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Mais de dois terços do crédito para pessoas físicas no Brasil se destinam a financiamentos de automóveis e a empréstimos consignados. No terço restante entram todas as outras modalidades de crédito, como a que possibilita a compra, a prazo, da casa própria. Então, por mais que o chamado crédito imobiliário se expanda em 2010, ainda estaremos longe de qualquer “bolha”. |
segunda-feira, janeiro 04, 2010
GEORGE VIDOR
RUTH DE AQUINO
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O presidente Lula descolou do chão. A expressão é de um tucano impaciente, Tasso Jereissati. Assim como o senador cearense Jereissati, o PSDB em peso tenta convencer José Serra a sair do armário em janeiro, em vez de esperar até março. Enquanto Serra se agarra a seu status de governador de São Paulo, Lula faz a festa. Aqui e lá fora. Acaba de ganhar mais um título: o influente jornal inglês Financial Times o escolheu como uma das 50 personalidades da década. |
ANTONIO PENTEADO MENDONÇA
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Férias é época de descanso, de reposição das energias gastas ao longo do ano, de se preparar para um novo período de correrias e atribulações. O mundo está cada vez mais rápido, por isso, aproveitar as férias para recarregar as baterias e se lançar outra vez no tsunami nosso de cada dia é a solução para não perder o bonde do progresso e entrar na briga preparado para vencer. |
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
Cenário fica mais positivo para os bancos
Folha de S. Paulo - 04/01/2010 |
Um cenário positivo para o setor bancário nacional, com aumento do crédito, de um lado, e, de outro, redução de "spreads" e da taxa de inadimplência em novembro passado em relação ao mês anterior. Consultor sênior do Itaú BBA: "Mais ou menos de economia, a única coisa que estou lendo é ‘Shakespeare e a Economia’, do Gustavo Franco. Se vale literatura, minha pilha atual contém‘O Seminarista’, de RubemFonseca, ‘Clarisse’, de BenjamimMoser, ‘TheHumbling’, de Phillip Roth, ‘Too Much Happiness’, deAliceMunrow, e ‘Seven Types of Ambiguity’, de Elliot Perlman" |
EVERARDO MACIEL
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Em tempos muito recentes, a Receita Federal resolveu seguir a moda da espetaculosidade, adotada por alguns órgãos públicos. Em crescente desuso, essa conduta de viés pretensamente ideológico se revelou, na prática, muito pouco eficaz em relação aos objetivos colimados. |
JOÃO ALMEIDA
A Petrobrás de Gabrielli
O Estado de S. Paulo - 04/01/2010 |
A entrevista de José Sérgio Gabrielli ao Estado ("PSDB teria vendido a Petrobrás", 25 de dezembro de 2009, página B1) marca a volta triunfante à cena política do presidente da Petrobrás depois do estrangulamento governista da CPI do Senado que deveria ter investigado a gestão do petista na companhia (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091225/not_imp486802,0.php). João Almeida, geólogo, é deputado federal (PSDB-BA), líder eleito da bancada do partido em 2010 |
RUY CASTRO
RIO DE JANEIRO - Outro dia, discutindo os razoáveis méritos do jogador Máicon, lateral do Inter de Milão e da seleção brasileira, surpreendi-me falando Máicon para cá e Máicon para lá, como se fosse o nome mais tradicional do mundo -algo assim como Abílio, Belmiro ou Coriolano, cujas origens históricas podem ser traçadas desde o século 5 ou antes.
Já tinha me esquecido de como, há anos, ao ouvir pela primeira vez o nome Máicon -que não se referia ao Máicon citado acima, mas a outro de que não me lembro-, achei que o interlocutor se enganara ou meu ouvido é que entortara. Sem dúvida, pensei, ele queria dizer Michael. Hoje, com tantos Máicons explícitos e assumidos à nossa volta, em blogs, twitters, facebooks, na música caipira e no futebol -raro o clube que não tem ao menos um-, o nome já se incorporou à língua.
Como terá começado essa onda? Fico imaginando o primeiro pai que entrou num cartório para registrar o filho como Michael e cantou o nome para o escrivão. Ou o pai o pronunciou errado e o escrivão o seguiu no erro, ou o pronunciou certo, mas o escrivão escorregou ao escrever. Enfim, ali nasceu o primeiro Máicon. Mas como terá nascido o segundo? E o terceiro, o quarto e os milhares de outros?
Como não existe nenhum Máicon maior de 30 anos, imagino que o processo se deu quando o jovem Michael Jackson começava a empolgar futuras jovens mães e a fazer com que elas dessem o seu nome aos filhos. Se bem que o principal Máicon da atualidade, o do Inter e da seleção, seja uma homenagem a outro Michael. Vide seu nome completo: Máicon Douglas Sisenando.
Mas não seja por isso. Se você procurar por um absurdo e improvável Máicon Jackson, referindo-se ao dançarino americano morto há pouco, lá estará ele, firme, no infalível Google.
PAINEL DA FOLHA
Em setembro, três meses depois da edição do decreto de Sérgio Cabral (PMDB) que permitiu ocupação maior em áreas de preservação ambiental, como o local da tragédia em Angra dos Reis, o Ministério Público Federal na região elaborou um parecer apontando irregularidades nas novas regras. O texto alerta para o risco de crescimento imobiliário desordenado e defende que esse tipo de alteração territorial só poderia ser feita por meio de lei. O relatório foi enviado ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Para referendar o documento, os procuradores se ampararam em uma decisão sobre um caso semelhante do ministro Celso de Mello, do STF.
Barreira. Na sequência, com base no parecer do Ministério Público, o deputado estadual Alessandro Molon (PT) apresentou um projeto, em tramitação na Assembleia, para suspender o decreto, mas a matéria enfrenta resistência na base de Cabral.
Estrelas. Dado seu caráter tolerante para com as construções de ricos e famosos, as regras do governo do Rio para Angra ganharam na região o apelido de "decreto Luciano Huck", em alusão à casa que o apresentador tem no local.
Ali do lado. Desculpas à parte, mesmo aliados de Sérgio Cabral acham que o governador errou feio ao não comparecer logo no dia 1º ao cenário da tragédia em Angra, relativamente próximo a Mangaratiba, local onde o peemedebista festejou a virada do ano com família e amigos.
Entre nós. Chamou a atenção o fato de, quando finalmente resolveu aparecer, o governador ter circulado levando a tiracolo o deputado federal Luiz Sérgio, recém-eleito presidente do PT no Rio e ex-prefeito de Angra.
Na muda. No PT e alhures, o silêncio de Lindberg Farias em relação aos mortos pela chuva no Rio é interpretado como sinal de que o prefeito de Nova Iguaçu não enfrentará Cabral na disputa pelo governo, aguardando que lhe pavimentem caminho seguro para o Senado, com a retirada de Benedita da Silva do jogo.
Escaldado. Eduardo Paes (PMDB) chamou amigos e aliados para passar a virada num espaço reservado à Prefeitura do Rio de Janeiro na praia de Copacabana. Em virtude das mortes, que àquela já haviam ultrapassado os dois dígitos, achou melhor não aparecer por lá.
DJ. Diante do índice pluviométrico registrado em vários pontos do país na virada do ano, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) postou no Twitter sua "sugestão de música" para o dia: "Planeta Água", de Guilherme Arantes.
Hora dos fogos. Com o episódio da "lista tríplice" ainda parado na garganta, peemedebistas se sentiram desprestigiados na partilha da liberação de emendas e cobraram o Planalto. Para evitar nova crise, o problema foi resolvido pouco antes da virada.
Troca tudo 1. Ao examinar o Datafolha sobre o Senado em SP, pesquiseiros se impressionam menos com a liderança do veterano Aloizio Mercadante (PT, 32%) e mais com os 22% obtidos tanto por Soninha (PPS) quanto por Netinho de Paula (PC do B).
Troca tudo 2. Hipótese dos analistas: na esteira do Sarneygate e dos demais descalabros administrativos revelados em 2009, pode ganhar força uma onda novidadeira na eleição ao Senado.
Barba e cabelo. Ainda desconfortável com a perspectiva de ver Geraldo Alckmin ganhar de presente o governo paulista, o DEM faz circular o nome de Guilherme Afif para duas vagas não necessariamente excludentes: vice na chapa do tucano neste ano e candidato à sucessão de Gilberto Kassab em 2012.
Tiroteio
"O Cabral segue a lógica do marketing antigo: só aparece quando as coisas vão bem. Quando há um problema, ele some e escala um secretário."
Contraponto
Questão de ângulo Durante vistoria às obras de revitalização de uma praça na região de Sapopemba (zona leste de São Paulo) às vésperas do feriado de Ano Novo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) foi cercado por moradores que queriam tirar fotos e aproveitar para fazer alguns pedidos. Auxiliares notaram que havia um homem embriagado na fila e se entreolharam. Ao que, aos gritos, o morador disparou:
-Você está fazendo um trabalho tão bom em São Paulo que você vai ser presidente em 2014!
Satisfeito, Kassab não resistiu e comentou baixinho com seus assessores:
-Acho que ele está muito bem!
DENIS LERRER ROSENFIELD
(In)segurança jurídica
O Estado de S. Paulo - 04/01/2010 |
Multiplicam-se no País declarações e condutas governamentais e políticas que têm um mesmo fundamento: a relativização do direito de propriedade. É como se o direito de propriedade fosse um mal que deveria ser exorcizado, algo apenas tolerado, de nenhum modo valorizado. A desastrosa experiência socialista, totalitária, do século 20 está sendo progressivamente esquecida, dando lugar à reanimação desse morto-vivo, só que agora com novo nome. Os nomes, aliás, variam segundo os diferentes interlocutores. Alguns o chamam "utopia"; outros, "socialismo do século 21"; outros ainda, "sociedade justa e solidária". As denominações vão mudando ao sabor das circunstâncias, tendo um igual denominador comum, o de formar a opinião pública. O seu significado permanece, porém, o mesmo. |
CLÁUDIO HUMBERTO
Semiditador da Venezuela, o "louquaz" Hugo Chávez, com a cabeça ainda em Honduras
MÃOS AO ALTO: SENADO TERÁ TROPA DE ELITE
O Senado quer criar um inusitado Serviço de Armaria. Está na reforma administrativa. É para atender a Polícia Legislativa, que já treinou na Swat, a elite da polícia dos EUA. Hoje já existe uma Sala de Armas, extraoficial. Mas antes de criar o serviço, será preciso treinar os policiais legislativos. Muitos já têm idade avançada. Outros, pouca afinidade com armamentos. Aliás, para que armas no Senado?
PRAZO CURTO
Os tribunais só têm até o dia 29 próximo para enviar ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) os processos julgados.
FERIADO FORENSE
Termina dia 6 o recesso do Judiciário. Os prazos processuais, que estavam suspensos desde o dia 20 de dezembro, voltam a contar.
CANAL DA ESPERANÇA
O presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, virou assíduo no YouTube. Dia 31, respondeu a perguntas de detentos do DF e garantiu que "processos de ricos e pobres recebem a mesma atenção".
GUERRA É GUERRA
O departamento logístico do Exército já garantiu as munições para o próximo ano. Foram R$ 5 milhões para a aquisição dos cartuchos.
VOA LULA, VOA
Um leitor gaúcho propõe a campanha "Lula, 365 dias fora do Brasil": atribui o bom momento do País ao fato de que sem o presidente, quem manda é o chefão do Banco Central, Henrique Meirelles.
URTICÁRIA LOCALIZADA
Em conversa com o ex-governador Esperidião Amin (SC), o senador Arthur Virgílio revelou certa vez ter "urticária" do ex-prefeito Paulo Maluf, tal a sua aversão ao correligionário do catarinense. Amin pegou sua mão: - Quero ver se você tem urticária também pelos correligionários de Maluf. Arthur descartou: - Minha urticária é localizada, só aparece em São Paulo.
CORRENDO CONTRA O TEMPO NO STJ
Tem ministro do Superior Tribunal de Justiça incomodado com a Meta 2, esforço do Judiciário para julgar processos que ingressaram até dezembro de 2005. São tantos atrasados, que as distribuições nem mesmo respeitam a Seção a que o magistrado pertence. Já são cinco desembargadores convocados para correr contra o tempo.
LUZ É PRECISO
A Câmara dos Deputados estará livre de apagões em 2010: comprou por R$ 500 mil um gerador de energia que garante luz por 12 horas.
ÁGUA NA MEIA...
O Guará, um dos bairros mais populosos do DF, ficou sem água de domingo a quarta-feira, em meio aos preparativos do Natal.
MEU FILHO, NÃO
Nem no tranco pega o projeto do senador Cristovam Buarque (foto) para políticos colocarem filhos em escola pública: o prefeito do Rio, Eduardo Paes, por exemplo, paga cerca de R$ 2 mil na "top" Suíço-Brasileira.
A FESTA DE CADA UM
O governador do DF, José Roberto Arruda (sem partido), preferiu ficar em Brasília, mas o vice Paulo Otávio (DEM) foi para São Paulo. O presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente, aquele do dinheiro na meia, preferiu Goiás, terra de Delúbio Soares.
"MOTHER DINAH"
Um grupo de jornalistas do jornal britânico Financial Times previu que o Brasil será campeão da Copa de 2010, na África do Sul, e a ministra Dilma a futura presidente. Elementar a primeira previsão, meus caros.
ALÔ, PRESIDENTE
A Presidência da República vai gastar quase R$ 2 milhões em operação e manutenção das centrais telefônicas do Palácio do Planalto, em 2010.
...E PANETONE NO ESCURO
Além da falta d'água, o governo do DF anuncia que faltará luz em vários bairros de Brasília. Durval Barbosa vai precisar de pilha para filmar.
OBRAS EM RISCO
Falta de segurança põe em risco as obras de arte no Museu da República, na Esplanada dos Ministérios, recém-inaugurado. Algumas peças já estão danificadas porque os visitantes insistem em tocá-las.
AJUDA AO TIMOR
Uma professora no Timor Leste, país de língua portuguesa que ficou sob o domínio da Indonésia por 24 anos, faz um apelo na internet para doação de dois quilos de livros. De Portugal, sai por R$ 5.
SEM INCENTIVO
O problema é que para mandar do Brasil, a encomenda sai por R$ 76. E não tem essa de tarifa econômica dos Correios, não. O Brasil tem vários professores no Timor, mas falta incentivo para enviar livros.
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Custo Brasil ou vítimas da legalidade - 3
O Estado de S. Paulo - 04/01/2010 |
Com nota? - Do leitor Livio Euler de Araujo, químico industrial metalurgista, já aposentado, com 85 anos ("ainda trabalhando onde consigo ser aceito com essa idade, pois nessa "Terra de Deus" - dizem que Deus é brasileiro -, o aposentado, se não for rico, não consegue levar vida decente"), dois casos. |
ANCELMO GÓIS
O Tribunal de Justiça do Rio concedeu liminar à CBF mandando a Coca-Cola retirar do ar anúncio em que aparece o ex-jogador Bebeto.
A CBF diz que a empresa usou símbolos, um tanto estilizados, da seleção brasileira.
A passo de cágado
Veja só como há uma grande distância entre o discurso e a prática na hora de gastar.
O governo federal estava autorizado a aplicar R$ 54,5 bilhões em investimentos em 2009. Porém, entre contratar, gastar e pagar, só desembolsou R$ 12 bilhões ao longo do ano todo.
Ou seja, usou efetivamente apenas 22% do que era permitido no orçamento. O cálculo é da ONG Contas Abertas, com base em dados do Siafi e do Tesouro Nacional.
Segue...
Veja o caso do esporte, tido como prioritário por causa das Olimpíadas de 2016 e da Copa de 2014.
Em 2009, o programa Esporte e Lazer na Cidade podia gastar R$ 970 milhões.
Mas só pagou R$ 4 milhões (ou apenas 0,42%).
Abertura de capital
O banqueiro André Esteves deve abrir o capital do seu BTG Pactual neste semestre, com uma avaliação de uns R$ 10 bilhões.
Menino do Rio
Fernando Henrique estava ontem nas areias da Praia do Leblon.
Foi aplaudido.
Dada a largada
Cerca de 100 mil pessoas foram assistir sábado agora o filme “Lula, o Filho do Brasil”, dirigido por Fábio Barreto, em 350 salas espalhadas por todo o país.
É mais do que um Maracanã lotado.
Eu sou limpinho
O ministro Edson Lobão reage bem humorado às criticas de que é um inimigo dos ambientalistas: — A nossa matriz energética contribuiu para a poluição muito pouco: apenas 2,5%.
Quem polui muito no Brasil é o desmatamento. Este é que deve ser o foco do “Doutor Minc”.
O Brasil é o quente
Dia 12 agora vai começar em Cancún, no México, a 14aConferência Santander América Latina, pajelança de investidores internacionais.
Este ano há um número recorde de investidores do hemisfério norte inscritos para o evento. É gente que, além de buscar um pretexto para fugir do frio, está interessada principalmente no Brasil, dizem os organizadores.
O imortal Gil
Há uma articulação para fazer do ex-ministro Gilberto Gil integrante da Academia Brasileira de Letras.
Você já votou na Mulata do Gois (oglobo.com.br/ mulatadogois2010)?
"Sassaricando", o musical de Sérgio Cabral, pai, e Rosa Maria Araújo, emplaca sua 4ª temporada. Reestreia dia 8 no Carlos Gomes.
O procurador-geral de Justiça do Rio, Cláudio Lopes, abrirá na sede do Ministério Público um novo espaço cultural para a cidade.
Sinfrerj empossa diretoria com Juarez Barcellos de Sá, Ricardo Brand, Francisco Genu e outros.
Você já votou no Mulato do Gois (oglobo.com.br/ mulatodogois2010)?
Ser ou não ser?
Desde a época de Cesar Maia, a ideia da Prefeitura é entregar à Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) a concessão da Cidade da Música.
Em 2008, a OSB chegou a vencer uma licitação para administrar o local.
Só que hoje é a própria direção da Orquestra que já tem dúvidas se deve ou não assumir este pepino.
Alô Tarso Genro!
No sábado, dia 2, no GaleãoTom Jobim — sempre ele —, a fila de atendimento pela Polícia Federal para quem precisava embarcar para o exterior demorava horas.
Sustentável
Gelson Serva, ex-diretor da Empresa de Planejamento Energético, será o novo subsecretário de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria estadual do Ambiente, do Rio.
Petróleo é ouro
O aeroporto de Cabo Frio deve receber este ano em torno de 200 voos de carga provenientes do exterior, geralmente com equipamentos para perfuração de petróleo.
No ano passado, foram 90.
JOÃO HELIOFAR DE JESUS VILLAR
Corrupção: o ovo da serpente
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/01/10
Quem atua na fiscalização das eleições sabe que todo o sistema foi desenhado para não funcionar e que a fiscalização é impossível
O ESCÂNDALO envolvendo o governo do Distrito Federal gerou diversas manifestações acerca da causa da corrupção no país.
A impunidade é uma das mais lembradas. Ninguém duvida de que a impunidade é um câncer, mas o diagnóstico de quem vê aí o motor da corrupção está distorcido. Impunidade há em todo lugar, tanto no narcotráfico quanto no homicídio, e não é um mal específico do assalto aos cofres públicos.
Quem acompanha de perto o jogo político e as campanhas eleitorais não tem dúvida de qual é a fonte da roubalheira oficial no Brasil. O ovo da serpente é o financiamento da corrida eleitoral. Como procurador regional eleitoral no Rio Grande do Sul, tive a oportunidade de atuar em quatro eleições e refletir demoradamente sobre essa loucura que é o processo das eleições no Brasil.
Quem trabalha na fiscalização dos pleitos sabe que o sistema está desenhado para não funcionar. Não se trata de fiscalização ineficiente e sim de fiscalização impossível. Num Estado como São Paulo, participam das eleições gerais milhares de candidatos, cada um com sua campanha, suas contas e seu financiamento. Nesse quadro, que fiscalização seria possível? Não se trata de uma campanha por partido, como ditaria a racionalidade e como acontece na maioria dos países da Europa. Também não é uma campanha por distrito, como ocorre nos Estados Unidos, em que o partido possui apenas um candidato por distrito.
A campanha no Brasil é uma geleia geral, com mais de uma centena de candidatos por partido, cada um com sua campanha, brigando contra todos, inclusive contra correligionários.
O quadro é de uma irracionalidade inacreditável. Na verdade, cada candidato é uma campanha eleitoral, e o partido atua como mero coadjuvante.
Pois bem, impossível a fiscalização, surge um outro agravante. As campanhas são caríssimas. Um candidato a deputado federal, por exemplo, que pretenda se eleger e fazer uma campanha competitiva, precisará despender uma soma enorme de recursos. Há quem fale em quinhentos mil reais (os dados não são exatos, pois não se dispõe de estatísticas confiáveis, na medida em que ninguém pode afirmar que os recursos declarados espelhem a realidade). Como um candidato, com renda mediana, reunirá essa soma de recursos para se lançar numa aventura de sucesso incerto?
Como se vê, os candidatos dependem desesperadamente de recursos para competir em igualdade de armas com os demais, num sistema de fiscalização inviável. Um candidato não pode contar com o seu partido. Resultado: a necessidade absurda de obter recursos do setor privado torna a via lícita de arrecadação estreita demais, razão por que há um consenso silencioso na classe política de que o caixa dois é uma necessidade inafastável na vida real e de que esta nada tem a ver com o desenho platônico das regras que regulam a arrecadação de recursos na legislação eleitoral.
Pois bem, o caixa dois corre solto e o sistema permite que a classe política considere o artifício moralmente justificável: "Sou uma vítima do sistema". Não é de graça que todo agente público, flagrado com dinheiro na cueca ou na meia, usa sempre a mesma defesa, "a propina se destinava ao caixa de campanha". O leigo se pergunta: "Como alguém pode se defender de um crime confessando outro delito?". É que o caixa dois seria, por assim dizer, inevitável. É ilícito mas não tem nem a sombra da reprovabilidade moral da corrupção. Caixa dois na campanha é como contrabando de sacoleiro, previsto na legislação penal, mas tolerado por todos. É algo, alguém diria, que só os hipócritas condenam, pois quem vive na vida real da política sabe que sua prática é necessária. E mais, o dilema é invencível.
Ou se admite o caixa dois ou se inviabiliza a competitividade na eleição.
O duro é que o caixa dois não é assim tão inocente. Cria um vínculo maldito entre financiador e candidato, pois a dívida que surge na campanha será paga na administração. Como o eleito vai tratar com isenção um empresário que alimentou substancialmente sua campanha? E o vínculo do financiamento eleitoral tende a se converter na promiscuidade da administração. E tudo será justificado pela necessidade de se financiar futuras corridas eleitorais. E o círculo vicioso não terá fim, especialmente porque a generosidade do financiador, estimulada pelos privilégios da administração, tende a se avantajar, e os recursos públicos e privados, agora já indistinguíveis, financiarão, além da campanha, um carro novo, um iate, uma amante etc. etc.
O que fazer? Esse quadro não vai mudar até que a sociedade se conscientize de que o sistema eleitoral está sob maldição. Ou se muda o sistema ou se mantém intacto o ovo da serpente.
JOÃO HELIOFAR DE JESUS VILLAR, 47, é membro do Ministério Público Federal e atua na Procuradoria Regional da República na 4ª Região. Foi procurador regional eleitoral do Rio Grande do Sul de 2004 a 2008.