segunda-feira, abril 22, 2013

Brasileiro bonzinho? - LYA LUFT

REVISTA VEJA

Tempos atrás, num programa cômico de televisão, uma jovem americana radicada no Brasil, a cada comentário sobre violência ou malandragem neste país, pronunciava com muita graça: "Brasileiro bonzinho!". E a gente se divertia. Hoje nos sentiríamos insultados, pois não somos bonzinhos nem sequer civilizados. O crime se tornou banal, a vida vale quase nada. Poucos de meus conhecidos não foram assaltados ou não conhecem alguém assaltado: ser assaltado é quase natural - não só em bairros ditos perigosos ou nas grandes cidades, mas também no interior se perdeu a velha noção de bucolismo e segurança.

Em São Paulo, só para dar um exemplo, os arrastões são tão comuns que em alguns restaurantes o cliente é recebido por dois ou quatro seguranças fortemente armados, com colete à prova de bala, que o acompanham olhando para os lados - atentos como em séries criminais americanas. Quem, nessas condições, ainda se arrisca a esta coisa tão normal e divertida, comer fora?

Pessoas inocentes são chacinadas: vemos protestos, manifestações, choro e imprensa no cemitério, mas nada compensará o desespero das famílias ou pessoas destroçadas, cujo número não para de crescer. Em nossas ruas não se vê um só policial, daqueles que poucos anos atrás andavam em nossas calçadas. A gente até os cumprimentava com certo alívio. Não sei onde foram parar, em que trabalho os colocaram, nem por que desapareceram. Mas sumiram. Morar em casa é considerado loucura, a não ser em alguns condomínios, e mesmo nesses o crime controla o porteiro, entra, rouba, maltrata, mata. Recomenda-se que moremos em edifícios: "mais seguros", seria a ideia. Mas, mesmo nos edifícios, nem pensar, a não ser com boa portaria, ou será alto risco, diz a própria polícia, aconselhando ainda porteiros preparados e instruídos para proteger dentro do possível nossos lares agora precários.

Somos uma geração assustada, desamparada, confinada, gradeada - parece sonho que há não tanto tempo fosse natural morar em casa, a casa não ter cerca, a meninada brincar na calçada; e não morávamos em ilhas longínquas de continentes remotos, mas aqui mesmo, em bairros de cidades normais. Éramos gente "normal". Hoje, a população, apavorada, está nas mãos de criminosos, frequentemente impunes. Na desorganização geral, presídios superlotados onde não se criariam porcos também abrigam pessoas inocentes ou que nunca foram julgadas. A impunidade é tema de conversas cotidianas, leis atrasadas ou não cumpridas nos regem, e continua valendo a inacreditável lei de responsabilidade criminal só depois dos 18 anos. Jovens monstros, assassinos frios, sem remorso, drogados ou simplesmente psicopatas saem para matar e depois vão beber no bar, jogar na lan house, curtir o Facebook, com cara de bons meninos. Num artifício semântico insensato e cruel, se apanhados, não os devemos chamar de assassinos: são infratores, mesmo que tenham violentado, torturado, matado. Não são presos, mas detidos em chamados centros socioeducativos. E assim se quer disfarçar nosso incrível atraso em relação a países civilizados. No Canadá. Holanda e outros, a idade limite é de 12 anos; na Alemanha e outros. 14 anos. No Brasil, consideramos incapazes assassinos de 17 anos, onze meses e 29 dias.

Recentemente, um criminoso de 15 anos confessou tranquilamente ter matado doze pessoas. "Me deu vontade", explicou, sem problema, e sorria. "Hoje a gente saiu a fim de matar", comentou outro adolescentezinho, depois de assaltar, violentar e matar um jovem casal junto com outro comparsa. Esses e muitos outros, caso estejam em uma dessas instituições em que se pretende educar e socializar indiscriminadamente psicopatas e infratores eventuais, logo estarão entre nós, continuando a matança. Quem assume a responsabilidade? Ninguém, pois estamos em uma guerra civil que autoridades não conseguem resolver, uma vez que nem a lei ajuda. Estamos indefesos e apavorados, nas mãos do acaso. Até quando?

Dilma, a inflação e o horizonte de curto prazo - PAULO GUEDES

REVISTA ÉPOCA

A inflação acaba de furar o teto oficial da meta, estabelecida em 6,5% anuais. O Banco Central está atrasado em sua batalha contra expectativas inflacionárias adversas. Para piorar a situação, a presidente Dilma Rousseff manifestou, inadvertidamente, sua aversão a esforços anti-inflacionários que possam desacelerar o crescimento da economia. O "combate" à inflação ficaria, portanto, reduzido à política de desoneração de impostos conduzida pelo ministro da Fazenda, cujos efeitos se limitam ao amortecimento transitório das altas registradas nos índices. Esse alívio das pressões sobre os preços a curto prazo, por meio das reduções de impostos, piora as previsões dos deficits fiscais, agravando as expectativas inflacionárias de longo prazo. Como prisioneiros da armadilha social-democrata do baixo crescimento, enveredamos pela trajetória de inflação ascendente, na tentativa de estimular artificialmente a economia, por meio de políticas monetária e fiscal expansionistas.

Nosso Banco Central segue indeciso, pela falta de uma clara definição de seu mandato.

Em países que sofreram com a hiperinflação, caso da Alemanha, esse mandato é bem definido. A prioridade do Bundesbank tornou-se a estabilidade do poder de compra da moeda. Esse traço hereditário é visível ainda hoje na Zona do Euro, pois o DNA da estabilidade de preços foi transmitido ao Banco Central Europeu. O Princípio de Jan Tinbergen, primeiro prêmio Nobel de Economia, exige que se usem tantos instrumentos de política econômica quantos forem os objetivos a ser alcançados. Se a única meta é a estabilidade de preços, basta a política monetária do Banco Central. A partir da experiência americana com a Grande Depressão, foi também atribuída ao Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) uma segunda meta: fazer o que for necessário para assegurar a manutenção dos empregos na economia.

Em tempos normais, tornam-se metas redundantes, pois a manutenção da estabilidade de preços contribui para aumentar o grau de previsibilidade macroeconômica, estimulando investimentos que sustentam maior ritmo de crescimento e mais empregos. Em tempos extraordinários, como a grande crise contemporânea, a tartaruga não consegue alcançar duas lebres ao mesmo tempo. O Fed e o Banco Central do Japão definiram como metas prioritárias o reaquecimento da economia e emitiram trilhões para alcançar tal objetivo. O Brasil tem em comum com a Alemanha uma experiência de hiperinflação, e não a Grande Depressão dos EUA. Nosso Banco Central deveria estar mais preocupado com a inflação e menos com o ritmo de expansão da economia. Se o governo recorresse a um segundo instrumento, a política fiscal, a cargo do Ministério da Fazenda, poderia então perseguir duas metas simultaneamente. Com uma trajetória de maior controle de gastos públicos ao longo das duas últimas décadas, teríamos mantido a estabilidade de preços sem as taxas de juros estratosféricas e a taxa de câmbio sobrevalorizada, que derrubaram os investimentos, a competitividade nos mercados globais e o ritmo de crescimento econômico.

Sofremos também de crônica falta de coordenação entre as políticas monetária e fiscal. A falha genética de todas as nossas tentativas de estabilização, inclusive do Plano Real, foi exatamente a ausência de mudança no regime fiscal. Apenas no segundo mandato de FHC, e mesmo assim sob pressão do Fundo Monetário Internacional, ensaiamos a geração do superávit fiscal "primário", para cobrir as despesas com juros sobre as dívidas. Uma das explicações dadas para a possibilidade de redução dos juros na era Tombini à frente do BC foi o maior grau de coordenação entre o Banco Central e o Ministério da Fazenda. Mas os gastos públicos não param de crescer há décadas. Atingiram quase 40% do Produto Interno Bruto, um atestado da falta de cooperação da Fazenda com o Banco Central. Sobem os gastos públicos nos bons tempos por distributivismo, mas também nos maus tempos, com políticas anticíclicas.

Outro complicador do Banco Central é a maciça atuação de bancos públicos à expansão de crédito, ao consumo e aos negócios. É como se o BC tentasse frear uma avalanche. E mais: um novo ciclo de elevação de juros terá agora efeitos bem mais contundentes sobre a economia, em razão da maior penetração dos mercados de crédito. Muitas famílias e pequenos negócios se endividaram em ritmo acelerado ainda recentemente, sem falar nos "campeões" nacionais pendurados nos bancos públicos.

O Ministério da Fazenda deveria lastrear, com maior controle de gastos públicos, seu programa de redução de impostos e desoneração de encargos sobre as folhas de pagamentos das empresas. São compreensíveis sua ansiedade para reduzir os índices de inflação, bem como seus esforços para manter empregos, aumentar nossa competitividade externa e interromper o processo de desindustrialização. Mas o anúncio de que a redução de impostos sobre bens de consumo seria temporária, feita apenas para estimular rapidamente a compra de automóveis, geladeiras, televisões, acaba travando os investimentos que ocorreriam com uma redução permanente. Por que ampliar a capacidade produtiva se a carruagem vira abóbora logo depois?

Analistas macroeconômicos - de olho nas eleições presidenciais de 2014 e no tiro no pé das aspirações políticas do governo, com a reversão dessa queda dos impostos - acabam projetando buracos fiscais permanentes no futuro. Além da paralisia nos investimentos, o governo colhe desfavoráveis expectativas de inflação. A presidente Dilma percebeu que o anúncio de sua aversão a esforços anti-inflacionários que possam desaquecer a atividade econômica abalava a credibilidade institucional da Fazenda e do BC, além de descredenciar pessoalmente seus titulares. Dilma alegou então um mal-entendido, pela distorção de suas palavras. O Banco Central foi autorizado a dar sinal de vida. Mas sabemos que escolher entre o horizonte longo de um estadista e colher os frutos imediatos de uma reeleição é sempre muito fácil para nossa classe política.

Sob o Grande Coreógrafo - ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

REVISTA VEJA

A semana passada teve como destaques no mundo o atentado de Boston e a tensão pós-eleitoral na Venezuela, mas o colunista confessa que tem um fraco pela Coreia do Norte, e lamenta haverem arrefecido as ameaças e os filmetes mostrando os preparativos de guerra naquele país. A diversão era garantida. No dia 30 de março o governo de Pyongyang declarou-se em estado de guerra contra o inimigo do sul, e ameaçou um ataque, inclusive nuclear, que "explodiria" as bases americanas no Pacífico e "reduziria a cinzas" as instalações governamentais da Coreia do Sul. O comunicado foi lido na televisão, em nome do presidente Kim Jong-un, por um apresentador de terno escuro e gravata cinza, que enfatizava com voz forte, em certos momentos quase aos gritos, a gravidade da situação. O fundo era de um azul igualmente escuro, de céu na iminência de tempestade, e acordes heroicos abriram e fecharam a transmissão.

Uma primeira evidência, com base no que as transmissões de televisão (estatal, naturalmente) filtram do país, é que a Coreia do Norte não conhece o teleprompter. Eis um fato de cuja relevância os dirigentes não se dão conta. Os apresentadores, seja o homem de terno cinza, seja uma mulher que às vezes também lê os comunicados oficiais, têm sempre os olhos baixos, colados ao texto sobre a mesa. Na época em que havia duas Alemanhas, a comunista começou a ruir quando seus cidadãos, ao conseguirem captar a televisão do outro lado, se deram conta da diferença entre as transmissões coloridas, com variadas opções, existentes por lá, e a TV em preto e branco, monocórdia e oficial, que lhes atazanava a paciência de seu lado. Os líderes da Coreia do Norte inverteram suas prioridades; investiram na bomba atômica, em vez de no teleprompter. A experiência alemã indica que modernizar a televisão é instrumento mais útil para a sobrevivência de um regime do que armas nucleares.

Aos comunicados, acrescentava-se a divulgação de filmetes com desfiles e exercícios militares. Os desfiles com soldados em passos rigorosamente sincronizados, a indicar que um Grande Coreógrafo, de par com o Grande Irmão, zela pelos norte-coreanos, já conhecemos de outras crises. Mais inovadores foram os exercícios, como um que mostrava os soldados, dois a dois, envolvidos numa luta de judô, ou parecida com judô. Presumia-se que o país se preparava para uma tática que combinava o ataque nuclear com luta corporal. Em outro filme, os soldados treinavam tiros de pistola. À bomba nuclear e à luta corporal, juntava-se o tiro de pistola no plano de combate. Os soldados também eram mostrados em exercícios de ginástica cujos movimentos sincronizados igualmente traíam o dedo do Grande Coreógrafo.

A grande estrela dos filmetes era, claro, Kim Jong-un, o novel líder máximo, o terceiro da dinastia no poder. Baby Kim foi mostrado dando instruções aos generais (o menino sabe mandar!), perscrutando o horizonte de binóculo (o menino enxerga longe!), e até, ele também, testando a mão numa pistola (ele está pronto para lutar!). A insistência com que aquela quase criança, ainda com o mesmo ar cândido com que foi fotografado numa visita clandestina à Disneylândia de Tóquio, era mostrada em tão adultas e graves poses sugere que o menino, no meio dos generais, na verdade não manda, não enxerga além do próprio nariz, nem está pronto para lutar. Ele é apenas a peça de arremate, a figura central de que o Grande Coreógrafo necessita para fazer mover o conjunto da engrenagem.

Tudo seria muito mais divertido se não se soubesse que o Grande Coreógrafo vai além de sincronizar movimentos exteriores. Ele atua igualmente na orquestração das emoções. Na Coreia do Norte multidões choram em conjunto, como se viu nos funerais de Kim Jong-ll, o pai de Baby Kim, e casais fazem visitas devocionais à estátua gigante de Kim ll-sung, o avô. São exteriorizações do controle das mentes. E o controle das mentes, como se sabe desde Orwell, caracteriza os regimes totalitários, distinguindo-os das simples ditaduras. Na Coreia do Norte, o totalitarismo, mais presente do que em qualquer outro regime atual, cumpre com eficiência sua função de infantilizar e dopar a população.

Um erro de digitação na última coluna mudou o verbo "revoltar" em "revolver", no trecho sobre a mudança do nome do aeroporto de Salvador, de "2 de Julho" para "Luís Eduardo Magalhães". O certo é: "Revoltai-vos. cidadãos da boa terra!". O apelo continua valendo.

Um mundo escuro - J. R. GUZZO

REVISTA VEJA
Está cada vez mais difícil, em nosso mundo de hoje. encontrar inocentes. No exalo momento em que estiver lendo estas linhas, o leitor poderá muito bem estar sendo culpado pela prática de algum delito sério, mesmo que não saiba disso - e provavelmente não sabe. Como poderia saber? As noções de certo ou errado, de bem ou mal ou de justo e injusto, cada vez mais, são definidas por dezenas de "causas", em relação às quais é indispensável estar do lado correto. E que lado é esse? É o lado dos donos ou dos militantes dessas causas - tarefa complicada, considerando-se que elas se multiplicam sem parar, não têm conexão nenhuma entre si e sua própria existência, muitas vezes. é completamente desconhecida do público em geral. Com o desmanche cada vez mais rápido de qualquer valor ou princípio na atividade política, e o falecimento da ideia geral de "direita" e "esquerda", o campo do "bem" vai sendo ocupado por movimentos que defendem ou condenam todo tipo de coisa. Importa cada vez menos, também, o divisor de águas formado pelo conjunto de valores morais como integridade, decência, gratidão, generosidade, honradez, cortesia e tantos outros que marcavam a correção do indivíduo, do ponto de vista pessoal, na vida de todos os dias. O cidadão, hoje, pode ser tudo isso ao mesmo tempo, mas ainda assim não será inocente basta não concordar com as bandeiras em voga, ou ser indiferente a elas, ou não saber que existem.

Todas essas cruzadas se declaram proprietárias exclusivas do bem e têm, cada vez mais, a certeza de que a lógica, os argumentos baseados em fatos e o livre debate devem ceder lugar à fé - a fé dos dirigentes e militantes das "causas", que se julgam moralmente superiores e portanto, autorizados a exigir que todos abram mão do seu direito a raciocinar e simplesmente concordem com eles. O lado escuro disso tudo é que a defesa de tais bandeiras está se tornando cada vez mais fanática - e o resultado é a criação, pouco a pouco, de um novo totalitarismo. Nega-se as pessoas o direito de discordar de qualquer delas e, principalmente, de criticar seja lá o que proponham; não é permitida nem a simples neutralidade, pois quem é neutro é considerado cúmplice do mal.

Os efeitos práticos são muito parecidos com os que se produzem nas ditaduras - e sua primeira vítima é a liberdade de pensar e de exprimir o que se pensa.

Muito de todo esse ruído é simplesmente cômico; além disso, ao contrário do que acontece nas tiranias, os líderes das novas causas não têm a seu dispor a força armada para obrigar o público a obedecer a suas decisões. Mas. em ambos os casos, sua atividade está gerando cada vez mais consequências na vida real. Ainda há pouco, um anúncio da agência AlmapBBDO mostrava um gato preto subindo no capô de um Volkswagen, numa brincadeira 100% inocente a respeito de sorte e azar. Ideia proibida, hoje em dia. Grupos que defendem a causa dos gatos, de qualquer cor, decidiram que o comercial estimulava a "perseguição" e o "desrespeito" ao gato preto, e exigiram da empresa que o comercial fosse retirado do ar. Ganharam: a Volkswagen, uma das maiores companhias do mundo, com mais de noventa fábricas. 550.000 empregados e faturamento superior a 200 bilhões de dólares em 2012, ficou com medo do pró-gato e topou, sim, cancelar o anúncio. Há uma coisa muito parecida com isso - ela se chama censura. A AlmapBBDO, uma das agências de publicidade mais respeitadas do Brasil, queria levar o comercial ao público, como a imprensa queria publicar notícias durante a ditadura militar. Mas a cruzada dos gatos, como acontecia na época em que o governo cortava as notícias que lhe desagradavam, não quis. Nas duas situações uma pela força bruta, a outra pela pressão bruta - o resultado prático é o mesmo: aquilo que deveria ter sido publicado não o foi. Qual é a diferença?

Episódios como esse vão se tornando comuns e, para piorar as coisas, deixam atrás de si uma nuvem radioativa que contamina o ambiente do pensamento e faz com que as pessoas fujam das áreas de perigo. É muito pouco provável que a AlmapBBDO volte a criar comerciais com algum gato no enredo, ou qualquer outro animal. Para quê? Outras agências vão tomar, ou já tomaram, a decisão de cortar o reino animal do seu universo criativo e também, por via das dúvidas, o reino vegetal e o reino mineral, pois é possível que provoquem objeções dos movimentos que atribuem direitos civis às árvores, ou às pedras, ou sabe-se lá ao que mais. Os jornalistas e os órgãos de imprensa, com frequência, vão pegando uma alergia cada vez maior a tratar de certos assuntos. "Isso vai dar confusão", ouve-se todos os dias nas redações. "Melhor a gente ficar fora dessa." O mesmo se aplica a políticos, por seu natural pavor de perder votos, a artistas que não querem ficar mal "na classe" e a mais um caminhão de gente capaz de ter posições claras, mas incapaz de arrumar coragem para falar delas em público.

É apenas natural que a situação tenha ficado assim. Não vale a pena, para a maioria, dizer o que pensa e ser imediatamente amaldiçoado como racista, cruel com os animais, homofóbico, nazista, destruidor da natureza, inimigo da fauna e da flora, poluidor de rios, lagos e mares, vendido aos interesses das "grandes empresas", carrasco das "minorias", assassino de bagres e por aí afora. Ser um mero defensor da luz elétrica, e achar natural, para isso, que sejam construídas usinas geradoras de energia passou a ser, no código da "causa ambiental", um delito grave. Pior ainda é ser chamado de "agricultor" ou "pecuarista" - as duas palavras passaram a ser utilizadas pelos militantes como um puro e simples insulto. Eis aí. por trás de todo o seu verniz de atitude moderna, democrática e defensora da virtude, a essência do totalitarismo que vai sendo imposto pelas "causas" do bem. O alicerce central de sua postura é raso e estreito: "Ou você pensa como eu. ou você é um idiota; ou você pensa como eu. ou você está errado". Ou você é coisa ainda muito pior, dependendo do grau de ira que sua opinião despertou neste ou naquele movimento.

Se discordar, por exemplo, de uma mudança na lei trabalhista, vão acusá-lo de ser a favor da volta da escravatura. Se criticar a doação de latifúndios a tribos de índios, pode ser chamado de genocida. Se achar errado o Bolsa Família, vai ser condenado como defensor da miséria. Se sustentar que o sistema de cotas para negros nas universidades tem problemas sérios, vira um racista na hora. Se julgar que os governos do PT são um exemplo mundial de incompetência, ignorância e vigarice, será incluído na lista negra dos que são contra o povo, contra a pátria e contra as eleições. Falar mal do ex-presidente Lula, então, é um caso perdido. Como ele diz em seus discursos que o seu segundo objetivo na vida é governar para os pobres (o primeiro, segundo uma confissão que fez há pouco, é "viver o céu aqui mesmo na terra"), quem não gosta do ex-presidente só pode ser contra os pobres. A alternativa é ouvir que você, até hoje, não se conforma com o fato de que "um operário tenha chegado à Presidência" etc. etc., como o próprio Lula nos diz todo santo dia. há mais de dez anos.

Com certeza há pessoas boníssimas, e sinceramente interessadas no bem comum, na maioria das "causas" em cartaz hoje em dia não lhes passaria pela cabeça, também, imaginar que estão construindo um mundo totalitário. Mas sua recusa em raciocinar um pouco mais, e em agredir a lógica um pouco menos, acaba levando-as, mesmo que não percebam, a uma postura de autoritarismo aberto diante da vida. A modelo Gisele Bündchen, por exemplo, propõe nada menos que uma "lei internacional" obrigando todas as mulheres a amamentar seus filhos. Gisele pode ser mesmo uma devota dessa postura, mas, ao querer que sua opinião pessoal seja transformada em "lei", ela mostra uma outra devoção: o desejo de mandar no comportamento dos outros. E as mulheres que não querem amamentar - como ficam os seus direitos? Qualquer pessoa que quer nos impor uma escolha forçada, diz o psicanalista Contardo Calligaris, de São Paulo. provavelmente está interessada, acima de tudo, em "afirmar e consolidar seu poder sobre nós".

Um outro tóxico que alimenta essa marcha da insensatez é a ignorância. Somada à decisão de atirar primeiro nos fatos, e perguntar depois quais eram mesmo esses fatos, leva a episódios de circo como o movimento "Gota d'Água" - no qual um grupo de atores e atrizes tentou demonstrar, no fim de 2011, que a usina de Belo Monte seria uma catástrofe sem precedentes para o Rio Xingu e para a ecologia brasileira cm geral. No vídeo que gravaram com o propósito de provar suas razões, confundiram o Pará com Mato Grosso, colocaram a usina a mais de 1 000 quilômetros do lugar onde está sendo construída e denunciaram a inundação de terras ocupadas por índios quando não há um único índio na área a ser alagada. Foi um desempenho digno de entrar na lista das piores respostas do Enem. Mas os artistas continuam achando que estão certíssimos: sua "causa" é justa, dizem eles, e meros tatos como esses não têm a menor importância. pois o que interessa é o triunfo do bem.

"Não há expediente ao qual o homem deixará de recorrer para evitar o real trabalho de pensar", disse, no fim dos anos 1700. o grande mestre da arte inglesa do retrato, sir Joshua Reynolds. Hoje, mais de 200 anos depois, sua tirada é um resumo praticamente perfeito da turbina-mãe que faz girar a máquina das "causas" justas. Nada as incomoda tanto quanto o ato de pensar. Preferem receber insultos, porque podem responder com insultos - o que não toleram é a tarefa de raciocinar em cima de fatos, reconhecer realidades e convencer pelo uso da inteligência. Algum tempo atrás esta revista publicou, com a assinatura do autor do presente artigo, um conjunto de considerações sobre o que julgava serem exageros, equívocos ou distorções do chamado "movimento gay". Tudo o que foi escrito ali recebeu uma fenomenal descarga de ódio. histeria e ofensas, nas quais foram incluídas diversas maldições desejando uma morte rápida para o autor. Mas o que realmente deixou a liderança gay fora de si, acima de qualquer outra coisa, foi a afirmação de que casamento de homem com homem, ou de mulher com mulher, não gera filhos. É apenas um fato da natureza mas é exatamente isso, o fato, o pior inimigo das "causas". Não pode ser anulado por abaixo-assinados. redes sociais ou passeatas. A única saída é mantê-lo oculto pelo silêncio.

Por essa trilha, caminhamos para um mundo de escuridão.

Um Inhotim no Rio - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 22/04

Veja que bela ideia. Eduardo Paes pretende transformar o Parque da Cidade, antiga propriedade do
Marquês de São Vicente, na Gávea, numa pequena Inhotim, talvez uma das sete maravilhas do Brasil, que reúne em Minas Gerais acervo de arte, jardim botânico e atividades culturais.

O prefeito tem conversado com a galerista carioca Marcia Barrozo do Amaral. Quer que ela leve as obras de Frans Krajcberg para o parque.

Na verdade...
A expansão da Rocinha em direção ao Parque da Cidade terminou afugentando visitantes.

Vamos torcer, vamos cobrar.

Gois na Jornada
Dom Orani Tempesta já teve o sinal verde do Ministério das Comunicações para instalar cinco rádios provisórias em Copacabana e Guaratiba, local onde o Papa Chico vai passar durante a Jornada da Juventude.

Deve haver também um canal provisório de TV em HD para transmitir ao vivo, pela Rede Vida, todas as atividades.

Polegar livre
O traficante Alexander Mendes da Silva, o Polegar, conseguiu um habeas corpus no processo em que responde por homicídio e deve ser solto. Essa ação era a que o mantinha na penitenciária federal de Rondônia, já que a pena por tráfico foi cumprida.
A desembargadora Denise Vaccari Machado Paes, da 5ª Câmara Criminal do Rio, foi a relatora do HC. O MP vai recorrer.

No mais
A Kibon estampou na caixinha de seu delicioso picolé de coco que os geladinhos são “perfeitos para dar um break no meio da tarde”.

Mas, cá entre nós, break é o cacete! Com todo o respeito. 

A dengue que mata 
Faleceu o engenheiro Ayrton Daniel-Ribeiro, de 85 anos, morador de Ipanema, vítima da dengue.

Seu filho, o médico Cláudio Tadeu Ribeiro, um dos maiores especialistas em malária no Brasil, enviou uma mensagem para um grupo de amigos.

Segue...
No desabafo, ele, com razão, manifesta sua indignação por ver seu pai perder a vida “em pleno século 21, por uma mazela em forma de epidemia (ainda que por patógenos diferentes) da mesma natureza das que dizimavam populações na Idade Média. Sinto-me tão pequeno e desprotegido quanto as populações amazônidas diante da malária”.

Meu Deus!

O fortão e o verde 
Carlos Minc, o secretário verde, e Arnold Schwarzenegger, o ator fortão, vão ficar cara a cara quinta agora. É que o Rio vai aderir à Rede de Regiões para a Ação Climática (R20), fundada por Arnold.

O estado vai dar mais ênfase ao seu desenvolvimento sustentável, priorizando a economia de baixo carbono e o combate às mudanças climáticas.

Cuidando da saúde
O Complexo do Alemão foi escolhido para receber lançamento de um dos maiores programas de orientação alimentar já lançado no Brasil: o Meu Prato Saudável.

Dia 27 agora, das 10h às 15h, nutricionistas e monitores vão à estação Palmeiras do Teleférico examinar e orientar a população.

Parem as máquinas!
A Câmara Municipal do Rio vota esta semana proposta do vereador Leonel Brizola Neto de concessão da Medalha Pedro Ernesto a... Nicolás Maduro, o presidente venezuelano.

Os serviços relevantes prestados pelo bolivariano à cidade são... não sei.

SAINDO DO PAPEL
O Museu do Amanhã, que está sendo erguido na Praça Mauá, região carioca que passa por uma profunda revitalização, já começa a ganhar seus primeiros contornos. Na foto, guindastes ajudam a colocar a estrutura (veja por dois ângulos) que fará parte da cobertura do museu. O lugar, como se sabe, será dedicado às Ciências e o projeto do prédio é do badalado arquiteto espanhol Santiago Calatrava 

Cemitério de jatinho
Esgotados os recursos contra a Receita Federal, uma frota de 21 superjatos executivos apreendidos pela Polícia Federal e Anac, avaliada em US$ 800 milhões, foi incorporada ao patrimônio público e pode ir a leilão. É possível que fiquem de fora apenas quatro Legacys novos, cujo destino pode ser a FAB.

Os donos dos jatinhos são acusados de sonegar imposto.

Templo é dinheiro...
Um dos donos, um pastor evangélico, abandonou a causa. Os outros contrataram o advogado Márcio Thomas Bastos para tentar reaver na Justiça seus pássaros voadores.

Parceria no balé
Mal pôs os pés em Budapeste, onde se apresenta pela primeira vez, o Grupo Corpo recebeu um convite para desenvolver um trabalho com o Ballet Nacional da Hungria, sediado na prestigiosa Ópera de Budapeste.

Tamás Solymos, diretor do corpo de baile húngaro, e Paulo Pederneiras, diretor artístico da companhia mineira de dança, reuniram-se sexta para acertar a parceria.


Andréia O - LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SP - 22/04

Formavam um trio inseparável desde a faculdade, Andréia, a amante e a esposa traída


Sim, Andréia O. Mas não "O" como em Anna O, a paciente histérica de Freud. "O" como no livro "História de O", de Pauline Réage (nascida Anne Desclos e depois denominada Dominique Aury).

Andréia estava lendo este livro. Dado a ela por uma amiga sua, amante de um homem casado. Este homem, aliás, era casado com uma grande amiga em comum delas duas. Formavam um trio inseparável desde a faculdade, Andréia, a amante e a esposa traída pela amiga. Bebiam juntas sempre. Amigas fiéis.

Andréia nunca imaginara que sua amiga J. seria capaz de ser amante do marido de M. (manteremos as iniciais para garantir o segredo da identidade de J. e de M.). Seria mesmo verdade que somos destinados a repetir as mesmas histórias mesmo depois de nos tornarmos mais evoluídos?

Afinal, seus professores e colegas de trabalho (Andréia trabalhava numa produtora) sempre diziam que somos "narradores de nossos corpos e de nossas vidas". Mas, Andréia temia que corpo fosse destino e que seu sexo estava acima de suas escolhas.

Pessoas legais diziam que nem o sexo era mais sexo, mas sim construção social. Andréia, no fundo, sempre achou essa ideia de sexo como construção social coisa de gente que se sentia mal com o sexo com o qual nascera, mas não dizia nada para não pensarem que ela era reacionária.

Mas se somos todos livres para nos inventar e por isso podíamos nos inventar como pessoas "melhores", como sua amiga tão bacana podia fazer sexo oral no marido de sua outra amiga também bacana, no banheiro do S. (de novo, iniciais para resguardar a identidade, aqui no caso, do restaurante em questão, muito conhecido neste mundo de gente bacana) em meio a uma conversa sobre o filme "Argo" e a violência desnecessária no Oriente Médio?

Não que Andréia estivesse de verdade surpresa com este fato. Há muito percebera que seria capaz de qualquer coisa caso seu desejo estivesse envolvido. Já passara pela sua cabeça fazer algo semelhante, mas nunca chegara a tanto. Um dia talvez? Mas somente por uma boa causa.

Aliás, era disso que tratava o livro que ela devorava à noite ("História de O"), antes de ficar se virando na cama gemendo de calor. Será que ela era mesmo como Pauline/Anne/Dominique (três nomes para uma só mulher, que escreveu um livro traindo o grande segredo de toda mulher) afirma em seu livro que toda mulher é? Ou melhor, será que ela também queria o que nossa autora diz que toda mulher quer?

Impossível. Muito vulgar. Mais do que isso: machista. Andréia resistira a ler o banal "50 Tons de Cinza" porque se tratava de um best-seller e pessoas inteligentes não leem best-sellers.

Mas mais do que isso. "50 Tons" se tratava de um livro para mulheres sem vida sexual real, sufocadas por casamentos e filhos por décadas, que precisavam de estímulos idiotas para se sentirem mulheres.

Ela, Andréia, do alto de sua beleza e inteligência (ainda que chegando àquela idade na qual toda certeza vira quase certeza) sabia que não precisava de estímulos assim. Sua vida sexual era como tudo mais em sua vida: resultado de ser uma mulher dona de si mesma.

A história com seu antigo chefe (não vamos voltar a ela agora) passara, graças a Deus. Nunca mais se deixaria levar pelo desejo de usar saias justas diante de um homem com poder. Que banal que ela foi ao desejar um homem mais velho e rico.

E qual era essa verdade horrível sobre seu desejo, desejo de toda mulher, segundo nossa autora traidora?

Paciência, cara leitora e caro leitor. A paciência é uma virtude necessária quando lidamos com pessoas acima da média, porque elas facilmente nos fazem perder a paciência.

Será que ela, Andréia, queria mesmo, no fundo do seu coração, que seu amante (quando tivesse um, por enquanto achava os homens todos uns frouxos) trouxesse um chicote quando a encontrasse?

A traição de Pauline/Anne/Dominique era justamente esta: ela contara que toda mulher gosta de ser submetida. Mas Andréia era inteligente e a autora também. A questão aqui não era o universal "toda mulher tal e tal", mas sim a pergunta: a quem ela se submeteria com gosto? Medo...

O outro entre nós - LÚCIA GUIMARÃES

O Estado de S.Paulo - 22/04

Na quinta-feira, a manchete do jornal nova-iorquino New York Post saltava das bancas: Homens da Mala (Bag Men), Agentes Federais Buscam Estes Dois. Nenhum deles era Tamerlan ou Dzhokhar Tsarnaev, os irmãos de uma família de chechênios que paralisaram Boston durante a sexta-feira com sua fuga espetacular, concluída com a morte de Tamerlan e a apreensão, horas depois, de Dzhokhar.

Os dois jovens que não se chamavam Tamerlan ou Dzhokhar, estampados em uma foto da primeira página, eram culpados de estar presentes à Maratona de Boston e de portar mochilas. Tiveram suas vidas transformadas num inferno graças à manchete errônea do tabloide bastardo de Rupert Murdoch. Pedido de desculpas? Nem pensar.

Uma semana cheia de grandes acontecimentos - as bombas na maratona, a explosão na fábrica de fertilizantes no Texas e a implosão da tentativa de passar uma lei que imprima um grão de civilidade ao obsceno comércio de armas de fogo nos Estados Unidos. Uma semana em que os Prêmios Pulitzer foram anunciados, mas não temos motivo para celebrar o jornalismo.

"Uma semana vergonhosa", disse Barack Obama se referindo à paralisia legislativa em Washington. Mas há mérito pela vergonha da semana em Nova York, capital editorial da mídia americana.

O que dizer de talk-shows que preenchem o vácuo de conteúdo com chamadas de ouvintes especulando sobre quem é culpado pela tragédia de Boston? Sim, vamos convidar o público a revisitar todos os seus preconceitos. Com ajuda, mais uma vez, do New York Post, que declarou um cidadão saudita "suspeito" do atentado.

O primeiro ato de terrorismo contra civis bem-sucedido em solo americano desde 11 de Setembro 2001 foi tratado com o critério que a velocidade e onipresença da mídia digital podem influenciar. A certa altura, um veterano correspondente de defesa de uma rede americana jogou a toalha: alguém há de estar certo, são tantas versões da investigação em Boston que só posso confirmar a que recolhi entre as fontes em quem confio.

O que ele quis dizer é que achamos que não podemos nos dar ao luxo de esperar e me incluo entre os indiciados pelos tropeços da velocidade. Pela mídia social ou eletrônica, recolhemos a versão que consideramos mais confiável. Ajuda ter um canivete suíço de testes de ceticismo para evitar destruir reputações, indiciar etnias, desconfiar de triunfalismos oficiais e testemunhas ávidas por um lugar sob os refletores da fugaz celebridade viral.

Mas, como disse um jovem responsável pelo feed do Twitter de um programa de análises de, imaginem, mídia, há algo inebriante em chegar primeiro. O fato é que não pagamos a conta pelo excesso.

Quando ouvimos o comandante da polícia de Boston dizer que a cidade podia, afinal, dormir tranquila, sem que ele soubesse da motivação ou da existência de cúmplices nos atentados; quando um senador republicano de Iowa associou a reforma da imigração à tragédia em Boston; quando um senador como John McCain, sobrevivente de torturas no Vietnã, pediu que Dzhokhar, de 19 anos, fosse tratado como um combatente inimigo, decidindo, antes do Poder Judiciário entrar em ação, que houve um ato de guerra; e quando a multidão, diante da apreensão do ensanguentado Dzhokhar grita USA!, USA! como se ele representasse a não América, apesar de ser cidadão naturalizado, criado e educado em Boston e de ter americanizado a grafia de seu nome para Jafar; e quando vemos que estas manifestações são amplificadas na maratona digital, é o caso de perguntar: Quem é este outro entre nós? É possível colecionar amigos numa grande cidade americana, participar de esportes, atrair admiração, ganhar uma bolsa de estudos, e, ao mesmo tempo, viver uma vida alternativa de ódio e alienação online? Sim, é a resposta simples. Mas não há a menor promessa de simplicidade no desfecho do atentado.

Os pais de Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev viviam em contato constante com os filhos do Daguestão e não conseguem reconhecer os meninos que criaram nos suspeitos do atentado em Boston.

Hoje é possível descobrir um grande número de fatos sobre um estranho em 24 horas. Mas não é possível dizer que o conhecemos, reunindo as milhares de peças do quebra-cabeças de pegadas digitais.

O fascínio de uma câmera analógica - LULI RADFAHRER

FOLHA DE SP - 22/04

A evolução é muito mais complexa e sutil do que propõem os que vendem a eficiência dos processos


Minha sobrinha Duda é a artista da família em sua geração. Não se sabe de onde a mocinha tirou tanto talento. Sua criatividade não se dá tanto pelo que produz --é uma criança, afinal--, mas por sua forma de questionar e analisar o mundo em volta. É comum vê-la observando distraidamente um formigueiro ou brincando por horas com uma pilha de elásticos.

Para seu aniversário de dez anos, eu queria dar um presente marcante. Nada de vestidinhos ou bonecas ou gadgets eletrônicos. Ela merecia uma ferramenta com que pudesse exercitar sua veia artística. Depois de muita pesquisa, decidi presenteá-la com uma câmera. Analógica. Manual. Uma daquelas chamadas de "antigas" por aqueles também rotulados com esse termo. Uma clássica Olympus Pen, sem baterias ou controles, vazando um pouco de luz, verdadeiro tesouro "hipster" que encontrei abandonado no fundo do armário.

Devidamente limpa, equipada e embalada, ela estava pronta para ser entregue. Faltava, no entanto, uma explicação. Por mais que digam que "criança não liga para essas coisas", a passagem da primeira década é uma ocasião importante. Nessa sociedade mercantilista, um presente "velho" pareceria falta de consideração. Ele precisava ser bem apresentado.

Pensando na situação, lembrei-me da frase do pioneiro da computação Alan Kay: "Tecnologia é tudo o que for inventado depois de você nascer". Cidadã do século 21, Duda dificilmente se interessaria por argumentos históricos ou analógicos. O fato de ter sido uma tecnologia fascinante quando eu tinha a idade dela tampouco teria apelo.

Recorri, então, às artes plásticas. O que ela tinha em mãos não era uma câmera, mas um instrumento de arte, capaz de gerar peças únicas, originais, frágeis e perecíveis. Não servia para registrar qualquer momento ou situação, mas para colecionar impressões. Acima de tudo, sua operação demandava uma grandeza rara hoje em dia: tempo.

Em um filme não cabiam infinitas fotos, por isso era preciso tempo para planejá-las. O material exposto precisaria ser revelado, e isso também demandava tempo. Sua câmera digital, em um velho smartphone, prepararia os rascunhos antes da foto definitiva na "velha" maquininha, que apresentava como vantagens todas as características que há alguns anos a tornaram obsoleta.

O filme fotográfico em preto e branco era outra preciosidade. Multifuncional, servia para a captura e o armazenamento das imagens. Sua estrutura e finalidade poderiam ser mudadas infinitamente, bastava ter uma caixa preta e um buraco. Achei melhor não contar que as imagens dos negativos eram projetadas em papéis virgens e banhadas em soluções químicas --e não impressas-- para não confundi-la. O choque da novidade já tinha sido grande.

Ao ver o fascínio da mocinha frente a um tipo de câmera que todos um dia chamaram de velha entendi a paixão causada por Polaroids e linotipos, que podem ser desmontados ou repropositados de infinitas formas. A evolução é muito mais complexa e sutil do que propõem os que vendem a eficiência dos processos.

Queria usar uma foto dela para ilustrar a coluna, mas infelizmente o filme não foi revelado a tempo de entrar na composição do jornal impresso. Nem tudo é vantagem no mundo analógico.

Novas trapalhadas do MEC - EDITORIAL O ESTADÃO

O Estado de S.Paulo - 22/04

Depois de deixar muitos institutos técnicos federais sem aulas, por falta de professores, e de anunciar uma política para o ensino jurídico que obriga os formandos a estagiar, trabalhando em órgãos estatais, o governo da presidente Dilma Rousseff acabou com a exigência de apresentação dos títulos de mestre e doutor para os novos docentes das universidades federais. A medida, que entrou em vigor em março, foi instituída por um projeto de lei de autoria do Executivo, aprovado pelo Congresso.

Com isso, quem tiver um diploma de graduação agora pode disputar as vagas abertas com a criação de novas instituições federais de ensino superior. Atualmente, mais de 90% dos professores das universidades federais têm pós-graduação.

As novas regras começaram a ser esboçadas no ano passado, durante a greve das universidades federais, que durou quatro meses. Na época, os docentes dessas instituições reivindicaram reajustes salariais de até 40% e a introdução de um mecanismo que permitisse chegar mais rapidamente ao cargo de professor titular - o topo da carreira. A paralisação só foi encerrada depois que o Ministério da Educação (MEC) prometeu enviar ao Congresso um projeto de lei mudando os critérios de ascensão na carreira e concedendo aumento escalonado em três anos.

Em momento algum os critérios de ingresso estiveram em discussão, durante a greve de 2012 - e, por isso, o que menos se esperava é que o Executivo alterasse para pior os critérios de ingresso na carreira. A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior alega que não foi ouvida pelo MEC durante a elaboração do projeto de lei. Por discordar das novas regras, a Universidade Federal de Pernambuco (UFP) suspendeu os concursos para os Departamentos de Química e de Física. "Sem a titulação pós-graduada, a competência acadêmica e a formação de recursos humanos ficarão seriamente comprometidas", afirmaram os dirigentes do Departamento de Física da UFP, um dos mais produtivos do País. Já a Universidade Federal de São Paulo divulgou nota alegando que a revogação da exigência de pós-graduação para candidatos a professor fere sua autonomia para definir o perfil do corpo docente.

A exigência de pós-graduação nos concursos públicos para professores das universidades federais foi instituída há cerca de duas décadas com o objetivo de melhorar a qualidade da pesquisa e do ensino superior no País. Nos últimos anos, as autoridades educacionais invocaram o mesmo argumento para exigir que as instituições confessionais e privadas de ensino superior aumentassem o número de professores com título de mestrado ou doutorado em seus corpos docentes. Na USP, só pode ingressar na carreira docente quem tiver doutorado. Ao justificar a revogação da exigência de pós-graduação nos concursos das universidades federais, o MEC alegou que essa medida segue as diretrizes das demais carreiras do serviço público federal. Trata-se de uma bobagem, pois as carreiras técnicas na administração pública são diferenciadas - e para o ingresso em cada uma delas há exigências específicas.

Diante do grau de insatisfação dos dirigentes das instituições federais de ensino superior, o governo recuou e prometeu devolver a elas a prerrogativa de exigir o título de mestre ou de doutor de candidatos a professor. "Leis para carreiras são complexas e devem ser aperfeiçoadas. Faremos uma alteração (na legislação) para que a lógica volte a ser como era", diz o secretário de Ensino Superior do MEC, Paulo Speller.

O problema é que o governo não sabe como fazer essa mudança. Pela legislação em vigor, há necessidade de que o governo envie ao Congresso um projeto de lei reinstituindo as exigências que foram revogadas. Como esse processo é demorado e as universidades não podem deixar de substituir professores que se aposentam ou pedem demissão, há no governo quem defenda que o problema seja resolvido por meio de medida provisória. Essa é mais uma das trapalhadas do MEC, cujo ministro não é especialista na área.

PORTA DE ENTRADA - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 22/04

São Paulo abriu larga vantagem em relação ao Rio na entrada de estrangeiros nos três primeiros meses do ano. O número de desembarques no aeroporto de Guarulhos cresceu 17% de janeiro a março, em comparação com o mesmo intervalo de 2012. A taxa no Galeão ficou estagnada, com ligeira queda de 0,69%.

DE LONGE
Até março, SP recebeu 539 mil turistas internacionais e o Rio, 299 mil. O mês com aumento mais expressivo na capital paulista foi fevereiro, com 167 mil desembarques --alta de 37% ante o mesmo período de 2012. Já o Rio recebeu no mês do Carnaval 99 mil visitantes de outros países --redução de 1%.

GRINGOS 3
Os dados fazem parte de relatório da Polícia Federal. Para Flávio Dino, presidente da Embratur, o desempenho de SP neste início de ano é explicado pela "força do turismo de eventos e negócios". Ele cita a Campus Party, em fevereiro, como um dos eventos que impulsionaram o aumento.

ALÔ, MARTA
Cineastas e intelectuais de todo o Brasil estão preparando um abaixo-assinado manifestando sua preocupação em relação às mudanças na Cinemateca Brasileira. Mais de duas dezenas de funcionários com mais de 20 anos de serviço foram desligados do órgão depois que Marta Suplicy assumiu o Ministério da Cultura.

PESO PESADO
Encabeçam as assinaturas o crítico literário Antonio Candido e a escritora Lygia Fagundes Telles. Do cinema assinam o produtor Luiz Carlos Barreto e os diretores Hector Babenco, Fernando Meirelles, Cao Hamburguer, Carlos Alberto Riccelli e André Klotzel, entre outros.

GAVETA
Hector Babenco protestou contra as mudanças na Cinemateca na semana passada, na reunião do prefeito Fernando Haddad com cineastas em SP. Disse que se sentiu como se sua própria casa tivesse sido invadida.

A CURA
Quatrocentos cientistas de 80 países assinaram declaração ratificando que é possível erradicar a poliomielite do planeta em cinco anos. Para isso, seriam necessários investimentos de R$ 11 bilhões. Seria a melhor oportunidade para eliminar a doença: nunca se registraram tão poucos casos no mundo. Em 2012, foram 223. E, até abril deste ano, apenas 16. No Brasil não há casos identificados desde 1989.

A CURA 2
Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan, Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz, Carlyle Guerra de Macedo, diretor emérito da Organização Pan-Americana de Saúde, Sergio Cabral, presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, e o epidemiologista Ciro de Quadros fazem parte do grupo de dez brasileiros que encampam a ideia.

A DONA DO TEMPO
A jornalista Helle Alves, 86, fez noite de autógrafos de seu livro, "Eu Vi - Quando Mataram Che Guevara e Outros Momentos da História", na quinta. Sinval de Itacarambi Leão, diretor da revista "Imprensa", o músico Dinho Nascimento, a escritora Thais Alves (que é sobrinha da autora) e o médico Francisco José Bueno de Aguiar foram ao evento.

PIPOCA E GUARANÁ
O diretor Marcos Bernstein apresentou a adaptação do filme "Meu Pé de Laranja Lima", em cartaz desde o fim de semana. Os protagonistas, José de Abreu e João Guilherme Ávila (que foi com sua mãe, Naira), o ator Caco Ciocler e o ex-jogador de basquete Oscar Schmidt estiveram na pré-estreia do longa.

CONSULTORIA
A escritora Olga Curado lançou o livro "Viver sem Crise" na livraria Saraiva do shopping Pátio Higienópolis. O empresário Ricardo Kauffmann e Fernando Antônio Simões, presidente da JSL Logística, compareceram.

DUPLA PERSONALIDADE
Filho de Clarice Lispector, o economista Paulo Gurgel Valente, 60, lança no dia 19 de maio seu terceiro livro infantil, "Pedro e a Onça". Sem o Lispector em seu sobrenome, ele assina a obra também sem o Gurgel, do pai, o que dificulta a sua associação com os livros técnicos de economia que escreve. "Fiz isso para simplificar", diz.

NOVOS SÚDITOS
Além do governador pernambucano e presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE), também Xuxa será estrela do 12º Fórum de Comandatuba.

A loira será homenageada no encontro de empresários organizado por João Doria Jr., na Bahia, no dia 28.

Curto-circuito
Henilton Menezes, secretário de Fomento e Incentivo à Cultura do MinC, discute temas como Lei Rouanet e Vale-Cultura, hoje, no Museu do Futebol, às 14h.

Hoje será lançado o livro "Vai, Corinthians! (Que Nós Vamos Atrás)", de Celso Unzete, Dante Grecco, Antonio Marcos Abrahão e André Silva. Às 18h, na Livraria Cultura, na Paulista.

Cauby Peixoto faz show hoje, às 22h, no Bar Brahma, no centro. 18 anos.

Amaro Gurgel autografa o livro "Mensageiros da Miscigenação", hoje, às 18h30, na Livraria Martins Fontes, na Paulista.

Com quantos reais se faz um omelete - OLIVIER ANQUIER

FOLHA DE SP - 22/04

A primeira pergunta a fazer é: 'Por que a pessoa saiu de casa para pedir um omelete?'. Provavelmente pelo prazer de comer num lugar com alma


Com este texto, gostaria de demonstrar minha indignação e tristeza diante da atitude agressiva e covarde de um site de denúncia que aponta o dedo destrutivo para "lugares que cobram demais e entregam de menos" e cuja atividade descobri lendo uma reportagem de três páginas no caderno "Comida" desta Folha, no último dia 17.

Realmente não acredito que um indivíduo saia de sua casa só para comer um ovo frito ou um omelete acompanhado de arroz branco e couve num restaurante como o Dona Onça e pagar de três a cinco vezes o preço que pagaria se o cozinhasse em casa.

A primeira pergunta a fazer é: "Por que a pessoa saiu de casa para pedir um omelete no Dona Onça?".

Provavelmente pelo prazer de sair para se divertir, de comer um omelete de qualidade, em um estabelecimento que um empresário corajoso idealizou, apoiando-se em anos de trabalho para montar um lugar agradável, com alma.

Um estabelecimento onde alguém (a dona, muitas vezes) vai preparar ovo com arroz e couve, servido por um garçom atencioso --pois esse indivíduo exige tal qualidade.

Ademais, há que considerar a tranquilidade relativa --uma vez que os governos não são capazes de provê-la-- proporcionada por seguranças na porta do estabelecimento, pelo manobrista, por toda a infraestrutura de conforto adquirido que o indivíduo veio buscar.

Esses são os primeiros aspectos a justificar por que este indivíduo pagaria um preço diferente em tal ou qual lugar --ou outro se, simplesmente, fizesse o ovo em sua casa.

Há que levar em conta ainda o custo da matéria-prima, adquirida de fornecedores escolhidos a dedo, após minuciosa pesquisa, para oferecer ao indivíduo um bom omelete, preparado com um ovo de qualidade superior ao que ele encontraria no comércio local.

Que esse ovo seja bem mais caro que a média não justifica, porém, o troféu que São Paulo ergue como a cidade dos restaurantes mais caros do mundo; este se deve aos pesadíssimos impostos embutidos no preço final e seus impactos no custo da matéria prima --basta ver o tomate mais caro do mundo.

O custo estratosférico dos encargos e obrigações trabalhistas --e seus absurdos efeitos colaterais, como processos sistemáticos, sistematicamente perdidos, com indenizações de cifras irreais (e sublinho que não se debate aqui o mérito das decisões jurídicas, mas sim os altíssimos valores das indenizações)-- é um capítulo à parte.

Há, também, a obrigatoriedade de contratar batalhões de garçons para suprir a total falta de capacitação profissional e atingir o atendimento esperado pelo indivíduo.

E atenção: esta análise refere-se exclusivamente aos custos do salão, sem colocar na conta as despesas com toda a infraestrutura escondida do público: cozinha, estoque, administração, advogados, nutricionistas, contadores, fornecedores --e, além dessas, as consequências das calamidades, que vão de são Pedro aos cortes de energia.

É evidente que não se procuram as mesmas coisas na casa de comida nordestina da Galeria Metrópole e no Dona Onça no Copan; no bistrô de Alex Atala e na galinhada do estádio da Portuguesa; no McDonald's e na Lanchonete da Cidade. Esta é uma falsa comparação.

Todos esses argumentos justificam que o preço que você vai pagar pelo omelete com uma concha de arroz branco e um punhado de couve do Dona Onça seja muito superior aos R$ 8 que gastaria nos insumos para cozinhá-los em casa e comê-los sozinho, em silêncio, na companhia da TV.

Concluiria perguntando: por que tanta agressividade dirigida a esses guerreiros da economia de serviços do Brasil, homens e mulheres, às vezes famílias inteiras que ousaram enfrentar o risco? Pois somente a obstinação e a coragem movem-nos a colocar em ação a monstruosa máquina que é uma empresa para a satisfação do seu público.

Por fim, gostaria de deixar claro que, de maneira nenhuma, me queixo do sistema que assumi, como assumi ser brasileiro. Mas me revolta esse "neoterrorismo" eletrônico covarde e destruidor. Vamos construir: enquanto isso a gente se vira.

De olho nas expectativas - GEORGE VIDOR

O GLOBO - 22/04

Juros básicos provavelmente subirão mais um pouco nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom)

Não há modelo matemático capaz de simular, com precisão, a taxa de juros real (ou até mesmo nominal, sem descontar o efeito da inflação) para uma economia como a do Brasil, ainda com muitas deformações. É um exercício que só pode ser testado na prática, com erros e acertos, avanços e recuos. Uma economia normal não pode funcionar sem crédito, e o Brasil tinha antes uma situação completamente anômala, pela qual, por exemplo, mais de 90% das transações imobiliárias não tinham respaldo de financiamentos imobiliários concedidos por situações financeiras. Agora esse tipo de empréstimo representa, no conjunto, a maior operação de crédito com pessoas físicas, ultrapassando o montante de empréstimos para compra de automóveis, igual ao resto do mundo. O crédito está então quase se transformando em atividade rotineira na economia e não é preciso mais taxas de juros básicas extravagantes para moderá-lo. Agora a dosagem na taxa de juros tende a mirar mais nas expectativas, que hoje se constituem em um acelerador dos preços. Nesse sentido, o Banco Central ainda terá de subir mais um pouco os juros básicos.

Diária abusiva em grandes eventos

Não é só por aqui que as diárias dos hotéis vão à estratosfera na época de grandes eventos. No ano que vem, o congresso mundial do petróleo será realizado em Moscou. Para as datas do evento os hotéis de lá só aceitam reservar cobrando diárias de no mínimo mil euros. Participarão do congresso altos executivos das poderosas companhias petrolíferas, mas haverá também muitas reuniões técnicas com pessoas que não aceitam pagar tão caro para se hospedar. A entidade que organiza o congresso (World Petroleum Council) é hoje presidida por um brasileiro, Renato Bertani, que já pensa até em pedir ajuda do Kremlin para resolver tal questão. Pelo lado russo, quem preside o comitê é um ex-comandante de submarino. Que só fala russo.

E aproveitando que o tema é petróleo, uma boa notícia para o Rio: a FMC Technology comprou o galpão de uma fábrica vizinha (área de 40 mil metros quadrados) e vai construir lá a sua quarta unidade industrial na Pavuna. Precisa de espaço para produzir a um ritmo de três "árvores de natal" (equipamento que conecta os poços de petróleo a plataformas, no caso da produção no mar, ou também em terra) por semana.

Os novos apartamentos no Porto

O primeiro grande empreendimento imobiliário na zona portuária do Rio que contempla também apartamentos residenciais será lançado em junho. Na verdade já está em construção. É um conjunto de prédios comerciais e residenciais que será usado inicialmente nos Jogos Olímpicos de 2016, como vila para os árbitros e a chamada mídia não credenciada (muitos jornalistas do exterior e de outras partes do Brasil acompanharão o que acontece na cidade e os bastidores dos jogos, sem estar diretamente presente nas áreas reservadas à imprensa nos locais das competições). Serão quatro prédios residenciais com um total de mil unidades nesse empreendimento. A venda dos apartamentos será feita primeiro para funcionários públicos municipais. Se houver sobra, os imóveis restantes serão vendidos a quem estiver interessado.

Os futuros moradores poderão ocupar os apartamentos logo depois de concluídos os Jogos Paralímpicos, programados para agosto de 2016. No planejamento da prefeitura, a zona portuária deverá receber cem mil novos habitantes, atraídos pela revitalização da região e pela proximidade com o centro da cidade. Um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) fará a ligação da zona portuária com o centro. Se tudo sair conforme o previsto, será um tipo de transporte público rápido e confortável.

Chineses ignoram inflação

O jornalista Chico Lélis, especializado em automóveis, que foi nosso colega aqui no GLOBO anos atrás, conta uma história interessante: morador de São Paulo, ele lembra exatamente que precisou comprar um guarda-chuva grande (Chico tem 1 metro e 90) num dia de chuva forte no mês de outubro de 2004; pagou R$ 10 pelo dito cujo ao camelô, pois a opção de um pequeno e automático, embora custasse R$ 5, não era a que mais lhe convinha. Passados quase dez anos, os camelôs de São Paulo (e no Rio também ) continuam vendendo os mesmos guarda-chuvas por R$ 5,00 e R$ 10, sendo que o grande foi promovido a automático. Os chineses ignoraram a inflação no Brasil e com isso hoje detêm quase a totalidade do mercado de guarda-chuvas. Haja competitividade para enfrentá-los.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 22/04

Estaleiro Jurong assina contrato e consolida obra no Espírito Santo
Depois da polêmica acerca de suposta tentativa de membros do governo federal de transferir o estaleiro Jurong para o porto de Eike Batista, no Rio de Janeiro, a empresa assina hoje, no gabinete do governador do Espírito Santo um contrato de R$ 350 milhões com a construtora CR Almeida.

O estaleiro Jurong Aracruz já está em andamento e vai construir o primeiro navio-sonda de exploração de petróleo brasileiro.

"Isso mostra que o entendimento está firme aqui no Estado. Já existe uma obra grande, um píer que adentra o mar em 700 metros e é uma proteção do estaleiro, disse o governador Renato Casagrande (PSB).

"Isso põe uma pedra final nessa discussão. Se houve ou não a tentativa de tirar o empreendimento do Espírito Santo, isso não foi para a frente, está encerrado e a assinatura consolida isso."

A obra é um dos maiores investimentos no Estado.

"Para nós, é importante porque ainda não temos experiência naval."

O estaleiro já tem cinco sondas exploratórias de petróleo contratadas pela Sete Brasil e a Petrobras já encomendou dois navios, no valor de mais de R$ 10 bilhões. "Preferiram o Espírito Santo porque, para a produção de produção de petróleo, o Estado está bem localizado, no meio do Brasil, com petróleo para cima e para baixo, e conseguiram comprar uma área boa com porta para o mar."

O estaleiro começa a sua operação no próximo mês de dezembro, mas somente estará completamente concluído no final de 2014, quando deverá empregar aproximadamente 6.000 pessoas.

MÉDICOS DE GRAVATA
Na divisão de saúde da empresa de recrutamento de executivos Michael Page, 25% das vagas são para médicos capacitados a administrar hospitais, laboratórios e indústrias farmacêuticas.

É a primeira vez que a consultoria registra uma elevada procura pelos especialistas. Os salários variam de R$ 11.000 a R$ 45.000 por mês.

"São posições que geram interesse dos médicos, mas eles sentem as dificuldades na transição de uma área pela outra", diz Raphael Revert, headhunter especializado no mercado da saúde.

Na Flow Executive, consultoria que recruta profissionais para alguns cargos de liderança, também é grande a procura por esses profissionais. O salário é de aproximadamente R$ 30.000 por mês.

"Não existem tantos médicos com capacidade para gerir disponíveis no mercado, por isso eles são valorizados", afirma o sócio da companhia, Joseph Teperman.

SABOR EM CONSERVA
A Gomes da Costa, empresa de processamento de pescados, vai passar a concorrer em um mercado em que ainda não atua, o de vegetais em conserva. A companhia comercializará aspargos e coração de alcachofra.

"Uma pesquisa de mercado indicou que tínhamos uma boa oportunidade nessa categoria. A previsão é alcançarmos 10% de participação desse mercado nos próximos meses", segundo Alberto Encinas, presidente da Gomes da Costa.

A empresa vai iniciar também, em aproximadamente dois meses, a produção do filé de salmão no país, em sua fábrica de Itajaí, em Santa Catarina. Anteriormente o produto vinha pronto e enlatado da Alemanha.

"Vamos importar o filé de salmão limpo do Chile e faremos o processo de industrialização no Brasil", afirma o executivo.

R$ 17 milhões

é quanto a empresa vai investir em lançamentos de novos produtos neste ano

18,6%

foi quanto a companhia aumentou o seu faturamento, em 2012. O volume de vendas cresceu 12,7% no mesmo ano

BRASILEIROS INVISÍVEIS
Consumidores brasileiros são quase imperceptíveis em um dos destinos de compras preferidos pelos orientais.

Na DFS Galleria (rede de lojas do grupo LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton que comercializa marcas de luxo como Céline, Givenchy e Pucci) de Cingapura, não é possível saber a posição ocupada por brasileiros na lista de consumidores por nacionalidade.

"Os brasileiros são muito poucos, mas têm um grande potencial de expansão. [Entre os Brics], os russos têm crescido bastante", Zann Ng, da DFS, que vende roupas, maquiagens e joias, e lembra uma loja de departamentos.

De 60% a 70% dos consumidores da unidade de Cingapura, no entanto, seguem sendo asiáticos. A Indonésia é um dos mercados emergentes mais significativos para a marca, segundo Zann.

Refrigerante... A Pepsi estampará sua marca também em peças de roupa ainda neste ano. A Fakini Malhas fará a gestão da linha de vestuário da empresa americana e já trabalha na coleção que estará à venda no próximo mês de junho.

...no cabide As cerca de 200 mil peças serão comercializadas em lojas múltimarcas de todo o país e, a previsão da gestora, é faturar cerca de R$ 6 milhões em vendas até o fim deste ano. O contrato entre as empresas é de três anos.

A revolução de Gutenberg e as reformas brasileiras - ROBERTO LUIS TROSTER

O ESTADÃO - 22/04

A manhã é comemorada uma das criações mais importantes da humanidade: o livro. A festa foi oficializada em 1930, em homenagem a Miguel de Cervantes e a William Shakespeare, que coincidentemente passaram para a imortalidade em abril de 1616. Entretanto, o maior mérito por sua popularização foi de um não escritor: Johannes Gutenberg.

Até o século 15, os livros eram caros, copiados a mão, feitos por encomenda e com muitos erros e diferenças de transcrição - alguns textos de Aristóteles chegam a ter oito versões diferentes. Havia uma seleção conveniente do que deveria ser produzido e muitas das reproduções eram alteradas. Serviam para preservar sistemas de poder e evitar mudanças nas relações sociais.

A inovação do uso de tipos móveis de impressão por Gutenberg objetivava apenas baratear os livros: estima-se que conseguiu um preço final 30 vezes menor que o do exemplar copiado a mão, além de oferecer um produto de melhor qualidade. Mas a inovação fez muito mais do que isso.

O uso da imprensa pode ser considerado como o marco de início do mundo moderno. O acesso a mais informação com livros mais baratos aumentou exponencialmente a alfabetização da classe média europeia e fez com que novas ideias se propagassem pelo mundo. Uma análise estritamente quantitativa mostra uma elevação considerável e sustentada das taxas de crescimento econômico mundial a partir de então.

Os livros impressos quebraram o monopólio da aristocracia e da igreja na difusão do conhecimento. Dessa forma, detonaram uma série de revoluções no mundo: econômicas, políticas, religiosas e científicas. Decretaram o fim do geocentrismo e do absolutismo e o início da rotação de culturas na agricultura e das grandes navegações. Foram fundamentais para a transição entre a Idade Média e o mundo moderno.

Outra mudança radical provocada pela inovação de Gutenberg foi a Reforma Protestante. Ao conseguir imprimir milhares de cópias de suas 95 teses e distribuí-las por toda a Europa, Lutero difundiu sua mensagem e granjeou seguidores.

As revoluções políticas na Europa e na América e a industrial na Inglaterra ilustram a força transformadora das ideias. Coincidentemente, os países que se ajustaram mais rapidamente foram os que mais cresceram. Há muitos paralelos entre a revolução de Gutenberg e o momento atual.

A transformação radical em razão da tecnologia e da globalização antecipa uma economia baseada no conhecimento e em cadeias produtivas globais. A questão central é a adequação das pessoas, empresas e países. Alguns, como a China, estão levando vantagem.

No Brasil, observa-se um crescimento menor do PIB e um encolhimento maior do setor industrial em relação ao resto da América Latina e do mundo. As explicações incluem a política educacional capenga, o protecionismo, reservas de mercado e o foco nos lucros de curto prazo. Vive-se uma realidade que exige um novo paradigma, com outras noções de tecnologia, tributação, logística, políticas macroeconômicas, velocidade de adaptação e de acesso ao conhecimento.

Para as empresas, as transformações implicam que os dois fatores-chave sejam sua inserção nas cadeias produtivas globais e a qualificação do capital humano. Em alguns setores as mudanças são mais rápidas que em outros. A opção é clara: ou um ajuste ou uma perda de mercados. É peremptório imaginar outras formas de produzir, distribuir e aprender.

O futuro do Brasil depende fundamentalmente de duas linhas de atuação: o aprimoramento da infraestrutura - física e institucional - para o setor empresarial e a política educacional.

Há uma agenda latente de reformas que deve ser retomada. É preciso avançar nas relações trabalhistas, numa justiça eficiente e rápida, na redução da burocracia, na segurança jurídica e na simplificação da tributação para dar competitividade internacional às empresas brasileiras. É requisito para incentivar investimentos de empresários locais e externos. Sem isso, as taxas de crescimento do PIB continuarão baixas.

O outro requisito para crescer é investir no capital humano. É possível imaginar a tecnologia a serviço da aprendizagem, com uso intensivo de ferramentas interativas que absorvam e ampliem a vontade de saber, multiplicando o potencial de cada aluno e professor. A educação nunca teve perspectivas tão promissoras.

É difícil prever o futuro do livro. Algumas inovações baratearam o custo de produção e distribuição, possibilitando edições menores e mais baratas. Há também novas formas de divulgação e armazenamento de informações, o que permite antecipar que o número de enciclopédias impressas seja reduzido e o uso de dispositivos de leitura como o Kindle e o iPad aumente. Entretanto, o encanto de um livro impresso bem escrito e encadernado com esmero ainda não tem substituto. Subsistirá.

Finalizando. É dia de celebrações e de dar livros. Presto minhas homenagens a toda a cadeia produtiva do livro: autores, editores, professores, encadernadores, livreiros e a Raquel Santos da Silveira e Maria Olga Garcia, que têm o dom de transformar depósitos de livros em bibliotecas cheias de vida.

Para os leitores deste artigo, uma recomendação como economista, que pode ser comprada na versão impressa, mas também descarregada sem custos da internet: Lombard Street, de Walter Bagehot.

Publicada originalmente em 1873, a obra trata do sistema bancário inglês, na época, o centro financeiro do mundo. Com uma análise acessível de crises, do papel que deve ter o banco central, o livro mostra como um sistema de intermediação financeira bem ajustado pode contribuir para o desenvolvimento de um país, como ocorreu na Inglaterra do século 19 e pode ocorrer no Brasil de 2013. Causou uma revolução no pensamento bancário que perdura até hoje. Uma leitura imperdível. Recomendo. Feliz Dia do Livro a todos amanhã!

Código Florestal II - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 22/04

Alguém se lembra do descompasso entre governo e base aliada quando da análise do Código Florestal? Quem esqueceu ou não acompanhou é bom dar uma olhada nas reportagens sobre o tema publicadas no ano passado. Ali, o PMDB e a bancada ruralista derrotaram o governo em pontos cruciais da proposta. Agora, a batalha em torno da Medida Provisória 595, o novo marco regulatório dos portos, seguirá na mesma batida. Liderados pelo PMDB, um dos primeiros a manifestar suas insatisfações com o texto do relator, os partidos da base aliada vão abrir uma guerra contra os desejos do Planalto nessa matéria. A previsão é de “chutes na canela”.

Uma das semelhanças entre os dois processos é justamente a liderança do PMDB. Em 25 de abril, quando o governo foi derrotado na apreciação do Código Florestal, o relator era o deputado Paulo Piau (PMDB-MG), da bancada ruralista. Desta vez, o relator é o líder do governo no Senado, Eduardo Braga, também do PMDB. Naquele período, o hoje presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), chegou a dizer no plenário que não adiantava os ministros do PMDB fazerem apelos para votar com o governo, porque não daria resultado.

Desta vez, o relatório de Braga está de acordo com o que deseja o governo. O problema é que não está de acordo com o que desejam o PMDB e a grande parte dos aliados. A oposição ao texto tem entre seus líderes Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Será o autor de uma série de destaques supressivos, ou seja, que excluem partes do projeto.

Os estudos feitos até agora pelos peemedebistas indicam que há vários pontos em que o governo poderá conceder autorizações de exploração dos portos sem obedecer a licitações públicas. Também não ficou claro o sistema de contratações de mão de obra. Em conversas reservadas, há quem diga que apenas grandes empresas, como a Odebrecht, saíram ganhando no texto atual. E se o governo não conseguir convencer os deputados do contrário, eles vão querer dividir esses ganhos com outros atuantes nesse setor. Além disso, há uma sensação entre os líderes de que há concentração demais para tratar desse tema na Secretaria de Portos.

Enquanto isso, entre aqueles fechados com o Planalto…

Os grupos mais afinados com o texto produzido a partir das avaliações do governo consideram que não deve chegar ao que foi o Código Florestal, porque os atuais administradores portuários não são um segmento tão forte e organizado como a bancada ruralista dentro do Congresso. Além disso, há a clara sensação entre os eleitores de que os portos são um poço de problemas. Logo, é preciso dar uma chance à remodelagem, ainda que não seja ideal.

Em relação ao PSB, há quem diga no governo que os problemas estão resolvidos. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, havia se posicionado contra o texto por causa da centralização em Brasília das decisões sobre o Porto de Suape. Agora, o relatório de Braga abre a possibilidade de o estado continuar no comando. Ou seja, os socialistas não teriam muitos motivos para votar contra, até porque têm o ministro dessa área, Leônidas Cristino, ligado ao governador do Ceará, Cid Gomes.

Confirmado esse apoio ao longo desta semana, quando a proposta de Eduardo Braga começa a ser analisada pela Comissão, surgirá no ar um novo aroma de realinhamentos partidários. Governo e PSB mais próximos e o PMDB mais distante. Pode ser a senha para que Eduardo Campos dê alguns passos em direção a Dilma. Hoje, ele não quer ficar nem tão perto que pareça apoio irrestrito e nem tão longe que pareça rompimento. Esse meio termo, perdido há alguns meses, pode ser retomado agora.

Por falar em prazos…

É real a possibilidade desta MP dos Portos perder a sua validade. A votação esta semana é considerada é incerta. A próxima tem um feriado, Primeiro de maio, Dia do Trabalho, em plena quarta-feira, leia-se Congresso vazio. Sobrariam as duas semanas seguintes. Se levarmos em conta que as excelências só dão expediente em Brasília de terça a quinta, há entre 7 e 9 de maio e, depois, entre 14 e 16, data de vencimento da Medida Provisória. Vai apertar. Pode escrever, leitor.

Queda de braço - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 22/04

Em meio ao debate sobre a PEC 37, que tira poder de investigação do Ministério Público, o inquérito sobre o ex-presidente Lula divide Polícia Federal e procuradores. Delegados da cúpula da PF têm criticado membros do Ministério Público que dão publicidade a investigações em curso. No caso do depoimento de Marcos Valério, que embasa o inquérito, delegados dizem que terão que refazer o trabalho dos procuradores, que não teriam feito perguntas cruciais para esclarecer acusações.

Inferno astral Meses após ter sido demitida do governo federal, a ex-chefe de gabinete da Presidência Rosemary Noronha tem agora de lidar com outra dor de cabeça: um irmão seu perdeu o emprego na semana passada na Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, em São Paulo.

Academia Joaquim Barbosa fará uma conferência na universidade de Princeton (EUA) nesta semana. A faculdade bancará a passagem. Além da palestra, o presidente do STF recebeu convite para uma homenagem da revista "Time", por figurar na lista dos cem mais influentes do mundo.

Tão perto Pesquisa coordenada pelo publicitário Renato Pereira para definir a linha do programa do PSDB que irá ao ar em maio detectou empate técnico entre Dilma e Aécio Neves na classe A. Nesse segmento, Marina Silva aparece em terceiro lugar.

Tão longe O bom desempenho de Aécio entre os mais ricos ainda não se reflete na pesquisa geral, que encontrou números bem semelhantes aos levantamentos recentes do Datafolha e do Ibope, com Dilma vencendo já no primeiro turno.

Tudo azul A despeito de petistas divulgarem que Lula está irritado com José Dirceu por ter acusado Luiz Fux de ter prometido absolvê-lo no mensalão, o ex-presidente e seu ex-titular da Casa Civil têm se falado normalmente.

Saia justa 1 Causou mal-estar no BNDES a determinação de Dilma de mandar nomear o ex-ministro demitido Wagner Bittencourt para a vice-presidência da instituição, no lugar de João Ferraz.

Saia justa 2 Braço direito de Luciano Coutinho, Ferraz foi desalojado do posto e ainda não há definição de seu futuro. Coutinho deverá propor a criação de mais uma diretoria para abrigar o ex-vice.

Agora vai? Jaques Wagner e ACM Neto devem assinar hoje contrato para estadualização do metrô de Salvador, em obras há 12 anos. O governo baiano passará a administrar a linha 1, da capital, e assumirá a construção da linha 2, interligação para Lauro de Freitas.

Tête-à-tête Os deputados Pedro Tobias (estadual) e Duarte Nogueira (federal) se reúnem hoje para tratar da eleição do PSDB paulista. Tobias, atual presidente, só abre mão da disputa se houver apelo pessoal de Geraldo Alckmin.

Plano B Após a crise na capital, o governador sofre pressão para agir antes do dia da disputa. Caso opte por Tobias no partido, poderá instalar Nogueira na secretaria-geral nacional da sigla ou convidá-lo para o primeiro escalão de seu governo.

Esqueceram... O deputado federal Vicente Cândido se uniu à corrente PT de Lutas e de Massa, controlada pela família Tatto, para lançar Francisco Chagas à presidência do PT paulistano.

... de mim No entorno de Fernando Haddad, a candidatura é interpretada como uma tentativa de ampliar espaço na administração para a ala petista que se diz "desprestigiada", em especial nas subprefeituras.

tiroteio
Hugo Capeto foi eleito rei da França em 987. Um vassalo ousou perguntar-lhe: quem te fez rei? Rosemary Noronha, quem te fez rainha?
DO SENADOR ALOYSIO FERREIRA (PSDB-SP), sobre a investigação que revela possível enriquecimento ilícito da ex-chefe de gabinete da Presidência em SP.

contraponto


Bonito é pra se mostrar


A ministra da Cultura, Marta Suplicy, apresentava as prioridades da pasta em 2013 para a Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado na semana passada, e começou a listar os órgãos coligados ao ministério.

--Temos sete coligadas que são muito importantes: a Ancine, a Fundação Palmares, a Fundação Casa de Rui Barbosa, a Funarte, o Iphan, Ibram e a Cinemateca.

Recebeu bilhete alertando que tinha esquecido a Biblioteca Nacional. E deu um cutucão nas gestões anteriores:

--Agora não tem nem motivo mais para esquecer... Ela está indo super bem!