O GLOBO - 14/10
PSDB nunca foi um partido de direita, e sim de centro-esquerda. Só que uma esquerda civilizada, democrática
Sindicalistas, evangélicos, ambientalistas, liberais, conservadores e social-democratas: há de tudo na enorme coligação unida em torno da candidatura de Aécio Neves. O tucano, seguindo os passos de seu avô Tancredo, soube costurar acordos com base programática e construir pontes para ligar diferentes grupos em torno de um objetivo comum: tirar o PT do poder, preservar nossa democracia e fazer a economia voltar a crescer.
Em pânico, o PT acusa o tucano de “reacionário”, de “neoliberal” ou de “inimigo dos pobres”. Mas o PSDB nunca foi um partido de direita, e sim de centro-esquerda. Só que uma esquerda civilizada, democrática, nos moldes da social-democracia europeia, enquanto o PT flerta com a esquerda retrógrada, autoritária, defensora dos piores regimes ditatoriais do mundo.
Que direita é essa que junta Marina Silva e Eduardo Jorge, ambientalistas que militaram na esquerda a vida toda? Sim, é verdade que o Pastor Everaldo e Jair Bolsonaro também apoiam Aécio. Mas isso só mostra como existe um gigantesco campo ideológico em torno de sua candidatura, justamente porque há uma prioridade mais urgente e comum a todos, que é impedir o Brasil de se tornar a próxima Argentina ou Venezuela.
“Chegou o momento de interromper esse caminho suicida e apostar, mais uma vez, na alternância de poder sob a batuta da sociedade, dos interesses do pais e do bem comum”, escreveu Marina Silva em sua carta de apoio ao tucano. Ela está certa: ninguém aguenta mais o PT no poder, esse modelo ultrapassado, corrupto, incompetente, que pode significar nosso suicídio coletivo se durar mais quatro anos.
A classe média, odiada por Marilena Chauí, a filósofa que acha que o mundo se ilumina quando Lula abre a boca, não suporta mais tantos impostos, tanta corrupção, tanto descaso do governo. Não é “fascista”, como diz a “intelectual” sob aplausos de Lula, e sim trabalhadora, e quer apenas melhorar sua condição de vida, impossível com tantos obstáculos criados pelo próprio governo.
Os mais pobres também querem mudanças, como as pesquisas e os votos comprovam. Mas muitos ainda temem a perda de algumas conquistas, graças ao intenso terrorismo eleitoral do PT. A “justiça social” é mais um mito criado pelos petistas. As conquistas verdadeiras foram plantadas antes, pelo próprio PSDB, como no Plano Real, que controlou a inflação, e que teve a oposição petista.
Mesmo o Bolsa Família não é mérito do PT, pois, como o próprio ex-presidente Lula já reconheceu, a ideia partiu de um tucano, o governador de Goiás, Marconi Perillo. O PT apenas uniu programas sociais existentes, e, em vez de criar portas de saída e torná-lo política de Estado, como propõe Aécio, preferiu manter cada vez mais gente dependendo do seu governo. Justamente para usar a ameaça de que os pobres perderão o benefício se não votarem em Dilma, o que, além de mentira, é o resgate do velho e nefasto voto de cabresto.
Quando o PT resolveu inovar em programas sociais, nasceu o Fome Zero, um retumbante fracasso. Enquanto o projeto nem saía do papel, Lula já tentava vendê-lo ao mundo todo, de forma arrogante. Como podemos ver, o PT teve no campo social coisas boas e novas, mas as boas não eram novas e as novas não eram boas. Partido dos pobres com foco no social? Não cola.
Até mesmo na questão do salário mínimo, que Dilma tem usado para atacar Aécio, seu governo se sai pior do que o de FH. Durante a gestão do tucano, o salário mínimo se valorizou 4,5% ao ano, enquanto no período Dilma aumentou apenas 2,5% ao ano, em termos reais (descontada a inflação). Será que Dilma representa efetivamente os mais pobres?
Claro que não. Dilma e o PT representam a velha política, o fisiologismo corrupto, o aparelhamento da máquina estatal, a compra escancarada de votos, os subsídios bilionários para grandes grupos em troca de apoio político. Se Marina e Eduardo Jorge estão com Aécio, Sarney, Collor, Renan Calheiros, Jader Barbalho e Maluf estão com Dilma. Sem falar da turma presa na Papuda, daqueles que nos roubaram e que o PT ainda defende como seus “heróis”.
Uma quadrilha se instalou na Petrobras para se apropriar do dinheiro do povo brasileiro. Quem diz são os próprios criminosos do esquema. Grandes empreiteiras e políticos ligados ao PT desviando bilhões, enquanto o trabalhador acumulava enormes prejuízos em seus investimentos na estatal por meio do FGTS. Governo dos trabalhadores?
Não dá mais! O povo quer mudança. Direita e esquerda, estão todos unidos contra o PT, contra as forças reacionárias, populistas e corruptas deste país.
terça-feira, outubro 14, 2014
O PT amarelando - ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 14/10
BRASÍLIA - Responda se puder: foi a Dilma que abandonou o Lula ou foi o Lula que abandonou a Dilma? Pela primeira vez, desde 2002, FHC, para o bem e para o mal, aparece mais na campanha do que Lula.
O PT ganhou a Presidência em 2002, 2006 e 2010, mas, a cada mandato, lá se vai um naco da aura e das cores do partido, que era vermelho e está amarelando, até azulando.
Candidatos petistas à antiga, de estrela vermelha no peito e 13 para todo lado, andam meio em extinção. Alguns, levando um banho.
Alexandre Padilha (SP) e Gleisi Hoffmann (PR) amargaram o terceiro lugar, apesar de terem sido até ministros de Dilma. Lindbergh Faria (RJ) chegou em quarto. O PT mais atrapalhou que ajudou.
Quem escondeu o vermelho, a estrela e, até onde deu, o 13, se deu bem. O também ex-ministro Fernando Pimentel levou Minas no primeiro turno. Delcídio Amaral (MS) chegou na frente ao segundo turno. Camilo Santana disparou no Ceará.
Em comum, os três coloridos têm o seguinte: deixaram o padrinho Lula e a madrinha Dilma de lado e se penduraram em outras referências, menos vermelhas e pouco petistas.
Pimentel, que fez aliança com Aécio Neves para a eleição do prefeito da capital, tem jeitão tucano, discurso tucano e um nome muito parecido com o do seu adversário tucano, Pimenta da Veiga. Próximo e amigo de Dilma, ele surfou nos velhos acordos de Aécio com o PT --lembra do Lulécio e do Dilmazia?
Outro ironizado como "petista tucano" ou "tucano petista" é Delcídio, cujo adversário agora é do PSDB. Já Camilo Santana agarrou-se mais aos irmãos Cid e Ciro Gomes, do Pros, do que a Lula e Dilma. É dos Gomes que vem sua força. Como vem de Jaques Wagner, mais do que do PT, a força de Rui Costa na Bahia.
Como pano de fundo, os 73% que querem mudança. Se Dilma vencer, Lula pula dentro. Se perder, ela que se cuide. Lula já tem um(a) culpado(a). Além da imprensa, claro.
BRASÍLIA - Responda se puder: foi a Dilma que abandonou o Lula ou foi o Lula que abandonou a Dilma? Pela primeira vez, desde 2002, FHC, para o bem e para o mal, aparece mais na campanha do que Lula.
O PT ganhou a Presidência em 2002, 2006 e 2010, mas, a cada mandato, lá se vai um naco da aura e das cores do partido, que era vermelho e está amarelando, até azulando.
Candidatos petistas à antiga, de estrela vermelha no peito e 13 para todo lado, andam meio em extinção. Alguns, levando um banho.
Alexandre Padilha (SP) e Gleisi Hoffmann (PR) amargaram o terceiro lugar, apesar de terem sido até ministros de Dilma. Lindbergh Faria (RJ) chegou em quarto. O PT mais atrapalhou que ajudou.
Quem escondeu o vermelho, a estrela e, até onde deu, o 13, se deu bem. O também ex-ministro Fernando Pimentel levou Minas no primeiro turno. Delcídio Amaral (MS) chegou na frente ao segundo turno. Camilo Santana disparou no Ceará.
Em comum, os três coloridos têm o seguinte: deixaram o padrinho Lula e a madrinha Dilma de lado e se penduraram em outras referências, menos vermelhas e pouco petistas.
Pimentel, que fez aliança com Aécio Neves para a eleição do prefeito da capital, tem jeitão tucano, discurso tucano e um nome muito parecido com o do seu adversário tucano, Pimenta da Veiga. Próximo e amigo de Dilma, ele surfou nos velhos acordos de Aécio com o PT --lembra do Lulécio e do Dilmazia?
Outro ironizado como "petista tucano" ou "tucano petista" é Delcídio, cujo adversário agora é do PSDB. Já Camilo Santana agarrou-se mais aos irmãos Cid e Ciro Gomes, do Pros, do que a Lula e Dilma. É dos Gomes que vem sua força. Como vem de Jaques Wagner, mais do que do PT, a força de Rui Costa na Bahia.
Como pano de fundo, os 73% que querem mudança. Se Dilma vencer, Lula pula dentro. Se perder, ela que se cuide. Lula já tem um(a) culpado(a). Além da imprensa, claro.
Zona de conforto - DORA KRAMER
O ESTADÃO - 14/10
As coisas estão difíceis, mas não impossíveis para a presidente Dilma Rousseff. Se de um lado é inegável que a atmosfera conspira a favor de Aécio Neves como conspirou a favor do avô Tancredo 29 anos atrás, na eleição do colégio eleitoral de 1985 contra Paulo Maluf, de outro o peso do voto direto insere agora um fator de relativo equilíbrio entre os candidatos.
Há um sentimento de esgotamento com o modo de agir do PT, esta é uma verdade que se expressou não apenas na surpreendente votação do tucano – um candidato que chegou a ser considerado fora do jogo – como também no volume de adesões à oposição no início da campanha do segundo turno.
Partidos tradicionalmente aliados ao PT firmaram fileira ao lado do PSDB, artistas e intelectuais saíram do imobilismo e o oposicionismo perdeu o medo de dizer seu nome. Ao sentir firmeza no respaldo social, os tucanos improvisaram a frente de oposição que deixaram de organizar no período da entressafra. Surfam numa onda bastante favorável, mas longe de autorizar prognósticos excessivamente autoconfiantes. Pelo seguinte: com todo o cenário adverso – e vamos pôr adversidade nisso –, nele incluído uma candidata que consegue tornar ininteligível o mais simples dos raciocínios, o governo ainda tem um volume robusto de votos.
Não se pode dizer que estejam exclusivamente concentrados entre aqueles que recebem benefícios assistencialistas. Dilma recebeu 74% dos votos desse público, mas as mesmas pesquisas indicam que 6 de cada 10 eleitores da candidata do PT não são beneficiários de programas do governo. Afora o eleitorado ideológico ou aquele diretamente interessado no aparelho de Estado, é preciso considerar a existência do contingente de pessoas que vivem uma sensação legítima de preservação dos ganhos obtidos nos últimos anos. É o eleitorado conquistado pelo consumo que pensa assim: tenho celular, carro, eletrodomésticos, confortos que nunca tive; votar contra o governo que me proporcionou tudo isso por quê?
Vai explicar a uma criatura de menos de 30 anos de idade o que são aumentos de preços diários, descrédito internacional, balbúrdia nas contas públicas, linhas telefônicas na declaração de Imposto de Renda e outras especificidades de um país completamente desorganizado.
Não é problema dessa imensa parcela se há 12 anos o PSDB não tratou de deixar o governo defendendo seu legado. Hoje muito poucos se lembram das razões pelas quais há telefones à vontade, a inflação não come os salários dos mais pobres que não podem se defender dela no sistema financeiro, a moeda brasileira não é produto podre e os governos subsequentes puderam desfrutar de uma economia arrumada.
Atribuem tudo aos governos do PT que, com muita habilidade e nenhum escrúpulo, se apropriaram do patrimônio fazendo dele tábula rasa sob o dístico de herança maldita. Fizeram do mérito um demérito e agora a oposição tenta recuperar terreno explicando o que imaginou ser autoexplicável, esquecida de que na política não existe vácuo.
Se o PT não tivesse cedido à tentação de construir seu projeto de poder na base do aparelhamento do Estado, das alianças com “os piores”, na permissividade quanto ao uso particular da máquina pública, do autoritarismo no trato da crítica, na desqualificação dos adversários e na defesa reiterada de seus pecados, provavelmente hoje as coisas estariam mais fáceis para a presidente Dilma Rousseff.
Sonhática. Ao dizer que “voto não se transfere”, a fim de desdenhar do apoio de Marina Silva a Aécio Neves, a presidente Dilma Rousseff contraria a razão da própria eleição em 2010. Ou então nesses quatro anos passou a acreditar que era ela a dona daqueles quase 56 milhões de votos transferidos por Lula.
As coisas estão difíceis, mas não impossíveis para a presidente Dilma Rousseff. Se de um lado é inegável que a atmosfera conspira a favor de Aécio Neves como conspirou a favor do avô Tancredo 29 anos atrás, na eleição do colégio eleitoral de 1985 contra Paulo Maluf, de outro o peso do voto direto insere agora um fator de relativo equilíbrio entre os candidatos.
Há um sentimento de esgotamento com o modo de agir do PT, esta é uma verdade que se expressou não apenas na surpreendente votação do tucano – um candidato que chegou a ser considerado fora do jogo – como também no volume de adesões à oposição no início da campanha do segundo turno.
Partidos tradicionalmente aliados ao PT firmaram fileira ao lado do PSDB, artistas e intelectuais saíram do imobilismo e o oposicionismo perdeu o medo de dizer seu nome. Ao sentir firmeza no respaldo social, os tucanos improvisaram a frente de oposição que deixaram de organizar no período da entressafra. Surfam numa onda bastante favorável, mas longe de autorizar prognósticos excessivamente autoconfiantes. Pelo seguinte: com todo o cenário adverso – e vamos pôr adversidade nisso –, nele incluído uma candidata que consegue tornar ininteligível o mais simples dos raciocínios, o governo ainda tem um volume robusto de votos.
Não se pode dizer que estejam exclusivamente concentrados entre aqueles que recebem benefícios assistencialistas. Dilma recebeu 74% dos votos desse público, mas as mesmas pesquisas indicam que 6 de cada 10 eleitores da candidata do PT não são beneficiários de programas do governo. Afora o eleitorado ideológico ou aquele diretamente interessado no aparelho de Estado, é preciso considerar a existência do contingente de pessoas que vivem uma sensação legítima de preservação dos ganhos obtidos nos últimos anos. É o eleitorado conquistado pelo consumo que pensa assim: tenho celular, carro, eletrodomésticos, confortos que nunca tive; votar contra o governo que me proporcionou tudo isso por quê?
Vai explicar a uma criatura de menos de 30 anos de idade o que são aumentos de preços diários, descrédito internacional, balbúrdia nas contas públicas, linhas telefônicas na declaração de Imposto de Renda e outras especificidades de um país completamente desorganizado.
Não é problema dessa imensa parcela se há 12 anos o PSDB não tratou de deixar o governo defendendo seu legado. Hoje muito poucos se lembram das razões pelas quais há telefones à vontade, a inflação não come os salários dos mais pobres que não podem se defender dela no sistema financeiro, a moeda brasileira não é produto podre e os governos subsequentes puderam desfrutar de uma economia arrumada.
Atribuem tudo aos governos do PT que, com muita habilidade e nenhum escrúpulo, se apropriaram do patrimônio fazendo dele tábula rasa sob o dístico de herança maldita. Fizeram do mérito um demérito e agora a oposição tenta recuperar terreno explicando o que imaginou ser autoexplicável, esquecida de que na política não existe vácuo.
Se o PT não tivesse cedido à tentação de construir seu projeto de poder na base do aparelhamento do Estado, das alianças com “os piores”, na permissividade quanto ao uso particular da máquina pública, do autoritarismo no trato da crítica, na desqualificação dos adversários e na defesa reiterada de seus pecados, provavelmente hoje as coisas estariam mais fáceis para a presidente Dilma Rousseff.
Sonhática. Ao dizer que “voto não se transfere”, a fim de desdenhar do apoio de Marina Silva a Aécio Neves, a presidente Dilma Rousseff contraria a razão da própria eleição em 2010. Ou então nesses quatro anos passou a acreditar que era ela a dona daqueles quase 56 milhões de votos transferidos por Lula.
Dilma viu a uva do vovô - ARNALDO JABOR
O ESTADÃO - 14/10
É necessária uma cartilha bem clara para a população que se perde nesse sarapatel de mentiras e manipulações da candidata para presidenta. Por exemplo, o povo não entende frases como: "nosso produto interno bruto é mínimo por falta de corte nos gastos fiscais". Ninguém sabe o que é isso, principalmente no Nordeste-Norte. Ao contrario do que diz Dilma, os pobres que não puderam estudar são, sim, absolutamente ignorantes sobre os reais problemas brasileiros. Vamos ao diálogo da cartilha:
- Dilma viu a uva. Dilma viu o vovô. Dilma diz que viu o povo, mas não viu.
Dilma viu Maduro, Dilma viu Chávez... Dilma viu o ovo. Mas não viu o novo.
- Por que ela gosta de governos como Cuba, Venezuela, Argentina?
- Porque para ela, no duro, a sociedade é composta de imbecis e de empresários imperialistas. Dilma pensa igual a eles. Ela e a "Cristina botox ".
- Por que ela pensa igual a eles?
- Porque é possuída por uma loucura antiga chamada "revolução socialista" que fracassou no mundo todo. Imagine um automóvel quebrado; em vez de chamar um mecânico, chamam um marceneiro. É isto que estão fazendo. Esta é a causa do desastre atual de economia e da crise política. Para eles, quanto pior, melhor. O problema é que eles é que estão no governo e essas ideias são tiros no pé. Mais uma vez repito o filosofo Baudrillard: "o comunismo hoje desintegrado tornou-se viral, capaz de contaminar o mundo inteiro, não através da ideologia nem do seu modelo de funcionamento, mas através do seu modelo de desfuncionamento e da desestruturação brutal". Por isso, erram tudo, por incompetência. O Governo ataca e quer mudar o Estado para possuí-lo.
- Por quê?
- Para o PT, as instituições não valem nada (burguesas) e têm de ser usadas para o projeto do PT.
- Qual é o Projeto do PT?
- Fundar uma espécie de bolivarianismo tropical e obrigar o povo à obedecer o Estado dominado por eles.
- Que é bolivarianismo?
- É um tipo de governo na Venezuela que controla tudo, que controla ate o papel higiênico e carimba o braço dos fregueses nos supermercados para que eles só comprem uma vez e não voltem, porque há muito pouca mercadoria.
- Por que os petistas não fazem reforma alguma?
- Porque não querem. A reforma da Previdência não existirá pois, segundo o PT, "ela não é necessária", pois "exageram muito sobre sua crise", não havendo nenhum "rombo" no orçamento. Só de 52 bilhões. Por isso, a inflação vai continuar crescendo, pois eles não ligam para a "inflação neoliberal".
- O que é inflação?
- Ahhh... é sinônimo de "carestia".
- Por que o PT ataca tanto os adversários?
- Porque eles têm medo de perder as 100 mil "boquinhas" que conquistaram no Estado. Essa gente não larga o osso. Para isso, topam tudo: calúnias, números mentirosos,. Eles também têm medo que suas roubalheiras sejam investigadas. Vejam o caso do "Petrolão". Perto dele, o "mensalão" é um troco.
- Por quê?
- A Petrobrás foi predada e destruída pela metade porque essa empresa sempre foi vista como "propriedade de uma esquerda psicótica.
- Este roubo foi feito por vagabundos sem moral?
- Não. A Petrobrás foi assaltada pelos próprios diretores para que o dinheiro fosse dividido entre o PT, PP e PMDB, para seus políticos apoiarem o governo Dilma e para novos malfeitos.
- Por que Dilma diz que não viu nada?
- Para negar que viu. Claro que viu. É necessário mentir para o "bem" do povo. Sim. Eles acham que são "mentiras revolucionárias". Aliás, você sabe o que é Pasadena?
- Não...
- É o nome da refinaria da qual Dilma autorizou a compra.
- Por que Dilma assinou a compra da refinaria?
- Ela afirma que não sabia... Mas, como é possível que sendo a presidente do Conselho da Petrobrás tenha autorizado (apenas informada por duas folhas de papel) a compra de uma refinaria por um preço 300 vezes mais caro do que vale?
- Não sei.
- Você compraria uma casa que vale 100 mil reais pelo preço de 1 bilhão e duzentos mil?
- Só eu fosse louco ou mal intencionado.
- Ela comprou. Comprou também pelo desprezo que os comunas têm por "administração" - coisa de empresários burgueses... Ou por pura incompetência...
- Por que a Dilma e PT não mudam de ideia, vendo tantos erros?
- Oh, ingênuo eleitor! Porque a Dilma e PT são sacramentados por Deus e não erram nunca. Quem erra somos nós. Quem discordar é inimigo. E querem se eternizar no poder.
- E por que nós do povo acreditamos nisso?
- Porque acham que Dilma "ama" o povo. Precisam ver como Dilma trata os garçons do Palácio...
- Por que então tantos intelectuais informados vão votar na Dilma mesmo assim
- Porque acham que o PT ainda tem um grãozinho de romantismo social e também porque temem ser chamados de reacionários, neoliberais. O nome "esquerda" ainda é o ópio dos intelectuais.
- Por que não mudam de ideia?
- Porque essa ideologia é um tumor inoperável em suas cabeças. É espantoso que não vejam o óbvio: a desconstrução do país.
- Por que Dilma e Lula aparecem juntinhos do Collor?
- Porque o Collor pode trazer votos de Alagoas, o estado mais rico de pobres.
- Por que eles querem tanto os votos dos pobres?
- Por que em geral têm "bolsa família". Mas, o que não sabem é que com a volta da carestia.
-Inflação...
- Isso. Com a volta da inflação a graninha do Bolsa Família vai mirrar, sumir, perder o valor. Isso eles não explicam.
- E por que eles dizem que a luta eleitoral é entre ricos e pobres? Pobres do Norte-Nordeste contra os riquinhos do Sudeste e Sul?
- Porque eles falam assim para esconder que a luta é entre pobres analfabetos x pessoas mais sensatas e informadas. Quem sabe disso, não vota nela.
- Mas, afinal o que é o projeto do PT?
- O programa do PT é um plano de guerra. Eles odeiam a democracia (eles sempre usaram a democracia para negá-la depois). Eu me lembro do Partidão. Eles diziam: "apoiaremos a democracia como tática. Depois a gente vê". Dilma também pensa assim: a democracia é um meio, não um fim. Por isso, tem de haver uma cartilha para explicar o programa do PT: Dilma diz que viu o povo, mas não viu. Dilma viu o ovo. Mas não viu o novo.
É necessária uma cartilha bem clara para a população que se perde nesse sarapatel de mentiras e manipulações da candidata para presidenta. Por exemplo, o povo não entende frases como: "nosso produto interno bruto é mínimo por falta de corte nos gastos fiscais". Ninguém sabe o que é isso, principalmente no Nordeste-Norte. Ao contrario do que diz Dilma, os pobres que não puderam estudar são, sim, absolutamente ignorantes sobre os reais problemas brasileiros. Vamos ao diálogo da cartilha:
- Dilma viu a uva. Dilma viu o vovô. Dilma diz que viu o povo, mas não viu.
Dilma viu Maduro, Dilma viu Chávez... Dilma viu o ovo. Mas não viu o novo.
- Por que ela gosta de governos como Cuba, Venezuela, Argentina?
- Porque para ela, no duro, a sociedade é composta de imbecis e de empresários imperialistas. Dilma pensa igual a eles. Ela e a "Cristina botox ".
- Por que ela pensa igual a eles?
- Porque é possuída por uma loucura antiga chamada "revolução socialista" que fracassou no mundo todo. Imagine um automóvel quebrado; em vez de chamar um mecânico, chamam um marceneiro. É isto que estão fazendo. Esta é a causa do desastre atual de economia e da crise política. Para eles, quanto pior, melhor. O problema é que eles é que estão no governo e essas ideias são tiros no pé. Mais uma vez repito o filosofo Baudrillard: "o comunismo hoje desintegrado tornou-se viral, capaz de contaminar o mundo inteiro, não através da ideologia nem do seu modelo de funcionamento, mas através do seu modelo de desfuncionamento e da desestruturação brutal". Por isso, erram tudo, por incompetência. O Governo ataca e quer mudar o Estado para possuí-lo.
- Por quê?
- Para o PT, as instituições não valem nada (burguesas) e têm de ser usadas para o projeto do PT.
- Qual é o Projeto do PT?
- Fundar uma espécie de bolivarianismo tropical e obrigar o povo à obedecer o Estado dominado por eles.
- Que é bolivarianismo?
- É um tipo de governo na Venezuela que controla tudo, que controla ate o papel higiênico e carimba o braço dos fregueses nos supermercados para que eles só comprem uma vez e não voltem, porque há muito pouca mercadoria.
- Por que os petistas não fazem reforma alguma?
- Porque não querem. A reforma da Previdência não existirá pois, segundo o PT, "ela não é necessária", pois "exageram muito sobre sua crise", não havendo nenhum "rombo" no orçamento. Só de 52 bilhões. Por isso, a inflação vai continuar crescendo, pois eles não ligam para a "inflação neoliberal".
- O que é inflação?
- Ahhh... é sinônimo de "carestia".
- Por que o PT ataca tanto os adversários?
- Porque eles têm medo de perder as 100 mil "boquinhas" que conquistaram no Estado. Essa gente não larga o osso. Para isso, topam tudo: calúnias, números mentirosos,. Eles também têm medo que suas roubalheiras sejam investigadas. Vejam o caso do "Petrolão". Perto dele, o "mensalão" é um troco.
- Por quê?
- A Petrobrás foi predada e destruída pela metade porque essa empresa sempre foi vista como "propriedade de uma esquerda psicótica.
- Este roubo foi feito por vagabundos sem moral?
- Não. A Petrobrás foi assaltada pelos próprios diretores para que o dinheiro fosse dividido entre o PT, PP e PMDB, para seus políticos apoiarem o governo Dilma e para novos malfeitos.
- Por que Dilma diz que não viu nada?
- Para negar que viu. Claro que viu. É necessário mentir para o "bem" do povo. Sim. Eles acham que são "mentiras revolucionárias". Aliás, você sabe o que é Pasadena?
- Não...
- É o nome da refinaria da qual Dilma autorizou a compra.
- Por que Dilma assinou a compra da refinaria?
- Ela afirma que não sabia... Mas, como é possível que sendo a presidente do Conselho da Petrobrás tenha autorizado (apenas informada por duas folhas de papel) a compra de uma refinaria por um preço 300 vezes mais caro do que vale?
- Não sei.
- Você compraria uma casa que vale 100 mil reais pelo preço de 1 bilhão e duzentos mil?
- Só eu fosse louco ou mal intencionado.
- Ela comprou. Comprou também pelo desprezo que os comunas têm por "administração" - coisa de empresários burgueses... Ou por pura incompetência...
- Por que a Dilma e PT não mudam de ideia, vendo tantos erros?
- Oh, ingênuo eleitor! Porque a Dilma e PT são sacramentados por Deus e não erram nunca. Quem erra somos nós. Quem discordar é inimigo. E querem se eternizar no poder.
- E por que nós do povo acreditamos nisso?
- Porque acham que Dilma "ama" o povo. Precisam ver como Dilma trata os garçons do Palácio...
- Por que então tantos intelectuais informados vão votar na Dilma mesmo assim
- Porque acham que o PT ainda tem um grãozinho de romantismo social e também porque temem ser chamados de reacionários, neoliberais. O nome "esquerda" ainda é o ópio dos intelectuais.
- Por que não mudam de ideia?
- Porque essa ideologia é um tumor inoperável em suas cabeças. É espantoso que não vejam o óbvio: a desconstrução do país.
- Por que Dilma e Lula aparecem juntinhos do Collor?
- Porque o Collor pode trazer votos de Alagoas, o estado mais rico de pobres.
- Por que eles querem tanto os votos dos pobres?
- Por que em geral têm "bolsa família". Mas, o que não sabem é que com a volta da carestia.
-Inflação...
- Isso. Com a volta da inflação a graninha do Bolsa Família vai mirrar, sumir, perder o valor. Isso eles não explicam.
- E por que eles dizem que a luta eleitoral é entre ricos e pobres? Pobres do Norte-Nordeste contra os riquinhos do Sudeste e Sul?
- Porque eles falam assim para esconder que a luta é entre pobres analfabetos x pessoas mais sensatas e informadas. Quem sabe disso, não vota nela.
- Mas, afinal o que é o projeto do PT?
- O programa do PT é um plano de guerra. Eles odeiam a democracia (eles sempre usaram a democracia para negá-la depois). Eu me lembro do Partidão. Eles diziam: "apoiaremos a democracia como tática. Depois a gente vê". Dilma também pensa assim: a democracia é um meio, não um fim. Por isso, tem de haver uma cartilha para explicar o programa do PT: Dilma diz que viu o povo, mas não viu. Dilma viu o ovo. Mas não viu o novo.
‘É a economia, estúpido!’ - GIL CASTELLO BRANCO
O GLOBO - 14/10
Há posições ideológicas em favor de ambos osconcorrentes, mas muitos votos são dos que temem perder conquistas
Em 1991, o presidente dos Estados Unidos, George Bush, venceu a Guerra do Golfo e resgatou a autoestima dos americanos após a dolorosa derrota no Vietnã. Assim, era o favorito absoluto nas eleições de 1992 ao enfrentar o desconhecido governador de Arkansas, Bill Clinton. O marqueteiro de Clinton, James Carville, apostou que Bush não era invencível com o país em recessão e cunhou a frase que virou case de marketing eleitoral: “É a economia, estúpido!”
A 12 dias do segundo turno, os aspectos econômicos serão fundamentais, tanto para os que votarão em Aécio, quanto para os que pretendem reeleger Dilma.
Para os primeiros, a análise é conjuntural. O crescimento do PIB em 2014 chegará a 0,3%, se tanto. O superávit primário, mesmo com as mágicas contábeis, as pedaladas e as receitas extraordinárias, ficará perto de zero, se não for negativo. A inflação superou o teto da meta, alcançando 6,75% nos últimos 12 meses, apesar da Selic na casa dos 11% e do congelamento dos preços administrados. O Banco Central, que no começo do ano projetou em US$ 10 bilhões o superávit comercial, lamberá os beiços se o resultado atingir 25% do previsto. Dos 48.747 empreendimentos da segunda versão do Programa de Aceleração do Crescimento, apenas 15,8% estão concluídos, conforme dados oficiais de abril. Quase a metade das obras sequer saiu do papel a oito meses do fim do PAC 2.
Novo eventual rebaixamento do Brasil pelas agências de risco poderá ser a gota d’água para a chamada “tempestade perfeita", conjunção de diversos fatores negativos que tendem a agravar a crise econômica. No mercado financeiro, os que sempre tiveram receio do desconhecido, agora temem a continuidade.
Para muitos eleitores de Dilma, ainda que existam nuvens carregadas no horizonte, o importante é que — até agora — a chuva não caiu. A percepção econômica é pessoal. A taxa de desemprego beira 5%. O Bolsa Família atende a 14 milhões de beneficiários, abrangendo 56 milhões de pessoas. Cerca de um milhão de pescadores (haja pescador...) recebe a Bolsa Pesca, salário mínimo mensal por quatro ou cinco meses em que as espécies se reproduzem. Entre os esportistas, 6.715 recebem a Bolsa Atleta, inclusive os 157 da elite agraciados com a Bolsa Pódio, que pode chegar a R$ 15 mil. Muitos ainda são contratados pelas Forças Armadas e patrocinados por estatais.
Nos 39 ministérios e órgãos vinculados existem 97.048 ocupantes de cargos e funções de confiança/gratificações, dentre os quais 22.729 de Direção e Assessoramento Superior (DAS). O Minha Casa Minha Vida contemplou 1,5 milhão de novos proprietários. O Minha Casa Melhor já financiou milhares de móveis e eletrodomésticos. O crédito farto facilitou também as aquisições de automóveis, motos e outros bens de consumo. Os benefícios dos cinco milhões de aposentados, pensionistas, desempregados, idosos e deficientes foram reajustados com base no salário mínimo, em percentuais superiores à inflação, atenuando defasagem histórica.
Sem dúvida, há posições ideológicas em favor de ambos os concorrentes, mas certamente muitos votos são dos que temem perder as conquistas. O medo é explorado com terrorismo na propaganda eleitoral de Dilma, que tem 74% das intenções de votos entre os eleitores que recebem o Bolsa Família. Sob o prisma eleitoral, o dinheiro direto na veia é literalmente um prato cheio para a presidente-candidata.
É indiscutível o mérito dos governos Lula e Dilma na ampliação dos programas de transferência de renda e na política habitacional. Segundo as estatísticas, 22 milhões de brasileiros saíram da situação de miséria, superando os R$ 77 per capita/mês, o que, convenhamos, ainda é muito pouco. A má-fé consiste em não reconhecer heranças como a estabilidade da moeda, a Lei de Responsabilidade Fiscal e o embrião das políticas sociais, bem como transformar políticas de Estado em favores partidários.
O problema é que a tempestade se aproxima. A inflação sobe, mesmo com a elevação da taxa de juros; as despesas crescem mais que as receitas; as famílias se endividaram e frearam o consumo; a dívida bruta aumentou e o superávit primário sumiu. A credibilidade das contas públicas está deteriorada e a corrupção — o lado podre da economia — atinge valores inimagináveis.
Em menos de duas semanas, conheceremos quem irá comandar o Brasil nos próximos quatro anos. Mais uma vez, os aspectos econômicos serão relevantes. O seu voto poderá ser decisivo. “É a economia, estúpido!”, diria Carville. Resta saber o quão “estúpidos” somos.
Há posições ideológicas em favor de ambos osconcorrentes, mas muitos votos são dos que temem perder conquistas
Em 1991, o presidente dos Estados Unidos, George Bush, venceu a Guerra do Golfo e resgatou a autoestima dos americanos após a dolorosa derrota no Vietnã. Assim, era o favorito absoluto nas eleições de 1992 ao enfrentar o desconhecido governador de Arkansas, Bill Clinton. O marqueteiro de Clinton, James Carville, apostou que Bush não era invencível com o país em recessão e cunhou a frase que virou case de marketing eleitoral: “É a economia, estúpido!”
A 12 dias do segundo turno, os aspectos econômicos serão fundamentais, tanto para os que votarão em Aécio, quanto para os que pretendem reeleger Dilma.
Para os primeiros, a análise é conjuntural. O crescimento do PIB em 2014 chegará a 0,3%, se tanto. O superávit primário, mesmo com as mágicas contábeis, as pedaladas e as receitas extraordinárias, ficará perto de zero, se não for negativo. A inflação superou o teto da meta, alcançando 6,75% nos últimos 12 meses, apesar da Selic na casa dos 11% e do congelamento dos preços administrados. O Banco Central, que no começo do ano projetou em US$ 10 bilhões o superávit comercial, lamberá os beiços se o resultado atingir 25% do previsto. Dos 48.747 empreendimentos da segunda versão do Programa de Aceleração do Crescimento, apenas 15,8% estão concluídos, conforme dados oficiais de abril. Quase a metade das obras sequer saiu do papel a oito meses do fim do PAC 2.
Novo eventual rebaixamento do Brasil pelas agências de risco poderá ser a gota d’água para a chamada “tempestade perfeita", conjunção de diversos fatores negativos que tendem a agravar a crise econômica. No mercado financeiro, os que sempre tiveram receio do desconhecido, agora temem a continuidade.
Para muitos eleitores de Dilma, ainda que existam nuvens carregadas no horizonte, o importante é que — até agora — a chuva não caiu. A percepção econômica é pessoal. A taxa de desemprego beira 5%. O Bolsa Família atende a 14 milhões de beneficiários, abrangendo 56 milhões de pessoas. Cerca de um milhão de pescadores (haja pescador...) recebe a Bolsa Pesca, salário mínimo mensal por quatro ou cinco meses em que as espécies se reproduzem. Entre os esportistas, 6.715 recebem a Bolsa Atleta, inclusive os 157 da elite agraciados com a Bolsa Pódio, que pode chegar a R$ 15 mil. Muitos ainda são contratados pelas Forças Armadas e patrocinados por estatais.
Nos 39 ministérios e órgãos vinculados existem 97.048 ocupantes de cargos e funções de confiança/gratificações, dentre os quais 22.729 de Direção e Assessoramento Superior (DAS). O Minha Casa Minha Vida contemplou 1,5 milhão de novos proprietários. O Minha Casa Melhor já financiou milhares de móveis e eletrodomésticos. O crédito farto facilitou também as aquisições de automóveis, motos e outros bens de consumo. Os benefícios dos cinco milhões de aposentados, pensionistas, desempregados, idosos e deficientes foram reajustados com base no salário mínimo, em percentuais superiores à inflação, atenuando defasagem histórica.
Sem dúvida, há posições ideológicas em favor de ambos os concorrentes, mas certamente muitos votos são dos que temem perder as conquistas. O medo é explorado com terrorismo na propaganda eleitoral de Dilma, que tem 74% das intenções de votos entre os eleitores que recebem o Bolsa Família. Sob o prisma eleitoral, o dinheiro direto na veia é literalmente um prato cheio para a presidente-candidata.
É indiscutível o mérito dos governos Lula e Dilma na ampliação dos programas de transferência de renda e na política habitacional. Segundo as estatísticas, 22 milhões de brasileiros saíram da situação de miséria, superando os R$ 77 per capita/mês, o que, convenhamos, ainda é muito pouco. A má-fé consiste em não reconhecer heranças como a estabilidade da moeda, a Lei de Responsabilidade Fiscal e o embrião das políticas sociais, bem como transformar políticas de Estado em favores partidários.
O problema é que a tempestade se aproxima. A inflação sobe, mesmo com a elevação da taxa de juros; as despesas crescem mais que as receitas; as famílias se endividaram e frearam o consumo; a dívida bruta aumentou e o superávit primário sumiu. A credibilidade das contas públicas está deteriorada e a corrupção — o lado podre da economia — atinge valores inimagináveis.
Em menos de duas semanas, conheceremos quem irá comandar o Brasil nos próximos quatro anos. Mais uma vez, os aspectos econômicos serão relevantes. O seu voto poderá ser decisivo. “É a economia, estúpido!”, diria Carville. Resta saber o quão “estúpidos” somos.
Estado, golpe e traição - HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 14/10
SÃO PAULO - A delação premiada envolvendo o ex-dirigente da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef agita a reta final da campanha. A presidente Dilma Rousseff chegou a qualificar a divulgação de trechos de depoimentos dos dois personagens como uma tentativa de "golpe", e advogados de defesa de renome apareceram na imprensa criticando o próprio instituto da delação premiada.
Embora diferentes, as duas atitudes têm um ponto em comum. Elas têm como pressuposto a ideia de que o Estado deve sempre promover comportamentos éticos. Se a Justiça está de posse de acusações ainda não comprovadas que podem ter impacto na eleição, é seu dever conservá-las em segredo até que estejam esclarecidas. Comprometer a honra de um inocente seria pior do que retardar a divulgação de uma verdade.
De modo análogo, se a traição é uma forma de deslealdade abominada por todos os grupamentos humanos, o poder público não pode estimulá-la nem para elucidar crimes.
São posições respeitáveis, mas penso que o Estado deve ser um pouco mais consequencialista e menos principista. Se os depoimentos de Costa e Youssef não estão sob segredo de Justiça, como diz o magistrado responsável pelo caso, trata-se de informação sob domínio público que não pode ser escondida. Cabe ao PT defender-se lembrando que as denúncias não foram comprovadas e, por envolverem delação premiada, devem ser vistas com máxima cautela. Se o eleitor se deixará convencer é problema do PT e não do Estado.
No que diz respeito ao mérito da delação premiada, penso que a função primordial do poder público é criar condições para que os cidadãos possam levar a vida que desejarem, sem impor-lhes um conteúdo moral, isto é, sem dizer qual vida devem viver. Aí, o combate ao crime, notadamente o crime organizado, se torna muito mais importante do que promover a ética entre bandidos.
SÃO PAULO - A delação premiada envolvendo o ex-dirigente da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef agita a reta final da campanha. A presidente Dilma Rousseff chegou a qualificar a divulgação de trechos de depoimentos dos dois personagens como uma tentativa de "golpe", e advogados de defesa de renome apareceram na imprensa criticando o próprio instituto da delação premiada.
Embora diferentes, as duas atitudes têm um ponto em comum. Elas têm como pressuposto a ideia de que o Estado deve sempre promover comportamentos éticos. Se a Justiça está de posse de acusações ainda não comprovadas que podem ter impacto na eleição, é seu dever conservá-las em segredo até que estejam esclarecidas. Comprometer a honra de um inocente seria pior do que retardar a divulgação de uma verdade.
De modo análogo, se a traição é uma forma de deslealdade abominada por todos os grupamentos humanos, o poder público não pode estimulá-la nem para elucidar crimes.
São posições respeitáveis, mas penso que o Estado deve ser um pouco mais consequencialista e menos principista. Se os depoimentos de Costa e Youssef não estão sob segredo de Justiça, como diz o magistrado responsável pelo caso, trata-se de informação sob domínio público que não pode ser escondida. Cabe ao PT defender-se lembrando que as denúncias não foram comprovadas e, por envolverem delação premiada, devem ser vistas com máxima cautela. Se o eleitor se deixará convencer é problema do PT e não do Estado.
No que diz respeito ao mérito da delação premiada, penso que a função primordial do poder público é criar condições para que os cidadãos possam levar a vida que desejarem, sem impor-lhes um conteúdo moral, isto é, sem dizer qual vida devem viver. Aí, o combate ao crime, notadamente o crime organizado, se torna muito mais importante do que promover a ética entre bandidos.
O Brasil nos próximos quatro anos - RUBENS BARBOSA
O ESTADO DE S.PAULO - 14/10
No dia 26 a sociedade brasileira vai decidir o que deseja para o Brasil nos próximos quatro anos. Muito será discutido e escrito sobre o impacto que o resultado da eleição vai ter sobre a economia e sobre a melhoria da qualidade dos serviços na educação e na saúde. Alguns vão pensar na sustentabilidade e poucos se vão preocupar com o papel que o Brasil deveria desempenhar na cena regional e global.
O presidente da República é o comandante-chefe das Forças Armadas e o responsável pela voz do Brasil no cenário internacional. Ao tratar da reação de militares a pedido de desculpas pelas violências ocorridas durante o regime autoritário, escutamos a chefe de governo dizer que "quem não quiser pedir desculpas que não peça". Uma surpreendente reação de quem se espera comando firme. Quase ao mesmo tempo, perplexos, ouvimos em entrevista recente nas Nações Unidas, pela sua voz mais alta, que lamenta profundamente os bombardeios para conter um dos grupos terroristas mais violentos do mundo, deixando implícita, como alternativa, a negociação, como se isso fosse possível.
Nos últimos anos uma série de equívocos arranharam a credibilidade do Brasil e puseram em evidência, de forma negativa, a diplomacia como a expressão da projeção externa do País no mundo.
Os exemplos multiplicaram-se: a omissão do Brasil no conflito entre a Rússia e a Ucrânia e em relação à guerra civil na Síria; o desprezo pelas violações dos direitos humanos na região e em outros países, aos quais abrimos as portas do BNDES com empréstimos generosos que, em alguns casos, são depois perdoados com custo para o Tesouro Nacional; atuamos com baixo perfil, ao invés de apresentarmos uma liderança clara nas discussões sobre sustentabilidade e mudança de clima. Em nosso entorno geográfico, assistimos ao prejuízo para o Brasil pelo imobilismo do Mercosul, que marginalizou nosso país da negociação de acordos comerciais e do acesso às cadeias produtivas. A perda de iniciativa no processo de integração regional colocou o Brasil como caudatário de uma agenda que não é a nossa. A ausência de um pensamento estratégico na integração física na América do Sul impediu a abertura de corredores de exportação de produtos nacionais pelos portos do Pacífico para a China, nosso principal parceiro comercial. E viu-se o abandono das empresas exportadoras brasileiras pela ausência de uma defesa mais firme de nossos interesses nos mercados da Argentina e da Venezuela em nome de afinidades ideológicas.
Tratar temas internacionais complexos com a mesma ligeireza e o mesmo populismo com que são conduzidas as questões internas é receita fácil para criar problemas. A influência partidária, acima dos interesses nacionais, explica equívocos inexplicáveis, antiamericanismos ingênuos e minguados resultados.
O Itamaraty, marginalizado, perdeu o papel central de principal formulador e executor da política externa. Há 77 novos postos, a maioria no Caribe e na África, um crescimento de 50%. A rede no exterior, hoje com 227 postos, está superdimensionada e na sua totalidade, subutilizada; toda a rede de postos deve estar operando a mais ou menos 60% de sua capacidade de funcionamento. A drástica redução de recursos financeiros, que em 2014 representam 0,16% do Orçamento-Geral da União, impede uma administração eficiente, com grave dano à ampliada representação externa do País; o aumento dos quadros diplomáticos criou problema de fluxo de promoções, gerando insatisfação. Diplomatas em todos os níveis estão desestimulados e exasperados pela falta de perspectiva para suas carreiras e para seu trabalho no Brasil e no exterior. Os mais jovens protestaram em carta ao ministro das Relações Exteriores contra anomalias no Itamaraty. Agora se noticia, sem desmentido oficial, que o governo estuda modificar a legislação para permitir a nomeação de pessoas de fora da carreira, sem qualificação, para cargos em comissão do Ministério das Relações Exteriores, seguindo o exemplo da Venezuela. Para completar o processo de esvaziamento da Chancelaria, por decreto presidencial, considerado inconstitucional, vai ser criado conselho, em representação da sociedade civil, com poderes para interferir na formulação e na execução da política externa.
Nunca antes na História deste país o Itamaraty foi tão desprestigiado. Um dos símbolos do Estado brasileiro, a Casa de Rio Branco vive uma das crises mais graves de sua história e deixa de servir, em muitos casos, aos interesses permanentes do País. As virtudes profissionais que marcaram a tradição do Itamaraty foram abandonadas pela política externa, sem rumo e partidarizada. A candidatura brasileira ao Conselho de Segurança da ONU soa hoje como um sonho cada vez mais distante.
É difícil entender a lógica do sucateamento do Itamaraty e o desprezo do atual governo pela política externa, pois isso enfraquece o Brasil. Pela política externa é que a voz do Brasil é ouvida e por meio dela qualquer governo se manifesta na defesa dos nossos interesses concretos, tanto na área política quanto na comercial. Nos próximos quatro anos, a importância da área externa vai aumentar e não se pode mais ignorar o que acontece com a atitude da presidente em relação ao Itamaraty e o impacto disso na postura do Brasil na cena internacional.
Será que o que desejamos para o Brasil no próximo governo é a continuação dessa situação de desprestígio e de baixos resultados de sua diplomacia? Vamos continuar a apoiar um califado bolivariano?
As propostas de governo de Aécio Neves - moderadas e focadas na defesa do interesse nacional - recolocarão a política externa no seu leito normal, com continuidade e renovação constante, livre da influência partidária.
No dia 26 a sociedade brasileira vai decidir o que deseja para o Brasil nos próximos quatro anos. Muito será discutido e escrito sobre o impacto que o resultado da eleição vai ter sobre a economia e sobre a melhoria da qualidade dos serviços na educação e na saúde. Alguns vão pensar na sustentabilidade e poucos se vão preocupar com o papel que o Brasil deveria desempenhar na cena regional e global.
O presidente da República é o comandante-chefe das Forças Armadas e o responsável pela voz do Brasil no cenário internacional. Ao tratar da reação de militares a pedido de desculpas pelas violências ocorridas durante o regime autoritário, escutamos a chefe de governo dizer que "quem não quiser pedir desculpas que não peça". Uma surpreendente reação de quem se espera comando firme. Quase ao mesmo tempo, perplexos, ouvimos em entrevista recente nas Nações Unidas, pela sua voz mais alta, que lamenta profundamente os bombardeios para conter um dos grupos terroristas mais violentos do mundo, deixando implícita, como alternativa, a negociação, como se isso fosse possível.
Nos últimos anos uma série de equívocos arranharam a credibilidade do Brasil e puseram em evidência, de forma negativa, a diplomacia como a expressão da projeção externa do País no mundo.
Os exemplos multiplicaram-se: a omissão do Brasil no conflito entre a Rússia e a Ucrânia e em relação à guerra civil na Síria; o desprezo pelas violações dos direitos humanos na região e em outros países, aos quais abrimos as portas do BNDES com empréstimos generosos que, em alguns casos, são depois perdoados com custo para o Tesouro Nacional; atuamos com baixo perfil, ao invés de apresentarmos uma liderança clara nas discussões sobre sustentabilidade e mudança de clima. Em nosso entorno geográfico, assistimos ao prejuízo para o Brasil pelo imobilismo do Mercosul, que marginalizou nosso país da negociação de acordos comerciais e do acesso às cadeias produtivas. A perda de iniciativa no processo de integração regional colocou o Brasil como caudatário de uma agenda que não é a nossa. A ausência de um pensamento estratégico na integração física na América do Sul impediu a abertura de corredores de exportação de produtos nacionais pelos portos do Pacífico para a China, nosso principal parceiro comercial. E viu-se o abandono das empresas exportadoras brasileiras pela ausência de uma defesa mais firme de nossos interesses nos mercados da Argentina e da Venezuela em nome de afinidades ideológicas.
Tratar temas internacionais complexos com a mesma ligeireza e o mesmo populismo com que são conduzidas as questões internas é receita fácil para criar problemas. A influência partidária, acima dos interesses nacionais, explica equívocos inexplicáveis, antiamericanismos ingênuos e minguados resultados.
O Itamaraty, marginalizado, perdeu o papel central de principal formulador e executor da política externa. Há 77 novos postos, a maioria no Caribe e na África, um crescimento de 50%. A rede no exterior, hoje com 227 postos, está superdimensionada e na sua totalidade, subutilizada; toda a rede de postos deve estar operando a mais ou menos 60% de sua capacidade de funcionamento. A drástica redução de recursos financeiros, que em 2014 representam 0,16% do Orçamento-Geral da União, impede uma administração eficiente, com grave dano à ampliada representação externa do País; o aumento dos quadros diplomáticos criou problema de fluxo de promoções, gerando insatisfação. Diplomatas em todos os níveis estão desestimulados e exasperados pela falta de perspectiva para suas carreiras e para seu trabalho no Brasil e no exterior. Os mais jovens protestaram em carta ao ministro das Relações Exteriores contra anomalias no Itamaraty. Agora se noticia, sem desmentido oficial, que o governo estuda modificar a legislação para permitir a nomeação de pessoas de fora da carreira, sem qualificação, para cargos em comissão do Ministério das Relações Exteriores, seguindo o exemplo da Venezuela. Para completar o processo de esvaziamento da Chancelaria, por decreto presidencial, considerado inconstitucional, vai ser criado conselho, em representação da sociedade civil, com poderes para interferir na formulação e na execução da política externa.
Nunca antes na História deste país o Itamaraty foi tão desprestigiado. Um dos símbolos do Estado brasileiro, a Casa de Rio Branco vive uma das crises mais graves de sua história e deixa de servir, em muitos casos, aos interesses permanentes do País. As virtudes profissionais que marcaram a tradição do Itamaraty foram abandonadas pela política externa, sem rumo e partidarizada. A candidatura brasileira ao Conselho de Segurança da ONU soa hoje como um sonho cada vez mais distante.
É difícil entender a lógica do sucateamento do Itamaraty e o desprezo do atual governo pela política externa, pois isso enfraquece o Brasil. Pela política externa é que a voz do Brasil é ouvida e por meio dela qualquer governo se manifesta na defesa dos nossos interesses concretos, tanto na área política quanto na comercial. Nos próximos quatro anos, a importância da área externa vai aumentar e não se pode mais ignorar o que acontece com a atitude da presidente em relação ao Itamaraty e o impacto disso na postura do Brasil na cena internacional.
Será que o que desejamos para o Brasil no próximo governo é a continuação dessa situação de desprestígio e de baixos resultados de sua diplomacia? Vamos continuar a apoiar um califado bolivariano?
As propostas de governo de Aécio Neves - moderadas e focadas na defesa do interesse nacional - recolocarão a política externa no seu leito normal, com continuidade e renovação constante, livre da influência partidária.
O calendário político - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 14/10
A tese de que a Justiça deve prestar atenção ao calendário eleitoral para julgar seus casos mais polêmicos que envolvam políticos foi desenvolvida primeiro pelo ex-presidente Lula, que pressionou o ministro do supremo tribunal Federal Gilmar Mendes para que trabalhasse pelo adiamento do julgamento do processo do mensalão, alegando que ele coincidiria com a eleição para prefeito e poderia prejudicar o PT, sobretudo em SP.
O STF manteve seu calendário próprio, e o PT elegeu Fernando Haddad para a prefeitura paulistana. Agora, os petistas de maneira geral e seus aliados na imprensa, especialmente nos blogs patrocinados pelo governo, desencadeiam uma campanha sórdida contra o juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, atribuindo a uma manobra dele a divulgação dos depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Youssef relatando como se processava o esquema de corrupção na estatal, que transferia dinheiro desviado de grandes obras para os cofres de PT, PP e PMDB.
Até mesmo dizer que o juiz estaria agindo de maneira célere para ajudar o candidato do PSDB, Aécio Neves e, em recompensa, ser nomeado para o STF em um eventual governo tucano foi aventado. Em primeiro lugar, sempre se pediu que a Justiça brasileira fosse mais rápida, e, quando um juiz cumpre seu dever, é acusado de estar levando o processo rápido demais.
A insinuação maldosa de que estaria trabalhando para ser nomeado para o STF tem base em uma lista tríplice organizada pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE) para indicar nomes em substituição a Joaquim Barbosa. Moro foi o mais votado dos três, o que não garante a sua nomeação, pois não é através de associações de classe que são escolhidos os ministros do Supremo. O lugar na lista, no entanto, mostra que ele é bem avaliado por seus pares, o que o faz naturalmente um candidato sério a uma vaga no STF.
O juiz Sérgio Moro, aliás, é reconhecido como uma especialista em lavagem de dinheiro e trabalhou assessorando a ministra Rosa Weber durante o julgamento do mensalão. Sua escolha foi uma indicação, comentada na época, de que a ministra seria dura com os réus, pois Moro tem fama de ser bastante rigoroso.
Essa fama, justamente, indica que ele não transgrediria a lei para beneficiar politicamente este ou aquele partido. Ele já dera uma entrevista explicando que os atuais depoimentos não se referem à delação premiada - que, esta, sim, é protegida pelo segredo de Justiça. Ontem, foi a vez de a mesma AJUFE divulgar nota defendendo o trabalho da Justiça Federal no Paraná, no caso da divulgação dos depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Youssef.
A nota esclarece mais uma vez que os processos judiciais "são públicos e qualquer pessoa pode ter acesso, inclusive às audiências, salvo nas hipóteses de segredo de Justiça, de acordo com as previsões legais dos artigos 5º, LX, e 93, IX da Constituição". As dez ações penais da Operação Lava-Jato na 13ª Vara Federal do Paraná não correm em segredo de Justiça, incluindo a dos interrogatórios de Costa e Youssef. De acordo com a nota, tais depoimentos não devem ser confundidos com outros realizados decorrentes de acordo de delação premiada.
Estes últimos, sob análise do STF, estão em segredo de Justiça. Justamente por isso o juiz Moro instruiu os réus a não citarem nesse depoimento nomes de personagens que tenham foro privilegiado, como parlamentares e governadores, pois nesses casos somente o STF ou o Superior Tribunal de Justiça (STJ) podem atuar.
O que é de espantar é que até o momento não se tenha ouvido uma palavra de repúdio aos atos relatados pelos dois réus. Como para receber os benefícios da delação premiada os acusadores precisam provar as denúncias que apresentam, o fato de o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa estar em prisão domiciliar, com uma tornozeleira eletrônica, significa que ele provou o que disse na delação premiada.
São, portanto, não denúncias vazias, mas graves, que, pela primeira vez no Brasil, descrevem em minúcias uma cadeia de corrupção institucionalizada não apenas na maior estatal brasileira, mas em diversas obras governamentais. Esse, sim, é um fato estarrecedor, que deve provocar uma crise institucional gravíssima no país nos próximos anos, quando deputados, senadores e governadores eleitos poderão ser denunciados por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, peculato, superando em gravidade até mesmo o mensalão.
O STF manteve seu calendário próprio, e o PT elegeu Fernando Haddad para a prefeitura paulistana. Agora, os petistas de maneira geral e seus aliados na imprensa, especialmente nos blogs patrocinados pelo governo, desencadeiam uma campanha sórdida contra o juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, atribuindo a uma manobra dele a divulgação dos depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Youssef relatando como se processava o esquema de corrupção na estatal, que transferia dinheiro desviado de grandes obras para os cofres de PT, PP e PMDB.
Até mesmo dizer que o juiz estaria agindo de maneira célere para ajudar o candidato do PSDB, Aécio Neves e, em recompensa, ser nomeado para o STF em um eventual governo tucano foi aventado. Em primeiro lugar, sempre se pediu que a Justiça brasileira fosse mais rápida, e, quando um juiz cumpre seu dever, é acusado de estar levando o processo rápido demais.
A insinuação maldosa de que estaria trabalhando para ser nomeado para o STF tem base em uma lista tríplice organizada pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE) para indicar nomes em substituição a Joaquim Barbosa. Moro foi o mais votado dos três, o que não garante a sua nomeação, pois não é através de associações de classe que são escolhidos os ministros do Supremo. O lugar na lista, no entanto, mostra que ele é bem avaliado por seus pares, o que o faz naturalmente um candidato sério a uma vaga no STF.
O juiz Sérgio Moro, aliás, é reconhecido como uma especialista em lavagem de dinheiro e trabalhou assessorando a ministra Rosa Weber durante o julgamento do mensalão. Sua escolha foi uma indicação, comentada na época, de que a ministra seria dura com os réus, pois Moro tem fama de ser bastante rigoroso.
Essa fama, justamente, indica que ele não transgrediria a lei para beneficiar politicamente este ou aquele partido. Ele já dera uma entrevista explicando que os atuais depoimentos não se referem à delação premiada - que, esta, sim, é protegida pelo segredo de Justiça. Ontem, foi a vez de a mesma AJUFE divulgar nota defendendo o trabalho da Justiça Federal no Paraná, no caso da divulgação dos depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Youssef.
A nota esclarece mais uma vez que os processos judiciais "são públicos e qualquer pessoa pode ter acesso, inclusive às audiências, salvo nas hipóteses de segredo de Justiça, de acordo com as previsões legais dos artigos 5º, LX, e 93, IX da Constituição". As dez ações penais da Operação Lava-Jato na 13ª Vara Federal do Paraná não correm em segredo de Justiça, incluindo a dos interrogatórios de Costa e Youssef. De acordo com a nota, tais depoimentos não devem ser confundidos com outros realizados decorrentes de acordo de delação premiada.
Estes últimos, sob análise do STF, estão em segredo de Justiça. Justamente por isso o juiz Moro instruiu os réus a não citarem nesse depoimento nomes de personagens que tenham foro privilegiado, como parlamentares e governadores, pois nesses casos somente o STF ou o Superior Tribunal de Justiça (STJ) podem atuar.
O que é de espantar é que até o momento não se tenha ouvido uma palavra de repúdio aos atos relatados pelos dois réus. Como para receber os benefícios da delação premiada os acusadores precisam provar as denúncias que apresentam, o fato de o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa estar em prisão domiciliar, com uma tornozeleira eletrônica, significa que ele provou o que disse na delação premiada.
São, portanto, não denúncias vazias, mas graves, que, pela primeira vez no Brasil, descrevem em minúcias uma cadeia de corrupção institucionalizada não apenas na maior estatal brasileira, mas em diversas obras governamentais. Esse, sim, é um fato estarrecedor, que deve provocar uma crise institucional gravíssima no país nos próximos anos, quando deputados, senadores e governadores eleitos poderão ser denunciados por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, peculato, superando em gravidade até mesmo o mensalão.
A insustentável tese do ‘golpe’ eleitoral - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 14/10
O estranho é a candidata se mostrar indignada com a publicação de relatos de Costa e Youssef, mas não com o conteúdo das revelações sobre a Petrobras
Não se duvida que depoimentos prestados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, sobre um avantajado esquema de corrupção montado na estatal, sejam ruins para a campanha à reeleição da presidente Dilma, o PT e partidos aliados envolvidos na trama, PMDB e PP.
Daí, porém, considerar tudo uma conspiração para sabotar a campanha da petista, vai enorme distância. Bem como dizer que a vitória será de Aécio Neves devido à divulgação de trechos dos testemunhos.
“Golpe” foi o termo usado pela própria candidata-presidente para qualificar a publicação pela imprensa de texto e áudio “vazados” de depoimentos de Paulo Roberto e Youssef`ao Ministério Público e à Justiça sobre as delinquências cometidas dentro da estatal para drenar dinheiro público da empresa, a fim de financiar políticos, partidos e, como nunca deixa de acontecer, o enriquecimento de pessoas físicas.
O juiz federal do Paraná Sérgio Moro, responsável pelo processamento judicial das acusações feitas contra Costa, Youssef e outros a partir de provas colhidas pela operação Lava-Jato, da PF, negou que tenha havido qualquer vazamento. Moro esclareceu, em despacho, que, por se tratar de ação penal, ela é pública. Tanto que o próprio juiz havia liberado os depoimentos para a CGU e à CPI mista sobre a Petrobras.
Numa avaliação sensata dos fatos, conclui-se que seria necessária uma inverossímil conspirata coordenada entre a PF, o juiz federal paranaense e um ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, a quem é remetido o material sobre o envolvimento de políticos com foro privilegiado, para que esses depoimentos fossem prestados a tempo de influenciar num eventual segundo turno das eleições.
A Lava Jato começou em 17 de março e os interrogatórios de Paulo Roberto e Youssef foram marcados em 19 de setembro. E quem acusa o juiz do Paraná se esquece que o segredo de justiça protege apenas o material de responsabilidade do ministro Zavascki.
Mas como eleições são terreno propício a teorias conspiratórias, cria-se um enredo de ficção de uma intrincada coordenação entre braços do Estado tão independentes entre si.
Causa estranheza é a primeira reação da candidata-presidente ter sido se indignar com o fato de partes dos depoimentos de Alfredo Youssef e Paulo Roberto Costa virem a público, sem dar qualquer importância ao gravíssimo conteúdo do que estava sendo revelado.
Isto, sim, deveria levar Dilma Roussef a vociferar contra a corrupção praticada por um esquema montado em sua jurisdição. Pois, quando Paulo Roberto foi nomeado diretor de Abastecimento da estatal, em 2004, Dilma já acumulava o posto de ministra das Minas e Energia com a presidência do Conselho de Administração da Petrobras, deixada por ela apenas em 2010.
O estranho é a candidata se mostrar indignada com a publicação de relatos de Costa e Youssef, mas não com o conteúdo das revelações sobre a Petrobras
Não se duvida que depoimentos prestados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, sobre um avantajado esquema de corrupção montado na estatal, sejam ruins para a campanha à reeleição da presidente Dilma, o PT e partidos aliados envolvidos na trama, PMDB e PP.
Daí, porém, considerar tudo uma conspiração para sabotar a campanha da petista, vai enorme distância. Bem como dizer que a vitória será de Aécio Neves devido à divulgação de trechos dos testemunhos.
“Golpe” foi o termo usado pela própria candidata-presidente para qualificar a publicação pela imprensa de texto e áudio “vazados” de depoimentos de Paulo Roberto e Youssef`ao Ministério Público e à Justiça sobre as delinquências cometidas dentro da estatal para drenar dinheiro público da empresa, a fim de financiar políticos, partidos e, como nunca deixa de acontecer, o enriquecimento de pessoas físicas.
O juiz federal do Paraná Sérgio Moro, responsável pelo processamento judicial das acusações feitas contra Costa, Youssef e outros a partir de provas colhidas pela operação Lava-Jato, da PF, negou que tenha havido qualquer vazamento. Moro esclareceu, em despacho, que, por se tratar de ação penal, ela é pública. Tanto que o próprio juiz havia liberado os depoimentos para a CGU e à CPI mista sobre a Petrobras.
Numa avaliação sensata dos fatos, conclui-se que seria necessária uma inverossímil conspirata coordenada entre a PF, o juiz federal paranaense e um ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, a quem é remetido o material sobre o envolvimento de políticos com foro privilegiado, para que esses depoimentos fossem prestados a tempo de influenciar num eventual segundo turno das eleições.
A Lava Jato começou em 17 de março e os interrogatórios de Paulo Roberto e Youssef foram marcados em 19 de setembro. E quem acusa o juiz do Paraná se esquece que o segredo de justiça protege apenas o material de responsabilidade do ministro Zavascki.
Mas como eleições são terreno propício a teorias conspiratórias, cria-se um enredo de ficção de uma intrincada coordenação entre braços do Estado tão independentes entre si.
Causa estranheza é a primeira reação da candidata-presidente ter sido se indignar com o fato de partes dos depoimentos de Alfredo Youssef e Paulo Roberto Costa virem a público, sem dar qualquer importância ao gravíssimo conteúdo do que estava sendo revelado.
Isto, sim, deveria levar Dilma Roussef a vociferar contra a corrupção praticada por um esquema montado em sua jurisdição. Pois, quando Paulo Roberto foi nomeado diretor de Abastecimento da estatal, em 2004, Dilma já acumulava o posto de ministra das Minas e Energia com a presidência do Conselho de Administração da Petrobras, deixada por ela apenas em 2010.
Mais um passo à frente - EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S.PAULO - 14/10
Marina Silva anunciou no domingo, finalmente, seu apoio à candidatura de Aécio Neves no segundo turno da eleição presidencial. Coerente com sua proposta eleitoral de promover uma "nova política" no País, Marina destacou o fato de seu apoio à candidatura tucana não se dar da forma "como sempre é feito", pela composição em torno de espaço no aparelho governamental e outras vantagens, mas com base "em um programa".
Com a atitude da ex-candidata do PSB, tende a se definir em seus grandes contornos o quadro eleitoral para o próximo dia 26, com provável reflexo na ampliação da vantagem de Aécio Neves sobre Dilma Rousseff, captada pelas pesquisas divulgadas até o momento.
É irrelevante qualquer especulação sobre a exata medida dos votos que o apoio de Marina Silva deve transferir para o candidato tucano, até porque as pesquisas levam a crer que a maior parte dos eleitores dela no primeiro turno já se antecipou nessa direção.
O que é realmente importante, na atitude da ex-ministra do Meio Ambiente, é a determinação e a coerência com que colocou até mesmo o timing de sua decisão a serviço de uma exemplar manifestação de que, na contramão das práticas vigentes, alianças políticas devem ser construídas em torno de propostas programáticas.
Marina fez questão de destacar que, quando Aécio Neves lhe apresentou pontos de convergência, em sua plataforma eleitoral, não o fez com o sentido de um pedido individual de apoio, mas de um compromisso de governo.
E enfatizou: "Votarei em Aécio e o apoiarei, votando nesses compromissos, dando um crédito de confiança à sinceridade de propósitos do candidato e de seu partido e, principalmente, entregando à sociedade brasileira a tarefa de exigir que sejam cumpridos".
Com certa dose de malícia, Marina comparou a "carta de compromisso com os brasileiros", proposta agora por Aécio, com a iniciativa adotada por Lula na campanha de 2002, quando lançou a famosa e surpreendente - para quem não conhecia os métodos petistas - Carta ao Povo Brasileiro, por meio da qual assumiu compromisso com a manutenção do Plano Real, abrindo diálogo com os setores produtivos.
Esse compromisso não impediu que, após a posse, Lula e os petistas passassem a chamar o Plano Real de "herança maldita". Considerando que haviam votado contra o Plano Real em 1994, pode-se aceitar que, ao assumir o governo, Lula e a companheirada tenham decidido apenas agir com coerência.
O que resulta na constatação inescapável de que a Carta ao Povo Brasileiro consumou um engodo precursor de muitos outros aplicados pelos petistas nas campanhas seguintes e de modo especial, por força do desespero, na atual.
A preocupação de Marina Silva de destacar o caráter programático de seu apoio a Aécio Neves faz ainda mais sentido e merece o aplauso de quem luta para promover a elevação do padrão ético da política brasileira quando os jornais, no mesmo dia em que estampam sua manifestação, abrem espaço para as declarações do mais deslavado oportunismo do líder do PMDB na Câmara dos Deputados, o reeleito Eduardo Cunha (RJ): "Não vejo dificuldade nenhuma de (o PMDB) se posicionar em apoio a um futuro governo Aécio".
O PMDB, depois que renegou suas origens de frente ampla de resistência à ditadura militar, fez uma clara opção por ser governo. Qualquer governo.
Mas Eduardo Cunha atingiu o ponto mais alto do "pragmatismo": "Não deixamos de integrar a base do governo, mas optamos pela independência. Tanto que não indicamos nomes para substituir ministros". É esse o parlamentar que está trabalhando para, qualquer que seja o resultado da eleição presidencial, se tornar o próximo presidente da Câmara dos Deputados.
As urnas do segundo turno se abrem daqui a 11 dias. Para quem ainda tem a capacidade de se indignar diante das aberrações da nossa política, resta lutar para que venha a se cumprir a esperança manifestada por Marina Silva de que "a alternância de poder fará bem ao Brasil".
Marina Silva anunciou no domingo, finalmente, seu apoio à candidatura de Aécio Neves no segundo turno da eleição presidencial. Coerente com sua proposta eleitoral de promover uma "nova política" no País, Marina destacou o fato de seu apoio à candidatura tucana não se dar da forma "como sempre é feito", pela composição em torno de espaço no aparelho governamental e outras vantagens, mas com base "em um programa".
Com a atitude da ex-candidata do PSB, tende a se definir em seus grandes contornos o quadro eleitoral para o próximo dia 26, com provável reflexo na ampliação da vantagem de Aécio Neves sobre Dilma Rousseff, captada pelas pesquisas divulgadas até o momento.
É irrelevante qualquer especulação sobre a exata medida dos votos que o apoio de Marina Silva deve transferir para o candidato tucano, até porque as pesquisas levam a crer que a maior parte dos eleitores dela no primeiro turno já se antecipou nessa direção.
O que é realmente importante, na atitude da ex-ministra do Meio Ambiente, é a determinação e a coerência com que colocou até mesmo o timing de sua decisão a serviço de uma exemplar manifestação de que, na contramão das práticas vigentes, alianças políticas devem ser construídas em torno de propostas programáticas.
Marina fez questão de destacar que, quando Aécio Neves lhe apresentou pontos de convergência, em sua plataforma eleitoral, não o fez com o sentido de um pedido individual de apoio, mas de um compromisso de governo.
E enfatizou: "Votarei em Aécio e o apoiarei, votando nesses compromissos, dando um crédito de confiança à sinceridade de propósitos do candidato e de seu partido e, principalmente, entregando à sociedade brasileira a tarefa de exigir que sejam cumpridos".
Com certa dose de malícia, Marina comparou a "carta de compromisso com os brasileiros", proposta agora por Aécio, com a iniciativa adotada por Lula na campanha de 2002, quando lançou a famosa e surpreendente - para quem não conhecia os métodos petistas - Carta ao Povo Brasileiro, por meio da qual assumiu compromisso com a manutenção do Plano Real, abrindo diálogo com os setores produtivos.
Esse compromisso não impediu que, após a posse, Lula e os petistas passassem a chamar o Plano Real de "herança maldita". Considerando que haviam votado contra o Plano Real em 1994, pode-se aceitar que, ao assumir o governo, Lula e a companheirada tenham decidido apenas agir com coerência.
O que resulta na constatação inescapável de que a Carta ao Povo Brasileiro consumou um engodo precursor de muitos outros aplicados pelos petistas nas campanhas seguintes e de modo especial, por força do desespero, na atual.
A preocupação de Marina Silva de destacar o caráter programático de seu apoio a Aécio Neves faz ainda mais sentido e merece o aplauso de quem luta para promover a elevação do padrão ético da política brasileira quando os jornais, no mesmo dia em que estampam sua manifestação, abrem espaço para as declarações do mais deslavado oportunismo do líder do PMDB na Câmara dos Deputados, o reeleito Eduardo Cunha (RJ): "Não vejo dificuldade nenhuma de (o PMDB) se posicionar em apoio a um futuro governo Aécio".
O PMDB, depois que renegou suas origens de frente ampla de resistência à ditadura militar, fez uma clara opção por ser governo. Qualquer governo.
Mas Eduardo Cunha atingiu o ponto mais alto do "pragmatismo": "Não deixamos de integrar a base do governo, mas optamos pela independência. Tanto que não indicamos nomes para substituir ministros". É esse o parlamentar que está trabalhando para, qualquer que seja o resultado da eleição presidencial, se tornar o próximo presidente da Câmara dos Deputados.
As urnas do segundo turno se abrem daqui a 11 dias. Para quem ainda tem a capacidade de se indignar diante das aberrações da nossa política, resta lutar para que venha a se cumprir a esperança manifestada por Marina Silva de que "a alternância de poder fará bem ao Brasil".
O perigo dos déficits gêmeos - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR
GAZETA DO POVO - PR - 14/10
Eventual continuação do mau desempenho da balança comercial e da balança de serviços contribuirá para corroer as reservas
Um dos piores resultados econômicos de 2014 praticamente confirmado é o déficit público nominal (a diferença entre a arrecadação tributária e os gastos públicos totais, após o pagamento dos juros da dívida pública). Esse déficit pode chegar a 3,7% do PIB, porcentagem considerada extremamente alta para a economia brasileira. O pagamento do déficit será feito pelo aumento da dívida do governo, com a consequência de aumentar o desembolso com os juros da dívida nos anos seguintes, pois a outra forma de financiar o déficit seria pelo aumento dos tributos, saída não admitida em face da alta carga tributária atual.
Outra consequência negativa para a economia, quando o governo aumenta o volume de empréstimos tomados nos bancos, é a redução dos recursos disponíveis para empréstimos ao setor privado. Eventual expansão monetária (emissão de dinheiro) para aumentar os fundos disponíveis, expediente que o Brasil utilizou fartamente no passado, é receita certa para um mal maior: a inflação, que é o pior dos impostos, principalmente contra as camadas mais pobres da população.
A gastança desenfreada do governo (municípios, estados e União), sobretudo nos últimos quatro anos, responde pela piora das contas públicas, culminando com o superávit primário ter chegado a zero (receitas menos despesas, antes do pagamento dos juros da dívida). O superávit primário ideal planejado pelo governo vinha girando em torno de 3% do PIB. Sua redução em alguns pontos porcentuais, fixando-se em 2,5%, como chegou a propor o ministro Guido Mantega, não seria uma tragédia para o país. Mas a redução que o trouxe para zero é um problema grave, pois significa que o setor público, além de não amortizar nem um centavo da dívida, não conseguirá cobrir nada da conta de juros.
Ainda que o financiamento do aumento da dívida governamental seja normal pelo mercado (pessoas e empresas), o país verá a relação entre a dívida estatal e o PIB crescer de forma perigosa. A carga tributária atingiu seu máximo, e a única saída para aumentar as receitas do governo é pelo aumento do PIB. Mas, no governo Dilma, o crescimento médio do PIB ficará abaixo de 2%, menor que o PIB médio dos governos Lula e FHC (alguns analistas afirmam que a média de Dilma pode ser de 1,7%, considerando que, em 2014, o PIB aumentará pífios 0,3%).
Se o déficit público já está na categoria de um grande problema a ser enfrentado pelo próximo presidente da República, a situação torna-se mais grave ao somar-se o déficit externo em transações correntes (saldo da balança comercial mais a balança de serviços). A previsão é de que, em 2014, o déficit externo supere US$ 80 bilhões, mas o Brasil ainda está em situação confortável em termos de reservas internacionais, em razão do bom resultado colhido pela situação externa favorável de 2002 a 2010, período em que o consumo da China elevou os preços das commodities que o Brasil exporta.
Apesar da boa situação atual das reservas, eventual continuação do mau desempenho da balança comercial e da balança de serviços contribuirá para corroer as reservas. Esse panorama imporá ao próximo governo a necessidade de fazer ajustes, pois trata-se de um problema real e grave, apesar de a campanha eleitoral passar a impressão de que o governante pode fazer o ajuste ou optar por não fazê-lo. O equilíbrio das contas públicas e a melhoria das contas externas são uma necessidade. Se o país não conseguir tais objetivos, o preço poderá ser duro, geralmente em forma de recessão, inflação e desemprego.
Criou-se, no Brasil, a ideia de que o país achou uma lâmpada milagrosa capaz de lhe permitir fazer tudo de forma diferente do que fazem os melhores países do mundo quando estão diante de crise fiscal e crise externa. A facilidade com que se elevam gastos públicos e se concedem aumentos salariais ao funcionalismo dos três poderes é incompatível com a saúde das contas públicas e com a necessidade de elevar outros gastos, como, por exemplo, os investimentos em ampliação e recuperação da infraestrutura física. As tentativas de inventar políticas econômicas específicas para o Brasil, mesmo diante de problemas iguais aos do mundo, invariavelmente desabam em redução do crescimento econômico, diminuição da capacidade competitiva e atraso na superação da pobreza.
Eventual continuação do mau desempenho da balança comercial e da balança de serviços contribuirá para corroer as reservas
Um dos piores resultados econômicos de 2014 praticamente confirmado é o déficit público nominal (a diferença entre a arrecadação tributária e os gastos públicos totais, após o pagamento dos juros da dívida pública). Esse déficit pode chegar a 3,7% do PIB, porcentagem considerada extremamente alta para a economia brasileira. O pagamento do déficit será feito pelo aumento da dívida do governo, com a consequência de aumentar o desembolso com os juros da dívida nos anos seguintes, pois a outra forma de financiar o déficit seria pelo aumento dos tributos, saída não admitida em face da alta carga tributária atual.
Outra consequência negativa para a economia, quando o governo aumenta o volume de empréstimos tomados nos bancos, é a redução dos recursos disponíveis para empréstimos ao setor privado. Eventual expansão monetária (emissão de dinheiro) para aumentar os fundos disponíveis, expediente que o Brasil utilizou fartamente no passado, é receita certa para um mal maior: a inflação, que é o pior dos impostos, principalmente contra as camadas mais pobres da população.
A gastança desenfreada do governo (municípios, estados e União), sobretudo nos últimos quatro anos, responde pela piora das contas públicas, culminando com o superávit primário ter chegado a zero (receitas menos despesas, antes do pagamento dos juros da dívida). O superávit primário ideal planejado pelo governo vinha girando em torno de 3% do PIB. Sua redução em alguns pontos porcentuais, fixando-se em 2,5%, como chegou a propor o ministro Guido Mantega, não seria uma tragédia para o país. Mas a redução que o trouxe para zero é um problema grave, pois significa que o setor público, além de não amortizar nem um centavo da dívida, não conseguirá cobrir nada da conta de juros.
Ainda que o financiamento do aumento da dívida governamental seja normal pelo mercado (pessoas e empresas), o país verá a relação entre a dívida estatal e o PIB crescer de forma perigosa. A carga tributária atingiu seu máximo, e a única saída para aumentar as receitas do governo é pelo aumento do PIB. Mas, no governo Dilma, o crescimento médio do PIB ficará abaixo de 2%, menor que o PIB médio dos governos Lula e FHC (alguns analistas afirmam que a média de Dilma pode ser de 1,7%, considerando que, em 2014, o PIB aumentará pífios 0,3%).
Se o déficit público já está na categoria de um grande problema a ser enfrentado pelo próximo presidente da República, a situação torna-se mais grave ao somar-se o déficit externo em transações correntes (saldo da balança comercial mais a balança de serviços). A previsão é de que, em 2014, o déficit externo supere US$ 80 bilhões, mas o Brasil ainda está em situação confortável em termos de reservas internacionais, em razão do bom resultado colhido pela situação externa favorável de 2002 a 2010, período em que o consumo da China elevou os preços das commodities que o Brasil exporta.
Apesar da boa situação atual das reservas, eventual continuação do mau desempenho da balança comercial e da balança de serviços contribuirá para corroer as reservas. Esse panorama imporá ao próximo governo a necessidade de fazer ajustes, pois trata-se de um problema real e grave, apesar de a campanha eleitoral passar a impressão de que o governante pode fazer o ajuste ou optar por não fazê-lo. O equilíbrio das contas públicas e a melhoria das contas externas são uma necessidade. Se o país não conseguir tais objetivos, o preço poderá ser duro, geralmente em forma de recessão, inflação e desemprego.
Criou-se, no Brasil, a ideia de que o país achou uma lâmpada milagrosa capaz de lhe permitir fazer tudo de forma diferente do que fazem os melhores países do mundo quando estão diante de crise fiscal e crise externa. A facilidade com que se elevam gastos públicos e se concedem aumentos salariais ao funcionalismo dos três poderes é incompatível com a saúde das contas públicas e com a necessidade de elevar outros gastos, como, por exemplo, os investimentos em ampliação e recuperação da infraestrutura física. As tentativas de inventar políticas econômicas específicas para o Brasil, mesmo diante de problemas iguais aos do mundo, invariavelmente desabam em redução do crescimento econômico, diminuição da capacidade competitiva e atraso na superação da pobreza.
Sem luta de classes - EDITORIAL ZERO HORA
ZERO HORA - 14/10
A democracia brasileira já evoluiu demais para uma campanha presidencial ficar reduzida ao anacronismo da luta de classes, que o país já superou há muito tempo. Embora algumas lideranças menos preparadas queiram transformar a disputa eleitoral num confronto de pobres contra ricos, ou de uma região geográfica contra outra, o povo brasileiro não vai cair nesta armadilha, até mesmo porque os desequilíbrios sociais _ que ainda existem e não podem ser ignorados _ têm sido sistematicamente combatidos desde a conquista da estabilidade econômica. As próprias pesquisas de opinião pública entendem que, no dia 26, a eleição será decidida em boa parte por uma classe média intermediária, disposta a assegurar conquistas dos últimos anos, mas sem abrir mão de avanços sob o ponto de vista de qualidade de vida. O bom senso, portanto, recomenda que essas pretensões sejam devidamente levadas em conta pelos candidatos em disputa no segundo turno.
Em recente reportagem sobre o processo eleitoral, o jornal espanhol El País chama atenção para a simplificação da campanha, argumentando que o discurso de uma classe social contra outra está ultrapassado. Há ainda menos sentido nisso num país como o Brasil, que saiu do mapa da pobreza, na avaliação das Nações Unidas, e tem agora uma maioria de classe média. Foi dessa parcela da sociedade, que hoje tenta assegurar conquistas ameaçadas pela instabilidade econômica, que muitos jovens saíram recentemente às ruas lutando por mais qualidade de vida no cotidiano. Alguns pressupostos de um salto nessa área _ como melhorias no transporte urbano, mais segurança, maior eficiência na saúde e na educação _ seguem entre as aspirações dos brasileiros. Ainda assim, nem sempre merecem o destaque apropriado por parte dos candidatos.
Institutos de opinião pública, como o Datafolha, confirmam que, com a consolidação dos votos nos extremos da classificação socieconômica, essa faixa da população, com mais acesso à informação, terá papel decisivo nos rumos da eleição. Habilita-se, assim, a merecer maior atenção nos planos de quem pretende comandar o país.
Depois de, em grande parte, terem ascendido socialmente, os eleitores têm o direito de esperar mais propostas concretas para o seu dia a dia e menos discussão de interesse dos candidatos. Quanto mais isso ficar claro, mais a democracia ficará próxima dos anseios dos cidadãos.
A democracia brasileira já evoluiu demais para uma campanha presidencial ficar reduzida ao anacronismo da luta de classes, que o país já superou há muito tempo. Embora algumas lideranças menos preparadas queiram transformar a disputa eleitoral num confronto de pobres contra ricos, ou de uma região geográfica contra outra, o povo brasileiro não vai cair nesta armadilha, até mesmo porque os desequilíbrios sociais _ que ainda existem e não podem ser ignorados _ têm sido sistematicamente combatidos desde a conquista da estabilidade econômica. As próprias pesquisas de opinião pública entendem que, no dia 26, a eleição será decidida em boa parte por uma classe média intermediária, disposta a assegurar conquistas dos últimos anos, mas sem abrir mão de avanços sob o ponto de vista de qualidade de vida. O bom senso, portanto, recomenda que essas pretensões sejam devidamente levadas em conta pelos candidatos em disputa no segundo turno.
Em recente reportagem sobre o processo eleitoral, o jornal espanhol El País chama atenção para a simplificação da campanha, argumentando que o discurso de uma classe social contra outra está ultrapassado. Há ainda menos sentido nisso num país como o Brasil, que saiu do mapa da pobreza, na avaliação das Nações Unidas, e tem agora uma maioria de classe média. Foi dessa parcela da sociedade, que hoje tenta assegurar conquistas ameaçadas pela instabilidade econômica, que muitos jovens saíram recentemente às ruas lutando por mais qualidade de vida no cotidiano. Alguns pressupostos de um salto nessa área _ como melhorias no transporte urbano, mais segurança, maior eficiência na saúde e na educação _ seguem entre as aspirações dos brasileiros. Ainda assim, nem sempre merecem o destaque apropriado por parte dos candidatos.
Institutos de opinião pública, como o Datafolha, confirmam que, com a consolidação dos votos nos extremos da classificação socieconômica, essa faixa da população, com mais acesso à informação, terá papel decisivo nos rumos da eleição. Habilita-se, assim, a merecer maior atenção nos planos de quem pretende comandar o país.
Depois de, em grande parte, terem ascendido socialmente, os eleitores têm o direito de esperar mais propostas concretas para o seu dia a dia e menos discussão de interesse dos candidatos. Quanto mais isso ficar claro, mais a democracia ficará próxima dos anseios dos cidadãos.
Domínio do teto - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 14/10
Auxílio-moradia é chicana salarial que não se coaduna com atividades cujo fim é zelar pelo respeito à lei e à moralidade pública
Atinge cerca de R$ 1 bilhão por ano o impacto previsto das decisões em que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) concedem auxílio-moradia a quase todos os 16,4 mil juízes e 12,2 mil procuradores do país.
A espantosa cifra resulta, curiosamente, de iniciativa para limitar, em tese, excessos verificados na distribuição desse benefício. É que em Estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso, o subsídio para magistrados chegava às raias da extravagância.
Trinta dias num hotel quatro estrelas em Cuiabá, segundo um conhecido site turístico, custam aproximadamente R$ 6.600. Um juiz mato-grossense recebia até R$ 9.837 mensais para garantir o próprio teto, caso se estabelecesse em alguma comarca distante.
Concurso aberto em janeiro estipula R$ 19,5 mil de vencimentos para um juiz substituto em Mato Grosso. Não seria o suficiente para que, como ocorre a qualquer profissional, seus gastos com moradia estivessem contemplados? E o que dizer dos R$ 25 mil que, na média, percebem os juízes federais?
Abuso, certamente. Era preciso dar fim à liberalidade. Tomou-se, então, a decisão bizarra. O auxílio-moradia foi restrito a uma quantia máxima de R$ 4.377. O critério foi a provisão oferecida pelo Supremo Tribunal Federal. Com um detalhe, no entanto --ou melhor, dois.
O primeiro é que se autorizam gratificações nos diversos Estados em que elas inexistiam. A projetada diminuição no "quantum" de privilégio para magistrados teve como efeito permitir que o despudor se generalize --mesmo quem possua imóvel na cidade fará jus à vantagem, nem sendo necessário apresentar recibo de aluguel.
O segundo detalhe é que, numa operação conjunta, os órgãos controladores do Ministério Público e da magistratura acertaram o mesmo limite de gastos, estendendo assim a oportunidade para um grande contingente de promotores.
Poderia ser pior? Sem dúvida. Afastou-se, mas sempre cabe temer recursos nesse sentido, a tese de que poderiam ser retroativos os pagamentos de auxílio-moradia a quem não os auferiu até esta data.
Saiu perdendo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que procurou restringir o instituto aos casos em que os beneficiários trabalhem em locais distantes de sua residência habitual.
Não estava em suas mãos o que se poderia chamar, jocosamente, de "domínio do teto". Conseguiu-se elevar de forma artificial, sem controle sequer sobre a real destinação dos recursos oferecidos, os salários de juízes e procuradores, para além do limite legal.
Nada contra que recebam remuneração condigna. Mas o sistema do auxílio-moradia, numa óbvia chicana salarial, não se coaduna com atividades cujo fim é precisamente o de zelar pelo respeito à lei e à moralidade pública.
Auxílio-moradia é chicana salarial que não se coaduna com atividades cujo fim é zelar pelo respeito à lei e à moralidade pública
Atinge cerca de R$ 1 bilhão por ano o impacto previsto das decisões em que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) concedem auxílio-moradia a quase todos os 16,4 mil juízes e 12,2 mil procuradores do país.
A espantosa cifra resulta, curiosamente, de iniciativa para limitar, em tese, excessos verificados na distribuição desse benefício. É que em Estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso, o subsídio para magistrados chegava às raias da extravagância.
Trinta dias num hotel quatro estrelas em Cuiabá, segundo um conhecido site turístico, custam aproximadamente R$ 6.600. Um juiz mato-grossense recebia até R$ 9.837 mensais para garantir o próprio teto, caso se estabelecesse em alguma comarca distante.
Concurso aberto em janeiro estipula R$ 19,5 mil de vencimentos para um juiz substituto em Mato Grosso. Não seria o suficiente para que, como ocorre a qualquer profissional, seus gastos com moradia estivessem contemplados? E o que dizer dos R$ 25 mil que, na média, percebem os juízes federais?
Abuso, certamente. Era preciso dar fim à liberalidade. Tomou-se, então, a decisão bizarra. O auxílio-moradia foi restrito a uma quantia máxima de R$ 4.377. O critério foi a provisão oferecida pelo Supremo Tribunal Federal. Com um detalhe, no entanto --ou melhor, dois.
O primeiro é que se autorizam gratificações nos diversos Estados em que elas inexistiam. A projetada diminuição no "quantum" de privilégio para magistrados teve como efeito permitir que o despudor se generalize --mesmo quem possua imóvel na cidade fará jus à vantagem, nem sendo necessário apresentar recibo de aluguel.
O segundo detalhe é que, numa operação conjunta, os órgãos controladores do Ministério Público e da magistratura acertaram o mesmo limite de gastos, estendendo assim a oportunidade para um grande contingente de promotores.
Poderia ser pior? Sem dúvida. Afastou-se, mas sempre cabe temer recursos nesse sentido, a tese de que poderiam ser retroativos os pagamentos de auxílio-moradia a quem não os auferiu até esta data.
Saiu perdendo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que procurou restringir o instituto aos casos em que os beneficiários trabalhem em locais distantes de sua residência habitual.
Não estava em suas mãos o que se poderia chamar, jocosamente, de "domínio do teto". Conseguiu-se elevar de forma artificial, sem controle sequer sobre a real destinação dos recursos oferecidos, os salários de juízes e procuradores, para além do limite legal.
Nada contra que recebam remuneração condigna. Mas o sistema do auxílio-moradia, numa óbvia chicana salarial, não se coaduna com atividades cujo fim é precisamente o de zelar pelo respeito à lei e à moralidade pública.
Ajuste nas finanças públicas será inevitável - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 14/10
O debate eleitoral criou o falso antagonismo entre contas públicas em ordem e continuidade dos programas sociais que influenciam muitos votos
A indústria deve estar contando os dias para o fim do calendário eleitoral. É que até lá dificilmente ocorrerá alguma correção de rumos da política econômica, porque isso implicaria reconhecimento de que equívocos foram cometidos, o que daria mais argumentos em favor do candidato da oposição.
Investimentos capazes de dar novo impulso à indústria foram postergados ou engavetados à espera de uma definição dos rumos da política econômica no ano que vem. Certamente não serão retomados se o próximo o governo não deixar claro que pretende pôr as finanças públicas em ordem.
O déficit público alcançou um patamar insustentável (4%, o nominal), considerando-se o modesto nível de poupança interna do país (14% do PIB). Sem uma correção de rumos, a possibilidade de redução dos juros e normalização do crédito desaparece. A inflação permanecerá como um grave problema, fazendo com que o governo se sinta tentado a impedir que o câmbio flutue para seu ponto de equilíbrio, de modo a baratear as importações, encurralando a indústria já retraída pela perda de competitividade.
Com a atividade econômica enfraquecida, é ilusório que os índices de desemprego se manterão em patamares tão baixos. A cada mês, os registros do Ministério do Trabalho, no Caged, mostram que a geração de empregos formais está perdendo fôlego, com queda expressiva em relação a anos anteriores. O dado de setembro talvez seja o pior em 14 anos, inferior a 100 mil vagas.
Não será com passes de mágica que o governo poderá contribuir para uma mudança nesse quadro de desânimo. O país tem muitos desafios a serem superados, mas a maioria desses obstáculos não poderá ser equacionada enquanto não for desatado o nó górdio da economia, que é o desequilíbrio nas finanças públicas. Nessa fase eleitoral, não se vê luz no fim do túnel porque a austeridade fiscal é apontada como antagônica à continuidade de programas sociais. A situação desafia a oposição a promover o ajuste sem sacrificar programas sociais cuja existência influencia parte considerável do eleitorado.
Visto por esse ângulo, a falta de um debate mais profundo sobre a questão ilude o eleitorado. Pois, sem ajuste nas finanças públicas, não há quem possa garantir a continuidade dos programas sociais
O debate eleitoral criou o falso antagonismo entre contas públicas em ordem e continuidade dos programas sociais que influenciam muitos votos
A indústria deve estar contando os dias para o fim do calendário eleitoral. É que até lá dificilmente ocorrerá alguma correção de rumos da política econômica, porque isso implicaria reconhecimento de que equívocos foram cometidos, o que daria mais argumentos em favor do candidato da oposição.
Investimentos capazes de dar novo impulso à indústria foram postergados ou engavetados à espera de uma definição dos rumos da política econômica no ano que vem. Certamente não serão retomados se o próximo o governo não deixar claro que pretende pôr as finanças públicas em ordem.
O déficit público alcançou um patamar insustentável (4%, o nominal), considerando-se o modesto nível de poupança interna do país (14% do PIB). Sem uma correção de rumos, a possibilidade de redução dos juros e normalização do crédito desaparece. A inflação permanecerá como um grave problema, fazendo com que o governo se sinta tentado a impedir que o câmbio flutue para seu ponto de equilíbrio, de modo a baratear as importações, encurralando a indústria já retraída pela perda de competitividade.
Com a atividade econômica enfraquecida, é ilusório que os índices de desemprego se manterão em patamares tão baixos. A cada mês, os registros do Ministério do Trabalho, no Caged, mostram que a geração de empregos formais está perdendo fôlego, com queda expressiva em relação a anos anteriores. O dado de setembro talvez seja o pior em 14 anos, inferior a 100 mil vagas.
Não será com passes de mágica que o governo poderá contribuir para uma mudança nesse quadro de desânimo. O país tem muitos desafios a serem superados, mas a maioria desses obstáculos não poderá ser equacionada enquanto não for desatado o nó górdio da economia, que é o desequilíbrio nas finanças públicas. Nessa fase eleitoral, não se vê luz no fim do túnel porque a austeridade fiscal é apontada como antagônica à continuidade de programas sociais. A situação desafia a oposição a promover o ajuste sem sacrificar programas sociais cuja existência influencia parte considerável do eleitorado.
Visto por esse ângulo, a falta de um debate mais profundo sobre a questão ilude o eleitorado. Pois, sem ajuste nas finanças públicas, não há quem possa garantir a continuidade dos programas sociais
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
“Consideramos o caso suspeito como caso descartado”
Arthur Chioro (Saúde) sobre a lorota do ‘ebola’, que tirou o Petrolão das manchetes
PT USA CAIXA E SERPRO NA CAMPANHA ELEITORAL
Após o uso dos Correios na campanha eleitoral do PT, Caixa e Serpro são alvo de acusação idêntica de funcionários. O Caixa-Mail, sistema interno de comunicação do banco, foi usado para espalhar acusações contra o candidato do PSDB. No Serpro, funcionária ligada ao PT, Ana Maria Amorim, mulher do ministro Celso Amorim (Defesa), disparou e-mail de teor eleitoral pró-PT na rede interna da repartição pública.
CONTEÚDO
O e-mail eleitoral na Caixa, de posse desta coluna, repete a velha mentira de que o banco será “privatizado”, no caso de vitória tucana.
TUDO NOSSO
Ocupando boquinha no Serpro desde 2007, em seu e-mail Ana Amorim compara os governos do PSDB e PT, usando dados não confirmados.
PRIVACIDADE
O Serpro desconversa, dizendo que “não pode monitorar e-mails internos”, mas não se fala em punição pelo uso eleitoral da rede.
APARELHAMENTO
O deputado federal tucano William Dib (SP) também foi procurado por funcionários da Caixa que denunciaram o uso eleitoral do Caixa-Mail.
PSB DÁ COMO CERTA A DESFILIAÇÃO DE MARINA SILVA
Com a eleição de Carlos Siqueira na presidência do PSB, a cúpula do partido dá como certo que Marina Silva deixará o partido para retomar o Rede Sustentabilidade. Siqueira telefonou-lhe para tentar desfazer arestas e mágoas, mas ela não esquece: ao deixar a campanha após a morte de Eduardo Campos, Siqueira disse que a ex-senadora era “hospedeira” do PSB. Quis dizer “hóspede”, e ela entendeu a desfeita.
ESTRANHA NO NINHO
Marina se filiou ao PSB após o Rede ser barrada na Justiça, mas sempre deixou claro que se sentia apenas uma hóspede do partido.
MAL-ESTAR
Membros do PSB duvidam que o presidente interino “lulista” Roberto Amaral permaneça no PSB após ter apoiado a reeleição de Dilma Rousseff.
GANHOU FORÇA
Após liquidar o PT nas eleições, o PSB pernambucano faturou um terço dos cargos na Executiva, além da vice-presidência e da 1ª secretaria.
DEFINIÇÃO DE PAPÉIS
Marina Silva deverá se reunir ainda esta semana com o candidato tucano Aécio Neves, a quem declarou apoio, para discutir seu papel na campanha no segundo turno.
LOROTA DESFEITA
A bancada do PMDB na Câmara se reúne quarta-feira (15) para mostrar que não é assim tão “ampla”, como Dilma afirma na propaganda, o tamanho de sua base de apoio. O PT briga forte com o PMDB em dez estados.
AZUL TUCANO
Por recomendação do marqueteiro e modista João Santana, Dilma substituiu o vermelho pelo azul, tentando transmitir a candura de Alice no País das Maravilhas. Faz sentido. Mas ficou parecendo tucana.
DE VOLTA À PF
Derrotado na reeleição, o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) vai retomar o cargo de delegado na Polícia Federal. Ele chefiou em 2008 a Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas.
INCONSTANTE
Além de não eleger mais da metade dos atuais parlamentares, PROS e Solidariedade só contarão com 15 deputados federais cada. Três federais não conseguiram nem sequer se eleger deputados estaduais.
GOLPE MIDIÁTICO
A manobra deu certo, e a farsa do ebola ocupou as manchetes, em lugar da roubalheira da Petrobras detalhada pelos delatores. O africano adorou viajar e comer de graça. O que ele tinha era desnutrição aguda.
IMPREVISÍVEL
Com a derrota do PSDB em Minas no 1º turno, José Serra e Alckmin já não acham que Aécio Neves tenha feito “corpo mole” em campanhas anteriores. Concluíram que o eleitor mineiro é imprevisível mesmo.
FUNDAÇÃO
Derrotado na disputa pela reeleição, o governador Renato Casagrande (ES) deverá assumir esta semana a Fundação João Mangabeira. O PSB chegou a cogitar entregar o cargo a Roberto Amaral, mas desistiu.
PENSANDO BEM...
...ao tornar públicas as revelações dos delatores do Petrolão, o juiz Sergio Moro fez apenas o que Dilma, Petrobras e CPI viviam pedindo.
PODER SEM PUDOR
EU BEBO, SIM
Flores da Cunha foi um dos maiores líderes políticos do Rio Grande do Sul, mesmo com a reputação de emérito boêmio, chegado ao carteado, às bebidas e às mulheres, como acusou um adversário, num comício:
- Não bebo, não jogo e nem ando com mulheres de vida duvidosa!
Flores da Cunha ganhou a eleição admitindo, sem medo de ser feliz:
- Pois eu bebo, fumo, jogo, ando com mulheres e tenho votos.
Arthur Chioro (Saúde) sobre a lorota do ‘ebola’, que tirou o Petrolão das manchetes
PT USA CAIXA E SERPRO NA CAMPANHA ELEITORAL
Após o uso dos Correios na campanha eleitoral do PT, Caixa e Serpro são alvo de acusação idêntica de funcionários. O Caixa-Mail, sistema interno de comunicação do banco, foi usado para espalhar acusações contra o candidato do PSDB. No Serpro, funcionária ligada ao PT, Ana Maria Amorim, mulher do ministro Celso Amorim (Defesa), disparou e-mail de teor eleitoral pró-PT na rede interna da repartição pública.
CONTEÚDO
O e-mail eleitoral na Caixa, de posse desta coluna, repete a velha mentira de que o banco será “privatizado”, no caso de vitória tucana.
TUDO NOSSO
Ocupando boquinha no Serpro desde 2007, em seu e-mail Ana Amorim compara os governos do PSDB e PT, usando dados não confirmados.
PRIVACIDADE
O Serpro desconversa, dizendo que “não pode monitorar e-mails internos”, mas não se fala em punição pelo uso eleitoral da rede.
APARELHAMENTO
O deputado federal tucano William Dib (SP) também foi procurado por funcionários da Caixa que denunciaram o uso eleitoral do Caixa-Mail.
PSB DÁ COMO CERTA A DESFILIAÇÃO DE MARINA SILVA
Com a eleição de Carlos Siqueira na presidência do PSB, a cúpula do partido dá como certo que Marina Silva deixará o partido para retomar o Rede Sustentabilidade. Siqueira telefonou-lhe para tentar desfazer arestas e mágoas, mas ela não esquece: ao deixar a campanha após a morte de Eduardo Campos, Siqueira disse que a ex-senadora era “hospedeira” do PSB. Quis dizer “hóspede”, e ela entendeu a desfeita.
ESTRANHA NO NINHO
Marina se filiou ao PSB após o Rede ser barrada na Justiça, mas sempre deixou claro que se sentia apenas uma hóspede do partido.
MAL-ESTAR
Membros do PSB duvidam que o presidente interino “lulista” Roberto Amaral permaneça no PSB após ter apoiado a reeleição de Dilma Rousseff.
GANHOU FORÇA
Após liquidar o PT nas eleições, o PSB pernambucano faturou um terço dos cargos na Executiva, além da vice-presidência e da 1ª secretaria.
DEFINIÇÃO DE PAPÉIS
Marina Silva deverá se reunir ainda esta semana com o candidato tucano Aécio Neves, a quem declarou apoio, para discutir seu papel na campanha no segundo turno.
LOROTA DESFEITA
A bancada do PMDB na Câmara se reúne quarta-feira (15) para mostrar que não é assim tão “ampla”, como Dilma afirma na propaganda, o tamanho de sua base de apoio. O PT briga forte com o PMDB em dez estados.
AZUL TUCANO
Por recomendação do marqueteiro e modista João Santana, Dilma substituiu o vermelho pelo azul, tentando transmitir a candura de Alice no País das Maravilhas. Faz sentido. Mas ficou parecendo tucana.
DE VOLTA À PF
Derrotado na reeleição, o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) vai retomar o cargo de delegado na Polícia Federal. Ele chefiou em 2008 a Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas.
INCONSTANTE
Além de não eleger mais da metade dos atuais parlamentares, PROS e Solidariedade só contarão com 15 deputados federais cada. Três federais não conseguiram nem sequer se eleger deputados estaduais.
GOLPE MIDIÁTICO
A manobra deu certo, e a farsa do ebola ocupou as manchetes, em lugar da roubalheira da Petrobras detalhada pelos delatores. O africano adorou viajar e comer de graça. O que ele tinha era desnutrição aguda.
IMPREVISÍVEL
Com a derrota do PSDB em Minas no 1º turno, José Serra e Alckmin já não acham que Aécio Neves tenha feito “corpo mole” em campanhas anteriores. Concluíram que o eleitor mineiro é imprevisível mesmo.
FUNDAÇÃO
Derrotado na disputa pela reeleição, o governador Renato Casagrande (ES) deverá assumir esta semana a Fundação João Mangabeira. O PSB chegou a cogitar entregar o cargo a Roberto Amaral, mas desistiu.
PENSANDO BEM...
...ao tornar públicas as revelações dos delatores do Petrolão, o juiz Sergio Moro fez apenas o que Dilma, Petrobras e CPI viviam pedindo.
PODER SEM PUDOR
EU BEBO, SIM
Flores da Cunha foi um dos maiores líderes políticos do Rio Grande do Sul, mesmo com a reputação de emérito boêmio, chegado ao carteado, às bebidas e às mulheres, como acusou um adversário, num comício:
- Não bebo, não jogo e nem ando com mulheres de vida duvidosa!
Flores da Cunha ganhou a eleição admitindo, sem medo de ser feliz:
- Pois eu bebo, fumo, jogo, ando com mulheres e tenho votos.
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