FOLHA DE SP - 16/07
Bolsa descola de índices americanos no semestre
Afetado pela aversão ao risco de investidores estrangeiros e pelo mau desempenho de alguns de seus principais papéis, o mercado acionário brasileiro continua bastante descolado do americano.
A tendência de distanciamento, que se intensificou no ano passado, foi mantida no primeiro semestre deste ano.
Qualquer que seja o parâmetro adotado, a diferença entre o Ibovespa e os principais índices americanos é grande.
Considerando os índices dolarizados, foi de 23,8 pontos percentuais em relação à Nasdaq, o termômetro de empresas de tecnologia; de 19,4 pontos em relação ao S&P 500, composto por ações de 500 empresas americanas; e de 16,5 pontos em relação ao índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York.
Dois fatores provocaram o descolamento, de acordo com analistas: a tendência, entre os estrangeiros, de optar por ativos mais seguros em meio à crise e a composição do Ibovespa, em que têm grande peso ações que estão em queda.
"Há alguns meses, o Brasil era a grande aposta", afirma Rossano Oltramari, analista-chefe da XP Investimentos, ao notar que mais recentemente os estrangeiros começaram "a deixar um pouco o Brasil de lado", porque o desempenho econômico do país não correspondeu às expectativas.
Para Michael Viriato Araújo, do Insper, em tempos de turbulência global os emergentes sofrem mais e os investidores acabam procurando títulos mais seguros.
GÁS SEM GÁS
Os altos preços praticados no Brasil para o uso do gás natural como matéria prima para a indústria química corroem a competitividade do país, segundo a Abiquim, associação que reúne o setor.
Em junho, o preço do gás natural Henry Hub nos EUA foi de US$ 2,48/MBtu enquanto no Brasil, na média nacional e boliviana, ficou em US$ 9,79/MBtu.
Os preços se refletem no tamanho do mercado e o país tem perdido investimentos para outros destinos, segundo Fernando Figueiredo, presidente-executivo da entidade. Enquanto apenas 4,82% do gás produzido no Brasil é usado como matéria prima, no mundo, o número sobe para 8%.
"As fábricas desativadas, como uma da Copenor em 2007 e uma unidade da Dow neste ano, são exemplos."
EÓLICA NACIONAL
A ABB acaba de fechar contrato para o desenvolvimento de um projeto de energia eólica no Rio Grande do Sul.
O valor dos equipamentos e da mão de obra que será usada na construção ficará próximo de R$ 100 milhões, segundo Evandro Idalgo, diretor superintendente da companhia, que investirá US$ 200 milhões no Brasil até 2015.
No primeiro semestre, a ABB inaugurou parte da unidade de Sorocaba, onde fabrica uma linha de produtos que até então eram importados para o Brasil. "Queremos atender a demanda dos clientes e garantir o fornecimento com conteúdo local", diz Marisa César, diretora da empresa.
GLÓBULOS VERMELHOS
Os primeiros medicamentos derivados do plasma humano produzidos na fábrica de Goiana (PE), com selo da Hemobrás, serão entregues ao SUS (Sistema Único de Saúde) a partir de meados do próximo ano.
Os remédios servirão para o tratamento de grandes hemorragias, hemofilia e doenças decorrentes de imunodeficiências, segundo a estatal francesa LFB, responsável pela transferência da tecnologia necessária para a companhia brasileira no projeto.
Cerca de 20% dos técnicos da fábrica são franceses que orientam a construção da unidade, que deverá ser totalmente concluída em 2014.
DESACELERAÇÃO
As exportações mundiais de serviços aumentaram 3% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2011, de acordo com dados preliminares da Unctad (Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento).
No Brasil, no entanto, a alta chegou a 9%.
Nas importações, o crescimento do comércio mundial foi de 5% no período.
Com o real em patamar elevado no início do ano, o Brasil foi um dos países a liderar os desembarques e registrou alta de 16%.
Na China, o volume das importações cresceu 16%.
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