O GLOBO - 27/06
Deve fazer sucesso uma cena de “A menina e o vento”, de Maria Clara Machado, que Cacá Mourthé adaptou e estreia sábado no Teatro Tablado, no Rio.
A menina, num voo de carona no vento, solta uma lufada sobre Brasília. O vendaval deixa um deputado de calças arriadas e faz voar pelos ares centenas de cédulas de US$ 100 que o da-nadinho escondia na cueca.
Segue...
Qualquer semelhança... não é mera coincidência.
Tragédia no ar
O Conselho Superior do MP homologou por unanimidade o arquivamento feito pelo procurador-geral do Rio, Cláudio Lopes, do procedimento que investigava Cabral no episódio da queda do helicóptero em que morreram sete pessoas, em junho de 2011, e cujo destino era o aniversário de Fernando Ca-vendish, em Porto Seguro, BA.
Entendeu que não há provas de improbidade do governador.
À la Zózimo
E o Maluf, hein?! É de fazer rir ou chorar ouvi-lo dizer que é mais comunista que o PT e defende menos as multinacionais e os bancos que Lula.
Aliás...
Maluf decretou estes dias o fim da esquerda e da direita.
Mas o debate sobre o impea-chment de Fernando Lugo mostra que este velho Fla x Flu ideológico resiste.
Falta de pulso
Passado o susto, Martinho da Vila, o sambista, brincou com Sérgio Cabral, pai, sobre o acidente com a filha Mart’nália:
— Ela deslocou o pulso. Mas já não valia de nada mesmo! Esse pulso dela sempre teve problema...
GILBERTO GIL, ogrande artista popular, abriu ontem sua casa para receber uma "Procissão" de amigos que foi lhe dar "Aquele abraço" no dia de seus 70 anos. Todos queriam fazer "Louvação" ao amigo. Tanta gente que parecia até um "Domingo no parque" ou um "Expresso 2222" lotado. Acarinhado pelos filhos e pela mulher, Flora, nosso Gil, "Divino, maravilhoso", estava como quem diz: "Eu só quero um xodó." Ele merece
Mensalão na Sapucaí
O PT andou sondando escolas de samba cariocas — uma delas foi a Grande Rio—para virar enredo no carnaval de 2013.
Mas a ideia, até agora, não prosperou.
Tela grandeDaniel Filho está totalmente dedicado ao cinema. No momento, trabalha em quatro filmes.
O primeiro será “Confissões de adolescente”; depois, “7 X mulher”; e, a seguir, “Silêncio da chuva”. E ainda será o produtor de “Uma fada veio me visitar”.
Malbec argentino
Hélio Jaguaribe, 89 anos, o acadêmico e cientista político, já está em casa, depois de uns problemas na coluna causados por um tombo.
Foi autorizado a beber, com moderação, seu vinho preferido, um malbec argentino.
Crime no teatroLembra que em maio invadiram a sede do Tá na Rua, o grupo teatral de Amir Haddad, na Lapa, no Rio, e furtaram o equipamento de som? Fernanda Montene-gro doou nova aparelhagem.
Mas, na segunda, voltaram a invadir, e lá se foi de novo o som.
Três aninhosHoje, a 17+ Câmara Cível do Rio julga o processo dos pais de Paulo Roberto Amorim Soares contra o estado. O miúdo foi morto aos 3 anos de idade, em 2008, quando o carro de sua mãe foi metralhado por PMs.
O veículo teria sido confundido com o de bandidos.
Corredor do FórumA 10a Câmara Cível do Rio condenou Alex Ramos e Marí-lia de Fátima da Conceição Soares a indenizarem em R$ 5 mil a professora da filha deles.
A menina tirou uma foto do traseiro da mestra e pôs na internet, com a frase: “TV de 42 polegadas”.
Retratos da vida
Ontem, nenhum funcionário apareceu para trabalhar no restaurante Cervantes da Barra da Tijuca, no Rio.
É que, num bolão da Quina de São João, garçons e companhia faturaram R$ 685 mil cada.
Aliás...
Foram 20 contemplados no bolão do Cervantes.
Só perdeu um copeiro, coitado, que não tinha os R$ 10 da aposta e não quis emprestado.
quarta-feira, junho 27, 2012
O fator Maia - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 27/06
O Planalto estará em alerta máximo nos próximos 10 dias. O que preocupa é a mistura de projetos polêmicos em pauta no Congresso com a vontade dos deputados e senadores de criar problemas para garantir a liberação das emendas ao Orçamento“Fiquem de olho no Marco Maia. Ele, às vezes, pode ser mais perigoso do que o Sarney.” A recomendação de alguns ministros e assessores diretos da Presidência da República aos parlamentares fiéis ao governo é sintoma de que o armário de projetos polêmicos está tão cheio que, se Maia escancarar a porta, cairão sobre a cabeça da presidente Dilma Rousseff.
As últimas avaliações palacianas indicam que Maia se prepara para girar essa chave. Nos últimos dias, enquanto a presidente Dilma cuidava de avaliar a extensão da crise no Paraguai, o presidente da Câmara dos Deputados demonstrava-se inclinado a encerrar o semestre com tudo o que o governo não quer incluído na agenda. Nesse bolo, royalties do petróleo, PEC 300 (que equipara salários de policiais dos estados aos valores pagos no Distrito Federal), fator previdenciário, correções mais generosas aos estados na hora de pactuar o pagamento de dívidas e por aí vai. Todos esses projetos estão na Câmara.
Não por acaso, o presidente da Casa foi chamado ao Planalto há dois dias para conversar. Sem pestanejar, as ministras de forma muito educada deixaram claro que a ideia do governo para essa reta final de movimento do Legislativo antes do recesso é aprovar o regime diferenciado de contratações para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Nada que possa onerar os cofres públicos saturados de gastos com os projetos em curso.
Por falar em onerar...Maia saiu do Planalto com um problemão em mãos e um dilema: atender o governo, evitando a apreciação dos projetos considerados indigestos pelas autoridades do Executivo ou dar aquela mãozinha aos seus pares no Legislativo. Deputados e senadores se mostram ávidos por encontrar uma brecha capaz de garantir a liberação de emendas do Orçamento até 7 de julho, prazo final para emplacar obras antes das eleições. Ontem, inclusive, o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, estava no Planalto para discutir justamente o que ainda é possível liberar nesses próximos dias.
Rezam a lenda e a tradição criada pelo próprio Executivo, de que nada é melhor do que uma votação “perigosa” para o governo abrir as portas da esperança às emendas individuais sugeridas por parlamentares. Na sessão de ontem, quando todos achavam que Marco Maia iria girar a chave em favor dos parlamentares, ele se conteve. Mas, em tempo de encerramento de semestre, é real a possibilidade de o plenário apreciar os projetos que o Executivo quer ver enterrados. Especialmente agora, quando o Regime Diferenciado de Contratação (RDC) para obras do PAC já seguiu para o Senado e os deputados se sentem livres para votarem as propostas enquanto as medidas provisórias cumprem seus prazos nas comissões especiais. Não é à toa que, no Planalto, Maia é visto como alguém que provoca mais preocupações do que Sarney.
Por falar em RDC...Aos poucos, o governo vai enterrando a Lei de Licitações. Primeiro, foram as obras da Copa do Mundo. Agora, os projetos do PAC. Há outra medida provisória em análise na Câmara que prevê o regime diferenciado para expansão do ensino público. Ou seja, a portinhola da Copa virou um portal. Nunca é demais lembrar que estamos num ano eleitoral. E regimes diferenciados, quando associados a calendário eleitoral, costumam representar uma mistura tão explosiva quanto o foi a convivência entre o contraventor Carlos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres, que, ao que tudo indica será julgado mesmo no finalzinho desse período legislativo, para que não se passe a ideia de que Sarney quer deixar o processo “esfriar”. Afinal, para um mês de agosto bem quente o julgamento do mensalão e a campanha eleitoral já estão de bom tamanho.
'É dia de Cristiano Ronaldo, bebê!' - TUTTY VASQUES
O Estado de S.Paulo - 27/06
Poucas pessoas são tão honestas com seus sentimentos quanto Cristiano Ronaldo naquela sua vaidade desmedida. Expoente de uma geração de craques dissimulados, o ídolo português não esconde de ninguém que seu prazer no futebol é jogar para o telão. O cara se adora, fazer o quê?
Não é dos piores defeitos do ser humano! Longe disso, o narcisismo em questão virou combustível do futebol egocêntrico de CR9.
Se ele não comer a bola, o que sobra em campo é um cara ridículo para uns, asqueroso para outros, alguém que só é unanimidade nas críticas generalizadas ao exagero de gel no penteado.
Não que o gajo fique menos ridículo, asqueroso ou melado quando resolve ser genial e decide a parada sozinho, mas aí o Messi também tem o direito de ser o que ele quiser, inclusive aquele sujeito sem nenhuma coloração pessoal, inteiramente sem sal dentro e fora das quatro linhas.
O argentino - até isso ele pode ser - é, sem más comparações, o melhor do mundo, mas em dia de decisão da Eurocopa, o 10 do Barcelona não tem a menor importância. Como diria Christiane Torloni, "hoje é dia de Cristiano Ronaldo, bebê"!
Com todo respeito ao Paulinho, ao Danilo, ao Sheik...!
Tem pra todas
O que faz Larissa Riquelme que não sai às ruas de topless para protestar no Paraguai? Vai perder uma chance dessas, caramba? Depois reclama que a imprensa só dá espaço para as ucranianas do Femen!
Faz sentido?
Por que diabos um jogador de futebol com um cortezinho de nada na testa tem que sair de campo e dois lutadores de MMA com o rosto todo ensanguentado podem se abraçar longamente ao final de cinco rounds de pancadaria?
Boato infame
Seu Chalita, o simpaticíssimo personagem libanês interpretado por Flávio Migliaccio na série Entre Tapas e Beijos, não é tio de Gabriel Chalita. E não se fala mais nisso, ok?!
É a praia dela
Não será surpresa para esta coluna se Paris Hilton reforçar o elenco do reality show A Fazenda! A socialite americana precisa recuperar sua imagem depois do fiasco que protagonizou como DJ no Pop Music Festival em São Paulo. Um bom bate-boca com a Gretchen pode fazer bem à carreira dela!
Como assim?
Entreouvido num debate de botequim sobre o julgamento do mensalão no STF: "Atire a primeira pedra o homem com mais de 45 anos que nunca sentiu a chamada 'pressão no Lewandowsky'?" Depois passa!
Turnê mundial
O fim do mundo está dividido! Mantém um pezinho na Síria, outro na Turquia, à espera do pior.
Pós-Maluf
Fernando Haddad está apavorado. Também, pudera! Ficou sabendo que Lula anda dizendo por aí que não teria o menor problema em posar com o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo abraçados ao novo presidente do Paraguai, Federico Franco!
O crédito tem limite - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 27/06
OS BANCOS brasileiros emprestam em "ritmo de crise". Quer dizer, os bancos públicos emprestam cada vez mais, os privados desaceleram. Mais ou menos como aconteceu em tantos outros momentos de incerteza ou baixa na economia, em especial em 2008-09.
É o que se depreende do balanço do crédito de maio, divulgado ontem pelo Banco Central.
Pelo andar da carruagem, o estoque de crédito (total de dinheiro emprestado e que ainda não foi pago) vai crescer em termos reais mais ou menos tanto quanto em 2011, ou entre 17 e 18% em termos nominais (sem descontar a inflação).
Trata-se de um crescimento bastante razoável, ressalte-se. Mas não vai ser por aí que a economia vai crescer mais rápido.
Além do mais, é razoável estimar que o ritmo de expansão de crédito não vai aumentar -talvez diminua daqui a pouco. Os bancos públicos não podem segurar sozinhos a peteca por muito tempo. As instituições privadas estão cautelosas e assim devem continuar enquanto a inadimplência não baixar e a crise europeia não esfriar.
No trimestre março-maio, os bancos públicos responderam por 61% do aumento do crédito. No mesmo trimestre do ano passado, a fatia dos estatais era de 34%. Em 2011, a divisão do bolo entre públicos e privados se normalizava.
No pior momento da crise de 2008-09, os estatais chegaram a responder por 80% da expansão do crédito.
Os resultados dos bancos públicos, pelo menos no que diz respeito a risco, foram bons -não aumentou a quantidade de empréstimos ruins, inadimplência e calotes. Não se pode saber, claro, da qualidade dos empréstimos desta safra. Certo é que os bancos públicos agora terão menos fôlego. Não podem continuar a se expandir se o seu capital não aumentar -estão chegando ao limite.
Mesmo antes de o combustível do crédito dos estatais terminar, no entanto, nota-se que não vai ser via crédito adicional que a atividade econômica vai passar do presente ritmo de crescimento, de 2% ao ano, para 3% ou 4%, como quer a presidente.
Os resultados do ano até agora indicam que as medidas de estímulo baixadas pelo governo foram capazes apenas de evitar paradeira maior. Ressalte-se: não se trata de dizer que foram irrelevantes. Evitaram apagões na indústria de bens duráveis, os quais poderiam se alastrar pelo resto da economia.
O problema, cada vez mais óbvio, é que faltam investimentos e aumentos de produtividade.
A indústria segurou o investimento porque não cresce faz quase dois anos, em parte devido à concorrência de importados. O empresariado em geral está receoso porque não entende muito bem o novo ritmo da economia e porque teme desastres na economia mundial. O governo federal não consegue investir por inépcia e burocracia.
Na atual situação, porém, apenas o governo federal poderia destravar a situação do investimento. A insegurança do setor privado vai durar ainda algum tempo, até o tempo clarear no exterior e a atividade aqui no Brasil esquentar.
Mas o governo federal por ora se mostra capaz apenas de aplicar mais remendos na economia. Como deve fazer hoje, outra vez.
É o que se depreende do balanço do crédito de maio, divulgado ontem pelo Banco Central.
Pelo andar da carruagem, o estoque de crédito (total de dinheiro emprestado e que ainda não foi pago) vai crescer em termos reais mais ou menos tanto quanto em 2011, ou entre 17 e 18% em termos nominais (sem descontar a inflação).
Trata-se de um crescimento bastante razoável, ressalte-se. Mas não vai ser por aí que a economia vai crescer mais rápido.
Além do mais, é razoável estimar que o ritmo de expansão de crédito não vai aumentar -talvez diminua daqui a pouco. Os bancos públicos não podem segurar sozinhos a peteca por muito tempo. As instituições privadas estão cautelosas e assim devem continuar enquanto a inadimplência não baixar e a crise europeia não esfriar.
No trimestre março-maio, os bancos públicos responderam por 61% do aumento do crédito. No mesmo trimestre do ano passado, a fatia dos estatais era de 34%. Em 2011, a divisão do bolo entre públicos e privados se normalizava.
No pior momento da crise de 2008-09, os estatais chegaram a responder por 80% da expansão do crédito.
Os resultados dos bancos públicos, pelo menos no que diz respeito a risco, foram bons -não aumentou a quantidade de empréstimos ruins, inadimplência e calotes. Não se pode saber, claro, da qualidade dos empréstimos desta safra. Certo é que os bancos públicos agora terão menos fôlego. Não podem continuar a se expandir se o seu capital não aumentar -estão chegando ao limite.
Mesmo antes de o combustível do crédito dos estatais terminar, no entanto, nota-se que não vai ser via crédito adicional que a atividade econômica vai passar do presente ritmo de crescimento, de 2% ao ano, para 3% ou 4%, como quer a presidente.
Os resultados do ano até agora indicam que as medidas de estímulo baixadas pelo governo foram capazes apenas de evitar paradeira maior. Ressalte-se: não se trata de dizer que foram irrelevantes. Evitaram apagões na indústria de bens duráveis, os quais poderiam se alastrar pelo resto da economia.
O problema, cada vez mais óbvio, é que faltam investimentos e aumentos de produtividade.
A indústria segurou o investimento porque não cresce faz quase dois anos, em parte devido à concorrência de importados. O empresariado em geral está receoso porque não entende muito bem o novo ritmo da economia e porque teme desastres na economia mundial. O governo federal não consegue investir por inépcia e burocracia.
Na atual situação, porém, apenas o governo federal poderia destravar a situação do investimento. A insegurança do setor privado vai durar ainda algum tempo, até o tempo clarear no exterior e a atividade aqui no Brasil esquentar.
Mas o governo federal por ora se mostra capaz apenas de aplicar mais remendos na economia. Como deve fazer hoje, outra vez.
Alta rotatividade - MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 27/06
Os grandes varejistas descobriram nos portais de compras coletivas um canal para desafogar os estoques e terem mais flexibilidade de preço. Relatório divulgado pelo indicador InfoSaveMe aponta que em fevereiro, data do último levantamento, os sites desse segmento divulgaram 12.237 novas ofertas e venderam 1,2 milhão de cupons, faturando R$ 66,5 milhões. A tendência é que essa estratégia continue forte nos próximos meses. A Ricardo Eletro já criou e administra o próprio site de descontos.
Digna de filme
A história da Sinfônica Heliópolis, que se apresenta no próximo domingo pela manhã, ao ar livre no Aterro, como atração da Corrida Eletrobrás, inspirou o filme Acorda Brasil, que está sendo rodado pelo diretor Sérgio Machado com Lázaro Ramos, Taís Araújo e Fernanda de Freitas. A orquestra forma músicos oriundos, em sua maioria, da comunidade paulistana que lhe dá nome e tem como patrono ninguém menos que o maestro Zubin Mehta e, como diretor artístico, Isaac Karabtchevsky.
‘Brasileño’
O vinho Icono 2010 ficou na sexta posição entre os 25 melhores Malbecs produzidos na Argentina naquele ano segundo o ranking da revista inglesa Decanter, que chega às bancas no próximo mês. Ele é produzido por cinco empresários brasileiros, todos ex-executivos da Odebrecht, donos da Finca Otaviano Bodega & Vinhedos, localizada em Luján de Cujo. O sócio José Caetano Lacerda revela que a vinícola receberá investimentos de US$ 3 milhões para aumentar a produção até 2014.
Dentro do figurino
Ao estrear, nesta sexta-feira, no Espaço Tom Jobim, o espetáculo Valsa nº 6, de Nelson Rodrigues, Luisa Thiré passará pelo mais desafiador teste da carreira: interpretar, pela primeira vez e sozinha no palco, um texto do dramaturgo. O único monólogo do autor, escrito em 1941, ganhou adaptação dirigida por Claudio Torres Gonzaga na qual a cenografia é o ponto forte. Luísa usará um vestido, com saia de sete metros, preso por elásticos ao cenário. “Ali dentro viverei as várias facetas de Sônia e me transformarei em todos os objetos da peça, inclusive o piano’’, diz ela referindo-se aos delírios da personagem.
Selecionados
A escritora libanesa e curadora de filmes Rasha Salti chega ao Rio na próxima sexta para o lançamento da 7ª Mostra Mundo Árabe de Cinema. O festival ocupará o Instituto Moreira Salles, na Gávea, de 6 a 12 de julho com 32 produções. Dentre elas, está uma seleção de filmes da mostra Mapeando a Subjetividade: cinema experimental árabe dos anos 60 até os dias atuais, exibida recentemente no MoMa, em Nova York. Rasha está surpresa com o interesse dos brasileiros pelo mundo árabe contemporâneo.
Deslocada
A Rio + 20 empurrou para agosto a abertura da exposição Veolia Water Fotógrafos da Natureza, no Rio. A mostra das fotos premiadas, na edição de 2011, do concurso do Museu de História Natural de Londres, ocuparia o MAM ou o Jardim Botânico, em paralelo à conferência sobre o clima. Mas ambos os espaços já abrigam atividades ligadas ao evento. A imagem vencedora é a do espanhol Daniel Beltrá, que mostra pelicanos cobertos de petróleo devido ao vazamento da Bristish Petroleum no Golfo do México.
Palhinha
No coquetel de abertura, hoje no Jockey Club, do Arraial da Providência, os padres Jorjão e Omar Raposo vão cantar músicas religiosas em ritmo de samba e pagode. Padre Omar, aliás, vai dar uma canja do CD que ele está prestes a lançar.
Bodas caipiras
Felipe Dylon e Aparecida Petrowky, casados na vida real, serão os noivos do casamento na roça de sexta. Geovana Tominaga, que estava sem noivo até ontem, foi socorrida pelo ator Ícaro Silva, que tomou participar da brincadeira beneficente no sábado. O Roça in Rio também terá como atrações shows a partir das 21h. Na sexta, é o trio Pé de Serra, no sábado, Sotaque do Nordeste e João Gabriel e, domingo, o trio Potiguá.
Roça de exportação
E nossa festa sertaneja vai chegar à terra da Rainha: os britânicos vão receber, de 24 a 27 de agosto, o primeiro Forró Fest.O evento terá show com bandas nordestinas e decoração com fogueira e bandeirinhas de São João. No cardápio, muito tempero baiano e comidinhas de boteco carioca. O agito será no camping de Tongham, a uma hora do Centro de Londres. Os ingressos custam 70 libras e o evento é organizado por estudantes do Brasil e da Inglaterra.
Livre Acesso
Emílio Santiago fará uma apresentação especial, hoje, no Palácio da Cidade, durante o jantar beneficente que marcará a abertura da 9ª edição do Festival Rio Bom de Mesa. No repertório, uma seleção de músicas de Luiz Gonzaga. No cardápio, pratos assinados por chefs de Pernambuco, terra do Rei do Baião.
O lançamento do Fontvieille, projeto da Carvalho Hosken e JTavares, na Barra, será amanhã, em evento reunindo arte, música e menu degustação assinado pela chef Laura Pederneiras. O residencial de alto luxo tem apartamentos decorados por Joy Garrido e David Bastos.
O Instituto Embratel recebeu da Associação Comercial do Rio de Janeiro o Prêmio de Sustentabilidade 2012 por um projeto de reciclagem, inédito no país. Desde 2011, em parceria com a ONG Tem Quem Queira, restos de lonas, banners, telas ortofônicas e fundos de palco são transformados em bolsas, capas de laptops e bolsas por detentos.
A Abenav e o Sinaval promovem, hoje, no Rio, a primeira edição do Fornecer, reunindo empresários, fornecedores e representantes da indústria naval.
Doutor em Direito do Estado pela USP, professor de Direito Administrativo da UERJ e procurador do Estado do Rio de Janeiro, Alexandre Santos de Aragão lança o livro Curso de Direito Administrativo amanhã, às 17h, na Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro.
O premiado musical Beatles num céu de diamantes, da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, estreia na próxima semana no novo Imperator – Centro Cultural João Nogueira.
Cuca fresca - SONIA RACY
O ESTADÃO - 27/06
O ministro quer aproveitar o recesso do STF, viajar para o exterior e recarregar as baterias antes da maratona.
Cuca 2
Tanta tranquilidade tem explicação. O extenso voto de Barbosa – que deve demorar ao menos quatro sessões para ser lido – está pronto. E já se passou um ano desde a última decisão dele que poderia segurar o julgamento.
A data de início da discussão, portanto, é absolutamente indiferente para o ministro.
Vizinho
Grupo de brasileiros e paraguaios radicados no Brasil se reuniu, anteontem, em frente ao consulado do país vizinho.
Estão se organizando para defender Fernando Lugo… lá.
A quem interessar
Indagada pela coluna, a Editora Paulus informa: a procura pela biografia de Lugo no Brasil não aumentou, sendo que, em dois anos, foram vendidos 300 exemplares. Preço? Módicos R$ 24.
Eu fico
A Odebrecht conseguiu decisão da Justiça dos EUA que bloqueia a nova lei da Flórida – pela qual o Estado fica impedido de fechar contratos com empresas que tenham negócios em Cuba ou na Síria.
Há 21 anos no país, a empreiteira toca mais de US$ 1,8 bilhão em obras na cidade de Miami, como a de ampliação do aeroporto internacional.
Esqueceram de mim
Cena de filme, segunda-feira, na Kalunga da Paulista. Compradora pagou, pegou todas as sacolas e saiu. Só se esqueceu… do bebê conforto em que dormia seu filho.
Voltou pouco depois, desesperada. A criança? Ressonava.
No ar
Wagner Bittencourt, ministro da Aviação Civil, tem um dos mais espinhosos cargos da República. Mas não reclama. “Conseguimos, em um ano, licitar aeroportos, o que é um grande avanço”, observou à coluna, depois de participar, anteontem, de seminário de João Doriaem SP – onde teve 20 minutos para explicar 61 slides.
Aviação executiva? “Estamos estudando alternativas.” Aeroporto privado para este fim? “Hoje, se fizéssemos uma concessão desse tipo, o aeroporto não poderia cobrar tarifas. Está na lei.”
Novos slots em Congonhas? “Para tanto, a Anac está revendo o regime de competência e deve sair com uma solução.”
Novas concessões de lojas nos aeroportos? “Também estamos estudando.”
As concessões de Guarulhos, Viracopos e Brasília foram assinadas. Quando virão as outras? “Diferentemente do que todos estão dizendo, não temos prazo.”
Bittencourt ainda terá muuuuito trabalho pela frente.
Bola no pé
O Corinthians foi o primeiro time brasileiro a ter patrocinador privado: a Bombril, em 1982. A empresa, segundo Washington Olivetto, volta agora para “as mangas” dos jogadores na Libertadores da América.
E faz festa hoje, no Blá Bar, para festejar jogadores famosos.
Bateu legal
Cao Hamburger exibiu Xingu, anteontem, em Tribeca, NY. Foi aplaudido de pé. Depois, seguiu para homenagem na Espasso Gallery, onde foi entrevistado por Carlos Saldanha.
A química entre os dois pode indicar parceria do criador do Castelo Rá-Tim-Bum com o do filme Rio.
Na frente
Nelson Leirner e Adriana Varejão estão entre os artistas e designers que o Comitê Rio 2016 levará para Londres. A exposição From the Margin to the Edge inaugura dia 20, na Casa Brasil.
Daslu Couture e Marcelo Quadros mostram nova coleção. Hoje, no Cidade Jardim.
Leão Serva e Alexandre Lafer Frankel lançam dia 5, nos Jardins, o guia Como Viver em SP Sem Carro.
Estreia, amanhã, a peça Boca de Ouro. Com Marco Ricca, no Teatro do Sesi.
Gaudêncio Torquato lança Era Uma Vez… Mil Vezes. Com orelha de Jorge Gerdau. Amanhã, na Cultura do Conjunto Nacional.
O Espaço Arte Galeria promove leilão de obras. Amanhã, no Hotel Quality.
Abre, dia 2, o Fórum Mulheres Reais que Inspiram, liderado por Ana Paula Padrão. No Grand Hyatt.
Felipão é opção, fala-se em Cuca (desafeto de Rogério Ceni), mas… há quem prefira Dunga no comando do São Paulo, em substituição a Leão. O nome do ex-treinador da seleção vem sendo cada vez mais lembrado em reuniões no Morumbi.
Petropolítica - VALDO CRUZ
Folha de S. Paulo - 27/06
Graça Foster, presidente da Petrobras na era Dilma, impôs um choque de realidade na vida da maior empresa brasileira. Ao detalhar seu novo plano de investimento, mandou o recado de que a gestão da estatal nos últimos anos não se pautou pela boa governança.
Na sua fala, foi explícita: 1) a empresa estava trabalhando com metas irrealistas; 2) obrigou-a a postergar projetos de refinarias; 3) precisa de mais reajuste de preços para bancar seu cronograma de investimentos.
A leitura imediata das críticas de Graça Foster -que não deu nome aos bois- aponta o petista José Sergio Gabrielli, seu antecessor, como o responsável pelo estado ruim das coisas. Sem querer isentá-lo de suas responsabilidades, atribuí-las somente a ele é escamotear a realidade.
Se não, vejamos. A Petrobras foi obrigada a assumir os projetos das refinarias do Maranhão e do Ceará, retiradas agora do plano de negócios, por decisão política do ex-presidente Lula. As refinarias têm sentido econômico, mas o cronograma dos investimentos atendia mais a desejos políticos do que financeiros.
A associação entre Brasil e Venezuela para construir a refinaria Abreu e Lima (PE), apontada por Graça Foster como história a ser aprendida e não repetida na empresa, foi imposição de Lula. Sociedade que, até hoje, não saiu, num projeto no Estado natal do ex-presidente.
A hoje presidente Dilma Rousseff foi, durante o governo Lula, presidente do Conselho de Administração da Petrobras, responsável pela aprovação dos planos de investimentos da estatal. Como tal, sabia dos pedidos de reajuste de preços feitos por Gabrielli -boa parte rejeitada pela equipe econômica por receio de impactos na inflação.
O fato é que, no governo Lula, a Petrobras sofreu forte ingerência política na definição de investimentos e de preços. Dilma, como se vê, não pode alegar total desconhecimento da realidade. Agora, pode mudar o rumo das coisas. A conferir.
Na sua fala, foi explícita: 1) a empresa estava trabalhando com metas irrealistas; 2) obrigou-a a postergar projetos de refinarias; 3) precisa de mais reajuste de preços para bancar seu cronograma de investimentos.
A leitura imediata das críticas de Graça Foster -que não deu nome aos bois- aponta o petista José Sergio Gabrielli, seu antecessor, como o responsável pelo estado ruim das coisas. Sem querer isentá-lo de suas responsabilidades, atribuí-las somente a ele é escamotear a realidade.
Se não, vejamos. A Petrobras foi obrigada a assumir os projetos das refinarias do Maranhão e do Ceará, retiradas agora do plano de negócios, por decisão política do ex-presidente Lula. As refinarias têm sentido econômico, mas o cronograma dos investimentos atendia mais a desejos políticos do que financeiros.
A associação entre Brasil e Venezuela para construir a refinaria Abreu e Lima (PE), apontada por Graça Foster como história a ser aprendida e não repetida na empresa, foi imposição de Lula. Sociedade que, até hoje, não saiu, num projeto no Estado natal do ex-presidente.
A hoje presidente Dilma Rousseff foi, durante o governo Lula, presidente do Conselho de Administração da Petrobras, responsável pela aprovação dos planos de investimentos da estatal. Como tal, sabia dos pedidos de reajuste de preços feitos por Gabrielli -boa parte rejeitada pela equipe econômica por receio de impactos na inflação.
O fato é que, no governo Lula, a Petrobras sofreu forte ingerência política na definição de investimentos e de preços. Dilma, como se vê, não pode alegar total desconhecimento da realidade. Agora, pode mudar o rumo das coisas. A conferir.
Sujeita a vírus - RUY CASTRO
Folha de S. Paulo - 27/06
Ninguém mais vive, reparou? Vivencia. "Estou vivenciando um momento difícil", diz Maricotinha. Fico penalizado, mas ficaria mais se Maricotinha estivesse passando por ou vivendo aquele momento difícil. Há uma diferença, diz o dicionário. Viver é ter vida, existir. Vivenciar também é viver, mas implica uma espécie de reflexão ou de sentir. Não é o caso de Maricotinha. O que ela quer dizer é viver, passar por. Mas disse vivenciar porque é assim que, ultimamente, os pedantes a ensinaram a falar.
Assim como ninguém mais se coloca -se posiciona. Ninguém mais se dirige a um lugar -se direciona. Ninguém mais acrescenta nada -adiciona. E ninguém mais é diferente -é diferenciado. Sem nenhum motivo ou necessidade, certas palavras saem da fala comum e outras entram. Nada contra essa seleção natural, semelhante à que se dá na vida. Ali também é puro Darwin. Mas, para que morra uma palavra e nasça outra, é preciso haver um sentido.
Outra palavra do momento é polêmico. Ninguém mais tem um comportamento ou opinião original, diferente ou discutível -só polêmico. Mesmo que esse comportamento ou opinião não encontre ninguém para polemizar com ele. O mesmo quanto a inédito -nada parece mais importante hoje, num disco, show ou exposição, do que conter material inédito. Se estou para lançar um livro de textos sobre cinema, música popular ou literatura, sempre querem saber se contém material inédito. Respondo, encabulado: "Não. É tudo já édito".
E para onde tem ido a preposição "a", em construções como "daqui a três meses", que estão se tornando o capenga "daqui três meses"?
A língua é viva, eu sei, mas sujeita a vírus que, de repente, atacam a TV, a internet e a imprensa, contaminam milhões, e as pessoas começam a achar que foi sempre assim que se falou ou se deve falar.
Assim como ninguém mais se coloca -se posiciona. Ninguém mais se dirige a um lugar -se direciona. Ninguém mais acrescenta nada -adiciona. E ninguém mais é diferente -é diferenciado. Sem nenhum motivo ou necessidade, certas palavras saem da fala comum e outras entram. Nada contra essa seleção natural, semelhante à que se dá na vida. Ali também é puro Darwin. Mas, para que morra uma palavra e nasça outra, é preciso haver um sentido.
Outra palavra do momento é polêmico. Ninguém mais tem um comportamento ou opinião original, diferente ou discutível -só polêmico. Mesmo que esse comportamento ou opinião não encontre ninguém para polemizar com ele. O mesmo quanto a inédito -nada parece mais importante hoje, num disco, show ou exposição, do que conter material inédito. Se estou para lançar um livro de textos sobre cinema, música popular ou literatura, sempre querem saber se contém material inédito. Respondo, encabulado: "Não. É tudo já édito".
E para onde tem ido a preposição "a", em construções como "daqui a três meses", que estão se tornando o capenga "daqui três meses"?
A língua é viva, eu sei, mas sujeita a vírus que, de repente, atacam a TV, a internet e a imprensa, contaminam milhões, e as pessoas começam a achar que foi sempre assim que se falou ou se deve falar.
A natureza ao alcance da mão - MARCELO COELHO
FOLHA DE SP - 27/06
Cachorros com preferências menos eruditas podem encontrar programação cultural dentro de casa
Já existem bolos de aniversário para cachorros, assim como sorvetes e chocolates, sem contar com psicólogos e spas para os que abusaram das guloseimas.
Mesmo quem acha normal esse tipo de coisa deve ter se espantado com a notícia que saiu na "Ilustríssima" deste domingo. Uma das maiores exposições de arte contemporânea do mundo, a Documenta de Kassel, organiza agora visitas guiadas para cães.
Conduzidos por veterinários, os cães são levados para "farejar objetos das instalações que encontram no parque Karlsaue", conta a jornalista Silvia Bittencourt.
Cachorros com preferências menos eruditas podem encontrar programação cultural dentro de casa mesmo. Surgiu, nos Estados Unidos, um canal a cabo especializado em distrair a população canina.
A DogTV funciona 24 horas por dia, e suas atrações se dividem em três tipos. Há cenas para estimular o cão, para adormecê-lo, e para acostumá-lo ao convívio social.
Procurei pela coisa no YouTube, e coloquei a tela do computador na frente do meu cachorrinho. Ele não reagiu a nada. Talvez prefira a Documenta de Kassel. Em todo caso, os criadores desse canal certamente precisam aperfeiçoar a programação. Talvez, pagando uma taxa extra, sejam fornecidos óculos 3D, sem contar com uma necessária máquina de reprodução de odores.
Sem isso, tudo indica que ver um cachorro adormecendo ou correndo atrás de uma bola não é suficiente para induzir o animal doméstico a um comportamento parecido.
A psicologia por trás da criação desse canal, segundo reportagem na revista "Época" desta semana, está no fato de que muitos cachorros se sentem abandonados dentro de casa, enquanto seus donos saem para trabalhar. Como resultado, latem, urinam e destroem objetos, como forma de protesto; ou apenas para chamar a atenção dos humanos demasiado relapsos.
Mesmo que o canal não funcione, é certo que o humano se sentirá menos relapso pagando uma mensalidade para o canal. Reproduz-se, evidentemente, o fenômeno clássico da "babá eletrônica", que distrai as crianças enquanto os pais têm mais o que fazer. Sem disposição para ter filhos, o jovem adulto sai de casa para morar sozinho. Sente necessidade de alguma coisa, que seria difícil definir: Companhia? Afeto? Responsabilidades?
Melhor, quem sabe, chamar isso de "vida". Vida animal, vida selvagem, vida infantil -qualquer vida que, sendo outra, é ainda parte de nós mesmos, e não inteiramente igual a nós. Imediatamente -cachorro ou criança-, as encrencas começam. E o esforço do dono da casa será, sempre, o de "humanizar" aquele novo tipo de ser. Com crianças, isso dá muito trabalho, mas tende a dar mais certo.
Com os cachorros, vejo que não é só consumismo o motivo de tantas atenções e produtos à disposição. Trata-se de uma forma especial de nostalgia, uma herança a mais do velho pensamento de Rousseau.
A natureza, quase inteiramente domesticada pela cultura industrial, pareceu nos últimos séculos nos encarar com aquele jeito de cachorrinho abandonado na rua. Torna-se objeto de ternura, magnificada pela distância.
De resto, por falar em seres abandonados na rua, foi provavelmente o mesmo romantismo que levou o curador de outra exposição de arte, a Bienal de Berlim, a chamar pichadores brasileiros para mostrarem o seu trabalho numa igreja de 1830.
Eles "demarcaram o seu território", emporcalhando não só o patrimônio histórico da cidade, mas o próprio curador. Pelo menos assim a iniciativa ganhou sentido. Foram convidados porque eram "transgressores", e não se corromperam com o convite. Transgrediram.
Já o cachorro de apartamento, tendo uma vocação obediente e domesticável, é a natureza ao alcance da mão. Mais do que uma cena campestre, corresponde ao nosso olhar; comunica-se conosco, mas sua linguagem não tem palavras.
Queremos que se humanize, assim como o apaixonado por jardinagem refaz a desordem vegetal em canteiros bem comportados.
Somos entretanto incapazes de levar com sucesso o plano de humanização. Isso não seria desejável, aliás. Imagine-se conviver com um cachorro falante à mesa do jantar. Basta que conviva conosco à frente da televisão. Logo brigaremos pelo controle remoto. Não importa. É possível que os canais para humanos, psicologicamente testados para distrair, socializar e acalmar a nossa espécie, não sejam tão diferentes assim.
Cachorros com preferências menos eruditas podem encontrar programação cultural dentro de casa
Já existem bolos de aniversário para cachorros, assim como sorvetes e chocolates, sem contar com psicólogos e spas para os que abusaram das guloseimas.
Mesmo quem acha normal esse tipo de coisa deve ter se espantado com a notícia que saiu na "Ilustríssima" deste domingo. Uma das maiores exposições de arte contemporânea do mundo, a Documenta de Kassel, organiza agora visitas guiadas para cães.
Conduzidos por veterinários, os cães são levados para "farejar objetos das instalações que encontram no parque Karlsaue", conta a jornalista Silvia Bittencourt.
Cachorros com preferências menos eruditas podem encontrar programação cultural dentro de casa mesmo. Surgiu, nos Estados Unidos, um canal a cabo especializado em distrair a população canina.
A DogTV funciona 24 horas por dia, e suas atrações se dividem em três tipos. Há cenas para estimular o cão, para adormecê-lo, e para acostumá-lo ao convívio social.
Procurei pela coisa no YouTube, e coloquei a tela do computador na frente do meu cachorrinho. Ele não reagiu a nada. Talvez prefira a Documenta de Kassel. Em todo caso, os criadores desse canal certamente precisam aperfeiçoar a programação. Talvez, pagando uma taxa extra, sejam fornecidos óculos 3D, sem contar com uma necessária máquina de reprodução de odores.
Sem isso, tudo indica que ver um cachorro adormecendo ou correndo atrás de uma bola não é suficiente para induzir o animal doméstico a um comportamento parecido.
A psicologia por trás da criação desse canal, segundo reportagem na revista "Época" desta semana, está no fato de que muitos cachorros se sentem abandonados dentro de casa, enquanto seus donos saem para trabalhar. Como resultado, latem, urinam e destroem objetos, como forma de protesto; ou apenas para chamar a atenção dos humanos demasiado relapsos.
Mesmo que o canal não funcione, é certo que o humano se sentirá menos relapso pagando uma mensalidade para o canal. Reproduz-se, evidentemente, o fenômeno clássico da "babá eletrônica", que distrai as crianças enquanto os pais têm mais o que fazer. Sem disposição para ter filhos, o jovem adulto sai de casa para morar sozinho. Sente necessidade de alguma coisa, que seria difícil definir: Companhia? Afeto? Responsabilidades?
Melhor, quem sabe, chamar isso de "vida". Vida animal, vida selvagem, vida infantil -qualquer vida que, sendo outra, é ainda parte de nós mesmos, e não inteiramente igual a nós. Imediatamente -cachorro ou criança-, as encrencas começam. E o esforço do dono da casa será, sempre, o de "humanizar" aquele novo tipo de ser. Com crianças, isso dá muito trabalho, mas tende a dar mais certo.
Com os cachorros, vejo que não é só consumismo o motivo de tantas atenções e produtos à disposição. Trata-se de uma forma especial de nostalgia, uma herança a mais do velho pensamento de Rousseau.
A natureza, quase inteiramente domesticada pela cultura industrial, pareceu nos últimos séculos nos encarar com aquele jeito de cachorrinho abandonado na rua. Torna-se objeto de ternura, magnificada pela distância.
De resto, por falar em seres abandonados na rua, foi provavelmente o mesmo romantismo que levou o curador de outra exposição de arte, a Bienal de Berlim, a chamar pichadores brasileiros para mostrarem o seu trabalho numa igreja de 1830.
Eles "demarcaram o seu território", emporcalhando não só o patrimônio histórico da cidade, mas o próprio curador. Pelo menos assim a iniciativa ganhou sentido. Foram convidados porque eram "transgressores", e não se corromperam com o convite. Transgrediram.
Já o cachorro de apartamento, tendo uma vocação obediente e domesticável, é a natureza ao alcance da mão. Mais do que uma cena campestre, corresponde ao nosso olhar; comunica-se conosco, mas sua linguagem não tem palavras.
Queremos que se humanize, assim como o apaixonado por jardinagem refaz a desordem vegetal em canteiros bem comportados.
Somos entretanto incapazes de levar com sucesso o plano de humanização. Isso não seria desejável, aliás. Imagine-se conviver com um cachorro falante à mesa do jantar. Basta que conviva conosco à frente da televisão. Logo brigaremos pelo controle remoto. Não importa. É possível que os canais para humanos, psicologicamente testados para distrair, socializar e acalmar a nossa espécie, não sejam tão diferentes assim.
Último pedido - MARTHA MEDEIROS
ZERO HORA - 27/06
O nome dele é Marco Cardoso Moreira, tem 50 anos e foi condenado à morte por tráfico internacional de drogas. Ao viajar para a Indonésia em 2003, foram encontrados mais de 13 quilos de cocaína na armação de um paraglider que ele transportava na bagagem, e desde então segue preso, aguardando a execução.
Muitas tentativas ainda estão sendo feitas pelo nosso governo para que Marco não sofra uma pena tão radical, mas chegou a ser anunciado num jornal de Jacarta que o brasileiro irá, nos próximos dias, enfrentar um pelotão de fuzilamento, junto a dois paquistaneses igualmente condenados por aquele país.
Pena de morte é sempre um assunto difícil e controverso. Ainda assim, um detalhe dessa tragédia me fez sorrir – pois é, acontece de a gente, às vezes, encontrar graça nas desgraças. A reportagem que li dizia que os três presos tiveram a chance de fazer um último pedido. Os dois paquistaneses pediram para conversar, pela última vez, com seus familiares. O brasileiro pediu uma garrafa de Chivas.
Não posso garantir a veracidade desse pormenor. Tem muito engraçadinho que escreve o que bem entende: dane-se o fato, publique-se a versão, caso ela pareça mais interessante. Mas, mesmo que não tenha sido bem assim, poderia ter sido, e fiquei pensando que um último pedido é um epitáfio em vida.
Diante da morte iminente, pedir para falar pela última vez com os familiares demonstra o desejo digno de trocar abraços, de se desculpar pelas besteiras cometidas e, vá saber, de revelar aos parentes a senha da sua conta secreta. Emocionante.
Mas eu compreendo o sujeito que, depois de tantos anos isolado num país distante, aguardando um veredicto que, se o livrar do fuzilamento, o conduzirá à prisão perpétua, já não conserva intenções nobres. Com o Diabo bufando em seu cangote e a contagem regressiva chegando perigosamente perto do zero (...6, 5, 4, 3...), ele tem o direito de mandar às favas seus arrependimentos e de só pensar em entornar uma garrafa de uísque antes de sair do ar.
Fausto Wolff faria o mesmo. Keith Richards, nem se fala. Janis Joplin. Pablo Picasso. O que não falta é gente que pediria sua dose com três pedras de gelo – e um amendoinzinho para acompanhar, se não for abuso.
Eu? Daqui onde estou, usufruindo de liberdade e nenhum paredão à vista, tenho a impressão de que agiria com o mesmo coração singelo dos paquistaneses, mas é muito fácil se atribuir virtudes quando não é o nosso destino que está na reta. Por isso é que esta cronista pisca o olho para Marco Moreira e não o condena, ao menos não pelo Chivas.
Uma despedida inspirada em Humphrey Bogart pode não merecer a bênção do Vaticano, mas é sempre mais autêntica e menos dramática. Não há de ser pecado demonstrar alguma insolência no final.
O nome dele é Marco Cardoso Moreira, tem 50 anos e foi condenado à morte por tráfico internacional de drogas. Ao viajar para a Indonésia em 2003, foram encontrados mais de 13 quilos de cocaína na armação de um paraglider que ele transportava na bagagem, e desde então segue preso, aguardando a execução.
Muitas tentativas ainda estão sendo feitas pelo nosso governo para que Marco não sofra uma pena tão radical, mas chegou a ser anunciado num jornal de Jacarta que o brasileiro irá, nos próximos dias, enfrentar um pelotão de fuzilamento, junto a dois paquistaneses igualmente condenados por aquele país.
Pena de morte é sempre um assunto difícil e controverso. Ainda assim, um detalhe dessa tragédia me fez sorrir – pois é, acontece de a gente, às vezes, encontrar graça nas desgraças. A reportagem que li dizia que os três presos tiveram a chance de fazer um último pedido. Os dois paquistaneses pediram para conversar, pela última vez, com seus familiares. O brasileiro pediu uma garrafa de Chivas.
Não posso garantir a veracidade desse pormenor. Tem muito engraçadinho que escreve o que bem entende: dane-se o fato, publique-se a versão, caso ela pareça mais interessante. Mas, mesmo que não tenha sido bem assim, poderia ter sido, e fiquei pensando que um último pedido é um epitáfio em vida.
Diante da morte iminente, pedir para falar pela última vez com os familiares demonstra o desejo digno de trocar abraços, de se desculpar pelas besteiras cometidas e, vá saber, de revelar aos parentes a senha da sua conta secreta. Emocionante.
Mas eu compreendo o sujeito que, depois de tantos anos isolado num país distante, aguardando um veredicto que, se o livrar do fuzilamento, o conduzirá à prisão perpétua, já não conserva intenções nobres. Com o Diabo bufando em seu cangote e a contagem regressiva chegando perigosamente perto do zero (...6, 5, 4, 3...), ele tem o direito de mandar às favas seus arrependimentos e de só pensar em entornar uma garrafa de uísque antes de sair do ar.
Fausto Wolff faria o mesmo. Keith Richards, nem se fala. Janis Joplin. Pablo Picasso. O que não falta é gente que pediria sua dose com três pedras de gelo – e um amendoinzinho para acompanhar, se não for abuso.
Eu? Daqui onde estou, usufruindo de liberdade e nenhum paredão à vista, tenho a impressão de que agiria com o mesmo coração singelo dos paquistaneses, mas é muito fácil se atribuir virtudes quando não é o nosso destino que está na reta. Por isso é que esta cronista pisca o olho para Marco Moreira e não o condena, ao menos não pelo Chivas.
Uma despedida inspirada em Humphrey Bogart pode não merecer a bênção do Vaticano, mas é sempre mais autêntica e menos dramática. Não há de ser pecado demonstrar alguma insolência no final.
Um mundo requentado - ROBERTO DaMATTA
O Globo - 27/06
Dizem que o mundo está aquecido. Eu afirmo que é pior: vivemos num mundo requentado. Servir uma comida requentada é sinal de preguiça; melhor seria fazer um prato novo. É como ensinar a quem acha que sabe - essa multidão que povoa o mundo. O que singulariza um universo globalizado é um excesso de meios e uma enorme carência de fins. Nele, o velho tende a retornar como novo. No mundo diário isso surge com os homens de cabelo pintado da cor de burro quando foge.
A vida é uma linha. Ela começa no nascimento, passa por um longo período de consolidação física e ética; segue para uma aliança conjugal cuja consequência é geralmente a criação de novas vidas e a responsabilidade de transformá-las em pessoas e, finalmente, ela nos leva a um ponto sem futuro (toda mudança na velhice é problemática porque não se mexe em time que está ganhando) que antecede a saída deste dramalhão barato e belo do qual tomamos parte sem termos sidos convidados.
Não obstante essa implacável linearidade, cada fase da vida tem seus impulsos, seus dilemas e suas regressões. Uma nova etapa não acaba automaticamente com a outra. Exceto nos rituais e por isso eles são tão importantes, essas fases todas se confundem e criam dilemas dentro de dilemas e regressões (bem como saltos e rompimentos) em meio aos retornos. Continuar crescendo (dizendo não a nós mesmos) ou voltar a irresponsabilidade da infância? Caminhar sozinho na tempestade ou desistir? Como saber se o Brasil vai dar certo se ele continua e nós um dia partimos?
Na meio do jardim podado da velhice encontramos o menino inseguro ou o adolescente moleque; na juventude tentamos viver o idoso que fala pausadamente e imagina que sabe tudo. As fases da vida seguem como um trem de ferro, mas a composição não é fixa. Muitas vezes a locomotiva é empurrada por vagões vazios...
Tenho a sensação do requentado. A Rio+20 me reitera - apesar do esforço de alguns grupos e do Sergio Besserman - a Torre de Babel. E existe coisa mais velha do que redescobrir em meio a fanfarra da mídia e da presunção dos "chefes de estado" que nós, humanos, não nos entendemos nem quando se trata de salvar o teatro no qual atuamos? O único modo de encontrar o acordo é saber que estamos sempre em desacordo. Geralmente em nome de algo maior que para o outro é obviamente menor. Movidos por um enredo individualista, mas ignorando-o, queremos discutir o planeta sem nos darmos conta da força dos nossos tabus nacionais e patrióticos. O resultado é uma conta que não fecha, pois nossa maior dificuldade é justamente perceber o planeta como um englobante - como uma totalidade que tem suas razões e demandas.
Há algo mais cinicamente requentada do que essa CPI Cachoeira-Demóstenes-Delta num momento eleitoral? Pode haver algo mais lamentável numa democracia do que a mentira e a mendacidade como valores políticos? O caso Demóstenes é culminante - como ter democracia sem oposição? Melhor do que isso, só o encontro de Lula com Maluf - essas criaturas da modernidade paulista -, ambos candidatos a padrinhos do candidato Haddad. Mas, no meio do retorno do nosso velho personalismo negativo e onipotente, surge uma Erundina que usa sua individualidade para dizer que sem os valores nenhum de nós é coisa alguma. E não há nada mais patético do que um ator sem texto.
Eis uma pergunta que não pode calar: é possível fazer política - essa esfera da vida que hoje substitui a religião - permitindo tudo? O cálculo do poder pelo poder, o vencer a qualquer custo, a norma brasileira segundo a qual em política o pecado é perder, a ideia de que os adversários são canalhas são concepções vencedoras?
Será que perdemos o senso e não nos importamos com a politicalha de alguns políticos? Pode-se viver democraticamente numa sociedade que tem uma multidão de leis, mas que não pune os privilegiados - os que, como Lula e Maluf e Haddad - entram no grupo do "nós somos tu e tu é nosso"? É possível conviver com o roubo aberto de bens essenciais para a nossa própria existência como escolas, hospitais, polícia e saneamento? Nem num livro de ficção científica escrita por um cínico se encontra essa combinação que hoje permeia a cena nacional: essa divisão de tarefas na qual um monte de gente trabalha para sustentar uma aristocracia estatal que nada faz e tem a arrogância de alardear isso como algo normal, comum em todos os países.
Será que vivemos num país que conseguiu encaixar nos pagamentos rotineiros da vida pública algo que vai além dos dinheiros, pois nesse Brasilzinho de hoje a ideologia - que era o último reduto do altruísmo - virou também moeda corrente e sonante?
"Um povo livre, escreve Karl Jaspers no seu "Introdução ao pensamento filosófico", sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação - continua - não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."
Dizem que o mundo está aquecido. Eu afirmo que é pior: vivemos num mundo requentado. Servir uma comida requentada é sinal de preguiça; melhor seria fazer um prato novo. É como ensinar a quem acha que sabe - essa multidão que povoa o mundo. O que singulariza um universo globalizado é um excesso de meios e uma enorme carência de fins. Nele, o velho tende a retornar como novo. No mundo diário isso surge com os homens de cabelo pintado da cor de burro quando foge.
A vida é uma linha. Ela começa no nascimento, passa por um longo período de consolidação física e ética; segue para uma aliança conjugal cuja consequência é geralmente a criação de novas vidas e a responsabilidade de transformá-las em pessoas e, finalmente, ela nos leva a um ponto sem futuro (toda mudança na velhice é problemática porque não se mexe em time que está ganhando) que antecede a saída deste dramalhão barato e belo do qual tomamos parte sem termos sidos convidados.
Não obstante essa implacável linearidade, cada fase da vida tem seus impulsos, seus dilemas e suas regressões. Uma nova etapa não acaba automaticamente com a outra. Exceto nos rituais e por isso eles são tão importantes, essas fases todas se confundem e criam dilemas dentro de dilemas e regressões (bem como saltos e rompimentos) em meio aos retornos. Continuar crescendo (dizendo não a nós mesmos) ou voltar a irresponsabilidade da infância? Caminhar sozinho na tempestade ou desistir? Como saber se o Brasil vai dar certo se ele continua e nós um dia partimos?
Na meio do jardim podado da velhice encontramos o menino inseguro ou o adolescente moleque; na juventude tentamos viver o idoso que fala pausadamente e imagina que sabe tudo. As fases da vida seguem como um trem de ferro, mas a composição não é fixa. Muitas vezes a locomotiva é empurrada por vagões vazios...
Tenho a sensação do requentado. A Rio+20 me reitera - apesar do esforço de alguns grupos e do Sergio Besserman - a Torre de Babel. E existe coisa mais velha do que redescobrir em meio a fanfarra da mídia e da presunção dos "chefes de estado" que nós, humanos, não nos entendemos nem quando se trata de salvar o teatro no qual atuamos? O único modo de encontrar o acordo é saber que estamos sempre em desacordo. Geralmente em nome de algo maior que para o outro é obviamente menor. Movidos por um enredo individualista, mas ignorando-o, queremos discutir o planeta sem nos darmos conta da força dos nossos tabus nacionais e patrióticos. O resultado é uma conta que não fecha, pois nossa maior dificuldade é justamente perceber o planeta como um englobante - como uma totalidade que tem suas razões e demandas.
Há algo mais cinicamente requentada do que essa CPI Cachoeira-Demóstenes-Delta num momento eleitoral? Pode haver algo mais lamentável numa democracia do que a mentira e a mendacidade como valores políticos? O caso Demóstenes é culminante - como ter democracia sem oposição? Melhor do que isso, só o encontro de Lula com Maluf - essas criaturas da modernidade paulista -, ambos candidatos a padrinhos do candidato Haddad. Mas, no meio do retorno do nosso velho personalismo negativo e onipotente, surge uma Erundina que usa sua individualidade para dizer que sem os valores nenhum de nós é coisa alguma. E não há nada mais patético do que um ator sem texto.
Eis uma pergunta que não pode calar: é possível fazer política - essa esfera da vida que hoje substitui a religião - permitindo tudo? O cálculo do poder pelo poder, o vencer a qualquer custo, a norma brasileira segundo a qual em política o pecado é perder, a ideia de que os adversários são canalhas são concepções vencedoras?
Será que perdemos o senso e não nos importamos com a politicalha de alguns políticos? Pode-se viver democraticamente numa sociedade que tem uma multidão de leis, mas que não pune os privilegiados - os que, como Lula e Maluf e Haddad - entram no grupo do "nós somos tu e tu é nosso"? É possível conviver com o roubo aberto de bens essenciais para a nossa própria existência como escolas, hospitais, polícia e saneamento? Nem num livro de ficção científica escrita por um cínico se encontra essa combinação que hoje permeia a cena nacional: essa divisão de tarefas na qual um monte de gente trabalha para sustentar uma aristocracia estatal que nada faz e tem a arrogância de alardear isso como algo normal, comum em todos os países.
Será que vivemos num país que conseguiu encaixar nos pagamentos rotineiros da vida pública algo que vai além dos dinheiros, pois nesse Brasilzinho de hoje a ideologia - que era o último reduto do altruísmo - virou também moeda corrente e sonante?
"Um povo livre, escreve Karl Jaspers no seu "Introdução ao pensamento filosófico", sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação - continua - não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."
Vale-tudo, moralidade e filosofia - ELIANA CARDOSO
FOLHA DE SP - 27/06
A foto de Lula apertando a mão de Paulo Maluf fez a delícia da oposição e provocou desgosto no PT. Os comentaristas reconheceram a inconveniência da imagem do homem visto até então como infalível em suas decisões políticas, porque sabiam que o eleitor a veria como uma agressão à ética. Luís Veríssimo batizou o ato de realpolitikagem. E o repúdio àquelas mãos dadas, tendo sido compartilhado mesmo por quem não se interessa por política, sugere a existência de valores morais comuns à maioria das pessoas.
Algumas crenças nos parecem verdadeiras, não importa o contexto cultural em que vivemos. Acredita-se no dever de cuidar dos filhos, honrar promessas e não matar, mesmo que o assassinato nos traga lucro. Embora alguns analistas vejam nessas decisões apenas o fruto da emoção, ou das convenções sociais e ilusões ideológicas, como queria Karl Marx, elas são tão comuns que parecem confirmar a objetividade da intuição moral.
Situações mais complicadas testam essa objetividade. Como você responderia à seguinte questão? Você acionaria um interruptor, redirecionando um trem desgovernado, para salvar cinco pessoas numa pista, embora soubesse que, na outra pista, uma pessoa morreria em consequência da sua decisão? Um grande número de pessoas responde sim a essa pergunta. Mas o que você diria se a escolha fosse empurrar para a morte um homem da plataforma da estação, de forma a acionar o freio automático do trem, para salvar outras cinco pessoas? A maioria das pessoas acha que isso seria errado. Qual a diferença entre os dois atos?
Os partidários do ponto de vista consequencialista - que derivam regras morais dos efeitos de nossos atos - não veem diferença entre as duas situações. Os resultados são os mesmos e o que importaria seria salvar o maior número de vidas possível. Mas, se isso fosse verdade, suponha que um médico mate um único paciente para usar seus órgãos em transplantes que salvariam cinco vidas. Mesmo um consequencialista convicto recusaria sua aprovação a esse cirurgião e acharia repugnante a sociedade na qual os médicos podem matar um paciente para salvar outros.
No dia a dia nos viramos à custa de nossas intuições morais, cujas regras a filosofia tenta sistematizar. Ela nos oferece as três posições éticas importantes no mundo moderno: o consequencialismo, o kantismo e o contratualismo.
Entre as posições consequencialistas modernas, o utilitarismo se destaca como a mais proeminente. Henry Sidgwick, um filósofo britânico, sustenta que ações e leis são corretas na medida em que maximizem o bem-estar comum. Dominando o pensamento filosófico anglo-americano durante séculos, o utilitarismo permanece influente. A teoria econômica da "escolha racional" - que guia a política econômica e, de fato, deveria se chamar "teoria da escolha consistente e autointeressada" - tem os dois pés bem fincados na filosofia utilitarista. Alguns consequencialistas mais cuidadosos argumentam que a distribuição da felicidade também é importante, incluem a criatividade e a apreciação estética na soma de bens dos quais resulta a felicidade social e lembram que a liberdade deve impor limites à maximização do bem-estar.
O kantismo e o contratualismo rejeitam o consequencialismo como critério para a ética. Immanuel Kant proclamou como dever incondicional a obediência à moralidade, quaisquer que sejam nossos desejos e interesses. Seu "imperativo categórico" estabelece nunca tratar o outro apenas como meio, mas sempre como fim em si mesmo. Isso só seria possível se nos perguntássemos antes de cada decisão o que ocorreria se o mundo inteiro agisse da mesma forma que escolhemos agir.
Em Uma Teoria da Justiça (1971), John Rawls estabelece os princípios do contratualismo moderno. Por meio de um experimento mental, ele deriva as regras justas para a sociedade. Elas resultam do acordo unânime entre pessoas livres, sob um "véu de ignorância", que não lhes permite conhecer os fatos de seu nascimento, porque eles poderiam influenciar a posição do indivíduo na sociedade e, portanto, suas decisões. T. M. Scanlon, filósofo de Harvard, modifica o contrato social de Rawls e o aplica aos direitos individuais. O contratualismo de Scanlon diz que devemos honrar as nossas promessas e agir para não prejudicar os outros. Ele se aproxima de Kant: o certo e o errado resultam do reconhecimento do estatuto de igualdade entre as pessoas.
Ao pensar a ética como fundamentada nas relações entre pessoas e como o conjunto de direitos que devemos uns aos outros - e não como relações de pessoas com um conjunto de coisas desejáveis -, o kantismo e o contratualismo se unem em oposição ao consequencialismo.
O economista tenta fugir das críticas ao utilitarismo, argumentando que sua tarefa é explicar e não justificar comportamentos. Diz que tenta entender as razões que movem as pessoas e evitar conotações morais. Mas a verdade é que, todos os dias, conscientemente ou não, faz a transição de análises causais para o uso normativo da teoria, ao ditar regras para a política econômica. Quantas vezes os políticos justificam uma lei com o argumento de que melhora o bem-estar da sociedade?
Já nos acostumamos a andar de braços dados com o utilitarismo, do qual seria difícil escapar, pois parece humano colocar as consequências de nossos atos na balança, mesmo quando pesamos o que é eticamente correto e tentamos seguir a regra de Kant. Mas não acredito que tenha sido o cálculo utilitarista que motivou a indignação de Luiza Erundina ao ver Lula e Maluf de mãos dadas. Ao rejeitar o cinismo desavergonhado de muitos políticos, agiu como a maioria da população, cuja intuição moral combina de forma nem sempre consciente as teorias de Kant e do contratualismo.
O contraponto - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 27/06
O voto do revisor que o ministro Ricardo Lewandowski entregou ontem, liberando assim o processo do mensalão para julgamento, caminha no sentido de indicar que, na sua opinião, o Supremo Tribunal Federal deve optar por penas mais brandas para os réus, fazendo assim o que chamou de "um contraponto" ao voto do ministro relator, Joaquim Barbosa, que encaminhou seu relatório no sentido inverso, isto é, a favor da pena máxima para os acusados, seguindo as alegações finais do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que considera o mensalão um dos crimes mais graves já cometidos contra a democracia brasileira.
Há quem especule que, na verdade, Lewandowski defenderá em seu voto no julgamento que os crimes do mensalão foram estritamente eleitorais, assumindo a tese do caixa 2 exposta pelo ex-presidente Lula sob orientação de seu então ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos.
Nem Barbosa nem Lewandowski deram ainda seus votos finais, mas a posição de ambos é passível de ser intuída a partir de seus respectivos relatórios, além dos votos que já deram em 2007, quando o Supremo acolheu a denúncia contra os mensaleiros.
Lewandowski, que foi apanhado conversando ao telefone depois da sessão com seu irmão - falava tão alto em um restaurante em Brasília que uma repórter da "Folha" ouviu toda a conversa - disse naquela ocasião que a tendência do STF era "refrescar" para José Dirceu, mas que a pressão da opinião pública fora tão grande que os ministros votaram sentindo-se com "uma faca no pescoço".
Ele não aceitou as acusações de formação de quadrilha nem de peculato contra Dirceu e Genoino, por exemplo, achando que havia indícios para se investigar apenas o crime de corrupção ativa contra os dois.
Tudo indica que também desta vez o ministro Lewandowski não quis afrontar a opinião pública retardando o começo do julgamento do mensalão devido a um atraso na entrega de sua revisão.
Ele entregou seu trabalho ontem à tarde, quando o prazo final que permitiria o julgamento se realizar no dia 1 de agosto esgotara-se no dia anterior. Tudo indica, portanto, que ele poderia tê-lo feito no prazo.
De qualquer maneira, o atraso foi menor do que se entregasse seu voto-revisor apenas na sexta-feira, como chegou a ameaçar.
Se cumprisse a ameaça, o julgamento poderia sofrer o atraso de cinco dias, e não apenas de um, como aconteceu, com implicações maiores.
A pena mais branda pode significar a prescrição de crimes como o de formação de quadrilha, ou de peculato culposo, o que poderia ser facilitado pelo atraso do julgamento.
Dependendo das penas que eventualmente receberem, 22 dos 38 réus do mensalão - entre eles o ex-ministro José Dirceu - poderão terminar o julgamento com a prescrição do crime de formação de quadrilha, o que equivale a uma absolvição.
De acordo com especialistas, especificamente para o crime de quadrilha, a prescrição se dá em oito anos, mas só se o máximo da pena for superior a dois anos (a pena máxima para esse tipo de crime é de três anos).
A prescrição pode vir a ocorrer em quatro anos se os réus, ao fim do processo, forem condenados a dois anos ou menos. Como o recebimento da denúncia no Supremo foi em 28 de agosto de 2007, ela já teria ocorrido no ano passado.
Os demais crimes não têm prescrições previstas tão cedo: crime de peculato (doloso) - pena de 2 a 12 anos, prescrição de 16 anos; corrupção ativa - pena de 2 a 12 anos, a prescrição seria de 16 (sem considerar um aumento de pena de 1/3 previsto na lei, que pode ou não ser aplicado); falsidade ideológica - se o documento falsificado for particular, a pena é de 1 a 3 anos, com prescrição de 8, e, se o documento falsificado for público, a pena é de 1 a 5 anos, com prescrição de 12 anos; lavagem de capitais - pena de 3 a 10 anos, com prescrição de 16 anos; evasão de divisas - pena de 2 a 6 anos, com prescrição de 12 anos.
Uma das intenções do cronograma original aprovado era permitir que o ministro Cezar Peluso pudesse votar antes de se aposentar compulsoriamente, pois faz 70 anos no dia 3 de setembro.
O esforço para que Peluso participe do julgamento não tem nada a ver com uma eventual tendência sua de votar contra os mensaleiros, como especulam os petistas mas que é impossível de se afirmar.
Além de querer a participação de Peluso na decisão final, por conhecer bem o processo e ser um ministro experiente e de conhecimento requintado, o presidente Ayres Britto objetiva também não dar razões para o adiamento do julgamento devido à escolha de um novo ministro.
Mesmo que o julgamento continue com apenas dez ministros - ou nove, se Dias Tofolli decidir se declarar impedido por suas ligações com o PT e sua companheira ser advogada no processo -, quando o substituto de Peluso fosse escolhido ele poderia pedir vista, paralisando-o.
A decisão do ministro Tofolli é uma incógnita. Como só cabe a ele decidir, e não há prazo para isso acontecer, talvez só saibamos no dia do julgamento, pois ele pode simplesmente não aparecer, ou então comparecer normalmente sem precisar justificar nada.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, estuda a possibilidade de pedir o seu impedimento, por pressão de procuradores, mas isso dificilmente ocorrerá.
Por questões burocráticas, Peluso terá que deixar o Tribunal poucos dias antes da data fatal. Pelo organograma, ele será o sétimo juiz a votar, e sua vez deverá chegar por volta do dia 29 ou 30 de agosto, prazo máximo de sua permanência na Corte.
Peluso havia sugerido que, se não tivesse condições de votar no mensalão, provavelmente nem voltaria depois do recesso de julho.
Aprovado o cronograma, com sua participação ativa, essa possibilidade parecia superada. O prazo, no entanto, ficou mais curto ainda, e Ayres Britto pode permitir que Peluso antecipe seu momento de votar a fim de não correr o risco de novo atraso inviabilizá-lo.
Uma agressão ao Parlamento e ao povo - ROSÂNGELA BITTAR
Valor Econômico - 27/06
Nenhum partido vai bem na CPI do Cachoeira. Aliás, a política vai mal, muito mal nesse palco iluminado com velas. Todas as legendas estão divididas e não acertaram até agora sua atuação. Ninguém conseguiu analisar denúncias e comparar dados. Não existem exceções e quem vai pior são os dirigentes com responsabilidade de liderar o grupo de investigadores. A CPI é uma interminável sucessão de negações: não, nada, ninguém, nenhum.
As gravações telefônicas da Polícia Federal continuam sendo a base da arguição do relator, que não sai do lugar na sua peroração de assessoria. Fez até um treinamento para aprender a inquirir, sem resultados, gira em torno do já gravado, já apurado, já comparado, já investigado.
O que há não é nem palanque eleitoral. É discurso vazio, gritaria da pior qualidade, torcida de times perna de pau. A CPI se irrita quando um depoente usufrui do direito de ficar calado, mas quando ele fala não tem o que perguntar, não sabe o que precisaria saber.
CPI faz inquérito sob o filtro da negação
Os dados recebidos estão empilhados, o sigilo fiscal e bancário da Delta, a grande empreiteira envolvida no caso, foi quebrado, mas nenhuma informação serviu ainda ao inquérito, pois ninguém estuda aquele calhamaço.
Uma maneira de CPIs burlarem a trabalheira que é levantar irregularidades com base no sigilo quebrado é convocar os dirigentes das empresas e as pessoas que com eles têm ligação explícita para, a partir dos seus depoimentos, localizar os dados que servirão a possíveis provas. Essas pessoas, no caso desse inquérito, entraram na disputa partidária e foram perdoadas por antecipação.
A CPI já nasceu causando perplexidade e assim continua. Primeiro pela sua composição, pois estavam lá, e ainda estão, parlamentares como o senador Fernando Collor, presidente que sofreu impeachment depois exatamente do trabalho de uma comissão parlamentar de inquérito criada a partir de denúncias da imprensa, e o deputado Protógenes Queiroz, ex-delegado que fez sua história política na esteira de uma investigação baseada em grampos por ele interpretados com grande capacidade de distorção, atingindo culpados e inocentes. No caso em tela, tem inclusive seu nome nos autos por suspeita de ligação com os réus. O PT entrou dividido, tem um grupo que age em nome dos réus do mensalão e que tenta não deixar a CPI perder o rumo inicial de ser manobra diversionista do grande escândalo de corrupção do governo Lula.
O relator nomeado pelo PT é alma penada, esbraveja, acusa e esperneia em entrevistas pós sessões de arguição em que repete o que está nas gravações da polícia. O PMDB, o cindido de sempre, colocou lá um presidente que não lidera o processo, ficando o partido entretido com a defesa política dos seus. A oposição, velha coitada, sem número para fazer valer posições, alvo da investigação por intermédio de um governador importante, atém-se à disputa partidária e foge da investigação. Há os éticos de CPI, desgarrados de seus partidos, tentando fazer inquérito, entre os quais se destacam Miro Teixeira e as revelações Pedro Taques e Randolfe Rodrigues, mas e os resultados? Zero.
Nem o objetivo diversionista do início a CPI consegue atingir. Lula a estimulou como instrumento para os réus do mensalão fazerem um samba enredo contra o procurador-geral da República e contra a imprensa, incluindo de quebra o governador de Goiás, seu desafeto pessoal. O barulho não desviou as atenções do julgamento do mensalão, ainda. A aguardar a combustão da CPI em agosto, a ver se tem carta na manga. O que a CPI oferece à sociedade é degradante, é uma manipulação grosseira das atribuições do Parlamento, que também deveria se sentir ofendido. Carlos Augusto Ramos Cachoeira, Fernando Cavendish, Delta Engenharia, Luiz Antonio Pagot, passam muito bem, obrigado, na plateia desse espetáculo de quinta categoria.
A maior autoridade do Brasil, ao contrário das organizações não governamentais que atuam na área e entraram no encontro para fazer o embate político-ideológico independentemente do que ali ocorresse, em defesa de suas posições, não está nada decepcionada com a conferência ambiental da Organização das Nações Unidas, a Rio+20. A presidente Dilma Rousseff sabia o que queria do encontro e cumpriu à risca seus objetivos, como faz em tudo o mais que diz respeito ao governo.
Evitou lá chegar com o telhado de vidro do Código Florestal aprovado no Congresso, e depois de sucessivas reuniões com equipes enormes de ministros, fez os vetos que considerou necessários para, também de acordo com seus critérios, respeitar a maioria do Parlamento e ao mesmo tempo suprimir questões que por princípio já havia condenado, como tirar do texto tudo o que pudesse ser entendido como anistia a desmatadores.
Também à parte da performance política das ONGs, suplicando retirada do registro de sua presença dos documentos oficiais, dentro também de seu script político, o governo queria que lá estivessem, e lá estiveram.
Textos que compatibilizam posições de dezenas de países são sempre os possíveis, é um axioma ao qual essa conferência não fugiu e outras não fugirão.
E só os desinformados estranharam as ausências de líderes de alguns países desenvolvidos, anotando o fato como algo surpreendente e significativo. Dilma sabia e divulgou, um mês antes do anúncio oficial, que Angela Merkel não vinha, bem como era notória, avisada e justificada a ausência de Barack Obama. No meio que frequentam a presidente e a diplomacia que a assessora, compreendia-se que o presidente americano estava numa campanha difícil, e que os presidentes europeus, afogados em crise econômica, não conseguiriam pensar em outros problemas. A presença de Hillary Clinton foi uma surpresa positiva, a expectativa era de uma representação até menor.
O Brasil esteve, e ainda está, olhando o futuro, muito satisfeito com a presença da China e da França, países com os quais a presidente queria aproveitar, e aproveitou, encontros bilaterais para fazer negócios. Dilma Rousseff aceitou, também, de bom humor, o pitoresco, em cotação alta na conferência.
Revolução para não mudar - HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 27/06
A Primavera Árabe fracassou no Egito? É preciso um certo cuidado ao empregar verbos drásticos como "fracassou", mas os sinais que emergem daquele país não são dos mais animadores.
É verdade que um tirano foi deposto e um presidente democraticamente eleito deverá assumir. Mas, por outro lado, os mesmos militares que sustentavam a ditadura de Mubarak não hesitaram em dissolver um Parlamento legítimo nem em desidratar os poderes presidenciais antes de entregá-los a Mohamed Mursi. É crível a hipótese de que os generais tenham negociado para seguir no comando da ampla rede de empreendimentos ligados às Forças Armadas --e das propinas correspondentes.
De resto, Mursi é um islamita. Embora não tenha dado nenhum indício de que pretenda instalar uma teocracia, não parece sábio apostar numa era de liberdades civis para todos.
Em termos comparativos, os egípcios estão melhor hoje na escala da democracia do que um ano e meio atrás, quando os protestos na praça Tahrir tiveram início. Ainda assim, é inevitável certo gosto de frustração.
Esse sentimento ganha força com a leitura de "Por que Nações Fracassam", de Daron Acemoglu e James Robinson, lançado em março nos EUA. Os autores sustentam --e tentam provar, por meio de convincentes exemplos-- que o principal fator a distinguir países que dão certo de seus congêneres malogrados é a existência de instituições que promovem o poder político dos cidadãos e lhes permitem tirar proveito das oportunidades econômicas.
Para Acemoglu e Robinson, o Egito é pobre não por causa de fatalidades geográficas e culturais, mas porque sempre foi dirigido por elites que organizaram o sistema para beneficiar a si próprias. Até onde se vê, esse arranjo ainda não foi rompido. Se as coisas continuarem assim, a Primavera Árabe será mais uma das muitas revoluções para não mudar nada a que os egípcios já assistiram.
A Primavera Árabe fracassou no Egito? É preciso um certo cuidado ao empregar verbos drásticos como "fracassou", mas os sinais que emergem daquele país não são dos mais animadores.
É verdade que um tirano foi deposto e um presidente democraticamente eleito deverá assumir. Mas, por outro lado, os mesmos militares que sustentavam a ditadura de Mubarak não hesitaram em dissolver um Parlamento legítimo nem em desidratar os poderes presidenciais antes de entregá-los a Mohamed Mursi. É crível a hipótese de que os generais tenham negociado para seguir no comando da ampla rede de empreendimentos ligados às Forças Armadas --e das propinas correspondentes.
De resto, Mursi é um islamita. Embora não tenha dado nenhum indício de que pretenda instalar uma teocracia, não parece sábio apostar numa era de liberdades civis para todos.
Em termos comparativos, os egípcios estão melhor hoje na escala da democracia do que um ano e meio atrás, quando os protestos na praça Tahrir tiveram início. Ainda assim, é inevitável certo gosto de frustração.
Esse sentimento ganha força com a leitura de "Por que Nações Fracassam", de Daron Acemoglu e James Robinson, lançado em março nos EUA. Os autores sustentam --e tentam provar, por meio de convincentes exemplos-- que o principal fator a distinguir países que dão certo de seus congêneres malogrados é a existência de instituições que promovem o poder político dos cidadãos e lhes permitem tirar proveito das oportunidades econômicas.
Para Acemoglu e Robinson, o Egito é pobre não por causa de fatalidades geográficas e culturais, mas porque sempre foi dirigido por elites que organizaram o sistema para beneficiar a si próprias. Até onde se vê, esse arranjo ainda não foi rompido. Se as coisas continuarem assim, a Primavera Árabe será mais uma das muitas revoluções para não mudar nada a que os egípcios já assistiram.
Uma proposta para evitar o erro de 2009 - CRISTIANO ROMERO
Valor Econômico - 27/06
Se o governo mantiver a disciplina fiscal, mesmo em meio ao fraco crescimento da economia, é bem provável que o Banco Central (BC) consiga manter a taxa básica de juros (Selic), de forma permanente, em níveis historicamente baixos. A preservação da meta de superávit primário das contas públicas evitaria a repetição do erro cometido em 2009. Naquele momento, o Produto Interno Bruto (PIB) desacelerou rapidamente e, em resposta, o BC promoveu forte queda dos juros, mas teve que voltar atrás depois, graças ao aumento da inflação provocado pelo excesso de estímulos fiscais concedidos pelo governo.
A nova onda de desaquecimento da economia mundial e do próprio PIB brasileiro cria outra oportunidade. Popularidade para insistir na atual estratégia fiscal, a presidente Dilma Rousseff tem de sobra. Níveis de desemprego historicamente baixos, rede de proteção social fortalecida e inflação razoavelmente comportada (alta para padrões internacionais, mas sob controle) ajudam a sustentar politicamente uma postura mais austera na área fiscal.
"Quando a economia enfrenta uma série de choques negativos, como ocorre hoje, um período de taxas de juros excepcionalmente baixas abre uma oportunidade para o governo reduzir rapidamente a relação dívida/PIB, uma vez que mais do superávit primário pode ser usado para quitar dívida, dada a menor despesa com juros", diz o economista Tony Volpon, da Nomura Securities, em Nova York. "Níveis menores de dívida devem permitir que as taxas de juros permaneçam mais baixas permanentemente."
A estratégia do governo Dilma parece ser, de fato, a geração de superávits primários suficientes para apoiar a política do BC de redução dos juros. Volpon e seu colega George Lei defendem, entretanto, que o governo ouse um pouco mais e adote uma política fiscal anticíclica.
A queda da taxa Selic e a geração de superávits primários fizeram com que o gasto com juros da dívida caísse de 6% do PIB em 2005 para 4,4% em 2011. Volpon e Lei observam que o custo médio da dívida do governo geral, que inclui a dívida federal, as operações compromissadas do BC e outros itens, não seguiu exatamente o recuo da Selic. Isso é explicado pelo fato de a dívida pública ter papéis de tipos e prazos diferentes. Segundo os dois analistas, o Tesouro considera ótima uma estrutura de dívida em que a participação dos papéis prefixados aumente dos atuais 36,8% para no mínimo 40% e no máximo 50% do total e dos títulos atrelados à inflação de 31,3% para no mínimo 30% e no máximo 35%, com redução dos papéis corrigidos por taxas flutuantes de 25,4% para no mínimo 20% e no máximo 10%.
Os dois economistas acreditam que essas metas serão alcançadas em 2015. Aplicando modelos econométricos, eles estimaram os custos dos diferentes tipos de dívida. As LFTs, por exemplo, são papéis pós-fixados e seguem a variação da Selic. As LTNs de curto prazo são prefixadas e, basicamente, respondem ao nível da Selic. Atreladas à inflação, as NTN-B seguem a Selic e a diferença entre a inflação corrente (IPCA) e as expectativas mercado para a inflação 12 meses adiante.
A conta mais difícil diz respeito às NTN-F, que são prefixadas e de longo prazo. Seu custo praticamente não variou desde 2010, apesar da redução da Selic. O que pode explicar isso é que o Tesouro vem ampliando os prazos desses títulos, o que o obriga a oferecer maior rentabilidade ao investidor.
Partindo da composição de dívida mencionada e de projeções para Selic, inflação e expectativas de inflação, Volpon e Lei calcularam o custo de cada tipo de dívida e também o custo total e, assim, o déficit nominal, considerando determinados níveis de superávit primário. No modelo, projetaram crescimento do PIB de 1,9% em 2012, 4,1% em 2013 e 3,5% ao ano a partir de 2014. No caso da inflação, previram média de 5% ao ano.
A partir desse ponto, os dois montaram dois cenários: um em que a Selic ficaria "mais baixa para sempre", chegando a 7,5% ao fim do atual ciclo de ajuste monetário (hoje, está em 8,5% ao ano); e outro, "cíclico", com a Selic caindo a 7,5%, mas depois voltando a crescer até atingir 9% em outubro de 2013. Consideradas essas duas possibilidades, se o governo mantiver o superávit primário anual de 3,1% do PIB, no cenário de Selic "mais baixa para sempre", o déficit público nominal cairia de 2,6% para 0,5% do PIB em 2015. Em 2017, o país geraria um superávit nominal de 0,1% do PIB nas contas públicas.
No cenário "cíclico" e considerando o mesmo superávit, a relação dívida bruta/PIB cairia para 48,3% em 2015 (hoje, está em 55,5%). Ainda nesse cenário, um caminho alternativo seria o governo estabilizar a relação dívida/PIB em 55%, o que lhe autorizaria a reduzir o superávit primário até 0,7% do PIB em 2015.
Volpon e Lei explicam que, na média dos dois cenários, o país poderia reduzir a relação dívida/PIB para 46% ou cortar a necessidade de superávit primário em 2,4 pontos percentuais do PIB. "Esses resultados são importantes para dar uma estimativa dos graus de liberdade que o Brasil pode adquirir ao administrar, e esperamos que ao reformular, sua política fiscal", diz Volpon.
Os dois analistas defendem que o governo siga uma possibilidade intermediária, que chamam de contingente. Eles dizem que manter o superávit de 3,1% pura e simplesmente sobrecarrega a política monetária. A proposta é atrelar o superávit primário ao ciclo econômico e ao nível de taxas de juros nominais: nos momentos de crescimento forte do PIB, o superávit primário aumentaria graças à elasticidade receita/crescimento, resultando no aperto da política fiscal de maneira anticíclica.
Volpon e Lei acreditam que, no sistema contingente, o peso sobre a política monetária seria menor, haveria mais transparência (o ajuste anticíclico seria "ex ante" e não "ex post", como é feito hoje graças a descontos discricionários nos investimentos), os investimentos públicos seriam mais alinhados com o ciclo econômico (cresceriam quando a economia estivesse fraca e diminuiriam quando estivesse forte, uma vez que o setor privado cumpre seu papel em momentos de expansão), a relação dívida/PIB continuaria a cair, ajudando a manter a confiança na sustentabilidade fiscal.
A mordida de Lula - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 27/06
A promessa de "morder a canela dos adversários" em defesa de Fernando Haddad, feita por Lula, é vista pelos tucanos como isca para levar José Serra a "nacionalizar" a eleição paulistana, alimentando a desconfiança de que pode deixar o cargo, caso eleito, para disputar a Presidência. Tal estratégia liberaria ainda o candidato petista dos ataques mais duros ao rival e facilitaria sua inserção entre os chamados "azuis" -eleitores do centro expandido da capital, mais conservador.
Efeito colateral Embora enxerguem potencial inflamável na provocação, correligionários de Serra acreditam que o tom mais beligerante do PT pode reacender sentimento anti-Lula adormecido em parcela do eleitorado de São Paulo após a aprovação recorde de seu mandato.
Tô fora FHC e Sérgio Guerra driblaram a polêmica acerca da chapa "puro-sangue" em São Paulo. Ao contrário dos dirigentes municipais e estaduais do PSDB, que advogam a vaga de vice para um tucano, ambos delegam a escolha a Serra.
Pró-forma Indiferente ao acordo com o PC do B que instalará hoje Nádia Campeão na chapa de Haddad, ala do PSB paulistano apresentará protocolarmente Keiko Ota como opção para vice. A ideia é dar uma satisfação para queixa interna de falta de espaço na coalizão.
Cereja O golpe final para distanciar Eduardo Campos do PT pode estar por vir: o governador negocia a adesão do PSDB ao chapão em apoio a seu candidato em Recife (PE), Geraldo Júlio.
No atacado Congressistas preveem uma corrida para fundação de novos partidos caso o STF acolha hoje o pleito do PSD por tempo de TV.
Embargo... Durante reunião de ministros das relações exteriores e chefes de órgãos especializados no combate ao tráfico de drogas em Lima (Peru) foi lida nota de protesto contra o impeachment de Fernando Lugo.
...diplomático O representante paraguaio pediu a palavra para se manifestar, mas foi vetado pelo coordenador peruano do encontro. Constrangido, o diplomata do Paraguai disse que seguia instruções de seu governo.
Jurisprudência A edição extra do "Diário da Justiça Eletrônico" do Supremo Tribunal Federal do dia 10 de dezembro de 2011 trouxe diversos atos processuais referentes à ação do mensalão. Portanto, já há precedente caso os advogados queiram alegar nulidade no uso desse expediente de publicação.
Siga... Cruzamento feito pelo gabinete do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) mostra que a Delta recebeu R$ 1,4 bilhão de contratos com o governo do RJ e prefeituras do RJ e de GO na Caixa Econômica Federal. Parte disso foi repassada para conta do HSBC que irrigou com R$ 25,3 milhões as laranjas Alberto & Pantoja e Brava.
... a grana A Delta recebeu ainda das prefeituras do Rio e de Palmas (TO) via BMG, conta usada para repassar R$ 84 milhões para outra no Bradesco que abasteceu a JR Construções e a Mapa, também de fachada.
Casa Cor Contratado para decorar a casa de Carlinhos Cachoeira, o arquiteto Alexandre Milhomen levou a CPI aos risos ontem ao detalhar seu serviço. "É o homem de mil e uma utilidades do esquema", disse um deputado.
Visita à Folha Helena Chagas, ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, visitou ontem ontem a Folha, onde foi recebida em almoço. Estava acompanhada de José Ramos Filho, secretário de imprensa.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"PT e PMDB foram juntos à Justiça Eleitoral contra os anúncios do PSDB na TV. Talvez seja para ver quem será o vice de quem."
DO DEPUTADO RICARDO TRIPOLI (PSDB-SP), sobre as representações movidas pelos dois partidos contra as inserções que trataram da convenção tucana.
contraponto
Centralismo democrático
Durante evento em que o PC do B declarou apoio a Fernando Haddad, o presidente municipal da sigla, Wander Geraldo da Silva, anunciava as autoridades presentes. Ao notar na plateia o ex-ministro Orlando Silva, disse:
-Queria registrar aqui a presença do nosso sempre ministro do Esporte...
Orlando interrompeu, em voz alta:
-Não esquece de dizer que sou candidato a vereador...
O dirigente respondeu:
-Desculpe. Para compensar, anuncio que o número mais cobiçado da chapa será seu...
Uma lei explosiva - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 27/06
CPI: tucanos dão aula a petistas
Como os petistas estão com medo de convidar o ex-diretor do Dnit Luiz Antonio Pagot para depor na CPI do Caso Cachoeira, os tucanos aprovaram ontem a sua convocação para falar na CPI da Assembleia de Goiás. Esse e outros episódios são didáticos. Os tucanos vivem reclamando que os petistas promoveram uma perseguição contra o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) na CPI. Mas, ontem, a bancada de Perillo na CPI da Assembleia apresentou requerimento, que será votado amanhã, propondo a quebra de sigilo bancário do ex-governador e ex-prefeito Iris Resende (PMDB) e do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT). Na batalha política não há anjos, são todos iguais.
"O colégio de líderes rejeitou, ontem, colocar em votação hoje a emenda que institui o voto aberto nas sessões de cassação de mandato de parlamentares” — Chico Alencar, deputado federal (PSOL-RJ)
CENTRALIZAÇÃO. O Plano de Política de Compras Governamentais que a presidente Dilma anuncia hoje foi inspirado na Secretaria de Compras do Ministério da Defesa, criada em março de 2010, no governo Lula, na gestão do ex-ministro Nelson Jobim. A medida retira, na prática, parcela da autonomia dos ministérios. E, ao adotar o conteúdo nacional como critério de desempate nas concorrências, há o risco de fechamento do mercado aos produtos estrangeiros.
Medalha
O juiz federal do caso Cachoeira, Paulo Moreira Lima, que deixou o caso devido a ameaças, vai ser homenageado pela Câmara. O líder do PT na Casa, Jilmar Tatto (SP), indicou-o para receber a Ordem do Mérito Legislativo.
Curtindo
O PMDB está exultante com a decisão do governador Eduardo Campos (PE) de lançar candidato do PSB em Recife, em aliança com o senador Jarbas Vasconcelos, contra o PT. E ironizam: "Ele é o queridinho do Lula, imagina se fôssemos nós".
Ideia fixa do PT: incriminar Perillo
Ninguém achou útil o depoimento do arquiteto Alexandre Milhomem à CPI do Caso Cachoeira. Mas para o relator, Odair Cunha (PT-MG), o arquiteto deixou vestígios de que a casa foi comprada por Cachoeira e que Marconi Perillo montou versões com Walter Paulo e Wladimir Garcez para encobrir sua relação com o contraventor. É isso que vai constar de seu relatório. Há um grupo de técnicos da CPI em Goiânia no encalço das notas de compra de tintas, papel de parede, sofás etc.
Love, love, love
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e o deputado Anthony Garotinho (PR) vão estar no mesmo palanque nas eleições em Angra dos Reis e em Itaguaí. O PR dará o vice de Fernando Jordão e de Alexandre Valle, ambos do PMDB.
Enrolados
O Caso Cachoeira fulminou a oposição nas eleições de Goiânia. Candidatos, o senador Demóstenes Torres (DEM) será cassado, e o deputado Leonardo Vilela (PSDB) dançou por ter pedido para Carlos Cachoeira emprego para sua filha.
PIADA nas redes sociais: "O Paraguai hoje é o único país do mundo que tem um governo oficial e um falsificado, e ninguém sabe qual é o original..."
A OAB do Rio recebe hoje Ivo Herzog, um dos filhos do jornalista Vladimir Herzog, enforcado nas dependências do DOI-Codi em São Paulo e que hoje completaria 75 anos.
O PRESIDENTE do PEN, Adilson Barroso, confirma que o deputado Fernando Francischini (PSDB) vai comandar o novo partido no Paraná, mas diz que o PEN está aberto a evangélicos e católicos de todas as denominações.
FIM DA IRA - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 27/06
BANDEIRA BRANCA
Os irmãos se comprometeram a encerrar os processos que um movia contra o outro. "Espero começar a próxima semana sem mais nada disso", afirma Junior. Ele mantinha sob seu domínio a marca Ira!, que passará para Nasi. "Se alguém algum dia tiver que decidir quando voltar a usar o nome, tem que ser eu ou Edgard [Scandurra fundador do Ira]", diz Nasi.
BOLO DE BRIGADEIRO
A aliança do PP de Paulo Maluf com o PT teve impulso adicional, além de cargos no governo Dilma Rousseff: a promessa dos petistas de abrir espaço na coligação. O PP terá 20 candidatos a vereador e prevê eleger três. Com o PSDB, que reluta em abrir sua chapa, a previsão era de eleger apenas um.
PAPO VAI...
Além de tempo de TV para Fernando Haddad, o acordo com o PP traz aliado estratégico: o apóstolo Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial. Adversário de Edir Macedo, ele reúne milhares de fiéis em seu templo, em Guarulhos. E indicará um candidato a vereador na cota do PP.
... PAPO VEM
Quando recebeu Lula em seu programa, Ratinho, do SBT, disse ao ex-presidente que "o apóstolo Valdemiro te mandou um abraço". E Lula: "Diga pra ele que nós precisamos conversar".
NO PONTO
Maluf, que foi prefeito aos 37 anos, diz que Haddad, 49, está "até velho". Mas não critica o slogan que o vende como "o novo": "O João Santana [do marketing do PT] deve ter escolhido bem. Nenhum marqueteiro quer perder eleição. Todo marqueteiro que vence depois ganha a conta [de publicidade] da prefeitura, do governo".
'VOVÔ CHICO É HERESIA'
Tom Zé fala sobre a "heresia" que cometeu contra Chico Buarque à revista "Bravo" de julho, que chega às bancas na sexta. "Se tachei o Chico de vovô? Puxa, rapaz, não vou negar que realmente pratiquei uma heresia dessas..."
O baiano Tom nega rusgas com o colega carioca. "O cabra preza a discrição. [...] Sempre que nos avistamos, trocamos gentilezas. Chico é um lorde! Mas nasceu no Rio de Janeiro, e a tropicália soava esquisita para o povo do Sul."
ARQUIVOS PAULISTAS
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de SP terá uma Comissão da Verdade. Marcos da Costa, que preside a ordem, diz que ela será integrada por advogados que atuaram na defesa dos direitos humanos na ditadura. Belisário dos Santos Júnior, Tales Castelo Branco e Idibal Pivetta já aceitaram o convite. Mário Sergio Duarte Garcia presidirá a comissão.
ARQUIVOS PAULISTAS 2
"A ideia é subsidiar a Comissão Nacional da Verdade, uma vez que a advocacia paulista teve papel de destaque na luta em defesa dos presos políticos", diz Costa. Anteontem, ele se encontrou com o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), em SP, para falar sobre o projeto.
LEGADO
Alexandre Franco Montoro, neto do ex-governador tucano Franco Montoro, aceitou convite da TV Brasil.
Ele vai dirigir o programa "Estúdio Móvel", que estreia no próximo mês.
DIVÃ COLORIDO
A Câmara dos Deputados discute amanhã, numa audiência pública, se psicólogos podem ou não tratar gays que queiram reverter sua orientação sexual. Um projeto do deputado João Campos (PSDB-GO), líder da frente parlamentar evangélica, prevê a derrubada de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia que proíbe considerar homossexualidade como transtorno.
À MODA MINEIRA
A empresária mineira Erika dos Mares Guia, filha do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, fez festa de inauguração de sua nova loja, nos Jardins, anteontem. A modelo Livia Albuquerque circulou pelo evento. Erika ganhou um desenho da afilhada Alessandra Couri.
MÚSICA E CIÊNCIA
O músico Paulo Vanzolini e o médico Miguel Srougi foram alguns dos vencedores do Prêmio FCW de Arte, Ciência e Cultura da Fundação Conrado Wessel. A cerimônia de premiação aconteceu anteontem na Sala São Paulo. O médico David Uip e o administrador de empresas Thomaz Srougi, filho de Miguel, estavam entre os convidados.
CURTO-CIRCUITO
Toquinho apresenta o show "Quem Viver Verá" no Tom Jazz, na sexta e no sábado, às 22h. 18 anos.
O Instituto dos Advogados de SP realiza almoço nesta sexta com a presença da secretária da Justiça Eloisa Arruda, no Jockey.
A Daslu Couture mostra nova coleção hoje, das 16h às 20h, na Daslu do shopping Cidade Jardim.
José Roberto Moreira do Valle oferece hoje jantar para organizadores da Design Week de Milão, em sua casa, em Higienópolis.
com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, LÍGIA MESQUITA e OLÍVIA FLORÊNCIA
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