represamento que há por aqui.
Em todo o caso, não há nada de especialmente errado em que qualquer governo opte por uma política de preços subsidiados dos combustíveis. Com a ressalva de que o certo seria prever o subsídio no orçamento público.
Também não há nada de especialmente errado se um governo determina que uma empresa controlada pelo Estado tenha seu caixa achatado com a finalidade de atender a determinados objetivos de sua política econômica. O que não faz sentido é exigir que um atleta vença uma corrida de 400 metros com ou sem barreiras e, ao mesmo tempo, que atue com uma bola de ferro amarrada a suas pernas. Ou seja, há aí objetivos conflitantes: de um lado, o governo exige que a Petrobrás mantenha um programa de investimentos de R$ 236,7 bilhões em três anos e, de outro, impede que obtenha recursos para isso.
O mesmo vale para o setor do etanol. Não é possível incentivar a produção e o consumo de etanol e de biodiesel e, ao mesmo tempo, criar obstáculos intransponíveis para o seu desenvolvimento.
Não há nenhuma garantia de que os preços da Petrobrás convergirão para a paridade internacional, como promete o ministro. Essa conversa é velha de guerra em todo o governo PT. Mantega diz ainda que a Petrobrás chegará à paridade internacional de preços de forma gradual. Se prevalecesse o gradualismo, o governo teria iniciado a recomposição dos preços há mais tempo. E, no entanto, o achatamento perdura desde o início do governo Lula.
Também é incompreensível a atuação do sindicato dos petroleiros e da associação dos engenheiros da Petrobrás. Em nome da defesa dos interesses da Petrobrás e do Brasil, eles protestam contra a realização de leilões de áreas para exploração de petróleo e gás e, no entanto, se omitem diante da dilapidação do patrimônio da Petrobrás produzida por essa política de preços.
Ontem, os preços das ações ordinárias da Petrobrás caíram 10,37% e os das preferenciais, 9,2% (veja o gráfico). É a percepção do tamanho do estrago. Mas, lá no governo, vão dizer que isso é coisa do mercado financeiro, essa instituição que defende os interesses da burguesia.
As justificativas do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para manter uma política predatória de preços dos combustíveis trombam com a lógica.
Ontem, por exemplo, ele afirmou que "o combate à inflação não pode ficar em segundo plano". Ou seja, o governo está exigindo que a Petrobrás também desempenhe a função de combater a inflação que não é ela que causa e que não lhe cabe. Todos os meses, o Banco Central aponta os fatores da inflação: o consumo excessivo, a disparada das despesas públicas, o alto custo do sistema produtivo, os reajustes salariais acima do avanço da produtividade do trabalho. Se fosse mesmo sincero no repúdio à inflação, Mantega trataria de atacar as fontes de inflação. Mas prefere sangrar o caixa da Petrobrás.
Se preços realistas dos combustíveis provocassem alta permanente de preços, o mundo inteiro estaria em erupção inflacionária, sobretudo os Estados Unidos e a Europa, onde não há o mesmo represamento que há por aqui.
Em todo o caso, não há nada de especialmente errado em que qualquer governo opte por uma política de preços subsidiados dos combustíveis. Com a ressalva de que o certo seria prever o subsídio no orçamento público.
Também não há nada de especialmente errado se um governo determina que uma empresa controlada pelo Estado tenha seu caixa achatado com a finalidade de atender a determinados objetivos de sua política econômica. O que não faz sentido é exigir que um atleta vença uma corrida de 400 metros com ou sem barreiras e, ao mesmo tempo, que atue com uma bola de ferro amarrada a suas pernas. Ou seja, há aí objetivos conflitantes: de um lado, o governo exige que a Petrobrás mantenha um programa de investimentos de R$ 236,7 bilhões em três anos e, de outro, impede que obtenha recursos para isso.
O mesmo vale para o setor do etanol. Não é possível incentivar a produção e o consumo de etanol e de biodiesel e, ao mesmo tempo, criar obstáculos intransponíveis para o seu desenvolvimento.
Não há nenhuma garantia de que os preços da Petrobrás convergirão para a paridade internacional, como promete o ministro. Essa conversa é velha de guerra em todo o governo PT. Mantega diz ainda que a Petrobrás chegará à paridade internacional de preços de forma gradual. Se prevalecesse o gradualismo, o governo teria iniciado a recomposição dos preços há mais tempo. E, no entanto, o achatamento perdura desde o início do governo Lula.
Também é incompreensível a atuação do sindicato dos petroleiros e da associação dos engenheiros da Petrobrás. Em nome da defesa dos interesses da Petrobrás e do Brasil, eles protestam contra a realização de leilões de áreas para exploração de petróleo e gás e, no entanto, se omitem diante da dilapidação do patrimônio da Petrobrás produzida por essa política de preços.
Ontem, os preços das ações ordinárias da Petrobrás caíram 10,37% e os das preferenciais, 9,2% (veja o gráfico). É a percepção do tamanho do estrago. Mas, lá no governo, vão dizer que isso é coisa do mercado financeiro, essa instituição que defende os interesses da burguesia.
O que nos espera em 2014? - ILAN GOLDFAJN
O GLOBO - 03/12
Podemos dizer que o dólar já reagiu antecipadamente à normalização da política monetária americana. Mas ainda deve sofrer algum impacto adicional
No ano que vem há uma combinação incomum de questões globais e do Brasil que deve nos afetar. Há vários temas de interesse, todos interligados. Abaixo, listo oito desses temas.
1. Recuperação global ou estagnação secular? Há uma dúvida no ar. Imagina-se que 2014 seja o ano da recuperação do crescimento no mundo. Se isso não ocorrer, voltará à tona a ideia de que o mundo não consegue sair da estagnação. Os economistas nos EUA voltarão com a tese de que estão diante da “japoneização” de sua economia, num processo de estagnação secular. Prosperarão as teses de que o crescimento anterior era fruto de bolhas e que atualmente a economia encontra dificuldades estruturais para crescer, dentre elas o limite de zero para a queda de juros. Acredito na recuperação da economia dos EUA (e global), o que dará a tranquilidade para a volta do pleno emprego e crescimento maior (embora provavelmente menor do que o período de boom excepcional dos anos 2000).
2. Ocorrerá o inicio da normalização da política monetária nos EUA? Em 2014 o Fed (banco central americano) provavelmente começará a remover os estímulos excepcionais (ele injeta 85 bilhões de dólares mensalmente na economia). A ideia do Fed nos últimos tempos tem sido comprometer-se a não subir os juros por um longo período de tempo, mesmo após a retirada das injeções monetárias, para ancorar as taxas de juros longos e evitar abortar a recuperação ainda frágil. Tarefa difícil de realizar caso a economia de fato se recupere, o que naturalmente trará expectativas de continuidade da normalização da política monetária nos EUA e a provável subida dos juros nos EUA e no mundo.
3. O dólar ganhará força? Haverá overshooting do real? A normalização da política monetária nos EUA leva a um fortalecimento do dólar. A mesma pressão para subida de juros provoca também a volta dos fluxos de capitais para lá e a compra de dólar, o que eleva sua cotação. Foi o que observamos ao longo de 2013, só com a expectativa da mudança na política monetária nos EUA. Podemos dizer que o dólar já reagiu antecipadamente à normalização da política monetária americana. Mas ainda deve sofrer algum impacto adicional quando (e se) ocorrer de fato a redução dos estímulos nos EUA. O real deve sofrer algum impacto adicional da valorização do dólar, mas sua extensão vai ser determinada por fatores locais como a situação fiscal e a possibilidade dedowngrade.
4. Ano que vem será o ano do downgrade? A política fiscal reagirá? Há uma ameaça de rebaixamento (downgrade) do grau de classificação das agências de risco, em função da queda continuada do superávit primário, da expansão (para) fiscal via capitalização dos bancos públicos e, de uma forma geral, de um crescimento baixo. O superávit primário tem declinado gradativamente, atingindo um valor abaixo de 2% em 2013 (estimamos 1,7%) e em direção para menos de 1,5% no ano que vem. Na ausência de uma mudança de direção, o downgrade de uma agência pode ocorrer sem a perda do grau de investimento, mas o suficiente para assustar antecipadamente aqueles investidores que dependem do grau de investimento para aplicar no Brasil. A política fiscal tem que reagir, os estímulos via bancos públicos já parecem caminhar nesta direção. Mas um choque, como a aceitação das indenizações bilionárias dos planos econômicos, pode levar a um ou mais downgrade.
5. A inflação no Brasil vai se estabilizar em torno de 6%? O objetivo do governo é levar a inflação a um processo de (lento) declínio em direção à meta, evitando o risco de um choque inflacionário desencadear uma espiral inflacionária para o outro lado. Mas há o problema da necessidade de reajustar vários preços administrados que estão defasados (como gasolina, diesel, energia elétrica) num ambiente em que os preços livres ainda sofrem de uma inflação elevada.
6. As taxas de juros continuarão subindo? O Banco Central do Brasil sinalizou no seu comunicado que o ciclo de alta da Selic não será muito mais prolongado. Mas a normalização dos juros nos EUA e no mundo pode ainda exercer pressão altista sobre as outras taxas de juros no Brasil, principalmente se as questões fiscal e inflacionária não forem bem encaminhadas no ano que vem.
7. O programa de concessões de infraestrutura será bem-sucedido? O programa de concessões é importante para aumentar os investimentos no Brasil. Como acontece com a maioria dos programas, será menor que o planejado inicialmente, mas importante para atacar um dos principais gargalos da economia brasileira. O esforço em 2014 terá que ser seguido nos próximos anos.
8. Quais serão os resultados das eleições presidenciais e da Copa do Mundo no Brasil? Difícil prever, mas são temas que estarão na cabeça de todos no ano que vem. Mas, certamente, esperamos que o Brasil ganhe a Copa!
Podemos dizer que o dólar já reagiu antecipadamente à normalização da política monetária americana. Mas ainda deve sofrer algum impacto adicional
No ano que vem há uma combinação incomum de questões globais e do Brasil que deve nos afetar. Há vários temas de interesse, todos interligados. Abaixo, listo oito desses temas.
1. Recuperação global ou estagnação secular? Há uma dúvida no ar. Imagina-se que 2014 seja o ano da recuperação do crescimento no mundo. Se isso não ocorrer, voltará à tona a ideia de que o mundo não consegue sair da estagnação. Os economistas nos EUA voltarão com a tese de que estão diante da “japoneização” de sua economia, num processo de estagnação secular. Prosperarão as teses de que o crescimento anterior era fruto de bolhas e que atualmente a economia encontra dificuldades estruturais para crescer, dentre elas o limite de zero para a queda de juros. Acredito na recuperação da economia dos EUA (e global), o que dará a tranquilidade para a volta do pleno emprego e crescimento maior (embora provavelmente menor do que o período de boom excepcional dos anos 2000).
2. Ocorrerá o inicio da normalização da política monetária nos EUA? Em 2014 o Fed (banco central americano) provavelmente começará a remover os estímulos excepcionais (ele injeta 85 bilhões de dólares mensalmente na economia). A ideia do Fed nos últimos tempos tem sido comprometer-se a não subir os juros por um longo período de tempo, mesmo após a retirada das injeções monetárias, para ancorar as taxas de juros longos e evitar abortar a recuperação ainda frágil. Tarefa difícil de realizar caso a economia de fato se recupere, o que naturalmente trará expectativas de continuidade da normalização da política monetária nos EUA e a provável subida dos juros nos EUA e no mundo.
3. O dólar ganhará força? Haverá overshooting do real? A normalização da política monetária nos EUA leva a um fortalecimento do dólar. A mesma pressão para subida de juros provoca também a volta dos fluxos de capitais para lá e a compra de dólar, o que eleva sua cotação. Foi o que observamos ao longo de 2013, só com a expectativa da mudança na política monetária nos EUA. Podemos dizer que o dólar já reagiu antecipadamente à normalização da política monetária americana. Mas ainda deve sofrer algum impacto adicional quando (e se) ocorrer de fato a redução dos estímulos nos EUA. O real deve sofrer algum impacto adicional da valorização do dólar, mas sua extensão vai ser determinada por fatores locais como a situação fiscal e a possibilidade dedowngrade.
4. Ano que vem será o ano do downgrade? A política fiscal reagirá? Há uma ameaça de rebaixamento (downgrade) do grau de classificação das agências de risco, em função da queda continuada do superávit primário, da expansão (para) fiscal via capitalização dos bancos públicos e, de uma forma geral, de um crescimento baixo. O superávit primário tem declinado gradativamente, atingindo um valor abaixo de 2% em 2013 (estimamos 1,7%) e em direção para menos de 1,5% no ano que vem. Na ausência de uma mudança de direção, o downgrade de uma agência pode ocorrer sem a perda do grau de investimento, mas o suficiente para assustar antecipadamente aqueles investidores que dependem do grau de investimento para aplicar no Brasil. A política fiscal tem que reagir, os estímulos via bancos públicos já parecem caminhar nesta direção. Mas um choque, como a aceitação das indenizações bilionárias dos planos econômicos, pode levar a um ou mais downgrade.
5. A inflação no Brasil vai se estabilizar em torno de 6%? O objetivo do governo é levar a inflação a um processo de (lento) declínio em direção à meta, evitando o risco de um choque inflacionário desencadear uma espiral inflacionária para o outro lado. Mas há o problema da necessidade de reajustar vários preços administrados que estão defasados (como gasolina, diesel, energia elétrica) num ambiente em que os preços livres ainda sofrem de uma inflação elevada.
6. As taxas de juros continuarão subindo? O Banco Central do Brasil sinalizou no seu comunicado que o ciclo de alta da Selic não será muito mais prolongado. Mas a normalização dos juros nos EUA e no mundo pode ainda exercer pressão altista sobre as outras taxas de juros no Brasil, principalmente se as questões fiscal e inflacionária não forem bem encaminhadas no ano que vem.
7. O programa de concessões de infraestrutura será bem-sucedido? O programa de concessões é importante para aumentar os investimentos no Brasil. Como acontece com a maioria dos programas, será menor que o planejado inicialmente, mas importante para atacar um dos principais gargalos da economia brasileira. O esforço em 2014 terá que ser seguido nos próximos anos.
8. Quais serão os resultados das eleições presidenciais e da Copa do Mundo no Brasil? Difícil prever, mas são temas que estarão na cabeça de todos no ano que vem. Mas, certamente, esperamos que o Brasil ganhe a Copa!
Música, discernimento e produtividade - JOSÉ PASTORE
O Estado de S.Paulo - 03/12
Não é de hoje que os analistas observam a importância da música na elevação do desempenho na escola e no trabalho. Inúmeras pesquisas mostram uma correlação positiva entre esses fenômenos. Entretanto, correlação não é causação, o que tem suscitado dúvidas sobre tais estudos: a música eleva o discernimento ou os que optam pela música já tinham mais discernimento? Será que o bom desempenho escolar não é devido às condições familiares do aluno, e não à música?
Para responder a essas críticas, foi realizado um novo estudo em que os autores controlaram as interferências espúrias, para captar o efeito líquido da música no desempenho escolar e laboral (Adrian Hille e Jurgen Schupp, How learning a musical instrument affects the development of skills, Bonn: IZA, setembro de 2013). Eles usaram dados preciosos do Painel Socioeconômico da Alemanha que permitiram acompanhar a vida dos alunos de música dos 8 aos 17 anos e medir o seu desempenho em várias áreas. Cito suas principais conclusões:
A aprendizagem da música estimula reações no cérebro que aceleram o desenvolvimento de habilidades cognitivas e emocionais, que, por sua vez, facilitam a aprendizagem de conhecimentos estratégicos para o sucesso na escola e no trabalho.
Quando praticada em orquestra ou conjunto de câmara, a música contribui para o desenvolvimento de atitudes de respeito às pessoas e às diversidades e fortalece a capacidade para trabalhar em grupo, o que é muito importante para a empresa moderna.
A aprendizagem de um instrumento concorre para o uso mais eficiente do tempo, o que eleva a disciplina e o aproveitamento no estudo e maior produtividade no trabalho.
É isso. Não há dúvida. A prática de um instrumento musical potencializa a combinação da razão com a emoção. A estrutura de uma partitura é obra matemática. Tudo tem de ser executado com a mais absoluta precisão e, quando em conjunto, os instrumentos conversam entre si com o mesmo rigor. Trata-se de um emaranhado de regras que estimulam a acuidade. Para completar, a música cultiva o belo nos limites da sensibilidade humana. Cada nota tem de ser trabalhada de forma a agradar a quem toca e a quem ouve. Isso faz desenvolver o gosto pela harmonia em tudo o que se faz na própria vida.
Está aí o benefício da música para as pessoas e para a economia. Não é à toa que um dos mais altos níveis de produtividade no trabalho é encontrado na Alemanha - país que cultiva a música, seriamente, há muitos séculos.
O Brasil também é uma nação musical. Produzimos belas obras, eruditas e populares. Os brasileiros adoram música. Os concertos levados a céu aberto contam com a máxima atenção do grande público. É pena que, durante muito tempo, os currículos escolares eliminaram as atividades musicais que havia no meu tempo de escola, em especial o canto orfeônico. Sei que a música voltou aos currículos, mas, em decorrência do descaso anterior, o Brasil se ressente da falta de professores nesse campo.
Mas nem por isso a música saiu da vida dos brasileiros. Ao contrário, é imensa a quantidade de orquestras sinfônicas, conjuntos de câmara e movimentos musicais que surgem entre nós, todos revelando ricos talentos. Por exemplo, o Prelúdio, programa de calouros da TV Cultura de São Paulo, tem filas de candidatos - um melhor do que o outro. O Instituto Baccarelli, a Orquestra Heliópolis, o Mozarteum Brasileiro, o Projeto Guri e tantos outros são exemplos de movimentos que refletem a vontade dos brasileiros para aprender a tocar instrumentos e compor músicas. E não é só em São Paulo. Em todas as regiões do País se multiplicam os movimentos desse tipo e o número de empresas que apoiam a música como parte da sua responsabilidade social.
Se a música tem tudo isso que a referida pesquisa comprovou, é hora de apoiarmos os movimentos existentes e estimular a criação de outros. Isso é bom para os brasileiros e para o Brasil.
Não é de hoje que os analistas observam a importância da música na elevação do desempenho na escola e no trabalho. Inúmeras pesquisas mostram uma correlação positiva entre esses fenômenos. Entretanto, correlação não é causação, o que tem suscitado dúvidas sobre tais estudos: a música eleva o discernimento ou os que optam pela música já tinham mais discernimento? Será que o bom desempenho escolar não é devido às condições familiares do aluno, e não à música?
Para responder a essas críticas, foi realizado um novo estudo em que os autores controlaram as interferências espúrias, para captar o efeito líquido da música no desempenho escolar e laboral (Adrian Hille e Jurgen Schupp, How learning a musical instrument affects the development of skills, Bonn: IZA, setembro de 2013). Eles usaram dados preciosos do Painel Socioeconômico da Alemanha que permitiram acompanhar a vida dos alunos de música dos 8 aos 17 anos e medir o seu desempenho em várias áreas. Cito suas principais conclusões:
A aprendizagem da música estimula reações no cérebro que aceleram o desenvolvimento de habilidades cognitivas e emocionais, que, por sua vez, facilitam a aprendizagem de conhecimentos estratégicos para o sucesso na escola e no trabalho.
Quando praticada em orquestra ou conjunto de câmara, a música contribui para o desenvolvimento de atitudes de respeito às pessoas e às diversidades e fortalece a capacidade para trabalhar em grupo, o que é muito importante para a empresa moderna.
A aprendizagem de um instrumento concorre para o uso mais eficiente do tempo, o que eleva a disciplina e o aproveitamento no estudo e maior produtividade no trabalho.
É isso. Não há dúvida. A prática de um instrumento musical potencializa a combinação da razão com a emoção. A estrutura de uma partitura é obra matemática. Tudo tem de ser executado com a mais absoluta precisão e, quando em conjunto, os instrumentos conversam entre si com o mesmo rigor. Trata-se de um emaranhado de regras que estimulam a acuidade. Para completar, a música cultiva o belo nos limites da sensibilidade humana. Cada nota tem de ser trabalhada de forma a agradar a quem toca e a quem ouve. Isso faz desenvolver o gosto pela harmonia em tudo o que se faz na própria vida.
Está aí o benefício da música para as pessoas e para a economia. Não é à toa que um dos mais altos níveis de produtividade no trabalho é encontrado na Alemanha - país que cultiva a música, seriamente, há muitos séculos.
O Brasil também é uma nação musical. Produzimos belas obras, eruditas e populares. Os brasileiros adoram música. Os concertos levados a céu aberto contam com a máxima atenção do grande público. É pena que, durante muito tempo, os currículos escolares eliminaram as atividades musicais que havia no meu tempo de escola, em especial o canto orfeônico. Sei que a música voltou aos currículos, mas, em decorrência do descaso anterior, o Brasil se ressente da falta de professores nesse campo.
Mas nem por isso a música saiu da vida dos brasileiros. Ao contrário, é imensa a quantidade de orquestras sinfônicas, conjuntos de câmara e movimentos musicais que surgem entre nós, todos revelando ricos talentos. Por exemplo, o Prelúdio, programa de calouros da TV Cultura de São Paulo, tem filas de candidatos - um melhor do que o outro. O Instituto Baccarelli, a Orquestra Heliópolis, o Mozarteum Brasileiro, o Projeto Guri e tantos outros são exemplos de movimentos que refletem a vontade dos brasileiros para aprender a tocar instrumentos e compor músicas. E não é só em São Paulo. Em todas as regiões do País se multiplicam os movimentos desse tipo e o número de empresas que apoiam a música como parte da sua responsabilidade social.
Se a música tem tudo isso que a referida pesquisa comprovou, é hora de apoiarmos os movimentos existentes e estimular a criação de outros. Isso é bom para os brasileiros e para o Brasil.
A volta do PIB-piada - GUSTAVO PATU
FOLHA DE SP - 03/12
BRASÍLIA - Dilma Rousseff pôs em risco a credibilidade do IBGE ao anunciar, em entrevista, que "resolveram" recalcular o crescimento da economia no ano passado, de um miserável 0,9% para um pobre 1,5%. A declaração, ao jornal espanhol "El País", é de uma semana atrás. Se a informação estava correta ou não, só se saberá hoje pela manhã.
O instituto brasileiro de estatística, instalado no Rio, preserva a reputação de órgão de Estado, a salvo da partidarização que contamina diferentes setores da administração pública. No ano passado, seus dados decepcionantes sobre a expansão do PIB foram questionados pelo ministro Guido Mantega, da Fazenda.
Revisar dados é normal e rotineiro; o poder político saber de uma revisão desejada com sete dias de antecedência, não. A assessoria do Planalto explicou que o "resolveram" se referia a "estudos preliminares" da Fazenda. A presidente, nesse caso, se expressou mal --com precisão de uma casa depois da vírgula.
Mas não é preciso recorrer à imaginação conspiratória para perceber o que o episódio revela com mais clareza: a taxa que a desenvolvimentista Dilma comemora com tanta avidez --a ponto de se antecipar aos números oficiais-- é a mesma que, quando foi projetada em junho de 2012 pelo banco Credit Suisse, foi classificada de "piada" por Mantega.
Na melhor das hipóteses, a cifra revisada, qualquer que seja, vai ajudar a evitar que o atual mandato presidencial termine com crescimento anual médio inferior ao dos execrados anos FHC. Não parece o bastante para reivindicar um novo julgamento dos resultados das políticas de estímulo ao consumo e à produção.
O surto de prosperidade nacional aproveitado por Lula rendeu ao PT a oportunidade de afirmar que o país finalmente enriquecia e, ao mesmo tempo, distribuía renda. O PIB está empacado há três anos; a queda da desigualdade social foi interrompida em 2012, informou o IBGE.
BRASÍLIA - Dilma Rousseff pôs em risco a credibilidade do IBGE ao anunciar, em entrevista, que "resolveram" recalcular o crescimento da economia no ano passado, de um miserável 0,9% para um pobre 1,5%. A declaração, ao jornal espanhol "El País", é de uma semana atrás. Se a informação estava correta ou não, só se saberá hoje pela manhã.
O instituto brasileiro de estatística, instalado no Rio, preserva a reputação de órgão de Estado, a salvo da partidarização que contamina diferentes setores da administração pública. No ano passado, seus dados decepcionantes sobre a expansão do PIB foram questionados pelo ministro Guido Mantega, da Fazenda.
Revisar dados é normal e rotineiro; o poder político saber de uma revisão desejada com sete dias de antecedência, não. A assessoria do Planalto explicou que o "resolveram" se referia a "estudos preliminares" da Fazenda. A presidente, nesse caso, se expressou mal --com precisão de uma casa depois da vírgula.
Mas não é preciso recorrer à imaginação conspiratória para perceber o que o episódio revela com mais clareza: a taxa que a desenvolvimentista Dilma comemora com tanta avidez --a ponto de se antecipar aos números oficiais-- é a mesma que, quando foi projetada em junho de 2012 pelo banco Credit Suisse, foi classificada de "piada" por Mantega.
Na melhor das hipóteses, a cifra revisada, qualquer que seja, vai ajudar a evitar que o atual mandato presidencial termine com crescimento anual médio inferior ao dos execrados anos FHC. Não parece o bastante para reivindicar um novo julgamento dos resultados das políticas de estímulo ao consumo e à produção.
O surto de prosperidade nacional aproveitado por Lula rendeu ao PT a oportunidade de afirmar que o país finalmente enriquecia e, ao mesmo tempo, distribuía renda. O PIB está empacado há três anos; a queda da desigualdade social foi interrompida em 2012, informou o IBGE.
Ainda temos tempo - ANTÔNIO DELFIM NETO
VALOR ECONÔMICO - 03/12
Quando comparada objetivamente com outras economias emergentes, a brasileira não se destaca como das mais confortáveis, mas também não aparece como um "desastre anunciado", como querem alguns analistas politicamente mais engajados.
Têm, talvez, alguma razão quando afirmam que poderíamos estar fazendo um pouco melhor, e creio que colaboram com o governo quando apontam dificuldades realmente existentes, tanto na arquitetura da política social e econômica como na sua execução. Quando extrapolam, revelam sua propensão ao messianismo iluminado, escondido na sua "ciência".
O poder político não teria nenhum grau de liberdade, a não ser executar as suas "receitas" (que no fundo são produtos de suas preferências), da mesma forma que quem vai construir uma casa tem de aceitar os cálculos de resistência dos materiais e de equilíbrio geral ensinados pela física ao engenheiro que contratou para o projeto.
O outro lado do espectro desse messianismo iluminado é o voluntarismo político. Esse recusa-se a reconhecer as restrições implícitas à sua ação pelas condições físicas que determinam a organização material da sociedade descobertas pelos economistas em séculos de duro trabalho.
Numa sociedade como a nossa: 1) que se pretende republicana; 2) apoiada na livre escolha do poder incumbente pelo sufrágio universal em eleições regulares e transparentes, na qual se busca; 3) um aumento continuado da igualdade de oportunidade, fundamental para dar alguma justiça à organização produtiva através dos "mercados", aqueles dois comportamentos não resistem ao teste da realidade.
Pode levar algum tempo, mas se o voluntarismo político tentar, sistematicamente, violar as identidades da contabilidade nacional, irá destruindo o equilíbrio social e econômico e acabará rejeitado pelas urnas. Por outro lado, se o messianismo economicista não levar em consideração a exigência fundamental de procurar aumentar, continuadamente, a igualdade de oportunidades, acabará da mesma forma.
É preciso insistir que a organização das atividades produtivas pelos mercados não foi inventada. Foi descoberta num processo evolutivo quase biológico, em que os homens procuram acomodar três valores não inteiramente compatíveis: a relativa liberdade de iniciativa, a relativa igualdade e a relativa eficiência produtiva. Alguns economistas pretendem que "demonstraram" que ela é a melhor e final. A verdade é que as interessantes demonstrações da existência de um "equilíbrio econômico geral" por métodos matemáticos sofisticados são apenas jogos de salão.
A mesma evolução que se percebe na narrativa histórica continua sob nossos olhos. À medida que se revela que a sua universalização está levando a consequências sociais desejadas (o sufrágio universal trabalha no sentido de exigir mais rápida redução das desigualdades) e materiais indesejadas (o crescimento da população, da sua renda e a urbanização estão destruindo o seu suporte ambiental), ela vai acelerar-se.
Os "modelos" alternativos para produzir um "curto-circuito", que levaria diretamente àqueles valores, foram testados e devidamente enterrados no século XX. Algumas caricaturas, com os mesmos trágicos resultados, sobrevivem como zumbis. Uma espécie de contra factual para não deixar nada se perder na história...
Desde a Constituição de 1988, com todos os problemas que podem ser corrigidos e todas as virtudes que devem ser respeitadas, nossas instituições foram adquirindo musculatura para sustentar uma estrutura social e econômica que, sem retrocessos, leve o país ao encontro daqueles três valores.
É preciso reconhecer: 1) que com ela fizemos progressos sensíveis na construção de uma sociedade mais civilizada, principalmente com a inclusão social produzida por programas que foram melhorando seu foco e sua eficiência ao longo do último quarto de século; 2) que o êxito desses programas dependeu, de maneira importante, das flutuações da conjuntura mundial; e 3) que no combate à crise de 2008/09, enfrentada com maior ênfase no processo redistributivo, produziram-se consequências importantes sobre as políticas fiscal, monetária e cambial. Usamos alguns expedientes oportunistas, mais do que uma arquitetura de política econômica coerente.
Do ponto de vista fiscal, acelerou-se o dispêndio e reduziu-se a receita pelos estímulos tributários, o que cortou os superávits primários. Do ponto de vista da inflação, o aumento da demanda pública, os aumentos salariais muito acima da produtividade e a rápida expansão do crédito dos bancos públicos tinham de dissipar-se num aumento da taxa de inflação e/ou num aumento do déficit em conta corrente, como aconteceu.
A taxa de câmbio real (graças ao diferencial do nível da taxa de juro real interna) valorizou-se violentamente para ajudar a controlar a inflação. O seu custo foi a desmontagem de um dos setores mais sofisticados e decisivos para o crescimento econômico, o de produtos manufaturados. O superávit exportador de US$ 139 bilhões entre 2002-2007, foi substituído por um déficit de US$ 126 bilhões de 2008 a 2013, uma fantástica redução de demanda externa de US$ 265 bilhões! Por que algum industrial iria investir?
Temos tempo para corrigir. É hora de o Congresso dar todo o apoio ao governo para que possamos fazê-lo.
Quando comparada objetivamente com outras economias emergentes, a brasileira não se destaca como das mais confortáveis, mas também não aparece como um "desastre anunciado", como querem alguns analistas politicamente mais engajados.
Têm, talvez, alguma razão quando afirmam que poderíamos estar fazendo um pouco melhor, e creio que colaboram com o governo quando apontam dificuldades realmente existentes, tanto na arquitetura da política social e econômica como na sua execução. Quando extrapolam, revelam sua propensão ao messianismo iluminado, escondido na sua "ciência".
O poder político não teria nenhum grau de liberdade, a não ser executar as suas "receitas" (que no fundo são produtos de suas preferências), da mesma forma que quem vai construir uma casa tem de aceitar os cálculos de resistência dos materiais e de equilíbrio geral ensinados pela física ao engenheiro que contratou para o projeto.
O outro lado do espectro desse messianismo iluminado é o voluntarismo político. Esse recusa-se a reconhecer as restrições implícitas à sua ação pelas condições físicas que determinam a organização material da sociedade descobertas pelos economistas em séculos de duro trabalho.
Numa sociedade como a nossa: 1) que se pretende republicana; 2) apoiada na livre escolha do poder incumbente pelo sufrágio universal em eleições regulares e transparentes, na qual se busca; 3) um aumento continuado da igualdade de oportunidade, fundamental para dar alguma justiça à organização produtiva através dos "mercados", aqueles dois comportamentos não resistem ao teste da realidade.
Pode levar algum tempo, mas se o voluntarismo político tentar, sistematicamente, violar as identidades da contabilidade nacional, irá destruindo o equilíbrio social e econômico e acabará rejeitado pelas urnas. Por outro lado, se o messianismo economicista não levar em consideração a exigência fundamental de procurar aumentar, continuadamente, a igualdade de oportunidades, acabará da mesma forma.
É preciso insistir que a organização das atividades produtivas pelos mercados não foi inventada. Foi descoberta num processo evolutivo quase biológico, em que os homens procuram acomodar três valores não inteiramente compatíveis: a relativa liberdade de iniciativa, a relativa igualdade e a relativa eficiência produtiva. Alguns economistas pretendem que "demonstraram" que ela é a melhor e final. A verdade é que as interessantes demonstrações da existência de um "equilíbrio econômico geral" por métodos matemáticos sofisticados são apenas jogos de salão.
A mesma evolução que se percebe na narrativa histórica continua sob nossos olhos. À medida que se revela que a sua universalização está levando a consequências sociais desejadas (o sufrágio universal trabalha no sentido de exigir mais rápida redução das desigualdades) e materiais indesejadas (o crescimento da população, da sua renda e a urbanização estão destruindo o seu suporte ambiental), ela vai acelerar-se.
Os "modelos" alternativos para produzir um "curto-circuito", que levaria diretamente àqueles valores, foram testados e devidamente enterrados no século XX. Algumas caricaturas, com os mesmos trágicos resultados, sobrevivem como zumbis. Uma espécie de contra factual para não deixar nada se perder na história...
Desde a Constituição de 1988, com todos os problemas que podem ser corrigidos e todas as virtudes que devem ser respeitadas, nossas instituições foram adquirindo musculatura para sustentar uma estrutura social e econômica que, sem retrocessos, leve o país ao encontro daqueles três valores.
É preciso reconhecer: 1) que com ela fizemos progressos sensíveis na construção de uma sociedade mais civilizada, principalmente com a inclusão social produzida por programas que foram melhorando seu foco e sua eficiência ao longo do último quarto de século; 2) que o êxito desses programas dependeu, de maneira importante, das flutuações da conjuntura mundial; e 3) que no combate à crise de 2008/09, enfrentada com maior ênfase no processo redistributivo, produziram-se consequências importantes sobre as políticas fiscal, monetária e cambial. Usamos alguns expedientes oportunistas, mais do que uma arquitetura de política econômica coerente.
Do ponto de vista fiscal, acelerou-se o dispêndio e reduziu-se a receita pelos estímulos tributários, o que cortou os superávits primários. Do ponto de vista da inflação, o aumento da demanda pública, os aumentos salariais muito acima da produtividade e a rápida expansão do crédito dos bancos públicos tinham de dissipar-se num aumento da taxa de inflação e/ou num aumento do déficit em conta corrente, como aconteceu.
A taxa de câmbio real (graças ao diferencial do nível da taxa de juro real interna) valorizou-se violentamente para ajudar a controlar a inflação. O seu custo foi a desmontagem de um dos setores mais sofisticados e decisivos para o crescimento econômico, o de produtos manufaturados. O superávit exportador de US$ 139 bilhões entre 2002-2007, foi substituído por um déficit de US$ 126 bilhões de 2008 a 2013, uma fantástica redução de demanda externa de US$ 265 bilhões! Por que algum industrial iria investir?
Temos tempo para corrigir. É hora de o Congresso dar todo o apoio ao governo para que possamos fazê-lo.
Nem quente nem frio - JOSÉ PAULO KUPFER
O Estado de S.Paulo - 03/12
A menos de um mês do fim do ano, não seria o caso de esperar surpresas em relação ao que já está projetado para a evolução da economia em 2013. Não há indicação mais óbvia dessa afirmativa do que a ancoragem, nas últimas seis semanas, da previsão de um crescimento de 2,5% para o PIB deste ano, segundo os analistas consultados pelo boletim Focus.
Mesmo com a revisão do resultado de 2012, que deve ser divulgado hoje pelo IBGE, juntamente com os números do terceiro trimestre deste ano, as incertezas dizem respeito mais ao passado do que ao futuro próximo. Mais uma vez, a afirmação atribuída ao ex-ministro Pedro Malan, segundo a qual na economia brasileira até o passado é incerto, dá o ar da graça e confirma sua validade.
A partir do terceiro trimestre, o cálculo das contas nacionais levará em conta os resultados da nova Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), série inaugurada em meados deste ano. Até então, o movimento dos serviços - o setor, pelo lado da oferta, de maior peso na formação do PIB - derivava de uma série de indicadores aproximativos.
Se não houve vazamento de informações, ninguém saberá antes da manhã de hoje, exceto técnicos do IBGE envolvidos no assunto, a abrangência e profundidade dessa revisão. Entre analistas de conjuntura, as especulações sobre o acréscimo na variação do PIB revisado de 2012 ocupam um intervalo entre 0,5 ponto porcentual e 1 ponto. Do atual 0,9% de 2012, a expansão pode chegar a 1,9%. Não custa lembrar que a presidente Dilma Rousseff antecipou há alguns dias a marca revisada de 1,5%.
É de se prever que a divulgação dos números revisados do PIB produzirá um debate sobre a oportunidade do momento e a adequação das metodologias aplicadas pelo IBGE para ajustar as séries históricas à PMS. A inevitável argumentação de que se trata de manipulação estatística, com fins político-eleitorais, estará, sem dúvida, entre as mais pobres delas. Além de não encontrar respaldo na tradição de seriedade do IBGE, se sustentará na ideia atrasada de que, podendo aprimorar os instrumentos de medição da temperatura econômica, é melhor ficar com os antigos e mais imprecisos.
As consequências da revisão podem ser mais pronunciadas em 2014 do que em 2013. É que, enquanto os efeitos sobre as contas do ano em curso têm a ver com o aumento da base de comparação, podendo até resultar em corte de pontos porcentuais do PIB de 2013, a elevação de 2012 poderá afetar, em princípio positivamente, os números de 2014 porque a revisão provocará um reajuste maior do salário mínimo, conforme a regra em vigor - que combina a inflação, calculada pelo INPC do ano anterior, com a variação do PIB dois anos antes. Vale observar que o eventual ganho na demanda pode ser atropelado pelo eventual ganho na inflação. José Francisco de Lima Gonçalves, o experiente economista-chefe do Banco Fator, por exemplo, "tem a impressão", como faz questão de ressalvar, que os efeitos serão quase nulos em 2013.
Não se deve, de fato, esperar nada muito emocionante, nos resultados do terceiro e do quarto trimestres deste ano. A economia já deu o que tinha de dar em 2013 e, na comparação com os trimestres anteriores, não deve trazer nada além de uma pequena expansão ou um pequeno encolhimento. Sem revisão nos cálculos, o PIB está em torno de 2,5% acima do ano passado.
Com ou sem mudanças metodológicas no cálculo do PIB, de todo modo, pode-se fixar um padrão para o comportamento da economia, no governo Dilma, que não fugirá à regra em 2013 e tem tudo para se manter no último ano de seu mandato: não é tão quente quanto gostariam - e não se cansam de prometer representantes e aliados do governo - nem tão frio quanto desejariam - e se esforçam para demonstrar - seus críticos e adversários políticos.
Diante das necessidades de crescimento da economia brasileira, é um padrão que fica devendo.
A menos de um mês do fim do ano, não seria o caso de esperar surpresas em relação ao que já está projetado para a evolução da economia em 2013. Não há indicação mais óbvia dessa afirmativa do que a ancoragem, nas últimas seis semanas, da previsão de um crescimento de 2,5% para o PIB deste ano, segundo os analistas consultados pelo boletim Focus.
Mesmo com a revisão do resultado de 2012, que deve ser divulgado hoje pelo IBGE, juntamente com os números do terceiro trimestre deste ano, as incertezas dizem respeito mais ao passado do que ao futuro próximo. Mais uma vez, a afirmação atribuída ao ex-ministro Pedro Malan, segundo a qual na economia brasileira até o passado é incerto, dá o ar da graça e confirma sua validade.
A partir do terceiro trimestre, o cálculo das contas nacionais levará em conta os resultados da nova Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), série inaugurada em meados deste ano. Até então, o movimento dos serviços - o setor, pelo lado da oferta, de maior peso na formação do PIB - derivava de uma série de indicadores aproximativos.
Se não houve vazamento de informações, ninguém saberá antes da manhã de hoje, exceto técnicos do IBGE envolvidos no assunto, a abrangência e profundidade dessa revisão. Entre analistas de conjuntura, as especulações sobre o acréscimo na variação do PIB revisado de 2012 ocupam um intervalo entre 0,5 ponto porcentual e 1 ponto. Do atual 0,9% de 2012, a expansão pode chegar a 1,9%. Não custa lembrar que a presidente Dilma Rousseff antecipou há alguns dias a marca revisada de 1,5%.
É de se prever que a divulgação dos números revisados do PIB produzirá um debate sobre a oportunidade do momento e a adequação das metodologias aplicadas pelo IBGE para ajustar as séries históricas à PMS. A inevitável argumentação de que se trata de manipulação estatística, com fins político-eleitorais, estará, sem dúvida, entre as mais pobres delas. Além de não encontrar respaldo na tradição de seriedade do IBGE, se sustentará na ideia atrasada de que, podendo aprimorar os instrumentos de medição da temperatura econômica, é melhor ficar com os antigos e mais imprecisos.
As consequências da revisão podem ser mais pronunciadas em 2014 do que em 2013. É que, enquanto os efeitos sobre as contas do ano em curso têm a ver com o aumento da base de comparação, podendo até resultar em corte de pontos porcentuais do PIB de 2013, a elevação de 2012 poderá afetar, em princípio positivamente, os números de 2014 porque a revisão provocará um reajuste maior do salário mínimo, conforme a regra em vigor - que combina a inflação, calculada pelo INPC do ano anterior, com a variação do PIB dois anos antes. Vale observar que o eventual ganho na demanda pode ser atropelado pelo eventual ganho na inflação. José Francisco de Lima Gonçalves, o experiente economista-chefe do Banco Fator, por exemplo, "tem a impressão", como faz questão de ressalvar, que os efeitos serão quase nulos em 2013.
Não se deve, de fato, esperar nada muito emocionante, nos resultados do terceiro e do quarto trimestres deste ano. A economia já deu o que tinha de dar em 2013 e, na comparação com os trimestres anteriores, não deve trazer nada além de uma pequena expansão ou um pequeno encolhimento. Sem revisão nos cálculos, o PIB está em torno de 2,5% acima do ano passado.
Com ou sem mudanças metodológicas no cálculo do PIB, de todo modo, pode-se fixar um padrão para o comportamento da economia, no governo Dilma, que não fugirá à regra em 2013 e tem tudo para se manter no último ano de seu mandato: não é tão quente quanto gostariam - e não se cansam de prometer representantes e aliados do governo - nem tão frio quanto desejariam - e se esforçam para demonstrar - seus críticos e adversários políticos.
Diante das necessidades de crescimento da economia brasileira, é um padrão que fica devendo.
0013, licença para ser corrupto - A. P. QUARTIM DE MORAES
O Estado de S.Paulo - 03/12
Nas entrelinhas do discurso oficial petista e nas manifestações explícitas da militância que abundam nas redes sociais se consolida a afirmação do princípio de que em política os fins justificam os meios e, por isso, os condenados do mensalão - os filiados ao PT, claro, pois os demais são ignorados - foram injustiçados e não merecem estar presos. É mais ou menos como se os petistas tivessem decidido que seus destemidos agentes empenhados na luta do Bem contra o Mal são, como James Bond, justiceiros portadores de uma licença especial para, no caso, serem corruptos. São os heroicos agentes 0013.
Recentemente encontrei no Facebook pelo menos três militantes petistas diferentes defendendo com todas as letras a ideia de que é preciso ter a coragem de assumir, realisticamente, que é "impossível" governar sem o apoio de uma ampla aliança partidária, o que implica, infeliz, mas inevitavelmente, a presença de políticos de má reputação nas linhas governistas. Cerca de 20 anos trás, logo após ter passado pela experiência de ser deputado federal como constituinte, Lula proclamou - e todos sabem que com razão - que o Congresso Nacional estava infestado por "300 picaretas". Depois ele assumiu o governo por oito anos e hoje, provavelmente, esse número é bem maior. Significa que o PT renegou a sua pregação histórica pelo saneamento da política e, em vez de, no poder, combater a corrupção que sempre denunciou, preferiu tratar os corruptos com indulgência e até mesmo, quando necessário, a eles se aliar.
Mas é preciso tomar cuidado com a afirmação de que o PT se aliou aos corruptos, porque a colocação da questão nesses termos implica aceitar que os corruptos estão todos fora do PT e são apenas "aliados" circunstanciais. A verdade é que Lula e seu partido renunciaram ao bom combate contra a corrupção e, em nome da "governabilidade", a ela se renderam. Dilma Rousseff que o diga. Basta ver como foi constrangida a recuar na "faxina" que promoveu nos altos escalões do governo logo nos primeiros meses de seu mandato.
É natural, portanto, que agora os petistas procurem defender os seus condenados por corrupção no episódio do mensalão, recorrendo, como de hábito, ao ataque como a melhor defesa. A tentativa de demonizar o ministro-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) faz parte desse jogo. Para os companheiros de Lula, Joaquim Barbosa é quem merecia estar na cadeia, por não ter respeitado a licença especial dos agentes 0013.
Mas quando se fala em corruptos do PT e no caso do mensalão se impõe uma ressalva relativa a José Genoino. Ninguém de boa-fé há de duvidar da honestidade pessoal e do espírito público do ex-presidente do PT, atualmente encarcerado. Muito diferente de José Dirceu, hoje um homem rico que, apeado do poder formal, se dedicou a ganhar dinheiro, muito dinheiro, explorando seus contatos e sua influência nos governos petistas, Genoino vive de modo compatível com sua condição de cidadão de classe média. Acontece que, por ironia, não foi preciso aplicar a teoria do domínio do fato para condenar Genoino, pois ele próprio se encarregou de fornecer provas irrefutáveis de seu envolvimento no esquema do mensalão, assinando como presidente do partido as autorizações para o tesoureiro Delúbio Soares fazer a movimentação financeira ilegal que abasteceu o propinoduto viabilizado por Marcos Valério.
Genoino, que é honesto, mas não é cego nem burro, sabia muito bem no que se estava metendo. É imaginável até que, não concordando com a maracutaia, tenha tentado levar suas objeções ao chefão do esquema. Também não é difícil imaginar a reação de José Dirceu, impaciente com a hesitação do companheiro: "Pô, Genoino, larga mão de frescura e assina logo isso aí!". E a virtude de um homem probo se esvaiu pelo ralo da força maior. Mas não se pode descartar a hipótese de que ele tenha assinado os documentos sem duvidar de que estivesse fazendo a coisa certa. Nesse caso, não tem do que reclamar.
O forte apelo emocional que tem a imagem de boa gente de José Genoino - para cuja exploração a atual debilidade de sua saúde é extremamente oportuna - tem sido usado sem a menor cerimônia pelo PT na tentativa de desacreditar um dos Poderes da República, que acusa de ter transformado em "presos políticos" devotados servidores do Bem. Preso político é aquele punido por conspirar ou agir, por convicção ideológica, contra os Poderes constituídos. Por mais que os petistas ousem manipular a semântica, é absolutamente incongruente a ideia de que fiéis dirigentes e militantes do partido que detém o domínio político do Estado sejam "presos políticos" em seu próprio país.
Lula - que, apesar do sentimento de onipotência de que é possuído, amarga a frustração de seu propósito de "desmontar a farsa do mensalão" - tem abusado do direito de ser insensato em suas recentes investidas contra o Supremo Tribunal Federal. Ainda há pouco se queixou de que, para "eles", "a lei só vale para o PT". Numa só frase, duas tolices. Uma, o ato falho de admitir que o STF aplicou a lei no julgamento do mensalão. A outra, ignorar que, além do PT, outros partidos foram atingidos pelas condenações, inclusive o grande aliado PMDB.
Essa, enfim, é a lógica de um partido que tem a pretensão de se apresentar como detentor exclusivo da fórmula da felicidade para o Brasil. Em seu maniqueísmo, os petistas pretendem convencer a Nação de que os inimigos são, não importa no que acreditem ou o que façam, todos aqueles que... não são petistas. Até os aliados, mesmo os de boa-fé, são tratados com uma tolerância que não vai além dos limites estritos dos interesses eleitorais de quem almeja perpetuar-se no poder. Um fim que justifica todos os meios. E a serviço do qual foi concebido o intrépido esquadrão dos agentes 0013.
Nas entrelinhas do discurso oficial petista e nas manifestações explícitas da militância que abundam nas redes sociais se consolida a afirmação do princípio de que em política os fins justificam os meios e, por isso, os condenados do mensalão - os filiados ao PT, claro, pois os demais são ignorados - foram injustiçados e não merecem estar presos. É mais ou menos como se os petistas tivessem decidido que seus destemidos agentes empenhados na luta do Bem contra o Mal são, como James Bond, justiceiros portadores de uma licença especial para, no caso, serem corruptos. São os heroicos agentes 0013.
Recentemente encontrei no Facebook pelo menos três militantes petistas diferentes defendendo com todas as letras a ideia de que é preciso ter a coragem de assumir, realisticamente, que é "impossível" governar sem o apoio de uma ampla aliança partidária, o que implica, infeliz, mas inevitavelmente, a presença de políticos de má reputação nas linhas governistas. Cerca de 20 anos trás, logo após ter passado pela experiência de ser deputado federal como constituinte, Lula proclamou - e todos sabem que com razão - que o Congresso Nacional estava infestado por "300 picaretas". Depois ele assumiu o governo por oito anos e hoje, provavelmente, esse número é bem maior. Significa que o PT renegou a sua pregação histórica pelo saneamento da política e, em vez de, no poder, combater a corrupção que sempre denunciou, preferiu tratar os corruptos com indulgência e até mesmo, quando necessário, a eles se aliar.
Mas é preciso tomar cuidado com a afirmação de que o PT se aliou aos corruptos, porque a colocação da questão nesses termos implica aceitar que os corruptos estão todos fora do PT e são apenas "aliados" circunstanciais. A verdade é que Lula e seu partido renunciaram ao bom combate contra a corrupção e, em nome da "governabilidade", a ela se renderam. Dilma Rousseff que o diga. Basta ver como foi constrangida a recuar na "faxina" que promoveu nos altos escalões do governo logo nos primeiros meses de seu mandato.
É natural, portanto, que agora os petistas procurem defender os seus condenados por corrupção no episódio do mensalão, recorrendo, como de hábito, ao ataque como a melhor defesa. A tentativa de demonizar o ministro-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) faz parte desse jogo. Para os companheiros de Lula, Joaquim Barbosa é quem merecia estar na cadeia, por não ter respeitado a licença especial dos agentes 0013.
Mas quando se fala em corruptos do PT e no caso do mensalão se impõe uma ressalva relativa a José Genoino. Ninguém de boa-fé há de duvidar da honestidade pessoal e do espírito público do ex-presidente do PT, atualmente encarcerado. Muito diferente de José Dirceu, hoje um homem rico que, apeado do poder formal, se dedicou a ganhar dinheiro, muito dinheiro, explorando seus contatos e sua influência nos governos petistas, Genoino vive de modo compatível com sua condição de cidadão de classe média. Acontece que, por ironia, não foi preciso aplicar a teoria do domínio do fato para condenar Genoino, pois ele próprio se encarregou de fornecer provas irrefutáveis de seu envolvimento no esquema do mensalão, assinando como presidente do partido as autorizações para o tesoureiro Delúbio Soares fazer a movimentação financeira ilegal que abasteceu o propinoduto viabilizado por Marcos Valério.
Genoino, que é honesto, mas não é cego nem burro, sabia muito bem no que se estava metendo. É imaginável até que, não concordando com a maracutaia, tenha tentado levar suas objeções ao chefão do esquema. Também não é difícil imaginar a reação de José Dirceu, impaciente com a hesitação do companheiro: "Pô, Genoino, larga mão de frescura e assina logo isso aí!". E a virtude de um homem probo se esvaiu pelo ralo da força maior. Mas não se pode descartar a hipótese de que ele tenha assinado os documentos sem duvidar de que estivesse fazendo a coisa certa. Nesse caso, não tem do que reclamar.
O forte apelo emocional que tem a imagem de boa gente de José Genoino - para cuja exploração a atual debilidade de sua saúde é extremamente oportuna - tem sido usado sem a menor cerimônia pelo PT na tentativa de desacreditar um dos Poderes da República, que acusa de ter transformado em "presos políticos" devotados servidores do Bem. Preso político é aquele punido por conspirar ou agir, por convicção ideológica, contra os Poderes constituídos. Por mais que os petistas ousem manipular a semântica, é absolutamente incongruente a ideia de que fiéis dirigentes e militantes do partido que detém o domínio político do Estado sejam "presos políticos" em seu próprio país.
Lula - que, apesar do sentimento de onipotência de que é possuído, amarga a frustração de seu propósito de "desmontar a farsa do mensalão" - tem abusado do direito de ser insensato em suas recentes investidas contra o Supremo Tribunal Federal. Ainda há pouco se queixou de que, para "eles", "a lei só vale para o PT". Numa só frase, duas tolices. Uma, o ato falho de admitir que o STF aplicou a lei no julgamento do mensalão. A outra, ignorar que, além do PT, outros partidos foram atingidos pelas condenações, inclusive o grande aliado PMDB.
Essa, enfim, é a lógica de um partido que tem a pretensão de se apresentar como detentor exclusivo da fórmula da felicidade para o Brasil. Em seu maniqueísmo, os petistas pretendem convencer a Nação de que os inimigos são, não importa no que acreditem ou o que façam, todos aqueles que... não são petistas. Até os aliados, mesmo os de boa-fé, são tratados com uma tolerância que não vai além dos limites estritos dos interesses eleitorais de quem almeja perpetuar-se no poder. Um fim que justifica todos os meios. E a serviço do qual foi concebido o intrépido esquadrão dos agentes 0013.
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