CORREIO BRAZILIENSE - 20/12
Entre as qualidades brasileiras, não figura a presteza. Deixamos para amanhã o que podemos fazer hoje. Se possível, para depois de amanhã. Talvez seja este o único país cujo calendário prevê o Dia de São Nunca. Explica-se assim a demora na compra dos caças-padrão da Força Aérea Brasileira (FAB) - necessários para a defesa nacional. Com eles, espera-se contar com aparelho apto a fazer combate aéreo, interceptação e ataque ao solo.
A presidente Dilma Rousseff, em encontro com generais durante o qual anunciou a decisão, sintetizou a importância da aquisição: "Nós somos um país pacífico, mas não vamos ser um país indefeso". As idas e vindas duraram 12 anos. Em agosto de 2001, na administração Fernando Henrique Cardoso, a Aeronáutica provocou empresas a apresentar propostas. De lá para cá, debates, adiamentos, pressões e contrapressões emperraram o processo.
Das três concorrentes - a americana (Boeing), a francesa (Dassault) e a sueca -, o governo bateu o martelo em favor da nórdica Saab Gripen NG. Pesaram na escolha, além do parecer técnico da FAB, dois fatores consideráveis. Um: a transferência de tecnologia. O Brasil terá acesso ao código-fonte - o DNA da aeronave, que possibilitará salto na indústria aeronáutica brasileira. O outro: o custo mais baixo, tanto na compra quanto na manutenção dos 36 aviões: US$ 4,5 bilhões (R$ 10,53 bilhões).
Num mundo em recessão, explica-se a força do lobby dos interessados. O americano Barack Obama visitou o Brasil no início do governo Dilma. O francês François Hollande esteve aqui há poucos dias. Em 2009, o antecessor, Nikolas Sarkozy, quase fechou negócio com o então ocupante do Planalto, Lula da Silva. Mas a compra não foi concretizada, apesar do alto escalão dos caixeiros-viajantes.
Feita a escolha, se o contrato for assinado em 2014, oito monomotores deverão ser entregues entre 2016 e 2023. Temem-se pedras no caminho. Entre elas, problemas com prazos e fornecedores. (Muitos equipamentos são de terceiros países, especialmente dos Estados Unidos). O modelo, eficiente para carregar mísseis e bombas, não foi testado em combate.
O modelo NG, adquirido pelo Brasil, é ainda um protótipo. Aparentemente negativo, o fato é visto como virtude, porque o país terá acesso à chave que lhe abrirá a porta da fabricação de aviões. Resta agora encaminhar o processo tecnicamente. As Forças Armadas, as universidades e os institutos de pesquisas dispõem de talentos capazes de corrigir rumos e evitar desvios prejudiciais ao interesse nacional. Em especial, ingerências políticas que visam à próxima eleição.
A presidente Dilma Rousseff, em encontro com generais durante o qual anunciou a decisão, sintetizou a importância da aquisição: "Nós somos um país pacífico, mas não vamos ser um país indefeso". As idas e vindas duraram 12 anos. Em agosto de 2001, na administração Fernando Henrique Cardoso, a Aeronáutica provocou empresas a apresentar propostas. De lá para cá, debates, adiamentos, pressões e contrapressões emperraram o processo.
Das três concorrentes - a americana (Boeing), a francesa (Dassault) e a sueca -, o governo bateu o martelo em favor da nórdica Saab Gripen NG. Pesaram na escolha, além do parecer técnico da FAB, dois fatores consideráveis. Um: a transferência de tecnologia. O Brasil terá acesso ao código-fonte - o DNA da aeronave, que possibilitará salto na indústria aeronáutica brasileira. O outro: o custo mais baixo, tanto na compra quanto na manutenção dos 36 aviões: US$ 4,5 bilhões (R$ 10,53 bilhões).
Num mundo em recessão, explica-se a força do lobby dos interessados. O americano Barack Obama visitou o Brasil no início do governo Dilma. O francês François Hollande esteve aqui há poucos dias. Em 2009, o antecessor, Nikolas Sarkozy, quase fechou negócio com o então ocupante do Planalto, Lula da Silva. Mas a compra não foi concretizada, apesar do alto escalão dos caixeiros-viajantes.
Feita a escolha, se o contrato for assinado em 2014, oito monomotores deverão ser entregues entre 2016 e 2023. Temem-se pedras no caminho. Entre elas, problemas com prazos e fornecedores. (Muitos equipamentos são de terceiros países, especialmente dos Estados Unidos). O modelo, eficiente para carregar mísseis e bombas, não foi testado em combate.
O modelo NG, adquirido pelo Brasil, é ainda um protótipo. Aparentemente negativo, o fato é visto como virtude, porque o país terá acesso à chave que lhe abrirá a porta da fabricação de aviões. Resta agora encaminhar o processo tecnicamente. As Forças Armadas, as universidades e os institutos de pesquisas dispõem de talentos capazes de corrigir rumos e evitar desvios prejudiciais ao interesse nacional. Em especial, ingerências políticas que visam à próxima eleição.
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