quarta-feira, julho 27, 2011

ALON FEUERWERKE - O mercado e o povão


O mercado e o povão
ALON FEUERWERKE
Correio Braziliense - 27/07/2011

O "PIB potencial" está aí, vivinho da silva, a lembrar que somos um país condenado pelos nossos governantes a crescer pouco. Apesar de todas as promessas e ilusões em contrário

Como o Brasil vai sair da encalacrada simultânea de uma inflação no limite máximo com um dólar no limite mínimo? O governo parece ter optado pela saída mais confortável. Juro alto e real forte, o suficiente para funcionar como âncora anti-inflacionária. As importações seguram a onda dos preços, mesmo ao custo do crescimento, especialmente o industrial.

Na sua coluna de ontem no Valor Econômico, o ex-ministro Delfim Netto afirmou que o crescimento vistoso de 2010 não passou de um artefato estatístico. O objetivo do articulista foi contrapor aos que pedem mais aperto monetário, e aqui ele está alinhado com a presidente da República, com a Fazenda e com o Banco Central.

Segundo Delfim, o crescimento brasileiro real, depurado das excepcionalidades, vem patinando em torno de 4% ao longo destes anos todos. E é verdade.

Curioso apenas que o discurso sirva para um público, o mercado, mas não para outro, o povão. Para o mercado afirma-se que o Brasil cresce pouco, e por isso não seria prudente apertar ainda mais a política monetária. Para o povão vende-se a ideia de que o Brasil arrancou definitivamente para adiante.

O antecessor de Dilma, por exemplo, repisou estes dias a fantasia de que o governo dele derrubou a tese do PIB potencial de 3%, tese segundo a qual a economia brasileira não poderia expandir a uma taxa superior sem produzir inflação excessiva.

Mas se sua ex-excelência olhar os números verá que o tal PIB potencial continua forte e saudável. Depois do "artefato estatístico", a crer nas palavras de Delfim, voltamos à mediocridade. Crescimento abaixo de 4%, mas agora com inflação acima de 6%.

Na prática, o governo ajustou para dois pontos acima de 4,5% a meta de inflação, sem admitir oficialmente. Na real, a meta agora é 6,5%. Uma mediocridade, portanto, além de tudo perigosa. Mas que serve ao governo para refutar pressões ortodoxas.

Caberia talvez aqui algumas perguntas. E o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)? Por que não acelerou o crescimento? É uma dúvida razoável. Dirá o governo que estamos crescendo bem mais do que o mundo desenvolvido. Verdade. Mas uma verdade conveniente. Pois nossa expansão é bem menor que a dos demais emergentes. Essa é outra verdade.

Trata-se de um truque habitual. Conforme o caso comparamo-nos a quem mais convém. Que tal se nos comparássemos, por exemplo, aos europeus e americanos não só no crescimento, mas também na educação, na saúde, na infraestrutura e na segurança pública?

Mas nosso desafio maior não é decifrar as polêmicas e as malandragens políticas, é crescer e criar empregos. Há as estatísticas fantasiosas, segundo as quais vai tudo bem. Aliás, o Brasil talvez seja o único país em que os índices de emprego e crescimento dançam independentemente. O país pode estar melhor ou pior, mas os números de emprego saem sempre bons do forno oficial. Curioso.

Na vida que vale escasseia o emprego de boa qualidade e o desemprego entre os jovens permanece motivo de forte preocupação. Especialmente por causa da estagnação industrial. Essa filha indesejada do casamento incestuoso do juro alto com o dólar fraco. Mas que ajuda os governos quando a temperatura dos preços ameaça ficar alta demais. E que se lasque o futuro do país.

Ilusionismo
Alguém com tempo para desperdiçar deveria fazer a lista do número de vezes que as autoridades econômicas vieram a público para garantir que, agora sim, o governo tinha adotado medidas suficientes para conter a valorização do real.

Mas isso não chega a ser notícia. Inclusive porque repete um padrão. Na crise de 2009 era habitual as autoridades virem aos microfones para prometer um crescimento de pelo menos 4%. No fim o número veio negativo, retração.

No Brasil, infelizmente, a regra não é as autoridades econômicas dizerem o que está acontecendo. Mas o que elas gostariam que nós acreditássemos que está acontecendo.

JOSÉ PAULO KUPFER - E se não for o que parece?


E se não for o que parece?
JOSÉ PAULO KUPFER
O Estado de S. Paulo - 27/07/2011

Não é surpresa a confirmação da escalada dos investimentos estrangeiros no Brasil, agora atualizada pelo Banco Central com os números do fechamento do primeiro semestre. O forte fluxo de entrada de capitais externos pode ser explicado pela resultante de duas forças que operam no mesmo sentido: de um lado, a alta liquidez internacional e a restrição de oportunidades nos mercados mais maduros; de outro, o mercado interno brasileiro ainda pujante e a grande diferença entre as taxas de juros pagas no Brasil e as oferecidas na maior parte das outras economias.

Há um inegável movimento de arbitragem de taxas de juros - ou seja, aplicações que objetivam, na essência, ganhar dinheiro no mercado brasileiro, que oferece altos rendimentos relativos a recursos obtidos a baixo custo em outros mercados. A imposição de alíquotas crescentes do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre essas aplicações não tem sido suficiente para conter o ímpeto dos investidores.

Mas há também um terreno mais pantanoso, por onde escoa um volumoso conjunto de investimentos estrangeiros, genericamente classificados como diretos. Em teoria, e na nomenclatura oficial, esses investimentos se destinam à produção e, portanto, não são atraídos pelas facilidades conjunturais do mercado financeiro, mas por oportunidades setoriais, de maturação em prazos mais longos, oferecidas pela economia real.

Tais recursos externos ingressam no País como investimento direto, sofrendo menor tributação. Mas não há, pelo menos com base no atual sistema de fiscalização do Banco Central, como saber o que acontece com eles depois que caem no caixa das empresas que os angariam. O BC não controla os caminhos do dinheiro depois do seu registro de entrada, feito por declaração eletrônica voluntária do investidor.

Assim, os investimentos estrangeiros diretos (IED) podem mesmo ser usados como tijolo e cimento para expansão da produção ou aplicados na compra de ativos locais já existentes, atividades a que estão convencionalmente associados. Mas podem também passear um tempo pelo mercado financeiro, enquanto os planos de expansão se desenvolvem ou, simplesmente, ficar por lá, ganhando na arbitragem de taxas.

A enxurrada de IED em direção ao Brasil, reforçada pelos números exuberantes do primeiro semestre, tem alimentado a suspeita de que uma parte dos crescentes investimentos estrangeiros diretos se mistura com investimentos no mercado financeiro. A dúvida é compartilhada por especialistas de prestígio internacional, caso do economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard. O BC, no entanto, mesmo sem dispor de mecanismos de controle mais rigorosos, repele a suspeita.

ROLF KUNTZ - A inundação continua


A inundação continua
ROLF KUNTZ
O Estado de S. Paulo - 27/07/2011

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, acena com novas medidas para conter a valorização do real, enquanto dólares continuam jorrando e levando na enxurrada o poder de competição da indústria nacional. Na segunda-feira, a cotação da moeda americana chegou a R$ 1,543, o nível mais baixo desde o começo de 1999, quando o governo foi forçado a mudar a política de câmbio. Ontem, no meio da tarde, a cotação havia caído para R$ 1,535. Horas antes, o Banco Central (BC) havia divulgado o balanço de pagamentos do primeiro semestre. O déficit de US$ 25,45 bilhões nas transações correntes havia sido coberto com enorme folga pelo superávit de US$ 67,03 bilhões na conta financeira e de capital. A maior parte desse valor correspondeu a investimento direto: US$ 42,7 bilhões em termos líquidos, 15,7% acima do valor de um ano antes.

O Brasil tem recebido muito dinheiro para todas as finalidades. Parte corresponde a endividamento adicional, porque muitas empresas têm procurado no exterior financiamento mais barato que o disponível no País. As aplicações em carteira diminuíram, passando de US$ 22,79 bilhões, no primeiro semestre do ano passado, para US$ 14 bilhões, entre janeiro e junho deste ano, provavelmente por causa das barreiras impostas pelo governo. Mas o volume continuou apreciável. Em contrapartida, houve aumento de US$ 5,79 bilhões no investimento direto.

Ninguém sabe se toda aplicação listada nessa rubrica foi destinada, de fato, ao setor empresarial. Há meses, o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Olivier Blanchard, levantou a suspeita: dinheiro especulativo poderia estar sendo simplesmente maquiado por causa da barreira tributária. Não há confirmação dessa hipótese, segundo o BC. Mas quem controla o uso efetivo desses dólares?

O Brasil foi, no ano passado, o 5.º principal destino do investimento direto estrangeiro, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), divulgado ontem. Nos quatro primeiros postos ficaram Estados Unidos, China, Hong Kong e Bélgica. Em 2009 o Brasil havia sido o 15.º. Em 2011 deve ficar novamente numa posição destacada.

O ingresso de capitais no Brasil é explicável em boa parte pelo tamanho da sua economia, pelas perspectivas de crescimento e pela resistência à crise internacional. Mas os juros, entre os mais altos do mundo, e as possibilidades de ganhos especulativos em curto prazo são sem dúvida importantes fatores de atração. Sejam quais forem as motivações, o efeito sobre o câmbio é a valorização do real. A esses fatores tem-se acrescentado a insegurança internacional em relação ao dólar, agravada pelo risco de calote da dívida americana. Não há perspectiva, por enquanto, de uma reversão de tendência. Mudanças, no entanto, podem ocorrer de forma inesperada, e o BC tem alertado para esse risco os tomadores de empréstimos em moeda estrangeira.

Antes de uma reversão, a maior parte dos produtores brasileiros tem de enfrentar outras ameaças. Segundo a Confederação Nacional da Indústria, o déficit comercial do setor de transformação deve aumentar de US$ 33,5 bilhões em 2010 para US$ 51,1 bilhões neste ano. Em 2007, quando a valorização cambial começou a tomar impulso, a indústria de transformação ainda fechou o ano com um superávit de US$ 19,5 bilhões.

Por causa do câmbio e de várias outras desvantagens - até mais importantes no longo prazo -, a indústria nacional é impedida de aproveitar mais amplamente as oportunidades criadas pelo dinamismo do mercado interno. O emprego vai bem, as famílias estão otimistas e pretendem comprar mais nos próximos meses, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas. O Índice de Confiança do Consumidor atingiu em julho o recorde de 124,4 pontos. A alta mensal, 5,4%, foi a maior desde janeiro de 2006. A intenção de compra de bens duráveis é menor que a de novembro, o pico da série, mas continua elevada. A notícia pode ser boa para a indústria nacional, mas é ainda melhor para a estrangeira, convidada especial para a festa do consumo.

Não há nada errado no aumento de importações, quando a economia cresce. Mas muita coisa vai mal quando a indústria do país perde espaço por causa de um desajuste cambial excessivo e de problemas de competitividade há muito conhecidos e nunca resolvidos. Boa parte desses problemas está ligada à ineficiência e à incontinência do gasto público e a duas de suas contrapartidas - tributação excessiva e de baixa qualidade e juros muito elevados. Se a demanda interna, ainda aquecida e reforçada pelo gasto público, resultar em mais inflação, o problema dos juros será agravado. O do câmbio, também.

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO - Mundo que vai, mundo que volta


Mundo que vai, mundo que volta 
ROBERTO POMPEU DE TOLEDO
REVISTA VEJA

Não é todo dia que se assiste a uma página virada na história do mundo. O modesto estado americano de Indiana (modesto em termos da federação a que pertence) começará a virá-Ia a partir do início do próximo ano letivo, em setembro, quando suas escolas deixarão de ensinar obrigatoriamente a letra de mão aos alunos. Há algum tempo corre nos Estados Unidos o debate sobre a utilidade de ensiná-la. O tempo aí empregado seria mais bem aproveitado em disciplinas hoje mais pertinentes, a começar pelo manejo do teclado do computador. Mas Indiana é o primeiro estado a tomar a medida oficial, por meio de instrução às escolas. Obrigatório será o ensino do teclado. A letra de mão, que também atende pelo bonito nome de cursivo, com origem em "correr" e "corrente", terá ensino facultativo. Ela hoje corre bem menos, coitada. e é bem menos corrente que os caracteres do computador.

O cursivo, como até os chimpanzés saberiam prever, foi atropelado impiedosamente pela eletrônica. Que as cri.anças precisam familiarizar-se desde cedo com o computador é ponto pacífico. Discutível é se o abandono do cursivo trará perdas às novas gerações. Especialistas acenam com possível involução na capacidade motora e na coordenação entre olho e mão. Outros pergutam como as crianças de hoje assinarão os cheques que as esperam na vida adulta - se é que ainda haverá cheques, e se é que algum truque digital não virá a substituir as assinaturas.

A máquina de escrever já foi um golpe na letra de mão. A rigor, a prensa de Gutenberg, muito antes, já fora um golpe. Mas nenhum deles acertou em cheio. O computador sim, com seu avanço totalizante sobre a vida. A morte do cursivo pode resultar no fenômeno, inédito na história, de uma criança de hoje não conseguir ler o que o pai escreveu na escola, ou numa cana, ou num diário. Aqueles traços redondos como argolas, inclinados para a direita como matagal ao vento, engatados uns aos outros como vagões de trem, que diabos seriam? O cursivo difere bastante da letra de fôrma. O filho achará que o pai escrevia em árabe.

A ilegibilidade de um texto em letra de mão não é ocorrência nova na história. Documentos do século XVI só os paleógrafos são capazes de decifrar. Mas sempre se passou um tempo considerável, até que uma maneira de escrever caducasse aos olhos dos vindouros. O que se desenha de inédito no horizonte é o fenômeno se dar no espaço de apenas uma geração. Os avanços tecnológicos têm ocorrido velozmente, mas corte tão nítido e abrupto, a erguer-se como muro generacional intransponível, ainda estava por vir. É um mundo que vai embora.

O mundo que volta, quem o traz é o comandante Hugo Chávez. É o mundo dos reis cujas doenças eram escondidas do povo - afinal eles tinham parte com os deuses, que não ficam doentes - ou, se as revelavam, o faziam só em parte, sem especificarlhes a natureza nem a gravidade. Vá lá, o presidente eleito Tancredo Neves e seus médicos tentaram esconder a doença que o acometia, e os presidentes franceses também têm, ou tinham, como norma não dar satisfações ao público quanto a esse item. Mas o Brasil se corrigiu. O linfoma da então candidata DiLma Rousseff foi noticiado ao primeiro momento. E mesmo na França, onde os presidentes Georges Pompidou e François Mitterrand disfarçaram os respectivos cânceres enquanto puderam, dificilmente o mesmo procedimento se repetiria. No mundo democrático fixa-se a doutrina de que entre as obrigações do mandatário inclui-se a de dar conta ao eleitorddo de seu estado de saúde.

De novo podemos invocar os chimpanzés. Até eles saberiam dizer por que Chávez não veio se tratar no Brasil. Aqui, o segredo da doença não duraria 24 horas. Cuba oferece as ideais condições de censura - ou de encarceramento, se preciso for - para a manutenção de um segredo. Restam, como sempre ocorre, as especulações. A mais radical é a de que não haveria doença alguma. Estaria em curso uma farsa, com o fim de preparar uma suposta vitória sobre a suposta doença que revelaria a força invencível do líder. Outra é a de que se trata de câncer de próstata, e nesse caso o chimpanzé, agora travestido de especialista em psicologia dos caudilhos, interpretaria o caso a partir da constatação de que cirurgia da próstata pode resultar em esterilidade ou mesmo impotência. Ora, como um líder de tão másculas virtudes, herói do povo e salvador da pátria, se arriscaria a ser visto como estéril? Ou IMPOTENTE?

ANCELMO GÓIS - PIB dos mendigos

PIB dos mendigos
ANCELMO GOIS
O GLOBO - 27/07/11

Acredite. Ontem, por volta de 9h30m, na Padaria Martinica, na Rua Visconde de Pirajá, em Ipanema, um mendigo que pagava seu pão na chapa e seu cafezinho pingado, ao reparar a curiosidade em volta, disse: — Brasileiro está com dinheiro. Até mendigo está comendo.

Dilma e Pelé
O ministro Orlando Silva avisou na véspera a Ricardo Teixeira que Dilma nomearia ontem Pelé embaixador honorário do governo para a Copa de 2014. O presidente da CBF e Pelé sempre andaram às turras. 

Ricardo e Pelé...
Ricardo Teixeira disse que entende a situação e foi além. Ligou para Pelé e o chamou para se juntar ao trabalho da Comissão Organizadora. 

Londres e Rio...
Por causa disso, Pelé cancelou um compromisso em Londres e estará sábado no sorteio dos grupos da Copa, no Rio. 

Aliás...

Seria absurdo Pelé, o maior ídolo do futebol, ficar de fora de uma Copa no Brasil. 

Vítima da ditadura
Hoje, o TJ-SP ouvirá testemunhas de acusação no caso em que o coronel Brilhante Ustra é processado pela morte do jornalista Luiz Eduardo Merlino na ditadura. Já Sarney é testemunha de defesa do ex-diretor do DOI-Codi. É outra tentativa de enquadrar Ustra, embora militares acusados de tortura se sintam protegidos pela Lei da Anistia. 

Tem culpa eu?

Depois que capítulos de “Insensato coração”, da TV Globo, começaram a vazar à imprensa, Gilberto Braga e Ricardo Linhares bolaram uma pegadinha. Agora, os autores da novela misturam aos textos diálogos que nunca serão gravados. 

Grande família
Novo round na disputa societária da família Geyer, que já foi dona de um potentado grupo petroquímico. O juiz Thomaz de Souza e
Melo, da 5a- Vara Cível do Rio, arrestou R$ 15 milhões do patrimônio de Alberto Geyer, além de todas as suas ações na Vila Velha, holding da Unipar. 

É que...
Alberto Geyer é acusado de “transferir indevidamente apartamentos, automóveis e dinheiro em espécie para duas empresas de sua propriedade”. O objetivo do “desvio” seria “não ressarcir a Vila Velha pelo prejuízo de R$ 35 milhões causado por dívida contraída à época em que presidia a Unipar”. 

Dona Lindu
Cabral levará Lula amanhã para conhecer o Hospital Dona Lindu, em Paraíba do Sul, RJ. O nome é homenagem à falecida mãe do ex-presidente. 

Retratos da vida

Lamento da grande cantora Dóris Monteiro, 76 anos, em plena forma, ao ser aplaudida de pé num show no Centro Cultural dos Correios, no Rio, em que festejava 60 anos de carreira: — Foi bom, mas este é o único show que fiz nos últimos três meses. Ninguém me chama mais para trabalhar. 

Pior...
O fato machuca Dóris e envergonha a cultura brasileira. Nossa talentosa cantora, acredite, pensa em torrar suas joias no penhor da Caixa Econômica para sobreviver. 

Disco furado 
A 11a- Câmara Cível do Rio condenou a EMI Music a indenizar em R$ 60 mil os músicos Wladimir Pinto, Sérgio Diab e Bruno Barreto, contratados para fingir que tocavam enquanto uma música pré-gravada era executada no show do grupo RBD, no Maracanã, em 2006.
A apresentação passou na TV e virou DVD sem remuneração ou autorização dos três. 

Troca de tijolo

A Rádio Cimento diz que o dono de uma construtora carioca, de gestão familiar, está para passar o controle do negócio a uma concorrente paulista. 

Culpa da vítima 

Na madrugada de quinta, um jovem casal foi agredido na Rua Prudente de Morais, em Ipanema,
por três assaltantes. Os jovens saíram com alguns ferimentos. Mas pior foi o que ouviram do delegado na 14a- DP: — A culpa é de vocês por andarem ali àquela hora.

ILIMAR FRANCO - O lobby do jogo

O lobby do jogo 
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 27/07/11

A bancada do jogo voltou à carga e está se articulando para tentar legalizar cassinos, bingos e o jogo do bicho no país. Na expectativa de seduzir o governo Dilma Rousseff, governadores e prefeitos estão sugerindo que a receita da jogatina, estimada em R$ 10 bilhões, seja toda ela vinculada aos gastos da União, de estados e de municípios com a Saúde. O financiamento do setor, desde o governo Lula, tem sido um entrave à votação da Emenda 29.

Os planos de guerra do Brasil

Alguns dos segredos mais delicados do país estão sendo reciclados, tendo em vista a nova legislação, ainda para ser aprovada no Senado, sobre o acesso aos documentos históricos classificados como secretos e ultrassecretos. Ocorre que num passado não muito distante, as Forças Armadas brasileiras fizeram exercícios nas fronteiras simulando a invasão de países vizinhos. A revelação desses fatos poderia provocar constrangimento e estremecimento de relações. Para evitar que isso ocorra, por sugestão de um alto executivo do governo, essa documentação está sendo revisada e reescrita. Não constará mais dos informes o nome do país alvo, mas letras: “B, N, C...”.

"Chamo estas leis de fascismo higiênico” — Paulo Portas, ministro de Negócios Estrangeiros de Portugal, sobre leis que proíbem fumar em locais públicos fechados

PRESSÃO. A presidente Dilma cobrou ontem do presidente da Federação Brasileira de Bancos, Murilo Portugal, o financiamento de bolsas de estudo para jovens brasileiros no exterior. “Ô, Mantega, o Murilo Portugal ainda não apresentou o número de bolsas da Febraban. Logo ele, que foi bolsista”, disse Dilma para o ministro Guido Mantega (Fazenda), na frente de Portugal, logo após a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. “Nós vamos oferecer as bolsas”, respondeu ele.

No laço
Ao subir ontem a rampa interna do Planalto, após reunião do Conselhão, e ver que o ministro Guido Mantega (Fazenda) tinha ficado para trás, conversando, a presidente Dilma mandou, com ar contrariado, um segurança ir buscá-lo.

Pré-candidatos
Na Esplanada dos Ministérios, além do ministro Fernando Haddad (Educação), Iriny Lopes (Política para Mulheres) também tem planos eleitorais para o ano que vem. Ela quer ser a candidata do PT à prefeitura de Vitória (ES).

O terror americano
Empresários, banqueiros e sindicalistas que participaram ontem da reunião do Conselhão, em Brasília, nas conversas paralelas, tinham uma só preocupação: a situação política e econômica dos Estados Unidos. Estão apreensivos com seus efeitos no Brasil e no mercado mundial. A presidente Dilma também está cautelosa. Na semana que vem, ela pretende colocar o ministro Guido Mantega (Fazenda) para passar um panorama para os líderes aliados.

Submerso

Depois de confirmar presença no casamento do deputado João Carlos Bacelar (PR-BA), sexta-feira, em Salvador, o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) desistiu de ir para evitar constrangimentos. Ele está atolado no escândalo do Dnit.

Exceção
O ex-deputado Paulo Rocha (PT-PA) contesta que tenha um escritório na Câmara e sugere que seria comum haver salas de bancadas
estaduais na Casa. A Presidência da Câmara informa que somente o Pará tem esse privilégio. 

 O MINISTRO dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas, teve a mala extraviada na África do Sul. Ontem, ao chegar a Brasília, foi a um shopping comprar roupas para usar nos compromissos oficiais.
 FAXINA. Do líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP), sobre a crise nos Transportes: “O afastamento não esgota o assunto. Temos que analisar a punição dos acusados e o ressarcimento dos cofres públicos.”
● RECÉM-ELEITO presidente da UNE, Daniel Iliescu se reuniu com o presidente da Embratur, Flávio Dino. Os dois são do PCdoB. Na pauta, a promoção do Brasil como destino de intercâmbio.

FERNANDO DE BARROS E SILVA - Mistura de menos


Mistura de menos
FERNANDO DE BARROS E SILVA
FOLHA DE SP - 27/07/11

SÃO PAULO - Diante da atrocidade que foi capaz de cometer, as idiotices que o psicopata norueguês diz sobre o Brasil são só um detalhe.
No manifesto que publicou, o assassino atribui à miscigenação a desigualdade social e os "altos níveis de corrupção" do país. Diz que a mistura de raças impede a coesão interna e transforma o Brasil numa nação de segunda classe. As "subtribos" nos impediriam de alcançar o "grau de produtividade e harmonia" verificados na Escandinávia, na Alemanha, no Japão.
Já foi dito que a cabeça deste fascista é, também, a expressão de uma demência coletiva de extrema direita que vem ganhando certo relevo social e político na Europa.
Sem desconhecer que este é o xis dessa questão, ficarei hoje no Brasil. O problema é que somos miscigenados de menos, e não demais. Ou melhor: a miscigenação brasileira convive com uma enorme desigualdade racial -e ambas as coisas nos definem como sociedade.
Entre os 10% mais ricos da população, há 78% de brancos e 20% de pretos e pardos -praticamente 4 para 1. Entre os 10% mais pobres, há 27% de brancos e 73% de pretos e pardos -1 branco para cada 3 negros. São dados do "Relatório das Desigualdades Raciais no Brasil (2007-08)", coordenado pelo professor Marcelo Paixão, da UFRJ.
Há mais de dois pretos ou pardos analfabetos para cada branco analfabeto no país. Qualquer indicador social reflete essa segregação dentro da miscigenação. A desigualdade entre nós tem cor -herança perversa de séculos de escravidão, ainda muito longe de ser superada.
Ao mesmo tempo em que produz delícias e maravilhas, a civilização mestiça mitiga a dinâmica da Casa-Grande & Senzala, ainda tão decisiva nas relações cotidianas do país.
"Madame diz que a raça não melhora/ que a vida piora/ por causa do samba", canta João Gilberto. Não vamos discutir com o fascista. Mas ainda precisamos muito discutir com madame para democratizar a boa mistura brasileira

ANTONIO DELFIM NETO - Semana feliz


Semana feliz
ANTONIO DELFIM NETTO
FOLHA DE SP - 27/07/11

A última semana foi marcada por alguns fatos da maior importância:
1º) A decidida aplicação (com amplo apoio da sociedade) de um aditivo anticorrupção no combustível do Ministério dos Transportes;
2º) A forte indução do governo para que a Petrobras e a Vale enfrentem com determinação o problema do potássio;
3º) E, não menos importante, a adequação do orçamento da Petrobras nos termos da sugestão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, à presidente Dilma Rousseff. Isso reduzirá a pressão inflacionária no curto prazo e dará tempo para melhorar as condições de competição do equipamento nacional na exploração do pré-sal.
Os três fatos revelam a recuperação de uma visão de longo prazo absolutamente necessária para que o Brasil possa resolver o seu verdadeiro problema: construir uma estrutura produtiva eficiente capaz de gerar bons empregos aos quase 150 milhões de brasileiros que, em 2030, terão entre 15 e 65 anos. Isso deve ser feito com equilíbrio interno e externo.
Não faremos isso com o modelo agromineral-exportador energizado pelo desenvolvimento da China. Para tal modelo fomos descuidadamente empurrados.
Sua justificativa é a míope construção teórica que afirma que caminhamos para a "harmonia universal" produzida pelo funcionamento de uma natural "divisão do trabalho" construída pela globalização.
Teremos a paz perpétua: para uns (EUA, Alemanha, China...), a indústria; para outros (Reino Unido, Índia...), os serviços; e para os demais (Brasil, Canadá, Austrália...), a agricultura e a mineração.
Para alguns países, isso talvez seja uma fatalidade. Não é, seguramente, o caso brasileiro. Sua aceitação não levará à estrutura produtiva que precisaremos até 2030. Para nós, só a ação de um Estado indutor inteligente (e eficiente!) estimulará a sua construção.
A regra de ouro da sua ação deve ser: forte estímulo à competição doméstica entre as empresas, com adequadas medidas microeconômicas que permitam-nas disputar com eficiência nosso crescente mercado interno. E mais: condições macroeconômicas que lhes deem isonomia para complementar na margem, com decrescente proteção, os ganhos de dimensão necessários para enfrentar a competição do mercado externo.
Atrair a montadora chinesa Chery, que começa a se instalar em Jacareí (SP) e vai ampliar a competição também no setor de autopeças e ajustar a velocidade dos investimentos da Petrobras de forma a criar a capacidade para atendê-los (com indústrias nacionais ou estrangeiras aqui instaladas), é um exemplo da política que temos de praticar: concorrência interna impiedosa e proteção externa inteligente.

GOSTOSA

RUY CASTRO - Sem idade para morrer


Sem idade para morrer
RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 27/07/11

RIO DE JANEIRO - Está bem, Amy Winehouse morreu com 27 anos, assim como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Brian Jones, Kurt Cobain e outros que ficam na geladeira, todos por problemas relacionados ao uso de substâncias. Os 27 anos são coincidência. Mas há quem veja nisto um significado transcendental, como se esta fosse uma idade fatal para roqueiros.
Vejamos. Elvis Presley morreu aos 42, em 1977; Michael Jackson, aos 50, em 2009; Jerry Garcia, do Grateful Dead, aos 53, em 1995; John Phillips, do The Mamas and the Papas, aos 65, em 2001. E há outros que, com um inacreditável passado de drogas, estão milagrosamente vivos: Ron Wood, aos 64 anos; Eric Clapton, aos 66; Keith Richards, aos 67 -periga se tornarem bisavôs antes de morrer.
No jazz, a droga também ceifou gente de todas as idades. O trompetista Fats Navarro morreu aos 26 anos, em 1950; Charlie Parker, aos 34, em 1955; Billie Holiday, aos 44, em 1959. Mas Miles Davis, bem ou mal, conseguiu chegar aos 65 anos, em 1991, e Chet Baker, muito mal, aos 58, em 1988. Sem falar em Ray Charles, que usou heroína durante décadas e morreu aos 73, em 2004, de causas naturais.
No Brasil, Cazuza se foi aos 32 anos, em 1990; Elis Regina, aos 36, em 1982; Cássia Eller, aos 39, em 2001; Raul Seixas, aos 44, em 1989; e Carmen Miranda, aos 46, em 1955. Mas o incrível foi Garrincha ter chegado aos 49, em 1983, e Tim Maia, aos 55, em 1998, pelo que abusaram de si mesmos.
Todos os citados tiveram a vida ou a carreira alterada por álcool, maconha, cocaína, heroína, ácido ou remédios "controlados" -alguns, por uma dessas especialidades; outros, por várias; e ainda outros, por todas juntas. E isso não aconteceu por eles serem artistas, mais "rebeldes" ou "sensíveis" que a média. Mas por serem humanos, famosos, e por não faltar combustível para sua morte.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Temor racional
SONIA RACY
O ESTADÃO - 27/07/11

Pouca gente acredita em resultado ruim, nos EUA, das negociações entre democratas e republicanos visando aumento do teto dos gastos. O governo Obama tem até dia 2 para conseguir aprovação do Congresso e evitar ter de escolher quais dívidas pagará e quais não serão pagas. Fato que causaria uma "pequena" confusão pelos mercados mundiais.

Mas nada é tão certo assim. Apesar de acreditar que essa possibilidade é remota, José Scheinkman, economista brasileiro radicado na Universidade de Princeton, não a descarta. "Não há como adivinhar o desfecho desse embate político", refletiu, ontem, de NY. Por outro lado, se recusa a fazer previsões sobre o que pode acontecer caso não haja acordo. "Só sei que não quero passar pela experiência de assistir ao fracasso das negociações. Seria coisa nunca antes vista no mundo".

E lembra: guerras se originam de decisões irracionais.

Temor 2

Na Europa, por sua vez, a solução encontrada para a Grécia está sendo paga pelo contribuinte. E não resolve o problema. Se Portugal ou Itália precisar de ajuda parecida, ela não caberá no bolso dos europeus. Visto que há um limite para isso, Scheinkman defende, como saída duradoura, a imposição de perdas aos investidores. O que, cá entre nós, também gerará sequelas nos mercados.

Temor 3
O que acontecerá no Brasil em uma situação dessas? O País, segundo o economista brasileiro, em um primeiro momento se segura na fome do mundo, por ser o produtor mundial de comida mais eficiente do planeta. "Temos de nos preocupar só depois que chineses e hindus pararem de comer."

Repaginada
De olho nas eleições municipais, o PT injetou R$100 mil em seu site. Com vídeo e coluna semanal de Lula, a página vai seguir a linha blog. Estreia dia 4, no Rio.

Voltagem
José Aníbal recebe Nelson Hubner hoje em SP. [17 E 18/12]Ante os apagões, o secretário paulista pedirá ao presidente da Aneel aumento do número de fiscais da Arsesp, agência que responde por São Paulo. De 16 para 28.

No trouble
Miranda Kassin, cover tupiniquim de Amy Winehouse, está com agenda lotada. Segundo seu empresário, Bill Aquino, até cidades como Belém e Macapá "fecharam" shows para o final do mês.

Torre de Pisa
O Fórum João Mendes está com rachaduras enormes. Tão grandes que a garagem do subsolo foi interditada. Segundo o TJ-SP, a empresa Jatobeton, de Recife, já começou obras no local. Preço? Cerca de R$ 4,4 milhões, via licitação.

Não é de hoje que a segurança do prédio de 23 andares é colocada em xeque. Em 2009, um inquérito foi instaurado e arquivado. Agora, a promotoria de Habitação estuda reabri-lo.

Escolhida
Será de Francisca Gavilán o desafio de dar vida a Violeta Parra no cinema.

O filme não tem data de estreia no Brasil, mas Denise Gomes, da BossaNovaFilms, assegura que a biografia vai virar série.

Bate-estaca

Luís Paulo Rosenberg, do marketing do Corinthians, quebrou a cabeça para chegar a alguns números do Itaquerão. Exemplo: serão necessárias na obra, nos próximos cinco meses, 3.200 estacas de 14 metros de altura.

Na frente

A Faap prepara tributo a Arcângelo Ianelli, a partir do dia 13. São 43 obras, da década de 40 até 2003.

Helena Lunardelli está dando consultoria de florismo para a nova série Oscar Freire 279. do Multishow. Prevista para estrear em agosto.

Vem aí mais um evento Paladar - Cozinha do Brasil. Abre amanhã, com coquetel, no Grand Hyatt.

O novo garoto-propaganda do Burger King no Brasil é o carnívoro Anderson Silva.

Dom Odilo Scherer e Michel Schlesinger, rabino, debatem a relação da Igreja Católica com a comunidade judaica. Amanhã, na Hebraica.

Marcelo Bratke quase não ganha o Brazilian International Press Award. O pianista deletou uma série de e-mails dos organizadores. "Pensei que fossem spams", conta.

MERVAL PEREIRA - Ética flexível



Ética flexível
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 27/07/11

Não poderia haver momento mais propício para a discussão da questão ética quanto este que vivemos, a exigir a ação da cidadania, quando o país se vê envolvido em denúncias de corrupção de vários matizes, com agentes públicos os mais diversos arrostando a indignação generalizada da sociedade com atitudes de menosprezo por esse sentimento latente.
O GLOBO recentemente criou uma seção para denúncias de transgressões do dia a dia com o título genérico de "Ilegal, e daí?", para refletir o descaso com que o assunto é tratado por autoridades e cidadãos.
Também Carlos Alberto Sardemberg, na Rádio CBN, criou uma vinheta chamada "Nada de mais", onde registra casos acontecidos em diversos setores das atividades em que os malfeitos são tratados com a naturalidade que os transforma em fatos normais da vida.
Se, no caso do GLOBO, as reportagens refletem mais abusos de poder e usurpação de direitos de terceiros no dia a dia da cidade, a vinheta da CBN se refere majoritariamente a casos políticos, como a Comissão de Ética do Senado, que considerou normal a ameaça de agressão do senador Roberto Requião a um jornalista, de quem expropriou um gravador para rasurar a fita com suas ameaças.
Não bastassem os escândalos diários envolvendo o Ministério dos Transportes, uma novela interminável em que a cada momento surgem novos enredos e vilões, lidamos nos últimos dias com outra questão ética muito própria da nossa cultura patrimonialista: empresas de deputados e senadores que têm negócios com o governo, apesar da proibição expressa da Constituição.
De acordo com o artigo 54 da Constituição, deputados e senadores não podem firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público e ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada.
Anteriormente, o país já havia discutido, sem que se tenha chegado a uma conclusão, a questão da consultoria que Antonio Palocci, quando era deputado federal, prestou a diversas empresas, cujos nomes ele nunca revelou.
Havia a desconfiança de que ele prestara consultoria à Petrobras, o que foi negado, mas, como ele não divulgou a lista de seus clientes, nunca saberemos.
Agora, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, vai investigar as denúncias de fraude em licitações da Petrobras que teriam beneficiado uma empresa do, logo quem, presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), em um contrato de R$300 milhões para contratação de serviços ligados à produção de petróleo e gás no pré-sal da Bacia de Campos.
Mesmo que não houvesse fraude, o simples contrato já seria ilegal. Em outra ponta, descobriu-se que uma empresa do deputado Paulo Maluf recebe cerca de R$1,3 milhão por ano do governo federal pelo aluguel do prédio onde funciona a sede da Procuradoria da Fazenda Nacional, em São Paulo, desde o fim de 2006, quando o contrato foi celebrado com "dispensa de licitação".
Dentro desse clima, a Academia Brasileira de Letras começou ontem um ciclo de conferências, coordenado pela escritora Ana Maria Machado, sob o título de "Ética e cidadania em tempos de transição".
O historiador da USP Boris Fausto, depois de uma breve abordagem genérica sobre a questão ética na vida social e suas raízes históricas na nossa sociedade patrimonialista, analisou mais detidamente o aspecto político do fenômeno, tratando-o com uma ironia proposital a começar pelo título: "A flexibilização da ética, razões específicas do processo brasileiro como lideranças políticas vindas da ditadura militar e o presidencialismo de coalizão".
Boris Fausto recusou-se a considerar que os políticos atuais sejam piores que seus antecessores históricos. Preferiu atribuir a decadência que estamos vivenciando na questão ética a circunstâncias históricas do desenvolvimento do país, como o crescimento avassalador do capitalismo de Estado, fazendo surgir uma nova classe dirigente - identificada originalmente pelo sociólogo Francisco Oliveira - que mistura o poder sindicalista emergente, dominando os fundos de pensão das estatais, e as megaempresas multinacionais.
E a consequente possibilidade de ganhar muito dinheiro também com a prevalência, a exemplo do que ocorre no mundo globalizado, do sistema financeiro.
Boris Fausto chamou a atenção para a naturalização dos desvios éticos, que são explicados ou com desculpas do tipo "sempre foi assim" ou com versões muitas vezes fantasiosas, mas que acabam resolvendo a questão, por mais absurdas que possam parecer.
Nesse ponto, ele chamou a atenção para a gravidade do exemplo dado pelo ex-presidente Lula na crise do mensalão, que tentou desculpar os desvios detectados como se fossem atos corriqueiros dos políticos brasileiros, como o uso do caixa dois em campanhas políticas.
Por ironia, também no mundo a desfaçatez aumentou nestes tempos pós-modernos, quando não há mais lugar a arrependimentos públicos como os antigos haraquiris de autoridades japonesas apanhadas em desvios éticos.
O historiador Boris Fausto encerrou sua palestra elencando uma série de medidas que podem ser adotadas para melhorar o panorama político, como uma reforma política que altere o sistema eleitoral e iniba a infidelidade partidária.
E, sobretudo, uma reforma no sistema judiciário que torne nosso sistema menos sujeito a recursos protelatórios e mais eficiente na punição dos culpados, sem o quê, fica difícil coibir as transgressões.

JAPA GOSTOSA

MARCIA PELTIER - Estado feminino

Estado feminino 
MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 27/07/11

Primeiro estado a assinar o Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, em 2007, o Rio foi escolhido para a comemoração dos cinco anos da Lei Maria da Penha, promulgada em 2006. A ministra Iriny Lopes abrirá o evento para cinco mil pessoas, dia 5, na Fundição Progresso, ao lado dos ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores) e José Eduardo Cardozo (Justiça), além do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes. No local, serão montados postos de atendimento e haverá oficinas educativas durante todo o dia. Beth Carvalho fará o show de encerramento.

Leitura dinâmica

Londres mostra que já está preparada para a multidão que vai visitar a capital inglesa nas Olimpíadas, ano que vem. Dois serviços aceleram a entrada na migração. Uma máquina faz a leitura da íris dos olhos e a pessoa nem precisa mostrar passaporte. Outra máquina escaneia o passaporte enquanto faz a leitura do rosto da pessoa.Para se habilitar a esses dois procedimentos são necessários alguns pré-requisitos. Para leitura da íris, a pessoa deve ser residente no Reino Unido. E para o scanner, portador de passaporte da Comunidade Europeia.

Ressaca brasileira

Dois produtores do filme The Hangover (Se Beber, Não Case) vão desembarcar no Rio no segundo semestre. Virão para conhecer pontos turísticos da cidade, as belas ilhas de Angra e parte da região serrana, como Petropólis e Itaipava. A ideia é conhecer novos lugares para dar sequência ao filme campeão de bilheterias, que deverá chegar a sua terceira edição até 2014. Enquete feita pelos roteiristas do longa, Jon Lucas e Scott Moore, aponta que fãs da obra gostariam de ver despedidas de solteiro, tema central do roteiro, no Brasil ou na Austrália.

Mão dupla 
Em sua primeira viagem além da Europa como ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas se encontra hoje, em Brasília, com o chanceler Antonio Patriota. Entre os assuntos em pauta, a fixação de uma data para a realização da próxima Cimeira Brasil-Portugal, que acontecerá em nosso país, e um provável Ano do Brasil em Portugal e vice-versa já em 2012.

Agenda 

Cristina Kirchner almoça em Brasília, sexta-feira, com a presidente Dilma, em mais uma visita da governante argentina para negociações bilaterais.

Alô, consumidores 
Já não era sem tempo: Búzios terá um Procon para chamar de seu até setembro.

Amizade firme 
O ex-presidente Lula, que virá fazer uma palestra na sexta-feira pela manhã, na Escola Superior de Guerra, na Urca, chegará amanhã à tarde ao Rio. Ele será ciceroneado pelo governador Sérgio Cabral.

Para altas temperaturas 
A alta costura incorporou de vez a tecnologia. A peça ícone da nova coleção de Ermenegildo Zegna — que será apresentada ao cariocas amanhã, no Shopping Leblon — é a Three-D-Jacket. É composta por dois levíssimos tecidos sobrepostos, produzindo efeito gráfico de três dimensões. A face externa da jaqueta foi feita com um véu de algodão transparente aplicado a uma lã especial, criada para o verão com a promessa de não reter calor.

Nocaute 

Nas próximas semanas, o premiado lutador Anderson Spider Silva vai montar seu QG no Rio. Vem para intensificar seus treinos para o UFC 134, um dos eventos mais aguardados pelos torcedores de mixed martial arts que acontece dia 27 de agosto, no HSBC Arena. Com o objetivo de motivar crianças carentes do Vidigal, ele irá treinar na comunidade, onde o ator Malvino Savaldor costuma arriscar alguns golpes. Também vai gravar e fotografar a nova campanha publicitária do Burger King. Spider foi escolhido para ser o novo garoto propaganda da rede de fast food.

Atraso 
Não são apenas os estudantes os afetados pela greve dos professores estaduais da rede pública. A própria mudança da Secretaria de Estado de Educação, do prédio do antigo Banerj para a sede da Procuradoria Geral do Estado, próximo à Praça XV, periga não acontecer por enquanto. Embora a obra já esteja quase finalizada, decidiu-se aguardar um momento mais propício. É que a entrada do prédio fica no nível da rua e facilitaria as invasões dos grevistas, como as que ocorreram na Rua da Ajuda.

Livre Acesso


Hoje, na Livraria da Travessa, do Shopping Leblon, a partir das 19h, lançamento do livro As crônicas inacreditáveis do Emiliano, Leão de Ouro em Cannes este ano na categoria design. A obra comemora os dez anos do hotel paulista, que tem planos de expansão para o Rio.

O consultor Rodrigo Arbex e o professor Renato Meirelles fazem palestra sobre o universo fitness e dificuldades de gestão de academias, amanhã, durante a assembléia da Associação Brasileira das Academias no Città America.

Com inspiração na estética dos circos tradicionais de lona, Zarak Show - As aventuras de Darius e Igor estreia temporada este sábado, no Teatro Sesc Tijuca. A peça infantil é dirigida pelo palhaço, ator e diretor Marcio Libar e tem texto da atriz, dramaturga e roteirista Larissa Câmara.

Estão abertas as inscrições para 10º Congresso Amil de Medicina, que será realizado dia 2 de setembro, das 7h às 19h, no Windsor Barra Hotel, na Barra da Tijuca. As inscrições, gratuitas e limitadas, podem ser feitas pelo site www.amil.com.br/congresso.

De amanhã a sábado, na Serra, o shopping Estação Itaipava promove o evento Sabores do Velho Mundo, com degustações e aulas sobre gastronomia e enologia ministradas por renomados chefs e enólogos. 

O restaurateur e gourmet João Luiz Garcia, o Janjão, é o novo colunista do site do Shopping Leblon.

Com Marcia Bahia, Cristiane Rodrigues, Marcia Arbache e Gabriela Brito