quarta-feira, abril 27, 2011

RICARDO FERRAÇO - A farra dos recursos judiciais


A farra dos recursos judiciais
RICARDO FERRAÇO

Folha de S. Paulo - 27/04/2011

Se a Justiça brasileira é lenta, burocrática e muitas vezes inacessível para os mais humildes, é porque temos quatro instâncias recursais

Processos intermináveis, que se arrastam por anos e até por décadas. Crimes que acabam prescrevendo antes da sentença final e tribunais superiores sufocados por montanhas de ações judiciais de menor envergadura.
Se a Justiça brasileira é lenta, burocrática e muitas vezes inacessível para os mais humildes, alimentando a percepção e até a certeza da impunidade, isso se deve, em grande parte, a uma típica jabuticaba brasileira: a existência de quatro instâncias recursais.
Mais que direito de defesa, os recursos são usados hoje a torto e a direito para ganhar tempo e se livrar das penalidades da lei. Uma manobra que desgasta a imagem da Justiça e sobrecarrega de forma intolerável o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal. Os dados são da Fundação Getulio Vargas: 91,6% dos processos que chegaram ao STF entre 1988 e 2010 foram recursos judiciais; desse total, 90% foram impetrados pelo poder público.
Vale observar que 80% dos recursos são recusados, reforçando a impressão de que os processos poderiam ser decididos em segunda instância. A mais alta corte do país economizaria tempo e energia para questões que afetassem de perto os interesses nacionais.
É esse o objetivo da proposta de emenda constitucional que apresentei por inspiração do presidente do STF, ministro Cezar Peluso, transformando os recursos em ações rescisórias. Na prática, qualquer processo julgado em segunda instância produzirá efeito imediato, independente de posterior discussão no STJ ou STF.
O ganho em termos de agilidade é inquestionável. Um exemplo é a Lei da Ficha Limpa, que rendeu tanta polêmica e causou enorme frustração aos que apostam num sistema político mais ético e transparente. O fim dos recursos judiciais teria garantido validade imediata para a lei, pois o trânsito em julgado dos processos já teria ocorrido nas instâncias inferiores.
O direito de defesa seria assegurado com a possibilidade de ações rescisórias. O ministro Peluso não sugeriu nada inédito. Ordenamentos jurídicos de outros países permitem que as partes ajuízem ações autônomas perante a corte constitucional após o encerramento do processo nas instâncias ordinárias.
É o caso da reclamação constitucional do Direito alemão. É certo que, a partir da emenda constitucional nº 45, de 2004, muito já se fez para modernizar e acelerar a tramitação de ações judiciais.
A instituição da súmula vinculante e do mecanismo da repercussão geral foram avanços importantes para esvaziar um pouco as gavetas da Justiça brasileira.
Mas, infelizmente, essas gavetas continuam abarrotadas. E ainda há muito que caminhar no sentido de uma Justiça mais ágil, mais efetiva e menos burocrática. Capaz de assegurar um cenário de maior segurança jurídica e de fechar as portas para a impunidade. Dar um basta à farra dos recursos judiciais já é um passo de bom tamanho.


RICARDO FERRAÇO é senador pelo PMDB-ES e autor da proposta de emenda constitucional nº 15/2011, que transforma recursos em ações rescisórias. Foi deputado estadual, deputado federal e vice-governador do Estado do Espírito Santo.

GOSTOSA

RUY CASTRO - "Arte" compulsória


"Arte" compulsória
RUY CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO - 27/04/11

RIO DE JANEIRO - Um museu de Los Angeles inaugurou a maior exposição até hoje de "arte nas ruas", vulgo grafite. É uma retrospectiva cobrindo a história da coisa, dos anos 60 até hoje. Sou a favor dessa exposição: lugar de grafite é mesmo no museu. Ou nas galerias de arte, nas paredes internas da casa do "artista" ou dos críticos, ou em qualquer lugar. Menos nas ruas.
Não gosto de ser obrigado a consumir "arte" quando não estou a fim. Se abre uma fabulosa exposição de Miró ou Hopper no Rio ou em São Paulo, posso escolher o dia em que irei visitá-la. Ou em que não irei. Enfim, se há um Miró ou um Hopper na cidade, posso exercer meu direito de vê-lo ou não. Mas, se preciso passar todo dia por uma série de muros emporcalhados com grafite, não me dão esse direito. Tenho de vê-los, queira ou não.
Às vezes, leio que a polícia prendeu grafiteiros atuando em algum muro, viaduto ou fachada de prédio abandonado. Eles se ofendem, alegam que estão dando "um presente à cidade" e logo são soltos. A própria imprensa dá a notícia sob a rubrica "Arte incompreendida". Mas há cidadãos conservadores, que dispensam tais presentes e preferem que a prefeitura se encarregue de limpar os quarteirões depauperados -que, quanto mais grafitados, mais hostis.
Uma das "instalações" na retrospectiva de Los Angeles mostra um beco escuro e grafitado, com lixo espalhado pelo chão. Deve ser fascinante num museu. Mas, na vida real, a cena indica um território fora do controle do poder público, impróprio para habitação e sujeito a marginais. Não por acaso, os grupos de grafiteiros se definem como gangues -quadrilhas.
Nos EUA, com ou sem exposição, grafite é vandalismo e dá cadeia. No Brasil, já que a tolerância é maior, por que as prefeituras não liberam seus galpões ociosos para que os grafiteiros os rabisquem à vontade -pelo lado de dentro?

EDITORIAL - O ESTADÃO - Promessas contra a inflação


Promessas contra a inflação
EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 27/04/2011

Com a inflação acima de 6% ao ano e quase batendo no teto da meta, a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, decidiram falar sobre o assunto e prometeram usar todos os meios para conter a alta de preços. "Todas as nossas atenções estarão voltadas para o combate acirrado à inflação", disse a presidente na segunda-feira. Ontem ela voltou a tratar do tema, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, em Brasília. O ministro cuidou mais longamente do problema, na mesma ocasião, mas, como de costume, insistiu em ressaltar suas causas externas, passando rapidamente sobre os desajustes internos.

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, referiu-se às pressões inflacionárias como um dos dois maiores desafios para a instituição, sendo o outro o grande afluxo de capital estrangeiro. Somados os comentários e promessas, nenhum deles conseguiu transmitir um recado tranquilizador.

O governo mudou nos últimos dias seu discurso a respeito da inflação. A presidente e as principais autoridades monetárias passaram a exibir maior preocupação com o problema depois da divulgação, na última semana, de números assustadores. Esses números apenas confirmaram uma tendência já observada e bem conhecida fora do governo, mas nunca, aparentemente, levada muito a sério em Brasília.

O ministro da Fazenda talvez esteja mais preocupado, agora, do que parecia até a semana passada. Mas não muito. Em sua fala na reunião do Conselho, ele se empenhou principalmente em apontar as fontes externas de inflação, mencionando o encarecimento dos produtos agrícolas e de outras matérias-primas e o excesso de dinheiro criado nos países do mundo rico.

Mas o próprio ministro mencionou, muito ligeiramente, a importância de limitar os efeitos da inflação importada, impedindo o contágio dos demais preços internos. Ele não explorou esse detalhe e, no entanto, esse é um ponto importantíssimo. A contaminação já ocorre, é indisfarçável e tem sido facilitada pela forte expansão da demanda interna. Segundo os últimos dados, mais de 60% dos preços têm aumentado. A porcentagem de preços em alta tem variado, mas com frequência tem ficado na vizinhança de dois terços dos itens pesquisados. Não se pode, portanto, falar de uma inflação causada apenas, ou principalmente, por desajustes no mercado global de matérias-primas.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, mencionou vagamente "componentes locais" da inflação, mas também não detalhou seu comentário. Reconheceu, no entanto, a dificuldade de levar a inflação para o centro da meta - 4,5% - até o fim de 2012. Será necessário, afirmou, "um esforço redobrado". O plano do BC de combater gradualmente a inflação já era conhecido.

Mas esse gradualismo se tornou especialmente preocupante desde a semana passada, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) adicionou apenas 0,25 ponto porcentual aos juros básicos, apesar dos claros sinais de aceleração da alta de preços.

Até agora, o aumento de juros e as limitações à expansão do crédito produziram pouco ou nenhum efeito. O BC, no entanto, parece disposto a continuar confiando nas chamadas "medidas macroprudenciais" e moderando a elevação dos juros. Mas aquelas medidas parecem ter sido muito leves. Para a maior parte dos consumidores, limitações do crédito são pouco eficazes, se as prestações são numerosas e cabem no orçamento mensal.

O ministro da Fazenda referiu-se também ao ajuste das contas públicas como forma de conter a expansão da demanda. Mas o superávit primário continua resultando principalmente do aumento da arrecadação e as diretrizes orçamentárias propostas para 2012 passam longe de qualquer aperto real da despesa.

Investir e aumentar a produção, como disse a presidente, são medidas importantes para garantir o crescimento seguro e sem inflação. Isso é verdade, mas essa condição vale para o médio e o longo prazos.

A curto prazo inflação se combate com medidas conjunturais. Contemporizar só agrava o problema.

CELSO MING - Contra-ataque de gogó


Contra-ataque de gogó
CELSO MING
O ESTADO DE SÃO PAULO - 27/04/11

O governo Dilma se mostrou especialmente preocupado com os rumos da inflação.

Mas ainda não está claro até que ponto está disposto a arcar com os efeitos colaterais de um contra- ataque à disparada dos preços.

Ontem, por ocasião da instalação dos trabalhos de abertura do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social - o Conselhão -, a presidente da República, dois ministros de Estado e o presidente do Banco Central se sentiram na necessidade de dar satisfações à sociedade e de alguma maneira corroborar a disposição de dar prioridade total ao combate à inflação.

Foi um vigoroso tiroteio de gogó que, no entanto, deixou antever alguma vacilação: "É importante moderar o crescimento da demanda, mas sem matar a galinha dos ovos de ouro, que é o mercado interno", advertiu o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Os discursos mostraram algumas distorções de diagnóstico e excessiva valorização das ações até agora colocadas em prática. Não dá para insistir, por exemplo, em que a maior parte da carga inflacionária deva ser descarregada sobre a disparada dos preços internacionais das commodities. Ela atacou todas as economias e, no entanto, no próprio gráfico apresentado no telão por Mantega, o Brasil está entre os países que mostram uma das inflações mais altas. Só perde para a Índia, Rússia e Argentina.

Isso demonstra que as causas locais de inflação brasileira têm um peso não desprezível e que parece minimizado.

Ainda assim, dá para identificar uma certa mudança de posição tanto no ministro Mantega como no presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.

Até agora, ambos vinham repetindo que a redução dos preços das commodities viria logo em seguida, como resultado da virada do que antes entendiam ser um movimento nitidamente especulativo.

Essa aposta não é neutra. Disfarça a pouca disposição de contra-ataque com a ideia de que um pedação da alta dos preços desmanchará sozinho.

Agora, tanto Mantega como Tombini parecem não contar mais com a reversão espontânea. É sinal, também, de terem entendido que a alta das commodities está mais relacionada com o aumento da demanda global do que com movimentos especulativos. Sendo assim, o encarecimento das commodities (alimentos, petróleo, etc.) veio para ficar, com as consequências sobre o comércio e a inflação global.

Além disso, em vez de reconhecer as origens fiscais do problema (despesas correntes excessivas pelo setor público), o ministro Mantega preferiu enfatizar os efeitos que o corte orçamentário começou a produzir, o que não está tão evidente assim.

Tombini, por sua vez, reconheceu que a inflação do setor de serviços (assistência técnica, atendimento de saúde, cabeleireiro,viagens, etc.) está difícil de ser erradicada. Esse é o efeito direto da renda gerada pela expansão dos gastos públicos que, no entanto, não pode ser enfrentado nem com as tais medidas prudenciais, que procuram reduzir a expansão do crédito, nem pela redução do afluxo de dólares no mercado interno.

Dentro de mais algumas semanas provavelmente a inflação pulará para além dos 6,5% em 12 meses. Alguns sinais de alarme serão automaticamente disparados.

E, então, talvez o governo sinta que tenha de fazer algo mais do que acionar os gogós disponíveis.

CONFIRA

No primeiro trimestre, o Investimento Estrangeiro Direto (IED) aumentou 217% sobre igual período de 2010. Esse afluxo não pode ser coibido com taxação do IOF, porque não interessa coibir investimentos. De todo modo, ajudou a puxar para baixo a cotação do dólar.

Um pouco mais

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que contava com a entrada líquida de US$ 60 bilhões em IED (23,9% a mais do que em 2010). O Banco Central espera menos, US$ 55 bilhões, ou 13,5%.

GOSTOSA

KHALIL GIBRAN - Forró de plástico


Forró de plástico
KHALIL GIBRAN
JORNAL DIGITAL 24 Hs POR DIA 7 DIAS POR SEMANA

CHICO CÉSAR SOLTA O VERBO E ABRE CAMINHO PARA A DISCUSSÃO SOBRE A INDÚSTRIA CULTURAL DAS ATUAIS BANDAS DE FORRÓ DO NORDESTE – E SOBRE A INFLUÊNCIA DO JABÁ NO SEU SUCESSO

Estava eu na cidade de São Paulo, em 2005, quando surgiu, durante uma palestra sobre o mercado fonográfico com o querido Ronaldo Lemos, representante do Creative Commons no Brasil, em meio à exposição de exemplos bem sucedidos da música independente, uma explanação sobre o quão sofisticada era a maneira de trabalhar das bandas de forró do Nordeste. Começava aí um dos grandes equívocos da música brasileira.

Para iniciarmos este assunto, vale ressaltar que nem sei até que ponto podemos chamar de “forró” essas manifestações musicais. Uma vez que os elementos que caracterizaram o ritmo ao longo da nossa história, na maioria dessas produções, inexistem ou são totalmente coadjuvantes. É o caso da sanfona, do triângulo, do pandeiro, do zabumba e, principalmente, dos elementos culturais tão singulares da região Nordeste que permeavam com sintaxe ímpar as letras das canções.

Outra coisa que queria deixar bem clara é que não tenho nada contra nenhum tipo de produção musical. O que acho injusto é quando há a exclusão de uma grande maioria de bons artistas em detrimento de uma indústria, como é o caso que vou tentar esclarecer aqui.

Meus queridos leitores, a manifestação cultural do atual forró nordestino é uma falácia. Não existe essa manifestação. Existe uma indústria bem montada, que aprendeu direitinho a lição do jabá e do jogo de influência. Então, sugiro que tirem as crianças da sala para os casos que vou contar.

Um grande número de rádios comunitárias se instalaram no interior do Nordeste nos últimos anos. O problema é que de comunitárias muitas dessas rádios não têm nada. Uma vez que uma grande parcela foi concebida por políticos para seus fins eleitoreiros. Nestas, é comum a prática de escandalosos contratos com “bandas de forró” para garantir a execução das suas músicas. O mesmo acontece com as rádios oficiais que, não custa lembrar, funcionam com uma concessão pública. Essa prática também se estende às tvs locais de várias grandes cidades da região.

A outra parte da história pode parecer piada, mas Freud explica. Uma ação encabeçada pelos chamados “paus pequenos” – como são identificados pelos que os repudiam – divulga essas produções em grandes equipamentos de som, conhecidos popularmente como “paredões”. Nesse caso, as músicas, em geral, fazem apologia ao comportamento machista e ao consumo desmedido de álcool, tudo para combinar com a personalidade dos atores que tentam chamar a atenção das pessoas ligando seus sons no último volume, a qualquer hora, em qualquer lugar e dançando bêbados e imbecis na carroceria de suas pick-ups. Para “quem” e o “que” eles querem provar? Não me perguntem. Porém, agem como verdadeiros soldados do exército do mau gosto e da falta de respeito.

Diante de toda essa presença nos meios de comunicação existe para o restante do país uma falsa impressão de que tudo é um belíssimo movimento espontâneo cultural. Uma mentira. A indústria que existe em torno dessas bandas é bem articulada e excludente.

Recentemente, o secretário da cultura do Estado da Paraíba, o cantor e compositor Chico César, causou grande polêmica ao afirmar que o governo não contrataria as bandas de “forró de plástico” para tocar nas tradicionais festas juninas do estado. O secretário explicou em várias entrevistas que artistas locais da cultura paraibana já eram excluídos por essa mesma indústria o ano inteiro, lembrando que as rádios muitas vezes não cumpriam com seu papel social, mesmo tendo uma concessão pública. Afirmando ainda que essas bandas de forró já se beneficiam do próprio mercado, não necessitando de apoio governamental. Chico esclareceu ainda que nomes como Mestre Fuba, Vital Farias, Biliu de Campina e outros grandes artistas paraibanos, ficam totalmente fora de todas as programações. “A gente precisa trazer poder para esses artistas nas nossas festas, valorizá-los, e precisamos trazer poder também para os grupos de cultura popular”, afirmou o secretário, enfatizando que muitos desses músicos são tratados como se fossem “qualquer coisa” quando, na verdade, são gênios da nossa música.

Diante da polêmica, gerada obviamente por aqueles que têm interesses extremamente comerciais nos eventos paraibanos e nordestinos, vários artistas se manifestaram em favor de Chico César. Nomes como Alceu Valença, Arleno Farias, Chrystal e Zeca Baleiro declararam apoio pela internet ao artista e secretário.

Aqui no Ceará cresci vendo acontecer exatamente o mesmo processo. Artistas locais sendo sempre desvalorizados em detrimento de projetos forjados com jabás e mídias televisivas. Eventos como o famoso “Férias no Ceará” gastam uma quantidade exorbitante do dinheiro público com bandas que vêm do sudeste do país, enquanto os artistas cearenses são escalados para abrir seus shows, muitas vezes covers das mesmas bandas que tocarão depois deles.

Sendo eu um conhecedor não passivo de todo esse descaso e enquanto artista e produtor cultural brasileiro, resolvi, após falar com o próprio Chico, também declarar publicamente meu apoio ao cantor, compositor e secretário da cultura. Não se trata de protecionismo ou de preconceito, trata-se de responsabilidade cultural e compromisso com a memória, difusão e produção cultural brasileira.

Parabéns ao Estado da Paraíba. Nosso Brasil precisa de mais secretários da cultura com coragem de fazer o que tem que ser feito e, principalmente, de enfrentar as turbulências que essas transformações podem provocar.

Khalil Gibran é cantor e compositor

ANCELMO GÓIS - Baú de ossos


Baú de ossos
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 27/04/11

Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras, depois de adquirir os direitos de publicação da obra de Drummond, fechou com a família de Pedro Nava e a Ateliê, editora do grande memorialista. Vai republicar os sete volumes de suas memórias. 

Ouvir estrelas
O acadêmico Evanildo Bechara chegou da China impressionado com o investimento no ensino de português nas escolas e nas universidades de Macau: — Ouvi chineses recitarem Olavo Bilac sem sotaque, com apenas um mês de aulas.

Lembrai-vos do Japão
Só agora se soube. Dia 30 de dezembro, em suas últimas horas no poder, Lula assinou medida provisória que deu total isenção fiscal à importação de equipamentos da indústria nuclear. Um craque no assunto diz que o texto “embola um monte de coisas juntas e tem tanto maldades quanto bondades”. 

É grave a crise 
O controle de gastos não poupou nem a primeira reunião de Dilma com o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Com Lula lá, eram servidos café, sucos, bolos, salgados... Ontem, babau, nem café teve. 

Assessor sofre
Depois de Dilma criticar seus assessores numa reunião com governadores do Nordeste por errarem o nome de uma cidade, ontem foi Guido Mantega. Ao apresentar um gráfico sobre a dívida externa que, por um erro, exibia o título “dívida pública”, o ministro não se conteve: “Cadê o assessor que fez isso!?”

Zéfiro, o filme
A vida de Carlos Zéfiro, famoso entre jovens dos anos 1960 e 1970 por seus quadrinhos eróticos, vai virar filme. Paulo Biscaia, que já dirige uma peça sobre Zéfiro, adaptará o roteiro para o cinema. As filmagens começam em 2012.

Gois em Westminster

Na coroação de Elizabeth II, em 1953, na Abadia de Westminster, perguntaram ao escritor inglês Noël Coward quem era o baixinho que acompanhava a rainha de Tonga: — Deve ser o jantar dela esta noite — respondeu. 

Em tempo...
“Jantar”, no sentido canibal. 

Sois rei 
O Museu Imperial de Petrópolis vai exibir num telão o casamento do príncipe William com Kate Middleton, sexta. Com direito à presença da família imperial brasileira. 

Réquiem da princesa 
Hoje, às 18h, na antiga Sé do Rio, a monarquia brasileira vai se reunir numa missa de réquiem em memória da princesa Tereza Teodora, neta da princesa Isabel, falecida semana passada, em Portugal, aos 91 anos.

Volta de Joãosinho

A Beija-Flor vai homenagear dois maranhenses em seu enredo sobre o estado de Sarney. Desfilarão pela escola Alcione e seu maior carnavalesco em todos os tempos, Joãosinho Trinta, que deixou a Beija-Flor em 1992 e, hoje, vive novamente em São Luís, onde nasceu. 

Concerto dos músicos
Da pianista Cristina Ortiz, explicando por que vai participar da apresentação dos ex-músicos da OSB, sábado, no Rio: — Nunca na vida me posicionei politicamente. Mas sou música e não é justo que músicos sejam encurralados. A música é mais forte do que todos nós.

Abdias merece
O Sindicato dos Jornalistas do Rio lançará, dia 10 de maio, o Prêmio Nacional Jornalista Abdias do Nascimento, justa homenagem ao brasileiro de 97 anos, coleguinha com registro de 1947 e um dos maiores líderes da luta contra o racismo no país. 

Festa do livro
Dilma vem à 15a- Bienal do Livro, no Rio, em setembro. 

Hotel Fla 
O Flamengo tem um projeto para transformar sua sede do Morro da Viúva em hotel. A proposta está na mesa de Eike Sempre Ele Batista. 

Ah, bom! 
Ontem à noite, a Rioluz, estatal carioca da iluminação pública, mandou aos jornais um comunicado, acredite, dizendo que vários trechos do Centro do Rio estavam... “sem luz por falta de energia elétrica”.

ILIMAR FRANCO - Fusão é balela


Fusão é balela 
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 27/04/11

As direções do PSDB e do DEM não farão qualquer fusão. Se fizessem, estariam escancarando uma janela, maior que a do PSD, para aqueles que quiserem abandoná-los. Pela lei, quem for contra uma fusão está liberado para procurar outro partido. Na oposição, calcula-se que, se isso ocorresse, ela perderia um terço de vereadores e prefeitos. Por isso, dizem: os que defendem a fusão, como o governador Raimundo Colombo (SC), estão propondo, de fato, é a implosão da oposição.

Bancos públicos e microcrédito
Os bancos públicos federais (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia) estão sendo duramente cobrados pela presidente Dilma Rousseff a participarem do novo Plano de Combate à Miséria. O Plano será anunciado em maio, e a presidente tem feito reuniões com os dirigentes desses bancos. Dilma quer que eles criem programas de microcrédito, para
oferecer financiamento para a população mais pobre. As cúpulas dos bancos públicos resistem à adoção de programas para os mais pobres. É um cálculo de custo x benefício. O microcrédito dá muito trabalho e pouco lucro.

"Se ele não voltar, isso vai ser o imbróglio da reunião do Diretório Nacional do PT na sexta-feira” — Luiz Sérgio, ministro das Relações Institucionais, sobre a licença de saúde do presidente do PT, José Eduardo Dutra

MEU PIRÃO PRIMEIRO. Em reunião ontem com líderes da Câmara sobre o novo Código Florestal, o ministro Wagner Rossi (Agricultura), foto à direita, disse que a agricultura empresarial é “o dínamo do PIB brasileiro”. Já o ministro Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário), foto à esquerda, afirmou que a agricultura familiar é responsável por 60% dos alimentos que vão para a mesa do brasileiro e por 10% do PIB.

Parceria
Membros do Conselho Econômico Europeu, que assistiam ontem à reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social, fizeram sinal de aprovação quando a presidente Dilma instou os empresários a dar 25 mil bolsas para brasileiros estudarem no exterior.

Sem piloto
Foi marcada sessão do Congresso no dia 3 para votar as regras para eleição do Parlamento do Mercosul, e no dia 11 para apreciar vetos. Mas o governo ainda não tem líder no Congresso. O PT não quer no cargo o deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS).

Até Suplicy quer Delúbio de volta
Para surpresa dos demais senadores petistas, Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu ontem, na reunião da bancada no Senado, a refiliação do ex-tesoureiro Delúbio Soares, pivô do escândalo do mensalão. “Na nossa Constituição não há prisão perpétua, então sou a favor da volta do Delúbio”, disse ele, que recebeu, há três semanas, um telefonema do ex-tesoureiro pedindo apoio. Delúbio está procurando todos os integrantes do Diretório Nacional. 

Lista de espera
Assessores da presidente Dilma Rousseff dizem que não faltará oportunidade para ela se encontrar com a presidente da Confederação Nacional da Agricultura, senadora Kátia Abreu (PSD-TO). Mas que essa conversa não será agora.

O cerco
Os dirigentes de outros partidos, que também estão sofrendo com o assédio do novo PSD, estão avaliando adotar a mesma posição do DEM e proibir coligações com o partido de Gilberto Kassab na eleição municipal do ano que vem.
 CONDIÇÃO. O deputado federal Rodrigo Garcia (DEMSP), próximo a Gilberto Kassab (PSD), ficou no Democratas com a promessa de ser candidato à prefeitura de São Paulo no ano que vem. 
 O PSB vai defender, em inserções comerciais na TV que vão ao ar a partir do dia 10, a adoção do financiamento público das campanhas eleitorais. 
● O PRESIDENTE do DEM, senador José Agripino (RN), disse que está “comovido” com a manifestação de apreço do ex-senador Jorge Bornhausen.

ROLF KUNTZ - A festa e a conta


A festa e a conta
ROLF KUNTZ
O Estado de S. Paulo - 27/04/2011

A economia brasileira continua em festa, e a conta, naturalmente, vai subindo. A inflação passa de 6% e pode superar o limite da banda oficial, 6,5%. Nas contas externas, o déficit em transações correntes bate recordes - US$ 5,7 bilhões em março, US$ 14,6 bilhões no primeiro trimestre e US$ 50 bilhões em 12 meses. A atividade cresce, as empresas lucram, os juros permanecem altos e a inundação de capital estrangeiro continua. Entraram US$ 42,6 bilhões entre janeiro e março, em termos líquidos. Esse dinheiro bastaria para cobrir quase o triplo do déficit em conta corrente do período. O investimento direto estrangeiro, US$ 27,3 bilhões, foi o principal componente da enxurrada financeira. Compensaria quase o dobro do buraco nas transações correntes. Esse tipo de investimento, em geral considerado o mais benéfico para a economia, deve chegar a US$ 60 bilhões em 2011, segundo o governo. Pelos prognósticos oficiais, o setor externo continuará seguro, o ajuste interno será conduzido gradualmente e no fim do próximo ano a inflação estará no centro da meta, 4,5%. Tudo se arranjará maciamente e sem dor.

Seria bom viver nesse mundo imaginado pelo ministro da Fazenda e por seus colegas de governo. Mas o gradualismo, até agora, produziu pouco ou nenhum resultado no combate à inflação. Ao contrário: os indicadores só pioraram desde o trimestre final do ano passado. A inflação tem um importante componente externo - as cotações das matérias-primas, afetadas pela quebra de safras, pela forte procura dos emergentes e pela crise no Oriente Médio. Mas quase dois terços dos preços têm subido, no mercado brasileiro, e esse dado só é explicável se for levada em conta a demanda interna muito forte. Essa mesma demanda se reflete na expansão das importações. A valorização do real sempre afetaria as contas externas, barateando os produtos estrangeiros e encarecendo os nacionais. Mas não há como atribuir o desequilíbrio na conta corrente só ao desajuste cambial, quando todos os dados apontam para um mercado interno ainda muito aquecido.

O grande influxo de capital externo produz efeitos com sinais opostos. Permite cobrir o buraco das transações correntes. Assim se acomoda parte do excesso da demanda interna. Sem esse fator a inflação seria maior. Mas essa mesma enxurrada financeira mantém o real valorizado e mina o poder de competição dos produtores nacionais, pondo em xeque a sobrevivência não só de uma ou de outra empresa, mas de segmentos industriais.

Apesar do amortecedor propiciado pelas importações e pelo influxo de capitais, a inflação permanece elevada e tende a crescer. O gradualismo adotado pelo Banco Central (BC) desde o fim do ano passado pode ser insuficiente para a contenção da alta de preços. Aumentos maiores de juros poderão, no entanto, atrair volumes maiores de dólares.

Os controles de capitais produziram efeito pouco sensível até o mês passado. Neste mês, segundo o presidente do BC, Alexandre Tombini, entradas e saídas estão empatadas - um sinal, segundo ele, da eficácia das novas barreiras adotadas pelo governo. Pode ser, mas será necessário algum tempo mais para se confirmar essa avaliação. Além disso, controles de capitais nunca produzem mais do que efeitos temporários. Essa tem sido a lição mais comum da experiência internacional.

Fatores externos, como o baixo nível de atividade no mundo rico e o excesso de dinheiro nos mercados podem explicar em parte o problema cambial do Brasil. Fatores de atração, como o crescimento econômico, a lucratividade empresarial e os juros altos também entram na conta. Mas o dado politicamente mais importante é outro: o Brasil entrou na armadilha cambial bem antes da crise, por causa da teimosia de um governo disposto a gastar demais e acostumado a deixar ao BC o custo do combate à inflação. O real já estava supervalorizado antes do agravamento da crise em setembro de 2008. Só se depreciou por um período muito curto. A deterioração da conta corrente havia começado em 2007, foi contida por pouco tempo e acelerou-se quando a demanda interna voltou a se expandir velozmente. Os números são claros.

Para tirar o País da armadilha, o governo terá de aceitar um ajuste fiscal de verdade, muito mais sério que esse alardeado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento. Mas ninguém pode acreditar numa séria intenção de austeridade quando lê, por exemplo, o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias. Quanto ao resultado obtido pelo governo central em março, é insuficiente para confirmar a adoção de uma nova política. Além de uma boa dose de seriedade fiscal, o governo precisará cuidar para valer das condições de competitividade, passando da conversa às ações concretas. O resto é espetáculo.

ROBERTO DaMATTA - Discordância e democracia



Discordância e democracia
ROBERTO DaMATTA
O Globo - 27/04/2011

Um dos textos mais perturbadores que li não foi escrito por um dramaturgo, mas por A. R. Radcliffe-Brown, um importante antropólogo de Oxford cujo projeto era uma contradição em termos: construir uma ciência natural da sociedade humana. Ao discordar de um dos seus professores e verificando que a sua dissociação era irremediável, mestre e discípulo chegaram a um acordo paradoxal: concordaram em discordar.

Achei fantástico esse negócio de poder concordar em discordar quando todo o meu aprendizado acadêmico (e cultural) era o de concordar a despeito da discórdia! Esse apanágio dos autoritarismos e do processo paralelo de se sentir culpado que nasce quando somos corrigidos porque discutimos com Tio Amâncio, cujo lema era: "Ler demais produz parafuso de menos." Eis uma frase que certamente acolhi. Os Amâncios têm muita razão e exatamente por isso merecem ser contestados. E o Brasil não tem oposição porque, entre outras coisas formais (reformas disso ou daquilo), falta-nos a índole individualiista-igualitária baseada não no egoísmo, mas na aceitação da discordância.

Eliminar a opinião divergente tem como principal aliada a internalização da culpa. Quem não percebeu aquele olhar que se segue a um "casual": "Eu sei o que anda aprontando..." Ou quando o puto do diretor nos manda morder a língua insinuando que teríamos falado dele "coisas terríveis". O medo do inquérito ou - quem não lembra? - da denúncia. Eis um modo de governar por meio da culpabilização de todos contra todos, produzindo o que, em outro contexto, Hobbes chamou (porque ele pensava que todo mundo nasce com 20 anos) de Leviatã, só que, quando não se trata de interesses, mas de culpa, temos uma "harmonia" cujo centro está no recalque e no dogma da transparência absoluta que suprime o direito à autonomia e à prerrogativa de ser diferente num universo de iguais. O que nos leva de volta à lindeza democrática de concordar em discordar.

Algo que eu chamaria de compreensão amorosa. Esse gesto fundado no paradoxo posto por algum outro situado fora ou dentro de cada um de nós. O desviante tomado como traidor pode também ser um guia porque enxergou o que ninguém viu. A literatura de Kafka é anterior às considerações de Max Weber sobre a dominação burocrática. Do mesmo modo que o Thomas Mann de "José e seus irmãos" antecede as fundamentais considerações críticas de Louis Dumont sobre o indivíduo e o individualismo como invenções culturais. E não foi por acaso que Freud leu tanto Dostoievski quando estudou os danos nascidos quando uma emoção troca de lugar com outra.

Seria preciso invocar Jesus Cristo, que, no seu acordo diante da dissonância, pediu perdão por todos nós que rotineiramente o assassinamos de vários modos, inclusive por meio da intolerância religiosa? Dele foi a proposta da doutrina paradoxal de amar a puta a ser apedrejada e de dar outro lado da cara, ainda intacta, para as devidas bofetadas.

Qual a vantagem de, agora sim, amar um Brasil governado pelo meu partido? Seria amor ou obrigação o resultado do mandamento que exige honrar pai e mãe? O respeito é algo que chega de fora para dentro, como ocorre no amor aos ditadores e nas concórdias políticas sem oposição e com vantagens financeiras, como ocorre hoje no Brasil, ou algo que decorre da compreensão?

Essa compreensão que exige a dissonância e o insólito. O não previsto que jaz em todo planejamento humano justamente porque o verdadeiramente humano é uma caixa de surpresas da qual escapolem a decepção, a frustração e a perda: esses alicerces da vida. A individualização precisa do seu contrário a ser obtido na relação e na visão do todo que permite a discórdia positiva. O retorno do limite.

Quando um professor diz a um aluno: eu e você podemos concordar em discordar, ele permite que o aluno possa ser um pouco aplicado e um pouco vadio; que ele seja um tanto submisso e um outro tanto insubmisso; que ele seja apaixonado e, ao mesmo tempo, capaz de ver algumas coisas com objetividade. A objetividade que não leva à forca é a que está dentro de cada um de nós. É preciso aprender a discordar para poder dialogar positivamente com os personagens que habitam nossas almas. Não sei se Fernando Pessoa, poeta, foi capaz de realizar isso, ele que em toda a história da literatura foi tanta gente, conforme reafirma o admirável livro de José Paulo Cavalcanti Filho.

Mas sei que pessoas e sociedades incapazes de dialogo interno, por mais doloroso que isso possa ser - vejam o Japão e a Alemanha aprendendo liberalismo democrático depois da derrota de 1945; vejam os Estados Unidos produzindo toda uma literatura e uma arte contra o capitalismo e agora mesmo dando uma nota baixa à sua dívida -, jamais alcançam o cerne do ideal democrático. Eis um ideal somente alcançável pela capacidade de discordar de si mesmo como rotina, como eu - réu confesso - tenho feito desde que cheguei neste triste e miserável mundo de todos os deuses (e de todos os diabos)...

ROBERTO DaMATTA é antropólogo.

JAPA GOSTOSA

ALDO REBELO - Mudanças essenciais


Mudanças essenciais
ALDO REBELO
O Globo - 27/04/2011

Duas questões estão em jogo no debate que envolve a reformulação do Código Florestal: a primeira, de ordem nacional, diz respeito à soberania do país e ao seu direito de dispor de sua base física, seu território, seu solo, seus recursos hídricos. A segunda, de ordem social, consiste na necessidade de reter no campo uma massa de agricultores que ali tem sua moradia e sobrevivência.

No primeiro caso, é preciso esclarecer que o Brasil foi o país que imobilizou 25% de seu território para reservas indígenas, parques e outros. Na imensa maioria dos países, a destinação não chega à metade desse percentual e nem são incluídas como áreas de preservação terras férteis, como aqui, mas sim geleiras, desertos, impróprios para a atividade agropecuária. A questão social aparece quando os números do Censo Agropecuário, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam, por exemplo, que no Nordeste mais de 50% das propriedades têm até cinco hectares e apenas 0,6% destinados a alguma forma de preservação. Isso indica o uso intensivo da terra como condição de sobrevivência dos seus proprietários.

Quando o presidente Luiz Inácio Lula, por decreto, adiou para 11 de junho deste ano o início das autuações dos produtores rurais que não estiverem cumprindo o Código Florestal em vigor foi porque percebeu que ele é impraticável. Não há como confiscar desses pequenos proprietários 20% da área para reserva legal e mais área de preservação permanente. Significa dizer que, se um riacho cruza a propriedade, ao se estabelecer um limite de mata ciliar de 30 metros de cada lado do riacho, 60% dessa propriedade ficam interditados para agricultura ou pequena agropecuária de subsistência.

Aí reside o drama do legislador: proteger o meio ambiente, sem expulsar da terra esses proprietários, em que cada metro quadrado é fundamental para sua sobrevivência. A solução que apresentamos obriga o médio e o grande proprietário a constituir suas áreas de reserva legal e de preservação permanente, mas dá aos pequenos a alternativa de dispensa da recomposição da reserva legal, ficando apenas a obrigatoriedade de proteção dos recursos hídricos e da fragilidade do solo.

Não vejo alternativa ao que apresentamos, a não ser que se deseje praticar uma política de extermínio do pequeno agricultor. Hoje, praticamente todos eles estariam na ilegalidade. Estamos propondo uma solução intermediária, no sentido de consolidar as áreas atualmente em uso e, ao mesmo tempo, tornar mais rigorosos os critérios de ocupação de novas áreas.

O Congresso precisa arbitrar nessas questões importantes para o país. Mesmo os setores anteriormente resistentes às mudanças já entenderam que o projeto de país moderno, que respeita o meio ambiente, com soberania, passa pela reforma do Código Florestal.

ALDO REBELO é deputado federal (PCdoB-SP) e relator do projeto que altera o Código Florestal.

ALEXANDRE SCHWARTSMAN - Gol contra


Gol contra
ALEXANDRE SCHWARTSMAN
Folha de S. Paulo - 27/04/2011

A indexação voltou a fazer parte das preocupações da sociedade (e do Banco Central) neste momento

Em seu excelente livro, "Sob a Lupa do Economista", Carlos Eduardo Soares Gonçalves e Mauro Rodrigues relatam um estudo de Luis Garicano e Ignacio Palacios-Huerta avaliando a eficácia da regra que passou a premiar a vitória no futebol com três pontos em vez de dois.
A motivação por trás da mudança era bastante simples: ao elevar o retorno da vitória relativamente ao empate, a Fifa pretendia estimular o jogo ofensivo e, portanto, a média de gols por jogo (aqui tomada como medida de qualidade do esporte).
Garicano e Palacios-Huerta, no entanto, comparando jogos do campeonato espanhol (em que pontos ganhos determinam o campeão) a jogos da Copa do Rei (onde pontos são irrelevantes), não conseguiram achar diferenças significativas no número de gols por partida.
A explicação para esse comportamento reside, como de hábito, na estrutura de incentivos. Embora haja estímulo adicional para buscar o gol quando o jogo está empatado, a partir do momento em que um time abre o placar os incentivos se alteram: agora o custo de sofrer o empate é a perda de dois pontos, ante a perda anterior de apenas um ponto.
Assim, times que saem na frente tenderiam a abandonar a estratégia ofensiva mais frequentemente sob a nova regra relativamente à antiga, hipótese que não é rejeitada pela evidência.
Ainda que isso pareça mera curiosidade, a lição não poderia ser mais clara. Os agentes, sejam times de futebol, empresas ou trabalhadores, não ficam passivos face a alterações no ambiente institucional (as "regras do jogo"); pelo contrário, adaptam-se a elas de maneiras muitas vezes imprevistas, não raro frustrando seus objetivos originais.
Tal lição se torna ainda mais importante à luz da discussão recente sobre os mecanismos de persistência da inflação que vem ganhando força nos últimos meses.
Depois de passar um longo período relativamente ausente, esse tema retornou ao debate no começo de 2011 numa intensidade não vista desde 1999 (superando, inclusive, o observado em 2008). Forma-se um consenso de que a indexação, problema que se acreditava superado, voltou a fazer parte das preocupações da sociedade (e do Banco Central) neste momento.
Invoca-se a "cultura da indexação" e outras explicações de cunho sociológico (ou psicológico) para esclarecer o fenômeno, mas a verdade é que, fosse essa a razão última para tal comportamento, ele não teria perdido importância no passado, nem ganhado relevância ultimamente.
É mais provável que possa ser explicado, como no exemplo acima, pela reação dos agentes ao perceberem a mudança nas "regras do jogo", no caso, no próprio comportamento do Banco Central no que se refere a seu comprometimento com a meta de inflação.
De fato, a percepção de que o Banco Central tende a acomodar os desvios da inflação com relação à meta, estendendo o período de convergência, é equivalente à noção de que a política monetária permitirá maior persistência da inflação.
Não é absurdo, portanto, que, dada essa informação, os agentes econômicos se adaptem ao novo ambiente, trazendo de volta as práticas de indexação características de um passado nem tão remoto (e, diga-se, a regra para o reajuste do salário mínimo também fornece um exemplo nada virtuoso no que se refere a esse tema).
Em outras palavras, as dificuldades para a política monetária que advém das práticas de indexação de preços e de salários não caíram do céu, mas resultam precisamente da percepção de maior permissividade do Banco Central relativamente à inflação.
Não fosse isso ironia suficiente, sabe-se também que, na presença de indexação, são maiores os custos para reduzir a inflação em termos de perda de produto. Ou seja, para não pagar hoje os custos do ajuste, elevam-se os custos à frente, e não será surpresa caso esses sejam invocados no futuro como motivo para estender adicionalmente o prazo de convergência.
Não há mudança de regra que justifique gol contra.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


Locação de casa tem maior alta desde 2008 em SP
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 27/04/11

O preço do aluguel residencial em São Paulo registrou em março sua maior alta desde julho de 2008, elevação que projeta os contratos acima da inflação.
Os aluguéis ficaram em média 2,1% mais elevados do que o apontado em fevereiro, segundo levantamento que o Secovi-SP vai divulgar hoje.
Nos últimos 12 meses, o crescimento é de 15,25%, número superior ao da variação dos preços medida por indicadores de inflação como o IGP-M, que foi de 10,95% no mesmo período.
"Durante muitos anos, o aluguel perdeu da inflação. Hoje em dia, com queda na oferta e aumento da procura, se torna opção de investimento", afirma Cícero Yagi, consultor do Secovi.
Os maiores acréscimos no mês estão nos imóveis com três dormitórios (3,6%).

FÓRUM SEM NEVE
O fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial afirma que o Brasil merece ter uma edição da famosa reunião de Davos, pelo menos, a cada dois anos.
"Muito da nossa atenção estará focada na América Latina nos próximos anos. Queremos criar uma plataforma para o Brasil", disse Klaus Schwab ontem, logo depois de desembarcar da Suíça para a edição latina do Fórum, que acontece no Rio, de amanhã até sexta.
A reunião de 2012 na região será provavelmente no México, adianta.
Quando Schwab, então na Universidade de Genebra, organizou o primeiro Fórum há 40 anos, ele não imaginava que o evento se tornaria tão abrangente.
Todo janeiro, líderes e presidentes das companhias mais importantes sobem os Alpes suíços. No Brasil, o evento é mais modesto, mas bateu recorde regional de participantes (770) e de países (42).

Formação de... 

A Bahia Mineração inicia nesta semana programa com o Senai para minimizar a carência de mão de obra. O objetivo é qualificar profissionais na região de Caetité (BA). Os trabalhadores atuarão na construção e operação de uma mina e usina e de um terminal portuário.

...mão de obra

As primeiras turmas terão 742 alunos e, até 2013, o programa irá qualificar 6.500 profissionais. A Bahia Mineração pretende produzir 19,5 milhões de toneladas/ano de minério de ferro em Caetité, na Bahia.

Ambiente 
A Liquigás Distribuidora passou a gerar créditos de redução de emissões de poluentes de fontes móveis. A empresa trocou 51 caminhões a diesel por veículos com nova tecnologia que deve diminuir a emissão de monóxido de carbono em 57%.

Lista de compras 
Casas Bahia e Ponto Frio iniciam seu processo de expansão neste ano com aberturas no RJ e em SP. Serão uma de cada hoje no Rio, no formato conceito. Amanhã, Casas Bahia abrem as portas em Indaiatuba. Alphaville terá um novo Ponto Frio no Shopping Iguatemi.

Exercício 
A fabricante de produtos para ginástica Movement fechou parceria com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) para fornecer equipamentos ao Centro de Treinamento Time Brasil, no Rio de Janeiro.

Intercâmbio 

O governo da Colômbia enviará uma comitiva à cidade de Várzea Paulista (SP) no dia 6 de maio para conhecer projeto de combate ao trabalho infantil, que é desenvolvido pela prefeitura local em parceria com a Fundação Telefonica.

Grupo espanhol assume controle de resort em Alagoas

A rede hoteleira Grand OCA, divisão do grupo espanhol Más Costas, anuncia hoje a sua entrada no Brasil com empreendimento em Maragogi, em Alagoas.
A companhia investiu cerca de R$ 25 milhões na compra das parcelas dos outros sócios para assumir totalmente o controle do resort e realizar o lançamento da marca no país.
Nos próximos quatro anos, o grupo pretende fazer investimentos da ordem de R$ 115 milhões com hotéis na região Nordeste.
"Já estamos em negociações em outros municípios. Nosso foco principal são os Estados nordestinos litorâneos, desde a Bahia até o Ceará", diz o diretor responsável pela companhia no país, Antonio Rodriguez.
Além do Nordeste, o grupo também não descarta investimentos no Rio de Janeiro.
"É uma cidade com grande apelo turístico e que receberá importantes eventos esportivos", afirma Rodriguez.

BOLA DA VEZ

Depois da Ásia, a América Latina é a região emergente mais atraente para investimentos de fundos de "private equity". O bloco foi responsável por cerca de 25% dos recursos destinados para os mercados emergentes no ano passado, segundo a consultoria Bain & Company.
"O Brasil tem sido o centro de interesse dos investidores", informa relatório da consultoria.
As empresas que se beneficiam do aumento do consumo da classe média e dos investimentos em infraestrutura serão os alvos dos fundos.
"Habitação, varejo e serviços financeiros são setores que tendem a oferecer oportunidades lucrativas", segundo a empresa.

REMÉDIO FIDELIZADO
O Multiplus Fidelidade anuncia hoje a inclusão da Droga Raia entre os seus parceiros de coalizão.
A partir de julho, as compras na rede de farmácias passarão a gerar pontos que poderão ser trocados nas outras 16 empresas associadas.
"Pretendemos fechar 2011 com 24 coalizões. Cada empresa de um setor diferente", diz o presidente da companhia, Eduardo Gouveia.
Até o começo de junho, o Multiplus Fidelidade, controlado pela TAM, fará uma redução de capital de R$ 690 milhões para R$ 90 milhões.
O objetivo, segundo Gouveia, foi retornar valor aos acionistas, além dos dividendos regulares. "Com a verba do IPO, em fevereiro de 2010, compramos as passagens necessárias até o terceiro trimestre de 2011. Não tínhamos saída de caixa."
com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e VITOR SION

JOSÉ NÊUMANNE - O que interessa é carne no prato e farinha na cuia


O que interessa é carne no prato e farinha na cuia
JOSÉ NÊUMANNE
O Estado de S. Paulo - 27/04/2011

O ovo de Colombo do marketing político mundial foi posto de pé pelo americano James Carville. Responsável pela campanha de Bill Clinton à presidência dos Estados Unidos, ele fez o candidato movimentar os lábios sem pronunciar a frase que atravessaria o planeta como um mantra: "É a economia, estúpido!" No caso de nações ricas, como a dele, a leitura labial da palavra economia lembra pleno emprego, tecnologia de ponta, alta produtividade, etc. Mas no de países emergentes, como o nosso, poucos desses fatores têm a importância de um só - a inflação. A perda do valor de compra da moeda, que significa menos proteína (e, com o passar do tempo, menos comida em geral) na mesa do trabalhador, e o retardamento da girândola faz-vende-compra que Fernando Henrique pôs para rodar e seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, usou com sabedoria para evitar que o tsunami da crise imobiliária americana chegasse a nossas praias tropicais, tornando-o "marolas", devem ser evitados a todo custo.

O ex-presidente tucano promoveu a maior revolução social de nossa História recente com a solução genial do Plano Real para acabar com a deterioração do salário do operário. Ao envergar a faixa que era do antigo aliado transformado em adversário preferencial, o petista mostrou ter aprendido a lição ao traduzir para o "popularês" as fórmulas sofisticadas dos economistas que elaboraram a receita mágica da preservação do valor do dinheiro em seus inacessíveis idioletos acadêmicos. O sucesso da economia no mandarinato petê-lulista muito se deveu à profusão de fatores positivos nos oito anos de sua duração, dos quais se costumam destacar a conjuntura internacional muito favorável e o magnífico desempenho da agroindústria nacional. Nada disso, contudo, produziria o efeito espetacular que se traduziu em crescimento acima do esperado e prestígio político inusitado para o chefe do governo se este não tivesse dado demonstrações firmes e perseverantes de sensatez ao não deixar a herança do antecessor se dissolver na balela desenvolvimentista de muitos de seus interlocutores. Como Fernando Henrique manteve Pedro Malan, Lula nunca permitiu que fosse perturbada a rigidez dos preceitos liberais clássicos que conduziram sua política econômica sob a batuta de Henrique Meirelles.

Muita gente boa (inclusive o autor destas linhas) tem manifestado encantado júbilo com as diferenças de estilo entre a presidente Dilma Rousseff e o patrono que a inventou, lançou e elegeu. Como Lula falava pelos cotovelos, a boca fechada de Dilma faz soar uma melodia que nem sequer João Gilberto seria capaz de entoar melhor. O primado dos direitos humanos na política externa e a postura serena e digna no convívio com visitantes estrangeiros e visitados no exterior também a têm favorecido nessa comparação. Mas é provável que Dilma Rousseff - logo ela, a "gerentona" impecável, a cobradora implacável - desafine justamente na nota só do samba que sustenta a escala da economia. É isso mesmo: a inflação. Guido Mantega, um zero à esquerda no governo anterior, parece, de repente, ter sido deslocado para a direita; Alexandre Tombini dista anos-luz de seu antigo chefe; e o desfile parece descambar na desarmonia total.

O Tyrannosaurus rex da inflação dá sinais de que pode estar despertando do sono letárgico produzido pelas doses de realismo monetário injetadas entre suas escamas por Malan e Meirelles. Há uma certa tendência no Ministério da Fazenda e até mesmo no novo Banco Central a desdenhar do risco do despertar do monstro, com aquela conversinha para boi dormir da inflação importada, produzida apenas pelos fatores sazonais das safras agrícolas com consequências na produção de alimentos. Por mais que o boi durma, o dinossauro inflacionário zomba desse tipo de soporífero e já afia suas garras. O diagnóstico da autoridade monetária é parcial, como insiste em mostrar a coleguinha Miriam Leitão. "A economia vai bem, a inflação assusta e a política monetária parece ter produzido pouco resultado até agora", resumiu magistralmente o companheiro Rolf Kuntz.

De Lula podia-se dizer que não fazia, só falava. Isso não significa necessariamente que, só por não falar, Dilma faça. Nunca antes na História deste país houve um político profissional que falasse tanto, embora não fizesse na mesma proporção, como o ex-dirigente sindical metalúrgico. Parte considerável de seu êxito eleitoral nas três últimas eleições federais, duas vitórias dele e uma de sua candidata tirada do nada, deveu-se à sua capacidade de se comunicar com o brasileiro do roçado, da favela, da cozinha e do quarto de empregada.

Mas de nada lhe teria esse talento notório valido se não fosse o bom senso de não transigir quando se tratou de manter a política econômica de pé sobre os pilares dos templos do satanizado neoliberalismo. Ele falava de futebol, bajulava o amigo persa Mahmoud Ahmadinejad, não dava ouvidos a quem ridicularizava suas tiradas autoindulgentes e desdenhava de quaisquer críticas, catalogadas em seus arquivos particulares como intrigas da oposição. E se garantiu no topo da popularidade enxotando a golpes de pragmatismo o corvo inflacionário. Mas trouxe-o de volta anabolizando gastos públicos para eleger Dilma Rousseff.

Esta começou a semana dizendo: "Todas as nossas atenções estarão voltadas para o combate acirrado à inflação". Mas de prático nada faz para impedir que riscos de corrosão do valor da moeda rondem os lares pobres. De acordo com a pesquisa do boletim Focus, divulgada pelo Banco Central, a expectativa para a inflação oficial continua distante de 4,5%, o centro da meta, flutuando de 6,29% para 6,34%.

Já é mais do que hora de ela passar de boas intenções à ação oficial, adotando medidas que ponham de novo o monstro para dormir. Agirá muito melhor se se preocupar menos com a Copa de 2014 e mais com a inflação: mais valem carne no prato e farinha na cuia do que bola na rede.

DILMA CABEÇA OCA: " ERANSSA MAUDITA"

JOSÉ SIMÃO - IR! Declaro que tô duro!


IR! Declaro que tô duro!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 27/04/11

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E mais uma série de Os Predestinados. Olha o nome do dono do bar Jacobina em Curitiba: Délio CANABRAVA! E direto do Pará: o neurologista Hideraldo CABEÇA! Hideraldo Luis de Souza Cabeça! Rarará!
E esta predestinada do Peru: "Keiko Fujimori arrisca soco em saco de pancada na academia da campeã de boxe KINA MALPARTIDA". Rarará! Já imaginou se a Keiko ganha? O Peru vai virar japonês. Peru japonês! Rarará!
E sabe o que o Lula deu pra Dilma na Páscoa? Um ovo de PACoa! Bem infame! E atenção! Todos para o abrigo! Depois da Páscoa: IMPOSTO DE RENDA! Depois do coelhinho, o leão! O que eu vou declarar? Ah, que a Dilma tá gorda, que o Aécio é cafona e que a minha vizinha tá dando pro porteiro!
E um leitor mandou perguntar: "Eu sofri "bullying" quando criança, preciso declarar Imposto de Renda?". Boa ideia, eu não vou declarar imposto de renda porque eu sofri "bullying" quando menino! Rarará! E um outro mandou perguntar: "Sogra declara como dependente ou ônus?". Declara como carma. Rarará! E o Lula é dependente? É, dependente da marvada!
E uma amiga preencheu assim o estado civil: "Mais acumulada que a Mega Sena". E sabe como um amigo meu preencheu o quesito sexo? "ENORME!" Rarará! E outro preencheu assim o quesito "situação em 31/12/2010": "Crítica! Virgem Santa! Cruz Credo!". Rarará! Devia deduzir bebida do Imposto de Renda. Só tomando duas garrafas de tequila. E torno a repetir: os impostos no Brasil não são altos, nós é que somos baixos. Rarará!
E sabe como uma amiga minha preencheu o quesito "sexo"? Uma vez só em Porto Seguro! Essa vai declarar assim: declaro que só fiz sexo uma vez em Porto Seguro! Rarará!
Últimas Notícias! Breaking News! "Encontrados na China restos de macarrão com aproximadamente 400 anos." E eu que achava que só na minha geladeira tinha comida velha. "Legista encontrado morto." Desculpe todo mundo, mas legista morto é pleonasmo.
E esta direto da Bahia: "Mosquito da dengue invade o vale da Muriçoca". Parece guerra do tráfico. Filme trash! Mosquito da Dengue X Vale da Muriçoca! E esta: "PMs prendem bandidos fabricando bomba no Morro do Querosene". Cruzes! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!