quarta-feira, agosto 08, 2012

Calma, gente - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 08/08

Como na Rio+20, alguns hotéis cariocas têm mostrado boca maior que a fome com a Jornada Mundial da Juventude, que reunirá milhões de católicos na cidade, em julho de 2013.
O arcebispo Orani Tempesta foi procurado por católicos americanos que reclamam do preço dos hotéis e até já questionam a escolha do Rio.

Fator Burle Marx...
Aliás, a longínqua Base Aérea de Santa Cruz venceu a disputa com o Aterro do Flamengo para receber a vigília e a missa do Papa Bento XVI, por motivos, digamos, florestais.
É que, desde 1997, quando João Paulo II rezou a missa no Aterro, as árvores plantadas ali por Burle Marx na década de 1960 cresceram e impediriam a visão de muitos fiéis.

Alegria, alegria
Um dos maiores grupos de turistas brasileiros em Londres é formado pelo pessoal da Igreja Universal.
A igreja do bispo Macedo é, como se sabe, dona da Rede Record, que tem os direitos de transmissão dos Jogos.

Turma da bufunfa
Dos 150 advogados do mensalão, dois dos maiores medalhões — os ex-ministros José Carlos Dias, que falou ontem, e Márcio Thomaz Bastos — trabalham para o Banco Rural.

Soneca no STF...
De um conhecedor do STF, sobre a soneca de Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa no julgamento do mensalão:
— O Supremo tem jurisprudência no caso. Dois ministros viviam dormindo no plenário: Paulo Brossard, campeão dos cochilos, e o falecido Maurício Correia.

Um ano depois
O próximo exame geral de Lula deve ser só no começo de novembro, um ano depois do diagnóstico de câncer.

TREM-FANTASMA
Inaugurada em 1926, a estação ferroviária Barão de Mauá - que ficou conhecida como Leopoldina - tem se deteriorado ano após ano, desde seu fechamento, em 2001. Mesmo com a realização anual do festival Black2Black, de música negra, a estação passa péssima impressão para quem se aproxima do Centro do Rio pela Avenida Brasil, por exemplo. Além das pichações, o local está sujo e decadente. Mas o abandono pode estar perto do fim. Questionada sobre o problema, a SuperVia, concessionária dos trens urbanos do Rio, anunciou que tem pronto um projeto de modernização (veja a imagem do alto). Não é candidata a nada, mas promete limpar e restaurar a fachada do prédio, tombado pelo Iphan e pelo Inepac, aos quais será submetido o projeto. Se for aprovado, a SuperVia promete entregar as obras em um ano. Vamos torcer, vamos cobrar •

Gois em Londres
A prefeitura do Rio e o COB farão um voo especial Londres-Rio. Reservaram quase 30 assentos num avião da Air France para a comitiva que vai trazer a bandeira olímpica, dia 13. O pavilhão ficará aqui até o fim dos Jogos de 2016.
Até o local do pouso foi mudado. Em vez do Tom Jobim, o desembarque será na Base Aérea do Galeão, às 17h.

Segue...
Paes pediu que a TAM fizesse o voo. Mas a chileno-brasileira não quis.

Vavá eterno

Parte do acervo do Estádio Rasunda, na Suécia, que será demolido, virá como doação para Pernambuco. É tributo ao pernambucano Vavá, autor de dois gols na final da Copa de 1958, disputada naquele campo, onde o Brasil ganhou seu primeiro Mundial.
O time de 1958 será homenageado lá, dia 15, no amistoso entre Brasil e Suécia, na despedida do estádio.

A Copa veio pra cá...

É daquela época uma música muito tocada em Frei Paulo. Um trechinho: "Pelé, Didi, Vavá brilharam lá na Europa, e a Copa veio pra cá”

Vinte anos sem ele

Sérgio Cabral vai homenagear Ulysses Guimarães. Dará seu nome a um hospital em Angra dos Reis.
Foi na cidade que o marido de Mora e amigo do coleguinha Jorge Bastos Moreno desapareceu há 20 anos, quando o helicóptero em que viajava caiu no mar.

GG

O papo entre as mulheres, segunda, no CCBB do Rio, na abertura da exposição "Corpos presentes”? que espalhou 27 esculturas de homens nus pela cidade, era o tamanho do... pênis das obras.
O artista inglês Antony Gormley, que disse ter sido ele mesmo o modelo dos bonecos, era alvo de graçolas.

Caso Vítor Cunha
Ministério Público recorre hoje da decisão do juiz Murilo Kieling, da 3?
Vara Criminal do Rio, que relaxou a prisão dos agressores do estudante Vítor Cunha e os livrou de ir a júri popular.
Vítor, como se sabe, foi agredido, em fevereiro, ao defender um mendigo.

AeroEike
Os três jatinhos e um helicóptero de Eike Batista estão no hangar da finada Varig no Santos Dumont, alugado.
A falta de estacionamentos para jatinhos tem sido dor de cabeça para nossos ricos de marré-deci. Tadinhos.

Bibi, fonfom 500

Em abril de 2011, como saiu aqui, a prefeitura do Rio, o Detran e as polícias Civil e Militar iniciaram operação para retirar carros abandonados da Ilha do Governador. Ontem, cerca de um ano e meio depois, foi rebocado o 500° veículo.

Reage, Flamengo!
Do coleguinha e humorista Maurício Menezes, chateado com a fase do seu Fla, ao saber que Dorival Júnior, o técnico substituto do demitido Joel Santana, já está trazendo sua mudança para o Rio:
— Olha lá, Dorival... Não é melhor esperar mais dois ou três jogos?

Bigodes amarrados - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 08/08

O governo vai bem nas pesquisas de opinião, o prestígio de Dilma Rousseff, idem, mas o PT está mesmo decidido a não arriscar deslizes em seu projeto de poder. Por isso, em pleno julgamento do mensalão, caciques do partido se reúnem hoje com a cúpula do PMDB para selar o apoio ao líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), candidato a presidir a Câmara no biênio 2013-2014. O gesto tem vários significados no sentido de amarrar ainda mais os dois partidos a curto, médio e longo prazos

O objetivo mais urgente do PT em fechar essa aliança agora é reforçar o trabalho da cúpula do partido do vice-presidente da República, Michel Temer, em prol dos candidatos do PT às eleições deste ano. Especialmente em Belo Horizonte, onde os peemedebistas compõem a chapa, mas o partido ficou dividido e revoltado por conta de nomeações pendentes na Petrobras e nas agências reguladoras. Também há uma preocupação com São Paulo, onde Fernando Haddad ainda patina na pesquisas e os petistas estão dispostos a evitar qualquer ataque por parte de Gabriel Chalita (PMDB).

Além das questões eleitorais deste ano, o PT deseja ainda segurar desde já o aliado para o futuro. Os tucanos fizeram vários gestos de apoio a Henrique Alves nos últimos meses. Em todas as conversas, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato a presidente da República, tem defendido o nome de Henrique para presidir a Câmara. Aécio de bobo não tem nada. Se alguns petistas fizerem qualquer gesto contra o PMDB, ele estará pronto para fisgar um aliado detentor de um tempo de tevê nada desprezível.

Com a reunião de hoje, o PT espera afastar o fantasma do isolamento no futuro. Ou de levar a culpa por qualquer aventura que surja mais à frente, na disputa pela presidência da Câmara. Os petistas querem deixar claro que, se houver outro candidato, será obra do PSB de Eduardo Campos, o governador de Pernambuco. Campos tem trabalhado no sentido de reforçar a sua presença pelo país. Ele caminha para ser candidato a presidente da República ou conquistar a vaga de vice numa chapa com a presidente Dilma Rousseff. Hoje é visto nos bastidores como um dos maiores interessados em quebrar a aliança entre PT e PMDB e deixar o PMDB escanteado no governo.

Por falar em governo…

Dilma Rousseff disse a Michel Temer que, se for candidata à reeleição, quer repetir a dobradinha com Temer. Dilma e o PT sabem que o único grande partido sem um projeto próprio de poder rumo a 2014 é o PMDB. Por isso, prefere segurar logo o aliado antes que algum aventureiro se aproxime a ponto de levar os peemedebistas para outro porto. E, na hipótese de esse julgamento do mensalão “pegar” do ponto de vista eleitoral, ou a economia sofrer grandes solavancos, qualquer partido fará falta na hora de os petistas lançarem a campanha presidencial.

O problema nessa história toda é que o PMDB é considerado um gato manhoso. Gosta mais da casa (no caso, do governo) do que das pessoas. Sempre pede colo, ganha alguma atenção, mas, quando não tem tudo o que deseja ou se fica muito irritado, arranha o dono.

O PMDB não se conforma com o pouco espaço que considera ter no governo federal. Por isso, espera que Dilma venha com uma reforma ministerial tão logo termine a eleição municipal, em outubro. Não é à toa que caciques do PMDB citam quase que diariamente que não basta Dilma dizer que o PMDB é parceiro, o partido quer governar em conjunto em áreas de destaque. E não pode ser, portanto, impedido de indicar um diretor da Petrobras, das subsidiárias da empresa ou mesmo das agências reguladoras.

Por falar em cargos…

Resta saber se o PMDB vai considerar a presidência da Câmara um projeto partidário ou tratar do tema como um desejo pessoal do líder, onde os liderados não saem ganhando. Dentro do partido, essa definição ainda não está clara. Também é necessário, na visão dos peemedebistas, que o PT feche logo o que pretende fazer na sucessão de José Sarney (PMDB-AP) no comando dos senadores. Afinal, se o partido de Lula pode anunciar hoje o apoio a Henrique Alves, por que não podem fazer o mesmo em relação a Renan Calheiros, pré-candidato a presidente do Senado? Alguns dizem que a razão é o fato de Dilma Rousseff preferir o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Mas, dentro do PMDB, há uma conclusão cristalina: Lobão seria um ótimo presidente do Senado, mas só o fato de ser o candidato de Dilma enfraquece o nome dele para o cargo. Mas essa é outra história. Novos capítulos virão.

Nova política para o combustível de aviação - CARLOS EBNER


O Estado de S.Paulo - 08/08


Nos últimos 10 a 15 anos, o Brasil tem desfrutado de um renascimento notável de sua indústria de transporte aéreo, com o surgimento de novos empreendedores no ramo da aviação, companhias aéreas e modelos de negócios. No ano passado, houve mais viagens interestaduais em aviões do que em carros e ônibus. Além dos benefícios diretos a milhões de cidadãos do Brasil, essa transformação é boa para a economia. O fato é que uma indústria de aviação contribui diretamente para o bem-estar das atividades empresariais do País e seus residentes. Alguns números contam a história: segundo um estudo realizado pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) e pela Oxford Economics, o segmento de transporte aéreo doméstico do Brasil gera quase 940 mil empregos diretos e indiretos e contribui com R$ 42 bilhões, ou 1,3% do PIB do País.

Essa é, no entanto, provavelmente apenas uma pequena porcentagem do valor que o setor de aviação é capaz de fornecer para a economia. Isso porque pesadas taxas e encargos tornam as viagens aéreas no Brasil muito mais caras do que elas precisam ser. Na verdade, o Brasil está na terceira posição, entre 139 países, em termos de tamanho de seus impostos de ingressos e taxas aeroportuárias, segundo as estatísticas do Fórum Econômico Mundial 2011 e o Relatório de Competitividade do Turismo. Não surpreendentemente, o País também é classificado como um dos últimos em termos de competitividade de viagens e turismo: 114.º lugar, de 139.

Isso tem algumas consequências no mundo real: o brasileiro faz cerca de 0,31 viagem por ano. Isso é 16% menos do que o número de viagens realizadas por mexicanos (0,37 por ano) e bem abaixo do nível dos Estados Unidos, de mais de 2,2 viagens por pessoa ao ano. Claramente, existe enorme potencial para aumentar a mobilidade dos brasileiros e de suas empresas, com os benefícios correspondentes para a economia brasileira e a qualidade de vida de seus cidadãos.

Impostos e taxas aeroportuárias não são as únicas barreiras à capacidade da aviação que podem servir como catalisador para o crescimento. Um dos maiores desafios é o preço do combustível para aviação (QAV), que é muito maior aqui do que em outras partes do mundo. A Iata calculou que os preços dos combustíveis no Brasil são 12% superiores à média para a região e 17% superiores à média global, o que resulta num valor estimado de custo anual de R$ 800 milhões sobre a competitividade do País.

Embora o Brasil seja autossuficiente em petróleo bruto e as importações representem apenas 25% de sua necessidade de combustível de aviação, o preço pago no País é equivalente ao do produto importado do Golfo dos Estados Unidos.

Essa fórmula de preços foi desenvolvida há quase 15 anos, quando a matriz energética brasileira era completamente diferente e o volume de importações, muito superior ao atual. Com a mudança no cenário, o País precisa de uma revisão urgente na maneira de fixar os preços, alinhada com a realidade internacional.

Outra questão que as companhias aéreas enfrentam no Brasil é a obrigação de pagar impostos e taxas alfandegárias sobre todo o combustível consumido no País, bem como o custo teórico de transportá-lo de Houston (Estados Unidos) para São Paulo, embora até 75% dele seja produzido internamente. Além disso, o Imposto Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) é aplicado a 100% do produto utilizado no País.

Já passou da hora de substituir essa fórmula de precificação de combustível por um novo arranjo, mais transparente, competitivo e justo. Conectividade, representada pela qualidade das frequências de voos entre cidades brasileiras e as maiores cidades e mercados internacionais em importância econômica, cria o sucesso na economia globalizada e a aviação faz com que ela seja possível. Uma nova estrutura de preços flexibilizaria esse importante item de custo para o setor, contribuindo para um crescimento mais acelerado da economia.

Keynes, oh! - ANTONIO DELFIM NETTO

FOLHA DE SP - 08/08


Um amável leitor honrou-me com uma observação sobre o último "suelto" desta coluna ("Acumulação", "Opinião", 1º/8). Ele não entende a minha "adoração" por Keynes e a minha insistência em "tentar desmoralizar" os enormes progressos feitos na macroeconomia nos últimos 80 anos.

Keynes publicou a sua "Teoria Geral do Emprego, Juros e Moeda" em 1936. O leitor concorda que, na época, ela foi "revolucionária". Hoje, na sua opinião, Keynes não passa de mais um brilhante economista, como muitos outros desde o século 18, como Adam Smith, David Ricardo, Karl Marx, Leon Walras, cujas contribuições foram "metabolizadas" no corpo da teoria econômica moderna.

"Keynes foi um grande economista da segunda metade do século 20. E isso é tudo"!

Trata-se, obviamente, de um provocador. Sabemos que, desde os anos 70 do século passado, a grande ambição de economistas menores (alguns até Prêmio Nobel), apoiados numa formalização matemática enganosa, sem ligação com o mundo econômico vivo, era "desconstruir" Keynes.

A maior prova disso é que, até 2009, os macroeconomistas do "mainstream" não incluíam em seus modelos o "crédito" e as "Bolsas de Valores". Por quê? A resposta é simples: porque estavam míopes de Keynes e de seus seguidores, como Minsky.

Já em 1936, Keynes introduzira o crédito e a Bolsa no seu modelo. O capítulo 12 do seu livro é um prodígio de antecipação do importante papel dessas duas instituições no processo capitalista e destaca a inerente instabilidade das Bolsas.

O investimento é mais influenciado pelas expectativas de longo prazo nas Bolsas do que pelas dos próprios investidores. Seus pensamentos revelam a sua intuição e o domínio da realidade.

Na Bolsa diz ele, tentamos descobrir "o que a opinião média espera que seja a opinião média", o que pode levar a um imprevisível colapso. E completa: "Quando o desenvolvimento do capital num país transforma-se num subproduto das atividades do cassino, ele não será bem-feito".

Afirma que o investimento é mais produto do "espírito animal" do empresário do que do seu cuidadoso estudo do risco. Aliás, propôs uma tributação sobre as operações bursáteis.

Como pôde Keynes fazer isso? A resposta é que ele mesmo era um grande, discreto e, no final, bem-sucedido especulador em ações e commodities.

Entre 1933 e 1936, ele estava operando furiosamente para si e para o fundo do King's College, da Universidade Cambridge. Keynes não foi um teórico, mas um prático!

Ele conhecia a economia em primeira mão. Não fez "ciência econômica", viveu o sistema econômico! Daí a sua importância que estamos recuperando 80 anos depois.

Técnica apurada - SONIA RACY

O Estado de S.Paulo - 08/08


Luiz Fux, do STF, desenvolveu técnica toda especial para acompanhar as defesas dos réus do mensalão: registra, em tempo real, os principais itens das sustentações orais dos advogados. "Isso cria uma atenção permanente", contou à coluna.

O material será usado para complementar seu voto.

Técnica 2
Uma das principais discussões em pauta – a validade das provas – vai perdurar até o fim do julgamento, opina Fux.

A tese coloca em lados opostos defesa, que desqualifica os depoimentos à CPI dos Correios, e acusação. "O processo é hitchcockiano", filosofa o ministro.

Carona
O PSDB vai encomendar pesquisa nacional para medir os impactos do mensalão nas eleições municipais.

Sérgio Guerra, presidente tucano, negocia qual instituto comandará o questionário.

Tem de malhar
Na véspera da apresentação da defesa de João Paulo Cunha no STF, Alberto Toron tirou a hora do almoço para... malhar em Brasília. "Estou tranquilo", assegurou o advogado, ontem, à coluna.

Tensão
Já o nervosismo que Luiz Fernando Pacheco demonstrou na tribuna do Supremo não tem nada de novo.

Dias antes do início do julgamento, o advogado de José Genoino estava tão ansioso que chegou a ficar enjoado.

E vomitou.

Tierra
Pela primeira vez, o Planeta Terra terá edição fora do Brasil.

Além da versão nacional, está marcado para setembro evento similar em Lima, no Peru.

100% transparente
Na divulgação do balanço do Banco Cruzeiro do Sul, dia 14, pretende-se deixar claras todas as estratégias usadas pelos controladores da instituição para inflacionar os números.

Nada para debaixo do tapete.

Será ele?
O BTG continua interessado no Cruzeiro do Sul.

Dito e feito
Michael Phelps cumpre o que prometeu ao anunciar a aposentadoria: está se divertindo e investindo em sua fundação.

Anteontem à noite, foi visto na balada – no Soho, em Londres. Antes, entregou prêmio ao nadador William Watson, de 7 anos. "Garanto que ele vai ser bom, muito bom", avalizou à coluna.

Remendo
E a SPTuris marcou encontro de igrejas adventistas bem nas datas de montagem da estrutura que será usada no sorteio da Copa das Confederações – em novembro, no auditório do Anhembi.

Consta que a Fifa não gostou nadinha do imbróglio. E o evento religioso acabou transferido para outro espaço.

Na frente
Eduardo Muylaert, Flávio Bierrenbach e Cláudio Weber Abramo estão entre os escolhidos para tocar a primeira Comissão Geral de Ética do Estado. Alckmin deu posse a eles anteontem.

Frequentador do Supremo Tribunal Federal justifica o flagra de ministros cochilando durante as sessões de julgamento do mensalão. "Fecharam os olhos para a matéria entrar bem no cérebro", frisou. Entendido.

GOSTOSA


O poder terapêutico da estrada - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 08/08


“Viajar é um ato de desaparecimento”, escreveu certa vez Paul Theroux, um dos escritores mais bem-sucedidos na arte de narrar suas andanças pelo mundo. É uma frase ambígua, pois parece verdadeira apenas do ponto de vista de quem fica. O viajante realmente desaparece pra nós – aliás, desaparecia, pois nestes tempos cibernéticos ninguém mais consegue manter-se inalcançável.

Já para aquele que parte, viajar não é um ato de desaparecimento. Ao contrário, é quando ele finalmente aparece para si mesmo.

Somos seres enraizados. Moramos a vida inteira na mesma cidade, mantendo um endereço fixo. Nossa movimentação é restrita: da casa para o trabalho, do trabalho para o bar, do bar para a casa, com pequenas variações de itinerário. Essa rotina vai se firmando gradualmente, e um belo dia nos damos conta de que estamos vendo sempre as mesmas pessoas e conversando sobre os mesmos assuntos. Não há grande aventura ou descoberta no nosso deslocamento sistemático dentro desse microcosmo.

Isso, sim, soa como um desaparecimento. Onde foram parar as outras partes de nós que compõem o todo?

Viajar é sair em busca dos nossos pedaços para integralizar o que costuma ficar incompleto no dia a dia.

Assisti a On The Road, adaptação do livro de Jack Kerouac, superbem filmado por Walter Salles, e também a Aqui É o Meu Lugar, em que Sean Penn, magistral, pra variar, interpreta um roqueiro decadente que sai pela estrada para acertar as contas com o passado do pai e encontra adivinhe quem? Ele mesmo, ora quem. É sempre assim. Há em nós uma persona oculta que só se revela quando a gente se põe em movimento.

Road movies me encantam porque dão protagonismo a tudo que alimenta nossa fantasia: a liberdade, a música, a poesia, a natureza e o tempo estendido, sem o aprisionamento dos relógios e dos calendários – viajar é uma jornada simultânea de ida e volta, nosso passado e nosso futuro marcando um encontro no asfalto. Ou sou eu que fico meio chapada só de falar nisso.

On The Road, mesmo que em certos pontos convide para um cochilo, tem momentos arrebatadores, como a dança sensual de Kristen Stewart com Garrett Hedlund, o boogie woogie de Slim Galliard num contagiante número de jazz, e um final que emociona, senão a todos, certamente aos que reverenciam a literatura. Já o filme com Sean Penn é uma viagem para longe do lugar-comum – nada é óbvio, nada é o que se espera.

E não bastasse ter Frances McDormand no elenco e a trilha sonora de David Byrne, ainda conta com a participação significativa, tipo cereja do bolo, do ator Harry Dean Stanton, que nos remete ao emblemático Paris, Texas, uma forma de lembrar que todas as estradas se cruzam em algum ponto.

Que seus pais não me ouçam, mas se você está entre iniciar uma terapia ou se largar no mundo, comece experimentando a segunda opção. Ambas levam para o mesmo lugar, mas num consultório não tem vento no rosto nem céu estrelado. Se não funcionar, aí sim, divã.

Mensalão e Olimpíada - ROBERTO DaMATTA

O GLOBO - 08/08

Estou dividido entre assistir às provas olímpicas e testemunhar o julgamento do mais vergonhoso plano de permanecer no poder da história da nossa douta, “legalística”, aristocrática, populista e milagrosa “semi-república”. No caso da Olimpíada, as regras são simples (não há recurso) e a igualdade competitiva é clara; no mensalão, tudo é opaco – exceto a acusação, a vontade antidemocrática de poder que o engendrou e o desejo de que as coisas não terminem em leite condensado.

Digo “semi-república” porque a expressão reitera o que, em 1979, no livro Carnavais, Malandros e Heróis, eu chamei de “dilema brasileiro”. A oscilação de uma nação que quer a igualdade perante a lei, mas na qual o Estado jamais deixou de isentar alguns dos seus cargos da responsabilidade pública, abandonando para a sociedade o papel de burro de carga de um sofisticado drama na qual ela sempre desempenhou um papel subordinado. Quando passamos de Império a República, continuamos hierárquicos e aristocráticos, mas até certo ponto; e, já republicanos, adotamos a igualdade, mas com uma tonelada de sal, inventando todas as excepcionalidades que impedem a punição dos poderosos e condena os subordinados ao castigo. Daí a importância olímpica do Supremo Tribunal Federal, cuja conduta do julgamento em curso será importante para alterar o dilema.

Temos não muitas formas de igualdade e diversos estilos de aristocratizar. Nosso maior problema não é a desigualdade; é, isso sim, a nossa mais cabal alergia e repulsa à igualdade! Quando sabemos quem é o dono, ficamos tranquilos, mas quando todos são nivelados e postos em julgamento, entramos em crise. Em toda situação reinventamos a hierarquia, mostrando quem é inferior. Nas tão odiadas (e igualitárias!) filas, isso é mais do que patente. No trânsito, uma igualdade estrutural é, infelizmente, constitutiva como digo em Fé em Deus e Pé na Tábua, e o resultado é esse escândalo de acidentes e imprudências, todos capitulados na mestiçagem das leis que igualam de um lado para “exepcionalizar” do outro.

Não foi fácil, neste Brasil de Pedros (de Avis e Bragança), criar um padrão de troca único, nivelador, confiável e, por isso, as nossas doutrinas políticas mais chiques até hoje odeiam o mercado e a sua igualdade competitiva que implica meritocracia. Essa disputa tão óbvia nos jogos olímpicos que levam ao conflito aberto e ao bate-boca – esses reversos dos padrões de comportamento nobres, baseados quase sempre na insinceridade, no realismo político segundo o qual os fins justificam os meios e o ganhar a qualquer custo; e na mentira como moeda corrente. Em suma, tudo isso que está inscrito e será julgado no mensalão.

Vivemos um momento histórico dramático: o da impossibilidade de hierarquizar impunemente, como tem sido o costume. E, ao lado disso, a demanda pela igualdade que evidentemente vai obrigar a uma transformação dos velhos códigos de comunicação, sobretudo os legais que, no Brasil, mudam e se atualizam menos do que as reformas ortográficas! Essa demanda tem aspectos radicais no que tange aos que ocupam cargos públicos. Está em curso, hoje em dia, uma intolerância jamais vista contra a ética de favores e personalismos que impediam suspeitas, avaliações e julgamentos.

Aliás, o libelo do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, foi incisivo no sentido de não isentar os atores, aceitando as desculpas mais comuns das sociedades arcaicas, reacionárias e hierárquicas: a tese do “eu não sabia”; a qual, no fundo, desvenda a posse do papel pelo ator ou, pior que isso, o controle e a propriedade do político e do partido do cargo público e, no caso do mensalão, da própria máquina política.

Quando se trata de falar da igualdade como um valor, não há como não discutir algo jamais visto na chamada “política” nacional. O fato de que é o povo que legitima pela eleição o gerenciamento de um cargo que não pertence a nenhum poder, mas a sociedade como um todo. Por isso, o povo – por meio dos tribunais e da lei que a todos subordina – pode punir o ocupante que trai o seu papel. Nosso viés aristocrático tem inibido a discussão do laço entre pessoa e papel. O que conduz ao inverso da nossa tradição, pois num regime igualitário, quanto mais nobre e importante o papel, menos desculpas para a improbidade de quem o ocupa. O poder não pode mais continuar a ser visto no Brasil como uma medalha de ouro olímpica, com direitos a isentar os eventuais crimes de quem está no poder. Ele deve ser redesenhado como algo que implica direitos e privilégios, mas sobretudo honra, austeridade e obrigações. Na democracia, como viu Tocqueville, os cargos públicos implicam mais deveres do que privilégios. Como, aliás, ocorre na Olimpíada quando um atleta recebe uma medalha de ouro se vê compelido a ser também possuído pela excelência que o prêmio representa.

Resta esperar que o TSF decida olimpicamente – sine ira et studio (sem raiva, preconceito ou condescendência), como dizia Max Weber – e, assim fazendo, mude a índole das práticas políticas brasileiras.

O mensalão pede passagem - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 08/08

A despeito da orientação da presidente Dilma, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, resolveu dar "pitacos" no julgamento do mensalão. Sua fala não agradou, pois o Planalto quer distância do processo. Mesmo assim, ainda desconhecida a repercussão, está sendo considerado um "errinho". Mas agora se sabe que as TVs do Palácio não estão ligadas só nas Olimpíadas.

Dilma no banco de reservas
Estrategista da campanha de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, João Santana já definiu a linha dos primeiros programas de TV do petista. A prioridade é torná-lo conhecido. Para isso, seu principal garoto-propaganda será o ex-presidente Lula. Também será feito um esforço para desconstruir o prefeito Gilberto Kassab (PSD), pois as pesquisas qualitativas afirmam que, mais do que ser conhecido, o que dá consistência à candidatura de Celso Russomanno (PRB) é a sua imagem de anti-Kassab. Apenas no fim de setembro, na reta final da campanha, é que Santana pretende colocar a presidente Dilma na televisão pedindo votos para Haddad.

“A dispersão da investigação da CPI do Cachoeira favorece a empresa Delta e os políticos que se beneficiaram do esquema montado pelo contraventor” Miro Teixeira deputado federal (PDT-RJ) e integrante da CPI

O pai da criança
O caso conto como contaram. Um integrante do governo critica, para o ex-presidente Lula, "a má gestão de Sérgio Gabrieli na Petrobras", por causa do prejuízo de R$ 1,3 bilhões. Depois de ouvir, Lula responde com a pergunta: "Ué, mas na época dele, a presidente do Conselho de Administração da Petrobras era a presidente Dilma".

Os políticos na linha de tiro
A CPI do Cachoeira pretende agora ouvir os políticos, na presunção de que pegará mal para eles invocarem o silêncio. Na lista: os deputados Carlos Leréia, Sandes Jr., Stepan Nercessian, Rubens Ottoni, prefeitos e vereadores de Goiás.

Em busca do elo perdido
A cúpula da CPI do Cachoeira terá encontros, nos próximos dias, com os delegados da Polícia Federal e os auditores do Banco Central que investigam a organização de Carlos Cachoeira . Querem novidades para embalar a comissão.

Escondendo seus bens
O acordo de separação judicial entre Carlos Cachoeira e Andréa Aprígio, que irá depor hoje à CPI, foi fechado durante a CPI dos Bingos (2004). Diante do cerco, para não perder seus bens, Cachoeira passou todos eles para Andréa. Ela ficou com imóveis, inclusive a casa de Miami, empresas, entre as quais a Vitapan, e uma gorda pensão para ser deduzida do IR de Cachoeira.

A cada dia a sua agonia
O ato de hoje que vai ratificar o acordo PT-PMDB para a presidência da Câmara não encerra o assunto. O líder do PMDB, Henrique Alves (RN), diz que depois das eleições municipais todos os partidos e todos os deputados serão procurados.

Dengue e campanha eleitoral
Luz amarela no Ministério da Saúde. Há o temor de um eventual surto de dengue no verão. Por causa do ano eleitoral, na maioria das cidades, são desmobilizadas as equipes municipais de saúde. Medidas preventivas estão no forno.

O monopólio de mercado de trabalho dos práticos nos portos do país está com os dias contados. É a modernização, ao estilo Dilma, dos portos.

Sua Excelência - MERVAL PEREIRA

O Globo - 08/08


O deputado Ulysses Guimarães ensina que o que predomina na política é "sua excelência, o fato". Se voltarmos à época em que foram revelados os fatos que hoje sustentam o processo do mensalão, que os petistas gostariam que fosse identificado burocraticamente como Ação Penal 470, veremos que praticamente todos os que hoje estão sendo discutidos no julgamento foram relatados já naquela ocasião, tendo sido confirmados pelas investigações.

Uma das novidades surgidas no depoimento do então ainda deputado federal José Dirceu no Conselho de Ética da Câmara foi a acusação de Roberto Jefferson de que, quando chefe da Casa Civil, Dirceu negociara com a Portugal Telecom uma contribuição para o PT e o PTB acertarem suas contas.

Mais adiante, houve a confirmação de que Marcos Valério viajara a Portugal com o ex-tesoureiro do PTB Emerson Palmieri, tendo sido recebido por um ministro de Estado a pedido do presidente da Portugal Telecom, com um agravante: tanto o ministro português quanto o presidente da Portugal Telecom eram ex-executivos do braço financeiro do grupo Espírito Santo, para cujo banco em Lisboa Marcos Valério tentara transferir as reservas cambiais no exterior do Instituto de Resseguros do Brasil, cuja presidência era da cota do PTB.

A existência da figura de Marcos Valério no centro da trama fora anunciada pelo próprio Jefferson em uma de suas declarações bombásticas à CPI.

Ele disse certa vez que havia "um carequinha" que era o mandachuva dentro do PT. Todos os detalhes contados pela sua secretária Karina Somaggio estavam sendo confirmados, até mesmo as malas recheadas de dinheiro.

O deputado Valdemar Costa Neto renunciou atingido duplamente: pelas acusações de Jefferson e pela sinceridade maliciosamente ingênua de sua ex-mulher Maria Christina Mendes Caldeira, que via malas de dinheiro passando de mão em mão.

Era ressaltado naquela época que todos os deputados petistas que apareciam nas listas de saque do Banco Rural, ou seus assessores, começavam alegando que se tratava de um homônimo, ou motivos triviais como pagar a conta da TV a cabo, para, no fim, quando já não havia mais como mentir, assumirem os saques, sob a alegação geral de que o dinheiro representa o caixa dois de campanha eleitoral.

Os jornais da época registravam a circulação permanente no Palácio do Planalto do tesoureiro do PT Delúbio Soares e do secretário do partido, Silvio Pereira -o homem que andava com uma lista de nomes para indicações para os diversos escalões da República e ganhou um Land Rover da empresa GDK, que operava com a Petrobras.

O ex-secretário-geral do partido fez um acordo na Justiça para não entrar no julgamento e está prestando serviços à comunidade.

Foi ele quem apresentou uma ex-mulher do então ministro todo poderoso José Dirceu a Marcos Valério, confidenciando-lhe que o sonho dela era morar num apartamento maior.

Como para arranjar um empréstimo que viabilizasse a mudança Maria Ângela Saragoça precisava também de um emprego melhor, Valério conseguiu não apenas um emprego no BMG como um financiamento no Banco Rural.

O lobista Marcos Valério e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares só anunciaram os tais "empréstimos" dos bancos Rural e BMG para justificar o dinheiro do valerioduto depois que o esquema começou a ser denunciado.

Documentos do contador, alguns encontrados no lixo, e o Imposto de Renda da agência SMP&B, que teve que ser retificado diversas vezes, desmentem a versão de que os empréstimos eram reais.

Todas as alterações nas declarações de renda foram feitas depois que a CPI dos Correios foi instalada. E Valério foi preso certa ocasião tentando queimar documentos.

O cruzamento entre os recebedores do dinheiro, as datas sucessivas de pagamento, votações importantes e trocas de partido mostram uma correlação entre esses fatos. A alegação de que quanto mais dinheiro entrava menos apoio o governo recebia dos aliados só faz confirmar a tese de que era preciso financiar esses partidos para ter suas lealdades.

Como dizia Nelson Rodrigues, "Deus está nas coincidências".

Derrapadas do MP - FERNANDO RODRIGUES

FOLHA DE SP - 08/08


BRASÍLIA - É impossível prever os veredictos do Supremo Tribunal Federal para os 38 réus do mensalão, mas vai ficando claro nos bastidores da corte que pode haver mais condenações do que absolvições entre os acusados ilustres.
Se for condenado o réu mais famoso e midiático, José Dirceu, será relegado a um segundo plano o trabalho defeituoso do Ministério Público durante o atual processo.
Os procuradores da República têm sido incensados nas últimas décadas. Suas ações produzem um efeito profilático. O saldo tem sido muito mais positivo que negativo. Só que a instituição não se moderniza na mesma proporção do poder recebido pós-Constituição de 1988.
Já há algum tempo é possível notar em parte do MP uma certa falta de destreza combinada com, é duro dizer, preguiça na hora de conduzir determinadas investigações. Todos sabem que o ex-presidente Fernando Collor se salvou na Justiça beneficiado pela inépcia da denúncia apresentada contra ele.
Agora, constata-se, a denúncia do mensalão está cheia de buracos. Não aparece ali uma compilação do conteúdo e do número de e-mails trocados por José Dirceu e por suas secretárias e assessores com personagens como Delúbio Soares e Marcos Valério. Por que essa estatística não consta peça da acusatória? Porque até onde se saiba nunca houve pedido de quebra de sigilo telemático -nome técnico dado à troca de mensagens via internet.
É uma pena que os procuradores tenham se baseado, no caso de alguns réus, só em depoimentos. No século 21, há inúmeros recursos disponíveis para conduzir boas investigações. Mas exigem menos retórica e muito mais trabalho duro.

Último registro. Executivo, Legislativo e Judiciário divulgam seus salários. O Ministério Público continua mudo e não abre os seus dados.

Sério risco de anulação - LUIZ FLÁVIO GOMES

FOLHA DE SP - 08/08


O relator aprecia interceptações telefônicas e quebras de sigilo. Assim, Barbosa foi investigador e é juiz do caso. A jurisprudência internacional não permite isso



O julgamento do mensalão começou com duas pedras (jurídicas) no seu caminho: impedimento ou suspeição do ministro Dias Toffoli e separação do julgamento.

No plano estritamente jurídico e longe de qualquer "partidarização" do assunto, restam, ainda, dois outros grandes questionamentos técnicos: o ministro relator -no caso, Joaquim Barbosa-, depois de presidir a fase de investigação, por força do regimento interno do STF, pode ser ao mesmo tempo investigador dos fatos e juiz do processo?

O recebimento da denúncia, por ele, foi uma mera decisão formal ou um veredito "de fundo" (de mérito)? Que diz a jurisprudência da Corte Interamericana sobre tudo isso?

Quanto à suspeição de Dias Toffoli, o principal interessado nessa alegação seria o Procurador-Geral da República, que nada requereu. Logo, o tema ficou reservado à esfera íntima (ética) do próprio ministro.

No que diz respeito à separação do julgamento, pela primeira vez de forma exaustiva o STF enfrentou a questão do julgamento conjunto de pessoas que gozam do antirrepublicano privilégio burguês do foro especial com outros sem esse direito.

O pano de fundo da separação ou não do processo diz respeito, como levantou o ex-ministro Thomaz Bastos, ao direito de todos os réus (pelo menos dos que não têm foro especial) ao duplo grau de jurisdição, que é o direito a um duplo julgamento fático e jurídico, por juízes distintos, em caso de condenação criminal. Trata-se de direito expressamente previsto na Convenção Americana de Direitos Humanos.

Por nove votos a dois, a tese foi corretamente refutada. Quem bem enfocou a questão foi o ministro Celso de Mello, que se valeu da jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que excepciona o direito ao duplo grau no caso de competência originária da corte máxima do país. Em eventual reclamação para a citada corte, portanto, a chance de sucesso da defesa, neste ponto, é praticamente nula.

A mesma coisa não se pode dizer em relação à garantia do julgamento por juiz imparcial.

Atraso cultural, autoritarismo tradicional, democracia incipiente e desrespeito ao direito e à jurisprudência internacionais explicariam a regra do regimento interno do STF (art. 230) que determina ser relator do processo o mesmo ministro que investiga o crime na fase preliminar.

Todos os atos investigatórios ou cautelares, posteriores ao recebimento do inquérito -como requerimento de prisão, busca e apreensão, quebra de sigilo telefônico, bancário, fiscal e telemático, interceptação telefônica, além de outras medidas invasivas- são processados e apreciados, em autos apartados, pelo relator. Sob sigilo, sublinhe-se.

É evidente que esse vínculo psicológico do relator com as diligências investigativas o aproxima da posição do inquisidor, afetando profundamente o que existe de mais sagrado na figura do juiz, a imparcialidade.

Barbosa conduziu toda essa fase preliminar e foi se envolvendo paulatina e psicologicamente com ela, o que seguramente explica o seu enfático e midiático voto pelo recebimento da denúncia. Nessa altura dos acontecimentos, certamente não vai se afastar do processo, mesmo porque, se for coerente com tudo que ele já escreveu e falou publicamente, será o mais implacável algoz de todos ou de muitos dos réus.

O grave problema técnico e jurídico do autoritário regimento é que quem investiga o crime não pode ao mesmo tempo ser juiz do processo.

Quem diz isso? A jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos, especialmente no caso Las Palmeras contra Colômbia.

Viola a garantia do juiz imparcial o magistrado que cumpre o duplo papel de "parte" (investigador) e de juiz. Com base nesse argumento, a chance de uma eventual anulação de toda condenação é muito grande.

A despótica determinação regimental, secundada pela jurisprudência do próprio STF, está ultrapassada e contraria frontalmente o direito internacional, ainda muito negligenciado pela vivência jurídica nacional.

De outro lado, há defensor afirmando que Barbosa, no momento em que recebeu a denúncia (contra todos os 38 réus), precisamente em razão da sua vinculação psicológica com a fase inquisitorial, não proferira uma decisão puramente formal, como deveria. Acabou praticamente julgando o mérito do caso. E quem assim procede não pode, depois, ser juiz do processo (caso Herrera Ulloa contra Costa Rica, Corte Interamericana de Direitos Humanos).

A novela do mensalão, como se vê, ainda vai se desenrolar por muitos anos mais, porque ela tende a chegar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Reforma em eclipse? - MARIO CESAR FLORES


O Estado de S.Paulo - 08/08


Dentre as várias influências que prejudicam a ética e o funcionamento da política brasileira, chama particularmente a atenção do cidadão preocupado, no plano psicopolítico, o populismo, com sua vassalagem ao salvacionismo sebastianista, nutrido na fragilidade da consciência cívica do povo vulnerável à ilusão, em razão da instrução precária e da insegurança socioeconômica. O populismo não se prende a ideias, "namora" o conveniente ocasional, do marxismo ao liberalismo e à direita nacionalista. O ritual da eleição é enaltecido, mas a prática política é propensa ao voluntarismo protagônico do Executivo e ao controle da mídia (à Hugo Chávez...). Acomoda-se em qualquer partido e seus aiatolás, vistos como providenciais, cativam o povo usando retórica antiburguesa, embora comprometidos com o status quo.

O paradoxo comum às democracias - o sucesso eleitoral precisa de aceitação popular, mas, uma vez eleito o candidato, fazer o certo por vezes exige medidas impopulares, indutoras de tropeços eleitorais - está presente no cotidiano do populismo brasileiro: dada a proporção dos políticos que dão prioridade à eleição acima da qualidade do exercício funcional, secundária na aferição populista, é comum entre nós a prevalência do incorreto simpático sobre o correto antipático. Medidas positivas malvistas no curto prazo eleitoral são tolhidas até pela "base aliada" do governo. Exemplo: torpedear o fator previdenciário dá voto, já apoiar alternativa que reduza a ameaça da aposentadoria precoce ao modelo previdenciário prejudica o bom humor eleitoral.

E no plano organizacional, nosso mosaico surrealista de partidos doutrinária e programaticamente amorfos e de conluios oportunistas diferentes pelo Brasil afora, no descaso por ideários e projetos - na verdade, somatórios de lugares-comuns vazios, de sabor populista, inexpressivos como balizamento de fidelidade partidária e da coerência nos conluios de ocasião. O que dizer da notícia (Folha de S.Paulo, 22/6) DEM oficializa apoio à pré-candidatura do PT em São Luís? Projetos do PT e do DEM coincidem em São Luís, ou coincidem suas conveniências eleitorais locais? O que explica a aliança Lula-Maluf em São Paulo? A conjuntura eleitoral - é claro que facilitada pela "não incompatibilidade" de projetos... Nas pesquisas de opinião, os partidos (quase 30, muitos apenas legendas eleitorais) são baixo situados, mas os responsáveis pelo demérito seguem felizes na política.

Embora vazios de consistência, alguns partidos são eficazes no butim eleitoral, no loteamento do poder, pródigo de benesses em razão da nossa cultura estatista e patrimonial-clientelista. Ajustam-se flexivelmente na montagem da governabilidade e na máquina da administração dos recursos públicos - situação bem refletida nestas frases emblemáticas, proferidas por líderes partidários na montagem do governo federal no início de 2011 e publicadas na mídia: "A gente vale quanto pesa..." e "vamos pedir algo que condiga com a força que temos".

No quadro das deformações esboçadas, a reeleição nem sempre - ou raramente - é comprometida pela incompetência e pela improbidade. Para assegurá-la partidos e políticos no poder enfeitam o cenário com notícias eufóricas. Exemplos atuais: ascensão à sétima (ou sexta) economia mundial, o menos tumultuado trânsito (comparado com o europeu) pela crise pós-2008, projetos deslumbrantes no papel... E são menoscabados fatos que, como sempre ocorreu na História, unem política e vida real. Novamente exemplos atuais: desenvolvimento modesto; avanço lento dos pacotes redentoristas; cenário preocupante na educação, na saúde e na Previdência; o crédito como registro de cidadania no consumismo; despesas públicas correntes ameaçando a responsabilidade fiscal e a capacidade do Estado de cumprir suas atribuições; greves do serviço público agressivas à vida nacional e ao povo; e, chegando à tragédia, o desrespeito generalizado à lei, da licenciosidade trivial à violência e à criminalidade desvairadas. Especificamente na crise global, os gastos à Keynes em desafio à responsabilidade fiscal e o consumismo à revelia dos limites do mercado interno, propalados como virtude diante da austeridade europeia, têm mão dupla: ajudam no momento, mas, se não dimensionados criteriosamente, exigirão ações austeras mais tarde.

A transformação da euforia em realidade e dos fatos preocupantes - os citados e outros - em problemas superados depende de reformas que assegurem boa qualidade à política, influente em tudo (a revisão do padrão populista depende também da educação e da segurança socioeconômica do povo). É preciso estabelecer parâmetros que venham a configurar partidos consistentes, capazes de inspirar fidelidade e assegurar a governabilidade sem o custo dos conluios de hoje; que estimulem a participação política de cidadãos competentes e íntegros e desencorajem a atração do arrivismo pela política; que cobrem coerência das coalizões; e que deem lógica à suplência e à "sobra" das legendas. A correção dos rumos nacionais virá a reboque do upgrade político. Viveremos democraticamente modernização similar à autoritária revolucionária de 1930, que pôs fim à República Velha e seus vícios.

Mas a mudança não é segura. Instauradas com sensacionalismo no início de 2011, as comissões da reforma política da Câmara dos Deputados e do Senado aparentam ter entrado em eclipse e sugerem propensão um tanto à Lampedusa (O Leopardo) - algo mais ou menos como vamos mudar para que ao menos a essência continue parecida com a atual. Frase sintomática proferida no início dos trabalhos das comissões: "Não se mexerá nos partidos"... A ser assim, o Brasil continuará a desenvolver, mas aquém de seu potencial, em clima de desordem e violência, mal preparado para o papel que lhe cabe em sua região e para se fazer respeitado no mundo.

Direitos do Brasil - MATIAS SPEKTOR

FOLHA DE SP - 08/08


Chávez está mais amarrado e enfraquecido que nunca com a entrada no Mercosul; boa hora para o Brasil atuar



Nenhuma área de nossa política externa sofre tanto de confusão, dúvida e desunião quanto a dos direitos humanos.

Há dois extremos. De um lado, argumenta-se que diplomacia pró-direitos humanos é moda a ser resistida. Afinal, quem somos nós para impor condições a terceiros?

No outro extremo do espectro, ouve-se que a política externa na matéria deveria refletir a trajetória histórica de nosso povo: depois de tanto autoritarismo e desigualdade, ter uma diplomacia voltada para os direitos humanos seria uma obrigação moral.

Ontem, esta Folha deu vazão ao tema, mostrando diferentes opiniões a respeito da dura resposta brasileira aos questionamentos da Comissão Interamericana de Direitos Humanos sobre Belo Monte.

Em coluna de opinião, um diplomata lotado no Palácio do Planalto defendeu o governo. Descartou as críticas assim: se nossa diplomacia de direitos humanos é criticada pelo governo dos EUA e se a política americana de direitos humanos é hipócrita, então as críticas à postura brasileira são hipócritas.

Essa fórmula foi desenhada pelo regime militar em 1977. Em visita a Brasília, a primeira-dama americana trouxe uma lista com nomes de presos políticos da ditadura na esperança de que fossem soltos. O chanceler brasileiro, irado, entregou-lhe, em troca, uma lista de presidiários americanos que haviam sofrido violência no cárcere. Violação de direitos humanos tem em todo canto, não é? O que fazer, então?

O problema ganha relevo agora. A Venezuela, um de nossos principais parceiros regionais, padece de graves problemas de direitos humanos. O argumento tradicional -não fazer nada- faz algum sentido. Criticar o governo de Hugo Chávez frontalmente apenas criaria atrito, ressentimento e desconfiança, sem garantia de resultados.

Nesse caso, contudo, não fazer nada seria nefasto. O Brasil estaria contribuindo, na prática, para piorar a situação: afinal, Chávez utiliza a entrada de seu país no Mercosul como grande triunfo em seus embates internos.

O negócio é moldar a conduta brasileira com vistas a facilitar a realização de nossos interesses.

Na prática, isso significa contribuir para um ambiente político estável no longo prazo. Chávez não vai durar para sempre.

O Brasil pode ajudar a Venezuela a construir instituições decentes e representativas -temos experiência de sobra na transformação de uma sociedade com veio autoritário em democracia participativa.

O Judiciário brasileiro poderia estreitar laços com suas instituições irmãs na Venezuela. Hoje em dia não se faz quase nada nessa área.

O governo também poderia facilitar contato entre as duas sociedades civis. A OAB, por exemplo, tem inúmeras contribuições a fazer do lado de lá.

Não se trata de intervencionismo à brasileira, mas de uma contribuição autointeressada e realista.

O Brasil trouxe a Venezuela para dentro de seu principal projeto regional porque prefere ter Chávez na tenda cuspindo para fora a tê-lo fora da tenda cuspindo para dentro.

Agora ele está mais amarrado do que em qualquer momento do passado. Também está mais enfraquecido. É boa hora para atuar.

GOSTOSA


MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 08/08

Com aporte de R$ 250 mi, empresa constrói porto flutuante no Amazonas

O grupo pernambucano Dislub Equador trabalha no desenvolvimento de um porto flutuante no Norte do país que poderá operar durante todo o ano, inclusive no período de seca.

O cais do terminal privado subirá e descerá acompanhando o nível do rio Amazonas e será usado por navios com capacidade para até 80 mil toneladas de combustível.

"São 14 metros que o rio desce na época de seca, inviabilizando a navegação de embarcações carregadas", afirma Humberto Carrilho, sócio do grupo.

"Foi uma oportunidade de negócio que surgiu e que deve resolver um grave problema da região", acrescenta.

A empresa também irá expandir sua área de armazenagem de combustível com duas novas bases de estocagem, uma no Rio Grande do Norte e outra no Amazonas.

O grupo destinou R$ 280 milhões para o desenvolvimentos dos três projetos. A expectativa é que, quando concluídos, eles aumentem em 10% o faturamento da empresa, que foi de R$ 1,5 bilhão no ano passado.

A nova base da região Norte ficará em Itacoatiara (AM), mesma cidade onde o porto está sendo construído. Essa será a primeira base do grupo que prestará serviços a terceiros. A Petrobras deverá ser a principal cliente, de acordo com Carrilho.

O empreendimento terá capacidade para 160 milhões de litros. A partir de janeiro do próximo ano, tanques para 60 milhões de litros já deverão estar em operação.

A área de armazenamento do Rio Grande do Norte, que irá atender apenas o grupo, será em Guamaré e poderá receber até 13 milhões de litros. As obras devem ser concluídas em janeiro de 2013.

Hoje os tanques da empresa, distribuídos em seis bases no Norte e duas no Nordeste, somam 25 milhões de litros.

Cresce aluguel de condomínio industrial no Brasil

O preço de locação de condomínios industriais de luxo atingiu o valor mais alto dos últimos dois anos, segundo estudo da Colliers.

Ao final do segundo trimestre deste ano, o valor médio do aluguel do setor foi de R$ 19,70 por mês por metro quadrado.

"A tendência é que não suba mais daqui para frente, mas ainda é cedo para sabermos se vai cair ou estabilizar", diz Ricardo Betancourt, presidente da companhia.

Com a entrada de novas unidades no mercado nos últimos meses, a taxa de vacância no país subiu de 6%, ao final de 2011, para 6,8%, em junho deste ano.

"Esse índice deve subir mais um pouco para ficar entre 7% e 10%, que é um valor de equilíbrio para o mercado, sem exercer pressão sobre o preço", diz Betancourt.

No Estado de São Paulo, a taxa de vacância é de 7,8%.

Distrito Federal e Ceará têm os números mais elevados, de 32,1% e 30,7%, respectivamente, segundo o estudo. As taxas de Amazonas, Pará e Pernambuco estão em 0%.

ALEMANHA NO SALÃO

Pela primeira vez, o festival Oktoberfest será realizado também em São Paulo, nos moldes do evento que acontece em Blumenau.

Já são promovidas na cidade festas inspiradas no tema, mas para públicos menores.

O novo evento, que acontecerá no Anhembi, estima receber mais de 100 mil visitantes em três noites e dois dias de novembro, segundo a organizadora TedCom.

"Faremos uma estrutura cenográfica com aporte de R$ 8 milhões", diz Madelon Tedesco, diretora da empresa.

ESPERA NO TELEFONE
Metade das provedoras de call centers da América Latina admite que clientes consideram o serviço impreciso ou confuso, segundo a Amdocs, multinacional de tecnologia.

Para 78% das companhias do setor, a quantidade de ligações recebidas cairia se fossem usadas as tecnologias certas de autoatendimento.

O uso de call centers é a primeira opção do cliente para resolver problemas na opinião de 48% das empresas.

NÚMEROS

78% das empresas do setor dizem que diminuiriam o número de chamadas se usassem as tecnologias adequadas

88% das ligações têm o objetivo de buscar informações sobre pagamento ou uso de produto

55% admitem que mensagens proativas irritam os clientes

Taça A importação de vinhos do Chile cresceu 3% no primeiro semestre, segundo a associação do setor Wines of Chile. Em maio, exportaram ao Brasil cerca de 9,5 milhões de litros de vinho. O Chile tem 37,5% de participação de mercado, segundo a entidade.

Qualificação Quase 90% das empresas ouvidas pela Fundação Nacional da Qualidade têm dificuldade para contratar profissionais capacitados. Segundo a pesquisa, 92% afirmaram que investem em projetos para qualificar seus funcionários.

EM OBRAS

As vendas de asfalto no país voltaram a registrar alta em julho, para 259 mil toneladas, segundo o Sinicesp (sindicato de construção pesada).

Em junho, foram consumidas 221,5 mil toneladas.

"O país já consumiu um nível maior do produto no passado recente, quando até a importação foi necessária. Agora, volta a tendência de alta", diz Helcio Farias, do sindicato. O volume tem sido puxado por obras de prefeituras, em ano eleitoral, segundo Farias.

PORTA-JOIA

O designer de joias Ara Vartanian vai abrir a primeira loja da grife no Rio de Janeiro em novembro.

A marca, que já produzia peças únicas, passa a investir também em campanhas direcionadas a um único produto.

Entre as peças há uma pulseira que levou um ano para ser confeccionada e carrega 96 diamantes.

As peças variam de R$ 5.000 a R$ 120 mil.

A empresa também vai abrir um espaço na NK Store, em São Paulo. "Além das nossas peças, teremos as nossas outras duas linhas, de preços mais comerciais", afirma Vartanian.

Nova tentativa - CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 08/08


Um tanto tardiamente, o governo Dilma pretende corrigir agora dois graves erros de foco de sua política econômica. Se vai dar certo ou não, depende de muita coisa.

Em agosto do ano passado, foi lançado o Plano Brasil Maior, complementado com outros pacotinhos, com o objetivo de criar políticas anticíclicas destinadas a dar melhores condições de resposta da economia à crise global e à paradeira que se esboçava no mercado interno.

O primeiro erro de foco foi seu viés excessivamente voltado para o consumo, dentro do pressuposto de que bastaria expandir um mercado de massas para que a produção viesse atrás. Por isso, o governo federal permitiu o aumento dos salários, acionou o crédito dos bancos comerciais e baixou alguns impostos que oneram bens de consumo. Deu errado, a indústria não acompanhou por incapacidade competitiva. Os custos, altos demais, seguraram os investimentos e o aumento de capacidade de produção.

O outro equívoco foi a política de favorecimento, com crédito do BNDES e com estímulos fiscais, de campeões previamente escolhidos: as montadoras de veículos, a indústria de aparelhos domésticos, o setor têxtil, os produtores de máquinas, de calçados, de materiais de construção e de móveis.

Ou seja, em vez de garantir competitividade para todo o setor produtivo, a opção foi turbinar ou a turma que grita mais ou os mais chegados.

Os resultados não entusiasmam. O setor produtivo se mantém prostrado, os contemplados entendem que as decisões de política econômica que os beneficiaram asseguraram só antecipação de compras. E o setor privado parou de investir porque a política voltada para a produção, baseada em critérios de preferência sempre aleatórios, criou mais incerteza do que um ambiente saudável para decisões de longo prazo.

Agora, o governo Dilma parece convencido de que a política voltada para o consumo está esgotada e que é necessário buscar o investimento. E também parece crer em que o custo Brasil ficou insuportável para o setor produtivo, altamente pressionado pela crise global, e que é preciso tratar de reduzi-lo. A política de desoneração da folha de pagamentos, ainda que sua execução tenha criado perigosas distorções, como a intensificação da tributação sobre o faturamento, foi o primeiro reconhecimento de que é preciso avançar nessa direção. O governo, então, pretende atacar também o custo excessivo da energia elétrica, o quarto mais alto do mundo, como apontam algumas avaliações.

O pacote em gestação pretende estimular em novas bases os investimentos em infraestrutura. Nessa empreitada, esbarra com duas limitações imediatas. A primeira é a falta de recursos. O BNDES vem se abastecendo de fundos diretamente no Tesouro e, com isso, consegue escapar ao crivo do Congresso, encarregado da fiscalização do uso das verbas orçamentárias. Mas, desde 2009, os ativos do BNDES saltaram 62% e sua capacidade de expansão se mostra saturada.

A segunda limitação é a ausência de regras confiáveis de jogo que consigam acionar o setor privado. Uma política montada em favorecimentos, reservas de mercado (às claras ou disfarçadas) e exigências excessivas de conteúdo local não é sustentável.

A política dos remendos - ROLF KUNTZ


O Estado de S.Paulo - 08/08


As dificuldades do governo para fechar o novo pacote de estímulos à indústria e o prejuízo da Petrobrás no segundo trimestre são páginas da mesma história. Sem novidades para apresentar aos industriais, a presidente Dilma Rousseff adiou um encontro com dirigentes de grandes empresas. O embaraço é facilmente explicável. É cada vez mais complicado encontrar espaço no Orçamento Geral da União para desonerações tributárias. Mantém-se a gastança e a indispensável reforma dos impostos e contribuições continua empurrada para o dia do Juízo Final. Quanto aos problemas da Petrobrás, são obviamente resultantes de um estilo de governo implantado há nove anos e caracterizado pela visão de curto prazo, pela baixa disposição de enfrentar problemas complexos, como os fiscais, e pela tentação permanente de politizar as decisões econômicas. A contenção dos preços da gasolina, os problemas na construção de refinarias e o lançamento oficial de um petroleiro sem condições de navegar - só ficaria pronto dois anos depois - são demonstrações desse estilo.

A presidente da Petrobrás, Graça Foster, tem-se mostrado disposta a mudar a gestão da empresa, a enfrentar os problemas e até a exibir esqueletos guardados por vários anos, como os erros da política de preços, o irrealismo das metas e o mau planejamento das novas refinarias. Se persistir nessa atitude e for mantida no posto, forçará mudança pelo menos numa área da gestão federal. Talvez essa mudança contamine outras áreas da política econômica, mas, por enquanto, a maior parte desse quadro parece altamente improvável.

O País continua a uma boa distância de uma crise cambial, embora esses erros tenham afetado seriamente as contas externas. As exportações emperraram, as importações cresceram, o déficit em transações correntes aumenta de forma sensível e deverá continuar aumentando nos próximos anos. Está pouco acima de 2% do produto interno bruto (PIB), por enquanto, e poderá passar de 3% nos próximos cinco anos, segundo projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI). Os sinais são ruins e o quadro é muito desfavorável à indústria brasileira, atropelada no País e no exterior por vários competidores mais dinâmicos. Apesar disso, as contas externas ainda parecem administráveis e, além disso, o Brasil tem uns US$ 380 bilhões de reservas cambiais, um respeitável colchão de segurança.

Essas reservas, o desemprego ainda baixo e o vigor do consumo são dados inegavelmente positivos, mas igualmente inegáveis são os sinais de deterioração econômica. A perspectiva é animadora pelo menos para os admiradores do calote argentino, da falsificação de estatísticas, do protecionismo, do racionamento de moeda estrangeira, da pressão contra a imprensa e do intervencionismo autoritário. Se continuar no rumo seguido até agora, o governo brasileiro acabará chegando lá e atendendo às aspirações de ilustres economistas defensores do "modelo" kirchnerista. Para isso, bastará a presidente Dilma Rousseff continuar favorecendo setores escolhidos, produzindo remendos tributários, brincando com o investimento público, sujeitando a Petrobrás e outras estatais a objetivos partidários, engessando o Orçamento e perpetuando uma administração de baixíssima qualidade.

O emperramento da indústria brasileira resulta principalmente desses fatores, porque a demanda interna se manteve robusta nos últimos anos e pouco foi afetada pela crise internacional. A estagnação na Europa, a recuperação muito lenta nos Estados Unidos e a perda de vigor de alguns grandes emergentes têm com certeza atrapalhado a economia brasileira. Piorou o mercado de commodities, a competição internacional ficou mais dura e a indústria brasileira está sujeita a pressões excepcionalmente severas. Até o comércio no interior do Mercosul se tornou mais difícil - mas isso se deve em parte à disposição do governo brasileiro de aceitar o protecionismo de seu principal parceiro regional. O retrocesso do Mercosul e a excessiva dependência do fornecimento de commodities à China também refletem a politização, no pior sentido, da estratégia econômica do governo.

A política de remendos tributários, de apoio financeiro a empresas e setores favoritos da corte e de estímulo ao consumo, sem atenção às condições estruturais de eficiência, chegou claramente ao limite. Se apenas ampliar a lista de indústrias beneficiadas com estímulos, o governo oferecerá mais do mesmo. Há uma diferença oceânica entre a mera multiplicação de ações pontuais e a adoção de medidas gerais para aumentar a produtividade geral da economia. Mantida a orientação seguida até agora, será cada vez mais difícil conciliar a concessão de estímulos com as restrições orçamentárias. É difícil apostar em mudança. Por enquanto, a maior parte do governo parece imune ao surto de racionalidade detectado na Petrobrás.

Jogo dos muitos erros - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 08/08


Num ano o governo não reajusta a gasolina porque tem eleição; no seguinte, porque a inflação subiu; no terceiro ano, porque tem eleição. Como a democracia veio para ficar, e nela vota-se com frequência, o governo deve deixar a economia fora disso. A importação de gasolina, em dólares, aumentou 374% no primeiro semestre, a Petrobras teve prejuízo, e o setor de etanol está desorganizado .

Os efeitos colaterais da decisão do governo de manter o preço artificial da gasolina estão se acumulando. Os dados da ANP mostram que de janeiro a junho foram gastos US$ 1,56 bi com a importação do produto, quase o mesmo valor importado em todo o ano de 2011. A exportação caiu 60% e foi de apenas US$ 48 milhões. Veja o gráfico. Aconteceu o mesmo com o óleo diesel: as exportações caíram 50% no primeiro semestre, enquanto as importações subiram 30%. A balança comercial do produto ficou negativa em US$ 3,5 bi. Em 2011, fechou no vermelho em US$ 7 bi .

Os números mostram a completa falta de sentido da política de combustíveis. A Petrobras compra lá fora por um preço mais alto do que vende aqui dentro, tem prejuízo e incentiva o consumo de combustível fóssil.

O mérito da presidente da Petrobras, Graça Foster, foi falar com sinceridade. José Sérgio Gabrielli sempre alegava que não iria repassar a volatilidade. Não era isso, tanto que os outros preços, como os de querosene de aviação e de gás para a indústria eram - e são - reajustados mensalmente. Graça admitiu que a defasagem no preço do diesel ainda está em 20,6%. Na gasolina, a diferença é de 18,1% .

O desequilíbrio no mercado de óleo diesel é antigo. As importações do produto já haviam disparado em 2006 e 2007 e só interromperam a trajetória de alta por causa da crise financeira de 2008, que levou a economia brasileira à recessão. Tanto o governo quanto a Petrobras tiveram tempo para mudar esse cenário.

Não mudaram e ainda entraram em outras decisões controversas, como a construção da refinaria Abreu e Lima, projetada para ser feita pela Petrobras e PDVSA e para processar petróleo venezuelano. A Petrobras banca tudo sozinha e o custo da obra deu um salto mortal: de US$ 4 bilhões para US$ 26 bi. Além disso, está atrasada .

O governo incentivou a compra de carro, segurou o preço do combustível e atrasou investimento em infraestrutura. Isso elevou a importação de gasolina e diesel, o que traz o prejuízo para a Petrobras. A indústria do etanol, sem horizontes, encolheu os investimentos. No ano passado, o país importou um bilhão de litros de álcool, e a ideia era que o Brasil virasse exportador .

Na mudança para o diesel com menos enxofre o governo errou também. Nos outros países o S50 substituiu o diesel velho. No Brasil, depois de adiar por vários anos a adoção do combustível menos poluente, a política foi manter os dois produtos. Como o novo custa 5% a 6% mais caro, toda a frota antiga usa o velho. Os postos de gasolina investiram na estrutura para o novo combustível - 2.800 postos estão com o produto - mas as vendas do S50 são de apenas 6% do total. As montadoras não estão conseguindo vender os novos modelos de caminhões e ônibus porque ninguém quer pagar mais pelo combustível tendo a opção do produto sujo e mais barato .

Poucas vezes se viu uma política que provoca tantos equívocos ao mesmo tempo .

México versus Brasil - CRISTIANO ROMERO


Valor Econômico - 08/08


Brasil e México há tempos se revezam no posto de maior economia da América Latina. Nos anos 90 do século passado, o PIB mexicano, apesar da grave crise financeira de 1994, cresceu de forma mais rápida e chegou a superar o brasileiro (em 37%, em 2002, se medido em dólar americano). Na primeira década do novo século, deu Brasil. Neste momento, a economia mexicana dá sinais de maior dinamismo, enquanto a brasileira começa a fraquejar.

Mais importante que descobrir o vencedor de um suposto campeonato entre países é identificar as razões que permitiram ao Brasil crescer de forma mais vigorosa no período mencionado e as que estão levando o México a acelerar seu ritmo de expansão. Depois de praticamente dobrar a velocidade de crescimento nos anos 2000, a economia brasileira voltou a crescer a taxas medíocres (2,7% em 2011 e provavelmente menos de 2% em 2012). A mexicana, após quase uma década de baixo crescimento, avançou 3,9% no ano passado e neste ano, segundo estimativa do FMI, deve expandir-se à taxa de 3,6%.

Economistas da Nomura Securities estimam que, sob as condições atuais, o México pode alcançar taxa média de crescimento anual de até 4,75% entre 2012 e 2022, enquanto o Brasil corre o risco de patinar, avançando, no mesmo período, a 3,25% ao ano, na melhor das hipóteses. Nesse ritmo, o PIB mexicano superaria o brasileiro dentro de dez anos.

No ritmo atual, México pode passar o Brasil em 2022

O recente sucesso brasileiro está relacionado ao boom dos preços de commodities deflagrado, em 2003, pelo rápido crescimento da China. Esse fenômeno fez o Brasil especializar-se na produção de commodities, realocando capital para essa área. O processo, na opinião de um grupo de analistas da Nomura liderado por Tony Volpon, provocou um impulso único na chamada Produtividade Total dos Fatores (PTF).

A estabilização da economia a partir de 1994 e as reformas econômicas realizadas naquela década, além da adoção do tripé metas para inflação-câmbio flutuante-disciplina fiscal, criaram as condições para a atração de capitais e a expansão do crédito doméstico, que saltou de 25% do PIB em 2005 para 50% do PIB agora. O maior acesso a crédito aumentou a demanda da população por bens e serviços, o que ajudou a incorporar milhões de pessoas ao mercado formal de trabalho e, assim, a reduzir o desemprego, que antes desse movimento estava em 13% nas regiões metropolitanas e hoje está em torno de 6%.

"A qualidade da força de trabalho também melhorou: o número de trabalhadores com educação terciária cresceu 7% ao ano, face a 5% uma década atrás, acrescentando outro impulso ao capital humano do Brasil", observa Volpon.

Nesse período de bonança do Brasil, o México passou a maior parte do tempo digerindo os efeitos das turbulências financeiras dos anos 90 e também da crise de 2007/2008, cujo epicentro foi nos Estados Unidos, economia com a qual tem ligação umbilical. Mesmo tendo avançado em reformas estruturais, promovido privatizações, assegurado independência a seu banco central e fechado inúmeros acordos de livre comércio, entre os quais o Nafta (com EUA e Canadá), a economia mexicana teve crescimento decepcionante.

A contribuição do capital humano ao PIB caiu de uma média anual de 1,1 ponto percentual no período 1992-2001 para 0,6% entre 2002 e 2010. Entre as razões, estão a emergência da China como potência exportadora de produtos industrializados, o baixo nível educacional do operário mexicano, um mercado de trabalho rígido, uma forte emigração para os EUA e a convivência com um enorme mercado de trabalho informal. Outros problemas são o controle estatal absoluto do setor de energia e a existência de oligopólios e monopólios nos setores privatizados (telecomunicações e cimento, por exemplo). A PTF caiu, no período, de 0,5% para 0,1%.

Os economistas da Nomura acreditam que a sorte do México está mudando em função basicamente de dois fatores: o desaquecimento do mercado imobiliário americano, que está forçando imigrantes mexicanos a retornarem a seu país, e o aumento dos custos de trabalho na China. Multinacionais industriais estão procurando o México em busca de custos menores. Isso ajudará a aumentar a PTF da economia, que vai se beneficiar também da maior contribuição da força de trabalho ao crescimento. Um outro fator favorável é o renascimento da indústria americana, à qual a indústria mexicana está integrada.

É importante observar que o avanço da PTF do México dependerá da aprovação, pelo Congresso, de algumas reformas. A equipe do candidato presidencial líder das pesquisas, Enrique Peña Nieto, tem defendido a desoneração da folha de pagamento. Os parlamentares discutem ainda mudanças que permitam maior flexibilidade no mercado de trabalho. Para analistas da Nomura, essas novidades podem elevar a contribuição da PTF ao crescimento em até dois pontos percentuais ao ano.

No caso do Brasil, os analistas preveem que a contribuição do capital humano e da PTF será limitada daqui em diante, ao contrário do que ocorreu no período entre 2002 e 2010. Ademais, o modelo de crescimento adotado pelo país tem privilegiado o setor de serviços, de menor produtividade. A taxa de desemprego já está em sua mínima histórica, deixando pouco espaço para a contribuição da força de trabalho.

"O surto de crescimento da PTF no Brasil não é duradouro porque, por natureza, o setor de commodities (a exceção é o setor petrolífero) não incorpora grandes inovações tecnológicas, ou pelo menos não no mesmo ritmo que o setor industrial. Portanto, depois de um rápido "take off" (decolagem), à medida que especializamos a nossa economia em commodities, com a indústria perdendo peso, nossa PTF cai e, portanto, também o nosso crescimento", diz Volpon, que divulgará estudo sobre o tema nesta quarta-feira.

No fundo, a análise da Nomura revela ceticismo quanto à eficácia de inúmeras medidas que o governo Dilma Rousseff vem adotando para reduzir os custos de produção e investimento no Brasil. Uma parte do que o México quer fazer, como a desoneração da folha, o governo brasileiro já fez para 15 setores e vai ampliar a lista. Brasília prepara também, entre outras medidas, concessões ao setor privado em todas as áreas de infraestrutura. São ações que, uma vez implementadas, terão efeito positivo na capacidade de crescimento da economia.

Brincadeira olímpica - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE S.PAULO - 08/08


SÃO PAULO - Em termos puramente racionais, é difícil encontrar algo mais estúpido do que um esporte olímpico. Não faz sentido que algumas pessoas dediquem suas vidas a ver quem atira mais longe um pedaço de pau ou a tentar superar, às vezes por milésimos de segundo, um desconhecido num percurso terrestre ou aquático que liga nada a lugar nenhum. Pior mesmo só entusiasmar-se à distância com esses eventos, como fazemos os torcedores.
Se é incoerente e todo mundo adora, estamos diante de um fenômeno que vale a pena investigar. Quem oferece pistas interessantes é o hoje quase esquecido historiador holandês Johan Huizinga (1872-1945). Para Huizinga, a ideia de jogo é central para a civilização. Em seu "Homo Ludens", o autor afirma que todas as atividades humanas, incluindo filosofia, guerra, arte, leis e linguagem, podem ser vistas como o resultado de um jogo, ou, para usarmos a terminologia técnica, "sub specie ludi" (a título de brincadeira).
A escrita alfabética surgiu porque um escriba com gosto por trocadilhos infames brincou com sons, significados e símbolos. A filosofia não é muito mais que um grande jogo de conceitos. O direito, então, é pura encenação. Na Inglaterra, advogados e juízes ainda usam perucas (por aqui só sobrou a toga), evidência de que o mundo das leis tem muito de teatro.
Huizinga define jogo como "atividade ou ocupação voluntária executada dentro de certos limites fixos de tempo e espaço, de acordo com regras livremente aceitas, mas absolutamente restritivas, que tenha seu fim em si mesma e que se faça acompanhar de um sentimento de tensão, alegria e da consciência de que ela difere da vida ordinária".
Paradoxalmente, é porque não serve para nada que o esporte provoca tanto fascínio. Ele nos lança num mundo de brincadeira, tão afastado das agruras do dia a dia que não precisamos nem nos curvar aos imperativos da razão.

ISIS PARA VERDE - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 08/08

A atriz Isis Valverde diz à revista "Boa Forma" deste mês que, antes de interpretar a sensual Suelen na novela "Avenida Brasil" (Globo), achava suas pernas "mais finas do que gostaria" e o "bumbum pequeno". Agora, aos 25 anos, alcançou as coxas almejadas praticando remo de pé em cima de prancha de surfe e caminhando com seus três cachorros de estimação. "Não gosto muito de ficar parada, porque me dá nervoso", ela afirma.

COM A MÃO NO BOLSO
O ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ganhou ação contra a delegada Nilze Scapulatiello por dano moral. Em 2010, ela determinou sua prisão e o deixou pelado em uma cela, sem comunicação com família e advogados. A indenização é de R$ 30 mil.

FIRME E FORTE
Souza havia sido detido porque portava uma joia roubada, que alegou ser de um comerciante que tentava vendê-la. Na delegacia, ficou "sem vestes por tempo superior ao estritamente necessário para revista pessoal", diz o juiz. Ele foi representado pelo advogado Fernando Lottenberg. A delegada alegou que apenas agiu com "firmeza" e pode recorrer.

LINHA CRUZADA
Depois da prisão, o executivo ficou conhecido como "homem-bomba" por supostamente saber segredos do PSDB. Quando foi preso, ele tentou telefonar para o senador tucano Aloysio Nunes Ferreira, seu amigo pessoal.

LINHA DIRETA
Lula telefonou anteontem para José Dirceu em sua casa, em Vinhedo (SP). Elogiou o desempenho do advogado José Luis Oliveira Lima pela defesa oral do ex-ministro no caso do mensalão, no STF (Supremo Tribunal Federal).

AVENTURA
Dirceu não viu toda a defesa. Na hora, estava assistindo ao filme "As Aventuras de Tintim", de Steven Spielberg, segundo sua família. Como fica ansioso, ele receberia informes da namorada, Evanise Santos, e de assessores que acompanham tudo numa sala ao lado.

SERÁ?
Eles dizem que, no dia em que o procurador-geral, Roberto Gurgel, lia a denúncia que o aponta como chefe da quadrilha do mensalão, Dirceu dormiu numa rede.

TRAVESSEIRO
E um ministro do STF justifica a foto em que os colegas Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes aparecem dormindo bem no meio da exposição dos advogados dos réus do mensalão. "Já lemos centenas de documentos e ouvimos aquelas alegações centenas de vezes." Segundo o mesmo magistrado, a maioria deles já têm pronto o "esqueleto" de seu voto.

STRIP-VESTIBULAR
As feministas do grupo Femen, que protestam de topless, estão aplicando prova para admitir novas integrantes no Brasil. O teste acontecerá até hoje, no café Starbucks da alameda Santos, e tem perguntas como "o que é turismo sexual?" e "o que você acha do parto humanizado?". "É só para perceber se a menina é comprometida ou só quer sair na 'Playboy'", diz Sara Winter, líder do grupo no país.

STRIP-VESTIBULAR 2
Sara diz que uma terceira jovem acaba de ser aprovada no grupo em SP. Ao contrário das duas primeiras, ela foge do padrão "Playboy".

"Seu corpo é o que a indústria ocidental da beleza chamaria de 'plus size'."

DEU BOLO
A Editora Sextante servirá na Bienal do Livro um bolo de dois metros, reproduzindo capas de Augusto Cury.

O autor paulista já vendeu cerca de 10 milhões de exemplares de títulos como "Você É Insubstituível".

À CASA TORNA
O maestro John Neschling regeu anteontem a Orchestra della Svizzera Italiana. O concerto marcou o retorno do ex-diretor da Osesp à Sala São Paulo após três anos. Estavam lá Milú Villela, presidente do Itaú Cultural, o empresário Henri Slezynger e a mulher, Dora Rosset, o empresário Josef Kurc e Marta Katz Migliori.

OS IMPRESSIONISTAS ESTÃO CHEGANDO
Guy Cogeval, do Museu d'Orsay, veio a São Paulo para a exposição "Impressionismo: Paris e a Modernidade", no CCBB. Foram à abertura a arquiteta Virginia Fienga e a colecionadora Beatriz Pimenta Camargo.

CURTO-CIRCUITO

Fabio Brancatelli amplia a atuação da sua agência Bicofino, que passa a ser multidisciplinar. Ele terá como sócio Ike Levy.

Roberto Magalhães Gouveia comanda leilão de fotografias "vintage" em prol da ONG Childhood Brasil, que atua na área da infância. Hoje, às 19h, no Museu da Casa Brasileira.

Alexandre Birman inaugura sua nova loja de sapatos, no shopping Iguatemi, hoje, às 19h.

Luiza Setubal promove lançamento da nova coleção da LOOL no shopping JK Iguatemi, às 18h.

com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, CHICO FELITTI, LÍGIA MESQUITA e OLÍVIA FLORÊNCIA