quinta-feira, dezembro 01, 2011
Calma, gente - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 01/12/11
Veja como certos políticos são rápidos no gatilho quando vislumbram um holofote. O simples anúncio na imprensa de que Ronaldo poderá integrar o Comitê da Copa bastou para o deputado Jonas Donizete, presidente da Comissão de Desporto da Câmara, convocar o ex-atleta para sentar na cadeira do dragão e dar explicações.
Dia D...
Ricardo Teixeira chega esta manhã de um giro por Zurique e Londres e se reúne com Ronaldo. Depois, darão entrevista. O craque será a “cara” do Comitê Local, mas não seu presidente. A diferença é... não sei.
Alô, Paes!
Desabafo de Paulo César Caju, campeão do mundo em 1970 e carioca da Favela da Cocheira, ontem, na Soccerex, a superfeira de futebol que ocorre no Rio: — É absurdo um jogador premiado como eu nunca ter recebido homenagem da cidade.
‘My name is Cabral’
Cabral, com seu curso intensivo de inglês, já começa a mostrar desembaraço no idioma. Em Nova York para conversas com investidores, tem falado inglês pelos cotovelos. Mas ainda tropeça nos pronomes e no vocabulário. “I’m improving (estou melhorando)”, brinca.
Cena carioca
Ontem, um casal pegou um táxi no Santos Dumont e, no trajeto até a Zona Sul, o motorista foi falando no celular com um tal Fernando. À certa altura, veja só, o desaforado se virou e pediu: — Podem anotar um telefone para mim que estou dirigindo?
Mamãe idosa
Uma carioca de 61 anos, casada com um homem 23 mais novo, deu à luz ontem uma menina de 2,5kg, no Rio. É seu primeiro bebê. A mulher engravidou graças a um óvulo comprado. Mãe e filha passam bem.
O CEMITÉRIO DE
Ricardo de Albuquerque, no Rio, vai ganhar, dia 11 agora, um memorial em homenagem a 14 presos políticos assassinados pela ditadura militar entre 1970 e 1974. Foi sugestão do grupo Tortura Nunca Mais e do vice-prefeito carioca, Carlos Alberto Muniz. A RioUrbe, que toca o projeto, vai pôr totens (veja na foto) para lembrar as 14 vítimas, cujas ossadas estão guardadas no Hospital Geral de Bonsucesso, federal. Os restos serão levados para o cemitério em dezembro, onde ficarão num grande túmulo de granito. Que descansem em paz
Guerra societária
Deu no “La Repubblica” que o presidente da Pirelli, Marco Provera, foi interrogado semana passada por dois procuradores da Justiça de Milão. É acusado de dois crimes: um desfalque gerado após roubo de dados eletrônicos, e outro que envolve os 26 milhões de euros repassados ao brasileiro Naji Nahas, o qual, segundo o jornal italiano, “transita entre o mundo político e o dos negócios”.
Segue...
O caso remonta ao início dos anos 2000, quando Naji foi contratado por Provera, então chefão da Telecom Itália, para ajudá-lo a resolver a guerra societária na Brasil Telecom.
Música evangélica
A TV Globo segue investindo no segmento evangélico. Promoveu terça o Troféu Promessas, apresentado pelo ator Eriberto Leão, para novos talentos da música evangélica.
Sobrou para os EUA
Líderes comunitários da Baixada Fluminense e da Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio, farão um ato contra o vazamento de óleo da Chevron na Bacia de Campos em frente ao consulado dos EUA, amanhã, às 10h30m. Levarão duas garças de gesso cobertas de piche para representar a tragédia.
O médico e o...
A 5a- Câmara Cível do Rio condenou o psiquiatra Marcelo de Oliveira a indenizar em R$ 3 mil a paciente Nilcéa Santos. É que, numa consulta, o doutor teria se alterado e a agredido verbalmente.
Corte e costura
O que se diz na sala de costura é que já foi mais feliz o casamento do grupo InBrands com a grife do badalado estilista Alexandre Herchovitch, com lojas em São Paulo, Rio e Tóquio. As partes negociariam um fim amigável da parceria.
Bispo de Niterói
O Papa Bento XVI aceitou a renúncia de Dom Alano Maria Pena, 76 anos, arcebispo de Niterói, e nomeou para o lugar Dom José Francisco Rezende Dias, 52, atual bispo de Caxias, RJ. O novo bispo nasceu em Brasópolis, MG, e é muito ligado ao influente Dom Walmor Oliveira, de Belo Horizonte. A posse está prevista para fevereiro.
Núbia é campeã
A ex-prefeita de Magé Núbia Cozzolino é, entre os políticos, a mais denunciada à Ouvidoria do MP do Rio. Mas a vidraça, terça, fez o papel de pedra. Apresentou três denúncias contra uma juíza.
BALANÇARAM O pé de moça formosa na gravação das vinhetas de carnaval da TV Globo: Antônia Fontenelle (Mocidade), Ellen Rocche (Porto da Pedra) e Raíssa Oliveira (Beija-Flor)
CAROLINDA, PERDÃO, Carolina Dieckmann e Maria Ribeiro, duas flores do orquidário de musas do nosso coleguinha Jorge Bastos Moreno, posam na estréia do filme “Domingos” (de Maria), no Estação Vivo, na Gávea
PONTO FINAL
Um gaiato espalha que Serginho Groisman, o apresentador, é a cara de Andrés Sanchez, o cartola do Corinthians. Mas Serginho (à esquerda) é gente boa. Já Andrés... há controvérsias.
Se não fossem os políticos... - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O Globo - 01/12/2011
Se não fossem os políticos, a economia americana e, pois, a mundial estariam em situação muito melhor. Sinais de recuperação reapareceram por lá. Os consumidores foram às compras no feriadão do Dia de Ação de Graças e têm se declarado mais confiantes. Não há mais destruição de empregos, e novas vagas começam a aparecer. As empresas estão com o caixa pronto para novos investimentos. Ontem, foi uma sequência de boas notícias: empresas privadas abriram mais de 200 mil vagas em outubro, o dobro do esperado; as vendas de casas subiram 10% em outubro, contra queda de 4% no mês anterior; e dois indicadores importantes mostraram atividade industrial em expansão.
Mas continua tudo emperrado do outro lado. Não se sabe como o governo pode apoiar (ou atrapalhar) a recuperação e como vai lidar com o enorme buraco das contas públicas. Com um presidente democrata, Obama, e uma Câmara de Deputados controlada pelos republicanos, há um empate político que impede a formulação de um programa econômico de médio prazo.
Em tempos normais, os moderados dos dois lados, a direita dos democratas e a esquerda dos republicanos, construiriam um plano de consenso. Não é mais assim. De um lado, o Partido Democrata deslizou um pouco para a esquerda com Obama. De outro, o Partido Republicano avançou demasiadamente para a direita, podendo ser considerado o culpado principal nesta história.
Há diferenças ideológicas históricas e, afinal, iguais às existentes em qualquer outro país. Os democratas, esquerda, favorecem o gasto social, financiado por impostos cobrados sobre os grupos de maior renda e sobre grandes empresas e bancos. Republicanos, direita, acham que gastos do governo funcionam mal, quaisquer que sejam, de maneira que a saída é criar condições para que o setor privado faça o serviço de gerar crescimento e emprego. Por isso, quanto menos impostos melhor, especialmente para os que têm capacidade de investir.
Na prática, porém, são mais inteligentes aqueles governantes que não se prendem ferreamente à ideologia e se acertam com as circunstâncias. Bill Clinton, democrata, fez um forte ajuste de contas públicas. Ronald Regan, republicano, aumentou impostos.
Além disso, estes não são tempos normais. Se Obama colocou uma montanha de dinheiro público para salvar bancos e grandes empresas, temendo que seu colapso arrastasse toda a economia, por que os republicanos não poderiam topar algum aumento de imposto para financiar déficits orçamentários que podem abortar a recuperação privada?
O presidente Obama fez genuínos esforços de composição. Isso, aliás, custa-lhe a oposição dos dois lados. No seu próprio partido, acusam-no de ser extremamente condescendente com os bancos e o big business. Do outro lado, consideram-no um perigoso esquerdista. No meio do espectro político, muitos consideram que ele não conseguiu unir o país. É preciso reconhecer que ele assumiu em circunstâncias particularmente difíceis, mas é para isso mesmo que se elegem os líderes, não é?
No terreno do bom-senso, economistas de diversas tendências concordam que os Estados Unidos precisam de uma combinação de estímulo público imediato e austeridade em médio e longo prazos. Ou seja, gastos públicos direcionados, agora, para as pessoas mais atingidas pela crise, os desempregados, e algum tipo de subsídio para setores econômicos com maior propensão de gerar empregos. Praticamente todo mundo concorda que não há como escapar de aumento de impostos para financiar essas despesas sem aumentar ainda mais o déficit público. E há diversas maneiras para se cobrar mais impostos dos mais ricos, sem aplicar nenhum confisco. Uma vez consolidada a recuperação do setor privado - o que se mede pela queda do desemprego - sairiam os estímulos e entraria o corte de despesas.
Parece sensato, mas há um obstáculo insuperável no lado republicano. Todos os seus principais líderes prometeram formalmente que não votariam nenhuma legislação que aumentasse impostos de qualquer tipo, para qualquer setor ou pessoa. É mais do que radical. É loucura. A revista "Economist", por exemplo, sugeriu que nem seria necessário elevar alíquotas de impostos.
Bastaria eliminar ou reduzir deduções que beneficiam as famílias de maior renda. Nem isso passa.
Além de ideologia, há aí um cálculo político dos republicanos. Como o presidente Obama tem baixo índice de aprovação e como a economia se recupera lentamente, eles acreditam ter grande chance de tirá-lo da Casa Branca em novembro próximo. Os democratas reagem - e pronto, lá se foram as possibilidades de programas bipartidários. O país está em plena campanha eleitoral, quando as posições normalmente radicalizam.
Assim, até final do próximo ano, não haverá programa econômico de médio prazo nos EUA. Os governantes, no Executivo e no Legislativo, vão empurrar com a barriga e reagir às emergências. Não são estúpidos a ponto de deixar que o país mergulhe no desastre.
O Federal Reserve, Fed, o banco central, tem espaço para manobras independentes, como fez ontem, e pode ajudar a evitar o pior. Mas a variável chave continua a ser o ajuste das contas públicas, que não depende do Fed, mas sim do desempate entre o presidente e o Congresso.
Não é só na Europa que faltam líderes de maior sabedoria.
PREVIDÊNCIA PÚBLICA
Funcionários públicos da Inglaterra fizeram greve, ontem, para protestar contra a reforma da previdência iniciada pelo governo conservador de David Cameron. Como toda reforma, em qualquer país, o objetivo é aumentar o tempo de contribuição, o valor da contribuição e, em certos casos, reduzir o valor da pensão. A idade mínima de aposentadoria, por exemplo, está sendo elevada de 65 para 67 anos, para homens e mulheres.
Diz o governo britânico que, sem as reformas, o déficit previdenciário pode chegar logo a "perigosos" 9 bilhões de libras, algo como R$25 bilhões. Sabem qual o déficit da previdência dos funcionários públicos federais no Brasil? R$50 bilhões neste ano, o dobro do que os ingleses consideraram temerário.
Não é difícil entender por que a presidente Dilma, que não é conservadora, está apressando a votação da sua reforma. Também é fácil verificar que esse déficit é mais um pedaço da herança maldita que recebeu de seu patrocinador.
O primeiro aviso - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE 01/12/11
Embora a popularidade da presidente Dilma tenha permitido que ela leve o governo sem precisar dar atenção total ao Congresso, é chegada a hora de abrir os olhos. O parlamento funciona como o teatro. Antes de se abrirem as cortinas para o espetáculo, as luzes começam a piscar
Partiu do presidente do Senado, José Sarney, a primeira grande dor de cabeça no governo nesta reta final do ano. Ele colocou em pauta a regulamentação da Emenda 29, que amplia a aplicação de recursos na área de saúde e deixou o governo em pânico. O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), correu e tirou o regime de urgência que fazia com que a emenda andasse mais rápido.
Muitos podem ver essa atitude de Sarney e a de Jucá como parte do dia a dia da Casa. Mas quem entende das coisas diz que nada ali acontece por acaso. No Congresso, ninguém tem dúvidas de que, embora a base aliada seja maior no Senado, é ali que o governo terá dificuldades.
Isso porque, na Câmara, todos os partidos avaliam que está tudo meio que paralisado. Ali, deputados reclamam que ministros não aparecem mais como nos velhos tempos — leia-se tempos de Lula. Integrantes do primeiro escalão frequentavam mais gabinetes de líderes, convidando um deputado para lhe acompanhar ao estado, tempo para a conversa política.
Agora, avaliam os deputados, isso acabou. Os ministros, com medo da reação da presidente Dilma Rousseff — pelo menos é essa a desculpa que eles passam aos líderes — só comparecem ao Congresso para as famosas audiências em que o tempo de conversa não existe. Nos ministérios, os mais festejados por receberem os parlamentares em seus gabinetes são o da Saúde, Alexandre Padilha, e o da Agricultura, Mendes Ribeiro, de volta à Esplanada depois de uma cirurgia no cérebro.
No Planalto, a maioria dos políticos se considera órfã. Ideli Salvatti, de Relações Institucionais, recebe, é considerada simpática, mas, considerando o número de deputados e senadores, 594, uma Ideli não basta. É pouco para atender a todos. A da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, atarefada com os projetos do governo, não tem muito tempo para essa tarefa de sentir o pulso do Congresso e ajudar a perceber o que acontece no parlamento.
Quem conhece a Casa avalia que é hora de prestar muita atenção em todos os movimentos. Embora a popularidade da presidente Dilma tenha permitido que ela leve o governo sem precisar dar atenção total ao Congresso, é chegada a hora de abrir os olhos. Afinal, o Parlamento funciona geralmente como o teatro. Antes de s abrirem as cortinas para o início do espetáculo, as luzes começam a piscar, de forma a avisar o público que procure logo seus lugares e encerre as conversas paralelas. Foi mais ou menos isso que Sarney fez ontem.
Por falar em paralelas...
O PMDB voltou a ficar meio desconfiado das conversas do PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, com o PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O PMDB considera que Eduardo Campos se prepara para jogar a seguinte cartada: ou vira vice de Dilma Rousseff ou será candidato a presidente da República logo em 2014. Os peemedebistas estão convencidos de que os dois partidos, PSB e PSD, vão se unir para tirar de Michel Temer a candidatura a vice-presidência da República lá na frente. Pelo menos, é esse o discurso que o PMDB levará às suas bases para forçar o lançamento de candidaturas próprias por todo o país no que vem. A ordem no partido é: ou a legenda se fortalece em 2012 nas eleições municipais ou irá comer poeira na sucessão presidencial. É por aí que a banda peemedebista vai tocar depois do mês do Natal.
Dentro do PMDB, entretanto, há quem pretenda continuar ao lado do PT — e assim não deixar que Eduardo Campos e a aliança PSB-PSD lhe tome o lugar. Esse grupo do PMDB é formado em sua maioria pelos pragmáticos senadores. Para sorte deles, é no Senado onde os peemedebistas dão as cartas. Ali, nem PSD nem PSB têm chances de, juntos, compor uma bancada tão grande ao ponto de levar o governo a dispensar os serviços peemedebistas. Por isso, dentro do próprio governo, há quem diga que se houver mais duas piscadelas de luz no teatro do Senado, a presidente Dilma terá que novamente abrir as portas do Alvorada para receber senadores do partido do vice-presidente Michel Temer e avisar que é com ele o jogo do futuro. É isso o que o PMDB quer ouvir. O problema é que, quando essas piscadelas virão, é que ninguém sabe.
Sonho tunisiano - MERVAL PEREIRA
Do momento em que um jovem vendedor ambulante de frutas e verduras se imolou em praça pública no interior da Tunísia, em protesto contra os desmandos das autoridades, até hoje, um ano depois, quando seu gesto continua desencadeando manifestações populares na região que já derrubaram nada menos que três ditadores, e levaram às urnas, pela primeira vez em eleições democráticas, vários países, houve uma “reinvenção da liberdade”, valor central da condição do homem moderno.
A definição é da escritora Hélé Béji, uma das principais intelectuais da Tunísia, fundadora do Colégio Internacional de Tunis, que participa a partir de hoje da conferência da Academia da Latinidade que vai debater justamente as consequências, para a região e para a democracia, da chamada Primavera Árabe.
Criada para discutir a questão do multiculturalismo num mundo dominado pela hegemonia dos EUA, mesmo antes dos atentados do 11 de Setembro, a Academia da Latinidade reúne intelectuais, na maioria de países de origem latina, e se propõe a intermediar as relações do Ocidente com o Oriente, tendo como base o fortalecimento da democracia.
Seu secretário-geral, o filósofo e sociólogo brasileiro Candido Mendes, diz que esta XXIV Conferência, intitulada “Os novos imaginários democráticos”, pretende discutir as muitas interrogações que estão postas sobre a afirmação da identidade coletiva dos que desencadearam a Primavera Árabe, em meio às tensões da guerra de religões, da queda de ditaduras e do fundamentalismo renovado na região mediterrânea.
O que se pretende debater, segundo Candido Mendes, é se a democracia tornou-se uma ideia universal possível, no encontro de um diálogo num mundo marcado pela indiferença, pelo mal-entendido entre a laicidade e o mundo islâmico, e se é possível a compreensão efetiva do pluralismo étnico ou do multiculturalismo nas construções nacionais que se seguirão às mudanças.
A escritora tunisiana parece não ter dúvidas. Para ela, “assistimos, pela primeira vez na História contemporânea, e com ressonância mundial e não somente regional”, à reinvenção da liberdade, e “a partir de agora não há mais fronteiras morais ou políticas” entre o mundo livre, que se identificava com o Ocidente, e os outros mundos.
Candido Mendes ressalta que, com o fim da antiga homogeneidade de um mundo dividido entre centros e periferias, será preciso enfrentar as novas contradições entre afirmação identitária, autodeterminação e prioridade democrática.
Já Hélé, entusiasmada com o momento, fala da “aceleração da História”, quando “a ação, o gesto, a rebelião, a palavra foram mais rápidos que o pensamento”. Ela considera que estamos diante de uma “ampliação infinita, mundial do que conhecíamos como mundo livre”. A partir de agora, para Hélé, os povos da Primavera Árabe são livres para imaginar a liberdade, e não apenas recebê-la dentro de um modelo predefinido pelo Ocidente.
Ela vê o momento atual como uma “segunda independência” para os países que haviam trocado a dominação exterior do colonialismo por uma dominação interior, das ditaduras. E compara os movimentos revolucionários que ocorrem nos países da Primavera Árabe à Renascença europeia dos séculos XV e XVI.
A revolução tunisiana, para Hélé, deu à palavra “democracia” uma acepção mais ampla que toca todas as esferas da existência social e humana nas sociedades afetadas, e não se limita apenas à ruptura de um sistema político arcaico ou a uma forma de governo.
Não se trata, diz ela, de somente construir um novo sistema político ou estabelecer regras honestas e justas de representação política, mas da possibilidade única de criar novos modos de relações humanas que não sejam baseadas em hierarquias antigas ou em comunidades envelhecidas ou ainda em medos ancestrais ou proteções patriarcais.
Será preciso, adverte, um trabalho individual de autorregulação, de autodisciplina, pois com o desaparecimento dos antigos sistemas coercitivos também desapareceram as referências históricas. Hélé pensa que, dentro do novo ambiente democrático, haverá necessidade de uma nova autoridade, que não pode ser religiosa.
“Nossas novas democracias estão à procura de sua própria autoridade, de seus próprios mitos, de seus próprios símbolos, de suas próprias tradições, seus próprios códigos, seu próprio discurso, seus próprios fundamentos ainda não formulados, em nome de uma nova cultura”, divaga Hélé.
As democracias modernas estão enfraquecidas pelo excesso de individualismo e pela ganância financeira, na visão de Hélé Béji, e estão longe de serem perfeitas, especialmente no campo da justiça social. Ela considera que a conferência da Academia da Latinidade pode explorar, nos diversos campos das ciências humanas, as consequências do que acredita ser um novo ciclo histórico da democracia, que, “através da extraordinária revolução do sul do Mediterrâneo, joga novas luzes sobre a crise das democracias ocidentais”.
A conferência se debruçará também, segundo Candido Mendes, sobre o impacto dessas mudanças nos caminhos clássicos do mundo europeu, envolto na crise da esquerda, do emprego e, sobretudo, das novas demandas por avanços nos direitos humanos e de cidadania, num espaço político novo e complexo.
Mais pragmático que sua colega Hélé, o secretário-geral da academia ressalta a importância, nos países subdesenvolvidos que fazem parte desse processo, das políticas públicas para reduzir a marginalidade social, distribuir melhor a renda e acelerar os resultados.
A turba ataca em Teerã - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S. Paulo - 01/12/11
No Irã dos aiatolás, só há dois tipos de manifestações de protesto. Aquelas que a teocracia reprime com brutalidade, como as que, em um desafio sem precedentes, tomaram as ruas de Teerã em meados de 2009 para denunciar a fraudada reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad. E aquelas que o regime apoia, quando não incentiva, como acaba de acontecer agora, para manter aceso o ódio aos inimigos que abomina - o "ente sionista" (Israel), o "grande Satã" (Estados Unidos) e o "pequeno Satã" (Reino Unido).
Destes, o único alvo físico ainda disponível no país são as imponentes edificações da missão diplomática britânica, no coração da capital iraniana - famosas por sediar em 1943 a conferência em que os líderes aliados Franklin Roosevelt, Winston Churchill e Josef Stalin planejaram as etapas finais da guerra contra a Alemanha nazista e o Japão. Anteontem, as dependências, em tese protegidas por acordos internacionais, foram invadidas e saqueadas por uma turba de 300 a 400 "estudantes", na realidade membros da milícia Basij, ligada ao aiatolá Ali Khamenei.
A própria televisão iraniana mostrou que forças dos serviços de segurança assistiram, impassíveis, às cenas de vandalismo. Levou horas até que agentes em trajes de combate, porém contrafeitos, retirassem os agressores. O ultraje lembrou de imediato a ocupação da embaixada americana em Teerã por uma horda xiita, logo em seguida ao advento do Estado policial-clerical que se autodenominou República Islâmica, em 1979. Os invasores mantiveram 52 funcionários reféns durante 444 dias.
A violência contra a representação do Reino Unido, condenada em termos duros pelo Conselho de Segurança da ONU, foi a resposta dos ultrarradicais do regime à decisão do governo do primeiro-ministro David Cameron, na semana passada, de impor ao Irã severas sanções econômicas, em decorrência das conclusões da AIEA, o fiscal nuclear das Nações Unidas, de que o país está no limiar de produzir a bomba atômica. Ao determinar o congelamento de todos os contatos com o Banco Central iraniano, Cameron foi mais longe nisso do que os próprios Estados Unidos.
Na segunda-feira, o Parlamento de Teerã "exigiu" a expulsão do embaixador Dominick Chilcott, por sinal instalado há bem pouco tempo na capital, enquanto o aiatolá Khamenei fulminava a "arrogância" do Reino Unido, com o seu histórico de "humilhar nações, destruir as suas culturas e apossar-se de seus recursos". Não é de agora que a maioria dos iranianos odeia os britânicos - pela derrubada, em 1951, do primeiro-ministro Muhammad Mossadegh, que nacionalizou a petrolífera anglo-iraniana, e por seu apoio ao governo tirânico do xá Reza Pahlevi, nos anos 60 a 70.
Em 1987, quando o Irã acusou a Grã-Bretanha de apoiar o Iraque com o qual estava em guerra, o encarregado de negócios Edward Chaplin chegou a ser agredido por membros da Guarda Revolucionária. Pouco depois, Londres determinou a retirada de todo o seu pessoal em Teerã. Repetiu a decisão ontem, ao fechar a sede da representação e o conjunto onde residiam os seus 26 funcionários, e dar 48 horas para o Irã fazer o mesmo na capital britânica.
O chanceler do Reino Unido, William Hague, descartou o rompimento formal de relações. Isso aconteceu, por iniciativa britânica, depois do decreto religioso que condenou à morte, em 1989, o escritor anglo-indiano Salman Rushdie por sua obra Os versos satânicos, considerada blasfema pelos aiatolás. Os dois países reataram apenas em 1998. Desta vez, Londres prefere deixar entreaberta uma fresta de diálogo com o governo Ahmadinejad, cuja chancelaria emitiu um incomum pedido de desculpas pelo ataque de anteontem.
Especula-se que o episódio faz parte de uma prolongada batalha pelo poder entre o grupo do presidente e as alas mais conservadoras do regime. Por incrível que pareça, Ahmadinejad estaria inclinado a reduzir as tensões com a comunidade internacional. Quanto à linha dura, parece claro que procura chegar a um confronto com o Ocidente, na esperança de acuar os sobreviventes da oposição interna e galvanizar as ruas de Teerã, fazendo-as distanciar-se das influências liberalizantes da Primavera Árabe.
Calendário truncado - SONIA RACY
O Rio+20, considerado o mais importante encontro ambiental internacional em uma geração, pode mudar novamente de data.Descobriu-se que o dia 20 de junho não está disponível no Riocentro, único lugar na capital carioca que comporta o gigantesco evento.
Está comprometido, há mais de dois anos, com a realização de um encontro mundial de neurocirurgiões.
Calendário 2
Indagada a respeito, a Comissão Organizadora do Rio+20 confirma o fato e diz estar negociando a transferência do evento médico.
Não custa lembrar que Dilma anunciou, há três semanas, durante o G20, que o encontro ambiental passaria para 20 de junho por causa das celebrações de 60 anos de reinado da rainha Elizabeth II. Datas e convidados coincidiram.
Calendário 3
Mais um pouco, teremos São Paulo+20.
Tem razão
Afif prega investimentos urgentes na expansão de trens e metrôs na região metropolitana de SP. “Caso contrário, vamos ter de deixar de cobrar IPVA dos carros e cobrar IPTU”.
Como assim? “Os automóveis não vão mais circular”.
Onde?
Em Brasília, comemora-se a construção de um Hotel Fasano por lá.
Rogério Fasano, entretanto, coloca água fria na fervura: “Não procede”.
Joga no rio!
Acaba de sair o ranking 2011 do Tietê. E os campeões da poluição são garrafas PET, sacos plásticos e pneus – 500 toneladas retiradas, por dia, do rio, o equivalente a 65 caminhões. Os dados são do Departamento de Águas e Energia Elétrica.
Sem contar sofás, geladeiras e TVs, entre outros itens excêntricos também encontrados no processo de desassoreamento.
Infovia
Cansada de perder espaço para a gratuita Wikipedia – em plena campanha por doações –, a Enciclopédia Britannica anuncia serviço para iPad e iPhone a US$ 1,99 por mês.
As versões para Android e Microsoft estão prometidas para o começo de 2012.
Páreo duro
Allan Kardec Duailibe corre por fora na disputa pela ANP. É fato que Magda Chambriard tem o apoio do Palácio do Planalto, mas o engenheiro, além dos padrinhosJosé Sarney e Edison Lobão, tem a simpatia de boa parte da base aliada do governo.
Bullying
Sérgio Avelleda, do Metrô, viveu inferno astral com direito a agressões à família. Sua filha teria voltado para casa reclamando de pergunta de um colega de escola. “Seu pai é bandido grande? É que ele apareceu no.Jornal Nacional”.
Tudo certo
Discreto, Salvatore Cacciola passou três dias no Sírio-Libanês. Fez check-up completo. Aos 68 anos, está muito bem, obrigado.
A pele que habito (e a dos outros) - CONTARDO CALLIGARIS
FOLHA DE SP - 01/12/11
Há homens que sonham em ser transformados ("contra sua vontade") em mulheres promíscuas e submissas
Nesta altura, considero conhecida a trama do último Almodóvar, "A Pele que Habito": um cirurgião, o doutor Ledgard, sequestra um jovem (Vicente) durante anos e o transforma numa mulher (Vera).
Na saída do cinema, alguém comenta: "Se acontecesse comigo, eu ficaria namorando o médico. Fazer o quê? Pênis, eu já não teria mais. E não estaria a fim de fugir. Voltar para minha vida de antes e contar que me tornei mulher para minha mãe e para meus amigos, já pensou?".
Infelizmente, na situação da vítima de Ledgard, ninguém conseguiria fazer prova de tamanho pragmatismo, por uma razão simples: a sensação íntima e profunda de ser homem ou mulher (a identidade de gênero) não é coisa que possa ser mudada.
É possível, isso sim (e acontece no caso dos transexuais), "retificar" o corpo, caso ele não coincida com a identidade de gênero de alguém.
Se você sempre se sentiu homem num corpo de mulher ou mulher num corpo de homem, se você tem a trágica impressão de estar no corpo errado, pois bem, nesse caso, à força de hormônios, operações cirúrgicas e orientações terapêuticas, você talvez possa modificar seu corpo de maneira que ele concorde com seu sentimento de identidade.
Mas não há tratamentos que, ao transformar seu corpo, possam levar você a mudar seu sentimento profundo de ser homem ou mulher.
Conclusão, se um homem fosse transformado em mulher à força, ele não se resignaria (pragmaticamente), mas passaria a vida querendo que seu corpo fosse retificado para ele voltar a ser o homem que ele nunca deixou de ser.
Em 24 de fevereiro de 2000, nesta coluna ("A terapia da faca e do superbonder"), contei a história de David Reimer, cujo pênis foi decepado acidentalmente na circuncisão, em 1966. Por sugestão do psicólogo John Money, Reimer foi castrado e criado como menina, com a ideia de que é melhor ser uma menina fabricada (na faca, com hormônios, roupas e brincadeiras adequadas) do que um menino com uma prótese peniana.
John Money escondeu o desespero de Reimer durante infância e adolescência. Reimer, ao descobrir o engodo do qual tinha sido vítima, parou a palhaçada e voltou a ser homem. Atualizando: em 2004, Reimer se suicidou.
Por qual loucura Money imaginou que, ao transformar o corpo de um menino, ele poderia mudar sua identidade e fazer dele uma mulher?
A resposta está na onipotência das ciências humanas nos anos 60, mas também numa fantasia erótica masculina, que talvez Money compartilhasse e que paira tanto sobre "A Pele que Habito" quanto sobre o livro (imperdível) que inspira o filme: "Tarântula", de Thierry Jonquet (Record).
Há sites (sixpacksite.com; tgcomics.com; fictionmania.tv) inteiramente dedicados a ficções e quadrinhos que elaboram fantasias de feminização forçada. A clientela desses sites é de homens heterossexuais, que sonham em ser transformados ("contra sua vontade") em mulheres promíscuas e submissas. Dica: os machos que se gabam por levar as mulheres à loucura podem estar com vontade de sentir neles mesmos o efeito de seus próprios (supostos) talentos.
Mais perto do cotidiano, "A Pele que Habito" é também apenas mais uma parábola do amor, pois é banal que o amor nos leve a querer transformar parceiros e parceiras de forma que eles correspondam a nossas expectativas.
O projeto de moldar o outro transforma qualquer convívio numa violência. Mas essa violência não impede nada: no clássico "Post-traumatic Therapy and Victims of Violence" (terapia pós-traumática e vítimas da violência, Routledge, 1988), Frank Ochberg enumerava, entre os sintomas habituais das vítimas, tanto um ódio ressentido e doentio quanto sentimentos positivos -incluindo amor romântico, sujeição e, paradoxalmente, gratidão.
"A Pele que Habito" poderia ser, em suma, a versão trágica e realista de "My Fair Lady". No musical, Eliza Doolittle acaba amando mais que odiando o prof. Higgins, que a transformou numa "lady". No filme de Almodóvar, talvez Vera odeie Ledgard mais do que o ama. Mas o que importa é que os sentimentos da vítima são sempre ambivalentes.
É essa a chave para entender as mil histórias de vítimas que poderiam ou deveriam ter fugido, como a de Natascha Kampusch, abusada por "3096 Dias" (Verus ed.), ou como a da menina que foi escrava sexual de Gaddafi durante cinco anos (Folha.com de 15/11;http://migre.me/6g0HI).
O fator apicuns - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 01/11/11
Inconformado com a decisão do relator do Código Florestal no Senado, Jorge Viana (PT-AC), em considerar os apicuns (criatórios de camarão) áreas de manguezal, o líder do PMDB, Henrique Alves (RN), já cogita resgatar o texto votado na Câmara. Mesmo legalizando as áreas de apicuns em atividade até julho de 2008, Alves alega que permanece a insegurança jurídica. Na semana que vem, senadores do Rio Grande do Norte e do Ceará e os ruralistas vão tentar liberar essas áreas.
Flagrante no cafezinho do Senado
Os deputados ruralistas Paulo Piau (PMDB-MG), cotado para relatar o Código Florestal na Câmara, e Abelardo Lupion (DEM-PR) conversavam, quando chegou a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura. Entusiasmada, disse: "Conseguimos tudo o que a gente queria. Dilmão concordou com tudo." E, empolgada, acrescentou: "Um dos nossos (ruralistas) tem que ser o relator lá (na segunda votação na Câmara). O Aldo Rebelo (relator na primeira votação na Câmara) é socialista. O Jorge Viana (relator no Senado) é um verdinho. O Luiz Henrique (relator na CCJ do Senado) não é mais nosso. A relatoria agora é nosso direito." Fecha o pano.
"Não deve ter porteira fechada em nenhum lugar”
— Rui Falcão, presidente do PT, sobre o preenchimento dos cargos de segundo escalão dos ministérios
GANHANDO TEMPO. A presidente Dilma pediu ao ministro Guido Mantega (Fazenda) uma solução técnica para a proposta de redistribuição dos royalties do petróleo. O projeto relatado no Senado por Vital do Rego (PMDB-PB) está agora em tramitação na Câmara. Lideranças de partidos aliados estão enrolando para indicar os integrantes da comissão especial, com o objetivo de empurrar a discussão para o ano que vem.
Jogo de corpo
Quando soube que o presidente do PT, Rui Falcão, passaria os próximos dias em Belo Horizonte, para tratar das eleições do ano que vem, o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) foi logo avisando: "Vou estar na Venezuela".
Menos uma prévia
A retirada da candidatura à prefeitura de Porto Alegre do deputado estadual Raul Pont (PT) foi um alívio para a direção nacional petista. A avaliação é que o presidente da Assembleia, Adão Villaverde (PT), tem condição de reunir mais apoios.
Todos unidos para endurecer a Lei Seca
A ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) vai reunir hoje os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e os senadores Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e Demóstenes Torres (GO), líder do DEM. Eles, representantes do governo e da oposição, vão sentar para discutir uma proposta comum que torne a Lei Seca ainda mais rigorosa. "Esse é um tema em que há convergência", resume Demóstenes.
Urgência
Com 289 assinaturas, o deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) deu entrada ontem, na Mesa da Câmara, em requerimento de votação em regime de urgência da proposta que trata da redistribuição dos royalties. A pauta está trancada.
Enigmático
O ex-governador José Serra, de passagem por Brasília ontem, negou-se a responder perguntas sobre as eleições para a prefeitura de São Paulo. Não quis falar do tema nem com deputados e senadores tucanos que o procuraram.
O VICE Michel Temer dá aula magna hoje, na Universidade de Columbia (EUA), sobre "O Estado social de direito", referente à incorporação dos direitos sociais à Constituição brasileira.
OS GOVERNADORES Eduardo Campos (PE) e Cid Gomes (CE), ambos do PSB, querem manter a aliança com o PT nas prefeituras de Recife e Vitória.
ESTRATÉGIA. Sobre as eleições do próximo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) explica que seu "projeto é retribuir a indicação do meu partido, fazendo um bom trabalho à frente da Comissão de Constituição e Justiça".
Efeito UPP - MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 01/12/11
O Rio de Janeiro vai receber, em abril de 2012, as mais importantes autoridades de segurança do mundo. Elas virão para a Feira Internacional de Segurança Pública e Corporativa, que acontecerá no Riocentro. Representantes internacionais das forças policiais e forças armadas de mais de 35 países falarão sobre novas táticas e trocarão experiências. Outra parte do evento irá reunir CEOs de empresas de tecnologia, equipamentos e especialistas em segurança doméstica, que apresentarão novidades de serviços e de produtos para o grande público.
Saúde aos 42
O prefeito Eduardo Paes mudou sua rotina. Começou nesta semana, sempre às 5h da manhã, a fazer musculação. A malhação, com personal trainer, acontece na sala de ginástica da Gávea Pequena. E além de cortar frituras do cardápio, Paes parou de fumar.
Entre iguais
Os filmes da campanha Ser diferente é normal, criados pelo presidente da agência de publicidade Giovanni+Draftfcb, Adilson Xavier, foram selecionados para representar o Brasil no Festival de Cinema da ONU, durante as celebrações do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. A campanha será apresentada amanhã, na sede da entidade, em Nova York, para representantes de mais de 180 países.
Dinheiro inesperado
Mais de 30 mil professores de educação física do Rio podem receber restituição que varia individualmente de R$ 1 mil até R$ 3 mil, de valores pagos indevidamente ao Conselho Regional de Educação Física (CREF-1) desde 2004. Quem garante é o Sindeclubes, Sindicato dos Empregados em Clubes e Academias, que provou na justiça a cobrança, nesse período, de anuidades e taxas acima do permitido pela Lei 6.994/82.
Grandes preparativos
Mentor da Geração 80 e professor de artistas como Adriana Varejão e Daniel Senise, o pintor, desenhista e gravador Luiz Aquila terá os seus 70 anos de idade comemorados com um ano de antecedência em setembro de 2012, em exposição retrospectiva no Paço Imperial dos seus 47 anos de carreira. Em plena atividade, ele abre dia 13, na galeria Patricia Costa, no Cassino Atlântico, a série Escolha de Artista, com 15 telas suas inéditas e outras de três nomes que a galeria pediu que ele apontasse. Aquila escolheu Manfredo Souzanetto e os falecidos Celeida Tostes e Maurício Bentes, “cuja obra está mais viva do que nunca”, afirma.
Superantenados
A venda de smartphones no Brasil colocou o país na dianteira em percentual de comercialização de produto. Entre 2010 e 2011, a variação positiva por aqui foi de 80%, contra 69% no resto do mundo. Os dados são da GfK Retail and Technology que pesquisou cerca de 11 mil pontos de varejo, contemplando 52 categorias de produtos dos segmentos de tecnologia e eletroeletrônicos. De janeiro a agosto, o faturamento, no Brasil, com a venda desses itens totalizou R$ 50,5 bilhões, alta de quase 10% sobre o mesmo período do ano passado.
Tela cheia
Os smartphones/celulares, a um preço médio de R$ 325, responderam por vendas de R$ 11,4 bi até agosto, a maior parcela no faturamento total de eletroeletrônicos (23%). Os televisores de tela fina, vendidos em média a R$ 1.684, renderam R$ 8,8 bilhões, expansão de 30%. No exterior, os mesmos aparelhos tiveram vendas 22% maiores.
HQ atualizada
Magali, a mais comilona da Turma da Mônica, aparecerá magrinha na versão voltada para o público adolescente. A publicação, que será lançada dia 8, também irá revelar que os olhos dela são cor de mel e que seu apetite continua gigante. No entanto, Magali agora é adepta de exercícios físicos e da alimentação natural e saudável.
Eleita
A blogueira paulista Lala Rudge, de apenas 21 anos, será a porta-voz brasileira dos novos batons Volupté Sheer Candy da grife Yves Saint Laurent. Ela foi escolhida por ditar, em todo o país, a moda que jovens de sua geração devem usar. Sua página na internet registrou, na última semana, mais de 192 mil acessos únicos em 24 horas.
Livre Acesso
O Brechó das Acácias promove mais uma edição com duração de 12h, das 10h às 22h, neste sábado. O evento, na Rua das Acácias 193, na Gávea, terá renda totalmente revertida para o projeto Biblioteca Viva do IFF e para a creche comunitária do Boaçú.
Mary Marinho assina o figurino dos integrantes da Orquestra Ruy Quaresma para a semifinal do 4º Concurso de Samba de Quadra, amanhã, às 19h, no Teatro Sesi do Centro. Ex-bailarina clássica, ela tornou-se conhecida como uma das irmãs Marinho, além de ser casada com Haroldo Costa, realizador do concurso com Paulo Roberto Direito.
As bienais de Firenze e Roma exibirão, até janeiro de 2012, imagens da fotógrafa Paula Klien.
O shopping Iguatemi recebe, até o dia 20, brinquedos que serão doados na noite de Natal às crianças de obras sociais apontadas pelo Viva Rio.
A consultora de imagem e estilo Dany Farah produzirá looks para que as convidadas sejam fotografadas no lançamento de joias da Fernanda Lynch, hoje, em São Conrado.
Será neste sábado, na Estação das Letras, no Flamengo, o lançamento conjunto dos livros de poesia Diorama, de Álvaro Miranda; Cristal Rutilado, de Vânia Azamor; e O Infinito não olha, de Mércia Menezes, editados pela 7Letras.
A Binder foi escolhida a Agência do Ano do Prêmio Colunistas Propaganda Rio 2011.
Os médicos Claudio Crispi e Marco Aurélio Oliveira coordenam o congresso Endometriose in Rio, amanhã e sábado, no Hotel Everest.
Um copo d"água no deserto - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 01/11/11
Depois do mutirão de ontem dos bancos centrais do mundo rico, a gente poderia ouvir um relato semelhante: os bancos europeus estão "em estado estável". Mas a doença é ruim e a contaminação continua.
O Fed, o banco central dos EUA, baixou ontem os juros para empréstimos em dólares a seus pares da Europa. Os BCs europeus, por sua vez, têm agora mais dólares à disposição para emprestar aos bancos.
Os bancos europeus estavam ficando sem fundos em dólares (e não só em verdinhas, o que é grave, pois têm "contas a pagar" em dólares). Perderam acesso ao mercado americano (fundos de investimento), pois os fundos dos EUA temem emprestar à banca europeia, sob risco de quebra devido à crise do euro.
Os bancos europeus também não conseguem captar dinheiro bastante entre eles mesmos, trate-se de dólares ou euros, pois as instituições financeiras desconfiam uma das outras: podem quebrar.
A ação dos BCs do mundo rico, enfim, é apenas de uma transfusão de sangue que tem por objetivo tratar um sintoma específico. Nada disso trata da doença de fundo.
Decerto a transfusão é melhor do que um choque ou do que a morte. Pode ainda ser um sinal de que líderes políticos e autoridades econômicas venham a tomar medidas decididas e decisivas para lidar com a crise dos governos quebrados.
Por outro lado, o socorro americano de ontem parece muito com o de meados de 2007, quando o sistema financeiro euro-americano começou a desabar, mais de um ano antes da explosão da crise em 2008.
Isto é, está havendo um aperto geral de crédito na praça europeia: um "credit crunch", como se escrevia ontem nestas colunas. A ação emergencial significa que em breve haveria risco de quebra de um ou outro banco, asfixiado por falta de "funding", de crédito e recursos para financiar suas operações.
Na presente situação europeia, a quebra de um banco seria um desastre pelo menos "psicológico", mesmo que não se tratasse de instituição grande o bastante para causar tumulto sistêmico "concreto".
Obviamente, presume-se, ainda mais depois das incompetências de 2008, as autoridades não deixariam um banco quebrar de fato. De algum modo, tapariam os rombos e o banco iria para a UTI ou a estatização. O impacto "psicológico", porém, tenderia a ser devastador também.
Dada a gravidade da operação de emergência (a transfusão de dólares para a banca europeia), por que houve tanta animação nas praças financeiras do mundo?
Ao que parece, os "mercados", os donos do dinheiro grosso, interpretaram a atitude dos BCs como a aceitação do fato de que governos e o Banco Central Europeu precisam abrir as arcas e colocar mais dinheiro em banco e país semiquebrado.
Na semana que vem, a direção do BCE e, no dia seguinte, governos europeus se encontram para deliberar sobre como, se, quando e em que medida vão bancar a crise. A Europa está mesmo no bico do corvo.
A dor do ajuste não resolve nada - CLÓVIS ROSSI
FOLHA DE SP - 01/12/11
São dias de nevoeiro intenso na Europa, mas não dá para dizer que as ilhas britânicas estão isoladas da tormenta sobre o continente.
Prova-o a greve dos funcionários públicos de ontem, que o "Guardian" batizou de a maior em mais de 30 anos, envolvendo algo em torno de 2 milhões de pessoas. Se a cronologia do jornal está correta, o Reino Unido está de volta aos anos de Margaret Thatcher, o período que quebrou a espinha dos sindicatos e estabeleceu o neoliberalismo.
A greve é uma resposta ao pacote de austeridade do governo David Cameron. Ou ao que o Nobel de Economia Paul Krugman chama de predomínio dos "fanáticos da dor".
A dor não é pequena nem pega só o setor público. "A economia em 2016 será 13% menor do que esperávamos há um par de anos e mais de 3% inferior ao que pensávamos faz seis meses, uma mudança extraordinária", disse à BBC o diretor do Instituto de Estudos Fiscais, Paul Johnson. Consequência óbvia, sempre segundo Johnson: "As pessoas vão ser muito mais pobres e só em 2015 voltarão aos níveis de 2001".
Tem razão, pois, o principal colunista do "Financial Times", Martin Wolf, ao afirmar que "o Reino Unido está caminhando para uma década perdida", como se as orgulhosas ilhas fossem uma Argentina ou um Brasil de antigamente, que também tiveram décadas perdidas.
O que é ainda mais revoltante é que a dor está sendo imposta sem que resolva os problemas do deficit e da dívida, ao contrário do que dizem fundamentalistas do mercado.
"A previsão é a de que o deficit e a dívida fiquem piores", escreve ainda Wolf, que já foi fundamentalista de mercado, mas perdeu pelo menos parte da fé como consequência da crise de 2008/2009. O colunista, uma das figuras mais instigantes que participa anualmente dos fóruns de Davos, escreve: "A lição talvez mais importante é que não temos uma mísera pista do que vai acontecer com a economia. Da mesma forma, enquanto o "chancellor" [George Osborne, equivalente a ministro da Economia] pensa que sabe como os mercados financeiros vão responder à menor mudança em seus planos, ele não sabe".
O que Wolf está querendo dizer é que tomar como palavra de Deus o ajuste fiscal puro e duro não é ciência, mas fé religiosa. Não resolve o problema imediato, tanto que o crescimento do Reino Unido no último trimestre do ano será zero, segundo o próprio Banco da Inglaterra. Nem alivia, por extensão, o desemprego, instalado em 8,3%, o mais alto desde 1996. Nem resolve o problema do crescimento a médio prazo, como mostra a perspectiva de "década perdida". Nem, por fim, alivia a dívida: a conta mais recente mostra que o endividamento no ano teoricamente eleitoral de 2015 terá que ser de € 79 bilhões, em vez dos € 33 bilhões até agora estimados.
Pena que o continente pareça de fato isolado das lições que emanam das ilhas e adote, por isso, o mesmo fanatismo da dor.
O despertar árabe e Israel - THOMAS L. FRIEDMAN
O Estado de S.Paulo - 01/12/11
Netanyahu tem motivos para preocupar-se com a Primavera Árabe na região, mas não pode se abster de agir diante de um despertar palestino em seu quintal
Israel enfrenta o maior desgaste de sua situação estratégica desde sua fundação. Hostilizado por seu antigo aliado, a Turquia, suspeita que o Irã, seu arqui-inimigo, esteja desenvolvendo a bomba nuclear. Os dois países mais fortes com os quais tem fronteiras - Síria e Egito - estão mergulhados na revolução. Os dois vizinhos mais fracos - Gaza e o Líbano - são controlados pelo Hamas e pelo Hezbollah.
Foi neste contexto que o premiê Binyamin Netanyahu compareceu na Knesset, na semana passada, para afirmar que o despertar árabe provocará o "retrocesso" do mundo árabe, e está se transformando numa "onda islâmica, antiocidental, antiliberal, anti-israelense, antidemocrática". Neste momento, seria imprudente ceder parte do território aos palestinos, ele disse: "Não sabemos quem acabará com qualquer pedaço de território de que eventualmente possamos abrir mão".
Netanyahu teria afirmado que, quando aconselhou o presidente Barack Obama e outros líderes ocidentais a tomar cuidado ao apoiar o levante contra o então presidente do Egito, Hosni Mubarak, disseram-lhe que ele não compreendia a realidade: "Hoje eu pergunto, quem é que não compreendia a realidade?" A análise de Netanyahu dos perigos com que Israel se defronta está correta, e a situação poderá se agravar ainda mais. O que está errado é o seu diagnóstico quanto a como as coisas se desenrolaram, e também sua prescrição do que será preciso fazer a respeito - e estes pontos obscuros também poderão se tornar perigosos para Israel.
Seu diagnóstico: desde o começo, as autoridades israelenses insistiram que Obama contribuiu para pressionar a saída de Mubarak em vez de salvá-lo. Absurdo. Os ditadores árabes foram derrubados pelo seu povo; não havia como salvá-los.
Não se pode menosprezar o temor de Israel de que os islâmicos tomem o poder nos países que estão ao seu redor. Mas esta é uma possibilidade concreta precisamente por causa dos últimos 50 anos de ditadura árabe, durante os quais somente os islâmicos conseguiram se organizar nas mesquitas, enquanto na arena política não era permitido criar partidos democráticos, seculares, independentes.
A receita de Netanyahu é abster-se de agir. Entendo que, neste período de incertezas, Israel não queira ceder parte do território a um movimento palestino dividido. O que não entendo é o motivo para abster-se de agir. Israel tem um despertar árabe exatamente em seu quintal, na pessoa do premiê Salam Fayyad, da Autoridade Palestina.
A melhor defesa de Israel está em fortalecer o fayyadismo - até mesmo cedendo aos serviços de segurança palestinos novas responsabilidades a fim de aumentar a sua legitimidade. Isso não só contribuiria para estabilizar o próprio quintal de Israel, como também lançaria os alicerces da solução de dois Estados e de melhores relações com o povo árabe. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
Amor e ódio - LUIS FERNANDO VERISSIMO
O Estado de S.Paulo - 01/12/11
Um historiador do futuro - figura retórica tão útil quanto o Marciano Hipotético para se olhar o Brasil atual de uma certa distância- terá duas grandes dificuldades para entender que diabos se passou por aqui nos últimos anos. Uma será explicar o amor ao Lula. A outra será explicar o ódio ao Lula. As duas coisas transbordaram de qualquer parâmetro racional. Lula terminou seu mandato com um índice de aprovação popular inédito, e odiado na mesma proporção. O amor resistiu a escândalos, gafes, alianças indefensáveis, uma imprensa hostil e uma oposição ativa. O ódio se manteve constante até depois do mandato e não se diluiu nem numa natural simpatia pelo homem doente - o antilulismo feroz não é solidário nem no câncer.
Nosso historiador talvez desista de encontrar explicações para essa polarização extrema na disputa política e sucumba a simplificações sociorromânticas. Talvez conclua que Lula teria o amor da maioria pelo seu tipo físico e sua biografia independentemente de qualquer outra coisa, e seria aprovado pelos seus semelhantes não importa que governo fizesse. E que o ódio ao Lula se explicava por nada menos científico ou novo no Brasil do que o preconceito social, uma repulsa atávica a quem ultrapassa sua classe e com isto ameaça todo o conceito de classe predestinada. No caso um torneiro mecânico inculto metido a grande coisa.
No fundo o que o perplexo historiador do futuro estaria dizendo é que é impossível confiar em padrões históricos como os que explicam outras sociedades para nos explicar. Não se trata de reativar a frase que o De Gaulle nunca disse, sobre nossa falta de seriedade. Somos sérios, sim. Mas também somos movidos a paixões que sabotam toda coerência histórica. O Lula foi um catalisador de paixões, a favor e contra. E o mais extraordinário e brasileiro disso é que o amor e o ódio não têm nada a ver com os sucessos ou os fracassos do seu governo. Existem num plano a-histórico e apolítico de pura devoção ou pura raiva.
O fim do euro? - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 01/11/11
Empresas começam a analisar o que fazer diante desse pior cenário, o mercado procura jurisprudência para saber como receber os títulos emitidos em euro. O mundo está pensando no impensável. Essa foi a capa da “Economist” esta semana e a manchete do Financial Times online. Ontem foi um dia de alívio, com a ação dos bancos centrais, mas a solução ainda tarda.
Não é desejável, nem é provável, mas começa a parecer possível o fim do euro. Todas as ações tomadas pelos governos chegam sempre como reação aos fatos, mas jamais se adiantam a eles. Ontem, o alívio foi provocado pela decisão do Fed, Banco Central Europeu e bancos centrais da Suíça, Canadá, Inglaterra e Japão de, numa ação coordenada, atuar para dar mais liquidez aos mercados. Mas isso foi após o rebaixamento da nota de 35 bancos pela Standard & Poor’s.
O fim do euro pode detonar uma sucessão de eventos de escala global. A crise não se restringiria aos 17 países. Pelo seu poder de detonar crises em cascata é que os analistas se seguram na tese de que a Europa fará o que for possível para manter a Zona do Euro. Mesmo assim, uma parte das mentes das grandes corporações financeiras, empresariais e até dos governos começa a se perguntar: e se?
Os britânicos são conhecidos pela fleuma. Eles não são os que se desesperam primeiro. O leitor da revista “Economist” se acostumou com análises frias, objetivas, nada alarmistas. Por isso, o último número espantou. Lá está escrito, no editorial, que sem uma mudança dramática nas ações dos líderes europeus e dos dirigentes do BCE o euro pode entrar em colapso em semanas. Sim, a revista disse “semanas”. E para sustentar a tese fatalista e terminal cita o exemplo da Itália, que terá em janeiro que honrar C 30 bi que estarão vencendo. Se o mercado não refinanciar a dívida, e o BCE não agir, “o terceiro maior devedor do mundo pode ser empurrado para o calote”.
Imagina o que aconteceria com a Alemanha se o euro acabar ou se o país sair do bloco? Seria restabelecido o marco como moeda e ele se fortaleceria imediatamente, o que tiraria a competitividade de uma economia que vive da exportação. Sempre se imagina o que a Grécia perderia caso saísse, mas na verdade todos perdem, inclusive a poderosa Alemanha. Ontem, os dados de desemprego da região mostraram como o país mais forte continua bem, mesmo com os outros países piorando. O desemprego da Zona do Euro subiu para 10,3%, maior nível em 13 anos; o desemprego da Alemanha caiu para 6,9%, menor nível em 20 anos. Houve um início de corrida ontem para títulos alemães por investidores temendo o colapso do euro e querendo refúgio.
Se o franco-suíço teve que contra-atacar um ataque especulativo que valorizou muito a moeda, num momento de corrida por refúgio, imagina o que seria de uma moeda alemã num cenário de estouro da boiada? O economista-chefe de um dos maiores bancos brasileiros, que acaba de voltar de uma rodada por bancos europeus, me disse que o ano não termina sem uma solução “para o bem ou para o mal”. A revista apela para Angela Merkel agir rapidamente e diz que “a menos que ela escolha rapidamente, a chanceler alemã vai acabar descobrindo que a escolha foi feita por ela”.
O também britânico “Financial Times” trouxe ontem o resultado de uma pesquisa com grandes empresas mostrando que a maioria já começa a pensar no que fazer no pior dos cenários, que é o do colapso da moeda de 13 anos, que une 17 países. Mesmo empresas fora da Zona do Euro estão fazendo planos. A Inglaterra tem sua própria moeda, mas 47% das suas exportações vão para países da região. Não há, portanto, como escapar dos reflexos.
Ontem foi um dia bom por causa da ação coordenada dos bancos centrais e liderada pelo Fed, mas todos sabem que uma injeção de liquidez pode ter resultado num dia, mas não é a solução final de todos os problemas.
O dilema alemão é mais complexo. Uma análise publicada pelo Centro de Estudos Europeus mostrou que, na visão de muitos políticos alemães, o país é criticado por não liderar mas se liderar vai ser acusado de arrogante e dominador. De fato, quando Angela Merkel toma a frente, há sempre um analista para dizer que o país está conquistando no campo monetário o controle da Europa que perdeu no campo de batalha por duas vezes.
Os cenários feitos pelas empresas, mercado e governos são sempre assustadores. A saída de alguns países da Zona do Euro, como Grécia, Portugal e Irlanda, fará terra arrasada destes países. Eles entrariam em forte recessão. Pelas conexões financeiras, bancos de outros países seriam afetados. Quem carrega papéis emitidos em euro em que moeda receberia? Outro cenário é a redução do número de membros no bloco. Ficariam só os grandões e haveria uma espécie de balcanização monetária. Se a Alemanha tentar se salvar sozinha não conseguirá. De um lado, pela supervalorização da sua moeda, por outro, pelo fato de que seus bancos carregam dívidas de vários países da área.
Os cenários do fim da união monetária são catastróficos e terão consequências globais. É só nisso que se segura, de forma tênue, a esperança de que os países tudo farão para salvar o euro. E, espera-se, em tempo.
Ueba! Ronaldo é a bola da Copa! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 01/12/11
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Dezembro. Começou o mês da preguiça, da leseira e da pergunta clássica: "Onde você vai passar o Réveillon?".
Eu vou passar o Réveillon derrubando aquele que tá na minha frente pulando onda! O cara tá lá pulando as ondinhas, aí você vai, empurra e grita: "Feliz Ano Novo!". Tchibumga!
E um amigo meu vai passar o Réveillon na Grécia, na Itália e em outros paisinhos falidos. Rarará!
E o Timão? Olha o que um cara escreveu no meu Twitter: "Tão secando tanto o Corinthians que o Adriano vai emagrecer". Vai secar! Rarará!
E esta: "Rubinho visita o CT do Corinthians". E esse corre sério risco de ficar em segundo lugar no Brasileirão! Essa visita do Rubinho foi premonição? Corintiano é sofredor.
Quem usar a palavra sofrimento vai ter que pagar direito autoral pra corintiano. A palavra sofrimento é de uso exclusivo de corintiano!
E buemba! Breaking News! Ricardo Teixeira convida Ronaldo para ser a bola oficial da Copa! Já imaginou a cena: Tarde de sol no Maracanã! Rola o Ronaldo! Rarará!
Ricardo Teixeira convida o Ronaldo para organizar a Copa. A copa do Porcão! "Porra, essa picanha vai ficar pronta pra 2014?!"
Pra supervisionar a copa da Copa! Ronaldo convidado para supervisionar a Copa, e o Adriano pra supervisionar a Oktoberfest! Aliás, diz que o Adriano está com problemas intestinais. O Imperador tá no trono. Já imaginou o Adriano com dor de barriga? Hecatombe! 2012! Rarará!
Um amigo meu conheceu uma menina pelo Facebook e ela disse que tinha barriga de tanquinho.
Aí ele foi conhecer e ela tinha uma lavanderia inteira na barriga: duas lavadoras, uma secadora e uma centrifugadora. Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
E perguntaram prum jogador português: "Como você fez um gol tão lindo?". "Fácil, fiz o gol com o pé que estava mais à mão." Rarará!
E mais um predestinado. "Jogador do Tigre quebra a cabeça no campeonato de futsal". Como é o nome do jogador? Pivô CAPACETE! Capacete quebra a cabeça no futsal! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Caro leitor, você é cliente ou produto? - EUGÊNIO BUCCI
O Estado de S.Paulo - 01/12/11
Que a pergunta acima não lhe soe agressiva. Só o que ela pretende é indagar sobre a natureza da relação que cada um de nós mantém com os veículos que nos trazem informações jornalísticas todos os dias. Alguns são aparentemente gratuitos, como as emissoras de televisão aberta. Por outros é preciso pagar uma assinatura ou o preço do exemplar, tanto faz se esse exemplar chegue até nós pelo correio, pelas bancas ou pelos chamados tablets, como o iPad. O cenário é suficientemente óbvio: às vezes, a gente paga pelo que lê; outras vezes, não.
Acontece que a gratuidade é mera aparência, ela de fato não existe. Quando a gente não paga nada em dinheiro, paga em olhar. É aí que, em vez de cliente, a gente vira produto.
Pensemos na televisão comercial de sinal aberto. Ela tem um modelo de negócio bastante conhecido: o que a sustenta é a receita de publicidade. A mercadoria essencial do negócio da televisão aberta é o tempo da programação que vende aos anunciantes. Em termos menos abstratos, o que ela comercializa, no fundo, é o olhar de seu público. Seu negócio é atrair olhar - em bom número e de algum poder aquisitivo - para depois vendê-lo aos anunciantes.
Nada de indigno nesse modelo, que é legítimo, legal e democrático. Apenas uma observação: nele o cliente é o anunciante; quanto a nós, o público, bem, somos o produto, somos aquilo que é vendido. Em troca da programação que recebemos da TV, nós a remuneramos com o tempo do nosso olhar que dedicamos aos filmetes de publicidade. Trata-se de um escambo consentido e consagrado. Tudo bem. Assim tem funcionado, de modo eficiente e lucrativo, ao menos até hoje.
Pensemos agora na relação de troca que você mantém com este jornal. A resposta é relativamente simples, embora híbrida. Aqui, você, leitor, é cliente, pois o exemplar que você tem agora nas mãos é pago. Ao mesmo tempo, você é produto, pois há publicidade à sua espera logo ali adiante, nas páginas mais à frente. Esses anunciantes pagaram para ter acesso aos seus olhos, para ter um ou dois segundos da sua atenção. Eles esperam que você, ao tomar conhecimento do que eles estão divulgando, compre algum serviço, alguma coisa. Claro, você tem absoluta consciência da expectativa deles. Estamos, então, falando de um jogo limpo, transparente.
Com a internet as coisas já não são tão claras. Os modelos de negócio que há décadas estavam consolidados nos meios de comunicação convencionais foram transpostos para a web, embaralhando quase tudo. Há fórmulas em que o leitor ou espectador (que alguns chamam de "internauta") precisa desembolsar seus trocados para ter acesso às notícias, aos vídeos ou aos textos (a que chamam "conteúdo"). Em outras fórmulas a gratuidade aparente prevalece - e aí, também, a publicidade paga ou pagará a conta, ainda que de forma indireta. E então? Que fórmula vai prevalecer na era digital?
Se para todos os cidadãos a interrogação é pertinente, para os jornalistas é crucial, para não dizer excruciante. De que modo a imprensa se deve relacionar com o público? Deve tratá-lo como produto ou como cliente? Se as fórmulas híbridas vão prosseguir, qual o estatuto de cada um desses dois componentes? O público, para a instituição da imprensa, deve ser visto antes como cliente ou como produto? Diante disso, os jornalistas são agregadores de olhar que depois será comercializado? Ou eles devem antes buscar a sua sustentação fundamental na remuneração - em dinheiro - que vem do público?
O que vai ficando claro, ao menos até aqui, é que, se o público não financiar diretamente com seu dinheiro - e não apenas com seu olhar - a atividade da imprensa, nós não teremos jornalismo independente. Não custa relembrar: jornalismo independente traduz-se em redações que não se dobram ao Estado ou aos governos, assim como não cedem aos interesses de anunciantes, de igrejas, de partidos ou de ONGs. Se os cidadãos não derem sustentação a isso, não haverá imprensa livre.
Em resumo, ainda que a receita publicitária, na imprensa, possa ter cifras mais expressivas do que a receita vinda da venda de exemplares ou de assinaturas, os modelos de negócio no jornalismo devem saber pôr os interesses do público acima - e não ao lado - dos interesses dos anunciantes. A razão para isso é econômica, política e ética.
Econômica: a receita publicitária existe para remunerar o olhar do público e, desse modo, o público, dono do olhar, é quem financia, na prática, todas as operações jornalísticas. É uma ilusão acreditar que o cliente final é o anunciante.
Política: ao dar sustentação econômica à imprensa, o público dá-lhe sustentação política, pois protege a imprensa contra poderes que são estranhos aos direitos e interesses dos cidadãos. É o público que sustenta a imprensa como o contrapoder que ela deve ser.
Ética: se o público é quem paga a conta, seja com olhar, seja com dinheiro, a ele é devido respeito, na forma de informações confiáveis e de uma atividade cujos efeitos sejam, sempre, a expansão da liberdade.
De toda forma, nada disso ainda está resolvido. Muitos erros ainda serão cometidos. A boa notícia é que a pergunta que está no título deste artigo vem ganhando corpo. A propósito, o nosso título é inspirado num cartoon que circulou recentemente nas redes sociais do Brasil. Ele mostra dois porquinhos contentes comentando que na fazenda onde moram não precisam pagar por comida nem pela hospedagem. Originalmente publicado no site Geek and Poke, o cartoon recebeu depois uma legenda anônima, com uma crítica direta contra o Facebook, e assim correu o mundo. Eis o que diz a legenda provocativa: "Facebook e você. Se você não está pagando para usar, você não é o cliente. Você é o produto".
Em tempos em que o jornalismo precisa se redefinir como negócio, é bom prestar atenção a isso.
O humor de milhões - FERNANDO REINACH
O Estado de S.Paulo - 01/12/11
Como varia o humor da humanidade ao longo do dia? Até recentemente, medir o humor de um número significativo de pessoas por períodos prolongados era impossível. Estudos pontuais e nossa vivência pessoal sugerem que nosso humor varia ao longo do dia, acompanhando as variações hormonais e outros mecanismos circadianos. Esses estudos, baseados em amostras pequenas de estudantes universitários, nunca foram convincentes. Há pouco, uma nova fonte de dados ficou disponível: os textos do Twitter.
O Twitter permite que pessoas emitam opiniões e compartilhem sentimentos e vivências por curtas mensagens de texto (até 140 caracteres), usando seus celulares. Ao contrário do e-mail, onde as mensagens são geralmente trocadas entre pessoas, no Twitter as mensagens são enviadas por uma pessoa e podem ser lidas por qualquer outra interessada. É como se cada usuário se transformasse em uma estação de rádio, transmitindo para quem quiser ouvir. Hoje, mais de 100 milhões de pessoas utilizam o serviço, enviando em média 230 milhões de mensagens por dia. Dois cientistas americanos decidiram medir o humor da humanidade analisando essas mensagens.
Como as mensagens são públicas, a empresa permitiu que os cientistas copiassem 500 milhões de mensagens enviadas entre fevereiro de 2008 e janeiro de 2010 por todos os usuários de 84 países. Para garantir que a amostra fosse representativa, foram coletadas até 400 mensagens enviadas por cada usuário do Twitter nesse período.
Assim, se uma pessoa mandou mais de 400 mensagens, somente 400 foram coletadas. Para os usuários que mandaram menos de 400 mensagens, todas foram copiadas. O texto de cada uma delas foi analisado por computador, de modo a detectar a presença de mil palavras com conotação positiva, como "feliz", "concordo" e "fantástico", ou negativas como "medo", "discordo" e "ódio". A partir da frequência desses dois grupos de palavras, foram criados dois índices, um chamado "grau de negatividade" e outro, "grau de positividade". Como a data, o horário e o local de origem de cada mensagem são conhecidos, é possível analisar como esses índices variam ao longo do dia, da semana ou mesmo do ano, em cada região do planeta.
Analisando esses gráficos, os cientistas descobriram que o índice de positividade varia ao longo do dia. O primeiro pico ocorre logo após amanhecer e vai baixando ao longo do dia. Ao anoitecer, o índice aumenta novamente, com um pico ao redor da meia-noite e depois cai ao longo da madrugada.
O índice de negatividade tem o comportamento inverso. Esse padrão de oscilação diário ocorre de forma semelhante, todos os dias da semana, sendo que a segunda e a terça-feira são dias onde o mau humor é maior. Você pode imaginar que o mau humor ao longo do dia esteja associado à necessidade de trabalhar, mas os dados dos sábados e dos domingos contêm o mesmo ciclo de dois picos de bom humor e um vale de mau humor no meio do dia.
O curioso é que o pico de bom humor matinal no domingo ocorre duas horas mais tarde, o que provavelmente reflete o fato de as pessoas acordarem mais tarde. Quando os dados de cada um dos 84 países foram analisados separadamente, foi observado que esse ciclo diário é característico do ser humano, ocorrendo de modo semelhante em diferentes geografias, culturas, línguas ou raças.
Ao longo do ano, o humor da humanidade também varia de maneira previsível. Os picos de bom humor são maiores no verão que no inverno e dependem diretamente da variação no comprimento do dia. À medida que o dia fica mais longo, o humor melhora, quando o dia fica mais curto, o humor piora.
O interessante é que essa variação, como era de se esperar, ocorre de maneira inversa no Hemisfério Norte e no Sul. Tudo indica que o humor é grandemente influenciado pela variação na incidência de luz solar.
Outra descoberta interessante, feita com os dados recolhidos no Twitter, é que dentro desse padrão geral é possível identificar dias especiais, onde reina o bom humor (ano-novo e, mais recentemente, o casamento real na Inglaterra) ou o mau humor (o terremoto no Japão e a morte de Amy Winehouse).
Esses resultados demonstram mais uma vez o quanto nosso passado animal continua conosco. Apesar de nossa cultura sofisticada e de toda a tecnologia, nosso humor ainda é, em grande parte, determinado por quanto de sol recebemos ao longo do dia e por nosso ciclo de sono e vigília.
Mistério iraniano - LEONAM DOS SANTOS GUIMARÃES
O GLOBO - 01/12/11
Com base no último relatório da AIEA, pode-se afirmar com elevado grau de certeza que o Irã não tem hoje uma arma nuclear e que não terá uma nem amanhã nem na próxima semana nem no mês que vem nem daqui a um ano. Afirmar o contrário, com base na superposição de hipóteses irrealistas baseadas nos piores casos possíveis, seria irresponsável.
Também seria irresponsável ser complacente com o programa nuclear do Irã, porque, em todos os aspectos-chave do que é preciso para ser capaz de ter uma arma nuclear, o país fez progressos significativos. Não se pode afirmar com confiança que o Irã não terá uma arma nuclear daqui a dois anos. Se quiserem, e tudo correr bem, talvez possam.
Persuadir o Irã a abandonar inteiramente o enriquecimento pode ser o objetivo para alguns, mas não é exequível, dado o forte apoio que existe no país. O enriquecimento é visto como um direito e tornou-se parte indissociável do conceito de soberania nacional do Irã.
O Irã já tem capacidade nuclear, mas ter armas nucleares não é uma consequência necessária. Suécia, Alemanha e Japão também a têm e nunca cruzaram, ou são suspeitos de terem a intenção de cruzar, a linha entre "ter capacidade nuclear" e "ter armas nucleares". No Brasil, cruzar essa linha é proibido pela Constituição. Mas Israel, Índia, Paquistão e Coreia do Norte fizeram isso.
Uma combinação ponderada de quatro elementos de resposta política disponíveis pode fazer com que o Irã não cruze essa linha:
1. Contenção. Sanções, controles de exportação, sabotagem industrial e outras medidas podem restringir a capacidade do Irã de expandir o programa nuclear de forma acelerada.
2. Dissuasão. Irã pode ser dissuadido de cruzar a linha se os responsáveis políticos de alto nível do país souberem, e eles certamente sabem, que isso implicaria necessariamente numa ação militar preventiva.
3. Inspeções intrusivas. A AIEA é apenas capaz de monitorar instalações declaradas. Inspeções mais intrusivas proporcionariam uma maior confiança de que o Irã não está engajado no desenvolvimento de armas nucleares.
4. Diplomacia. Qualquer solução pacífica exigirá negociações e incentivos positivos. Contenção e dissuasão por si só não vão convencer o Irã a ignorar seu orgulho nacional e ceder à pressão. Alternativas positivas devem ser apresentadas. A principal finalidade desses dois primeiros elementos consiste em persuadir o Irã a sentar-se à mesa de negociação e isso, claramente, não está funcionando. Como saber se eles estão prontos para negociações reais, sem lhes falar diretamente? São necessários contatos discretos para sondar intenções e possibilidades de compromisso. O chefe da agência de energia atômica do Irã chegou a dizer que o Irã estaria disposto a colocar suas instalações sob controle da AIEA por cinco anos, mas não é de todo claro o que ele queria dizer com isso. É necessário descobrir.
Em suma, se o Irã pode, tecnicamente, "cruzar a linha" em menos de dois anos, esse tempo deve ser usado com sabedoria. É preciso buscar novos caminhos diplomáticos para tentar descobrir como e quando o Irã estaria pronto para negociação de algum tipo de compromisso. E isso antes que a contenção e a dissuasão se demonstrem definitivamente ineficazes, como até agora têm sido, e o mundo seja empurrado para um conflito de consequências imprevisíveis.
LEONAM DOS SANTOS GUIMARÃES é assessor da presidência da Eletronuclear e membro do Grupo Permanente de Assessoria em energia nuclear da Diretoria Geral da Agência Internacional de energiaAtômica.
ROTA DO CRIME - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 01/12/11
As apreensões de combustíveis, produtos de informática e bebidas falsificadas pela Polícia Rodoviária Federal aumentaram neste ano. E caíram as de CDs, DVDs e equipamentos eletrônicos. Até o início de novembro, foram confiscados 200 mil litros de combustível (contra 98 mil em todo o ano de 2010), 136 mil de bebidas (106 mil em 2010) e 195 mil softwares (98 mil em 2010).
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Ana Lucia Medina, secretária-executiva do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, atribui os dados ao aumento das ações repressivas. E estima que a queda no número de CDs e DVDs apreendidos (de 5,7 milhões em 2010 para 3,7 milhões em 2011) reflita o fato de mais pessoas baixarem músicas e filmes na internet.
XING-LING
O conselho divulgará o balanço de suas ações amanhã. A Prefeitura de São Paulo será premiada por operações na região da rua 25 de Março.
NO LAR
A ministra Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, que é mãe de dois filhos pequenos, vai tirar férias em janeiro.
OUTRO LADO
Caso não vingue a aliança de PSDB e PSD, com o partido do prefeito Gilberto Kassab na cabeça de chapa, como ele exige, pode haver um desvio de rota na sucessão à prefeitura paulistana. Seguidores de Kassab já falam na possibilidade de composição com o PT -com Henrique Meirelles como vice do petista Fernando Haddad.
PAULICÉIA
Tomás Dutra Schmidt, 19, que Fernando Henrique Cardoso reconheceu como filho em 2009, esteve em São Paulo recentemente para visitar o ex-presidente. Um exame de DNA feito neste ano mostrou que ele não é o pai biológico do jovem, que vive nos EUA. FHC tem reafirmado, no entanto, que nada muda na relação entre os dois.
DE VOLTA
O banqueiro Salvatore Cacciola jantava no restaurante Piselli, em SP, no começo desta semana.
O CARA SOU EU
No mesmo jantar em que Ricardo Teixeira o convidou para o comitê organizador da Copa-14, Ronaldo alfinetou Romário, seu antigo parceiro de seleção. Comentou o fato de Teixeira ter dito que ele, Fenômeno, foi o melhor jogador de sua gestão: "Nessa hora o Romário ficou assim [fazendo gesto de punhaladas no peito]". Os dois ex-craques devem ficar em lados opostos do balcão do Mundial. O agora deputado é desafeto de Teixeira e crítico da organização da Copa.
PENTEADEIRA
Amaury Jr. terá um perfume pra chamar de seu. Com notas de tangerina e sândalo com gengibre e pimenta. Será lançado hoje, no Club A.
FEITO DE AÇO
E a Transpetro vai batizar seu próximo navio com o nome de José Alencar, vice-presidente morto neste ano. Os economistas Celso Furtado e Rômulo Almeida e o historiador Sergio Buarque de Hollanda também dão nome a embarcações da empresa.
ESCALAÇÃO
Rogério Flausino, Thiaguinho e Paula Fernandes vão cantar no Prêmio Craque Brasileirão, na segunda.
BARULHINHO BOM
O Troféu Sexo MPB, organizado por Rodrigo Faour, foi entregue, anteontem, com shows no Tom Jazz, em São Paulo. Os cantores Cauby Peixoto, Maria Alcina, Vanusa, Claudette Soares, Edy Star e Gaby Amarantos foram homenageados. O tema da premiação em sua terceira edição foi "Por uma MPB com mais tesão".
CURTO-CIRCUITO
A cantora Ana Carolina fará a exposição "Ensaio de Cores", com 15 telas pintadas por ela, a partir de segunda, às 19h, na galeria Romero Britto.
Gloria Coelho apresenta sua nova coleção de inverno, hoje, com desfile na suíte presidencial do hotel Tivoli Mofarrej.
com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY
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