O GLOBO - 12/06
Ahmadinejad terá um compromisso fora da Rio+20. Inaugura dia 21 réplica, doada pelo Irã, das famosas colunas de Persépolis, capital do império Persa, em frente ao Museu do Exército, em São Cristóvão.
Antonio de volta
O miúdo Antonio, de 3 anos, levado para os EUA pelo pai, Márcio Sicoli, vai voltar ao Brasil amanhã, nos braços da mãe, Isabel Bierrenbach. O juiz americano Scott Gordon determinou ontem que o brasileirinho fosse entregue à família que vive no Brasil.
Anos de chumbo
Autor de quatro importantes obras sobre a ditadura, nosso Elio Gaspari foi convidado a ir à Comissão da Verdade, segunda.
A estrela sobe
Tiago Leifert será o apresentador do “The Voice Brasil”, da TV Globo, que estreia no segundo semestre. O programa pretende, com ajuda de Cláudia Leitte, Carlinhos Brown, Daniel e Lulu Santos, descobrir, treinar e fazer brilhar um novo talento da MPB.
No mais
A chefona do FMI, Christine Lagarde, queixou-se ao jornal “The Guardian” de “todos esses gregos que tentam escapar de pagar impostos”. Agora, a revista “New Yorker” lembra que o quase meio milhão de dólares de salário da senhora Lagarde é livre de impostos.
Mais quente melhor
Nosso coleguinha Artur Xexéo, depois de “Xanadu” , vai assinar outra versão de um musical da Broadway. É “Quanto mais quente melhor”, baseado no filme do mesmo nome com Marilyn Monroe, Tony Curtis e Jack Lemmon.
O amor é lindo
A PREFEITURA CARIOCA devolve à cidade hoje, Dia dos Namorados, estes bancos de concreto, todos reformados, que ficam numa área de 130 metros quadrados às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, perto da sede náutica do Botafogo. O lugar, no passado, era muito frequentado pelos “pombinhos”. Mas, nos últimos 20 anos, a violência e o mato afastaram os namorados
Monsieur Baixinho
A revistona francesa “L’Express” dedica três páginas a um perfil político de Romário. Diz que o Baixinho “marca belos gols na função de deputado, como defensor dos portadores de deficiência, dos pobres e dos oprimidos”.
Céu de brigadeiro
Com o caos nos aeroportos brasileiros, Gugu Liberato decidiu comprar um jatinho.
Efeito Suelen
A Mangueira convidou a atriz Ísis Valverde, da novela “Avenida Brasil”, da TV Globo, para ser sua próxima rainha de bateria.
João Nogueira 2013
O enredo da paulista Águia de Ouro será João Nogueira.
Miss Rio+20
O pessoal do Itamaraty que organiza a Rio+20, em votação, escolheu a musa da conferência. A eleita é Hina Rabbani Khar (foto), a bela chanceler do Paquistão, que chega mais cedo para um encontro com Antônio Patriota. Encontra eu.
É grave a crise
Para quitar dívidas trabalhista da Gama Filho, o TRT do Rio leiloa hoje um lote com equipamentos médicos da universidad penhorados. Tudo está avaliado em R$ 34.874. Entre os itens, há... um braço para treino de injeção.
Bença, vô
João Bosco, o homenageado do Prêmio da Música Brasileira em 2012, festeja a chegada de sua primeira netinha. Nasceu Iolanda, filha do ensaísta Francisco Bosco e de Antônia Pellegrino.
Vasco+20
O Vasco, na onda da Rio+20, vai estampar no uniforme a logo oficial da conferência. A estreia da nova camisa será domingo, contra o Palmeiras.
terça-feira, junho 12, 2012
O Supremo e o mensalão - JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SP - 12/06
A pressão para que o julgamento ocorra antes das eleições desenvolveu-se dentro do próprio STF
AINDA NÃO chegamos às vésperas do julgamento do mensalão, mas o já escrito e dito a respeito não deixa dúvida de que o Supremo Tribunal Federal produziu o clima menos conveniente a uma decisão judicial: a polêmica que ultrapassa os aspectos do caso e lança os seus questionamentos sobre o próprio tribunal.
A pressão pelo julgamento antes das eleições desenvolveu-se dentro do Supremo. No Congresso e fora dele, a oposição mal disse uma ou outra palavra.
Primeiro foram referências um tanto insistentes, que não deveriam ser públicas, feitas por ministros à espera do relatório de Joaquim Barbosa, ministro-relator. Não era necessária muito atenção para perceber-se um fio de cobrança mal encapado, naquelas referências.
Depois, e com maior constância, as citações voltaram-se para o ministro Ricardo Lewandowski, incumbido do relatório de revisão. "Marcaremos quando o ministro Lewandowski entregar o seu relatório" -frases assim repetiram-se à vontade, por alguns ministros. A cobrança subjacente estava sempre lá.
Não há razão alguma para supor-se objetivo político, seja por parte dos ministros que falaram publicamente sobre o julgamento e sua ocasião, seja dos que silenciaram.
Influência, a meu ver, para possíveis ansiedades e para marcar o início do julgamento tão perto das eleições teve a chamada "expulsória" de dois ministros.
Um deles, Cezar Peluso, completa em setembro os 70 anos para a aposentadoria obrigatória. Presidia o Supremo até este ano. O seguinte será Ayres Britto, atual presidente.
O desejo de que ambos estejam no julgamento histórico, até como um grande final em homenagem às respectivas carreiras, teve o seu papel nas pressões e na data de início.
E encontrou uma razão técnica para apresentar-se: os dois conhecem o processo. Ao passo que iniciar o julgamento mais tarde seria fazê-lo com dois novatos, provavelmente demandando tempo para estudar o processo de 50 mil páginas.
Mas nenhuma explicação detém a polêmica e as suspeitas. Situação que se reforça com o lamento petista e a euforia oposicionista, por contar com o julgamento em plena campanha eleitoral. E a essas fontes de enfraquecimento do Supremo sobrepôs-se a contribuição do ministro Gilmar Mendes.
Os insultos violentíssimos que Gilmar Mendes tem dirigido aos petistas deveriam, a rigor, afastá-lo do julgamento. Mesmo porque, se os seus votos forem de absolvição dos réus do partido, a hipótese que lhe atribuem apenas terá mudado de sinal: será dito que foram votos para mostrar que não os contaminou com seus conceitos insultuosos.
O mensalão é um julgamento tão extraordinário por seus aspectos judiciais quanto por outros e variados aspectos.
A pressão para que o julgamento ocorra antes das eleições desenvolveu-se dentro do próprio STF
AINDA NÃO chegamos às vésperas do julgamento do mensalão, mas o já escrito e dito a respeito não deixa dúvida de que o Supremo Tribunal Federal produziu o clima menos conveniente a uma decisão judicial: a polêmica que ultrapassa os aspectos do caso e lança os seus questionamentos sobre o próprio tribunal.
A pressão pelo julgamento antes das eleições desenvolveu-se dentro do Supremo. No Congresso e fora dele, a oposição mal disse uma ou outra palavra.
Primeiro foram referências um tanto insistentes, que não deveriam ser públicas, feitas por ministros à espera do relatório de Joaquim Barbosa, ministro-relator. Não era necessária muito atenção para perceber-se um fio de cobrança mal encapado, naquelas referências.
Depois, e com maior constância, as citações voltaram-se para o ministro Ricardo Lewandowski, incumbido do relatório de revisão. "Marcaremos quando o ministro Lewandowski entregar o seu relatório" -frases assim repetiram-se à vontade, por alguns ministros. A cobrança subjacente estava sempre lá.
Não há razão alguma para supor-se objetivo político, seja por parte dos ministros que falaram publicamente sobre o julgamento e sua ocasião, seja dos que silenciaram.
Influência, a meu ver, para possíveis ansiedades e para marcar o início do julgamento tão perto das eleições teve a chamada "expulsória" de dois ministros.
Um deles, Cezar Peluso, completa em setembro os 70 anos para a aposentadoria obrigatória. Presidia o Supremo até este ano. O seguinte será Ayres Britto, atual presidente.
O desejo de que ambos estejam no julgamento histórico, até como um grande final em homenagem às respectivas carreiras, teve o seu papel nas pressões e na data de início.
E encontrou uma razão técnica para apresentar-se: os dois conhecem o processo. Ao passo que iniciar o julgamento mais tarde seria fazê-lo com dois novatos, provavelmente demandando tempo para estudar o processo de 50 mil páginas.
Mas nenhuma explicação detém a polêmica e as suspeitas. Situação que se reforça com o lamento petista e a euforia oposicionista, por contar com o julgamento em plena campanha eleitoral. E a essas fontes de enfraquecimento do Supremo sobrepôs-se a contribuição do ministro Gilmar Mendes.
Os insultos violentíssimos que Gilmar Mendes tem dirigido aos petistas deveriam, a rigor, afastá-lo do julgamento. Mesmo porque, se os seus votos forem de absolvição dos réus do partido, a hipótese que lhe atribuem apenas terá mudado de sinal: será dito que foram votos para mostrar que não os contaminou com seus conceitos insultuosos.
O mensalão é um julgamento tão extraordinário por seus aspectos judiciais quanto por outros e variados aspectos.
O "Cadinho" da CPI - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 12/06
Os peemedebistas não serão os mais agressivos, nem com Marconi Perillo hoje, nem com Agnelo Queiroz amanhã. Deixarão que PT e PSDB se ataquem, de olho no futuro, seja de potencial aliado dos tucanos ou a manutenção de parceiro preferencial dos petistas
Quem vem acompanhando a CPI do Cachoeira — famosa pelas frases de efeito, brigas internas e poucos resultados efetivos, pelo menos, até o momento — vai perceber hoje e amanhã os campos delimitados de dois partidos que disputam a Presidência da República: PT e PSDB. Os petistas hoje estarão vestidos para a guerra, dispostos a comprovar que a venda da casa do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), é para lá de suspeita. No dia seguinte, será a vez de o PSDB pegar as mesmas tintas e, ao longo do depoimento do governador do DF, Agnelo Queiroz, tentar carimbar o PT como o partido da boquinha envolvido com o contraventor Carlos Cachoeira. Essa é a parte conhecida do enredo da semana. Ninguém sabe, entretanto, como se comportará o PMDB, protagonista ora lá, ora cá.
Para os noveleiros de plantão, o PMDB é quase um Cadinho, o personagem de Alexandre Borges na novela das nove. Dividido entre duas famílias, Cadinho ficou famoso. Com o PMDB de hoje não é diferente. O partido vive entre dois amores — o PSDB, mais antigo, e o PT. E volta e meia transita entre a casa tucana e a petista.
Na CPI, essa percepção está mais visível. Entre alguns integrantes do colegiado há quem veja um acordo velado entre tucanos e peemedebistas para dar uma força hoje a Marconi Perillo. Uma forma de agradecer o fato de o PSDB não ter apoiado o pedido para convocar o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral — que, é bom que se diga, não apareceu em conversas telefônicas do grupo de Carlos Cachoeira. O mesmo PMDB também pretende dar uma força a Agnelo Queiroz, do DF, onde os dois partidos são parceiros.
Os peemedebistas não têm hoje segurança total de que o casamento com o PT resistirá por muito tempo. E, por isso, não dispensam os tucanos. A ideia é deixar que PT e PSDB se ataquem para, no futuro, os peemedebistas serem chamados a ajudar um e outro e possam, com tranquilidade, escolherem o caminho em que se sentirem mais seguros.
Por falar em caminho…
Essa Comissão Parlamentar de Inquérito está a cada dia se distanciando do modelo das demais. Em primeiro lugar, começou com relatórios e inquéritos policiais prontos. Esta semana, as audiências dos governadores marcarão mais uma diferença, em especial, para com a CPI do Orçamento. Lá na década de 1990, a CPI apurou o envolvimento de deputados, senadores e governadores com desvio de dinheiro público, principalmente de emendas parlamentares. Foram mais de 10 congressistas citados como conhecedores do esquema e coube aos integrantes da CPI detectarem quem, de fato, havia desviado recursos das emendas e das chamadas “subvenções sociais” para entidades privadas. Com tanto trabalho para desvendar a atuação dos congressistas, aquela comissão terminou sem concluir grande parte das investigações sobre os governadores.
Agora, os governadores parecem ter assumido o primeiro lugar na fila de investigações, ao lado do senador Demostenes Torres (ex-DEM-GO). Diante desse cenário, a sensação que se tem é de que os deputados ligados ao contraventor Carlos Cachoeira foram esquecidos. E, se continuar assim, vão acabar como os governadores terminaram a CPI do Orçamento. Livres, leves e soltos.
Por falar em leve e solto…É incrível um traficante algemado fugir da Polícia Federal em Brasília sem ser incomodado. É tão inacreditável quanto Cadinho convencer os telespectadores de que ficará quieto numa casa só. Infelizmente, a fuga foi real. Nem um novelista pensaria em algo tão inusitado. O jeito é torcer para que a investigação do caso consiga desvendar o mistério.
Os peemedebistas não serão os mais agressivos, nem com Marconi Perillo hoje, nem com Agnelo Queiroz amanhã. Deixarão que PT e PSDB se ataquem, de olho no futuro, seja de potencial aliado dos tucanos ou a manutenção de parceiro preferencial dos petistas
Quem vem acompanhando a CPI do Cachoeira — famosa pelas frases de efeito, brigas internas e poucos resultados efetivos, pelo menos, até o momento — vai perceber hoje e amanhã os campos delimitados de dois partidos que disputam a Presidência da República: PT e PSDB. Os petistas hoje estarão vestidos para a guerra, dispostos a comprovar que a venda da casa do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), é para lá de suspeita. No dia seguinte, será a vez de o PSDB pegar as mesmas tintas e, ao longo do depoimento do governador do DF, Agnelo Queiroz, tentar carimbar o PT como o partido da boquinha envolvido com o contraventor Carlos Cachoeira. Essa é a parte conhecida do enredo da semana. Ninguém sabe, entretanto, como se comportará o PMDB, protagonista ora lá, ora cá.
Para os noveleiros de plantão, o PMDB é quase um Cadinho, o personagem de Alexandre Borges na novela das nove. Dividido entre duas famílias, Cadinho ficou famoso. Com o PMDB de hoje não é diferente. O partido vive entre dois amores — o PSDB, mais antigo, e o PT. E volta e meia transita entre a casa tucana e a petista.
Na CPI, essa percepção está mais visível. Entre alguns integrantes do colegiado há quem veja um acordo velado entre tucanos e peemedebistas para dar uma força hoje a Marconi Perillo. Uma forma de agradecer o fato de o PSDB não ter apoiado o pedido para convocar o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral — que, é bom que se diga, não apareceu em conversas telefônicas do grupo de Carlos Cachoeira. O mesmo PMDB também pretende dar uma força a Agnelo Queiroz, do DF, onde os dois partidos são parceiros.
Os peemedebistas não têm hoje segurança total de que o casamento com o PT resistirá por muito tempo. E, por isso, não dispensam os tucanos. A ideia é deixar que PT e PSDB se ataquem para, no futuro, os peemedebistas serem chamados a ajudar um e outro e possam, com tranquilidade, escolherem o caminho em que se sentirem mais seguros.
Por falar em caminho…
Essa Comissão Parlamentar de Inquérito está a cada dia se distanciando do modelo das demais. Em primeiro lugar, começou com relatórios e inquéritos policiais prontos. Esta semana, as audiências dos governadores marcarão mais uma diferença, em especial, para com a CPI do Orçamento. Lá na década de 1990, a CPI apurou o envolvimento de deputados, senadores e governadores com desvio de dinheiro público, principalmente de emendas parlamentares. Foram mais de 10 congressistas citados como conhecedores do esquema e coube aos integrantes da CPI detectarem quem, de fato, havia desviado recursos das emendas e das chamadas “subvenções sociais” para entidades privadas. Com tanto trabalho para desvendar a atuação dos congressistas, aquela comissão terminou sem concluir grande parte das investigações sobre os governadores.
Agora, os governadores parecem ter assumido o primeiro lugar na fila de investigações, ao lado do senador Demostenes Torres (ex-DEM-GO). Diante desse cenário, a sensação que se tem é de que os deputados ligados ao contraventor Carlos Cachoeira foram esquecidos. E, se continuar assim, vão acabar como os governadores terminaram a CPI do Orçamento. Livres, leves e soltos.
Por falar em leve e solto…É incrível um traficante algemado fugir da Polícia Federal em Brasília sem ser incomodado. É tão inacreditável quanto Cadinho convencer os telespectadores de que ficará quieto numa casa só. Infelizmente, a fuga foi real. Nem um novelista pensaria em algo tão inusitado. O jeito é torcer para que a investigação do caso consiga desvendar o mistério.
Toque de recolher - DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 12/06
Há convocações e convocações. Na história recente do Brasil a oposição ao regime militar levou às ruas milhares para pedir da "anistia ampla, geral e irrestrita" e reuniu milhões para exigir eleições "Diretas-Já".
Anos depois um presidente acuado por denúncias de corrupção foi à TV conclamar o povo a sair "vestido de verde-amarelo" em sua defesa e o que viu nos dias seguintes foi surgir uma mobilização de gente vestida de preto a pedir a interrupção de seu mandato.
Qual a diferença entre as duas situações? Em essência, a natureza da causa.
Inevitável pensar nesses dois acontecimentos quando se vê o principal réu do processo do mensalão, o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, a conclamar estudantes e movimentos sociais a se mobilizar contra não se sabe exatamente o quê.
Dirceu não é específico. Pelo tom, pretende que as pessoas se mobilizem para pressionar o Supremo Tribunal Federal a inocentá-lo: "Todos sabem que esse julgamento é político, essa é uma batalha a ser travada nas ruas senão a gente vai ouvir uma só voz, pedindo a condenação sem provas. É a voz do monopólio da mídia".
Pelo texto do discurso dirigido à União da Juventude Socialista reunida em seu 16.º congresso, José Dirceu gostaria que seus defensores ficassem "vigilantes" para não permitir "um julgamento fora dos autos". Para garantir que a "Justiça cumpra o seu papel" e impedir que o processo se transforme "no julgamento de nossa geração".
Qual geração? A dele, a dos jovens estudantes ou dos dirigentes dos movimentos sociais? Primeira dúvida.
Segunda: o que significa ficar "vigilante"? Vigiar os juízes, montar vigílias nas praças? Terceira dúvida: de que maneira estudantes e movimentos sociais garantem um "julgamento nos autos", dando lições de direito constitucional e penal aos magistrados?
Quarta e última dúvida: em que momento Dirceu ouviu "a voz do monopólio da mídia" defendendo a condenação?
Como não apontou casos específicos, cabe a pergunta genérica, pois no geral o que se tem visto e ouvido é a defesa do julgamento ao tempo próprio. Seis anos depois de oferecida a denúncia.
José Dirceu pode dizer o que quiser e, dentro das balizas legais, fazer o que bem entender em sua defesa. Só não pode pretender fazê-lo sem contraditório.
Pode até mesmo acreditar que as massas tomem as ruas em prol de sua absolvição, embora pareça inútil, pois as massas andam amorfas.
Tomem-se dois exemplos recentes, ambos estrelados pelo presidente do PT, Rui Falcão. Primeiro ele pediu que apoiadores do partido clamassem pela instalação de uma CPI com vista a "desmascarar os autores da farsa do mensalão". Nada, silêncio sepulcral.
Depois, no episódio do encontro entre Lula e o ministro Gilmar Mendes no escritório do advogado Nelson Jobim, convocou mobilização popular em defesa do ex-presidente. Calados estavam os populares, calados ficaram.
Sem querer jogar água fria no entusiasmo de ninguém, resta uma evidência a ser levada em conta: se já anda difícil reunir as pessoas em prol de boas causas, muito mais difícil é lograr êxito em convocá-las a defender o indefensável.
Em se tratando da estudantada, então, os tempos apresentam-se mais bicudos agora que o Ministério Público investiga a União Nacional dos Estudantes e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas por malfeitos semelhantes aos cometidos pelos tão criticados políticos: uso indevido de verbas públicas.
O jornal O Globo revelou que o procurador Marinus Marsico identificou notas frias nas contas das entidades que receberam dinheiro do governo e com parte dele compraram cerveja, vinho, cachaça, búzios, velas e telefones celulares.
No dia seguinte, o mesmo jornal informou que nem um só tijolo da nova sede pela qual a UNE recebeu R$ 30 milhões (de um total de R$ 44 milhões) há um ano e meio, foi posto em pé.
De onde ficam prejudicadas as cordas vocais da moçada que José Dirceu convoca a dar lições de legalidade aos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal.
A esfinge brasileira - MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE
Valor Econômico - 12/06
Guardado"Decifra-me ou devoro-te". Como impulsionar o consumo? Como destravar o investimento? Eis os grandes enigmas atuais da economia brasileira. Desatar o nó górdio do investimento privado em meio à crise financeira internacional e à imprevisibilidade europeia é um desafio quase insuplantável no momento. Resta, portanto, ele, o consumo. Fonte de acalorados debates, teses incompletas e frases de efeito. "O modelo de consumo se esgotou". Alguém ainda aguenta ouvir isso?
O debate atual em torno desse suposto esgotamento do "modelo de consumo" para o crescimento brasileiro tem misturado alhos com bugalhos no afã de desqualificar a atual estratégia adotada pelo governo para incrementar o ritmo de crescimento econômico. Embaralham os estímulos cíclicos de demanda - o que qualquer governo faz quando vê a atividade ameaçada por choques externos - com políticas de médio prazo de expansão da capacidade produtiva, para chegar à apressada conclusão de que "não há mais espaço" para a expansão do consumo e do endividamento das famílias. É claro que só uma estratégia de crescimento focada nas reformas estruturais e nas condições para o avanço do investimento privado garante a sustentabilidade da expansão da atividade e do desenvolvimento do país. Não há como discordar disso. A recomendação é tão sensata quanto qualquer conselho de avó.
Cerca de 45% da dívida das famílias tem prazo inferior a um ano, sendo que 30% do total é de menos de 6 meses
Mas isso nada tem a ver com a tentativa legítima de incentivar o consumo quando a economia ameaça escorregar por causa da crise internacional. Ou melhor, incentivar o consumo nestas condições é o mesmo que seguir o conselho avoengo de incontestável sensatez, "proteja-se das correntes de ar".
"Decifra-me ou devoro-te". Cadê o esgotamento? Vamos aos fatos. O crescimento brasileiro foi beneficiado, nos últimos anos, tanto pelo consumo, quanto pelo investimento. Basta olhar as Contas Nacionais. Entre 2003 e 2011, a razão investimento/Produto Interno Bruto (PIB) saiu de 15% para 20%, enquanto o consumo perdeu participação no PIB.
A expansão do consumo neste período foi acompanhada de um aumento da alavancagem do consumidor, cujo comprometimento mensal da renda disponível atingiu 22% em março de 2012, após permanecer em torno de 19% entre maio de 2009 e maio de 2011; um avanço de três pontos percentuais que foi acompanhado de muito estardalhaço. Sobretudo quando os próprios bancos costumam trabalhar com um nível máximo de comprometimento de cerca de 30%. Houve, sim, uma alta de inadimplência. Mas os dados coletados pelo Banco Central (BC) e os indicadores do Serasa já apontam uma queda destas taxas à frente.
O prazo médio das dívidas para pessoas físicas é curto. Cerca de 45% do estoque tem prazo inferior a um ano, sendo que 30% do total é de menos de seis meses. Assim, as dívidas "acabam rápido" - e em um ambiente de estímulo ao refinanciamento, isso tende a ser acelerado, como agora. As taxas estão em queda, o que reforça o estímulo ao refinanciamento e abre espaço para maior contratação de dívida e consumo, uma vez que o percentual da renda comprometida com o pagamento de juros diminui proporcionalmente; dados preliminares do BC já apontam queda entre janeiro e maio na taxa média para pessoas físicas.
Os consumidores vêm se desalavancando mais recentemente, e mostram maior conforto com seu nível de endividamento, possivelmente um reflexo da curta duração das dívidas. A Sondagem do Consumidor da FGV mostra que, ao longo de 2011, o percentual de famílias que estava se endividando recuou, e, desde então, subiu apenas ligeiramente, atingindo 17,6% da amostra - abaixo da média histórica da pesquisa, de 20,5%. No mesmo período, o percentual de famílias que estão poupando subiu sistematicamente, e tem mostrado alguma estabilidade em torno do pico da série.
A Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio aponta uma diminuição do percentual de famílias endividadas entre maio de 2011 e maio de 2012. As famílias que se consideram pouco ou não endividadas atingem 64,5% da amostra, um avanço ante o mesmo mês do ano passado. Os próprios consumidores se mostram mais dispostos a aumentar suas compras. Segundo a FGV, cerca de 19% das famílias da amostra pretendem aumentar suas compras de bens duráveis. O percentual de famílias que pretendem diminuir suas compras, por outro lado, segue em patamar historicamente baixo (28%).
O consumidor quer aumentar seus gastos, tem confiança na perspectiva de emprego, passa por um momento em que uma boa parte das dívidas contraídas até o fim de 2011 estão vencendo, e se depara com custos declinantes para a contratação de novas dívidas. O que parece faltar é uma maior oferta de crédito por parte dos bancos, o que é compreensível no momento. Entretanto, espaço para consumir mais e crescer mais há, sim, ainda que não no ritmo observado ao longo de 2010. Desde que haja crédito. A estratégia pode não ser a melhor nem a mais segura, afinal estimula a alavancagem do consumidor. Mas decerto deve ser potente no curto prazo para estimular o crescimento.
Enigma decifrado.
O debate atual em torno desse suposto esgotamento do "modelo de consumo" para o crescimento brasileiro tem misturado alhos com bugalhos no afã de desqualificar a atual estratégia adotada pelo governo para incrementar o ritmo de crescimento econômico. Embaralham os estímulos cíclicos de demanda - o que qualquer governo faz quando vê a atividade ameaçada por choques externos - com políticas de médio prazo de expansão da capacidade produtiva, para chegar à apressada conclusão de que "não há mais espaço" para a expansão do consumo e do endividamento das famílias. É claro que só uma estratégia de crescimento focada nas reformas estruturais e nas condições para o avanço do investimento privado garante a sustentabilidade da expansão da atividade e do desenvolvimento do país. Não há como discordar disso. A recomendação é tão sensata quanto qualquer conselho de avó.
Cerca de 45% da dívida das famílias tem prazo inferior a um ano, sendo que 30% do total é de menos de 6 meses
Mas isso nada tem a ver com a tentativa legítima de incentivar o consumo quando a economia ameaça escorregar por causa da crise internacional. Ou melhor, incentivar o consumo nestas condições é o mesmo que seguir o conselho avoengo de incontestável sensatez, "proteja-se das correntes de ar".
"Decifra-me ou devoro-te". Cadê o esgotamento? Vamos aos fatos. O crescimento brasileiro foi beneficiado, nos últimos anos, tanto pelo consumo, quanto pelo investimento. Basta olhar as Contas Nacionais. Entre 2003 e 2011, a razão investimento/Produto Interno Bruto (PIB) saiu de 15% para 20%, enquanto o consumo perdeu participação no PIB.
A expansão do consumo neste período foi acompanhada de um aumento da alavancagem do consumidor, cujo comprometimento mensal da renda disponível atingiu 22% em março de 2012, após permanecer em torno de 19% entre maio de 2009 e maio de 2011; um avanço de três pontos percentuais que foi acompanhado de muito estardalhaço. Sobretudo quando os próprios bancos costumam trabalhar com um nível máximo de comprometimento de cerca de 30%. Houve, sim, uma alta de inadimplência. Mas os dados coletados pelo Banco Central (BC) e os indicadores do Serasa já apontam uma queda destas taxas à frente.
O prazo médio das dívidas para pessoas físicas é curto. Cerca de 45% do estoque tem prazo inferior a um ano, sendo que 30% do total é de menos de seis meses. Assim, as dívidas "acabam rápido" - e em um ambiente de estímulo ao refinanciamento, isso tende a ser acelerado, como agora. As taxas estão em queda, o que reforça o estímulo ao refinanciamento e abre espaço para maior contratação de dívida e consumo, uma vez que o percentual da renda comprometida com o pagamento de juros diminui proporcionalmente; dados preliminares do BC já apontam queda entre janeiro e maio na taxa média para pessoas físicas.
Os consumidores vêm se desalavancando mais recentemente, e mostram maior conforto com seu nível de endividamento, possivelmente um reflexo da curta duração das dívidas. A Sondagem do Consumidor da FGV mostra que, ao longo de 2011, o percentual de famílias que estava se endividando recuou, e, desde então, subiu apenas ligeiramente, atingindo 17,6% da amostra - abaixo da média histórica da pesquisa, de 20,5%. No mesmo período, o percentual de famílias que estão poupando subiu sistematicamente, e tem mostrado alguma estabilidade em torno do pico da série.
A Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio aponta uma diminuição do percentual de famílias endividadas entre maio de 2011 e maio de 2012. As famílias que se consideram pouco ou não endividadas atingem 64,5% da amostra, um avanço ante o mesmo mês do ano passado. Os próprios consumidores se mostram mais dispostos a aumentar suas compras. Segundo a FGV, cerca de 19% das famílias da amostra pretendem aumentar suas compras de bens duráveis. O percentual de famílias que pretendem diminuir suas compras, por outro lado, segue em patamar historicamente baixo (28%).
O consumidor quer aumentar seus gastos, tem confiança na perspectiva de emprego, passa por um momento em que uma boa parte das dívidas contraídas até o fim de 2011 estão vencendo, e se depara com custos declinantes para a contratação de novas dívidas. O que parece faltar é uma maior oferta de crédito por parte dos bancos, o que é compreensível no momento. Entretanto, espaço para consumir mais e crescer mais há, sim, ainda que não no ritmo observado ao longo de 2010. Desde que haja crédito. A estratégia pode não ser a melhor nem a mais segura, afinal estimula a alavancagem do consumidor. Mas decerto deve ser potente no curto prazo para estimular o crescimento.
Enigma decifrado.
Plano de voo - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 12/06
Retrato ruim da segurança
O alto número de homicídios não resolvidos no país levou Ministério da Justiça, Conselho Nacional de Justiça e Ministério Público Federal a fazer estudo esmiuçando os motivos. Foram traçadas as dificuldades das polícias técnica e científica. Conclusões que serão anunciadas amanhã pelos três órgãos: no Amazonas, há apenas dois computadores para 24 peritos. No Paraná, por exemplo, há só 172 peritos em atividade. No Mato Grosso, o déficit de provimento nos cargos chega a 50%. Os dados estão no relatório "Meta 2: a impunidade como alvo". A partir desse estudo, o governo pretende lançar políticas públicas que amenizem o problema.
"Já fiz o diagnóstico da injustiça e o tratamento é estancar esta sangria” — Eduardo Braga, líder do governo no Senado (PMDB-AM), ao informar em reunião que excluiria tudo o que trata de médicos e veterinários na MP 568
BARBEIRAGEM NO PLANEJAMENTO. A MP-568, que reajusta remunerações de diversas categorias do funcionalismo público federal, mas acaba aumentando em 20 horas a carga de trabalho e reduzindo em até 50% os vencimentos dos médicos, foi enviada ao Senado sem que o Ministério do Planejamento percebesse o problema. Segundo um interlocutor do Planalto, foi "barbeiragem" e "erro de cálculo" que agora terão que ser resolvidos pelos senadores da base.
Força
O Comitê Olímpico Brasileiro está à caça dos nossos mais renomados atletas, muitos deles em treinamento no exterior, para irem ao Planalto sexta-feira receber da presidente Dilma aperto de mão pelo êxito nas Olimpíadas de Londres.
Social
A empresa contratada pelo governo para fazer a montagem da decoração da solenidade de abertura da Conferência Rio+20 empregou com carteira assinada 30 refugiados do Haiti que vieram para o Brasil após terremoto.
Militância do contracheque
Um novo tipo de militante está surgindo no PT. É a "militância do contracheque". Ela apareceu na disputa interna dos petistas de João Pessoa (PB), domingo. Os aliados do candidato do PT à prefeitura, deputado estadual Rodrigo Soares, que foi o escolhido, tratavam assim o grupo do deputado federal Luiz Couto, que defendia a candidata do PSB, Estelizabel Bezerra. Governo e prefeitura são administrados pelos socialistas.
Vetado
O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), derrotou em convenção tentativa do prefeito Luciano Agra de disputar a reeleição. Coutinho agiu porque estava irritado com a "forma individual" de Agra governar.
Sem choro
A presidente Dilma não dará ouvidos ao Senado e trocará o IGP-DI pela Selic como indexador das dívidas dos estados. Vai ceder e alongar de dez para 20 anos o prazo de pagamento. Também não aceita redução do índice.
VOLTA À ATIVA. O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) volta a presidir hoje a CPI. Pesou pedido de colegas para que não deixasse o depoimento do governador Marconi Perillo (PSDB-GO) nas mãos do PT.
ORIGEM. O relator da MP do Código Florestal, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), avalia que, com tantas emendas, a saída será voltar ao texto original.
SEM COMBINAÇÃO. O pito público da presidente Dilma no ministro Mendes Ribeiro (Agricultura), que o desautorizou a negociar o Código Florestal, só ocorreu porque ele não combinou nada de antemão.
Tiro ao alvo - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 12/06
O PT tem uma nova carta na manga para emparedar o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) em seu depoimento hoje na CPI do Cachoeira. Nas conversas interceptadas pela Polícia Federal, em maio de 2011, Cachoeira afirma que Perillo agendou para ele uma reunião com Fernando Leite, ex-presidente da Caesb, empresa de saneamento do Distrito Federal, e pediu que Claudio Abreu, ex-diretor da Delta, o acompanhasse. O tucano tem dito que não tinha relações com o bicheiro.
Outro lado Questionado sobre o diálogo, Perillo diz que jamais marcou qualquer encontro para Cachoeira e que Fernando Leite não era presidente da Caesb em 19 de maio de 2011. Ele deixou o órgão em janeiro daquele ano.
Objetivo O principal intuito de Perillo no depoimento é evitar que a CPI determine a quebra de seus sigilos fiscal e bancário. Para isso, tentará justificar a venda da casa para Cachoeira, sobre a qual há várias versões conflitantes dadas por personagens envolvidos no negócio.
Não sabia Na preparação para o depoimento, Perillo foi aconselhado a citar Ulysses Guimarães para explicar por que não sabia quem assinou os cheques da venda da casa. "Depois que virei presidente da Câmara, nunca mais abri uma porta nem paguei uma conta", dizia o peemedebista.
Tchau Militantes do PPS-DF ameaçam desfiliação em massa caso a direção nacional decida deixar o governo de Agnelo Queiroz (PT), que depõe na quinta à CPI. A cúpula da sigla se reúne hoje em Brasília para avaliar recurso da seção local, que quer manter duas administrações regionais e o Procon.
Fora do jogo 1 A ministra da Secom, Helena Chagas, assinou ato declarando inidônea a Matisse, que já foi uma das três agências de publicidade da milionária conta da Presidência. Com a decisão, a Matisse fica proibida de fechar contratos com a administração direta e indireta.
Fora do jogo 2 A Matisse já tinha perdido a conta da Secom, depois de enfrentar problemas entre os sócios e brigas com o ex-ministro Franklin Martins. A decisão de declará-la inidônea foi pelo atraso no pagamento a veículos de comunicação.
Quem pisca DEM e PR devem realizar suas convenções depois do dia 24, data em que será homologada a candidatura de José Serra. As duas siglas condicionam o apoio ao ex-governador à coligação proporcional, que os tucanos querem barrar.
Truco Caso o PSDB vete a aliança para vereador, também reivindicada por PSD e PP, as duas siglas ameaçam não fechar aliança formal, o que deixaria Serra sem mais de três minutos na TV.
De volta... Vitorioso na escolha do candidato a vice do PT na chapa de Márcio Lacerda (PSB) à Prefeitura de Belo Horizonte, Fernando Pimentel agiu nos bastidores para impedir que o desafeto Patrus Ananias despontasse como nome de consenso entre os petistas nas prévias.
... para o futuro Instalando o aliado Miguel Corrêa na chapa de Lacerda, o ministro do Desenvolvimento pavimenta seu "plano B" para 2014. Caso desista de disputar o governo mineiro, trabalhará pela candidatura de Lacerda e seu grupo herdará o controle da prefeitura, que comandou por sete anos.
Viva o verde Em baixa com ambientalistas, Aldo Rebelo se dedica a uma causa verde. Palmeirense, o ministro recebeu cartolas no feriado e se comprometeu a apoiar a campanha por eleições diretas para presidente do clube. Prometeu colocar na internet uma foto sua com a camiseta das "Diretas Já".
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"Se José Dirceu pediu ajuda aos universitários é porque, como Lula diz, ele está mesmo desesperado com o julgamento do mensalão."
DO DEPUTADO DUARTE NOGUEIRA (PSDB-SP), sobre o ex-ministro convocar a UNE para sair às ruas em sua defesa por um "julgamento nos autos" no STF.
contraponto
Funk do Guardanapo
Distribuindo autógrafos durante a abertura da Parada Gay, anteontem, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) explicava a quem quisesse ouvir que estava com pressa, pois tinha uma viagem programada:
-Vou a Paris, falar sobre a renda básica de cidadania!
Um dos participantes da marcha logo retrucou, brincando com o recente episódio envolvendo o governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e o empresário Fernando Cavendish, dono da Delta, flagrados em vídeos e fotos fazendo a festa na capital francesa:
-Senador, cuidado com quem vai dançar por lá...
Ueba! Alugamos namorados! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 12/06
Uma amiga vai passar o Dia dos Namorados em estado de coma. COMA-ME, pelo amor de Deus! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Atenção! Promoção de motel na via Dutra pro Dia dos Namorados: "Você dá quatro! A quinta é nossa". Ueba! Hoje vai dar overbooking em motel! E tem outro motel em BH que tá aceitando vale-refeição! Comeu a namorada com vale-refeição! E celebridade troca tanto de namorado que nem sabe mais com quem tá namorando. Tem que ligar pra "Caras": "Quem que eu tô namorando mesmo?". Rarará!
E em Salinas, no Pará, tem uma ótima oferta pro Dia dos Namorados: "Vende-se CHIFRI! Varejo e Atacado". Atacado por um chifre! E lembre-se que amor começa em motel e termina em pensão! E você quer que sua namorada continue gritando após a transa? Limpa o pingolim na cortina! Ela vai gritar por três dias! Rarará!
E uma amiga minha não quer namorado porque homem só serve pra três coisas: trocar pneu, abrir tampa de vidro de maionese e assistir ao programa do Milton Neves! E uma outra vai passar o Dia dos Namorados em estado de coma. COMA-ME, pelo amor de Deus! Rarará!
E na noite do Dia dos Namorados é assim: "Meu anjo, bebê, fofita, pudinzinho". E aí acorda no dia seguinte e o pudinzinho vira anta e vaca: "Onde tá o Sonrisal, sua anta?". "Cadê minha cueca, sua vaca?". E corre na internet uma placa em Ceilândia: "Alugo-me para o Dia dos Namorados. Beijo na boca, tiro foto, digo que amo e visito a família". Só isso? Uma amiga minha disse que faz muito mais. E de graça!
E as Lojas Americanas, que estão anunciando máquina de lavar pro Dia dos Namorados? Se for pra namorada, é a coisa mais machista que existe. E, se for pro namorado, é melhor trocar de namorado!
Vai dar overbooking em motel. Por isso que eu recomendo o drive-thru do McDonald's: entra, pede um hambúrguer, dá uma rapidinha e sai! McRapidinha Feliz!
E um leitor mandou a foto da namorada com a legenda: "Tá explicado por que eu bebo?". E as recomendações de todo ano: se o teu namorado te trair, não se atire pela janela. Você tem chifres, não asas. E você sabe quando o namoro tá indo pro brejo quando engole muito sapo e come pouca perereca. E o melhor namorado é o saci: quando te dá um pé na bunda, quem cai é ele.
E sabe o que o saci falou pra sacia? FICA DE TRÊS! Rarará. Dia dos Namorados. Um dia dedicado, como diz uma amiga, a essa doença mental chamada amor. Rarará. Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Uma amiga vai passar o Dia dos Namorados em estado de coma. COMA-ME, pelo amor de Deus! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Atenção! Promoção de motel na via Dutra pro Dia dos Namorados: "Você dá quatro! A quinta é nossa". Ueba! Hoje vai dar overbooking em motel! E tem outro motel em BH que tá aceitando vale-refeição! Comeu a namorada com vale-refeição! E celebridade troca tanto de namorado que nem sabe mais com quem tá namorando. Tem que ligar pra "Caras": "Quem que eu tô namorando mesmo?". Rarará!
E em Salinas, no Pará, tem uma ótima oferta pro Dia dos Namorados: "Vende-se CHIFRI! Varejo e Atacado". Atacado por um chifre! E lembre-se que amor começa em motel e termina em pensão! E você quer que sua namorada continue gritando após a transa? Limpa o pingolim na cortina! Ela vai gritar por três dias! Rarará!
E uma amiga minha não quer namorado porque homem só serve pra três coisas: trocar pneu, abrir tampa de vidro de maionese e assistir ao programa do Milton Neves! E uma outra vai passar o Dia dos Namorados em estado de coma. COMA-ME, pelo amor de Deus! Rarará!
E na noite do Dia dos Namorados é assim: "Meu anjo, bebê, fofita, pudinzinho". E aí acorda no dia seguinte e o pudinzinho vira anta e vaca: "Onde tá o Sonrisal, sua anta?". "Cadê minha cueca, sua vaca?". E corre na internet uma placa em Ceilândia: "Alugo-me para o Dia dos Namorados. Beijo na boca, tiro foto, digo que amo e visito a família". Só isso? Uma amiga minha disse que faz muito mais. E de graça!
E as Lojas Americanas, que estão anunciando máquina de lavar pro Dia dos Namorados? Se for pra namorada, é a coisa mais machista que existe. E, se for pro namorado, é melhor trocar de namorado!
Vai dar overbooking em motel. Por isso que eu recomendo o drive-thru do McDonald's: entra, pede um hambúrguer, dá uma rapidinha e sai! McRapidinha Feliz!
E um leitor mandou a foto da namorada com a legenda: "Tá explicado por que eu bebo?". E as recomendações de todo ano: se o teu namorado te trair, não se atire pela janela. Você tem chifres, não asas. E você sabe quando o namoro tá indo pro brejo quando engole muito sapo e come pouca perereca. E o melhor namorado é o saci: quando te dá um pé na bunda, quem cai é ele.
E sabe o que o saci falou pra sacia? FICA DE TRÊS! Rarará. Dia dos Namorados. Um dia dedicado, como diz uma amiga, a essa doença mental chamada amor. Rarará. Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Uma disputa política - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 12/06
O fato de ser bem coordenada não significa que dê resultados, como está se vendo na CPI do Cachoeira, imaginada por Lula e Dirceu para inviabilizar o julgamento do mensalão, ou na pressão do ex-presidente sobre ministros do STF, que, na prática, acabaram provocando um clima de mal-estar na opinião pública que levou à marcação do julgamento para o dia 1 de agosto. Assim como, por ocasião do mensalão, foi Thomaz Bastos quem criou a tese de que o que acontecera foi o uso do caixa dois nas campanhas eleitorais, um crime eleitoral menor, agora a tese de que a mídia faz "publicidade opressiva" sobre o caso, interferindo na imparcialidade do julgamento, é também de sua autoria, enquanto Dirceu politiza a questão de maneira mais direta, conclamando a UNE e a Juventude Socialista do PCdoB a saírem às ruas para defendê-lo na "batalha final".
Alegando que o "monopólio da mídia" quer condená-lo a qualquer custo, Dirceu exige um "julgamento técnico", mas, no discurso, diz que "este julgamento é uma batalha política" que "deve ser travada nas ruas também", marcando não apenas a contradição entre suas palavras e atos, mas, sobretudo, uma ameaça de pressão ilegítima de forças do aparelho partidário sobre o Supremo Tribunal Federal nunca vista antes.
O ex-ministro Thomaz Bastos diz que acha "fundamental" a vigilância da imprensa, "mas só até certo ponto", pois, quando ela erra, coloca em risco a imparcialidade dos julgamentos: ele se refere com frequência ao "peso que a imprensa tem na opinião pública e do peso que a opinião pública e a imprensa têm nos julgamentos", admitindo que essa influência é maior nas sentenças proferidas pelos tribunais de júri e pelos juízes singulares.
Mas, admite, "os tribunais superiores não estão livres do fenômeno. O juiz lê jornal, assiste à televisão. O juiz não é marciano, mora na Terra, no Brasil.(...) O que ele lê de manhã, o que ele conversa com a mulher, ajuda ele a fazer um juízo."
Márcio Thomaz Bastos diz que, quando a mídia exerce pressão ilegítima, "o julgamento se torna uma farsa". Ele teme que isso ocorra no julgamento do mensalão. Mas, como ministro da Justiça e depois conselheiro do ex-presidente Lula, Thomaz Bastos teve influência direta ou indireta na indicação de pelo menos seis dos atuais 11 ministros do STF, e seus receios e advertências soam como uma tentativa de pressão sobre o colegiado.
O interessante nessa discussão toda, e mais ainda quando se sabe que os petistas estão armados de pareceres jurídicos que falam sobre os efeitos do noticiário nos julgamentos, é discutir o papel da mídia nas modernas democracias.
O ex-presidente Lula montou um esquema midiático oficial, com a TV Brasil, e oficioso, com blogs e revistas chapas-brancas financiados por dinheiro público, para tentar neutralizar a influência da mídia tradicional, considerada "oposicionista" pelo governo.
O próprio Lula, inebriado pelas vitórias eleitorais, chegou a anunciar em um palanque que "nós não precisamos de formadores de opinião. Nós somos a opinião pública". Pois agora toda a defesa dos mensaleiros é baseada na força descomunal da mídia, a influenciar a opinião pública, que por sua vez pressiona o Supremo.
Nas palestras que tenho feito sobre o papel da imprensa, ressalto que a mídia exerce a função socialmente relevante de ser um canal de comunicação que liga Estado e nação, mas também os muitos setores da nação entre si.
É sua atribuição fazer com que o Estado conheça os desejos e intenções da nação, e com que esta saiba os projetos e desígnios do Estado. Ainda, incumbe à imprensa permitir à sociedade acompanhar, com severidade de fiscal, aquilo que os governos fazem em seu nome e, supostamente, em seu benefício.
No sistema democrático, a representação é fundamental, e a legitimidade da representação depende muito da informação, que aproxima representados e representantes.
É uma decisão ética cotidiana e obrigatória do jornalista determinar se o interesse público é servido ou não pela invasão da privacidade de alguém. Decisões irresponsáveis e levianas produzem o sensacionalismo, os escândalos gratuitos e, em pouco tempo, a desmoralização da imprensa.
Decisões tímidas e políticas no pior sentido do termo produzem um jornalismo desligado do interesse público - e, em pouco tempo, também a desmoralização da imprensa.
Uma das primeiras funções da mídia é fornecer informação às pessoas para que essas sejam livres e capazes de se autogovernar. A "opinião pública" surgiu no fim do século XVIII, através principalmente da difusão da imprensa, como maneira de a sociedade civil nascente se contrapor à força do Estado absolutista e legitimar suas reivindicações. Não é à toa, portanto, que o surgimento da "opinião pública" está ligado ao Estado moderno.
Governantes que temem a liberdade de imprensa, numa tentativa de desacreditar os meios de comunicação, disseminam a ideia de que a mídia não representa a "opinião pública", mas apenas a elite da sociedade, não os cidadãos de maneira geral.
O correto conceito de controle social, no entanto, é, na verdade, o das organizações civis da sociedade sobre os governos e as instituições de Estado, e não dos governos e partidos sobre a sociedade.
Cabo das tormentas - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 12/06
A Espanha está tentando contornar o mais doloroso no processo de pedir socorro financeiro aos países do euro: a humilhação de ter as decisões de governo submetidas ao controle externo. Até agora conseguiu, porque os outros países líderes aceitaram construir um caminho alternativo. Os episódios recentes não estimulam o otimismo nesse caso. Um país quando começa a pedir resgate tem um preço a pagar.
O governo espanhol tem 47 bilhões em dívida para rolar ainda este ano e está pagando juros mais caros. Além disso, os bancos espanhóis têm alta exposição à dívida pública do país. São eles que financiam o governo, o que torna a crise uma espiral negativa. O governo vai pegar empréstimos para injetar dinheiro nos bancos, para saneá-los, mas isso vai piorar a qualidade dos títulos públicos porque a dívida aumenta. O endividamento público deve subir de 70% do PIB para 80% por causa desse empréstimo. Mesmo que se consiga uma contabilidade criativa que evite a alta da dívida líquida, no registro da dívida bruta terá que constar esse empréstimo.
Há também um deterioração no sentimento dentro da própria união monetária porque, diante de um mesmo problema, os líderes tomaram decisões diferentes. Grécia, Irlanda e Portugal terão que cumprir metas e submeter suas decisões à troica, que reúne os burocratas do FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia. Mas a Espanha está conseguindo uma nova rota ao dinheiro dos mecanismos de financiamento para a saída da crise. E isso apenas porque é uma economia maior do que as outras.
Esse socorro não resolve os outros problemas do país: o baixo crescimento, o alto desemprego, a queda dos preços dos imóveis, a alta inadimplência.
Na opinião do economista José Márcio Camargo, da PUC-Rio, a Europa está tentando evitar um desastre caso as eleições gregas deem vitória às tendências mais radicais, no próximo domingo. Se quem ganhar a eleição não cumprir o que foi acertado, a União Europeia pode decidir não financiar o país. Esse é um cenário de caos, pensa ele.
Camargo compara com a situação da Argentina, quando as províncias começaram a lançar títulos para pagar as próprias contas por falta absoluta de dinheiro, às vésperas do colapso do país. Na visão dele, o socorro à Espanha não resolve o problema e é só uma ação preventiva a esse cenário de descontrole que pode ocorrer numa saída desordenada da Grécia da união monetária.
Os títulos espanhóis terminaram o dia pagando 6,51% de juros, para vencimento em 10 anos. Uma forte alta frente os 6,22% de sexta-feira. Quanto maior a taxa de juros, maior o custo para o Tesouro espanhol se financiar. E se subiram é porque o anúncio do pacote de medidas não convenceu.
As bolsas europeias tiveram desempenho misto, com pequena alta na Alemanha, pequenas quedas na França e na Espanha. Mas o que chamou atenção foi o tombo de 2,79% na bolsa de Milão. Um prenúncio de que a Itália pode ser a próxima vítima? Os títulos do governo italiano voltaram a ser negociados acima de 6%. No Brasil, o dólar subiu para R$ 2,05, apesar de uma intervenção feita pelo Banco Central, que vendeu US$ 400 milhões em uma operação de swap. O Ibovespa caiu 0,79%. E a balança comercial começou junho no negativo. O temor dos analistas é que piore os termos de troca do Brasil, ou seja, caia de preço o que o Brasil vende, e suba o preço do que o Brasil compra, como resultado da alta do dólar.
É difícil saber o efeito que terá sobre os outros países da Europa o tratamento desigual dado a governos com problemas parecidos. O risco é de aumentar o ressentimento entre gregos, portugueses e irlandeses. Para a Espanha, a arquitetura da ajuda é de uma transferência de recursos do Fundo de Estabilidade Financeira para o fundo espanhol que socorrerá os bancos. Se fosse ajuda direta ao governo seria obrigatório que as autoridades assumissem metas de desempenho fiscal.
O que as autoridades da zona do euro temem é a consequência política de uma intervenção no formato mais tradicional. O governo de Mariano Rajoy tem apenas seis meses e já está com 80% de rejeição. A aceitação de uma supervisão externa sobre as decisões de governo o enfraqueceria ainda mais.
O que ficou claro depois desse fim de semana é que existe de fato duas europas. Uma delas é formada pelos quatro grandes países: Alemanha, França, Itália e Espanha. E outra é formada pelos outros países menores. Portugal, que faz parte do segundo grupo, vem fazendo um espantoso esforço, e até agora com êxito, de redução do déficit em transações correntes e de melhora das contas públicas.
Um caminho que pode sanar essa fratura - que permite que alguns contornem tormentas que outros têm que enfrentar - pode ser o de criar a obrigação de que os maiores bancos de todos os países se submetam à supervisão de uma autoridade bancária supranacional. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, defendeu esse caminho enfaticamente. Ele disse, numa entrevista ontem à noite ao "Financial Times", que diante da crise o único caminho é a união mais profunda da federação monetária. Barroso argumentou que a construção da União Europeia sempre foi "passo a passo", mas que agora é necessário um grande passo.
A Espanha está tentando contornar o mais doloroso no processo de pedir socorro financeiro aos países do euro: a humilhação de ter as decisões de governo submetidas ao controle externo. Até agora conseguiu, porque os outros países líderes aceitaram construir um caminho alternativo. Os episódios recentes não estimulam o otimismo nesse caso. Um país quando começa a pedir resgate tem um preço a pagar.
O governo espanhol tem 47 bilhões em dívida para rolar ainda este ano e está pagando juros mais caros. Além disso, os bancos espanhóis têm alta exposição à dívida pública do país. São eles que financiam o governo, o que torna a crise uma espiral negativa. O governo vai pegar empréstimos para injetar dinheiro nos bancos, para saneá-los, mas isso vai piorar a qualidade dos títulos públicos porque a dívida aumenta. O endividamento público deve subir de 70% do PIB para 80% por causa desse empréstimo. Mesmo que se consiga uma contabilidade criativa que evite a alta da dívida líquida, no registro da dívida bruta terá que constar esse empréstimo.
Há também um deterioração no sentimento dentro da própria união monetária porque, diante de um mesmo problema, os líderes tomaram decisões diferentes. Grécia, Irlanda e Portugal terão que cumprir metas e submeter suas decisões à troica, que reúne os burocratas do FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia. Mas a Espanha está conseguindo uma nova rota ao dinheiro dos mecanismos de financiamento para a saída da crise. E isso apenas porque é uma economia maior do que as outras.
Esse socorro não resolve os outros problemas do país: o baixo crescimento, o alto desemprego, a queda dos preços dos imóveis, a alta inadimplência.
Na opinião do economista José Márcio Camargo, da PUC-Rio, a Europa está tentando evitar um desastre caso as eleições gregas deem vitória às tendências mais radicais, no próximo domingo. Se quem ganhar a eleição não cumprir o que foi acertado, a União Europeia pode decidir não financiar o país. Esse é um cenário de caos, pensa ele.
Camargo compara com a situação da Argentina, quando as províncias começaram a lançar títulos para pagar as próprias contas por falta absoluta de dinheiro, às vésperas do colapso do país. Na visão dele, o socorro à Espanha não resolve o problema e é só uma ação preventiva a esse cenário de descontrole que pode ocorrer numa saída desordenada da Grécia da união monetária.
Os títulos espanhóis terminaram o dia pagando 6,51% de juros, para vencimento em 10 anos. Uma forte alta frente os 6,22% de sexta-feira. Quanto maior a taxa de juros, maior o custo para o Tesouro espanhol se financiar. E se subiram é porque o anúncio do pacote de medidas não convenceu.
As bolsas europeias tiveram desempenho misto, com pequena alta na Alemanha, pequenas quedas na França e na Espanha. Mas o que chamou atenção foi o tombo de 2,79% na bolsa de Milão. Um prenúncio de que a Itália pode ser a próxima vítima? Os títulos do governo italiano voltaram a ser negociados acima de 6%. No Brasil, o dólar subiu para R$ 2,05, apesar de uma intervenção feita pelo Banco Central, que vendeu US$ 400 milhões em uma operação de swap. O Ibovespa caiu 0,79%. E a balança comercial começou junho no negativo. O temor dos analistas é que piore os termos de troca do Brasil, ou seja, caia de preço o que o Brasil vende, e suba o preço do que o Brasil compra, como resultado da alta do dólar.
É difícil saber o efeito que terá sobre os outros países da Europa o tratamento desigual dado a governos com problemas parecidos. O risco é de aumentar o ressentimento entre gregos, portugueses e irlandeses. Para a Espanha, a arquitetura da ajuda é de uma transferência de recursos do Fundo de Estabilidade Financeira para o fundo espanhol que socorrerá os bancos. Se fosse ajuda direta ao governo seria obrigatório que as autoridades assumissem metas de desempenho fiscal.
O que as autoridades da zona do euro temem é a consequência política de uma intervenção no formato mais tradicional. O governo de Mariano Rajoy tem apenas seis meses e já está com 80% de rejeição. A aceitação de uma supervisão externa sobre as decisões de governo o enfraqueceria ainda mais.
O que ficou claro depois desse fim de semana é que existe de fato duas europas. Uma delas é formada pelos quatro grandes países: Alemanha, França, Itália e Espanha. E outra é formada pelos outros países menores. Portugal, que faz parte do segundo grupo, vem fazendo um espantoso esforço, e até agora com êxito, de redução do déficit em transações correntes e de melhora das contas públicas.
Um caminho que pode sanar essa fratura - que permite que alguns contornem tormentas que outros têm que enfrentar - pode ser o de criar a obrigação de que os maiores bancos de todos os países se submetam à supervisão de uma autoridade bancária supranacional. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, defendeu esse caminho enfaticamente. Ele disse, numa entrevista ontem à noite ao "Financial Times", que diante da crise o único caminho é a união mais profunda da federação monetária. Barroso argumentou que a construção da União Europeia sempre foi "passo a passo", mas que agora é necessário um grande passo.
Na memória - LUIZ GARCIA
O GLOBO - 12/06
Hoje em dia, o idoso idioma, um tanto fora de moda, também se presta, e talvez com maior frequência, a esforços de ironia. Foi o caso, outro dia, da reação do ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello a uma alfinetada de um cacique do PT - o secretário nacional de comunicação, André Vargas.
Falando sério, alfinetada é definição modesta: Vargas acusara o STF de ter cedido a pressões não identificadas quando marcara para agosto, em plena campanha eleitoral, o início do julgamento do mensalão (escândalo tão notório que já se transformou em substantivo comum: só falta virar verbete de dicionário).
Marco Aurélio deu o troco afirmando que a denúncia de Vargas não passava de exercício do "jus esperneandi" - uma ironia em latim de araque: esse "direito de espernear" nunca foi exercido ou sequer mencionado na Roma antiga.
Mas ele existe no mundo moderno. Em geral, espernear (no sentido figurado de protestar com mais ênfase do que argumentos) é o recurso de quem carece de munição sólida para se defender de acusações pesadas, com consequências provavelmente dolorosas. O que, a propósito, define com bastante precisão o que pode acontecer com o PT no julgamento do mensalão.
Se há na plateia cidadãos com memória curta, convém lembrar que estamos falando de um dos mais notórios e sérios escândalos políticos da história recente do país. E que deve (ou, sejamos realistas, deveria) ser julgado tão cedo quanto possível.
Se isso coincidir com uma temporada de campanha eleitoral, não deixará de ser um bom momento para refrescar a memória do eleitorado. Inclusive porque é bem possível que uma surra nas urnas venha a ser a única punição que venha a cair sobre as cabeças dos políticos envolvidos no mais sério escândalo da história política recente do país.
Vexame ambiental - XICO GRAZIANO
O ESTADÃO - 12/06
Que Código Florestal, nada. O grande fiasco brasileiro na Rio+20 se esconde no etanol. O país que ensinou ao mundo como trocar a gasolina fóssil pelo álcool renovável engata marcha ré na utilização do combustível limpo. Um vexame ambiental.
Pode-se comprovar facilmente esse retrocesso na bioenergia. Em 2011, o consumo dos combustíveis derivados de petróleo - gasolina principalmente - cresceu 19%, enquanto o uso do etanol nos veículos despencou 29%. Não precisa dizer mais nada. Anda na contramão da história a matriz energética dos transportes no Brasil.
Aconteceu que os consumidores reagiram ao desequilíbrio de preços a favor da gasolina. Duas razões básicas explicam a mudança do mercado. Primeiro, o governo federal tem reduzido o encargo da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, taxa que nos últimos anos recuou de 14% para 2,6%. Em consequência, acabaram praticamente equiparados os custos tributários de ambos os combustíveis. Uma política moderna de sustentabilidade, como buscada em todo o mundo, procederia ao contrário, ou seja, reduziria a carga tributária sobre o biocombustível, não sobre o derivado de petróleo.
Trata-se, obviamente, de uma decisão política, arcada pelo governo federal desde 2002. Com a redução da referida taxa, a Petrobrás, que normalmente deveria ter elevado o preço dos derivados de petróleo para manter sua competitividade global, se compensa pela perda de rentabilidade recolhendo menos imposto ao governo. Tudo dissimulado. Conta paga pela sociedade.
Em segundo lugar, a gasolina barata segura, obviamente, o preço do etanol na bomba, roubando margem dos produtores. Pouco lucrativa, a atividade alcooleira vê sua matéria-prima se direcionar para a fabricação de açúcar, movimento que se observa há tempos nas usinas. Bastante rentável no mercado internacional, o açúcar estimula a pauta das exportações. Resultado: a oferta de etanol se retrai, tendendo a elevar seu preço no posto de combustível, espantando a freguesia. Elementar.
O Brasil produziu cerca de 28 bilhões de litros de etanol nesta última safra (2010/2011). Nos EUA o volume já ultrapassou 50 bilhões de litros. Incrível. O país que inventou o Proálcool, obtido a partir da cana-de-açúcar, está tomando poeira dos gringos, que destinam 40% de sua safra de milho para a fermentação alcoólica. Mais ainda. A necessidade de manutenção de estoques confiáveis começou a exigir volumosas importações de etanol. Sabem de quem? Dos norte-americanos, claro. No ano passado, o Brasil comprou acima de 1,1 bilhão de litros de etanol dos EUA. Acredite se quiser.
Não é à toa que paira desilusão no setor sucroalcooleiro. Estimulados pela agenda da economia verde, nos transportes viabilizada definitivamente com a geração dos motoresflex fuel, inéditos e fortes grupos, nacionais e multinacionais, entraram na atividade. Anunciaram planos formidáveis que, após quatro anos, micaram, roubando o fôlego do parque alcooleiro. Notícia ruim chega dos canaviais. E quem pensa que é chororô de usineiro se engana feio. Corretores garantem que 20% das usinas do Centro-Sul estão à venda. Sem comprador. As chamadas greenfields, novas plantas a serem construídas, em vários Estados, ficaram no papel. O pouco dinamismo existente advém da ampliação e modernização de fábricas já instaladas. Passos de tartaruga no etanol.
Milhares de estudiosos, ambientalistas e jornalistas se encontrarão logo mais na Rio+20. O governo brasileiro fará ginástica para justificar o inexplicável. Enquanto as nações se debruçam para encontrar soluções capazes de esverdear sua (suja) matriz energética, por aqui se desperdiça uma oportunidade de ouro, retrocedendo no uso do combustível renovável.
Os produtores de cana-de-açúcar e os usineiros de etanol, por sua vez, lançaram por aqui o Movimento Mais Etanol, querendo influenciar a mídia e sensibilizar o governo para sua agenda. Eles se propõem a dobrar de tamanho até 2020 - o que, ademais, geraria 350 mil empregos diretos -, mas precisam viabilizar uma estratégia de política pública que devolva ao etanol a competitividade roubada pelo controle dos preços da gasolina. Basta, de cara, reduzir a carga tributária sobre o biocombustível.
Gasolina barata e etanol caro acabam criando um círculo vicioso contra o meio ambiente, prejudicando a saúde pública. Segundo a Agência de Proteção Ambiental norte-americana (EPA, na sigla em inglês), o etanol derivado da cana-de-açúcar pode ajudar a reduzir até 91% o efeito estufa da Terra, quando comparado com as emissões advindas da queima de gasolina. Mas, curiosamente, o ambientalismo pouca bola dá para essa tragédia da poluição urbana. O foco de sua ferrenha atuação, conforme se verificou na questão do novo Código Florestal, mira no assunto da biodiversidade. Contra o desmatamento.
A intolerância dos ambientalistas agride os agricultores, como se do campo partisse todo o mal contra a natureza. Citadinos, eles poupam as desgraças ecológicas provocadas pela urbanização, a começar pelos escapamentos veiculares. Novos estímulos públicos ao setor automobilístico favoreceram agora as montadoras. Nenhum compromisso ambiental se firmou. Pouco importa, tristemente, aos radicais verdes.
Tal miopia do movimento ambiental, infelizmente, ajudará o governo a esconder, na Rio+20, o retrocesso na agenda do etanol. Seria interessante, aliás, como subproduto da reunião, discutir para onde caminha o ambientalismo brasileiro.
A incrível capacidade fotossintética do Brasil garante enorme vantagem na produção de biocombustível, energia renovável misturada com geração de empregos. Desprezá-la significa maltratar o etanol, um filho da Pátria.
Avanços na dívida pública - ANTONIO DELFIM NETTO
Valor Econômico - 12/06
Teve muita razão o experimentado presidente do Banco Santander no Brasil, Marcial Portela, quando afirmou, numa instigante entrevista ("O Estado de S. Paulo", 8/6, página B9), que "a indústria financeira do Brasil vai se transformar nos próximos dois ou três anos", porque "todo o mundo reconhece que o nível de juro real do Brasil no passado era inacreditável". E continuou: "Hoje, está provado que as taxas podem ficar mais próximas das dos países normais".
Não há nada que justifique o fato de o Brasil não ter uma taxa de juros "normal" (sic). A ficha ainda não caiu completamente, mas a disposição do governo de alterar a remuneração da caderneta de poupança, para dar mais energia à política de redução de juros executada pelo Copom, vai, mais cedo ou um pouco mais tarde, modificar a estrutura de todos os portfólios dos agentes financeiros privados.
O governo, por sua vez, continua a fazer a sua parte, como mostra a decisão do Tesouro Nacional, com a aprovação do Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), de trocar R$ 38 bilhões em Letras Financeiras (LFT), remuneradas pela taxa Selic, por papéis com rentabilidade prefixada ou ligada à correção pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA).
Por falar em Tesouro Nacional (uma secretaria do Ministério da Fazenda), é bom lembrar que se trata de um dos poucos órgãos do governo federal que, muito antes da Lei de Transparência, fornece, praticamente "on time", todas as informações sobre a dívida pública federal (DPF) em poder do público. Ela divulgou a 12ª versão do seu Plano Anual de Financiamento (PAF-2012), juntamente com o 9º Relatório Anual da Dívida Pública (DPF-2011). Dois importantes documentos, que atestam o aperfeiçoamento constante da administração da dívida pública (interna e externa) que se realizou desde a sua criação.
Quais os objetivos de longo prazo dessa administração? De acordo com PAF-2012 (página 8), são: 1) substituição gradual dos títulos remunerados por taxas de juros flutuantes, por títulos com rentabilidade prefixada ou vinculada a índice de preços; 2) aumento do prazo médio do seu estoque; 3) suavização da estrutura de vencimentos, com especial atenção para a dívida que vence no curto prazo; 4) desenvolvimento da estrutura a termo de taxas de juros nos campos interno e externo; 5) aumento da liquidez dos títulos públicos federais no mercado secundário; 6) ampliação da base dos investidores; e 7) aperfeiçoamento do perfil da DPF externa, por meio de emissões de títulos com prazos de referência ("benchmark"), programa de resgate antecipado e operações estruturadas.
Com relação ao primeiro objetivo, da maior importância para dar "potência" à política monetária, o avanço tem sido sistemático, mas pequeno (de 34% para 30% entre dezembro de 2008 e dezembro de 2011) sobre a DPF total. O gráfico abaixo dá uma boa ideia do avanço na qualidade do financiamento da DPF.
Administração da DPF está em constante aperfeiçoamento
Como vimos acima, a ação promete ser mais enérgica em 2012. O objetivo é reduzi-la a 22% na melhor hipótese (cenário global da economia positivo, no qual a DPF atingiria R$ 1,95 bilhão) e 26% (no cenário mais pessimista, onde a DPF chegaria a R$ 2,05 bilhões). Como 2/3 da dívida financiada em Selic vencem até 2014, há um bom espaço para que essa porcentagem continue a diminuir. Para o longo prazo, os administradores da DPF sugerem reduzi-la para 10% no cenário positivo e 20% no pessimista.
Com relação ao aumento do prazo médio, o progresso tem sido praticamente nulo (em torno de 3,5 anos). O nível de vencimentos no horizonte de 12 meses tem se reduzido: de 25,4% em 2008, espera-se 22% em 2012.
Um importante avanço na administração da DPF externa em 2011, com consequências sobre a taxa de câmbio, foi a antecipação da compra de dólares correspondente a 83% dos vencimentos de 2012; 58% dos relativos a 2013; 51% dos de 2014 e 46% dos de 2015. A DPF externa em dezembro de 2011 era, medida em reais, menos do que 5% da DPF total.
Um avanço a ser comemorado na administração da DPF é o grande e agressivo esforço para a venda direta dos papéis públicos a pessoas físicas através da internet. Isso não apenas democratiza o uso do investimento, como ajuda a criar um mercado secundário, incentiva a poupança e exerce pressão para a redução das taxas de intermediação dos agentes financeiros. O ano de 2011 terminou com quase 280 mil investidores cadastrados. Nos últimos cinco anos, esse número cresceu à taxa de 30% ao ano, o que é mais do que auspicioso.
Quando se olha os números e o aperfeiçoamento institucional da Secretaria do Tesouro, não é difícil reconhecer por que nossa situação fiscal é relativamente melhor do que a da maioria dos países do mundo e pode dar suporte à política monetária, que está reduzindo a taxa de juros real teratológica, que prejudica nosso desenvolvimento.
Dirceu à espera do armagedon - RAYMUNDO COSTA
Valor Econômico - 12/06
O ex-ministro José Dirceu trocou o hotel onde despachava no Setor Hoteleiro Sul, em Brasília, por uma casa às margens do Lago Paranoá de onde pretende travar a "batalha final do mensalão". Em geral, Dirceu fica de terça-feira a quinta-feira na cidade, organizando as defesas política e jurídica do processo em que é acusado de chefiar um esquema de compra de votos no Congresso, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ícone da geração dos anos 60, Dirceu não se conforma de ter se transformado em bandido "em menos de 48 horas", mais ou menos o tempo decorrido entre a entrevista que o presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), concedeu à jornalista Renata Lo Prete e sua publicação no jornal "Folha de S. Paulo", no dia 6 de junho de 2005, acusando o PT de pagar mensalão a congressistas em troca de votos para aprovar projetos de interesse do governo federal.
Pouco importa dizer se era "mensalão", como batizou Jefferson, "mesada", como se queixavam os deputados que não entraram na folha de pagamentos (mas tinham conhecimento dele) ou caixa dois, nome pelo qual o esquema mais tarde viria a ser oficializado por seus autores. O que importa é que o esquema virou um fato político que por pouco não levou Lula a ter o mesmo destino de seu oponente nas eleições presidenciais de 1989. Talvez o maior escândalo político da história do país (houve outros como o Plano Cohen e a crise que levou Getúlio Vargas ao suicídio).
Convocação de Dirceu é um apelo à anarquia política
A julgar pelo que dizem nove entre dez advogados de Brasília, Dirceu tem boas chances de ser absolvido. Faltariam provas concretas para incriminar o ex-ministro. Jogam contra o ex-líder estudantil preso em Ibiúna (SP) por combater a ditadura militar o comportamento autoritário e os sinais de que não pretende aceitar um julgamento democrático, realizado dentro das normas legais. No sábado, dirigindo-se a uma plateia de jovens socialistas, Dirceu tornou público o que há algum tempo vem dizendo em particular.
"Todos sabem que este julgamento é uma batalha política. E essa batalha deve ser travada nas ruas porque senão a gente só vai ouvir uma voz, a voz pedindo condenação, mesmo sem provas". Dirceu até já condenou por antecipação - como julga terem feito com ele os que o denunciam por ter feito o mensalão: "É a voz do monopólio da mídia", disse, aplaudido por um auditório de 1,1 mil jovens que acorreram à Uerj para participar do 16º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista, patrocinado pelo PCdoB.
Em suas conversas, Dirceu insiste para que seu passado seja considerado, diz que nunca foi um deputado da emendas parlamentares, mas sempre de militância política, e que nos 30 meses que participou do governo Lula nunca recebeu sequer uma repreensão do Tribunal de Contas (TCU). Passou a fazer consultorias para ter uma independência econômica. Na última eleição presidencial, fez 70 viagens aos Estados para defender a candidatura Dilma. Entrou no PT por baixo e saiu como presidente, para ocupar o cargo mais poderoso do governo Lula. Algumas vezes admite voltar a fazer política, em outras, que se voltar terá de deixar as consultorias. Na realidade, ele praticamente não faz outra coisa.
Dirceu convoca os estudantes para a batalha final. Esquece talvez que no último trimestre do ano passado, chegou a florescer um movimento contra a corrupção, essencialmente de classe média, mas que não tinha apenas o PT ou o mensalão como objeto. Era evidente que as sucessivas investidas da presidente Dilma Rousseff contra ministérios contaminados pela roubalheira também serviam de elemento indutor da campanha, que não chegou a ter as proporções esperadas. À época, vivia-se o clima da Praça Tahrir e muitos apostavam no poder de mobilização dos internautas, provavelmente sem levar em conta fatores de ordem social que ocorriam no Egito.
O que o ex-ministro José Dirceu propõe é de risco e talvez leve em consideração apenas uma vaidade icônica dos anos. Não há dúvida de que se levar a juventude para as ruas, Dirceu provocará uma reação em igual medida. Em uma conversa em sua nova moradia de Brasília, recentemente, ele especulou sobre essa possibilidade e não teve pressa nem dúvidas para responder. "Se for para a mobilização, nós mobilizamos 100 vezes mais", disse, com naturalidade. Dirceu diz que quer olhar nos olhos dos que o acusaram: "Eu tenho que provar minha inocência. Eu deveria ter a presunção da inocência".
É evidente que a sociedade não pode negar a José Dirceu um direito que é seu: um julgamento justo, dentro das regras estabelecidas do jogo democrático. "Eu quero ser julgado", costuma dizer aos que o visitam. Mas o que quer dizer José Dirceu quando chama jovens às ruas para disputar um "batalha" e não simplesmente acompanhar - e até apoiá-lo - a vitória da democracia? E se Dirceu for condenado, o erro estará nas bases nas quais se assentam nossa democracia?
O curioso é o argumento de José Dirceu, segundo o qual será "ilegítima" qualquer decisão do Supremo tomada sob a pressão da opinião pública. É uma contradição de quem não deixa as ruas atrás do apoio da militância de esquerda "para a batalha final" de uma guerra política cujo inimigo principal é a mídia, segundo ele mesmo declara.
Quando voltou ao Congresso, depois de deixar a Casa Civil, Dirceu levou consigo uma vigilante tropa de choque, cujo refrão, durante seu discurso, era: "O Zé Dirceu/É meu amigo/Mexeu com ele/Mexeu comigo". A Câmara dos Deputados, ao cassar o mandato de José Dirceu, pelo visto mexeu com um grande número de pessoas. Mas o tempo passou, Lula se reelegeu, Dilma é a presidente da República, José Dirceu ainda é sucesso de público entre correntes do PT, mas o que o partido está preocupado mesmo é com a próxima eleição municipal e com a "marolinha" que vem da Europa. Essa sim, capaz de provocar o armagedon que Dirceu imagina se for condenado.
CLAUDIO HUMBERTO
“Ele usa botox e pinta os cabelos, e Lula é que é deca-dente?”
Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado (PT), sobre o senador tucano Álvaro Dias (PR)
PRESIDENTE AFRICANO CONTRATA “CLAQUE” NA RIO+20
Uma “claque” tem sido recrutada em favelas do Rio de Janeiro para aplaudir “um líder africano” nas ruas e em aparições públicas, durante a Rio+20, que começa nesta quarta (13). A claque receberá diária de até R$ 100 e lanche. O “líder” será revelado na hora, mas os recrutadores dizem em off que seria o presidente do Congo, general Denis Sassou-Nguesso, 68, no poder desde 1979.
PORTA-VOZ
Denis Sassou-Nguesso, que aspira à liderança do continente e até já presidiu a União Africana, diz ser “porta-voz” da Rio+20 na África.
NEGÓCIO PROMISSOR
Em Brasília, há escritórios especializados em recrutar “militantes” para dar corpo a passeatas de protesto, mediante cachê e lanche.
JOGO DO BILHÃO
O único jogo da Copa das Confederações em Brasília, em 2013, já está sendo chamado de “o jogo do bilhão”, alusão ao custo do estádio.
GESTÃO PÚBLICA
A Frente Parlamentar para o Fortalecimento da Gestão Pública será lançada no auditório Petrônio Portela, do Senado, no próximo dia 19.
LULA VETA ACORDO
Por orientação de Lula, o PT refutou eventual tentativa de acordo com o PSDB para “pegar leve” com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), durante seu depoimento desta terça-feira na CPI mista do Cachoeira, em troca de idêntico tratamento ao governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), amanhã. O ex-presidente não perdoa porque Perillo desmentiu sua alegação de que não sabia da existência do mensalão, provocando grave instabilidade política em seu governo.
ESTRATÉGIA UNIFICADA
O PT reuniu integrantes da base aliada, ontem, em jantar na casa do deputado Hugo Leal (PSC-RJ), para definir a estratégia na CPI, hoje.
PRESSÃO TOTAL
O PSDB também tentou, em vão, tirar da CPI a deputada Íris de Araújo (PMDB), adversária ferrenha de Marconi Perillo em Goiás.
APELO TUCANO
O PSDB procurou membros do grupo independente e dos insatisfeitos com o governo para pedir apoio a Marconi Perillo na CPI do Cachoeira.
QUESTÃO DE PRIORIDADE
Como Dilma, Lula também sinaliza aos aliados que não está muito preocupado com o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT). Talvez por confiar em seu desempenho na CPI do Cachoeira, quarta (13). Talvez porque sua preocupação prioritária é outra: arrasar Marconi Perillo.
O ALGOZ
Agnelo Queiroz se submete a treinamento diário para enfrentar a CPI. Assessores só temem o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), que há muito faz denúncias contra o governador do DF.
LIBERTAÇÃO
Está de saída do governo Dilma a secretária-executiva da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Yole Mendonça. Os amigos estão aliviados: ela já não será obrigada a ouvir os esculachos da presidente.
ANAC É UMA DESORDEM
Quem embarca no Rio de Janeiro para Ilhéus (BA), no voo 6200 da Avianca, é levado a Salvador, depois para Brasília e só chega ao destino oito horas depois. É a desordem da Agência Nacional de Aviação Civil.
PUXANDO O TAPETE
O Sinditamaraty, que representa servidores do Ministério das Relações Exteriores, inclusive diplomatas, convocou assembleia para discutir greve por tempo indeterminado. Exatamente no dia 18, em plena Rio+20.
PROTEÇÃO REFORÇADA
A Polícia Federal distribui 11 mil coletes à prova de balas, todos masculinos, apesar das centenas de mulheres na luta contra o crime. E com nível de proteção 2, que não resistem a tiro de grosso calibre. Mas foram comprados 3.527 conjuntos de placas para elevá-los ao nível 3.
EXPERIÊNCIA DE COMBATE
O procurador da Fazenda Aldemário Castro tem liderado os colegas da advocacia pública na luta pela valorização da carreira e pela autonomia da instituição, atraindo a admiração de muitos colegas mais jovens.
NO LIMBO
O vice-chanceler da Bolívia, Juan Carlos Alurralde, garantiu a uma TV local que o Brasil ainda não deu asilo oficial ao senador de oposição Roger Pinto: “Soube pelos jornais”. Pinto precisa de salvo-conduto.
PATADA
De um bem-humorado coronel da reserva, ex-diretor da Abin: “Calígula fez de seu cavalo um senador. Lula quer fazer de um burro o prefeito?”.
PODER SEM PUDOR
NO LUGAR ERRADO
Senador do MDB catarinense, Evilásio Vieira resolveu fazer solitário comício numa pequena cidade de colonização alemã, onde não conhecia ninguém. Após seu discurso, de crítica à ditadura, um velhinho, o padre local, pediu a palavra. Ele adorou. Mas o padre não estava ali para apoiar sua ladainha:
– Tudo isso serr mentirra. Goverrno fazerrr Mobrral, Trransamazónico, oposiçon non fazerr nada. Só falarr. Todos deverr irr dorrmirr.
A pequena multidão, obediente, foi embora. Evilásio também.
Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado (PT), sobre o senador tucano Álvaro Dias (PR)
PRESIDENTE AFRICANO CONTRATA “CLAQUE” NA RIO+20
Uma “claque” tem sido recrutada em favelas do Rio de Janeiro para aplaudir “um líder africano” nas ruas e em aparições públicas, durante a Rio+20, que começa nesta quarta (13). A claque receberá diária de até R$ 100 e lanche. O “líder” será revelado na hora, mas os recrutadores dizem em off que seria o presidente do Congo, general Denis Sassou-Nguesso, 68, no poder desde 1979.
PORTA-VOZ
Denis Sassou-Nguesso, que aspira à liderança do continente e até já presidiu a União Africana, diz ser “porta-voz” da Rio+20 na África.
NEGÓCIO PROMISSOR
Em Brasília, há escritórios especializados em recrutar “militantes” para dar corpo a passeatas de protesto, mediante cachê e lanche.
JOGO DO BILHÃO
O único jogo da Copa das Confederações em Brasília, em 2013, já está sendo chamado de “o jogo do bilhão”, alusão ao custo do estádio.
GESTÃO PÚBLICA
A Frente Parlamentar para o Fortalecimento da Gestão Pública será lançada no auditório Petrônio Portela, do Senado, no próximo dia 19.
LULA VETA ACORDO
Por orientação de Lula, o PT refutou eventual tentativa de acordo com o PSDB para “pegar leve” com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), durante seu depoimento desta terça-feira na CPI mista do Cachoeira, em troca de idêntico tratamento ao governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), amanhã. O ex-presidente não perdoa porque Perillo desmentiu sua alegação de que não sabia da existência do mensalão, provocando grave instabilidade política em seu governo.
ESTRATÉGIA UNIFICADA
O PT reuniu integrantes da base aliada, ontem, em jantar na casa do deputado Hugo Leal (PSC-RJ), para definir a estratégia na CPI, hoje.
PRESSÃO TOTAL
O PSDB também tentou, em vão, tirar da CPI a deputada Íris de Araújo (PMDB), adversária ferrenha de Marconi Perillo em Goiás.
APELO TUCANO
O PSDB procurou membros do grupo independente e dos insatisfeitos com o governo para pedir apoio a Marconi Perillo na CPI do Cachoeira.
QUESTÃO DE PRIORIDADE
Como Dilma, Lula também sinaliza aos aliados que não está muito preocupado com o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT). Talvez por confiar em seu desempenho na CPI do Cachoeira, quarta (13). Talvez porque sua preocupação prioritária é outra: arrasar Marconi Perillo.
O ALGOZ
Agnelo Queiroz se submete a treinamento diário para enfrentar a CPI. Assessores só temem o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), que há muito faz denúncias contra o governador do DF.
LIBERTAÇÃO
Está de saída do governo Dilma a secretária-executiva da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Yole Mendonça. Os amigos estão aliviados: ela já não será obrigada a ouvir os esculachos da presidente.
ANAC É UMA DESORDEM
Quem embarca no Rio de Janeiro para Ilhéus (BA), no voo 6200 da Avianca, é levado a Salvador, depois para Brasília e só chega ao destino oito horas depois. É a desordem da Agência Nacional de Aviação Civil.
PUXANDO O TAPETE
O Sinditamaraty, que representa servidores do Ministério das Relações Exteriores, inclusive diplomatas, convocou assembleia para discutir greve por tempo indeterminado. Exatamente no dia 18, em plena Rio+20.
PROTEÇÃO REFORÇADA
A Polícia Federal distribui 11 mil coletes à prova de balas, todos masculinos, apesar das centenas de mulheres na luta contra o crime. E com nível de proteção 2, que não resistem a tiro de grosso calibre. Mas foram comprados 3.527 conjuntos de placas para elevá-los ao nível 3.
EXPERIÊNCIA DE COMBATE
O procurador da Fazenda Aldemário Castro tem liderado os colegas da advocacia pública na luta pela valorização da carreira e pela autonomia da instituição, atraindo a admiração de muitos colegas mais jovens.
NO LIMBO
O vice-chanceler da Bolívia, Juan Carlos Alurralde, garantiu a uma TV local que o Brasil ainda não deu asilo oficial ao senador de oposição Roger Pinto: “Soube pelos jornais”. Pinto precisa de salvo-conduto.
PATADA
De um bem-humorado coronel da reserva, ex-diretor da Abin: “Calígula fez de seu cavalo um senador. Lula quer fazer de um burro o prefeito?”.
PODER SEM PUDOR
NO LUGAR ERRADO
Senador do MDB catarinense, Evilásio Vieira resolveu fazer solitário comício numa pequena cidade de colonização alemã, onde não conhecia ninguém. Após seu discurso, de crítica à ditadura, um velhinho, o padre local, pediu a palavra. Ele adorou. Mas o padre não estava ali para apoiar sua ladainha:
– Tudo isso serr mentirra. Goverrno fazerrr Mobrral, Trransamazónico, oposiçon non fazerr nada. Só falarr. Todos deverr irr dorrmirr.
A pequena multidão, obediente, foi embora. Evilásio também.
TERÇA NOS JORNAIS
- Globo: BB faz empréstimo inédito para obras no Estado do Rio
- Folha: Governo prorrogou sigilo de documentos militares
- Estadão: Ministra defende consumo e critica ‘miopia ambiental’
- Correio: Perillo no olho do furacão
- Valor: Seca prossegue e previsão de perdas passa de R$ 26 bi
- Estado de Minas: Táxi na capital nem por telefone
- Zero Hora: Leilão abre caminho para a internet até 10 vezes mais rápida
Assinar:
Postagens (Atom)