segunda-feira, julho 16, 2012

Cachoeira pode salvar o Brasil - GUILHERME FIUZA



REVISTA ÉPOCA
Carlinhos Cachoeira perdeu a vontade de viver. Está extremamente deprimido, muito chateado mesmo. Quem deu essa notícia triste foi a noiva do "empresário da contravenção", Andressa Cachoeira. A mesma que dois meses atrás dava risadas, dizendo que seu amado conquistara muita gente por ser "uma pessoa encantadora". Na época, a musa dos caça-níqueis fazia planos para o casamento assim que Cachoeira saísse da prisão. Hoje o casal não parece mais tão feliz. O que mudou, afinal?
Aparentemente, nada. Carlinhos continua preso, Andressa continua linda, e o patrimônio milionário dos Cachoeiras, construído com o suor dos políticos comprados, continua intacto no laranjal da família. O que estará azedando esse conto de fadas do Cerrado? Ao que tudo indica, a culpa é da CPI.
Quando todos os holofotes estavam apontados para a Comissão que investiga as obras completas do bicheiro, olhando para o escândalo, os clientes de Cachoeira tremiam em seus gabinetes. O risco a seus mandatos e pescoços recomendava um olhar carinhoso para com Carlinhos, garantindo-lhe tratamento republicano com a grife de Márcio Thomaz Bastos, o padroeiro das causas malcheirosas. Era um tempo de otimismo, com governantes e parlamentares suando frio, e a sensação de que a qualquer momento um habeas corpus mágico do doutor Márcio acabaria com aquele constrangimento todo. Como chegou a ponderar Andressa, "ninguém está livre de ser preso" - ou seja, era um mero incidente a superar, para o bem de todos (os sócios).
Mas algo deu errado. O Brasil, entediado, mudou de novela. Preferiu os pilantras de Avenida Brasil e os charlatões da Rio+20. Abandonada pelo público, a CPI ficou à vontade para embromar sem culpa. Aliviou o ex-dono da Delta, barrou sua convocação tranquilamente, enquanto a plateia assistia ao teatro da salvação do planeta no Rio de Janeiro. Os depoimentos de Fernando Cavendish e Luiz Antonio Pagot (ex-diretor do Dnit) ficaram para depois das férias, depois das Olimpíadas, depois do início da campanha eleitoral - enfim, ficaram para depois. É como se o desfile da Mangueira fosse marcado para Quarta-Feira de Cinzas.
Carlinhos não merecia isso. Com a queda vertiginosa da CPI no ibope, seus companheiros no Congresso e nos palácios descobriram que a farra pode sair mais barata do que parecia. Se o Brasil não está nem aí, eles também não estão. Cachoeira começou a entender que pode mofar onde está. Daqui a pouco o comando da República popular desloca Thomaz Bastos para refrescar outro aloprado, e a jovem Andressa perceberá que ninguém está livre de continuar preso. A essa altura, talvez nem a Playboy a queira mais.
Como rei morto é rei posto, Adriano Aprígio, o ex-cunhado de Carlinhos e um de seus principais testas de ferro, já caiu também. Foram descobertos e-mails enviados de sua casa à procuradora Léa Batista de Oliveira, uma das denunciantes do bicheiro, em tom não muito educado: "Sua vadia, ainda vamos te pegar. Cuidado, você e sua família correm perigo". A prisão de Aprígio, um dos guardiões do patrimônio dos Cachoeiras, fez Carlinhos passar mal na cadeia, como revelou sua noiva, consternada: "Ele desmaiou.
O diretor pegou, levou ele para a sala do diretor. Ele passou muito mal, muito mal mesmo". É comovente ver um homem que tanto fez por tanta gente sofrendo assim, sozinho, com as notícias terríveis que recebe na cadeia. Neste momento de dor, vai aqui um conselho ao torturado réu: nobre empresário da contravenção, pare de esperar pela providência dos falsos companheiros. Acabe você mesmo com a solidão. Agora.
Faça como Roberto Jefferson: aperte o botão vermelho. Conte quem no governo federal mandava proteger a Delta e aprovar todos os acréscimos de contrato que a construtora espetava no PAC. Explique resumidamente como esse dinheiro saía do governo e voltava para as campanhas dos políticos aliados ao governo, passando por suas empresas de fachada.
Acorde, senhor Cachoeira. Seus amigos palacianos vão esquecê-lo nesse cubículo. Seus esquemas serão refeitos com outro despachante mais esperto. Entregue esses parasitas com crachás de revolucionários. O Brasil lhe será eternamente grato.

Como garimpar oportunidades - GUSTAVO CERBASI

FOLHA DE SP - 16/07


Quanto mais envolvido estiver o investidor, mais apto estará a identificar oportunidades


Que atire a primeira pedra quem nunca se frustrou ao buscar uma dica de investimentos aparentemente quente e, tempos depois, percebeu que fez uma péssima escolha.

Será que especialistas e imprensa especializada tentam ludibriar os menos experientes? Ou será que bons investimentos simplesmente deixam de ser bons quando pessoas comuns passam a optar por eles?

Aposte nessa segunda reflexão. Um bom investimento hoje provavelmente deixará de ser bom em um prazo não muito longo. Isso não é profecia, mas sim pura lógica econômica. Os melhores investimentos provavelmente serão as maiores causas de frustrações para desavisados, simplesmente porque oportunidades têm prazo de validade.

Ganho fácil é aquilo que chamamos de oportunidade, pois é improvável que, sendo fácil, dure muito tempo. Afinal, quanto maior a facilidade de ganhos que uma oportunidade traz, mais evidente ela é para empreendedores e investidores, e mais rapidamente atrairá interessados em aproveitá-la.

Quando muitas pessoas disputam uma oportunidade, ela se torna escassa e encarece, deixando de ser uma oportunidade. Em outras palavras, mostre-me um caminho fácil para ganhar dinheiro que eu consigo torná-lo difícil. Essa é uma reflexão essencial para quem lida com escolhas de investimentos e negócios.

Se muitos investidores disputam imóveis em uma região que se valoriza, a própria disputa gera escassez, que faz os preços dos imóveis subirem. Isso chama a atenção do mercado, atrai ainda mais investidores, criando preços desequilibrados, que em um segundo momento passam a despertar maior racionalidade e gerar desconfiança de que o desequilíbrio existe. Nesse momento, a oportunidade se esgotou.

Se os preços subiram demasiadamente, pode acontecer uma queda abrupta de preços, causando o que se chama de estouro da bolha. Se a alta não for considerada muito absurda, os preços simplesmente estacionam em um certo patamar ou entram em um processo de declínio gradual por falta de interessados.

Esse fenômeno acontece com todo investimento que se torna uma moda. Pode ser no mercado de imóveis, de ações ou de qualquer outro ativo. Segundo a lei da oferta e da demanda, tudo o que está na moda tende à saturação.

Por isso, uma das principais regras de sucesso de quem investe ou pretende investir é se envolver cada vez mais com o mercado em que negocia seus ativos. É importante acompanhar diferentes fontes de análise, frequentar eventos e cursos, trocar experiências com outros investidores e inovar na forma de estudar o desempenho da carteira de ativos.

Quanto mais envolvido estiver o investidor, mais apto estará a identificar oportunidades -as novas, e não as velhas que já estão perdendo força.

Isso não significa que não há saída para aqueles que têm pouca experiência com investimentos. A velha recomendação estratégica continua válida: quanto menor seu envolvimento com investimentos, mais conservadora deve ser sua carteira. Porém, com juros na casa de 8% ao ano e ganhos reais pouco acima de 2%, nem o mais conservador dos investidores deve se dar ao luxo de ter apenas recursos em renda fixa.

Os mais conservadores deveriam ter uma parcela pequena dos investimentos em mercados de renda variável, seja em ações, commodities ou pequenos imóveis, para poder sentir o oportuno desconforto do sobe e desce dos preços. Por que oportuno? Porque as quedas de preços nos incomodam.

O incômodo deveria levar o investidor a buscar mais informações sobre a perda que afeta parte de sua carteira, e essas informações o conduziriam a oportunidades ainda em seu estágio inicial. Daí viria o verdadeiro processo de enriquecimento, quando uma oportunidade de ganho fácil se mostra evidente e o investidor saca boa parte de sua renda fixa para comprá-la ainda barata.

Em tempos de juros baixos, oportunidades estão raras. Se você tem algo gerando resultados muito bons, tem em mãos um forte sinal de alerta. Pode estar chegando a hora de se desfazer desse ótimo ativo e buscar a próxima oportunidade.

Saída para reduzir burocracia - GUILHERME CAMPOS

O GLOBO - 16/07


Destravar investimentos públicos como forma de reativar a economia é, atualmente, a principal meta do governo. Para isso, o BNDES já criou, por exemplo, linha de crédito, com redução dos juros e concedeu uma nova linha de crédito para os Estados.

Outra investida para chegar ao seu objetivo é a flexibilização da Lei 8.666, que trata das licitações. A ideia é que as obras saiam mais rapidamente do papel, sem passarem por todo o trâmite burocrático que a legislação exige. A flexibilização, porém, acontece de maneira polêmica, por meio da ampliação do sistema de licitações já usado nas obras para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, conhecido como RDC (Regime Diferenciado de Contratação).

Em um primeiro momento, o governo quis adotar o RDC nas obras do PAC na medida provisória 556, que tratava, entre outros temas, da contribuição do Plano de Seguridade do Servidor Público. (Nota-se, nenhuma relação com obras, com o PAC, muito menos com a lei das licitações.) Mas como diversos partidos, incluindo o PSD, foram contra a ideia, a investida fracassou e a medida provisória perdeu a eficácia no último dia 31.

Mesmo diante da derrota, a tentativa seguinte foi mais ampla: adotar o RDC não só para o PAC, mas também para a área de educação e do Sistema Único de Saúde (SUS). A ampliação foi incluída na medida provisória 559, que autoriza a Eletrobras a assumir o controle acionário da Celg. (Mais uma vez, a MP não tem nenhuma relação com a lei de licitações.)

A MP já foi aprovada pela Câmara, mas os deputados estenderam o RDC apenas para as obras do PAC, retirando o regime para o SUS e para a educação. Ou seja, o entendimento foi o de que todas as obras do principal programa do governo estarão sujeitas às mesmas regras das licitações dos estádios da Copa do Mundo, sem passar por todo o trâmite que a Lei de Licitações exige.

Apesar de as investidas no Congresso tentarem dar agilidade às obras, destravando os investimentos públicos — o que realmente precisa ser feito neste momento —, o método que está sendo usado para isso não é o mais apropriado.

Ampliar o RDC nada mais é do que um reconhecimento do governo de que a Lei de Licitações não está sendo eficaz e precisa de mudanças. Usar o regime diferenciado para a Copa, OK, pois os jogos realmente são uma ex-cepcionalidade. O PSD apoiou a proposta quando esta passou pelo Congresso, afinal o último Mundial que aconteceu no Brasil foi em 1950. Mas não podemos fazer disso uma regra. Muito menos usar medidas provisórias que não têm nenhuma relação com o assunto para incluir “contrabandos”, já que o próprio Supremo Tribunal Federal proibiu esta prática.

O Regime Diferenciado de Contratações, portanto, claramente resolverá problemas pontuais, mas vai manter os municípios e os Estados com seus trâmites mais lentos, em obras que, nas cidades, são igualmente necessárias para o país porque tratam das necessidades mais urgentes dos moradores.

Além disso, caso o RDC seja adotado em quase todas as obras federais, como ficam os prefeitos e governadores? Seria claramente uma desvantagem onde o que é obra federal acontece e o que é obra municipal ou estadual se arrasta na burocracia.

Outro reconhecimento de que a Lei de licitações precisa ser alterada é o fato de tramitar hoje no Congresso pelo menos vinte propostas de mudanças diferentes na 8.666. O governo deveria ter coragem e encarar o problema, abraçando a ideia de mudar uma legislação de 1993, que, sem dúvida, representou uma evolução histórica, mas que agora precisa ser atualizada. O RDC pode ser um ponto de partida para as mudanças, mas não virar a nova regra do jogo.

O Largo da Concórdia - JOSÉ DE SOUZA MARTINS


O Estado de S.Paulo - 16/07


Chico Alves viera a São Paulo para apresentar-se em programas da Rádio Nacional. Naquele sábado, 27 de setembro de 1952, acompanhado de Rago e seu Regional, cantou, no Largo da Concórdia, alguns de seus muitos sucessos. Era homenagem a seus fãs do bairro do Brás. A caminho da Via Dutra, no retorno ao Rio, o cantor fez ali uma parada para o show, às 14h.

O Largo da Concórdia tivera feira de mulas, no século 19, abrigara circo e parque de diversões. Era agora um lugar de concentrações populares, perto das movimentadas estações do Norte e do Brás. Mutilado pela construção do Viaduto do Gasômetro, em 1949, perderia aos poucos a nobreza dos tempos áureos do bairro. Mas ainda estava lá o Teatro Colombo, onde Pietro Mascagni regera uma de suas óperas em tempos idos. O Brás mantinha a aura da época das serestas e da composição famosa de Alberto Marino,Rapaziada do Brás. Não estavam longe os corsos de carnaval na Avenida Rangel Pestana. O bairro vivia os últimos tempos de italiano e operário, das cadeiras na calçada para conversas das famílias depois do jantar.

Já existia aí por 1850. No fim de 1865, dera-lhe a Câmara Municipal o nome de Largo da Concórdia, tributo à cidade argentina onde se concentraram e de onde partiram para a luta as tropas brasileiras na Guerra do Paraguai, meses antes. Continua da Concórdia apesar da discórdia, há alguns anos, com os camelôs que o haviam ocupado.

A apresentação de Chico Alves foi um evento de fim de época, além de ser o seu último evento: ele morreria carbonizado, horas depois, na Via Dutra, em Pindamonhangaba, quando seu carro, ao se chocar com um caminhão que vinha na contramão, pegou fogo. Significativamente, cantou o fim de épocas. Gravara anos antes Seu Julinho vem, apologia de Júlio Prestes, presidente eleito da República. Seu Julinho não veio, cassado antes da posse pela Revolução de outubro de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. Um ano antes de morrer, Chico Alves gravara Bota o retrato do velho (Bota no mesmo lugar) para celebrar o retorno de Vargas ao poder, em 1950, cujo suicídio em 1954 daria início ao fim da Era Vargas.

Começou sua despedida de São Paulo no Largo da Concórdia cantando Caminhemos: "Não, eu não posso lembrar que te amei, eu preciso esquecer que sofri." Naquela época de amores impossíveis, ou ao menos difíceis, amava-se sofrendo. Nem o Carnaval escapava. Em Confete, que Chico Alves também cantou naquela tarde, a ausência estava lá, poeticamente: "Confete, pedacinho colorido de saudade".

Em seu enterro, no Rio de Janeiro, o povo cantou Adeus: "Quem fica, também fica chorando, com um lenço acenando, querendo partir também." Em São Paulo, dois dias antes, sem o saber, Chico cantara o réquiem do antigo Largo da Concórdia, o largo do povo do Brás.

Saudades de nunca - LÚCIA GUIMARÃES


O ESTADÃO - 16/07


Um dos esportes preferidos deste verão escorchante é tomar partido na polêmica sobre The Newsroom (A Redação), a nova série da TV a cabo que marca a volta de Aaron Sorkin, depois do triunfo de filmes como A Rede Social e Moneyball, O Homem Que Mudou o Jogo.

A trama: âncora apelidado de Jay Leno do telejornal vai a um evento numa universidade e reage à pergunta - "o que faz a América ser o maior país do mundo?" - com um ataque semelhante ao de Peter Finch no clássico Network (1976), escrito por Paddy Chayefsky. Sobrevoando a estupidez da pergunta, o âncora Will McAvoy se lança num discurso sobre a decadência americana, com truísmos do tipo "Nós combatíamos a pobreza, não os pobres!" e o vídeo, é claro, se torna viral. Está montado o cenário para a redenção do herói nas mãos da idealista produtora executiva contratada para mudar o rumo da divisão de jornalismo com um novo telejornal. Ela só se manifesta em sermões, "Nós não fazemos boa TV, fazemos jornalismo". Vamos sobrevoar o fato de que nenhuma redação de TV é habitada por hipercafeinados Ruys Barbosas. Afinal, como lembrou o crítico David Denby, num pomposo artigo Em Defesa de Aaron Sorkin, os jornalistas também não falavam como os personagens de Ben Hecht em The Front Page. Não sejamos literais.

Mas o próprio Sorkin convida ao literalismo porque seus jornalistas cobrem crises que aconteceram de fato e, ao reencenar dramas como o cataclísmico vazamento da plataforma da British Petroleum no Golfo do México, parecem estar nos dando uma lição de ética e competência. E por falar em competência, as duas mulheres mais talentosas da redação têm vidas afetivas desastrosas. Para entender um pouco o clichê, faça uma busca online com estes dois nomes, Aaron Sorkin e Sarah Nicole Prickett, a correspondente do jornal canadense Globe and Mail (inserir aqui efeito sonoro semelhante ao grito de Tarzan).

Aaron Sorkin, é bom lembrar, reinventou o drama na TV nos anos 90 com The West Wing, a série que representava uma Casa Branca idealista e inspirou muitos jovens a entrar na política. Seu diálogo é tão marcante que ele mesmo não resiste a se plagiar, como mostra uma esperta montagem Sorkinism - A Supercut, feita por um fã no YouTube. Um sorkinismo é um diálogo acelerado em que pessoas nunca acometidas por dúvidas esvaziam o cartucho de sua metralhadora moral com a destreza dos personagens de Frank Capra. No evangelho segundo Aaron Sorkin, aqui caberia um comentário sarcástico para embaraçar os leitores jovens que não sabem quem diabos é Frank Capra. Mas não me interesso pelo tipo de desprezo geracional exibido pelo protagonista-alter ego de Sorkin, Will McAvoy, vivido por Jeff Daniels: "A sua é a pior - ponto - geração - ponto - de todos os tempos", diz ele, logo no começo do primeiro episódio.

O que me leva a especular sobre o verdadeiro racha exposto pelos defensores e detratores de The Newsroom.

O confronto aqui não é entre a virtude da era de jornalistas como Edward Murrow (bem representada em Boa Noite, e Boa Sorte) e o oportunismo invertebrado do jornalismo na era digital. Sorkin deixa claro que detesta Facebook, Twitter e despreza a incultura dos novos habitantes das redações.

No planeta de Aaron Sorkin, a "América", este país só assim chamado pelos estadunidenses, já foi, sim, o maior e melhor país do mundo, até começar a pecar com a Guerra do Vietnã. O jornalismo americano era uma bolha de integridade não afetada pela ganância das novas corporações de mídia. E homens brancos com a cabeleira cada vez mais rala podiam encher a cara de scotch às 3 da tarde e arrotar insultos porque sua superioridade intelectual e moral justificava qualquer preço pago por mulheres e minorias, representadas em The Newsroom pelo inevitável indiano nerd e o produtor negro que tem coragem de criticar Obama.

Como uma profissional jurássica, isto é, pré-internet, e com experiência de redação no tempo em que o país todo se reunia em torno do telejornal noturno, eu não reconheço este mundo de Aaron Sorkin. Mas reconheço que, se for convidada, a qualquer hora do dia posso ajudar Aaron Sorkin a esvaziar uma garrafa de single malt e chorar as perdas da minha profissão.

Desconfio que o saudosismo feroz do autor não é apenas pelo papel do jornalismo na vida cívica. É pelo declínio do seu próprio papel, como membro de uma elite da cultura popular traumatizada com o impacto tecnológico. O mundo do trabalho não opõe simplisticamente luditas a savants digitais. Sorkin ganhou o Oscar pelo ótimo roteiro em que reduz a emergência do Facebook à dor de cotovelo de seu fundador. Mas desprezar Mark Zuckerberg não é o mesmo que apontar para um futuro alternativo.

Mochilas que colidem - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 16/07


RIO DE JANEIRO - Nos aviões é assim. O jovem de mochila às costas avança pelo corredor, indiferente às pessoas que já se sentaram e estão desgraçadamente no trajeto de seu apêndice. O jovem não se altera. A mochila vai abrindo caminho, colidindo com rostos, penteados, óculos. Depois de muitos voos, alguns passageiros ficam craques na arte da esquiva ou da encolha.
Há algo de especial no portador de uma mochila. Talvez o fato de ocupar mais espaço do que os não portadores de mochila o faça sentir-se com certos direitos, entre os quais o de não pedir licença para passar ou desculpas por um ocasional esbarrão. O portador de mochila é também um ardente adversário da lei segundo a qual dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço. Para ele, uma mochila pode e deve ocupar espaços previamente ocupados.
Talvez eu esteja sendo rigoroso com os portadores de mochilas. Quem sabe a desenvoltura das mochilas seja coisa delas, como se tivessem vontade própria ou se regulassem por leis que só elas conhecem?
E será coincidência que, sempre de lona, as mochilas têm uma notável tendência à morrinha? Tudo bem, esta pode ser apenas uma idiossincrasia do cronista. Mas, pelo que me dizem, o conteúdo natural das mochilas são gorros ensebados, agasalhos que não costumam ser lavados, tênis com extensa quilometragem, tudo enfiado à força, e outros itens que não requerem manutenção e vão direto para o lixo depois de muito uso, inclusive a própria mochila.
Note bem, longe de mim negar a praticidade das mochilas. Elas são portáteis, esportivas e passam de passagem, sem problema, pelo check-in no balcão do aeroporto. O mesmo não acontece com as malas caretas, grandes e duras, que não podemos levar para o avião. E que, pensando bem, não teriam lugar no espaço reservado à bagagem, já atulhado de mochilas.

Abaixo a enrolação - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 16/07

O Ministério do Turismo publica hoje portaria que limita os pedidos de reanálise de prestação de contas dos convênios. Pela nova regra, quem receber dinheiro da pasta terá direito a apenas dois pedidos de reavaliação. A medida serve para enquadrar parceiros e entidades que empurravam indefinidamente a documentação para protelar o processo. Especialmente, aqueles que não fizeram a aplicação correta.

ABAIXO 2

Em 2011, o então ministro Pedro Novais caiu em meio a escândalo de irregularidades em convênios da pasta. O ministério tem um passivo de mil processos em análise. Espera zerar com a nova regra. Há casos de conveniados que entraram com mais de 15 pedidos de reanálise. A partir de agora, após o segundo pedido, será inscrito automaticamente no cadastro de inadimplentes e ficará proibido de receber dinheiro.

CHOVE CHUVA

Guarda-chuvas da Casa Cor SP, oferecidos a visitantes, foram vistos sendo usados por travestis e garotas de programa em frente ao Jockey, local onde acontece o evento. Patrocinadores da mostra pediram para funcionários recolherem os objetos. A Casa Cor diz "desconhecer" o episódio.

SURRUPIADO

E outro furto ocorreu dentro da Casa Cor. Um iPad sumiu do espaço BGourmet, da Brastemp. A assessoria do evento diz que foi durante festa para convidados. O local conta com seguranças.

CAMINHOS OPOSTOS

Acabou a sociedade entre Marina Mantega, filha do ministro Guido Mantega, da Fazenda, e Georgia Atalla na primeira loja da grife Balmain no Brasil. Georgia diz que saiu do negócio para tocar outros projetos. Marina será a única dona. A butique deve abrir até o fim do mês no shopping Cidade Jardim.

BAMBOLÊ

A cantora Mallu Magalhães, 19, está sendo vista com uma aliança de compromisso, de ouro, na mão esquerda. Foi presente do namorado, o músico Marcelo Camelo. Os dois moram juntos, mas ainda não se casaram oficialmente.

SPFW POR AÍ

Como não poderá ser realizada na Bienal, a edição extra da SPFW em outubro deve se espalhar pela cidade. A ideia é que os desfiles ocorram no showroom das marcas. O prédio do Ibirapuera abrigará a Bienal de SP.

PLIM-PLIM

Produção para TV, cinema, publicidade e jornalismo foi o curso mais concorrido no último vestibulinho das Etecs (escolas técnicas estaduais de São Paulo). A concorrência chegou a 19,75 candidatos por vaga. O curso começou a ser oferecido no 2º semestre de 2011.

A irmã da Nina
Caroline Abras, 24, é uma das protagonistas do longa "Augustas", de Francisco Cesar Filho, que estreia em 2013. "Sou paulista, cresci perto da rua Augusta. Faz parte da minha história", diz. A atriz está no ar em "Avenida Brasil" como Begônia, irmã da protagonista Nina. "Fiz cinco novelas e nunca senti uma resposta tão intensa e imediata do público." Sobre ser chamada de a Chloë Sevigny (atriz americana) brasileira, diz: "É uma comparação pelo físico, mas tudo bem. Adoro o trabalho dela".

PASSAPORTE

A atriz Bianca Salgueiro, que conquistou o primeiro lugar no vestibular da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) em 2011, enquanto fazia a novela "Fina Estampa", está passando um mês em San Diego (EUA). Ela narrará seu intercâmbio num blog antes de voltar ao Brasil, em agosto, para começar o curso de engenharia.

Não estou preocupada com os números

O programa "Encontro com Fátima Bernardes", da TV Globo, abordou o tema autismo há alguns dias. A atração exibiu depoimentos de médicos e de pais de filhos com o transtorno.

Mãe de uma criança autista, a jornalista carioca Patrícia Trindade não gostou da abordagem do debate. Ela publicou um post no blog www.napracinha.com.br e no Facebook criticando a "maneira superficial" como o tema foi tratado.

O texto teve mil compartilhamentos na rede social até a noite de sexta.

Entre outras coisas, Patrícia diz que o "Encontro" reforçou alguns estereótipos.

"Entendo a dor da Patrícia, mas um tema como autismo não se esgota em 30 minutos de um programa. Há uma certa injustiça quando ela fala que fomos superficiais", diz Fátima Bernardes à coluna, por telefone.

"A gente não tem a pretensão de fazer uma tese, de ser tão profundo a ponto de esgotar um tema. Nós jornalistas podemos voltar sempre a um assunto, senão estaríamos fritos", afirma.

Fátima pede uma segunda chance. "Nenhuma das questões que a Patrícia aponta procedem. Pediria que ela revisse o programa com um pouquinho mais de tranquilidade."

A apresentadora falou ainda da pressão nos primeiros dias, de ibope e da sua alegria com o novo desafio.

Folha - Como você analisa o programa até agora?

Fátima Bernardes - Vou esperar três meses para fazer uma avaliação. Mas continuo muito feliz de fazer esse trabalho.

Acha que as críticas à atração estão sendo muito pesadas?

Acho que elas estão sendo muito rápidas.

A baixa audiência, a questão dos números, é algo que te preocupa?

Isso não é algo que está me preocupando nem um pouco. Vamos deixar pra falar mais pra frente.

Mais que nada

O filme "Menos que Nada", de Carlos Gerbase, teve pré-estreia no shopping Frei Caneca, com a presença dos atores Rosanne Mulholland, Maria Manoella e Felipe Kannenberg, que estão no elenco. A atriz Paula Franco também foi conferir a obra.

Liga, desliga

A mostra visual "On_Off - Experiências em Live Image" teve sua oitava edição no Itaú Cultural. O VJ Nicolas Boritch e o artista Ricardo Carioba participaram.

Curto-circuito

Paulo Moreira Leite lança hoje o livro "A Mulher que Era o General da Casa", na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na av. Paulista, às 18h30.

A pizzaria A Esperança do Itaim abre amanhã a mostra "A Arte de Comer Bem", com fotos de Dadá Cardoso. Em prol do instituto de Valéria Baraccat.

com LÍGIA MESQUITA (interina), ELIANE TRINDADE (colaboração), ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER e OLÍVIA FLORÊNCIA

Juros de um dígito - GEORGE VIDOR


O GLOBO - 16/07


O tempo nos ensina a ser cauteloso com certas afirmações, especialmente aquelas do tipo "desta água não beberei", "nunca", "jamais", ao se tratar do futuro. Por isso, não se deve ser categórico em relação à trajetória dos juros, ainda que tenha aumentado a possibilidade de as taxas básicas permanecerem abaixo de 10% daqui para frente, mantendo-se as atuais metas de inflação, entre 2,5% e 6,5% ao ano.

As taxas de juros mais baixas viabilizam uma série de investimentos no país, não só porque os financiamentos do BNDES baratearam, mas porque a oferta de capitais privados já está se multiplicando. Lançamentos de debêntures estão na boca do forno e essa oportunidade de captação chega em bom momento, pois o governo está prestes a anunciar a renovação de concessões de usinas hidrelétricas, rodovias e terminais portuários, em troca de novos investimentos.

É curioso, mas as ferrovias sob concessão não estão previstas nesse pacote de renovação, embora os resultados alcançados nos últimos quinze anos sejam altamente positivos.

E por falar em ferrovias, até o fim do ano a MRS concluirá o investimento de R$ 1,5 bilhão em novas locomotivas, vagões e sinalização, permitindo aos comboios trafegarem a uma distância mínima de segurança de três quilômetros um do outro, em vez dos atuais 15 quilômetros. Esse moderno sistema de sinalização será obrigatório nos Estados Unidos a partir de 2016. Os trens de carga no Brasil transportam basicamente minérios, combustíveis, grãos e outros alimentos. Os comboios chegam a carregar 13 mil toneladas de minério de ferro e têm uma extensão que supera a da rua Jardim Botânico, no Rio.

No ano passado a MRS transportou 152 milhões de toneladas de carga. Para efeito de comparação, no último ano ano de vida, antes da privatização das malhas, toda a extinta Rede Ferroviária Federal transportou 86 milhões de toneladas. Com a inauguração do Porto do Sudeste (da MMX, de Eike Batista), em Itaguaí, no ano que vem, esse volume aumentará em 36 milhões de toneladas. Com o incremento de outras cargas - em breve os trens poderão entrar no porto de Santos com dois contêineres, sobrepostos, em cada vagão - a MRS se prepara para chegar no futuro a 250 milhões de toneladas.

Ficou para a primeira semana de agosto o anúncio de medidas que reduzirão o preço da energia elétrica para consumidores, especialmente os industriais. A principal delas deverá ser um corte médio de 12% a 14% nas tarifas das geradoras cujo prazo de concessão de várias hidrelétricas vencerá em 2015. Em troca da renovação das concessões por vinte anos - ou de um novo mecanismo, em que o patrimônio retorna à União, mas a operação e a manutenção da usinas permanecem na mão das atuais concessionárias - haverá um corte de tarifas, por meio de um novo cálculo no preço da energia. Os grandes consumidores industriais é que se beneficiarão do maior corte (que talvez chegue a 17%), porque compram energia diretamente das geradoras.

A redução do preço da energia ocorrerá não apenas por essa renovação de concessão das hidrelétricas. Encargos embutidos nas tarifas cobradas de grandes consumidores também deverão ser eliminados.

Em dezembro serão concluídas as obras da linha de transmissão entre Oriximiná, no Rio Trombetas (Pará), e Manaus. E até maio do ano que vem se prevê a conclusão do trecho que atravessa o Rio Amazonas, a cargo de empresas chinesas. O ponto de travessia é relativamente estreito. As linhas de transmissão percorrerão um quilômetro da margem direta até uma ilha fluvial. Por esse canal não navegam grandes embarcações e por isso a altura das torres que sustentarão as linhas não será tão alta. Mas no segundo canal, de dois quilômetros, da ilha até a margem esquerda, cada torre terá 290 metros de altura, quase um Pão de Açúcar. Depois de concluídas essas linhas de transmissão, Manaus estará conectada à hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, e, por meio dela ao sistema interligado nacional de energia elétrica.

Furnas e Ibama estão juntas no pedido de derrubada da liminar que impede hoje a entrada em funcionamento da hidrelétrica de Simplício, na divisa de Rio de Janeiro e Minas Gerais. A decisão caberá a um desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. É curioso mas a liminar foi concedida a pretexto de o desvio do Rio Paraíba do Sul vir a causar danos ambientais à região. Como foi o Ibama que licenciou a usina hidrelétrica, o próprio órgão federal responsável pela preservação do meio ambiente teve que agir contra a liminar.

Em recentes encontros com pequenos e médios empresários da Região dos Lagos, o economista Mauro Osório foi alertado para uma atividade, indiretamente ligada à cadeia do petróleo e gás, que poderia ser expandir muito em Cabo Frio e municípios vizinhos: mecânica de helicópteros. O apoio às plataformas de petróleo faz com que o Estado do Rio de Janeiro tenha uma frota de helicópteros maior que a de São Paulo. Os salários dos pilotos no Rio chegam a ser 40% maiores que os de SP. Como a Marinha concentrou sua frota de helicópteros na base naval de São Pedro de Aldeia, anos atrás precisou criar cursos técnicos para a formação de mecânicos especializados na manutenção e reparos dessas aeronaves. Muitos profissionais que saíram desses cursos acabaram migrando para empresas privadas, e ainda há mercado a ser atendido.

O círculo se fecha - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 16/07

O relator da CPI do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), disse a membros da comissão que vai indiciar o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), no relatório que deverá entregar no final de agosto. Para ele, as apurações que mostram pagamentos do governo à Delta logo após a venda da casa do tucano para Carlinhos Cachoeira são o ato de ofício que faltava para associar Perillo ao grupo. O relatório apontará relações entre ele e o consórcio Cachoeira-Delta desde a campanha.

Vizinhos O relatório de Odair Cunha também deverá indiciar o governador de Tocantins, Siqueira Campos (PSDB), e o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT). Agnelo Queiroz (PT-DF), também investigado pela CPI, deverá ser poupado pelo petista.

Crise no ninho Antes de a revista "Época" expor novas encrencas de Perillo, a cúpula do PSDB ainda o defendia, constrangida. Diante dos fatos novos, o apoio será reavaliado. Já o deputado Carlos Lereia (PSDB) foi jogado ao mar pelos tucanos.

Vuvuzela O prefeito do Rio, Eduardo Paes, está sob pressão de uma campanha nas redes sociais, com apoio de políticos de vários partidos, para rebatizar o Engenhão, que leva o nome do cartola João Havelange, para João Saldanha, técnico da Seleção tricampeã em 1970.

Retiro Depois de marcar posição diante do PSB, Michel Temer representa nesta semana Dilma Rousseff na inauguração de uma fábrica de antirretrovirais em Moçambique. O vice vai assinar, ainda, cooperação para levar o modelo de plantio do cerrado para a África.

Mídia A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, volta ao Brasil em outubro para participar do congresso da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), que ocorre em São Paulo. Arthur Sulzberger Jr., publisher do "New York Times", também participa do evento.

Algoz Notícia-crime protocolada por Ricardo Berzoini, em 2006, foi a responsável pela impugnação da candidatura de José Serra à prefeitura. O processo foi remetido do Tribunal de Justiça ao STJ quando o tucano assumiu o governo, e arquivado.

Fim Os promotores pedem que as certidões sejam atualizadas com o desfecho da ação, em que o petista acusava o PSDB de associação com o PCC. Os advogados de Serra dizem que os documentos foram entregues, mas acrescentarão novos papéis.

Twitcam Geraldo Alckmin vai veicular mensagens nas redes sociais como forma de apoiar aliados no interior. O primeiro a contar com a forcinha virtual é Alexandre Blanco, candidato em São José dos Campos e enteado de Emanuel Fernandes.

Máquina Perfil oficial do Sebrae no Twitter convocou para "onda vermelha" pró-Patrus Ananias (PT) em Belo Horizonte sábado. O tuíte foi apagado minutos depois.

De volta... Depois de capitanear o embate com Dilma na campanha presidencial, a regional Sul 1 da CNBB, que agrega as 42 dioceses da Igreja Católica do Estado de São Paulo, redigiu documento em que acusa o governo de facilitar a prática de aborto.

... a 2010 O texto, assinado pelo bispo de Assis, dom Benedito Simão, pede a demissão da ministra Eleonora Menicucci (Mulheres) e do secretário do Ministério da Saúde Helvécio Magalhães.

Aperitivo Carlos Ayres Britto, presidente do STF, almoça amanhã com promotores de São Paulo no clube Paulistano. O encontro ocorre quando o Supremo discute se o Ministério Público pode comandar investigações.

Tiroteio

Dirceu culpa Delúbio; Duda aponta para Marcos Valério. Com o julgamento chegando, os mensaleiros entraram em desespero.

DO DEPUTADO ACM NETO, líder do DEM na Câmara, que foi sub-relator da CPI dos Correios em 2005, sobre as estratégias de defesa dos réus do mensalão.

Contraponto

Aleluia, irmão!

O candidato do PSDB à Prefeitura, José Serra, e o senador tucano Aloysio Nunes Ferreira prestigiavam o aniversário do pastor Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus, realizado há pouco mais de um mês, quando foram convidados pelo religioso a discursar durante o culto.

Aloysio foi o primeiro a subir ao púlpito e, de improviso, fez um discurso inflamado, falando da importância da igreja evangélica e citando, de cor, trechos da Bíblia.

Na sua vez de falar, Serra mostrou-se surpreso:

-O pastor Samuel é tão bom que conseguiu o milagre de transformar o Aloysio em pregador evangélico!

O bom exemplo do Exército - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 16/09



No momento em que notícias sobre superfaturamento e atraso em obras públicas se tornam corriqueiras, é animador saber que algumas dessas obras estão sendo entregues antes do prazo previsto e a custos inferiores aos originalmente orçados. Não se trata de milagre. É apenas o resultado do trabalho competente e sério realizado por uma instituição cuja missão precípua não é tocar canteiros de obras, mas que nos últimos anos tem assumido maiores responsabilidades na elaboração e execução de projetos de infraestrutura em todo o País: o Exército.

O Departamento de Engenharia e Construção (DEC) do Exército, como mostra o jornal Valor (12/7), está tocando 34 obras em vários Estados, 25 delas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e elabora, a pedido da Infraero, projetos de engenharia destinados a acelerar a expansão dos aeroportos de Porto Alegre, Vitória e Goiânia. Nessa área, o Exército já trabalha na administração dos serviços de terraplenagem da ampliação do aeroporto de Guarulhos e na construção da pista do aeroporto de Amarante, no Rio Grande do Norte.

É principalmente o desempenho do Exército nas obras do aeroporto de Cumbica que tem animado a Infraero a ampliar a parceria com os militares numa área que se tem transformado numa das maiores dores de cabeça do governo no que diz respeito ao cumprimento dos prazos das obras da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. A terraplenagem do Terminal 3 de Cumbica, cuja previsão inicial de entrega era para dezembro de 2013, será concluída em setembro próximo, com antecipação de 15 meses. Além disso, o custo original da obra, orçado em R$ 417 milhões, deverá ser reduzido - e não é apenas porque a União paga os soldos militares - em cerca de R$ 130 milhões, o que equivale a 25%. É exatamente o contrário do que tem sido noticiado a respeito da verdadeira lambança que a principal empreiteira do PAC, a Delta, tem promovido nas obras bilionárias sob sua responsabilidade em todo o País.

É claro que tocar obras públicas não é a missão precípua das Forças Armadas, que existem para zelar pela defesa nacional. E o Exército, cuja "intervenção" no mercado é malvista pelas empreiteiras de obras públicas, sabe muito bem que essa não é sua verdadeira vocação. O general Joaquim Maia Brandão, chefe do Departamento de Engenharia e Construção, garante, segundo o Valor, que não há planos de ampliar a estrutura da unidade sob seu comando, apesar do aumento da demanda ocorrido nos últimos anos, inclusive no que diz respeito ao planejamento e construção de novas estradas e manutenção das existentes, responsabilidade do mal afamado Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Nessa área o Exército tem 19 contratos firmados. E cumpre outros tantos nos setores portuário e de navegação fluvial.

O Exército está hoje envolvido em 34 projetos de construção, no valor de R$ 3 bilhões em obras, dos quais R$ 2,4 bilhões são do PAC. Intervenção indevida no mercado? Desvio de funções? O general Brandão responde: "O que temos é uma missão para cumprir, que é a preparação de nossas tropas para a guerra. Se não temos guerra, temos a obrigação de manter nosso contingente em atividades que, se necessário, (a tropa) irá desempenhar em situação de emergência". Não é, portanto, a lógica do mercado, mas a necessidade de manter seu contingente ativo e preparado que motiva o Departamento de Engenharia e Construção.

A situação de emergência a que se refere o general seria, obviamente, um eventual conflito militar. Mas não resta dúvida de que o DEC está atendendo também a uma importante e extremamente lamentável emergência ao cumprir com competência, seriedade e economia de recursos públicos uma tarefa fundamental para o desenvolvimento do País que a iniciativa privada tem sido frequentemente incapaz de executar com a mesma eficiência e probidade, devido à crescente promiscuidade entre negócios públicos e privados. É de imaginar que seja difícil trabalhar com orçamentos enxutos quando a regra do jogo é pagar propinas que satisfaçam a crescente voracidade de homens públicos tão desonestos quanto quem lhes molha a mão.

O infiel - LUIZ FELIPE PONDÉ


FOLHA DE SP - 16/07

Freud estava certíssimo: a maturidade é para poucos e viver uma infância retardada é mais seguro

Confesso: sou um infiel. Não no sentido de infidelidade amorosa, mas religiosa. Não creio no aquecimento global por causas antropogênicas (trocando em miúdos, não acho que nossos carros estejam aquecendo o planeta, e se o Sol fosse um Deus como uns pirados achavam que ele era, estaria rindo de nós e nossos ridículos celulares).

Freud estava certíssimo quando dizia que a maturidade é para poucos e viver uma infância retardada é um modo "seguro" de não enfrentar a vida adulta, que é sofrida, incerta, injusta e inviável.

Isso mesmo, repito para que meu pecado conste nos autos: não creio que o aquecimento global seja causado por emissão de gás carbônico, acho (inclusive tem cientista que afirma isso, os ecocéticos) que o recente aquecimento começou antes dos últimos cem anos, nos quais nosso gás carbônico cresceu, e ciclos de esquentamento e esfriamento sempre ocorreram.

Inclusive aquele aquecimento que se deu entre 50 mil e 20 mil anos atrás (muito conhecido por quem estuda religiões pré-históricas como eu), foi bem benéfico para nossos ancestrais, assim como também o foi o da Idade Média.

Não há consenso acerca das causas antropogênicas do aquecimento global, há sim consenso (todo mundo que estuda religião sabe disso) ao redor do fato que apocalipse sempre deu dinheiro. Gastava-se dinheiro com indulgências na Baixa Idade Média, por que não seria o medo do fim do mundo ainda hoje uma mina de dinheiro?

O mercado do apocalipse verde tem seus sábios-profetas-cientistas, mágicos, gurus espirituais, nutricionistas-sacerdotes de alimentação sagrada, mercado de cristais sustentáveis, enfim, tudo que há nos fanatismos humanos.

Ninguém saiu às ruas (muito menos nus) pela mecânica newtoniana, pela relatividade de Einstein, pelo empirismo de Bacon ou pelo evolucionismo darwiniano. Aliás, que mania mais "teenager" essa de tirar a roupa toda hora. Já estão barateando os seios.

As pessoas saem às ruas porque o verdismo é uma espiritualidade fanática como qualquer outra, regada a comunismo requentado: o verdismo é uma melancia, verde por fora, vermelho por dentro. A certeza daqueles que não comem carne acerca do pecado dos que comem é mais forte do que a condenação do orgasmo feminino pelas autoridades eclesiásticas mais idiotas que caminharam pela Europa nas Idades Média e Moderna.

Acho que a ciência do aquecimento global que afirma categoricamente que somos nós que aquecemos o planeta está mais para astrologia (sem querer ofender a astrologia) do que para astrofísica. Estamos perdendo um tempo danado deixando que as tribos dos sem-roupa fique atrapalhando um cuidado mais técnico acerca do futuro do planeta.

Isso não quer dizer que não exista um problema de sustentabilidade no mundo, apenas que os fanáticos verdes nem sempre ajudam a enfrentá-lo.

A "verdade científica" em jogo é o que menos importa, mesmo porque nenhuma controvérsia científica ao redor do tema pode ser vista como algo diferente de heresia. Discordar não é ser visto como alguém que debate teorias científicas, como deve ser o convívio saudável em qualquer ciência, mas sim como recusa de adesão a uma forma de verdade superior e pura.

As bobagens do tipo "teoria gaia" ofuscam os corações e mentes, como todo fanatismo sempre o fez, e impede muitas vezes de ver que a natureza em sua beleza é muitas vezes mais Medeia do que Gaia.

Em 1755, quando o grande terremoto destruiu Lisboa, a comunidade intelectual europeia se esforçou para eliminar das causas a "vontade de Deus". Hoje, supostos cientistas reintroduzem a forma mais vagabunda de metafísica na ciência, a da "deusa natureza".

Os coitados do Kant e do Newton nunca imaginaram que um dia iríamos retroceder às trevas assim. Andamos sim em círculos.

A pergunta que não quer calar é: se está certo quem diz que quando se quer saber a verdade sobre a sociedade deve-se seguir o dinheiro, cabe a nós identificarmos quem está ganhando rios de dinheiro com esse fanatismo que já se constituiu em mais um fator a dificultar sairmos do buraco econômico em que estamos.

Eu não acredito em duendes - ROBERTO ZENTGRAF


O GLOBO - 16/07

Por conta do que publiquei na semana passada - dicas para combater o descontrole financeiro -, houve quem me solicitasse a continuação do tema, agora abordando o que julgo mais difícil de implementar, ou seja: o reequilíbrio do próprio orçamento. Tarefa nada trivial já que, para isso, é preciso, antes de tudo, que aceitemos mudanças de hábitos e atitudes há muito incorporadas em nosso cotidiano, não é mesmo, meu querido leitor?

Não vejo grandes alternativas a este reequilíbrio, principalmente para aqueles que, mesmo dando prioridade a suas vidas presentes, mantêm olhos atentos no futuro. Como se programar diante do novo quadro de juros baixos (a Selic foi para 8% ao ano e já se fala em 7% para o fim de 2012) tem que estar na agenda do dia. Veja se não tenho razão.

1. Despesas Financeiras: Acreditar que a redução da Selic reduzirá as taxas cobradas nos empréstimos é exagerar no otimismo ou até mesmo contrariar os fatos: pesquisa da Anefac revela que, por conta da crise e da inadimplência, as taxas das operações de crédito voltaram a subir em junho, após quatro meses em queda (O Globo, 13/7/2012). Conclusão: o crédito ainda continua muito caro, salvo em algumas linhas específicas, como a do financiamento imobiliário. De resto, o cheque especial ou o cartão continuam a sangrar orçamentos.

2. Rendimentos Financeiros: Com a Selic mais baixa, tanto a poupança quanto os fundos de investimento (renda fixa e DI) continuarão sua trajetória de redução de rentabilidade; permanecer desatento a esta mudança é encrenca certa em seu futuro. Exemplifico: em 2010, com a Selic a 10,75% recebíamos juros reais (descontados da inflação) de 6,25% ao ano, o que permitiria em 20 anos mais do que triplicar um depósito feito nestas condições (R$ 1.000 virariam R$ 3.362) ou em 30, mais do que sextuplicá-lo (R$ 1.000 virariam R$ 6.164). No atual cenário, admitindo juros reais a 2% ao ano, os mesmos R$ 1.000 virarão R$ 1.486 em 20 ou R$ 1.811 em 30 anos. Conclusão: levar o dinheiro para o futuro ficou mais difícil.

3. Esforço de poupar: Diante do novo cenário, restam, portanto algumas opções, caso se queira acumular o que foi desejado na época dos juros altos: (a) aceitar maior risco das aplicações, financeiras ou não; (b) poupar por um período maior de tempo - muito maior, diga-se; (c) aumentar substancialmente a sobra mensal para fazer frente ao novo padrão. Talvez o ideal seja combinar as três alternativas apresentadas, já que isoladamente elas nos levam à mais pura fantasia. E, como citei no título, eu não acredito em duendes, e você? Como ilustrativo, perceba que para acumularmos os R$ 3.362 citados, precisaríamos isoladamente que: (a) a Bovespa chegasse aos 182 mil pontos em 20 anos, fora a inflação (será que chega?) ou (b) os R$ 1.000 ficassem aplicados (2% aa) por quase 62 anos (nos lembraremos das senhas?) ou (c) aumentássemos a aplicação de R$ 1.000 para R$ 2.263 (teremos dinheiro para isso?).

Os exemplos mostram resultados para um único depósito, mas o conceito se aplica para sobras periódicas. Supondo que você, assim como eu, viva no mundo real, uma estratégia que vença os desafios apontados passará necessariamente pelo ajuste no padrão de consumo, tema para um futuro artigo.

Um grande abraço e até a próxima semana!

O futuro das crianças não pode mais esperar - MARCO ANTONIO ROCHA

O ESTADÃO - 16/07


Como diz o povo, para baixo todo santo ajuda. A presidente Dilma sabe muito bem disso, haja vista a força que está fazendo para deter a sabotagem dos santos e empurrar a economia brasileira para cima. Por via das dúvidas, e prevendo que a descida da ladeira do Produto Interno Bruto (PIB) pode ser mais veloz do que o ministro Mantega supunha, já tenta desviar o assunto, minimizando sua importância: "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para suas crianças e adolescentes, não é o PIB", disse ela. Como quase sempre, o linguajar é um pouco capenga. Mas deu para entender.

Muitos economistas já se dedicaram ao trabalho de procurar um indicador melhor que o PIB para medir a marcha de uma economia nacional. Tentativas de montar um indicador da Felicidade Nacional Bruta (FNB) já consumiram muitas horas de pesquisas e calhamaços de papéis. O problema é que, de qualquer forma, elas exigem, de saída, a apuração do PIB, pois sem que a economia cresça de forma sustentada não se torna possível uma distribuição mais equitativa da renda produzida e, portanto, um aumento no nível de bem-estar geral.

De modo que, com o devido respeito, sra. presidente, se o PIB não cresce, ou se decresce, fica mais difícil para a Nação fazer mais e melhor por suas crianças, seus adolescentes, adultos em geral e idosos. Não esqueçamos de que, se estes vivem mal e porcamente, como ocorre em muitos recantos deste país, as crianças ficam sem futuro e, na verdade, como se vê nas ruas de qualquer cidade brasileira, passam a ser úteis no trabalho de mendicância de que muitos adultos lançam mão.

Mas, deixando de lado o despautério de achar que a medição e o comportamento do PIB não têm importância, tentemos analisar o que é que está acontecendo com ele, posto que dois anos atrás ia muito bem: o crescimento em 2010 foi de 7,5% - uma taxa "chinesa", segundo se disse então - e neste ano, pelo que tudo indica, não deverá chegar aos 2%. Isso vai reduzir a taxa média anual dos quatro anos de mandato da presidente Dilma para bem menos que a média anual do mandato do seu antecessor. A menos que nos próximos dois anos o PIB brasileiro dê um bom salto para cima.

Aí é que entra, de fato, a grande pergunta: esse recuo do PIB brasileiro é meramente episódico e poderia ser remediado a curto prazo?

Entre os fatores que levaram a esta situação, um deles é, sem dúvida, a retração da economia mundial, como, aliás, o governo já vem apontando. Mas há dois outros fatores que não têm sido analisados devidamente.

Um deles é o que poderíamos chamar de saturação. A melhoria de renda da população, a maior oferta de crédito e a redução das taxas de juros criaram, sem dúvida, uma bolha de demanda estimulada no final do governo Lula, que extravasou para o primeiro ano da sua sucessora. Agora, ao que parece, é que essa bolha começou a se esvaziar. De um lado, porque a chamada nova classe média, então surgida, já deve ter chegado ao limite dos seus desejos consumistas e da sua capacidade de endividamento. Além disso, o próprio encolhimento da atividade econômica e as notícias nada otimistas sobre o ritmo de crescimento do emprego levam as pessoas a pensar com mais atenção no futuro próximo e, por precaução, começar a fazer reservas, reduzindo suas despesas de consumo normais. Digamos, para resumir, que um ciclo de euforia econômica começa a ser encerrado e a velhíssima história dos sete anos de vacas gordas, seguidos de sete anos de vacas magras surge na cabeça de muitos consumidores, levando a um comportamento bem mais precavido que dois anos atrás.

Outro fator importante é de natureza estrutural. O Brasil conseguiu grande sucesso nas exportações de commodities - mercadorias primárias - nos anos recentes. Mas nas atividades manufatureiras não só não conseguiu sucesso algum, como vem tendo retração, com os produtos importados fazendo cada vez mais concorrência, internamente, aos produtos nacionais. A bolha de demanda a que nos referimos acima quase não beneficiou a indústria nacional, beneficiando, isso sim, as indústrias estrangeiras que viram no mercado brasileiro uma boia de salvação para o encolhimento de mercados que vieram enfrentando no resto do mundo.

O problema, portanto, da falta de produtividade e de competitividade da economia brasileira, sempre levantado, mas nunca atacado firmemente por nenhum governo, torna-se dramático nas atuais circunstâncias, uma vez que a base de uma economia madura, a indústria, não pode oferecer mais os empregos que vinha oferecendo e, ao contrário, diminui a oferta de postos de trabalho: 7 mil foram cortados em junho no Estado de São Paulo, o principal polo industrial, segundo a Fiesp-Ciesp.

É evidente a urgência em pôr mais gás na economia. O governo pode fazer isso elevando os investimentos públicos em infraestrutura. Mas está patinando. Não por falta de recursos, e, sim, por falta de capacidade gerencial e administrativa. Por outro lado, pode ajudar a melhorar a competitividade da indústria privada reduzindo encargos e impostos que a sobrecarregam, mas é incapaz de propor uma reforma fiscal. O futuro da crianças está, pois, à espera.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 16/07

Bolsa descola de índices americanos no semestre

Afetado pela aversão ao risco de investidores estrangeiros e pelo mau desempenho de alguns de seus principais papéis, o mercado acionário brasileiro continua bastante descolado do americano.

A tendência de distanciamento, que se intensificou no ano passado, foi mantida no primeiro semestre deste ano.

Qualquer que seja o parâmetro adotado, a diferença entre o Ibovespa e os principais índices americanos é grande.

Considerando os índices dolarizados, foi de 23,8 pontos percentuais em relação à Nasdaq, o termômetro de empresas de tecnologia; de 19,4 pontos em relação ao S&P 500, composto por ações de 500 empresas americanas; e de 16,5 pontos em relação ao índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York.

Dois fatores provocaram o descolamento, de acordo com analistas: a tendência, entre os estrangeiros, de optar por ativos mais seguros em meio à crise e a composição do Ibovespa, em que têm grande peso ações que estão em queda.

"Há alguns meses, o Brasil era a grande aposta", afirma Rossano Oltramari, analista-chefe da XP Investimentos, ao notar que mais recentemente os estrangeiros começaram "a deixar um pouco o Brasil de lado", porque o desempenho econômico do país não correspondeu às expectativas.

Para Michael Viriato Araújo, do Insper, em tempos de turbulência global os emergentes sofrem mais e os investidores acabam procurando títulos mais seguros.

GÁS SEM GÁS
Os altos preços praticados no Brasil para o uso do gás natural como matéria prima para a indústria química corroem a competitividade do país, segundo a Abiquim, associação que reúne o setor.

Em junho, o preço do gás natural Henry Hub nos EUA foi de US$ 2,48/MBtu enquanto no Brasil, na média nacional e boliviana, ficou em US$ 9,79/MBtu.

Os preços se refletem no tamanho do mercado e o país tem perdido investimentos para outros destinos, segundo Fernando Figueiredo, presidente-executivo da entidade. Enquanto apenas 4,82% do gás produzido no Brasil é usado como matéria prima, no mundo, o número sobe para 8%.

"As fábricas desativadas, como uma da Copenor em 2007 e uma unidade da Dow neste ano, são exemplos."

EÓLICA NACIONAL

A ABB acaba de fechar contrato para o desenvolvimento de um projeto de energia eólica no Rio Grande do Sul.

O valor dos equipamentos e da mão de obra que será usada na construção ficará próximo de R$ 100 milhões, segundo Evandro Idalgo, diretor superintendente da companhia, que investirá US$ 200 milhões no Brasil até 2015.

No primeiro semestre, a ABB inaugurou parte da unidade de Sorocaba, onde fabrica uma linha de produtos que até então eram importados para o Brasil. "Queremos atender a demanda dos clientes e garantir o fornecimento com conteúdo local", diz Marisa César, diretora da empresa.

GLÓBULOS VERMELHOS

Os primeiros medicamentos derivados do plasma humano produzidos na fábrica de Goiana (PE), com selo da Hemobrás, serão entregues ao SUS (Sistema Único de Saúde) a partir de meados do próximo ano.

Os remédios servirão para o tratamento de grandes hemorragias, hemofilia e doenças decorrentes de imunodeficiências, segundo a estatal francesa LFB, responsável pela transferência da tecnologia necessária para a companhia brasileira no projeto.

Cerca de 20% dos técnicos da fábrica são franceses que orientam a construção da unidade, que deverá ser totalmente concluída em 2014.

DESACELERAÇÃO

As exportações mundiais de serviços aumentaram 3% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2011, de acordo com dados preliminares da Unctad (Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento).

No Brasil, no entanto, a alta chegou a 9%.

Nas importações, o crescimento do comércio mundial foi de 5% no período.

Com o real em patamar elevado no início do ano, o Brasil foi um dos países a liderar os desembarques e registrou alta de 16%.

Na China, o volume das importações cresceu 16%.

Ausência de princípios - DENIS LERRER ROSENFIELD


O ESTADÃO - 16/07


Numa eleição municipal primam os problemas que os munícipes encontram em sua vida cotidiana. Questões ideológicas são relegadas a segundo plano, pois estão muito mais preocupados com a limpeza e a pontualidade dos transportes públicos, com a segurança ao chegar em casa, com os postos de saúde, com a educação das crianças, para apenas listar alguns dos problemas mais prementes.

Depois de uma jornada de trabalho, chegando em casa o(a) trabalhador(a) está mais preocupado(a) com seu cansaço, sua integridade física, o atendimento dos seus. O amanhã, entendido como o dia seguinte, ocupa todas as suas atenções, tendo como horizonte sua renda e/ou seu salário no fim do mês. Muitas vezes essa parte da população nem tempo tem de se informar sobre questões políticas. Procura descansar, seja dormindo, seja buscando um entretenimento qualquer.

O grau de interesse pela política se mede pelo que ela possa oferecer-lhe, sendo um instrumento que possa contribuir para seu bem-estar, mormente via serviços públicos. A política não aparece como um fim em si mesma, mas como um meio que deveria servir para melhorar a sua vida. Não há apreço pela atividade política enquanto tal, frequentemente percebida como um jogo entre os políticos em função dos interesses particulares desses.

O micro reflete aqui uma questão macro. Se pesquisarmos o grau de interesse pela política numa eleição nacional, facilmente constataremos situação semelhante, com mais de 55% dos eleitores demonstrando pouco ou nenhum interesse pela vida política propriamente dita. Sua preocupação central reside na vida privada, particular, na melhoria de suas condições de vida.

Nesse sentido, a política deve estar a serviço dessa melhoria, e não o inverso. Comprova-se aqui uma formulação do pensador liberal francês Benjamin Constant, para quem, em seu texto A Liberdade dos Antigos Comparada à dos Modernos, os cidadãos escolhem seus representantes para não se ocuparem eles mesmos da política. Eles estão voltados para sua vida privada, sendo a política uma ferramenta desta. A delegação política é um meio para que o cidadão possa dedicar-se à própria vida. Ela supõe, assim, que os escolhidos, os delegados, os representantes ajam de acordo com as ideias de um bem coletivo.

Observe-se que, ao contrário de formulações esquerdistas, ainda em voga no Brasil, segundo as quais o exemplo de democracia estaria na participação direta, na dita democracia participativa, os cidadãos brasileiros passam ao largo desse tipo de concepção. Para os partidários da democracia participativa, o fim em si mesmo é a política, a participação tomando conta da vida do cidadão.

Daí não se segue que o desinteresse pela política se traduza pelo desinteresse em assuntos públicos, entendida como lugar em que se criam as condições de uma vida coletiva. Na administração do Estado, em seus vários níveis, está presente o destino que se dá aos impostos, que nada mais são do que bens privados transferidos obrigatoriamente para a esfera estatal. Logo, é normal que se coloquem aqui questões atinentes à moralidade na gestão desses recursos, que devem - ou deveriam - estar destinados à melhoria das condições de vida dos cidadãos. Espetáculos de imoralidade de parte dos políticos e de seus partidos são percebidos como desvios de seus recursos privados, que tiveram destinação eticamente indevida. Surge, assim, a questão da moralidade na escolha dos representantes.

Não surpreende que em pesquisas de opinião surjam como qualidades requeridas de prefeitos a honestidade, o ter palavra, o cumprir promessas, que são atributos morais exigidos do homem público. Princípios são considerados essenciais. Política sem valores equivale a um cheque em branco dado a governantes e parlamentares no uso dos recursos públicos.

Eis por que não deixam de ser chocantes as alianças que se vêm fazendo nas eleições municipais, em que valores, princípios e ideias desaparecem do horizonte em proveito da utilização de tempo de rádio e TV. O caso mais paradigmático foi a aliança tecida entre Lula e Maluf, logo, entre PT e PP, na qual se conjugaram duas posições que no passado eram totalmente antagônicas: a de um partido que cresceu defendendo a ética na política e um político procurado internacionalmente pela Interpol por desvio de recursos públicos. Ou seja, surge o símbolo da moralidade pública intrinsecamente ligado à imoralidade, como se isso fosse normal na política. Caberia, evidentemente, a questão: qual política, qual normalidade?

Nada disso, no cenário político atual, é exclusivo desses dois partidos, pois o PSDB fez um movimento semelhante tentando atrair o mesmo parceiro. O problema foi o valor da barganha, e não os princípios. Um pagou mais que o outro, ambos compartilhando a mesma ausência de princípios. Os tucanos aliaram-se também ao PR de Valdemar Costa Neto, envolvido numa série de denúncias. Valeu igualmente o tempo de rádio e TV como valor maior.

Outro exemplo que pode ser percebido como ausência de moralidade é o das composições partidárias, que se fazem País afora, em que políticos que em sua cidade consideram adversário, quase inimigo, o partido X e se aliam à mesma legenda em outra cidade, como se coerência e relação com princípios nada valessem. Tal "qualidade" chega a ser vendida como se fosse um sinal de inteligência, ou melhor, de esperteza, denominação mais apropriada.

O que pensar, portanto, de uma concepção da política em que os valores morais desaparecem completamente? Coligações se fazem tendo como único "princípio" a exposição midiática dos candidatos, como se critérios morais fossem apanágio de moralistas ingênuos. Será que esses espertos da política não estarão dando sua contribuição decisiva para o avacalhamento da democracia brasileira?

Sem lé com cré - RICARDO NOBLAT

O GLOBO - 16/07

Salvo a sedutora namorada do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso desde 29 de fevereiro último sob a acusação de ter montado uma quadrilha para explorar jogos ilegais, ninguém merecedor dos holofotes da mídia parece ter dito coisa com coisa na semana passada. Absurdo o descompasso entre o discurso e a realidade, entre o anunciado e a coerência.

Provocada por jornalistas, Andressa Mendonça, 30 anos, antecipou o que imagina fazer no dia em que Cachoeira for solto: Vou começar a defender a legalização dos jogos. Nada mais de acordo com o que conferiu projeção ao namorado. De resto, um tributo ao arriscado ramo de atividade que garante o conforto do casal.

Ingenuidade e transparência costumam ser boas companheiras. A verdade ganha com a parceria delas. Esperteza e malícia, vez por outra, assinam desastres inesquecíveis ou trapalhadas pitorescas. Da ingênua Andressa à esperta em treinamento Dilma: quem elegeu a senhora para suceder a Lula?

Sua simpatia? Não foi. A paciência que os sábios transpiram no trato com os afoitos? Não foi. Sua oratória? Também não. Algo de mágico chamado carisma? Menos ironia, Noblat! A mulher é presidente! Sua cancha em disputar eleições? Jamais disputara uma antes.

Lula escolheu Dilma para manter aquecida sua cadeira. Mas quem a elegeu foi a satisfação da maioria dos brasileiros com os resultados da economia. Mais dinheiro no bolso e mais crédito na praça desidratam escândalos, desmoralizam a moral e fazem tábula rasa da ética.

E como é que Dilma, que por tantos anos celebrou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o indicador do conjunto de riquezas do país; como é que ela, ao ver o PIB ladeira abaixo, comete o atrevimento de dizer que o PIB não tem lá essa importância toda, importante é como cuidamos das nossas criancinhas?

Quer dizer: Pibão vale. Merece ser reverenciado. Pibinho não vale. Entra em cena o vinde a mim as criancinhas! Para quê? Para serem mais bem alimentadas com menos recursos? Aproxime-se para lá, dona Dilma! Respeito à inteligência alheia é bom e ainda tem quem goste.

De Dilma à senadora Kátia Abreu, ex-DEM do Tocantins, uma das estrelas do recém- criado PSD e autora da ameaça de abrir uma dissidência no partido que não é de direita, nem de esquerda, nem de centro, segundo seu fundador, Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo: dissidência para quê, senadora?

Kátia apoiava a decisão do PSD mineiro de reforçar a candidatura à reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB), de Belo Horizonte, o queridinho do senador Aécio Neves (PSDB). Aí Kassab, para agradar a Dilma, atropelou o PSD mineiro e mandou que apoiasse a candidatura a prefeito de Patrus Ananias, do PT.

Dezoito quilômetros, percorridos em 15 minutos de carro, separam a mineira Paraisópolis, cidade de 20 mil habitantes, da paulista São Bento do Sapucaí, com cerca de 12 mil habitantes. No mais rico estado do país, o DNA do PSD é tucano. No segundo mais rico, começa a se tingir de vermelho. A ideia da dissidência não junta lé com cré.

O vice-presidente da República, Michel Temer, abriu as portas do PMDB para Kátia. Caso ela se mude para lá, terá deixado o PSD porque em Minas ele aderiu ao PT. Para cair no colo do PMDB, que governa o país aliado ao PT. Pensando bem, não faz sentido. Mas, pensando melhor, talvez faça.

Fez sentido Demóstenes culpar a imprensa pela cassação do seu mandato? Logo ela, que o apontava como o príncipe da decência? Mas a quem poderia culpar? Por ora, não faz sentido a CPI do Cachoeira reconhecer o seu fracasso. Deixou a Delta em paz? Em compensação, pôs para circular um campeão de audiência.

Nada a ver com conversas gravadas de Cachoeira. É um vídeo extraído do acervo da CPI que mostra uma atraente assessora do senador Ciro Nogueira (PP-PI), semicoberta por tatuagens, entregue aos cuidados de um assessor do senador Sérgio Petecão (PSD-AC). Cópias do vídeo custam uma nota.

Pressão neles! - PAULO RABELLO CASTRO

O GLOBO - 16/07


Se existe um momento favorável para o Governo federal convocar os governadores a uma re-pactuação geral de tributos e dívidas, esse momento é agora. Levantamento do jornal “Brasil Econômico” mostra que os Estados têm tido um desempenho de arrecadação de ICMS bastante favorável este ano que, de modo geral, tem superado a variação nominal do PIB das respectivas economias estaduais. A indústria, maior arrecadadora para os governos, está com desempenho de sofrível a péssimo. Mas o diretor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, Julio Sérgio Gomes de Almeida, entidade que também apoia o Movimento Brasil Eficiente, explica a aparente contradição. A indústria brasileira está virando um entreposto importador daquilo que antes fabricava no Brasil, localmente. Assim, o ICMS é recolhido de qualquer maneira, de insumos e de produtos acabados importados, e a arrecadação fiscal cresce, embora a indústria mesma, fique estagnada.

Esta é uma tragédia brasileira, decorrente do manicômio tributário que criamos em nosso país. Quando da inflação de 2000% ao ano, nos comportávamos da mesma maneira maluca. Havia poderosos interesses por trás da aparente maluquice. É hora de a presidente Dilma tomar a iniciativa de convocar os governadores, com uma agenda séria e definitiva, em que apresente, numa das mãos, a proposta de repactuar a dívida dos estados, contra os quais a União pratica agiotagem oficializada há muitos anos. Mas Dilma deve condicionar a vantagem financeira que terão os estados, para usarem 100% dos recursos num vasto programa de investimentos em infraes-trutura sustentável pelo interior do país. Na outra mão, Dilma tem que exigir a aprovação da reforma ampla do ICMS, com base na proposta entregue esta semana ao ministro Guido Mantega pelo Movimento Brasil Eficiente (MBE) e pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), que a considerou a “agenda ideal”. Por que não fazer o que é ideal, e nos conformarmos com o avanço em doses medíocres, sob a alegação — nunca provada — de que o Congresso não votaria uma transição fiscal mais justa?

O MBE tem clareza na vantagem do ICMS nacional que propõe. Os estados e municípios arrecadarão a mesma receita de antes da reforma. Não haverá qualquer redução de arrecadação nem se discutirá, nesta fase, qualquer redis-tribuição federativa, para não deixar margem que um estado não vote, alegando prejuízo com a reforma. Por isso, ao se testar a distribuição do novo ICMS nacional, que incluirá também as arrecadações do PIS, da Cofins, da Cide e do IPI, além da nova contribuição patronal previdenciária que substitui a da folha de pagamento, o Brasil terá um choque competitivo, pela megassimplificação de seis categorias tributárias infames, convertidas em apenas uma. Ou seja, será a instituição de um regime Simples nacional amplo, que marcará para sempre a gestão de Dilma Rousseff como a mais eficaz administração fiscal dos últimos 40 anos!

Os estados têm tudo para apoiar, pois precisam também legalizar os incentivos fiscais concedidos irregularmente. E têm que cumprir o prazo dado pelo Supremo Tribunal Federal, até fim de dezembro, para definir um novo Fundo de Participação dos Estados, nos impostos federais. A hora, portanto, é agora. Pressão neles!

CLAUDIO HUMBERTO


Sem Renan, lugar de Sarney é desejado por quatro

O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), é o favorito para suceder José Sarney na presidência do Senado, mas se ele sair da disputa quatro senadores devem apresentar candidatura: além de Edison Lobão (MA), sugerido pela presidenta Dilma, Eunício Oliveira (CE), Eduardo Braga (AM) e Luiz Henrique (SC) pretendem o cargo. Segundo a praxe, o partido de maior bancada (no caso, o PMDB) indica o presidente.

Sinal de alerta
O Planalto avalia que sem Renan na presidência do Senado, como sugeriu Dilma, o PMDB dividido pode favorecer os “independentes”.

Olho em 2014
Bem posicionado nas pesquisas para o governo de Alagoas, em 2014, Renan Calheiros pode optar por uma dedicação maior à candidatura.

Ascendência
Dilma quer Edison Lobão no lugar de Sarney por aspirar a ascendência sobre o presidente do Senado. Mas Lobão não é assim, dizem amigos.

Marco da mineração
Por enquanto o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, está mais preocupado com a elaboração do Marco Regulatório da Mineração.

Caixa de Pandora: propina chegou até por Sedex
O processo da Operação Caixa de Pandora, ocorrida em 2009, contém revelações curiosas. Um mês antes da ação da Policia Federal, por exemplo, o Ministério Público Federal interceptou um pacote com R$ 63 mil, em dinheiro vivo, que, segundo o operador do esquema e delator Durval Barbosa foram enviados por Sedex pela CTIS, empresa de informática do DF. Ninguém da CTIS aparece nos vídeos de Durval.

Mandou, chegou
O pacote de R$ 63 mil que chegou por Sedex foi entregue à promotora de Justiça Alessandra Queiroga, que já investigava o esquema.

Única fonte
Toda a denúncia do MPF, na Operação Caixa de Pandora, é baseada nas declarações do delator, em muitos casos sem provas, nem vídeos.

Desistência
O delator declarou à PF, em depoimento, que o dinheiro enviado por Sedex era para Arruda outras pessoas, mas que desistiu de entregá-lo.

Poder sem pudor

Saúde das pesquisas
Candidato a prefeito de São Paulo, em 1985, Jânio Quadros enfrentou Fernando Henrique Cardoso, que tinha o apoio do presidente (José Sarney), do governador (Franco Montoro) e do prefeito (Mario Covas), o engajamento de artistas da Globo e tanta confiança que até posou na cadeira do prefeito. O Ibope previu a vitória de FHC e Jânio chamou as pesquisas de “desonestas”. O dono do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, disse que não o processaria por considerá-lo “um doente”. Jânio ironizou:
- Ele deve ser melhor médico do que pesquisador.
Jânio venceu e desinfetou a cadeira usada por FHC.

SEGUNDA NOS JORNAIS


Globo: Eleições 2012 – Milícias ainda controlam redutos eleitorais no Rio
Folha: Pedágio será cobrado em qualquer distância em SP
Estadão: Governo quer reduzir área de floresta conservada
Correio: R$ 1 trilhão só para pagar aposentados
Valor: Senadores procuram reabrir ‘Refis da Crise’
Estado de Minas: Advogados fora da lei
Jornal do Commercio: O brilho do novo Sport
Zero Hora: Reeleição é desafio de pelo menos 232 prefeitos gauchos