sexta-feira, maio 15, 2009

AUGUSTO NUNES

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O pintassilgo do Planalto só desafina

15 de maio de 2009

Celso Amorim nunca desperdiça uma chance de errar, confirmam as primeiras semanas do outono. Já aproveitou três. Primeiro, conseguiu levar um chapéu desmoralizante do iraniano Mahmoud Ahmadinejab, que cancelou sem maiores explicações a visita ao Brasil quando o ministro das Relações Exteriores já aprendera a dizer em persa “pois não”, “sim senhor” e “disponha deste seu criado”. Em seguida, conseguiu trazer o paraguaio Fernando Lugo, que acumula o cargo de presidente da República com o título de Pai do Ano, conquistado pelo que andou fazendo o bispo. Momentaneamente liberado da maratona de exames de DNA, o visitante fez questão de dizer “não” pessoalmente a todas as propostas apresentadas por Lula sobre a hidrelétrica de Itaipu. Na quarta-feira, os brasileiros souberam da última do Amorim: em audiência no Congresso, ele confirmou que o Itamaraty não quer o brasileiro Márcio Barbosa na direção-geral da UNESCO, sigla que identifica a Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura. Prefere um egípcio.

E que egípcio: depois de passar a noite sonhando com o afogamento de Israel inteiro no Mar Morto, Farouk Hosni acorda com alguma idéia cretina na cabeça. Uma das melhores foi a queima em praça pública todos os livros escritos em hebraico. Aos olhos de quem enxerga apenas os superiores interesses da pátria, coisas assim são miudezas. “Fizemos uma opção geopolítica”, explicou o chanceler. “O Brasil tem uma política de aproximação com os países árabes e africanos, que apoiam a candidatura egípcia”. O governo Lula não é de abandonar nações amigas no meio do caminho. E tem especial predileção por integrantes da grande aliança dos primitivos.

Isso já bastaria, mas há mais: também está em jogo, informou o depoente, o esforço  feito pela cartolagem olímpica para que o Rio de Janeiro tenha a honra de hospedar a Olimpíada de 2016. “Cada candidatura que você lança tem um custo para outras”, ensinou o ministro. “Pode ser gerado um desgaste em termos de apoio. Nós, no momento, temos duas candidaturas: a da ministra Ellen Gracie para a Organização Mundial do Comércio e a do Rio para sede dos Jogos Olímpicos”. Não há vaga para o brasileiro Marcos Barbosa.

Vice-diretor da organização mundialmente respeitada, Barbosa já tem votos suficientes para tornar-se o número 1. Só não será vitorioso se o Brasil fizer um bom trabalho como cabo eleitoral do adversário. E é exatamente isso que o Itamaraty planeja, desafinou de novo Amorim, com a candura de quem ergue um brinde à paz entre os povos. Nada a dizer sobre as declarações delirantes de Hosni?  ”Foram pouco felizes”, concedeu. “Nas tenho certeza de que ele pautará sua gestão à frente da Unesco por um diálogo de civilizações”.

Por algum motivo, Ruy Barbosa é lembrado como a Águia de Haia. Por todos os motivos, Celso Amorim será esquecido como um pintassilgo do Planalto.

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PARA...HIHIHI

Ululante

Em uma escola muito heterogênea, onde estudam alunos de várias classes sociais, durante uma aula de português, a professora pergunta:
- Qual é o significado da palavra 'óbvio'?
Rapidamente, Luana, menina rica, uma das mais aplicadas alunas da classe, respondeu:
- Prezada professora, hoje acordei bem cedo, depois de uma ótima noite de sono no conforto de meu quarto. Desci a enorme escadaria de nossa residência e me dirigi à copa onde era servido o café. Depois de deliciar-me, fui até a janela que dá vista para o jardim de entrada. Percebi que se encontrava guardado na garagem o automóvel BMW do meu pai. Pensei com meus botões:
- É ÓBVIO que meu pai foi ao trabalho de Audi.
Sem querer ficar para trás, Cláudio Wilson, de uma família de classe média, acrescentou:
- Professora, hoje eu não dormi muito bem, porque meu colchão é meio duro. Eu consegui acordar assim mesmo, porque pus o despertador do lado da cama. Levantei meio zonzo, comi um pão meio muxibento e tomei café. Quando saí para a escola, vi que o Uno do papai estava na garagem. Imaginei:
- É ÓBVIO que o papai não tinha dinheiro para gasolina, foi trabalhar de busão mesmo.
Embalado na conversa, Wandercleison Maicon Jáqueson, de classe baixa, FRAMENGUISTA (é óbvio), também quis responder:
- Fessora, hoje eu quase não durmi, porquê teve tiroteio até tarde na favela. Só acordei de manhã porquê tava morrendo de fome, mas não tinha nada pra cumê mesmo... quando olhei pela janela do barracão, vi a minha vó com o jornal debaixo do braço e pensei:
- É ÓBVIO que ela vai cagá. Num sabe lê!

ENVIADO POR APOLO

VAMOS ABRIR!



FIM DE SEMANA EM NATAL

Roteiro

Sexta
 

Artes plásticas - O artista plástico Marcelo Fernandes continua com sua exposição Cores, no Espaço Cultural Calígula (Largo da Rua Chile, Ribeira). A mostra ficar aberta até o dia 28. 

Feira Multicultural - Evento começa hoje e segue até o dia 17, no Norte Shopping (Zona Norte), reunindo moedas, selos, livros, cordeis e outros artigos para colecionadores e amantes de raridades. Informações: feiradeantiguidadesdenatal@hotmail.com. 

Pôr-do-Som - Tico da Costa vai mostrar suas músicas na companhia do percussionista e produtor Cássio Duarte. O barco sairá do Iate Clube às 16h ao custo de R$ 45 (turista, com traslado) e R$ 30 (residentes). Tel: 3088-1833. 

Petrópolis - Toda sexta-feira o Mercado de Petrópolis oferece o melhor do forró-pé-serra com Raimundo Flor e Forró Legal. Das 18h às 22h. 

Budda Pub - Hoje tem Desventura com seu Especial Los Hermanos, às 23h, no no Budda Pub (av. Engenheiro Roberto Freire, 9102, Ponta Negra). O show começa às 23h. Entrada R$ 10 (até meia-noite) e R$ 15 (após esse horário). Amanhã tem "Sábado Caliente" com Perfume de Gardênia, a partir das 23h. Entrada a R$ 15 (até meia-noite) e R$ 20 (após). Tel. 3219 2328. 

Pé-de-serra - O Rastapé (rua Aristides Porpino Filho, 3163, Ponta Negra) traz Noda de Coco, Guto e Forrozão Universitário sobem. Amanhã tem Silva Jr. Jair e Forró Melado. A entrada custa R$ 10 e universitários têm acesso livre até meia-noite. Tel. 3219 0181. 

Rock/Blues - No Sgt Pepper´s (Rua Potengi, 541 - Petrópolis), a animação da noite fica por conta das bandas For Sale e Uskaravelho, a partir das 20h30. Amanhã tem novamente For Sale, além de Mad Dogs. Tel. 3211 5964. 

Buraco da Catita - Toda sexta tem roda de choro e muita animação a partir das 20h. R. Câmara Cascudo, Ribeira - próximo à Praça Augusto Severo. Acesso gratuito. Tel. 8802 1812. 

Samba-rock - A partir das 23h a Orquestra Boca Seca anima a noite da Taverna Pub (rua Dr. Manoel A. B. de Araújo, 500, Ponta Negra). Tel. 3236 3696. 

Clube do Blues - O saxofonista George Israel, da banda Kid Abelha, volta ao palco do Aprecie Pub (rua das Algas 2282, Ponta Negra) para mais uma apresentação. O som começa às 23h. Entrada: R$ 25 (sócio) e R$ 30 (não sócio). Tel. 9188 9755.

Banda Camba - O grupo leva seu repertório de salsa, merengue, rumba e outros ritmos latinos para o Bar das Bandeiras (rua Chile, Ribeira), a partir das 22h. Entrada: R$ 8. Tel. 8705 4583 / 8878 3530. 

Dose dupla - A Banda Istmo e a Cantora Rani se apresentam, às 21h, em Nalva Melo Café Salão (av. Duque de Caxias, 110 - Ribeira). No repertório, canções próprias e versões para músicas de artistas como Franz Ferdinand, Beatles, Moska, Radiohead, Led Zeppelin, entre outros. Tel. 3212 1655. 

Clássicos internacionais - Culinária sofisticada ao som da banda Café no La Cachette (Avenida Engenheiro Roberto Freire, 3218, Ponta Negra). Couvert: R$ 4. Tel. 3219 3068. 

Praia Shopping - Donizetti Lima em clássicos do pop nacional a partir das 21h. 

Sábado 

Onde Deus possa me ouvir - O cantor e compositor Vander Lee apresenta às 20h no Teatro Alberto Maranhãoas canções de seu disco Faro. Ingressos à venda na Droff (Hiper da Prudente, 3206 9776), ao preço de R$ 50 (inteira) R$ 25 (meia). 

10 anos de Feitiço - As bandas Tricor, The Frois e Magia animam o primeiro dia da festa em comemoração ao Feitiço. Ingressos antecipados por R$ 12 (dia), no local e na Banca de Camisetas (Shopping Cidade Jardim). Informações: 8811 4904 / 9989 4904. 

Sábado Caliente - A partir das 23h, a banda Perfume de Gardênia leva o seu repertório de ritmos latinos para o Budda Pub (av. Engenheiro Roberto Freire, 9102, Ponta Negra). Tel. 3219 2328 / 9404 6787. 

The Ripper Fest - O evento terá como atrações as bandas Expose Your Hate, Comando Etílico, Berzerkers, Nighthunter e Calabouço. Às 22h, no Centro Cultural DoSol (rua Chile, Ribeira). Entrada: R$ 8. 

MPBeco - Começa este sábado a primeira etapa eliminatória das 24 canções concorrente ao Festival de Música do Beco da Lama. O cantor e compositor Silvério Pessoa abre o evento a partir das 19h, na Praça Sete de Setembro, Cidade Alta. 

Rock na Cidade Baixa - As bandas Nuda (PE), Profiterolis (PE) e Fetuttines se apresentam no Centro Cultural DoSol (rua Chile, Ribeira), a partir das 17h. Entrada R$ 5. 

Noite latina - Ritmos caribenhos animam a platéia da Taverna Pub (rua Dr. Manoel A. B. de Araújo, 500, Ponta Negra). O show da banda Camba começa às 23h. Tel. 3236 3696. 

Música com poesia - A partir das 21h os Poetas Elétricos sobem ao palco do Nalva Melo Café Salão (Av. Duque de Caxias, 110, Ribeira). Entrada R$ 8. Tel. 3212 1655.

II Tributo a Bob Marley - O evento será realizado em Ceará Mirim e terá como atrações as bandas NaturalMente, Soul Reggae e Bob Marlom. Também haverá exposição de vinis e sorteio de CDs e camisetas. Tel. 9609 9163. 

Festa da Cachaça e Comida de Boteco - O evento será realizado Forró do Jerimum (em frente ao posto Dudu, Parnamirim), a partir das 20h. Participação de Reginaldo Rossi, Isaque Galvão, Lengo Tengo e DJ Irã. Tel.: 3643 6665. 

Levantando a poeira - O Espaço 21 recebe as bandas Solteirões do Forró e Caviarcom Rapadura. Ingressos no Pittsburg da Prudente (4008 7000). 

Vaquejada - A Cidade do Forró (estrada de Ceará Mirim) recebe as bandas Ferro na Boneca, Beto Barbosa, Cirano e Cirino, Jumento Desembestado, Grafith e Arrebenta Coração. Ingressos nas lojas Controle e Pittsburg (4008 7000). 

Espaço do Samba - Grupos locais apresentam, com início às 17h, o melhor do samba - de Cartola a Paulinho da Viola, passado por Noel Rosa, Roberto Ribeiro e João Nogueira. Subida da av. Rio Branco, Cidade Alta. Tel. 9133 8582 / 8723 8582. 

Boca de Sino - O grupo se apresenta em versão pocket show a partir das 21h no restaurante La Cachete. No repertório, clássicos do pop-rock internacional dos anos 70 aos dias atuais. Av. Engenheiro Roberto Freire, 3218, Ponta Negra. Tel. 3219 3068. 

Praia Shopping - O Grupo Linha de Passe lança o Cd homônimo às 21h. 

Filosofia - A escola Nova Acrópole promove, às 18h, a palestra "Mais Filosofia, Menos Estresse". Entrada gratuita. Av. Prudente de Morais, 648, Tirol. Tel. 3211 0748 / 8874 0208.Feira Multicultural - Exposição de artesanato, objetos antigos, caricaturas, artes plásticas, quadrinhos, fotos, livros, selos, moedas e mostra especial sobre participação do Brasil em Copas do Mundo será realizada das 10h às 22h na praça de eventos do Norte Shopping. 

Domingo 

10 anos de Feitiço - O bar/boate continua a comemoração de aniversário com as bandas WA, Magia e Uskaravelho. Destaque também para os DJs Eddy, Alex Melo, Masceno, Eddy, Cassiano Lima e o show humorístico de Jarita Night and Day. Ingressos antecipados por R$ 12 (dia), no local e na Banca de Camisetas (Shopping Cidade Jardim). Mais informações: 8811 4904 / 9989 4904. 

Praia Shopping - Marlon toca os clássicos da MPB a partir das 20h. 

Teatro Adulto/Infantil 

Hoje - Augusto Bonequeiro, a partir das 20h, no Teatro Alberto Maranhão. Tel. 3222 3669. 

Domingo - o Teatro Alberto Maranhão recebe, às 17h, o espetáculo Os Backardigans. O elenco é formado por cinco atores bailarinos que dão vida e expressão aos personagens da série de TV. Não informou preço. Tel. 3222 3669.

ELIANE CANTANHÊDE

Santo "pânico"


Folha de S. Paulo - 15/05/2009
 

A manifestação da gripe suína começou no México, pulou o muro para os EUA e ganhou as manchetes dos jornais de todo o mundo como ameaça de "pandemia". Não chegou a tanto, e o pior (aparentemente) já passou. A disseminação do vírus, da doença e das mortes parece estar... sob controle. 
A expressão "sob controle" é fundamental em medicina preventiva, e a discussão sobre a ação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é fora de propósito. Lê-se daqui e dali que a OMS se precipitou, ou exagerou, ou ficou à beira de criar o pânico. Besteira. O mais importante órgão de saúde do mundo simplesmente fez o que tinha de fazer. 
É como a relação entre paciente e médico. O paciente se deve o direito de sempre pensar no melhor e mais fácil, já o médico tem a obrigação de trabalhar com o pior e o mais difícil, até afastar qualquer dúvida. Foi o que a OMS fez e, assim, acionou a imprescindível colaboração de governos e da mídia. Informação é fundamental contra vírus. 
Até por isso a gripe suína, ou A (H1N1), gerou uma operação de guerra, inclusive no Brasil. Chegou a vários continentes, mas está saindo de fininho das páginas e do ar sem os milhões de mortes temidos. Em vez de críticas, a OMS deve ouvir elogios e até ser imitada, tanto em prevenção de doenças transmissíveis -ainda um grave problema no Brasil, por exemplo- como em caso de calamidades como as de Santa Catarina e agora as do Nordeste, sobretudo em Alagoas. 
Alertar e tensionar não é gerar pânico, é seguir um conceito básico: "Melhor prevenir do que remediar". O Brasil demonstrou reação de ponta para enfrentar a Aids, bem ou mal segurou a febre amarela e agiu com firmeza contra a gripe, mas ainda sofre com doenças endêmicas ultrapassadas e deixa muito a desejar no atendimento de massa da população carente. 
Em suma, avançou muito, mas prevenir e remediar doença de pobre e tragédias que atingem os mais fracos ainda não é o forte brasileiro.

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LAURO JARDIM

VEJA ON-LINE


FUTEBOL

Hotel CBF

A CBF está procurando um terreno (extenso, bastante extenso) na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, para construir um prédio. Servirá para acomodar om comitê organizador da Copa de 2014. Depois da Copa, uma pequena parte se transformará em sede da CBF e a outra será alugada.

Só para se ter uma ideia do tamanho, o comitê organizador da Copa da África do Sul ocupa hoje um prédio de 7 000 metros quadrados.

Ricardo Teixeira pensa em construir no mesmo terreno um hotel de cinco estrelas, que seria operado um uma grande rede hoteleira. Teixeira está reservando 60 milhões de reais para levantar os dois empreendimentos.

GOVERNO

Plantação de cargos

Na semana passada, o Diário Oficial publicou uma portaria aprovando o regulamento que estabelece as normas para a seleção e designação de um novo tipo de adido nas embaixadas. Surgem agora os adidos agrícolas.

Eles ficarão instalados nas embaixadas de oito capitais, Washington, Buenos Aires, Bruxelas, Genebra, Moscou, Pretória, Pequim e Tóquio. Em final de governo, mis uns carguinhos para nomear não é nada mal. Ainda mais no exterior...

BOVESPA

Velocidade supersônica

A XP Investimentos, forte no home broker, é uma das corretoras que mais tem crescido na Bovespa nos últimos dois anos. Era a 56ª colocada no ranking mensal da Bovespa em novembro de 2007. Hoje, ocupa a 9ª posição.

BRASÍLIA - DF

Às apostas

 Denise Rothemburg
Correio Braziliense - 15/05/2009
 

Com Guilherme Queiroz 

O fôlego que o governo conseguiu ao tirar da onda a CPI da Petrobras é apenas aparente. A oposição cedeu porque seu palpite é o de que o presidente da empresa, Sérgio Gabrielli, é tão autossuficiente que irá se enrolar e dar mais motivos para a abertura da investigação. O PMDB e o PTB, por sua vez, que deram o número de assinaturas para que Álvaro Dias (PSDB-PR) protocolasse o pedido, mandam um recado aos petistas e comunistas: “Fizemos a nossa parte. Agora, cabe ao Gabrielli e ao Haroldo Lima darem as explicações que convençam os senadores”, comentou com a coluna um líder governista. Ele se referia ao PT de Sérgio Gabrielli e ao PCdoB do presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima. Se não conseguirem, a CPI virá. 

*** 
Em tempo: tanto Gabrielli quanto Lima são pré-candidatos ao Senado na Bahia e, para completar, Lula tem feito tudo para colar a sua imagem à grife Petrobras. Não perde um evento do pré-sal ou das refinarias da empresa. Ou seja, se não parar a associação da Petrobras à política e nem cessarem as pretensões eleitorais de quem cuida diretamente dessa seara, a sombra da CPI continuará pairando no Senado.


Menu degustação

Os deputados vão testar esta semana uma proposta para evitar o desgaste de criar a tal janela para mudança de partido um ano antes das eleições. A ideia é reduzir de um ano para seis ou quatro meses o prazo de filiação partidária de quem for candidato a mandato eletivo. Assim, calculam os autores da tese, quando a agremiação que se sentiu traída for à Justiça pedir de volta o mandato de quem trocou de legenda, o político que mudou já estaria eleito e qualquer ação perderia o efeito. 

Do contra

Os senadores pressionam a Mesa Diretora da Casa para que não haja o ponto eletrônico digital dos servidores. Afinal, são eles que contratam o pessoal nos estados. Isso sem contar a galera que é fantasma mesmo e não costuma dar expediente cheio. 

Revés

A 9ª Vara da Justiça Federal em Brasília concedeu liminar à Companhia de Eletricidade de Pernambuco (Celpe) anulando a redução de 4,42% no preço da energia determinada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A Aneel, que tem até segunda-feira para recorrer, ainda estuda como tentar reverter a decisão. Enquanto isso, na Câmara, a CPI da Conta de Luz, pedida pelo pernambucano Dudu da Fonte (PP), tem sua instalação prevista para a próxima semana. 

Tempo quente

O senador Romeu Tuma (PTB-SP) é um pote de mágoas com a senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Ele conversava com o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) quando a petista foi tirar satisfações sobre o fato de Tuma ter assinado o pedido de criação da CPI da Petrobras. Chegou a dizer ao próprio petebista que o Brasil valia muito mais que o filho dele, Robson Tuma, envolto na nuvem de escândalos que paira sobre a Casa. Tuma já havia dito ao líder de seu partido, Gim Argello (DF), que poderia retirar a assinatura. Agora, não está mais motivado a fazê-lo. 

No cafezinho


 
 


Atlético/ Por falar em Suplicy (foto), ele chamou a atenção na missa pelo dia de Nossa Senhora de Fátima, na quarta-feira. Como foi do lado de fora da igreja, apareceu de short curto e camiseta cavada. E não deixou sequer de comungar. A quem olhava muito para os trajes sumários do senador, ele explicava: “É que eu vim direto da corrida. Se fosse em casa, iria perder a missa”. Ah, bom! 

Mudança de rotina I/ Um segurança do Senado está há dois dias fazendo o papel de agente de trânsito na saída da garagem da Casa. Explica-se: nunca tantos carros saíram dali por volta das 21h. Nos dois últimos dias, ficou tudo engarrafado no subsolo. 

Mudança de rotina II/ Chama a atenção a quantidade de pessoas que tem aparecido no Senado depois das 18h, de roupinha nos trinques e aquele cheiro de “acabei de sair do banho”. É a turma que chega apenas para registrar o ponto da hora extra. Até alguns senadores mais atentos perceberam. 

Hoje não, Suplicy!/ A vigília pela Amazônia no Senado avançava madrugada adentro quando a senadora Ideli Salvatti anunciou que encerraria a homenagem, por volta das 2h30 de ontem. Antes do ponto final, porém, dois artistas da região ainda apresentariam canções em louvor à floresta. Embalados pelo clima musical, os senadores pediram que Eduardo Suplicy (PT-SP) desse na sequência uma canja com sua habitual Blowin’ in the Wind, de Bob Dylan. Ideli não deu chance. Mandou todos para casa.

LUIZ GARCIA

Ética no Congresso


O Globo - 15/05/2009

A Câmara dos Deputados não tem um Conselho de Ética por acaso ou mera formalidade.

 

O órgão existe porque os deputados acreditam na necessidade de policiar o comportamento de seus colegas, em nome da boa imagem do Legislativo.

 Por exemplo, no caso do deputado Edmar Moreira, que construiu um castelo por R$ 25 milhões. Não é exatamente uma obra-prima da arquitetura brasileira. Mas Edmar está sendo acusado apenas de não tê-la incluído na sua declaração de bens.
 O personagem central da crise política provocada pelo sonho de Cinderela de Edmar acabou sendo o colega encarregado de relatar seu caso no Conselho de Ética da Câmara, Sérgio Moraes, do PTB gaúcho. Ele ganhou a incumbência em abril e não fechou a boca até agora, Começou prejulgando o caso, ao dizer que Edmar estava sendo usado como “boi de piranha” no episódio, sem se dar ao trabalho de informar em benefício de quem isso acontecia.
 Moraes também não hesitou em emitir opinião inédita num político que depende de votos para fazer carreira: “Estou me lixando para a opinião pública, até porque parte dela está se lixando para o que vocês (os jornalistas que o entrevistavam) escrevem.” Instalou-se assim uma das crises mais gratuitas da história recente do Legislativo. O presidente do Conselho de Ética destituiu quarta-feira toda a comissão encarregada do caso do castelo — o que não resolveu o problema: o PTB promete levar a briga até o Supremo. Pelas reações do momento, ficou claro que um grupo considerável de deputados não vê nada de muito grave na atitude e nas palavras de Moraes.
 E isso não é tão surpreendente como pode parecer. Afinal de contas, quatro dos 15 membros do Conselho, como revelou levantamento do site “Congresso em Foco”, respondem a ações penais esperando julgamento no Supremo Tribunal Federal.
 São eles o próprio Moraes, Wladimir Costa (PMDB), Urzeni Rocha (PSDB) e Abelardo Camarinha (PSB). O último é o campeão da turma: quatro processos penais e sete inquéritos.
 Numa comunidade do tamanho da Câmara, quatro casos não é número assustador. Mas não deixa de ser preocupante que as lideranças insistam em brigar para que essa turma permaneça no Conselho de Ética.
 A polêmica não terminou. E a opinião pública continua com direito a continuar preocupadíssima com o prestígio da ética na Câmara dos Deputados.

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SÔNIA RACY

Sobe o custo habitacional


O Estado de S. Paulo - 15/05/2009
 
A caderneta não ficou apenas confusa com as mexidas anunciadas pelo governo. Um dos efeitos colaterais é o de que o governo produziu incertezas no sistema financeiro da habitação, cujas consequências são de difícil avaliação.

Para alguns políticos da base aliada, as críticas que se fizeram às mudanças atendem aos interesses dos rentistas, que estão mais preocupados com o bem-bom das benesses proporcionadas pelo mercado financeiro do que com o interesse público.

O que esta coluna pretende mostrar é que o resultado prático do que acaba de ser definido tende a elevar os custos do financiamento habitacional. 

O sistema opera descasado. Os bancos captam depósitos em poupança que são devidos à vista. Um aplicador pode retirar em qualquer dia útil o que tem na caderneta. Mas o banco trabalha com esse mesmo dinheiro a longo prazo. Reempresta os recursos devidos à vista para o tomador de financiamento da casa própria, que tem 10, 15 ou 20 anos para devolvê-los, em suaves prestações mensais.

Essa peculiaridade exige que o banco funcione com nível reforçado de reservas, para ter condições de enfrentar tanto um eventual aumento da inadimplência como uma corrida aos depósitos. 

As alterações anunciadas anteontem não estabeleceram horizontes definitivos. Ficou claro que mais adiante haverá novas mudanças. Isso significa que aplicadores que gozam de liquidez imediata e intermediários financeiros (bancos) que reemprestam a longo prazo serão obrigados a operar com maior nível de incerteza. Enfim, o sistema está mais sujeito a movimentos de desconfiança.

Por enquanto não há nenhum indício de que o aplicador esteja disposto a sacar seu dinheiro, nem imediatamente nem no início do ano que vem (quando entram em vigor as novas regras, se passarem no Congresso). Mas a verdade é que, por motivos compreensíveis, o governo demonstrou que pretende desestimular saldos individuais superiores a R$ 50 mil. Embora correspondam a cerca de 1% dos aplicadores em cadernetas de poupança, esses saldos equivalem a 41% do total ou a quase R$ 271 bilhões. 

Basta que, com base nesse novo desestímulo, um grande número de titulares desses recursos vá buscar seus depósitos para que o equilíbrio se desfaça. Em outras palavras, se o sistema de poupança e empréstimo vai ter de trabalhar com um nível maior de incerteza, o custo do financiamento tende a aumentar.

Tampouco está claro o que vai ocorrer com as letras e as cédulas hipotecárias, igualmente isentas do Imposto de Renda. São títulos emitidos pelos bancos por meio dos quais levantam recursos que depois também serão canalizados para o financiamento habitacional. Se os rendimentos das letras imobiliárias e das cédulas hipotecárias passarem a ser submetidos a taxação equivalente à da caderneta, o aumento de custo acabará sendo repassado para a ponta do financiamento.

Enfim, as decisões do governo concorrem para elevar o custo do crédito habitacional num momento em que o programa "Minha Casa, Minha Vida", lançado no fim de março como prioridade do presidente Lula, ainda não decolou.

Em consequência de fortes pressões eleitorais, as alterações impostas agora à caderneta foram feitas de maneira improvisada. Podem até dar certo, mas se derem, será por acaso, e não porque o governo trabalhou competentemente o problema. 



Confira

Derretendo - O economista turco-americano Nouriel Roubini, que se notabilizou por ter previsto a eclosão da crise, fez ontem no New York Times duras críticas ao dólar.

O dólar está ficando refém dos asiáticos, adverte: "Se a China e outros países diversificarem suas reservas, os Estados Unidos sofrerão."

E Roubini avança: "O declínio do dólar pode levar mais de uma década, mas pode ser antecipado se não colocarmos a casa em ordem. Os Estados Unidos precisam conter o consumo e perseguir o crescimento que não se baseie nas bolhas dos ativos e do crédito."

MÓNICA BÉRGAMO

Ligação à distância


Folha de S. Paulo - 15/05/2009
 

Explodiu o número de chamadas para o Disque Saúde, número disponibilizado ao público pelo Ministério da Saúde para o qual as pessoas ligam em busca de informações sobre doenças e epidemias. Em abril, antes do alerta sobre o vírus influenza A, conhecido como gripe suína, a central recebia, em média, 19.400 ligações diárias. Entre 27 de abril e 2 de maio, com a ampla divulgação da propagação do vírus no mundo, a média saltou para 34.500 chamadas por dia.

DE NOVO
Além de notificar 134 juízes que assinaram manifesto em apoio ao juiz Fausto De Sanctis, com críticas a Gilmar Mendes, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), o corregedor André Nabarrete, do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), voltou a notificar o próprio juiz sobre seus procedimentos à frente de processos sob sua responsabilidade. No começo do mês, De Sanctis foi absolvido de outras duas acusações de desobediência feitas por Nabarrete.

NEM TANTO
No manifesto de apoio a De Sanctis que Nabarrete investiga e que diz ter sido assinado por muitos juízes "noviços", há também colegas dele, como por exemplo a desembargadora Marianina Galante, do TRF-3, que tem mais de 20 anos de carreira.

 

Os desembargadores, no entanto, não podem ser questionados pelo corregedor.

BANDEIRA BRANCA
De um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), que se alinha entre os críticos do juiz Fausto De Sanctis, mas que acha "bobagem, politicamente", a investigação aberta agora pelo corregedor André Nabarrete contra os 134 juízes federais que o apoiaram: "Passou da hora. O clima já é outro".

FERNANDO GABEIRA

Chovendo em nossa cabeça


Folha de S. Paulo - 15/05/2009
 

As chuvas que castigam o Norte-Nordeste castigam nossa reputação. Quando caíram em Santa Catarina, fizemos inúmeros debates nas cidades do Estado para aprender as lições. Trouxemos o debate para Brasília, nacionalizando-o. Pouco adiantou todo o esforço; as chuvas reproduzem os problemas, e não há soluções no horizonte.

Tanto em Santa Catarina como no norte do Rio, constatamos que a ajuda do governo sempre chega tarde. Em alguns casos, só chega no próximo desastre. Saída? A sugestão é um fundo de prevenção de desastres que possa ser acionado no momento da crise.
Muitas cidades não têm defesa civil organizada. Os governos ficam sem um interlocutor local para iniciar os trabalhos. Essa é uma tarefa de todos. Temos levado a ideia de cursos sobre defesa civil nas escolas. As crianças podem ajudar a preparar os pais.
Assim como não há uma pressão sobre os prefeitos para que organizem a defesa civil, não há também projetos de adaptação às chuvas. Há algum tempo tento levar a Petrópolis a ideia de um projeto que possa ser levado ao Brasil, respeitadas as diferenças.
O que mais dói não é a preparação estratégica, mas o silêncio da política. Estamos com quase um milhão de atingidos. O presidente fez um sobrevoo, prometeu ajuda. Não há sequência além do socorro básico.
Nas chuvas do norte do Rio, obtivemos certa coordenação com o Banco do Brasil, que abriu linha de crédito para pequenos empresários. Agora, era preciso uma sala de crise: mapas, gráficos, dados novos, tudo deveria estar sobre a mesa.
Ou avançamos agora, ou perderemos cidades inteiras para as águas. O governo precisa pedir socorro à ciência (Bush não acreditou em Nova Orleans) e à sociedade. Em época de gripe e chuva, que tal ler "Os Três Porquinhos"?

REALIDADE

ARI CUNHA

Otimismo também mata


Correio Braziliense - 15/05/2009
 

Brasil está vivendo expectativas por todos os lados. O presidente Lula da Silva é extremamente otimista. Ocorre que até o que é bom deve ser explicado em pormenores. Simplesmente achar tudo belo é agradável para a vida do presidente da República. Os ministros da área econômica são acordes com tudo que diz o presidente Lula. No Banco Central, Meireles era exceção, mas aderiu. Há dados que não concordam com a alegria do Brasil. Ministros e assessores presidenciais com uma bola de cera tapam buracos que aparecem no alambique da vida. Quando espirra um pouco de água, aparece alguém para brecar. Há momentos em que nosso país parece chuveiro, tal o número de pontos de saída. Mesmo assim vamos em frente. Todos os dias aparecem novidades. A última foi a da poupança popular. O governo sabe que é o coração financeiro dos pobres. A partir de R$ 50 mil vai pagar Imposto de Renda. Fazer e desfazer medidas em cima das pernas tem sido normal. Há de se notar que o povo tem paciência. Nesse caso, perde a tranquilidade. É sinal que desviou o caminho de casa. Sentimos necessidade de pedir palavra séria, ainda que doa no coração. Rir é bom. Excesso de otimismo vai resultar em encher a medida, não de grãos, mas de vento.


A frase que foi pronunciada

“Quando dá meio-dia no meu coração, é meia-noite na vida real.”
Eudoro Augusto, expressando seus amores na parede do Mercado.


RBS 
Pedro Parente, que exerceu a função de ministro da Casa Civil, foi para o Rio Grande do Sul, fez crescer a RBS como vice-presidente. Negou-se a assumir a presidência e, este ano, deixará o cargo. Seu substituto será Eduardo Melzer, terceira geração da família Sirotsky. 

Carta 
Recomendo aos leitores ver no blog do Ari Cunha a íntegra da carta sobre a situação do Brasil, assinada por Clodomir Padilha Alves da Silva, oficial da Aeronáutica e economista. 

Febre 
No Brasil, poucos acreditam que a gripe do porco tenha vindo do leitão à pururuca. Tão certa essa notícia que, depois da falação contra o animal, não precisou reação. O mercado fez aumentar o preço por causa da procura. 

Cadeias 
Está faltando diretor nas cadeias do Brasil. No dia em que um empene o peito e respeite a lei, muita gente estará livre. Natural que haja reação do Judiciário. Vale sentir que a guarda dos presos é obrigação do governo. Outro dia, no Pará, não sobrou lugar para uma presa. O carcereiro algemou-a numa sala para que ela não fugisse. 

Desmatou 
Vinte milhões de hectares foram desmatados na Amazônia. O destruidor retirou a madeira. Transporte clandestino, venda a distância. Dinheiro no bolso, e a área ficou abandonada. 

Mercado 
Em São Cristóvão, o coração do Nordeste dentro do Rio de Janeiro. Anúncio na parede indica onde está a Flor do Maranhão. Fica exatamente na rua Ceará, 88. O cardápio é chamativo. 

Cachaça 
Sabedoria mineira fabrica as melhores cachaças do Brasil. O dentista Lucas Antunes presenteou com uma singularidade de pinga produzida em São João da Ponte. Desponta noutra parte de Minas a Vila Bela, produzida na fazenda dos Diários Associados. O trato é bem feito e o sabor expressa o zelo com que é fabricada por pessoal especializado.

História de Brasília


Hoje é dia de presidente novo. O que sai entrega o país industrialmente avançado, cortado de estradas por toda a parte, com a capital mudada, projetada mundialmente, com o povo confiante em si mesmo, o que não acontecia há muito, custo de vida altíssimo, inflação monstruosa e muita esperança. Ao próximo, cabe dar ao povo aquilo que faltou ao presente, e é isso o que esperamos. (Publicado em 31/1/1961)

MERVAL PEREIRA

Um lugar ao sol


O Globo - 15/05/2009
 

A crise econômica ressaltou o papel dos países emergentes na nova organização mundial, e o Brasil assume posição de relevo no contexto internacional, em que passa a ser tratado mais como integrante dos Brics (Brasil, Russia, Índia e China) — o grupo de países definido como os futuros líderes do mundo pela Goldman Sachs — do que como apenas um país da América Latina. O presidente Lula tem sabido aproveitar a importância relativa que o Brasil representa neste momento favorável, e demonstração disso é o prêmio a ser dado pela Unesco a Lula “por suas ações em busca da paz, do diálogo, da democracia, da justiça social e da igualdade de direitos, assim como por sua valiosa contribuição para a erradicação da pobreza e a proteção dos direitos das minorias”.

 

Trata-se de um dos mais importantes prêmios mundiais para a preservação da paz, e não é coincidência que outras personalidades que receberam a homenagem, como Nelson Mandela, Yitzhak Rabin, Yasser Arafat e Jimmy Carter, tenham sido agraciadas depois com o Prêmio Nobel da Paz.

 

Lula já esteve entre os indicados para o Prêmio Nobel da Paz, e bem cotado para recebê-lo pelo programa Fome Zero. O escândalo político do mensalão acabou por tirar-lhe a chance. De lá para cá, seu prestígio internacional só fez aumentar, assim como a percepção favorável da opinião pública sobre os programas sociais do governo, como o Bolsa Família.

 

Lula hoje é uma “persona” política perfeitamente possível de ganhar um Nobel da Paz, especialmente em um mundo em que os líderes emergentes ganham destaque e os líderes “louros de olhos azuis” têm o peso da responsabilidade maior pela crise internacional.

 

Mesmo que isso não aconteça ainda no seu mandato, se ele permanecer envolvido em atividade pública ligada ao combate à miséria no mundo, estará sempre na lista de possíveis ganhadores.

 

Mas corre o risco de perder espaço político na ânsia incontida de fazer acordos para ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. A esdrúxula situação de se colocar contra um candidato brasileiro à direção geral da Unesco, para apoiar um polêmico candidato egípcio, o ex-ministro da Cultura Farouk Hosni, que já perdeu o apoio dos Estados Unidos e da França por suas posições radicais contra Israel, é mais uma jogada de risco, no mesmo terreno em que já tivemos problemas com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que cancelou sua visita ao país devido aos protestos que o anúncio de sua vinda provocou.

 

Um dos temas que têm dominado as discussões nos fóruns internacionais, bem antes até da crise econômica internacional, é a proeminência crescente das economias emergentes no mundo, consideradas fatores de transformação da realidade atual.

 

O século XXI será marcado por um poder mais difuso, e a potencialidade do Brasil como um poder global nunca esteve tão em evidência, graças aos bons ventos da economia, que está tendo um desempenho razoável mesmo dentro da crise, e à diversidade de nossa matriz energética, que abrange de novos campos de petróleo do pré-sal em águas ultra profundas, que nos colocaria a longo prazo entre os dez maiores produtores do mundo, aos biocombustíveis.

 

Por seu pioneirismo na nova tecnologia, e por suas vantagens comparativas, como amplidão territorial e clima, e por ter das maiores reservas de água do mundo, o Brasil está no centro do debate internacional nesse setor.

 

O que temos que fazer para nos firmarmos definitivamente como um dos líderes desse novo mundo multipolar? Quais são nossas vantagens comparativas com os demais emergentes? O fórum do ex-ministro Reis Velloso, que se reúne no Rio na próxima segundafeira, tratará justamente desse tema. De um lado, a idéia de que, no meio da crise global, os Brics, talvez acrescidos do México, passem realmente a constituir um Grupo de Emergentes (G-4 ou G-5), e desempenhem, conjuntamente, um papel relevante no desenvolvimento mundial.

 

A preocupação do Fórum de Reis Velloso é que o Brasil volte-se para o aproveitamento de oportunidades, estratégicas que surgirão no novo modelo, usando os instrumentos da Economia do Conhecimento (“Economia Criativa”), como Ciência/ Tecnologia, e investimentos em alta qualificação de mão de obra.

 

Embora as economias sejam semelhantes em tamanho, a rapidez da Índia é maior que a de Brasil e México.

 

Mas nosso país teria vantagens competitivas a explorar: temos proximidades culturais com a União Europeia e os Estados Unidos; paz nas nossas fronteiras, em contraponto aos problemas da Índia com o Paquistão.

 

A Índia, que se orgulha de ser a maior democracia do mundo, tem 17 línguas diferentes e 22 mil dialetos.

 

O Brasil, uma democracia consolidada, tem uma única língua e uma única nacionalidade, diferentemente de Índia, China e Rússia, cada qual com seus problemas de divisões em castas ou disputas regionais.

 

E temos ativos que são estratégicos em longo prazo, como um dos maiores reservatórios de água do mundo, e fontes de energia como petróleo, gás e alternativas como os biocombustíveis, especialmente o etanol.

 

Mas temos que correr contra o tempo. Recente artigo de Gert Bruche, publicado pela “Columbia FDI Perspectives”, mostra que está sendo montada o que ele chama de “nova geografia da inovação”, com o surgimento de Índia e China como grandes atores neste mundo.

 

Também a revista “The Economist” publicou seu ranking de competitividade em inovação que mostra que a China vem ganhando lugar de destaque, crescendo mais do que a Índia, que também cresce, enquanto Rússia e Brasil permanecem estagnados.