segunda-feira, fevereiro 07, 2011

ENTREVISTA COM JOSÉ SERRA

'Não vou me candidatar em 2012', diz Serra
VALOR ECONÔMICO

EX-GOVERNADOR NEGA AÇÃO CONTRA GUERRA PARA PRESIDIR PSDB

Cristiane Agostine | De São Paulo

Sem mandato eletivo e sem cargo de destaque no PSDB, o ex-governador José Serra (PSDB) afirma que pretende continuar como liderança da oposição no país e trabalhará para que ela seja mais "viva" e "eficiente". Serra, no entanto, não deixa claro se pretende comandar o PSDB. Diz que não sabe ao certo quando será a eleição interna, mas ressalta que não fará "nenhum gesto" para encurtar o mandato do presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE). Derrotado na disputa presidencial de 2010, Serra descarta candidatar-se em 2012 para a Prefeitura de São Paulo, e desconversa sobre suas pretensões eleitorais para 2014. Abaixo, a entrevista que o ex-governador concedeu ao Valor, por e-mail:

Valor: Como o senhor pretende retornar à cena política nacional? Quais são os seus planos?

José Serra : Eu não vou retornar, pelo simples fato de que não sai dela. É o sentido de vida que escolhi. As formas variam desde que me engajei na política, quando líder estudantil, passando pelo exílio, pela universidade, Congresso e Executivo. O conteúdo é que não varia: servir a nosso povo e ao nosso país. Parafraseando aquele poeta espanhol, o caminho será feito pelo andar.

Valor: O senhor pretende candidatar-se à presidência do PSDB?

Serra : Apesar de todas as especulações sobre isso, devo dizer que a questão é extemporânea. Nem sei bem quando será a eleição. Não vou fazer nenhum gesto que possa, de alguma maneira, encurtar o mandato do presidente Sérgio Guerra. Vou agir como gostaria que agissem comigo. E sempre pensando no interesse do Brasil. E o Brasil precisa de uma oposição com unidade de ação, ideias claras, coragem e disposição para fiscalizar, cobrar, empurrar o governo para as posições que atendam ao interesse dos brasileiros. Vou trabalhar, com minha experiência, meus conhecimentos e minha liderança, para que a oposição seja cada vez mais ágil, mais viva, mais coerente e mais eficiente. Dentro e fora da estrutura partidária. É preciso fazer embate vivo de ideias e propostas. Isso tudo é necessário ao funcionamento da democracia, melhora o país. No Brasil, às vezes, pensa-se que o vencedor leva tudo, "the winner takes all". Mas não é assim. Tivemos o voto de quase 44 milhões de brasileiros. Perto de 44% dos eleitores que votaram, no segundo turno, apoiaram a nossa proposta. Embora tenha perdido, o PSDB cresceu. Temos de honrar esses votos. Temos de representar esses eleitores. Temos de manter esses eleitores informados e orgulhosos de sua escolha.

Valor: Qual a avaliação do senhor sobre a manifestação da bancada do PSDB da Câmara em apoio à reeleição do deputado Sérgio Guerra no comando do partido?

Serra : Criou-se um mal-entendido, um equívoco. Se os deputados estão em uma reunião e alguém propõe uma manifestação de apoio ao atual presidente do partido, é natural que todos apoiem. Todos assinaram. Em nenhum momento se colocou se haveria, ou não, outro candidato. Não era fulano contra beltrano. Eu apoiei a eleição do presidente Sérgio Guerra e o escolhi para coordenar a minha campanha. As assinaturas não devem ser interpretadas como uma manifestação contra mim, ou contra o [senador] Aécio [Neves], ou contra o [ex-presidente] Fernando Henrique [Cardoso], ou contra o [ex-senador] Tasso [Jereissati]. Como disse o [governador de São Paulo, Geraldo] Alckmin, ainda é cedo para se decidir sobre a futura direção do PSDB.

Valor: O senhor pretende candidatar-se a algum cargo eletivo nas próximas eleições, em 2012? E em 2014?

Serra : Não vou me candidatar em 2012. E 2014 ainda está muito longe. Seria burrice especular sobre o que vai acontecer daqui a quatro anos. É um erro grave trazer 2014 a valor presente.

Valor: Caso o senhor não pretenda se candidatar à Prefeitura de São Paulo em 2012, qual nome o senhor apoiaria para a disputa?

Serra : Vou apoiar o candidato que o meu partido, o PSDB, indicar.

Valor: Como poderá ser a relação política entre o senhor e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, caso ele migre do DEM para o PMDB?

Serra : Tenho com o prefeito Kassab uma boa relação, pessoal, de amizade, pessoal e política. Mas seria tolo especular sobre algo hipotético, que pode ou não acontecer num futuro ainda indeterminado.

Valor: Como tem sido a sua relação com o governador Geraldo Alckmin? O senhor aprova a aproximação do governo paulista com o governo federal? E concorda com as mudanças que estão ocorrendo em secretarias estaduais como as de Transportes Metropolitanos, Saúde, Educação, Habitação e Desenvolvimento Social?

Serra : Minha relação com o governador é ótima. Temos conversado com bastante frequência, e vou torcer e ajudar para que ele faça um excelente governo. Tenho certeza de que fará. Qualquer governante, de qualquer partido, tem de trabalhar em cooperação com outras esferas de governo, de qualquer partido. O interesse da população deve prevalecer. É assim que eu fiz quando fui ministro, prefeito e governador. Assim que vejo o governador Alckmin agir. Sobre as ações estaduais, não estou preocupado se há esta ou aquela diferença em relação a eventuais decisões que eu tenha tomado no passado. Cada governante tem o seu jeito, seu "timing", sua visão, sua avaliação e as condições objetivas para trabalhar. Tenho plena confiança de que o governador Alckmin vai fazer uma gestão muito boa. Além da certeza, o governador Alckmin tem o meu apoio, a minha torcida, a minha solidariedade e a minha ajuda, se precisar.

Valor: O senhor tem conversado com o senador Aécio Neves? Acredita que ele poderá ser o grande líder da oposição no Congresso?

Serra : Se ele vai ser ou não um grande líder da oposição no Congresso, depende dele. Ele tem experiência pra isso.

Valor: O senhor disse que passaria a dar palestras, a partir deste ano como forma de obter recursos. O senhor já começou a dar palestras? Quais foram os convites que o senhor recebeu?

Serra : Vou trabalhar para viver, fazendo palestras, dando aulas e escrevendo. Também sei governar e legislar. Mas, no momento, estou sem mandato.

ANCELMO GÓIS

Business favela
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 07/02/11

Minutos depois que a tropa do Bope ocupou o São Carlos, ontem, uma tropa de elite de vendedores da Sky desembarcou na favela carioca. Montou um QG lá no alto, no Larguinho São Carlos, para aproveitar que a presença da lei na comunidade acaba com o chamado gatonet.

Aliás...
Business é o cacete. 

Calma, gente! 
O presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Rio, Pedro de Jesus, enviou carta a Gilberto Braga, um dos autores da novela “Insensato coração”. Reclama que, na trama, a enfermeira Norma, personagem de Glória Pires, “não exerce as funções de enfermeira e sim de empregada doméstica”.

Novela antiga
Não é de hoje que as associações de enfermagem reclamam do tratamento das profissionais nas novelas. Em 2004, houve protesto porque Nazaré (Renata Sorrah) se passou por enfermeira para roubar um bebê em “Senhora do destino”. A turma também não gostou da forma como se viu retratada em “Páginas da vida”, “Paraíso tropical” e “Duas caras”. 

Que máscara...
Jornais italianos como o “La Repubblica” estão sugerindo que o primeiro-ministro do país, Silvio Berlusconi, vire máscara no carnaval do Rio. Até desenharam algumas sugestões de como ficaria a alegoria. Faz sentido.

Sabor do gesto
A cantora Zélia Duncan fechou contrato com a gravadora Biscoito Fino para o lançamento de seu próximo DVD, registro do show “Pelo sabor do gesto”. As gravações serão em março, no Teatro Municipal de Niterói.

Acabou em samba
Dilma, primeira mulher eleita presidente do Brasil, quer naturalmente fazer uma grande badalação no Dia Internacional da Mulher, 8 de março. O problema é que a data coincide com a terça-feira gorda de carnaval. 

Mas...
O festeiro Perfeito Fortuna encontrou um jeito de homenagear, em plena folia, Dilma e todas as mulheres do mundo. Vai promover um baile à fantasia na Fundição Progresso, no Rio. A orientação é os homens irem fantasiados de mulher.

Casa de Rui
As ideias de Emir Sader para a Casa Rui Barbosa, expostas no GLOBO, sábado, levaram receio a áreas do setor acadêmico.

É gente que teme que a casa descuide dos acervos e pesquisas que privilegiariam o período do começo do século XIX à primeira metade do século XX. A conferir.

Morreu ontem Candinha Silveira, mulher de Joaquim Guilherme da Silveira, precursora dos desfiles de moda no Brasil, na década de 1950.

Amanhã, a Souza Cruz promove bate-papo sobre liberdade de expressão com Ruy Castro e Ricardo Kotscho no Sacrilégio, na Lapa.

O Centro Cultural Cartola comemora 10 anos de fundação, com a realização do seminário “Escolas de samba e memória — práticas, desafios e cooperação”.

Dia 19, chefs como Thiago Sodré, Danio Braga e José Hugo Celidônio fazem jantar beneficente com renda revertida para as vítimas das enchentes, no Hotel Solar do Império. 

Efeito Alemão?

O seguro daquele modelo de caminhonete Mitsubishi usado na fuga dos traficantes do Morro do Alemão, lembra?, subiu uns 40%, em relação ao preço do ano passado.

Mas o Sindicato das Seguradoras do Rio garante que, com a redução dos roubos, caiu 12,6% o preço médio do seguro de carros, na comparação com 2010.

Carnaval 2012

O Salgueiro renovou o contrato com o carnavalesco Renato Lage para 2012. A Mocidade Independente fez o mesmo com Cid Carvalho.

Viva o CCC!
Eduardo Paes tombou o Centro Cultural Carioca, o querido CCC, templo da boa música no circuito Lapa-Praça Tiradentes. O lugar abrigou, de 1930 a 1960, o Dancing Eldorado, frequentado por Pixinguinha, Elizeth Cardoso e outros. 

‘Je cause français’
Tania Costa, atriz e diretora brasileira que viveu 23 anos na França, onde fez carreira, está de volta e, paralelamente à vida de artista, abriu no Rio um curso de francês diferente. É baseado na arte do país de Sarkozy. Nas conversações, a turma trabalha poesia, teatro, músicas e até cozinha. O email dela: taniadacosta@hotmail.fr. 

Camelo na cabeça
Um gaiato notou que, na semana que Eduardo Cunha ganhou as manchetes, deu seu número de campanha, 1530, na cabeça, no jogo do bicho, sorteado pela Federal. Não é nada, não é nada... não é nada.

GOSTOSA

DIEGO ESCOSTEGUY - REVISTA VEJA

Quem é o novo ministro do Supremo
Diego Escosteguy

Revista Veja 

Depois de meses de indefinição, o governo preenche a aberta na corte. O indicado é Luiz Fux, que chega num momento delicado para a Justiça

O magistrado Luiz Fux, um dos mais influentes ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), passou a tarde da última terça-feira numa salinha do Ministério da Justiça, convocado às pressas pelo titular da pasta, José Eduardo Cardozo. Fux esperou uma hora. Duas horas. Três horas. Quatro horas. Até que finalmente Cardozo apareceu e o conduziu para a conversa particular com a presidente Dilma Rousseff na Granja do Tono, uma das residências oficiais. "Estou encaminhando agora sua nomeação para o Supremo Tribunal Federal", comunicou secamente a presidente. Os dois nunca haviam se encontrado. O ministro não se incomodou com a ausência de amabilidades, muito menos com a espera: há cinco anos ele é candidatíssimo a uma vaga no Supremo. Menos de vime minutos depois, Fux voltava para casa como o 11º ministro do STF. Quando se encerrarem as formalidades da sabatina à qual ele será submetido no Senado, provavelmente ainda nesta semana, Fux, de 57 anos, começará seu expediente no Supremo, pondo fim a uma penosa vacância na Corte - situação que chegou a estremecer as relações entre o governo e a cúpula do Judiciário.

Transcorreram seis meses entre a aposentadoria do ministro Eros Grau, em agosto, e a conversa de Dilma com Fux. Pode parecer pouco, mas, no relógio do Supremo, é uma eternidade. Os ministros do tribunal são sobrecarregados com um volume colossal de processos. Um ministro a menos significa mais pilhas de papéis para os demais e - pior - permite a ocorrência de empates nos julgamentos. Foi precisamente o que aconteceu na discussão acerca da Lei da Ficha Limpa, em setembro. Discutiu-se ali, entre outros pontos, se a lei já valeria para as eleições que se aproximavam. Os ministros dividiram-se. O empate levou o presidente da Corte, Cezar Peluso, a reclamar publicamente da ausência do 11º ministro. A irritação da maioria dos ministros do Supremo com o governo aumentou com a esdrúxula decisão do agora ex-presidente de negar a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti - que, na prática, havia sido determinada pelo STF.

Fux chega ao Supremo com a missão de suavizar esses atritos recentes. Talvez seja o homem certo para isso. Sua nomeação foi recebida com alívio pelos ministros do STF, com júbilo pelos grandes advogados do país - mas com desânimo pelo Ministério Público. Carioca, casado, dois filhos, torcedor do Fluminense e jeitão descolado, Fux é um sujeito de hábitos paradoxais. Ouve tanto música erudita quanto sertaneja, lê Freud, mas também obras de auto-ajuda, trabalha doze horas por dia, mas não abre mão da malhação diária muito menos da praia no fim de semana. A índole do novo ministro combina ambição, inteligência, vaidade e astúcia. As duas primeiras características garantiram a ele o primeiro lugar nos concursos da magistratura. As duas últimas o trouxeram a Brasília em 2001, quando conseguiu uma vaga no STJ. Na capital, Fux aprendeu rapidamente a se relacionar com os poderosos, estabelecendo uma preciosa rede de aliados, entre eles o ministro Antonio Palocci, atual chefe da Casa Civil, que deu o aval à sua nomeação.

Outro apoio político crucial veio do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Fux é amigo da advogada Adriana Cabral, mulher do governador do Rio. Em troca do apoio de Cabral, Fux se comprometeu a ajudar na nomeação do desembargador carioca Marco Aurélio Bellizze para o STJ. Bellizze é cunhado do advogado Regis Fichtner, chefe da Casa Civil do governador. Fux conhece bem o valor desse tipo de relação. Ele também fez muitos amigos na advocacia. E compadre do advogado Sérgio Bermudes, que emprega sua filha. O outro filho do novo ministro do STF também é do ramo. Aos 26 anos, é advogado e sócio de um grande escritório - que também atua no STJ. Fux afirma que sempre se declara impedido nas causas em que advogam o filho ou o amigo Bermudes. No STJ reproduziu as ambivalências que o definem no campo pessoal. Ao mesmo tempo em que se mostrava um liberal, defendendo indenizações para esquerdistas perseguidos pela ditadura, revelava-se conservador nos processos criminais, nos quais era severamente crítico às investigações promovidas pelo Ministério Público. O ministro derrubava constantemente ações de improbidade, declarando, por exemplo, que autoridades só podem ser condenadas quando fica provado que houve má-fé - uma interpretação elástica e subjetiva da lei, o que, na prática, dificulta muito a punição do acusado. Se mantiver essa postura, Fux provavelmente agradará a muita gente, num futuro próximo, no julgamento mais relevante da história do STF: o caso do mensalão. Não é função de um ministro do Supremo, porém, agradar aos outros. Sua função é zelar pela Constituição. O novo ministro, segundo seus futuros colegas de corte, reúne as qualidades que o cargo exige.

GEORGE VIDOR

Discurso afinado
GEORGE VIDOR
O GLOBO - 07/02/11

O discurso do governo Dilma na área econômica está bem afinado, mas como no ano passado houve uma tremenda derrapagem nas contas públicas - e o ministro da Fazenda da época foi mantido, junto com vários assessores - há uma certa dose de incredibilidade pairando no ar. O diagnóstico do novo governo sobre os desafios que a economia terá pela frente não é o motivo da desconfiança.

Tanto na mensagem de abertura dos trabalhos legislativos que a presidente Dilma leu no Congresso quanto no pronunciamento do ministro Guido Mantega em recente reunião com empresários, o recado foi dado: 2011 será um ano de austeridade fiscal.

Ajustes nas finanças públicas costumam ser feitos pelo lado da receita, com criação ou aumento de impostos, mas agora a presidente e seus ministros estão falando em controle dos gastos de custeio simultaneamente à desoneração de tributos.

O fantasma da inflação anda assustando a economia brasileira (não seria nada bom o governo Dilma estourar as metas logo no seu primeiro ano de mandato, mas o risco existe) e os indicadores recentes da indústria mostram que vários segmentos estão dissonantes, ficando muito aquém do crescimento médio do setor. Nesse caso, se a inflação é atacada pelo Banco Central principalmente com uma alta na taxa de juros, o real tenderá a se valorizar, e a competitividade de um grande número de manufaturados irá de vez para o brejo.

Esse quadro só se reequilibraria com mais investimentos que possibilitem uma redução generalizada dos custos de produção. A taxa de investimento teria de avançar dos atuais 19% para 24% a 25% do Produto Interno Bruto (PIB), o que, aliás, no discurso, o governo Dilma espera alcançar até 2014. Tal acréscimo de investimento precisará ser financiado em boa parte por poupança interna.

Objetivamente, para isso ocorrer o déficit do setor público - que anda na faixa de 3% do PIB - teria que desaparecer até 2014. O superávit primário (receitas menos despesas, excluindo-se pagamento de juros e demais encargos financeiros da dívida pública) não pode então continuar minguando.

Sem aumentar impostos, como recuperar esse superávit? Várias comportas das despesas, abertas no ano passado, terão de ser fechadas, e de uma maneira bem seletiva, pois o governo não vai querer interromper diversos programas que têm dado bons resultados em áreas sensíveis, como educação, saúde, segurança, habitação, saneamento, infraestrutura de transportes (ferrovias, estradas e portos).

Do discurso para a prática existe razoável distância. Até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em março, não haverá tempo suficiente para o governo Dilma mostrar que o discurso é mesmo para valer. Mas ouvir esse discurso na direção certa, sem dúvida, já é um grande alívio.

O Brasil não tem hoje como exigir contrapartidas para a invasão de produtos chineses. Empresas brasileiras praticamente não exportam manufaturados para a China. E nem chegaram a fazer algum esforço nesse sentido. O Brasil ainda tem um saldo anual da ordem de US$5 bilhões na balança comercial com a China, porém isso se deve a produtos básicos (minério de ferro, petróleo, soja) e a semimanufaturados. A Embraer consegue vender aviões a jato, mas é quase uma exceção.

Jogadores brasileiros famosos, que atuam em times europeus de futebol, já fizeram publicidade na China para marcas mundialmente conhecidas. Nenhuma marca brasileira foi divulgada.

Embora a entrada no mercado chinês não seja nada fácil, estamos ainda naquela fase da piada em que Jacozinho, fiel cumpridor de suas obrigações religiosas, se lamenta amargamente com os céus por nunca ter ganhado na loteria: "ao menos tente, Jacozinho", responde Deus.

Em vez de só se lamentar, o Brasil precisa de um "projeto Jacozinho" na China. Sempre é bom lembrar que uma novela brasileira ("Escrava Isaura") fez grande sucesso anos atrás, numa época em que a audiência da televisão chinesa não passava de 200 milhões de pessoas - agora é estimada em 800 milhões. O futebol brasileiro também é admirado por lá. O turismo pode servir de porta de entrada para produtos brasileiros, desde que se consiga trazer visitantes chineses. Ao menos deveríamos tentar.

O desemprego juvenil geralmente é o dobro da taxa média apurada nas regiões metropolitanas. No município do Rio, enquanto o IBGE calcula em 5,1% essa taxa média, o desemprego juvenil chega a 10%. Não se trata de um fenômeno brasileiro. É uma questão que exige programas específicos, de qualificação profissional e empregabilidade.

Em 2010, o seguro de trânsito (DPVAT), recolhido na maioria dos estados junto com o IPVA, arrecadou cerca de R$5,8 bilhões. Desse valor, 45% foram destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e 5% para o Denatran, encarregado dos programas nacionais de educação no trânsito. As indenizações corresponderam a 40% do montante arrecadado e 9% foram destinados à formação de reservas para o pagamento de indenizações futuras. O custeio do sistema correspondeu a 3,4%. O resultado operacional acabou sendo negativo em 2,8%, e precisou ser compensado com a reversão de antigas provisões. O lucro líquido das 71 seguradoras que compõem o consórcio Lider representou 1,2% da arrecadação total.

A indenização máxima paga pelo DPVAT é de R$13.500,00 (morte ou invalidez permanente). Até três anos após a data do acidente a indenização pode ser requerida. É um tipo de seguro que cobre todas as vítimas de acidentes de trânsito no Brasil - independentemente de o DPVAT ter sido pago ou não pelo causador do acidente -, inclusive os turistas que nos visitam.

QUASE TUDO!

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

Indexação do bem?
Carlos Alberto Sardenberg 
O Estado de S.Paulo 07/02/11

Perguntada sobre a correção da Tabela do Imposto de Renda (IR), a presidente Dilma Rousseff deu uma boa resposta de economista. Foi em Porto Alegre, 28 de janeiro, quando ela criticou a proposta de reajuste da tabela pela inflação passada. Disse: "Jamais damos indexação inflacionária... No que se refere a esse reajuste, teríamos de olhar não para a inflação passada, porque isso seria carregar a inércia inflacionária para dentro de uma das questões essenciais que é o Imposto de Renda. O que foi dado sempre foi uma mudança baseada na expectativa de inflação futura". E arrematou: "Não discutiremos qualquer política de indexação".

Correto. Esse tipo de indexação perpetua a inflação passada. É um enorme problema brasileiro do momento. Como há muitos preços indexados, fica impossível levar a inflação para taxas abaixo de 3% ao ano, nível que poderia ser o mais adequado para o Brasil e que garantiria mais conforto para o orçamento das famílias.

Dias depois, porém, ao discursar na abertura dos trabalhos do Congresso Nacional, Dilma informou que vai apresentar um projeto de longo prazo para o salário mínimo, de modo a garantir "ganhos reais sobre a inflação". Ou seja, a atualização pela inflação e mais alguma coisa.

O acordo firmado no governo anterior com as centrais sindicais vai nessa linha. Estabelece que o salário mínimo será reajustado pela inflação do ano anterior e pelo crescimento da economia (medido pelo Produto Interno Bruto, PIB) de dois anos atrás. Assim, o mínimo de 2011 deveria ser o valor do ano passado mais 5,9% (a inflação de 2009) e, surpresa, menos 0,6% (já que o PIB caiu no ano passado).

Isso daria R$ 536, que o governo Lula arredondou para R$ 540. E agora o governo Dilma está negociando R$ 545. Isso é uma completa indexação. E a presidente, pouco antes de assumir o governo, ainda em novembro do ano passado, defendeu essa fórmula herdada.

Aliás, para 2012 essa regra garante um reajuste muito bom. A inflação deste ano deve ficar na casa dos 5,5% e o PIB de 2010 deve ter sido de 7,5%. Partindo de R$ 545, o mínimo iria para R$ 618, um salto de quase 14%.

Como a Previdência paga o mínimo para cerca de 23 milhões de aposentados e pensionistas, a despesa do INSS teria um acréscimo brutal de R$ 21,8 bilhões, simplesmente a metade do déficit atual.

Talvez por isso a presidente tenha dito, no discurso no Congresso, que o projeto para o salário mínimo deve garantir ganho real, mas sendo "compatível com a capacidade financeira do Estado brasileiro".

Aquela fórmula não é compatível com a capacidade da Previdência, o maior problema macroeconômico do País. Sendo jovem e de renda média, o Brasil tem gasto público com aposentarias de país rico e idoso (11,5% do PIB).

Se fosse adotar essa fórmula herdada do governo anterior, Dilma não precisaria dizer que vai apresentar um novo projeto para o mínimo. E, considerando o comentário sobre a Tabela do IR, será que a presidente está pensando em alguma regra baseada na expectativa de inflação futura?

Já houve uma política assim por aqui. Foi durante o regime militar. E resultou em arrocho, pois a inflação efetiva acabou sendo maior que a estimada.

Como ficamos? A ver, mas Dilma terá de tirar um coelho da cartola para atender aos três requisitos: ganhos reais constantes, sem indexação e compatibilidade com a capacidade financeira do setor público.

Reverso. Vejam como política econômica é complicada. Aqui, no Brasil, celebramos a taxa de desemprego mais baixa da história recente, mas temos de lidar com uma inflação alta e ameaçadora. E parte dessa inflação tem que ver justamente com o mercado de trabalho - numa situação de quase pleno emprego, em que faltam trabalhadores para diversas funções, os salários sobem acima da produtividade e isso é, sim, inflacionário. As empresas terão de repassar o custo maior para seus preços - e o consumidor topa justamente porque está ganhando mais e tem mais crédito.

Já nos Estados Unidos, Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central deles), disse na semana passada que a recuperação de seu país enfrentava dois problemas: taxa de desemprego muito alta e inflação muito baixa.

Que o desemprego alto é um problema se entende de imediato. Mas e inflação muito baixa? Pois é, inflação muito baixa (0,8% lá nos Estados Unidos, e isso em alta) indica consumo retraído e desestimula a produção. As empresas não aumentam a produção temendo que não conseguirão vender ao preço que garanta a apropriada margem de lucro. E com preços que nunca sobem, podendo cair, o consumidor deixa para comprar depois. E aí mesmo é que estraga tudo, caem consumo e produção.

Economistas e gestores de política econômica passam o tempo todo procurando o impossível: qual o ritmo de crescimento que cria os empregos necessários e aumenta a renda das pessoas e do país, sem gerar inflação e outras distorções?

Impossível porque se trata de um alvo móvel. Em economia, estamos falando do quê? Do comportamento de seres humanos - razão e paixão, cérebro e sentimentos - com suas decisões de gastar, poupar, investir.

Mas desemprego alto e inflação baixa é pior.

CARLOS ALBERTO DI FRANCO

O encantamento do jornalismo
Carlos Alberto Di Franco 
O Estado de S.Paulo - 07/02/11

Gay Talese, um dos fundadores do New Journalism (novo jornalismo), uma maneira de descrever a realidade com o cuidado, o talento e a beleza literária de quem escreve um romance, é um crítico do jornalismo sem alma e sem graça. Seu desapontamento com a qualidade de certa mídia pode parecer radical e ultrapassada. Mas não é. Na verdade, Talese é um enamorado do jornalismo de qualidade. E a boa informação, independentemente da plataforma, reclama competência, rigor e paixão.

Segundo Talese, a crise do jornalismo está intimamente relacionada com o declínio da reportagem clássica. "Acho que o jornalismo, e não o Times, está sendo ameaçado pela internet. E o principal motivo é que a internet faz o trabalho de um jornalista parecer fácil. Quando você liga o laptop na sua cozinha, ou em qualquer lugar, tem a sensação de que está conectado com o mundo. Em Pequim, Barcelona ou Nova York... Todos estão olhando para uma tela de alguns centímetros. Pensam que são jornalistas, mas estão ali sentados, e não na rua. O mundo deles está dentro de uma sala, a cabeça está numa pequena tela, e esse é o seu universo. Quando querem saber algo, perguntam ao Google. Estão comprometidos apenas com as perguntas que fazem. Não se chocam acidentalmente com nada que estimule a pensar ou a imaginar. Às vezes, em nossa profissão, você não precisa fazer perguntas. Basta ir às ruas e olhar as pessoas. É aí que você descobre a vida como ela realmente é vivida", observa Talese.

A crítica de Gay Talese é um diagnóstico certeiro da crise do jornalismo. Os jornais perdem leitores em todo o mundo. Multiplicam-se as tentativas de interpretação do fenômeno. Seminários, encontros e relatórios, no exterior e aqui, procuram, incessantemente, bodes expiatórios. Televisão e internet são, de longe, os principais vilões. Será?

É evidente que a juventude de hoje lê muito menos. No entanto, como explicar o estrondoso sucesso editorial do épico O Senhor dos Anéis e das aventuras de Harry Potter? Os jovens não consomem jornais, mas não se privam da leitura de obras alentadas. O recado é muito claro: a juventude não se entusiasma com o produto que estamos oferecendo. O problema, portanto, está em nós, na nossa incapacidade de dialogar com o jovem real. Mas não é só a juventude que foge dos jornais. A chamada elite, classes A e B, também tem aumentado a fileira dos desencantados. Será inviável conquistar toda essa gente para o mágico mundo do jornalismo? Creio que não. O que falta, estou certo, é ousadia e qualidade.

Os jornais, equivocadamente, pensam que são meio de comunicação de massa. E não o são. Daí derivam erros fatais: a inútil imitação da televisão, a incapacidade de dialogar com a geração dos blogs e dos videogames e o alinhamento acrítico com os modismos politicamente corretos. Esqueceram que os diários de sucesso são aqueles que sabem que o seu público, independentemente da faixa etária, é constituído por uma elite numerosa, mas cada vez mais órfã de produtos de qualidade. Num momento de ênfase no didatismo e na prestação de serviços - estratégias úteis e necessárias -, defendo a urgente necessidade de complicar as pautas. O leitor que precisamos conquistar não quer o que pode conseguir na TV ou na internet. Ele quer qualidade informativa: o texto elegante, a matéria aprofundada, a análise que o ajude, efetivamente, a tomar decisões. Quer também mais rigor e menos alinhamento com unanimidades ideológicas.

A fórmula de Talese demanda forte qualificação profissional: "A minha concepção de jornalismo sempre foi a mesma. É descobrir as histórias que valem a pena ser contadas. O que é fora dos padrões e, portanto, desconhecido. E apresentar essa história de uma forma que nenhum blogueiro faz. A notícia tem de ser escrita como ficção, algo para ser lido com prazer. Jornalistas têm de escrever tão bem quanto romancistas". Eis um magnífico roteiro e um formidável desafio para a conquista de novos leitores: garra, elegância, rigor, relevância. Matéria especial de Fernando Gabeira sobre a Venezuela, publicada na edição dominical do Estado, 23 de janeiro, foi um belo exemplo de informação precisa e saborosa.

O nosso problema, ao menos no Brasil, não é de falta de mercado, mas a incapacidade de conquistar uma multidão de novos leitores. Ninguém resiste à matéria inteligente e criativa. Em minhas experiências de consultoria, aqui e lá fora, tenho visto uma florada de novos leitores em terreno aparentemente árido e pedregoso. O problema não está na concorrência dos outros meios, embora ela exista e não deva ser subestimada, mas na nossa incapacidade de surpreender e emocionar o leitor. Os jornais, prisioneiros das regras ditadas pelo marketing, estão parecidos, previsíveis e, consequentemente, chatos.

A revalorização da reportagem e o revigoramento do jornalismo analítico devem estar entre as prioridades estratégicas. É preciso encantar o leitor com matérias que rompam com a monotonia do jornalismo declaratório. Menos Brasil oficial e mais vida. Menos aspas e mais apuração. Menos frivolidade e mais consistência. Além disso, os leitores estão cansados do baixo-astral da imprensa brasileira. A ótica jornalística é, e deve ser, fiscalizadora. Mas é preciso reservar espaço para a boa notícia. Ela também existe. E vende jornal. O leitor que aplaude a denúncia verdadeira é o mesmo que se irrita com o catastrofismo que domina muitas de nossas pautas.

Perdemos a capacidade de sonhar e a coragem de investir em pautas criativas. É hora de proceder às oportunas retificações de rumo. Há espaço, e muito, para o jornalismo de qualidade. Basta cuidar do conteúdo. E redescobrir uma verdade constantemente negligenciada: o bom jornalismo é sempre um trabalho de garimpagem.

DOUTOR EM COMUNICAÇÃO, É PROFESSOR DE ÉTICA E DIRETOR DO MASTER EM JORNALISMO

CARLOS ALONSO ZALDÍVAR

Incidentes não podem obscurecer relações
CARLOS ALONSO ZALDÍVAR
Folha de S. Paulo - 07/02/2011

Os meios de comunicação brasileiros têm veiculado nos últimos dias o caso da sra. Denise Osório Severo, que teve sua entrada na Espanha negada no último dia 29, no aeroporto de Barajas, em Madri.
Desejo, em primeiro lugar, afirmar que sentimos muito pelo acontecido. A sra. Severo não tinha nenhuma intenção oculta, disse sempre a verdade, agiu de boa-fé, foi clara e mostrou toda a documentação que considerava necessária para ingressar no nosso país.
Mas a polícia espanhola tampouco agiu com má intenção no caso.
Começou a comprovar os requisitos e a documentação e estimou, no exercício de suas funções, da mesma forma como faz a polícia de fronteiras no Brasil, que não procedia a entrada na Espanha.
Por que se chegou a essa situação, que, insisto, lamento profundamente? Por dois motivos. O primeiro é que a sra. Severo, apesar da sua boa vontade, não dispunha de alguns dos documentos ou comprovantes necessários.
Segundo, porque não se usou adequadamente o mecanismo previsto para esses casos, mediante a intervenção do Consulado-Geral do Brasil em Madri.
Em torno desse caso, diversos meios de comunicação têm realizado manifestações que são completamente fora de propósito.
Um caso isolado como esse não pode dar margem a qualificar a Espanha e as suas forças policiais como racistas ou xenófobas nem dizer que perseguimos os brasileiros nos aeroportos espanhóis. Além de falso, isso é ridículo.
Mais de 120 mil brasileiros residem na Espanha. Trata-se de uma comunidade bem integrada e com a qual nunca houve graves problemas de racismo ou xenofobia.
A Espanha recebeu, nos últimos dez anos, cerca de 5 milhões de estrangeiros que ficaram residindo no nosso país, e que constituem hoje 12% da nossa população, muitos deles já com a nacionalidade espanhola. Essa autêntica revolução demográfica tem-se produzido sem grandes tensões sociais.
Além disso, a Espanha, com uma população de aproximadamente 47 milhões de habitantes, recebe anualmente mais de 55 milhões de turistas. É como se o Brasil fosse visitado anualmente por 220 milhões de turistas. O leitor acredita que isso possa acontecer numa sociedade fechada e xenófoba, em que se maltrate gratuitamente o visitante?
O problema das inadmissões é algo que preocupa os governos do Brasil e da Espanha, que mantêm sobre esse assunto uma comunicação contínua e fluida.
No fim da semana passada, conversei sobre o tema com o embaixador Eduardo Gradilone, subsecretário-geral para as comunidades brasileiras no exterior. Estão em andamento, desde 2008, mecanismos para prevenir os casos, melhorar a atenção aos afetados e solucionar os erros que possam ser cometidos.
Os resultados são muito positivos, pois se constata uma redução substancial no número de inadmitidos brasileiros na chegada à Espanha: 2.842 em 2008 (1,7% dos visitantes brasileiros nesse ano), 1.994 em 2009 (1,6%) e 1.831 em 2010 (1,2%). São cifras esperançosas, mas que ainda não nos satisfazem completamente.
Para finalizar, reitero que, entre a Espanha e o Brasil, o que existe hoje são excelentes relações e grandes possibilidades de colaboração no futuro. Lamentáveis incidentes, como o da sra. Severo, não podem nem devem obscurecer essas relações entre dois governos e duas sociedades que se respeitam e que se sentem tão próximas.
CARLOS ALONSO ZALDÍVAR, 64, é embaixador da Espanha no Brasil.

GOSTOSA

MÔNICA BERGAMO

MISTURA FINA
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/02/11

O prefeito Gilberto Kassab (DEM-SP), de SP, procurou interlocutores do PT com um plano para "varrer" os tucanos do Estado: ele indicaria o vice para uma chapa do partido e do PMDB à sucessão municipal, em 2012. Em troca, ele iria para o ministério de Dilma Rousseff e os petistas o apoiariam numa candidatura ao governo do Estado em 2014, contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) ou um candidato lançado pelo tucano.

PEDRA DURA
Os interlocutores do PT ponderaram ser difícil garantir apoio a Kassab em 2014. "Se o Lula e a [presidente] Dilma Rousseff participarem desse acordo, ainda assim ele tem chance de fracassar. O PT é complicado", diz um dirigente do próprio partido que acompanha de perto as conversas com Kassab.

OLHA EU AQUI!
E surge uma pedra no caminho de Netinho (PC do B), candidato derrotado ao Senado e pré-candidato à prefeitura pela legenda comunista: o deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) também almeja a candidatura. "Seria uma honra suceder o Kassab, uma das melhores administrações da história de SP", diz. Protógenes afirma inclusive que, se precisar abrir mão da candidatura para ser vice numa composição com outro partido, ele topa.

BEM AMADO
"Fui convidado por seis cidades para ser candidato a prefeito: Guarujá, Jundiaí, Salvador, São Paulo, Guarulhos e Santos. Mas minha preferência é por São Paulo", diz Protógenes.

À MESA

Já o campo de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) está articulando a candidatura do deputado Gabriel Chalita (PSB-SP) à prefeitura. O deputado Campos Machado (PTB-SP), que tem conexão direta com o governador, almoça hoje com Chalita, que tem trânsito também no PT -ele apoiou Dilma em 2010.

DIETA SAUDÁVEL
O Inca (Instituto Nacional de Câncer) calculou o impacto dos gastos com tratamento dos cânceres de esôfago, cólon e reto que podem ter sido provocados pela obesidade: 3.500 casos poderiam ter sido evitados no ano passado por meio do controle do peso, e o país gastou R$ 5 milhões com os pacientes. O Inca diz que 30% poderiam ser prevenidos com atividade física, alimentação saudável e peso adequado.

DIETA SAUDÁVEL 2
"As pessoas obesas têm níveis mais elevados de hormônios que podem disparar a multiplicação desordenada de células precursoras de câncer", afirma o nutricionista do Inca Fabio Gomes. A previsão do instituto para este ano é que 7.890 homens e 2.740 mulheres tenham câncer de esôfago, e 13,3 mil homens e 14,8 mil mulheres sejam diagnosticados com tumor de cólon e reto.

BRAÇOS ABERTOS
A Estre Ambiental, do empresário Wilson Quintella, se prepara para um IPO -e anunciará em breve a aquisição de outras empresas do setor em que atua.

KATE AQUI
Kate Moss desembarca no Brasil em maio. Ela será a estrela da edição de aniversário de 36 anos da "Vogue Brasil" (Editora Globo/Condé Nast).

O fotógrafo peruano Mario Testino clicará a top no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Angelo Pastorello

JOGO FASHION
Willian, ex-capitão do Corinthians, se aposentou dos campos de futebol e está experimentando novas atividades; antes de viajar a Londres, onde quer estudar inglês; ele foi modelo em ensaio inspirado no filme "A Doce Vida" para a revista "ESPN", nas bancas amanhã

PASSARELA HISTÓRICA
A abertura da exposição da estilista Gloria Coelho no Museu da Casa Brasileira, "Linha do Tempo", teve a presença das modelos Luciana Curtis e Mariana Weickert. Luisa Moraes e a stylist Flavia Lafer também apareceram -usando roupas da grife. Gloria aproveitou o evento para lançar livro homônimo: autografou cerca de 500 exemplares por mais de quatro horas.

CURTO-CIRCUITO


A grife Diane von Furstenberg lança a coleção Resort, amanhã, com um brunch na loja do shopping Iguatemi.

O pintor Neto Sansone inaugura hoje a exposição "Divas Jogo de Armar, Jogo de Amar", no Espaço Cultural Citi, na avenida Paulista.

A Livraria da Vila ganhou novamente a concorrência para participar da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que acontece em julho.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

RUY CASTRO

Caça aos obesos
RUY CASTRO 
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/02/11

RIO DE JANEIRO - Woody Allen disse certa vez que foi recusado no time de xadrez de seu colégio "por problema de altura". A ideia é ridícula, e é claro que Woody inventou tal sandice para fins cômicos. Mas a ela pode-se acrescentar esta outra, nada inventada e nada cômica, recém-noticiada: sobre as candidatas a professoras da rede estadual de ensino de São Paulo, que, depois de aprovadas nos concursos, teriam sido consideradas "inaptas" no exame médico, por serem obesas (Cotidiano, 2/2).
O argumento, segundo o Estado, é o de que o candidato deve gozar "de boa saúde" e, pelos padrões da OMS, a obesidade "pode ser uma doença". Ou seja, uma professora obesa "pode" ter um enfarte ao ensinar os alunos a extrair uma raiz quadrada. Enfim, "pode". Ou não -como todo mundo.
É o mesmo raciocínio que, há alguns Carnavais, levou a Prefeitura do Rio a preferir um rei Momo magro. Não queria arriscar-se a um piripaco do próprio num baile de sua responsabilidade -o que levou o Momo vigente a operar o estômago e emagrecer 80 kg para continuar Momo. Mas o povo nunca aceitou os Momos magros e eis que, agora, estão voltando os gordinhos.
É curioso tal tipo de discriminação acontecer nesses tempos tão politicamente corretos, em que ninguém mais pode ser chamado de crioulo, anão, zarolho, perneta ou bicha -embora os eufemismos usados no lugar das velhas ofensas não atenuem o constrangimento. Já os obesos podem continuar sendo chamados de obesos e vistos com maus olhos pelas pessoas "normais", que os impedem de exercer atividades públicas.
Acredito em cada palavra acima, mas, no fundo, estou também defendendo o meu peixe -precavendo-me para se, um dia, a Folha ou a Companhia das Letras concluir que, por ter passado dos 100 kg, tornei-me inapto a escrever uma coluna ou uma biografia.

BRAZIU: O PUTEIRO

LUIZ FELIPE PONDÉ

Quibes, queijos e vinhos
LUIZ FELIPE PONDÉ
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/02/11

Quem está na rua no Egito quer emprego; se fala em "liberdade", é porque aprendeu com o Ocidente


OS ÁRABES foram às ruas. Os paquistaneses (muçulmanos, mas não árabes) vivem nas ruas pedindo a cabeça de algum inimigo do Islã. Pensar que estamos diante da "aurora" de um novo mundo árabe democrático é uma piada.
Imagino como alguns "sacerdotes da religião do povo" (populismo para intelectuais de esquerda?) devem ficar emocionados, lembrando (fantasiando?) os grandes dias do Maio de 68 na França.
Se lermos as colunas de Nelson Rodrigues (editora Agir) da época, encontraremos questões como: afinal, o que querem esses estudantes parisienses se não cortaram nenhuma cabeça? Que revolução é essa que acabou em croissant?
De uma hora para outra, a moçada francesa voltou para casa para tomar vinho e comer "un petit fromage". Centenas de teses pelo mundo tentam até hoje explicar a razão de a "revolução do desejo" de Maio de 68 ter acabado de repente, sem nenhuma razão.
Diferentemente dos jovens americanos, que tinham um motivo concreto para protestar (a horrível Guerra do Vietnã), os meninos franceses estavam cheios de tédio, naquela vidinha chata de gente rica, e resolveram brincar de "comuna de Paris".
No fundo, queriam "o direito" de transar com as colegas nos dormitórios da universidade, alguns meninos queriam "o direito" de transar com outros meninos (sob a bênção filosófica do mestre Foucault, que, aliás, no começo da Revolução Islâmica do Irã, tinha frisson por ela), e alguns, como sempre, não queriam mesmo é ir para a aula e virar gente grande.
Mas os "sacerdotes do povo" fizeram seu trabalho e transformaram aquela festa em grande fenômeno histórico.
A verdade é que não se sabe no que vai dar essa "revolução do quibe" no mundo árabe. Pessoalmente, espero que consigam viver melhor e se livrem dos "partidos de deus".
Mas o que é viver melhor? Para mim, que não sou relativista e acho a democracia liberal ocidental o melhor sistema político conhecido e gente que amarra toalha na cabeça para gritar "morte aos infiéis!" gente atrasada, viver melhor é poder ganhar dinheiro e pagar suas contas, consumir coisas que queremos consumir, transar com quem você quiser, não ter que aturar maridos espancadores, não ser obrigado a sustentar mulheres de que você não gosta mais, não ser obrigado a rezar se você não quiser, poder rezar se você quiser para o deus que você quiser, não ter que achar seu governante "o salvador do povo". Enfim, coisas básicas, não?
Mas o fundamentalismo islâmico (que não é a mesma coisa que islamismo) não pensa assim.
Se, por um lado, não se pode afirmar que o Egito vá virar o Irã (que alguns ainda acham ótimo porque "enfrenta o imperialismo americano"... risadas...), por outro, negar o risco do fundamentalismo islâmico na região em questão é uma piada. Pura má fé teórica.
Risco aqui não significa apenas tomar o poder, significa minar a sociedade, enterrando as pessoas nesse "pântano de deus" onde fundamentalistas crescem como praga na lama.
Essas pessoas que estão nas ruas querem emprego. Se eles falam em "liberdade", fazem-no porque aprenderam com o Ocidente capitalista malvado. Não estão movidos por ideologias de Maio de 68. Espera aí... qual era mesmo a ideologia? Reclamar da TV, do cinema, de ter que arrumar o quarto, de ter que fazer prova na faculdade?
Que tal o Líbano, que virou refém do Hizbollah (o partido de deus), esse grupo muito pacifista e democrático? Ou a irmandade islâmica do Egito, que está "gozando" com tudo isso? E os democráticos do Hamas? Que tal mandar um desses populistas de esquerda passar uns dias com eles para discutir "liberdades individuais"? E se o voto direto por lá eleger outro Hamas?
Muitas análises são feitas a partir do que em filosofia se chama "wishful thinking" (pensamento contaminado por "desejos escondidos"). Muita gente projeta sobre esses fenômenos seus pequenos sonhos de grandeza teórica.
Esses países não têm a divisão moderna entre religião e Estado. Negociar com eles é negociar com o Islã, não nos enganemos. O necessário é falar com o Islã e seus líderes, a fim de "isolar" a praga do fundamentalismo.

PAULO GUEDES

Grandes bancos nunca perdem
PAULO GUEDES
O GLOBO - 07/02/11

O sistema financeiro recebe depósitos e capta dinheiro de um lado, fazendo empréstimos e repassando recursos de outro. Fabrica papéis e lançamentos digitais para o financiamento da produção e do consumo. O que está por trás desse papelório? Qual é a garantia de depositantes e credores? O funcionamento dessa engrenagem depende fundamentalmente do bom desempenho dos tomadores de empréstimo. 

O que fazer, entretanto, se o problema é sistêmico? Se há um crash no valor de todos os ativos, como ocorreu no colapso dos mercados acionário e imobiliário nos Estados Unidos? O papelório simplesmente perdeu o lastro. Como os bancos estavam extraordinariamente alavancados, endividando-se de modo a carregar ativos em até 40 vezes seu patrimônio, uma queda de apenas 2,5% no preço desses ativos quebraria o sistema financeiro.

Ora, os preços das ações, dos imóveis e dos derivativos tóxicos caíram muito mais que isso, o que significa que o sistema financeiro poderia ter literalmente se evaporado. Foi esse pânico que permitiu a captura de Washington por Wall Street. Em vez de garantir os pequenos depositantes, os contribuintes de Barack Obama foram chamados a garantir a sobrevivência de práticas bancárias irresponsáveis e investidores inconsequentes. É o capitalismo dos financistas. Angela Merkel, sob pressão da opinião pública alemã, tem discordado dessa solução de blindagem dos grandes investidores, que transfere todo o ônus aos contribuintes, no equacionamento da crise bancária europeia.

Chegamos então ao trabalho investigativo da minha, da sua, da nossa Míriam Leitão no colapso do Banco PanAmericano. Eremildo, o Idiota, criado por Elio Gaspari, suspeitaria que o PanAmericano é mais um caso de incompetência e fraude do que de uma crise sistêmica: "Havia carteiras falsas, créditos inexistentes, créditos pré-pagos registrados como recebíveis, além de ativos já vendidos e mantidos na carteira como seus." Segundo as fontes de Míriam, "todos tinham muito a perder: os grandes bancos, o Banco Central, a Caixa, o Fundo Garantidor de Crédito e o candidato a comprador. A bicicleta tem de andar". Concluiria Eremildo: "Grandes bancos nunca perdem: chamem um ciclista."

Confundir a necessidade de garantir depósitos de clientes de baixa renda com a salvação de bancos e a blindagem de investidores é o ovo da serpente que quase leva a maior economia do mundo à desintegração.

GOSTOSA

MARIA INÊS DOLCI

Empresas nocauteadas na rede
MARIA INÊS DOLCI
Folha de S. Paulo - 07/02/2011

RECENTEMENTE, COMENTEI nesta Folha o livro "O Cliente É Quem Manda", de Pete Blackshaw. Ele também foi o autor da expressão "mídia criada pelo consumidor" (CGM, em inglês). No livro, Blackshaw traça um roteiro para que as empresas entendam o novo cenário CGM e saibam interagir com o consumidor midiático.
Não sei se o senhor Oswaldo Borrelli conhece a CGM, mas agiu totalmente de acordo com suas máximas ao divulgar um vídeo nas redes sociais, demonstrando que "a Brastemp não é uma Brastemp". Ironizou o antigo comercial daquela companhia, que diminuía a concorrência por não ser uma Brastemp.
Borrelli ficou 90 dias sem geladeira, devido ao péssimo atendimento da assistência técnica daquela empresa, e ao "enrolation" do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC). A novela já teve final feliz para o consumidor, após tanto sofrimento e gastos, mas centenas de milhares viram o vídeo advertindo os internautas a evitar aquela marca.
O link é www.youtube.com/watch?v=riOvEe0wqUQ.
Há mais tempo, o músico David Carroll colocou um vídeo no YouTube contando como a United Airlines o desrespeitou após quebrar seu violão Taylor. O clipe (ele fez uma música relatando o caso) foi assistido por muita gente -1,2 milhão em uma de suas postagens.
Afetou até as ações da companhia. Bastaria que a United tivesse reconhecido a falha ao manusear a bagagem e indenizasse o músico para evitar a retaliação.
A Brastemp poderia ter amenizado a insatisfação do consumidor se tivesse entregado imediatamente a nova geladeira que ele comprou, na troca com troco. Ele entregou a geladeira com defeito e adquiriu a nova por preço de custo. Só a recebeu após a repercussão de sua reclamação divulgada aos internautas.
Obviamente, o atendimento lastimável não é triste privilégio da Brastemp e da United Airlines, nos casos já referidos.
Por atuar na defesa do consumidor, recebo centenas de contatos de pessoas que compraram móveis, telefones celulares, eletroeletrônicos e não os receberam no prazo combinado. As empresas também não respeitam os consumidores que se cadastraram para não receber ligações de telemarketing.
Há exceções, que demonstram como poderiam ser resolvidas estas situações de consumo.
Um amigo enfrentou problemas com duas companhias devido a compras pela internet: com o Ponto Frio e com o Magazine Luiza. No primeiro caso, a loja afirmava que havia entregado o celular que ele comprou. O caso só se resolveu porque a pessoa que recebeu a encomenda errada na região em que ele mora, em meio a presentes de casamento, ligou para meu amigo e o avisou do equívoco (o número de celular estava na nota fiscal).
Este consumidor, ao enfrentar problemas com o Magazine Luiza, na compra de um aparelho para fondue, e não conseguir solução via SAC, lembrou-se de uma palestra de Luiza Helena, presidente da empresa. Ela contara que costumava receber e-mails de clientes quando o atendimento não era adequado.
Ele encontrou o e-mail dela no site, entrou em contato e recebeu o produto. Aliás, ficou surpreso, porque recebeu uma ligação dela uns 30 minutos após o envio do primeiro e-mail. Primeiramente, depois de confirmar que falava com o cliente que enviara o e-mail, ela pediu perdão pelo problema.
São visões de negócios, formas diversas de agir.
O que percebemos nos SACs é a dificuldade dos atendentes de sair do roteiro, do script do atendimento. Há de tudo, inclusive chefetes grosseiros, que desrespeitam os clientes.
Talvez os presidentes, todos, fossem mais atenciosos, como dona Luiza. Mas eles não teriam como atender milhares de pessoas por mês. Então, invistam mais na qualidade dos profissionais que nos atendem. Paguem melhor e os treinem frequentemente.
O consumidor agradecerá, em lugar de ser obrigado a reagir pelas redes sociais, causando graves danos à confiabilidade das marcas. Se não atendem bem por cortesia e respeito, que o façam para não perder credibilidade e negócios.

MARIA INÊS DOLCI, 54, advogada formada pela USP com especialização em business, é especialista em direito do consumidor e coordenadora institucional da ProTeste Associação de Consumidores.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Mais terceirização
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/02/11

O governo Geraldo Alckmin prepara a terceirização de várias áreas da administração do Estado, com o argumento de que precisa aumentar a eficiência e reduzir custos. As secretarias de Esportes, Meio Ambiente e Desenvolvimento Social estudam parcerias com OSs (Organizações Sociais) para gestão de conjuntos esportivos, parques e creches. Embora a constitucionalidade do modelo em alguns setores da administração pública esteja sob exame no STF, o pacote deve contemplar até o gerenciamento de uma pousada com capacidade para 60 pessoas, em fase final de construção na Ilha do Cardoso, no litoral sul de São Paulo.

No escuro 
O PT aponta que, nos casos já efetivados de terceirizações nas áreas de saúde e educação, a prestação de contas das organizações gestoras é insuficiente e a fiscalização, falha.

Veja bem 1 Incomodado com as críticas que recebeu por ter colocado em suspenso o projeto de uma ponte estaiada de 2,8 quilômetros entre Santos e Guarujá, cuja maquete foi exibida por José Serra na campanha eleitoral, Alckmin vai visitar a Baixada Santista para falar de alternativas à obra, de custo estimado em R$ 500 milhões.

Veja bem 2 

De um tucano bem relacionado com o atual governador e seu antecessor: "Alckmin não deve mesmo fazer a ponte. Mas também é verdade que o Serra jamais imaginou que aquilo poderia sair da maquete."

Intensivão 
De segunda a quarta, a agenda da presidente Dilma Rousseff será quase inteira dedicada à discussão do Orçamento de 2011. O projeto está em análise no Congresso e deve ser sancionado até o dia 15.

Onde pega 
O Ministério dos Transportes, pelo volume de dinheiro das obras, e o do Turismo, por depender muito de emendas parlamentares, devem sofrer os abalos mais significativos com o contingenciamento que será feito no orçamento.

Check-in 

No final da semana passada, o ex-presidente Lula consultou amigos em busca de um hotel em Brasília, onde participa na quinta-feira da festa de aniversário do PT. O ex-presidente chega na quarta e deve ficar na capital até sexta. O partido vai bancar suas despesas com hospedagem.

Calculadora 
Há no PT quem defenda que Lula e o presidente do partido, José Eduardo Dutra, tenham direito a uma verba de representação similar à dos deputados. Isso praticamente dobraria a remuneração dada pelo partido à dupla, hoje de R$ 13 mil. Alega-se que, como presidentes da sigla -um de honra, o outro de fato-, ambos precisam de recursos para para cumprir missões relativas a seus mandatos.

Lamentações 
O PT promove hoje e amanhã um seminário para discutir as reformas política e tributária. No primeiro dia, são esperados os ministros Antonio Palocci (Casa Civil), Luiz Sérgio (Relações Institucionais) e José Eduardo Cardozo (Justiça). Petistas temem o ambiente contaminado pelas disputas internas na bancada do partido na Câmara.

Cadeira cativa 
O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, deve permanecer no cargo. Ele foi indicado pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL).

Propositivo 
Recém-eleito líder do DEM na Câmara, o deputado ACM Neto (BA) pretende procurar em breve os ministros Palocci e Luiz Sérgio. "Estamos à disposição para conversar sobre uma agenda para o país. Seremos uma oposição firme, mas que conversa", afirma.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

Tiroteio

"Muitos técnicos escolhidos para dirigir as estatais são alugadores de crachás, que emprestam seu conhecimento aos grupos políticos que patrocinam sua ascensão e ajudam a preservar os seus interesses."
DO PROFESSOR DA USP ILDO SAUER, ex-diretor da Petrobras e especialista no setor elétrico, sobre a disputa entre aliados do governo por cargos nas estatais.

Contraponto

Ventilador

Com o ar-condicionado do gabinete quebrado em meio a uma forte onda de calor, o chefe da Casa Civil paulista, Sidney Beraldo, resolveu abreviar uma conversa com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que se incomodou com a temperatura da sala.
À saída, Beraldo aproveitou para reivindicar o conserto do equipamento, dizendo a assessores:
-Vamos ver se, recebendo visitas ilustres, a gente consegue arrumar isso mais rápido. Não é tanto por mim... Eu nem sinto muito calor...