FOLHA DE SP - 13/02
Quem diz que as relações virtuais são menos complexas, autênticas e sinceras do que as reais?
Como seriam nossas relações com uma máquina que fosse capaz de crescer, evoluir, aprender igual a um ser humano? E essa máquina, que talvez se tornasse autônoma, como ela se relacionaria conosco?
Uso uma distinção famosa, entre apocalípticos e integrados, feita por Umberto Eco em 1965. Os apocalípticos achariam que, se as máquinas se tornassem autônomas, elas planejariam o fim da humanidade: numa revanche parricida contra seu criador, elas seriam exterminadoras do futuro.
Os integrados pensariam que máquinas autônomas serão nossos companheiros e companheiras ideais, numa nova era em que nunca nos faltarão amigos.
Não sou nem apocalíptico nem integrado. Mais próximo do "Blade Runner, O Caçador de Androides", de Ridley Scott, acho que os robôs quase humanos são igualmente inquietantes e adoráveis.
Enfim, estreia amanhã "Ela", de Spike Jonze. É a história de um escritor profissional de cartas de amor (Joaquin Phoenix), o qual se relaciona amorosamente com um sistema operacional, que lhe faz companhia, organiza sua vida, interessa-se realmente por ele e fala com a voz encantadora de Scarlett Johansson.
Assisti ao filme com uma amiga, e ambos o achamos maravilhoso e comovente. Para minha amiga (mais apocalíptica), a moral da história é que a tecnologia parece nos conectar, mas nos separa: o protagonista mal enxerga a amiga (real) que mora no apê ao lado (e que, aliás, também se apaixona por um sistema operacional).
Os argumentos de minha amiga se pareciam com os do último livro de Sherry Turkle, que foi apóstola das novas tecnologias e se tornou apocalíptica, "Alone Together" (juntos e sozinhos, Basic Books).
Há ideias de Turkle com as quais concordo. Primeiro, sua cruzada pedagógica para que a gente aprenda desde cedo a ficar sozinho: "Quem não aprende a ficar sozinho só saberá se sentir abandonado".
Ou, então, a ideia de que a tecnologia nos seduz porque responde a nossas fraquezas. Por exemplo, a gente não gosta de estar sozinho, mas tem medo da intimidade: a tecnologia nos dá a ilusão da companhia sem as exigências excessivas da amizade. Por isso, o sucesso dos amores virtuais, das paixões de chat, do sexo na webcam. Nessa direção, pensa Turkle, quem sabe um dia os robôs sejam os companheiros de nossos sonhos.
O problema com as considerações de Turkle é a suposição nostálgica de que, no passado, tudo estivesse melhor. Por exemplo, os amores virtuais seriam tristes substitutos dos amores reais.
Mas será mesmo que, até aqui, nós vivíamos extraordinários amores "reais"? Claro, a pele e o toque têm seu charme. Mas, fora isso, quem diz que as relações virtuais são menos complexas, menos autênticas e menos sinceras do que as reais? Explique isso ao protagonista de "Ela", que ganha a vida escrevendo cartas falsas para amores "reais". No gigantesco baile de máscaras das relações amorosas, é difícil fazer a diferença entre parceiros que se falam e parceiros que se teclam --e mesmo entre homens e máquinas.
A nostalgia apocalíptica leva Turkle (e muitos outros) a enxergar o mundo por um filtro de evidências enganosas. Olhe ao seu redor, no metrô: todo o mundo "textando" e ninguém se falando. Mas, meu amigo, no metrô ninguém nunca se falou, a não ser para pedir esmola ou para assaltar.
De onde vem a ideia de que seríamos hoje conectados e solitários, casados mais com nossos smartphones do que com a pessoa sentada na nossa frente? Pois é, ela vem da nostalgia dos apocalípticos.
A pesquisa diz diferente. O sociólogo Keith Hampton estuda há tempos a interação social nos espaços públicos (http://migre.me/hOAEd e, no "NYT", http://migre.me/hOAIi). Ele compara extensos registros filmados de lugares públicos dos EUA.
Qual é a grande mudança dos últimos 30 anos? É que há mais mulheres que se aventuram a circular sozinhas. E o smartphone? Pois é, nos espaços com wi-fi público, quase ninguém que esteja num grupo prefere se conectar a conversar --só aparecem manipulando seu "phone" os que estão sozinhos. E são poucos, 7%.
E eu, o que eu pensei saindo do cinema? Pensei que "Ela" é a história alegre e triste de um amor que dava certo ou não --como a maioria dos amores, que esbarram na nossa burrice neurótica. Nada prova que a amiga do apê ao lado seja uma companheira melhor do que o sistema operacional. As máquinas, em tese, deveriam ser menos neuróticas que a gente, embora, infelizmente, elas aprendam a ser humanas nos imitando.
quinta-feira, fevereiro 13, 2014
Fumar é fogo e nadar é água - MARIO SERGIO CONTI
O GLOBO - 13/02
O sublime é uma satisfação estética na qual a beleza está associada ao perigo e à intimidação, e serve como prenúncio da morte
Fumar distingue os humanos dos animais. Nadar é um modo humano de beirar o animal. Fumar e nadar visam vencer o tempo. Inspira-se veneno e se obtém inspiração para viver. Expira-se fumaça como treino para expirar, extinguir-se. Fuma-se para matar o tempo. Se nada para virar nada: deixar-se envolver pela água, percorrê-la até esquecer-se de si mesmo, não sentir o tempo passar. Nadar e fumar colidem mas têm algo em comum, o sublime.
Kant enfileira na “Analítica do sublime” uma série de imagens atemorizantes: rochas que se projetam contra o céu como uma ameaça,vulcões, nuvens de tempestade arremetendo com relâmpagos e trovões, cataratas de um rio caudaloso, furacões, “o imenso oceano em fúria”. Esses fenômenos naturais têm tal força que tornam risível o poder do indivíduo de resistir a eles. Aí Kant anota: “Mas se estivermos em segurança, o espetáculo torna-se muito atraente, na medida em que é apropriado para causar medo; e de bom grado qualificamos essas coisas de sublimes”. É de um porto seguro que o ser se mede com a onipotência da natureza aterrorizante.
O sublime, portanto, é uma satisfação estética na qual a beleza está associada ao perigo e à intimidação, e serve como prenúncio da morte. Kant — que não fumava — parece descrever o fascínio do cigarro. É encantador o suave narcótico que centra o ser no espaço, resguarda-o da rugosa interação humana, condensa uma névoa que oculta os relógios. Nesse meio tempo, o cigarro empesteia tudo em torno, entope o pulmão de peçonha, mutila a vontade, vicia o sujeito na mercadoria, liga a jugular do indivíduo à indústria. Por meio de moléstias, definhamento e falta de ar, abrevia a vida da pessoa que quer continuar a fumar, dar uma última tragada, mas não já, na semana que vem, talvez. O sublime fica na esquina do prazer com o perigo.
Como o prazer é agora e o perigo só virá depois, não há cidade, povo e cultura que, expostos ao petardo de tabaco e nicotina, o tenha dispensado. Sete bilhões de pessoas vivem hoje, um bilhão fuma. Não há pesquisa científica, foto de amputado no verso do maço e onda de proibição que possam vencer o cigarro. Elas repetem a invectiva do rei James I, da Inglaterra, que em 1604 escreveu: “fumar é desagradável à visão, repulsivo ao olfato, perigoso ao cérebro e nocivo ao pulmão por propagar emanações ao redor do fumante tão fétidas quanto as que provêm do inferno”.
Se for trocada a noção religiosa de inferno por uma referência a câncer, a frase poderia abrilhantar um relatório de saúde pública escrito hoje. O ímpeto repressivo é idêntico. Porque fumar é gostoso. E o prazer tem que ser impedido, é o que defendem todas as seitas. Mas não proibido de maneira absoluta: há que se pensar nas transnacionais do fumo e plantações de tabaco, na indústria da saúde e no comércio do vício. Tudo isso propicia emprego e lucro, faz o capital girar, move o mundo.
Cigarro não é droga. Ele não altera a percepção de maneira perceptível. Não materializa sherazades como o crack, o álcool e a heroína. É aceito socialmente, apesar das restrições. Dá ao abstêmio uma sensação de superioridade em relação ao fumante. Em resposta, o viciado adota modos cool, faz e caras e bocas para os caretas. Todos ficam bem. E ambos podem nadar.
O conceito de sublime de Kant foi influenciado por Edmund Burke. Num livro de título quilométrico — “Uma investigação filosófica acerca da origem das nossas ideias do sublime e do belo” — o pensador irlandês viu maravilhas na associação entre deleite e medo. Ele usa o mar como exemplo. Fala da sua agitação constante, do receio que ele inspira, das ondas que se repetem, da “vibração” provocada pelo obscuro oceano. Emprega a expressão “tranquilidade tingida de horror”.
O nadador busca essa tranquilidade tingida de horror. Ele mergulha no meio que lhe é hostil. É um peixe fora d’água com algum autocontrole. Uma tesoura a cortar a água. Ele cansa, tem dificuldade em se concentrar. Angustia-se com a monotonia. Não vê nada além de nesgas entrecortadas e um fundo embaçado. Cogita parar. É aos poucos que se adapta ao líquido. O nado agora é constante, ritmado. O tempo parou. Deixa de ser alguém para virar algo: “não o morto nem o eterno ou o divino, apenas o vivo, o pequenino, calado, indiferente e solitário vivo”. A piscina é um imenso maço de cigarros.
A sacerdotisa Hero ficava numa torre no litoral grego. Toda noite, ela acendia uma tocha para orientar Leandro, na Turquia, a atravessar o estreito do Helesponto. Eles então se amavam. Uma noite veio a tempestade e apagou o fogo. Leandro se afogou e Hero se suicidou. Byron, que fumava como um turco e nadava como um grego, cruzou o Helesponto a nado e fez um poema sobre o assunto.
O sublime é uma satisfação estética na qual a beleza está associada ao perigo e à intimidação, e serve como prenúncio da morte
Fumar distingue os humanos dos animais. Nadar é um modo humano de beirar o animal. Fumar e nadar visam vencer o tempo. Inspira-se veneno e se obtém inspiração para viver. Expira-se fumaça como treino para expirar, extinguir-se. Fuma-se para matar o tempo. Se nada para virar nada: deixar-se envolver pela água, percorrê-la até esquecer-se de si mesmo, não sentir o tempo passar. Nadar e fumar colidem mas têm algo em comum, o sublime.
Kant enfileira na “Analítica do sublime” uma série de imagens atemorizantes: rochas que se projetam contra o céu como uma ameaça,vulcões, nuvens de tempestade arremetendo com relâmpagos e trovões, cataratas de um rio caudaloso, furacões, “o imenso oceano em fúria”. Esses fenômenos naturais têm tal força que tornam risível o poder do indivíduo de resistir a eles. Aí Kant anota: “Mas se estivermos em segurança, o espetáculo torna-se muito atraente, na medida em que é apropriado para causar medo; e de bom grado qualificamos essas coisas de sublimes”. É de um porto seguro que o ser se mede com a onipotência da natureza aterrorizante.
O sublime, portanto, é uma satisfação estética na qual a beleza está associada ao perigo e à intimidação, e serve como prenúncio da morte. Kant — que não fumava — parece descrever o fascínio do cigarro. É encantador o suave narcótico que centra o ser no espaço, resguarda-o da rugosa interação humana, condensa uma névoa que oculta os relógios. Nesse meio tempo, o cigarro empesteia tudo em torno, entope o pulmão de peçonha, mutila a vontade, vicia o sujeito na mercadoria, liga a jugular do indivíduo à indústria. Por meio de moléstias, definhamento e falta de ar, abrevia a vida da pessoa que quer continuar a fumar, dar uma última tragada, mas não já, na semana que vem, talvez. O sublime fica na esquina do prazer com o perigo.
Como o prazer é agora e o perigo só virá depois, não há cidade, povo e cultura que, expostos ao petardo de tabaco e nicotina, o tenha dispensado. Sete bilhões de pessoas vivem hoje, um bilhão fuma. Não há pesquisa científica, foto de amputado no verso do maço e onda de proibição que possam vencer o cigarro. Elas repetem a invectiva do rei James I, da Inglaterra, que em 1604 escreveu: “fumar é desagradável à visão, repulsivo ao olfato, perigoso ao cérebro e nocivo ao pulmão por propagar emanações ao redor do fumante tão fétidas quanto as que provêm do inferno”.
Se for trocada a noção religiosa de inferno por uma referência a câncer, a frase poderia abrilhantar um relatório de saúde pública escrito hoje. O ímpeto repressivo é idêntico. Porque fumar é gostoso. E o prazer tem que ser impedido, é o que defendem todas as seitas. Mas não proibido de maneira absoluta: há que se pensar nas transnacionais do fumo e plantações de tabaco, na indústria da saúde e no comércio do vício. Tudo isso propicia emprego e lucro, faz o capital girar, move o mundo.
Cigarro não é droga. Ele não altera a percepção de maneira perceptível. Não materializa sherazades como o crack, o álcool e a heroína. É aceito socialmente, apesar das restrições. Dá ao abstêmio uma sensação de superioridade em relação ao fumante. Em resposta, o viciado adota modos cool, faz e caras e bocas para os caretas. Todos ficam bem. E ambos podem nadar.
O conceito de sublime de Kant foi influenciado por Edmund Burke. Num livro de título quilométrico — “Uma investigação filosófica acerca da origem das nossas ideias do sublime e do belo” — o pensador irlandês viu maravilhas na associação entre deleite e medo. Ele usa o mar como exemplo. Fala da sua agitação constante, do receio que ele inspira, das ondas que se repetem, da “vibração” provocada pelo obscuro oceano. Emprega a expressão “tranquilidade tingida de horror”.
O nadador busca essa tranquilidade tingida de horror. Ele mergulha no meio que lhe é hostil. É um peixe fora d’água com algum autocontrole. Uma tesoura a cortar a água. Ele cansa, tem dificuldade em se concentrar. Angustia-se com a monotonia. Não vê nada além de nesgas entrecortadas e um fundo embaçado. Cogita parar. É aos poucos que se adapta ao líquido. O nado agora é constante, ritmado. O tempo parou. Deixa de ser alguém para virar algo: “não o morto nem o eterno ou o divino, apenas o vivo, o pequenino, calado, indiferente e solitário vivo”. A piscina é um imenso maço de cigarros.
A sacerdotisa Hero ficava numa torre no litoral grego. Toda noite, ela acendia uma tocha para orientar Leandro, na Turquia, a atravessar o estreito do Helesponto. Eles então se amavam. Uma noite veio a tempestade e apagou o fogo. Leandro se afogou e Hero se suicidou. Byron, que fumava como um turco e nadava como um grego, cruzou o Helesponto a nado e fez um poema sobre o assunto.
Decepção virtual - CORA RÓNAI
O GLOBO - 13/02
Conhecer melhor as pessoas é uma das grandes vantagens e desvantagens das redes sociais
Uma das grandes vantagens das redes sociais é que, nelas, passamos a conhecer melhor as pessoas. Uma das grandes desvantagens das redes sociais é que, nelas, passamos a conhecer melhor as pessoas. Ao longo dos últimos dias, tive — como tivemos todos nós, jornalistas — uma overdose de ambas; e posso dizer, com convicção absoluta, que não estou preparada emocionalmente para conhecer melhor as pessoas.
Pegando o mote do meu amigo João Ximenes Braga, não sei de ninguém que, perto de mim, defenda a violência policial. Como ele, nunca tive um amigo, conhecido, pessoa de qualquer relação, que defendesse que bandido bom é bandido morto. Nunca ouvi essa frase enunciada em ambiente no qual eu estivesse presente, a não ser em tom de brincadeira ou reprovação. Também não tenho amigos que apoiem o Bolsonaro, o Marcos Feliciano ou a Rachel Sheherazade — de quem, aliás, eu nunca tinha ouvido falar. Meus amigos e conhecidos tendem a ser pessoas cordiais e afáveis, que fazem o bem, respeitam a lei e o próximo. De modo que, como o João, eu também achava que estava razoavelmente a salvo do convívio com pessoas de má-fé, intelectualmente desonestas ou, na melhor das hipóteses, insensíveis e sem noção. Daquilo, enfim, que o João, resumida e apropriadamente, definiu como “gente babaca”. Até que...
______
Não, não aconteceu de uma vez só. Foi aos poucos. Quando as manifestações foram sequestradas pelos black blocs, em meados de 2013, passei a conhecer melhor muitas pessoas. Foi um choque. Vi gente que até então eu tinha em alta conta defendendo a violência nas ruas como forma de manifestação legítima; vi pessoas que até então me pareciam civilizadas relativizando comportamentos absolutamente inaceitáveis, como a destruição de bancas de revistas ou o saque de lojas, para não falar na sistemática destruição de equipamentos públicos. Tentei argumentar com alguns (na verdade, muitos); escrevi duas ou três vezes sobre o assunto aqui mesmo, no jornal; usei blog, Twitter e Facebook na tentativa de explicar para onde aquela violência fatalmente nos conduziria. Fui chamada de — como é que vocês adivinharam? — burguesa da Zona Sul, reacionária, elite branca. E jornalista.
É que, àquela altura, já havia começado a caça às bruxas. Com a imprensa transformada em vilã, nós, jornalistas, passamos a ser ofendidos, acuados, agredidos. Tornei a escrever, sugerindo aos descontentes mudarem de canal em vez de queimar carros de reportagem. E de novo fui surpreendida pela reação de algumas pessoas supostamente educadas, que justificavam as agressões feitas aos meus colegas porque, afinal, a cobertura das manifestações não estava bem de acordo com o que a Mídia Ninja ou os black blocs imaginavam que deveria ser.
— Mas vocês acham sinceramente que isso justifica bater em repórter e em cinegrafista?! Vocês acham que está certo expulsar jornalista de espaço público?! Vocês querem mesmo um país sem imprensa?!
Os esclarecidos davam metaforicamente de ombros. Naqueles dias em que a Mídia Ninja ainda parecia ser um projeto independente, era cool defender os black blocs que atacavam jornalistas; por outro lado, era muito pouco cool reconhecer que repórteres, cinegrafistas e fotógrafos eram trabalhadores de carne e osso, que estavam sendo hostilizados e feridos, e cujos direitos estavam sendo cerceados.
Jamais esquecerei o vídeo em que uma equipe da Band, expulsa de uma manifestação, só conseguiu chegar ao carro passando por um corredor polonês de imbecis descontrolados, que se achavam ungidos pela Verdade Revolucionária, na definição perfeita do meu colega Fernando Mollica. Nunca vi nada mais parecido com uma cena de filme sobre a ascensão do nazismo, com a diferença de que aquilo era real e estava acontecendo logo ali.
______
Quando eu achava que já tinha visto de tudo, e que daquele ponto a decepção não passaria, foi anunciada a morte cerebral do cinegrafista Santiago Andrade. Acredito que estilhaços do rojão que o matou atingiram também a alma de todos nós que somos jornalistas, que nos orgulhamos da nossa profissão e que sabemos da importância da liberdade de imprensa para um país que se quer democrático. Os mais velhos, entre os quais me incluo, nos lembramos bem do que é trabalhar sob censura.
Pois não é que várias pessoas que eu imaginara serem gente de bem escolheram exatamente essa hora para abdicar da própria inteligência? Li coisas de um nível de estupidez indescritível, geralmente associadas à conjunção adversativa mau-caratista que tem sido a marca registrada do país: “Tá, o cinegrafista morreu, mas — e a violência da polícia?”.
Isso para não falar nos que acham que a morte de Santiago não foi assassinato, mas “acidente”, e que nós, jornalistas, estamos exagerando ao dar a um crime o nome que lhe cabe. Ora, nunca vi ninguém acender estopim de “acidente”, um “acontecimento repentino, fortuito e desagradável” na definição do dicionário.
Foram pessoas como os assassinos do Santiago que afastaram o povo das manifestações, ao transformar os protestos em batalhas campais; são canalhas assim, que soltam rojões no meio da multidão, que estão enfim dando aos políticos e à polícia, de mão beijada, a carta branca que tanto querem para sufocar de vez os protestos legítimos da população.
Mas quem justifica a violência como “movimento” ou “estética”, e quem tenta diminuir a importância da morte de um jornalista no exercício da profissão, também terá a sua culpa no cartório no dia em que não pudermos mais sair às ruas — rotulados, todos, de terroristas, para indizível gáudio do governo.
Conhecer melhor as pessoas é uma das grandes vantagens e desvantagens das redes sociais
Uma das grandes vantagens das redes sociais é que, nelas, passamos a conhecer melhor as pessoas. Uma das grandes desvantagens das redes sociais é que, nelas, passamos a conhecer melhor as pessoas. Ao longo dos últimos dias, tive — como tivemos todos nós, jornalistas — uma overdose de ambas; e posso dizer, com convicção absoluta, que não estou preparada emocionalmente para conhecer melhor as pessoas.
Pegando o mote do meu amigo João Ximenes Braga, não sei de ninguém que, perto de mim, defenda a violência policial. Como ele, nunca tive um amigo, conhecido, pessoa de qualquer relação, que defendesse que bandido bom é bandido morto. Nunca ouvi essa frase enunciada em ambiente no qual eu estivesse presente, a não ser em tom de brincadeira ou reprovação. Também não tenho amigos que apoiem o Bolsonaro, o Marcos Feliciano ou a Rachel Sheherazade — de quem, aliás, eu nunca tinha ouvido falar. Meus amigos e conhecidos tendem a ser pessoas cordiais e afáveis, que fazem o bem, respeitam a lei e o próximo. De modo que, como o João, eu também achava que estava razoavelmente a salvo do convívio com pessoas de má-fé, intelectualmente desonestas ou, na melhor das hipóteses, insensíveis e sem noção. Daquilo, enfim, que o João, resumida e apropriadamente, definiu como “gente babaca”. Até que...
______
Não, não aconteceu de uma vez só. Foi aos poucos. Quando as manifestações foram sequestradas pelos black blocs, em meados de 2013, passei a conhecer melhor muitas pessoas. Foi um choque. Vi gente que até então eu tinha em alta conta defendendo a violência nas ruas como forma de manifestação legítima; vi pessoas que até então me pareciam civilizadas relativizando comportamentos absolutamente inaceitáveis, como a destruição de bancas de revistas ou o saque de lojas, para não falar na sistemática destruição de equipamentos públicos. Tentei argumentar com alguns (na verdade, muitos); escrevi duas ou três vezes sobre o assunto aqui mesmo, no jornal; usei blog, Twitter e Facebook na tentativa de explicar para onde aquela violência fatalmente nos conduziria. Fui chamada de — como é que vocês adivinharam? — burguesa da Zona Sul, reacionária, elite branca. E jornalista.
É que, àquela altura, já havia começado a caça às bruxas. Com a imprensa transformada em vilã, nós, jornalistas, passamos a ser ofendidos, acuados, agredidos. Tornei a escrever, sugerindo aos descontentes mudarem de canal em vez de queimar carros de reportagem. E de novo fui surpreendida pela reação de algumas pessoas supostamente educadas, que justificavam as agressões feitas aos meus colegas porque, afinal, a cobertura das manifestações não estava bem de acordo com o que a Mídia Ninja ou os black blocs imaginavam que deveria ser.
— Mas vocês acham sinceramente que isso justifica bater em repórter e em cinegrafista?! Vocês acham que está certo expulsar jornalista de espaço público?! Vocês querem mesmo um país sem imprensa?!
Os esclarecidos davam metaforicamente de ombros. Naqueles dias em que a Mídia Ninja ainda parecia ser um projeto independente, era cool defender os black blocs que atacavam jornalistas; por outro lado, era muito pouco cool reconhecer que repórteres, cinegrafistas e fotógrafos eram trabalhadores de carne e osso, que estavam sendo hostilizados e feridos, e cujos direitos estavam sendo cerceados.
Jamais esquecerei o vídeo em que uma equipe da Band, expulsa de uma manifestação, só conseguiu chegar ao carro passando por um corredor polonês de imbecis descontrolados, que se achavam ungidos pela Verdade Revolucionária, na definição perfeita do meu colega Fernando Mollica. Nunca vi nada mais parecido com uma cena de filme sobre a ascensão do nazismo, com a diferença de que aquilo era real e estava acontecendo logo ali.
______
Quando eu achava que já tinha visto de tudo, e que daquele ponto a decepção não passaria, foi anunciada a morte cerebral do cinegrafista Santiago Andrade. Acredito que estilhaços do rojão que o matou atingiram também a alma de todos nós que somos jornalistas, que nos orgulhamos da nossa profissão e que sabemos da importância da liberdade de imprensa para um país que se quer democrático. Os mais velhos, entre os quais me incluo, nos lembramos bem do que é trabalhar sob censura.
Pois não é que várias pessoas que eu imaginara serem gente de bem escolheram exatamente essa hora para abdicar da própria inteligência? Li coisas de um nível de estupidez indescritível, geralmente associadas à conjunção adversativa mau-caratista que tem sido a marca registrada do país: “Tá, o cinegrafista morreu, mas — e a violência da polícia?”.
Isso para não falar nos que acham que a morte de Santiago não foi assassinato, mas “acidente”, e que nós, jornalistas, estamos exagerando ao dar a um crime o nome que lhe cabe. Ora, nunca vi ninguém acender estopim de “acidente”, um “acontecimento repentino, fortuito e desagradável” na definição do dicionário.
Foram pessoas como os assassinos do Santiago que afastaram o povo das manifestações, ao transformar os protestos em batalhas campais; são canalhas assim, que soltam rojões no meio da multidão, que estão enfim dando aos políticos e à polícia, de mão beijada, a carta branca que tanto querem para sufocar de vez os protestos legítimos da população.
Mas quem justifica a violência como “movimento” ou “estética”, e quem tenta diminuir a importância da morte de um jornalista no exercício da profissão, também terá a sua culpa no cartório no dia em que não pudermos mais sair às ruas — rotulados, todos, de terroristas, para indizível gáudio do governo.
Ueba! Bravobosa e Lesmandovski! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 13/02
Dos grandes ministros do Supremo: ministro da Birra e ministro da Picuinha! Deve ser tudo combinado
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E adorei essa placa na padaria: "Pudim de Leite Condenado". Deve ser a sobremesa na Papuda! Rarará! Pudim de leite condenado com crime de leite!
E o tuiteiro Hassur: "Imaginei o Genoino de avental ao lado da Palmirinha, falando: Hoje vou ensiná-los a fazer um pudim de leite condenado'". Rarará!
E nesta semana teve o Dia do Zelador. Diz que foi em homenagem ao PMDB, o zelador do Brasil. Rarará!
E STF quer dizer Supremo Telecatch Federal: Bravobosa X Lesmandowski! Parece dupla cômica tipo Oscarito e Grande Otelo, O Gordo e o Magro, Valéria Bandida e Janete! Uma Zorra Total!
Dois grandes ministros do Supremo: ministro da Birra e ministro da Picuinha! Deve ser tudo combinado. De propósito.
"Devido ao grande sucesso no Mensalão 1, voltamos com a dupla dinâmica no Mensalão 2, 3 e 4: Os Geriátricos da Breca". Esse Bravobosa tem fixação no Zé Dirceu!
E o futebol? O site Futirinhas diz que a fase do Corinthians tá tão ruim, mas tão ruim, que seria vice numa final com o Vasco! O Vice do Vice Vasco! Esse seria o próximo título do Corinthians: Vice do Vice Vasco! Rarará!
E essa do FuteboldaDepressão: "Adriano assina com o Atlético-PR e para comemorar bebe até a tinta da caneta". Porre de Bic! E esse deveria ser o primeiro item do contrato do Adriano: passar o Carnaval em Curitiba! Rarará!
E essa Frente Frita? Sensação térmica: garrafa térmica. Sensação térmica: ovo frito! Sensação térmica: quero ir pra praia! Sensação térmica: Fudex!
E essa seca? O Brasil tá mais seco que língua de papagaio! O mar vai virar sertão. E ontem eu disse que nessa economia de água não dá mais nem pra bater uma no chuveiro. Esse é o lado péssimo do racionamento: o chuveiro agora só serve pra tomar banho. E rápido! E por enquanto! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! Mais dois para a minha série Os Predestinados! Funcionário da TAM do departamento de Receita Voada: Flavio Piloto. E esse instrutor de paraquedismo? Fernando Pombo. Vulgo Pombinho! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje, só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Dos grandes ministros do Supremo: ministro da Birra e ministro da Picuinha! Deve ser tudo combinado
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E adorei essa placa na padaria: "Pudim de Leite Condenado". Deve ser a sobremesa na Papuda! Rarará! Pudim de leite condenado com crime de leite!
E o tuiteiro Hassur: "Imaginei o Genoino de avental ao lado da Palmirinha, falando: Hoje vou ensiná-los a fazer um pudim de leite condenado'". Rarará!
E nesta semana teve o Dia do Zelador. Diz que foi em homenagem ao PMDB, o zelador do Brasil. Rarará!
E STF quer dizer Supremo Telecatch Federal: Bravobosa X Lesmandowski! Parece dupla cômica tipo Oscarito e Grande Otelo, O Gordo e o Magro, Valéria Bandida e Janete! Uma Zorra Total!
Dois grandes ministros do Supremo: ministro da Birra e ministro da Picuinha! Deve ser tudo combinado. De propósito.
"Devido ao grande sucesso no Mensalão 1, voltamos com a dupla dinâmica no Mensalão 2, 3 e 4: Os Geriátricos da Breca". Esse Bravobosa tem fixação no Zé Dirceu!
E o futebol? O site Futirinhas diz que a fase do Corinthians tá tão ruim, mas tão ruim, que seria vice numa final com o Vasco! O Vice do Vice Vasco! Esse seria o próximo título do Corinthians: Vice do Vice Vasco! Rarará!
E essa do FuteboldaDepressão: "Adriano assina com o Atlético-PR e para comemorar bebe até a tinta da caneta". Porre de Bic! E esse deveria ser o primeiro item do contrato do Adriano: passar o Carnaval em Curitiba! Rarará!
E essa Frente Frita? Sensação térmica: garrafa térmica. Sensação térmica: ovo frito! Sensação térmica: quero ir pra praia! Sensação térmica: Fudex!
E essa seca? O Brasil tá mais seco que língua de papagaio! O mar vai virar sertão. E ontem eu disse que nessa economia de água não dá mais nem pra bater uma no chuveiro. Esse é o lado péssimo do racionamento: o chuveiro agora só serve pra tomar banho. E rápido! E por enquanto! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! Mais dois para a minha série Os Predestinados! Funcionário da TAM do departamento de Receita Voada: Flavio Piloto. E esse instrutor de paraquedismo? Fernando Pombo. Vulgo Pombinho! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje, só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
O incrível e o inacreditável - LUIS FERNANDO VERISSIMO
O Estado de S.Paulo - 13/02
"Incrível" e "inacreditável" querem dizer a mesma coisa - e não querem. "Incrível" é elogio. Você acha incrível o que é difícil de acreditar de tão bom. Já inacreditável é o que você se recusa a acreditar de tão nefasto, nefário e nefando - a linha média do Execrável Futebol Clube.
Incrível é qualquer demonstração de um talento superior, seja o daquela moça por quem ninguém dá nada e abre a boca e canta como um anjo, o do mirrado reserva que entra em campo e sai driblando tudo, inclusive a bandeirinha do corner, o do mágico que tira moedas do nariz e transforma lenços em pombas brancas, o do escritor que torneia frases como se as esculpisse.
Inacreditável seria o Jair Bolsonaro na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara em substituição ao Feliciano, uma ilustração viva da frase "ir de mal a pior".
Incrível é a graça da neta que sai dançando ao som da Bachiana n.º 5 do Villa-Lobos como se não tivesse só cinco anos, é o ator que nos toca e a atriz que nos faz rir ou chorar só com um jeito da boca, é o quadro que encanta e o pôr do sol que enleva.
Inacreditável é, depois de dois mil anos de civilização cristã, existir gente que ama seus filhos e seus cachorros e se emociona com a novela e, mesmo assim, defende o vigilantismo brutal, como se fazer justiça fosse enfrentar a barbárie com a barbárie, e salvar uma sociedade fosse embrutecê-la até a autodestruição.
Incrível, realmente incrível, é o brasileiro que leva uma vida decente mesmo que tudo à sua volta o chame para o desespero e a desforra.
Inacreditável é que a reação mais forte à vinda de médicos estrangeiros para suprir a falta de atendimento no interior do Brasil, e a exploração da questão dos cubanos insatisfeitos para sabotar o programa, venha justamente de associações médicas.
Incrível é um solo do Yamandu.
Inacreditável é este verão.
"Incrível" e "inacreditável" querem dizer a mesma coisa - e não querem. "Incrível" é elogio. Você acha incrível o que é difícil de acreditar de tão bom. Já inacreditável é o que você se recusa a acreditar de tão nefasto, nefário e nefando - a linha média do Execrável Futebol Clube.
Incrível é qualquer demonstração de um talento superior, seja o daquela moça por quem ninguém dá nada e abre a boca e canta como um anjo, o do mirrado reserva que entra em campo e sai driblando tudo, inclusive a bandeirinha do corner, o do mágico que tira moedas do nariz e transforma lenços em pombas brancas, o do escritor que torneia frases como se as esculpisse.
Inacreditável seria o Jair Bolsonaro na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara em substituição ao Feliciano, uma ilustração viva da frase "ir de mal a pior".
Incrível é a graça da neta que sai dançando ao som da Bachiana n.º 5 do Villa-Lobos como se não tivesse só cinco anos, é o ator que nos toca e a atriz que nos faz rir ou chorar só com um jeito da boca, é o quadro que encanta e o pôr do sol que enleva.
Inacreditável é, depois de dois mil anos de civilização cristã, existir gente que ama seus filhos e seus cachorros e se emociona com a novela e, mesmo assim, defende o vigilantismo brutal, como se fazer justiça fosse enfrentar a barbárie com a barbárie, e salvar uma sociedade fosse embrutecê-la até a autodestruição.
Incrível, realmente incrível, é o brasileiro que leva uma vida decente mesmo que tudo à sua volta o chame para o desespero e a desforra.
Inacreditável é que a reação mais forte à vinda de médicos estrangeiros para suprir a falta de atendimento no interior do Brasil, e a exploração da questão dos cubanos insatisfeitos para sabotar o programa, venha justamente de associações médicas.
Incrível é um solo do Yamandu.
Inacreditável é este verão.
A volta de Monique - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 13/02
Já a filha, Barbara Evans, 22 anos, desfila pela Grande Rio.
Silicone na folia...
Aliás, a Mocidade terá uma ala com manifestantes vindos do espaço, dentro do enredo Pernambucópolis.
Os seres de outros planetas reivindicam menos silicone na folia, mais samba no pé e menos caretice.
Eu sou da Terra mesmo, mas apoio.
Cuidado, Dilma
Esse jogo para celular, o Flappybird, sucesso entre a garotada, ganhou versões novas.
Agora, é possível personalizar o jogo. Criaram até um com a Dilma: ganha quem levar a presidente até o fim sem que ela seja atingida pela Câmara.
Maldade...
Na versão do jogo com Cláudia Leitte, o objetivo é conseguir passar por Ivete Sangalo sem ser derrubada.
Seios à mostra
A 10ª Câmara Cível do Rio negou recurso da “Playboy” e manteve a sentença que obriga a editora da publicação a indenizar Ísis Valverde, a atriz, em R$ 40 mil.
É que a revista publicou uma foto dela com os seios de fora.
Questão de pudor
As senhorinhas evangélicas do Morro da Formiga, no Rio, pediram à UPP que pare de multar os mototáxis que levam passageiros sentados de lado na garupa.
Embora o Código de Trânsito proíba, elas só conseguem andar daquela maneira por causa de suas saias longas.
Gois em Sochi
O esquema russo de segurança em Sochi está um tanto paranoico.
Enquanto lanchava no McDonald’s, o narrador do SporTV Daniel Pereira usava inocentemente o seu próprio celular como roteador para acessar a internet.
De repente, um policial russo apareceu perguntando “who is dandan?”.
Calma, gente...
Só depois que Daniel se tocou que era o nome da rede sem fio dele.
Ao que o policial, histérico, gritou que é proibido usar outra rede que não seja a do centro de mídia e ainda ameaçou lhe cassar a credencial.
Mundo da fantasia
A Verus Editora, do grupo Record, prepara a 50ª edição de “A batalha do apocalipse”, de Eduardo Spohr.
Desde 2007 o livro já vendeu 480 mil cópias.
Crise da picanha
A família Mocellin, fundadora do Porcão, entrou na Justiça contra o Grupo BFG, os novos donos da rede.
Reclama dívida de R$ 30 milhões.
Acabou em samba
Esta loja na Rua Sá Ferreira, em Copacabana, perto da subida para o PavãoPavãozinho, vende uma fantasia infantil curiosa.
É uma minifarda da “Força Pacificadora”, mas com uma boina que tem “faca na caveira”.
Piratas na Guanabara
Embarcações atracadas ao longo da enseada da Praia de Botafogo, no Rio, têm sido saqueadas. Ontem, moleques se jogaram da ponte na entrada da Urca e foram até o Iate Clube para roubar uma lancha.
A turma do clube chamou a polícia e conseguiu impedi-los.
Segue...
Semana passada, Evandro Soares, dono de uma outra lancha, não teve a mesma sorte. Sua embarcação, estacionada perto da Urca, foi roubada e levada para Itacuruçá. O dono ainda está tentando resgatá-la.
A queixa foi registrada na 10ª DP e na Capitania dos Portos.
Diário de Justiça
Thor Batista, processado por ter revelado a quantia que deu à família do ciclista que atropelou e matou, tenta derrubar a decisão que deu gratuidade de Justiça à mulher e à tia da vítima.
Como teriam recebido ajuda de R$1 milhão, elas, segundo a defesa do filho de Eike, podem pagar as custas judiciais. O caso vai ser decidido pela 10ª Vara Cível do Rio.
Grande Hotel
A cadeia Holiday Inn vai ter seu primeiro hotel no Rio.
Será no Porto, administrado pelo grupo Internacional, numa parceria com a Odebrecht.
BAILE SENSUAL - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 13/02
Sobre as cenas de sexo com Cauã Reymond, a atriz declara à revista "TPM" que os dois fizeram um "pas de deux" (dança de casal no balé). "Ele me puxava, me jogava. Rolou um balé mesmo. Teve uma cena em que eu dei o rosto para ele me dar um beijo e ele me deu um tapa. Levantei com um sorriso, uma safadeza."
Com a fama, a paraense quer ajudar a "quebrar" a ideia errada de que seu Estado é "essa coisa humilde, sem educação, sem cultura". Segundo ela, não é nada disso. "Estudei no melhor colégio, tive uma formação intelectual sólida."
FOGO NO LARANJAL
Mais um grupo empresarial de peso abre fogo contra o governo Dilma Rousseff nos bastidores: o Cutrale, maior produtor de suco de laranja do mundo. O conglomerado está prestes a ser "despejado" de um terminal do porto de Santos por onde exporta parte de sua produção. Pediu prorrogação de dois anos no contrato. Não foi atendido.
SOCORRO
A família Cutrale já procurou integrantes do PT e interlocutores de Lula para dizer que está com estoques de sucos abarrotados, prestes a demitir pessoas e a cortar a compra de laranjas. No mercado se fala na possibilidade de prejuízo de até US$ 200 milhões por ano. O governo foi avisado, mas não cedeu.
BOCA FECHADA
O plano da presidente Dilma Rousseff era fazer a licitação para a concessão de portos em 2013, mas o TCU (Tribunal de Contas da União) barrou até agora o processo. A Cutrale propunha ficar no terminal que ocupa até a realização da concorrência, da qual pretendia participar. Procurada, a empresa não se manifesta. A Secretaria dos Portos não deu resposta até a conclusão desta edição.
QUE SUSTO!
E Lula, que sempre foi uma espécie de "ouvidor-geral", procurado por aqueles que têm queixa do governo Dilma, disse a interlocutores que, ainda assim, ficou surpreso com o grau de descontentamento do setor agrícola e exportador de SP. Ele sentiu a temperatura alta no jantar de Ribeirão Preto com líderes do agronegócio. "Aqui só vamos tomar pau", chegou a dizer a outros petistas sobre a campanha de reeleição de Dilma.
AMPLIFICADOR
No mesmo jantar, empresários chegaram a dizer que o governo, querendo melhorar, acabou destruindo a gestão dos portos.
ARCO-ÍRIS
Uma imobiliária que anunciou um apartamento na rua da Consolação com a recomendação de "não alugar para homossexual" foi multada em R$ 19 mil pela Secretaria de Estado da Justiça de São Paulo. A Bellutti Imóveis pediu a conversão da pena para advertência, mas o órgão negou.
A Bellutti declara que o caso "ainda está na esfera administrativa e cabe recurso judicial".
ARCO-ÍRIS 2
Segundo a secretaria, não foi apresentado nenhum argumento novo capaz de justificar a revisão. "Decisões como esta são uma forma de educar a sociedade", diz Eloisa Arruda, titular da pasta. "Quando uma empresa sofre a punição, a repercussão não é só para ela. Serve também de exemplo para outras." Desde 2002, o órgão abriu 307 inquéritos para investigar casos de discriminação sexual --foram 68 condenações e 99 absolvições.
O HOMEM...
Zico Goes, ex-diretor de conteúdo da MTV, já finalizou o livro que fez sobre os bastidores do canal. Entre as revelações, ele conta que a emissora interferia na contagem de votos do "Disk MTV", um de seus programas de maior audiência. O ajuste era feito para que a parada de hits "tivesse mais regularidade".
...QUE SABIA DEMAIS
Outro tema abordado é o relacionamento difícil com a apresentadora Daniella Cicarelli. A ex-modelo foi ameaçada de demissão caso não topasse que piadas sobre o vídeo em que aparecia em cenas íntimas com o então namorado fossem feitas no VMB, premiação do canal. "Lembro-me de ela ter chutado a porta do camarim e gritado Seus chupins!'", diz.
CASO DE POLÍCIA
O deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) autografou o livro "Operação Satiagraha", ao lado da mulher, Roberta, anteontem, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. O lançamento da obra sobre a ação de 2008 da Polícia Federal contou com a presença do poeta Eduardo Alves da Costa, do vereador Orlando Silva (PCdoB-SP) e do deputado estadual Fernando Capez (PSDB-SP).
SESSÃO NOTURNA
O diretor Beto Souza fez pré-estreia gratuita do filme "Insônia" anteontem, no Espaço Itaú de Cinema da rua Augusta. A atriz Lara Rodrigues, que faz parte do elenco, participou do evento. Luana Piovani também atua na comédia romântica.
CURTO-CIRCUITO
A exposição coletiva de fotos "NY Under" começa hoje, na ApArt, nos Jardins.
Tulipa Ruiz faz show hoje com repertório de seus dois discos, no Cine Joia, na Liberdade, às 23h. 16 anos.
A marca de design de móveis Vitra abre showroom hoje na Vila Madalena.
O futuro dos protestos - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 13/02
Quem é você? Diga logo
O PSB acaba de receber pesquisa qualitativa, voltada para a classe C, aplicada nos grandes centros urbanos do estado de São Paulo. O diagnóstico sobre as eleições presidenciais é o seguinte: “A presidente Dilma não é carismática”, “Eduardo Campos é desconhecido” e “Aécio Neves é muito mauricinho”. Os eleitores afirmam que o ex-presidente Lula sempre está por trás da presidente Dilma e que ela “não é simpática”. Implantados no governo Lula, os programas sociais mais conhecidos são o Bolsa Família e o ProUni (Universidade). É elevado o percentual de entrevistados convencidos de que há desperdício de dinheiro público na Copa do Mundo.
“Há um vagão cheio de gente querendo a volta do Lula. Mas ele está no projeto vida feliz. Ele é recebido como rei aonde vai. É influente. E sem os encargos e as chatices do poder”
Jorge Sameck, Presidente da Itaipu Binacional
De quem é esse palanque?
O PROS e o PSB se acertaram no Rio. O deputado Miro Teixeira concorrerá ao governo e Romário, ao Senado. Marina Silva foi evasiva. O deputado Alfredo Sirkis não quis: “A eleição de 1998, para presidente, bastou como experiência kamikaze”.
São todos iguais?
O PSOL está baratinado por ter sido vinculado ao radicalismo dos black blocs. O deputado Chico Alencar (RJ) perguntou, num dia desses, para o vereador do Rio Eliomar Coelho: “Quem é essa Sininho?”. A resposta: “Ela detesta políticos e partidos. Para ela, o (Jorge) Picciani (presidente do PMDB no Rio) e você (Chico Alencar) são a mesma coisa”.
Segurar dentro de casa
O ministro José Múcio (TCU) foi procurado pelo ex-presidente Lula. O petista quer reunir forças políticas para minar a candidatura de Eduardo Campos (PSB) em seu estado, Pernambuco.
Costurando a tropa
O deputado José Stédile (PSB), irmão de João Pedro Stédile, do MST, será o vice da candidatura da senadora Ana Amélia (PP) ao governo gaúcho. A chapa vai apoiar o socialista Eduardo Campos para o Planalto e quer atrair o PMDB com a vaga ao Senado. Mas este partido resiste. Teme reduzir sua bancada para a Câmara dos Deputados.
A aposta
Deputados faziam bookmaker ontem do placar da cassação do mandato de Natan Donadon. Previam que ele teria de dez a 15 votos a seu favor. A Câmara não quer sofrer novo desgaste.
Intriga de salão
Recepção ao presidente do TJ-SP, desembargador José Nalini, na sexta-feira, reuniu o vice Michel Temer e o governador Geraldo Alckmin. Reza a lenda que Temer e Alckmin, e os outros 60 convidados, trataram das eleições presidenciais.
OS TUCANOS afirmam que o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), réu do mensalão mineiro, está muito assustado com seu julgamento.
À queima-roupa - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 13/02
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência só informou ontem o Planalto sobre o iminente protesto do MST. Avisada, Dilma Rousseff decidiu despachar do Palácio do Alvorada à tarde, quando milhares de sem-terra marcharam sobre a praça dos Três Poderes. A presidente deve receber hoje de manhã uma comissão encabeçada por João Pedro Stédile. Em entrevista recente, Stédile apontou crescimento de Eduardo Campos (PSB) entre os militantes do movimento.
Campo minado O protesto do MST em frente ao palácio preocupa setores do PT por se somar às crescentes críticas de expoentes do agronegócio ao governo Dilma.
Colorados Quando os sem-terra tomaram a praça, o STF discutia um processo sobre o reconhecimento de paternidade de um filho do ex-jogador Falcão na Itália. "É a torcida do Internacional que veio defender seu ídolo", brincou um dos ministros.
Minha hora... Depois de Joaquim Barbosa revogar três decisões tomadas por ele quando esteve na presidência interina do STF, Ricardo Lewandowski tem dito a interlocutores que "quem decide por último ri melhor". Barbosa tem mais nove meses à frente da corte e, depois, o atual vice assume o posto.
...vai chegar Ao justificar uma das liminares revistas por Barbosa, o ministro disse que, no caso de Florianópolis, por exemplo, não há reajuste do IPTU há 16 anos.
Timing Após a morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, a federalização de crimes contra jornalistas voltou à pauta do governo. Na terça-feira, José Eduardo Cardozo (Justiça) reunirá outros ministros para discutir como a Polícia Federal pode agir em casos envolvendo profissionais da mídia.
Nada a declarar Natan Donadon evitou pedir votos contra sua cassação a deputados da bancada do PMDB, à qual pertencia.
Chateados Constrangidos, deputados que votaram contra a cassação de Donadon quando a votação era secreta, diziam ontem que esperavam que o colega renunciasse ao mandato para evitar nova sessão com voto aberto, em pleno ano eleitoral.
Ufa! Tucanos paulistas demonstraram alívio com o favoritismo de Márcio França como nome do PSB para disputar o governo do Estado. A avaliação é que França, que foi secretário de Geraldo Alckmin e chegou a ser cotado para seu vice, poupará o governador, diferentemente do que ocorreria caso o nome fosse ligado à Rede.
Com o PIB Eduardo Campos (PSB) retomou sua agenda de contatos com empresários. Marcou palestra para a cúpula da Associação Comercial de São Paulo no dia 10 de março. A entidade é ligada a Gilberto Kassab e Guilherme Afif, próceres do PSD, que já anunciou apoio a Dilma.
Grão em grão Com o afastamento de aliados, Alckmin tem tentado ampliar o leque de alianças. Na segunda-feira, recebeu o Pros, dono de cerca de 20 segundos no horário eleitoral. Nas palavras de um auxiliar, o tucano está "ciscando para dentro".
Defesa Alvo da Procuradoria Eleitoral paulista por propaganda antecipada, Paulo Skaf (PMDB) já escolheu o coordenador jurídico de sua campanha. Será Hélio Silveira, que trabalhou para Fernando Haddad (PT) em 2012, e para o próprio Skaf e Marina Silva (PSB) em 2010.
Alfinetada O governador Tião Viana enfureceu delegados da Polícia Federal ao defender na semana passada, diante do diretor-geral da corporação, Leandro Daiello, projeto de emenda à Constituição que acaba com a divisão de carreiras na PF.
Onde pega Os delegados interpretaram o discurso como uma tentativa de intimidação devido à operação G7, deflagrada no ano passado e que apontou esquema de corrupção no primeiro escalão do governo de Viana.
tiroteio
"O IPTU é um imposto local que gera benefício nas cidades. Prefeitos e vereadores foram eleitos para decidir sobre esse assunto."
DE JOSÉ FORTUNATI (PDT), prefeito de Porto Alegre e presidente da Frente Nacional de Prefeitos, sobre decisão de Joaquim Barbosa de impedir reajustes.
contraponto
A herança de cada um
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, sempre cita o avô paterno, Cury Habib Haddad, como sua grande referência espiritual. Em conversa recente com assessores, no gabinete, o petista brincava com o fato de não ser de uma família de políticos tradicionais:
-Tem um monte de netos na política: Eduardo, Aécio, ACM... Já que meu avô não era político, ele poderia me dar uma mãozinha com as coisas lá de cima!
Companheiros desalinhados - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 13/02
No encontro, Campos será lembrado sobre aquilo que ele já sabe: o PPS, em São Paulo, apoiará a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). “Respeitamos a posição de Marina (Marina Silva, da Rede, provável vice de Eduardo na chapa presidencial). Mas esta é nossa posição”, sacramentou Freire.
Para o presidente nacional do PPS, além de ter feito um bom governo, apoiar Alckmin poderá ser bom para Eduardo Campos. “Não adianta disputar uma eleição presidencial com aliados sem competitividade nos estados. Rede e PSB podem até lançar nomes, mas eles não terão chances”, prevê o dirigente do PPS.
Em Pernambuco, tudo certo
Se a situação de São Paulo está complicada, Eduardo Campos está com tudo alinhado em Pernambuco. Ele deve indicar Maurício Rands para sucedê-lo. Independentemente disso, Raul Henry (PMDB) será o vice e o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) abrirá mão da reeleição para ser puxador de votos do partido na Câmara. O PSDB indicará o nome ao Senado, podendo ser Bruno Araújo ou Sérgio Guerra.
Como dito por aqui
A presidente Dilma Rousseff confirmou ontem a indicação de Mauro Borges para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), conforme antecipou a coluna na terça-feira.
André, não Otto
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) organizará, de fato, uma sessão solene no próximo dia 25 para comemorar os 20 anos do Plano Real. Apesar de mineiro como Aécio, o escritor Otto Lara Rezende não poderá, como disse a coluna ontem, participar da sessão, já que ele morreu em 1988. André Lara Rezende, um dos criadores do Real, deverá estar presente.
Tensão I
A confusão entre o MST e a Polícia Militar, em frente ao Palácio do Planalto, ainda estava no início quando um PM, assustado, gritava para um colega de farda que estava no camburão: “traz o gás, traz o gás”.
Tensão II
Mesmo sem ouvir o pedido do policial, duas senhoras de meia-idade, com camisas vermelhas do MST, atravessaram a rua. Uma delas falou para outra. “Desorganizaram tudo, vamos ficar atrás do camburão que é mais seguro.”
CURTIDAS
Fala que eu te escuto/ Um aliado de José Serra defende que ele se candidate a deputado federal ou senador, não importa qual dos dois cargos escolherá. “Para ser ouvido no que tem a dizer, Serra precisa de um mandato. Não adianta ser tuiteiro ou ficar escrevendo artigos para jornal.”
Convite nas nuvens?/ Na próxima terça-feira, a presidente Dilma Rousseff visitará Teresina para o lançamento do PAC Mobilidade Piauí. Ela viajará ao lado do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro e do presidente do PP, Ciro Nogueira (foto). A bancada do partido na Câmara reza para que ela convide Ciro para suceder Aguinaldo.
Come back to Bahia/ Se o PP ainda faz charme na aliança nacional com Dilma, o partido já decidiu que está com o PT na Bahia. O ex-ministro das Cidades Mário Negromonte será vice de Rui Costa na chapa para o governo baiano.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 13/02
Empresa investe R$ 100 mi em produção e armazenagem
Após ser comprada pela peruana Alicorp, que trabalha com alimentos, bebidas e produtos de limpeza, a Santa Amália, empresa mineira do setor alimentício, pretende investir cerca de R$ 100 milhões para ampliar sua capacidade de produção e de armazenagem.
O objetivo da companhia é alcançar metade do mercado de Minas Gerais e entrar em outros Estados do país até 2018. No varejo mineiro, a marca detém cerca de 42% das vendas do setor, segundo dados da Nielsen.
O principal investimento será feito na fábrica, sediada em Machado (MG), para expandir sua capacidade produtiva em até 40%.
"Notamos que a demanda de mercado era muito superior à capacidade instalada para a produção de massas", afirma Vicente Barros, CEO da Santa Amália.
Três dos sete centros de distribuição da empresa, em Machado, em Betim (MG) e no Rio de Janeiro, terão sua capacidade de armazenamento ampliada --também em até 40%. As outras quatro unidades estão em Minas, Rio e São Paulo.
Em um segundo momento, o grupo pretende se instalar no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, que hoje são atendidos por distribuidores.
"Transportar macarrão é muito caro no Brasil, pois o baixo valor agregado do produto não permite a empresa cruzar grandes distâncias. Por isso o país é dividido em líderes regionais do setor."
Do montante total, R$ 40 milhões serão aportados na criação e divulgação de uma linha de massas "premium".
HIPOTECA AMERICANA
A taxa de inadimplência em hipotecas nos Estados Unidos caiu abaixo dos 4% pela primeira vez desde a crise de 2008.
O índice de 3,85% foi registrado no último semestre do ano passado, segundo pesquisa da TransUnion, empresa americana de serviços de informação de crédito. O valor se refere aos atrasos de pagamento de 60 dias ou mais.
A última vez que a taxa havia ficado abaixo desse patamar foi no segundo trimestre de 2008, quando atingiu 3,61%. Os últimos três meses de 2013 registraram a oitava queda consecutiva do nível de inadimplência.
Apesar da redução, o índice é o dobro do observado antes da bolha imobiliária, segundo a TransUnion.
A companhia prevê ainda que a inadimplência continue em retração no início deste ano e termine o mês de março em 3,7%.
NOVO PÚBLICO NO INTERIOR
A REP, empresa de shoppings da PDG e da RPI, vai investir R$ 50 milhões na reformulação de seu centro de compras de Valinhos (a cerca de 90 km de São Paulo).
O valor inclui a aquisição de 70% do empreendimento --a companhia já detinha os outros 30%.
O projeto prevê um novo reposicionamento do shopping no mercado para atender a classe A. "Vamos implementar um mix de lojas mais qualificadas. Hoje, ainda estamos voltados para a classe B", afirma o CEO da empresa, Thiago Lima.
"Parte da população de Valinhos frequenta shoppings de Campinas porque não encontra as lojas que procura. Tentaremos reter esse público", acrescenta.
Hoje, cerca de 20 mil pessoas passam pelo centro de compras por mês. A intenção é que esse número cresça 15% após a conclusão das obras, em maio de 2015.
Sem ampliar o prédio do shopping, a empresa aumentará a área bruta locável de 13 mil metros quadrados para 16 mil m2.
Comando A Akatus, plataforma de pagamentos on-line que tem o empresário Carlos Wizard Martins (fundador do Grupo Multi) entre seus investidores, contratou o executivo René Abe para ser o novo presidente da companhia.
À mesa O hotel Grand Hyatt São Paulo acaba de inaugurar seu novo restaurante, o C -- Cultura Caseira, de comida brasileira com influências portuguesa e italiana. Foram investidos R$ 3,9 milhões no projeto.
APOSENTADORIA
Quase quatro em cada dez brasileiros (38%) acreditam que o governo deve ser o maior responsável pelo bem-estar econômico dos idosos, segundo pesquisa feita pelo Pew Research Center.
O Brasil aparece em 14º em uma lista com 21 países.
O ranking é liderado pela Rússia, onde 63% dos entrevistados afirmaram que o poder público deve ser o principal mantenedor da população mais velha.
Nas posições seguintes, ficaram Israel (61%), Quênia (59%), Itália (56%), Espanha (55%) e Argentina (55%).
Na outra ponta, está o Paquistão, com o menor percentual de entrevistados (16%) que apontaram o governo como responsável.
A maioria dos paquistaneses citou que a família ou os próprios idosos devem atender suas necessidades.
Foram ouvidas pelo instituto de pesquisa 22.425 pessoas nos 21 países.
Empresa investe R$ 100 mi em produção e armazenagem
Após ser comprada pela peruana Alicorp, que trabalha com alimentos, bebidas e produtos de limpeza, a Santa Amália, empresa mineira do setor alimentício, pretende investir cerca de R$ 100 milhões para ampliar sua capacidade de produção e de armazenagem.
O objetivo da companhia é alcançar metade do mercado de Minas Gerais e entrar em outros Estados do país até 2018. No varejo mineiro, a marca detém cerca de 42% das vendas do setor, segundo dados da Nielsen.
O principal investimento será feito na fábrica, sediada em Machado (MG), para expandir sua capacidade produtiva em até 40%.
"Notamos que a demanda de mercado era muito superior à capacidade instalada para a produção de massas", afirma Vicente Barros, CEO da Santa Amália.
Três dos sete centros de distribuição da empresa, em Machado, em Betim (MG) e no Rio de Janeiro, terão sua capacidade de armazenamento ampliada --também em até 40%. As outras quatro unidades estão em Minas, Rio e São Paulo.
Em um segundo momento, o grupo pretende se instalar no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, que hoje são atendidos por distribuidores.
"Transportar macarrão é muito caro no Brasil, pois o baixo valor agregado do produto não permite a empresa cruzar grandes distâncias. Por isso o país é dividido em líderes regionais do setor."
Do montante total, R$ 40 milhões serão aportados na criação e divulgação de uma linha de massas "premium".
HIPOTECA AMERICANA
A taxa de inadimplência em hipotecas nos Estados Unidos caiu abaixo dos 4% pela primeira vez desde a crise de 2008.
O índice de 3,85% foi registrado no último semestre do ano passado, segundo pesquisa da TransUnion, empresa americana de serviços de informação de crédito. O valor se refere aos atrasos de pagamento de 60 dias ou mais.
A última vez que a taxa havia ficado abaixo desse patamar foi no segundo trimestre de 2008, quando atingiu 3,61%. Os últimos três meses de 2013 registraram a oitava queda consecutiva do nível de inadimplência.
Apesar da redução, o índice é o dobro do observado antes da bolha imobiliária, segundo a TransUnion.
A companhia prevê ainda que a inadimplência continue em retração no início deste ano e termine o mês de março em 3,7%.
NOVO PÚBLICO NO INTERIOR
A REP, empresa de shoppings da PDG e da RPI, vai investir R$ 50 milhões na reformulação de seu centro de compras de Valinhos (a cerca de 90 km de São Paulo).
O valor inclui a aquisição de 70% do empreendimento --a companhia já detinha os outros 30%.
O projeto prevê um novo reposicionamento do shopping no mercado para atender a classe A. "Vamos implementar um mix de lojas mais qualificadas. Hoje, ainda estamos voltados para a classe B", afirma o CEO da empresa, Thiago Lima.
"Parte da população de Valinhos frequenta shoppings de Campinas porque não encontra as lojas que procura. Tentaremos reter esse público", acrescenta.
Hoje, cerca de 20 mil pessoas passam pelo centro de compras por mês. A intenção é que esse número cresça 15% após a conclusão das obras, em maio de 2015.
Sem ampliar o prédio do shopping, a empresa aumentará a área bruta locável de 13 mil metros quadrados para 16 mil m2.
Comando A Akatus, plataforma de pagamentos on-line que tem o empresário Carlos Wizard Martins (fundador do Grupo Multi) entre seus investidores, contratou o executivo René Abe para ser o novo presidente da companhia.
À mesa O hotel Grand Hyatt São Paulo acaba de inaugurar seu novo restaurante, o C -- Cultura Caseira, de comida brasileira com influências portuguesa e italiana. Foram investidos R$ 3,9 milhões no projeto.
APOSENTADORIA
Quase quatro em cada dez brasileiros (38%) acreditam que o governo deve ser o maior responsável pelo bem-estar econômico dos idosos, segundo pesquisa feita pelo Pew Research Center.
O Brasil aparece em 14º em uma lista com 21 países.
O ranking é liderado pela Rússia, onde 63% dos entrevistados afirmaram que o poder público deve ser o principal mantenedor da população mais velha.
Nas posições seguintes, ficaram Israel (61%), Quênia (59%), Itália (56%), Espanha (55%) e Argentina (55%).
Na outra ponta, está o Paquistão, com o menor percentual de entrevistados (16%) que apontaram o governo como responsável.
A maioria dos paquistaneses citou que a família ou os próprios idosos devem atender suas necessidades.
Foram ouvidas pelo instituto de pesquisa 22.425 pessoas nos 21 países.
Entre caras de pau e pessimistas - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O GLOBO - 13/02
Dentro do governo, dizem que a presidente sabe que seu modelo não funcionou e vai mudar. Mas não vai reconhecer isso
Janet Yellen não cai na categoria “cara de pau”, mas não escapa do grupo dos “pessimistas do fim do mundo” — conforme a classificação feita pela presidente Dilma na festa do PT na última segunda. Presidente do Fed, o banco central dos EUA, Yellen colocou o Brasil entre os cinco emergentes mais frágeis neste processo de mudança do cenário global. Mas não se meteu em política interna brasileira, nem sugeriu mudanças.
A categoria “cara de pau” se aplica mais a brasileiros, diretamente a políticos e especificamente ao governador de Pernambuco e pré-candidato a presidente, Eduardo Campos. Foi ele quem disse: o velho pacto político do PT já mofou e está na hora de o Brasil iniciar um novo ciclo.
Também é “cara de pau” o empresário Pedro Passos, sócio da Natura, que deu entrevista dizendo com todas as letras: “É preciso reconhecer que o modelo se esgotou e que precisamos lançar outro.” Mas Passos está associado a Marina Silva e, portanto, é classificado como “eleitoreiro”.
A categoria “cara de pau”, portanto, tem um propósito politico, enquanto a dos “pessimistas do fim do mundo” se aplica mais a economistas em geral, nacionais e estrangeiros. Caem nela todos aqueles que apontam desequilíbrios crescentes no Brasil.
Mas “cara de pau” cabe também a muitos economistas que, embora sem anunciar fim do ciclo político, entendem que, sim, um ciclo de política econômica terminou e é preciso fazer reformas profundas para sair da armadilha do baixo crescimento.
Delfim Netto, por exemplo, embora amigo do Planalto e embora faça questão de ressalvar que o Brasil está longe do fim do mundo, acaba classificado entre “cara de pau” e “pessimista”. Pode ser embaraçoso, mas é ali que o coloca a tese exposta em recente artigo para o “Valor”. A tese: estamos num fim de ciclo na economia mundial e especialmente para os emergentes, isso apanhando o Brasil com três desequilíbrios importantes e crescentes, a saber, dívida pública elevada, inflação alta e persistente e déficit nas contas externas “longe de ser saudável”.
Ora, esses são justamente os três fundamentos macroeconômicos que Dilma considera “sólidos”, de uma solidez tão evidente que só não vê quem é cara de pau ou quer jogar o Brasil no fim do mundo. O ataque se dirige, claro, aos economistas considerados de oposição militante, mas atinge mesmo aqueles que estão longe da hostilidade ao governo Dilma e até acreditaram que ele poderia ter êxito.
Yoshiaki Nakano, por exemplo, também escreveu no “Valor” que se esgotou o ciclo da bonança externa (que propiciou o salto nas exportações de primários), que essa bonança não foi bem aproveitada — muito consumo e pouco investimento — e que, logo, já está passando a hora de “vigorosas reformas”.
E para não ficar apenas nos nacionais, acrescente-se aos “pessimistas do fim do mundo” o americano Dani Rodrik, que é, por assim dizer, um amigo dos emergentes. Pois ele está dizendo que os emergentes, depois de terem sido empurrados montanha-russa acima, estão na iminência da descida. E o Brasil está no primeiro banco.
O chamado mercado diz a mesma coisa a seu jeito: a bolsa brasileira foi a que mais caiu entre os emergentes, o risco Brasil subiu e o real desvalorizou.
O leitor e a leitora podem encontrar muitos outros exemplos pelo noticiário local e internacional. Perceberão que o número de pessimistas e caras de pau é crescente. E que, no exterior, a má vontade em relação ao Brasil é maior do que sugerem os fatos.
Na verdade, é exagerado dizer que o Brasil é o segundo pior dos emergentes, ficando apenas atrás da Turquia. A macroeconomia e a política mostram que o Brasil está menos vulnerável que Índia e África do Sul, para ficar nos Brics, e sequer se compara aos desastres de Argentina e Venezuela.
Mais importante: graças ao consistente arcabouço de macroeconomia construído desde a introdução do real, o governo brasileiro tem instrumentos mais eficientes para agir e corrigir os desequilíbrios. O pessoal reconhece isso. Não está aí a má vontade. Está em outro lado: caras de pau e pessimistas desconfiam que Dilma, cuja administração enfraqueceu os fundamentos, não vai reconhecer erros e fazer mudanças.
Dentro do governo, alguns dizem que a presidente sabe que seu modelo não funcionou e vai mudar. Mas não vai reconhecer isso.
Aí fica difícil, não é mesmo? Política é confiança. Sem direção clara, o pessoal não embarca. Aliás, para Dilma, os críticos embarcaram, mas foi para o fim do mundo e “isso faz tempo". Parece que só ela está no começo dos tempos. Começo de quê?
Dentro do governo, dizem que a presidente sabe que seu modelo não funcionou e vai mudar. Mas não vai reconhecer isso
Janet Yellen não cai na categoria “cara de pau”, mas não escapa do grupo dos “pessimistas do fim do mundo” — conforme a classificação feita pela presidente Dilma na festa do PT na última segunda. Presidente do Fed, o banco central dos EUA, Yellen colocou o Brasil entre os cinco emergentes mais frágeis neste processo de mudança do cenário global. Mas não se meteu em política interna brasileira, nem sugeriu mudanças.
A categoria “cara de pau” se aplica mais a brasileiros, diretamente a políticos e especificamente ao governador de Pernambuco e pré-candidato a presidente, Eduardo Campos. Foi ele quem disse: o velho pacto político do PT já mofou e está na hora de o Brasil iniciar um novo ciclo.
Também é “cara de pau” o empresário Pedro Passos, sócio da Natura, que deu entrevista dizendo com todas as letras: “É preciso reconhecer que o modelo se esgotou e que precisamos lançar outro.” Mas Passos está associado a Marina Silva e, portanto, é classificado como “eleitoreiro”.
A categoria “cara de pau”, portanto, tem um propósito politico, enquanto a dos “pessimistas do fim do mundo” se aplica mais a economistas em geral, nacionais e estrangeiros. Caem nela todos aqueles que apontam desequilíbrios crescentes no Brasil.
Mas “cara de pau” cabe também a muitos economistas que, embora sem anunciar fim do ciclo político, entendem que, sim, um ciclo de política econômica terminou e é preciso fazer reformas profundas para sair da armadilha do baixo crescimento.
Delfim Netto, por exemplo, embora amigo do Planalto e embora faça questão de ressalvar que o Brasil está longe do fim do mundo, acaba classificado entre “cara de pau” e “pessimista”. Pode ser embaraçoso, mas é ali que o coloca a tese exposta em recente artigo para o “Valor”. A tese: estamos num fim de ciclo na economia mundial e especialmente para os emergentes, isso apanhando o Brasil com três desequilíbrios importantes e crescentes, a saber, dívida pública elevada, inflação alta e persistente e déficit nas contas externas “longe de ser saudável”.
Ora, esses são justamente os três fundamentos macroeconômicos que Dilma considera “sólidos”, de uma solidez tão evidente que só não vê quem é cara de pau ou quer jogar o Brasil no fim do mundo. O ataque se dirige, claro, aos economistas considerados de oposição militante, mas atinge mesmo aqueles que estão longe da hostilidade ao governo Dilma e até acreditaram que ele poderia ter êxito.
Yoshiaki Nakano, por exemplo, também escreveu no “Valor” que se esgotou o ciclo da bonança externa (que propiciou o salto nas exportações de primários), que essa bonança não foi bem aproveitada — muito consumo e pouco investimento — e que, logo, já está passando a hora de “vigorosas reformas”.
E para não ficar apenas nos nacionais, acrescente-se aos “pessimistas do fim do mundo” o americano Dani Rodrik, que é, por assim dizer, um amigo dos emergentes. Pois ele está dizendo que os emergentes, depois de terem sido empurrados montanha-russa acima, estão na iminência da descida. E o Brasil está no primeiro banco.
O chamado mercado diz a mesma coisa a seu jeito: a bolsa brasileira foi a que mais caiu entre os emergentes, o risco Brasil subiu e o real desvalorizou.
O leitor e a leitora podem encontrar muitos outros exemplos pelo noticiário local e internacional. Perceberão que o número de pessimistas e caras de pau é crescente. E que, no exterior, a má vontade em relação ao Brasil é maior do que sugerem os fatos.
Na verdade, é exagerado dizer que o Brasil é o segundo pior dos emergentes, ficando apenas atrás da Turquia. A macroeconomia e a política mostram que o Brasil está menos vulnerável que Índia e África do Sul, para ficar nos Brics, e sequer se compara aos desastres de Argentina e Venezuela.
Mais importante: graças ao consistente arcabouço de macroeconomia construído desde a introdução do real, o governo brasileiro tem instrumentos mais eficientes para agir e corrigir os desequilíbrios. O pessoal reconhece isso. Não está aí a má vontade. Está em outro lado: caras de pau e pessimistas desconfiam que Dilma, cuja administração enfraqueceu os fundamentos, não vai reconhecer erros e fazer mudanças.
Dentro do governo, alguns dizem que a presidente sabe que seu modelo não funcionou e vai mudar. Mas não vai reconhecer isso.
Aí fica difícil, não é mesmo? Política é confiança. Sem direção clara, o pessoal não embarca. Aliás, para Dilma, os críticos embarcaram, mas foi para o fim do mundo e “isso faz tempo". Parece que só ela está no começo dos tempos. Começo de quê?
Vulnerabilidade - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 13/02
O governo Dilma tem duas atitudes a tomar diante da advertência do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), de que o Brasil é a segunda economia emergente mais vulnerável ao processo de desmonte do pacote de estímulos que se inicia.
Ou dirá que o Fed, agora presidido por Janet Yellen, só olha para trás, não sabe o que acontece no Brasil - e, nessas condições, estará desqualificando o conteúdo do documento; ou se convencerá de que o diagnóstico está fundamentalmente correto e, por isso, proverá os ajustes necessários para reduzir a vulnerabilidade.
O governo brasileiro já havia passado mil recibos de que a economia estava frágil ao longo do processo anterior, o de emissão de moeda pelo Fed para tentar desencalhar a economia dos Estados Unidos. Foi o tempo em que a presidente Dilma se queixava do tsunami monetário provocado pelos grandes bancos centrais e o ministro Guido Mantega tentava acionar os organismos internacionais contra o que chamou de guerra cambial contra as moedas dos emergentes. Referiam-se, então, à abundância nunca vista de recursos nos mercados internacionais, parte dos quais tomou o rumo do Brasil e puxou o câmbio para baixo.
Dilma e Mantega reivindicavam, então, que essa política prejudicial aos vizinhos fosse desmontada. Agora que o desmonte está começando, Dilma e Mantega temem pela secura de moeda estrangeira no Brasil.
Independentemente dessas queixas, o discurso das autoridades brasileiras foi repetir que a economia é sólida o suficiente para enfrentar trancos externos e que os juros já subiram; que as reservas externas são colchão de bom tamanho para atravessar temporadas de sumiço de dólares; e que a nova demanda interna criada pelos tais 40 milhões que acabaram de ascender às classes médias garante mais investimentos.
Suponhamos que o Fed esteja errado, ou "defasado", como argumenta nosso Banco Central, e que o Brasil esteja bem na foto, como quer fazer crer o governo Dilma, em tantas manifestações.
Este é um documento oficial do Fed, entregue ao Congresso dos Estados Unidos e não um rabisco qualquer. Não são nem palpites ocasionais de advertência feitos por algum analista de agência de classificação de risco. É o Fed que avisa que o Brasil é uma economia vulnerável. E basta essa manifestação, ainda que equivocada, para produzir consequências. No mínimo, certo volume de investimentos a ser canalizado para o Brasil continuará trancado nas gavetas dos administradores de recursos.
De todo modo, a ação do Fed está sendo antecipada e é previsível. Há outra forte acumulação de cúmulus nimbus pela proa, em relação à qual as informações são bem mais escassas. Trata-se da desaceleração do crescimento econômico da China.
A economia brasileira está precisando apertar os cintos para enfrentar novas turbulências e não de desmentidos ou de contabilidade criativa que camufle suas fraquezas. Nos próximos dias, o governo terá oportunidade para dar uma resposta mais adequada do que tem dado à opinião pública, tanto daqui quanto do exterior. Basta que anuncie uma meta forte, consistente e crível na sua política de administração das contas públicas.
O governo Dilma tem duas atitudes a tomar diante da advertência do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), de que o Brasil é a segunda economia emergente mais vulnerável ao processo de desmonte do pacote de estímulos que se inicia.
Ou dirá que o Fed, agora presidido por Janet Yellen, só olha para trás, não sabe o que acontece no Brasil - e, nessas condições, estará desqualificando o conteúdo do documento; ou se convencerá de que o diagnóstico está fundamentalmente correto e, por isso, proverá os ajustes necessários para reduzir a vulnerabilidade.
O governo brasileiro já havia passado mil recibos de que a economia estava frágil ao longo do processo anterior, o de emissão de moeda pelo Fed para tentar desencalhar a economia dos Estados Unidos. Foi o tempo em que a presidente Dilma se queixava do tsunami monetário provocado pelos grandes bancos centrais e o ministro Guido Mantega tentava acionar os organismos internacionais contra o que chamou de guerra cambial contra as moedas dos emergentes. Referiam-se, então, à abundância nunca vista de recursos nos mercados internacionais, parte dos quais tomou o rumo do Brasil e puxou o câmbio para baixo.
Dilma e Mantega reivindicavam, então, que essa política prejudicial aos vizinhos fosse desmontada. Agora que o desmonte está começando, Dilma e Mantega temem pela secura de moeda estrangeira no Brasil.
Independentemente dessas queixas, o discurso das autoridades brasileiras foi repetir que a economia é sólida o suficiente para enfrentar trancos externos e que os juros já subiram; que as reservas externas são colchão de bom tamanho para atravessar temporadas de sumiço de dólares; e que a nova demanda interna criada pelos tais 40 milhões que acabaram de ascender às classes médias garante mais investimentos.
Suponhamos que o Fed esteja errado, ou "defasado", como argumenta nosso Banco Central, e que o Brasil esteja bem na foto, como quer fazer crer o governo Dilma, em tantas manifestações.
Este é um documento oficial do Fed, entregue ao Congresso dos Estados Unidos e não um rabisco qualquer. Não são nem palpites ocasionais de advertência feitos por algum analista de agência de classificação de risco. É o Fed que avisa que o Brasil é uma economia vulnerável. E basta essa manifestação, ainda que equivocada, para produzir consequências. No mínimo, certo volume de investimentos a ser canalizado para o Brasil continuará trancado nas gavetas dos administradores de recursos.
De todo modo, a ação do Fed está sendo antecipada e é previsível. Há outra forte acumulação de cúmulus nimbus pela proa, em relação à qual as informações são bem mais escassas. Trata-se da desaceleração do crescimento econômico da China.
A economia brasileira está precisando apertar os cintos para enfrentar novas turbulências e não de desmentidos ou de contabilidade criativa que camufle suas fraquezas. Nos próximos dias, o governo terá oportunidade para dar uma resposta mais adequada do que tem dado à opinião pública, tanto daqui quanto do exterior. Basta que anuncie uma meta forte, consistente e crível na sua política de administração das contas públicas.
Política e economia dos protestos - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 13/02
Governo quer aproveitar o momento para "abafar" manifestantes mais violentos
AS MINORITÁRIAS manifestações de janeiro e fevereiro bastavam para causar algum estremecimento político mesmo antes da morte do cinegrafista Santiago Andrade.
Como é sabido, a confusão rediviva nas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro é de mau agouro para os governos, o de Dilma Rousseff em particular, que sofreu infarto e derrame de popularidade no trimestre mais intenso de protestos, de junho a agosto de 2013.
A investigação da morte de Santiago Andrade talvez cause outra reviravolta nas idas e nas vindas das manifestações, desta vez com tendência de baixa. O aumento da aversão pela violência, o recuo tático ou a debandada de alguns grupos mais violentos, o provável aumento da repressão policial e o fracasso de estima dos revolucionários rueiros podem atenuar o "risco rua" para políticos no poder.
Especulativo, decerto. Mas parece evidente, quando se conversa com gente do governo federal, que se vai aproveitar a oportunidade de encurralar os promotores mais ativos do tumulto. Na verdade, essa era a política do governo, mais comedida, desde setembro, pelo menos.
Do ponto de vista mais pragmático ou calculista do governo federal, o "risco rua" não é apenas imediatamente político-eleitoral, o de um repeteco de junho de 2013 a três ou quatro meses da eleição.
Há gente no governo que se preocupa com as reverberações econômicas ou financeiras de um tumulto grande, ou mesmo apenas de um país tomado por manifestações pacíficas, mas de bom tamanho.
Não é nada improvável que a manada internacional de financistas olhe com estranheza e mesmo repulsa para um país com uma "Primavera" em curso, sabe-se lá de que espécie e com qual futuro.
Não é preciso que se trate de nenhuma avaliação séria ou de algum sentimento duradouro sobre o Brasil. O humor já não está bom, tanto faz que o estado da economia brasileira não pareça tão mau quanto a cotação refletida nos índices de risco e das taxas de juros mais longas.
O fato é que a imagem do Brasil está em baixa, como é mais do que sabido. O país cresce pouco faz três anos, tem inflação desagradável faz meia década e deficit externo crescente de modo incômodo faz outro tanto. Os narizes financeiros costumam ficar ainda mais torcidos em anos de eleição. Caso se adicione tumulto às injúrias, a degradação financeira pode aumentar.
Injusto? É. Alarmista? Não. Os porta-vozes dos ditos mercados, "analistas" empregados pelos donos do dinheiro grosso, podem inventar modas e mitos que podem, por vezes, ser muito danosas. Basta lembrar quantas vezes Argentina, Brasil e México foram chamados ao palco para ganhar o título de "rainhas do baile", queridinhos do mercado. Um lustro depois, tais países voltavam a ser a "bola da vez", para ser chutada, tanto por culpa de políticas ineptas desses países como por causa de vandalismos dos "mercados".
Num ano de faniquitos da finança mundial, de baixo crescimento econômico no Brasil e de eleição, algumas manifestações ruidosas podem suscitar a ideia de que sejamos também "politicamente instáveis" ou qualquer outra justificativa dessas usadas em momentos de liquidação dos ativos financeiros de um país.
Governo quer aproveitar o momento para "abafar" manifestantes mais violentos
AS MINORITÁRIAS manifestações de janeiro e fevereiro bastavam para causar algum estremecimento político mesmo antes da morte do cinegrafista Santiago Andrade.
Como é sabido, a confusão rediviva nas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro é de mau agouro para os governos, o de Dilma Rousseff em particular, que sofreu infarto e derrame de popularidade no trimestre mais intenso de protestos, de junho a agosto de 2013.
A investigação da morte de Santiago Andrade talvez cause outra reviravolta nas idas e nas vindas das manifestações, desta vez com tendência de baixa. O aumento da aversão pela violência, o recuo tático ou a debandada de alguns grupos mais violentos, o provável aumento da repressão policial e o fracasso de estima dos revolucionários rueiros podem atenuar o "risco rua" para políticos no poder.
Especulativo, decerto. Mas parece evidente, quando se conversa com gente do governo federal, que se vai aproveitar a oportunidade de encurralar os promotores mais ativos do tumulto. Na verdade, essa era a política do governo, mais comedida, desde setembro, pelo menos.
Do ponto de vista mais pragmático ou calculista do governo federal, o "risco rua" não é apenas imediatamente político-eleitoral, o de um repeteco de junho de 2013 a três ou quatro meses da eleição.
Há gente no governo que se preocupa com as reverberações econômicas ou financeiras de um tumulto grande, ou mesmo apenas de um país tomado por manifestações pacíficas, mas de bom tamanho.
Não é nada improvável que a manada internacional de financistas olhe com estranheza e mesmo repulsa para um país com uma "Primavera" em curso, sabe-se lá de que espécie e com qual futuro.
Não é preciso que se trate de nenhuma avaliação séria ou de algum sentimento duradouro sobre o Brasil. O humor já não está bom, tanto faz que o estado da economia brasileira não pareça tão mau quanto a cotação refletida nos índices de risco e das taxas de juros mais longas.
O fato é que a imagem do Brasil está em baixa, como é mais do que sabido. O país cresce pouco faz três anos, tem inflação desagradável faz meia década e deficit externo crescente de modo incômodo faz outro tanto. Os narizes financeiros costumam ficar ainda mais torcidos em anos de eleição. Caso se adicione tumulto às injúrias, a degradação financeira pode aumentar.
Injusto? É. Alarmista? Não. Os porta-vozes dos ditos mercados, "analistas" empregados pelos donos do dinheiro grosso, podem inventar modas e mitos que podem, por vezes, ser muito danosas. Basta lembrar quantas vezes Argentina, Brasil e México foram chamados ao palco para ganhar o título de "rainhas do baile", queridinhos do mercado. Um lustro depois, tais países voltavam a ser a "bola da vez", para ser chutada, tanto por culpa de políticas ineptas desses países como por causa de vandalismos dos "mercados".
Num ano de faniquitos da finança mundial, de baixo crescimento econômico no Brasil e de eleição, algumas manifestações ruidosas podem suscitar a ideia de que sejamos também "politicamente instáveis" ou qualquer outra justificativa dessas usadas em momentos de liquidação dos ativos financeiros de um país.
Perigoso retrocesso - RAUL VELLOSO
O Estado de S.Paulo - 13/02
Países que adotam um modelo econômico voltado para o consumo têm um duplo desafio. Primeiro, superar a carência de poupança, já que consumir é o mesmo que não poupar. Sem poupança, não há investimento; sem este, não há crescimento nem aumento de produtividade. O segundo desafio é criar um ambiente favorável para o investimento, pois não basta aumentar o consumo para o investimento acontecer.
Parte do problema se resolve pelo aumento das importações e da poupança externa que vem junto. O continuado aumento do consumo leva ao encarecimento relativo dos produtos não comercializáveis com o exterior, especialmente serviços, relativamente aos demais, basicamente industrializados, já que, não tendo como importar os primeiros, fica impossível aumentar sua oferta sem expandir a rígida produção interna. Já no caso dos demais bens, a oferta é flexível, por ser possível a importação, e os preços em dólares são determinados basicamente fora do país.
Essa mudança de preços relativos equivale a uma apreciação real da taxa de câmbio e leva ao aumento das importações dos industrializados, desde que inexista restrição relevante de financiamento. Assim, aumenta a competitividade dos não comercializáveis, que passam a atrair mão de obra e capital dos demais setores da economia.
Resta saber se maiores investimentos efetivamente ocorrem nesse setor, sob pena de forte subida dos preços internos, pois não há como importar substitutos próximos. Sem essa mobilização, impor-se-ia uma trava relevante ao funcionamento da economia.
Num mundo inundado de liquidez, havendo projetos rentáveis e boa vontade com os investidores privados, o dinheiro aparece. Maior volume de recursos ingressará no País, a não ser que o governo, pressionado pelo setor industrial, crie barreiras à entrada de dólares na economia, a fim de impedir uma maior apreciação do real.
Um problema fundamental é que, exatamente no segmento crítico dos serviços de transportes, os investimentos dependem basicamente do setor público, que: 1) desaprendeu a investir nos últimos anos, por ter passado a concentrar seus recursos em gastos correntes - uma das pernas do modelo pró-consumo; e 2) por seus atos, revela um forte viés antiprivado, o que se choca com a constatação anterior.
Assim, a resposta dos não comercializáveis tem estado abaixo das expectativas. Para completar, o governo tem priorizado a indústria com desonerações tributárias, crédito subsidiado, congelamento de preços críticos como energia elétrica e petróleo, etc., para compensar a perda de competitividade, que na verdade tem muito a ver com o modelo consumista. Tudo isso acaba desaguando no Orçamento e interferindo de forma nociva em segmentos importantes em que predominam concessões públicas. O pior é que tanto a produção industrial como a relação investimento/PIB estão estagnadas desde 2009, mostrando que há muito o que consertar nas políticas atuais.
Nesse contexto, a ausência do reajuste de tarifas e pedágios que os prefeitos e governadores de São Paulo e do Rio, além do governo federal, decretaram em 2013, em reação às manifestações, foi uma lástima. Em vez de enfrentar o problema de frente, as autoridades optaram, na prática, por descumprir os contratos de concessão, afugentando os investidores.
No ambiente conturbado da época, as empresas foram induzidas a aceitar uma compensação parcial dos prejuízos, como, por exemplo, a suspensão de certos investimentos importantes, algo que pode eventualmente pôr em risco a própria integridade física dos usuários. Isso levou a uma forte reação negativa dos investidores, especialmente dos externos, que se consideraram lesados nesse confuso processo.
A segurança regulatória e a consequente atratividade do modelo de concessões públicas não podem ser postas em risco com quebras de contratos e o uso da criatividade em soluções de reequilíbrio para atender a interesses políticos. A repetição de procedimentos lamentáveis como estes contribuirá para atrasar a retomada do crescimento do PIB e do emprego.
Países que adotam um modelo econômico voltado para o consumo têm um duplo desafio. Primeiro, superar a carência de poupança, já que consumir é o mesmo que não poupar. Sem poupança, não há investimento; sem este, não há crescimento nem aumento de produtividade. O segundo desafio é criar um ambiente favorável para o investimento, pois não basta aumentar o consumo para o investimento acontecer.
Parte do problema se resolve pelo aumento das importações e da poupança externa que vem junto. O continuado aumento do consumo leva ao encarecimento relativo dos produtos não comercializáveis com o exterior, especialmente serviços, relativamente aos demais, basicamente industrializados, já que, não tendo como importar os primeiros, fica impossível aumentar sua oferta sem expandir a rígida produção interna. Já no caso dos demais bens, a oferta é flexível, por ser possível a importação, e os preços em dólares são determinados basicamente fora do país.
Essa mudança de preços relativos equivale a uma apreciação real da taxa de câmbio e leva ao aumento das importações dos industrializados, desde que inexista restrição relevante de financiamento. Assim, aumenta a competitividade dos não comercializáveis, que passam a atrair mão de obra e capital dos demais setores da economia.
Resta saber se maiores investimentos efetivamente ocorrem nesse setor, sob pena de forte subida dos preços internos, pois não há como importar substitutos próximos. Sem essa mobilização, impor-se-ia uma trava relevante ao funcionamento da economia.
Num mundo inundado de liquidez, havendo projetos rentáveis e boa vontade com os investidores privados, o dinheiro aparece. Maior volume de recursos ingressará no País, a não ser que o governo, pressionado pelo setor industrial, crie barreiras à entrada de dólares na economia, a fim de impedir uma maior apreciação do real.
Um problema fundamental é que, exatamente no segmento crítico dos serviços de transportes, os investimentos dependem basicamente do setor público, que: 1) desaprendeu a investir nos últimos anos, por ter passado a concentrar seus recursos em gastos correntes - uma das pernas do modelo pró-consumo; e 2) por seus atos, revela um forte viés antiprivado, o que se choca com a constatação anterior.
Assim, a resposta dos não comercializáveis tem estado abaixo das expectativas. Para completar, o governo tem priorizado a indústria com desonerações tributárias, crédito subsidiado, congelamento de preços críticos como energia elétrica e petróleo, etc., para compensar a perda de competitividade, que na verdade tem muito a ver com o modelo consumista. Tudo isso acaba desaguando no Orçamento e interferindo de forma nociva em segmentos importantes em que predominam concessões públicas. O pior é que tanto a produção industrial como a relação investimento/PIB estão estagnadas desde 2009, mostrando que há muito o que consertar nas políticas atuais.
Nesse contexto, a ausência do reajuste de tarifas e pedágios que os prefeitos e governadores de São Paulo e do Rio, além do governo federal, decretaram em 2013, em reação às manifestações, foi uma lástima. Em vez de enfrentar o problema de frente, as autoridades optaram, na prática, por descumprir os contratos de concessão, afugentando os investidores.
No ambiente conturbado da época, as empresas foram induzidas a aceitar uma compensação parcial dos prejuízos, como, por exemplo, a suspensão de certos investimentos importantes, algo que pode eventualmente pôr em risco a própria integridade física dos usuários. Isso levou a uma forte reação negativa dos investidores, especialmente dos externos, que se consideraram lesados nesse confuso processo.
A segurança regulatória e a consequente atratividade do modelo de concessões públicas não podem ser postas em risco com quebras de contratos e o uso da criatividade em soluções de reequilíbrio para atender a interesses políticos. A repetição de procedimentos lamentáveis como estes contribuirá para atrasar a retomada do crescimento do PIB e do emprego.
Mercosul, uma mentira institucional? - MAURO LAVIOLA
O GLOBO - 13/02
Quanto mais países bolivarianos ingressarem no bloco, mais problemas operacionais vão se tornar insolúveis
O questionamento é do presidente do Uruguai, que, reiteradas vezes, tem chamado a atenção para a necessidade de o bloco realizar um ajustamento jurídico-institucional que está esgotado em sua essência. Torna-se cada vez mais impossível compatibilizar os distintos problemas internos de cada país membro com os compromissos comunitários assumidos.
Mais recentemente, o ex-ministro da Economia da Colômbia chamou a atenção para a crescente discrepância entre seus membros para resolver o imbróglio jurídico sobre a suspensão temporária do Paraguai, o cumprimento das obrigações venezuelanas contidas no Protocolo de Adesão, a provável interação da Bolívia e talvez do Equador. Em termos práticos significa dizer que, quanto mais países bolivarianos ingressarem no Mercosul, mais problemas operacionais tornar-se-ão insolúveis, anunciando um porvir desanimador.
Esses desencontros causaram o adiamento, por três vezes, da reunião semestral de cúpula que se realizaria em dezembro passado, remarcada para 17 e 31 deste mês e novamente adiada para fevereiro próximo. Tampouco sem uma clara definição de qual país assumirá a presidência pró-tempore. O Paraguai já declarou que voltará ao Mercosul, mas não assumirá sua coordenação, que caberá, pelo rodízio estabelecido, à Argentina, justamente o país que não consegue apresentar uma oferta em bens à União Europeia compatível com as apresentadas pelos demais sócios (sem presença da Venezuela), além de não arredar um milímetro dos controles administrativos às importações de qualquer origem. Com que credibilidade aquele país exercerá tal coordenação?
Por todas essa razões, volta à baila a hipótese de o Mercosul retroceder à formação de uma área de livre comércio em termos estritos de liberalização tarifária, uma vez que a liberalização comercial, principalmente nos últimos anos, tornou-se mera peça de retórica. Os que defendem a tese estribam-se na necessidade de o Brasil alçar voos solos nas relações internacionais com áreas mais desenvolvidas. Apenas como hipótese tal arranjo implicaria numa revisão da atual Tarifa Externa Comum, a qual retrocederia a cinco novas tarifas nacionais criando, consequentemente, margens preferenciais distintas entre os países membros. Tal manobra, se viável, também implicaria numa ampla revisão da Decisão CMC 32/2000, que obriga a negociações conjuntas do bloco com terceiros países. Num recente seminário tal questão foi levantada como impraticável, mas fortes opiniões advogaram a tese de que, quando conveniente, o Brasil tomará uma decisão reformadora independente.
Cabe então a pergunta: em que governo? No atual panorama político dos três maiores países do bloco não se praticam políticas de Estado, mas sim políticas de poder e, a menos que os quadros eleitorais no Brasil e na Argentina se alterem substancialmente, tudo ficará “como dantes no quartel de Abrantes”.
No exterior, atribui-se ao Brasil não só a capacidade, mas também o dever, de liderar um processo reformador no Mercosul “se desejar salvá-lo da irrelevância”, na expressão do colunista colombiano. Mas, nas esferas palacianas de Brasília, não é essa a visão dos estrategistas. Muito pelo contrário, qualquer ação reformista na esfera regional corre o risco de perder o poder hegemônico bolivariano que conduz a política externa dos países do leste sul-americano com a honrosa exceção do Uruguai. Nesse andor, teremos apenas durante mais alguns anos múltiplas peças discursivas plenas de demagogia e vazias de praticidades. A integração sub-regional está marchando para um impasse de sérias proporções irreversíveis caso não sobrevenha um choque de realismo.
Quanto mais países bolivarianos ingressarem no bloco, mais problemas operacionais vão se tornar insolúveis
O questionamento é do presidente do Uruguai, que, reiteradas vezes, tem chamado a atenção para a necessidade de o bloco realizar um ajustamento jurídico-institucional que está esgotado em sua essência. Torna-se cada vez mais impossível compatibilizar os distintos problemas internos de cada país membro com os compromissos comunitários assumidos.
Mais recentemente, o ex-ministro da Economia da Colômbia chamou a atenção para a crescente discrepância entre seus membros para resolver o imbróglio jurídico sobre a suspensão temporária do Paraguai, o cumprimento das obrigações venezuelanas contidas no Protocolo de Adesão, a provável interação da Bolívia e talvez do Equador. Em termos práticos significa dizer que, quanto mais países bolivarianos ingressarem no Mercosul, mais problemas operacionais tornar-se-ão insolúveis, anunciando um porvir desanimador.
Esses desencontros causaram o adiamento, por três vezes, da reunião semestral de cúpula que se realizaria em dezembro passado, remarcada para 17 e 31 deste mês e novamente adiada para fevereiro próximo. Tampouco sem uma clara definição de qual país assumirá a presidência pró-tempore. O Paraguai já declarou que voltará ao Mercosul, mas não assumirá sua coordenação, que caberá, pelo rodízio estabelecido, à Argentina, justamente o país que não consegue apresentar uma oferta em bens à União Europeia compatível com as apresentadas pelos demais sócios (sem presença da Venezuela), além de não arredar um milímetro dos controles administrativos às importações de qualquer origem. Com que credibilidade aquele país exercerá tal coordenação?
Por todas essa razões, volta à baila a hipótese de o Mercosul retroceder à formação de uma área de livre comércio em termos estritos de liberalização tarifária, uma vez que a liberalização comercial, principalmente nos últimos anos, tornou-se mera peça de retórica. Os que defendem a tese estribam-se na necessidade de o Brasil alçar voos solos nas relações internacionais com áreas mais desenvolvidas. Apenas como hipótese tal arranjo implicaria numa revisão da atual Tarifa Externa Comum, a qual retrocederia a cinco novas tarifas nacionais criando, consequentemente, margens preferenciais distintas entre os países membros. Tal manobra, se viável, também implicaria numa ampla revisão da Decisão CMC 32/2000, que obriga a negociações conjuntas do bloco com terceiros países. Num recente seminário tal questão foi levantada como impraticável, mas fortes opiniões advogaram a tese de que, quando conveniente, o Brasil tomará uma decisão reformadora independente.
Cabe então a pergunta: em que governo? No atual panorama político dos três maiores países do bloco não se praticam políticas de Estado, mas sim políticas de poder e, a menos que os quadros eleitorais no Brasil e na Argentina se alterem substancialmente, tudo ficará “como dantes no quartel de Abrantes”.
No exterior, atribui-se ao Brasil não só a capacidade, mas também o dever, de liderar um processo reformador no Mercosul “se desejar salvá-lo da irrelevância”, na expressão do colunista colombiano. Mas, nas esferas palacianas de Brasília, não é essa a visão dos estrategistas. Muito pelo contrário, qualquer ação reformista na esfera regional corre o risco de perder o poder hegemônico bolivariano que conduz a política externa dos países do leste sul-americano com a honrosa exceção do Uruguai. Nesse andor, teremos apenas durante mais alguns anos múltiplas peças discursivas plenas de demagogia e vazias de praticidades. A integração sub-regional está marchando para um impasse de sérias proporções irreversíveis caso não sobrevenha um choque de realismo.
Não éramos cordiais? - CLÓVIS ROSSI
FOLHA DE SP - 13/02
O nível impressionante de violência no cotidiano está cada vez mais próximo de uma barbárie intolerável
A morte do cinegrafista Santiago Andrade não configura um atentado à liberdade de imprensa, ao contrário do que tantos apregoam.
É muito pior que isso: é um atentado ao convívio civilizado entre brasileiros, um degrau a mais na escalada impressionante de violência que está empurrando o país para um teor ainda mais exacerbado de barbárie.
O incidente com o cinegrafista é parte de uma coreografia de violência crescente que se dá por onde quer que se olhe.
Nunca se matou com tanta facilidade em assaltos. Nunca se apertou o gatilho com tanta facilidade. É até curioso que as estatísticas policiais no Estado de São Paulo apontem uma redução no número de homicídios dolosos, como se fosse um avanço, quando aumenta o número de vítimas de latrocínio, que não passa de homicídio precedido de roubo.
De fato, em 2013, o número de latrocínios (379) foi o mais alto em nove anos, com aumento de 10% em relação aos 344 casos do ano anterior.
Mas a violência não é um fenômeno restrito à criminalidade. A polícia age muitas vezes com uma violência desproporcional.
A vida nas cidades e, cada vez mais, no interior é de uma violência inacreditável. O trânsito é uma violência contra a mente humana. O transporte público violenta dia após dia. Não é um atentado aos direitos humanos perder às vezes três horas entre ir e voltar do trabalho?
A saúde é uma violência contra o usuário. A educação violenta, pela sua baixa qualidade, o natural anseio de ascensão social.
A existência de moradias em zonas de risco é outra violência.
A contaminação do ar mata ou fere de maneira invisível os habitantes das cidades em que o nível de poluição supera o mínimo tolerável.
Não adianta, agora, culpar o governo do PT ou a suposta herança maldita legada pelo PSDB, ou os crimes praticados pela ditadura militar ou a turbulência que precedeu o golpe de 1964. O país foi sendo construído de maneira torta, irresponsável, sem o mais leve sinal de planejamento, de preparação para o futuro.
Acumularam-se violências em todas as áreas de vida. A explosão no consumo de drogas exacerbou, por sua vez, a violência da criminalidade comum. Não há "coitadinhos" nessa história. Há delinquentes e vítimas e há a incompetência do poder público.
É como escreveu, para Carta Capital, esse impecável humanista chamado Luiz Gonzaga Belluzzo:
"O descumprimento do dever de punir pelo ente público termina por solapar a solidariedade que cimenta a vida civilizada, lançando a sociedade no desamparo e na violência sem quartel".
Antes que o desamparo e a violência sem quartel se tornem completamente descontrolados, seria desejável o surgimento de lideranças capazes de pensar na coisa pública, em vez de se dedicarem a seus interesses pessoais, mesmo os legítimos.
Alguém precisa aparecer com um projeto de país, em vez de projetos de poder. Não é por acaso que 60% dos brasileiros querem mudanças, ainda que não as definam claramente. A encruzilhada agora é entre ideias e rojões.
O nível impressionante de violência no cotidiano está cada vez mais próximo de uma barbárie intolerável
A morte do cinegrafista Santiago Andrade não configura um atentado à liberdade de imprensa, ao contrário do que tantos apregoam.
É muito pior que isso: é um atentado ao convívio civilizado entre brasileiros, um degrau a mais na escalada impressionante de violência que está empurrando o país para um teor ainda mais exacerbado de barbárie.
O incidente com o cinegrafista é parte de uma coreografia de violência crescente que se dá por onde quer que se olhe.
Nunca se matou com tanta facilidade em assaltos. Nunca se apertou o gatilho com tanta facilidade. É até curioso que as estatísticas policiais no Estado de São Paulo apontem uma redução no número de homicídios dolosos, como se fosse um avanço, quando aumenta o número de vítimas de latrocínio, que não passa de homicídio precedido de roubo.
De fato, em 2013, o número de latrocínios (379) foi o mais alto em nove anos, com aumento de 10% em relação aos 344 casos do ano anterior.
Mas a violência não é um fenômeno restrito à criminalidade. A polícia age muitas vezes com uma violência desproporcional.
A vida nas cidades e, cada vez mais, no interior é de uma violência inacreditável. O trânsito é uma violência contra a mente humana. O transporte público violenta dia após dia. Não é um atentado aos direitos humanos perder às vezes três horas entre ir e voltar do trabalho?
A saúde é uma violência contra o usuário. A educação violenta, pela sua baixa qualidade, o natural anseio de ascensão social.
A existência de moradias em zonas de risco é outra violência.
A contaminação do ar mata ou fere de maneira invisível os habitantes das cidades em que o nível de poluição supera o mínimo tolerável.
Não adianta, agora, culpar o governo do PT ou a suposta herança maldita legada pelo PSDB, ou os crimes praticados pela ditadura militar ou a turbulência que precedeu o golpe de 1964. O país foi sendo construído de maneira torta, irresponsável, sem o mais leve sinal de planejamento, de preparação para o futuro.
Acumularam-se violências em todas as áreas de vida. A explosão no consumo de drogas exacerbou, por sua vez, a violência da criminalidade comum. Não há "coitadinhos" nessa história. Há delinquentes e vítimas e há a incompetência do poder público.
É como escreveu, para Carta Capital, esse impecável humanista chamado Luiz Gonzaga Belluzzo:
"O descumprimento do dever de punir pelo ente público termina por solapar a solidariedade que cimenta a vida civilizada, lançando a sociedade no desamparo e na violência sem quartel".
Antes que o desamparo e a violência sem quartel se tornem completamente descontrolados, seria desejável o surgimento de lideranças capazes de pensar na coisa pública, em vez de se dedicarem a seus interesses pessoais, mesmo os legítimos.
Alguém precisa aparecer com um projeto de país, em vez de projetos de poder. Não é por acaso que 60% dos brasileiros querem mudanças, ainda que não as definam claramente. A encruzilhada agora é entre ideias e rojões.
Olhar estrangeiro - DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 13/02
Até junho do ano passado os Estados Unidos trabalhavam com a reeleição certa da presidente Dilma Rousseff. Desde os protestos, contudo, os informes enviados a Washington pela via diplomática consideram o cenário "em aberto".
Antes, previam-se mudanças no poder central só a partir de 2018. Agora se leva em conta a hipótese da alternância - em moldura remota - já em 2014.
Nessas avaliações, Dilma continua sendo considerada como favorita, com vaga assegurada no segundo turno. Mas, da constatação de que será uma eleição competitiva para a oposição surge a dúvida sobre quem será o oponente com mais chance de derrotá-la: Aécio Neves ou Eduardo Campos?
O interlocutor, representante do governo americano em uma capital dos três maiores colégios eleitorais do País, esquiva-se de quaisquer questionamentos sobre preferências.
Os Estados Unidos relacionaram-se bem com os governos Fernando Henrique, Luiz Inácio da Silva e Dilma Rousseff. Quanto a este, uma ressalva: "Com alguns problemas".
Nada, no entanto, que sugira torcida contra. A preocupação é objetiva: em que termos, em qual clima, com qual grau de agressividade ocorrerá uma campanha eleitoral no ambiente conturbado de evidente "mal-estar" (palavras dele) da população e com perspectivas nada animadoras para a economia, embora a baixa taxa de desemprego seja vista como ponto a favor.
Não existe a apreensão dos meses anteriores à eleição de Lula no ano de 2002. Há, sim, curiosidade sobre os desempenhos dos oposicionistas e uma indagação: sendo ambos representantes de linhagens políticas tradicionais e eles mesmos políticos profissionais, isso não poderia ser uma desvantagem diante do desejo da população por algo novo, distante dos partidos que alvo de rejeição?
O problema do "outsider" carismático é que no Brasil não deram em boa coisa. O americano lembra-se bem do desfecho dos governos Jânio Quadros e Fernando Collor, mostrados ao eleitorado como pessoas apartadas da política. Em alguma medida tal característica está na origem dos problemas enfrentados pela presidente Dilma.
Ante a constatação, o diplomata apenas sorri. Não concorda nem discorda. Seu governo, diz, só observa. Mais intrigado com o transcorrer da campanha e a coincidência da Copa, do que propriamente preocupado com quem vencerá. Qualquer um dos três estará bem, conclui, como convém aos meios e modos diplomáticos.
Agora, a vez de invertemos a curiosidade: no radar do governo americano está a possibilidade de o ex-presidente Lula vir a ser candidato no lugar de Dilma? O diplomata responde por si e, se instado a manifestar sua opinião aos superiores, diria que não. Avalia que seria imprudente Lula pôr em jogo o capital que conseguiu durante dois governos brindados com condições externas favoráveis, para se arriscar a perdê-lo em meio a uma nova situação adversa.
Ademais, o ex-presidente já não é visto como dono da mística de outrora. Perdeu parte do encanto.
Livre pensar. Discordar da apresentadora de telejornal que diz compreender o ato selvagem de se amarrar um ser humano nu a um poste porque o Estado falha na segurança pública é inerente ao exercício do contraditório.
Pretender transformar em crime a opinião da moça é um exagero tão equivocado quanto. Ela foi rasa no raciocínio? Foi. Não atinou para o fato de que corroborava a execução de um crime? Não. Aliou-se aos impulsos da maioria, quando seu papel seria o de buscar o ponto de equilíbrio? Sim. Mas, o pensar e se expressar não configura ilicitude. Ainda que determinados raciocínios não façam a devida distinção entre a defesa da legalidade e a aceitação da lei da selva como substituta das carências do poder público.
Até junho do ano passado os Estados Unidos trabalhavam com a reeleição certa da presidente Dilma Rousseff. Desde os protestos, contudo, os informes enviados a Washington pela via diplomática consideram o cenário "em aberto".
Antes, previam-se mudanças no poder central só a partir de 2018. Agora se leva em conta a hipótese da alternância - em moldura remota - já em 2014.
Nessas avaliações, Dilma continua sendo considerada como favorita, com vaga assegurada no segundo turno. Mas, da constatação de que será uma eleição competitiva para a oposição surge a dúvida sobre quem será o oponente com mais chance de derrotá-la: Aécio Neves ou Eduardo Campos?
O interlocutor, representante do governo americano em uma capital dos três maiores colégios eleitorais do País, esquiva-se de quaisquer questionamentos sobre preferências.
Os Estados Unidos relacionaram-se bem com os governos Fernando Henrique, Luiz Inácio da Silva e Dilma Rousseff. Quanto a este, uma ressalva: "Com alguns problemas".
Nada, no entanto, que sugira torcida contra. A preocupação é objetiva: em que termos, em qual clima, com qual grau de agressividade ocorrerá uma campanha eleitoral no ambiente conturbado de evidente "mal-estar" (palavras dele) da população e com perspectivas nada animadoras para a economia, embora a baixa taxa de desemprego seja vista como ponto a favor.
Não existe a apreensão dos meses anteriores à eleição de Lula no ano de 2002. Há, sim, curiosidade sobre os desempenhos dos oposicionistas e uma indagação: sendo ambos representantes de linhagens políticas tradicionais e eles mesmos políticos profissionais, isso não poderia ser uma desvantagem diante do desejo da população por algo novo, distante dos partidos que alvo de rejeição?
O problema do "outsider" carismático é que no Brasil não deram em boa coisa. O americano lembra-se bem do desfecho dos governos Jânio Quadros e Fernando Collor, mostrados ao eleitorado como pessoas apartadas da política. Em alguma medida tal característica está na origem dos problemas enfrentados pela presidente Dilma.
Ante a constatação, o diplomata apenas sorri. Não concorda nem discorda. Seu governo, diz, só observa. Mais intrigado com o transcorrer da campanha e a coincidência da Copa, do que propriamente preocupado com quem vencerá. Qualquer um dos três estará bem, conclui, como convém aos meios e modos diplomáticos.
Agora, a vez de invertemos a curiosidade: no radar do governo americano está a possibilidade de o ex-presidente Lula vir a ser candidato no lugar de Dilma? O diplomata responde por si e, se instado a manifestar sua opinião aos superiores, diria que não. Avalia que seria imprudente Lula pôr em jogo o capital que conseguiu durante dois governos brindados com condições externas favoráveis, para se arriscar a perdê-lo em meio a uma nova situação adversa.
Ademais, o ex-presidente já não é visto como dono da mística de outrora. Perdeu parte do encanto.
Livre pensar. Discordar da apresentadora de telejornal que diz compreender o ato selvagem de se amarrar um ser humano nu a um poste porque o Estado falha na segurança pública é inerente ao exercício do contraditório.
Pretender transformar em crime a opinião da moça é um exagero tão equivocado quanto. Ela foi rasa no raciocínio? Foi. Não atinou para o fato de que corroborava a execução de um crime? Não. Aliou-se aos impulsos da maioria, quando seu papel seria o de buscar o ponto de equilíbrio? Sim. Mas, o pensar e se expressar não configura ilicitude. Ainda que determinados raciocínios não façam a devida distinção entre a defesa da legalidade e a aceitação da lei da selva como substituta das carências do poder público.
Assinar:
Postagens (Atom)