sexta-feira, agosto 16, 2013

Alucinações - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 16/08

A Petrobras criou ontem uma Comissão de Investigação para apurar a conduta do funcionário Clóvis Correa, que estava como assessor da Transpetro, o braço da estatal comandado pelo PMDB.

É que segundo o lobista João Augusto Rezende Henriques, em entrevista à “Época”, Clóvis participou do esquema de propina na venda da refinaria de San Lorenzo, quando era diretor da Petrobras Argentina.

Veja só...
Num corredor da Petrobras, houve quem justificasse as declarações de João Augusto como alucinações provocadas pelo transplante de fígado que ele realizou.

Mas...
Em Frei Paulo, esse tipo de alucinação tem outro nome...

Inflação do tomate
Em Paty do Alferes, a cidade fluminense do tomate, o fruto está estragando no pé.

É que depois da alta de preço, no início do ano, o tomate está tão barato que eles preferem não fazer a colheita.

Quanto vale o show?
A Beija-Flor, que em 2014 vai homenagear Boni, o grande diretor de TV, foi autorizada pelo MinC a captar R$ 8.529.190 pela Lei Rouanet.

Família Scolari
Dona Olga, mulher do técnico Felipão, foi convidada a estrelar uma campanha de uma rede de varejo.

Jogo que segue...
Por falar em Felipão, ele será o garoto-propaganda do Dia do Profissional de Educação Física, em 1º de setembro.

O pibão de Chico
O professor Francisco Lopes, que provocou polêmica, no mês passado, ao dizer no “Valor” que a economia brasileira estava crescendo ao ritmo de 4% ao ano, comemorou ontem o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br):

— O número mostra que, quando comparamos o segundo trimestre de 2013 com o mesmo período de 2012, houve um crescimento de 3,97%.

E mais...
Quanto vai crescer no resto do ano, o ex-presidente do BC no governo FH diz que ninguém pode saber ao certo:
— Talvez desacelere um pouco no terceiro trimestre e volte a crescer forte no quarto. Mas isso é questão de projeção e opinião. Eu acho que para o total do ano, como o primeiro trimestre foi meio ruim, vai crescer entre 3 e 3,5%.

Quadrinhos
Um livro inédito com os quadrinhos de “O Fantasma”, ícone dos anos 1930, chega hoje às bancas pela Pixel Media e pela Coquetel. Criado pelo americano Lee Falk (1911-1999), o mascarado combate o crime com um anel de caveira, duas pistolas e o lobo Capeto.

Nos trilhos
Ontem, foi assinado o contrato, entre a CNR Changchun Railway Vehicles Co. Ltd e o MetroBarra, de compra dos 15 trens para a Linha 4.

Segue...
O Rio tem negociado trens na China. Até agora, tem sido mais barato.

A Alstom, que está no meio de um escândalo em São Paulo, chegou a apresentar proposta 51,32% mais cara do que a dos vencedores asiáticos.

Aliás...
A SuperVia foi condenada a indenizar em R$120 mil a família de um passageiro que morreu ao cair de um trem, em São Cristóvão, que trafegava com as portas abertas.

A decisão foi da 18ª Câmara Cível do Rio.

Mudança de bairro
Depois de 19 anos no Fashion Mall, o Joe & Leo’s decidiu sair do shopping. A matriz da rede está de mudança para Ipanema, onde o custo de ocupação é mais baixo, e o fluxo de clientes, mais intenso.

AlO, ministro Padilha!
O Hospital Geral de Ipanema, referência nacional em cirurgias de alta complexidade, já vai completar um mês sem tomógrafo, fundamental para o diagnóstico dos pacientes.

Sem conserto...
O aparelho quebrou, o Ministério da Saúde prometeu consertar até o dia 7, mas até agora nada.

Outra máquina, a que realiza exames de ecodopler, também está quebrada.

Flatulência
Ontem, na Avenida Chile, quase dez agentes que chegavam para ajudar a pôr ordem no trânsito no Centro do Rio gritavam de dentro de uma van branca:

— Peidou, peidou, peidou!

Exilados sem língua materna - MILTON HATOUM

O Estado de S.Paulo - 16/08

O encontro de dois amigos exilados aconteceu em Paris, no outono de 1981.

Alberto L. era franco-argentino; Jaime D. era cubano e queria ser escritor, mas se recusava a falar e a escrever em espanhol. Naquele outono ele pediu para que eu lesse o manuscrito de um romance. Li o texto em francês e disse que Alberto também devia lê-lo, pois meu amigo argentino era bilíngue e podia avaliar melhor a linguagem da narrativa, que me pareceu intrincada e, em certas passagens, obscura.

Eles se encontraram no Café des Beaux Arts e depois Alberto me confidenciou:

"O começo da nossa conversa foi um monólogo. Disse a Jaime que eu tinha lido o manuscrito porque tu gostaste do romance. Disse que foi o primeiro manuscrito que li na minha vida de leitor e quase com certeza o último. Não sou um escritor frustrado, eu disse, sou um leitor de bons livros e isso basta. Depois fiz um comentário sobre o romance: uma história assombrosa e algo alegórica sobre a ditadura de Fulgencio Batista; uma história que, na minha visão pessimista, talvez pudesse ser lida em perspectiva. Comentei outras coisas que me interessaram e disse: Você escreveu diretamente em francês, o que não deixa de ser uma ousadia ou uma façanha. Mas a linguagem do manuscrito parece órfã, como se fosse uma tradução de um texto sem uma língua de origem. Um bom tradutor talvez possa cortar os excessos de preciosismo, porque seu estilo é um pouco pomposo. Não é preciso dizer que gostei muito do romance e que eu sinto inveja de você. Percebi que tinha exagerado, mas Jaime reagiu bem e disse que ia pensar nas minhas observações. Depois me agradeceu com uma única palavra: gracias. Um agradecimento seco, com a mesma voz que pediu uma dose de conhaque ao garçom. Teu amigo cubano não foi caloroso comigo. Talvez seja desconfiado quando se encontra com um desconhecido. Mas acho que ele vai reescrever o manuscrito com um tradutor".

Como conseguiste isso?, perguntei.

"Duas pessoas banidas de sua pátria se entendem", disse Alberto. "Quer dizer, se entendem quando não conversam sobre política, um assunto que queima o coração. Falamos um pouco sobre a nossa infância, e bem mais sobre nossas leituras. Nossa infância quase nada tem em comum. Infâncias muito diferentes, como são diferentes os países da América Latina. Ele morou em lugares paupérrimos de La Habana, bairros que não têm ou não tinham equivalentes em Córdoba. Começou a trabalhar ainda menino, e eu só tive que trabalhar quando me diplomei em ciências econômicas. Jaime não conheceu os pais deles. Eu convivi intensamente com os meus até os 11 anos de idade. Nossas leituras são mais ou menos afins, com preferências diferentes. Conversamos mais de uma hora sobre essas leituras e discrepâncias. Quando eu disse que devia ir embora, ele tamborilou nervosamente sobre a mesa, como se os dedos golpeassem o teclado de uma máquina de escrever. Jaime quis pagar a bebida, mas acho que blefava. Disse a ele que eu era um funcionário bem remunerado do Crédit Agricole, mas teria preferido ser um escritor e levar uma vida modesta. 'Não acredito nisso', reagiu Jaime, 'a vida modesta é geralmente uma vidinha de merda, e eu não sou esse romântico'. Concordei, para não ser indelicado. E também porque ele falou com raiva. Não protestou quando eu paguei a conta; nos despedimos com um aperto de mão. Jaime pegou o metrô para Barbès, e eu, para Gare d'Austerlitz".

Nenhum dos dois se empenhou em manter uma amizade. Eram amargos demais com o passado, e talvez discordassem sobre a revolução cubana.

O tempo e a distância nos separaram. Sei que ainda moram em Paris. E só dez anos depois conheci o destino do manuscrito de Jaime D.

Passividade, nunca mais! - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 16/08

Só vale aplaudir aquela que é consentida por adultos, no bom sentido, é claro, entre quatro paredes


A esta altura, não deve existir mais nenhum paulistano disposto a engolir a versão de que as cinco pessoas da mesma família mortas na casa da Vila Brasilândia, na zona norte de São Paulo, tenham sido assassinadas pelo filho imberbe do casal de PMs.

Descrédito é mercadoria abundante, inclusive entre as tropas --e não é por menos. Existe decisão mais infeliz do que aquela que diz que policial não pode mais socorrer acidentados ou vítimas de violência? Ora, se um oficial armado há de ser encarado como ameaça pela população, com que ânimo ele vai sair de casa para trabalhar?

Moral das tropas em baixa e briga entre as duas forças não é exatamente a melhor maneira de se enfrentar uma guerra velada por pontos de tráfico de drogas. E qualquer morador da periferia sabe que viatura policial não ousa entrar em favela. Como cereja do bolo, agora temos mais essa da cara de pau da adulteração da cena do crime na Vila Brasilândia, com o delegado do caso posto na geladeira, e mais PMs passando pela casa em que as mortes ocorreram do que marines desembarcando na costa da Normandia no Dia D. E ninguém nem aí para dar satisfação.

Sei. Quais eram mesmo as maiores preocupações do paulistano levantadas naquela pesquisa mais recente? Pois é, na ordem: violência, transporte e saúde, né não? E olha que só quem tem câncer e é obrigado a esperar meses para ser atendido é que pode dizer como é que a violência e o transporte foram capazes de suplantar a saúde em matéria de maus serviços prestados à população.

As mudanças precisam ser estruturais e ligeiras, não dá para deixar o caldo esfriar. Seria necessário queimar uma mata atlântica inteira para reacender a chama das manifestações deflagradas em junho.

No dia em que os manifestantes foram à porta do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para protestar contra a internação naquela ilustre instituição de quem simboliza, melhor do que ninguém, a perpetuação de vícios que precisam ser erradicados da prática política tapuia, eu postei no Facebook uma frase que incomodou muita gente.

Disse: "A estratégia de nunca mais dar paz aos corruptos passa adiante do meu e do seu interesse pessoais. Manifestantes na frente do Sírio-Libanês me representam". Teve amigo meu de cabelo em pé: "Pô, Barbara, até na guerra zona de hospital é respeitada!"

Nesta semana, o colega Marcelo Coelho, que, por sinal, anda em fase inspiradíssima, escrevendo melhor do que nunca, trilhou a mesma estrada e criticou os dois sujeitos que estavam no avião com o Feliciano e resolveram importunar o deputado com provocações bobocas que depois postaram em vídeo no YouTube.

É claro que o limite do assédio continua sendo a lei. Violência, quebra-quebra, ameaça à integridade física, nada disso vale.

Mas revolta não é vandalismo. É preciso que essa distinção fique bem clara para que a gente saia da passividade e parta para o contra-ataque definitivo e sistemático. Fazer oposição à insensibilidade dos que praticam o verdadeiro vandalismo, aquele que castiga a população que deveria estar sendo beneficiada, doravante é bafo no cangote 24 horas.

Na porta do restaurante, na festa, no heliporto e no shopping. É preciso conscientizar de que é a presença do corrupto, e não a do manifestante, a que causa o constrangimento no hospital. Vamos mais é aplaudir e incentivar esta nova cultura política que está nascendo na esteira das manifestações.

UFC! Mensalão X Trensalão! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 16/08

'Serra diz que certamente será candidato a alguma coisa em 2104'. Presidente do Palmeiras? Miss Bumbum?

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Predestinado do dia: "Ministros do Supremo rejeitam recurso de JACINTO LAMAS". O Jacinto Lamas fez 40 saques no Banco Rural. Lamas só pode ser no Banco Rural mesmo, coerente.

E ele fez 40 saques? Eu acho que ele dava plantão na porta giratória. A porta girava, ele entrava e sacava de novo! Rarará.

Mensalão 2! Eu gosto dos ministros, os tiozinhos morcegos. O Lewandovsky parece o Vampiro de Dusseldorf, a Cármen Lúcia é o clone do Mr. Bean, e a Rosa Weber parece a Dona Clara dos Ovos.

E o Barbosa parece piloto de Formula 1. Só trabalha semideitado!

E já imaginou o cheiro de naftalina daquelas capas pretas?! Naftalina com cecê! Rarará!

E queria a reprise do escândalo Calheiros. Pelo menos a amante era gostosa. No mensalão só tem feios, sujos e malvados!

E o trensalão? O trilhão!

E o Alckmin processa a Siemens e o xampu antiqueda!

Mas o Piauí Herald revela que o "Alckmin processa a Ford pelo trânsito em São Paulo". Rarará!

O Alckmin processa a Siemens, a Ford, a GM, a Volks, o PT, o Passe Livre, a Mídia Ninja, o Pablo Capilé e o xampu antiqueda!

E essa: "Serra diz que certamente será candidato a alguma coisa em 2014". Presidente do Palmeiras? Miss Bumbum 2013? Porteiro de necrotério?

Olha, contanto que não seja pra síndico do meu prédio, tá valendo!

E o Egito Agito? Eu tenho uma teoria: o Exército quer jogar a Irmandade Muçulmana pra clandestinidade, aí explode uma bomba e o Exército tem que permanecer no poder pra combater o terrorismo!

E eu já disse que no mensalão tem tantos acusados que não é mais banco de réu, é arquibancada! Rarará.

É mole? É mole, mas sobe!

O Brasil é Lúdico! Olha o que eu vi no Placas Ridículas: "Sacolão 2 IRMÕES".

Mas não seria "Sacolães"? Sacolães Dois Irmões! Rarará!

E em Salvador tem um salão de beleza chamado "Salão Duas Irmães! Prancha e Escova".

Entendi, uma irmã se chama Prancha e a outra se chama Escova. Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza.

Hoje, só amanhã!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Broche, chicote e cipó - NELSON MOTTA

O GLOBO - 16/08

Com o encarceramento do deputado federal Natan Donadon, condenado pelo STF a 13 anos e 4 meses por corrupção, quebrou-se o tabu centenário de o Supremo não condenar um parlamentar à prisão, e abriu-se a temporada de caça a políticos corruptos, de todos os partidos. Um detalhe fofo: quando se entregou à polícia e deu entrada no presídio, Donadon fez questão de manter na lapela o broche da Câmara dos Deputados, que agora deve estar usando no seu macacão laranja.

Em seguida, o senador Ivo Cassol foi condenado pelo Supremo, por unanimidade, a 4 anos e 8 meses de prisão por fraudar licitações para empresas de parentes e amigos quando era prefeito de Rolim de Moura. Mas, assim que o Senado cassar seu mandato e o elemento começar a cumprir sua pena no regime semiaberto, dormindo na cadeia, a sua cadeira será ocupada, como se fosse hereditária, por Reditário Cassol, seu suplente e pai.

Em outubro de 2011, quando o filho se licenciou para lhe permitir desfrutar de três meses como senador da República, Reditário subiu à tribuna para defender que os presos sejam obrigados a trabalhar nos presídios para ajudar o Estado a pagar a sua manutenção, e, caso se recusem, devem ser chicoteados.

O senador Suplicy protestou: chicote não, é medieval.

Talvez Reditário nunca tenha ouvido a música “Cipó de aroeira”, de Geraldo Vandré, um clássico petista, e nunca imaginou que, se dependesse dele, um dia seu filho teria que pegar no pesado na cadeia ou receber “a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”.

Darcy Ribeiro dizia que o Senado era o céu, com a vantagem de não se precisar morrer para chegar lá. Mas, ainda melhor do que ser senador, é ser suplente, sem precisar fazer campanha, sem votos, sem nenhum compromisso, a não ser os financeiros — muitos suplentes financiam a campanha e recebem em troca alguns meses ou até anos de mandato do titular —, sem qualquer qualificação ou legitimidade, e cobertos pela legalidade indecente que eles mesmos criaram, e que só agora, como medida marqueteira da “agenda positiva” do Senado, começa a acabar.

Mais espantoso que acabar é ter durado tanto.

Banho de sangue - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 16/08

SÃO PAULO - A culpa pelo massacre no Egito cabe obviamente às autoridades que determinaram a ação policial, mas o Ocidente tem lá sua parcela de responsabilidade ao não ter condenado com a veemência necessária o golpe militar que apeou a Irmandade Muçulmana do poder.

Como todo ateu, tenho horror a agendas religiosas e pânico de teocracias. Temo, porém, que a solução fácil de cortar pelas armas os destemperos de governos de inspiração islâmica, como o era o de Mohammed Mursi, contribua mais para perenizar o problema do que para resolvê-lo.

O precedente clássico é o da Argélia. Em 1992, o partido religioso FIS (Frente Islâmica de Salvação) estava prestes a vencer as eleições, o que levou o governo a cancelar o pleito, num gesto que foi aplaudido por várias democracias ocidentais. O golpe, contudo, deu lugar a uma sangrenta guerra civil que durou quase uma década e produziu 100 mil cadáveres.

A grande verdade é que países não se tornam democracias porque um dia acordam dispostos a virar uma. O processo é bem mais conturbado e exige que os principais atores meçam forças e concluam que a busca da hegemonia política seria mais custosa que um acordo que permita, em princípio, a todas as partes exercer o poder por prazo limitado. O fato de um dos grupos acreditar-se legitimado por uma força superior só complica a equação. No Ocidente, levamos uns 500 anos para promover a revolução secular, que enfim destronou a igreja do reino da política.

Pode-se argumentar que golpe no Egito, ao mostrar aos religiosos que não poderiam mandar sozinhos, inscreve-se nesse esquema. Talvez, mas um avanço real teria exigido que os egípcios, com apoio do Ocidente, tivessem passado esse mesmo recado sem recorrer à força. A democracia, afinal, só vem quando todos aceitam que as regras de disputa controlada com alternância no poder e continuidade institucional são a forma menos custosa de administrar conflitos.

'Puxadinhos' na política energética - ADRIANO PIRES E ABEL HOLTZ

O Estado de S.Paulo - 16/08


A busca míope pela modicidade tarifária e pelo controle da inflação tem levado o governo a tomar medidas, no setor energético, sem coerência e sem avaliação plena das suas consequências, tornando necessária a realização de remendos que desconfiguram o marco regulatório, sacrificam as empresas, criam instabilidade e dificultam o planejamento e o investimento. O marco regulatório resultante de todos esses "puxadinhos" não atribui a lógica necessária ao bom funcionamento do setor, enfraquecendo as empresas, criando conflito entre as partes e aumentando a perspectiva de judicialização das decisões.

Um exemplo é a judicialização da questão do rateio do custo das térmicas. Antes, as despesas criadas pela ligação das térmicas eram rateadas entre os consumidores de energia, tanto no mercado livre (indústrias e comércio de grande porte) quanto no mercado cativo (clientes das distribuidoras). Agora, a divisão da conta passou a contar com a participação das comercializadoras e das próprias geradoras de energia elétrica, para que com isso o governo possa cumprir a promessa de reduzir as tarifas do consumidor final. As geradoras foram à justiça e conseguiram uma liminar para serem excluídas do rateio do chamado Encargo para Segurança do Sistema (ESS). A União tentou derrubar tal liminar, mas o pedido foi indeferido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Outros "puxadinhos" têm sido construídos para financiar as desonerações fiscais, que incentivam artificialmente a atividade econômica no curto prazo. As empresas "estatais", por exemplo, estão sendo mobilizadas para aumentar seus pagamentos de dividendos. Entre 2007 e 2012, o montante dessas receitas saiu de 0,26% do PIB (R$ 6,9 bilhões) para 0,64% do PIB (R$ 28 bilhões). Com isso, a participação dos dividendos no superávit do governo central passou de 11,74% para 32,6%.

Não por outro motivo, a contabilidade criativa do governo chegou à Petrobrás. A empresa divulgou um fato relevante ao comunicar que, a partir de meados de maio, passou a aplicar às suas exportações a prática contábil conhecida por contabilidade de hedge. Essa ação contábil permite que empresas reduzam impactos provocados por variações cambiais em seus resultados periódicos, desde que gerem fluxos de caixa futuros em moeda de outro país que se equivalham e tenham sentidos opostos. Assim, 70% do total da dívida líquida exposta à variação cambial serão protegidos por 20% das exportações, por um período de sete anos. Dessa forma, ao compensar prejuízos com a dívida de exportações futuras projetadas, a empresa diminui a transparência do seu resultado e acrescenta um novo risco ao seu valuation. Embora a prática seja permitida, o resultado prático será o aumento dos dividendos pagos principalmente nas ações ON, beneficiando o caixa da União.

No caso da Eletrobrás, o empréstimo de R$ 2,5 bilhões tomado por ela no BNDES no final de junho foi feito, ao menos em parte, para possibilitar o pagamento de dividendos aos acionistas da estatal, entre eles a União e o próprio BNDES. Para viabilizar esses pagamentos, a Eletrobrás teve de pagar juros "acima do esperado em operações com garantia da União", conforme avaliação do próprio Tesouro Nacional.

Se vasculharmos as notícias publicadas na imprensa, encontraremos outros exemplos de arranjos, como o uso da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para financiar o desconto nas contas de energia, o uso dos recebíveis de Itaipu para compor a CDE e a possibilidade de colocar os índios como sócios das hidrelétricas.

O foco no populismo deixará como herança um setor energético desconstruído e cheio de remendos. Isso resultará em empresas sem capacidade de investimento e agências reguladoras enfraquecidas, que serão substituídas pela justiça na arbitragem dos conflitos criados pelo próprio governo. As consequências do modelo de "puxadinhos" serão o desabastecimento, o aumento da dependência externa e a criação de grandes "esqueletos" para os futuros governos.

* Adriano Pires e Abel Holtz são, respectivamente, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) e diretor da Holtz Consultoria.

O delírio megalômano do trem-bala descarrilou - ROBERTO FREIRE

BRASIL ECONÔMICO - 16/08

Em mais uma demonstração da falta de rumo da atual gestão, o governo de Dilma Rousseff anunciou, pela terceira vez, o adiamento do leilão para o Trem de Alta Velocidade (TAV), que ligaria São Paulo,Campinas e Rio de Janeiro.Embora se trate, desta vez, de um recuo bem-vindo, o mais correto seria que a presidente cancelasse este projeto faraônico elaborado ainda durante o governo Lula e utilizasse um montante estimado em mais de R$ 60 bilhões para construir metrô nas principais regiões metropolitanas do país.

A concorrência que definiria o fornecedor dos equipamentos e o operador da concessão havia sido marcada para esta sexta-feira (16) e acabou adiada diante da falta de interesse dos investidores estrangeiros pelo projeto. O dado estupefaciente é que a iniciativa privada arcaria com apenas 20% dos investimentos, restando nada menos que 80% ao Estado (10% do Tesouro Nacional e 70% do BNDES, por meio de empréstimos subsidiados). Mesmo assim, as empresas não compareceram. Uma das explicações para o novo fracasso está justamente na subestimação do custo total da obra.

Ao contrário do que anunciou o governo, que projeta um investimento de R$ 33 bilhões, uma reportagem publicada pela revista “Veja” em novembro de 2010 já estimava um gasto de R$ 63,4 bilhões, pois não teriam sido incluídos nas previsões orçamentárias itens como subsídios fiscais e obras complementares necessárias em algumas cidades onde não há infraestrutura adequada. A recente onda de manifestações pelo Brasil foi desencadeada a partir da mobilização ocorrida em São Paulo em torno do transporte coletivo.

A questão da mobilidade urbana foi alçada, enfim, a tema prioritário da pauta nacional, mas infelizmente o governo petista segue investindo pouco e mal no setor, alimentando delírios megalomaníacos e estipulando prioridades equivocadas. Com os mais de R$ 63 bilhões que serão gastos no trem-bala, a administração federal poderia resolver o problema do transporte ferroviário no país. Para isso, bastaria destinar R$ 25 bilhões em novos investimentos em metrô e trens urbanos, o que beneficiaria mais de três milhões de pessoas por dia em capitais como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza e Goiânia.

Outros R$ 35 bilhões seriam aplicados na área de transporte ferroviário de carga, com obras que conectariamos principais portos brasileiros aos fluxos produtivos, facilitando o transporte de soja, milho, fertilizantes, combustíveis, álcool etc. E ainda sobraria dinheiro. São Paulo é hoje uma exceção entre os estados brasileiros, pois conseguiu expandir consideravelmente sua malha de transporte sobre trilhos mesmos em contar com um centavo sequer do governo do PT. Todos os recursos federais obtidos pelo estado são, na verdade, empréstimos que terão de ser pagos.

Atualmente, os paulistas usufruem de uma rede de 329 km, sendo 74,3 km de metrô e 254,7km da CPTM, que transporta 7,3 milhões de passageiros por dia. Ainda é pouco. Se houvesse ajuda federal, a realidade seria outra. A presidente Dilma agiria com responsabilidade caso sepultasse o projeto mirabolante do trem-bala e trabalhasse com afinco para melhorar este cenário, mas é difícil imaginar que tenha a grandeza necessária para tanto. Fora dos trilhos há dez anos, o Brasil precisa reencontrar seu caminho.

O jogo do tempo - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 16/08


As mulheres da pré-campanha presidencial do ano que vem são as únicas que correm contra o relógio. Dilma Rousseff, para fazer a economia deslanchar, e Marina Silva, para montar a Rede. Para quem está de olho em 2014, são esses os fatos que merecem mais atenção no atual momento da disputa

Voltar de férias sempre dá aquela avidez por novidades. O pior é constatar a escassez de boas novas. Na base governista, o PMDB manda dizer à presidente da República que não brinque com os protegidos do partido, porque, senão, virá algo pior do que orçamento impositivo. Leia-se a derrubada de vetos. Basta que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMBD-AL), e o da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), acertem colocar os temas mais controversos em pauta. No maior partido de oposição, o PSDB, acirra a guerra interna pela candidatura, o que só ajuda os adversários (as). E, no mais, a economia balança e as CPIs estão por aí a ameaçar o governo. As passeatas arrefeceram em relação ao que se viu em junho, mas, por toda a parte, crescem as preocupações com o futuro.

Mas vamos por partes. Afinal, a história que se desenha para frente nos permite tirar algumas conclusões nada precipitadas para o momento. O PMDB não vai querer largar a vaga de vice na chapa da presidente Dilma Rousseff à reeleição. E ainda que muitos dentro do governo queiram aproveitar as últimas denúncias de tráfico de influência em estatais para balançar o barco da aliança, o partido não pretende deixar que isso sirva de desculpa para que a petista afaste o parceiro. Principalmente, agora que ela dá sinais de recuperação nas pesquisas de intenção de voto. Ainda que Lula converse com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, candidato ora sim, ora também.

Eduardo Campos, por sua vez, está mais reservado e não é para menos. Em política, a hora é de continuar meio mergulhado, respirando pelo canudinho. Afinal, exposição demais em tempos de crise pode dar problema. Ele não tem pressa. E sabe que não tem o que perder sendo candidato. Afinal, por pior que se saia, sempre será um aliado importante ao governo num segundo turno. E é aí que Lula joga para mantê-lo na órbita petista. Não quer apostar num descuido que leve o aliado para o ninho do presidente do PSDB, Aécio Neves, que não deixa de procurar o governador pernambucano com acenos ao futuro.

Enquanto isso, na ala feminina da pré-campanha…
Nessa ciranda, todos trabalham com o tempo, esse senhor da razão, como certa vez estampou numa camiseta o então presidente Fernando Collor nos anos 1990. As mulheres inseridas nessa disputa são as únicas que correm contra o relógio. Marina Silva, para montar a Rede, e a presidente Dilma, para tentar acelerar as obras e dar um visual mais atraente ao governo.

Não por acaso, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, passou o dia de ontem em reuniões com investidores e o presidente da Empresa Brasileira de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo. Diante do Orçamento insuficiente para levar avante o plantel de obras, o governo recorre à iniciativa privada para alavancar o crescimento. Se der certo, obviamente, ampliam as esperanças petistas de continuar no poder.

Dilma não vê a hora de, com a economia respirando sem a ajuda de aparelhos, degustar aquela sensação de dona do jogo e senhora absoluta do tempo de cada ministro em seu governo e das verbas que destinará a cada pasta no Orçamento a ser enviado ao Congresso no fim deste mês.

A presidente não mexeu uma palha no sentido da reforma ministerial, contrariando a torcida de muitos que esperavam a queda da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, ou da própria Gleisi. As mudanças só virão em dezembro. E ninguém hoje, à exceção do presidente Lula, conversa sobre esse tema com Dilma. A não ser, é claro, se ela tocar no assunto, o que dificilmente acontece. Nesse quesito, a presidente se vê senhora da razão e não admite interferência de terceiros. Ainda que os partidos indiquem, se o ministro é aceito, a escolha final cabe a ela.

E o Supremo, hein?
O julgamento do mensalão marca a história do Supremo Tribunal Federal sob diversos aspectos. Um deles é o fim da era dos punhos de renda e do fino trato entre os ministros, algo que imperava inclusive na maioria das divergências. E, em termos de boa convivência e exemplo aos mais jovens, nada mais impróprio do que a derrocada da cordialidade. Vejamos os próximos capítulos.

No Senado, são 464 - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 16/08

São 464 funcionários do Senado que recebem acima do teto. Quando o TCU mandou cortar os vencimentos de 1,1 mil servidores, os deputados se irritaram por o Senado ter ficado de fora. As teorias da conspiração proliferaram. Relator do processo, o ministro Raimundo Carreiro explicou que não recebeu todos os dados e deu prazo de 15 dias para o Senado enviar as informações.

A ordem é derrubar
Convencido de que não tem condições de ganhar tudo no voto e que terá de ceder, a orientação do governo é trabalhar para derrubar a sessão de terça-feira do Congresso, quando serão apreciados os vetos da presidente Dilma. O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT- SP), está ligando para todos os líderes aliados fazendo a recomendação. Ontem foi a vez do líder do PP, Arthur Lira (AL). Chinaglia afirmou: "Se não houver acordo na votação, nós derrubamos a sessão." Lira ouviu e perguntou: 
"Nós, quem?". "Nós, a base aliada", respondeu. "Não conte comigo para derrubar a sessão. Quero derrubar os vetos", encerrou o progressista.



"Não sou candidato . Estou pensando em desembarcar . É muita turbulência. É "fora, fulano "; é "fora, sicrano ". Eu é que estou fora "
Garibaldi Alves
Ministro da Previdência , ex-governador e senador

Mesmo compasso
Os tucanos não são os únicos fechados com a candidatura do senador Aécio Neves (MG) à Presidência da República. O DEM, tradicional aliado do PSDB, também já se definiu. O partido, presidido pelo senador José Agripino Maia (RN), avisou que não há hipótese de apoiar o ex-governador José Serra (SP), se ele for o candidato.

Com a bola toda
A residência do presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), tem sido palco de muitas reuniões com os líderes Eduardo Cunha (PMDB) e José Guimarães (PT). Fecham a agenda e depois vão negociar com PSDB e DEM, da oposição.

Cenário montado
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mandou imprimir ontem as cédulas de votação dos vetos. Em uma delas, consta o projeto que permite transferir a concessão de táxi por herança. Não houve ainda entendimento prático.

O drama das eleições de 2014
Muitos políticos estão repensando suas candidaturas à reeleição no ano que vem. Preveem que será uma das mais difíceis e imprevisíveis. E que um candidato pode ser surpreendido num comício, pois, ao invés de reunir um grupo que o apoia, poderá encontrar um grupo para protestar contra a sua reeleição.

Superexposição
O PSB avisou que não concorda com a redução da campanha eleitoral de TV de 60 para 30 dias, como quer o Senado. Busca garantir o máximo de exposição e de tempo de convencimento ao seu candidato a presidente, Eduardo Campos (PE).

Agência de viagens
Os ministros reunidos no Planalto, anteontem, defenderam que a presidente fique mais próxima de sua base. Sugeriram que ela programe um avião reserva e carregue os deputados aliados no seu roteiro pelo país.

NA CONTRAMÃO do Senado, os deputados não estão com pressa alguma de colocar em votação a PEC dos Mensaleiros.

'Multissecular' - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 16/08

A pior briga entre Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski desde o início do julgamento do mensalão continuou no Salão Branco, atrás do plenário do Supremo Tribunal Federal. "Vossa Excelência não vai fazer comigo o que fez com o ministro Britto!", interpelou o presidente do STF, dedo em riste, acusando Lewandowski de tentar atrasar o julgamento lendo "artigos de jornal". O revisor do mensalão rebateu: "O senhor me respeite! Isto aqui é uma corte de tradição multissecular!".

Tem mais Na mesma discussão, Lewandowski perguntou se Barbosa achava que seu voto era de "moleque". O presidente do STF respondeu afirmativamente, o que acirrou os ânimos.

Calma, gente Gilmar Mendes e Celso de Mello tentaram acalmar a dupla. Mais tarde, alguns ministros foram prestar solidariedade a Lewandowski em seu gabinete, como Luiz Fux.

Santinho 1 A relação de Dilma Rousseff com a base aliada ainda tem seus percalços. Na reunião com líderes da Câmara, segunda-feira, o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) disse que o projeto do governo sobre royalties só previa recursos para a educação após quatro anos.

Santinho 2 "Isso é conversa fiada!", reagiu a presidente, se levantando. Albuquerque retorquiu: "Espero que a senhora não esteja dizendo que a conversa fiada é minha". Já sentada, Dilma negou: "Que é isso, Betinho?".

O que é isso... Queixa de Ideli Salvatti durante reunião com Michel Temer anteontem irritou parlamentares. Segundo relatos, a ministra reclamou ao vice que Henrique Alves (PMDB-RN) pautava temas sob pressão, como a votação do piso de agentes de saúde para setembro.

... companheira? Cobrado, o presidente da Câmara explicou que só agendou o tema porque o ministro Alexandre Padilha (Saúde) estava com ele e concordou.

Púlpito Lula vai conversar com o apóstolo Valdemiro Santiago, fundador da Igreja Mundial. Segundo aliados, o ex-presidente tenta pavimentar uma relação com líderes religiosos antes da eleição de 2014. O encontro aconteceria esta semana, mas foi adiado.

Muita calma... A Executiva do PSDB reagiu com cautela aos sinais de que José Serra pode disputar com Aécio Neves a candidatura do partido à Presidência.

... nessa hora "A demanda por prévias pressupõe a participação de dois candidatos. Assim, ficamos felizes em saber que Serra vai ficar no partido'', diz o vice-presidente da sigla, Bruno Araújo (PE), ligado a Aécio.

Cronômetro A Rede vai entrar com representações nas corregedorias eleitorais contra o atraso na validação de suas assinaturas de apoio. O partido também decidiu protocolar hoje ou segunda-feira seu pedido de registro.

Tempo Lula pediu ao TSE a restituição do prazo para pagar uma multa por campanha antecipada, em 2010. Ele informou a corte que, ao fim de seu mandato, afastou a AGU de sua defesa e não regularizou sua representação. A ministra Cármen Lúcia decidiu prorrogar para o dia 30 o pagamento da multa, de R$ 10 mil.

Revoada Dirigente de um governo do PSDB foi recebido com desconfiança em evento do setor ferroviário, após as denúncias de formação de cartel em São Paulo. "Olham como se eu fosse um pavão misterioso", conta.

Visita à Folha Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), visitou ontem a Folha.

com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN

Tiroteio
"Nem mesmo o cavalheirismo do ministro Lewandowski conseguiu suportar a grosseria do presidente do Supremo Tribunal Federal."
DE ALBERTO TORON, advogado do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) no mensalão, sobre o bate-boca entre os ministros do STF na sessão de ontem.

Contraponto


Quem diria
Internado desde o dia 31 de julho no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, o senador José Sarney (PMDB-AP) recebeu na semana passada a visita do vice-presidente, Michel Temer, que aproveitou para ver o deputado José Genoino (PT-SP), também internado no local.

Durante a conversa com Temer, Sarney fez piada sobre os diagnósticos que recebeu dos médicos, que apontaram que o senador teve pneumonia e dengue.

--Enfrentei tantas feras na minha vida e fui derrubado logo por um mosquitinho! -- brincou o senador, em referência ao inseto transmissor da doença.

Escrito nas estrelas - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE - 16/08

O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o julgamento do recurso do ex-deputado federal Bispo Rodrigues (PR-RJ), ontem, após o primeiro bate-boca entre o presidente da Corte, Joaquim Barbosa, e o ministro Ricardo Lewandowski na nova etapa do julgamento. Rodrigues recebeu pena de seis anos e três meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os dois ministros se digladiam desde antes de o julgamento começar.

Foi uma espécie de trombada anunciada. Joaquim Barbosa e o revisor, Ricardo Lewandowski. Os dois têm
opiniões quase opostas sobre vários aspectos da Ação Penal 470, o processo do chamado mensalão.

O bate-boca começou porque Barbosa disse que o ministro Lewandowski, que estava com a palavra, queria rediscutir a condenação do réu, fato que não é possível nos embargos de declaração, segundo o presidente da Corte. “Não acho ponderável o que Vossa Excelência está querendo, reabrir uma discussão”, disse Barbosa. Lewandowski indagou:
“Para que servem os embargos?”. Foi o estopim para a discussão, que resultou na suspensão do julgamento.

Da pena
Bispo Rodrigues, segundo o Ministério Público, recebeu R$ 150 mil do esquema, em uma agência do Banco Rural, em dezembro de 2003. A defesa alega que houve uma falha no cálculo da pena de corrupção passiva: ele foi condenado com base em uma legislação mais dura sobre o crime de corrupção passiva, mas o recebimento do dinheiro teria ocorrido na vigência da legislação mais leve. A questão pode abrir precedente para a redução das penas de outros réus, já na apreciação dos embargos declaratórios.

Unânime
Nem tudo, porém, gera divergências no Supremo. Por unanimidade, os ministros negaram o recurso apresentado pelo presidente licenciado do PTB Roberto Jefferson, que foi condenado a sete anos e 14 dias de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, além de multa de R$ 720 mil. Jefferson foi o denunciante do mensalão e confirmou ter recebido R$ 4 milhões do esquema e distribuído o valor aos deputados de seu partido.

Coligação
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (foto), trabalha para consolidar uma coligação do PSDB com seis partidos que hoje apoiam o governo dele: DEM, PPS, PTB, PRB, PSC e PSB. DEM e PPS talvez se coliguem também nas eleições proporcionais. Alckmin está sob ataque do PT, em meio ao escândalo do metrô.

Assustou
O dólar fechou ontem em R$ 2,3385, com alta de 0,58%. Durante o dia, assustou o Banco Central (BC), que entrou no mercado vendendo para segurar a alta da meada norte-americana. Chegou a ultrapassar os R$ 2,35.

Tem volta
O governo pretende alterar o projeto do orçamento impositivo aprovado na Câmara, que vincula somente 30% de cada emenda à saúde. Quer fazer as alterações no Senado, onde a base aliada é menos rebelde. O líder da bancada do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (foto), do Rio de Janeiro, promete derrubar o que for mudado no Senado quando o projeto voltar à Câmara.

Verdade// A Comissão da Verdade “Rubens Paiva”, do estado de São Paulo, realizará hoje uma audiência pública com Mariana Joffily, doutora em história pela Universidade de São Paulo (USP), que estudou o funcionamento da Operação Bandeirante (Oban) no DOI-Codi: quem eram os participantes, quem financiou e quais os objetivos do centro de repressão.

Candidato
O ex-governador José Serra almoçou ontem na casa do deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), em São Paulo, com o líder da legenda na Câmara e seu secretário geral, deputado Rubem Bueno (PR), além de outros integrantes da cúpula do partido. Queria saber a situação da legenda estado a estado. Participou da conversa o veterano dirigente do PPS paulista Moacir Longo.

Barrado/ O deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) atrasou a audiência da ex-senadora Marina Silva com a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, na quarta-feira, por causa do demorado credenciamento na portaria do órgão. Quase foi barrado.

Guarda/ Ao saber do incidente com Sirkis, a ministra Cármen Lúcia contou que passou por situação muito pior no dia da sua posse no Supremo Tribunal Federal (STF). Chegou a falar que era ministra a ser empossada, mas o segurança não acreditou: “então eu sou o Roberto Carlos”, disparou. Cármem Lúcia entrou de carona no carro oficial de um deputado de Minas Gerais.

CAMPO ABERTO - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 16/08

Palmeiras, Corinthians e São Paulo estão entre os 3.500 clubes beneficiados por decisão da 25ª Vara da Justiça Federal que suspende o recolhimento de INSS, por parte do empregador (26,5%), sobre salário-maternidade e férias de seus funcionários. A liminar, concedida em 9 de julho, foi obtida pelo Sindi-Club contra a Delegacia da Receita Federal em SP.

CAMPO 2
A liminar segue entendimento do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de que não cabe contribuição à Previdência Social sobre o salário-maternidade e férias. Para a corte, tais pagamentos têm caráter de indenização e não salarial, pois não há a efetiva prestação de serviço a ser remunerado. A decisão beneficia também agremiações sociais que fazem parte do Sindi-Club.

NO AR
Amilcare Dallevo, sócio da RedeTV!, questiona o pedido de cassação da emissora enviado à Presidência da República pelo Sindicato dos Radialistas de SP. "Não tem nem respaldo jurídico", diz. Ele afirma estar resolvendo as irregularidades apontadas --"detalhes", segundo ele. O sindicato informa que nada de prático foi feito até agora.

TUDO NOVO
Segundo Dallevo, o faturamento da RedeTV! no primeiro semestre cresceu 8% em relação ao mesmo período de 2012. O canal, afirma o empresário, estreará dez programas até o fim do ano.

ESCREVO E ATUO
A atriz Suzana Pires, uma das autoras da novela das seis da Globo, "Flor do Caribe", vai entrar na reta final da trama. Será Aurora, advogada de uma entidade de caça a nazistas. Terá papel decisivo no desfecho do vilão Dionísio (Sergio Mamberti).

LÁ VEM O PATO
A proibição da venda de foie gras (tradicional prato francês feito à base de fígado de aves) em São Paulo entrou em discussão na Câmara Municipal. "A produção é um processo de verdadeiro sofrimento para os patos e gansos [alimentados à força]", afirma o vereador Laércio Benko (PHS), autor do projeto. Segundo ele, o alimento "não traz nenhum beneficio à saúde humana". Nos EUA, o Estado da Califórnia baniu a iguaria no ano passado.

BEM NA FOTO
Artistas vão emprestar os perfis no Instagram por oito dias a moradores de comunidades carentes. Bruno Gagliasso e Sabrina Sato começam hoje a publicar as fotos para chamar a atenção para a extrema pobreza.

Deborah Secco, Edson Celulari, Fábio Porchat e Thiaguinho também estão entre as 19 personalidades que participam do "Invisigram", em parceria com a ONG Teto.

PAPEL PASSADO
Roberto Justus e Ticiane Pinheiro assinaram o divórcio na sexta. Eles continuam sob o mesmo teto até o novo apartamento dela ficar pronto. A apresentadora vai se mudar para uma das torres residenciais do shopping Cidade Jardim, onde moram dois dos filhos do publicitário, Ricardo e Fabiana. A escolha foi definida para que a caçula Rafaella continue a conviver com os irmãos.

NÃO CHORES POR MIM
Réplicas das joias de Evita Perón feitas pelo argentino Marcelo Toledo, único designer a receber autorização da família para recriar as peças, chegam para exposição no Brasil neste mês. A mostra, que já passou por Nova York, Moscou e Xangai, será aberta em Belo Horizonte na quarta. Em setembro, entra em cartaz em SP.

CHAMPANHE
O musical "A Madrinha Embriagada", dirigido por Miguel Falabella, teve pré-estreia para convidados anteontem, no teatro do Sesi. O diretor teatral José Possi Neto assistiu ao espetáculo, que tem no elenco Stella Miranda, Luana Zenun, Sara Sarres, Kiara Sasso e Saulo Vasconcelos. A apresentadora Daniela Albuquerque e o marido, o empresário Amilcare Dallevo, também compareceram.

CURTO-CIRCUITO
Luciana Souza, cantora paulistana que mora nos EUA há 30 anos, faz show com repertório brasileiro, hoje e amanhã, às 21h, no Sesc Belenzinho. 12 anos.

O promotor de Justiça Silvio Marques recebe na segunda o título de cidadão paulistano, na Câmara. A proposta foi do vereador Gilberto Natalini (PV).

Lucas Santtana faz show de lançamento do disco "O Deus que Devasta mas Também Cura", amanhã, às 21h, no Memorial da América Latina. 12 anos.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 16/08

Brasil vende material radioativo para a China
INB assinou acordo com empresa de Taiwan. A exportação de 16 mil toneladas de Torta II teve aprovação da Cnen

As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) assinaram acordo com a Global Green Energy Science, de Taiwan. A empresa adquiriu 16 mil toneladas de Torta II, coproduto do tratamento químico da monazita para produção de compostos de terras-raras, da antiga usina de Santo Amaro (SP). "Há duas saídas para o material: estocar, como fazemos desde a década de 1940, ou processar e retirar terras-raras. Mas isso é custoso demais e não dominamos a tecnologia necessária", explica Aquilino Senra, presidente da INB. O processamento de monazita foi suspenso no país nos anos 1990. Desde 2012, governo federal e setor privado discutem a extração de terras-raras no Brasil. Os metais são usados na indústria de alta tecnologia, e têm produção concentrada na China. "O lote que vamos exportar tem só 880 toneladas de terras-raras. Não há conflito com o projeto em discussão", afirma. A exportação, aprovada pela Cnen, deve ocorrer em novembro. O negócio está avaliado em R$ 65 milhões. O pagamento virá em crédito de urânio. "É reserva estratégica para a indústria nuclear nacional. Se o preço for confirmado, equivale à 50% da nossa produção anual de urânio", diz Senra.

R$ 35 milhões
É o aporte que a INB teria de fazer na reestocagem, com segurança, do material radioativo Torta II, segundo Aquilino Senra. Quase todo o lote (80%) está estocado na antiga Mina de Caldas (MG).

Cresceu 1
O BNDES emprestou R$ 8,684 bilhões a empresas fluminenses no 1º semestre. Foi salto de 59,7% sobre um ano antes. Ao todo, foram fechadas 19.859 operações, contra 21.437 nos seis primeiros meses de 2012.

Cresceu 2
Infraestrutura foi o setor que mais recebeu recursos. Foram R$ 4,850 bilhões, alta de 68,6%. Na indústria, os desembolsos dobraram (+118,3%), para R$ 2,454 bi.

Cosméticos
A francesa Expanscience, de dermocosméticos, quer quintuplicar o número de pontos de venda no Rio, até o fim de 2014. Hoje, tem 38. O laboratório chegou ao Brasil em janeiro; em três anos, deve investir R$ 15 milhões no país. É dono da marca Mustela, de produtos para mães e bebês.

Óleo e gás
BR Offshore e DHL Supply Chain serão parceiras na prestação de serviços de logística integrada. A BR está investindo R$ 450 milhões em terminal de logística e estaleiro da Barra do Furado, em Campos (RJ).

Novata
A GNS, braço da Gas Natural Fenosa em negócios não regulados, estreia mês que vem no setor elétrico. Vai vender planos de assistência técnica para instalações e equipamentos residenciais. A meta é ter 13 mil clientes até o fim de 2014.

EU TE OMO
Unilevere Whirlpool, dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, são parceiras na nova campanha de OMO, que estreia hoje na TV. O filme, criação da Borghi/Lowe, traz uma máquina de lavar Brastem p se declarando ao sabão. Éa primeira vez que marcas de detergente e lavadora aparecem juntas num mesmo anúncio, sublinha Paula Lopes, gerente de marketing de OMO

Porto
A 2ª edição da Semana Porto Empreendedor, realizada em julho, na Zona Portuária, dev totalizar R$ 3,43 milhões em contratos na rodada de negócios. Participaram seis âncoras, entre elas, Cdurp, MAR e Porto Novo, além de 4 fornecedores locais. Sebrae/R e Cdurp promoveram.

Centro
O Sebrae/RJ vai atuar no Centro e na Cruz Vermelha. Quer transformar negócios tradicionais, chapelarias e restaurantes, por exemplo, em empresas-âncoras para atrair a clientela. O projeto terá de consultoria para recuperação dos imóveis a ações de gestão e marketing.

É DO RIO
O Forum Ipanema estreia amanhã a última etapa da campanha publicitária do outono-inverno 2013.O conceito “A garota Forum é de Ipanema, é do Rio de Janeiro”. A ação, criada pela agência Kindle, começou há dois meses. O cenário da vez é a Lagoa Rodrigo de Freitas.

VERÃO EM DOBRO
AVon Der Völke, de camisetas, lança hoje, na web, duas campanhas para o verão 2014. Nos estados detemperatura mais amena, sairão fotos feitas na Serra Catarinense (acima). Para os de clima quente, o cenário foi Florianópolis. Agrife espera vender 40% mais.

É micro
O mercado de microsseguros arrecadou R$ 2 milhões no 29 trimestre, segundo a Susep. É crescente a procura por cobertura de morte acidental e despesa funeral.

Capitalização
O setor de capitalização distribuiu R$ 1,5 milhão em prêmios por dia útil no 19 semestre. Foi alta de 27,8% sobre 2012, diz a Fenacap.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 16/08

Arrecadação de seguro geral avança 18,7% no semestre
As seguradoras que atuam no mercado geral, como na proteção de carros e residências, arrecadaram 18,7% a mais no primeiro semestre deste ano ante o mesmo período de 2012, segundo a FenSeg (federação do segmento).

O montante foi de R$ 22,7 bilhões para R$ 27 bilhões.

O aumento superou a previsão que havia sido feita pelo próprio setor no início do ano, de alta entre 10% e 12%.

"O segundo semestre normalmente é melhor que o primeiro, mas de janeiro a junho houve um crescimento excepcional. É possível que isso não se repita [no restante do ano]", diz Neival Freitas, diretor-executivo da entidade.

O total de indenizações pagas aos segurados cresceu em percentual menor (6,7%) no semestre, de R$ 13,9 bilhões para R$ 14,8 bilhões.

O valor das reparações pagas nos seis meses correspondeu a 55% do montante que as seguradoras receberam.

"De modo geral nesse mercado, os sinistros indenizados correspondem de 60% a 70% do arrecadado. Estamos com 55%. Então, em algumas carteiras é possível que haja condições até de melhora de preço [do seguro]", diz.

No segmento de automóveis, os valores ressarcidos aos segurados somaram R$ 8,6 bilhões, uma alta de 10% no primeiro semestre.

O volume de indenizações pagas em seguros de responsabilidades, que incluem proteções para executivos e na área ambiental, cresceu 35,7% no período.

Porto e universidade federal do RS fazem parceria
O porto e a universidade federal localizados no município gaúcho de Rio Grande fecharam um acordo para a elaboração de pesquisas sobre desenvolvimento sustentável.

A parceria, que tem duração de 60 meses, tem como objetivo a integração entre as instituições.

Até o final de 2014, a verba para aquisição de equipamentos e pagamento de bolsas estudantis deve chegar a R$ 25 milhões, segundo Dirceu Lopes, superintendente do Porto do Rio Grande.

Há duas décadas que o porto e departamentos da universidade trabalham juntos em pesquisas, diz Lopes.

"Agora, com a cooperação institucional, vamos montar um banco de dados público que poderá ser consultado para a tomada de decisões de políticas gerenciais do porto."

A superintendência vai dar suporte instrumental e financeiro, segundo Lopes, enquanto a universidade vai colaborar com sua experiência em pesquisa aplicada.

As linhas de estudo atuais envolvem o monitoramento de maré e vento e a análise da qualidade da água.

Uma pesquisa sobre a utilização de sedimentos de dragagem, como areia, para a geração de energia também está sendo feita.

Envoltório... O Inpev reciclou 25.185 toneladas de embalagens de agrotóxicos de janeiro a julho deste ano.

...vazio O número é 9% maior que o registrado no período de 2012, diz a entidade de fabricantes de agrotóxicos.

Carro... O volume de emplacamentos pela Eurobike subiu 36% no primeiro semestre ante o mesmo período de 2012.

...de luxo A empresa emplacou 1.905 veículos. As marcas de maior destaque foram BMW (603 carros) e Audi (553).

CASA PRÓPRIA
O crédito imobiliário de pessoas físicas e jurídicas no Itaú encerrou o primeiro semestre deste ano com um volume de R$ 29,5 bilhões.

Foram financiados mais de 16 mil imóveis, o que representou um aumento de 30% em relação ao estoque no final de junho de 2012.

No Bradesco, o valor da carteira chegou a R$ 25,3 bilhões no final de junho passado, uma alta de 30,8% ante o mesmo mês de 2012.

O Santander encerrou o semestre passado com um estoque de crédito imobiliário de R$ 21,5 bilhões, uma evolução de 24% ante o registrado em igual período de 2012.

O saldo da carteira do Banco do Brasil alcançou R$ 17,3 bilhões no fechamento de junho último e cresceu 76,3%.

Na Caixa Econômica Federal, por sua vez, atingiu R$ 66,1 bilhões. O salto foi de 43,9%, na comparação com o volume registrado no final do mesmo período de 2012.

Em junho passado, as operações com recursos de poupança totalizaram R$ 30 bilhões e R$ 23 bilhões com o FGTS. Pelo Minha Casa Minha Vida, o banco contratou R$ 28,5 bilhões no período.

7,4%

são a parte do PIB brasileiro a que corresponde o crédito imobiliário, segundo a Abecip (associação do setor)

21,6%

são o total correspondente no Chile

68,9%

são o equivalente nos EUA

SERVIÇOS CAROS
A inflação de serviços aumentou 0,71% na região metropolitana de São Paulo em junho ante o mês anterior, segundo a FecomercioSP. Essa foi a maior aceleração do ano.

Ao mesmo tempo, o preço dos produtos vendidos no comércio varejista recuou pela primeira vez desde março de 2012, com queda de 0,22%.

"Preço de serviço tem uma relação muito próxima com a ascensão da classe média. Por isso, esse indicador continua pressionado", diz Fábio Pina, da federação.

"No varejo, por outro lado, estamos voltando a um patamar menor do que no início do ano. Temos de ver, porém, se isso é uma tendência ou se foi apenas algo pontual."

A inflação conjunta de produtos e serviços subiu 0,23%, em média, em junho.

Esse aumento foi puxado pelos setores de vestuário (0,51%), habitação (0,47%) e transporte (0,42%).

A parcela da população que sofreu maior impacto com a alta de preços de produtos e serviços foi a classe D (0,45%).

"Os níveis sociais mais baixos são atingidos de forma mais aguda por preço de aluguel e passagem de ônibus, então há uma relação direta com os setores mais afetados", diz Pina.

Marcha lenta - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 16/08

Os primeiros indicadores da produção e da renda apontam para um segundo trimestre alguma coisa melhor do que o primeiro, mas não o suficiente para passar confiança no desempenho da economia.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) ontem divulgado mostrou um mês de junho substancialmente melhor (1,1%) do que o recuo (-1,5%) de maio. Mas, considerados os ajustes, o segundo trimestre avançou apenas 0,5% em relação ao anterior que, por sua vez, havia crescido 1,9%.

Concebido para antecipar o comportamento da economia, cujos resultados são divulgados apenas trimestralmente pelas Contas Nacionais (pelo IBGE) e, ainda assim, com um atraso de quase cinco meses, o IBC-Br ainda não tem conseguido a precisão pretendida. No primeiro trimestre, por exemplo, acusou, como ficou dito, um avanço de 1,9%, mas as Contas Nacionais apuraram apenas 0,6%.

De qualquer maneira, a percepção geral é de que os números definitivos do IBGE apontarão um segundo trimestre melhor do que o primeiro. Como o governo comemora qualquer coisa (como a presidente Dilma se empolgou com a "maravilha" da inflação de julho), a banda de música já está encomendada para o dia 30, quando sairão as Contas Nacionais do período de abril a junho.

Mesmo que essa expectativa mais otimista se confirme, não dá para garantir repeteco no terceiro trimestre. Ou seja, o crescimento econômico, ainda que insatisfatório, não se sustenta. As primeiras indicações de julho e de agosto não animam ninguém.

Mas isso é um pouco brincar de sobe e desce com esses e outros dados. É preciso conferir o que está por trás de mais um ano medíocre, sobretudo em crescimento econômico e inflação, com perspectivas de um 2014 também ruim.

Por mais que as autoridades da área econômica se esforcem para dizer o contrário, a sucessão de fiascos tem a ver com o desmonte da política econômica anterior e com a adoção da chamada Nova Matriz Macroeconômica que, decididamente, não deu certo.

Em nome de uma pretendida política anticíclica, o controle das finanças públicas foi relaxado; até abril deste ano, a meta de inflação foi substituída por uma meta de juros; o consumo foi exacerbado com redução de impostos sobre veículos, aparelhos domésticos e materiais de construção; o crédito fácil levou o consumidor ao endividamento; e a condução da rotina econômica foi marcada por iniciativas pontuais e de curto prazo - os conhecidos puxadinhos.

A esta altura, o governo se limita a improvisar, a tentar apagar os focos de incêndio com compressão artificial de preços e alguma iniciativa na área das concessões, quase sempre sujeitas a adiamentos por tempo indeterminado, como tem acontecido nas licitações de rodovias e, agora, com o trem-bala.

Mas, apesar do cavalo de pau que, desde abril, o Banco Central deu na sua política de juros, a confiança está abalada, o empresário não se encoraja a investir e as distorções vão aumentando, como as condições precárias do caixa da Petrobrás vêm demonstrando.

Dilma muda seu jeito de governar - CLAUDIA SAFATLE

VALOR ECONÔMICO - 16/08

Passado o susto das surpreendentes manifestações de protesto em junho, a presidente Dilma Rousseff decidiu, em julho, que não mais trocaria ministros, mas mudaria o seu jeito de governar. Somente os ministros que forem candidatos em 2014 sairão no fim do ano. Depois de conversas e reflexões, Dilma concluiu que duas falhas estavam comprometendo a sua gestão: ausência de diálogo com os empresários e com os políticos.

A base de apoio do governo no Congresso, então conflagrada, passou a frequentar as várias reuniões no Palácio do Planalto. Houve mais conversas nas últimas duas semanas do que em dois anos e meio de governo. Mas o resultado prático foi a aprovação, na Câmara, do orçamento de emendas impositivas, contra os interesses do Executivo.

Dilma despachou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para contatos mais próximos com o setor privado. Mantega foi encarregado de escutar e resolver os problemas que geram reclamações dos empresários interessados nas concessões. Tarefa que ele vem cumprindo à risca. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, também está acompanhando a evolução das regras das concessões e tem um quadro definido do que deve ser bem sucedido.

Os leilões começam dia 18 de setembro com as duas rodovias consideradas o "filé mignon" dos sete lotes que serão oferecidos ao setor privado: a BR-050, que liga Brasília a Santos, e a BR-262, que interliga os Estados do Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Mantega ficou de consertar projetos ruins de outros dois lotes, que superestimavam o tráfego e a taxa de retorno, e não descarta a eventualidade do governo vir a tocar as obras de trechos que não atraírem o apetite do investidor privado.

Um primeiro passo nessa direção foi dado na semana passada, quando se excluíram dois trechos do pacote de concessões, ligados à BR-163 no Mato Grosso por falta de viabilidade econômica. Estas foram convertidas em obras do PAC. Para o governo, o sucesso das concessões pode e precisa ser a chama que vai resgatar a confiança dos empresários. Portanto, a estratégia não comporta insucessos.

Uma das principais demandas das concessionárias de rodovias não foi atendida: o alargamento do prazo de cinco anos para a duplicação de todas as rodovias licitadas. O prazo passa a ser contado a partir do momento da assinatura do contrato, sem se ter a exata noção de como evoluirá o processo de licenciamento ambiental. Disso o governo não abriu mão.

Na avaliação oficial, um setor em que a modelagem está incipiente é o das ferrovias. Há o risco Valec - o quanto a promessa de que a estatal vai comprar 100% da carga será efetivamente cumprida, levando-se em conta que os prazos dessas concessões são de 35 anos. Estudos indicam que há trechos de ferrovias que só pagariam os investimentos feitos no longo prazo, em mais de duas décadas.

Outra mudança que assessores apontam como reflexo dos novos tempos foi o recuo do governo no uso de recursos da usina de Itaipu para financiar a redução da conta de luz. Em uma medida provisória aprovada no primeiro semestre, o governo foi autorizado a usar, antecipadamente, cerca de US$ 15 bilhões em receitas de Itaipu que entram nos cofres públicos até 2023. Mantega negou, recentemente, que pretenda usar esse dinheiro para mais uma estripulia contábil do Tesouro Nacional, lançando mão de receitas que serviriam a três novos presidentes.

O abuso nos artifícios contábeis para fazer superávit fiscal foi parte das razões da perda de credibilidade do governo. Desta vez, ao que parece, a iniciativa foi barrada por Dilma. Ela também afastou o secretário do Tesouro, Arno Augustin, da mesa de negociação dos projetos de concessões, informou uma fonte qualificada. Isso não teria sido, segundo esse assessor, um sinal de que Augustin está desgastado. Ele continua sendo próximo e contando com a confiança da presidente que quis, assim, preservá-lo.

Toda atenção, portanto, está centrada nas concessões. Além de Mantega estar cuidando pessoalmente de limpar as arestas que podem comprometer o sucesso dos leilões e de Tombini estar se inteirando de forma mais detalhada da avaliação que os empresários estão fazendo de cada setor que vai ser licitado, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, também está em linha direta com os investidores.

O sistema financeiro não ficou de fora dessa aproximação. Mantega e o secretário de Política Econômica da Fazenda, Márcio Holland, estão se reunindo com economistas e operadores do setor numa frente de interlocução até então mais restrita ao Banco Central.

Assim como fez com o controverso projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV), no momento adiado por um ano, a presidente pretende, ainda, desidratar as obras da Copa e se concentrar nas que realmente têm chances de execução.

Dilma começou a viajar mais pelo país, a conversar com parlamentares - o que não significa necessariamente ceder às suas reivindicações - e está limitando o raio de ação do governo ao que pode ser executado e não apenas planejado e desejado.

As últimas pesquisas indicam uma recuperação da aprovação do seu governo, que chegou a cair para 30% e agora subiu para 36%. Ninguém espera que volte aos elevados patamares anteriores, mas assessores acreditam que ela chegará ao fim deste ano com algo próximo a 40% de aprovação, um índice considerado bom como ponto de partida.

É com essa performance que Dilma entrará no ano da reeleição, com a expectativa de que suas decisões não tenham vindo tarde demais.