quinta-feira, fevereiro 06, 2014

Rolezinhos - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 06/02

O que os shoppings têm de mágico e desejável? Qual é seu valor simbólico para os jovens do 'rolezinho'?


Na Europa da minha juventude, não havia shopping centers --e, se não me engano, isso não mudou. Havia, isso sim, lojas de departamentos: a Rinascente em Milão, Harrods em Londres e, em Paris, o Bazar de l'Hôtel de Ville, a Samaritaine, as Galeries Lafayette, o Bon Marché.

As lojas de departamentos são os primeiros grandes templos do consumo, como Zola contou deliciosamente no "Paraíso das Damas". Nelas, pode haver um café/restaurante no último andar, mas não há uma área de alimentação, nem cinemas, nem teatros: são lugares funcionais --para comprar, não para passear. Ninguém, em Milão, teria a ideia de dar um rolê na Rinascente. O rolê seria no Corso Vittorio Emanuele, fora da loja.

Em Manhattan também há lojas de departamentos (Saks, Lord and Taylor, Bergdorf, Barneys, Bloomingdale's, Macy's etc.), mas não são lugares para rolê --eventualmente, para expedições quase militares em dia de liquidações anuais. O único shopping center de Manhattan é o Manhattan Mall, do qual, aliás, os nova-iorquinos tendem a fugir.

Nas áreas suburbanas e rurais dos EUA, os shopping centers se parecem com os do Brasil. Mesmo assim, foi no Brasil que eu aprendi que dar rolês em shopping é um programa. Passeamos pelos shoppings, e não é para comprar nem para lamber vitrines. Por quê, então?

Uma amiga me diz que ela passeia pelos shoppings para ter a impressão de estar fora do Brasil, ou seja, num espaço público que não seja ansiógeno e violento. Claro, é uma ilusão fugaz; basta olhar para as vitrines para constatar que tudo é brutalmente mais caro do que no exterior --pelos impostos, pela produtividade medíocre ou pela corrupção endêmica, tanto faz. Mesmo assim, insiste minha amiga, a ilusão de civilidade é um alívio.

Hoje, à brutalidade de impostos, corrupção e mediocridade produtiva acrescentam-se os "rolezinhos" dos jovens da periferia. O que eles querem, afinal?

Talvez eles gostem de apavorar. Não seria de se estranhar. É um axioma: para quem vive na incerteza (de seu status, do reconhecimento dos outros, de seu lugar no mundo), apavorar é um jeito de encontrar no medo dos outros uma confirmação de sua própria relevância. Apavoro, logo existo: espelho-me na preocupação dos seguranças e na cara fechada dos clientes que voltam correndo para o estacionamento.

Mas apavorar é um efeito colateral. Os jovens dos "rolezinhos" pedem sobretudo uma bola branca: a admissão ao clube. A prova, a roupa que eles preferem e que grita para ser reconhecida como luxo.

Tudo bem, alguém perguntará, eles pedem acesso a quê? À classe privilegiada? Ao consumo de quem tem grana?

Não acredito em nada disso, aposto que eles pedem acesso ao próprio lugar para o qual eles vão: eles pedem acesso ao shopping. O que esse lugar tem de mágico? De desejável? Qual é seu valor simbólico?

Na nossa cultura (justamente pela quase inexistência de espaços públicos minimamente frequentáveis, ou seja, pelo horror que a rua é para todos, ricos e pobres), os shoppings integram a lista histórica dos refúgios.

Ao longo da história, nem todos os refúgios foram democráticos. Na época de minha adolescência, discutia-se para saber quem ganharia um lugar no refúgio antiatômico (os critérios eram variados, mas, por exemplo, a idade avançada não era um ponto a favor). Mais tarde se discutia para saber quem subiria na única nave espacial que levaria um grupo seleto para outro planeta, visto que a morte da Terra ou do Sol era próxima e inelutável --apreciem minha coragem: para as duas seleções, escolher ciências exatas seria uma vantagem considerável.

Mas, antes disso tudo, houve uma época em que os refúgios eram abertos. Por exemplo, as igrejas em épocas de pestilência ou de invasão por exércitos saqueadores: todos podiam entrar. Duvido que eles acreditassem numa intervenção milagrosa que salvasse a todos, mas a própria civilidade do ato de rezar em comum era provavelmente um gesto de resistência contra a barbárie, que reinava lá fora.

Agora, o primeiro refúgio da história foi elitista: na Arca de Noé, era só um casal por espécie, e uma família de humanos, a do próprio Noé.

Falando nisso, como é que funcionou a Arca de Noé? Os lobos, as hienas, os chacais etc. declararam trégua e comeram só sucrilhos durante o tempo das águas ou então, irresistivelmente, eles comiam um cordeiro ou um bezerro de vez em quando?

Feliz aniversário, Facebook! - CORA RÓNAI

O GLOBO - 06/02

O que é que tanto nos atrai no Facebook? A resposta é simples: gente. Somos animais gregários, gostamos de viver em comunidade e de contar histórias uns para os outros

Meus netos são lindos. Não digo isso por corujice sem critério; digo por fato bem comprovado. Todas as minhas amigas de Facebook concordam que Fábio e Nina são as criancinhas mais fofas do mundo (logo depois dos seus próprios netos, mas isso é só um detalhe).

Minhas amigas são avós militantes que fazem programas com os netos e que viajam para os lugares mais improváveis do mundo para acompanhar o seu nascimento e conferir como estão crescendo. Por causa disso, minha timeline começa a ter mais fotos de criancinhas do que de gatos, o que confirma algo de que eu já desconfiava há tempos:

— O Facebook é o canal das vovós — escreveu a Andrea, que ainda outro dia foi dar as boas-vindas à Mila em Nova York. — Antes do FB, como é que elas trocavam notícias de suas belezuras?

Não trocavam, ou trocavam de forma muito mais restrita e ocasional: uma gracinha compartilhada durante um telefonema ou um almoço, uma ou outra foto exibida numa festa. Se não fosse pelo Facebook, eu jamais saberia que um dos bebês mais gostosinhos do mundo é o Logan, netinho da Ana Pinta que mora em Londres.

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Segundo estatísticas amplamente divulgadas, 16% dos adolescentes deixaram de frequentar o Facebook no ano passado. É compreensível. Uma rede que faz o encanto das avós não é o lugar onde a garotada quer passar os seus momentos de lazer — e não faltou quem, por conta disso, decretasse o fim da rede social para daqui a dois ou três anos. Essa espécie de profecia maia pós-apocalíptica me pareceu um pouco exagerada, até porque os adolescentes podem ser o público alvo preferencial de 11 entre dez empresas, mas estão longe de ser a única faixa etária do mundo. Sem falar que o FB continua crescendo, ainda que não à velocidade vertiginosa dos últimos anos.

A ideia por trás dessas previsões sombrias é que o Facebook — que fez dez anos anteontem — estaria perto de cumprir o ciclo que rege os movimentos sociais. Tendo passado pelo nascimento, pela consolidação e pela inclusão no sistema, estaria chegando à dissolução, que é quando as pessoas se cansam da brincadeira. Isso já aconteceu com diversas redes sociais, do Second Life ao My Space, passando pelo Multiply e pelo Fotolog; não duvido de que, um dia, venha a acontecer também com o Facebook. Mas daqui até lá muita informação ainda vai correr por baixo da ponte.

Ainda que tenha sido abandonado por um percentual significativo de adolescentes, ele tem um público praticamente cativo nos adultos que aprenderam a usá-lo e sentem-se confortáveis com ele. Nenhuma rede social teve, até hoje, o alcance do Facebook, que tem mais de 1,2 bilhões de usuários, ou seja, cerca de metade do total de pessoas com acesso à internet. E olha que ele é proibido na China! Quando, na manhã de ontem, li a mensagem de aniversário postada por Mark Zuckerberg, ela já tinha sido curtida por 1.542.872 pessoas, e compartilhada 102.405 vezes.

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O que é que tanto nos atrai no Facebook? A resposta é simples: gente. Somos animais gregários, gostamos de viver em comunidade e de contar histórias uns para os outros, de preferência em rodinhas. Ora, desde que deixamos de viver em aldeias onde todos se viam constantemente, ainda não foi inventada forma mais simples de fazer isso do que usando o Facebook, onde tanto cabe um grave manifesto contra a violência quanto uma piada boba — exatamente como acontecia com a praça, no tempo em que as cidades eram calmas, as ruas, seguras, e a vizinhança toda se encontrava durante o footing.

Na praça virtual do Facebook podemos ter notícias dos que estão viajando, dos que moram longe e dos que vivem perto (mas mal têm tempo para respirar, que dirá tomar um chope na esquina). Podemos reencontrar amigos de infância dos quais nunca mais tínhamos ouvido falar, assim como podemos descobrir, em vagos conhecidos do dia a dia, afinidades de pensamento surpreendentes.

As teias que tecemos se ampliam e se consolidam também através dos amigos dos amigos, e nos dão um sentimento que é a base de qualquer comunidade humana: o do pertencimento. Não só encontramos a nossa tribo, como a informamos aos que nos cercam através de curtidas, comentários e compartilhamentos de postagens. Em suma: para além das relações que mantemos uns com os outros, há a percepção dessas relações num contexto mais amplo. Unir — e expor — tecidos sociais tão intrincados de forma tão simples talvez seja o grande segredo do sucesso do Facebook.

Antes de começar a escrever este último parágrafo, fui até o Orkut para ver se ainda acontece alguma coisa por lá (sim, surpreendentemente, acontece); encontrei uma foto antiga em que estou com o meu filho de um ano no colo, e a levei para o Facebook. No minuto seguinte, o bebê da foto, que vai fazer 42 anos na semana que vem e que mora longe do Brasil, fez um comentário:

— Hoje nem os meus bebês são tão novinhos. E você, gatíssima na foto, mamãe.

Quase nada, um alô, um fiapinho de conversa na madrugada; mas foi um carinho, um aceno que nos fizemos, mãe e filho, marcando presença na vida um do outro. Há dez anos, isso não teria acontecido.

Valeu, Facebook.

Sartre e Flaubert, idiotas - MARIO SERGIO CONTI

O GLOBO - 06/02

Acabou a história de refazer a vida e mudar a sociedade. Flaubert e Sartre continuam vivos como exemplo de idiotas ultrapassados


Nunca é tarde. Quarenta e dois anos depois da sua publicação chega ao Brasil “O idiota da família”, o último livro de Jean-Paul Sartre. O notável trabalho da editora L&PM e da tradutora Julia da Rosa Simões recoloca em circulação as ideias de um intelectual do século XX a respeito de um artista do XIX, Gustave Flaubert. O livro é, pois, a síntese de duas vidas maiores e de dois séculos. É o choque da arte pela arte de Flaubert com a literatura engajada de Sartre. O seu método é o da confluência do marxismo com psicanálise, de modo que o estudo não dilua o indivíduo na sociedade. “O idiota da família” é um fracasso monumental.

Começa pela sua legibilidade. São três volumes (publicou-se aqui por enquanto o primeiro) e três mil páginas, com notas explicativas rarefeitas e mirradas indicações bibliográficas. Prossegue no seu arcabouço: “O idiota da família” é a continuação do prefácio que Sartre escreveu no final dos anos 50, intitulado “Questões de método”, para um livro de filosofia que não chegou a terminar, “Crítica da razão dialética”. E termina que o livro não termina. Ele acaba no melhor da história.

A ideia de Sartre era investigar a formação de Flaubert, da sua história familiar à constituição como prosador, e concluir o trabalho com a análise de “Madame Bovary”. A última parte não foi feita porque Sartre teve um ataque cardíaco em 1971, ficou debilitado e, posteriormente, cego. Ademais, com a radicalização desencadeada a partir da greve geral do Maio de 1968, ele aplicou na política toda a força de que dispunha. Explicou-se assim: o engajamento não é a palavra, é a ação.

O livro parte de uma pergunta singela: o que se pode saber de um homem, hoje em dia? Poderia ser qualquer homem. Sartre escolheu Flaubert porque havia inúmeros documentos sobre a vida do romancista, os 13 volumes de sua correspondência e seus primeiros escritos. E também porque, depois da incompreensão na infância ao ler “Madame Bovary”, Sartre veio a ter empatia pelo seu autor. A empatia é melhor que a simpatia e a antipatia.

Nas mãos de um biógrafo convencional, a vida de Flaubert resultaria num volume apimentado de anedotas e fofocas sobre um indivíduo de gênio, e mais um escândalo iria parar na lista dos livros bem vendidos. Com Sartre, não. Ele está longe tanto do comercialismo como do materialismo vulgar. Escreveu um romance filosófico no descrê do protagonista. Prefere chamar o indivíduo Flaubert de “universal singular” — o homem que é universalizado pela história e por sua época, pelo passado e o presente, e nele interfere por meio da sua singularidade.

A história do escritor é passada pelo crivo da psicanálise. Isso está fora de moda, mas é real: a existência precede a essência; as chagas do passado apodrecem no presente; o adulto é fruto do que lhe aconteceu na infância. Sartre mostra que o pai de Flaubert era autoritário e remoto. Já a mãe queria que na sua segunda gravidez, depois do primogênito desejado pelo patriarcalismo, viesse uma menina. Tinha até escolhido o seu nome. Seria Caroline como ela, para superar a morbidez que ela própria viveu na infância. Mas veio Gustave, e só anos depois Caroline, a queridinha.

Flaubert, o indesejado filho do meio, não foi amado pela mãe; e a imago paterna lhe era uma sombra. Desenvolveu uma apatia neurótica cujo primeiro sintoma foi a demora em ler, que só aprendeu aos 7 anos. Por isso, era chamado na família de “retardado”. Teve uma primeira crise nervosa com vinte e poucos anos, que lhe serviu de pretexto, ante o pai, para abandonar a faculdade e se recolher à Normandia, onde comporá sua obra. Sartre chama essa crise de A Queda. Considera-a uma neurose — e não epilepsia, como o grosso dos flaubertianos — e a detecta em todos os escritores franceses do Segundo Império, que é visto por uma perspectiva marxista.

Elucida-se assim o título e a ambição do livro — explicar como o iletrado e retardado da família tornou-se o grande escritor cujo tema por excelência foi a idiotia. Emma e Charles Bovary, Bouvard e Pécuchet, Félicité e Julien (que mata o pai e a mãe) são todos idiotas. Eles se iludem diante da realidade, não a veem na sua inteireza. São pessoas concretas que compartilham uma neurose.

Aí está a arte para o Flaubert de Sartre: “o conjunto de procedimentos que permitem conservar o Ser apodrecendo no álcool do Não Ser”. Ambos conseguiram fazer de si homens diferentes do que queriam a família e a sociedade, as circunstâncias e a História.

Agora é tarde. Tudo isso fracassou, existencialismo, psicanálise, marxismo. Mais: acabou a história de refazer a vida e mudar a sociedade. Flaubert e Sartre continuam vivos como exemplo de idiotas ultrapassados.

Sob o edredom - LUIS FERNANDO VERISSIMO

O Estado de S.Paulo - 06/02

George Orwell não foi, afinal, um mau profeta, foi apenas um profeta apressado. A sociedade controlada por um Big Brother que tudo vê e tudo sabe, que Orwell previu para 1984, só começou a existir, com os avanços da bisbilhotice eletrônica, há pouco tempo. Hoje sabemos que tudo que mandamos por e-mail ou falamos pelo telefone, mesmo que seja apenas notícia do furúnculo da vovó, pode estar sendo monitorado. Os americanos, principalmente, têm os meios para nos controlar completamente, todo o tempo, dia e noite. Não é mais o Big Brother, mas o Big Uncle, o grande tio do norte, de olho em todos nós.

No livro de Orwell uma das funções do Big Brother é a de impedir o amor entre os cidadãos. O sexo tem que ser escondido, e é quase impossível esconder-se dos olhos do grande controlador. O que torna irônico o significado que "Big Brother" adquiriu com o tempo, como sigla de TV, em todo o mundo. Um dos atrativos do programa é o prazer do voyeurismo, o de ver o que acontece quando jovens dos dois sexos, e às vezes de três, são reunidos num clima de sensualidade exposta, e o sexo é tacitamente permitido, desde que embaixo do edredom. A distopia de Orwell, do estado onipresente, até na cama, se transformou na utopia do sexo sem restrição, em que em vez de se esconder das câmeras os competidores a procuram, para aparecer mais.

O Big Uncle não deve se interessar pelo que fazemos sob o edredom. A minha vida sexual eu tenho certeza que não causa nenhum frisson em Washington. Mas em todos os outros sentidos, a profecia de Orwell foi confirmada. 1984 finalmente chegou.

O beijo. Não sei se é verdade, mas ouvi que a discussão, na Globo, sobre autorizar o não o beijo gay na novela foi mais longa e difícil do que se imagina. Havia duas facções: a que defendia beijo de língua e a que só aceitava boca fechada. Só na última, tormentosa, reunião ficou decidido: boca fechada. O Brasil ainda não está pronto para a língua.

Socuerro! A Dilma apagou a luz! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 06/02

E o ministro da Energia? O Lobão! Com aquela cara de porteiro de necrotério. Não tem energia nem pra ele!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O Esculhambador Geral da República!

Continua a Frente Frita! Test drive pro inferno. O calor é tanto que até dá saudades daquele amigo que falava cuspindo! Rarará! E o calor é tanto que se alguém me tratar com frieza, eu até agradeço!

E atenção! Olha essa barbaridade: "Quem nunca deu um murro na cara do outro?', pergunta presidente da Gaviões da Fiel!". EU!

O cara fala como se isso fosse a coisa mais normal, já deu seu soco hoje? Campanha Gaviões da Fiel: Já Deu Seu Soco Hoje?

E o povo no Twitter: "Nunca dei, mas agora deu vontade, e olha que eu sou corintiana". "Então a polícia pode dar um murro na cara dele?" "Claro, normal, pode até levar foguete pro estádio." "Eu já tomei, serve?". Rarará. E mais: "Eu já, mas foi em treino de muay thai". Por isso que eu chamo essas torcidas organizadas de "trucidas". Trucidas organizadas!

E a manchete do Piauí Herald: "Torcedores do Corinthians protestam de punhos cerrados contra o time". Fiéis aos mensaleiros! Rarará!

E o Apagão? Foi a Cristina Kirchner que puxou um gato pra tomar um banho e apagou o Brasil. Apagão! Foi o Sarney carregando o marca-passo! Apagão! Culpa dos brasileiros que botaram todos os iPhones pra carregar ao mesmo tempo! Apagão! A Dilma apagou a luz do fim do túnel! E o ministro da Energia? O Lobão! Com aquela cara de porteiro de necrotério. Esse não tem mais energia nem pra ele. E lobão gosta de lua cheia. Luz do luar!

E o secretário dos Transportes Quebrados de São Paulo: "A pane no metrô é culpa de vândalos orquestrados". Culpou a vítima pelo estupro! E o tuiteiro elgroucho: "Vândalos orquestrados eu imagino um monte de vândalo de fraque com um vândalo de fraque e batuta na frente". Rarará! E o metrô vândalo de São Paulo: superfaturado, roubado, descarrilado, trilho podre e vagão velho! Foram os vândalos da Alstom! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

O Brasil é Lúdico! Olha essa placa em Abaeté, Minas, num restaurante por quilo: "Atenção! Não é permitido comer duas pessoas no mesmo prato!". Gulosos sacanas. Pode comer duas pessoas. Mas em pratos diferentes. Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Perigos em Sochi - GILLES LAPOUGE

O Estado de S.Paulo - 06/02

PARIS - Sochi, às margens do Mar Negro, é uma tranquila estância balneária apreciada pelos apparatchiks - funcionários em tempo integral do Partido Comunista soviético da era de Stalin - e também pelos burocratas da época de Putin, aparentemente por ser um pequeno paraíso, com o mar, as palmeiras, as espreguiçadeiras e o ar de indolência de suas graciosas ruas.

Hoje, em razão dos Jogos Olímpicos de Inverno, a cidade abriga uma população flutuante de 100 mil militares e sua serenidade é perturbada por helicópteros e drones.

Sochi é chamada "a cidade do sol", o que não é um bom prenúncio para quem organiza competições de esqui alpino, biatlo e assim por diante. A neve é escassa este ano. Mesmo na montanha próxima onde ocorrerão as competições, a 600 metros de altitude, há penúria de neve.

Os organizadores não ligam. Suas enormes baterias de canhões de neve preparam-se para abrir fogo. E, na pior das hipóteses, poderão sempre recorrer ao estoque de neve armazenada no inverno passado, que chega a 300 mil metros cúbicos. Portanto, não há com que se preocupar. O que preocupa é outra coisa: são os atentados. Sochi está a poucas centenas de quilômetros das áreas mais perigosas da Rússia, as regiões muçulmanas do Cáucaso na direção do Mar Cáspio: Daguestão, Chechênia, Ingushétia e Kabardino-Balkaria.

Regiões bravias, que lutam desde sempre contra o Estado russo - a guerra já era endêmica na época de Tolstoi -, onde a energia e a cólera se multiplicaram com a pregação islamista que provoca grande desordem, principalmente a dos salafistas. Basta lembrar o horror da recente guerra da Chechênia.

Os atentados jamais cessaram e os Jogos Olímpicos de Sochi são uma dádiva para os terroristas, se é que se pode dizer assim. Aliás, eles o anunciaram em alto e bom som. No final de dezembro, dois ataques enlutaram a cidade de Volgogrado, deixando 34 mortos. Um mês depois, dois jovens jihadistas reivindicaram a autoria do ataque. E anunciaram outras ações. "Um presente para você, Putin, e para os turistas, para vingar o sangue dos muçulmanos", disseram. No ano passado, na República do Daguestão, as forças do governo mataram 190 islamistas radicais.

Uma expressão é particularmente temida pelos habitantes de Sochi, e mais ainda por 1 milhão de visitantes que a Olimpíada atrairá para a região: a "viúva negra". Trata-se de jovens mulheres cujos maridos foram mortos na jihad. Extremamente piedosas, um dia elas desaparecem. Mais tarde, fica-se sabendo que explodiram diante de um edifício público. Em 2010, duas jovens viúvas do Daguestão foram a Moscou, tomaram o metrô, ativaram o mecanismo e provocaram a morte de 40 pessoas.

Em Makhatchkala, capital do Daguestão, Madina Alieva, casada com um muçulmano morto em combate, detonou-se diante do Ministério do Interior, matando um homem. Inna Tcherenkova, casada com um terrorista, também se tornou famosa. Ela mudou o nome russo pelo de Mariam e foi morta pela polícia russa.

Felizmente, se há um homem que não cede ao pânico é Vladimir Putin. Ele gostaria imensamente que esses Jogos "mostrassem aos visitantes e aos jornalistas a nova Rússia, seu verdadeiro rosto, a fim de que pousasse sobre ela um olhar novo e imparcial". Não há o que temer. "Nós conhecemos perfeitamente a situação", afirmou Putin. "A menor manifestação de fraqueza de nossa parte, o menor medo, só ajudariam os terroristas a pôr em prática os seus projetos."/TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

Fazendo a cabeça - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 06/02

Corre desde a última sexta, no site do Senado, uma proposta popular de projeto de lei para regular os usos recreativo, medicinal e industrial da maconha.
Mais de cinco mil pessoas já deram seu “voto de apoio”. Se alcançar 20 mil, a proposta será apreciada pela Comissão de Direitos Humanos da casa.

Dupla maternidade
Um casal de mulheres garantiu o direito de ter o nome das duas como mães no registro de uma criança gerada por reprodução assistida com espermatozoide de doador anônimo.
A decisão é da 20ª Câmara Cível do Rio.

Nelson 70
O jornalista e compositor Nelson Motta vai ser tema de documentário. Coproduzido pelo Canal Brasil, “Nelson 70” será dirigido por Guto Barra e Tatiana Issa.
Merece.

Bruna e Neymar
Em um trote na ESPM, ontem, os alunos tiveram que ir fantasiados. Um deles foi vestido de Neymar e chegou com três louras.
Ao lado, sua acompanhante foi “fantasiada” de Bruna Marquezine, namorada do craque. Ela levava uma placa, brincando com a personagem de Bruna na novela “Em família”: “A Helena sempre sofre.”

Baixaria
O MPF do Rio recebeu, dia destes, uma representação contra Cássio Lannes, do BBB 14. Ele é mais uma vez acusado de racista ao dizer, meio à brinca, meio a sério, que uma negra morreu depois de transar com ele, por causa do tamanho de seu pênis:
“E eu pensei: afrodescendente... pô, aguenta tudo. E eu atravessei (ela)”, disse Lannes.

Que horror! Brasil exporta golpe
A coleguinha Janaína Figueiredo, repórter do GLOBO em Buenos Aires, recebeu um telefonema assustador na madrugada de ontem. Bandidos, aos berros, diziam estar com um filho dela.
Mas era a versão argentina daquele velho golpe do falso sequestro.

Aliás...
Umas meninas americanas brincaram, semana passada, de rolezinho no Aventura Mall, em Miami. Foi assim: elas viram um brasileiro, agacharam e deram um gritinho.
Por fim, perguntaram se estavam iguais às meninas daqui.

Trio de ouro
“Sonho grande”, livro sobre a saga dos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, donos da Ambev, acaba de ser lançado em Portugal.
E já está entre os mais vendidos lá. No Brasil, vendeu 170 mil cópias.

Aliás...
A Rádio Finanças estima entre R$ 50 e 100 milhões o valor que Pipo, como é conhecido Jorge Felipe Lemann, filho do lendário Jorge Paulo, vai receber pela venda de sua parte no Banco Plural.

Chuva de camisinhas
A turma do canal Sexy Hot vai distribuir 15 mil camisinhas no desfile do bloco Fogo & Paixão, dia 23, no Largo de São Francisco. Elas vêm com mensagens.
Veja duas delas: “Plastifico documentos”  ou “Longe de mim querer colocar pressão, mas eu tenho prazo de validade, tá?”.

Faz sentido.

Cadeira cativa
Os proprietários das cadeiras cativas do Maracanã vão receber hoje seus cartões personalizados da Superj, segundo o secretário André Lazaroni.
As carteiras permitirão o acesso ao estádio a partir do próximo jogo.

‘Waiting for you’
Paula Lavigne vai produzir e dirigir o clipe da nova música de trabalho do grupo Jota Quest, “Waiting for you”.

Camarote Brahma
Tiago Abravanel e Preta Gil assinaram contrato com a Brahma.
Os dois vão fazer o show da festa de abertura de carnaval que a cervejaria comanda dia 18, para 400 convidados, no Maracanã. O nome será Abre-Alas Camarote Brahma 2014.

Já...
O camarote do Supermercados Guanabara, que ano passado ganhou destaque na Sapucaí, este ano pretende receber mil pessoas por noite num espaço com cerca de 3 mil m2.

Delegata
A delegada Monique Vidal assumirá a 14ª DP (Leblon).
Conhecida como delegata, ela estava na delegacia do Catete.

Recalque - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 06/02

Claudio Fontana e Elias Andreato estão em "Um Réquiem para Antonio", até 30/3, no Tucarena; "O sucesso a qualquer preço é o tema da peça", diz Andreato sobre a inveja que Salieri nutria por Mozart

CONTA DE LUZ
O governo de São Paulo deve ir à Justiça contra a administração de Dilma Rousseff. A ação vai pedir R$ 1,9 bilhão de indenização pelo fim da concessão da usina Três Irmãos.

NO BARCO
Os dois governos entabularam negociação há alguns meses para tentar chegar a um valor consensual. O secretário de Energia de SP, José Aníbal (PSDB-SP), apresenta uma conta de R$ 3,6 bilhões, incluindo no valor as eclusas que foram construídas na usina. O ministro Edison Lobão, de Minas e Energia, diz que paga a metade: as eclusas fariam parte do transporte fluvial.

NO BARCO 2
"Fizemos um cálculo usando critérios adotados mundialmente", diz Márcio Zimmermann, secretário-executivo de Minas e Energia. Com as negociações empacadas, Aníbal afirma que SP "vai entrar com a ação".

VOU DE ÔNIBUS
Lula deve embarcar no ônibus da campanha de Alexandre Padilha (PT-SP), que pode sair de Brasília nos próximos dias para trazer o candidato a SP. O veículo foi adaptado para ser a "casa" de Padilha quando ele viajar pelo interior do Estado.

CONTA
O Ministério Público manteve a investigação contra Antonio Donato (PT-SP) pela suspeita de envolvimento com a máfia do ISS. A defesa do vereador solicitou o arquivamento do inquérito, mas o conselho superior do órgão rejeitou o pedido por unanimidade. Os promotores querem verificar se o patrimônio de Donato aumentou.

CONTA 2
Donato declara, via assessoria de imprensa, que "sempre esteve e continua à disposição do Ministério Público para qualquer investigação". Ele nega ter recebido dinheiro do grupo.

NO TOPO
"Adele, Live at the Royal Albert Hall", da cantora Adele (Sony Music), atingiu a maior marca de vendas de DVD no país, com mais de 840 mil unidades comercializadas desde o lançamento.
Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Discos, o registro já ganhou seis discos de diamante e mais 19 de platina.

SAPECADA
A propaganda em que uma mulher diz ao marido que está "sapecando" uma colega de trabalho dele virou alvo de investigação pelo Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária). O órgão recebeu queixas de ao menos dez consumidores reclamando de "desrespeito ao núcleo familiar", "abordagem agressiva" e "estímulo à traição" no anúncio do H2OH! Limoneto.

SAPECADA 2
Mariana Hein, atriz que faz a campanha "Affair", criada pela agência AlmapBBDO, diz que o objetivo foi apenas fazer uma abordagem bem-humorada. "Ninguém foi desrespeitoso em nenhum momento. Tivemos cuidado, bom gosto." A PepsiCo, fabricante do produto, afirma ainda não ter sido notificada pelo Conar. O caso deve ser julgado no mês que vem.

BROCHURA
Danilo Gentili vai lançar o "Guia Politicamente Incorreto do Humor".
O apresentador e humorista acaba de fechar contrato com a LeYa para assinar o título da coleção best-seller da editora.

SOM E RISO
E o ator e comediante carioca Fábio Porchat pode ganhar o título de cidadão paulistano.
A proposta é do presidente da Câmara Municipal, José Américo (PT).

DO CROISSANT AO PÃOZINHO
O publicitário Erh Ray recebeu convidados em seu apartamento para comemorar a chegada da agência de publicidade francesa BETC a São Paulo. Christian Gebara, da Vivo, com a mulher, a consultora de imagem Luciana, e a relações-públicas Fabiana Pastore estiveram na festa. O casal de empresários Marina e Fabiano Al Makul, o executivo Guy Hayward e Fabiola Kassain também foram à reunião.

CURTO-CIRCUITO
A exposição "Flávio de Carvalho: a Experiência como Obra" abre hoje, às 10h, na Oca, no Ibirapuera.

No MIS, será lançada hoje antologia da revista "Souza Cruz", organizada por Marcio Debellian.

A Cia Luna Lunera inicia temporada hoje no Sesc Santo Amaro com a peça "Cortiços", às 21h. 16 anos.

Aydano Motta autografa "Blocos de Rua do Carnaval do Rio de Janeiro - Volume 2", hoje, às 19h, no Leblon.

Indecoroso - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 06/02

O ministro Fernando Pimentel, candidato do PT ao governo mineiro, convocou à sua sala na terça-feira os principais dirigentes da pasta do Desenvolvimento. Quando estes chegaram, lá havia uma parafernália para gravação de televisão. Em torno de uma mesa, o ministro/âncora pediu a cada um que recitasse as maravilhas de suas áreas. Todos falaram livremente constrangidos.

Acredite se quiser
A assessoria do ministério confirma a gravação. Diz que a equipe foi contratada pela pessoa física do ministro. Afirma que as gravações, de cenas e depoimentos, não serão usadas na campanha. E que foram feitas para o arquivo pessoal de Pimentel.



“Nós, do PMDB, temos ministros mas não temos ministérios”
Marllos Sampaio
Deputado federal (PMDB-PI), protestando contra a forma pela qual o PMDB é tratado pela presidente Dilma na reforma ministerial


O PT bate. O PSDB assopra
Submetido à crítica dos petistas, coube a um tucano defender o ministro Guido Mantega (Fazenda). Foi ontem no Senado, na discussão sobre a mudança do indexador da dívida dos estados. O governador Tarso Genro (PT-RS) falou grosso: “Me estranha muito esse argumento. O governo subordinado à chantagem do mercado”. Para os petistas, a nova meta do superávit e o corte do Orçamento bastariam para acalmar o mercado. Aturdido, Mantega balbuciou: “Não sei se são suficientes”. Ele foi entao socorrido pelo governador Teotônio Vilela (PSDB-AL): “Não vai fazer a menor diferença mudar o indexador agora ou depois. A gente só vai sentir diferença daqui a cinco anos. Estou de acordo com o Mantega”.

Na rede socialista
O comando da campanha à Presidência de Eduardo Campos trabalha com o lançamento da candidatura do deputado Alfredo Sirkis ao governo do Rio. A direção do PSB garante que “ele topa”, embora ele diga “nao”. Avalia que seu nome é sinônimo de renovação e que deve atrair o eleitorado de Marcelo Freixo (PSOL) e o das “viúvas do (Fernando) Gabeira”.

Sob nova orientação
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), comunicou ao líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que nao participa mais das reuniões da base aliada. Nas votações, o partido votará com independência a depender do mérito.

A regularização do Mais Médicos
O procurador Sebastião Caixeta, do Ministério Público do Trabalho, ouve segunda-feira a médica cubana Ramona Rodriguez. Ele finaliza inquérito que conclui que o Mais Médicos viola a legislação trabalhista. E determina que o salário seja depositado na conta do profissional. Se o governo não acatar, o MPTb vai à Justiça.

Ecumênicos
O debate do novo indexador para as dívidas dos estados, ontem no Senado, reuniu animada roda de cordiais adversários. Nela, os senadores Ana Amélia (PP-RS), Pedro Simon (PMDB-RS) e Paulo Paim (PT-RS) com o governador Tarso Genro (PT-RS).

Não vem que não tem
O presidente do PT catarinense, Claúdio Vignatti, garante que a direção nacional nao tem como impor uma aliança com o governador Raimundo Colombo (PSD). Relata que o partido negocia aliança para o governo com o PMDB e o PP.

COMENTÁRIO DE UM GOVERNISTA sobre a decisão do PMDB da Câmara: “Atrapalha muito. Você já viu algum governo negociar tendo a faca nos peitos”.

Fio desencapado - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 06/02

A despeito de declarações minimizando o apagão em 12 Estados e no DF, integrantes do Planalto admitem preocupação com o uso da força máxima das usinas termoelétricas, que deve ser executado para garantir a segurança do sistema. O principal efeito da medida será o aumento das tarifas de energia, com impacto na inflação. A decisão de que o Tesouro Nacional novamente vai subsidiar as empresas também preocupa, pelo impacto que terá no resultado fiscal do governo.

Pires Diretores de empresas do sistema Eletrobras relataram a membros do governo dificuldades para obter crédito, graças à elevada relação entre a dívida líquida e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações).

Palavra mágica Aliados de Dilma Rousseff temem que, caso se tornem frequentes apagões em todo o país, a oposição consiga encaixar o discurso de que a redução da conta de luz anunciada com alarde em 2013 não passou de populismo tarifário.

Segue... O governador Geraldo Alckmin (PSDB) se reuniu ontem com a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) e com o presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), Vicente Andreu, para discutir risco de desabastecimento em São Paulo.

... o seco Em conversas recentes, dirigentes da ANA apontaram que a chuva só deve voltar com força à região Sudeste a partir do dia 25. Também manifestaram preocupação com o fornecimento de água na Copa, que acontece em época de estiagem.

Comitê O documento em que o PMDB da Câmara abre mão de indicar deputados para a Esplanada foi submetido pelo líder Eduardo Cunha (RJ) à análise prévia do vice-presidente Michel Temer e do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (RN).

Sem cortes Ambos sugeriram retirar um trecho que falava em conveniências eleitorais, mas Cunha levou o texto à bancada e ele foi aprovado na íntegra.

Tô fora O líder do PMDB avisou a Arlindo Chinaglia que a partir da semana que vem não participará de reuniões da base aliada, mas ainda votará com o governo.

Retrato 1 Pesquisa Sensus realizada para o PSDB em São Paulo de 28 a 31 de janeiro, com 1.500 entrevistados, mostrou crescimento de Aécio Neves de 15,6% das intenções de voto, em outubro, para 19,5%. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais.

Retrato 2 No período, Dilma oscilou para baixo dentro da margem (de 34,5% para 33,9%), e Eduardo Campos ficou no mesmo patamar (foi de 10,8% para 11,1%).

Reverso da... Gestor mais bem avaliado das capitais, segundo o Vox Populi, "ACM Neto, prefeito de Salvador, vive seus dias de Fernando Haddad (PT-SP), que obteve a pior nota. Empresários estudam medida judicial contra o aumento do IPTU.

... moeda Enquanto Haddad enfrenta efeitos do cancelamento da correção da tabela do IPTU, na capital baiana o PT deve aderir a ações contra o prefeito do DEM.

Homem novo A Prefeitura de São Paulo gastou de 60% do orçamento de publicidade (R$ 34 milhões) no segundo semestre de 2013 para promover marcas lançadas por Haddad, como Rede Hora Certa, Mais Educação e os corredores de ônibus.

Poupança Haddad gastou menos em propaganda que Gilberto Kassab (PSD). Foram R$ 55 milhões no segundo semestre ante R$ 96 milhões no mesmo período de 2011 --último ano sem restrições da lei eleitoral.

tiroteio
"Dilma provocou o apagão do otimismo, o apagão da eficiência e o apagão da energia. O povo quer apagar seu governo em outubro."
DO DEPUTADO MÁRCIO FRANÇA (PSB-SP), sobre a falta de energia que atingiu 12 Estados e o DF, deixando 6 milhões de pessoas sem luz na terça-feira.

contraponto


Novo ritmo
Foi pouco tradicional a abertura do evento em que o PSB e Rede anunciaram as diretrizes do programa de governo da aliança, anteontem, em Brasília. Depois da declamação de poemas e de uma apresentação de dança ao som de um pandeiro, o governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) se reclinou em sua cadeira, e brincou com Marina Silva e outros aliados:

--Parece até o início do PT, quando eles reuniam um monte de artistas, faziam música e poesia...

Marina, que participou da fundação do partido, gargalhou e concordou com a cabeça.

Primeiros passos - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 06/02

O novo líder da minoria, Domingos Sávio (PSDB-MG), abriu as portas a todos os partidos que não fazem parte da base aliada da presidente Dilma Rousseff. Pedirá, inclusive, ao líder do PSB, Beto Albuquerque, que indique um nome para compor o colegiado oposicionista, da mesma forma que existe hoje o colegiado da oposição. Não está descartado, embora não esteja confirmado, um flerte com o PMDB nessa seara, se o partido entregar os cargos no governo Dilma.

O convite ao PSB, que está certo, é visto como algo, mas é o primeiro mais forte no sentido de preparar o terreno para, num futuro próximo, ou seja, em outubro, juntar todas essas legendas no provável segundo turno da eleição presidencial. Não é à toa que os petistas jogarão todas as fichas para reeleger Dilma em uma única rodada. Sabem que, se vier segundo turno, eles não terão novidade a apresentar ao eleitor.

O curinga...
Bastou o nome do ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa aparecer como futuro ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, para os governistas contrários a Guido Mantega aumentarem a pressão para que Dilma coloque Barbosa no Ministério da Fazenda.

...e o charada
Barbosa deixou o governo depois de bater de frente com o secretário Arno Agostin, que passou um tempo na ribalta, mas, hoje, diante das dificuldades que o país atravessa, há quem diga que começou a perder terreno.

O gladiador
O Distrito Federal foi objeto de uma reunião à parte do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em sua passagem por Brasília. Na capital da República, ele terá como candidato, o senador Rodrigo Rollemberg reconduzido ao cargo de líder do partido no Senado justamente para polemizar com a ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann. Ontem, os dois tiveram o primeiro embate em plenário. O objetivo é não deixar que Aécio Neves e o PSDB desfilem sozinhos no papel de oposição.

O candidato
O presidente do PSDB do DF, Eduardo Jorge Caldas Pereira, conversava animadamente ontem com o deputado tucano Luiz Pitiman. A ordem é ter um nome do próprio ninho tucano local para concorrer ao Governo do Distrito Federal.

Começou/ O atual ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, deflagrou a mudança de auxiliares. O ex-secretário executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Alessandro Teixeira (foto) deixa em breve um cargo por ali para cuidar da campanha de Dilma Rousseff no Rio Grande do Sul.

Malhação/ Para quem não lembra, Alessandro Teixeira é aquele que, em maio do ano passado, foi exonerado do MDIC por causa da reportagem do Correio que o flagrou chegando a uma academia de ginástica em um carro oficial.

E o Pizzolato, hein?/ A brincadeira ontem na Câmara era a de que José Dirceu guardaria um lugarzinho para Henrique Pizzolato em sua cela. Mas nem vai precisar. Ninguém na Polícia Federal acredita que ele será extraditado.

Ver para crer/ A reunião em que o PMDB prometeu entregar os cargos foi vista mais como uma ameaça do que algo para valer. Afinal, quem for candidato tem de deixar o governo mesmo até abril. Ou seja, se era para mostrar raiva, veio tarde.

Santinho!/ Dilma vê no atual líder do PMDB, Eduardo Cunha, um dos motivos de instabilidade da bancada. Ela, entretanto, sabe que, hoje, Eduardo Cunha tem mais influência sobre os deputados do que o vice-presidente da República, Michel Temer.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 06/02

Grupo investirá R$ 233 mi na área de navegação
A Brasil Supply, especializada em serviços (em fluidos e logística) para a cadeia de óleo e gás, vai investir neste ano R$ 233 milhões na área de navegação da companhia.

O valor faz parte de um plano de aportes de R$ 700 milhões até 2015.

Em 2014, serão lançadas quatro embarcações. A primeira delas será batizada na próxima terça-feira, no Guarujá, no litoral paulista.

Ao todo, 17 barcos, cinco já prontos, fazem parte da frota em construção para contratos com a Petrobras para apoio em plataformas, segundo o presidente da empresa, José Ricardo Roriz.

A empresa tem também plantas de fluidos para perfuração e completação (estes são usados quando o poço está pronto, para evitar que ele desmorone).

"Temos navios de aço e de grande porte em fabricação no Rio de Janeiro. Os de São Paulo, feitos no Guarujá, são barcos de alta velocidade, chegam a atingir 33 nós."

O navio que estreia na semana que vem, o BS Geribá, serve para levar 60 pessoas, fora a tripulação, além de equipamentos e fluidos.

"Foi entregue dentro do prazo", afirma o executivo.

O grupo finalizou em 2013 uma grande planta de fluidos em Angra dos Reis, além de produzi-los no Espírito Santo e de operar a fábrica de fluidos da Petrobras em Macaé.

"Até 2016, a empresa deverá estar faturando cerca de R$ 800 milhões", diz. "Estamos estudando investimentos também em portos, mas não há nada definido."

Metal A Açotubo, especializada na distribuição de aços e tubos, investirá cerca de R$ 4,5 milhões neste ano na compra de maquinários para a divisão de trefilados. A expectativa da companhia é faturar R$ 900 milhões em 2014.

Doméstico A Maria Brasileira, rede de franquias de serviços como limpeza, cuidado com crianças e idosos, quer alcançar 200 unidades neste ano. A marca, que iniciou suas atividades em 2012, em São Paulo, tem hoje 52 pontos.

Expansão A Ama Terra, marca de produtos como camisetas, brinquedos e peças de decoração feitos com materiais sustentáveis, planeja abrir 46 novas lojas neste ano. Hoje, são 47 franquias em operação em 16 Estados.

De coleção A Casa da Moeda do Brasil exibirá moedas comemorativas da Copa do Mundo 2014 e da Olimpíada no evento World Money Fair, que será realizado neste mês na Alemanha. É a primeira vez que a casa participa.

Rede curta de contatos
Os trabalhadores mexicanos estão mais preocupados em ampliar sua rede de contatos do que os brasileiros.

Levantamento da Page Personnel, empresa que faz parte do PageGroup, especializado em recrutamento, mostra que 34% dos entrevistados no México apostam na melhora de relacionamentos profissionais para o desenvolvimento de sua carreira.

No Brasil, a parcela é de 30% e no Chile, de 20%.

Aprender um novo idioma e realizar um curso de pós-graduação, porém, são as ferramentas mais comuns nos países analisados

Entre os brasileiros, 53% pretendem estudar uma língua e 42% fazer uma especialização, um mestrado ou um doutorado. Investir em coaching (treinamento para executivos) e realizar um intercâmbio foram citados por 18% e 17% dos ouvidos no país, respectivamente.

O Chile concentra uma parcela maior de profissionais que ainda não definiram os métodos para desenvolvimento de carreira (4%). No Brasil, são 2%.

REFORMA CARIOCA
Com o objetivo de solidificar sua atuação no Rio de Janeiro, a C&C Casa e Construção, de lojas de material para obras e decoração, pretende instalar mais um centro de distribuição e uma loja no Estado no primeiro semestre deste ano.

O novo ponto logístico, o segundo da rede na região, terá 20 mil metros quadrados, com possibilidade de expansão em mais 10 mil m², e ficará em Belford Roxo (RJ).

"Queremos descentralizar as operações de São Paulo, diminuir os custos e aumentar a capacidade do Rio, um dos Estados onde mais estamos crescendo", diz Osvaldo Leivas, principal executivo da empresa.

Hoje, são 33 lojas em São Paulo, 11 no Rio de Janeiro e uma no Espírito Santo. A 12ª unidade fluminense será aberta em um shopping no bairro carioca do Recreio.

"Apesar de as lojas de rua serem prioridade para a empresa, conseguimos nos adaptar com facilidade aos shoppings, onde temos área de venda aproximada de 3.000 m²", diz Leivas.

5.000 m² é a área de venda aproximada de uma loja de rua do grupo


são os centros de distribuição da empresa, sendo dois em SP, um no ES e um no RJ

O mensalão e as doações - EVERARDO MACIEL

O Estado de S.Paulo - 06/02

As doações para o pagamento das multas fixadas pela Justiça aos condenados pelo mensalão suscitam, direta ou indiretamente, grandes controvérsias.

A primeira delas decorre da própria existência de multa como pena acessória da privação da liberdade. Parece excessivo impor uma perda patrimonial a um condenado, no âmbito penal, quando o patrimônio tem origem lícita. Quando cabíveis, em relação aos mesmos fatos, as ações civis e o processo tributário já cuidam de reparações patrimoniais, inclusive com multas.

Essa extravagância se torna mais grave quando o condenado não dispõe de patrimônio capaz de prover o pagamento da multa, sabendo-se ainda que terá inexpressiva renda laboral se estiver privado da liberdade. Mas a verdade é que esse anacronismo persiste na legislação penal brasileira e foi com base nela que foram aplicadas as multas.

Sem nenhum juízo de valor sobre a motivação dos doadores e admitindo como lícita a origem dos recursos (caso não seja, a questão é grave), o pagamento das multas por doações não encerra a questão.

A legislação tributária federal prevê a incidência de ganho de capital nas doações de bens somente quando o donatário optar por declará-los com valor superior àquele constante da declaração do doador. Caso contrário, a incidência fica diferida para o momento da alienação. Por óbvio, não há que se cogitar de incidência de ganho de capital nas doações em dinheiro, sendo, entretanto, obrigatória sua discriminação na declaração de renda.

O adequado tratamento dispensado pela lei federal às doações em dinheiro não elide, contudo, a incidência do imposto sobre a transmissão causa mortis e doações (ITCD), de competência estadual, com concepção muito peculiar: o contribuinte é o donatário, com responsabilidade solidária do doador; já o ente tributante é o Estado do domicílio fiscal do doador.

A tributação das doações em dinheiro pelos Estados é em si uma perversão: estimula a omissão, ainda que indevida, das doações nas declarações de Imposto de Renda e propicia elisão fiscal, de licitude discutível (por exemplo, pagamento de despesas de outrem, concessão de empréstimos). Além disso, se inexistirem limites razoáveis de isenção, findará incidindo até sobre modestos atos de caridade.

Essa perversão, porém, tem amparo constitucional. Por conseguinte, as doações feitas para pagamento das multas no mensalão estão sujeitas à incidência do ITCD, à alíquota genérica de 4%. Portanto, os condenados que receberam doações deverão recolher o imposto em conformidade com a legislação do Estado onde cada doador tem domicílio fiscal.

No Distrito Federal, afora isso, se defrontarão com uma bizarrice administrativa, que consiste em requerer, na repartição fiscal, a emissão do documento de arrecadação. Se não recolhido, no prazo legal, o imposto deverá ser lançado de ofício pelo Fisco, sob pena de prevaricação da autoridade fiscal. A partir daí tem curso o processo de cobrança do devedor, com os desdobramentos que podem culminar com a execução fiscal.

Não tendo, porém, recursos para pagar a multa, como o condenado irá quitar o imposto? Começaria, então, um novo ciclo de doações?

De resto, cabem outras reflexões. Alguém, ao fazer uma doação com a finalidade específica de reduzir ou eliminar a multa, não estaria modificando pena acessória em condenação penal? Se fosse possível a doação, a multa não passaria a ter finalidade meramente arrecadatória, convertendo-se em exótica espécie tributária? Analogamente, poderia alguém cumprir, em lugar do condenado, parte da pena de privação de liberdade?

O julgamento do mensalão é um exemplar episódio da história republicana, à parte desprezíveis sentimentos de regozijo com o infortúnio alheio (Schadenfreude, em alemão) ou pretensões de politizar o que decorre tão somente da competência constitucional da Justiça. O novelo kafkiano descrito, porém, merece ser revisto. Do contrário, remanescerá essa enorme falta de razão. E, até lá, cumpra-se a lei vigente.

Esse apagão é nosso - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 06/02

Algo que se passa no modelo Dilma como um todo: muito consumo, pouco investimento



A gente tem que admitir: dadas as circunstâncias, o pessoal da presidente Dilma saiu-se muito bem no dia do apagão. Não estava nada fácil garantir a segurança do sistema elétrico no momento mesmo em que faltava luz para seis milhões de pessoas, em 13 estados e mais o Distrito Federal. E isso no improviso: a coletiva de terça fora chamada para garantir que não haveria apagões; a energia pifou mal as autoridades começavam a explicar. Tudo considerado, a resposta foi, em interpretação livre, a seguinte: o nosso apagão é muito melhor.

Ainda completaram: melhor que os apagões do governo FH, melhor do que os ocorridos em outros países e melhor mesmo que aqueles verificados no próprio governo Dilma. Como? A rapidez com que se detectou o duplo curto-circuito e, mais importante, a rapidez com que se restabeleceu o sistema — isso é Primeiro Mundo, pessoal.

Primeiro Mundo, não. Foi mal. A presidente Dilma acha que eles, do mundo desenvolvido, têm feito praticamente só coisas erradas. Na linguagem do governo, portanto, o apagão de terça é Brasil, assim como a nossa Copa será a Copa das Copas.

Assim como a política econômica brasileira, com tudo — inflação, superávit primário e contas externas — na meta. Vá lá, alvo ampliado, mas e daí?

O problema é que os chamados agentes econômicos — as pessoas que compram, vendem, produzem, consomem, poupam e gastam — não estão acreditando que a nossa energia, quer dizer, nossa economia está brilhando.

Perguntas e dúvidas embaraçam, aqui e ali. No apagão, não se sabe bem se a culpa de tudo foi mesmo o duplo curto-circuito. E mais, por que teria ocorrido o curto? E por que um “curtinho” termina num apagão?

Uma investigação, digamos, normal talvez procurasse alguma ligação entre a falha e circunstâncias como: sobrecarga do sistema, uso seguido no pico, já que houve um recorde de carga três minutos antes de a luz pifar.

Negativo, assegura a equipe elétrica de Dilma, tão firme quanto a equipe econômica. O pessoal pode não saber ainda a causa — tem uma reunião hoje para discutir isso —, mas garante que não há sobrecargas, nem “estresse estrutural”.

Em resumo, até aqui, a resposta é essa mesma: apagão é apagão, acontece. O que queriam, que não ocorresse nenhum problema num sistema tão grande? A convicção das autoridades do setor elétrico é muito mais firme que o próprio sistema, disso não há dúvida.

Só não é mais firme que a convicção da presidente Dilma e do ministro Mantega quando falam de economia.

E, entretanto, parece que, na política econômica, o governo vai tentar dar uma satisfação ao distinto público. Ou seja, fazer algumas mudanças sem admitir que se está mudando. Ou anunciar mudanças sem mudar nada — dizem os céticos.

O problema é que há problemas reais. No setor elétrico, por exemplo, há um erro de fundo: o preço. A tarifa cobrada dos consumidores, residenciais e industriais, reduzida à força no ano passado, resulta mais barata que o custo de produção. Isso cria um incentivo às avessas: estimula o uso de um serviço caro e que não está sobrando. E não estimula o investimento para aumentar a oferta, pois as empresas do setor só não quebraram porque o governo federal lhes passou mais de R$ 20 bilhões no ano passado — dinheiro do contribuinte.

Eis, num detalhe, algo que se passa no modelo Dilma como um todo: muito consumo, pouco investimento.

Há duas possibilidades de se manejar o desequilíbrio financeiro do setor elétrico: ou aumentar a tarifa ao consumidor ou o Tesouro usar dinheiro dos impostos para cobrir os buracos.

Alta da tarifa bate na inflação. Não haveria problema se fosse verdade que a inflação está controlada, não é mesmo?

O Tesouro pagar a diferença — isso reduz o superávit primário, piora o estado das contas públicas, sob desconfiança das agências de classificação de risco. Também não seria problema se as contas públicas estivesses equilibradas...

E tem a política: a redução da conta de luz é ponto de campanha. Subi-la agora, justo no ano eleitoral e no momento em que a outra promessa de redução, a dos juros, já foi descumprida? Sim, descumprida: o Banco Central está elevando a taxa básica. Por que faria isso se dólar e preços estivessem controlados?

Em resumo: apagão acontece — esses curtos... —, mas o sistema é uma fortaleza. Preços sobem — esse mercado internacional.... —, mas não tem inflação. O superávit está caindo, mas a culpa é dos governadores e prefeitos, pois no federal vai tudo bem.

Os outros é que não entendem nada.

Diplomacia arbitrária - FÁBIO PANNUNZIO

FOLHA DE SP - 06/02

Arroubos autoritários não deveriam causar espanto. O incrível é que a ditadura cubana ainda encontre defensores intransigentes


Quinze anos atrás, fui escalado pela Rede Globo para investigar como se dava a emigração clandestina de mineiros da região de Montes Claros para os Estados Unidos.

Comprei um passaporte falso e embarquei para Miami com o nome e os documentos de Antônio Washington Telha de Mendonça Neto.

A embaixada americana foi avisada de que tentaríamos ingressar clandestinamente, mas não sabia o porto nem a data do desembarque.

A empreitada gerou duas reportagens. Elas desvelaram as vulnerabilidades do sistema de detecção de intrusão dos Estados Unidos. O "crime" irritou os funcionários do serviço consular americano. Apesar disso, nunca tive negado um pedido de visto de entrada naquele país.

Três semanas atrás, recebi com espanto a informação de que Cuba havia recusado visto solicitado pela Band em meu favor. E sem nenhuma explicação. Meu companheiro na viagem anterior a Havana, o cinegrafista Claudinei Matosão, obteve seu visto sem problemas.

A Band cobre todas as viagens presidenciais desde Fernando Henrique Cardoso. Não há registro de negativa semelhante na história do Departamento de Jornalismo. Ao contrário, há uma longa história de colaboração dos serviços diplomáticos estrangeiros com jornalistas, mesmo em situações de catástrofe ou ruptura institucional.

Cito de memória dois casos para ilustrar o caráter excepcional e ignorante da medida tomada pela ditadura cubana. O primeiro aconteceu em Honduras. Em setembro de 2009, estávamos cobrindo a Assembleia Geral da ONU em Nova York quando o chanceler Antonio Patriota anunciou que a embaixada brasileira em Tegucigalpa havia acolhido o ex-presidente deposto, Manuel Zelaya. Lula só se referia ao presidente em exercício como "golpista". O Brasil se imiscuía com desenvoltura em um assunto de interesse interno dos hondurenhos.

Ainda assim, e a despeito de a posição imperialista do Brasil ter respingado inclusive nos jornalistas brasileiros enviados a Tegucigalpa, não houve um só pedido de visto recusado pelo governo provisório.

Meses depois, em janeiro de 2010, houve o terremoto do Haiti. A destruição foi tamanha que até o palácio presidencial ficou em ruínas. Não havia um só órgão público funcionando, mas nos serviços consulares funcionários passavam por cima da própria dor para fornecer vistos.

A emissão de um visto diplomático é prerrogativa unilateral do país concedente. Mas há tratados internacionais que têm por fim dar objetividade aos critérios de concessão ou recusa. Considerando-se que Cuba seja uma ditadura, ainda assim não me parece haver razão nenhuma para a negativa.

Imagino --até porque não me foram oferecidas explicações-- que os assessores de imprensa da ditadura ilhoa não tenham gostado das reportagens que produzi lá dois anos atrás. Elas tratavam de vários aspectos da realidade cubana. Dos efeitos do embargo americano, da corrupção endêmica, da prostituição descarada, das dificuldades de acesso à internet e dos problemas da dissidente Yoani Sánchez, a quem foi negado mais de 20 vezes o direito de viajar ao exterior.

Nenhuma das reportagens foi objeto de desmentido ou contestação. Se não encontrou motivos para solicitar reparação, por que Cuba negou o visto? Arroubos autoritários não deveriam causar espanto no continente americano. Aqui mesmo, o ex-presidente Lula mandou cassar o visto do correspondente do "New York Times". Larry Rohter escrevera algo sobre Lula e cachaça.

Atitudes despóticas há em todos os lugares. Mas é sempre bom ter em mente que, nas democracias, não costumam prosperar. Para um jornalista, isso faz toda a diferença. No meu caso, a distimia da diplomacia cubana representou a diferença entre poder ou não exercer meu mister. O incrível é que, mesmo entre jornalistas, a ditadura cubana ainda encontre defensores intransigentes.

Rolezinhos na sociedade do espetáculo - ROBERTO MACEDO

O Estado de S.Paulo - 06/02

A ocorrência dos rolezinhos despertou minha curiosidade pelo assunto, principalmente em razão de palestra a que assisti no Brasil há alguns anos, ministrada por Gilles Lipovetsky, um filósofo francês que analisa a realidade sócio-histórica e, dentro dela, fenômenos como o consumo, a moda e o luxo. São temas também da seara de economistas, como eu, e pelo que li nos jornais os rolezeiros são muito focados na moda e no consumo, o que para eles constitui um luxo.

Para Lipotvesky, cada um tem a sua ideia do que seja luxo, muitas vezes compartilhada pela sua comunidade. Na palestra, ao falar do luxo nessa perspectiva, que não depende necessariamente da renda, ele disse que para brasileiros isso não deveria ser novidade. E mencionou os nossos índios, que se enfeitam luxuosamente para suas celebrações, e também todo o luxo ostentado pelas escolas de samba.

Na realidade sócio-histórica atual, Lipovetsky identificou o que chamou de hipermodernismo, objeto de seu livro Os Tempos Hipermodernos, de 2004. Pondero não ser possível fazer justiça ao seu abrangente significado recorrendo a uma frase ou outra, mas não tenho alternativa. Num trecho em que explica o conceito, afirma que (...) "no cerne do novo arranjo do regime do tempo social, temos: (1) a passagem do capitalismo de produção para uma economia de consumo e de comunicação de massa; e (2) a substituição de uma sociedade rigorístico-disciplinar por uma 'sociedade-moda' completamente reestruturada pelas técnicas do efêmero, da renovação e da sedução permanentes".

"Nasce toda uma cultura hedonista e psicologista que incita à satisfação imediata das necessidades, estimula a urgência dos prazeres, enaltece o florescimento pessoal, coloca no pedestal o paraíso do bem-estar, do conforto e do lazer. Consumir sem esperar; (...) divertir-se; não renunciar a nada (...)."

São termos sofisticados, mas que colocam os rolezinhos como fenômeno hipermoderno, apoiado também no forte avanço das tecnologias de informação e comunicação. É só traduzir esse "filosofês": os rolezeiros apreciam o consumo e andam na moda, valorizam a cultura do prazer, até mesmo na urgência de beijar as "minas" que também se dispõem a fazê-lo, querem ser admirados por suas aparências e seus feitos, e por aí afora. Para o florescimento pessoal fotos nas reportagens e nas capas de revistas são a glória.

Encontrei outra obra pertinente ao assunto, datada de 1967, que permanece atual. Intitulada A Sociedade do Espetáculo, foi escrita Guy Debord, outro filósofo francês, um marxista crítico da velha guarda do ramo. Cada parágrafo exige reflexão do leitor. Teve várias traduções do francês e uma em inglês, que consultei, criticou outras na sua introdução.

Dada a complexidade do texto, recorri a uma resenha dele feita pelo jornalista John Harris, do jornal britânico The Guardian, de 30/6/2012. Harris também adverte ser temerário descrever o livro por poucas frases, mas selecionou algumas, e eu ainda escolhi estas entre elas: "Em sociedades onde predominam as modernas condições de produção, toda a vida se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido se transformou numa representação". Depois de refundir a ideia de ser na de ter, "(...) a atual fase de total ocupação da vida social pelos resultados acumulados da economia (...)" produziu um "(...) generalizado deslize do ter para o aparecer, do qual todo o efetivo ter deve extrair seu imediato prestígio e sua função final".

Nesse contexto, imagem e realidade se confundem, muitas vezes com predomínio da primeira, de mais fácil difusão e percepção. E frequentemente de forma oportunista, como no caso da propaganda de bens e serviços, ou mesmo de políticos.

Mas onde está o marxismo de Debord? Está no fato de que procura entender como evolui e se adapta o capitalismo, contrariando companheiros que, assentados em clichês antigos, ficam a esperar por uma crise definitiva desse sistema. Que nunca chega, como o esperado personagem Godot da conhecida peça teatral. Uma razão é que o consumo exacerbado pelo espetáculo impulsiona a economia e acaba sendo uma forma de alienação do proletariado de sua efetiva condição social, um tema recorrente da análise marxista.

Em retrospecto, embora de diferentes vertentes, as análises de Lipovetsky e Debord se integram, pois ambos enfatizam o consumo exacerbado. E a moda e o luxo do primeiro autor levam a espetáculos pessoais na visão do segundo. Como conceito, entretanto, a sociedade do espetáculo firmou-se mais do que a hipermodernidade. Além de mais recente, este último adotou como nome uma perspectiva temporal, enquanto o título de sociedade do espetáculo enfatiza a natureza do que se passa. Evidência disso é que Mário Vargas Llosa, num livro publicado em 2013, optou por chamá-lo de a civilização do espetáculo, ainda que se referindo aos dois autores.

Pensando em como lidar com os rolezinhos, pouco tenho a dizer. Talvez caiam de moda ou de conveniência para seus praticantes, inclusive pelo fim das férias escolares. De qualquer forma, o diálogo entre as partes envolvidas é indispensável. Ele vem ocorrendo, mas do lado dos shoppings vejo-o limitado a seus donos ou executivos. Falta a representação dos comerciários que trabalham nos shoppings recebendo parte de seus ganhos na forma de comissões sobre vendas e, assim, ficando no prejuízo com os rolezinhos ou com a simples ameaça deles.

E se houve quem, precipitadamente, tenha visto no fenômeno um sintoma de crise do capitalismo, com gente do proletariado se arregimentando para enfrentá-lo, vale lembrar uma contradição interna a essa classe e frequentemente ignorada por marxanalistas. Essa dos interesses divergentes de rolezeiros e comerciários, entre muitas outras.

Reformulação do ensino médio - MOZART NEVES RAMOS

CORREIO BRAZILIENSE - 06/02

Louvável a iniciativa da Câmara dos Deputados, por meio de comissão especial, de promover estudos e proposições que resultaram num Projeto de Lei para reformular o ensino médio. Para isso, dezenas de audiências públicas e seminários foram realizados ao longo dos últimos 17 meses. A chamada escola do jovem se mostra absolutamente desconectada do mundo juvenil. Os resultados das avaliações nacionais revelam com muita nitidez a desconexão.

Dos alunos que concluem o ensino médio - porque muitos o abandonam antes de chegar ao término do ciclo -, apenas 10% aprenderam o que seria esperado em matemática. O percentual se mantém inalterado desde 1999. Os impactos da baixa aprendizagem e do abandono escolar nessa etapa da educação básica são enormes para o desenvolvimento do país: um em cada quatro brasileiros, na faixa etária de 15 a 24 anos, faz parte da "geração nem-nem" (nem estuda, nem trabalha), o que equivale a 5,2 milhões de jovens.

As medidas propostas no projeto podem contribuir para reverter o quadro. Mas, para que sejam plenamente eficazes, será preciso que o país enfrente a questão da baixa atratividade dos jovens brasileiros pela carreira do magistério. Sem bons professores - e em número suficiente para atender à demanda atual e futura do ensino médio -, não haverá verdadeira reformulação. Será também preciso que as universidades reformulem os cursos de licenciatura, que respondem pela formação inicial e continuada dos professores. Sem as duas medidas, valorização e formação docente, será mais uma reformulação pela metade.

Além dessas duas iniciativas estruturantes, que perpassam por todas as previstas no Projeto de Lei, impõe-se tomar outros cuidados. É correto organizar os currículos por áreas de conhecimento, promovendo a interdisciplinaridade dos saberes. Mas, para que isso ocorra, é necessário que o professor atue em apenas uma escola, de modo que os professores da mesma área de conhecimento possam planejar e organizar os conteúdos ds disciplinas de forma articulada. Isso remete à imposição de escola em tempo integral, o que também está previsto na proposta e no próprio Plano Nacional de Educação.

Outra providência importante é considerar o Enem como componente curricular obrigatório dos cursos de ensino médio. O Enem começa, de fato, a induzir mudanças importantes na maneira de trabalhar os conteúdos das disciplinas. Para maior eficácia, é importante que as universidades não só repensem a formação dos professores como também reorganizem o Ciclo Geral, cujas disciplinas foram organizadas com base em outro modelo de acesso à universidade.

A proposta também considera o último ano do ensino médio em opções formativas de acordo com o interesse do aluno. Entendo que deveria haver integração maior, do ponto de vista curricular e da formação do aluno, entre o 9º ano do ensino fundamental e o 1º ano do ensino médio, enquanto o 2º e o 3º anos do médio seriam direcionados para o interesse específico do aluno. Portanto, trata-se de avanço substantivo o que agora se coloca.

Projeto de Lei tramita ainda no Congresso, mas a aprovação será apenas a ponta de um iceberg. A implementação exigirá mudanças nas estruturas vigentes, de forma que a eficácia seja efetivamente verificada pelos alunos e professores. Nesse sentido, sugiro a criação de um observatório do ensino médio para nova escola do jovem. As mudanças propostas nesse projeto, associadas à valorização e formação do professor, podem ser a bússola de que tanto a juventude precisa para a construção de futuro sólido e feliz.

O silêncio de Lula - ROGÉRIO GENTILE

FOLHA DE SP - 06/02

SÃO PAULO - As diversas demonstrações de solidariedade do PT não foram suficientes para eliminar, entre alguns mensaleiros e seus familiares, um certo ressentimento para com a conduta de Lula e de Dilma nestes anos todos.

Lula prometeu lá atrás que iria desmontar o que chamou de farsa do mensalão, mas nunca disse uma palavra além disso. Sempre que é questionado sobre a prisão dos colegas, o máximo que se permite afirmar é que algum dia falará algumas coisas sobre o assunto.

Dilma nem isso. Na comemoração da Proclamação da República, enquanto Dirceu, Genoino e companhia aguardavam o cumprimento dos seus mandados de prisão, fez questão de divulgar uma mensagem na qual afirmava que cabe à presidente "combater a corrupção". O instinto de autopreservação de Dilma, claro, falou mais alto.

Coube aos deputados Rui Falcão, André Vargas e a outros soldadinhos de chumbo de Lula o papel de passar a mão na cabeça dos condenados e agradar à parcela mais inflamada do petismo. Eles promovem vaquinhas, levantam o punho fechado para o alto e farão tudo o que a criatividade teatral lhes permitir para politizar o episódio e para tentar fazer prevalecer a versão de que os mensaleiros são vítimas de uma perseguição individual do presidente do STF, Joaquim Barbosa, devidamente apoiado pela "elite suja". Aliás, será que o fujão Pizzolato vai merecer também algum tipo de homenagem do partido?

A divisão de tarefas, no entanto, com o silêncio de Dilma e de Lula, serve muito mais para contemplar objetivos políticos do PT do que para desagravar e reconfortar os condenados. Se dependesse exclusivamente da vontade do ex-presidente, de acordo com o elegante conselho que ele deu recentemente a um ex-ministro acusado de corrupção, todo o episódio do mensalão, da compra de apoio político pelo seu governo, já teria saído pela urina.