terça-feira, outubro 12, 2010

DORA KRAMER

Manobra radical
DORA KRAMER 
O Estado de S.Paulo - 12/10/10

Na definição de um petista "coordenador", Dilma Rousseff não tinha outro jeito: ou partia para o ataque mostrando capacidade de reação ou ficaria a campanha toda na defensiva, arriscando-se a desmobilizar a tropa de aliados políticos, a desmotivar a militância partidária, a inverter a impressão do favoritismo e a perder eleitores entre aqueles que não querem "perder" o voto.

Nesse aspecto, fez o que tinha de ser feito no debate da Band e fez algo ainda mais proveitoso: produziu boas cenas para o horário eleitoral. Editadas conforme a conveniência do freguês - sem o contraditório do adversário -, "disseram" ao eleitorado que a candidata está indignada com as calúnias que se inventam a seu respeito. De quebra, mistura todos os dizeres no mesmo caldeirão de forma a transformar também as denúncias de violação de sigilo fiscal e corrupção na Casa Civil em "infâmias".

Se o PSDB não souber separar as coisas, verá daqui a pouco Lula e Dilma posando de fracos e oprimidos e José Serra carimbado como o algoz retrógrado, forte e opressor.

Portanto, estritamente sob o ponto de vista da campanha eleitoral, é como disse o petista citado acima: não tinha jeito, era tudo ou nada. O efeito será medido de agora e diante na percepção do eleitorado, com bastante ajuda do horário eleitoral para a maioria que não viu o debate de domingo à noite.

O PT, que achava a campanha ótima no primeiro turno, mudou tudo.

Os tucanos, que ao passarem para a segunda etapa anunciaram mudanças, no que diz respeito ao debate, ficaram na mesma: olímpicos, ignoraram o desempenho do candidato, que teve seus bons momentos de revide: nas respostas sobre privatização - ao falar da alforria telefônica no Brasil e ao aludir à "privatização" do patrimônio público via aparelhamento, vide a família de Erenice - e na comparação de apoios: Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco x Fernando Collor e José Sarney.

Dilma aparentemente saiu das cordas em que caiu desde o abatimento decorrente do resultado do primeiro turno. Só que foi obrigada a se despir do modelo amável, sorridente e terno que vestiu na campanha e ficou mais próxima do natural.

O resultado precisa ser analisado sob dois pontos de vista diferentes. Visto do estúdio o desempenho pecava só na confusão do conteúdo: pouco familiarizada com a objetividade, Dilma não conclui raciocínios e nem sempre informa a quem ouve sobre o que está falando.

Visto depois pela tela da televisão, pecava principalmente pela deselegância dos gestos e pela figura hostil. Ficou exposta a construção da Dilma amável, que de agora em diante não tem mais como não conviver com a Dilma verdade, reforçando o discurso das "duas caras" feito pelo adversário.

O carimbo das "mil caras" que tentou imputar a Serra ficou frágil por falta de exemplos concretos e inteligíveis para sustentar o tipo.

Se as pesquisas qualitativas do PT indicarem que o eleitorado gostou do modelo, Dilma tenderá a mantê-lo no dia a dia e nos próximos debates. Arrisca-se, porém, a se tornar agressiva em excesso (note-se o que aconteceu com Lula) e a liberar o adversário para revides mais duros, o que é sempre perigoso face ao passivo acumulado pelo governo Lula.

Baliza. A dosagem da participação do presidente Lula na campanha de Dilma ainda não é questão fechada no PT: há os que acham que deve ser comedida e os que alegam que se Lula não entrar "de sola" a candidata não segura a possibilidade da vitória.

A decisão será tomada de acordo com a indicação dos primeiros 15 dias de campanha. A ideia de deixar Dilma mais "solta", sem muitos artifícios, tampouco é consensual.

Melhorou. O formato do debate da Band agora funcionou muito melhor que qualquer outro do primeiro turno. Os próximos terão de seguir o modelo, mas se os candidatos voltarem à defensiva fica aborrecido de novo.

ARNALDO JABOR

Outra vez com sentimento
ARNALDO JABOR 
O Estado de S.Paulo

"Muito bonito, hein, madame? A senhora me apronta uma dessas, justamente depois de tudo que eu fiz? Pusemos uma equipe de técnicos em make-over, em embelezamento, a bicha te fez um penteado de galo imperial, gastamos um granão em botox, em treinamentos de sorrisos, em ritmo de falas e a senhora me apronta uma dessas, sem ao menos me avisar de que havia o perigo na área daquela caricatura de burocrata que a senhora me empurrou na Casa Civil? A senhora não sabia que aquela família estava aparelhada lá dentro, filhinhos, genrinhos, etc.? Aí, vem aquela lambisgoia do Acre, com sua carinha de índia aculturada, e me ganha a parada, logo depois de eu ter berrado na televisão contra os ratos da imprensa, essa cambada de mentirosos que teimam em mostrar verdades num mundo como o de hoje, dominado pelas versões? E vem aquela candanga seringueira f*&der tudo, dando chance a uma nova eleição? É justo isso comigo? Eu que sou uma vitória do proletariado, eu que tenho devotos, eu que sou quase um círio de Nazaré? E os meus 80 % de Ibope, é merda, isso? Não vale nada? E a senhora levanta para ela cortar com aquele papo na TV dizendo há uns meses que é a favor do aborto? Você está pensando que fala com quem? Com aqueles babacas intelectuais que te acham uma "revolucionária"? Não. A senhora tem de falar como eu, para idiotas, para gente que acha que dossiê é um doce, para gente que me obedece, e você abre para os padres te esculacharem porque você é a favor do aborto? Tá tudo no YouTube, não adianta desmentir não, que é pior. Lembra quando aquela minha ex-mulher disse que eu tinha tentado obrigar ela a abortar? Perdi tudo, e aí tu me dá uma dessas? Eu só te escolhi porque a senhora é mulher e era obediente, "tarefeira", tipo: "Vai pichar parede!..." Você ia. "Vai panfletar!" Obedecia... Eu devia estar no Irã beijando o aiatolá, se não a senhora não falava aquilo!

Outra coisa: como vocês, comunistas, são incompetentes!... Oito anos e o PAC está essa bosta, com apenas 15 % feito? Sou obrigado a inaugurar placas e aeroportos duas vezes?

Olhe-se no espelho... a senhora pensa que algum jovem vai achar que a senhora é leve e solta, descolada, legal? Tem que sorrir, juvenilmente, como eu... Vamos lá, sorria! Não é assim, não. Olha aqui; eu sou um grande ator e alquimista, ah, ah, pois eu transformo merda em ouro... A senhora não tem minhas covinhas, meu riso franco e puro... Tem de melhorar muito; a senhora tem de ficar mais "riponga", mais moderna... Muda essas roupas caretas; por que não compra aquelas batas que a Mercedes Sosa usava? Batas indianas, de batik... E quando falar para os jovens, use umas palavras mais "da hora", pode fazer uns trejeitos meio punks e falar moderninho assim: "Aí, galera jovem, vamos fazer um governo "irado", na boa, f*&..dão!" Se a senhora pudesse emagrecer... Mas, não dá mais tempo...E não ponha mais botox! Veja o que aconteceu com minha mulher...

Chama aquele babaca do seu marqueteiro pra te treinar direito... e não diz que adora música brega não - só no sertão, no Nordeste... Diga aos jovens - como é o nome? - ah... diga: "Nos anos 90, eu adorava o Clash!" Isso.

Outra coisa: não faça carinhas de cristã, entre evangélicos e católicos. Não dá uma de Madre Tereza de Calcutá que nego saca que é chinfra... Todo mundo sabe que você acha a religião "o ópio do povo", não é isso que o teu mestre falou?... E mais: se o adversário diz que vai aumentar o mínimo para R$ 600, diz que joga para mil, porra! Pode dizer que depois se vê...

Aprenda o meu truque, sua canastrona; a senhora tem de fazer uma carinha de "vítima", como eu faço, não importa por quê. O povão adora que a gente reclame "daszelites", como o Jânio fazia - "vítima" de algo... Até o Hitler fingia que era vítima do mundo todo...

Por sua causa e desses marqueteiros de araque, eu vou ter de ficar de molho uns dias, feito um tatu no Alvorada, até esquecerem o que eu disse... Aprende comigo, porra! Povão gosta de sinceridade, mesmo falsa. Mas tem de fazer direito, se não, percebem... Eles pensam que eu é que fiz o Plano Real, que eu mandei a economia mundial vir para cá, eles pensam que você é minha mulher. Deixa pensar... pode dizer que é minha mulher mesmo - (a outra até ficou com ciúme...)

E agora? Como é que a senhora ainda me deixa aparecer outra "erenicezinha", como? Quem é essa moça que você chama de "tupamara" que era sua amiga, que você contratou e que logo, logo entregou R$ 14 milhões para uma firma sem licitação? Já está aí nas revistas desses canalhas da imprensa que teimam em mostrar roubalheiras... Será que vou ter de sumir de novo, para não me confundirem com vocês? Será possível que vocês "aloprados" não podem ficar quietos nunca? Porra!

- Mas, presidente, o senhor também pisou na bola berrando demais contra a imprensa...

- Cale-se! Não fala assim comigo! Eu não erro... Eu estava me esgoelando na TV para tapar as cag**das que vocês fizeram!

Ai, que saudades da rainha Elizabeth... Beijei a mão dela, lembro do cheiro da mão... Eu até segredei para minha mulher: "Viu só, mãezinha? Êta nós aqui, hein?" Os europeus todos me puxando o saco, mas até isso acabou, porque fui obedecer vocês comunas burros e acabei beijando aquela bicha do Irã... Agora, não sou mais o cara do Obama, que nem quer ver a minha cara... Pode?

Eu estava curtindo tanto o poder. Chegava a dormir abraçado comigo mesmo, sonhando e beijando-me a mim mesmo: "Eu me amo, eu me amo..."

Agora, só tenho pesadelos - sonho que estou de volta ao ABC, num torno mecânico... Vocês cortaram minha onda!...

- Mas, e eu, presidente, eu, quem sou eu?

- Você?

- Sim, por favor; diga: quem sou eu?

- Você de antes ou de agora?

- Agora, presidente!

- Bem, você era uma soviética como esses aí... Agora, tem de começar sendo atriz...

Vamos lá... De novo: sorria mais descoladamente... Não. De novo... Mais uma vez, com sentimento, diz: "Nunca antes no Brasil..." Repete." 

GOSTOSA

JOSÉ SIMÃO

Ueba! Dilma partiu pro pau!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 12/10/10


E quem é a favor da descriminalização do aborto vota em quem? No bicho-papão, no curupira



Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O Esculhambador Geral da República! Datena Urgente! Prenderam o fugitivo! Interrogatório na delegacia: "você é contra ou a favor do aborto?". Rarará!
E todos para Aparecida! Dilma ontem na missa das 9h. Serra hoje na missa das 10h. E na missa das 11h: Lady Gaga e Paris Hilton.
E o Serra? Vampiro em Aparecida?! Ele não tem medo de crucifixo? Não, o crucifixo é que tem medo dele! Se o padre jogar água benta no vampiro, a Dilma ganha por WO!
E diz que a Dilma deu uma voadora no padre! Rarará! E eu não queria ver os candidatos comungando. Eu queria ver os candidatos CONFESSANDO! E olha a promessa dum candidato em Aparecida: "Para incrementar o turismo local vou trazer um ator global tipo Tiago Lacerda pra ser crucificado na Semana Santa". Adorei essa promessa: crucificar o Tiago Lacerda! Rarará!
E como diz a Madonna: "a melhor religião do mundo é a católica, você apronta, apronta, aí confessa e faz tudo de novo". E os dois poderiam almoçar juntos na Churrascaria e Choperia Santuário dos Apóstolos. Que nome! E uma amiga pergunta: "Será que quem não foi batizado vai poder votar?". Rarará!
UEBA! A DILMA PARTIU PRO PAU! DEBATE BOCA! Adorei o debate boca da Band! A Dilma debateu no Serra!
E o Serra é uma cobra com cara de Nossa Senhora! A Dilma pegou o Serra de surpresa. Tipo emboscada! E o Serra diz que a Dilma tem duas caras. Então porque ela tá usando justo essa? A outra é pior ainda? E a Dilma diz que o Serra tem mil caras. Nãããão! Mil caras do Serra é espalhar o terror pelo Brasil.
E o Serra vai privatizar o pré-sal. Por que causa hipertensão! Rarará! E a Dilma vai estatizar a Erenice! E um cara escreveu no Twitter: "Imagine se um deles arrotar, o que os evangélicos vão fazer?!". Rarará!
E a Dilma decorou o dicionário antes do debate. Só falou em "tergiversar". E o Serra só fala duas palavras: "trololó" e "ti-ti-ti"!
Em defesa de Dilma e de Serra. A Dilma foi agressiva porque mulher não pode mais apanhar calada! E o Serra fez duas coisas fundamentais para a vida: coquetel da Aids e genéricos. E quem é a favor da descriminalização do aborto vota em quem? No bicho-papão, no curupira, no cão, no coisa ruim. Ou se muda pra Europa. Rarará! Deus! Ó Deus! Adeus!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

MERVAL PEREIRA



Tática arriscada 
Merval Pereira
O GLOBO - 12/10/10



O que mais chamou a atenção no primeiro debate do segundo turno foi a mudança de atitude da candidata Dilma Rousseff, que atuou como se estivesse atrás nas pesquisas eleitorais, como se estivesse perdendo a eleição. Foi de uma agressividade nunca vista antes nesta campanha, gastou toda a munição que tinha logo no primeiro debate, fez todas as acusações possíveis contra o PSDB.

Levou para o debate todas as denúncias que apareceram nos últimos anos: privatizações, comparações com o governo de Fernando Henrique Cardoso, acusou a campanha de Serra de estar se utilizando de métodos da baixa política para espalhar boatos a seu respeito através da internet.

Uma tática arriscada que pode não dar bom resultado junto à média do eleitorado, embora tenha passado uma imagem de decisão para sua militância interna e para o seu eleitorado, e pelas análises petistas essa nova atitude vai animar a campanha, levantando o ânimo de quem estava abalado - inclusive a própria Dilma - pela frustração de não ter conseguido faturar a eleição já no primeiro turno.

Foi claramente uma estratégia de marketing orquestrada por João Santana, com a intenção de cortar todos os boatos que estão atrapalhando sua campanha, culpar o adversário pelo que considera calúnias que estão sendo espalhadas pela rede de computadores, e sair como se estivesse defendendo a sua honra, como vítima de uma armação política do "baixo mundo", como classificou.

Para o candidato José Serra havia uma dificuldade adicional: ele não poderia ser agressivo, nem mesmo em resposta a uma acusação, pois enfrentava uma mulher.

O grande problema de Dilma Rousseff em relação à questão do aborto é que ela realmente se declarou a favor da descriminação em entrevistas, inclusive gravadas, cujos filmes estão no YouTube.

Ontem mesmo o arcebispo de João Pessoa, Dom Aldo Pagotto, colocou no ar uma declaração de 15 minutos em que pede que os católicos não votem na candidata do PT.

O arcebispo acusa até mesmo o presidente Lula de ter tentado enganar os bispos reunidos na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), enviando uma carta de próprio punho na qual se comprometia a não apoiar qualquer medida a favor da descriminação do aborto e, meses depois, enviar ao Congresso um projeto nesse sentido.

Mesmo que pessoalmente a candidata Dilma Rousseff se declare agora contra o aborto e a favor da vida, restaria, além da sua própria incoerência, a posição oficial do PT, que até mesmo puniu em 2008 os deputados petistas Luiz Bassuma e Henrique Afonso, acusados de terem ferido a ética do partido, após se oporem à aprovação de um projeto de lei que legalizaria o aborto.

O episódio é lembrado pelo arcebispo na sua declaração no YouTube como demonstração de que o partido tem na descriminação do aborto um projeto prioritário.

Aliás, esse mal-estar já havia surgido na mais recente visita do Papa Bento XVI ao Brasil, quando o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, teve a infelicidade de defender um plebiscito sobre a descriminação do aborto justamente na véspera de sua chegada ao país.

Já na ocasião a oposição tomou para si a bandeira contrária e obrigou o presidente Lula a se manifestar formalmente sobre o tema.

Dizendo-se contra o aborto como cidadão e católico, mas como político admitindo discutir "uma questão de saúde pública", Lula tentava não ter que assumir posição num debate polêmico.

O governador do Rio, Sérgio Cabral, do mesmo PMDB que Temporão, defendera o aborto dentro de uma discussão mais ampla sobre violência urbana.

Na ocasião, a direção nacional do PMDB desautorizou a posição de dois de seus mais eminentes filiados.

Mas mesmo que o assunto mais palpitante da noite tenha sido o bate-boca em torno de temas como o aborto, o debate da Bandeirantes proporcionou bons momentos para que os dois candidatos abordassem temas que mais diretamente dizem respeito ao cotidiano dos eleitores: infraestrutura, educação, saúde.

O aborto não pode se transformar na grande questão nacional, porque ele não tem essa prioridade toda, embora seja um tema que envolve paixões e crenças em todos os países em que é discutido, especialmente em sociedades como a brasileira, que é muito religiosa e conservadora.

Além do mais, a pesquisa do Datafolha mostrou que o debate sobre o aborto não teve tanta importância na perda de pontos da candidata oficial na reta final da eleição, corroborando as análises do cientista político Cesar Romero Jacob, da PUC do Rio, registradas aqui no fim de semana.

O que pesou mais na mudança de votos dos que saíram da Dilma e foram para Serra ou Marina, ou mesmo continuam indecisos, foram as denúncias de corrupção na gestão da ex-ministra Erenice Guerra no Gabinete Civil.

E o que pode atingir Dilma é o fato de querer dissimular sua verdadeira posição.

Na verdade, o que está afetando o eleitor é a discussão de valores morais e éticos, uma questão básica na campanha política. No mensalão em 2005 aconteceu assim, no episódio dos "aloprados" de 2006 a mesma coisa, e nesta eleição a tendência tem sido a mesma.

Toda vez que esses valores são desrespeitados pelo governo, o eleitorado reage e rejeita.

Na coluna de domingo afirmei, equivocadamente, que o Partido Verde só elegera Alfredo Sirkis deputado federal no Rio, quando na verdade outro candidato, o dr. Aloisio, ex-candidato a prefeito de Macaé, foi o mais votado do partido com 95 mil votos.

Nacionalmente, o PV elegera 13 deputados federais em 2006 e agora elegeu 15. No Rio, havia elegido um estadual e um federal em 2006, e passaram a ser dois de cada este ano.

Nacionalmente, os 34 deputados estaduais em 2006 passaram para 37. Houve, segundo Sirkis, "um modesto progresso".

Segundo ele, o PV acompanhou precariamente a performance de Marina, da mesma forma que o PT acompanhou apenas precariamente a de Lula em 1989.

SERRA PRESIDENTE

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Terapia de choque
RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 12/10/10

Integrantes do comando da campanha de Dilma Rousseff reconhecem que dificilmente a petista atraiu eleitores indecisos e/ou do espólio de Marina Silva (PV) com a performance agressiva no debate da Band. Argumentam que o objetivo não era esse, e sim injetar ânimo na parcela já decidida por Dilma, o que ajudaria a estancar a redução da vantagem sobre José Serra.
Embora afirmem que o desempenho da candidata obteve aprovação nos grupos monitorados em pesquisas internas, os dilmistas cuidam de dizer também que foi remédio de dose única -não se repetirá em outros debates e tampouco aparecerá por dias a fio, em versão editada, no programa de TV. A conferir.


Motosserra Já o PSDB aposta que Dilma não só negligenciou o eleitorado da candidata verde, fiel da balança neste segundo turno, como também o assustou: "Ela foi de metralhadora pra cima dos 'marineiros'".

Uma coisa... O QG dilmista passou boa parte da segunda-feira dedicado à tarefa de tentar desfazer qualquer paralelo entre o dia de fúria da candidata e a malfadada ofensiva de Geraldo Alckmin (PSDB) sobre Lula no primeiro debate do segundo turno de 2006.

...outra coisa Alckmin, alega um dos coordenadores da campanha de Dilma, investiu contra "um presidente da República e um líder popular". E ela? "Ah, agora foi Lei Maria da Penha".

Noiva vingativa Comentário colhido no Twitter durante o debate da Band: "Adorei a Dilma Kill Bill".

Pra mim deu Em reunião da coordenação do governo, ontem, Lula disse que não assistiu ao debate. Segundo o presidente, seu dia acabou depois de acompanhar pela televisão a derrota do Corinthians por 4 a 3, resultado que derrubou o técnico e comprometeu seriamente as chances do time no Campeonato Brasileiro.

Corta! Não foi apenas no ar que Serra acusou Dilma de fazer um debate sob medida para utilizar na propaganda. Nos intervalos, mais de uma vez o tucano insistiu com os assessores: "Ela está claramente instruída para ilustrar o programa de TV. Isso vai ser usado com edição!".

Desmatado O debate forneceu argumento aos aliados que advogam a neutralidade de Marina no segundo turno. Em duas horas no ar, Dilma e Serra passaram ao largo da agenda da sustentabilidade. "Lamentável. A única coisa verde era a gravata do Alckmin na plateia", protesta um "marineiro".

Chance perdida Hoje cortejado pelos tucanos, o vice de Marina, Guilherme Leal, foi esnobado por Serra na inauguração da Casa de Minas, no final de 2009 em São Paulo. Na ocasião, o dono da Natura pediu para conversar com o então pré-candidato, mas este, envolvido com outras preocupações, não quis saber de papo.

Chamada Entre os candidatos apoiadores de Dilma derrotados na eleição para o governo de São Paulo, somente Celso Russomanno (PP) compareceu ao estúdio na noite de domingo. Um alckmista presente não resistiu à piada: "Diziam que era perseguição nossa, mas vocês estão vendo: mais uma vez o Mercadante faltou..."

Em campo Com a aliança PT-PMDB aos cacos em Minas, o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), foi escalado para ajudar a campanha de Dilma procurando lideranças do interior. O objetivo é evitar migração de votos para Serra.

com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio

"A propaganda do PT ontem parecia transmissão de jogo de basquete na Coreia do Norte: só o time coreano faz cesta."
DO DEPUTADO JUTAHY JÚNIOR (PSDB-BA), sobre a edição do debate da Band levada ao ar no programa eleitoral de Dilma Rousseff.

contraponto

Esqueceram de mim


Em meio à ofensiva de Dilma Rousseff na Band, José Serra cuidou de lembrar elogios que dois petistas graúdos fizeram, no passado, ao governo FHC -José Eduardo Dutra à gestão da Petrobras, e Antonio Palocci à política econômica. Ao lado do marqueteiro João Santana, eles assessoravam a candidata no debate.
Quando, no intervalo, os repórteres perguntaram a Palocci o que ele tinha a dizer sobre o comentário do tucano, o ex-ministro da Fazenda saiu-se com esta:
-Olha, só me resta pedir ao Serra que cite também o João. Ele está se sentindo desprestigiado...

MARCO ANTONIO VILLA

Apareceu a oposição
MARCO ANTONIO VILLA
o Globo - 12/10/10



A campanha presidencial finalmente começou. Acabou a pasmaceira do primeiro turno. Agora é um combate franco entre duas propostas para o futuro do Brasil. O formato do debate do último domingo facilitou o confronto entre os candidatos. Algumas vezes, porém, pode até ter prejudicado a ampliação do leque dos temas a serem discutidos. Em alguns momentos, o programa ficou monotemático, ora a discussão era sobre a privatização, ora sobre o aborto. Os organizadores poderiam ter sugerido em cada bloco uma questão inicial para ser debatida entre os candidatos, deixando o restante do tempo livre para as perguntas entre eles. Dessa forma, os temas não contemplados acabariam sendo abordados e seria ampliado o leque de propostas discutidas.

Mesmo assim foi o melhor debate da eleição. Os ataques de parte a parte são absolutamente naturais. Eleição precisa ter situação e oposição. É uma obviedade, porém, no Brasil, dado o domínio exercido pelo PT e especialmente pelo presidente Lula, criticar o governo foi considerado algo temerário, perigoso. Temerário devido à popularidade de Lula, que foi superestimada pelos institutos de pesquisa. Se é exequível supor que o presidente é popular, é inimaginável que somente 4% da população achem ruim ou sofrível o governo.

Perigoso pois a crítica foi considerada um comportamento inadequado e que desagradaria ao eleitor. Ledo engano, como vimos após a abertura das urnas.

Com a finalização da disputa para os governos estaduais, nos maiores colégios eleitorais, a eleição presidencial acabou ficando solteira, independentemente das divergências regionais.

E isto é bom, pois valoriza os programas dos presidenciáveis e permitirá uma escolha mais ponderada por parte dos eleitores. Presidente não será somente mais uma escolha na cédula eletrônica: é a única na maioria dos estados.

Dessa forma o pleito acabou adquirindo autonomia e permitindo um reposicionamento dos eleitores. Isto pode favorecer o candidato José Serra, pois diminui o rolo compressor imposto pelo governo federal nos estados mais dependentes da União. Além disso, dificilmente o PMDB de Minas Gerais, Bahia ou Rio Grande do Sul vai fazer uma campanha entusiástica em defesa de Dilma Rousseff. As marcas e as mágoas da derrota são recentes e a neutralidade pode ser uma resposta.

Afinal, no cotidiano da pequena política, o que conta mesmo são as divergências regionais.

Foi necessário um recado explícito dos eleitores - afinal, a maioria dos votos, na eleição presidencial, foi para a oposição - para que ficasse claro que há um considerável espaço para o crescimento de uma candidatura oposicionista. Uma coisa é a avaliação do presidente, outra é a candidatura Dilma. Não há uma relação de absoluta transferência de votos de Lula para a sua candidata.

E seria um caso raríssimo na política mundial: um presidente, mesmo que bem avaliado, eleger uma quase desconhecida no cenário nacional, com a maioria absoluta dos votos, em um só turno.

O discurso lulista foi tão eficaz que pareceu uma surpresa o resultado da eleição do último dia 3. Tudo dava a entender que haveria somente um ato formal, meramente homologatório, do que já se sabia: Dilma seria a presidente do Brasil com uma votação consagradora. Muitos analistas - basta reler os jornais da última semana anterior à eleição - não só apontavam a fácil vitória de Dilma como já discutiam a composição do Ministério.

Agora estamos em um novo momento.

A eleição está indefinida. Somente o receio da derrota pode explicar a virulência de Dilma, no último debate, e a guerra estabelecida na internet. A empáfia foi substituída pela ameaça. E nos próximos 19 dias a campanha vai aumentar a temperatura como nunca na história deste país.

Tudo indica que Lula - que abandonou as funções presidenciais no último mês - percorrerá os principais colégios eleitorais do país, até às vésperas da eleição, intimidando, amedrontando a oposição e desenhando um cenário catastrófico para o país, caso Serra vença. Em cada discurso vai preparar as "deixas" para Dilma. Ele fará o trabalho considerado sujo e ela será encarregada de dar os arremates. Tudo o que não deveria fazer um chefe de Estado. Mas faz muito tempo que ele abandonou suas funções constitucionais para ser simplesmente o maior dirigente da campanha de Dilma.

Uma pergunta que fica é se o encanto do povo brasileiro com Lula está dando os primeiros sinais de esgotamento.

Sem ir para outros terrenos, na política o encantamento também tem prazo de validade.



MARCO ANTONIO VILLA é historiador.

GOSTOSA

MÔNICA BERGAMO

A MULTICOLORIDA NINA
MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SÃO PAULO - 12/10/10

Nina Becker, da Orquestra Imperial, estreia seu novo show em SP na quinta e na sexta no teatro do Sesc Pompeia, com participação de Nelson Jacobina. No repertório da cantora, as músicas dos discos "Azul" e "Vermelho". Os dois trabalhos têm composições suas e letras de Jorge Mautner, Nuno Ramos e Moreno Veloso. "Como artista independente, não vi motivo para guardar um disco na gaveta. Achei melhor lançar os dois logo, já que já tenho músicas para fazer um terceiro."

EM BUSCA DO VOTO
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) fará nova campanha publicitária para incentivar os eleitores a irem às urnas no segundo turno. A abstenção neste ano chegou a 18,07%, maior do que a de 2006 (16,7%) e a de 2002 (17,7%).

CARTEIRA
Informações dos tribunais regionais, no entanto, tranquilizaram a corte: o temor de que os eleitores não entendessem direito que documento apresentar para votar não se confirmou.
A maioria das pessoas levou dois documentos para a boca da urna.

TÔ FORA
A campanha de Dilma Rousseff (PT) tentou puxar o presidente Lula para a "guerra santa" da campanha eleitoral. Tentavam até ontem convencê-lo a ir a Aparecida hoje, dia da Padroeira do Brasil, para estragar a visita já programada de José Serra (PSDB) e do governador eleito Geraldo Alckmin à Basílica. Até ontem, Lula resistia.

LUAR DO MEU SERTÃO
Lideranças do PSDB contabilizam como certos os apoios do Partido Verde ao tucano José Serra em três Estados do Nordeste: Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.

TUDO OU NADA
E coordenadores da campanha de Dilma, em especial Antonio Palocci Filho, estavam inseguros pouco antes do debate da Band.
Sabiam que, ao adotar tom mais agressivo, a candidata poderia desagradar parte do eleitorado, mergulhando a campanha numa crise. A decisão, no entanto, foi de correr o risco. As próximas pesquisas de intenção de voto vão mostrar se valeu a pena.

NADA A VER
Publicitário que já participou de mais de cem campanhas analisa as diferenças entre o estilo agressivo de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) contra Lula, no primeiro debate do segundo turno de 2006, e o tom de Dilma contra Serra: Alckmin era o "bom moço" e mudou bruscamente, indo sem motivo para a jugular de um adversário que já estava "sob ataque" (Lula). Dilma já tem jeito brigão. E posa de personagem "sob ataque" que age em legítima defesa. "São situações totalmente diferentes", diz o profissional.

TCHAU E BÊNÇÃO
Repórteres que estavam no estúdio da Band procuraram o senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) para comentar a citação que Dilma fez de seu amigo Paulo Vieira de Souza, o "Paulo Preto", ex-diretor da Dersa acusado de supostamente ter arrecadado R$ 4 milhões num caixa dois.
Aloysio Nunes tinha ido embora do debate antes do intervalo.

ALTA ROTATIVIDADE
O longa "Cilada.Com", com Bruno Mazzeo como protagonista e José Alvarenga na direção, contará com mais de 60 participações especiais. Dani Calabresa, Luís Miranda, Carol Castro e Marcos Caruso são alguns dos atores convidados que estarão nas filmagens ao longo deste mês, no Rio.

CHORA, SANFONA
O instrumentista italiano Mirco Patarini será um dos convidados do 2º Festival Internacional da Sanfona, que acontece em Juazeiro e Petrolina em novembro.

JANTAR SUSTENTÁVEL

Mastrangelo Reino/Folhapress

Eduardo Fischer

Eduardo Fischer, organizador do festival SWU (Starts With You), que aconteceu em uma fazenda em Itu até ontem, promoveu um jantar em seu apartamento na Vila Nova Conceição para alguns palestrantes do Fórum Global de Sustentabilidade. Entre os convidados, o músico Marcelo Yuka e a apresentadora Renata Simões.


CURTO-CIRCUITO

Bibi Ferreira faz amanhã, às 21h, única apresentação de seu show "De Pixinguinha a Noel, Passando por Gardel", no teatro Bradesco. Classificação etária: dez anos.

A peça infantil "O Vaso Vazio", com trilha sonora de Zé e Paulo Tatit, estreia hoje, às 12h, no Sesc Pompeia. Classificação etária: livre.

A ESPM recebe até amanhã votos de internautas para o 6º Prêmio Renato Castelo Branco de Responsabilidade Social na Propaganda, no site http://premiorenatocastelobranco.espm.br.

O hospital São Camilo abriu inscrições para seu primeiro congresso internacional, sobre emergências clínicas e cirúrgicas, que acontecerá de 11 a 13 de novembro.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

BESTA QUADRADA

MÍRIAM LEITÃO


Temas errados 
MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 12/10/10 

O debate da Band foi quente, como os jornalistas gostam, não necessariamente o eleitor. Como isso vira intenção de voto é ciência que ninguém domina. Há a ideia de que agressividade, como a que Dilma exibiu, perde votos. Pode ser lenda urbana. Os temas dominantes não deveriam ser os que foram. Privatização, por ser matéria vencida.
Aborto é sério demais para leviandades.
Quem tratou bem o tema do aborto foi O GLOBO no domingo: 200 mulheres mortas por ano, 183 mil curetagens no SUS. É hipocrisia não reconhecer que é uma questão de saúde pública e que é preciso ter políticas públicas para evitar o pior: reduzir os abortos e os riscos para a mulher.
Tudo é trágico nesse assunto. O ideal é evitar a gravidez indesejada. Mas nada é simples.
Na saída do debate da TV Globo, no primeiro turno, Marina me disse por que não tocou no tema: - Eu tenho minhas convicções sobre o assunto e não quero impô-las. O que me espanta são as opiniões convenientes, mas esse é um Estado laico e o assunto só pode ser decidido pela sociedade. Não quero fazer guerra santa com isso.
As pessoas podem ser contra ou a favor, mas não se pode negar que a maneira arriscada de fazer aborto é o drama das mulheres pobres. Um ex-ministro da Saúde como José Serra não pode fechar os olhos: tem que ter uma solução e não uma visão moralista.
Quando Dilma falou em "descriminalizar" estava tendo a coragem de ser sincera.
Depois passou a encobrir o que pensa. Cedeu a uma visão conservadora que impede que as autoridades de saúde do Brasil encontrem soluções que reduzam os casos e protejam a mulher. Dilma passou a acusar Serra de, ao regulamentar a lei atual, ter feito algo errado. Deu uma volta de 180 graus no que pensa, por razões eleitorais.
No Brasil, mesmo em caso de feto com anencefalia uma mulher foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal a carregar no corpo a dor de gerar um filho sem chance alguma. Os ministros não pensaram na mulher, sua vida e sua dor.
Aborto é tema doloroso e complexo. Não serve para os palanques.
Dilma tentou de novo o truque de campanhas anteriores: demonizar a privatização.
Ela foi boa e modernizou o Brasil. Em 1992, só 19% das casas tinham telefone; hoje, o fixo ou o celular estão em 84% dos domicílios. Para usar uma imagem que está sendo explorada na campanha do PT: antes da privatização, telefone era coisa de rico; depois, passou a ser um serviço que os pobres têm acesso. O Brasil ficou mais eficiente quando as siderúrgicas deixaram de ser estatais. A Vale cresceu e passou a pagar mais impostos.
A lei que quebrou o monopólio do petróleo permitiu que a Petrobras tivesse parceiros internacionais, crescesse, aumentasse suas reservas. Nunca foi proposta a privatização da Petrobras. O que o governo Fernando Henrique fez foi vender ações para os trabalhadores através do FGTS e isso foi bom para a empresa, o país e os trabalhadores. A maneira confusa como foi feita a capitalização e o excesso de politização da Petrobras estão derrubando o valor da companhia. Ela já valeu US$ 310 bilhões e agora vale US$ 215 bi. Dilma quer usar politicamente um risco inexistente.
Faltou discutir programa, mas nenhum dos dois tem programa. Dilma apresentou ao TSE versões de um documento partidário em que cada texto corrigia ou negava o anterior. Serra entregou um texto que era um corte-cola de discursos feitos por ele. O país tem muitos problemas e os que o governaram nos últimos 16 anos têm experiência suficiente, sabem o que dá certo e o que dá errado; o que foi feito e o que falta fazer.
Ambos acertaram ao responder à pergunta de Ricardo Boechat: Serra apontou a educação como o assunto principal a ser enfrentado nos próximos anos; Dilma apontou a erradicação da pobreza e o aumento da inclusão social.
Os dois temas se encontram.
A estabilização da moeda feita pelos dois presidentes que apóiam José Serra - Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso - permitiu o começo da inclusão de pobres à classe média.
Os programas de transferência de renda do presidente Lula aumentaram a inclusão.
Mas sem uma educação de qualidade para os pobres o Brasil pode perder sua grande chance. O governo Fernando Henrique deu um salto extraordinário: universalizou o ensino fundamental. O passo seguinte era o ensino médio, não foi feito no governo Lula. O governo atual expandiu a universidade pública que atende apenas um quarto dos universitários, fez o Prouni, mas fez pouco pelo fundamental e médio. As metas do Ideb para 2021 são de que a escola pública chegará ao nível que a escola privada tinha em 2005. Meta medíocre.
A arrancada é urgente, os programas precisam ser sólidos e ambiciosos.
O debate teve alguns momentos de franqueza, o que é bom; mas houve momentos em que os candidatos, Dilma principalmente, usaram cifras, siglas ou palavras de significado pouco compreensível. Dilma se colocou como vítima de maledicência e ataques, mas essa sempre foi a tática de seus aliados contra adversários.
Ela quis levantar a militância. Ele quis passar serenidade. O tempo dirá quem acertou.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Bancos lideram ranking de cartões não solicitados
MARIA CRISTINA FRIAS

FOLHA DE SÃO PAULO - 12/10/10

O número de reclamações por envio de cartão de crédito não solicitado nos Procons chegou a 562 no primeiro semestre deste ano, segundo levantamento feito pelo Sindec (Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor) a pedido da coluna.
A maioria dos registros, segundo instituições criticadas, se deve à substituição de cartões pelo término do prazo de validade, mudança de bandeira (no caso de aquisições de bancos) ou troca para cartões com chip.
"Por causa da mudança na cor ou no logo, o consumidor pode ter a impressão de receber algo que não pediu", diz Marcelo Orticelli, diretor de qualidade do Itaú Unibanco.
A instituição lidera o ranking, com 142 casos ou 25,3% das incidências. O banco emite, em média, 10 milhões de cartões a cada semestre.
"Não poderia haver reclamação por envio de cartão de crédito (produto ou serviço), diz Renata Reis, do Procon-SP. "As empresas deveriam contatar o consumidor antes, para evitar problemas."
"Enviamos cartas, mas as pessoas não leem. Precisamos chamar a atenção, talvez com o uso do "call center'", diz Denilson Molina, diretor do Banco do Brasil.
O mesmo cenário é apontado pelo Citibank e pelo Santander. Os bancos afirmam investir em novas e mais eficazes formas de comunicação com clientes.
O Bradesco, segundo lugar no ranking, informa que tomará medidas para eliminar os casos. BMG, Cetelem e Carrefour (rede varejista) afirmam atender às reclamações. Caixa Econômica Federal e Panamericano não responderam.

Índice Dow Jones de Sustentabilidade dá nota mais alta para banco brasileiro

Ainda em processo de incorporação, o Itaú Unibanco teve sua avaliação elevada no Índice Dow Jones de Sustentabilidade. No quesito desenvolvimento de capital humano, a instituição obteve nota máxima. Único banco da América Latina a fazer parte do indicador há 11 anos consecutivos, o Itaú Unibanco viu sua nota saltar de 73 para 81, de 2005 para cá.
"Estamos bem acima das notas médias do setor nas três avaliações, econômica, ambiental e social", disse, de Nova York, Ricardo Marino, vice-presidente da área de pessoas. Marino participa de reunião do conselho consultivo do banco que tem Pedro Mallan à frente. "Só neste ano, até agosto, já investimos R$ 77 milhões em treinamento e a previsão é aumentar esse valor em 2011."

RECAUCHUTAGEM NO NORDESTE

A clínica de estética Onodera pretende abrir em 2011 dez unidades, principalmente no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em Estados nordestinos.
"A demanda está maior no Nordeste, onde há carência de clínicas bem estruturadas, com tecnologia e equipamentos avançados", diz Lucy Onodera, diretora-executiva da rede.
Neste ano, a empresa inaugurou sete unidades e estreou na Bahia. Até o final deste ano, deve ser aberta mais uma loja, em Brasília.
Atualmente, a rede é composta por 53 unidades, sendo nove próprias e o restante franquias, distribuídas por 12 Estados.
A rede investe em novos tratamentos, com equipamentos avançados.
"Hoje é possível, por exemplo, encontrar um único aparelho que realiza dois tratamentos ao mesmo tempo", diz.
Com isso, a cliente permanece menos tempo na clínica e o resultado é alcançado mais rápido, segundo ela.
A procura por tratamentos, especialmente os corporais, cresce bastante nesta época do ano, com a proximidade do verão. "Em outubro e novembro, a rede fatura 23% da receita do ano inteiro", diz.

Brasileiro... O consumidor global está disposto a pagar até 7,5% a mais por um produto sustentável e o brasileiro, 6,7%, segundo pesquisa da consultoria GS&MD.

...menos verde O objetivo do estudo foi quantificar a influência da sustentabilidade na cadeia varejista. Outros dados serão conhecidos no 13º Fórum de Varejo da América Latina, nos dias 19 e 20, em São Paulo.

Novo... O FMASE (Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico), que reúne 18 associações do setor elétrico nacional, vai integrar o Conselho Temático de Meio Ambiente da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

...membro O objetivo geral do conselho é formular diretrizes e estratégias que sirvam de base ao processo decisório e ao posicionamento político, econômico e social da CNI na área de meio ambiente.

Primeira O Portonave, terminal portuário de Navegantes (SC), detém 70% da exportação de maçã do Estado. No primeiro semestre, movimentou 2.134 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) da fruta, ante 862 TEUs dos demais terminais.

Gol... A FGV Projetos prevê alta de 67% na receita de 2010. Seu faturamento deve chegar a R$ 200 milhões, ante R$ 120 milhões em 2009.

...de cabeça O motivo é o aumento da demanda por serviços de consultoria com a Copa e o aquecimento do mercado de fusões e aquisições.

Mercado... A Concrete Solutions, empresa brasileira de TI, cresceu 55% no primeiro semestre deste ano ante o mesmo período de 2009.

...externo Cerca R$ 2,3 milhões do faturamento da companhia neste ano são provenientes de negócios no exterior com empresas instaladas nas Américas, Europa, Ásia e África. A meta para 2010 é ampliar a receita em 63%.

MoMA NO INTERIOR

Bauru, no interior de São Paulo, terá uma galeria de arte que fez parceria com o MoMA, famoso museu de arte moderna, sediado em Nova York, nos EUA.
A galeria, que vai ser inaugurada no final deste mês, terá fotografia, pintura, escultura, design e outras formas de arte. Com investimento de R$ 1,5 milhão apenas na infraestrutura, a É+Art também venderá produtos com a marca do museu.
"Será um espaço para ver os amigos, admirar as obras, comprar ou não", diz o dono Ricardo Schittini, presidente do grupo Cart (Concessionária Auto Raposo Tavares).
"O país e todas as classes estão crescendo. As pessoas querem objetos de design e obras de arte", afirma. Para atender a todos os públicos, o preço das peças irá de R$ 100 a R$ 200 mil.
Schittini já pesquisa locais para a abertura de outras três unidades, também no interior do Estado.

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e FLÁVIA MARCONDES

GOSTOSA

LUIZ GARCIA


Tem referências? 
Luiz Garcia
O GLOBO - 12/10/10

Não foi exatamente uma campanha alegre, esta que está quase no fim. Uma disputa pelo comando do país sem dúvida é coisa séria, sem tempo nem espaço para gaiatices. Mas uma dose de senso de humor não faz mal algum.

E isso faltou.

O Brasil não vive um momento de crise, o que exigiria candidatos permanentemente sisudos. Pelo contrário, o país vai bem, obrigado. Os oito anos de Lula não foram marcados por dificuldades fora do comum, e ele deixa o governo com direito a ser aquilo que lá fora chamam de "estadista mais velho". Não é cargo nem posto, mas simplesmente uma condição.

Implica não se meter a dar palpite sobre o comportamento de quem o suceder, mas estar sempre pronto a dar uma mãozinha em momentos de crise.

O papel nada tem de fácil. Principalmente porque quem define a gravidade da situação é sempre o sucessor, jamais o sucedido. Fernando Henrique Cardoso tem sido um ex-presidente de comportamento exemplar, mas no seu caso tudo era mais fácil: o substituto era adversário, não correligionário, muito menos discípulo.

Na hipótese - que todo mundo, ao que parece, considera altamente provável - de vitória de Dilma, Lula viverá situação bem diferente. Tendo a condição de criador, será natural e, muitos diriam, necessário que se considere um tanto responsável pelo comportamento da criatura. Caso não defina esse "tanto" com bastante cuidado e comedimento, corre o risco de transformar garoa em temporal.

Mudando ligeiramente de assunto, em que medida um governo de Dilma será diferente do que foram os anos de Lula? Não há, ainda, especulações ou previsões a respeito. Talvez por falta de referências: a candidata é virgem em matéria de comandar governos, nunca foi prefeita nem governadora. Tem experiência como ministra - o que conta pontos, mas não é bem a mesma coisa.

Na eleição não há exigência de experiência em cargos executivos. E não é hora de se tratar disso; mais para diante, poderia ser interessante uma discussão a respeito. Se a dona de casa pede referências a uma candidata a cozinheira, por que os cidadãos não podem ou devem fazer o mesmo com quem pretende tomar conta do país inteiro?

BENJAMIN STEINBRUCH


Importância do segundo turno

BENJAMIN STEINBRUCH
FOLHA DE SÃO PAULO - 12/10/10


É preciso saber a opinião dos candidatos sobre a "guerra cambial" a que se refere o ministro Mantega



COSTUMA-SE dizer que o segundo turno das eleições é útil por duas razões: dá oportunidade para se conhecer melhor as propostas dos candidatos e força o entendimento entre as várias facções políticas.
Mais do que nunca, desta vez o segundo turno da eleição presidencial será crucial pela primeira razão.
Passamos a campanha do primeiro turno sem discutir quase nenhum dos graves problemas que a próxima administração terá de enfrentar.
Enquanto os candidatos "candidamente" debatiam questões menos relevantes, corria no mercado global o que o ministro Guido Mantega chamou de "guerra cambial", declaração guindada à manchete do "Financial Times", de Londres, em 28 de setembro.
É espantoso que o assunto não tenha sido levantado em nenhum debate na televisão e em nenhuma proposta partidária, porque ele impacta diretamente o Brasil. O resultado dessa "guerra cambial" é a constante e preocupante alta do real ante o dólar e a outras moedas estrangeiras, que corrói a competitividade brasileira no exterior.
Ao contrário do senso comum, o real forte enfraquece o país, porque reduz a capacidade de exportar das empresas e, no médio prazo, pode levar a profundos desequilíbrios nas contas externas, como já ocorreu várias vezes no passado recente.
Todos os bancos centrais do mundo estão envolvidos nessa batalha.
O americano (Fed), que até março comprou US$ 1,7 trilhão em títulos da dívida dos EUA, deverá retomar essa política. O japonês (Banco do Japão) reduziu os juros a zero e vai comprar US$ 60 bilhões em títulos públicos para conter a alta do iene.
Embora pressionado pelos EUA e pela Europa, o BC chinês se recusa a permitir a valorização do yuan, para manter sua força exportadora.
O problema do câmbio, portanto, está longe de ser uma exclusividade brasileira. Mas é possível tomar medidas por aqui para atenuar seus efeitos, evitando-se que o real continue a ganhar força em relação ao dólar. Na semana passada, o governo aumentou de 2% para 4% o IOF incidente sobre ganhos de investimentos estrangeiros em renda fixa.
O impacto dessa medida, pelo menos no primeiro momento, foi pequeno para conter o grande volume de recursos que entra no país e segurar a queda do dólar. Mas a medida está na direção correta, porque tenta interferir na absurda diferença entre os juros internos e os externos -este também um tema crucial que não mereceu a atenção dos candidatos. Em aplicações pelo prazo de um ano, o investidor estrangeiro pode obter ganhos de mais de 7% no Brasil, enquanto a rentabilidade no exterior beira a zero. Por essa razão, de janeiro até agora já entraram líquidos no país mais de US$ 18 bilhões desses capitais oportunistas, contribuindo para pressionar a cotação do real para cima.
Martin Wolf, experiente editor de economia do "Financial Times", que esteve em São Paulo na semana passada, usou uma figura marcante para comentar a "guerra cambial".
Disse que ela é uma briga entre duas superpotências, a atual, os EUA, e a próxima, a China. "Quando dois elefantes desse porte brigam, os espectadores podem ser pisoteados."
O Brasil, certamente, é um desses "espectadores". Portanto, não é razoável que um tema dessa magnitude fique fora do debate entre aqueles que pretendem governar o país nos próximos quatro anos. É preciso saber a opinião deles sobre isso.
Mais ainda, é preciso saber quem são as pessoas que comporão seu time de auxiliares de primeira linha, que formularão as políticas econômica, monetária e cambial do próximo governo.
Outros temas relevantes exigem debate, como a questão do ritmo de crescimento que se pretende impor ao país. Há um fato novo nesse assunto, a partir de mensagens embutidas nos quase 20 milhões de votos dados no primeiro turno a Marina Silva, cujas propostas incorporam preocupações e proposições para a área ambiental em seus programas de desenvolvimento.
O debate da campanha no segundo turno, sem dúvida, será muito útil, desde que as discussões não descambem novamente para futricas e questões pessoais.


BENJAMIN STEINBRUCH, 56, empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da Fiesp. Escreve às terças, a cada 15 dias, nesta coluna.

SERRA PRESIDENTE

RUBENS BARBOSA



Assistência financeira ao exterior
RUBENS BARBOSA 
O ESTADO DE SÃO PAULO - 12/10/10


Um dos aspectos da política externa que pouco têm merecido a atenção dos analistas e estudiosos é o da assistência técnica e financeira prestada pelo Brasil a dezenas de países, especialmente da África e da América Latina. Trata-se de um dos desdobramentos da política Sul-Sul desenvolvida nos últimos oito anos pelo governo brasileiro.

Sem chamar muito a atenção, e gradualmente aumentando seu soft power, o Brasil está se tornando um dos maiores doadores e prestadores de assistência técnica e financeira para os países de menor desenvolvimento relativo. Por meio de diversas formas de ajuda, o Brasil, somente em 2010, ter-se-ia comprometido com mais de US$ 4,5 bilhões.

Neste espaço pretendo examinar as motivações dessa ação governamental no exterior, o volume e as fontes dos recursos transferidos aos países mais pobres.

Reforçar a solidariedade com gestos políticos do Brasil no mundo é a explicação oferecida pelo Itamaraty. Na realidade, algumas das motivações que explicam a diplomacia da generosidade na América Latina e na África são a busca de prestígio para o Brasil e para o presidente Lula, o esforço para obter apoio para nossa pretensão de um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e interesses comerciais de abertura de mercado para serviços de empresas brasileiras na competição com o governo e companhias, sobretudo, da China.

Como ocorre com a China, o Brasil não impõe condições aos países que recebem a ajuda, mas também não leva em consideração valores que defendemos internamente, como democracia e direitos humanos, deixando prevalecer a ideia de que "negócios são negócios".

Segundo informações coligidas recentemente pela revista britânica The Economist, os recursos utilizados nessa ação externa sobem a US$ 1,2 bilhão, superando o Canadá e a Suécia, tradicionais doadores e prestadores de ajudas aos países em desenvolvimento. Os recursos são oriundos da Agência Brasileira de Cooperação do Itamaraty, com cerca de US$ 52 milhões. De outras instituições de cooperação técnica, como Embrapa e Conab, saem US$ 440 milhões; para ajuda humanitária a países afetados por desastres naturais, US$ 30 milhões; recursos para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), US$ 25 milhões; para o programa de alimentação da FAO, US$ 300 milhões; de ajuda para a Faixa de Gaza, US$ 10 milhões; e para o Haiti, US$ 350 milhões. Implantamos escritório de pesquisas agrícolas em Gana, fazenda-modelo de algodão no Mali, fábrica de medicamentos antirretrovirais em Moçambique e centros de formação profissional em cinco países africanos.

Os empréstimos do BNDES e agora do Banco do Brasil aos países em desenvolvimento, de 2008 ao primeiro trimestre de 2010, subiram a mais de US$ 3,5 bilhões, em projetos na América do Sul, no Haiti, na Guiné-Bissau, em Cabo Verde, na Palestina, no Camboja, no Burundi, Laos e em Serra Leoa.

O Tesouro Nacional, por sua vez, aumentou sua exposição com o incremento da contribuição do Brasil à Corporação Andina de Fomento para US$ 300 milhões e ao Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul, que sobe hoje a US$ 470 milhões, acrescido de US$ 100 milhões por ano, 70% representados por contribuições do Brasil.

Por outro lado, além de créditos de difícil recuperação concedidos a alguns países africanos, a Cuba e à Venezuela, o governo brasileiro, nos últimos anos, perdoou dívidas do Congo, de Angola, Moçambique, Bolívia, Equador, Paraguai, Suriname e, agora, Tanzânia.

Até dezembro, coincidindo com o final do atual governo, segundo se noticia, o governo brasileiro vai doar US$ 300 milhões em alimentos (milho, feijão, arroz, leite em pó) a, entre outros, Sudão, Somália, Níger e nações africanas de língua portuguesa. Serão igualmente beneficiados a Faixa de Gaza, El Salvador, Haiti, Cuba. Segundo a Coordenação-Geral de Ações Internacionais de Combate à Fome do governo federal, também receberam ajuda brasileira África do Sul, Jamaica, Armênia, Mali, El Salvador, Quirguistão, Saara Ocidental, Mongólia, Iraque e Sri Lanka.

Pensando mais em considerações de política externa e menos nos interesses de alguns setores industriais afetados pela competição chinesa, pelo custo Brasil e pelo câmbio apreciado, o Itamaraty, na área comercial, procura ajudar os países mais pobres pela iniciativa de abrir o mercado brasileiro para produtos desses países com tarifa zero e sem cota. O setor têxtil, por exemplo, seria seriamente atingido pelas importações de Bangladesh, que exporta para o mundo mais de US$ 70 bilhões. Na mesma linha de abertura de mercados para os países em desenvolvimento, o Itamaraty está negociando a ampliação e o aprofundamento do Sistema Geral de Preferências Comerciais (SGPC), que, menos radical que o programa unilateral anterior, oferece rebaixas tarifárias com cotas para os países mais pobres.

No tocante à assistência técnica e à abertura de créditos para obras públicas em países africanos e sul-americanos, a exemplo do que ocorre com os países desenvolvidos, as empresas brasileiras poderão vir a se beneficiar, ganhando concorrências para a prestação de serviços e exportando produtos brasileiros.

A generosidade externa é, pelo menos, controvertida. Enquanto a taxa de investimento interno é baixa, ao redor de 17%, o perdão dessas dívidas não está de acordo com a legislação brasileira. Sendo duvidosa a viabilidade de recuperação dos empréstimos do BNDES, não seriam esses recursos mais bem aplicados em programas de infraestrutura, de habitação, de energia, de alimentos e de tantos outros setores carentes de recursos?

A discussão sobre a prioridade do governo brasileiro nessa área fica para um próximo artigo neste espaço.

PRESIDENTE DO CONSELHO DE COMÉRCIO EXTERIOR DA FIESP