FOLHA DE SP - 20/12
Alô, paulistada chorona! Sem tomar riscos e demonstrar resiliência não anda. Manda a brasa, coxinha!
Explique-me se puder, você que faz parte dessa gente bronzeada e saiu às ruas para protestar contra "tudo isso que está aí". Alguém consegue conceber a reforma de uma quitinete, que seja, sem causar incômodo?
Estou curiosa: como se pretende romper o muro (rodoanel?) da desigualdade que insiste em embrutecer nossa cidade sem passar por alguns percalços?
Tudo bem, a imagem é pretensiosa e talvez exija recursos mentais dos quais, por ora, não dispomos. A visão de uma São Paulo inclusiva, em que uma Paraisópolis possa conviver harmoniosamente com um Morumbi ainda não aterrissou em Congonhas ou desembarcou na rodoviária do Tietê.
Mas por que saímos às ruas então? Não foi por mudanças? Se existissem pesquisas de opinião na época da construção dos aquedutos romanos, será que a turma acusaria algum desconforto quanto às obras? "Aumentou o tráfego de bigas perto de casa, aquilo está um fedor de estrume que só vendo".
Não é preciso ir tão longe. Basta lembrar da revolta ocorrida quando Oswaldo Cruz iniciou o mutirão da vacinação.
Tudo isto para dizer que o paulistano é um desorientado que fala uma coisa e faz outra. Saiu às ruas pedindo melhores serviços, mas quer que isso aconteça num piscar de olhos, como se fosse possível dormir em Perdizes e acordar em Bel Air, só porque quis assim.
O Minhocão é o monumento maior ao modelo "recauchutagem rápida", dá-lhe um tapa e não se fala mais nisso, de uma cidade sem planejamento de longo prazo e sem modelo do que quis ser quando crescesse, que não ousou passar por mudanças algo dolorosas para endireitar e deu nisto.
Está na hora de amadurecer. Andei pensando e estudando o nosso prefeito. E cheguei a algumas conclusões. Para começar, alguém que consegue desagradar Lula, Paulo Skaf, Serra, Kassab e Geraldo Alckmin ao mesmo tempo deveria receber, o quanto antes, a medalha da Ordem do Rio Branco.
Ué? O sapo barbudo não disse que seria melhor se Haddad tivesse perdido? Pronto. Sinal que deve ser o cara certo para a missão. E, olha só: o sujeito foi adjunto do Sayad (ponto) inventou os CEUs (frequento e sei da importância --mais um ponto), inventou também o Prouni a custo zero para o governo (golaço) e está indo lá enfrentar sozinho o STF. Quem o chama de burraldo e ingênuo só pode estar mal informado, né não?
Lembro do Brasil inteiro xingando o Parreira de burro na Copa de 1994. Da classificação até a final. Pois é. Fernando Haddad criou uma controladoria que começou detonando --veja só-- a máfia da construção e do mercado imobiliário. E carro, numa visão de administrador que trabalha pensando nos próximos 50 anos, é para ficar na garagem e servir só para fim de semana. Então cada um que segure sua onda por enquanto. Sem o sacrifício voluntário de cada britânico, os aliados não teriam vencido a 2ª Guerra, sabia não?
São Paulo sofre as consequências de décadas de soluções levianas e pilhagem. E ainda tem de arcar com uma população de bebês chorões, comodistas e hipócritas. Pois eu folgo em saber que alguém tem coragem de peitar as máfias que dominam Gotham City, a despeito da chiadeira, das pesquisas de opinião e de estarmos em véspera de eleição. Admiro quem toma riscos e demonstra resiliência. Manda a brasa, coxinha!
sexta-feira, dezembro 20, 2013
Um pouco de silêncio - MICHEL LAUB
FOLHA DE SP - 20/12
Para um cronista de meio século atrás, digamos, o maior temor era a falta de assunto. Hoje é o contrário.
Desde o surgimento da internet, é difícil ler um texto como "A Boa Manhã", de Rubem Braga, que identifica a felicidade com a ausência do que dizer. Em qual dia de 2013, ano em que houve o julgamento do mensalão, os protestos de junho, o intérprete falso no funeral de Mandela e a glória do rei do camarote, foi possível resistir à compulsão de se expressar?
Não que o mundo seja mais movimentado hoje. O que aumentou foram os veículos para que corram versões dos fatos. O modernismo errou ao decretar a morte da narrativa. Idem quem segue falando da morte da ficção. Pois o que mais há agora são narrativas ficcionais: o tipo de relato sobre nós mesmos, mediado pela idealização --tudo falso, portanto-- que fazemos de nossa inteligência, cultura, humor e experiência social.
O pior pecado de um colunista é ser previsível. Caio nele com frequência, como o leitor deve perceber, mas tento fugir do figurino tradicional dos que agem assim: blocos monolíticos de opinião, que alinham qualquer controvérsia --do casamento gay ao modelo de exploração do campo de Libra-- segundo um sistema que parece coerente.
Só parece: muita gente defende a liberação das drogas e é a favor de restrições policialescas para o tabaco. Parte dos que condenam o aborto baseados no princípio de proteção à vida apoiam a pena de morte. Parte dos que advogam a separação entre religião e Estado no Ocidente se enchem de tolerância multiculturalista ao analisar teocracias. O paradoxo não impede, claro, que se aponte o dedo para a desonestidade, agressividade e ignorância dos adversários.
(Para não deixar dúvida: sou a favor do casamento gay e da adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo. A favor da separação entre Estado e religião sempre. A favor do tratamento de drogas e aborto como questões de saúde pública, e não de polícia. Contra a propaganda de cigarro e a pena de morte. Nada tenho a dizer sobre o campo de Libra.)
O segundo pior pecado de um colunista é se apaixonar pela própria retórica. Como a frase melhora quando tiramos dela as adversativas, não é mesmo? Tudo fica mais irônico e viril. O ritmo do parágrafo anterior, que já não é lá muito harmonioso, ficaria pior se eu incluísse a construção "não acho, todavia, que religiosos são obscurantistas por definição".
Ou "no debate do aborto, estou mais do lado pragmático --que tenta evitar mortes de mães em partos sem cuidados e desestruturação familiar por gravidezes não desejadas-- que no de princípios, pois tenho dificuldade em lidar com o 'conceito político' de vida".
Ou "no das drogas, ao contrário, penso mais na liberdade de cada um usar o que quiser, fazendo mal a si mesmo inclusive, que nas consequências. Tenho dúvidas se o consumo diminuiria com uma flexibilização da lei. E se o crime organizado não mudaria apenas de droga ou de ramo, caso perdesse os atuais lucros com a maconha".
Ocorre que é nas adversativas que pode estar a precisão. O estilo piora, mas é difícil pensar sobre um tema sem ao menos testar --com a empatia que estiver ao alcance-- a viabilidade lógica e moral do argumento contrário.
Algumas coisas são inegociáveis, claro, mas nem toda ponderação é sinônimo de relativismo covarde. Assim como nem toda omissão. Pierre Bayard escreveu um ensaio divertido chamado "Como Falar dos Livros que Não Lemos" (Objetiva).
Gostaria que alguém escrevesse um com a tese oposta: como resistir em falar dos livros que lemos, dos filmes que vimos, do que aparece na TV ou do que comemos no almoço, e do trânsito e da poluição e da péssima qualidade dos serviços na cidade e assim por diante.
Seria um bom final para este longo 2013: um pouco de vazio e tédio em vez do fetiche do registro e do movimento. Uma paisagem à beira da praia sem o filtro de um aplicativo. Nenhuma hashtag comentando o desempenho sexual de ninguém. A experiência fora do alcance do relato, a vida que não precisa ser classificada e explicada nos limites --sempre mais estreitos-- da linguagem.
Um pouco de silêncio, portanto.
Feliz Natal. Feliz Ano-Novo. E boas férias para mim (deve dar para perceber que estou precisando).
Para um cronista de meio século atrás, digamos, o maior temor era a falta de assunto. Hoje é o contrário.
Desde o surgimento da internet, é difícil ler um texto como "A Boa Manhã", de Rubem Braga, que identifica a felicidade com a ausência do que dizer. Em qual dia de 2013, ano em que houve o julgamento do mensalão, os protestos de junho, o intérprete falso no funeral de Mandela e a glória do rei do camarote, foi possível resistir à compulsão de se expressar?
Não que o mundo seja mais movimentado hoje. O que aumentou foram os veículos para que corram versões dos fatos. O modernismo errou ao decretar a morte da narrativa. Idem quem segue falando da morte da ficção. Pois o que mais há agora são narrativas ficcionais: o tipo de relato sobre nós mesmos, mediado pela idealização --tudo falso, portanto-- que fazemos de nossa inteligência, cultura, humor e experiência social.
O pior pecado de um colunista é ser previsível. Caio nele com frequência, como o leitor deve perceber, mas tento fugir do figurino tradicional dos que agem assim: blocos monolíticos de opinião, que alinham qualquer controvérsia --do casamento gay ao modelo de exploração do campo de Libra-- segundo um sistema que parece coerente.
Só parece: muita gente defende a liberação das drogas e é a favor de restrições policialescas para o tabaco. Parte dos que condenam o aborto baseados no princípio de proteção à vida apoiam a pena de morte. Parte dos que advogam a separação entre religião e Estado no Ocidente se enchem de tolerância multiculturalista ao analisar teocracias. O paradoxo não impede, claro, que se aponte o dedo para a desonestidade, agressividade e ignorância dos adversários.
(Para não deixar dúvida: sou a favor do casamento gay e da adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo. A favor da separação entre Estado e religião sempre. A favor do tratamento de drogas e aborto como questões de saúde pública, e não de polícia. Contra a propaganda de cigarro e a pena de morte. Nada tenho a dizer sobre o campo de Libra.)
O segundo pior pecado de um colunista é se apaixonar pela própria retórica. Como a frase melhora quando tiramos dela as adversativas, não é mesmo? Tudo fica mais irônico e viril. O ritmo do parágrafo anterior, que já não é lá muito harmonioso, ficaria pior se eu incluísse a construção "não acho, todavia, que religiosos são obscurantistas por definição".
Ou "no debate do aborto, estou mais do lado pragmático --que tenta evitar mortes de mães em partos sem cuidados e desestruturação familiar por gravidezes não desejadas-- que no de princípios, pois tenho dificuldade em lidar com o 'conceito político' de vida".
Ou "no das drogas, ao contrário, penso mais na liberdade de cada um usar o que quiser, fazendo mal a si mesmo inclusive, que nas consequências. Tenho dúvidas se o consumo diminuiria com uma flexibilização da lei. E se o crime organizado não mudaria apenas de droga ou de ramo, caso perdesse os atuais lucros com a maconha".
Ocorre que é nas adversativas que pode estar a precisão. O estilo piora, mas é difícil pensar sobre um tema sem ao menos testar --com a empatia que estiver ao alcance-- a viabilidade lógica e moral do argumento contrário.
Algumas coisas são inegociáveis, claro, mas nem toda ponderação é sinônimo de relativismo covarde. Assim como nem toda omissão. Pierre Bayard escreveu um ensaio divertido chamado "Como Falar dos Livros que Não Lemos" (Objetiva).
Gostaria que alguém escrevesse um com a tese oposta: como resistir em falar dos livros que lemos, dos filmes que vimos, do que aparece na TV ou do que comemos no almoço, e do trânsito e da poluição e da péssima qualidade dos serviços na cidade e assim por diante.
Seria um bom final para este longo 2013: um pouco de vazio e tédio em vez do fetiche do registro e do movimento. Uma paisagem à beira da praia sem o filtro de um aplicativo. Nenhuma hashtag comentando o desempenho sexual de ninguém. A experiência fora do alcance do relato, a vida que não precisa ser classificada e explicada nos limites --sempre mais estreitos-- da linguagem.
Um pouco de silêncio, portanto.
Feliz Natal. Feliz Ano-Novo. E boas férias para mim (deve dar para perceber que estou precisando).
O frango nosso de cada dia - JOÃO GUILHERME SABINO OMETTO
O GLOBO - 20/12
Embora se mantenha como o maior exportador e terceiro produtor mundial de carne de frango, o Brasil precisa evitar a repetição da crise do setor em 2012, a mais grave de sua história, que custou dez mil empregos. Porém, os dados da União Brasileira de Avicultura (Ubabef) mostram que persistem as dificuldades: oscilações nos preços dos insumos; câmbio desfavorável à exportação; deficiências na infraestrutura; e dificuldade de crédito para pequenos produtores.
Tais problemas podem culminar com a queda de produção no último trimestre de 2013. Em 2012, já houve recuo, no acumulado do ano, de 3,17% ante 2011. São necessárias ações do poder público para evitar a desestruturação da atividade. Não se deve ignorar, ainda, o apoio aos segmentos exportadores neste momento negativo da balança comercial.
A avicultura é organizada, mantendo-se dinâmica em meio aos obstáculos. O Brasil, com 12,6 milhões de toneladas (2012), responde por 15% da produção global de carne de frango, atrás somente de Estados Unidos e China. O forte sistema cooperativista e os 3,5 milhões de empregos mantidos pelo setor mostram sua importância social. O valor bruto da produção foi de R$ 42 bilhões em 2012, com potencial de crescimento.
Maior exportador, com 35% do total mundial, o país colocou 3,9 milhões de toneladas no mercado externo em 2012. Isso posiciona o produto como o terceiro da pauta de nosso agronegócio no comércio exterior. Tal desempenho deve-se à qualidade, que se reflete na redução de barreiras sanitárias, e ao baixo custo da produção. Neste aspecto, cabe um alerta: em 2002, produzíamos com vantagem de 30 centavos de dólar por quilo do animal vivo em relação aos Estados Unidos. A diferença caiu para 0,05 centavos e nossa competitividade está praticamente nivelada à da Tailândia.
É necessário reverter a tendência de redução do crescimento das exportações: de 2001 a 2004, elas evoluíram 24,5%; de 2005 a 2008, 10,6%; de 2009 a 2012, só 2,6%. Essa queda fez com que o setor deixasse de gerar 94 mil empregos e receita adicional de US$ 1,65 bilhão. Poderemos deixar de criar 103 mil postos de trabalho até 2020, se não mitigarmos os custos da produção, com redução da carga tributária, barateamento dos fretes e operações portuárias, aporte tecnológico e maior produtividade da mão de obra.
O frango é importante para os brasileiros, que consumiram 9,1milhões de toneladas em 2012 (45 quilos per capita/ano, contra 13 quilos na média global). O mercado interno é visto como o grande vetor do incremento da produção. Carne apreciada pelo paladar nacional, saudável e de alto valor nutritivo, sua oferta responde à expansão da demanda gerada pelo aumento da renda e crescimento populacional. O Brasil ainda não pode “cantar de galo” pela sua inserção no mercado internacional. É preciso ser realista e reconhecer que lhe falta inovação, possibilitar melhor logística para escoar a produção e crescer ainda mais em qualidade.
Embora se mantenha como o maior exportador e terceiro produtor mundial de carne de frango, o Brasil precisa evitar a repetição da crise do setor em 2012, a mais grave de sua história, que custou dez mil empregos. Porém, os dados da União Brasileira de Avicultura (Ubabef) mostram que persistem as dificuldades: oscilações nos preços dos insumos; câmbio desfavorável à exportação; deficiências na infraestrutura; e dificuldade de crédito para pequenos produtores.
Tais problemas podem culminar com a queda de produção no último trimestre de 2013. Em 2012, já houve recuo, no acumulado do ano, de 3,17% ante 2011. São necessárias ações do poder público para evitar a desestruturação da atividade. Não se deve ignorar, ainda, o apoio aos segmentos exportadores neste momento negativo da balança comercial.
A avicultura é organizada, mantendo-se dinâmica em meio aos obstáculos. O Brasil, com 12,6 milhões de toneladas (2012), responde por 15% da produção global de carne de frango, atrás somente de Estados Unidos e China. O forte sistema cooperativista e os 3,5 milhões de empregos mantidos pelo setor mostram sua importância social. O valor bruto da produção foi de R$ 42 bilhões em 2012, com potencial de crescimento.
Maior exportador, com 35% do total mundial, o país colocou 3,9 milhões de toneladas no mercado externo em 2012. Isso posiciona o produto como o terceiro da pauta de nosso agronegócio no comércio exterior. Tal desempenho deve-se à qualidade, que se reflete na redução de barreiras sanitárias, e ao baixo custo da produção. Neste aspecto, cabe um alerta: em 2002, produzíamos com vantagem de 30 centavos de dólar por quilo do animal vivo em relação aos Estados Unidos. A diferença caiu para 0,05 centavos e nossa competitividade está praticamente nivelada à da Tailândia.
É necessário reverter a tendência de redução do crescimento das exportações: de 2001 a 2004, elas evoluíram 24,5%; de 2005 a 2008, 10,6%; de 2009 a 2012, só 2,6%. Essa queda fez com que o setor deixasse de gerar 94 mil empregos e receita adicional de US$ 1,65 bilhão. Poderemos deixar de criar 103 mil postos de trabalho até 2020, se não mitigarmos os custos da produção, com redução da carga tributária, barateamento dos fretes e operações portuárias, aporte tecnológico e maior produtividade da mão de obra.
O frango é importante para os brasileiros, que consumiram 9,1milhões de toneladas em 2012 (45 quilos per capita/ano, contra 13 quilos na média global). O mercado interno é visto como o grande vetor do incremento da produção. Carne apreciada pelo paladar nacional, saudável e de alto valor nutritivo, sua oferta responde à expansão da demanda gerada pelo aumento da renda e crescimento populacional. O Brasil ainda não pode “cantar de galo” pela sua inserção no mercado internacional. É preciso ser realista e reconhecer que lhe falta inovação, possibilitar melhor logística para escoar a produção e crescer ainda mais em qualidade.
As razões do presidente - GILLES LAPOUGE
O Estado de S.Paulo - 20/12
O carinhoso Vladimir Putin não estendeu sua mão misericordiosa apenas à tripulação do navio do Greenpeace. Entre os agraciados por seu perdão, está um dos condenados mais famosos do mundo, Mikhail Khodorkovski, preso desde 2003, na Sibéria, a 6 mil quilômetros de Moscou.
É uma notícia importante. Khodorkovski é um exemplo da história caótica da Rússia depois do fim da URSS. Ele nasceu em Moscou, em 1963, de pai judeu e mãe russa ortodoxa. Ainda criança, distinguiu-se por ser um aluno brilhante e, mais tarde, cursou a faculdade de química.
Posteriormente, foi um membro ativo do Komsomol, a juventude comunista, antes de se tornar um destacado militante do Partido Comunista. Quando chegou a perestroika, de Gorbachev, não hesitou em lançar-se no mundo dos negócios e logo reuniu um pequeno capital. Depois da queda da URSS, o capital aumentou de maneira fantástica, como num conto de fadas.
A fada que tocou com sua varinha mágica o jovem brilhante chamava-se Boris Ieltsin. Foi Ieltsin, o presidente da Rússia, esse personagem vulgar, grosseiro, bêbado e meio louco que fabricou, como se fosse no meio de uma bebedeira, esses nababos que frequentemente encontramos à frente de clubes de futebol na Grã-Bretanha ou em Mônaco.
Em 1995, na época da privatização das empresas estatais russas, Khodorkovski comprou o grupo petrolífero Yukos por US$ 360 milhões. Nove anos mais tarde, em 2004, o Yukos tinha se tornado um mastodonte e valia US$ 27 bilhões.
Por que razão, com Putin no poder, Khodorkovski foi parar no banco dos réus? Oficialmente, foi vítima da caça às bruxas que Putin lançou contra as "práticas mafiosas" da era Ieltsin (lembremos que o próprio Putin foi instalado na presidência por Ieltsin).
"Por que então, se há alguns meses, a Justiça anunciara que haviam sido descobertas novas infâmias e perversidades de Khodorkovski, Putin decidiu agora libertá-lo? Oficialmente, com a série de indultos comemoram-se os 20 anos da Constituição russa, mas não devemos esquecer dos Jogos Olímpicos de Inverno, organizados em Sochi, que começarão no dia 7 de fevereiro.
Barack Obama acaba de anunciar que nenhum membro do seu gabinete estará presente. Pior ainda: a Casa Branca decidiu incluir na delegação oficial americana uma militante da causa homossexual, a ex-campeã de tênis Billie Jean King. O francês François Hollande também anunciou que não vai.
As duas jovens russas, as Pussy Riot, que ridicularizaram Putin e cometeram sacrilégio na igreja ortodoxa de Moscou, também devem ser libertadas. A anistia libertará cerca de 20 mil presos. Então, nas prisões russas restarão apenas 800 mil. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
O carinhoso Vladimir Putin não estendeu sua mão misericordiosa apenas à tripulação do navio do Greenpeace. Entre os agraciados por seu perdão, está um dos condenados mais famosos do mundo, Mikhail Khodorkovski, preso desde 2003, na Sibéria, a 6 mil quilômetros de Moscou.
É uma notícia importante. Khodorkovski é um exemplo da história caótica da Rússia depois do fim da URSS. Ele nasceu em Moscou, em 1963, de pai judeu e mãe russa ortodoxa. Ainda criança, distinguiu-se por ser um aluno brilhante e, mais tarde, cursou a faculdade de química.
Posteriormente, foi um membro ativo do Komsomol, a juventude comunista, antes de se tornar um destacado militante do Partido Comunista. Quando chegou a perestroika, de Gorbachev, não hesitou em lançar-se no mundo dos negócios e logo reuniu um pequeno capital. Depois da queda da URSS, o capital aumentou de maneira fantástica, como num conto de fadas.
A fada que tocou com sua varinha mágica o jovem brilhante chamava-se Boris Ieltsin. Foi Ieltsin, o presidente da Rússia, esse personagem vulgar, grosseiro, bêbado e meio louco que fabricou, como se fosse no meio de uma bebedeira, esses nababos que frequentemente encontramos à frente de clubes de futebol na Grã-Bretanha ou em Mônaco.
Em 1995, na época da privatização das empresas estatais russas, Khodorkovski comprou o grupo petrolífero Yukos por US$ 360 milhões. Nove anos mais tarde, em 2004, o Yukos tinha se tornado um mastodonte e valia US$ 27 bilhões.
Por que razão, com Putin no poder, Khodorkovski foi parar no banco dos réus? Oficialmente, foi vítima da caça às bruxas que Putin lançou contra as "práticas mafiosas" da era Ieltsin (lembremos que o próprio Putin foi instalado na presidência por Ieltsin).
"Por que então, se há alguns meses, a Justiça anunciara que haviam sido descobertas novas infâmias e perversidades de Khodorkovski, Putin decidiu agora libertá-lo? Oficialmente, com a série de indultos comemoram-se os 20 anos da Constituição russa, mas não devemos esquecer dos Jogos Olímpicos de Inverno, organizados em Sochi, que começarão no dia 7 de fevereiro.
Barack Obama acaba de anunciar que nenhum membro do seu gabinete estará presente. Pior ainda: a Casa Branca decidiu incluir na delegação oficial americana uma militante da causa homossexual, a ex-campeã de tênis Billie Jean King. O francês François Hollande também anunciou que não vai.
As duas jovens russas, as Pussy Riot, que ridicularizaram Putin e cometeram sacrilégio na igreja ortodoxa de Moscou, também devem ser libertadas. A anistia libertará cerca de 20 mil presos. Então, nas prisões russas restarão apenas 800 mil. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
Marrocos! Galo vira Marrecos! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 20/12
Clube Atlético Mineiro: o CAM! CAM quer dizer Coitado do Atlético em Marrakech! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E adoro essas manchetes de Pernambuco: "Velhinho preso por mamar na jumenta". Tadinho do velhinho, vai pra Papuda também? Rarará!
"Dilma compra 36 caças suecos Gripen." Então a Dilma não comprou um caça, comprou um resfriado: GRIPEN! Então Saúden! O sueco já vem espirrando!
E atenção! Marrocos Urgente! O Galo virou Marrecos! Os marroquinos e os marrequinhos! O Atlético perdeu pro Raja Casablanca! Todo galo tem seu dia de canja! Foi Galo e voltou Canja!
E como gritaria o Galvão: "Raja Coração, Amigos". Rarará.
Clube Atlético Mineiro: o CAM! CAM quer dizer Coitado do Atlético em Marrakech! E diz que eles voltaram de CAMelo! Rarará! Esculhambação, viu! E o tuiteiro Miltoshiba lembra a clássica cena do clássico Casablanca: "Play it again, CAM!". Rarará! E confundiram o Ronaldinho Gaúcho com um camelo. Aqueles dentões de camelo! Rarará!
E lá no Marrocos todos têm a cara do Romário! Que foi flagrado no show do Luan Santana com uma trans. Pra pagar a língua pelas indiretas ridículas que ele dava pro Ronalducho Fofômeno!
O problema não é a trans, é o show do Luan Santana! Rarará! O Romário é gordura trans! Rarará!
E o versinho do dia: "Enquanto o mineiro xingava/ mais um gol do Raja". E a piada pronta: a maior e mais tradicional churrascaria em BH se chama: RAJA GRILL! Na avenida Raja Gabaglia! Haja Raja! Churrascaria Raja Grill! Tradução: O Raja Riu! O Raja Grill vai servir galeto no espeto!
E diz que os atleticanos foram conhecer o deserto e gritaram: "Nossa, quanto polvilho, dá pra fazer uma tonelada de pão de queijo!". E eu tô zoando com os mineiros, mas eu adoro Minas. Já viajei muito por Minas. Um monte de montanhas com gente dando adeus! A coisa mais fofa!
E tem aquela minha amiga perua que é tão chique que chama o Aleijadinho de Aleijadérrimo. "Vou pra Minas comprar obras do Aleijadérrimo". Rarará.
E sabe como mineira chama sexo oral? Chupar um queijo! Rarará! Tô esculhambando de novo. Como diz um amigo mineiro: "Por que, Jesus?". E o Galo tá cantando A Galinha Pintadinha! Rarará.
Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje, só amanhã! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Clube Atlético Mineiro: o CAM! CAM quer dizer Coitado do Atlético em Marrakech! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E adoro essas manchetes de Pernambuco: "Velhinho preso por mamar na jumenta". Tadinho do velhinho, vai pra Papuda também? Rarará!
"Dilma compra 36 caças suecos Gripen." Então a Dilma não comprou um caça, comprou um resfriado: GRIPEN! Então Saúden! O sueco já vem espirrando!
E atenção! Marrocos Urgente! O Galo virou Marrecos! Os marroquinos e os marrequinhos! O Atlético perdeu pro Raja Casablanca! Todo galo tem seu dia de canja! Foi Galo e voltou Canja!
E como gritaria o Galvão: "Raja Coração, Amigos". Rarará.
Clube Atlético Mineiro: o CAM! CAM quer dizer Coitado do Atlético em Marrakech! E diz que eles voltaram de CAMelo! Rarará! Esculhambação, viu! E o tuiteiro Miltoshiba lembra a clássica cena do clássico Casablanca: "Play it again, CAM!". Rarará! E confundiram o Ronaldinho Gaúcho com um camelo. Aqueles dentões de camelo! Rarará!
E lá no Marrocos todos têm a cara do Romário! Que foi flagrado no show do Luan Santana com uma trans. Pra pagar a língua pelas indiretas ridículas que ele dava pro Ronalducho Fofômeno!
O problema não é a trans, é o show do Luan Santana! Rarará! O Romário é gordura trans! Rarará!
E o versinho do dia: "Enquanto o mineiro xingava/ mais um gol do Raja". E a piada pronta: a maior e mais tradicional churrascaria em BH se chama: RAJA GRILL! Na avenida Raja Gabaglia! Haja Raja! Churrascaria Raja Grill! Tradução: O Raja Riu! O Raja Grill vai servir galeto no espeto!
E diz que os atleticanos foram conhecer o deserto e gritaram: "Nossa, quanto polvilho, dá pra fazer uma tonelada de pão de queijo!". E eu tô zoando com os mineiros, mas eu adoro Minas. Já viajei muito por Minas. Um monte de montanhas com gente dando adeus! A coisa mais fofa!
E tem aquela minha amiga perua que é tão chique que chama o Aleijadinho de Aleijadérrimo. "Vou pra Minas comprar obras do Aleijadérrimo". Rarará.
E sabe como mineira chama sexo oral? Chupar um queijo! Rarará! Tô esculhambando de novo. Como diz um amigo mineiro: "Por que, Jesus?". E o Galo tá cantando A Galinha Pintadinha! Rarará.
Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje, só amanhã! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Uma cabeça na bandeja - LUIZ CARLOS AZEDO
CORREIO BRAZILIENSE - 20/12
Michel Temer acumula mais micos na mão. As críticas de seus pares são de que se acomodou no cargo de vice-presidente e já não defende os interesses do partido nas bolas divididas. Decidiu exercer o papel de representante de Dilma Rousseff nos conflitos
O título é meio mórbido, mas não tem nada a ver com os três presos decapitados na rebelião do presídio de Pedrinhas, no Maranhão, um retrato das condições desumanas das nossas cadeias, que lembram as masmorras da escravidão romana. Vale, porém, o registro. Trata-se, no caso, de uma parábola — figura de estilo — que descreve com exatidão a situação do presidente do PMDB, Michel Temer, na chapa da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Sua cabeça está sendo oferecida pelos caciques da legenda para quem quiser resolver os problemas regionais da aliança do PMDB com o PT.
Notável constitucionalista e hábil articulador político, Temer conseguiu a proeza de unir o PMDB, uma confederação de caciques políticos estaduais, para apoiar o governo Lula, o que lhe garantiu a vaga de vice-presidente da República. Ficaram de fora apenas alguns caciques recalcitrantes, como o ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos. O vice de Dilma manteve o PMDB no governo administrando conflitos regionais com incrível competência, como o da Bahia, onde Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Integração Nacional do governo Lula, passou sete anos se digladiando com o governador Jaques Wagner (PT); mesmo assim, no governo Dilma, manteve o cargo de vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF). De uns tempos pra cá, na medida em que a eleição se aproxima, porém, Temer começa a perder o controle da situação do PMDB.
A primeira crise no sistema de alianças construído por Temer foi na eleição do líder da bancada do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que o Palácio do Planalto tentou detonar. Michel vacilou diante das pressões, mas o parlamentar resistiu e registrou a ocorrência. Por muito pouco, Henrique Eduardo Alves (RN), o presidente da Casa, também não fez o mesmo para agradar à presidente da República. Depois, a crise se instalou no Rio de Janeiro, onde o governador Sérgio Cabral (PMDB), que tinha o maior cacife eleitoral da legenda, foi abandonado por Dilma e, agora, e vem sendo enrolado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O senador Lindbergh Farias será mesmo o candidato do PT contra Luiz Fernando Pezão (PMDB, o vice de Cabral. O PT empurra com a barriga a saída do governo, mas está escrito nas estrelas que Cabral somente se manterá na aliança com os petistas se jogar a tolha quanto à própria sucessão.
Nova crise eclodiu no Ceará, onde o senador Eunício de Oliveira(PMDB) é candidato a governador e reclama o apoio do PT e dos irmãos Gomes. Ocorre que nem Cid, o governador, nem o irmão Ciro, cotado para o Ministério da Saúde, desejam abrir mão de uma candidatura de seu próprio esquema político, que migrou do PSB para o Pros. Bom de briga, Eunício cobra solidariedade dos pares e já mandou recado de que não aceita palanque duplo no Ceará. Situação semelhante começa a ocorrer também no Maranhão e na Paraíba, onde o PT rói a corda da aliança com os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Vital do Rego (PMDB-PB), respectivamente. Michel Temer acumula mais micos na mão. As críticas de seus pares são de que se acomodou no cargo e já não defende os interesses do partido nas bolas divididas. Decidiu exercer o papel de representante de Dilma Rousseff nos conflitos, em vez de defender com unhas e dentes os interesses do PMDB junto ao governo. É aí que mora o perigo.
A situação tornou-se tão crítica que os caciques ameaçam entregar a cabeça de Temer na aliança com o PT e cuidar da própria vida. Se preciso for, estão dispostos a engrossar o “Volta, Lula!”, com o filho do falecido vice-presidente José Alencar, Josué, que se filiou ao PMDB de Minas, na vice do ex-presidente da República, no lugar de Temer. Acontece que a fórmula também agrada a Dilma, que assim mudaria a cara de sua chapa de candidata à reeleição, fortalecendo-se em Minas. Ou seja, os caciques regionais do PMDB interessados em manter ou conquistar governos locais estão dispostos a oferecer a cabeça de Temer numa bandeja — seja para Dilma seja para Lula.
Grande irmão
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, é o nome escolhido pela presidente Dilma Rousseff para comandar o megaesquema de segurança que será montado durante a Copa do Mundo. Policiais das sedes e demais forças de segurança já estão sendo treinados por agentes norte-americanos na prevenção de atos terroristas. Cardozo disporá de amplos poderes legais, administrativos, recursos e homens para investigar qualquer indivíduo suspeito de ter relações com organizações terroristas durante os jogos.
Michel Temer acumula mais micos na mão. As críticas de seus pares são de que se acomodou no cargo de vice-presidente e já não defende os interesses do partido nas bolas divididas. Decidiu exercer o papel de representante de Dilma Rousseff nos conflitos
O título é meio mórbido, mas não tem nada a ver com os três presos decapitados na rebelião do presídio de Pedrinhas, no Maranhão, um retrato das condições desumanas das nossas cadeias, que lembram as masmorras da escravidão romana. Vale, porém, o registro. Trata-se, no caso, de uma parábola — figura de estilo — que descreve com exatidão a situação do presidente do PMDB, Michel Temer, na chapa da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Sua cabeça está sendo oferecida pelos caciques da legenda para quem quiser resolver os problemas regionais da aliança do PMDB com o PT.
Notável constitucionalista e hábil articulador político, Temer conseguiu a proeza de unir o PMDB, uma confederação de caciques políticos estaduais, para apoiar o governo Lula, o que lhe garantiu a vaga de vice-presidente da República. Ficaram de fora apenas alguns caciques recalcitrantes, como o ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos. O vice de Dilma manteve o PMDB no governo administrando conflitos regionais com incrível competência, como o da Bahia, onde Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Integração Nacional do governo Lula, passou sete anos se digladiando com o governador Jaques Wagner (PT); mesmo assim, no governo Dilma, manteve o cargo de vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF). De uns tempos pra cá, na medida em que a eleição se aproxima, porém, Temer começa a perder o controle da situação do PMDB.
A primeira crise no sistema de alianças construído por Temer foi na eleição do líder da bancada do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que o Palácio do Planalto tentou detonar. Michel vacilou diante das pressões, mas o parlamentar resistiu e registrou a ocorrência. Por muito pouco, Henrique Eduardo Alves (RN), o presidente da Casa, também não fez o mesmo para agradar à presidente da República. Depois, a crise se instalou no Rio de Janeiro, onde o governador Sérgio Cabral (PMDB), que tinha o maior cacife eleitoral da legenda, foi abandonado por Dilma e, agora, e vem sendo enrolado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O senador Lindbergh Farias será mesmo o candidato do PT contra Luiz Fernando Pezão (PMDB, o vice de Cabral. O PT empurra com a barriga a saída do governo, mas está escrito nas estrelas que Cabral somente se manterá na aliança com os petistas se jogar a tolha quanto à própria sucessão.
Nova crise eclodiu no Ceará, onde o senador Eunício de Oliveira(PMDB) é candidato a governador e reclama o apoio do PT e dos irmãos Gomes. Ocorre que nem Cid, o governador, nem o irmão Ciro, cotado para o Ministério da Saúde, desejam abrir mão de uma candidatura de seu próprio esquema político, que migrou do PSB para o Pros. Bom de briga, Eunício cobra solidariedade dos pares e já mandou recado de que não aceita palanque duplo no Ceará. Situação semelhante começa a ocorrer também no Maranhão e na Paraíba, onde o PT rói a corda da aliança com os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Vital do Rego (PMDB-PB), respectivamente. Michel Temer acumula mais micos na mão. As críticas de seus pares são de que se acomodou no cargo e já não defende os interesses do partido nas bolas divididas. Decidiu exercer o papel de representante de Dilma Rousseff nos conflitos, em vez de defender com unhas e dentes os interesses do PMDB junto ao governo. É aí que mora o perigo.
A situação tornou-se tão crítica que os caciques ameaçam entregar a cabeça de Temer na aliança com o PT e cuidar da própria vida. Se preciso for, estão dispostos a engrossar o “Volta, Lula!”, com o filho do falecido vice-presidente José Alencar, Josué, que se filiou ao PMDB de Minas, na vice do ex-presidente da República, no lugar de Temer. Acontece que a fórmula também agrada a Dilma, que assim mudaria a cara de sua chapa de candidata à reeleição, fortalecendo-se em Minas. Ou seja, os caciques regionais do PMDB interessados em manter ou conquistar governos locais estão dispostos a oferecer a cabeça de Temer numa bandeja — seja para Dilma seja para Lula.
Grande irmão
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, é o nome escolhido pela presidente Dilma Rousseff para comandar o megaesquema de segurança que será montado durante a Copa do Mundo. Policiais das sedes e demais forças de segurança já estão sendo treinados por agentes norte-americanos na prevenção de atos terroristas. Cardozo disporá de amplos poderes legais, administrativos, recursos e homens para investigar qualquer indivíduo suspeito de ter relações com organizações terroristas durante os jogos.
MILHÕES DE AMIGOS - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 20/12
Luiza Brunet organizou festa pelo aniversário de 60 anos de seu namorado, o empresário Lírio Parisotto, na Casa Fasano. A ministra da Cultura, Marta Suplicy, com o marido, Marcio Toledo, a apresentadora Luciana Gimenez com Marcelo Carvalho e a atriz Christiane Torloni foram à comemoração. O ex-ministro Luiz Furlan e os empresários José Luiz Gandini, Ricardo Bellino e Ivo Rosset, com a mulher, Eleonora, também passaram por lá. A modelo Bárbara Fialho, o stylist Rafa Mendonça e a arquiteta Raquel Silveira curtiram a festa que teve show da dupla Victor e Leo.
EU TE PROPONHO
A Câmara Municipal de São Paulo votou em 2013 mais projetos do que nos dois anos anteriores. Os vereadores aprovaram 539 propostas --72% a mais do que em 2012 (313) e 88% superior ao total de 2011 (286). Os parlamentares apresentaram 854 textos. O Executivo, 43.
EU TE PROPONHO 2
Um acordo entre as bancadas, liderado pelo presidente da Câmara, José Américo (PT-SP), dá a cada vereador o direito de submeter quatro propostas a análise. Projetos polêmicos, como o fim da inspeção veicular, a homenagem à Rota e o reajuste do IPTU, passaram pelo plenário. Em 2014, as discussões devem se concentrar na revisão do Plano Diretor, na Lei de Zoneamento e no Código de Obras.
ADEUS
Marcelo Rehder deixará a SPTuris no dia 6 de janeiro.
TORCIDA
Vaiado no evento de catadores, ontem, em SP, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) diz que não se surpreendeu. "Palmeirense não aplaude corintiano. E corintiano não aplaude palmeirense." Segundo Maluf, "eles não gostam de mim, mas gostam das minhas obras. Ninguém fez mais pelo pobre em SP do que eu". O parlamentar afirma ainda que "a pior coisa do mundo é a indiferença. No dia em que eu não for vaiado nem aplaudido, aí sim vou ficar chateado".
AQUELE ABRAÇO
Rejeitado pela plateia, Maluf diz que foi muito bem tratado no palanque em que estava Dilma Rousseff. "O Gilberto Carvalho [ministro da Secretaria-Geral da Presidência] me deu um grande abraço, agradeceu a minha presença. O [senador Eduardo] Suplicy também."
EM FAMÍLIA
Maluf diz que conversou bastante com o senador petista, e lamentou mais uma vez a morte de dona Filomena Matarazzo, mãe de Suplicy. Diz que ela era amiga de sua mãe, dona Maria Maluf. "A dona Filomena tinha 106 anos. Minha mãe, se viva, teria 108. Elas se encontravam em recepções, festas, casamentos. E frequentavam a mesma missa, sempre às quartas-feiras, às 9 da manhã, no Colégio São Luís."
BABILÔNIA
As garrafas do vinho tinto Château Cos d'Estournel em dez formatos diferentes viraram atração na festa de 60 anos do empresário Lírio Parisotto (fotos ao lado), dono da Videolar. As vedetes foram as gigantes de 18 litros (equivalente a 24 garrafas comuns), chamadas de Melchior, que no Brasil chegam a custar R$ 80 mil cada uma. A unidade de 750 ml é vendida por R$ 2.500.
BABILÔNIA 2
O empresário ofereceu aos convidados cerca de cem garrafas de tinto Bordeaux, safra 2000, considerada excepcional. E 300 garrafas de champanhe Dom Pérignon (cerca de R$ 800 cada um). "Todas as bebidas vieram da adega de 11 mil rótulos do próprio Lírio, que é uma das melhores do país", diz Manoel Beato, sommelier do Grupo Fasano, que ajudou o anfitrião a fazer a harmonização do jantar.
EM ALTA
A TV Globo lança hoje uma campanha para estimular o uso da TV digital no país, estrelada por Fernanda Lima e Thiago Lacerda. A emissora calcula que, até a Copa de 2014, 70% dos espectadores terão acesso à tecnologia. Hoje, segundo o Ibope, a transmissão está disponível para 100 milhões.
CURTO-CIRCUITO
Marco Luque faz show de comédia e improviso ao vivo, hoje, às 14h, em sua página no Facebook.
A mostra "Livro de Assinaturas", de Dudu Santos, foi prorrogada até 25 de janeiro, na Galeria Jaqueline Martins, em Pinheiros.
O Bixiga 70 se apresenta hoje, às 20h, na Funarte, em Santa Cecília. Livre.
Amir Slama e Phebo lançam guirlandas especiais de Vic Meirelles, hoje, a partir das 16h, na Oscar Freire.
Fê Lemos, baterista do Capital Inicial, será DJ hoje, às 22h, em festa no The PUB, na Augusta. 18 anos.
Tania Bulhões e Yan Acioli oferecem feijoada para convidados, hoje, no Jardim América.
Inezita Barroso lançou o DVD "Cabloca Eu Sou", que resgata imagens de seus 63 anos de carreira.
Luiza Brunet organizou festa pelo aniversário de 60 anos de seu namorado, o empresário Lírio Parisotto, na Casa Fasano. A ministra da Cultura, Marta Suplicy, com o marido, Marcio Toledo, a apresentadora Luciana Gimenez com Marcelo Carvalho e a atriz Christiane Torloni foram à comemoração. O ex-ministro Luiz Furlan e os empresários José Luiz Gandini, Ricardo Bellino e Ivo Rosset, com a mulher, Eleonora, também passaram por lá. A modelo Bárbara Fialho, o stylist Rafa Mendonça e a arquiteta Raquel Silveira curtiram a festa que teve show da dupla Victor e Leo.
EU TE PROPONHO
A Câmara Municipal de São Paulo votou em 2013 mais projetos do que nos dois anos anteriores. Os vereadores aprovaram 539 propostas --72% a mais do que em 2012 (313) e 88% superior ao total de 2011 (286). Os parlamentares apresentaram 854 textos. O Executivo, 43.
EU TE PROPONHO 2
Um acordo entre as bancadas, liderado pelo presidente da Câmara, José Américo (PT-SP), dá a cada vereador o direito de submeter quatro propostas a análise. Projetos polêmicos, como o fim da inspeção veicular, a homenagem à Rota e o reajuste do IPTU, passaram pelo plenário. Em 2014, as discussões devem se concentrar na revisão do Plano Diretor, na Lei de Zoneamento e no Código de Obras.
ADEUS
Marcelo Rehder deixará a SPTuris no dia 6 de janeiro.
TORCIDA
Vaiado no evento de catadores, ontem, em SP, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) diz que não se surpreendeu. "Palmeirense não aplaude corintiano. E corintiano não aplaude palmeirense." Segundo Maluf, "eles não gostam de mim, mas gostam das minhas obras. Ninguém fez mais pelo pobre em SP do que eu". O parlamentar afirma ainda que "a pior coisa do mundo é a indiferença. No dia em que eu não for vaiado nem aplaudido, aí sim vou ficar chateado".
AQUELE ABRAÇO
Rejeitado pela plateia, Maluf diz que foi muito bem tratado no palanque em que estava Dilma Rousseff. "O Gilberto Carvalho [ministro da Secretaria-Geral da Presidência] me deu um grande abraço, agradeceu a minha presença. O [senador Eduardo] Suplicy também."
EM FAMÍLIA
Maluf diz que conversou bastante com o senador petista, e lamentou mais uma vez a morte de dona Filomena Matarazzo, mãe de Suplicy. Diz que ela era amiga de sua mãe, dona Maria Maluf. "A dona Filomena tinha 106 anos. Minha mãe, se viva, teria 108. Elas se encontravam em recepções, festas, casamentos. E frequentavam a mesma missa, sempre às quartas-feiras, às 9 da manhã, no Colégio São Luís."
BABILÔNIA
As garrafas do vinho tinto Château Cos d'Estournel em dez formatos diferentes viraram atração na festa de 60 anos do empresário Lírio Parisotto (fotos ao lado), dono da Videolar. As vedetes foram as gigantes de 18 litros (equivalente a 24 garrafas comuns), chamadas de Melchior, que no Brasil chegam a custar R$ 80 mil cada uma. A unidade de 750 ml é vendida por R$ 2.500.
BABILÔNIA 2
O empresário ofereceu aos convidados cerca de cem garrafas de tinto Bordeaux, safra 2000, considerada excepcional. E 300 garrafas de champanhe Dom Pérignon (cerca de R$ 800 cada um). "Todas as bebidas vieram da adega de 11 mil rótulos do próprio Lírio, que é uma das melhores do país", diz Manoel Beato, sommelier do Grupo Fasano, que ajudou o anfitrião a fazer a harmonização do jantar.
EM ALTA
A TV Globo lança hoje uma campanha para estimular o uso da TV digital no país, estrelada por Fernanda Lima e Thiago Lacerda. A emissora calcula que, até a Copa de 2014, 70% dos espectadores terão acesso à tecnologia. Hoje, segundo o Ibope, a transmissão está disponível para 100 milhões.
CURTO-CIRCUITO
Marco Luque faz show de comédia e improviso ao vivo, hoje, às 14h, em sua página no Facebook.
A mostra "Livro de Assinaturas", de Dudu Santos, foi prorrogada até 25 de janeiro, na Galeria Jaqueline Martins, em Pinheiros.
O Bixiga 70 se apresenta hoje, às 20h, na Funarte, em Santa Cecília. Livre.
Amir Slama e Phebo lançam guirlandas especiais de Vic Meirelles, hoje, a partir das 16h, na Oscar Freire.
Fê Lemos, baterista do Capital Inicial, será DJ hoje, às 22h, em festa no The PUB, na Augusta. 18 anos.
Tania Bulhões e Yan Acioli oferecem feijoada para convidados, hoje, no Jardim América.
Inezita Barroso lançou o DVD "Cabloca Eu Sou", que resgata imagens de seus 63 anos de carreira.
A contradição - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 20/12
Os petistas não se conformam com algumas sinalizações da presidente Dilma na reforma ministerial. Com seu adiamento, eles querem dobrar a presidente em alguns casos. Não aceitam a preferência de Dilma por Ciro Gomes (PROS) na Saúde. Eles querem que a pasta fique com o PT e recorrem ao ex-presidente Lula pela nomeação do atual secretário-executivo, Mozart Salles.
Na contramão
O candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, prega "meritocracia, profissionalismo na gestão pública e combate ao aparelhamento partidário" Enquanto isso, o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, enviou projeto à Assembleia goiana dando estabilidade aos funcionários comissionados quando estes completarem 15 anos ininterruptos de serviço público estadual. Ele se elegeu governador em 1998, foi reeleito, depois sucedido pelo seu vice e, em 2010, voltou para o cargo. No mês que vem, seu grupo político completa 15 anos no poder. Se isso virar lei, esses funcionários só poderão ser demitidos, no futuro, com um processo administrativo disciplinar.
"O Aécio Neves não quis partir para o confronto. Isso é uma questão de estilo e de temperamento"
Bruno Araújo
Deputado federal (PSDB-PE), sobre o candidato tucano ter adotado a versão mais light do documento dos 12 pontos, desprezando a primeira versão, que fazia críticas contundentes à presidente Dilma e aos governos do PT.
Exclusividade
A articulação política da reeleição da presidente Dilma vai perder um de seus principais atores caso o ministro Aloizio Mercadante (Educação) seja transferido para a Casa Civil, essa função tem tarefa única: cuidar do governo
O recado
Numa conversa com os ministros Luiz Fux e Gilmar Mendes, o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), avisou que vai anular qualquer decisão do STF ou do TSE que proíba a doação de empresas às campanhas. E lembrou ter revogado decisão do TSE que mudava o número de vagas para deputado federal dos estados.
Mudança polêmica
No STF, o ministro Teori Zavascki segurou o julgamento de ação pela proibição das doações eleitorais pelas empresas. No TSE, coube ao ministro Gilmar Mendes tirar o tema de pauta. A maioria do Congresso é contra a proibição.
Memória curta
Ele deixou o governo de Brasília engolfado pelo então chamado mensalão do DEM. Mas, agora, o ex-governador José Roberto Arruda (PR) lidera pesquisa feita sob encomenda para tucanos e empresários. Ele só não está na ponta no cenário com outro ex-governador: Joaquim Roriz. Em segundo, está o governador Agnelo Queiroz (PT).
Será possível?
A despeito de eventuais cotoveladas, o PT quer manter boa vizinhança com o candidato do PSB, Eduardo Campos. Os petistas querem o apoio dos eleitores do socialista num segundo turno.
Guerra de pesquisas
O PMDB e o PT travam batalha para convencer Lula sobre qual é o candidato viável ao governo do Rio. O ex-presidente quer um só candidato, pois a divisão favorece o deputado Anthony Garotinho (PR).
O EX-PREFEITO DE NITERÓI Godofredo Pinto avalia convite do ministro Marcelo Crivella (Pesca) para formular um programa de governo para o Rio.
Os petistas não se conformam com algumas sinalizações da presidente Dilma na reforma ministerial. Com seu adiamento, eles querem dobrar a presidente em alguns casos. Não aceitam a preferência de Dilma por Ciro Gomes (PROS) na Saúde. Eles querem que a pasta fique com o PT e recorrem ao ex-presidente Lula pela nomeação do atual secretário-executivo, Mozart Salles.
Na contramão
O candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, prega "meritocracia, profissionalismo na gestão pública e combate ao aparelhamento partidário" Enquanto isso, o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, enviou projeto à Assembleia goiana dando estabilidade aos funcionários comissionados quando estes completarem 15 anos ininterruptos de serviço público estadual. Ele se elegeu governador em 1998, foi reeleito, depois sucedido pelo seu vice e, em 2010, voltou para o cargo. No mês que vem, seu grupo político completa 15 anos no poder. Se isso virar lei, esses funcionários só poderão ser demitidos, no futuro, com um processo administrativo disciplinar.
"O Aécio Neves não quis partir para o confronto. Isso é uma questão de estilo e de temperamento"
Bruno Araújo
Deputado federal (PSDB-PE), sobre o candidato tucano ter adotado a versão mais light do documento dos 12 pontos, desprezando a primeira versão, que fazia críticas contundentes à presidente Dilma e aos governos do PT.
Exclusividade
A articulação política da reeleição da presidente Dilma vai perder um de seus principais atores caso o ministro Aloizio Mercadante (Educação) seja transferido para a Casa Civil, essa função tem tarefa única: cuidar do governo
O recado
Numa conversa com os ministros Luiz Fux e Gilmar Mendes, o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), avisou que vai anular qualquer decisão do STF ou do TSE que proíba a doação de empresas às campanhas. E lembrou ter revogado decisão do TSE que mudava o número de vagas para deputado federal dos estados.
Mudança polêmica
No STF, o ministro Teori Zavascki segurou o julgamento de ação pela proibição das doações eleitorais pelas empresas. No TSE, coube ao ministro Gilmar Mendes tirar o tema de pauta. A maioria do Congresso é contra a proibição.
Memória curta
Ele deixou o governo de Brasília engolfado pelo então chamado mensalão do DEM. Mas, agora, o ex-governador José Roberto Arruda (PR) lidera pesquisa feita sob encomenda para tucanos e empresários. Ele só não está na ponta no cenário com outro ex-governador: Joaquim Roriz. Em segundo, está o governador Agnelo Queiroz (PT).
Será possível?
A despeito de eventuais cotoveladas, o PT quer manter boa vizinhança com o candidato do PSB, Eduardo Campos. Os petistas querem o apoio dos eleitores do socialista num segundo turno.
Guerra de pesquisas
O PMDB e o PT travam batalha para convencer Lula sobre qual é o candidato viável ao governo do Rio. O ex-presidente quer um só candidato, pois a divisão favorece o deputado Anthony Garotinho (PR).
O EX-PREFEITO DE NITERÓI Godofredo Pinto avalia convite do ministro Marcelo Crivella (Pesca) para formular um programa de governo para o Rio.
Dança da cadeira - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 20/12
O destino de Aloizio Mercadante está no topo da lista de prioridades de Dilma Rousseff. O ministro da Educação deve deixar a pasta e pode ir para a Casa Civil ou para o QG de campanha. Ministros do PT têm feito lobby para que o secretário-executivo do Ministério da Previdência, Carlos Gabas, vá para o lugar de Gleisi Hoffmann. Os petistas avaliam que, se Mercadante assumir, continuará no posto caso Dilma se reeleja. "Ninguém consegue tirá-lo depois'', constata um aliado.
Bem na fita Outra ala de petistas diz, em defesa de Mercadante, que ele tem sido mais "low profile'' nas reuniões políticas e que a presidente o considera uma peça de segurança do governo.
Garupa Gabas tornou-se próximo de Dilma. Foi com o secretário que ela deu o já famoso passeio de moto.
Ficou para... Dilma pretendia discutir com Lula ontem decisões da pré-campanha, mas a agenda encavalou com a festa de fim de ano do instituto do ex-presidente.
... depois Uma das preocupações é a escolha de um local para que comece a funcionar até fevereiro o núcleo operacional da campanha. O grupo que cuidará da logística será escalado em janeiro.
Brasa Diante da demora de Dilma no evento com catadores de rua, em São Paulo, Lula pediu a assessores para ligarem a TV. Assim que terminou a fala da aliada, mandou ligar a churrasqueira.
Dublê O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), levou um susto ao entrar sob vaias no palco do Natal dos catadores. Só depois notou que os apupos eram para Paulo Maluf (PP).
Aí, não Auxiliares de Dilma dizem que ela iria se queixar a Lula pelo fato de a CUT incentivar greve de fim do ano nos aeroportos. Ontem, aeronautas aceitaram proposta das empresas aéreas e cancelaram a paralisação.
Frente verde Além de buscar aproximação com o PV, aliados de Eduardo Campos (PSB) abriram negociações com o PEN. Os pessebistas acreditam que os cerca de 600 candidatos a deputado que a sigla quer lançar pelo Brasil podem ajudar a campanha do pernambucano.
Enturmada O grupo de Marina Silva temia que Eliana Calmon, que optou por se filiar simbolicamente à Rede, ficasse isolada no PSB. Os marineiros ficaram aliviados quando viram que Lídice da Mata (PSB) apresentou pessoalmente a juíza aposentada aos outros pessebistas.
Atalho 1 Sem acordo para votar o novo Código da Mineração na semana passada, como havia sido anunciado por Henrique Alves (PMDB-RN), peemedebistas articulam para que o projeto seja apresentado diretamente no plenário em 2014, após o recesso.
Atalho 2 A manobra tem o objetivo de evitar pressão de empresas mineradoras sobre deputados da comissão especial que discute o tema. Alguns desses parlamentares propõem a criação de uma participação especial para o setor, nos moldes do petróleo.
Cabe... A propaganda da Fiesp em que Paulo Skaf comemora a derrubada do reajuste do IPTU provocou desconforto na Associação Comercial de São Paulo e na Fecomercio. As duas entidades integram a ação que questionou o aumento e dividiram os gastos com advogados.
... mais um? Dirigentes afirmam que Skaf tenta protagonizar o caso, em busca de popularidade para a disputa pelo governo paulista em 2014. A Associação Comercial é área de influência de Gilberto Kassab (PSD), que também é pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"A escolha dos novos caças suecos coloca o Brasil em posição de cobaia. É como decidir aplicar uma vacina que nunca foi testada."
DO DEPUTADO ESTADUAL ORLANDO MORANDO (PSDB-SP), sobre a decisão do governo de comprar o Gripen NG, que nunca foi usado em operações militares.
contraponto
Sandálias da humildade
Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, aproveitou a última sessão do ano, na quarta-feira, para agradecer aos colegas pelo empenho em 2013. Os senadores brincaram com Vital, cotado para assumir o Ministério da Integração Nacional na reforma da Esplanada.
--Vou apresentar uma proposta para que o senhor possa ser ministro e presidente da CCJ, acumulado --disse Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Sem jeito, o peemedebista respondeu:
--Espero estar aqui no ano que vem!
O destino de Aloizio Mercadante está no topo da lista de prioridades de Dilma Rousseff. O ministro da Educação deve deixar a pasta e pode ir para a Casa Civil ou para o QG de campanha. Ministros do PT têm feito lobby para que o secretário-executivo do Ministério da Previdência, Carlos Gabas, vá para o lugar de Gleisi Hoffmann. Os petistas avaliam que, se Mercadante assumir, continuará no posto caso Dilma se reeleja. "Ninguém consegue tirá-lo depois'', constata um aliado.
Bem na fita Outra ala de petistas diz, em defesa de Mercadante, que ele tem sido mais "low profile'' nas reuniões políticas e que a presidente o considera uma peça de segurança do governo.
Garupa Gabas tornou-se próximo de Dilma. Foi com o secretário que ela deu o já famoso passeio de moto.
Ficou para... Dilma pretendia discutir com Lula ontem decisões da pré-campanha, mas a agenda encavalou com a festa de fim de ano do instituto do ex-presidente.
... depois Uma das preocupações é a escolha de um local para que comece a funcionar até fevereiro o núcleo operacional da campanha. O grupo que cuidará da logística será escalado em janeiro.
Brasa Diante da demora de Dilma no evento com catadores de rua, em São Paulo, Lula pediu a assessores para ligarem a TV. Assim que terminou a fala da aliada, mandou ligar a churrasqueira.
Dublê O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), levou um susto ao entrar sob vaias no palco do Natal dos catadores. Só depois notou que os apupos eram para Paulo Maluf (PP).
Aí, não Auxiliares de Dilma dizem que ela iria se queixar a Lula pelo fato de a CUT incentivar greve de fim do ano nos aeroportos. Ontem, aeronautas aceitaram proposta das empresas aéreas e cancelaram a paralisação.
Frente verde Além de buscar aproximação com o PV, aliados de Eduardo Campos (PSB) abriram negociações com o PEN. Os pessebistas acreditam que os cerca de 600 candidatos a deputado que a sigla quer lançar pelo Brasil podem ajudar a campanha do pernambucano.
Enturmada O grupo de Marina Silva temia que Eliana Calmon, que optou por se filiar simbolicamente à Rede, ficasse isolada no PSB. Os marineiros ficaram aliviados quando viram que Lídice da Mata (PSB) apresentou pessoalmente a juíza aposentada aos outros pessebistas.
Atalho 1 Sem acordo para votar o novo Código da Mineração na semana passada, como havia sido anunciado por Henrique Alves (PMDB-RN), peemedebistas articulam para que o projeto seja apresentado diretamente no plenário em 2014, após o recesso.
Atalho 2 A manobra tem o objetivo de evitar pressão de empresas mineradoras sobre deputados da comissão especial que discute o tema. Alguns desses parlamentares propõem a criação de uma participação especial para o setor, nos moldes do petróleo.
Cabe... A propaganda da Fiesp em que Paulo Skaf comemora a derrubada do reajuste do IPTU provocou desconforto na Associação Comercial de São Paulo e na Fecomercio. As duas entidades integram a ação que questionou o aumento e dividiram os gastos com advogados.
... mais um? Dirigentes afirmam que Skaf tenta protagonizar o caso, em busca de popularidade para a disputa pelo governo paulista em 2014. A Associação Comercial é área de influência de Gilberto Kassab (PSD), que também é pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"A escolha dos novos caças suecos coloca o Brasil em posição de cobaia. É como decidir aplicar uma vacina que nunca foi testada."
DO DEPUTADO ESTADUAL ORLANDO MORANDO (PSDB-SP), sobre a decisão do governo de comprar o Gripen NG, que nunca foi usado em operações militares.
contraponto
Sandálias da humildade
Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, aproveitou a última sessão do ano, na quarta-feira, para agradecer aos colegas pelo empenho em 2013. Os senadores brincaram com Vital, cotado para assumir o Ministério da Integração Nacional na reforma da Esplanada.
--Vou apresentar uma proposta para que o senhor possa ser ministro e presidente da CCJ, acumulado --disse Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Sem jeito, o peemedebista respondeu:
--Espero estar aqui no ano que vem!
Duelo de titãs - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 20/12
Na confraternização de fim de ano com jornalistas, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, dizia que o Poder Legislativo fará “quantas PECs forem necessárias para evitar que o Supremo Tribunal Federal (STF) legisle sobre as doações de campanhas eleitorais”. Os peemedebistas planejam várias Propostas de Emendas Constitucionais, que vão além das doações de campanha. Querem inclusive influir na rotina do STF, como estabelecer uma “ordem cronológica de processos em julgamentos de ações e mandatos com idêntica situação processual”, dando preferência aos mais antigos.
O que leva à reação dos parlamentares é a manifestação de alguns ministros de que a não-doação de empresas seria cláusula pétrea, portanto, de aplicabilidade imediata, caso o STF decida nessa direção. Os partidos não querem o fim desse financiamento. A avaliação geral é a de que, sem o financiamento privado, só o PT terá recursos, porque tem a máquina do governo federal em mãos, controla grande parte dos sindicatos e maior poder de mobilização. Os demais ficariam a ver navios. Essa briga entre STF e Congresso será o tema de estreia do ano eleitoral.
No forno
Em meio às Propostas de Emenda Constitucional em gestação na guerra entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, vem uma para reduzir a idade dos ministros. Em vez da aposentadoria aos 70 anos, a ideia é reduzir para 60 anos. Essa vem quase que sob encomenda para aposentar Joaquim Barbosa, hoje com 59 anos.
Madrugada dos ponteiros
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva ficaram reunidos a portas fechadas até 2h da matina de quinta-feira em Salvador. Na solenidade de ontem, para filiação de Eliana Calmon ao PSB baiano, a ambientalista só se referia ele como “meu presidente”.
Fome & vontade
O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) começou a conversar com o colega Armando Monteiro Neto, do PTB, sobre uma dobradinha no estado. Os dois se aproximaram depois que se sentiram meio largados. O PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, primeira opção de Jarbas, não deixa claro se dará ao peemedebista a vaga de senador na chapa. Da mesma forma, o PT estadual não diz nem sim, nem não, à candidatura de Armando ao governo do estado e tende a lançar candidato próprio.
Data marcada
Uma das primeiras mudanças na equipe de Dilma Rousseff em 2014 será a da Casa Civil. Como Gleisi Hoffman tem mandato de senadora, ela deixa o cargo assim que o Congresso reabrir, no início de fevereiro. Por isso, passará o mês de janeiro entregando a cobrança dos projetos governamentais ao sucessor, hoje entre o “motoqueiro” secretário-geral da previdência, Carlos Gabas, e a ministra do Planejamento, Miriam Belchor. As apostas, entretanto, pesam mais hoje sobre Miriam, por causa da preferência de Dilma em trabalhar diretamente com as mulheres.
Gestos I/ Desde que transmitiu o governo a Roberto Requião, em março de 1991, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) não pisava no Palácio do Iguaçu. Ao todo, foram 8.310 dias. Ontem, quebrou a contagem para receber a comenda ordem do Pinheiro, conferida pelo governador Beto Richa, seu colega de partido. Foi a maior prova de que o PSDB no Paraná está pacificado.
Gestos II/ Outros que receberam a comenda foram o arcebispo de São Paulo, Dom Odílo Scherer, e o ex-governador paulista José Serra. Calma pessoal: Aécio Neves recebeu a comenda no primeiro do mandato de Beto Richa.
Férias coletivas/ No que depender do Congresso Nacional, o ano acabou na última quarta-feira, quando a maioria das excelências correu para o aeroporto a fim de escapar da greve dos aeroviários marcada para amanhã. Agora não tem mais greve e nem parlamentar em Brasília.
Sinceridade demais/ Pré-candidata ao senado pela Bahia, Eliana Calmon (foto) disse, em seu primeiro discurso, não conhecer seu estado natal, mas prometeu visitar cada recanto. Os marqueteiros não gostaram. Quem está atento às ruas retrucou que ficou bom. Afinal, se ela chegar com o discurso do político tradicional, se lasca.
Na confraternização de fim de ano com jornalistas, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, dizia que o Poder Legislativo fará “quantas PECs forem necessárias para evitar que o Supremo Tribunal Federal (STF) legisle sobre as doações de campanhas eleitorais”. Os peemedebistas planejam várias Propostas de Emendas Constitucionais, que vão além das doações de campanha. Querem inclusive influir na rotina do STF, como estabelecer uma “ordem cronológica de processos em julgamentos de ações e mandatos com idêntica situação processual”, dando preferência aos mais antigos.
O que leva à reação dos parlamentares é a manifestação de alguns ministros de que a não-doação de empresas seria cláusula pétrea, portanto, de aplicabilidade imediata, caso o STF decida nessa direção. Os partidos não querem o fim desse financiamento. A avaliação geral é a de que, sem o financiamento privado, só o PT terá recursos, porque tem a máquina do governo federal em mãos, controla grande parte dos sindicatos e maior poder de mobilização. Os demais ficariam a ver navios. Essa briga entre STF e Congresso será o tema de estreia do ano eleitoral.
No forno
Em meio às Propostas de Emenda Constitucional em gestação na guerra entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, vem uma para reduzir a idade dos ministros. Em vez da aposentadoria aos 70 anos, a ideia é reduzir para 60 anos. Essa vem quase que sob encomenda para aposentar Joaquim Barbosa, hoje com 59 anos.
Madrugada dos ponteiros
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva ficaram reunidos a portas fechadas até 2h da matina de quinta-feira em Salvador. Na solenidade de ontem, para filiação de Eliana Calmon ao PSB baiano, a ambientalista só se referia ele como “meu presidente”.
Fome & vontade
O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) começou a conversar com o colega Armando Monteiro Neto, do PTB, sobre uma dobradinha no estado. Os dois se aproximaram depois que se sentiram meio largados. O PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, primeira opção de Jarbas, não deixa claro se dará ao peemedebista a vaga de senador na chapa. Da mesma forma, o PT estadual não diz nem sim, nem não, à candidatura de Armando ao governo do estado e tende a lançar candidato próprio.
Data marcada
Uma das primeiras mudanças na equipe de Dilma Rousseff em 2014 será a da Casa Civil. Como Gleisi Hoffman tem mandato de senadora, ela deixa o cargo assim que o Congresso reabrir, no início de fevereiro. Por isso, passará o mês de janeiro entregando a cobrança dos projetos governamentais ao sucessor, hoje entre o “motoqueiro” secretário-geral da previdência, Carlos Gabas, e a ministra do Planejamento, Miriam Belchor. As apostas, entretanto, pesam mais hoje sobre Miriam, por causa da preferência de Dilma em trabalhar diretamente com as mulheres.
Gestos I/ Desde que transmitiu o governo a Roberto Requião, em março de 1991, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) não pisava no Palácio do Iguaçu. Ao todo, foram 8.310 dias. Ontem, quebrou a contagem para receber a comenda ordem do Pinheiro, conferida pelo governador Beto Richa, seu colega de partido. Foi a maior prova de que o PSDB no Paraná está pacificado.
Gestos II/ Outros que receberam a comenda foram o arcebispo de São Paulo, Dom Odílo Scherer, e o ex-governador paulista José Serra. Calma pessoal: Aécio Neves recebeu a comenda no primeiro do mandato de Beto Richa.
Férias coletivas/ No que depender do Congresso Nacional, o ano acabou na última quarta-feira, quando a maioria das excelências correu para o aeroporto a fim de escapar da greve dos aeroviários marcada para amanhã. Agora não tem mais greve e nem parlamentar em Brasília.
Sinceridade demais/ Pré-candidata ao senado pela Bahia, Eliana Calmon (foto) disse, em seu primeiro discurso, não conhecer seu estado natal, mas prometeu visitar cada recanto. Os marqueteiros não gostaram. Quem está atento às ruas retrucou que ficou bom. Afinal, se ela chegar com o discurso do político tradicional, se lasca.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 20/12
Sorocaba prepara editais de PPPs para hospital e sistema rápido de ônibus
A Prefeitura de Sorocaba, no interior de São Paulo, planeja duas PPPs (parcerias público-privadas) nas áreas de saúde e transporte.
Juntos, os projetos receberão investimentos estimados em R$ 440 milhões. Os detalhes serão apresentados pela administração hoje em um encontro com empresários.
A maior das duas parcerias será para a construção de um novo hospital na região norte, a principal área de expansão do município.
Com cerca de 200 leitos, a unidade deverá receber o aporte de R$ 250 milhões, segundo o governo local.
"É uma estimativa que poderá mudar de acordo com as propostas que serão feitas [pelas empresas interessadas]", afirma o prefeito, Antonio Carlos Pannunzio.
A ideia é que o setor privado assuma a obra, a instalação de equipamentos e a operação dos serviços, como cozinha e lavanderia.
O projeto do BRT (sistema rápido de ônibus), por sua vez, tem um cálculo inicial de R$ 190 milhões em investimentos necessários para a infraestrutura da rede.
A parceria incluirá a construção e a operação de aproximadamente 35 quilômetros de corredores de ônibus que irão operar em dois eixos --norte-sul e leste-oeste.
O sistema será integrado ao serviço atual de transporte coletivo, que conta com 106 linhas e recebe cerca de 5,6 milhões de pessoas por mês.
Tanto no caso do novo hospital como no do BRT, os editais para as parcerias público-privadas serão lançados no início de janeiro, de acordo com Pannunzio.
"Conseguimos aprovar na Câmara a lei das PPPs e um fundo garantidor, então as exigências legais para esses projetos já estão asseguradas", afirma o prefeito.
C&A planeja abrir cerca de 30 novas lojas no Brasil em 2014
A rede varejista de moda C&A estuda reproduzir em outros locais do país um novo modelo de loja 100% voltada ao público feminino, que entrou em funcionamento no grupo há cerca de um mês.
O primeiro ponto de venda dedicado às mulheres foi aberto no Rio de Janeiro.
"O resultado positivo que registramos nesse primeiro mês em Ipanema nos deu muita confiança de que há espaço para esse formato em outras localidades", afirma Paulo Correa, vice-presidente comercial do grupo.
Ainda não há a confirmação de quantidade nem de onde serão essas unidades.
De forma geral, no entanto, a rede de origem holandesa planeja abrir cerca de 30 novas lojas no Brasil em 2014.
Neste ano, foram inaugurados 28 pontos e outros 28 foram reformados --a companhia encerrará 2013 com 261 filiais no país.
"Crescemos mais de 10% ao ano em número de lojas e o projeto é continuar nessa velocidade", diz.
A expansão ocorrerá com mais força no Sudeste e no Nordeste. "Mas há inaugurações previstas para todas as regiões", afirma o executivo.
A C&A não divulga valores de investimentos feitos nem o seu faturamento.
Empresa de logística investirá em armazenagem
A Coopercarga, operadora de logística que atua no Brasil e no Mercosul, vai investir a partir do próximo ano no aumento de sua capacidade de armazenagem.
A nova estratégia terá um aporte inicial de R$ 50 milhões para a construção de um armazém em Duque de Caxias (RJ), além da verticalização de um centro de distribuição no Recife.
A nova unidade terá 120 mil metros quadrados e as obras devem iniciar no segundo semestre de 2014.
"Prevemos um incremento de 60% na nossa capacidade de armazenagem", afirma Osni Roman, presidente da Coopercargas.
"Estudamos abrir também unidades em Buenos Aires, Goiânia, Porto Alegre e outras cidades brasileiras, para não ficarmos apenas no transporte de cargas", diz.
Hoje, a empresa, baseada em um modelo cooperativo cujos sócios disponibilizam seus ativos para investimentos, conta com outros dois centros de distribuição --em Itupeva (SP) e Curitiba-- e frota com 2.000 veículos.
CASA NOVA NO SUL
O sistema que engloba Fecomercio-RS, Sesc e Senac começará a construir em 2014 uma nova sede em Porto Alegre, na qual serão investidos R$ 340 milhões.
O complexo será instalado em um terreno de 200 mil metros quadrados e abrigará salas de aula para cursos técnicos, centros de administração e de eventos.
A Fecomercio já tem recursos para a primeira etapa do projeto --a de construção das instalações administrativas. Nessa fase, serão aplicados entre R$ 110 milhões e R$ 115 milhões.
"O capital vem de nosso superavit, que varia de R$ 90 milhões a R$ 100 milhões. A receita do grupo fica em torno de R$ 500 milhões por ano", afirma o presidente da entidade, Zildo De Marchi.
Todo o complexo deverá ser concluído em seis anos. Após a entrega da primeira fase, será erguido o centro de convenções, com capacidade para 10 mil pessoas.
"Em Porto Alegre, é difícil encontrar um local para organizar grandes eventos. Queremos atender essa demanda", diz De Marchi.
O centro educacional do Senac ficará para a terceira etapa das obras.
"Hoje, a entidade aluga espaços para receber os alunos, que chegam a 42 mil em todo o Estado."
R$ 340 milhões
serão investidos no projeto
R$ 500 milhões
é o faturamento do sistema por ano
10%
é a taxa anual de crescimento da entidade
Piores dias... Hoje e amanhã serão os dias de maior movimento nos voos da TAM até o Natal.
...antes de Noel Um outro pico de fluxo é esperado no final de semana anterior ao Réveillon, diz a companhia.
FALHA NA LIGAÇÃO
O mercado paulista de telemarketing deve faturar neste ano R$ 8,6 bilhões, um crescimento de 6% em relação a 2012, segundo levantamento do Sintelmark (sindicato de empresas do setor).
A rentabilidade por posição de atendimento alcançou os R$ 52 mil, enquanto no ano anterior foram R$ 45,3 mil.
"Não foi um crescimento significativo, pois a margem das empresas ainda é muito pequena", afirma Stan Braz, diretor-presidente-executivo do sindicato.
A média salarial de um atendente também teve um incremento, de R$ 587, em 2012, para R$ 759 em 2013.
A não aprovação neste ano de um projeto de lei que regulamenta a atividade terceirizada do setor trouxe prejuízos, de acordo com Braz.
"Pelo menos cinco empresas estrangeiras quiseram vir investir no Brasil, mas se sentiram inseguras."
Ao todo, o mercado nacional de contact center movimenta R$ 14,3 bilhões e 576 mil colaboradores. Somente no Estado de São Paulo são 346 mil profissionais.
46,7%
dos profissionais do setor têm mais de 25 anos
R$ 759
é a média salarial dos trabalhadores da área
Sorocaba prepara editais de PPPs para hospital e sistema rápido de ônibus
A Prefeitura de Sorocaba, no interior de São Paulo, planeja duas PPPs (parcerias público-privadas) nas áreas de saúde e transporte.
Juntos, os projetos receberão investimentos estimados em R$ 440 milhões. Os detalhes serão apresentados pela administração hoje em um encontro com empresários.
A maior das duas parcerias será para a construção de um novo hospital na região norte, a principal área de expansão do município.
Com cerca de 200 leitos, a unidade deverá receber o aporte de R$ 250 milhões, segundo o governo local.
"É uma estimativa que poderá mudar de acordo com as propostas que serão feitas [pelas empresas interessadas]", afirma o prefeito, Antonio Carlos Pannunzio.
A ideia é que o setor privado assuma a obra, a instalação de equipamentos e a operação dos serviços, como cozinha e lavanderia.
O projeto do BRT (sistema rápido de ônibus), por sua vez, tem um cálculo inicial de R$ 190 milhões em investimentos necessários para a infraestrutura da rede.
A parceria incluirá a construção e a operação de aproximadamente 35 quilômetros de corredores de ônibus que irão operar em dois eixos --norte-sul e leste-oeste.
O sistema será integrado ao serviço atual de transporte coletivo, que conta com 106 linhas e recebe cerca de 5,6 milhões de pessoas por mês.
Tanto no caso do novo hospital como no do BRT, os editais para as parcerias público-privadas serão lançados no início de janeiro, de acordo com Pannunzio.
"Conseguimos aprovar na Câmara a lei das PPPs e um fundo garantidor, então as exigências legais para esses projetos já estão asseguradas", afirma o prefeito.
C&A planeja abrir cerca de 30 novas lojas no Brasil em 2014
A rede varejista de moda C&A estuda reproduzir em outros locais do país um novo modelo de loja 100% voltada ao público feminino, que entrou em funcionamento no grupo há cerca de um mês.
O primeiro ponto de venda dedicado às mulheres foi aberto no Rio de Janeiro.
"O resultado positivo que registramos nesse primeiro mês em Ipanema nos deu muita confiança de que há espaço para esse formato em outras localidades", afirma Paulo Correa, vice-presidente comercial do grupo.
Ainda não há a confirmação de quantidade nem de onde serão essas unidades.
De forma geral, no entanto, a rede de origem holandesa planeja abrir cerca de 30 novas lojas no Brasil em 2014.
Neste ano, foram inaugurados 28 pontos e outros 28 foram reformados --a companhia encerrará 2013 com 261 filiais no país.
"Crescemos mais de 10% ao ano em número de lojas e o projeto é continuar nessa velocidade", diz.
A expansão ocorrerá com mais força no Sudeste e no Nordeste. "Mas há inaugurações previstas para todas as regiões", afirma o executivo.
A C&A não divulga valores de investimentos feitos nem o seu faturamento.
Empresa de logística investirá em armazenagem
A Coopercarga, operadora de logística que atua no Brasil e no Mercosul, vai investir a partir do próximo ano no aumento de sua capacidade de armazenagem.
A nova estratégia terá um aporte inicial de R$ 50 milhões para a construção de um armazém em Duque de Caxias (RJ), além da verticalização de um centro de distribuição no Recife.
A nova unidade terá 120 mil metros quadrados e as obras devem iniciar no segundo semestre de 2014.
"Prevemos um incremento de 60% na nossa capacidade de armazenagem", afirma Osni Roman, presidente da Coopercargas.
"Estudamos abrir também unidades em Buenos Aires, Goiânia, Porto Alegre e outras cidades brasileiras, para não ficarmos apenas no transporte de cargas", diz.
Hoje, a empresa, baseada em um modelo cooperativo cujos sócios disponibilizam seus ativos para investimentos, conta com outros dois centros de distribuição --em Itupeva (SP) e Curitiba-- e frota com 2.000 veículos.
CASA NOVA NO SUL
O sistema que engloba Fecomercio-RS, Sesc e Senac começará a construir em 2014 uma nova sede em Porto Alegre, na qual serão investidos R$ 340 milhões.
O complexo será instalado em um terreno de 200 mil metros quadrados e abrigará salas de aula para cursos técnicos, centros de administração e de eventos.
A Fecomercio já tem recursos para a primeira etapa do projeto --a de construção das instalações administrativas. Nessa fase, serão aplicados entre R$ 110 milhões e R$ 115 milhões.
"O capital vem de nosso superavit, que varia de R$ 90 milhões a R$ 100 milhões. A receita do grupo fica em torno de R$ 500 milhões por ano", afirma o presidente da entidade, Zildo De Marchi.
Todo o complexo deverá ser concluído em seis anos. Após a entrega da primeira fase, será erguido o centro de convenções, com capacidade para 10 mil pessoas.
"Em Porto Alegre, é difícil encontrar um local para organizar grandes eventos. Queremos atender essa demanda", diz De Marchi.
O centro educacional do Senac ficará para a terceira etapa das obras.
"Hoje, a entidade aluga espaços para receber os alunos, que chegam a 42 mil em todo o Estado."
R$ 340 milhões
serão investidos no projeto
R$ 500 milhões
é o faturamento do sistema por ano
10%
é a taxa anual de crescimento da entidade
Piores dias... Hoje e amanhã serão os dias de maior movimento nos voos da TAM até o Natal.
...antes de Noel Um outro pico de fluxo é esperado no final de semana anterior ao Réveillon, diz a companhia.
FALHA NA LIGAÇÃO
O mercado paulista de telemarketing deve faturar neste ano R$ 8,6 bilhões, um crescimento de 6% em relação a 2012, segundo levantamento do Sintelmark (sindicato de empresas do setor).
A rentabilidade por posição de atendimento alcançou os R$ 52 mil, enquanto no ano anterior foram R$ 45,3 mil.
"Não foi um crescimento significativo, pois a margem das empresas ainda é muito pequena", afirma Stan Braz, diretor-presidente-executivo do sindicato.
A média salarial de um atendente também teve um incremento, de R$ 587, em 2012, para R$ 759 em 2013.
A não aprovação neste ano de um projeto de lei que regulamenta a atividade terceirizada do setor trouxe prejuízos, de acordo com Braz.
"Pelo menos cinco empresas estrangeiras quiseram vir investir no Brasil, mas se sentiram inseguras."
Ao todo, o mercado nacional de contact center movimenta R$ 14,3 bilhões e 576 mil colaboradores. Somente no Estado de São Paulo são 346 mil profissionais.
46,7%
dos profissionais do setor têm mais de 25 anos
R$ 759
é a média salarial dos trabalhadores da área
Pouco desemprego e menos trabalho - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 20/12
Desemprego é espanto histórico de tão baixo, mas população ocupada volta a diminuir
O DESEMPREGO no Brasil parece o de uma economia acelerada, histórica e espantosamente baixo. A inflação resistente em torno de 6% também parece coerente com uma economia de desemprego tão baixo, faz já algum tempo. Mas o número de pessoas empregadas e interessadas em trabalhar caiu pela segunda vez consecutiva em novembro, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, divulgada ontem.
Como se dizia aqui faz mais ou menos um mês, a respeito da pesquisa de emprego de outubro, a diminuição do número de pessoas empregadas é uma raridade no Brasil deste século. Desde que os números podem ser comparados (2002), o número de pessoas empregadas caiu apenas outras três vezes: justamente em outubro e noutras duas ocasiões, no ano ruim de 2009, de recessão.
Mais uma vez, a baixa no número de pessoas interessadas em trabalhar ocorreu entre mulheres e jovens de 18 a 24 anos. No caso dos jovens, trata-se de uma tendência já antiga que se acentuou nos últimos meses. No caso das mulheres, é raridade mesmo.
A renda média continua a aumentar acima da inflação, embora em ritmo cada vez menor. Pelo jeito, tal progresso segura a renda das famílias o bastante para que jovens em idade de ensino médio e faculdade, na maioria provavelmente mulheres, prefiram outras atividades a trabalhar ou procurar emprego.
Ainda assim, o aumento da renda e o nível de renda não parecem tão expressivos a ponto de explicar o desinteresse pelo emprego. O aumento da cobertura e do valor dos benefícios sociais talvez ajude a explicar um pouco mais essa retirada do mercado de trabalho, mas por ora isso é apenas uma hipótese meio especulativa.
Em suma, estamos com um desemprego um tanto exoticamente baixo, depois de três anos de crescimento lerdo e com a perspectiva de um biênio igualmente medíocre. Além do mais, os salários ainda crescem, mas isso não é incentivo suficiente para levar mais gente para o mercado. Enfim, não se pode dizer que o mercado está aquecido, pois a população ocupada diminui. Não vai faltar assunto para teses de estudantes de economia.
Quanto ao andamento da economia "real", nota-se uma desaceleração forte do aumento da massa salarial (em 12 meses). O ritmo do aumento do total dos salários pagos apenas foi tão pequeno durante alguns meses do ano de recessão de 2009 e durante o período de recuperação do quase colapso de 2002-2003. Nos demais anos sob governos petistas, o avanço foi muito mais rápido.
Por ora, portanto, a perspectiva é que o ritmo de aumento do consumo no ano que vem não deva ser muito diferente daquele deste ano (dado ainda que o aumento do crédito deve ocorrer no mesmo ritmo desde 2013).
Um mercado menos aquecido, porém, não deve derrubar salários, em média, o que não deve dar muito refresco para a inflação.
Como escreveu ontem em relatório Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco, "um mercado de trabalho que desacelera, mas sem gerar excesso de oferta de mão de obra (dado que há diminuição da força de trabalho), não gera pressão baixista nos salários reais. Por isso a renda média mantém o ritmo de alta".
Desemprego é espanto histórico de tão baixo, mas população ocupada volta a diminuir
O DESEMPREGO no Brasil parece o de uma economia acelerada, histórica e espantosamente baixo. A inflação resistente em torno de 6% também parece coerente com uma economia de desemprego tão baixo, faz já algum tempo. Mas o número de pessoas empregadas e interessadas em trabalhar caiu pela segunda vez consecutiva em novembro, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, divulgada ontem.
Como se dizia aqui faz mais ou menos um mês, a respeito da pesquisa de emprego de outubro, a diminuição do número de pessoas empregadas é uma raridade no Brasil deste século. Desde que os números podem ser comparados (2002), o número de pessoas empregadas caiu apenas outras três vezes: justamente em outubro e noutras duas ocasiões, no ano ruim de 2009, de recessão.
Mais uma vez, a baixa no número de pessoas interessadas em trabalhar ocorreu entre mulheres e jovens de 18 a 24 anos. No caso dos jovens, trata-se de uma tendência já antiga que se acentuou nos últimos meses. No caso das mulheres, é raridade mesmo.
A renda média continua a aumentar acima da inflação, embora em ritmo cada vez menor. Pelo jeito, tal progresso segura a renda das famílias o bastante para que jovens em idade de ensino médio e faculdade, na maioria provavelmente mulheres, prefiram outras atividades a trabalhar ou procurar emprego.
Ainda assim, o aumento da renda e o nível de renda não parecem tão expressivos a ponto de explicar o desinteresse pelo emprego. O aumento da cobertura e do valor dos benefícios sociais talvez ajude a explicar um pouco mais essa retirada do mercado de trabalho, mas por ora isso é apenas uma hipótese meio especulativa.
Em suma, estamos com um desemprego um tanto exoticamente baixo, depois de três anos de crescimento lerdo e com a perspectiva de um biênio igualmente medíocre. Além do mais, os salários ainda crescem, mas isso não é incentivo suficiente para levar mais gente para o mercado. Enfim, não se pode dizer que o mercado está aquecido, pois a população ocupada diminui. Não vai faltar assunto para teses de estudantes de economia.
Quanto ao andamento da economia "real", nota-se uma desaceleração forte do aumento da massa salarial (em 12 meses). O ritmo do aumento do total dos salários pagos apenas foi tão pequeno durante alguns meses do ano de recessão de 2009 e durante o período de recuperação do quase colapso de 2002-2003. Nos demais anos sob governos petistas, o avanço foi muito mais rápido.
Por ora, portanto, a perspectiva é que o ritmo de aumento do consumo no ano que vem não deva ser muito diferente daquele deste ano (dado ainda que o aumento do crédito deve ocorrer no mesmo ritmo desde 2013).
Um mercado menos aquecido, porém, não deve derrubar salários, em média, o que não deve dar muito refresco para a inflação.
Como escreveu ontem em relatório Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco, "um mercado de trabalho que desacelera, mas sem gerar excesso de oferta de mão de obra (dado que há diminuição da força de trabalho), não gera pressão baixista nos salários reais. Por isso a renda média mantém o ritmo de alta".
Nova queda no desemprego - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 20/12
Há meses, o IBGE vem anunciando recordes nos níveis de emprego. Já não dá mais para pensar conservadoramente e continuar imaginando que esses números ocultam algum equívoco metodológico.
Em novembro, que repetiu uma temporada fraca da atividade econômica, o desemprego resvalou para apenas 46 pessoas em cada mil dos que compõem a força de trabalho (veja o gráfico). É a marca mais baixa da série histórica, anunciou o IBGE. Nenhum analista esperava desempenho tão expressivo. Em outubro, os desempregados eram 52 em cada grupo de mil.
Igualmente surpreendente é a informação de que o chamado contingente nem-nem, ou seja, o dos jovens que não trabalham nem estudam, aumentou em 16,7 mil pessoas, para um total de 16,851 milhões em novembro. Ou seja, o número de desempregados diminuiu no mês passado não apenas porque mais pessoas tenham encontrado trabalho, mas, também, porque mais deixaram de procurá-lo.
O aumento da faixa dos nem-nem vem levantando perplexidade entre os especialistas em Economia do Trabalho e em Demografia. Na falta de uma explicação convincente, o gerente de Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, atribui a redução de procura de emprego entre os jovens em novembro à melhora da perspectiva de trabalho temporário no comércio, por ocasião das vendas de fim de ano. As informações veiculadas pelos líderes do setor varejista de que, nesse segmento, houve mais oferta do que procura de emprego dão força a esse argumento. Mas não dá para desprezar outra explicação: a de que o crescimento das transferências de recursos do governo federal para as camadas mais pobres da população pode ter espalhado o entendimento de que é melhor trabalhar com bicos ou em atividades temporárias do que com um emprego fixo.
O próprio IBGE apurou que o aumento médio da renda real (descontada a inflação) cresceu 3,0% em comparação às posições de novembro de 2012. Outra estatística oficial é a de que há no Brasil 20,6 milhões de pessoas que recebem um salário mínimo da Previdência, seja a título de aposentadoria, seja como assistência social. Além disso, o programa Bolsa Família beneficia outros 50 milhões. Mesmo num país de 200 milhões de habitantes, esses números parecem dizer mais do que a vã filosofia.
Em todo o caso, é temerário apostar em que a tendência seja de aumento da escassez de mão de obra. A qualquer momento, boa parcela de jovens que hoje estão fora da População Economicamente Ativa (PEA), pode voltar a buscar emprego.
Mas não dá para desdenhar sumariamente dos efeitos dessa situação de pleno-emprego sobre o potencial de crescimento econômico. É o que já vem sendo observado algumas vezes por esta Coluna. Se o nível de desemprego é o mais baixo da série histórica num ano de baixo avanço do PIB, imagine o que não seria se fossem confirmadas as projeções do governo na Lei de Diretrizes Orçamentárias de um crescimento de 3,8% em 2014.
Há meses, o IBGE vem anunciando recordes nos níveis de emprego. Já não dá mais para pensar conservadoramente e continuar imaginando que esses números ocultam algum equívoco metodológico.
Em novembro, que repetiu uma temporada fraca da atividade econômica, o desemprego resvalou para apenas 46 pessoas em cada mil dos que compõem a força de trabalho (veja o gráfico). É a marca mais baixa da série histórica, anunciou o IBGE. Nenhum analista esperava desempenho tão expressivo. Em outubro, os desempregados eram 52 em cada grupo de mil.
Igualmente surpreendente é a informação de que o chamado contingente nem-nem, ou seja, o dos jovens que não trabalham nem estudam, aumentou em 16,7 mil pessoas, para um total de 16,851 milhões em novembro. Ou seja, o número de desempregados diminuiu no mês passado não apenas porque mais pessoas tenham encontrado trabalho, mas, também, porque mais deixaram de procurá-lo.
O aumento da faixa dos nem-nem vem levantando perplexidade entre os especialistas em Economia do Trabalho e em Demografia. Na falta de uma explicação convincente, o gerente de Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, atribui a redução de procura de emprego entre os jovens em novembro à melhora da perspectiva de trabalho temporário no comércio, por ocasião das vendas de fim de ano. As informações veiculadas pelos líderes do setor varejista de que, nesse segmento, houve mais oferta do que procura de emprego dão força a esse argumento. Mas não dá para desprezar outra explicação: a de que o crescimento das transferências de recursos do governo federal para as camadas mais pobres da população pode ter espalhado o entendimento de que é melhor trabalhar com bicos ou em atividades temporárias do que com um emprego fixo.
O próprio IBGE apurou que o aumento médio da renda real (descontada a inflação) cresceu 3,0% em comparação às posições de novembro de 2012. Outra estatística oficial é a de que há no Brasil 20,6 milhões de pessoas que recebem um salário mínimo da Previdência, seja a título de aposentadoria, seja como assistência social. Além disso, o programa Bolsa Família beneficia outros 50 milhões. Mesmo num país de 200 milhões de habitantes, esses números parecem dizer mais do que a vã filosofia.
Em todo o caso, é temerário apostar em que a tendência seja de aumento da escassez de mão de obra. A qualquer momento, boa parcela de jovens que hoje estão fora da População Economicamente Ativa (PEA), pode voltar a buscar emprego.
Mas não dá para desdenhar sumariamente dos efeitos dessa situação de pleno-emprego sobre o potencial de crescimento econômico. É o que já vem sendo observado algumas vezes por esta Coluna. Se o nível de desemprego é o mais baixo da série histórica num ano de baixo avanço do PIB, imagine o que não seria se fossem confirmadas as projeções do governo na Lei de Diretrizes Orçamentárias de um crescimento de 3,8% em 2014.
A desinflação interrompida - CLAUDIA SAFATLE
VALOR ECONÔMICO - 20/12
A taxa média anual de inflação do início do regime de metas, em 1999, para cá é de 6,63%. Foi de 8,77% no último mandato de FHC, caiu para 5,78% nos oito anos de Lula e subiu para 6,01% nos três anos do governo de Dilma Rousseff. Os cálculos consideraram variação de 5,7% para o IPCA deste ano. O IPCA-15 de 0,75%, divulgado ontem, porém, colocou em risco o compromisso do BC de entregar, este ano, um índice menor do que os 5,84% de 2012 e renovou dúvidas sobre a proximidade do fim do processo de elevação dos juros.
Ao longo desses anos, em apenas três o IPCA ficou abaixo da meta de 4,5%: 2006 (3,14%), 2007 (4,46%) e 2009 (4,31%). Cada período teve suas crises ou choques de oferta que dificultaram a convergência da inflação para a meta. O início do regime, em junho de 1999, foi precedido de forte crise cambial em uma economia ainda em condições precárias e abalada por uma sequência de crises externas. O último ano de FHC foi marcado por turbulências derivadas de temores eleitorais. Em 2008 e 2009, Lula viu a pior crise financeira mundial pós-29 e Dilma pegou o repique dessa crise em 2011/12, além de um choque de preços dos alimentos em 2012.
Não desprezível foi, também, o papel da valorização da taxa de câmbio para a política anti-inflacionária desde o Plano Real.
Sob uma perspectiva histórica, houve sucesso inegável no combate à inflação. Entre 1986 e 1994, a taxa média anual era de 842,5%. De 1995 a 2003, caiu para 9,1% e de lá para cá, para 5,5%. Sob a ótica das escolhas das políticas governamentais, o trabalho poderia ter sido melhor.
A desinflação avançou de forma razoável até 2006, com um tropeço aqui, outro acolá. Havia, inclusive, a esperança de reduzir a taxa para 3,25% em 2003 traduzida em metas que são estabelecidas todos os anos para dois anos à frente. Há nove anos, porém, a meta está estável em 4,5%.
Quando todo o mercado, em 2006, projetava a redução da meta de inflação para 4% para 2008, o Conselho Monetário Nacional (CMN), presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, manteve-a em 4,5%. Perdeu-se, ali, uma chance de ouro de prosseguir na desinflação. O processo foi interrompido.
Nunca mais ouviu-se falar em redução da meta até que, no início deste mês, em café da manhã com empresários em São Paulo, o ministro da Fazenda disse, pela primeira vez desde que assumiu em março de 2006, que nos próximos dez anos, é possivel que o centro da meta inflacionária, atualmente de 4,5%, seja reduzido para 4%, desde que haja uma redução do grau de indexação da economia, que ainda possui um elevado grau de inércia inflacionária, e incrementos de produtividade .
Sempre há uma explicação para a inflação alta no Brasil e é pouca a vontade política de concluir a estabilização que começou há 20 anos. Isso exigiria um esforço fiscal mais prolongado e juros para segurar a demanda. Supondo que combater a inflação compromete o crescimento, os últimos governos se acomodaram em uma meta frouxa, que, com a margem de tolerância, pode variar entre 2,5% e 6,5%.
Mais recentemente o teto de 6,5% passou a ser meta. A presidente, em novembro, escreveu no Twitter que o país manterá, pelo décimo ano consecutivo, a inflação abaixo da meta de 6,5% anuais . Há um pressuposto, formulado por alguns economistas do governo, de que o brasileiro tolera bem uma taxa de inflação de 6% ao ano.
Para uma economia saudável e crescimento sustentável é fundamental ter uma inflação baixa e controlada, onde o movimento de elevação dos preços em geral não compromete o planejamento das empresas e das famílias, não é fator de corrosão dos salários nem um elemento de incerteza que deprime os investimentos. Esse é o caminho para se chegar a uma taxa neutra , que aqui nem é parte da discussão.
Ao fim do terceiro ano do governo Dilma Rousseff a inflação ainda ocupa o centro das preocupações. Resgatou-se, na área econômica, uma forma anacrônica de represá-la: o controle de preços. Os preços administrados (energia, derivados de petróleo, tarifas de ônibus) tiveram aumento este ano de pouco mais de 1% enquanto que os livres subiram sete vezes mais. Desses, os preços dos serviços continuam em ritmo galopante pressionados pelo pleno emprego.
A prática do controle prosseguirá no ano eleitoral de 2014. Esta semana a Aneel adiou para 2015 o início da bandeira tarifária, que seria usada como mecanismo de reajuste das contas de luz. No meio oficial acredita-se mais em controle de preços do que na eficácia da política monetária para conter a inflação.
Só recentemente o governo passou a atribuir alguma importância, também, a questões de valor intangível, como expectativas, confiança, credibilidade. As duras circunstâncias enfrentadas este ano, das manifestações populares de protesto ao baixo crescimento econômico e a descrença e mau humor dos investidores externos e internos, teriam forçado essa compreensão.
As expectativas para os próximos quatro anos, coletadas pelo Focus, continuam desancoradas. O mercado estima inflação média de 5,6% até 2017 e crescimento médio de 2,6%.
Por todas as razões - e a inflação sempre pune mais os mais pobres - os governos deveriam ter mais ambição no combate à inflação. Embora Mantega tenha condicionado a redução da meta num prazo longínquo a progressos na desindexação da economia, o mais provável é que seja exatamente o contrário: só será possível desindexar a economia quando a inflação for baixa o suficiente para permitir que os contratos possam ser livremente negociados e não automaticamente atrelados a algum índice.
A taxa média anual de inflação do início do regime de metas, em 1999, para cá é de 6,63%. Foi de 8,77% no último mandato de FHC, caiu para 5,78% nos oito anos de Lula e subiu para 6,01% nos três anos do governo de Dilma Rousseff. Os cálculos consideraram variação de 5,7% para o IPCA deste ano. O IPCA-15 de 0,75%, divulgado ontem, porém, colocou em risco o compromisso do BC de entregar, este ano, um índice menor do que os 5,84% de 2012 e renovou dúvidas sobre a proximidade do fim do processo de elevação dos juros.
Ao longo desses anos, em apenas três o IPCA ficou abaixo da meta de 4,5%: 2006 (3,14%), 2007 (4,46%) e 2009 (4,31%). Cada período teve suas crises ou choques de oferta que dificultaram a convergência da inflação para a meta. O início do regime, em junho de 1999, foi precedido de forte crise cambial em uma economia ainda em condições precárias e abalada por uma sequência de crises externas. O último ano de FHC foi marcado por turbulências derivadas de temores eleitorais. Em 2008 e 2009, Lula viu a pior crise financeira mundial pós-29 e Dilma pegou o repique dessa crise em 2011/12, além de um choque de preços dos alimentos em 2012.
Não desprezível foi, também, o papel da valorização da taxa de câmbio para a política anti-inflacionária desde o Plano Real.
Sob uma perspectiva histórica, houve sucesso inegável no combate à inflação. Entre 1986 e 1994, a taxa média anual era de 842,5%. De 1995 a 2003, caiu para 9,1% e de lá para cá, para 5,5%. Sob a ótica das escolhas das políticas governamentais, o trabalho poderia ter sido melhor.
A desinflação avançou de forma razoável até 2006, com um tropeço aqui, outro acolá. Havia, inclusive, a esperança de reduzir a taxa para 3,25% em 2003 traduzida em metas que são estabelecidas todos os anos para dois anos à frente. Há nove anos, porém, a meta está estável em 4,5%.
Quando todo o mercado, em 2006, projetava a redução da meta de inflação para 4% para 2008, o Conselho Monetário Nacional (CMN), presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, manteve-a em 4,5%. Perdeu-se, ali, uma chance de ouro de prosseguir na desinflação. O processo foi interrompido.
Nunca mais ouviu-se falar em redução da meta até que, no início deste mês, em café da manhã com empresários em São Paulo, o ministro da Fazenda disse, pela primeira vez desde que assumiu em março de 2006, que nos próximos dez anos, é possivel que o centro da meta inflacionária, atualmente de 4,5%, seja reduzido para 4%, desde que haja uma redução do grau de indexação da economia, que ainda possui um elevado grau de inércia inflacionária, e incrementos de produtividade .
Sempre há uma explicação para a inflação alta no Brasil e é pouca a vontade política de concluir a estabilização que começou há 20 anos. Isso exigiria um esforço fiscal mais prolongado e juros para segurar a demanda. Supondo que combater a inflação compromete o crescimento, os últimos governos se acomodaram em uma meta frouxa, que, com a margem de tolerância, pode variar entre 2,5% e 6,5%.
Mais recentemente o teto de 6,5% passou a ser meta. A presidente, em novembro, escreveu no Twitter que o país manterá, pelo décimo ano consecutivo, a inflação abaixo da meta de 6,5% anuais . Há um pressuposto, formulado por alguns economistas do governo, de que o brasileiro tolera bem uma taxa de inflação de 6% ao ano.
Para uma economia saudável e crescimento sustentável é fundamental ter uma inflação baixa e controlada, onde o movimento de elevação dos preços em geral não compromete o planejamento das empresas e das famílias, não é fator de corrosão dos salários nem um elemento de incerteza que deprime os investimentos. Esse é o caminho para se chegar a uma taxa neutra , que aqui nem é parte da discussão.
Ao fim do terceiro ano do governo Dilma Rousseff a inflação ainda ocupa o centro das preocupações. Resgatou-se, na área econômica, uma forma anacrônica de represá-la: o controle de preços. Os preços administrados (energia, derivados de petróleo, tarifas de ônibus) tiveram aumento este ano de pouco mais de 1% enquanto que os livres subiram sete vezes mais. Desses, os preços dos serviços continuam em ritmo galopante pressionados pelo pleno emprego.
A prática do controle prosseguirá no ano eleitoral de 2014. Esta semana a Aneel adiou para 2015 o início da bandeira tarifária, que seria usada como mecanismo de reajuste das contas de luz. No meio oficial acredita-se mais em controle de preços do que na eficácia da política monetária para conter a inflação.
Só recentemente o governo passou a atribuir alguma importância, também, a questões de valor intangível, como expectativas, confiança, credibilidade. As duras circunstâncias enfrentadas este ano, das manifestações populares de protesto ao baixo crescimento econômico e a descrença e mau humor dos investidores externos e internos, teriam forçado essa compreensão.
As expectativas para os próximos quatro anos, coletadas pelo Focus, continuam desancoradas. O mercado estima inflação média de 5,6% até 2017 e crescimento médio de 2,6%.
Por todas as razões - e a inflação sempre pune mais os mais pobres - os governos deveriam ter mais ambição no combate à inflação. Embora Mantega tenha condicionado a redução da meta num prazo longínquo a progressos na desindexação da economia, o mais provável é que seja exatamente o contrário: só será possível desindexar a economia quando a inflação for baixa o suficiente para permitir que os contratos possam ser livremente negociados e não automaticamente atrelados a algum índice.
Políticas de curto prazo para eficiência energética - RODRIGO AGUIAR
CORREIO BRAZILIENSE - 20/12
As alterações no clima do planeta são concretas e o grande responsável pelo cenário é o setor de energia no mundo, por meio das emissões de gases do efeito estufa (GEE). As consequências vão de panoramas catastróficos a moderados, com perturbações que afetam e afetarão muito a vida do planeta. No Brasil, segundo especialistas, comprometerão sobretudo a agricultura, a saúde, a habitação, a economia e a segurança energética.
As emissões de CO2 em 2012 cresceram 1,4% em todo o mundo, mas foi considerada uma notícia positiva, pois a expectativa era de incremento muito maior. A China é o maior emissor do mundo. No entanto, o acréscimo de emissão em 2012 (300 milhões de toneladas) foi bem menor que nos anos anteriores, em função dos fortes investimentos em energias renováveis e eficiência energética. Nos Estados Unidos, o decréscimo de emissões fez o país chegar a 200 milhões de toneladas, nível apresentado em meados de 1990. Na Europa, a crise e a desaceleração econômica fizeram o continente reduzir em 50 milhões de toneladas de CO2 as emissões.
O Brasil de 2005 a 2010 conseguiu reduzir 38,7% das emissões. A Agência Internacional de Energia (AIE) aponta que, com o ritmo atual de emissões, a temperatura do planeta deve crescer entre 3,6ºC e 5,3ºC nas próximas décadas, o que é muito preocupante. Ainda, dois terços dessas emissões são provenientes do setor energético.
E aí está a preocupação, no setor energético. Em 2005, o Brasil fez seu primeiro inventário de emissões e o setor de florestas era responsável por 57% das emissões nacionais. Em 2010, com os progressos neste setor, a fatia caiu para 22%. Segundo o relatório, desde 2010 a agropecuária lidera o ranking (35%), seguido dos setores energético (32%), de processos industriais (7%) e de tratamento de resíduos (4%).
O setor de energia foi o que mais aumentou as emissões: +21,4%. O país conseguiu resultado importante na redução global da emissão dos GEE, mas, analisando detalhadamente, é possível ver que o forte aumento do setor de energia é preocupante. Ações objetivando frear essa elevação necessitam ser implantadas.
A presidente Dilma Rousseff, durante o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), realizado em Brasília, em junho de 2013, disse que a meta de emissões de CO2 do Brasil para 2020 é "extremamente passível" de ser cumprida. Afirmou que haverá uma tendência inexorável de aumento das térmicas na matriz decorrente de hidrelétricas a fio d"água e de energia eólica.
Para a presidente, são energias que não têm mecanismos de reserva e que mudam em relação ao clima; por isso são necessariamente voláteis e necessitam, portanto, ser firmadas por térmicas. A afirmação reforça, assim, a política do governo de manutenção da tendência atual na expansão da geração de energia elétrica por termoelétricas e, principalmente, carvão.
Segundo a PricewaterhouseCoopers (PwC), no relatório "Índice de economia de baixo carbono", a eficiência energética foi a grande responsável pela diminuição na intensidade de carbono da economia mundial. Cerca de 92% da redução da intensidade de carbono atingida em 2012 foi em decorrência de melhoras na eficiência energética, enquanto apenas 8% foram de uma mudança para um mix energético mais limpo.
No Brasil, o Plano Nacional de Energia (PNE), o Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf) e o Decreto nº 7.390, que regulamenta a Política Nacional de Mudança do Clima, expressam claramente o compromisso brasileiro para o incremento da eficiência energética no país. Portanto, o norteamento sobre as políticas para incremento da eficiência energética para o país existe, bem como um mercado e fornecedores habilitados.
É sabido que o desperdício energético no Brasil é enorme e está praticamente estagnado nos índices ligados à eficiência energética na última década. Existe um descompasso entre a teoria e a realidade. Muitos projetos de eficiência energética são instalados nos diversos setores da economia brasileira, mas, pelas dimensões do país, ainda é muito pouco frente ao potencial e à necessidade. Se realmente o objetivo é conquistar resultados, é preciso tirar os planos das gavetas e ser mais arrojado na implantação de políticas de curto prazo.
O falso antagonismo - PEDRO LUIZ PASSOS
FOLHA DE SP - 20/12
A interação entre serviços e indústria pode elevar a produtividade e reposicionar o país no contexto global
Um dos falsos debates em cena não só no Brasil trata de um suposto antagonismo entre os setores industrial e de serviços, com as participações de ambos em relação ao PIB apresentadas como evidência da decadência da indústria no processo de criação de riqueza, de emprego e de renda. Essa suposição, além de temerária, é precipitada.
Estudo recente da consultoria McKinsey (Manufacturing the Future: Next Era of Global Growth and Innovation) salienta que a indústria, mesmo onde sua participação no produto encolheu significativamente, jamais perdeu a condição de protagonista do desenvolvimento.
Embora represente 16% do PIB das economias avançadas, sua fatia relativa nas exportações chega a 70%. Em pesquisa e desenvolvimento, P&D --dois fatores cruciais para impulsionar a inovação e a competitividade--, a participação da indústria alcança 77%. E continua responsável por parcela expressiva do aumento de produtividade (37%).
A grande constatação do estudo da McKinsey, no entanto, não é que a indústria continua pujante independentemente da redução relativa de seu valor adicionado na formação do PIB. O que se destaca do estudo como importante contribuição para a formulação do desenvolvimento é a comprovação da simbiose entre indústria e serviços.
Segundo o estudo, 37% dos empregos na atividade fabril nos países avançados são de ocupações típicas de serviços. Nos setores mais inovadores e intensivos em tecnologia, o percentual sobe para 55%.
O que se extrai desses números é que as fronteiras que separam a indústria e serviços estão se dissolvendo, e a divisão clássica entre eles, se é que existiu, já não atende às atuais demandas da economia global.
Tais atividades podem ter atributos próprios, mas que se complementam e se alimentam mutuamente. A manufatura potencializa funções imprescindíveis para o avanço da produtividade e a inovação tecnológica, como centro gerador e irradiador de dinamismo em outros setores, notadamente em serviços qualificados. Assim, não faz sentido olhar para as duas áreas como estruturas estanques, sem comunicação entre si.
A análise atenta revela que essa relação já se manifesta com eloquência nas economias mais avançadas. Segundo organizações internacionais, 48% do valor agregado exportado pelos países mais ricos corresponde a serviços, boa parte incorporada nas exportações manufatureiras. A média do Brasil é menor, 36,7%, o que certamente reflete nosso atraso industrial. Mesmo assim, a contribuição da indústria para as exportações de serviços é relevante.
Os mesmos estudos indicam que, em termos de valor adicionado doméstico, 26% das exportações de serviços são de responsabilidade direta das empresas do setor. Mas percentual muito maior, 65%, resulta de serviços domésticos embutidos nas exportações de bens, sobretudo industriais. Outros 9% se referem a serviços importados.
Em alguns setores manufatureiros, o peso de serviços é significativo. Na exportação de produtos químicos, equipamentos de transporte, alimentos processados e bebidas, quase um terço do valor adicionado corresponde a serviços. Outros segmentos industriais chegam perto de 30%. Na agricultura, o percentual é bem inferior: 17%. Ou seja, a indústria moderna é uma engrenagem de exportação de serviços.
A interação entre os dois setores é uma preciosa oportunidade para elevar a produtividade da economia e reposicionar o país no contexto global, demandas urgentes na atual conjuntura. Além disso, bem explorada, ajudará a revigorar a base produtiva e a acelerar o crescimento da produção e das exportações de bens e serviços. O que nos falta são mais investimentos em inovação e maior desenvolvimento dos setores tecnologicamente avançados para aproveitar todo o potencial das sinergias entre indústria e serviços.
Tal movimento permite ampliar a produção e a exportação de bens com maior valor agregado de tecnologia. É uma via de mão dupla.
De um lado, o fortalecimento da relação indústria-serviços trará avanços de produtividade e reduzirá custos de produção, o que, em consequência, elevará a competitividade da economia em geral.
De outro, com maior capacidade competitiva, a indústria poderá alavancar o potencial da atividade de serviços e gerar empregos mais qualificados e mais bem remunerados. Está aí um destacado tema da atualidade para o governo considerar em suas políticas.
A interação entre serviços e indústria pode elevar a produtividade e reposicionar o país no contexto global
Um dos falsos debates em cena não só no Brasil trata de um suposto antagonismo entre os setores industrial e de serviços, com as participações de ambos em relação ao PIB apresentadas como evidência da decadência da indústria no processo de criação de riqueza, de emprego e de renda. Essa suposição, além de temerária, é precipitada.
Estudo recente da consultoria McKinsey (Manufacturing the Future: Next Era of Global Growth and Innovation) salienta que a indústria, mesmo onde sua participação no produto encolheu significativamente, jamais perdeu a condição de protagonista do desenvolvimento.
Embora represente 16% do PIB das economias avançadas, sua fatia relativa nas exportações chega a 70%. Em pesquisa e desenvolvimento, P&D --dois fatores cruciais para impulsionar a inovação e a competitividade--, a participação da indústria alcança 77%. E continua responsável por parcela expressiva do aumento de produtividade (37%).
A grande constatação do estudo da McKinsey, no entanto, não é que a indústria continua pujante independentemente da redução relativa de seu valor adicionado na formação do PIB. O que se destaca do estudo como importante contribuição para a formulação do desenvolvimento é a comprovação da simbiose entre indústria e serviços.
Segundo o estudo, 37% dos empregos na atividade fabril nos países avançados são de ocupações típicas de serviços. Nos setores mais inovadores e intensivos em tecnologia, o percentual sobe para 55%.
O que se extrai desses números é que as fronteiras que separam a indústria e serviços estão se dissolvendo, e a divisão clássica entre eles, se é que existiu, já não atende às atuais demandas da economia global.
Tais atividades podem ter atributos próprios, mas que se complementam e se alimentam mutuamente. A manufatura potencializa funções imprescindíveis para o avanço da produtividade e a inovação tecnológica, como centro gerador e irradiador de dinamismo em outros setores, notadamente em serviços qualificados. Assim, não faz sentido olhar para as duas áreas como estruturas estanques, sem comunicação entre si.
A análise atenta revela que essa relação já se manifesta com eloquência nas economias mais avançadas. Segundo organizações internacionais, 48% do valor agregado exportado pelos países mais ricos corresponde a serviços, boa parte incorporada nas exportações manufatureiras. A média do Brasil é menor, 36,7%, o que certamente reflete nosso atraso industrial. Mesmo assim, a contribuição da indústria para as exportações de serviços é relevante.
Os mesmos estudos indicam que, em termos de valor adicionado doméstico, 26% das exportações de serviços são de responsabilidade direta das empresas do setor. Mas percentual muito maior, 65%, resulta de serviços domésticos embutidos nas exportações de bens, sobretudo industriais. Outros 9% se referem a serviços importados.
Em alguns setores manufatureiros, o peso de serviços é significativo. Na exportação de produtos químicos, equipamentos de transporte, alimentos processados e bebidas, quase um terço do valor adicionado corresponde a serviços. Outros segmentos industriais chegam perto de 30%. Na agricultura, o percentual é bem inferior: 17%. Ou seja, a indústria moderna é uma engrenagem de exportação de serviços.
A interação entre os dois setores é uma preciosa oportunidade para elevar a produtividade da economia e reposicionar o país no contexto global, demandas urgentes na atual conjuntura. Além disso, bem explorada, ajudará a revigorar a base produtiva e a acelerar o crescimento da produção e das exportações de bens e serviços. O que nos falta são mais investimentos em inovação e maior desenvolvimento dos setores tecnologicamente avançados para aproveitar todo o potencial das sinergias entre indústria e serviços.
Tal movimento permite ampliar a produção e a exportação de bens com maior valor agregado de tecnologia. É uma via de mão dupla.
De um lado, o fortalecimento da relação indústria-serviços trará avanços de produtividade e reduzirá custos de produção, o que, em consequência, elevará a competitividade da economia em geral.
De outro, com maior capacidade competitiva, a indústria poderá alavancar o potencial da atividade de serviços e gerar empregos mais qualificados e mais bem remunerados. Está aí um destacado tema da atualidade para o governo considerar em suas políticas.
Sinais da bolsa - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 20/12
Se bolsa de valores é um termômetro para medir o ânimo dos investidores, o cenário para o Brasil é incerto. O Ibovespa acumula queda de 15% desde janeiro. Caiu de 60 mil pontos para 51 mil. Ao longo de 12 meses, houve redução em pontos e volume. Quem fugiu da bolsa e apostou em índices pós-fixados de juros, que subiram pelo aumento da inflação, teve um rendimento maior.
O ano na bolsa foi marcado pelas quebras de empresas do grupo de Eike Batista, que tinham muito peso sobre o índice, e pelos prejuízos bilionários sofridos pela Petro-bras com o congelamento do preço do diesel e da gasolina. A OGX, principal empresa do grupo X, entrou em recuperação judicial, e as ações PN da Petrobras caíram 10% enquanto as ON despencaram 18%.
O Grupo X pesou muito sobre o Ibovespa. Petrobras e Vale também não foram bem. As empresas do segmento imobiliário caem 26% pelo índice Imob. Pelo lado positivo, as siderúrgicas surpreenderam, e as empresas do setor financeiro estão subindo 1,4%, de acordo com o índice IFNC — explicou o analista-chefe da XP Investimentos, William Castro Alves.
O trauma causado no setor de energia no ano passado continua. O índice IEE, voltado para empresas do setor energético, tem queda de 8% no ano. Muitos investidores estrangeiros e pessoas físicas no Brasil perderam dinheiro com a mudança a toque de caixa no marco regulatório e desistiram da bolsa.
— A média diária de volume de negócios no Ibovespa está praticamente estagnada este ano. A bolsa não tem criado novos negócios, o que estamos vivendo é um mercado de trincheira: o investidor arrisca um setor, uma empresa, mas logo volta a se proteger. É como aquela brincadeira de "rouba montinho" — explicou o economista Álvaro Bandeira, da Órama Investimentos.
O contraste com outras bolsas do mundo revela mais da situação do Brasil. Enquanto o Ibovespa cai, nos EUA, os três principais índices bateram recordes ao longo do ano. O Dow Jones tem alta, no ano, de 26%; o S&P 500 subiu 29%; e o Nasdaq disparou 36%. No Japão, o índice Nikkei teve valorização de 54%. Até mesmo na Europa houve aumento forte em vários países, como na Alemanha, 22%; Grécia, com valorização de 28%; Espanha, com 24%; e Irlanda, 33%. Já outros países emergentes da América Latina estão com taxas negativas. Ainda assim, o Brasil cai mais que Chile e Colômbia (vejam no gráfico) e México, que tem pequena queda de 2% no ano.
O investidor que no início do ano desconfiou da promessa do Banco Central de-levar a inflação para a meta teve bons resultados. Esse apostou na alta dos juros e em contratos com taxas pós-fixadas. Ao mesmo tempo, pelo efeito contrário, quem acreditou na promessa de inflação na meta e juros baixos perdeu dinheiro em aplicações pré-fixadas. O dólar também teve forte valorização, com alta de 15% acumulada no ano. Mas, no final das contas, não foi um ano bom para o pequeno investidor.
As estimativas do Boletim Focus e a fraqueza da Bovespa são sinais de que a confiança na economia brasileira continua fraca. Será necessário um esforço maior para mudar o quadro.
Se bolsa de valores é um termômetro para medir o ânimo dos investidores, o cenário para o Brasil é incerto. O Ibovespa acumula queda de 15% desde janeiro. Caiu de 60 mil pontos para 51 mil. Ao longo de 12 meses, houve redução em pontos e volume. Quem fugiu da bolsa e apostou em índices pós-fixados de juros, que subiram pelo aumento da inflação, teve um rendimento maior.
O ano na bolsa foi marcado pelas quebras de empresas do grupo de Eike Batista, que tinham muito peso sobre o índice, e pelos prejuízos bilionários sofridos pela Petro-bras com o congelamento do preço do diesel e da gasolina. A OGX, principal empresa do grupo X, entrou em recuperação judicial, e as ações PN da Petrobras caíram 10% enquanto as ON despencaram 18%.
O Grupo X pesou muito sobre o Ibovespa. Petrobras e Vale também não foram bem. As empresas do segmento imobiliário caem 26% pelo índice Imob. Pelo lado positivo, as siderúrgicas surpreenderam, e as empresas do setor financeiro estão subindo 1,4%, de acordo com o índice IFNC — explicou o analista-chefe da XP Investimentos, William Castro Alves.
O trauma causado no setor de energia no ano passado continua. O índice IEE, voltado para empresas do setor energético, tem queda de 8% no ano. Muitos investidores estrangeiros e pessoas físicas no Brasil perderam dinheiro com a mudança a toque de caixa no marco regulatório e desistiram da bolsa.
— A média diária de volume de negócios no Ibovespa está praticamente estagnada este ano. A bolsa não tem criado novos negócios, o que estamos vivendo é um mercado de trincheira: o investidor arrisca um setor, uma empresa, mas logo volta a se proteger. É como aquela brincadeira de "rouba montinho" — explicou o economista Álvaro Bandeira, da Órama Investimentos.
O contraste com outras bolsas do mundo revela mais da situação do Brasil. Enquanto o Ibovespa cai, nos EUA, os três principais índices bateram recordes ao longo do ano. O Dow Jones tem alta, no ano, de 26%; o S&P 500 subiu 29%; e o Nasdaq disparou 36%. No Japão, o índice Nikkei teve valorização de 54%. Até mesmo na Europa houve aumento forte em vários países, como na Alemanha, 22%; Grécia, com valorização de 28%; Espanha, com 24%; e Irlanda, 33%. Já outros países emergentes da América Latina estão com taxas negativas. Ainda assim, o Brasil cai mais que Chile e Colômbia (vejam no gráfico) e México, que tem pequena queda de 2% no ano.
O investidor que no início do ano desconfiou da promessa do Banco Central de-levar a inflação para a meta teve bons resultados. Esse apostou na alta dos juros e em contratos com taxas pós-fixadas. Ao mesmo tempo, pelo efeito contrário, quem acreditou na promessa de inflação na meta e juros baixos perdeu dinheiro em aplicações pré-fixadas. O dólar também teve forte valorização, com alta de 15% acumulada no ano. Mas, no final das contas, não foi um ano bom para o pequeno investidor.
As estimativas do Boletim Focus e a fraqueza da Bovespa são sinais de que a confiança na economia brasileira continua fraca. Será necessário um esforço maior para mudar o quadro.
Bombardeio aéreo - MARIA CRISTINA FERNANDES
VALOR ECONÔMICO - 20/12
O Estado que cresceu sobre quatro rodas agora deve ser conquistado pelo ar. A campanha petista pela joia da coroa da Federação começou com um bombardeio aéreo de grande alcance. Num único dia, o governo anunciou a compra dos caças suecos e a construção do terceiro aeroporto da região metropolitana de São Paulo.
É evidente que uma decisão de US$ 4,5 bilhões que mobilizou o lobby dos mais estrelados governantes do planeta e levou 13 anos para ser tomada não teve como alvo a comezinha disputa eleitoral em São Paulo. Mas está claro que a escolha do Gripen trará benefícios para o projeto petista de desalojar o PSDB do Palácio dos Bandeirantes.
Das três propostas em disputa, a dos caças suecos era a mais comprometida com aquilo que os petistas do ABC chamam de embrião de um polo tecnológico. Como já relatou Marli Olmos, do Valor, os suecos foram hábeis em prometer investimentos e fazer aliados em São Bernardo do Campo. Vai demorar, mas oferece ao discurso político uma promessa de futuro.
É com essa parceria que Luiz Marinho, o prefeito da cidade que ascendeu no sindicalismo e na política sob os auspícios do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pretende reverter o esvaziamento da região que viu sua indústria automobilística espalhar-se pelo país.
O anúncio dos caças se deu no mesmo dia em que se noticiou o fim da produção de kombis, inadaptadas ao airbag, em São Bernardo do Campo.
Parece mera coincidência, mas é também uma migração de projeto de poder. Depois de entupir as cidades brasileiras de carros, o petismo investe mais decididamente, a partir do seu berço político, no desenvolvimento de um polo tecnológico voltado para a indústria de defesa, inteligência, segurança pública e exploração do pré-sal.
Como são setores dependentes de compras governamentais e de linhas de financiamento oficiais, podem servir de lastro ao já verbalizado projeto de 20 anos de poder, que passa pela tomada do Palácio dos Bandeirantes.
O PT paulista nunca esteve tão determinado nesse propósito quanto nesses anos em que esteve fora da cadeira presidencial. A eleição da presidente Dilma Rousseff foi o momento mais nacionalizado da cúpula petista. O ex-ministro Antonio Palocci, voz de Lula no comando, dividia forças com o ex-presidente da Petrobras, o sergipano José Eduardo Dutra e o atual ministro Fernando Pimentel (MG). O terceiro nome da coordenação de campanha, José Eduardo Martins Cardozo, hoje ministro, apesar de paulista, era da cota de Dilma e nunca pertenceu ao grupo lulista.
Em 2014, além de 100% do comando da campanha presidencial, os paulistas contarão, na presidência da seção estadual do partido, com o ex-prefeito de Osasco, Emídio de Sousa, petista de perfil executivo, próximo a Palocci.
Além de desalojar os tucanos, sua missão, na praça que congrega 22% de todos os eleitores do país, é compensar em São Paulo o avanço dos adversários sobre territórios que, nas três últimas eleições, cravaram PT para presidente.
O maior deles é Minas. O ex-governador de São Paulo e o atual, José Serra e Geraldo Alckmin, revezaram-se em derrotas para os petistas naquele Estado nas mesmas três eleições em que o senador Aécio Neves reelegeu-se e fez de Antonio Anastasia governador.
Desta vez, apesar de o PT ter em Fernando Pimentel um candidato competitivo ao governo do Estado, é improvável que o partido repita a façanha de colocar mais de um milhão de votos à frente dos tucanos como o fez em todos os primeiros turnos a partir de 2002.
Dos três maiores Estados do Nordeste, dois, Bahia e Ceará, deram a Dilma vantagem superior a dois milhões de votos em 2010. Desta vez, a situação é mais confortável no Ceará. Na Bahia, Estado que lhe deu a maior dianteira (2,7 milhões de votos) em todo o país, além de o PT não ter mais o bônus da reeleição de governador, enfrentará uma chapa de duas mulheres boas de briga, Lídice da Matta (governo) e Eliana Calmon (Senado), ambas no partido do governador Eduardo Campos (PSB).
No seu Pernambuco, um dos seis em que Dilma alcançou diferença superior a um milhão de votos sobre o PSDB, está claro que a campanha da presidente será dura. No primeiro turno de 2002, Lula só perdeu em três Estados. Dois deles, Ceará e Rio, tinham ex-governadores no páreo presidencial, Ciro Gomes e Anthony Garotinho, ambos ex-correligionários de Campos.
A presidente tampouco terá vida fácil nos Estados da fronteira agrícola, aqueles sempre manchados de azul nos mapas de resultados eleitorais. A situação poderia ser pior se Campos não tivesse que explicar tanto para o agronegócio que, se eleitos, Marina Silva, acolhida como centroavante, será jogada para o escanteio
Com um mapa nacional mais intrincado que o de 2010, Dilma não pode se dar ao luxo de perder em São Paulo. Nos nove turnos em que os paulistas foram às urnas escolher presidente (contando o único de 1989), em apenas dois - os de 2002 - o PT venceu em São Paulo.
Naquela eleição, o desemprego era o dobro do atual e afetava mais o bolsão industrial que o resto do país. A crise no emprego não foi capaz de impedir a vitória de Alckmin, ainda que o PT, com José Genoino, tenha, naquele ano, chegado pela primeira e única vez ao segundo turno na disputa pelo governo estadual. A maior prejudicada pelo desemprego em alta foi mesmo a candidatura de José Serra.
Não é para dar o troco que Alckmin pouco se esforçará por Aécio em São Paulo. É porque corre, de fato, o risco de não se reeleger se desprezar os palanques duplos que lhe são oferecidos por prefeitos dispostos a fechar com Dilma para presidente.
Com o voto 'dilmin' em 2010 a presidente ficou 783 mil votos aquém de Serra no Estado. O potencial de traição desta vez é maior porque o candidato a presidente vem do outro lado da Serra da Mantiqueira.
Dilma leva vantagem por São Paulo, pela primeira vez, não ter candidato na disputa presidencial. Mas esse bônus pode ser relativizado pelo voto 'edumin', sacramentado com a presença do PSB na chapa de Alckmin.
O caça petista ainda tem pela frente as nuvens pesadas da popularidade do prefeito da capital. Fernando Haddad corroi o bônus que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tem como sangue novo na política eleitoral. São Paulo nunca esteve tão decididamente no radar do partido, mas o céu dos petistas ainda não é de brigadeiro.
O Estado que cresceu sobre quatro rodas agora deve ser conquistado pelo ar. A campanha petista pela joia da coroa da Federação começou com um bombardeio aéreo de grande alcance. Num único dia, o governo anunciou a compra dos caças suecos e a construção do terceiro aeroporto da região metropolitana de São Paulo.
É evidente que uma decisão de US$ 4,5 bilhões que mobilizou o lobby dos mais estrelados governantes do planeta e levou 13 anos para ser tomada não teve como alvo a comezinha disputa eleitoral em São Paulo. Mas está claro que a escolha do Gripen trará benefícios para o projeto petista de desalojar o PSDB do Palácio dos Bandeirantes.
Das três propostas em disputa, a dos caças suecos era a mais comprometida com aquilo que os petistas do ABC chamam de embrião de um polo tecnológico. Como já relatou Marli Olmos, do Valor, os suecos foram hábeis em prometer investimentos e fazer aliados em São Bernardo do Campo. Vai demorar, mas oferece ao discurso político uma promessa de futuro.
É com essa parceria que Luiz Marinho, o prefeito da cidade que ascendeu no sindicalismo e na política sob os auspícios do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pretende reverter o esvaziamento da região que viu sua indústria automobilística espalhar-se pelo país.
O anúncio dos caças se deu no mesmo dia em que se noticiou o fim da produção de kombis, inadaptadas ao airbag, em São Bernardo do Campo.
Parece mera coincidência, mas é também uma migração de projeto de poder. Depois de entupir as cidades brasileiras de carros, o petismo investe mais decididamente, a partir do seu berço político, no desenvolvimento de um polo tecnológico voltado para a indústria de defesa, inteligência, segurança pública e exploração do pré-sal.
Como são setores dependentes de compras governamentais e de linhas de financiamento oficiais, podem servir de lastro ao já verbalizado projeto de 20 anos de poder, que passa pela tomada do Palácio dos Bandeirantes.
O PT paulista nunca esteve tão determinado nesse propósito quanto nesses anos em que esteve fora da cadeira presidencial. A eleição da presidente Dilma Rousseff foi o momento mais nacionalizado da cúpula petista. O ex-ministro Antonio Palocci, voz de Lula no comando, dividia forças com o ex-presidente da Petrobras, o sergipano José Eduardo Dutra e o atual ministro Fernando Pimentel (MG). O terceiro nome da coordenação de campanha, José Eduardo Martins Cardozo, hoje ministro, apesar de paulista, era da cota de Dilma e nunca pertenceu ao grupo lulista.
Em 2014, além de 100% do comando da campanha presidencial, os paulistas contarão, na presidência da seção estadual do partido, com o ex-prefeito de Osasco, Emídio de Sousa, petista de perfil executivo, próximo a Palocci.
Além de desalojar os tucanos, sua missão, na praça que congrega 22% de todos os eleitores do país, é compensar em São Paulo o avanço dos adversários sobre territórios que, nas três últimas eleições, cravaram PT para presidente.
O maior deles é Minas. O ex-governador de São Paulo e o atual, José Serra e Geraldo Alckmin, revezaram-se em derrotas para os petistas naquele Estado nas mesmas três eleições em que o senador Aécio Neves reelegeu-se e fez de Antonio Anastasia governador.
Desta vez, apesar de o PT ter em Fernando Pimentel um candidato competitivo ao governo do Estado, é improvável que o partido repita a façanha de colocar mais de um milhão de votos à frente dos tucanos como o fez em todos os primeiros turnos a partir de 2002.
Dos três maiores Estados do Nordeste, dois, Bahia e Ceará, deram a Dilma vantagem superior a dois milhões de votos em 2010. Desta vez, a situação é mais confortável no Ceará. Na Bahia, Estado que lhe deu a maior dianteira (2,7 milhões de votos) em todo o país, além de o PT não ter mais o bônus da reeleição de governador, enfrentará uma chapa de duas mulheres boas de briga, Lídice da Matta (governo) e Eliana Calmon (Senado), ambas no partido do governador Eduardo Campos (PSB).
No seu Pernambuco, um dos seis em que Dilma alcançou diferença superior a um milhão de votos sobre o PSDB, está claro que a campanha da presidente será dura. No primeiro turno de 2002, Lula só perdeu em três Estados. Dois deles, Ceará e Rio, tinham ex-governadores no páreo presidencial, Ciro Gomes e Anthony Garotinho, ambos ex-correligionários de Campos.
A presidente tampouco terá vida fácil nos Estados da fronteira agrícola, aqueles sempre manchados de azul nos mapas de resultados eleitorais. A situação poderia ser pior se Campos não tivesse que explicar tanto para o agronegócio que, se eleitos, Marina Silva, acolhida como centroavante, será jogada para o escanteio
Com um mapa nacional mais intrincado que o de 2010, Dilma não pode se dar ao luxo de perder em São Paulo. Nos nove turnos em que os paulistas foram às urnas escolher presidente (contando o único de 1989), em apenas dois - os de 2002 - o PT venceu em São Paulo.
Naquela eleição, o desemprego era o dobro do atual e afetava mais o bolsão industrial que o resto do país. A crise no emprego não foi capaz de impedir a vitória de Alckmin, ainda que o PT, com José Genoino, tenha, naquele ano, chegado pela primeira e única vez ao segundo turno na disputa pelo governo estadual. A maior prejudicada pelo desemprego em alta foi mesmo a candidatura de José Serra.
Não é para dar o troco que Alckmin pouco se esforçará por Aécio em São Paulo. É porque corre, de fato, o risco de não se reeleger se desprezar os palanques duplos que lhe são oferecidos por prefeitos dispostos a fechar com Dilma para presidente.
Com o voto 'dilmin' em 2010 a presidente ficou 783 mil votos aquém de Serra no Estado. O potencial de traição desta vez é maior porque o candidato a presidente vem do outro lado da Serra da Mantiqueira.
Dilma leva vantagem por São Paulo, pela primeira vez, não ter candidato na disputa presidencial. Mas esse bônus pode ser relativizado pelo voto 'edumin', sacramentado com a presença do PSB na chapa de Alckmin.
O caça petista ainda tem pela frente as nuvens pesadas da popularidade do prefeito da capital. Fernando Haddad corroi o bônus que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tem como sangue novo na política eleitoral. São Paulo nunca esteve tão decididamente no radar do partido, mas o céu dos petistas ainda não é de brigadeiro.
Assinar:
Postagens (Atom)