ELES TÊM PAPA!
quarta-feira, março 13, 2013
Deus em promoção - MARTHA MEDEIROS
ZERO HORA - 13/03
Pouca coisa me escandaliza, mas fiquei perplexa com o vídeo que andou circulando pela internet, que mostra um culto da Assembleia de Deus conduzido pelo pastor Marco Feliciano – sim, o polêmico presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, o maior para-raios de encrencas da atualidade.
O vídeo mostra o momento da coleta de dízimos e doações, a parte mercantilista da negociação dos fiéis com o Pai Supremo, de quem o pastor se julga uma espécie de contador particular, pelo visto.
Entre frases inibidoras, como “Você vai mesmo ficar com esse dinheiro na sua carteira?”, dirigida a pessoas da plateia, e estimulando que os trabalhadores cedam uma porcentagem do seu salário dizendo “Aquele que crê dá um jeito”, aconteceu: alguém entregou seu cartão de crédito nas mãos do pastor. No que ele retrucou: “Ah, mas, sem a senha, não vale. Depois, vai pedir um milagre pra Deus, Ele não vai dar, e aí vai dizer que Deus é ruim”.
Entendi bem? Deus está à venda? Cobrando pelas graças solicitadas?
Essa colocação do pastor bastaria para abrir uma CPI contra os caras de pau que, abusando da esperança de gente sem muito tutano, arrecadam fortunas e depois vão fazer suas preces particulares em algum resort em Miami. Quem dera houvesse um Joaquim Barbosa para colocar ordem nesse galinheiro falsamente místico, mas quem ousa? Se essa simples crônica já sofrerá retaliações, imagine alguém peitar judicialmente um representante de Deus, ou que assim se anuncia.
Religiosidade é algo extremamente respeitável. Cada um exerce a sua com a intensidade que lhe aprouver, de forma saudável, a fim de conquistar bem-estar espiritual. Todas as pessoas religiosas que conheço, e são inúmeras, nunca precisaram comprar sua fé nem dar nada em troca – conquistaram-na gratuitamente através de cultura familiar ou de uma necessidade pessoal de conforto e consolo que é absolutamente legítima.
Religião é, basicamente, isso: conforto e consolo.
Já os crentes fazem parte de outra turma. São os que acreditam cegamente em pecado, castigo, punição e numa recompensa que só virá depois de algum sacrifício. Quando não pagam em espécie, abrem mão de prazeres terrenos como forma de penitência, para se tornarem dignos da vida eterna – que viagem.
É preciso ser muito iludido para acreditar que pagar a conta de luz é menos importante do que pagar pelo milagre encomendado a Deus através de seus “assessores” – e que, segundo o pastor Marco Feliciano, só será realizado se você não tiver caído na malha fina do Serasa Divino.
O que fazer para tirar os crentes desse transe? Colocar na cadeia esses ilusionistas que se apresentam como pastores? Duvido que ajude. A bispa Sonia e seu marido Estevam Hernandes foram condenados por lavagem de dinheiro e de nada adiantou. Se fossem condenados por lavagem cerebral, quem sabe.
Pouca coisa me escandaliza, mas fiquei perplexa com o vídeo que andou circulando pela internet, que mostra um culto da Assembleia de Deus conduzido pelo pastor Marco Feliciano – sim, o polêmico presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, o maior para-raios de encrencas da atualidade.
O vídeo mostra o momento da coleta de dízimos e doações, a parte mercantilista da negociação dos fiéis com o Pai Supremo, de quem o pastor se julga uma espécie de contador particular, pelo visto.
Entre frases inibidoras, como “Você vai mesmo ficar com esse dinheiro na sua carteira?”, dirigida a pessoas da plateia, e estimulando que os trabalhadores cedam uma porcentagem do seu salário dizendo “Aquele que crê dá um jeito”, aconteceu: alguém entregou seu cartão de crédito nas mãos do pastor. No que ele retrucou: “Ah, mas, sem a senha, não vale. Depois, vai pedir um milagre pra Deus, Ele não vai dar, e aí vai dizer que Deus é ruim”.
Entendi bem? Deus está à venda? Cobrando pelas graças solicitadas?
Essa colocação do pastor bastaria para abrir uma CPI contra os caras de pau que, abusando da esperança de gente sem muito tutano, arrecadam fortunas e depois vão fazer suas preces particulares em algum resort em Miami. Quem dera houvesse um Joaquim Barbosa para colocar ordem nesse galinheiro falsamente místico, mas quem ousa? Se essa simples crônica já sofrerá retaliações, imagine alguém peitar judicialmente um representante de Deus, ou que assim se anuncia.
Religiosidade é algo extremamente respeitável. Cada um exerce a sua com a intensidade que lhe aprouver, de forma saudável, a fim de conquistar bem-estar espiritual. Todas as pessoas religiosas que conheço, e são inúmeras, nunca precisaram comprar sua fé nem dar nada em troca – conquistaram-na gratuitamente através de cultura familiar ou de uma necessidade pessoal de conforto e consolo que é absolutamente legítima.
Religião é, basicamente, isso: conforto e consolo.
Já os crentes fazem parte de outra turma. São os que acreditam cegamente em pecado, castigo, punição e numa recompensa que só virá depois de algum sacrifício. Quando não pagam em espécie, abrem mão de prazeres terrenos como forma de penitência, para se tornarem dignos da vida eterna – que viagem.
É preciso ser muito iludido para acreditar que pagar a conta de luz é menos importante do que pagar pelo milagre encomendado a Deus através de seus “assessores” – e que, segundo o pastor Marco Feliciano, só será realizado se você não tiver caído na malha fina do Serasa Divino.
O que fazer para tirar os crentes desse transe? Colocar na cadeia esses ilusionistas que se apresentam como pastores? Duvido que ajude. A bispa Sonia e seu marido Estevam Hernandes foram condenados por lavagem de dinheiro e de nada adiantou. Se fossem condenados por lavagem cerebral, quem sabe.
Dar um tempo - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 13/03
É. Pode ser.
Tens mãe?
Os governadores Cabral e Casagrande recusaram o convite para discutir o pacto federativo na Câmara. É que, depois da tunga do petróleo do Rio e do Espírito Santo, promovida por Suas Excelências, parece deboche. E é.
Abuso sexual
Lembra o caso do segurança Rodrigo da Silva Borges, acusado de estuprar dentro do Colégio Pedro II, em São Cristóvão, uma índia que vivia no antigo Museu do Índio, no final do ano passado?
Pois bem, ele será ouvido hoje pela juíza Hyedda Christina Assunção, da 12ª Vara Criminal do Rio.
Cena carioca
O advogado Wellington Corrêa protagonizou uma cena inusitada, ontem, durante o julgamento do traficante Fernandinho Beira-Mar no Tribunal do Júri, no Rio.
Ele pediu para ir ao banheiro. Mas esqueceu o microfone ligado. O barulho do xixi foi acompanhado no tribunal.
Habemus humor
Piadinha que circula no Rio, ouvida por mestre Cacá Diegues: Dom Odilo Scherer já foi eleito Papa, mas os cardeais anularam a eleição porque ele escolheu o nome de Lula II.
Já...
Mestre Ziraldo diz que até agora a fumaça que saiu do Vaticano não é branca, nem preta. “Tá mais para 50 tons de cinza.” Faz sentido.
Eu quero o meu
Em breve, o STJ vai apreciar um pedido de alimentos (pensão alimentícia) movido por Suzane von Richthofen, que matou os pais, contra o espólio da família.
Aliás...
Houve um tempo em que o Rio era cenário de crimes que abalavam o país, como o caso Aída Curi, o Crime do Sacopã, a Fera da Penha e tantos outros que faziam aumentar a tiragem dos jornais da época.
Agora, estes crimes, digamos, mais midiáticos, migraram para São Paulo. Além do caso da Suzane, há o de Mizael Bispo, acusado de matar a ex-namorada Mércia Nakashima, que tem transmissão inédita na internet e na TV.
Polêmica sobre a m...
Sobre a nota que seis representantes da Fifa, que almoçaram no Palácio do Buriti, em Brasília, saíram de lá com dor de barriga, o governo do DF soltou uma nota esclarecendo que “Não é possível afirmar que a indisposição alimentar tenha sido causada após a refeição oferecida no Palácio”.
E lembra que, antes de Brasília, a comitiva esteve em outras cidades-sede para o mesmo evento. Ah, bom!
Macaco à venda
Está à venda na Birds Pet Shop, no Barra Point, uma fêmea de macaco-prego, um animal silvestre. A loja diz ter os documentos para o negócio e que o bicho foi criado em cativeiro.
Custa, acredite, R$ 50 mil.
Paes Picasso
Eduardo Paes fincou no jardim da Gávea Pequena, sua residência oficial, que nem uma escultura, uma viga de metal, retirada da parte já derrubada da Perimetral.
Caminho do mar
O artista Laercio Redondo abrirá uma tampa no piso da Casa França-Brasil, revelando uma galeria subterrânea, que, na planta original do prédio, de 1824, tinha ligação direta com o mar.
A exposição, que abre sábado, marca o início da temporada 2013 da Casa.
A fila anda
Adriano, o Imperador, comprou duas alianças de noivado na H. Stern para Renata Fontes.
Grupo de trabalho
A presidente do TJ do Rio, desembargadora Leila Mariano, nega a criação de um grupo de trabalho para atuar na 4ª Vara Empresarial do Rio.
Boni e Daniel
A ex-BBB Cida Moraes, que virou repórter do programa de TV “Gente carioca”, estava na sessão vip de “Como vencer na vida sem fazer força”, no Oi Casa Grande, avistou o diretor Daniel Filho e atacou:
— Estamos aqui com esse grande homem da televisão, o Boni.
Segue...
Com muito bom humor, Daniel tirou o celular e disse que iria ligar para Boni, para que ela pudesse conversar.
Pano rápido.
Condenação à morte - RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 13/03
RIO DE JANEIRO - Tivemos de chegar à metástase do crack para que, de repente, o Brasil acordasse para o problema da droga. Mas antes tarde etc. Por outro lado, nos jornais e on-lines, pululam amadorismos bem-intencionados. Pessoas que só sabem de droga pelos manuais, por alguma breve experiência com maconha na juventude ou por passar de carro pelas proximidades de uma cracolândia pontificam a respeito. Ao cantar de um galo à distância, julgam ouvir a palavra "higienismo" e logo se põem contra a internação involuntária.
As famílias dos dependentes sabem melhor do que falam -sua experiência de ter em casa um escravo do crack ainda não foi, nem de longe, tratada pela literatura. E por que "em casa", perguntará você, se o dependente se muda para a cracolândia? Porque a casa é para onde ele sempre volta, para pegar ou tomar o que ainda possa ser vendido e lhe valer uma pedra -dos bens e joias da família a lustres, móveis, esquadrias.
Tais famílias não suportam ver seu filho ou neto receber "alta" e ser devolvido às ruas pelos que o internaram apenas um mês antes -para abrir novas vagas, denunciam elas, e maquiar as estatísticas de "atendimento". Se isso de fato estiver acontecendo, é lamentável -mas não basta para desqualificar todo o sistema de internação, que apenas começa a ser posto em prática.
Também não tem sentido o raciocínio de que, como historicamente o homem sempre se drogou, não adiantam os bilhões investidos na repressão, porque ele voltará a se drogar, não importa com o quê. Bem, o homem também sempre ficou doente. Significa que a medicina e a pesquisa científica devem fechar as portas pois, não importam os seus avanços, o homem voltará a ficar doente e morrerá?
Uma alta prematura é quase sinônimo de recaída. Mas o abandono na rua já é uma condenação à morte.
RIO DE JANEIRO - Tivemos de chegar à metástase do crack para que, de repente, o Brasil acordasse para o problema da droga. Mas antes tarde etc. Por outro lado, nos jornais e on-lines, pululam amadorismos bem-intencionados. Pessoas que só sabem de droga pelos manuais, por alguma breve experiência com maconha na juventude ou por passar de carro pelas proximidades de uma cracolândia pontificam a respeito. Ao cantar de um galo à distância, julgam ouvir a palavra "higienismo" e logo se põem contra a internação involuntária.
As famílias dos dependentes sabem melhor do que falam -sua experiência de ter em casa um escravo do crack ainda não foi, nem de longe, tratada pela literatura. E por que "em casa", perguntará você, se o dependente se muda para a cracolândia? Porque a casa é para onde ele sempre volta, para pegar ou tomar o que ainda possa ser vendido e lhe valer uma pedra -dos bens e joias da família a lustres, móveis, esquadrias.
Tais famílias não suportam ver seu filho ou neto receber "alta" e ser devolvido às ruas pelos que o internaram apenas um mês antes -para abrir novas vagas, denunciam elas, e maquiar as estatísticas de "atendimento". Se isso de fato estiver acontecendo, é lamentável -mas não basta para desqualificar todo o sistema de internação, que apenas começa a ser posto em prática.
Também não tem sentido o raciocínio de que, como historicamente o homem sempre se drogou, não adiantam os bilhões investidos na repressão, porque ele voltará a se drogar, não importa com o quê. Bem, o homem também sempre ficou doente. Significa que a medicina e a pesquisa científica devem fechar as portas pois, não importam os seus avanços, o homem voltará a ficar doente e morrerá?
Uma alta prematura é quase sinônimo de recaída. Mas o abandono na rua já é uma condenação à morte.
Ueba! Onde há fumaça, há papa! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 13/03
Escândalo no Vaticano parece caixa de lenço de papel: você puxa um e vêm três! Você nunca puxa um só!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Predestinado! Enviado especial da BBC Brasil a Roma: Thomas Pappon! Rarará!
E todo mundo de olho na chaminé! O mundo vai pegar um torcicolo! Bafo no conclave: "Vaticano é acusado de gastar R$ 58 mi em apartamentos num complexo que abriga maior sauna gay da Europa". Gayticano! Vaticano muda de nome para Gayticano! É padrefolia! Em vez de fumaça, vai sair um arco-íris da chaminé! Tô achando que esse conclave vai ser na The Week!
E escândalo no Vaticano parece caixa de lenço de papel: você puxa um e vêm logo três! Você nunca consegue puxar um só! E o porta-voz do Vaticano se chama Lombardi. Então o papa é o Silvio Santos! E se sair fumaça preta é que esqueceram o feijão no fogo!
E cadê a Ilze Scamparini? Ainda não vi a Ilze! Trocaram a Ilze pela Poeta! Sacanagem! Como disse um amigo: "Ela merece dar a notícia em primeira fumaça!" Se não for a Ilze, haverá outro conclave! E como disse o tuiteiro Adam Na: "Só reconheço o novo papa se for com a Ilze!". Eu também! Senão, eu mudo de religião!
E todo mundo, naquele frio de Roma, esperando sair a fumacinha da chaminé, e soltando fumacinha pela boca! E se a Patrícia Poeta soltar fumaça branca pela boca é que o papa é da Globo!
E o Tutty Vasques: "Gaviões da Fiel promete não soltar nem pum hoje no Pacaembu". Pum de corintiano é mortal. Mortal Kombat!
Rarará!
E a manchete do Sensacionalista: "Pedro Bial vai apresentar conclave e fará poesias em latim". Pode fazer em qualquer língua, ninguém entende nada mesmo! Rarará! E eu já disse que papável mesmo é a Sabrina Sato! A Cleo Pires! Os coroinhas! Rarará!
E essa: "Cardeais tuitam antes de missa!". Primeiro o prazer e depois o dever! Eles podiam rezar uma missa em 140 caracteres! E podiam soltar fumaça pelo twitter também! Rarará! É mole? É mole mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Eu tenho a teoria de que no Brasil todo mundo escreve errado, mas todo mundo se entende. Olha essa placa: "Proibido Extacinar!". Esse inovou. Essa grafia é nova! E essa outra: "Central dos Purfs! Aceto de cadeira". Vou comprar uns purf pra assistir ao papa! Rarará. Nóis sofre mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno
Escândalo no Vaticano parece caixa de lenço de papel: você puxa um e vêm três! Você nunca puxa um só!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Predestinado! Enviado especial da BBC Brasil a Roma: Thomas Pappon! Rarará!
E todo mundo de olho na chaminé! O mundo vai pegar um torcicolo! Bafo no conclave: "Vaticano é acusado de gastar R$ 58 mi em apartamentos num complexo que abriga maior sauna gay da Europa". Gayticano! Vaticano muda de nome para Gayticano! É padrefolia! Em vez de fumaça, vai sair um arco-íris da chaminé! Tô achando que esse conclave vai ser na The Week!
E escândalo no Vaticano parece caixa de lenço de papel: você puxa um e vêm logo três! Você nunca consegue puxar um só! E o porta-voz do Vaticano se chama Lombardi. Então o papa é o Silvio Santos! E se sair fumaça preta é que esqueceram o feijão no fogo!
E cadê a Ilze Scamparini? Ainda não vi a Ilze! Trocaram a Ilze pela Poeta! Sacanagem! Como disse um amigo: "Ela merece dar a notícia em primeira fumaça!" Se não for a Ilze, haverá outro conclave! E como disse o tuiteiro Adam Na: "Só reconheço o novo papa se for com a Ilze!". Eu também! Senão, eu mudo de religião!
E todo mundo, naquele frio de Roma, esperando sair a fumacinha da chaminé, e soltando fumacinha pela boca! E se a Patrícia Poeta soltar fumaça branca pela boca é que o papa é da Globo!
E o Tutty Vasques: "Gaviões da Fiel promete não soltar nem pum hoje no Pacaembu". Pum de corintiano é mortal. Mortal Kombat!
Rarará!
E a manchete do Sensacionalista: "Pedro Bial vai apresentar conclave e fará poesias em latim". Pode fazer em qualquer língua, ninguém entende nada mesmo! Rarará! E eu já disse que papável mesmo é a Sabrina Sato! A Cleo Pires! Os coroinhas! Rarará!
E essa: "Cardeais tuitam antes de missa!". Primeiro o prazer e depois o dever! Eles podiam rezar uma missa em 140 caracteres! E podiam soltar fumaça pelo twitter também! Rarará! É mole? É mole mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Eu tenho a teoria de que no Brasil todo mundo escreve errado, mas todo mundo se entende. Olha essa placa: "Proibido Extacinar!". Esse inovou. Essa grafia é nova! E essa outra: "Central dos Purfs! Aceto de cadeira". Vou comprar uns purf pra assistir ao papa! Rarará. Nóis sofre mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno
Cada vez piores e mais caros - EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S. PAULO - 13/03
Espertamente apresentada há anos pelo PT e por seu braço sindical, a Central Única dos Trabalhadores, como democratizante e modernizadora da estrutura sindical, pois em tese a libertaria dos vínculos financeiros formais com o Estado, a proposta de substituição do atual imposto por uma taxa negociada pelos sindicatos com suas bases começa a ser encampada pelo governo. No entanto, se aprovada da forma como está sendo proposta, o que deveria ser um avanço nada mais será do que a substituição de uma contribuição compulsória por outra.
Para o trabalhador, o resultado poderá ser ainda pior, pois, da forma como a mudança está sendo encaminhada, o novo imposto - é disso que se trata, na essência - retirará de seu salário praticamente o quádruplo do valor que hoje ele paga para sustentar a estrutura sindical. E tudo isso continuará sendo feito compulsoriamente, como agora, para que a maioria dos trabalhadores não tenha a quem se queixar do esbulho que estará sofrendo.
Um esboço dessa nova taxa, que sindicalistas chamam de "negociai", foi inserido no Projeto de Lei que regulamenta a profissão de comerciário, que aguarda sanção da presidente Dilma Rousseff. Proposto pelo senador Paulo Paim (PT-RS), o projeto foi emendado na Câmara, que nele incluiu uma "contribuição para o custeio da negociação coletiva", que deverá ser fixada em assembleia-geral da entidade sindical, será cobrada mensalmente e não poderá ser superior a 1% do salário. Para um trabalhador que ganha R$ 1.000 por mês, a contribuição atual, cobrada uma vez por ano, em março, lhe custa R$ 33,33. A nova fórmula eleva a contribuição para até R$ 120 por ano, um aumento de 260%.
Essa fórmula se aplica apenas aos comerciários, mas o governo estuda sua extensão para todas as categorias profissionais. O pior é que essa nova taxa não eliminará a contribuição sindical. Ou seja, o trabalhador poderá ter de pagar compulsoriamente duas taxas para sustentar uma estrutura sindical à qual poucas vezes ele recorre, por sua crescente inoperância e ineficácia, mas que, como se vê, poderá lhe custar cada vez mais caro. Diz-se que a dupla cobrança vigorará durante um período de transição, mas a história do País é rica em exemplos de contribuições provisórias que se perenizaram.
A maioria dos sindicatos não conseguiu entender as transformações por que passaram a economia mundial e, sobretudo, o mundo do trabalho. Por isso, vem perdendo influência na discussão de temas cruciais para o trabalhador, como as novas condições de trabalho, as novas exigências e oportunidades em termos de jornada ou de local de trabalho, as transformações no relacionamento entre empregado e empregador, além do impacto que essas mudanças têm nas formas e no valor da remuneração.
A mobilidade do capital agora é acompanhada da mobilidade das empresas. Elas têm muito mais facilidade para contratar mão de obra onde as condições sejam melhores, em termos de quantidade, habilitação, remuneração e legislação trabalhista.
Incapazes de entender as mudanças, os sindicatos estão menos preparados para defender os interesses dos trabalhadores, que deles se afastaram. Cada vez mais esvaziadas e menos representativas, essas organizações não estão sabendo como mudar para acompanhar as transformações em seu próprio universo. O que surpreende é que, apesar de estarem cada vez mais isolados dos trabalhadores que dizem representar, os sindicalistas brasileiros continuem dedicados a buscar fórmulas para deles extrair ainda mais dinheiro.
É claro que os sindicatos continuam sendo necessários para proteger os interesses dos trabalhadores, mas isso não os exime de desempenhar adequadamente seu papel, para que possam convencer os trabalhadores a, livremente, sustentar seu trabalho, por meio da mensalidade que eles espontaneamente se disponham a pagar. Se continuarem a dispor de receita automática, os sindicatos continuarão no rumo que os está levando à irrelevância - o que talvez não incomode seus dirigentes, confortavelmente instalados sobre grossos pelegos.
Para o trabalhador, o resultado poderá ser ainda pior, pois, da forma como a mudança está sendo encaminhada, o novo imposto - é disso que se trata, na essência - retirará de seu salário praticamente o quádruplo do valor que hoje ele paga para sustentar a estrutura sindical. E tudo isso continuará sendo feito compulsoriamente, como agora, para que a maioria dos trabalhadores não tenha a quem se queixar do esbulho que estará sofrendo.
Um esboço dessa nova taxa, que sindicalistas chamam de "negociai", foi inserido no Projeto de Lei que regulamenta a profissão de comerciário, que aguarda sanção da presidente Dilma Rousseff. Proposto pelo senador Paulo Paim (PT-RS), o projeto foi emendado na Câmara, que nele incluiu uma "contribuição para o custeio da negociação coletiva", que deverá ser fixada em assembleia-geral da entidade sindical, será cobrada mensalmente e não poderá ser superior a 1% do salário. Para um trabalhador que ganha R$ 1.000 por mês, a contribuição atual, cobrada uma vez por ano, em março, lhe custa R$ 33,33. A nova fórmula eleva a contribuição para até R$ 120 por ano, um aumento de 260%.
Essa fórmula se aplica apenas aos comerciários, mas o governo estuda sua extensão para todas as categorias profissionais. O pior é que essa nova taxa não eliminará a contribuição sindical. Ou seja, o trabalhador poderá ter de pagar compulsoriamente duas taxas para sustentar uma estrutura sindical à qual poucas vezes ele recorre, por sua crescente inoperância e ineficácia, mas que, como se vê, poderá lhe custar cada vez mais caro. Diz-se que a dupla cobrança vigorará durante um período de transição, mas a história do País é rica em exemplos de contribuições provisórias que se perenizaram.
A maioria dos sindicatos não conseguiu entender as transformações por que passaram a economia mundial e, sobretudo, o mundo do trabalho. Por isso, vem perdendo influência na discussão de temas cruciais para o trabalhador, como as novas condições de trabalho, as novas exigências e oportunidades em termos de jornada ou de local de trabalho, as transformações no relacionamento entre empregado e empregador, além do impacto que essas mudanças têm nas formas e no valor da remuneração.
A mobilidade do capital agora é acompanhada da mobilidade das empresas. Elas têm muito mais facilidade para contratar mão de obra onde as condições sejam melhores, em termos de quantidade, habilitação, remuneração e legislação trabalhista.
Incapazes de entender as mudanças, os sindicatos estão menos preparados para defender os interesses dos trabalhadores, que deles se afastaram. Cada vez mais esvaziadas e menos representativas, essas organizações não estão sabendo como mudar para acompanhar as transformações em seu próprio universo. O que surpreende é que, apesar de estarem cada vez mais isolados dos trabalhadores que dizem representar, os sindicalistas brasileiros continuem dedicados a buscar fórmulas para deles extrair ainda mais dinheiro.
É claro que os sindicatos continuam sendo necessários para proteger os interesses dos trabalhadores, mas isso não os exime de desempenhar adequadamente seu papel, para que possam convencer os trabalhadores a, livremente, sustentar seu trabalho, por meio da mensalidade que eles espontaneamente se disponham a pagar. Se continuarem a dispor de receita automática, os sindicatos continuarão no rumo que os está levando à irrelevância - o que talvez não incomode seus dirigentes, confortavelmente instalados sobre grossos pelegos.
Dieta sem miséria - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 13/03
Os R$ 70 da linha oficial de pobreza extrema são insuficientes até para custear alimentação básica e necessitam ser corrigidos
A luta contra a pobreza extrema é uma bandeira que não se abandona com facilidade. Pode-se mesmo dizer que ela se tornou suprapartidária, embora identificada de imediato com o PT: todos se sentem moralmente impedidos, hoje em dia, de criticar políticas assistenciais voltadas para a parcela miserável da população.
Soa atraente, nesse contexto, o slogan "O fim da miséria é apenas um começo", lançado recentemente pela presidente Dilma Rousseff. Como peça publicitária, sobretudo em face de sua mais que provável candidatura à reeleição, a frase tem seus méritos. Como descrição da realidade, porém, esbarra no truque propagandístico e presta um desserviço ao país.
A campanha do governo federal afirma que, em dois anos, 22 milhões de brasileiros galgaram a linha da miséria. Segundo a publicidade oficial, todos os beneficiários do Bolsa Família deixaram a pobreza extrema. Restaria, agora, identificar alguns milhares de miseráveis não cadastrados para erradicar essa chaga social.
Oculto nas entrelinhas da planilha governista está o fato de que o critério de miséria adotado pelo Brasil em 2011 -R$ 70 de renda mensal familiar per capita- é ultrapassado e insuficiente.
Ultrapassado porque, há pelo menos duas décadas, especialistas têm afirmado que a dimensão monetária não pode ser a única variável no cálculo da pobreza. Equações mais modernas computam diversos outros indicadores, como saúde, educação, saneamento básico e moradia.
Insuficiente porque, como demonstrou reportagem desta Folha, R$ 70 não bastam nem para comprar os alimentos mais baratos da dieta mínima recomendada pelo próprio governo.
As porções recomendadas pelo Ministério da Saúde não saem por menos de R$ 103 mensais (a desoneração da cesta básica pouco mudará aí, pois parte do itens já estava livre de impostos). Para alcançar tal preço -quase 50% acima da linha de miséria oficial-, seria preciso ingerir, todos os dias, os mesmos itens. Uma alimentação balanceada custaria ainda mais.
Mesmo que não exista consenso sobre a melhor forma de medir a pobreza, há pouca divergência quanto à importância de qualquer métrica levar em conta, no mínimo, a capacidade de garantir o consumo alimentar básico.
A conclusão é inescapável: o valor estabelecido pelo governo Dilma é baixo e precisa ser atualizado. Presta-se antes ao ilusionismo que ao efetivo combate à indigência. Decretar que deixou de ser miserável um grupo que mal pode alimentar-se é apenas uma forma de mantê-lo exatamente como está.
Os R$ 70 da linha oficial de pobreza extrema são insuficientes até para custear alimentação básica e necessitam ser corrigidos
A luta contra a pobreza extrema é uma bandeira que não se abandona com facilidade. Pode-se mesmo dizer que ela se tornou suprapartidária, embora identificada de imediato com o PT: todos se sentem moralmente impedidos, hoje em dia, de criticar políticas assistenciais voltadas para a parcela miserável da população.
Soa atraente, nesse contexto, o slogan "O fim da miséria é apenas um começo", lançado recentemente pela presidente Dilma Rousseff. Como peça publicitária, sobretudo em face de sua mais que provável candidatura à reeleição, a frase tem seus méritos. Como descrição da realidade, porém, esbarra no truque propagandístico e presta um desserviço ao país.
A campanha do governo federal afirma que, em dois anos, 22 milhões de brasileiros galgaram a linha da miséria. Segundo a publicidade oficial, todos os beneficiários do Bolsa Família deixaram a pobreza extrema. Restaria, agora, identificar alguns milhares de miseráveis não cadastrados para erradicar essa chaga social.
Oculto nas entrelinhas da planilha governista está o fato de que o critério de miséria adotado pelo Brasil em 2011 -R$ 70 de renda mensal familiar per capita- é ultrapassado e insuficiente.
Ultrapassado porque, há pelo menos duas décadas, especialistas têm afirmado que a dimensão monetária não pode ser a única variável no cálculo da pobreza. Equações mais modernas computam diversos outros indicadores, como saúde, educação, saneamento básico e moradia.
Insuficiente porque, como demonstrou reportagem desta Folha, R$ 70 não bastam nem para comprar os alimentos mais baratos da dieta mínima recomendada pelo próprio governo.
As porções recomendadas pelo Ministério da Saúde não saem por menos de R$ 103 mensais (a desoneração da cesta básica pouco mudará aí, pois parte do itens já estava livre de impostos). Para alcançar tal preço -quase 50% acima da linha de miséria oficial-, seria preciso ingerir, todos os dias, os mesmos itens. Uma alimentação balanceada custaria ainda mais.
Mesmo que não exista consenso sobre a melhor forma de medir a pobreza, há pouca divergência quanto à importância de qualquer métrica levar em conta, no mínimo, a capacidade de garantir o consumo alimentar básico.
A conclusão é inescapável: o valor estabelecido pelo governo Dilma é baixo e precisa ser atualizado. Presta-se antes ao ilusionismo que ao efetivo combate à indigência. Decretar que deixou de ser miserável um grupo que mal pode alimentar-se é apenas uma forma de mantê-lo exatamente como está.
Fora de ordem e de lugar - ZUENIR VENTURA
O GLOBO - 13/03
O Brasil é um país onde o surrealismo não vingou como movimento artístico, mas como maneira de ser. Tom Jobim dizia que até no mapa o país é de cabeça pra baixo. E, de tão complicado, não é "para principiante". Tim Maia, à sua maneira, traduzia o absurdo declarando que é a terra onde traficante se vicia, prostituta goza e cafetão sente ciúme. De fato, é difícil entender à luz da lógica e do bom senso certas coisas que acontecem e são aceitas como normais. Experimente, por exemplo, explicar para um estrangeiro que aqui um homicida pode sair do fórum condenado a 23 anos de prisão, mas, na verdade, só vai ficar mais três na cadeia.
Na política, então, são inúmeros os casos, a começar pelo Congresso. Lá, o presidente do Senado anda vergado ao peso de denúncias de corrupção e pressionado por um documento de milhares de assinaturas pedindo seu impeachment. Na Câmara, além de mensaleiros na Comissão de Justiça, há agora o recém-eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos, o pastor Marco Feliciano, que responde no STF por estelionato (inventou um acidente para receber cachê indevido, passagens e hospedagem) e é conhecido por declarações racistas e homofóbicas do tipo: "Os africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé", "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam (sic) ao ódio, ao crime, à rejeição", "a Aids é uma doença gay".
Diante dos protestos generalizados e da reação negativa em organizações religiosas como o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, o seu partido, o PSC, reuniu a bancada ontem à tarde para discutir se voltava atrás na indicação. Acabou concluindo que manteria o pastor Feliciano na presidência da Comissão. Por outro lado, um abaixo-assinado com 240 mil assinaturas surgiu pedindo a destituição de Feliciano, e um grupo de deputados pretendia protocolar no Supremo um mandado contra a sessão que o elegeu.
Mas não só em Brasília acontecem coisas fora de ordem e de lugar. No fim de semana, O GLOBO mostrou como no Rio aos domingos as pistas da orla reservadas aos pedestres são perigosas, porque bicicletas, triciclos, skates e patins em alta velocidade invadem o espaço e ameaçam bebês, idosos e deficientes físicos. O cúmulo do surrealismo é o secretário de Ordem Pública admitir a impotência de sua pasta, que, segundo ele, nada pode fazer nem para evitar a transgressão, nem para puni-la. Se o órgão que cuida da ordem não consegue mantê-la em uma pista, o que dirá na cidade? Por isso, tenho uma sugestão para o prefeito: feche a secretaria e reabra as pistas aos automóveis. E viva a bandalha!
Na política, então, são inúmeros os casos, a começar pelo Congresso. Lá, o presidente do Senado anda vergado ao peso de denúncias de corrupção e pressionado por um documento de milhares de assinaturas pedindo seu impeachment. Na Câmara, além de mensaleiros na Comissão de Justiça, há agora o recém-eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos, o pastor Marco Feliciano, que responde no STF por estelionato (inventou um acidente para receber cachê indevido, passagens e hospedagem) e é conhecido por declarações racistas e homofóbicas do tipo: "Os africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé", "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam (sic) ao ódio, ao crime, à rejeição", "a Aids é uma doença gay".
Diante dos protestos generalizados e da reação negativa em organizações religiosas como o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, o seu partido, o PSC, reuniu a bancada ontem à tarde para discutir se voltava atrás na indicação. Acabou concluindo que manteria o pastor Feliciano na presidência da Comissão. Por outro lado, um abaixo-assinado com 240 mil assinaturas surgiu pedindo a destituição de Feliciano, e um grupo de deputados pretendia protocolar no Supremo um mandado contra a sessão que o elegeu.
Mas não só em Brasília acontecem coisas fora de ordem e de lugar. No fim de semana, O GLOBO mostrou como no Rio aos domingos as pistas da orla reservadas aos pedestres são perigosas, porque bicicletas, triciclos, skates e patins em alta velocidade invadem o espaço e ameaçam bebês, idosos e deficientes físicos. O cúmulo do surrealismo é o secretário de Ordem Pública admitir a impotência de sua pasta, que, segundo ele, nada pode fazer nem para evitar a transgressão, nem para puni-la. Se o órgão que cuida da ordem não consegue mantê-la em uma pista, o que dirá na cidade? Por isso, tenho uma sugestão para o prefeito: feche a secretaria e reabra as pistas aos automóveis. E viva a bandalha!
Pimentão envenenado - TASSO AZEVEDO
O GLOBO - 13/03
Organofosforado, piretroide, benzimidazol, metilicarbamato de oxima, dicarboximida, ditiocarbamato, clorociclodieno e pirimidinil carbinol. Estes são alguns dos agrotóxicos de uso proibido no Brasil cujos resíduos foram encontrados em 1 de cada 4 amostras de frutas, legumes e verduras em todos estados brasileiros em 2010, em estudo publicado pela Anvisa como parte do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos conduzido pela agência desde 2001.
Se se somarem a estes dados os resíduos de agrotóxicos autorizados, mas em quantidade superior aos limites de tolerância, quase 30% das amostras apresentavam irregularidades e representam uma ameaça à saúde dos consumidores.
Observados os dados para diferentes culturas, é ainda mais chocante. Se você, assim como eu, adora pimentão (hábito que herdei de meu pai), a chance de estar comendo um produto contaminado com estes agroquímicos é de mais de 90%.
Os agrotóxicos são um dos principais responsáveis por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que, segundo Nota Técnica da Anvisa, podem gerar sintomas como dores de cabeça, alergia e coceiras até distúrbios do sistema nervoso central ou câncer.
Segundo o Ministério da Agricultura, entre 2002 e 2011 a produção agrícola cresceu cerca de 46%. No mesmo período o consumo de fertilizantes nitrogenados cresceu 89%, e o de agrotóxicos, cerca de 60%. O Brasil é desde 2008 o maior usuário de agrotóxicos do planeta, quase 20% do mercado mundial.
O uso excessivo de agroquímicos não impacta apenas a qualidade dos alimentos, mas tem consequências na contaminação dos cursos dágua, do solo e dos trabalhadores expostos a estes produtos.
Curiosamente, apesar da gravidade dos resultados da pesquisa anual — com pouca ou nenhuma evolução ao longo dos anos —, a Anvisa limita-se a fazer recomendações sobre ações que poderiam reduzir a contaminação. Ninguém é responsabilizado por vender produtos contaminados com agroquímicos proibidos, não licenciados ou fora dos limites de tolerância de resíduos. Esta situação seria equivalente a encontrar 1 em cada 4 produtos de um comércio com data de validade vencida e não tomar qualquer atitude de responsabilização. Não faz sentido.
Segundo o estudo da Anvisa, em apenas 30% das amostras foi possível identificar o produtor ou associação de produtores responsável pelo produto. Ou seja, a cadeia de valor não tem sistemas que permitam saber a origem dos alimentos que vende e tão pouco tem sistemas para aferir a presença de resíduos químicos irregulares destes mesmos alimentos.
Organofosforado, piretroide, benzimidazol, metilicarbamato de oxima, dicarboximida, ditiocarbamato, clorociclodieno e pirimidinil carbinol. Estes são alguns dos agrotóxicos de uso proibido no Brasil cujos resíduos foram encontrados em 1 de cada 4 amostras de frutas, legumes e verduras em todos estados brasileiros em 2010, em estudo publicado pela Anvisa como parte do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos conduzido pela agência desde 2001.
Se se somarem a estes dados os resíduos de agrotóxicos autorizados, mas em quantidade superior aos limites de tolerância, quase 30% das amostras apresentavam irregularidades e representam uma ameaça à saúde dos consumidores.
Observados os dados para diferentes culturas, é ainda mais chocante. Se você, assim como eu, adora pimentão (hábito que herdei de meu pai), a chance de estar comendo um produto contaminado com estes agroquímicos é de mais de 90%.
Os agrotóxicos são um dos principais responsáveis por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que, segundo Nota Técnica da Anvisa, podem gerar sintomas como dores de cabeça, alergia e coceiras até distúrbios do sistema nervoso central ou câncer.
Segundo o Ministério da Agricultura, entre 2002 e 2011 a produção agrícola cresceu cerca de 46%. No mesmo período o consumo de fertilizantes nitrogenados cresceu 89%, e o de agrotóxicos, cerca de 60%. O Brasil é desde 2008 o maior usuário de agrotóxicos do planeta, quase 20% do mercado mundial.
O uso excessivo de agroquímicos não impacta apenas a qualidade dos alimentos, mas tem consequências na contaminação dos cursos dágua, do solo e dos trabalhadores expostos a estes produtos.
Curiosamente, apesar da gravidade dos resultados da pesquisa anual — com pouca ou nenhuma evolução ao longo dos anos —, a Anvisa limita-se a fazer recomendações sobre ações que poderiam reduzir a contaminação. Ninguém é responsabilizado por vender produtos contaminados com agroquímicos proibidos, não licenciados ou fora dos limites de tolerância de resíduos. Esta situação seria equivalente a encontrar 1 em cada 4 produtos de um comércio com data de validade vencida e não tomar qualquer atitude de responsabilização. Não faz sentido.
Segundo o estudo da Anvisa, em apenas 30% das amostras foi possível identificar o produtor ou associação de produtores responsável pelo produto. Ou seja, a cadeia de valor não tem sistemas que permitam saber a origem dos alimentos que vende e tão pouco tem sistemas para aferir a presença de resíduos químicos irregulares destes mesmos alimentos.
Um Banco Central sob forte pressão - CRISTIANO ROMERO
Valor Econômico - 13/03
O comunicado da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) envelheceu em menos de dois dias. No documento, os diretores do Banco Central (BC) sinalizaram que só elevarão a taxa básica de juros (Selic), se o fizerem, a partir de maio. Os participantes do mercado acreditam que o aumento da Selic virá já em abril.
O Comitê condicionou a decisão sobre juros à análise da atividade econômica e da inflação até seu próximo encontro. Na prática, introduziu incerteza. Como na sexta-feira o IBGE divulgou que o IPCA de fevereiro ficou em 0,60%, acima das estimativas dos agentes econômicos e do presidente do BC, Alexandre Tombini, que previra 0,43% - metade do resultado de janeiro -, o mercado concluiu que a piora sensível do quadro inflacionário levará o Copom a agir logo.
O BC tem enfrentado grande dificuldade para convencer o governo de que precisa subir a Selic. Em tese, o juro deve ser aumentado em duas situações: quando a economia cresce acima das possibilidades e/ou quando as expectativas de inflação superam a meta de 4,5%.
Como se sabe, desde 2011 o PIB brasileiro vem se expandindo abaixo do potencial. Já as expectativas para o IPCA estão, desde o segundo semestre de 2010, persistentemente acima da meta. Apesar disso, há no mercado a crença de que, depois de acelerar no curtíssimo prazo, o índice acumulado em 12 meses recuará, embora vá continuar superior à meta.
O BC teme a deterioração das expectativas. Não é para menos. A mediana dos participantes da pesquisa Focus está prevendo inflação de 5,82% neste ano e de 5,5% em 2014. A mediana das cinco instituições que mais acertam previsões antevê, respectivamente, 5,73% e 6%.
Integrantes do BC consideram que, se essas expectativas não começarem a melhorar desde já, será mais difícil o IPCA recuar adiante. Aumentar a Selic agora seria a melhor forma de mostrar que o BC está no controle da situação. O problema é que persuadir o Palácio do Planalto de que o momento atual, marcado por baixo crescimento e pouca disposição dos empresários para investir, exige a alta dos juros é uma tarefa penosa. Em Brasília, é baixíssimo o prestígio do regime de metas para inflação, no qual a coordenação de expectativas desempenha papel central.
O vaivém da comunicação do BC mostra que a instituição está sob forte pressão. Tem sido assim desde o início do governo Dilma, mas nas últimas semanas é algo que chegou ao paroxismo.
Quando o IBGE divulgou o IPCA de janeiro, o presidente do BC manifestou desconforto e sinalizou mudança da política adotada em outubro. Por essa estratégia, a Selic ficaria estável por período prolongado. Em contatos com o mercado, diretores deram a entender que se aproximava o momento de normalizar a política monetária.
Na gestão Dilma, expectativas nunca ficaram ancoradas
Alguns dias depois, em entrevista ao "Wall Street Journal", Tombini elevou o tom ao afirmar que a prioridade do BC é combater a inflação, em vez de estimular o crescimento. Chegou a usar a expressão "monitorar os desdobramentos atentamente", adotada pelo Copom em momentos que antecedem elevações de juros.
Curiosamente, à repercussão no mercado desses discursos austeros tem se seguido, não raro, sinalização na direção contrária. A ideia é convencer formadores de opinião e o próprio mercado de que Tombini foi mal interpretado. Essa ambiguidade acabou marcando o último encontro do Copom.
Isso indica que o Comitê foi pressionado a adiar para maio decisão que planejava tomar antes disso. O governo quer que o BC só pense em mexer nos juros depois de conhecer o resultado do PIB no primeiro trimestre - e o número, vejam só, será divulgado em 29 de maio, dia de decisão do Copom - e o IPCA acumulado em 12 meses até abril (uma vez que há expectativa de queda em relação a março).
Tanta pressão sobre o BC tem produzido mais inflação. Nas ruas, é difícil encontrar quem acredite na autonomia da instituição sob Dilma. A própria presidente não tem revelado a menor preocupação em provar o contrário. O resultado são expectativas de inflação desancoradas desde o início do governo, justamente o contrário do que prevaleceu na maior parte da gestão Lula.
Uma análise detida das séries histórias do Boletim Focus mostra que as expectativas de curto prazo se deterioram quando a inflação corrente sobe por qualquer razão - o manual ensina que, se há um choque de demanda, o BC atua para conter o consumo; se o choque é de oferta, combate os chamados efeitos secundários.
A desancoragem ocorre quando a inflação corrente sobe e as expectativas inflacionárias de curto, médio e longo prazos pioram. Diante de choques exógenos, algo bastante comum, se o mercado entende que o BC está no controle e agirá para enfrentar seus efeitos, a inflação de médio e longo prazos fica comportada, o que na prática permite ao Copom recorrer a um ciclo de aperto monetário menor para lidar com o problema.
De 2011 para cá, as expectativas têm piorado mesmo quando a inflação corrente cai. Não há confiança no governo.
O comunicado da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) envelheceu em menos de dois dias. No documento, os diretores do Banco Central (BC) sinalizaram que só elevarão a taxa básica de juros (Selic), se o fizerem, a partir de maio. Os participantes do mercado acreditam que o aumento da Selic virá já em abril.
O Comitê condicionou a decisão sobre juros à análise da atividade econômica e da inflação até seu próximo encontro. Na prática, introduziu incerteza. Como na sexta-feira o IBGE divulgou que o IPCA de fevereiro ficou em 0,60%, acima das estimativas dos agentes econômicos e do presidente do BC, Alexandre Tombini, que previra 0,43% - metade do resultado de janeiro -, o mercado concluiu que a piora sensível do quadro inflacionário levará o Copom a agir logo.
O BC tem enfrentado grande dificuldade para convencer o governo de que precisa subir a Selic. Em tese, o juro deve ser aumentado em duas situações: quando a economia cresce acima das possibilidades e/ou quando as expectativas de inflação superam a meta de 4,5%.
Como se sabe, desde 2011 o PIB brasileiro vem se expandindo abaixo do potencial. Já as expectativas para o IPCA estão, desde o segundo semestre de 2010, persistentemente acima da meta. Apesar disso, há no mercado a crença de que, depois de acelerar no curtíssimo prazo, o índice acumulado em 12 meses recuará, embora vá continuar superior à meta.
O BC teme a deterioração das expectativas. Não é para menos. A mediana dos participantes da pesquisa Focus está prevendo inflação de 5,82% neste ano e de 5,5% em 2014. A mediana das cinco instituições que mais acertam previsões antevê, respectivamente, 5,73% e 6%.
Integrantes do BC consideram que, se essas expectativas não começarem a melhorar desde já, será mais difícil o IPCA recuar adiante. Aumentar a Selic agora seria a melhor forma de mostrar que o BC está no controle da situação. O problema é que persuadir o Palácio do Planalto de que o momento atual, marcado por baixo crescimento e pouca disposição dos empresários para investir, exige a alta dos juros é uma tarefa penosa. Em Brasília, é baixíssimo o prestígio do regime de metas para inflação, no qual a coordenação de expectativas desempenha papel central.
O vaivém da comunicação do BC mostra que a instituição está sob forte pressão. Tem sido assim desde o início do governo Dilma, mas nas últimas semanas é algo que chegou ao paroxismo.
Quando o IBGE divulgou o IPCA de janeiro, o presidente do BC manifestou desconforto e sinalizou mudança da política adotada em outubro. Por essa estratégia, a Selic ficaria estável por período prolongado. Em contatos com o mercado, diretores deram a entender que se aproximava o momento de normalizar a política monetária.
Na gestão Dilma, expectativas nunca ficaram ancoradas
Alguns dias depois, em entrevista ao "Wall Street Journal", Tombini elevou o tom ao afirmar que a prioridade do BC é combater a inflação, em vez de estimular o crescimento. Chegou a usar a expressão "monitorar os desdobramentos atentamente", adotada pelo Copom em momentos que antecedem elevações de juros.
Curiosamente, à repercussão no mercado desses discursos austeros tem se seguido, não raro, sinalização na direção contrária. A ideia é convencer formadores de opinião e o próprio mercado de que Tombini foi mal interpretado. Essa ambiguidade acabou marcando o último encontro do Copom.
Isso indica que o Comitê foi pressionado a adiar para maio decisão que planejava tomar antes disso. O governo quer que o BC só pense em mexer nos juros depois de conhecer o resultado do PIB no primeiro trimestre - e o número, vejam só, será divulgado em 29 de maio, dia de decisão do Copom - e o IPCA acumulado em 12 meses até abril (uma vez que há expectativa de queda em relação a março).
Tanta pressão sobre o BC tem produzido mais inflação. Nas ruas, é difícil encontrar quem acredite na autonomia da instituição sob Dilma. A própria presidente não tem revelado a menor preocupação em provar o contrário. O resultado são expectativas de inflação desancoradas desde o início do governo, justamente o contrário do que prevaleceu na maior parte da gestão Lula.
Uma análise detida das séries histórias do Boletim Focus mostra que as expectativas de curto prazo se deterioram quando a inflação corrente sobe por qualquer razão - o manual ensina que, se há um choque de demanda, o BC atua para conter o consumo; se o choque é de oferta, combate os chamados efeitos secundários.
A desancoragem ocorre quando a inflação corrente sobe e as expectativas inflacionárias de curto, médio e longo prazos pioram. Diante de choques exógenos, algo bastante comum, se o mercado entende que o BC está no controle e agirá para enfrentar seus efeitos, a inflação de médio e longo prazos fica comportada, o que na prática permite ao Copom recorrer a um ciclo de aperto monetário menor para lidar com o problema.
De 2011 para cá, as expectativas têm piorado mesmo quando a inflação corrente cai. Não há confiança no governo.
Demografia (III): some uma Argentina - FABIO GIAMBIAGI
Valor Econômico - 13/03
Hoje temos o nosso terceiro encontro para compartilhar com os leitores alguns dos principais ensinamentos que aprendi lidando com temas demográficos ao longo de 20 anos.
Depois dos artigos sobre o caráter universal do processo de envelhecimento das sociedades e da descrição das mudanças do perfil demográfico do país ao longo das últimas décadas, o tema de hoje é o das revisões das projeções demográficas do IBGE. Cabe fazer aqui, mais uma vez, o comentário de que essa instituição é um dos ativos do país. Estamos todos acostumados a falar mal da qualidade dos serviços que o Estado brasileiro presta ao cidadão, mas é justo por outro lado reconhecer que o país possui algumas instituições de Estado com nível de excelência. Assim como, por exemplo, o sistema de metas de inflação do Banco Central angariou uma elevada reputação - ainda que algo prejudicada nos últimos anos -, a entrega do imposto de renda por internet não tem nada a invejar aos melhores sistemas do mundo ou a urna eletrônica da Justiça Eleitoral é motivo de orgulho, o nosso IBGE é uma instituição de eficiência reconhecida internacionalmente.
Por melhor que seja a qualidade do órgão, porém, ele não tem bola de cristal. Nesse sentido, as projeções populacionais (fundamentais para o planejamento de políticas públicas) que ele faz estão sujeitas a erros, em virtude da diferença entre as hipóteses adotadas e o comportamento dos parâmetros-chave dos modelos de projeção no dia a dia da vida real.
Em particular, uma variável que não pode ser prevista com exatidão é o comportamento da fecundidade. O IBGE tem pontos dessa trajetória no passado, informando o número de filhos de cada família nos censos demográficos e nas diversas Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNADs) e, com base neles, projeta a trajetória futura da fecundidade, para estimar os novos nascimentos e consequentemente estimar a evolução da população. Pequenas diferenças, entretanto, projetadas quatro ou cinco décadas à frente, geram mudanças maiúsculas.
Nas minhas palestras sobre a temática previdenciária, costumo perguntar para a plateia qual foi, em perspectiva histórica sob a ótica brasileira, o acontecimento mais relevante observado em 2008. Invariavelmente, como é natural, todas as respostas referem-se à crise da economia internacional que eclodiu naquele ano. A rigor, porém, talvez aquela crise não terá alterado dramaticamente o potencial de crescimento futuro da economia, que se recuperou em 2010. Na verdade - e de longe - o acontecimento mais importante para a avaliação do potencial de crescimento futuro da economia brasileira nas próximas décadas foi a revisão populacional do IBGE feita em 2008 - e que passou em brancas nuvens. De fato, quando isso ocorreu, sumiram mais de 45 milhões de brasileiros. Mais do que uma Argentina - e isso não gerou uma única manchete de jornal!
Nada terá sido mais importante para o futuro do Brasil no longo prazo do que essa informação do IBGE
A tabela mostra o que aconteceu. Ao incorporar, quatro anos depois da revisão da projeção populacional até 2050, revisão essa feita em 2004, os novos dados de fecundidade - muito inferiores aos previstos, fruto da velocidade das transformações nos costumes e da disseminação dos métodos de controle da população - o IBGE percebeu que estavam nascendo menos indivíduos do que se supunha originalmente. Observe-se na tabela que na revisão de 2008 não houve qualquer modificação em relação à estimativa da população idosa, cujo contingente continuou sendo o mesmo que na projeção feita quatro anos antes. A diferença foi que incorporou-se aos modelos o fato de que estavam nascendo menos bebês e que, em consequência disso, 20, 30 e 40 anos depois haveria fatalmente menos adultos que o número inicialmente previsto. No cômputo global, a população brasileira total prevista para o ano de 2050, que na projeção feita em 2004 imaginava-se que alcançaria 260 milhões de pessoas, foi recalculada, quatro anos depois, para apenas 215 milhões.
Nada terá sido mais importante para o futuro do Brasil no longo prazo do que essa novidade informada pelo IBGE e que foi solenemente ignorada por todos: imprensa, partidos políticos, opinião pública e governo. A imprensa estava mais ocupada com a crise daquele ano; os partidos com as eleições municipais de 2008; o público sempre tem algum BBB com que se distrair; e o governo... ora, o governo vai se preocupar com 2050? O problema para a comunidade da qual todos fazemos parte é: se não for o governo a se preocupar com o longo prazo, quem há de ser? Que futuro terá o país se, quando nossos filhos forem maiores de idade, houver menos adultos para sustentar os idosos? E ninguém toma nota do fato para planejar o Brasil de 2050.
Hoje temos o nosso terceiro encontro para compartilhar com os leitores alguns dos principais ensinamentos que aprendi lidando com temas demográficos ao longo de 20 anos.
Depois dos artigos sobre o caráter universal do processo de envelhecimento das sociedades e da descrição das mudanças do perfil demográfico do país ao longo das últimas décadas, o tema de hoje é o das revisões das projeções demográficas do IBGE. Cabe fazer aqui, mais uma vez, o comentário de que essa instituição é um dos ativos do país. Estamos todos acostumados a falar mal da qualidade dos serviços que o Estado brasileiro presta ao cidadão, mas é justo por outro lado reconhecer que o país possui algumas instituições de Estado com nível de excelência. Assim como, por exemplo, o sistema de metas de inflação do Banco Central angariou uma elevada reputação - ainda que algo prejudicada nos últimos anos -, a entrega do imposto de renda por internet não tem nada a invejar aos melhores sistemas do mundo ou a urna eletrônica da Justiça Eleitoral é motivo de orgulho, o nosso IBGE é uma instituição de eficiência reconhecida internacionalmente.
Por melhor que seja a qualidade do órgão, porém, ele não tem bola de cristal. Nesse sentido, as projeções populacionais (fundamentais para o planejamento de políticas públicas) que ele faz estão sujeitas a erros, em virtude da diferença entre as hipóteses adotadas e o comportamento dos parâmetros-chave dos modelos de projeção no dia a dia da vida real.
Em particular, uma variável que não pode ser prevista com exatidão é o comportamento da fecundidade. O IBGE tem pontos dessa trajetória no passado, informando o número de filhos de cada família nos censos demográficos e nas diversas Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNADs) e, com base neles, projeta a trajetória futura da fecundidade, para estimar os novos nascimentos e consequentemente estimar a evolução da população. Pequenas diferenças, entretanto, projetadas quatro ou cinco décadas à frente, geram mudanças maiúsculas.
Nas minhas palestras sobre a temática previdenciária, costumo perguntar para a plateia qual foi, em perspectiva histórica sob a ótica brasileira, o acontecimento mais relevante observado em 2008. Invariavelmente, como é natural, todas as respostas referem-se à crise da economia internacional que eclodiu naquele ano. A rigor, porém, talvez aquela crise não terá alterado dramaticamente o potencial de crescimento futuro da economia, que se recuperou em 2010. Na verdade - e de longe - o acontecimento mais importante para a avaliação do potencial de crescimento futuro da economia brasileira nas próximas décadas foi a revisão populacional do IBGE feita em 2008 - e que passou em brancas nuvens. De fato, quando isso ocorreu, sumiram mais de 45 milhões de brasileiros. Mais do que uma Argentina - e isso não gerou uma única manchete de jornal!
Nada terá sido mais importante para o futuro do Brasil no longo prazo do que essa informação do IBGE
A tabela mostra o que aconteceu. Ao incorporar, quatro anos depois da revisão da projeção populacional até 2050, revisão essa feita em 2004, os novos dados de fecundidade - muito inferiores aos previstos, fruto da velocidade das transformações nos costumes e da disseminação dos métodos de controle da população - o IBGE percebeu que estavam nascendo menos indivíduos do que se supunha originalmente. Observe-se na tabela que na revisão de 2008 não houve qualquer modificação em relação à estimativa da população idosa, cujo contingente continuou sendo o mesmo que na projeção feita quatro anos antes. A diferença foi que incorporou-se aos modelos o fato de que estavam nascendo menos bebês e que, em consequência disso, 20, 30 e 40 anos depois haveria fatalmente menos adultos que o número inicialmente previsto. No cômputo global, a população brasileira total prevista para o ano de 2050, que na projeção feita em 2004 imaginava-se que alcançaria 260 milhões de pessoas, foi recalculada, quatro anos depois, para apenas 215 milhões.
Nada terá sido mais importante para o futuro do Brasil no longo prazo do que essa novidade informada pelo IBGE e que foi solenemente ignorada por todos: imprensa, partidos políticos, opinião pública e governo. A imprensa estava mais ocupada com a crise daquele ano; os partidos com as eleições municipais de 2008; o público sempre tem algum BBB com que se distrair; e o governo... ora, o governo vai se preocupar com 2050? O problema para a comunidade da qual todos fazemos parte é: se não for o governo a se preocupar com o longo prazo, quem há de ser? Que futuro terá o país se, quando nossos filhos forem maiores de idade, houver menos adultos para sustentar os idosos? E ninguém toma nota do fato para planejar o Brasil de 2050.
ADEUS, COMANDANTE - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 13/03
A sala que recebia os convidados estava repleta de flores vermelhas. Um telão transmitia ao vivo as homenagens ao venezuelano, morto na semana passada e que será velado por vários dias.
Haddad deixou a mensagem dos "mais sinceros sentimentos pela invalorável perda que representa o prematuro falecimento do presidente Chávez para todo o continente e, principalmente, para todos aqueles comprometidos com os ideais de justiça social".
ASSINO EMBAIXO
Marta Suplicy deve recuar da ideia de permitir que o Vale-Cultura seja usado para pagar assinatura de TV a cabo. Artistas e produtores de capitais como Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio e São Paulo se mobilizaram contra a medida. Uma portaria regulamentará o uso do benefício de R$ 50.
MELHOR NOTÍCIA
A ministra deu a notícia à deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) em reunião anteontem em São Paulo. "Foi a melhor novidade na área da cultura nos últimos dias. Isso demonstra a capacidade dela de ouvir a sociedade", diz a parlamentar.
CESTA BÁSICA
Atores consagrados como Fernanda Montenegro se posicionaram contra o uso do vale para assinatura de TV. "Que força estranha levou à conclusão de que deveríamos dar um Vale-Cultura para incentivar o brasileiro a ficar em casa vendo TV em vez de ir ao teatro, ao cinema e às livrarias? É uma incoerência total", diz ela. "Eu apoiaria a ideia de se distribuir um vale-TV [fechada] na cesta básica, mas não no vale cultural."
NADA MAIS BRASILEIRO
E Fernanda começa hoje a dirigir "Nelson Rodrigues por Ele Mesmo - Um Depoimento", com Otávio Augusto, no Rio. Ela diz que pode estrear a peça em SP. Amiga do dramaturgo e escritor -interpretou três peças, além de filmes e novelas dele-, a atriz diz que não conhece "nada mais desesperadamente brasileiro". É seu primeiro trabalho na direção -ou "organização cênica", como prefere dizer.
AMOR ETERNO
A frase de Nelson Rodrigues que primeiro vem à cabeça de Fernanda quando fala dele é: "Se o amor acaba é porque não era amor". "Ele tinha esses lampejos, soltava essas frases que podem titular uma crônica, um livro, uma vida." Ela diz que a peça não será "um monólogo e sim um diálogo dele com a plateia".
911
A americana Halle Berry, ganhadora do Oscar de melhor atriz em 2002, vem pela primeira vez ao Brasil no mês que vem. Ela estará no Rio no próximo dia 8 para lançar o filme "Chamada de Emergência".
PETIT FOURS
A Dulca, que fecha as portas na Oscar Freire no dia 30, já ocupa um novo espaço nos Jardins. A doceria está funcionando dentro do salão de Celso Kamura.
A ELZA VOLTOU
A cantora Elza Soares, 75, fará show no Estúdio Emme, em Pinheiros, no dia 23. A apresentação faz parte da festa de lançamento da produtora cultural Pardieiro.
LOUCO POR TI, VERDÃO
O Palmeiras terá uma loja com produtos do time em um centro de compras. A Academia Store será inaugurada no segundo semestre no shopping Ibirapuera.
ROCK NO MUSEU
O MIS (Museu da Imagem e do Som) de São Paulo vai selecionar seis bandas cover para tocar no local em 12 e 13 de julho -a segunda data é Dia Mundial do Rock.
Um júri vai escolher uma delas para gravar um CD no estúdio do museu.
CARA NOVA
A sergipana Daniela Alves, que já desfilou alta-costura da Chanel e criações de Emanuel Ungaro, estreia nas passarelas brasileiras na temporada primavera-verão da SP Fashion Week, que começa na semana que vem, e no Fashion Rio, em abril.
Residente em Milão, ela trancou a faculdade de letras e é uma das modelos preferidas de Frida Giannini, diretora de estilo da Gucci.
EM FAMÍLIA
E Fernanda Lima vai relembrar os tempos de modelo no desfile da Forum na terça-feira, 19, na SPFW
Marido da apresentadora, Rodrigo Hilbert, que estrela a campanha da marca, estará na plateia.
HUMOR PAULISTA
Os atores Bruno Mazzeo, Danton Mello, Natália Lage e Lúcio Mauro Filho, protagonistas da comédia "Vai que Dá Certo", estiveram na pré-estreia do filme, anteontem, no Cinemark do shopping Iguatemi. O diretor do longa, Mauricio Farias, e o titã Branco Mello também foram ao evento em São Paulo.
MADEEEEIRA!
O artista Carlito Carvalhosa, na companhia da filha Maria, inaugurou a instalação "Sala de Espera", feita com troncos de árvores, no MAC, no sábado. No mesmo local, Mauro Restiffe expôs suas fotos na mostra "Obra". Lúcia e Francisco Miguez, filhos do artista Fábio Miguez, e o cineasta Cao Hamburger circularam pelo vernissage.
Curto-circuito
A cantora Dona Inah lança o CD "Fonte de Emoção" amanhã, às 21h30, no Sesc Pompeia. 18 anos.
Costanza Pascolato apresenta seu site hoje no Fasano, em parceria com Ana Isabel Carvalho Pinto e Alexandre Birman.
Helena Mottin promove brunch de lançamento de coleções em sua loja.
Quico Meirelles ganhou prêmio de melhor curta do Festival de Guadalajara com "A Galinha que Burlou o Sistema".
No shopping JK Iguatemi, a blogueira Gabriela Pugliesi participa de bate-papo sobre saúde na Daslu, e a grife Lilly Sarti lança coleção de inverno.
Arnaldo Hossepian, subprocurador-geral de Relações Externas de SP, participa de maratona no domingo, no Atacama (Chile).
A escolha do oponente - ROSÂNGELA BITTAR
Valor Econômico - 13/03
Há uma razão não explicitada para que a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff tenha se concentrado no eleitorado feminino e nas regiões Norte e Nordeste, neste momento. É que, faltando quase dois anos para a eleição presidencial, a avaliação feita pelo contingente político do governo é que a candidatura do governador Eduardo Campos, pelo PSB, é a que está melhor estruturada, com mais avançadas perspectivas em comparação com os demais prováveis adversários.
Existem conjecturas sobre essa candidatura. A primeira é que o governo acha que ela não tem mais volta, Eduardo Campos é candidato a presidente e, ao redor da presidente, já não se lamenta o aliado perdido, ao contrário, resiste-se a dá-lo como perdido. Às vezes ainda aparece um ataque do PT aqui, outro acolá, uma entrevista do Luiz Marinho, como sempre, agressivo, mas nenhuma dessas grosserias está vocalizando o pensamento da presidente Dilma. Podem estar a serviço do ex-presidente Lula, cuja tarefa sempre é fazer a confusão. Dilma não, pretende evitar jogar Eduardo nos braços da oposição, não deseja afastá-lo de uma aliança no segundo turno se não for ele a disputar os votos com ela, e acredita que essas intenções não se viabilizam se forem queimadas as pontes nas preliminares.
Enquanto não chegam momentos de definição mais difícil, o pessoal de Campos continuará no governo, a não ser que alguém faça questão de pedir para sair. Isso significa, por exemplo, que não há intenção de demitir o ministro da Integração, Fernando Bezerra, nem ele precisa precipitar uma mudança de partido para continuar no governo. A presidente, como chefe do governo, também não vai puni-lo por desafiá-la. O Palácio do Planalto fez questão de divulgar desmentido público a uma análise publicada sobre gastos do governo que aponta redução drástica dos repasses a Pernambuco. "O Eduardo vai ter que sair, romper, vai ter que falar que vai embora, o governo não vai dar pretexto para empurrá-lo para a oposição", diz uma autoridade.
O adversário é Aécio, mas Eduardo tem a melhor campanha
Acredita-se, no governo, que Campos contratou equipe de especialistas em campanha, liderada por Duda Mendonça, além do maior especialista brasileiro em análise de pesquisa, Antonio Lavareda, para a candidatura a presidente, não para melhorar a imagem do governador de Pernambuco. No melhor estilo da dupla "poolster" e "strategist" das campanhas americanas, Duda e Lavareda estão deixando digitais nesse início de conversa eleitoral.
Estão sendo considerados bem sucedidos também seus movimentos de atração de partidos médios, como PDT, PTB e PPS. Em outras temporadas, Duda já fez a cabeça do governo, quando trabalhou para o PT, para não desejar mais que 4 ou 5 minutos de propaganda gratuita no rádio e na televisão. Mais que isso as pessoas se cansam e não se lembram do que ouviram e viram. A tentativa de atração dos partidos médios para se aliarem ao PSB é vista como um movimento preciso para formar esses 4 ou 5 minutos.
Considera-se competente também a reorganização promovida pelo PSB na sua performance no Parlamento, na escolha dos líderes. Para o governo, o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque, o primeiro e irredutível defensor da candidatura de Eduardo Campos em 2014, está com uma atuação um tanto exagerada, mas até nisso o desculpam. Seria um recall de profunda decepção com a aliança feita no Sul com o governador Tarso Genro.
O fato é que Beto Albuquerque, à parte a avaliação que sobre ele faz o governo, é um radical defensor de Eduardo Campos, presidente do seu partido, e toca a sua tarefa.
Eduardo estaria, ainda, nessa visão governista da sua campanha, aproximando-se de empresários e, principalmente, para irritação do PT, da mídia. Mesmo que ainda sejam notados mais apoios ao governo petista que a qualquer um de seus adversários, o Planalto já registrou que a mídia tem enorme simpatia pela candidatura do governador pernambucano.
As outras candidaturas adversárias ainda não têm consistência para levar o governo à reflexão. Marina Silva ainda faz seu partido e não se vislumbra como sairá do intrincado enredo de teses evangélicas e ambientalistas que se misturam no seu projeto e na sua concepção do mundo. E Aécio Neves, do PSDB, que Dilma tomará certamente como principal adversário vez que preservará Eduardo Campos para a conquista do segundo turno, dá os primeiros passos para formação de equipe especializada numa atuação nacional e faz os testes iniciais de teses e projetos. Para o governo, está mais visível uma candidatura de José Serra por outro partido do que a candidatura Aécio como o principal líder da oposição.
B; rasil e Venezuela passarão por uma revisão radical de suas relações políticas, diplomáticas e comerciais. Até agora, o personalismo definia o modelo. Era Hugo Chaves e Lula. Privilégios, liberalidade, política pró-Sul, relação direta e amizade pessoal. Agora, tudo o que foi feito terá que ser institucionalizado. Nicolás Maduro sabe que não tem o carisma de Chavez e terá que fazer o país funcionar melhor. Uma sucessão parecida com os personagens da política brasileira Lula e Dilma.
Terão que ir para o papel, institucionalizando-se, as parcerias que vêm dando certo, como a implantação do Minha Casa na Venezuela, a relação com empresários brasileiros, a retirada do seu dinheiro do país, as negociações sobre a refinaria, enfim, dezenas de iniciativas acertadas verbalmente que entram agora nos eixos de uma relação formal entre países e não mais entre pessoas.
Outra questão muito importante que vai exigir colaboração do Brasil é o início de reaproximação entre Venezuela e Estados Unidos.
Maduro, em discurso para a linha dura interna, acusou os Estados Unidos de até terem inoculado o câncer em Chavez. No plano da realidade, porém, já dá sinais de que uma reaproximação é possível, e o Brasil pode ajudar nisso. Totalmente solidário, o Brasil se ofereceu para apoiar tudo, da nova conversa com os Estados Unidos ao mutirão para fazer a economia funcionar. O gogó já não resolve a vida dos venezuelanos, como não resolve mais também a dos brasileiros.
Há uma razão não explicitada para que a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff tenha se concentrado no eleitorado feminino e nas regiões Norte e Nordeste, neste momento. É que, faltando quase dois anos para a eleição presidencial, a avaliação feita pelo contingente político do governo é que a candidatura do governador Eduardo Campos, pelo PSB, é a que está melhor estruturada, com mais avançadas perspectivas em comparação com os demais prováveis adversários.
Existem conjecturas sobre essa candidatura. A primeira é que o governo acha que ela não tem mais volta, Eduardo Campos é candidato a presidente e, ao redor da presidente, já não se lamenta o aliado perdido, ao contrário, resiste-se a dá-lo como perdido. Às vezes ainda aparece um ataque do PT aqui, outro acolá, uma entrevista do Luiz Marinho, como sempre, agressivo, mas nenhuma dessas grosserias está vocalizando o pensamento da presidente Dilma. Podem estar a serviço do ex-presidente Lula, cuja tarefa sempre é fazer a confusão. Dilma não, pretende evitar jogar Eduardo nos braços da oposição, não deseja afastá-lo de uma aliança no segundo turno se não for ele a disputar os votos com ela, e acredita que essas intenções não se viabilizam se forem queimadas as pontes nas preliminares.
Enquanto não chegam momentos de definição mais difícil, o pessoal de Campos continuará no governo, a não ser que alguém faça questão de pedir para sair. Isso significa, por exemplo, que não há intenção de demitir o ministro da Integração, Fernando Bezerra, nem ele precisa precipitar uma mudança de partido para continuar no governo. A presidente, como chefe do governo, também não vai puni-lo por desafiá-la. O Palácio do Planalto fez questão de divulgar desmentido público a uma análise publicada sobre gastos do governo que aponta redução drástica dos repasses a Pernambuco. "O Eduardo vai ter que sair, romper, vai ter que falar que vai embora, o governo não vai dar pretexto para empurrá-lo para a oposição", diz uma autoridade.
O adversário é Aécio, mas Eduardo tem a melhor campanha
Acredita-se, no governo, que Campos contratou equipe de especialistas em campanha, liderada por Duda Mendonça, além do maior especialista brasileiro em análise de pesquisa, Antonio Lavareda, para a candidatura a presidente, não para melhorar a imagem do governador de Pernambuco. No melhor estilo da dupla "poolster" e "strategist" das campanhas americanas, Duda e Lavareda estão deixando digitais nesse início de conversa eleitoral.
Estão sendo considerados bem sucedidos também seus movimentos de atração de partidos médios, como PDT, PTB e PPS. Em outras temporadas, Duda já fez a cabeça do governo, quando trabalhou para o PT, para não desejar mais que 4 ou 5 minutos de propaganda gratuita no rádio e na televisão. Mais que isso as pessoas se cansam e não se lembram do que ouviram e viram. A tentativa de atração dos partidos médios para se aliarem ao PSB é vista como um movimento preciso para formar esses 4 ou 5 minutos.
Considera-se competente também a reorganização promovida pelo PSB na sua performance no Parlamento, na escolha dos líderes. Para o governo, o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque, o primeiro e irredutível defensor da candidatura de Eduardo Campos em 2014, está com uma atuação um tanto exagerada, mas até nisso o desculpam. Seria um recall de profunda decepção com a aliança feita no Sul com o governador Tarso Genro.
O fato é que Beto Albuquerque, à parte a avaliação que sobre ele faz o governo, é um radical defensor de Eduardo Campos, presidente do seu partido, e toca a sua tarefa.
Eduardo estaria, ainda, nessa visão governista da sua campanha, aproximando-se de empresários e, principalmente, para irritação do PT, da mídia. Mesmo que ainda sejam notados mais apoios ao governo petista que a qualquer um de seus adversários, o Planalto já registrou que a mídia tem enorme simpatia pela candidatura do governador pernambucano.
As outras candidaturas adversárias ainda não têm consistência para levar o governo à reflexão. Marina Silva ainda faz seu partido e não se vislumbra como sairá do intrincado enredo de teses evangélicas e ambientalistas que se misturam no seu projeto e na sua concepção do mundo. E Aécio Neves, do PSDB, que Dilma tomará certamente como principal adversário vez que preservará Eduardo Campos para a conquista do segundo turno, dá os primeiros passos para formação de equipe especializada numa atuação nacional e faz os testes iniciais de teses e projetos. Para o governo, está mais visível uma candidatura de José Serra por outro partido do que a candidatura Aécio como o principal líder da oposição.
B; rasil e Venezuela passarão por uma revisão radical de suas relações políticas, diplomáticas e comerciais. Até agora, o personalismo definia o modelo. Era Hugo Chaves e Lula. Privilégios, liberalidade, política pró-Sul, relação direta e amizade pessoal. Agora, tudo o que foi feito terá que ser institucionalizado. Nicolás Maduro sabe que não tem o carisma de Chavez e terá que fazer o país funcionar melhor. Uma sucessão parecida com os personagens da política brasileira Lula e Dilma.
Terão que ir para o papel, institucionalizando-se, as parcerias que vêm dando certo, como a implantação do Minha Casa na Venezuela, a relação com empresários brasileiros, a retirada do seu dinheiro do país, as negociações sobre a refinaria, enfim, dezenas de iniciativas acertadas verbalmente que entram agora nos eixos de uma relação formal entre países e não mais entre pessoas.
Outra questão muito importante que vai exigir colaboração do Brasil é o início de reaproximação entre Venezuela e Estados Unidos.
Maduro, em discurso para a linha dura interna, acusou os Estados Unidos de até terem inoculado o câncer em Chavez. No plano da realidade, porém, já dá sinais de que uma reaproximação é possível, e o Brasil pode ajudar nisso. Totalmente solidário, o Brasil se ofereceu para apoiar tudo, da nova conversa com os Estados Unidos ao mutirão para fazer a economia funcionar. O gogó já não resolve a vida dos venezuelanos, como não resolve mais também a dos brasileiros.
Agências reguladoras: entre governança e governabilidade - SERGIO GUERRA
Valor Econômico - 13/03
A sociedade atual necessita de uma atuação pública orientada, especialmente, para a transparência dos resultados alcançados com a ação institucional. Isso ocorre em duas dimensões. Na governança, associada aos instrumentos que levem à ação pública eficiente, e na governabilidade.
Governabilidade tem um espectro mais amplo. Está relacionada às condições adequadas ao ambiente político em que se efetivam as ações da administração e pelo padrão de intervenção econômica e social. Passa pela ideia de credibilidade e imagem pública dos governantes, decorrendo na própria legitimidade do governo.
O sistema regulatório brasileiro, como estruturado atualmente, não está totalmente afinado com a ideia de governança pública. O pior é que essa questão afeta a governabilidade. Os efeitos já estão sendo sentidos pelo governo Dilma Rousseff.
Falta estruturar os marcos legais para serem órgãos de Estado - e não de um determinado governo
Para piorar, as agências reguladoras estiveram em evidência nos noticiários por problemas pontuais. Dirigentes foram presos e acusados de montarem esquema de venda de favores a empresas privadas.
Esses fatos são graves. No entanto, são casos isolados e podem ocorrer em qualquer instituição, inclusive estatal. O problema, portanto, é outro. É conjuntural.
Recente edição da revista "The Economist" cita as agências como um dos fatores que contribuem para a queda recente do aporte de investimentos estrangeiros. Além da forte intervenção estatal do governo federal, o abandono do modelo institucional de agências reguladoras está perto de comprometer o ambiente de negócios.
O assunto é relevante. As agências estão presentes em setores de peso: telecomunicações, energia elétrica, infraestrutura aeroportuário e portuário, aviação civil etc. Foram criadas para serem autônomas e independentes. Estruturadas para contribuir na estabilização do mercado e dar segurança jurídica na atração e manutenção de investimentos privados, sobretudo estrangeiro.
O governo tem agido na contramão. Contingencia recursos e reparte o comando das agências entre partidos políticos da base governamental.
É hora de mudar. Se é certo que devemos olhar para o modelo original, também é justo concluir que está na hora de aplicarmos uma dose de inovação ao sistema regulatório nacional.
Deve-se, de início, criar um marco legal moderno, com foco na governança das agências. O caminho está aberto. Desde 2004 tramita no Congresso Nacional o projeto de Lei nº 3.337. O projeto visa uniformizar a legislação para as dez agências federais. Também alcançará aquelas que estão no papel (agências de mineração, energia nuclear, seguros etc.).
Avançou-se em alguns aspectos no referido projeto de lei. Na reformulação do desenho das agências estão previstas, dentre outras questões, regras sobre gestão e desempenho; ouvidoria independente e mecanismos de controle social.
Mas isso é pouco do ponto de vista da governabilidade. Falta estruturar as agências para serem órgãos de Estado - e não de um determinado governo.
Primeiro, é preciso definir o marco legal, com atribuições expressas das funções técnicas a serem exercidas pela agência, segregando as funções políticas de competência dos ministérios. Isso, de certo modo, foi feito no setor de telecomunicações.
Todas as agências devem ter um conselho consultivo ativo, composto de pessoas de notório reconhecimento público no setor regulado. É preciso garantir recursos financeiros, sem a possibilidade de contingenciamento paralisante. O conselho deve ter a missão de defender o orçamento da agência junto ao poder público central. O orçamento deve ser segregado, constituindo unidade orçamentária autônoma.
O preenchimento dos cargos de direção da agência deve vir do mercado. A identificação dos diretores deve ser feita pelo conselho consultivo ou por meio de um "Comitê de Busca", formado por personalidades de notório reconhecimento público.
A "busca" deve ser transparente. Por editais públicos de chamadas de candidaturas, amplamente divulgados. O ideal é identificar pessoas capazes dentre integrantes da esfera pública, da comunidade científica e tecnológica e do meio empresarial. Nesse modelo poderão se candidatar aqueles com formação acadêmica e atuação profissional comprovada, no setor público ou privado.
Os candidatos não podem ser novatos. Devem possuir experiência gerencial mínima de dez anos de exercício profissional em cargos comprovadamente ocupados. Outro ponto de capital importância: o candidato a dirigente não deve manter qualquer vínculo com entidade do setor regulado. É melhor evitar acionista ou sócio com participação no capital social de empresa coligada, controlada ou controladora. De igual modo, suprimir da lista os membros de conselho de administração, fiscal, diretoria executiva ou órgão gerencial. Também não deve ser empregado, mesmo com contrato de trabalho suspenso, ou prestador de serviço permanente ou temporário, inclusive das empresas controladoras e controladas.
Para reforçar a transparência, deve-se adotar o sistema de lista tríplice pelo "Comitê de Busca". A escolha dos dirigentes pelo presidente da República deve sofrer uma eficiente sabatina pelo Senado Federal. Este deve checar todos os requisitos acima. E rejeitar quando não atendidos.
Os dirigentes devem ter mandato fixo de quatro anos. Mas deve ser vedada a recondução no cargo. Será melhor para a governança que eles não decidam pensando no futuro pessoal, na manutenção do seu cargo.
As agências devem ter um "plano de gestão" e um "plano de execução das metas". Só assim a sociedade em geral poderá exercer um controle efetivo (não meramente formal), sobre seus atos. Na linha da atual lei de transparência, todos os dados devem ser disponibilizados, via internet, para legitimar o processo de acompanhamento e controle dos planos.
Em conclusão, os setores regulados não devem sofrer solução de continuidade na governança pública. Mesmo diante da alternância decorrente do sufrágio e das ações que afetam a governabilidade. Por isso, no estágio democrático e de estabilidade política atual do Brasil, esse tema deve ser prioridade em 2013. Deve retornar à pauta do governo e do legislativo.
A sociedade atual necessita de uma atuação pública orientada, especialmente, para a transparência dos resultados alcançados com a ação institucional. Isso ocorre em duas dimensões. Na governança, associada aos instrumentos que levem à ação pública eficiente, e na governabilidade.
Governabilidade tem um espectro mais amplo. Está relacionada às condições adequadas ao ambiente político em que se efetivam as ações da administração e pelo padrão de intervenção econômica e social. Passa pela ideia de credibilidade e imagem pública dos governantes, decorrendo na própria legitimidade do governo.
O sistema regulatório brasileiro, como estruturado atualmente, não está totalmente afinado com a ideia de governança pública. O pior é que essa questão afeta a governabilidade. Os efeitos já estão sendo sentidos pelo governo Dilma Rousseff.
Falta estruturar os marcos legais para serem órgãos de Estado - e não de um determinado governo
Para piorar, as agências reguladoras estiveram em evidência nos noticiários por problemas pontuais. Dirigentes foram presos e acusados de montarem esquema de venda de favores a empresas privadas.
Esses fatos são graves. No entanto, são casos isolados e podem ocorrer em qualquer instituição, inclusive estatal. O problema, portanto, é outro. É conjuntural.
Recente edição da revista "The Economist" cita as agências como um dos fatores que contribuem para a queda recente do aporte de investimentos estrangeiros. Além da forte intervenção estatal do governo federal, o abandono do modelo institucional de agências reguladoras está perto de comprometer o ambiente de negócios.
O assunto é relevante. As agências estão presentes em setores de peso: telecomunicações, energia elétrica, infraestrutura aeroportuário e portuário, aviação civil etc. Foram criadas para serem autônomas e independentes. Estruturadas para contribuir na estabilização do mercado e dar segurança jurídica na atração e manutenção de investimentos privados, sobretudo estrangeiro.
O governo tem agido na contramão. Contingencia recursos e reparte o comando das agências entre partidos políticos da base governamental.
É hora de mudar. Se é certo que devemos olhar para o modelo original, também é justo concluir que está na hora de aplicarmos uma dose de inovação ao sistema regulatório nacional.
Deve-se, de início, criar um marco legal moderno, com foco na governança das agências. O caminho está aberto. Desde 2004 tramita no Congresso Nacional o projeto de Lei nº 3.337. O projeto visa uniformizar a legislação para as dez agências federais. Também alcançará aquelas que estão no papel (agências de mineração, energia nuclear, seguros etc.).
Avançou-se em alguns aspectos no referido projeto de lei. Na reformulação do desenho das agências estão previstas, dentre outras questões, regras sobre gestão e desempenho; ouvidoria independente e mecanismos de controle social.
Mas isso é pouco do ponto de vista da governabilidade. Falta estruturar as agências para serem órgãos de Estado - e não de um determinado governo.
Primeiro, é preciso definir o marco legal, com atribuições expressas das funções técnicas a serem exercidas pela agência, segregando as funções políticas de competência dos ministérios. Isso, de certo modo, foi feito no setor de telecomunicações.
Todas as agências devem ter um conselho consultivo ativo, composto de pessoas de notório reconhecimento público no setor regulado. É preciso garantir recursos financeiros, sem a possibilidade de contingenciamento paralisante. O conselho deve ter a missão de defender o orçamento da agência junto ao poder público central. O orçamento deve ser segregado, constituindo unidade orçamentária autônoma.
O preenchimento dos cargos de direção da agência deve vir do mercado. A identificação dos diretores deve ser feita pelo conselho consultivo ou por meio de um "Comitê de Busca", formado por personalidades de notório reconhecimento público.
A "busca" deve ser transparente. Por editais públicos de chamadas de candidaturas, amplamente divulgados. O ideal é identificar pessoas capazes dentre integrantes da esfera pública, da comunidade científica e tecnológica e do meio empresarial. Nesse modelo poderão se candidatar aqueles com formação acadêmica e atuação profissional comprovada, no setor público ou privado.
Os candidatos não podem ser novatos. Devem possuir experiência gerencial mínima de dez anos de exercício profissional em cargos comprovadamente ocupados. Outro ponto de capital importância: o candidato a dirigente não deve manter qualquer vínculo com entidade do setor regulado. É melhor evitar acionista ou sócio com participação no capital social de empresa coligada, controlada ou controladora. De igual modo, suprimir da lista os membros de conselho de administração, fiscal, diretoria executiva ou órgão gerencial. Também não deve ser empregado, mesmo com contrato de trabalho suspenso, ou prestador de serviço permanente ou temporário, inclusive das empresas controladoras e controladas.
Para reforçar a transparência, deve-se adotar o sistema de lista tríplice pelo "Comitê de Busca". A escolha dos dirigentes pelo presidente da República deve sofrer uma eficiente sabatina pelo Senado Federal. Este deve checar todos os requisitos acima. E rejeitar quando não atendidos.
Os dirigentes devem ter mandato fixo de quatro anos. Mas deve ser vedada a recondução no cargo. Será melhor para a governança que eles não decidam pensando no futuro pessoal, na manutenção do seu cargo.
As agências devem ter um "plano de gestão" e um "plano de execução das metas". Só assim a sociedade em geral poderá exercer um controle efetivo (não meramente formal), sobre seus atos. Na linha da atual lei de transparência, todos os dados devem ser disponibilizados, via internet, para legitimar o processo de acompanhamento e controle dos planos.
Em conclusão, os setores regulados não devem sofrer solução de continuidade na governança pública. Mesmo diante da alternância decorrente do sufrágio e das ações que afetam a governabilidade. Por isso, no estágio democrático e de estabilidade política atual do Brasil, esse tema deve ser prioridade em 2013. Deve retornar à pauta do governo e do legislativo.
Casa que falta pão - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 13/03
Diante do impasse para acomodar PSD, PR e PDT, Dilma Rousseff adiou a reforma ministerial e deve conversar nesta semana com dirigentes das três siglas. O PR recusa oferta para indicar o comando da Valec e do Dnit em troca da manutenção de Paulo Passos (Transportes). "Queremos ministro", explicita um deputado. No partido de Gilberto Kassab, a maioria da bancada acha insuficiente a nova pasta da Micro e Pequena Empresa e insiste em ter a Secretaria de Aviação Civil.
Tertius Ex-marido de Dilma, Carlos Araújo diz que Alceu Collares (RS) pode disputar com Carlos Lupi o comando do PDT, com o apoio de Brizola Neto. "Evidente que a força está com Lupi. Mas Collares oxigenaria o partido."
Modesto Sobre a permanência de Brizolinha no Ministério do Trabalho, Araújo afirma que apoia o ministro, mas que a decisão é da presidente e ele não terá nenhuma influência nesse assunto.
Desandou O ex-presidente Lula disse a um interlocutor que Dilma perdeu o timing da mexida na equipe e não deveria mais fazê-la.
A la carte Enquanto a reforma não sai, senadores do bloco PTB-PR-PSC convidarão o presidenciável Eduardo Campos (PSB) para um almoço na próxima terça-feira.
E aí? Numa noite de autógrafos ontem em Brasília, Aécio Neves e o ministro Gilberto Carvalho debateram o cenário da sucessão presidencial. O tucano garantiu que vai conseguir "unificar" o PSDB.
Interlúdio 1 Enquanto o STF não publica o acórdão do julgamento do mensalão, José Dirceu comemora amanhã, em jantar no apartamento do advogado José Luis Oliveira Lima, seus 68 anos.
Interlúdio 2 Foram convidados amigos como o escritor Fernando Morais, o ator José de Abreu, o ex-prefeito de Osasco Emídio de Souza e o casal Gilberto e Flora Gil, que não poderá ir. Lula e Marisa não figuram na lista.
Lupa O governo estuda incluir no pacote pró-consumidor a obrigatoriedade de bancos e operadoras de cartões de crédito detalharem a composição de custos em extratos, para que o cliente entenda o cálculo de encargos.
Alvo 1 O ex-deputado Aderson Lago protocolou ontem no Senado pedido de impeachment contra Roberto Gurgel, sob acusação de crime de responsabilidade por atrasar três processos contra Roseana Sarney (PMDB-MA) que tramitam desde 2010.
Alvo 2 Segundo a denúncia, o procurador-geral da República teria contrariado a rotina administrativa do Ministério Público Federal ao evocar para si pareceres que caberiam aos seus subordinados no STJ e no TSE.
Agora vai Em seu Twitter, o deputado comunista Protógenes Queiroz (SP) saudou o início do conclave e "reafirmou" apoiar o cardeal d. Odilo Scherer ao papado.
O céu... Antes de ser escolhido para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) já sonhava alto na política.
... é o limite Na Expocristã, em 2011, ele disse almejar a Presidência da República. "A gente sonha em chegar lá e vamos trabalhar para isso. Para fazer desse país uma nação mais justa e não envergonhar o nome de Jesus."
Escudo Presidente do PSDB paulista, Pedro Tobias pediu apoio a prefeitos para PEC que restringe ao procurador-geral de Justiça investigações de improbidade contra agentes políticos. Em carta, o tucano critica práticas "precipitadas" de membros do Ministério Público.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"O governo impõe ao país uma padronização tributária impossível. Chega a estabelecer em lei federal os salários de servidores estaduais."
DO GOVERNADOR ANTONIO ANASTASIA (PSDB-MG), sobre a autonomia dos Estados e o pacto federativo, tema de debate hoje no Congresso Nacional.
contraponto
Justiça fiscal
Durante audiência sobre o projeto de Fernando Haddad que prevê devolução da taxa da inspeção veicular, ontem, na Câmara paulistana, o secretário Luís Fernando Massonetto (Negócios Jurídicos) defendia a restituição para donos de carros aprovados no teste:
-Está preservado o princípio do poluidor-pagador.
Sérgio Leitão, do Greenpeace, disse, arrancando risos:
-Quem tem carro de R$ 160 mil gasta R$ 30 só com lava-rápido. A prefeitura vai devolver R$ 44 por ano. Quero ver falar para o sujeito que usa ônibus lotado que o dinheiro dele vai para uma espécie de "Bolsa-Hilux"...
Diante do impasse para acomodar PSD, PR e PDT, Dilma Rousseff adiou a reforma ministerial e deve conversar nesta semana com dirigentes das três siglas. O PR recusa oferta para indicar o comando da Valec e do Dnit em troca da manutenção de Paulo Passos (Transportes). "Queremos ministro", explicita um deputado. No partido de Gilberto Kassab, a maioria da bancada acha insuficiente a nova pasta da Micro e Pequena Empresa e insiste em ter a Secretaria de Aviação Civil.
Tertius Ex-marido de Dilma, Carlos Araújo diz que Alceu Collares (RS) pode disputar com Carlos Lupi o comando do PDT, com o apoio de Brizola Neto. "Evidente que a força está com Lupi. Mas Collares oxigenaria o partido."
Modesto Sobre a permanência de Brizolinha no Ministério do Trabalho, Araújo afirma que apoia o ministro, mas que a decisão é da presidente e ele não terá nenhuma influência nesse assunto.
Desandou O ex-presidente Lula disse a um interlocutor que Dilma perdeu o timing da mexida na equipe e não deveria mais fazê-la.
A la carte Enquanto a reforma não sai, senadores do bloco PTB-PR-PSC convidarão o presidenciável Eduardo Campos (PSB) para um almoço na próxima terça-feira.
E aí? Numa noite de autógrafos ontem em Brasília, Aécio Neves e o ministro Gilberto Carvalho debateram o cenário da sucessão presidencial. O tucano garantiu que vai conseguir "unificar" o PSDB.
Interlúdio 1 Enquanto o STF não publica o acórdão do julgamento do mensalão, José Dirceu comemora amanhã, em jantar no apartamento do advogado José Luis Oliveira Lima, seus 68 anos.
Interlúdio 2 Foram convidados amigos como o escritor Fernando Morais, o ator José de Abreu, o ex-prefeito de Osasco Emídio de Souza e o casal Gilberto e Flora Gil, que não poderá ir. Lula e Marisa não figuram na lista.
Lupa O governo estuda incluir no pacote pró-consumidor a obrigatoriedade de bancos e operadoras de cartões de crédito detalharem a composição de custos em extratos, para que o cliente entenda o cálculo de encargos.
Alvo 1 O ex-deputado Aderson Lago protocolou ontem no Senado pedido de impeachment contra Roberto Gurgel, sob acusação de crime de responsabilidade por atrasar três processos contra Roseana Sarney (PMDB-MA) que tramitam desde 2010.
Alvo 2 Segundo a denúncia, o procurador-geral da República teria contrariado a rotina administrativa do Ministério Público Federal ao evocar para si pareceres que caberiam aos seus subordinados no STJ e no TSE.
Agora vai Em seu Twitter, o deputado comunista Protógenes Queiroz (SP) saudou o início do conclave e "reafirmou" apoiar o cardeal d. Odilo Scherer ao papado.
O céu... Antes de ser escolhido para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) já sonhava alto na política.
... é o limite Na Expocristã, em 2011, ele disse almejar a Presidência da República. "A gente sonha em chegar lá e vamos trabalhar para isso. Para fazer desse país uma nação mais justa e não envergonhar o nome de Jesus."
Escudo Presidente do PSDB paulista, Pedro Tobias pediu apoio a prefeitos para PEC que restringe ao procurador-geral de Justiça investigações de improbidade contra agentes políticos. Em carta, o tucano critica práticas "precipitadas" de membros do Ministério Público.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"O governo impõe ao país uma padronização tributária impossível. Chega a estabelecer em lei federal os salários de servidores estaduais."
DO GOVERNADOR ANTONIO ANASTASIA (PSDB-MG), sobre a autonomia dos Estados e o pacto federativo, tema de debate hoje no Congresso Nacional.
contraponto
Justiça fiscal
Durante audiência sobre o projeto de Fernando Haddad que prevê devolução da taxa da inspeção veicular, ontem, na Câmara paulistana, o secretário Luís Fernando Massonetto (Negócios Jurídicos) defendia a restituição para donos de carros aprovados no teste:
-Está preservado o princípio do poluidor-pagador.
Sérgio Leitão, do Greenpeace, disse, arrancando risos:
-Quem tem carro de R$ 160 mil gasta R$ 30 só com lava-rápido. A prefeitura vai devolver R$ 44 por ano. Quero ver falar para o sujeito que usa ônibus lotado que o dinheiro dele vai para uma espécie de "Bolsa-Hilux"...
Mão pesada - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 13/03
O governo e a eleição do Papa
O governo brasileiro, sobretudo o setor diplomático, tem a expectativa que os cardeais, reunidos em Conclave em Roma, eleja um Papa comprometido com a promoção da paz, e as políticas destinadas a reduzir a pobreza, a fome e a desigualdade. Espera também um Papa diplomático, capaz de agregar ao invés de acirrar conflitos. A escolha de um Papa brasileiro é vista com bons olhos, pois isto daria ao país destaque e excelência no cenário internacional. Mas avalia que o melhor posicionado, o arcebispo de São Paulo, Odilo Scherer, conservador, não é afinado com a prioridade do governo, tendo restrições aos contraceptivos e ao planejamento familiar.
“Podia ter uma chaminé no Planalto para ficarmos sabendo quando a reforma ministerial vai sair. Por enquanto, só fumaça preta
André Figueiredo
Líder do PDT (CE) na Câmara dos Deputados
A resistência
O ex-líder do PDT Miro Teixeira (RJ) está irritado com a versão que a bancada quer Manoel Dias no Ministério do Trabalho. E diz: “Estão querendo fazer gol de mão. Apoio a decisão da presidente " Dilma de manter o ministro Brizola Neto”
Mudou o vento
Com o objetivo de modernizar e arejar sua imagem, a Confederação Nacional da Agricultura fez campanha institucional ria TV em 2012. A estrela do "Time Agro Brasil" foi o craque e produtor rural Pelé. A CNA, que fez dura oposição ao governo Lula, na nova fase da campanha, terá como um de seus garotos-propaganda a presidente Dilma.
Uma atrás da outra
O ministro Brizola Neto (Trabalho) perdeu mais uma. A chapa da irmã, Juliana, foi derrotada pelo deputado Vieira da Cunha (RS), e não terá nenhum dos 11 delegados na convenção, dia 22, que reelegerá Carlos Lupi presidente do PDT.
Fora do ar
Os artistas, liderados pelo ator Paulo Betti, reclamaram e levaram a melhor. A ministra Marta Suplicy (Cultura) recuou e desistiu de permitir que o Vale-Cultura subsidie o pagamento de TV a cabo. O Vale, segundo os artistas, deve servir para financiar o cinema, o teatro e a compra de livros. Marta decidiu tirar a TV a cabo da regulamentação da lei, que está para ser editada.
Agora vai
Na reunião dos governadores, ontem, o governador André Puccinelli (PMDB-MS) esbravejou: "A presidente Dilma tem que nos atender. Temos que resolver nosso problema. Não podemos ficar como em casa de enforcado"
Aliado desalinhado
Depois de comparar a reunião dos governadores com um Conclave, o governador Omar Aziz (PSD-AM) protestou: “Quanto os estados vão perder com a desoneração da cesta básica? Eu quero saber quem tem estes números?"
diante da conflagrãção, o governador Jaques Wagner (PT-BA), que saiu antes do final, sugeriu que eles levassem ao governo propostas equilibradas.
PROGRAMAÇÃO ESPORTIVA NA TV 13/03
15h - Masters 1.000 de Indian Wells, tênis, SporTV 2
16h45 - Bayern x Arsenal, Copa dos Campeões, Band, ESPN e ESPN +
17h30 - Masters 1.000 de Indian Wells, tênis, Bandsports e SporTV 2
18h45 - Volta Redonda x Cruzeiro, Superliga masc. de vôlei, SporTV
19h45 - Barcelona (EQU) x Toluca, Libertadores, Fox Sports
20h - Montreal Canadiens x Ottawa Senators, hóquei no gelo, ESPN +
21h - Oklahoma City Thunder x Utah Jazz, NBA, ESPN
22h - Corinthians x Tijuana, Libertadores, Globo (para SP), Fox Sports e SporTV
22h - The Strongest x Atlético-MG, Libertadores, Globo (para MG) e FX
22h - Flamengo x Resende, Estadual do Rio, Globo (para RJ)
23h - Masters 1.000 de Indian Wells, tênis, Bandsports e SporTV 2
Guerra urbana - TOSTÃO
FOLHA DE SP - 13/03
Chega de discussões. Todos sabem as causas da violência. É preciso agir com rigor e rápido
No domingo, Ferreira Gullar escreveu sobre o acaso nos esportes, assunto de que gosto, mas sobre o qual não consigo dizer com a mesma sensibilidade do poeta. "A função do técnico é tornar a ação dos jogadores inteiramente previsível, do seu e do time adversário, ou seja, anular o acaso. Mas isso nem Deus consegue."
A estratégia dos treinadores serve também de repressão e sublimação. É um aviso aos atletas, de que eles não podem ultrapassar certos limites nem colocar a ambição individual acima da coletiva. Se todos fizerem o que desejam, sem regras, será o caos. O mesmo ocorre na vida.
Paga-se também um preço por isso. Se a repressão e a sublimação forem muito intensas, diminuem a espontaneidade e a criatividade. Zico disse que uma das dificuldades que teve como técnico da disciplinada e previsível seleção do Japão era convencer os jogadores de que eles podiam e deviam improvisar.
Mudo de assunto. Parabéns ao Botafogo pelo título da Taça Guanabara. O clube precisa de confiança, de gostar, de se acostumar com conquistas e de deixar de ser um time azarado. Para isso, o Botafogo já tem um símbolo, uma liderança, o garoto Seedorf, único campeão da Europa por três times diferentes (Ajax, Real Madrid e duas vezes pelo Milan).
Apesar da classe de Seedorf, os clássicos entre Botafogo e Vasco e, principalmente, entre São Paulo e Palmeiras foram de pouquíssima qualidade técnica. Muitos gostaram. Estou sem paciência para assistir a jogos ruins ou a maioria se contenta com pouco e acha que está tudo ótimo. Devem ser as duas coisas. Há também os que falam bem para levantar o futebol, ainda mais próximo da Copa do Mundo no Brasil. Futebol é negócio.
É a mesma visão da violência. As pessoas foram se acostumando e, só agora, perceberam o óbvio, o caos, a guerra urbana que existe hoje no futebol e em toda a sociedade. Todos sabem as causas. Não há nada de acaso. Chega de discussões e de blá-blá-blás. Os responsáveis precisam agir, com rigor e rápido.
LUGAR CERTO
Mesmo com Pedro, o Barcelona jogou com muito talento e com uma enorme alma e goleou o Milan por 4 a 0. A volta da marcação por pressão, muito benfeita, foi também fundamental. As duas derrotas contra o Real Madrid e a diante do Milan, na primeira partida, devolveram ao time a atitude de que, contra grandes rivais, é necessário um grande esforço, fazer algo mais, que vai além da rotina. É muito mais que estar ou não motivado. É um sentimento, que não dá para ser medido.
O Barcelona está no lugar certo, ao lado de Real Madrid e Bayern, que deve confirmar hoje sua vaga, as três melhores equipes do mundo. Não há favorito. Era a mesma situação do ano passado, mas o Chelsea foi campeão. É o futebol.
Chega de discussões. Todos sabem as causas da violência. É preciso agir com rigor e rápido
No domingo, Ferreira Gullar escreveu sobre o acaso nos esportes, assunto de que gosto, mas sobre o qual não consigo dizer com a mesma sensibilidade do poeta. "A função do técnico é tornar a ação dos jogadores inteiramente previsível, do seu e do time adversário, ou seja, anular o acaso. Mas isso nem Deus consegue."
A estratégia dos treinadores serve também de repressão e sublimação. É um aviso aos atletas, de que eles não podem ultrapassar certos limites nem colocar a ambição individual acima da coletiva. Se todos fizerem o que desejam, sem regras, será o caos. O mesmo ocorre na vida.
Paga-se também um preço por isso. Se a repressão e a sublimação forem muito intensas, diminuem a espontaneidade e a criatividade. Zico disse que uma das dificuldades que teve como técnico da disciplinada e previsível seleção do Japão era convencer os jogadores de que eles podiam e deviam improvisar.
Mudo de assunto. Parabéns ao Botafogo pelo título da Taça Guanabara. O clube precisa de confiança, de gostar, de se acostumar com conquistas e de deixar de ser um time azarado. Para isso, o Botafogo já tem um símbolo, uma liderança, o garoto Seedorf, único campeão da Europa por três times diferentes (Ajax, Real Madrid e duas vezes pelo Milan).
Apesar da classe de Seedorf, os clássicos entre Botafogo e Vasco e, principalmente, entre São Paulo e Palmeiras foram de pouquíssima qualidade técnica. Muitos gostaram. Estou sem paciência para assistir a jogos ruins ou a maioria se contenta com pouco e acha que está tudo ótimo. Devem ser as duas coisas. Há também os que falam bem para levantar o futebol, ainda mais próximo da Copa do Mundo no Brasil. Futebol é negócio.
É a mesma visão da violência. As pessoas foram se acostumando e, só agora, perceberam o óbvio, o caos, a guerra urbana que existe hoje no futebol e em toda a sociedade. Todos sabem as causas. Não há nada de acaso. Chega de discussões e de blá-blá-blás. Os responsáveis precisam agir, com rigor e rápido.
LUGAR CERTO
Mesmo com Pedro, o Barcelona jogou com muito talento e com uma enorme alma e goleou o Milan por 4 a 0. A volta da marcação por pressão, muito benfeita, foi também fundamental. As duas derrotas contra o Real Madrid e a diante do Milan, na primeira partida, devolveram ao time a atitude de que, contra grandes rivais, é necessário um grande esforço, fazer algo mais, que vai além da rotina. É muito mais que estar ou não motivado. É um sentimento, que não dá para ser medido.
O Barcelona está no lugar certo, ao lado de Real Madrid e Bayern, que deve confirmar hoje sua vaga, as três melhores equipes do mundo. Não há favorito. Era a mesma situação do ano passado, mas o Chelsea foi campeão. É o futebol.
A política energética nos dez anos do PT - ADRIANO PIRES
O ESTADO DE S. PAULO - 13/03
Nos dez anos de governo do PT, a política energética pode ser dividida em dois períodos. O primeiro vigor ou até a crise econômica mundial de 2008 e foi caracterizado pelo incentivo a novos investimentos e pela preocupação com a garantia de suprimento.
No setor de petróleo,o governo manteve o marco regulatório, dando continuidade aos leilões de petróleo, e a defasagem dos preços da gasolina e do diesel, como era pequena,penalizava pouco o caixa da Petrobrás.
Os biocombustíveis viveram seu melhor momento nesse período. Todos lembram que o presidente Lula anunciava aos quatro cantos do mundo que o Brasil seria a Arábia Saudita verde. É nesse período que o governo lança o Programado Biodiesel, e os investimentos,a produção e o consumo de etanol batem recordes.
No biodiesel o governo estabelece a meta da mistura com o diesel em 5% e, assim,dá previsibilidade,o que levará à construção de várias unidades de produção.
No etanol, a política de preços da gasolina permite competitividade ao biocombustível, fazendo com que autoridades do governo afirmassem que a gasolina no Brasil passaria a ser o combustível alternativo. No setor elétrico, o governo, preocupado em evitar novo racionamento,de uma forma inteligente promoveu leilões de oferta de energia para o mercado cativo e manteve o mercado livre.
As regras dos leilões beneficiavam a vitória das térmicas, dentro da ideia de garantir o abastecimento.
Nesse período,o governo acreditava que a melhor maneira de aumentar a oferta de energia elétrica seria através da concorrência.
Coma chegada da crise econômica e com o anúncio da descoberta do pré sal, a política energética brasileira muda de rota.
A nova rota será caracterizada pelo maior intervencionismo do Estado e pelo populismo dos preços. O primeiro setor vítima da nova política energética foi o do petróleo. A descoberta do pré- sal foi o álibi que os nacionalistas xiitas do PT precisavam para fechar o mercado do petróleo no País.
Desde 2008 não foram realizados mais leilões e foi aprovado um novo marco regulatório,que dá tratamento diferencial à Petrobrás. Ao mesmo tempo, o governo, tentando evitar que a crise econômica causas se maiores impactos no País,incentivou a venda de automóveis.
Uma das políticas adotadas para aumentar a venda de veículos foi congelar o preço da gasolina. A política de congelamento incentivou o crescimento do consumo e das importações de gasolina, ferindo de morte o caixa da Petrobrás.Ou seja,o governo deu mais deveres e retirou os direitos da empresa de ter liberdade de fixar os preços dos seus produtos. Nesse período, os bio combustíveis viveram e vivem seu inferno astral.O projeto Arábia Saudita verde morreu. Não existe mais marco regulatório, com o congelamento do preço da gasolina o etanol perdeu inteiramente sua competitividade, levando a uma quebradeira de inúmeras usinas,e o biodiesel está comum a enorme capacidade ociosa e sem nenhuma previsibilidade do que vai ocorrer com o porcentual de mistura.
No setor de energia elétrica,o governo abandonou a preocupação com a garantia de abastecimento e passou a ter uma política dedicada, exclusivamente, à modicidade, ou, melhor, ao populismo tarifário.O clímax dessa política foi a publicação no ano passado da Medida Provisória 579, que ignorou a necessidade de novos investimentos e promoveu um subsídio nas tarifas num momento de escassez de energia. Essa escassez, causada pela falta de chuvas, tem obrigado o governo a ligar as térmicas a gás, a carvão e a óleo, todas mais caras que as hidrelétricas. Isso deverá anular a maior parte da redução de energia, principalmente no setor industrial. E, o que é pior, deverá obrigar o governo a dar soluções mais atrapalhadas e completamente fora da lógica de mercado para preservar a artificialidade da redução dos preços vindos por lei.
A atual política energética confunde energia barata com energia competitiva e isso, no curto prazo, destruiu a Petrobrás e a Eletrobrás e, no longo prazo, promoverá apagões.
Nos dez anos de governo do PT, a política energética pode ser dividida em dois períodos. O primeiro vigor ou até a crise econômica mundial de 2008 e foi caracterizado pelo incentivo a novos investimentos e pela preocupação com a garantia de suprimento.
No setor de petróleo,o governo manteve o marco regulatório, dando continuidade aos leilões de petróleo, e a defasagem dos preços da gasolina e do diesel, como era pequena,penalizava pouco o caixa da Petrobrás.
Os biocombustíveis viveram seu melhor momento nesse período. Todos lembram que o presidente Lula anunciava aos quatro cantos do mundo que o Brasil seria a Arábia Saudita verde. É nesse período que o governo lança o Programado Biodiesel, e os investimentos,a produção e o consumo de etanol batem recordes.
No biodiesel o governo estabelece a meta da mistura com o diesel em 5% e, assim,dá previsibilidade,o que levará à construção de várias unidades de produção.
No etanol, a política de preços da gasolina permite competitividade ao biocombustível, fazendo com que autoridades do governo afirmassem que a gasolina no Brasil passaria a ser o combustível alternativo. No setor elétrico, o governo, preocupado em evitar novo racionamento,de uma forma inteligente promoveu leilões de oferta de energia para o mercado cativo e manteve o mercado livre.
As regras dos leilões beneficiavam a vitória das térmicas, dentro da ideia de garantir o abastecimento.
Nesse período,o governo acreditava que a melhor maneira de aumentar a oferta de energia elétrica seria através da concorrência.
Coma chegada da crise econômica e com o anúncio da descoberta do pré sal, a política energética brasileira muda de rota.
A nova rota será caracterizada pelo maior intervencionismo do Estado e pelo populismo dos preços. O primeiro setor vítima da nova política energética foi o do petróleo. A descoberta do pré- sal foi o álibi que os nacionalistas xiitas do PT precisavam para fechar o mercado do petróleo no País.
Desde 2008 não foram realizados mais leilões e foi aprovado um novo marco regulatório,que dá tratamento diferencial à Petrobrás. Ao mesmo tempo, o governo, tentando evitar que a crise econômica causas se maiores impactos no País,incentivou a venda de automóveis.
Uma das políticas adotadas para aumentar a venda de veículos foi congelar o preço da gasolina. A política de congelamento incentivou o crescimento do consumo e das importações de gasolina, ferindo de morte o caixa da Petrobrás.Ou seja,o governo deu mais deveres e retirou os direitos da empresa de ter liberdade de fixar os preços dos seus produtos. Nesse período, os bio combustíveis viveram e vivem seu inferno astral.O projeto Arábia Saudita verde morreu. Não existe mais marco regulatório, com o congelamento do preço da gasolina o etanol perdeu inteiramente sua competitividade, levando a uma quebradeira de inúmeras usinas,e o biodiesel está comum a enorme capacidade ociosa e sem nenhuma previsibilidade do que vai ocorrer com o porcentual de mistura.
No setor de energia elétrica,o governo abandonou a preocupação com a garantia de abastecimento e passou a ter uma política dedicada, exclusivamente, à modicidade, ou, melhor, ao populismo tarifário.O clímax dessa política foi a publicação no ano passado da Medida Provisória 579, que ignorou a necessidade de novos investimentos e promoveu um subsídio nas tarifas num momento de escassez de energia. Essa escassez, causada pela falta de chuvas, tem obrigado o governo a ligar as térmicas a gás, a carvão e a óleo, todas mais caras que as hidrelétricas. Isso deverá anular a maior parte da redução de energia, principalmente no setor industrial. E, o que é pior, deverá obrigar o governo a dar soluções mais atrapalhadas e completamente fora da lógica de mercado para preservar a artificialidade da redução dos preços vindos por lei.
A atual política energética confunde energia barata com energia competitiva e isso, no curto prazo, destruiu a Petrobrás e a Eletrobrás e, no longo prazo, promoverá apagões.
FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA
O GLOBO - 13/03
ESTATAIS COBRAM A CONTA DO INCENTIVO FISCAL
Caixa e Petrobras convocam fornecedores para renegociar contratos de setores beneficiados com desoneração da folha
As medidas federais de desoneração da folha de pagamentos trouxeram um efeito colateral indesejável aos fornecedores de empresas estatais. Petrobras e Caixa são duas gigantes que já estão convocando seus prestadores de serviço a reduzirem os valores dos contratos na mesma proporção do incentivo concedido pela União. Empresas de tecnologia da informação (TI) e de call center estão no topo da lista. “Significa que o governo deu com uma mão e está tirando com a outra”, desabafa um executivo de uma empresa de TI. O Ministério da Fazenda anunciou no ano passado a troca da contribuição de 20% sobre a folha de salários ao INSS pelo recolhimento de 1% a 2% sobre o faturamento. A medida vale para setores intensivos em mão de obra e exige como contrapartida a manutenção dos empregos e o aumento da produção, dos investimentos e das exportações. Os empresários alegam que o corte nos contratos inviabiliza a expansão dos negócios. A Caixa disse em nota à coluna que a Lei 8.666/1993 determina o reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos. É para que “a empresa pública não passe a suportar custos que deixaram de existir”. A Petrobras não quis comentar o assunto.
40 SETORES BENEFICIADOS
O governo já liberou a desoneração da folha para 40 atividades. De cara, entraram 15, incluindo TI e call center. Depois, vieram mais 25, entre eles, fármacos, aves e transportes (aéreo e rodoviário).
Só português
O Brasil é penúltimo de nove países numa lista do British Council sobre o uso de língua estrangeira em ambientes corporativos. Só ganha da China. A pesquisa mostra que 79% das empresas chinesas admitem pôr funcionários em aulas de inglês. No Brasil, só 25%.
Apropriação
De cada dez funcionários que deixaram empresas brasileiras nos últimos 12 meses, seis (62%) levaram dados confidenciais. É mais que a média global, de 40%. A pesquisa é da Symantec.
Independentes
É crescente o status da área de comunicação nas companhias nacionais. De 2007 a 2012, caiu de 40% para 25% a proporção de profissionais ligados ao setor de RH. O estudo daAberje será conhecido na sexta.
Sem raios
A TS Shara prevê elevar em 10% a venda de protetores antirraios este mês sobre março de 2012. A meta é negociar 112 mil unidades, principalmente no Sudeste e no Centro-Oeste. É efeito das fortes chuvas do mês.
Tratamento
A DNDi, sigla em inglês de Medicamentos para Doenças Negligenciadas, espera ampliar o orçamento anual de € 29 milhões, este ano, para € 40 milhões, em 2014. Poderá desenvolver de 11 a 13 medicamentos até 2018. Em dez anos, criou 6.
Quem vai 1
O Fluminense terá escolinha de futebol, na Argentina. Será a 1ª fora do Brasil. Assina o acordo, amanhã, em Córdoba. Aqui já tem 36 Guerreirinhos, cinco delas fora do Rio.
Quem vai 2
A Sustentech, de negócios sustentáveis, desenvolve para a IBM, em Portugal, seu 1º projeto no exterior. No Brasil, trabalha no Parque Olímpico. A meta é elevar o faturamento em 50%, para R$ 12 milhões.
É local
A Oi montou para a Marinha na Antártica uma estação ligada ao Leblon. A tarifa é a de uma ligação para o Rio.
DESÉRTICO
O ator Paul Walker, de “Velozes e Furiosos”, é a estrelada primeira campanha da marca licenciada Colcci Eyewear, de óculos. O deserto do Mojave, nos EUA, foi o cenário das fotos de Sebastian Kim. Os cerca de 60 modelos chegam às lojas em abril. Devem bater os R$ 20 milhões as ações de marketing nos próximos três anos
GALÃ
A Ogochi, de roupas masculinas, lança amanhã a coleção de inverno 2013. A campanha, da Job&Hervé, traz o ator Eriberto Leão pelas lentes de JR Duran.
EXPANSAO
A AD Life Style, de modajovem lança hoje a coleção de inverno, em lookbook nas mídias sociais. Felipe Gaspar fotografou Cláudio Ávila (foto) e Stefanie Medeiros. A rede tem 67 lojas. A meta é fechar 2013 com 75. Este mês, BH e Brasília ganham outlet. Até junho, sai a 3ª unidade em Teresina.
Outras cinco abrem até o fim do ano em Rio, São Paulo e Salvador.
DO ORIENTE
De olho na alta na venda de saquê no Brasil, a Diageo, dona de Johnnie Walker e Smirnoff, fará campanha para o Jun Daiti. É a 1ª marca da bebida japonesa no portfólio do grupo. As boybands e os gadgets inspiraram os anúncios. Estreiam 2ª feira na web. A Santa Clara assina.
Quem volta
A rede Amor aos Pedaços, de doces e tortas, voltará ao Rio. O fundo Mercatto Alimentos comprou 33% do capital e planeja abrir 15 lojas na cidade em cinco anos. A meta é faturar R$ 70 milhões em 2013. Foram
R$ 56 milhões ano passado.
Grelhados
A Griletto, de grelhados, abre a 1ªfranquia no Rio este mês. Ficará no Nova América. Quer chegar a 20 lojas no estado. Em 2012, a rede faturou R$ 112 milhões.
Pizza
Investimento de R$ 2,5 milhões, a Zio Pizza em Casa abre loja hoje na Barra. Em dois anos, virão mais três unidades próprias e 16 franquias no Grande Rio.
Decoração
Os gastos com artigos de decoração no Rio vão bater R$ 549 milhões este ano, prevê o Ibope. O consumo da classe C, que somará R$ 146 milhões, deve passar o da A, de R$ 139 milhões.
Livre Mercado
A Cobrart, de recuperação de crédito, iniciou o 2013 com carteira de 20 clientes. É o dobro do ano passado. A meta é crescer 40%.
O patrimônio do Infraprev, fundo de pensão da Infraero, chegou a R$ 2,2 bilhões em 2012. Alta de 18,2%.
A AgeRio emprestou R$ 600 mil à filial Ipanema da Spoleto. O dinheiro saiu da linha para franquias. Os juros começam em 0,68% ao mês.
O CCE/PUC-Rio abriu inscrições para a pós-graduação em Gestão Ambiental e Sustentabilidade. As aulas começam em abril. Marcelo Motta, da Ecobrand, coordena.
A atriz Miryan Martin abre dia 26, na Barra, o Espaço MM, de beleza e estética. Aporte de R$ 400 mil.
A clínica de estética beSlim abre filial em Copacabana, hoje. Recebeu R$ 400 mil de investimentos.
A L’Oréal Professionnel lança ainda este mês a linha Absolut Control. Tem quatro produtos com manteiga de murumuru, fruto amazônico.
A Califórnia Coffee inaugura loja no Shopping da Gávea, na 2ª quinzena de março. Investiu R$ 300 mil.
ESTATAIS COBRAM A CONTA DO INCENTIVO FISCAL
Caixa e Petrobras convocam fornecedores para renegociar contratos de setores beneficiados com desoneração da folha
As medidas federais de desoneração da folha de pagamentos trouxeram um efeito colateral indesejável aos fornecedores de empresas estatais. Petrobras e Caixa são duas gigantes que já estão convocando seus prestadores de serviço a reduzirem os valores dos contratos na mesma proporção do incentivo concedido pela União. Empresas de tecnologia da informação (TI) e de call center estão no topo da lista. “Significa que o governo deu com uma mão e está tirando com a outra”, desabafa um executivo de uma empresa de TI. O Ministério da Fazenda anunciou no ano passado a troca da contribuição de 20% sobre a folha de salários ao INSS pelo recolhimento de 1% a 2% sobre o faturamento. A medida vale para setores intensivos em mão de obra e exige como contrapartida a manutenção dos empregos e o aumento da produção, dos investimentos e das exportações. Os empresários alegam que o corte nos contratos inviabiliza a expansão dos negócios. A Caixa disse em nota à coluna que a Lei 8.666/1993 determina o reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos. É para que “a empresa pública não passe a suportar custos que deixaram de existir”. A Petrobras não quis comentar o assunto.
40 SETORES BENEFICIADOS
O governo já liberou a desoneração da folha para 40 atividades. De cara, entraram 15, incluindo TI e call center. Depois, vieram mais 25, entre eles, fármacos, aves e transportes (aéreo e rodoviário).
Só português
O Brasil é penúltimo de nove países numa lista do British Council sobre o uso de língua estrangeira em ambientes corporativos. Só ganha da China. A pesquisa mostra que 79% das empresas chinesas admitem pôr funcionários em aulas de inglês. No Brasil, só 25%.
Apropriação
De cada dez funcionários que deixaram empresas brasileiras nos últimos 12 meses, seis (62%) levaram dados confidenciais. É mais que a média global, de 40%. A pesquisa é da Symantec.
Independentes
É crescente o status da área de comunicação nas companhias nacionais. De 2007 a 2012, caiu de 40% para 25% a proporção de profissionais ligados ao setor de RH. O estudo daAberje será conhecido na sexta.
Sem raios
A TS Shara prevê elevar em 10% a venda de protetores antirraios este mês sobre março de 2012. A meta é negociar 112 mil unidades, principalmente no Sudeste e no Centro-Oeste. É efeito das fortes chuvas do mês.
Tratamento
A DNDi, sigla em inglês de Medicamentos para Doenças Negligenciadas, espera ampliar o orçamento anual de € 29 milhões, este ano, para € 40 milhões, em 2014. Poderá desenvolver de 11 a 13 medicamentos até 2018. Em dez anos, criou 6.
Quem vai 1
O Fluminense terá escolinha de futebol, na Argentina. Será a 1ª fora do Brasil. Assina o acordo, amanhã, em Córdoba. Aqui já tem 36 Guerreirinhos, cinco delas fora do Rio.
Quem vai 2
A Sustentech, de negócios sustentáveis, desenvolve para a IBM, em Portugal, seu 1º projeto no exterior. No Brasil, trabalha no Parque Olímpico. A meta é elevar o faturamento em 50%, para R$ 12 milhões.
É local
A Oi montou para a Marinha na Antártica uma estação ligada ao Leblon. A tarifa é a de uma ligação para o Rio.
DESÉRTICO
O ator Paul Walker, de “Velozes e Furiosos”, é a estrelada primeira campanha da marca licenciada Colcci Eyewear, de óculos. O deserto do Mojave, nos EUA, foi o cenário das fotos de Sebastian Kim. Os cerca de 60 modelos chegam às lojas em abril. Devem bater os R$ 20 milhões as ações de marketing nos próximos três anos
GALÃ
A Ogochi, de roupas masculinas, lança amanhã a coleção de inverno 2013. A campanha, da Job&Hervé, traz o ator Eriberto Leão pelas lentes de JR Duran.
EXPANSAO
A AD Life Style, de modajovem lança hoje a coleção de inverno, em lookbook nas mídias sociais. Felipe Gaspar fotografou Cláudio Ávila (foto) e Stefanie Medeiros. A rede tem 67 lojas. A meta é fechar 2013 com 75. Este mês, BH e Brasília ganham outlet. Até junho, sai a 3ª unidade em Teresina.
Outras cinco abrem até o fim do ano em Rio, São Paulo e Salvador.
DO ORIENTE
De olho na alta na venda de saquê no Brasil, a Diageo, dona de Johnnie Walker e Smirnoff, fará campanha para o Jun Daiti. É a 1ª marca da bebida japonesa no portfólio do grupo. As boybands e os gadgets inspiraram os anúncios. Estreiam 2ª feira na web. A Santa Clara assina.
Quem volta
A rede Amor aos Pedaços, de doces e tortas, voltará ao Rio. O fundo Mercatto Alimentos comprou 33% do capital e planeja abrir 15 lojas na cidade em cinco anos. A meta é faturar R$ 70 milhões em 2013. Foram
R$ 56 milhões ano passado.
Grelhados
A Griletto, de grelhados, abre a 1ªfranquia no Rio este mês. Ficará no Nova América. Quer chegar a 20 lojas no estado. Em 2012, a rede faturou R$ 112 milhões.
Pizza
Investimento de R$ 2,5 milhões, a Zio Pizza em Casa abre loja hoje na Barra. Em dois anos, virão mais três unidades próprias e 16 franquias no Grande Rio.
Decoração
Os gastos com artigos de decoração no Rio vão bater R$ 549 milhões este ano, prevê o Ibope. O consumo da classe C, que somará R$ 146 milhões, deve passar o da A, de R$ 139 milhões.
Livre Mercado
A Cobrart, de recuperação de crédito, iniciou o 2013 com carteira de 20 clientes. É o dobro do ano passado. A meta é crescer 40%.
O patrimônio do Infraprev, fundo de pensão da Infraero, chegou a R$ 2,2 bilhões em 2012. Alta de 18,2%.
A AgeRio emprestou R$ 600 mil à filial Ipanema da Spoleto. O dinheiro saiu da linha para franquias. Os juros começam em 0,68% ao mês.
O CCE/PUC-Rio abriu inscrições para a pós-graduação em Gestão Ambiental e Sustentabilidade. As aulas começam em abril. Marcelo Motta, da Ecobrand, coordena.
A atriz Miryan Martin abre dia 26, na Barra, o Espaço MM, de beleza e estética. Aporte de R$ 400 mil.
A clínica de estética beSlim abre filial em Copacabana, hoje. Recebeu R$ 400 mil de investimentos.
A L’Oréal Professionnel lança ainda este mês a linha Absolut Control. Tem quatro produtos com manteiga de murumuru, fruto amazônico.
A Califórnia Coffee inaugura loja no Shopping da Gávea, na 2ª quinzena de março. Investiu R$ 300 mil.
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