DELAÇÃO DE EX-DIRETOR TIRA O SONO DOS POLÍTICOS
A expressão fechada dos principais líderes do Congresso, ontem, não tinha relação com a campanha eleitoral, tampouco com a pauta de votações do “esforço concentrado”. Eles estão na expectativa dos depoimentos, já iniciados, do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa ao Ministério Público Federal (MPF), em Curitiba, delatando muitos figurões da política, na tentativa de obter redução de pena.
OS DOIS PRIMEIROS
Circulou ontem que Paulo Roberto faz depoimentos minuciosos, por enquanto concentrados em dois importantes senadores, não revelados.
PROPOSTA SOB EXAME
Somente depois de Paulo Roberto Costa contar o que sabe é que o MPF avaliará a proposta de “delação premiada” feita pelo ex-diretor.
NINGUÉM VAI SABER
Delação premiada pressupõe sigilo absoluto, até mesmo sobre o fechamento ou não do acordo com o MPF, autorizado pela Justiça.
ACERTO DE CONTAS
Figurões dizem temer algum “acerto de contas” de Paulo Roberto Costa, com acusações sem provas, mas suficientes para destruí-los.
MARINA SILVA PODE LEVAR O LENDÁRIO PRC AO PODER
A eventual vitória de Marina Silva em outubro representaria a chegada ao poder do lendário Partido Revolucionário Comunista (PRC), onde a hoje candidata do PSB militou ao lado do ambientalista Chico Mendes. O PRC viu eleitas prefeitas em Fortaleza, Maria Luiza Fontenelle e Luizianne Lins, filiadas oficialmente ao PT, e o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), além do governador gaúcho Tarso Genro (PT).
TEM MENSALEIRO
Outro ilustre membro do PRC é o ex-deputado José Genoino, que até presidiu o PT e hoje cumpre pena por integrar a quadrilha do mensalão.
ASSASSINATO
O PRC voltou a ser lembrado após o achamento, dias atrás, dos restos do militante Epaminondas Oliveira, 68, torturado e morto pelo Exército.
FINANCISTAS OTIMISTAS
O fenômeno Marina Silva foi registrado no Bank of America, que em relatório atribui a ela a melhoria da expectativa externa para o Brasil.
TIRO DE INQUIETAÇÃO
Petistas espalham em Roraima que “articularam” operação da Polícia Federal para desgastar o governador Chico Rodrigues (PSB), que disputa a reeleição, e dar força a Ângela Portela (PT), em 3º. Outro candidato, Neudo Campos (PP), ficha suja, deve ser impugnado.
AÇÃO BIZARRA
O interventor do Sesc-RJ move ação de despejo contra o irmão-gêmeo Senac-RJ. É uma jogada para tentar fragilizar seu presidente, Orlando Diniz, opositor de Antônio Santos, carrapato agarrado à presidência da confederação do comércio (CNC) há 33 anos, e patrão do interventor.
O MÉTODO DA KGB
Em 1986, a KGB encontrou uma maneira de fazer do Hezbollah parar de sequestrar diplomatas russos: prendia e castrava familiares dos terroristas, e enviava os órgãos genitais aos familiares. Santo remédio.
OLHO NO BOLSO
Em oposição à reforma nos seguros de saúde de Barack Obama nos EUA, a Wal-Mart lançou as “Care Clinics”, postos de saúde dentro das lojas, cobrando US$ 4 de funcionários e US$ 40 para clientes.
PERGUNTA NA ARQUIBANCADA
Será que o Fluminense vai recorrer ao amigo Tapetão para herdar a vaga do Grêmio, que foi excluído da Copa do Brasil como punição pela atitude racistas de torcedores?
LULA VS. JOAQUIM
Em dois dias, o ex-presidente Lula conseguiu 10,5 mil seguidores no Twitter, ritmo bem menor que o do ex-presidente do STF Joaquim Barbosa, que ganhou 10,9 mil seguidores na metade do tempo..
QUE ACORDO?
Somente o Brasil adotou (apressadamente) o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor há vinte meses. Portugal o rejeita e os demais países lusófonos relutam. O fracasso parece inevitável.
DEVERIA SER FERIADO
Em 4 de setembro de 1998, portanto há 16 anos, era criada na internet, nos Estados Unidos, a ferramenta que rapidamente se tornou imprescindível e hoje ninguém vive sem ela: a página de buscas Google.
A ESCOLHA DE MARINA
Marina diz que fará parte do que fez FHC e parte de Lula. Se imitar o segundo governo de FHC e o primeiro de Lula, será um desastre.
PODER SEM PUDOR
MEMÓRIA CURTA
Foi uma surra memorável. Candidato a vice-governador na chapa de Virgílio Távora em 1958, o ex-prefeito de Fortaleza Acrísio Moreira da Rocha não tinha o direito de esquecer aquela sova cívica. Mas esqueceu. Anos depois, numa entrevista, ele garantiu que jamais havia sido derrotado nas urnas.
- E a eleição de 58? - insistiu o repórter inconveniente.
Acrísio não perdeu a pose:
- Como é que eu poderia ganhar levando nas costas um piano pesado como Virgílio? Nem se fosse guindaste...
quinta-feira, setembro 04, 2014
À margem da campanha eleitoral - EVERARDO MACIEL
O ESTADÃO - 04/09
A campanha eleitoral deste ano já nos permite extrair algumas ilações: o modelo de propaganda eleitoral, que torna caras as campanhas e faz a fortuna dos marqueteiros, parece esgotado, pois a população já não atura mais clichês, truísmos, excentricidades, rimas pobres e discursos vazios; a democracia não pode conviver com uma miríade de partidos políticos (32) constituídos quase sempre com o objetivo de angariar recursos do Fundo Partidário e de negociar tempo para a propaganda eleitoral, e registrados no pouco plausível pressuposto de que receberam o apoiamento mínimo (hoje, 491.656 eleitores, com registro em pelo menos 9 unidades federativas, contando em cada uma delas com o apoio correspondente a, no mínimo, 0,5% dos votos válidos na última eleição para a Câmara dos Deputados). Também a qualidade da maioria dos candidatos é deplorável, além dos apelidos ridículos e da imprópria referência à atividade profissional ou à confissão religiosa do candidato.
As preferências nos pleitos majoritários têm sido formadas a partir de matérias, inclusive debates, veiculadas pela mídia, discussões nas redes sociais e uma espécie de sentimento difuso que perpassa a sociedade, correspondendo a uma insatisfação generalizada, ainda que não tão recente, com a política, os serviços públicos e a economia.
Não temos a tradição de realizar discussões substantivas sobre temas que interessam à sociedade, à exceção de algumas iniciativas patrocinadas por grupos organizados.
É certo que seria difícil de tratar alguns temas durante a campanha eleitoral, em virtude de sua complexidade ou delicada sensibilidade, a exemplo das questões decorrentes do mal assimilado processo de urbanização no Brasil e dos problemas de uma juventude massacrada por apelos consumistas e hedonistas.
O Brasil, em cinco décadas, deixou de ser majoritariamente rural para converter-se num país francamente urbano, com 85% de sua população residindo nas cidades. A despeito disso, continuamos a cultuar a agenda caduca da reforma agrária, em franco contraste com o sucesso de um agronegócio altamente tecnológico e competitivo.
A intensa urbanização gerou deseconomias de aglomeração, traduzidas pela precariedade da mobilidade urbana e do saneamento, e mal atendidas demandas por serviços públicos de educação e saúde.
Essas questões jamais poderão ser resolvidas com a atual estrutura federativa. É preciso conceber uma nova forma de repartição dos encargos públicos e articulação intergovernamental. Para tal, é necessário investir em modelos de cooperação e construir paradigmas que possam ser replicados. Certamente, esse caminho não passa pela distribuição de recursos por meio de emendas parlamentares e ministérios das cidades ou equivalentes.
Impressiona muito a desatenção com a juventude. Segundo o IBGE, 1 em cada 5 jovens de 15 a 29 anos nem estuda nem trabalha. São os nem-nem, sem presente e, talvez, sem futuro.
A tragédia das drogas não é suficientemente discutida e muito menos cuidada. Qualquer pessoa provida de mínima sensibilidade fica perplexa com as "cracolândias" de São Paulo.
Uns defendem a liberalização do consumo da maconha, no propósito de enfraquecer o tráfico, esquecendo que existem outras drogas. Outros postulam, mais ousadamente, a liberalização de todas as drogas, confiando em que os traficantes ingressarão num programa de ressocialização ou na vida monástica. Há, ainda, os que entendem que a formalização do mercado de drogas geraria receitas tributárias. Estes desconhecem os fenômenos da sonegação, do contrabando e do descaminho, sem falar de uma improvável e patética discussão, no Conselho de Política Fazendária, sobre a alíquota efetiva e a substituição tributária aplicáveis às drogas.
É óbvio que não se deve criminalizar o consumo de drogas. O País carece, entretanto, de uma política pública de drogas que propicie tratamento digno ao usuário e prevenção do uso.
Em outro artigo, tratarei das eleições e a reforma tributária.-margem-da-campanha-eleitoral-imp-,1554550
A campanha eleitoral deste ano já nos permite extrair algumas ilações: o modelo de propaganda eleitoral, que torna caras as campanhas e faz a fortuna dos marqueteiros, parece esgotado, pois a população já não atura mais clichês, truísmos, excentricidades, rimas pobres e discursos vazios; a democracia não pode conviver com uma miríade de partidos políticos (32) constituídos quase sempre com o objetivo de angariar recursos do Fundo Partidário e de negociar tempo para a propaganda eleitoral, e registrados no pouco plausível pressuposto de que receberam o apoiamento mínimo (hoje, 491.656 eleitores, com registro em pelo menos 9 unidades federativas, contando em cada uma delas com o apoio correspondente a, no mínimo, 0,5% dos votos válidos na última eleição para a Câmara dos Deputados). Também a qualidade da maioria dos candidatos é deplorável, além dos apelidos ridículos e da imprópria referência à atividade profissional ou à confissão religiosa do candidato.
As preferências nos pleitos majoritários têm sido formadas a partir de matérias, inclusive debates, veiculadas pela mídia, discussões nas redes sociais e uma espécie de sentimento difuso que perpassa a sociedade, correspondendo a uma insatisfação generalizada, ainda que não tão recente, com a política, os serviços públicos e a economia.
Não temos a tradição de realizar discussões substantivas sobre temas que interessam à sociedade, à exceção de algumas iniciativas patrocinadas por grupos organizados.
É certo que seria difícil de tratar alguns temas durante a campanha eleitoral, em virtude de sua complexidade ou delicada sensibilidade, a exemplo das questões decorrentes do mal assimilado processo de urbanização no Brasil e dos problemas de uma juventude massacrada por apelos consumistas e hedonistas.
O Brasil, em cinco décadas, deixou de ser majoritariamente rural para converter-se num país francamente urbano, com 85% de sua população residindo nas cidades. A despeito disso, continuamos a cultuar a agenda caduca da reforma agrária, em franco contraste com o sucesso de um agronegócio altamente tecnológico e competitivo.
A intensa urbanização gerou deseconomias de aglomeração, traduzidas pela precariedade da mobilidade urbana e do saneamento, e mal atendidas demandas por serviços públicos de educação e saúde.
Essas questões jamais poderão ser resolvidas com a atual estrutura federativa. É preciso conceber uma nova forma de repartição dos encargos públicos e articulação intergovernamental. Para tal, é necessário investir em modelos de cooperação e construir paradigmas que possam ser replicados. Certamente, esse caminho não passa pela distribuição de recursos por meio de emendas parlamentares e ministérios das cidades ou equivalentes.
Impressiona muito a desatenção com a juventude. Segundo o IBGE, 1 em cada 5 jovens de 15 a 29 anos nem estuda nem trabalha. São os nem-nem, sem presente e, talvez, sem futuro.
A tragédia das drogas não é suficientemente discutida e muito menos cuidada. Qualquer pessoa provida de mínima sensibilidade fica perplexa com as "cracolândias" de São Paulo.
Uns defendem a liberalização do consumo da maconha, no propósito de enfraquecer o tráfico, esquecendo que existem outras drogas. Outros postulam, mais ousadamente, a liberalização de todas as drogas, confiando em que os traficantes ingressarão num programa de ressocialização ou na vida monástica. Há, ainda, os que entendem que a formalização do mercado de drogas geraria receitas tributárias. Estes desconhecem os fenômenos da sonegação, do contrabando e do descaminho, sem falar de uma improvável e patética discussão, no Conselho de Política Fazendária, sobre a alíquota efetiva e a substituição tributária aplicáveis às drogas.
É óbvio que não se deve criminalizar o consumo de drogas. O País carece, entretanto, de uma política pública de drogas que propicie tratamento digno ao usuário e prevenção do uso.
Em outro artigo, tratarei das eleições e a reforma tributária.-margem-da-campanha-eleitoral-imp-,1554550
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