O GLOBO - 09/08
Dilma está resistente aos palanques, por enquanto.
Sexta agora, vai a Minas, mas preferiu evitar Belo Horizonte, onde o petista Patrus Ananias disputa a prefeitura. A presidente optou por lançar em Rio Pardo uma ampliação do programa Brasil Sorridente, de próteses dentárias pelo SUS.
E mais...
Dia 28, Dilma vem ao Rio, mas... deve passar longe da campanha do aliado Eduardo Paes.
Vai apenas à premiação da 7? Olimpíada Nacional de Matemática.
Dilma na quadra
Ontem, numa solenidade, Dilma elogiou a vitória da seleção feminina de vôlei sobre a Rússia e revelou seu passado nas quadras: "Fui uma boa levantadora!"
No que o gaiato Cabral emendou: "E agora só corta, né, presidente?"
Abandono afetivo
A 12? Câmara Cível do Rio confirmou sentença que obriga um pai a indenizar o filho em R$ 100 mil por abandono afetivo.
O jovem foi criado numa instituição judaica, cuja direção procurou o pai ao saber de sua existência. O homem, apesar da boa condição financeira, ignorou o menino. Cabe recurso.
CD do mensalão
Do deputado Chico Alencar sobre as repetidas citações a seu xará Chico Buarque no julgamento do mensalão:
— Nosso Buarque pode cogitar um CD de regravações com "Vai passar" e “Apesar de você’,’ entre outras.
No mais
Há 15 anos, em 9 de agosto de 1997, morreu Herbert de Souza, o Betinho.
Certa vez, ele disse: "O Brasil tem fome de ética e passa fome por causa da falta de ética na política." Saudade.
LONDRES E RIO, TÃO LONGE, TÃO PERTO
Esta imagem, que foi ao ar segunda-feira, no programa “Conexão SporTV”, parece reunir no estúdio do canal de esportes, em Londres, o narrador Galvão Bueno e, à sua direita (à esquerda de quem olha a foto, portanto), os comentaristas Arnaldo Cesar Coelho e Paulo César Vasconcelos - além, como se vê, dos nossos ex-campeões de vôlei Nalbert e Carlão. Só que Arnaldo e Paulo César, acredite, estavam a quase 10 mil km de distância da capital inglesa, num estúdio... no Rio. Este efeito foi possível graças ao uso de uma tecnologia chamada “ponte holográfica”, na qual pessoas em diferentes locais conversam ao vivo como se estivessem no mesmo ambiente. O efeito ganhou força com a iluminação e os mesmos ângulos das câmeras, somados às interpretações de Galvão e dos medalhistas, que se dirigiam às imagens dos comentaristas, no Rio, como se, realmente, estivessem ali do lado. Em tempo: a emissora preveniu os telespectadores de que iria usar a engenhoca •
Carminha do bemSe as paredes do STF falassem, contariam que, nos últimos cinco anos, a ministra Cármen Lúcia só faltou, acredite, a duas sessões plenárias.
Uma na véspera da morte de Itamar Franco, quando foi a São Paulo ver seu ex-chefe da época de governador de Minas (Cármen chefiava o Ministério Público mineiro), e outra no dia de sua posse no TSE. Esteve presente em todas as demais. Até mesmo agora, quando acumula a presidência do TSE.
O julgamento do STF
A aposta é de um ex-ministro do STF:
— Para a frustração ser menor, é preciso avisar à população que os réus do mensalão serão condenados, mas ninguém vai ser preso.
A conferir.
Vida desregrada
Vai sair pela José Olympio o clássico "Marafa’,’ de Marques Rebelo (1907-1973).
O romance se passa no Rio. Marafa é como se chamava antigamente alguém de vida desregrada, licenciosa, libertina.
Contadora de mentiras
Angela Bosco, mulher do nosso cantor e compositor João Bosco, finaliza o livro "Contadora de mentiras’,’ com 50 contos.
O hotel e o bispo
A reclamação de dom Orani Tempesta, aqui ontem, sobre os altos preços cobrados pelos hotéis para a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, ressoou na Embratur.
Flávio Dino, presidente da empresa, vai procurar os organizadores do evento para negociar soluções, como fez na Rio+20. Algumas tarifas foram reduzidas em até 60%.
Tropeços
A prefeitura do Rio embargou o espaço da Construtora Sá Cavalcanti no Shopping da Gávea. Alegou irregularidades.
A Sá Cavalcanti também enfrentou problemas com a fiscalização municipal quando operava o Shopping Tijuca.
Homenagem
O grupo MPB 4 confirmou sua apresentação, sábado agora, no Espaço Furnas, apesar da morte de Magro.
Os integrantes vão aproveitar para homenagear o amigo.
Caso médico
Antropólogos cariocas estão consternados com o drama de Elizabeth Travassos Lins, pesquisadora de MPB.
A professora está em coma desde dezembro, quando se internou para uma cirurgia simples no Hospital Pan Americano. Há um inquérito em curso na 19? DP, na Tijuca.
Calma, gente
A guerra das operadoras de celular chegou ontem às vias de fato, acredite.
Por volta de 11h, na Central do Brasil, dois vendedores de chip de telefone — um da TIM e outro da Claro —, na disputa por clientes, saíram no tapa e precisaram ser separados pela turma do deixa-disso.
Aliás...
É impressão minha ou nesta confusão toda a TIM está mais perdida do que cego em tiroteio?
quinta-feira, agosto 09, 2012
Epidemia de amor pelas crianças - CONTARDO CALLIGARIS
FOLHA DE SP - 09/08
Os elogios incondicionais dos adultos aos filhos não produzem "autoconfiança", mas uma dependência
1) É habitual que, na infância e na adolescência, um jovem sonhe com vitórias e aplausos, sem pensar nos esforços necessários para merecê-los.
Nestes dias, deparo-me com crianças ninadas por devaneios de glória olímpica. Sem querer, corto seu barato, explicando o que é indispensável fazer para que esses sonhos se transformem numa chance real de chegar lá.
As crianças respondem que elas não têm a intenção de realizar o tal sonho: apenas querem o prazer de devanear em paz. Até aqui, tudo bem, mas os pais me acusam de estragar, além dos sonhos, o futuro dos filhos, os quais, segundo eles, para triunfar na vida, precisariam confiar cegamente em seus dotes.
O problema é que os elogios incondicionais dos pais e dos adultos não produzem "autoconfiança", mas dependência: os filhos se tornam cronicamente dependentes da aprovação dos pais e, mais tarde, dos outros. "Treinados" dessa forma, eles passam a vida se esforçando, não para alcançar o que desejam, mas para ganhar um aplauso.
Claro, muitos pais gostam que assim seja, pois adoram se sentir indispensáveis (no cinema, uma mãe enfia a cara embaixo de seu próprio assento para atender o telefone que vibrou no meio do filme e sussurrar um importantíssimo: sim, pode tomar refrigerante).
2) Meu irmão, aos dez anos, quis que todos escutássemos uma música que ele acabava de "compor". Movimentando ao acaso os dedos sobre o teclado (não tínhamos a menor educação musical), ele cantou uma letra que começava assim: sou bonito e eu o sei. Minha mãe escutou, constrangida, e, no fim, declarou que a letra era uma besteira, e a música, inexistente. Mas, se meu irmão quisesse, ele poderia estudar piano -à condição que se engajasse a se exercitar uma hora por dia. Meu irmão (desafinado como eu) desistiu disso e se tornou um médico excelente.
3) Os pais dos meus pais davam, no máximo, um beijo na testa de seus filhos. Já meus pais nos beijavam e abraçavam. Mesmo assim, não éramos o centro da vida deles, enquanto nossos filhos são facilmente o centro da nossa.
Para a geração de meus avós e de meus pais, a vida dos adultos não devia ser decidida em função do interesse das crianças, até porque o principal interesse das crianças era sua transformação em adulto (criança tem um defeito, foi-me dito uma vez por um tio: o de ser ainda só uma criança).
Lá pelos meus oito anos, eu tinha passado o domingo com meus pais, visitando parentes. A noite chegou, e eu não tinha nem começado meu dever de casa. Pedi uma nota assinada que me desculpasse. Meu pai disse: esta criança está com sono e deve trabalhar, façam um café para ele. Detestei, mas também gostei de aprender que, mesmo na infância, há coisas mais importantes do que sono e bem-estar.
4) Na pré-estreia do último "Batman", em Aurora, Colorado, um atirador feriu 58 pessoas e matou 12. Um comentador da TV norte-americana (não sei mais qual canal) disse, de uma menina assassinada, que ela era "uma vítima inocente".
Se só a menina era inocente, quer dizer que os outros 11, por serem adultos, eram culpados e mereciam os tiros?
Tudo bem, estou sendo de má-fé: o comentador queria nos enternecer e supunha, com razão, que, para a gente, perder um adulto fosse menos grave do que perder uma criança, que tem sua vida pela frente e, como se diz, ainda é "um anjo". No entanto, eu não acredito em anjos e ainda menos acredito que crianças sejam anjos. Também não sei o que é mais grave perder: a esperança de um futuro ou o patrimônio das experiências acumuladas de uma vida? Você trocaria seus bens atuais por um bilhete da Mega-Sena de sábado que vem?
5) Cuidado, não sonho com uma impossível volta ao passado. Essas notas servem para propor uma mudança preliminar na maneira de contabilizar as falhas que podem atrapalhar a vida de nossos rebentos. Explico.
A partir do fim do século 18, no Ocidente, as crianças adquiriram um valor novo e especial. Únicas continuadoras de nossas vidas, elas foram encarregadas de compensar nossos fracassos por seu sucesso e sua felicidade.
Desde essa época, em que as crianças começaram a ser amadas e cuidadas extraordinariamente, nós nos preocupamos com os efeitos nelas de uma eventual falta de amor. Agora, começo a pensar que nossa preocupação com os estragos produzidos pela falta de amor sirva, sobretudo, para evitar de encarar os estragos produzidos pelos excessos de nosso amor pelas crianças.
Desserviços públicos - JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SP - 09/08
As greves de serviço público que se voltam contra a população voltam-se também contra a democracia
AS GREVES da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, com os danos da primeira à prestação de serviços ao público e, a segunda, com a interrupção de vias como a ponte Rio-Niterói, fazem aquilo mesmo que as duas polícias invocam para reprimir com a força de cassetetes e armas qualquer grupo, de grevistas ou de manifestantes, que perturbe a normalidade de um serviço, um prédio ou uma estrada do sistema federal.
As greves de serviço público que se voltam contra a população voltam-se também contra a democracia. Na euforia do momento tão esperado, a Constituinte estendeu o direito de greve ao serviço público como uma conquista democrática sem precedente no Brasil.
A precaução de preservar o direito da população, porém, ficou longe do equilíbrio necessário entre a nova concessão a uns e as velhas e permanentes necessidades de todos os outros.
A permanência dos serviços, por plantões de servidores nos seus locais de trabalho, é uma farsa dos respectivos sindicatos.
Os plantões fazem figuração, sempre com número exíguo de funcionários para que os serviços não sejam mesmo prestados.
Atestam-no as filas imensas, o atendimento com os modos da tal operação tartaruga, as falsas informações que iludem os necessitados de documentos ou de providências pendentes da Polícia Federal, e por aí vai. Ou melhor, não vai.
Não deixar ir se torna mesmo o propósito exibido ao vivo pela Polícia Rodoviária Federal, que saiu de sua mínima valia para solucionar o que não resolve de outro modo: parou milhares e milhares de carros, caminhões, ônibus, gente com compromissos, gente a caminho do trabalho, gente cansada do trabalho, cargas perecíveis, cargas para embarque aéreo -serviço completo, enfim.
Se as polícias que reprimem anormalidades passam a fazer anormalidades, não haverá quem recomponha a normalidade. Mais: estará assegurado, por antecipação, que todos ficarão impunes.
E, pronto, estão estabelecidas as diferenças antidemocráticas: há os que se estrepam com a polícia se perturbarem área federal e, de outra parte, os que tanto reprimem aqueles como fazem livremente as mesmas perturbações.
Não, não as mesmas: as dos policiais são remuneradas e os seus dias de perturbadores contam para promoções por tempo de serviço e para a aposentadoria.
Funcionário da Polícia Federal ganha mais do que professor nas universidades federais e do que médicos do serviço público federal. E nem se destaque a faixa dos delegados, para não humilhar professores e médicos.
As greves de serviço público que se voltam contra a população voltam-se também contra a democracia
AS GREVES da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, com os danos da primeira à prestação de serviços ao público e, a segunda, com a interrupção de vias como a ponte Rio-Niterói, fazem aquilo mesmo que as duas polícias invocam para reprimir com a força de cassetetes e armas qualquer grupo, de grevistas ou de manifestantes, que perturbe a normalidade de um serviço, um prédio ou uma estrada do sistema federal.
As greves de serviço público que se voltam contra a população voltam-se também contra a democracia. Na euforia do momento tão esperado, a Constituinte estendeu o direito de greve ao serviço público como uma conquista democrática sem precedente no Brasil.
A precaução de preservar o direito da população, porém, ficou longe do equilíbrio necessário entre a nova concessão a uns e as velhas e permanentes necessidades de todos os outros.
A permanência dos serviços, por plantões de servidores nos seus locais de trabalho, é uma farsa dos respectivos sindicatos.
Os plantões fazem figuração, sempre com número exíguo de funcionários para que os serviços não sejam mesmo prestados.
Atestam-no as filas imensas, o atendimento com os modos da tal operação tartaruga, as falsas informações que iludem os necessitados de documentos ou de providências pendentes da Polícia Federal, e por aí vai. Ou melhor, não vai.
Não deixar ir se torna mesmo o propósito exibido ao vivo pela Polícia Rodoviária Federal, que saiu de sua mínima valia para solucionar o que não resolve de outro modo: parou milhares e milhares de carros, caminhões, ônibus, gente com compromissos, gente a caminho do trabalho, gente cansada do trabalho, cargas perecíveis, cargas para embarque aéreo -serviço completo, enfim.
Se as polícias que reprimem anormalidades passam a fazer anormalidades, não haverá quem recomponha a normalidade. Mais: estará assegurado, por antecipação, que todos ficarão impunes.
E, pronto, estão estabelecidas as diferenças antidemocráticas: há os que se estrepam com a polícia se perturbarem área federal e, de outra parte, os que tanto reprimem aqueles como fazem livremente as mesmas perturbações.
Não, não as mesmas: as dos policiais são remuneradas e os seus dias de perturbadores contam para promoções por tempo de serviço e para a aposentadoria.
Funcionário da Polícia Federal ganha mais do que professor nas universidades federais e do que médicos do serviço público federal. E nem se destaque a faixa dos delegados, para não humilhar professores e médicos.
MEIO DESLIGADA - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 09/08
O Ministério da Justiça notificou a TIM para explicar a "possível derrubada intencional de chamadas" apontada pela Anatel. Em alguns planos, a cobrança é por ligação e não por tempo. Se culpada, a tele pode ser multada em até R$ 6 milhões.
TUDO ERRADO
A TIM nega a irregularidade e diz que a Anatel comete "falhas grosseiras" em seu relatório. E afirma que a agência faz afirmações baseada em "dados viciados".
MÃOS AO ALTO
O vereador Eliseu Gabriel, presidente do PSB paulistano, foi assaltado em frente à Câmara na sexta. Ele saía de carro da garagem, por volta das 20h40, quando um jovem armado veio em sua direção. "O garoto tirou o revólver da barriga e ficou dizendo 'passa tudo logo, logo, ou vou matar'." Perdeu um celular e cerca de R$ 400.
QUEDA LIVRE
Pesquisa do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar) mostra que, pela primeira vez desde 2003, o número de crianças e jovens de até 18 anos beneficiários de planos de saúde diminuiu. A queda foi de 2% em relação a 2011.
QUEDA LIVRE 2
A explicação, de acordo com o IESS, é a transição demográfica -a taxa de fertilidade diminui a cada nova pesquisa do IBGE. Na outra ponta, a faixa etária que mais cresce entre os beneficiários dos planos é a de 19 a 59 anos, com alta de 3,7% (30,5 milhões de pessoas).
PARA SEMPRE
Marcelo Frisoni, marido de Ana Maria Braga, chegou a ter a prisão decretada por algumas horas nesta semana. A pedido da ex-mulher, Patrícia Palma, que cobra pensões atrasadas.
TUDO RESOLVIDO
Frisoni diz que paga a pensão religiosamente, sem atraso. E que apenas descontou 20% do valor quando o filho morou com ele, entre outubro e maio. Patrícia questionou a iniciativa e fez o pedido de prisão. O juiz deu razão a ela. Assim que soube da decisão, diz Frisoni, ele determinou a liberação da diferença, que estava sendo depositada em juízo. Gladys Maluf Chamma, advogada de Patrícia, não quis comentar.
MEU JURO, MINHA VIDA
A Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) entrou com ação coletiva na 22ª Vara de Brasília contra a Caixa Econômica Federal. Pede que o banco conceda a redução de juros a todos os clientes que tenham assinado contratos de longo prazo antes das taxas terem sido reduzidas, em maio. Afirma que pede a proteção dos interesses individuais de todos os que estão sendo excluídos dessa política.
BATEU
Dilma Rousseff falou mal das centrais sindicais ao ex-presidente Lula na segunda, em SP. Reclamou da "irresponsabilidade" e afirmou que, com as ameaças generalizadas de greve, estava sendo obrigada a "endurecer".
LEVOU
Já dirigentes de centrais falaram mal de Dilma para Lula. E até integrantes do governo procuraram recentemente o ex-presidente pedindo que ele amoleça o coração da sucessora. Argumentam que o movimento sindical é uma das bases do governo.
SEGUNDA ETAPA
A eleição também foi tema da conversa entre Dilma e Lula. A decisão de que ela participe da campanha de Fernando Haddad em SP apenas no segundo turno -antecipada pela coluna em junho- foi consensual. Será assim em outras cidades. Só Belo Horizonte (MG) é exceção, já que lá o provável é que a parada se resolva no primeiro turno.
TROPA DE ELITE
A ideia é não desgastar Dilma na primeira rodada. Em SP, ela entraria no segundo turno com a missão de atrair votos da classe média que rejeita Lula.
TODO OUVIDOS
E Lula, que virou uma espécie de "ouvidor-geral" da República, centraliza reclamações de todos os lados. Boa parte dos empresários que o procuram, por exemplo, se queixa de dirigentes de estatais ou de empresas nas quais o governo tem participação -como a Vale.
TURMA DO LIXÃO
Dois "catadores" do PT passarão a recolher santinhos que candidatos deixam para trás.
VER O VERÃO
A Daslu apresentou sua nova coleção na loja do shopping Cidade Jardim, anteontem. As modelos Renata Kuerten e Larissa Andrade, a compradora Ucha Meirelles e a joalheira Ana Apolinário foram ao desfile de verão.
CURTO-CIRCUITO
O fotógrafo Willy Rizzo inaugura exposição no MuBE, hoje, às 19h.
Adriana Barra apresenta hoje sua coleção de verão, na loja dos Jardins, às 18h.
A grife Rose & Bleu promove hoje palestra sobre educação nutricional na infância, às 15h, no shopping Iguatemi.
com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, CHICO FELITTI, LÍGIA MESQUITA e OLÍVIA FLORÊNCIA
O Ministério da Justiça notificou a TIM para explicar a "possível derrubada intencional de chamadas" apontada pela Anatel. Em alguns planos, a cobrança é por ligação e não por tempo. Se culpada, a tele pode ser multada em até R$ 6 milhões.
TUDO ERRADO
A TIM nega a irregularidade e diz que a Anatel comete "falhas grosseiras" em seu relatório. E afirma que a agência faz afirmações baseada em "dados viciados".
MÃOS AO ALTO
O vereador Eliseu Gabriel, presidente do PSB paulistano, foi assaltado em frente à Câmara na sexta. Ele saía de carro da garagem, por volta das 20h40, quando um jovem armado veio em sua direção. "O garoto tirou o revólver da barriga e ficou dizendo 'passa tudo logo, logo, ou vou matar'." Perdeu um celular e cerca de R$ 400.
QUEDA LIVRE
Pesquisa do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar) mostra que, pela primeira vez desde 2003, o número de crianças e jovens de até 18 anos beneficiários de planos de saúde diminuiu. A queda foi de 2% em relação a 2011.
QUEDA LIVRE 2
A explicação, de acordo com o IESS, é a transição demográfica -a taxa de fertilidade diminui a cada nova pesquisa do IBGE. Na outra ponta, a faixa etária que mais cresce entre os beneficiários dos planos é a de 19 a 59 anos, com alta de 3,7% (30,5 milhões de pessoas).
PARA SEMPRE
Marcelo Frisoni, marido de Ana Maria Braga, chegou a ter a prisão decretada por algumas horas nesta semana. A pedido da ex-mulher, Patrícia Palma, que cobra pensões atrasadas.
TUDO RESOLVIDO
Frisoni diz que paga a pensão religiosamente, sem atraso. E que apenas descontou 20% do valor quando o filho morou com ele, entre outubro e maio. Patrícia questionou a iniciativa e fez o pedido de prisão. O juiz deu razão a ela. Assim que soube da decisão, diz Frisoni, ele determinou a liberação da diferença, que estava sendo depositada em juízo. Gladys Maluf Chamma, advogada de Patrícia, não quis comentar.
MEU JURO, MINHA VIDA
A Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) entrou com ação coletiva na 22ª Vara de Brasília contra a Caixa Econômica Federal. Pede que o banco conceda a redução de juros a todos os clientes que tenham assinado contratos de longo prazo antes das taxas terem sido reduzidas, em maio. Afirma que pede a proteção dos interesses individuais de todos os que estão sendo excluídos dessa política.
BATEU
Dilma Rousseff falou mal das centrais sindicais ao ex-presidente Lula na segunda, em SP. Reclamou da "irresponsabilidade" e afirmou que, com as ameaças generalizadas de greve, estava sendo obrigada a "endurecer".
LEVOU
Já dirigentes de centrais falaram mal de Dilma para Lula. E até integrantes do governo procuraram recentemente o ex-presidente pedindo que ele amoleça o coração da sucessora. Argumentam que o movimento sindical é uma das bases do governo.
SEGUNDA ETAPA
A eleição também foi tema da conversa entre Dilma e Lula. A decisão de que ela participe da campanha de Fernando Haddad em SP apenas no segundo turno -antecipada pela coluna em junho- foi consensual. Será assim em outras cidades. Só Belo Horizonte (MG) é exceção, já que lá o provável é que a parada se resolva no primeiro turno.
TROPA DE ELITE
A ideia é não desgastar Dilma na primeira rodada. Em SP, ela entraria no segundo turno com a missão de atrair votos da classe média que rejeita Lula.
TODO OUVIDOS
E Lula, que virou uma espécie de "ouvidor-geral" da República, centraliza reclamações de todos os lados. Boa parte dos empresários que o procuram, por exemplo, se queixa de dirigentes de estatais ou de empresas nas quais o governo tem participação -como a Vale.
TURMA DO LIXÃO
Dois "catadores" do PT passarão a recolher santinhos que candidatos deixam para trás.
VER O VERÃO
A Daslu apresentou sua nova coleção na loja do shopping Cidade Jardim, anteontem. As modelos Renata Kuerten e Larissa Andrade, a compradora Ucha Meirelles e a joalheira Ana Apolinário foram ao desfile de verão.
CURTO-CIRCUITO
O fotógrafo Willy Rizzo inaugura exposição no MuBE, hoje, às 19h.
Adriana Barra apresenta hoje sua coleção de verão, na loja dos Jardins, às 18h.
A grife Rose & Bleu promove hoje palestra sobre educação nutricional na infância, às 15h, no shopping Iguatemi.
com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, CHICO FELITTI, LÍGIA MESQUITA e OLÍVIA FLORÊNCIA
Vem aí o partido da Marina - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 09/08
Marina Silva faz contatos com políticos do PSOL, do PV do PT e do PDT sobre criar um partido para apoiar sua candidatura à Presidência em 2014. Nas conversas, nos últimos dias em seu escritório de Brasília, explicou que não se encaixa nos atuais partidos e que a lei não permite candidaturas avulsas. A ideia é deflagrar a organização do partido depois das eleições municipais.
Senadores em polvorosa
Senadores e ex-senadores que deixaram o mandato nos últimos cinco anos foram surpreendidos com uma notificação da Receita Federal pedindo esclarecimentos sobre o uso da verba indenizatória dos gabinetes. Esse dinheiro serve para custeio e não é tributável. Mas a Receita entende que esses gastos poderiam ser passíveis de tributação. Os senadores estão irritados. Consideram tratar-se de falta de respeito com a instituição. Eles dizem que a Receita deveria ter feito um pedido de informação à mesa diretora. Os partidos cobram esclarecimentos do Planalto. Querem saber se a presidente Dilma sabe da ação da Receita.
“A impunidade tem os dias contados. O Brasil será um país em que o cidadão, seja ladrão de galinha, seja senador, seja banqueiro, seja quem for, se tiver que ir, vai para a cadeia”
Pedro Simon, senador (PMDB-RS)
O cabo eleitoral preferido
O ministro Alexandre Padilha (Saúde) é o mais requisitado para gravar apoio a candidatos a prefeito para ser exibido na TV. Já pediu voto para o PT, o PSB, o PCdoB, o PMDB e o PP.
Biscaia, o livro
O ex-deputado Antonio Carlos Biscaia conta que em conversa com o então ministro Tarso Genro, em 10/11/2008, o prefeito eleito do Rio, Eduardo Paes, disse: "Ministro, quero agradecer ao Biscaia por eu ser prefeito do Rio.” O texto relata que Sérgio Cabral e Jorge Picciani decidiram lançar Paes depois de Biscaia virar tesoureiro de Alessandro Molon.
Audiência seletiva
O julgamento do mensalão, ao contrário do que se previa, não tem gerado a mobilização que se imaginava. Não há populares em frente ao STF, e o setor do plenário destinado aos populares está sendo parcialmente ocupado por jornalistas.
Uma situação constrangedora
O advogado Inocêncio Mártires Coelho fará a defesa do ex-deputado José Borba segunda-feira no STF. Vai ficar cara a cara com o ministro Gilmar Mendes. Eles eram sócios no Instituto de Direito Público. A sociedade foi desfeita neste ano em processo litigioso. Os dois eram coautores do livro "Curso de Direito Constitucional’,’ um dos mais vendidos na categoria.
Lacerda, Bolsa Família e esmola
Tendo como adversário o ex-ministro Patrus Ananias (PT), o prefeito de Belo Horizonte,
Marcio Lacerda (PSB), criticou o Bolsa Família. Candidato à reeleição, Lacerda atacou: "Compromisso social não é só dar esmolinha...”
Esforço conjunto
O vice Michel Temer se reúne, domingo, com o primeiro-ministro inglês, David Cameron. Eles serão coanfitriões do Global Nutrition Summit, que debaterá o combate à desnutrição infantil no mundo. O Brasil é modelo mundial na área.
Henrique meirelles, executivo da Friboi (JBS), conversou durante três meses com o Banco Rural para comprar a instituição. O negócio não saiu.
Marina Silva faz contatos com políticos do PSOL, do PV do PT e do PDT sobre criar um partido para apoiar sua candidatura à Presidência em 2014. Nas conversas, nos últimos dias em seu escritório de Brasília, explicou que não se encaixa nos atuais partidos e que a lei não permite candidaturas avulsas. A ideia é deflagrar a organização do partido depois das eleições municipais.
Senadores em polvorosa
Senadores e ex-senadores que deixaram o mandato nos últimos cinco anos foram surpreendidos com uma notificação da Receita Federal pedindo esclarecimentos sobre o uso da verba indenizatória dos gabinetes. Esse dinheiro serve para custeio e não é tributável. Mas a Receita entende que esses gastos poderiam ser passíveis de tributação. Os senadores estão irritados. Consideram tratar-se de falta de respeito com a instituição. Eles dizem que a Receita deveria ter feito um pedido de informação à mesa diretora. Os partidos cobram esclarecimentos do Planalto. Querem saber se a presidente Dilma sabe da ação da Receita.
“A impunidade tem os dias contados. O Brasil será um país em que o cidadão, seja ladrão de galinha, seja senador, seja banqueiro, seja quem for, se tiver que ir, vai para a cadeia”
Pedro Simon, senador (PMDB-RS)
O cabo eleitoral preferido
O ministro Alexandre Padilha (Saúde) é o mais requisitado para gravar apoio a candidatos a prefeito para ser exibido na TV. Já pediu voto para o PT, o PSB, o PCdoB, o PMDB e o PP.
Biscaia, o livro
O ex-deputado Antonio Carlos Biscaia conta que em conversa com o então ministro Tarso Genro, em 10/11/2008, o prefeito eleito do Rio, Eduardo Paes, disse: "Ministro, quero agradecer ao Biscaia por eu ser prefeito do Rio.” O texto relata que Sérgio Cabral e Jorge Picciani decidiram lançar Paes depois de Biscaia virar tesoureiro de Alessandro Molon.
Audiência seletiva
O julgamento do mensalão, ao contrário do que se previa, não tem gerado a mobilização que se imaginava. Não há populares em frente ao STF, e o setor do plenário destinado aos populares está sendo parcialmente ocupado por jornalistas.
Uma situação constrangedora
O advogado Inocêncio Mártires Coelho fará a defesa do ex-deputado José Borba segunda-feira no STF. Vai ficar cara a cara com o ministro Gilmar Mendes. Eles eram sócios no Instituto de Direito Público. A sociedade foi desfeita neste ano em processo litigioso. Os dois eram coautores do livro "Curso de Direito Constitucional’,’ um dos mais vendidos na categoria.
Lacerda, Bolsa Família e esmola
Tendo como adversário o ex-ministro Patrus Ananias (PT), o prefeito de Belo Horizonte,
Marcio Lacerda (PSB), criticou o Bolsa Família. Candidato à reeleição, Lacerda atacou: "Compromisso social não é só dar esmolinha...”
Esforço conjunto
O vice Michel Temer se reúne, domingo, com o primeiro-ministro inglês, David Cameron. Eles serão coanfitriões do Global Nutrition Summit, que debaterá o combate à desnutrição infantil no mundo. O Brasil é modelo mundial na área.
Henrique meirelles, executivo da Friboi (JBS), conversou durante três meses com o Banco Rural para comprar a instituição. O negócio não saiu.
O novo mundo árabe vem aí - CLÓVIS ROSSI
FOLHA DE SP - 09/08
Pela primeira vez na história, um presidente do Egito virá à América do Sul. Chama-se Mohamed Mursi, pertence ao grupo islamita Irmandade Muçulmana, acaba de tomar posse e será uma das atrações da 3.a Aspa (Cúpula América do Sul-Países Árabes), a realizar-se dias 1 e 2 de outubro em Lima, no Peru.
O chanceler brasileiro Antonio Patriota toma a vinda de Mursi como uma evidência de um inédito interesse pela região por parte da classe dirigente que emergiu a partir com a "primavera árabe".
"É um contraste impressionante com o interesse apenas remoto que encontramos, eu e o ministro Celso Amorim [então chanceler], quando fazíamos as sondagens para a primeira Aspa, em 2005", rememora Patriota.
O contraste é também animador, posto que o que o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, chama de "novo mundo árabe" está interessado em democracia, combate à pobreza e progresso social - ingredientes necessários, essenciais mesmo, nesse "novo mundo" e que têm caracterizado a América do Sul.
Outro detalhe relevante: o ditador sírio Bashar Assad nem sequer foi convidado. Não se trata, em todo o caso, de rejeição ao tipo de governo que caracteriza a Síria. Afinal, entre os países que fazem parte do mundo árabe, há mais "velhos mundos árabes", na forma de ditaduras, do que propriamente nações democráticas. A vinda de Assad é uma impossibilidade prática.
A pergunta seguinte óbvia é: está a diplomacia sul-americana preparada para receber, eventualmente, uma delegação dos opositores a Assad? Patriota usa um argumento que faz sentido: ainda falta muito para a cúpula (50 e poucos dias, em uma situação como a que a Síria vive, é de fato uma eternidade).
O chanceler torce para que os membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido) consigam chegar a um consenso que permita desmilitarizar o conflito sírio e, com isso, tentar implantar o acordo a que chegou no dia 30 de junho o chamado grupo de ação para a Síria. Previa um governo de transição que desse voz a todos os atores, com um cronograma para implementação, além, como é óbvio e preliminar, da cessação da violência.
Era uma forma edulcorada de sugerir a saída de Assad, posição defendida pelos países ocidentais e também pela Liga Árabe, com a qual o Brasil está em contato permanente.
O contato permanente não significa que a diplomacia brasileira endosse a posição da Liga. Continua aferrada ao programa do grupo de ação, que viverá nas próximas semanas dois momentos eventualmente decisivos: na semana que vem, a ONU decide se prorroga ou não a presença dos seus observadores na Síria (cinco são brasileiros). A não-prorrogação abriria todas as portas á definitiva militarização do conflito.
Depois, até o fim de agosto, o CS dá um "upgrade" na discussão ao convocar uma reunião dos ministros dos países-membros, em vez de deixar o debate em mãos dos embaixadores na ONU.
São momentos que determinarão o efetivo tamanho do "novo" no "novo mundo árabe".
Pela primeira vez na história, um presidente do Egito virá à América do Sul. Chama-se Mohamed Mursi, pertence ao grupo islamita Irmandade Muçulmana, acaba de tomar posse e será uma das atrações da 3.a Aspa (Cúpula América do Sul-Países Árabes), a realizar-se dias 1 e 2 de outubro em Lima, no Peru.
O chanceler brasileiro Antonio Patriota toma a vinda de Mursi como uma evidência de um inédito interesse pela região por parte da classe dirigente que emergiu a partir com a "primavera árabe".
"É um contraste impressionante com o interesse apenas remoto que encontramos, eu e o ministro Celso Amorim [então chanceler], quando fazíamos as sondagens para a primeira Aspa, em 2005", rememora Patriota.
O contraste é também animador, posto que o que o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, chama de "novo mundo árabe" está interessado em democracia, combate à pobreza e progresso social - ingredientes necessários, essenciais mesmo, nesse "novo mundo" e que têm caracterizado a América do Sul.
Outro detalhe relevante: o ditador sírio Bashar Assad nem sequer foi convidado. Não se trata, em todo o caso, de rejeição ao tipo de governo que caracteriza a Síria. Afinal, entre os países que fazem parte do mundo árabe, há mais "velhos mundos árabes", na forma de ditaduras, do que propriamente nações democráticas. A vinda de Assad é uma impossibilidade prática.
A pergunta seguinte óbvia é: está a diplomacia sul-americana preparada para receber, eventualmente, uma delegação dos opositores a Assad? Patriota usa um argumento que faz sentido: ainda falta muito para a cúpula (50 e poucos dias, em uma situação como a que a Síria vive, é de fato uma eternidade).
O chanceler torce para que os membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido) consigam chegar a um consenso que permita desmilitarizar o conflito sírio e, com isso, tentar implantar o acordo a que chegou no dia 30 de junho o chamado grupo de ação para a Síria. Previa um governo de transição que desse voz a todos os atores, com um cronograma para implementação, além, como é óbvio e preliminar, da cessação da violência.
Era uma forma edulcorada de sugerir a saída de Assad, posição defendida pelos países ocidentais e também pela Liga Árabe, com a qual o Brasil está em contato permanente.
O contato permanente não significa que a diplomacia brasileira endosse a posição da Liga. Continua aferrada ao programa do grupo de ação, que viverá nas próximas semanas dois momentos eventualmente decisivos: na semana que vem, a ONU decide se prorroga ou não a presença dos seus observadores na Síria (cinco são brasileiros). A não-prorrogação abriria todas as portas á definitiva militarização do conflito.
Depois, até o fim de agosto, o CS dá um "upgrade" na discussão ao convocar uma reunião dos ministros dos países-membros, em vez de deixar o debate em mãos dos embaixadores na ONU.
São momentos que determinarão o efetivo tamanho do "novo" no "novo mundo árabe".
O que as cotas mascaram - EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADÃO - 09/08
A Câmara dos Deputados aprovou, o Senado acaba de endossar e a presidente Dilma Rousseff vai sancionar jubilosamente o projeto de lei que obriga as universidades e escolas técnicas federais a reservar 50% de suas vagas a candidatos que cursaram o ensino médio na rede pública. Metade dessa metade se destinará a alunos cuja renda familiar per capita não ultrapasse 1,5 salário mínimo. Menos ou mais pobres, sempre terão prioridade os estudantes autodeclarados negros, pardos e indígenas. A amplitude das cotas raciais variará conforme o peso de tais grupos na população dos respectivos Estados, aferido pelo censo. Quando for insuficiente o número de candidatos elegíveis pelo critério racial, as vagas restantes serão disputadas pelos demais egressos do sistema público. A norma valerá por 10 anos, quando então os seus resultados serão avaliados.
A adoção de cotas raciais na universidade é constitucional, conforme decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF), em abril último. Isso não quer dizer que o sistema devesse ser adotado. Os seus insuperáveis defeitos de origem são múltiplos - a começar pela enormidade, em sentido literal e figurado, da reserva de vagas, configurando uma limitação brutal da disputa não discriminada pelo acesso à formação superior. Mesmo entre os defensores da aplicação do chamado modelo de ação afirmativa na educação, para corrigir desigualdades e preconceitos impregnados na sociedade brasileira, há quem considere "descabelado" excluir do preenchimento pelo critério exclusivo do mérito uma em cada duas vagas disponíveis na rede federal de terceiro grau e escolas técnicas. Além disso, a imposição de um índice único a todas as 59 universidades mantidas pela União representa uma gritante ruptura do princípio da autonomia universitária.
Nas palavras do diretor da Fapesp e ex-reitor da Unicamp, Carlos Henrique de Brito Cruz, trata-se de "uma usurpação" do direito de cada universidade de escolher o modelo de ampliação das oportunidades de acesso a seus cursos que julgar mais adequado ao seu perfil e vocação. É assim que já funciona. Pelo menos 30 dessas instituições implantaram sistemas de cotas, de acordo com as suas peculiaridades. A Universidade de Brasília (UnB), por exemplo, reserva 20% do total de suas vagas a vestibulandos autodeclarados negros e pardos e 11 vagas em 7 cursos para indígenas. A Universidade Federal do Rio de Janeiro, por sua vez, reserva 30% dos lugares para alunos da rede pública oriundos de famílias com renda mensal per capita de até um salário mínimo. E não adota cotas raciais. Agora, o projeto em vias de virar lei acaba com esse laboratório de experiências de manifesta utilidade.
O mais grave, de toda forma, é que esse tipo de favorecimento impositivo a alunos da escola pública antes escamoteia do que contribui para resolver o notório problema da baixa qualidade do ensino fundamental e médio gratuito. O benefício perpetua na prática um padrão de aprendizagem insuficiente para dar aos jovens condições razoáveis de ingresso na universidade pública, mesmo em cursos menos concorridos. Já não bastasse isso, a restrição de vagas tem o efeito perverso de fomentar a discriminação às avessas, ao empurrar para faculdades particulares, não raro aquém do nível de suas congêneres públicas, alunos cujas famílias podem arcar com as suas mensalidades.
Os efeitos sobre o ensino superior das políticas de cotas já em andamento ainda estão por ser determinados. Para os cotistas, indica uma avaliação da Unicamp, o benefício tende a variar na razão inversa do grau de dificuldade do curso escolhido. E pode-se presumir que o projeto será tanto mais danoso para uma universidade quanto mais rigorosos forem os seus padrões de ensino e, principalmente, de pesquisa.
A alternativa não é cruzar os braços. A USP, por exemplo, concebeu um bem-sucedido esquema de incentivos. O Inclusp, como é chamado, não apenas concede bônus de até 8% nas notas do vestibular a ex-alunos da rede oficial, como ainda envia "embaixadores" aos colégios para divulgar o programa e incentivar os jovens a fazer o exame. Neste ano, 28% dos candidatos aprovados vieram da escola pública.
A Câmara dos Deputados aprovou, o Senado acaba de endossar e a presidente Dilma Rousseff vai sancionar jubilosamente o projeto de lei que obriga as universidades e escolas técnicas federais a reservar 50% de suas vagas a candidatos que cursaram o ensino médio na rede pública. Metade dessa metade se destinará a alunos cuja renda familiar per capita não ultrapasse 1,5 salário mínimo. Menos ou mais pobres, sempre terão prioridade os estudantes autodeclarados negros, pardos e indígenas. A amplitude das cotas raciais variará conforme o peso de tais grupos na população dos respectivos Estados, aferido pelo censo. Quando for insuficiente o número de candidatos elegíveis pelo critério racial, as vagas restantes serão disputadas pelos demais egressos do sistema público. A norma valerá por 10 anos, quando então os seus resultados serão avaliados.
A adoção de cotas raciais na universidade é constitucional, conforme decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF), em abril último. Isso não quer dizer que o sistema devesse ser adotado. Os seus insuperáveis defeitos de origem são múltiplos - a começar pela enormidade, em sentido literal e figurado, da reserva de vagas, configurando uma limitação brutal da disputa não discriminada pelo acesso à formação superior. Mesmo entre os defensores da aplicação do chamado modelo de ação afirmativa na educação, para corrigir desigualdades e preconceitos impregnados na sociedade brasileira, há quem considere "descabelado" excluir do preenchimento pelo critério exclusivo do mérito uma em cada duas vagas disponíveis na rede federal de terceiro grau e escolas técnicas. Além disso, a imposição de um índice único a todas as 59 universidades mantidas pela União representa uma gritante ruptura do princípio da autonomia universitária.
Nas palavras do diretor da Fapesp e ex-reitor da Unicamp, Carlos Henrique de Brito Cruz, trata-se de "uma usurpação" do direito de cada universidade de escolher o modelo de ampliação das oportunidades de acesso a seus cursos que julgar mais adequado ao seu perfil e vocação. É assim que já funciona. Pelo menos 30 dessas instituições implantaram sistemas de cotas, de acordo com as suas peculiaridades. A Universidade de Brasília (UnB), por exemplo, reserva 20% do total de suas vagas a vestibulandos autodeclarados negros e pardos e 11 vagas em 7 cursos para indígenas. A Universidade Federal do Rio de Janeiro, por sua vez, reserva 30% dos lugares para alunos da rede pública oriundos de famílias com renda mensal per capita de até um salário mínimo. E não adota cotas raciais. Agora, o projeto em vias de virar lei acaba com esse laboratório de experiências de manifesta utilidade.
O mais grave, de toda forma, é que esse tipo de favorecimento impositivo a alunos da escola pública antes escamoteia do que contribui para resolver o notório problema da baixa qualidade do ensino fundamental e médio gratuito. O benefício perpetua na prática um padrão de aprendizagem insuficiente para dar aos jovens condições razoáveis de ingresso na universidade pública, mesmo em cursos menos concorridos. Já não bastasse isso, a restrição de vagas tem o efeito perverso de fomentar a discriminação às avessas, ao empurrar para faculdades particulares, não raro aquém do nível de suas congêneres públicas, alunos cujas famílias podem arcar com as suas mensalidades.
Os efeitos sobre o ensino superior das políticas de cotas já em andamento ainda estão por ser determinados. Para os cotistas, indica uma avaliação da Unicamp, o benefício tende a variar na razão inversa do grau de dificuldade do curso escolhido. E pode-se presumir que o projeto será tanto mais danoso para uma universidade quanto mais rigorosos forem os seus padrões de ensino e, principalmente, de pesquisa.
A alternativa não é cruzar os braços. A USP, por exemplo, concebeu um bem-sucedido esquema de incentivos. O Inclusp, como é chamado, não apenas concede bônus de até 8% nas notas do vestibular a ex-alunos da rede oficial, como ainda envia "embaixadores" aos colégios para divulgar o programa e incentivar os jovens a fazer o exame. Neste ano, 28% dos candidatos aprovados vieram da escola pública.
Ueba! OiOiOi vira AiAiAi! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP 09/08
Julgamento do Dormidão! "Você viu os caras do mensalão dormindo na TV?". "Não, eu também tava dormindo." E a charge do Néo Correia com o grito do advogado: "Vamos acordar! Eu ainda não terminei". Julgamento do Sono Solto! Trocadilho na CPI: chamaram a mulher do Cachoeira de cascateira! Pode, Arnaldo?
E esta: "Senadora diz que mulher do Cachoeira tentou ameaçá-la e citou Max e Nina". AiAiAi! E esta: "Advogado de Simone Vasconcelos no mensalão cita novela". AiAiAi! Não é mais "OiOiOi"! É "AiAiAi"! "OiOiOi" vira "AiAiAi"! Rarará!
E a Olimpíada? As Olimpipocas! Piada Pronta: "A britânica Holly Breasdale perdeu a medalha de salto com vara mas foi pedida em casamento". Perdeu uma e ganhou outra! Ficou elas por elas! Vara garantida! Rarará!
E duas baixas olímpicas: handebol e Maurren Maggi. A Maurren Maggi virou caldo de galinha. E mudou pra Knorr!
E a manchete do jornal "Meia Hora", com sua eterna sutileza: "Bolas entram e Chana sofre". Em 2016 tá proibido trocadilho com Chana! E Brasil x Coreia do Sul?
A seleção da Coreia do Sul parecia um catálogo da L'Oréal! Coreano ruivo, coreano loiro, coreano acaju. O Neymar ficou simplesinho! E os coreanos trocam de jogadores nos intervalos e ninguém nota a diferença. E a rede coreana tava parecendo a Suellen: todo mundo queria dar uma!
E hipismo? Esporte de mauricinho! Medalha coxinha! Rarará! E mais um bronze pro Bronzil! A fábrica de sino tá crescendo! Boxe feminino! As mulheres do Brasil tão boas de porrada. Dá-lhe Dilma! É mole? É mole, mas sobe!
EREÇÕES 2012! A Galera Medonha! A imprensa já tem seu candidato! Direto de Bragança: Chupeta do Jornal! Rarará! E tem um candidato policial em Belo Horizonte chamado: Toninho Pipoco! Medo! Votem em mim e leve um pipoco! Rarará! E em Tramandaí, RS, o pai de todos os candidatos, o protótipo da galera: BIZARRO! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Revisão de cálculo - DORA KRAMER
O ESTADÃO - 09/08
O governo ontem pelo visto deu-se conta do quanto soava inverossímil a versão de que ninguém no Palácio do Planalto e Esplanada dos Ministérios estava dando a menor pelota para o julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal.
Dois ministros, Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, e José Eduardo Cardozo, da Justiça, manifestaram-se depois de dias de ineficaz imposição de toque de silêncio forçado. Ambos disseram que qualquer que seja o resultado não haverá desgaste para a presidente Dilma Rousseff nem prejuízo eleitoral para o PT.
Note-se, não são quaisquer ministros, mas dois auxiliares muito próximos do cotidiano da presidente, sendo um deles, Gilberto Carvalho, ligadíssimo ao ex-presidente Lula. Um indicativo de que a mudança possa ter a concordância dele.
Não se imagina que Lula vá passar a tratar do assunto em público com desenvoltura, mas ao menos é de se esperar que agora cesse a embromação.
Uma atitude bastante mais condizente com o bom senso, a lógica e o respeito ao discernimento alheio que a decisão anterior de tentar manter distância do caso mediante um artifício sem pé nem cabeça.
Pode ser até que o restante do país não dê a devida atenção às sessões do STF, mas na capital da República não se fala de outra coisa nas rodas de alguma forma relacionadas ao poder. De onde a simulada indiferença já se transformara em piada de todos os salões.
Em boa hora se impôs o recuo, de resto inevitável. Basicamente por dois motivos. Um, a óbvia impossibilidade de estabelecer artificialmente uma dissociação, vez que o próprio advogado de José Dirceu levou Lula e Dilma para o centro do tribunal ao citá-los como testemunhas de defesa da conduta proba de Dirceu quando na Casa Civil.
Outra razão, a inverossimilhança da história. O caso envolve o PT, o partido do governo que nas eleições municipais estará na televisão defendendo seus candidatos.
Acrescente-se à revisão de cálculo político feita pelo Planalto ainda o fator efeito condenação ou absolvição. Na hora de anunciado o resultado, o governo inevitavelmente precisará dizer alguma coisa, precisa estar livre para tal.
Se a conclusão for desfavorável aos réus, poderá comentar com a autoridade de quem não se escondeu do tema. Se continuasse no terreno da negação, aos olhos do público pareceria derrotado, situação desconfortável diante de decisão da Corte Suprema institucionalmente indiscutível.
A opção por posição mais madura dá ao governo uma aparência de neutralidade e lhe abre até a possibilidade de comemorar. Discretamente, renovando votos de confiança na Justiça e feliz da vida por ter mais uma vez dado a volta por cima.
Longa estadia
Impressão de um dos “grandes” da banca advocatícia mais famosa do Brasil: Carlos Cachoeira não sai da cadeia tão cedo porque será logo julgado no processo que responde em Goiás, condenado e, com isso, emendará a preventiva com prisão permanente.
Dossiê
Consenso entre advogados: Cachoeira não sabia da abordagem da mulher dele ao juiz, pois teria levado em conta a hipótese de a tentativa não dar certo e a situação piorar. Como de fato ocorreu.
Circuito
Brasília está ficando uma cidade muito perigosa. Em qualquer parte que se vá há o risco de encontros indesejados, tal quantidade de personagens de escândalos em circulação.
Na segunda-feira em que advogados do mensalão e Demóstenes Torres irmanavam-se em cantorias na noite, um deputado frequentador diário do restaurante em questão foi avisado das presenças a tempo de desviar-se da rota e marcar prudente ausência. Como ele, outros estão preferindo roteiros alternativos aos conhecidos redutos de políticos.
O governo ontem pelo visto deu-se conta do quanto soava inverossímil a versão de que ninguém no Palácio do Planalto e Esplanada dos Ministérios estava dando a menor pelota para o julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal.
Dois ministros, Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, e José Eduardo Cardozo, da Justiça, manifestaram-se depois de dias de ineficaz imposição de toque de silêncio forçado. Ambos disseram que qualquer que seja o resultado não haverá desgaste para a presidente Dilma Rousseff nem prejuízo eleitoral para o PT.
Note-se, não são quaisquer ministros, mas dois auxiliares muito próximos do cotidiano da presidente, sendo um deles, Gilberto Carvalho, ligadíssimo ao ex-presidente Lula. Um indicativo de que a mudança possa ter a concordância dele.
Não se imagina que Lula vá passar a tratar do assunto em público com desenvoltura, mas ao menos é de se esperar que agora cesse a embromação.
Uma atitude bastante mais condizente com o bom senso, a lógica e o respeito ao discernimento alheio que a decisão anterior de tentar manter distância do caso mediante um artifício sem pé nem cabeça.
Pode ser até que o restante do país não dê a devida atenção às sessões do STF, mas na capital da República não se fala de outra coisa nas rodas de alguma forma relacionadas ao poder. De onde a simulada indiferença já se transformara em piada de todos os salões.
Em boa hora se impôs o recuo, de resto inevitável. Basicamente por dois motivos. Um, a óbvia impossibilidade de estabelecer artificialmente uma dissociação, vez que o próprio advogado de José Dirceu levou Lula e Dilma para o centro do tribunal ao citá-los como testemunhas de defesa da conduta proba de Dirceu quando na Casa Civil.
Outra razão, a inverossimilhança da história. O caso envolve o PT, o partido do governo que nas eleições municipais estará na televisão defendendo seus candidatos.
Acrescente-se à revisão de cálculo político feita pelo Planalto ainda o fator efeito condenação ou absolvição. Na hora de anunciado o resultado, o governo inevitavelmente precisará dizer alguma coisa, precisa estar livre para tal.
Se a conclusão for desfavorável aos réus, poderá comentar com a autoridade de quem não se escondeu do tema. Se continuasse no terreno da negação, aos olhos do público pareceria derrotado, situação desconfortável diante de decisão da Corte Suprema institucionalmente indiscutível.
A opção por posição mais madura dá ao governo uma aparência de neutralidade e lhe abre até a possibilidade de comemorar. Discretamente, renovando votos de confiança na Justiça e feliz da vida por ter mais uma vez dado a volta por cima.
Longa estadia
Impressão de um dos “grandes” da banca advocatícia mais famosa do Brasil: Carlos Cachoeira não sai da cadeia tão cedo porque será logo julgado no processo que responde em Goiás, condenado e, com isso, emendará a preventiva com prisão permanente.
Dossiê
Consenso entre advogados: Cachoeira não sabia da abordagem da mulher dele ao juiz, pois teria levado em conta a hipótese de a tentativa não dar certo e a situação piorar. Como de fato ocorreu.
Circuito
Brasília está ficando uma cidade muito perigosa. Em qualquer parte que se vá há o risco de encontros indesejados, tal quantidade de personagens de escândalos em circulação.
Na segunda-feira em que advogados do mensalão e Demóstenes Torres irmanavam-se em cantorias na noite, um deputado frequentador diário do restaurante em questão foi avisado das presenças a tempo de desviar-se da rota e marcar prudente ausência. Como ele, outros estão preferindo roteiros alternativos aos conhecidos redutos de políticos.
Por que alguns países têm Judiciário independente? - MARCUS ANDRÉ MELO
VALOR ECONÔMICO - 09/08
Nas últimas duas décadas a ciência política tem se debruçado sobre a questão que empresta o título a esta coluna. E o foco tem sido as novas democracias. Sob que condições o Judiciário ganha autonomia em relação aos ocupantes do Executivo? Em muitas situações a chave é delegação de poderes. Em princípio, interessa ao Executivo manter o Judiciário sob controle. Mas o enfraquecimento do controle pode ser de interesse dos próprios governantes que concedem independência ao Judiciário porque ao fazê-lo auferem ganhos. Ao garantir contratos internacionais, por exemplo, os governos obtêm ganhos reputacionais e maior fluxo de investimentos. Eles podem também ganhar credibilidade doméstica. Como Ulisses, que se amarrou ao mastro do navio para não ouvir o canto das sereias, as elites governamentais atam suas próprias mãos por auto-interesse. Este argumento explicaria porque alguns países autoritários - onde o Executivo poderia interferir no Judiciário com baixo custo político - tem Judiciário independente. Singapura é o melhor exemplo disso.
Em contextos das novas democracias, as elites do antigo regime que controlam o Estado podem ter interesse na autonomização do Judiciário porque Cortes independentes podem ser vantajosas. Seu papel seria impedir violações de seus direitos básicos - retaliações desmesuradas etc. - em um contexto pós-transição. Isto ocorreu em muitos países, como na África do Sul, onde a elite branca enxergou no Judiciário independente e no constitucionalismo (negados aos negros no regime anterior) instrumentos para cumprir este papel.
A delegação de mais atribuições e autonomia ao Judiciário bem como a expansão do papel que cumpre na sociedade pode ser também uma estratégia eficiente para uma coalizão governativa por outras razões. Ao omitir-se de tratar certos temas, as elites governamentais e legislativas podem transferir a culpa por decisões impopulares para o Judiciário. Esta estratégia é eficiente em temas divisivos que opõem grandes grupos sociais tais como o aborto. Onde há ônus importante e grupo de perdedores expressivos haverá maior propensão a adoção de tal estratégia. Ocorre que as elites judiciais também são atores estratégicos e podem também omitir-se ou - numa dupla transferência de culpa remeter as decisões de volta à coalizão governamental e sua base legislativa. Na realidade, o comportamento estratégico do Judiciário se manifesta de muitas formas. Durante o processo de transição à democracia o Judiciário pode tornar-se proativo e passar a decidir contra o governo. Com esta 'defecção estratégica' em relação ao antigo regime, a Suprema Corte argentina, por exemplo, buscou legitimar-se no contexto pós transição.
Só a alternância no poder garante independência real
Mas nem sempre os governos obtêm benefícios com a autonomia das Cortes. Pelo contrário, a autonomia pode aparecer como ameaça. Da Argentina de Cristina Kirchner à Rússia de Putin, os ataques à independência das Cortes são parte essencial de um projeto de hegemonia. As pré-condições para o ataque são dadas pela ausência de competição política e baixos custos políticos deste tipo de estratégia. A combinação destes fatores tornam o Judiciário dependente. A alternância no poder garante o pluralismo na composição da Corte ao longo do tempo - pré-condição essencial para o exercício da independência. Esta sim a independência que importa.
O sonho de todo autocrata é livrar-se dos membros da Cortes superiores (como o fez Fujimori, em 1992, demitindo todos os membros da suprema Corte peruana, ou Costa e Silva com o AI 6, com o qual aposentou dois membros do STF) e nomear a totalidade dos seus membros. Quando estratégias deste tipo têm alto custo, o recurso é aumentar o número de titulares, logrando uma maioria 'manufaturada', como fez Menem na Argentina em 1994, ou Castelo Branco, em 1965, que através do AI-2 ampliou a composição do tribunal de 11 para 16 membros. Em contexto pós-transição, a manipulação assume a forma busca do controle total da Corte através da nomeação partidarizada de membros e/ou a manipulação informal. Os limites dessas estratégias são dados pela competição política e pelos custos junto à opinião pública.
Como podemos dizer que um Judiciário é independente quando nos deparamos sobre um caso concreto? Ao longo da última década oito estudos se propuseram a mensurar a independência judicial. As dificuldades metodológicas envolvidas convertem o esforço de mensuração em uma tarefa de Sísifo. Todavia, verifica-se uma certa consistência de resultados para a América Latina para o período. O Chile apresenta-se como o país dotado do Judiciário mais independente. O Brasil aparece em segundo lugar (muitas vezes empatado com outros países nesta posição) em seis de sete estudos existentes. Este desempenho é produto da competição política e das inovações trazidas pela Constituição de 1988. Em outro estudo sobre a volatilidade da composição das supremas Cortes - indicador potencial de interferência do Executivo - entre 1904 e 2006, nas Américas, o Brasil apresentou a menor pontuação, atrás apenas dos EUA.
No entanto, o pluralismo na composição do STF vem se reduzindo ao mesmo tempo em que seu papel social vem aumentando. Há sinais de potencial degeneração institucional: inusitados encontros, em escritórios privados, entre um ex-presidente e ministros do STF às vésperas de um julgamento em que o primeiro está envolvido embora não indiciado; ministro do STF, ex-advogado do partido do presidente, que não se declara impedido em julgamento de ex-chefe etc. A lista é longa.
Como aparecerá o STF nos futuros rankings internacionais de independência judicial? Provavelmente mal, mas ranking é o que menos importa.
Nas últimas duas décadas a ciência política tem se debruçado sobre a questão que empresta o título a esta coluna. E o foco tem sido as novas democracias. Sob que condições o Judiciário ganha autonomia em relação aos ocupantes do Executivo? Em muitas situações a chave é delegação de poderes. Em princípio, interessa ao Executivo manter o Judiciário sob controle. Mas o enfraquecimento do controle pode ser de interesse dos próprios governantes que concedem independência ao Judiciário porque ao fazê-lo auferem ganhos. Ao garantir contratos internacionais, por exemplo, os governos obtêm ganhos reputacionais e maior fluxo de investimentos. Eles podem também ganhar credibilidade doméstica. Como Ulisses, que se amarrou ao mastro do navio para não ouvir o canto das sereias, as elites governamentais atam suas próprias mãos por auto-interesse. Este argumento explicaria porque alguns países autoritários - onde o Executivo poderia interferir no Judiciário com baixo custo político - tem Judiciário independente. Singapura é o melhor exemplo disso.
Em contextos das novas democracias, as elites do antigo regime que controlam o Estado podem ter interesse na autonomização do Judiciário porque Cortes independentes podem ser vantajosas. Seu papel seria impedir violações de seus direitos básicos - retaliações desmesuradas etc. - em um contexto pós-transição. Isto ocorreu em muitos países, como na África do Sul, onde a elite branca enxergou no Judiciário independente e no constitucionalismo (negados aos negros no regime anterior) instrumentos para cumprir este papel.
A delegação de mais atribuições e autonomia ao Judiciário bem como a expansão do papel que cumpre na sociedade pode ser também uma estratégia eficiente para uma coalizão governativa por outras razões. Ao omitir-se de tratar certos temas, as elites governamentais e legislativas podem transferir a culpa por decisões impopulares para o Judiciário. Esta estratégia é eficiente em temas divisivos que opõem grandes grupos sociais tais como o aborto. Onde há ônus importante e grupo de perdedores expressivos haverá maior propensão a adoção de tal estratégia. Ocorre que as elites judiciais também são atores estratégicos e podem também omitir-se ou - numa dupla transferência de culpa remeter as decisões de volta à coalizão governamental e sua base legislativa. Na realidade, o comportamento estratégico do Judiciário se manifesta de muitas formas. Durante o processo de transição à democracia o Judiciário pode tornar-se proativo e passar a decidir contra o governo. Com esta 'defecção estratégica' em relação ao antigo regime, a Suprema Corte argentina, por exemplo, buscou legitimar-se no contexto pós transição.
Só a alternância no poder garante independência real
Mas nem sempre os governos obtêm benefícios com a autonomia das Cortes. Pelo contrário, a autonomia pode aparecer como ameaça. Da Argentina de Cristina Kirchner à Rússia de Putin, os ataques à independência das Cortes são parte essencial de um projeto de hegemonia. As pré-condições para o ataque são dadas pela ausência de competição política e baixos custos políticos deste tipo de estratégia. A combinação destes fatores tornam o Judiciário dependente. A alternância no poder garante o pluralismo na composição da Corte ao longo do tempo - pré-condição essencial para o exercício da independência. Esta sim a independência que importa.
O sonho de todo autocrata é livrar-se dos membros da Cortes superiores (como o fez Fujimori, em 1992, demitindo todos os membros da suprema Corte peruana, ou Costa e Silva com o AI 6, com o qual aposentou dois membros do STF) e nomear a totalidade dos seus membros. Quando estratégias deste tipo têm alto custo, o recurso é aumentar o número de titulares, logrando uma maioria 'manufaturada', como fez Menem na Argentina em 1994, ou Castelo Branco, em 1965, que através do AI-2 ampliou a composição do tribunal de 11 para 16 membros. Em contexto pós-transição, a manipulação assume a forma busca do controle total da Corte através da nomeação partidarizada de membros e/ou a manipulação informal. Os limites dessas estratégias são dados pela competição política e pelos custos junto à opinião pública.
Como podemos dizer que um Judiciário é independente quando nos deparamos sobre um caso concreto? Ao longo da última década oito estudos se propuseram a mensurar a independência judicial. As dificuldades metodológicas envolvidas convertem o esforço de mensuração em uma tarefa de Sísifo. Todavia, verifica-se uma certa consistência de resultados para a América Latina para o período. O Chile apresenta-se como o país dotado do Judiciário mais independente. O Brasil aparece em segundo lugar (muitas vezes empatado com outros países nesta posição) em seis de sete estudos existentes. Este desempenho é produto da competição política e das inovações trazidas pela Constituição de 1988. Em outro estudo sobre a volatilidade da composição das supremas Cortes - indicador potencial de interferência do Executivo - entre 1904 e 2006, nas Américas, o Brasil apresentou a menor pontuação, atrás apenas dos EUA.
No entanto, o pluralismo na composição do STF vem se reduzindo ao mesmo tempo em que seu papel social vem aumentando. Há sinais de potencial degeneração institucional: inusitados encontros, em escritórios privados, entre um ex-presidente e ministros do STF às vésperas de um julgamento em que o primeiro está envolvido embora não indiciado; ministro do STF, ex-advogado do partido do presidente, que não se declara impedido em julgamento de ex-chefe etc. A lista é longa.
Como aparecerá o STF nos futuros rankings internacionais de independência judicial? Provavelmente mal, mas ranking é o que menos importa.
Mangue "geek" - ALEXANDRE HOHAGEN
FOLHA DE SP - 09/08
O Nordeste começa a despontar como uma grande incubadora de talentos tecnológicos
Imagine uma arena com capacidade para 3.000 pessoas, lotada de nerds, "geeks", jovens apaixonados por tecnologia. Todos conectados em altíssima velocidade. Um olho na tela de seus possantes computadores e outro em alguns dos palestrantes nos quatro palcos do local.
Ali não se aplaude com palmas. Para ser diferente, o público entoa um crescente "uoooooo" quando ouve algo interessante. Essa moçada está ali com o objetivo único de se conectar com jovens que têm em comum a paixão pela tecnologia.
Foi assim a minha experiência na semana passada durante a Campus Party em Recife. O evento foi criado na Espanha em 1997 e está em sua quinta edição no Brasil. Neste ano, aconteceu pela primeira vez fora de São Paulo e juntou milhares de jovens de toda a região Nordeste.
Eu estive lá para ministrar uma palestra sobre inovação. Comigo vieram cinco engenheiros brasileiros que trabalham na sede do Facebook, nos Estados Unidos.
Eles realizaram pela primeira vez no Brasil nossa tradicional maratona "hack" de programação, conhecida internamente como Hackathon.
O objetivo é lançar um desafio relacionado a tecnologia, trabalhar com os jovens no tema durante toda a noite e depois avaliar as melhores ideias. Em Recife, o tema foi "Tecnologia para o bem".
A presença da empresa em Recife levantou muito interesse nos jovens. Queriam saber por que havíamos escolhido o Nordeste para falar sobre inovação e ainda realizar o nosso primeiro Hackathon de programação no país.
A resposta é muito simples. O Nordeste começa a despontar como uma grande incubadora de talentos tecnológicos e a economia da região se destaca da do restante do Brasil. É em Recife que se encontra uma das mais interessantes experiências desse gênero no nosso país.
O Porto Digital é um projeto de desenvolvimento econômico que agrega investimentos públicos, iniciativa privada e universidades. A ideia surgiu em julho de 2000 e visa a criação de um ecossistema local de inovação. Em 12 anos de operação, o Porto Digital já gerou 6.500 postos de trabalho ligados a inovação e tecnologia.
Se não bastasse o investimento em tecnologia, a economia do Nordeste cresce a passos largos. O PIB de Pernambuco, por exemplo, teve crescimento superior ao do Brasil no primeiro trimestre de 2012. Enquanto o Estado nordestino cresceu 4,6%, o país teve alta de 0,28%.
A ideia de descentralizar desenvolvimento tecnológico e inovação não é nova. Mesmo o Vale do Silício, na Califórnia (EUA), conhecido como a meca da inovação mundial, começa a sofrer concorrência de outras cidades americanas.
Nos últimos anos, Nova York investiu pesado em políticas públicas e incentivos para se tornar um importante polo de tecnologia. Empresas como Google e, mais recentemente, Facebook já estabeleceram seus centros de engenharia ali.
Para os novos empreendedores, Nova York é a possibilidade de trazer toda a capacidade de inovação e tecnologia para perto do mais importante mercado consumidor dos Estados Unidos.
O desafio de descentralizar os polos de inovação é simples e pode tranquilamente dar certo no Brasil. Diferentemente de outras indústrias, a de tecnologia e inovação não requer infraestrutura mais complexa do que capital intelectual e boa conexão de dados.
Portanto, aos investidores e empresários interessados no crescente mercado de tecnologia e inovação no país, aqui vai uma dica: olhar para o Nordeste com a desconfiança de que a região floresce apenas pelas mãos da agricultura e do turismo é miopia pura.
Uma região que se propõe a estimular a tecnologia e a inovação de maneira tão pragmática, com taxas de crescimento acima da média do país, só pode ser um bom negócio. Sem contar com o enorme mercado consumidor da região que, a cada dia, migra das camadas mais baixas para a classe média.
Recife saiu na frente e está mostrando que tecnologia é uma das maneiras mais eficazes de estimular o crescimento sustentável e descentralizado no país. Que o exemplo sirva de lição para nosso grandioso e rico Brasil.
Chama o Exército! - ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 09/08
BRASÍLIA - Dilma não só mandou cortar o ponto dos grevistas como aprovou um projeto do Exército para garantir a integridade dos prédios públicos e a oferta de serviços essenciais em caso de ameaça externa (improvável) e principalmente de greves (que se multiplicam).
O sistema "Proteger" está orçado em R$ 9,6 bilhões e, com o Sisfron, de monitoramento de fronteiras, vai custar R$ 21 bilhões em 12 anos, apesar de Dilma argumentar com a crise internacional e com a falta de recursos para não dar aumentos no setor público. O único acordo foi com professores de universidades federais e, mesmo assim, polêmico.
São 13.300 alvos estratégicos do "Proteger", 371 prioritários, como refinarias, hidrelétricas, centrais de telecomunicações e as principais estradas. Brasília, que abriga os três Poderes e as embaixadas, é listada como o alvo número um.
Para definir o sistema, o Exército estudou casos exemplares, como a invasão da CSN, a greve da refinaria de Paulínea e um curto na rede de Tucuruí, que não teve influência de grevistas, mas afetou boa parte do país.
Isso mostra que Dilma não brinca em serviço. Se a democracia prevê o direito de greve, prevê também a garantia dos prédios públicos e dos serviços essenciais à população. Em caso de risco, os militares entram.
É uma boa lembrança quando a elite do funcionalismo testa forças com a presidente: Polícia Federal, Banco Central, Itamaraty, oficiais de inteligência, defensores públicos, auditores da Receita, agências reguladoras (Anatel, Aneel...). Nem todos estão de greve, mas se uniram num movimento único de reivindicação.
O governo avalia que a pressão acaba no dia 31, com a entrega do Orçamento de 2013. É uma visão muito otimista. Os servidores engoliram sapos e ficaram quietos na era Lula (como CUT, UNE, MST) e resolveram devolver agora com Dilma. Não vão recuar tão cedo. O governo do PT revida botando o Exército na parada.
Onde vão parar os alunos de medicina? - JOÃO SOBREIRA DE MOURA NETO
O ESTADO DE S. PAULO - 09/08
Entra governo, sai governo, e se mantém o vilipêndio ao ensino médico no Brasil. O Ministério da Educação (MEC) autorizou, em junho, a criação de mais nove cursos de medicina particulares, com 800 vagas no total, sendo 520 nas Regiões Sul e Sudeste, onde hoje já se concentram 72% dos médicos brasileiros. As novas escolas estão nas cidades de Votuporanga (60 vagas) e São José do Rio Preto (160 vagas em dois cursos), no Estado de São Paulo; Belo Horizonte (120 vagas) e Betim (120 vagas), em Minas Gerais; e Londrina (60 vagas), no Paraná. As demais ficam no Recife (120vagas), Cajazeiras, na Paraíba (60 vagas), e Salvador (100 vagas).
Ao ler esses números, é simples constatar quão infundado se apresenta o argumento de que seriam necessárias mais escolas de medicina porque há cidades e regiões que não contam comesses profissionais. Falácia.
Provavelmente, nenhum dos médicos que vierem a se formar num desses novos cursos privados vai trabalhar numa cidade ou região carente de médicos.
Eles farão, sim, parte de um sistema saturado de profissionais de medicina nas instituições de melhor qualidade. Disputarão acirradamente vagas em programas de residência médica e poucos conseguirão ser selecionados. Resistirão a trabalhar na periferia dos grandes centros onde estudaram. Se vierem a fazê- lo, perderão muitas horas de sua vida no trânsito e estarão sujeitos a todo tipo de cobrança e violência nas unidades de saúde.
Precisarão fazer muitos e muitos plantões para somar uma remuneração razoável, que nem sequer de longe será suficiente para cobrir, em médio prazo, as altas mensalidades pagas à faculdade. Não se sentirão atraídos a começar a vida profissional num local distante, sem garantias trabalhistas e sem perspectiva de mobilidade, com o tempo, para instituições de sua preferência. Acabarão tendo múltiplos empregos e vínculos, precários, sem conseguirem se dedicar à prática médica da maneira que sonharam. Sem conseguirem estudar de forma continuada. Sem conseguirem cuidar de si mesmos. Esperando que, um dia, o trabalho médico venha a ser valorizado no serviço público e pelos planos de saúde. Sabe-se lá quando...
Se essa é a realidade dos atuais médicos jovens, o que se dirá a respeito dos futuros profissionais? E o MEC foi além: anunciou publicamente que pretende criar mais 2.415 vagas em cursos de medicina já existentes e em outros a serem abertos até 2014. Em defesa da saúde dos cidadãos e da qualidade do exercício da medicina do Brasil, a Associação Médica Brasileira (AMB), a Associação Paulista de Medicina (APM) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), com apoio das sociedades de especialidade, repudiaram em nota oficial a intenção do ministério.
Atualmente, já temos 196 escolas médicas no País, somando 16.892 vagas. Sete delas foram criadas em 2011, sendo cinco particulares, uma municipal e uma estadual. Este ano, além das nove já mencionadas, foi criada uma federal em fevereiro. No quadro geral, são 82 cursos públicos (federais, estaduais e municipais), ante 114 privados, criados, principalmente, de 1967 a 1970 (auge do período militar), de 1997 a 1999 (segundo mandato do governo Fernando Henrique Cardoso) e desde 2002 até nossos dias (governos Lula e Dilma Rousseff).
No Estado de São Paulo há 36 escolas médicas, sendo a grande maioria particular (26). O total de vagas é de 2.633, o que representa 15,6% do número geral em todo o País. Novamente, a maior parte dessas vagas é privada: 65%. Chama a atenção que esse cenário se tenha agravado nos últimos dez anos, quando foram abertos 12 novos cursos, todos privados, mais que dobrando as vagas particulares existentes até então. A interesses de quem o Executivo se tem empenhado em atender? Os dados estão todos disponíveis no site www.escolasmedicas.com.br.
Além do mais, temos clareza de que uma política de "transbordamento" não será capaz de levar e fixar médicos em regiões periféricas. O caminho, insistentemente ignorado pelos gestores, é a valorização do trabalho médico e a criação de uma carreira de Estado para esses profissionais, nos moldes do Poder Judiciário.
Curioso é que, embora anuncie sem pudor ou justificativa plausível a proliferação de escolas médicas, o MEC não menciona nada sobre o que será feito com os cursos de má qualidade, o que se comprova nas notas do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).
Das 141 instituições avaliadas na última edição, 23 (quase 17%) tiveram notas entre 1 e 2 e nenhuma obteve a nota máxima (5). O ex-ministro da Saúde Adib Jatene, convidado para presidir uma comissão de especialistas responsável por avaliar essas escolas, desistiu após meses e meses de diversas visitas técnicas, pareceres, termos, estabelecimento de critérios e... nenhum avanço.
Por outro lado, o Exame do Cremesp, realizado voluntariamente desde 2005, passa a ser obrigatório já a partir deste ano, por determinação da Resolução n.º 239, recém-publicada.
A aprovação ainda não será requisito para que o novo médico obtenha o seu registro profissional e, portanto, possa praticar a medicina. Mas o fato de todos se submeterem à prova será fundamental para que um retrato mais exato da formação médica em São Paulo seja exposto à sociedade.
Desde a fase voluntária, os índices de reprovação já chocavam a opinião pública. Agora teremos mais uma prova de que escolas sem condições mínimas de realmente "formar" médicos representam grave risco para a saúde da população e põem em xeque tanto o sistema público quanto o suplementar.
Assim, o foco da discussão é a qualidade, e não mais apenas a quantidade. É um ato de cidadania cobrar das autoridades competentes uma proposta clara, factível e eficiente para avaliar essas escolas e exigir a estrutura necessária ao ensino/aprendizagem em níveis adequados.
Telefone sem fio - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 09/08
A declaração de Gilberto Carvalho sobre o mensalão, dissonante do pedido de silêncio de Dilma Rousseff aos ministros sobre o caso, foi de iniciativa própria, segundo interlocutores do Planalto, e teve como objetivo acalmar José Dirceu. No final de semana, o ex-titular da Casa Civil reclamou com Lula e Carvalho de que circulava versão segundo a qual Dilma estaria torcendo por sua condenação. Ambos procuraram tranquilizar o aliado, mas levaram a queixa à presidente.
Quem? Dilma, que não tem acompanhado as jornadas do STF, pede informações específicas a assessores. "Quem o Márcio defende mesmo?", perguntou, no inicio da semana, sobre a participação do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos no caso.
Turva Entre as agruras dos ministros com as horas de sessão uma das mais comuns é a queixa de ardume nos olhos pelo longo tempo diante da tela do computador, agravado pela seca de Brasília. Ricardo Lewandowski usa lágrima artificial, receitada por oftalmologista.
Sedentário Já o atlético Luiz Fux se ressente de não poder fazer a corrida matinal pelas quadras do Lago Sul, onde mora. Assessores recomendaram que suspendesse a rotina para evitar abordagens sobre o mensalão.
Rito de passagem Petistas opinam que José Antônio Dias Toffoli não terá como pedir a condenação dos expoentes do partido, nem para demonstrar independência. "Ele veio daqui, não tem como romper assim com sua história. Fará isso desta vez e depois se sentirá liberado de qualquer compromisso", diz um insider do partido.
Suprapartidário Em conversa com o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), José Dirceu se mostrou "sereno" com a nova fase do julgamento, na qual o espaço é voltado à defesa dos réus. "Todo mundo liga para o Zé. Até a oposição", disse.
Piquete Dilma falou cobras e lagartos para Lula sobre a CUT, que considera responsável pela greve generalizada do funcionalismo. E recusou conselhos para receber os grevistas. Nem os ministros palacianos estão autorizados a negociar.
E aí? José Eduardo Cardozo será cobrado pela presidente caso os delegados da PF decidam aderir à paralisação. O ministro da Justiça afiançou a ela que essa hipótese estaria descartada.
O cara Enquanto a greve corrói o humor presidencial, quem segue marcando pontos no "dilmômetro" é Luís Inácio Adams. Além de ter achado a justificativa legal para substituir grevistas por servidores estaduais em setores como portos e a Anvisa, ontem ele obteve vitória judicial para obrigar a manutenção de serviços essenciais.
Melhor não Aloizio Mercadante (Educação) cancelou sua participação hoje na abertura da Bienal do Livro, em São Paulo. Reservadamente, o ministro expressou a organizadores preocupação com possível manifestação de professores em greve. Enviou como representante César Callegari, secretário de Educação Básica.
Oremos Quem chama a atenção na feira, realizada no Pavilhão do Anhembi, é Edir Macedo. O líder da Igreja Universal montou suntuoso estande em formato de templo religioso para comercializar os livros da editora Unipro.
Para a plateia O convite para Hussain Aref Saab comparecer à Câmara foi articulado por Gilberto Kassab. O prefeito quer evitar caracterização de "operação-abafa" de sua bancada no escândalo que derrubou o ex-diretor. Funcionário aposentado, ele pode recusar o chamado.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"Depois do 'Veta, Dilma!', chegou a hora da campanha que tirará do papel o claudicante 'Brasil sem Miséria'. Assina, Dilma!"
DO LÍDER DO PSDB NA CÂMARA, BRUNO ARAÚJO (PE), sobre a emenda que, se sancionada, isenta de impostos e tributos federais os produtos da cesta básica.
contraponto
Se não pode vencê-los...
Obrigado a suportar diariamente as músicas reproduzidas pelos grevistas em carros de som, Alexandre Padilha (Saúde) resolveu ser blasé com os servidores que protestam na Esplanada. Outro dia, quando entrava no ministério, foi abordado pelo grupo:
-Ministro, dá três reais para a nossa galinhada?
Ele imediatamente contribuiu. Mais tarde, no almoço, ouviu uma queixa do garçom:
-Não aguento mais essas músicas.
-Pois eu acho que vou estranhar mesmo quando acabar- respondeu Padilha.
A declaração de Gilberto Carvalho sobre o mensalão, dissonante do pedido de silêncio de Dilma Rousseff aos ministros sobre o caso, foi de iniciativa própria, segundo interlocutores do Planalto, e teve como objetivo acalmar José Dirceu. No final de semana, o ex-titular da Casa Civil reclamou com Lula e Carvalho de que circulava versão segundo a qual Dilma estaria torcendo por sua condenação. Ambos procuraram tranquilizar o aliado, mas levaram a queixa à presidente.
Quem? Dilma, que não tem acompanhado as jornadas do STF, pede informações específicas a assessores. "Quem o Márcio defende mesmo?", perguntou, no inicio da semana, sobre a participação do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos no caso.
Turva Entre as agruras dos ministros com as horas de sessão uma das mais comuns é a queixa de ardume nos olhos pelo longo tempo diante da tela do computador, agravado pela seca de Brasília. Ricardo Lewandowski usa lágrima artificial, receitada por oftalmologista.
Sedentário Já o atlético Luiz Fux se ressente de não poder fazer a corrida matinal pelas quadras do Lago Sul, onde mora. Assessores recomendaram que suspendesse a rotina para evitar abordagens sobre o mensalão.
Rito de passagem Petistas opinam que José Antônio Dias Toffoli não terá como pedir a condenação dos expoentes do partido, nem para demonstrar independência. "Ele veio daqui, não tem como romper assim com sua história. Fará isso desta vez e depois se sentirá liberado de qualquer compromisso", diz um insider do partido.
Suprapartidário Em conversa com o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), José Dirceu se mostrou "sereno" com a nova fase do julgamento, na qual o espaço é voltado à defesa dos réus. "Todo mundo liga para o Zé. Até a oposição", disse.
Piquete Dilma falou cobras e lagartos para Lula sobre a CUT, que considera responsável pela greve generalizada do funcionalismo. E recusou conselhos para receber os grevistas. Nem os ministros palacianos estão autorizados a negociar.
E aí? José Eduardo Cardozo será cobrado pela presidente caso os delegados da PF decidam aderir à paralisação. O ministro da Justiça afiançou a ela que essa hipótese estaria descartada.
O cara Enquanto a greve corrói o humor presidencial, quem segue marcando pontos no "dilmômetro" é Luís Inácio Adams. Além de ter achado a justificativa legal para substituir grevistas por servidores estaduais em setores como portos e a Anvisa, ontem ele obteve vitória judicial para obrigar a manutenção de serviços essenciais.
Melhor não Aloizio Mercadante (Educação) cancelou sua participação hoje na abertura da Bienal do Livro, em São Paulo. Reservadamente, o ministro expressou a organizadores preocupação com possível manifestação de professores em greve. Enviou como representante César Callegari, secretário de Educação Básica.
Oremos Quem chama a atenção na feira, realizada no Pavilhão do Anhembi, é Edir Macedo. O líder da Igreja Universal montou suntuoso estande em formato de templo religioso para comercializar os livros da editora Unipro.
Para a plateia O convite para Hussain Aref Saab comparecer à Câmara foi articulado por Gilberto Kassab. O prefeito quer evitar caracterização de "operação-abafa" de sua bancada no escândalo que derrubou o ex-diretor. Funcionário aposentado, ele pode recusar o chamado.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"Depois do 'Veta, Dilma!', chegou a hora da campanha que tirará do papel o claudicante 'Brasil sem Miséria'. Assina, Dilma!"
DO LÍDER DO PSDB NA CÂMARA, BRUNO ARAÚJO (PE), sobre a emenda que, se sancionada, isenta de impostos e tributos federais os produtos da cesta básica.
contraponto
Se não pode vencê-los...
Obrigado a suportar diariamente as músicas reproduzidas pelos grevistas em carros de som, Alexandre Padilha (Saúde) resolveu ser blasé com os servidores que protestam na Esplanada. Outro dia, quando entrava no ministério, foi abordado pelo grupo:
-Ministro, dá três reais para a nossa galinhada?
Ele imediatamente contribuiu. Mais tarde, no almoço, ouviu uma queixa do garçom:
-Não aguento mais essas músicas.
-Pois eu acho que vou estranhar mesmo quando acabar- respondeu Padilha.
Aparecer e não aparecer - LUIZ FERNANDO VERISSIMO
O GLOBO - 09/08
Há controvérsias. Alguns acham que juiz de futebol bom é o que não aparece. Outros acham que juiz bom é o que impõe sua autoridade, mesmo tendo que recorrer ao histrionismo e a gestos enérgicos. Ou seja: quanto mais aparecer, melhor. Já entre os juízes togados, “aparecer” ou não “aparecer” significa se ater aos autos, na linguagem jurídica, ou julgar de acordo com suas convicções pessoais, sua personalidade e o momento. Um juiz julgar, ou aparecer, além ou a despeito dos autos não é necessariamente um defeito: muitas vezes os autos dizem pouco e a verdade depende da sensibilidade de quem os interpreta. Os ministros do Supremo Tribunal Federal que julgam o mensalão estarão em evidência nas próximas semanas e a Nação terá a possibilidade de estudá-los de perto e conhecer o jeito de cada um. Alguns têm personalidades mais fortes do que outros. Os egos também variam. O importante – para continuar a analogia com juiz de futebol – é que sejam justos, não favoreçam nenhum lado indevidamente e deem, figurativamente, todos os pênaltis.
A nomeação de juízes para a corte suprema é uma tarefa presidencial equivalente, em importância, a qualquer outra decisão administrativa ou política do governo. Pode-se até dizer, exagerando só um pouco, que o legado maior de um presidente ao país é a qualidade dos juízes que deixa na corte quando seu governo acaba. Nos Estados Unidos, a re-eleição do Dobliu Bush se deveu à maioria conservadora da corte, que literalmente lhe doou a presidência, interrompendo os debates sobre a lisura das eleições e ignorando protestos legítimos contra o arbítrio da sua decisão. Foi um caso extremo, para não dizer supremo, de interferência politicamente motivada do poder judiciário nos destinos daquela república, feita sem o menor pudor. Mas os juízes que re-elegeram Bush sempre votaram (e ainda votam, pois a maioria continua) de acordo com a intenção dos governos conservadores que os botaram lá, o que é natural e legítimo. O caso Bush foi apenas uma suspensão passageira do senso de medida.
Aqui, como lá, são todos homens honrados, que se aterão aos autos ou julgarão de acordo com seus instintos. No atual julgamento, uns aparecerão mais, outros aparecerão menos, mas é difícil imaginar que algum deles vote de acordo com uma prévia agenda política, ou por lealdade a quem o nomeou. De qualquer maneira, nas próximas semanas vamos conhecê-los de perto.
Mais um ano se passou - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 09/08
Já se foi quase metade do governo de Dilma Rousseff. Para ser mais preciso, 40%, nesta semana. E daí? E daí que o tempo restante de Dilma é menor que 60%.
Em termos de tempos parlamentares, já se foi mais da metade mesmo, pois o Congresso estará sem uso até o segundo trimestre do ano que vem. Como a presidente não apresentou grande projeto, dê-se como perdida também a primeira metade de 2013.
Em termos econômicos, é difícil que o país cresça muito além de 3,5% em 2013, a não ser que o país tome algum anabolizante nocivo.
Na média dos três anos, o Brasil terá crescido uns 2,6%, não muito melhor que a média de FHC, 2,3%, e pior que a média de Lula 1 (3,5%).
Resta apenas o ano da Copa de 2014 para o milagre do crescimento dilmiano.
Dilma não tem nada para mostrar? Até que tem. Vai levar a taxa de juros para o menor nível da história, deixando evidente que a Selic estava inflada em parte por inércia ou algo que o valha.
Goste-se ou não, o governo conseguiu manipular o câmbio, colocando o preço do dólar numa banda em torno de R$ 2 (sim, teve a ajuda do refluxo de dólares, mas não só).
Mas Dilma não mostrou grande coisa, e pouco tempo terá para fazê-lo, no que diz respeito a mudanças institucionais. Entenda-se: alterações permanentes no modo de fazer as coisas, em especial na economia.
A presidente nem ao menos implementou um plano de mudanças incrementais relevantes. Talvez o faça na área de impostos e custos de energia, mas até agora temos apenas intenções.
No máximo, fez força pela aprovação do plano de pensão dos servidores públicos, uma herança (negligente) do governo Lula.
No que diz respeito ao crescimento, reconheça-se que muita vez o presidente de turno não pode ser considerado responsável pelos resultados de curto prazo. Claro, há casos de incompetência extrema e de crescimentos turbinados e insustentáveis. Mas não se trata disso aqui.
Dilma herdou uma inflação ruim de Lula 2. Herdou um câmbio hipervalorizado (dólar barato). Estreou seu governo em plena ressaca da curta recuperação mundial de 2010, ressaca que dura até agora.
Até as nossas exportações fraquejam, por causa do preço menor de commodities e falta de mercado para nossas manufaturas caras.
Não pode contar com o aumento velocíssimo do crédito dos anos Lula para impulsionar o crescimento. Nem com a incorporação de muita gente ao mercado de trabalho. O desemprego está em nível historicamente baixo. Não será daí que virá crescimento extra mais acelerado.
No curto prazo, Dilma poderia ter incrementado a taxa de investimento público. Mas, excluído o Minha Casa, Minha Vida, o investimento declina desde que ela assumiu. Dilma não teve capacidade gerencial para fazer o investimento andar.
Poderia ter planos de legar um país mais ágil ao sucessor. Um plano de reformas por si só já daria mais ânimo ao investidor privado. Mas Dilma jamais apresentou um plano de governo.
A COLUNA MUDA
Esta coluna passa a ser publicada três vezes por semana, nas edições de terça-feira, quinta-feira e domingo (em vez de cinco vezes).
Este colunista agora escreve de Cambridge, Massachusetts, EUA, numa temporada universitária.
Em termos de tempos parlamentares, já se foi mais da metade mesmo, pois o Congresso estará sem uso até o segundo trimestre do ano que vem. Como a presidente não apresentou grande projeto, dê-se como perdida também a primeira metade de 2013.
Em termos econômicos, é difícil que o país cresça muito além de 3,5% em 2013, a não ser que o país tome algum anabolizante nocivo.
Na média dos três anos, o Brasil terá crescido uns 2,6%, não muito melhor que a média de FHC, 2,3%, e pior que a média de Lula 1 (3,5%).
Resta apenas o ano da Copa de 2014 para o milagre do crescimento dilmiano.
Dilma não tem nada para mostrar? Até que tem. Vai levar a taxa de juros para o menor nível da história, deixando evidente que a Selic estava inflada em parte por inércia ou algo que o valha.
Goste-se ou não, o governo conseguiu manipular o câmbio, colocando o preço do dólar numa banda em torno de R$ 2 (sim, teve a ajuda do refluxo de dólares, mas não só).
Mas Dilma não mostrou grande coisa, e pouco tempo terá para fazê-lo, no que diz respeito a mudanças institucionais. Entenda-se: alterações permanentes no modo de fazer as coisas, em especial na economia.
A presidente nem ao menos implementou um plano de mudanças incrementais relevantes. Talvez o faça na área de impostos e custos de energia, mas até agora temos apenas intenções.
No máximo, fez força pela aprovação do plano de pensão dos servidores públicos, uma herança (negligente) do governo Lula.
No que diz respeito ao crescimento, reconheça-se que muita vez o presidente de turno não pode ser considerado responsável pelos resultados de curto prazo. Claro, há casos de incompetência extrema e de crescimentos turbinados e insustentáveis. Mas não se trata disso aqui.
Dilma herdou uma inflação ruim de Lula 2. Herdou um câmbio hipervalorizado (dólar barato). Estreou seu governo em plena ressaca da curta recuperação mundial de 2010, ressaca que dura até agora.
Até as nossas exportações fraquejam, por causa do preço menor de commodities e falta de mercado para nossas manufaturas caras.
Não pode contar com o aumento velocíssimo do crédito dos anos Lula para impulsionar o crescimento. Nem com a incorporação de muita gente ao mercado de trabalho. O desemprego está em nível historicamente baixo. Não será daí que virá crescimento extra mais acelerado.
No curto prazo, Dilma poderia ter incrementado a taxa de investimento público. Mas, excluído o Minha Casa, Minha Vida, o investimento declina desde que ela assumiu. Dilma não teve capacidade gerencial para fazer o investimento andar.
Poderia ter planos de legar um país mais ágil ao sucessor. Um plano de reformas por si só já daria mais ânimo ao investidor privado. Mas Dilma jamais apresentou um plano de governo.
A COLUNA MUDA
Esta coluna passa a ser publicada três vezes por semana, nas edições de terça-feira, quinta-feira e domingo (em vez de cinco vezes).
Este colunista agora escreve de Cambridge, Massachusetts, EUA, numa temporada universitária.
CLAUDIO HUMBERTO
“Uma das páginas mais bonitas de sua história”
Senador Pedro Simon (PMDB-RS) e o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal
PARA LULA, DECISÃO DO SUPREMO FAVORECE DIRCEU
Em almoço na última sexta com presidente do PCdoB, Renato Rabelo, o ex-presidente Lula disse que a decisão do Supremo Tribunal Federal de refutar o desmembramento do processo do “mensalão” favorece o ex-ministro José Dirceu. Os petistas temiam que o ex-ministro fosse preso, caso o processo voltasse à primeira instância. Segundo Rabelo, Lula evitou tratar do tema, e deu preferência ao assunto das eleições.
EM QUEDA
Durante a conversa, Lula afirmou que, pelo andar da carruagem, a tendência é o tucano José Serra cair mais nas pesquisas paulistanas.
PROVA DO APOIO
Renato Rabelo aproveitou para reafirmar que o PCdoB apoia o projeto nacional de Dilma e Lula. O partido está com o PT em São Paulo e BH.
CONTRAPARTIDA
O PT abriu mão de candidaturas em prol do PCdoB em Jundiaí (SP), Juazeiro (BA), Foz do Iguaçu (PR) e Florianópolis (SC).
MEGERAS
O advogado de Delúbio Soares justificou a “pobreza” do cliente dizendo que ele ainda “mora com a sogra”. Vai ver, é medo dela também.
AJUDANTES DE ORDEM JÁ NÃO SUPORTAM ESTILO DILMA
Jovens oficiais das três armas declinam de convites para integrar a Ajudância de Ordens da presidente Dilma. Exercer essa função é uma honraria ambicionada, até porque conta pontos preciosos na carreira e pode abrir portas a promoções. Mas não é fácil suportar o jeito estúpido de ser da presidente. Em junho de 2011, E.H., capitã de fragata, oficial brilhante, cansou dos esculachos, jogou tudo para o alto, literalmente, e ameaçou se demitir da Marinha, caso não a retirassem da Ajudância.
NINGUÉM QUER
A oficial E.H. conseguiu se livrar das humilhações, mas a Marinha não encontrou substituto. A vaga foi confiada a oficial do Exército.
A NATA DA NATA
Ajudantes de ordem de presidentes são jovens militares escolhidos a dedo, primeiros de turma, disciplinados e admirados em sua Força.
EU, NÃO, VIOLÃO
Outros ajudantes de ordem já pediram para sair, mas os comandos militares têm dificuldade de encontrar quem aceite substituí-los.
CAPITULAÇÃO
Os tempos são outros. A manifestação de policiais federais em frente ao Ministério da Justiça, ontem, teve como fundo musical Marcelo D2, que chegou a ser preso por suas composições de apologia à maconha.
PAÍS RICO
A Petrobras dá prejuízo, mas funcionários da subsidiária Transpetro trocaram as salas de reunião da estatal pelo hotel Infinnity Blue, em Balneário Camboriú (SC), com praia privativa, spa, bebida liberada etc.
FEIO É PERDER
De olho no segundo turno, PT e PSDB decidiram por enquanto não convocar Celso Russomanno (PRB), candidato em São Paulo, para explicar seu suposto envolvimento no esquema Cachoeira.
CHUMBO TROCADO
O líder do PT, Jilmar Tatto (SP), acusou o tucano Eduardo Azeredo de inaugurar o mensalão, em Minas, e ouviu o troco: “Quem são eles para falar? Lula declarou apenas R$ 3 milhões na campanha de 1998”.
NA MUDA
Nem às paredes confesso? A ex-mulher de Carlinhos Cachoeira, Andrea Aprígio, extrapolou, ontem, no “direito constitucional de ficar calada”. Chorou e emudeceu até na sessão secreta da CPI.
ESTRATÉGICO
Para Vanderlei Macris (PSDB-SP), o pedido da ex-mulher de Cachoeira, Andréia Aprígio, para falar em sessão secreta na CPMI foi estratégico: “Ela não queria ficar se negando a responder em frente às câmeras”.
HÁ CONTROVÉRSIA
Todas as correntes do PT apoiaram o atual diretor Julio Miragaya para presidir a Codeplan, celebrizada nos vídeos pornográficos do delator do mensalão do DEM no DF. Mas servidores do órgão detestaram.
TIMGANEI
Para faturar até R$ 5 milhões a mais por dia, a TIM derruba ligações de clientes do plano Infinity, que pagam por número de chamadas e não pela duração delas. E leva até três horas para entregar mensagens de celular. A Anatel parece fingir não ver a gravidade do caso.
PERGUNTA NO ORELHÃO
Será que agora cai a ficha de empresas como a TIM, com a ameaça de criação da CPI das Operadoras?
PODER SEM PUDOR
PROFISSÃO: EMBROMADOR
Na campanha presidencial de 1989, Paulo Maluf esteve em Natal (RN) e foi entrevistado no programa do jornalista Petit das Virgens, na TV. Espaçoso, foi chegando e saudando o entrevistador como a um velho amigo. Pouco mais de um mês depois, Maluf rasgaria a máscara. Ele retornou ao mesmo programa da TV Tropical e lá estava outro jornalista, Miranda Sá, substituto e fisicamente muito diferente do primeiro. Maluf o saudou, efusivo:
- Olá, grande Petit das Virgens, aqui estou de volta. Como vai a família?
Senador Pedro Simon (PMDB-RS) e o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal
PARA LULA, DECISÃO DO SUPREMO FAVORECE DIRCEU
Em almoço na última sexta com presidente do PCdoB, Renato Rabelo, o ex-presidente Lula disse que a decisão do Supremo Tribunal Federal de refutar o desmembramento do processo do “mensalão” favorece o ex-ministro José Dirceu. Os petistas temiam que o ex-ministro fosse preso, caso o processo voltasse à primeira instância. Segundo Rabelo, Lula evitou tratar do tema, e deu preferência ao assunto das eleições.
EM QUEDA
Durante a conversa, Lula afirmou que, pelo andar da carruagem, a tendência é o tucano José Serra cair mais nas pesquisas paulistanas.
PROVA DO APOIO
Renato Rabelo aproveitou para reafirmar que o PCdoB apoia o projeto nacional de Dilma e Lula. O partido está com o PT em São Paulo e BH.
CONTRAPARTIDA
O PT abriu mão de candidaturas em prol do PCdoB em Jundiaí (SP), Juazeiro (BA), Foz do Iguaçu (PR) e Florianópolis (SC).
MEGERAS
O advogado de Delúbio Soares justificou a “pobreza” do cliente dizendo que ele ainda “mora com a sogra”. Vai ver, é medo dela também.
AJUDANTES DE ORDEM JÁ NÃO SUPORTAM ESTILO DILMA
Jovens oficiais das três armas declinam de convites para integrar a Ajudância de Ordens da presidente Dilma. Exercer essa função é uma honraria ambicionada, até porque conta pontos preciosos na carreira e pode abrir portas a promoções. Mas não é fácil suportar o jeito estúpido de ser da presidente. Em junho de 2011, E.H., capitã de fragata, oficial brilhante, cansou dos esculachos, jogou tudo para o alto, literalmente, e ameaçou se demitir da Marinha, caso não a retirassem da Ajudância.
NINGUÉM QUER
A oficial E.H. conseguiu se livrar das humilhações, mas a Marinha não encontrou substituto. A vaga foi confiada a oficial do Exército.
A NATA DA NATA
Ajudantes de ordem de presidentes são jovens militares escolhidos a dedo, primeiros de turma, disciplinados e admirados em sua Força.
EU, NÃO, VIOLÃO
Outros ajudantes de ordem já pediram para sair, mas os comandos militares têm dificuldade de encontrar quem aceite substituí-los.
CAPITULAÇÃO
Os tempos são outros. A manifestação de policiais federais em frente ao Ministério da Justiça, ontem, teve como fundo musical Marcelo D2, que chegou a ser preso por suas composições de apologia à maconha.
PAÍS RICO
A Petrobras dá prejuízo, mas funcionários da subsidiária Transpetro trocaram as salas de reunião da estatal pelo hotel Infinnity Blue, em Balneário Camboriú (SC), com praia privativa, spa, bebida liberada etc.
FEIO É PERDER
De olho no segundo turno, PT e PSDB decidiram por enquanto não convocar Celso Russomanno (PRB), candidato em São Paulo, para explicar seu suposto envolvimento no esquema Cachoeira.
CHUMBO TROCADO
O líder do PT, Jilmar Tatto (SP), acusou o tucano Eduardo Azeredo de inaugurar o mensalão, em Minas, e ouviu o troco: “Quem são eles para falar? Lula declarou apenas R$ 3 milhões na campanha de 1998”.
NA MUDA
Nem às paredes confesso? A ex-mulher de Carlinhos Cachoeira, Andrea Aprígio, extrapolou, ontem, no “direito constitucional de ficar calada”. Chorou e emudeceu até na sessão secreta da CPI.
ESTRATÉGICO
Para Vanderlei Macris (PSDB-SP), o pedido da ex-mulher de Cachoeira, Andréia Aprígio, para falar em sessão secreta na CPMI foi estratégico: “Ela não queria ficar se negando a responder em frente às câmeras”.
HÁ CONTROVÉRSIA
Todas as correntes do PT apoiaram o atual diretor Julio Miragaya para presidir a Codeplan, celebrizada nos vídeos pornográficos do delator do mensalão do DEM no DF. Mas servidores do órgão detestaram.
TIMGANEI
Para faturar até R$ 5 milhões a mais por dia, a TIM derruba ligações de clientes do plano Infinity, que pagam por número de chamadas e não pela duração delas. E leva até três horas para entregar mensagens de celular. A Anatel parece fingir não ver a gravidade do caso.
PERGUNTA NO ORELHÃO
Será que agora cai a ficha de empresas como a TIM, com a ameaça de criação da CPI das Operadoras?
PODER SEM PUDOR
PROFISSÃO: EMBROMADOR
Na campanha presidencial de 1989, Paulo Maluf esteve em Natal (RN) e foi entrevistado no programa do jornalista Petit das Virgens, na TV. Espaçoso, foi chegando e saudando o entrevistador como a um velho amigo. Pouco mais de um mês depois, Maluf rasgaria a máscara. Ele retornou ao mesmo programa da TV Tropical e lá estava outro jornalista, Miranda Sá, substituto e fisicamente muito diferente do primeiro. Maluf o saudou, efusivo:
- Olá, grande Petit das Virgens, aqui estou de volta. Como vai a família?
QUINTA NOS JORNAIS
- Globo: A hora do mensalão – Defesa do Banco Rural culpa executivo morto
- Folha: Onda de greves se alastra e desafia governo Dilma
- Estadão: Pressão de servidores faz governo negociar reajuste
- Correio: Servidores e governo medem força. O país paga
- Valor: Dilma endurece com grevistas
- Estado de Minas: Universidades federais – Cotas da discórdia
- Zero Hora: Aposentadoria prevista
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