FOLHA DE SP - 25/03
Apesar de dizer que não quer botar fogo no circo econômico, PMDB morde e assopra ajuste fiscal
"QUE FASE." Quando o governo acerta uma no cravo, martela duas na ferradura e leva três na canela. Na segunda-feira, teve a satisfação triste e diminuta de saber que não levou ponto negativo em sua nota de crédito, dada por uma dessas agências de avaliação de risco de calote. Alegrias pobres duram pouco.
Ontem, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), disse a líderes empresariais da indústria que Dilma Rousseff vai comer o pão que ela própria amassou antes de ver o pacote de corte de gastos do governo aprovado no Congresso. Foi aplaudido.
Calheiros e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) têm dito em público e a algumas lideranças empresariais maiores que não vão colocar fogo no circo, não vão derrubar o corte de gastos, o "ajuste fiscal". Mas a cada dois ou três dias demonstram também que vão triturar politicamente o governo. Ameaçaram, mas enfim recuaram, deixar correr projeto de lei que reajusta todos os benefícios do INSS pelo valor do salário mínimo. Querem fazer valer logo, regulamentar, a lei que reduz a dívida de Estados e municípios com a União, mais um talho nas receitas federais.
Ontem, Calheiros cantou alto a ária preferida de empresários e aliás de quase todo o mundo. Isto é, o governo tem de cortar "seus gastos", não aumentar impostos, como pretende fazer no caso da contribuição patronal para o INSS, medida que deixou o empresariado em geral fulo. Mas o governo vai cortar onde?
Reduzir o número de ministérios rende apenas um troco. Melhorar as contas do governo ora implica reduzir benefícios sociais, investimento "em obras" ou fechar partes do governo (isso: fechar).
No entanto, centrais sindicais e movimentos sociais malham e querem queimar o PT como Judas, para nem falar dos parlamentares que ameaçam debandar, todos por causa de cortes sociais. Para piorar, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, foi ontem a público negar que o governo vá maneirar no talho social a fim de agradar a Lula, ao PT, a agregados e a simpatizantes.
Logo, vai sobrar ainda mais para os investimentos. A recessão deve, assim, piorar. Obras vão parar ou ficar sem pagamento, como já acontece, o que vai causar mais raiva entre empresas e trabalhadores. Em um ano, a construção civil já demitiu uns 8% de sua força de trabalho, quase 280 mil pessoas na rua.
Suponha-se que Calheiros e Cunha não queiram tocar fogo no circo econômico (sabem que reduzir o ministério não rende nada em termos fiscais). Pode ser então que estejam emparedando o governo, ganhando mais território, talvez até reduzir Dilma Rousseff a presidente do Vaticano ou de San Marino. Tendo ficado com mais poder ou, quem sabe, tendo empurrado a presidente no precipício, farão o que da massa falida, talvez caótica?
Até cortar gasto a machadadas está difícil, pois há muita despesa protegida por lei, crescente, e a receita do governo não cresce. O decerto lunático Orçamento federal prevê um AUMENTO real de uns 9% na receita, mas no primeiro bimestre do ano a receita CAIU 3% em termos reais.
Enfim, esta é a malhação de Dilma com pauladas econômicas. Há CPIs, polícia, procuradores, Justiça. Ninguém ainda se arrisca a dar sentido a esta crise.
quarta-feira, março 25, 2015
Bondade com o dinheiro alheio - ELIANE CANTANHÊDE
O Estado de S. Paulo - 25/03
Depois de furado o esquema gigantesco da Petrobrás, era apenas questão de tempo para começarem a estourar os tumores de outras estatais. Era cutucar e aparecer. O Estado chegou antes e temos aí os Correios, para confirmar a expectativa. Não foi o primeiro, certamente não será o último.
Fala sério: investir em títulos da Venezuela?! Isso não pode ser verdade. Mais do que uma aplicação de altíssimo risco, com o governo Nicolás Maduro desabando, é também uma operação suspeita e confirma o que todo brasileiro sabe, ou tinha obrigação de saber, a esta altura do campeonato: o modus operandi da era PT.
Além da má administração, impera a confusão entre Estado e governo e entre governo e partido. Dá nessas coisas. A maior empresa do País foi fatiada e dilapidada em mais de R$ 1 bilhão, a querida e popular instituição dos Correios foi chamada a financiar ditaduras destrambelhadas, o programa Mais Médicos foi maquiado para disfarçar uma mãozinha milionária para os "cumpanheiro" cubanos.
A Operação Lava Jato expôs dirigentes partidários, parlamentares, ex-ministros, diretores, doleiros e executivos das grandes empreiteiras - com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, no meio do furacão. E todos eles expuseram o Brasil à vergonha internacional e a processos judiciais preocupantes nos Estados Unidos. Sabe-se lá quanto tempo a Petrobrás levará para se recuperar financeiramente. Pior: quanto tempo levará para resgatar a credibilidade e a autoestima.
E os Correios gastaram a seu bel prazer, principalmente no ano eleitoral de 2014, e serão julgados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por ações irregulares pró-Dilma durante a campanha à reeleição. Agora, com um rombo de bilhões de reais, o que fazem seus chefões? Mandam a conta para os funcionários.
Conforme a reportagem do Estado, o Postalis, fundo de pensão dos Correios, espetou um extra de 26% sobre os ganhos de empregados, aposentados e pensionistas para cobrir um rombo que foi criado pela incompetência, pelo partidarismo e pela ideologia. Como Robin Hood ao contrário, os Correios tiram dos trabalhadores para dar aos patrões e candidatos.
E a história de Cuba? O Mais Médicos faz sentido, porque há municípios sem nenhum atendimento. E trazer generalistas cubanos também faz sentido, porque eles são especialistas em prevenção básica justamente em áreas carentes e não atendidas. Mas uma gravação obtida pela TV Bandeirantes mostra que o objetivo real não era nem uma coisa nem outra. Era despejar um bom dinheiro no regime dos irmãos Castro. Os médicos de outras nacionalidades só serviram para dourar a pílula.
Como resultado, temos que o Ministério da Saúde financia Cuba, os Correios dão uma forcinha ora para a Venezuela, ora para a campanha de reeleição da presidente, e a Petrobrás financia PT, PP e PMDB antes, durante e depois de eleições, para eternizar um projeto de poder.
Tem muita investigação, muito inquérito, muitos réus, muita gente presa, mas, no frigir dos ovos, adivinha quem paga essa conta? Você!
Juiz. A Polícia Federal não tem dúvida de que o juiz Flávio Roberto de Souza está armando tudo para se passar por maluco e sair dessa afastado das funções, mas com uma gorda aposentadoria vitalícia e com uma bolada extra no bolso (ou em paraísos fiscais).
Nada faz sentido: chegar no Porsche de Eike Batista em pleno fórum? Já com os fotógrafos a postos? Levar piano para a casa do vizinho? Depois de tudo isso falar em budismo, carma e "repousar a mente"? Isso não é coisa de louco, é coisa de gente muito viva.
Depois de furado o esquema gigantesco da Petrobrás, era apenas questão de tempo para começarem a estourar os tumores de outras estatais. Era cutucar e aparecer. O Estado chegou antes e temos aí os Correios, para confirmar a expectativa. Não foi o primeiro, certamente não será o último.
Fala sério: investir em títulos da Venezuela?! Isso não pode ser verdade. Mais do que uma aplicação de altíssimo risco, com o governo Nicolás Maduro desabando, é também uma operação suspeita e confirma o que todo brasileiro sabe, ou tinha obrigação de saber, a esta altura do campeonato: o modus operandi da era PT.
Além da má administração, impera a confusão entre Estado e governo e entre governo e partido. Dá nessas coisas. A maior empresa do País foi fatiada e dilapidada em mais de R$ 1 bilhão, a querida e popular instituição dos Correios foi chamada a financiar ditaduras destrambelhadas, o programa Mais Médicos foi maquiado para disfarçar uma mãozinha milionária para os "cumpanheiro" cubanos.
A Operação Lava Jato expôs dirigentes partidários, parlamentares, ex-ministros, diretores, doleiros e executivos das grandes empreiteiras - com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, no meio do furacão. E todos eles expuseram o Brasil à vergonha internacional e a processos judiciais preocupantes nos Estados Unidos. Sabe-se lá quanto tempo a Petrobrás levará para se recuperar financeiramente. Pior: quanto tempo levará para resgatar a credibilidade e a autoestima.
E os Correios gastaram a seu bel prazer, principalmente no ano eleitoral de 2014, e serão julgados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por ações irregulares pró-Dilma durante a campanha à reeleição. Agora, com um rombo de bilhões de reais, o que fazem seus chefões? Mandam a conta para os funcionários.
Conforme a reportagem do Estado, o Postalis, fundo de pensão dos Correios, espetou um extra de 26% sobre os ganhos de empregados, aposentados e pensionistas para cobrir um rombo que foi criado pela incompetência, pelo partidarismo e pela ideologia. Como Robin Hood ao contrário, os Correios tiram dos trabalhadores para dar aos patrões e candidatos.
E a história de Cuba? O Mais Médicos faz sentido, porque há municípios sem nenhum atendimento. E trazer generalistas cubanos também faz sentido, porque eles são especialistas em prevenção básica justamente em áreas carentes e não atendidas. Mas uma gravação obtida pela TV Bandeirantes mostra que o objetivo real não era nem uma coisa nem outra. Era despejar um bom dinheiro no regime dos irmãos Castro. Os médicos de outras nacionalidades só serviram para dourar a pílula.
Como resultado, temos que o Ministério da Saúde financia Cuba, os Correios dão uma forcinha ora para a Venezuela, ora para a campanha de reeleição da presidente, e a Petrobrás financia PT, PP e PMDB antes, durante e depois de eleições, para eternizar um projeto de poder.
Tem muita investigação, muito inquérito, muitos réus, muita gente presa, mas, no frigir dos ovos, adivinha quem paga essa conta? Você!
Juiz. A Polícia Federal não tem dúvida de que o juiz Flávio Roberto de Souza está armando tudo para se passar por maluco e sair dessa afastado das funções, mas com uma gorda aposentadoria vitalícia e com uma bolada extra no bolso (ou em paraísos fiscais).
Nada faz sentido: chegar no Porsche de Eike Batista em pleno fórum? Já com os fotógrafos a postos? Levar piano para a casa do vizinho? Depois de tudo isso falar em budismo, carma e "repousar a mente"? Isso não é coisa de louco, é coisa de gente muito viva.
PMDB 7 x 1 Dilma - BERNARDO MELLO FRANCO
FOLHA DE SP - 25/03
BRASÍLIA - O jogo político em Brasília tem lembrado a semifinal da Copa: a cada vez que os alemães Renan Calheiros e Eduardo Cunha armam uma jogada, Dilma Rousseff encarna o goleiro canarinho e vai buscar a bola no fundo da rede.
A dupla de ataque do PMDB está prestes a marcar mais um gol, ao tirar da oposição oficial a bandeira do corte no número de ministérios.
A tabelinha começou na semana passada, quando a bancada do partido na Câmara desarquivou uma proposta de emenda constitucional apresentada por Cunha. O texto estabelece um teto de 20 ministérios na Esplanada. Se aprovado, obrigará Dilma a fazer um corte brusco em sua equipe, hoje com 39 pastas.
Em um lance ensaiado, Renan saiu ontem em defesa da ideia: "Está na hora do programa Menos Ministérios. Vinte, no máximo. Menos cargos comissionados, menos desperdício e menos aparelhamento".
Foi o suficiente para jogar Dilma de volta na defensiva. Horas depois, ela anunciou que o governo vai "fazer profundos cortes" e "buscar ineficiência" (sic) em todos os ministérios, mas sem falar em enxugamento.
Mais uma vez, a presidente deve ser atropelada pelo Congresso. A proposta de Cunha pode ser votada hoje na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Se aprovada, causará forte desgaste político ao governo.
Os 39 ministérios de Dilma são um claro absurdo. O curioso é ver o PMDB em campanha por sua redução. O partido se notabilizou por pressionar todos os governos, inclusive o atual, para obter mais cargos e orçamentos na Esplanada. Neste momento, atua nos bastidores para arrancar a Integração Nacional do PP.
Se seu time estivesse forte, Dilma poderia instar os peemedebistas a dar o exemplo, devolvendo as sete pastas que controla: Minas e Energia, Agricultura, Turismo, Pesca, Portos, Aviação Civil e Assuntos Estratégicos. Na partida atual, é mais provável que a presidente acabe assistindo a mais um gol da Alemanha.
BRASÍLIA - O jogo político em Brasília tem lembrado a semifinal da Copa: a cada vez que os alemães Renan Calheiros e Eduardo Cunha armam uma jogada, Dilma Rousseff encarna o goleiro canarinho e vai buscar a bola no fundo da rede.
A dupla de ataque do PMDB está prestes a marcar mais um gol, ao tirar da oposição oficial a bandeira do corte no número de ministérios.
A tabelinha começou na semana passada, quando a bancada do partido na Câmara desarquivou uma proposta de emenda constitucional apresentada por Cunha. O texto estabelece um teto de 20 ministérios na Esplanada. Se aprovado, obrigará Dilma a fazer um corte brusco em sua equipe, hoje com 39 pastas.
Em um lance ensaiado, Renan saiu ontem em defesa da ideia: "Está na hora do programa Menos Ministérios. Vinte, no máximo. Menos cargos comissionados, menos desperdício e menos aparelhamento".
Foi o suficiente para jogar Dilma de volta na defensiva. Horas depois, ela anunciou que o governo vai "fazer profundos cortes" e "buscar ineficiência" (sic) em todos os ministérios, mas sem falar em enxugamento.
Mais uma vez, a presidente deve ser atropelada pelo Congresso. A proposta de Cunha pode ser votada hoje na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Se aprovada, causará forte desgaste político ao governo.
Os 39 ministérios de Dilma são um claro absurdo. O curioso é ver o PMDB em campanha por sua redução. O partido se notabilizou por pressionar todos os governos, inclusive o atual, para obter mais cargos e orçamentos na Esplanada. Neste momento, atua nos bastidores para arrancar a Integração Nacional do PP.
Se seu time estivesse forte, Dilma poderia instar os peemedebistas a dar o exemplo, devolvendo as sete pastas que controla: Minas e Energia, Agricultura, Turismo, Pesca, Portos, Aviação Civil e Assuntos Estratégicos. Na partida atual, é mais provável que a presidente acabe assistindo a mais um gol da Alemanha.
Regulamentação torna inofensiva Lei Anticorrupção - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 25/03
A desidratação da legislação não resolve o problema dos envolvidos no petrolão porque, se a Justiça americana achar as penas brasileiras leves, fixará outras
No folclore da administração pública, há a máxima de que, se o objetivo é nada decidir, se crie uma comissão de estudos. Já no rol das espertezas no Executivo e Legislativo existe o artifício de se revogar lei na regulamentação. É o que acontece com a Lei Anticorrupção, na visão do advogado Modesto Carvalhosa, um dos autores da Lei das S.A., e que acaba de lançar livro sobre esta nova legislação. Opinião, portanto, abalizada.
Publicada em agosto de 2013 para entrar em vigor 180 dias depois, em 2014, a lei só veio a ser regulamentada pela presidente Dilma na semana passada, 19 meses após a sanção. Fica evidente o porquê: desidratá-la, devido ao petrolão, resultado da Operação Lava-Jato, lançada pela Polícia Federal no Paraná, em março do ano passado. O calendário já denuncia a intenção sub-reptícia de livrar empreiteiras. E o conteúdo da regulamentação é prova cabal. A lei entrou em vigor ao ser publicada no DO, mas, agora, a regulamentação a desidrata. Carvalhosa, em entrevista ao GLOBO, chama a atenção, entre outros pontos, para o dispositivo que estabelece ser a autoridade máxima de cada órgão envolvido em denúncias de corrupção quem abrirá os processos administrativos de investigação. (A lei não trata da área penal).
Ora, pois. Imagine-se o próprio escândalo do petrolão, em que a Petrobras é o alvo da roubalheira. Para apurar o caso, à luz da lei recém-regulamentada, caberia ao novo presidente da estatal, Aldemir Bendine, comandar a apuração administrativa, quando ele tem coisa mais importante para fazer. Pior ainda, voltando-se no tempo caberia a Graça Foster esta função, tendo sido ela companheira de diretoria dos denunciados. Ou, mais no passado, caberia ao lulopetista José Sérgio Gabrielli, presidente da estatal no período do assalto, instaurar o inquérito. Algo que lembra a surrada imagem de raposas trabalhando na segurança de galinheiros.
Ou tão ou mais bizarro: o ministro das Minas e Energia, formalmente o superior hierárquico da Petrobras, o ex-senador Edson Lobão (PMDB-MA) presidiria o inquérito. Também haveria problema, pois Lobão está na lista dos acusados de serem beneficiários do próprio esquema do petrolão.
"Essa regulamentação é uma farsa”, decreta Carvalhosa. Difícil discordar. O advogado alerta que esse mecanismo caviloso retirado da cartola da regulamentação da lei é forte indutor da própria corrupção, a qual a lei pretende combater. Como políticos em cargos de ministérios poderão instaurar inquéritos, a legislação, na prática, instalará novo balcão de negociatas entre autoridades e empresários privados. Funcionará, então, ao contrário. Modesto Carvalhosa propõe que o Ministério Público aja para anular a regulamentação. Faz sentido. Nem as empreiteiras do petrolão deveriam comemorar, porque nada impede que o Departamento de Justiça dos EUA considere as punições lavradas no Brasil acanhadas e baixe as suas. Há precedentes.
A desidratação da legislação não resolve o problema dos envolvidos no petrolão porque, se a Justiça americana achar as penas brasileiras leves, fixará outras
No folclore da administração pública, há a máxima de que, se o objetivo é nada decidir, se crie uma comissão de estudos. Já no rol das espertezas no Executivo e Legislativo existe o artifício de se revogar lei na regulamentação. É o que acontece com a Lei Anticorrupção, na visão do advogado Modesto Carvalhosa, um dos autores da Lei das S.A., e que acaba de lançar livro sobre esta nova legislação. Opinião, portanto, abalizada.
Publicada em agosto de 2013 para entrar em vigor 180 dias depois, em 2014, a lei só veio a ser regulamentada pela presidente Dilma na semana passada, 19 meses após a sanção. Fica evidente o porquê: desidratá-la, devido ao petrolão, resultado da Operação Lava-Jato, lançada pela Polícia Federal no Paraná, em março do ano passado. O calendário já denuncia a intenção sub-reptícia de livrar empreiteiras. E o conteúdo da regulamentação é prova cabal. A lei entrou em vigor ao ser publicada no DO, mas, agora, a regulamentação a desidrata. Carvalhosa, em entrevista ao GLOBO, chama a atenção, entre outros pontos, para o dispositivo que estabelece ser a autoridade máxima de cada órgão envolvido em denúncias de corrupção quem abrirá os processos administrativos de investigação. (A lei não trata da área penal).
Ora, pois. Imagine-se o próprio escândalo do petrolão, em que a Petrobras é o alvo da roubalheira. Para apurar o caso, à luz da lei recém-regulamentada, caberia ao novo presidente da estatal, Aldemir Bendine, comandar a apuração administrativa, quando ele tem coisa mais importante para fazer. Pior ainda, voltando-se no tempo caberia a Graça Foster esta função, tendo sido ela companheira de diretoria dos denunciados. Ou, mais no passado, caberia ao lulopetista José Sérgio Gabrielli, presidente da estatal no período do assalto, instaurar o inquérito. Algo que lembra a surrada imagem de raposas trabalhando na segurança de galinheiros.
Ou tão ou mais bizarro: o ministro das Minas e Energia, formalmente o superior hierárquico da Petrobras, o ex-senador Edson Lobão (PMDB-MA) presidiria o inquérito. Também haveria problema, pois Lobão está na lista dos acusados de serem beneficiários do próprio esquema do petrolão.
"Essa regulamentação é uma farsa”, decreta Carvalhosa. Difícil discordar. O advogado alerta que esse mecanismo caviloso retirado da cartola da regulamentação da lei é forte indutor da própria corrupção, a qual a lei pretende combater. Como políticos em cargos de ministérios poderão instaurar inquéritos, a legislação, na prática, instalará novo balcão de negociatas entre autoridades e empresários privados. Funcionará, então, ao contrário. Modesto Carvalhosa propõe que o Ministério Público aja para anular a regulamentação. Faz sentido. Nem as empreiteiras do petrolão deveriam comemorar, porque nada impede que o Departamento de Justiça dos EUA considere as punições lavradas no Brasil acanhadas e baixe as suas. Há precedentes.
Com o MST - EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S.PAULO - 25/03
Na sexta-feira passada, a presidente Dilma foi até o Rio Grande Sul participar da abertura da colheita de arroz orgânico no assentamento Lanceiros Negros, na Grande Porto Alegre. Celebrou ato comemorativo com João Pedro Stédile e 3 mil militantes do MST e da Via Campesina. Em seu discurso, a presidente da República explicou a importância da sua presença no evento: "Vocês podem ter certeza de que a coisa mais forte no convencimento das pessoas é a realidade, e é a realidade transmitida pela imagem". Ou seja, ela fez questão de frisar que estava bem consciente da mensagem que a sua presença ali transmitia.
No momento em que a base de apoio de seu governo parece ter se esfarelado, a mensagem não podia ser mais clara: a presidente Dilma está próxima de Stédile e de sua militância. Para Dilma, não basta que o governo federal financie o MST - no início do ano passado, por exemplo, o BNDES e a Caixa Econômica Federal liberaram mais de R$ 500 mil para o 6.º Congresso Anual do MST -, ela quer pessoalmente apoiar os eventos da entidade. Ela quer confraternizar com notórios invasores de propriedade alheia. E, como Lula disse recentemente, a militância do MST é um exército. Relembrava assim o ex-presidente algo há muito tempo conhecido dos brasileiros - o MST não é tanto um movimento social, e sim uma milícia, preparada para agir sob o comando dos seus chefes.
E essa milícia esteve bem ativa em março, levando a desordem a variados recantos do País. Os militantes começaram invadindo um centro de pesquisa privado, em Itapetininga (SP). Os camaradas de Stédile picharam o local e destruíram estufas, mudas e material genético. Quase na mesma hora, outros militantes atuavam em Brasília, invadindo uma reunião da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), para impedir a discussão e votação da liberação comercial de uma espécie de eucalipto transgênico. Bem coordenados, os militantes conseguiram as duas coisas - estragar a pesquisa e adiar a votação.
Dias depois, o MST atuou em Goiás, Tocantins, Alagoas. Conforme o MST ostentou orgulhosamente em seu site, seus milicianos teriam atuado, durante o mês de março, em 22 Estados, seguindo sempre o mesmo padrão de comportamento - pouco diálogo e muita ação. A lista de delitos não traz grandes novidades. O MST é repetitivo em seus crimes: ocupação de repartições e obras públicas, fazendas, agências bancárias e empresas privadas, além de fechamento de avenidas e rodovias. Um dos bloqueios resultou em tragédia: na BR-101, perto de Aracaju, uma carreta bateu nos carros que estavam parados, matando dois adultos e uma criança.
Nada disso constrangeu a presidente Dilma. "Para mim, é um orgulho ter estado aqui", disse a presidente em seu discurso, ao lado de Stédile. E declarou-se disposta a ter "diálogo, muito diálogo" com o MST. "Dialogar até cansar", enfatizou a presidente.
Ainda que se entenda a emoção de Dilma Rousseff com os elogios que recebeu de Stédile, que a definiu como "quase uma santa", e com os gritos de apoio da treinada plateia - ambiente muito diverso das vaias com as quais está tendo de se habituar sempre que aparece em público -, era de esperar outra atitude da presidente da República, que é responsável pela manutenção da ordem pública.
Mas Dilma fez questão de confraternizar com Stédile e de não mencionar qualquer ato criminoso praticado pelo MST no último mês. Ao contrário, manifestou apreço pela ação de Stédile e sua turma: "Eu não concordo tudo com que o Stédile concorda, agora eu respeito a luta do Stédile e as propostas dele". Não pode ser boa coisa tamanha compreensão por parte da presidente com aqueles que agem como se a violência e a ilegalidade fossem meios legítimos para a consecução dos seus objetivos.
Diante da atual crise, o País precisa de serenidade, não de louvores à baderna. Precisa de cumprimento da lei, não de estímulos à desordem. Precisa de diálogo honesto, não do silêncio oficial diante de atos criminosos.
Na sexta-feira passada, a presidente Dilma foi até o Rio Grande Sul participar da abertura da colheita de arroz orgânico no assentamento Lanceiros Negros, na Grande Porto Alegre. Celebrou ato comemorativo com João Pedro Stédile e 3 mil militantes do MST e da Via Campesina. Em seu discurso, a presidente da República explicou a importância da sua presença no evento: "Vocês podem ter certeza de que a coisa mais forte no convencimento das pessoas é a realidade, e é a realidade transmitida pela imagem". Ou seja, ela fez questão de frisar que estava bem consciente da mensagem que a sua presença ali transmitia.
No momento em que a base de apoio de seu governo parece ter se esfarelado, a mensagem não podia ser mais clara: a presidente Dilma está próxima de Stédile e de sua militância. Para Dilma, não basta que o governo federal financie o MST - no início do ano passado, por exemplo, o BNDES e a Caixa Econômica Federal liberaram mais de R$ 500 mil para o 6.º Congresso Anual do MST -, ela quer pessoalmente apoiar os eventos da entidade. Ela quer confraternizar com notórios invasores de propriedade alheia. E, como Lula disse recentemente, a militância do MST é um exército. Relembrava assim o ex-presidente algo há muito tempo conhecido dos brasileiros - o MST não é tanto um movimento social, e sim uma milícia, preparada para agir sob o comando dos seus chefes.
E essa milícia esteve bem ativa em março, levando a desordem a variados recantos do País. Os militantes começaram invadindo um centro de pesquisa privado, em Itapetininga (SP). Os camaradas de Stédile picharam o local e destruíram estufas, mudas e material genético. Quase na mesma hora, outros militantes atuavam em Brasília, invadindo uma reunião da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), para impedir a discussão e votação da liberação comercial de uma espécie de eucalipto transgênico. Bem coordenados, os militantes conseguiram as duas coisas - estragar a pesquisa e adiar a votação.
Dias depois, o MST atuou em Goiás, Tocantins, Alagoas. Conforme o MST ostentou orgulhosamente em seu site, seus milicianos teriam atuado, durante o mês de março, em 22 Estados, seguindo sempre o mesmo padrão de comportamento - pouco diálogo e muita ação. A lista de delitos não traz grandes novidades. O MST é repetitivo em seus crimes: ocupação de repartições e obras públicas, fazendas, agências bancárias e empresas privadas, além de fechamento de avenidas e rodovias. Um dos bloqueios resultou em tragédia: na BR-101, perto de Aracaju, uma carreta bateu nos carros que estavam parados, matando dois adultos e uma criança.
Nada disso constrangeu a presidente Dilma. "Para mim, é um orgulho ter estado aqui", disse a presidente em seu discurso, ao lado de Stédile. E declarou-se disposta a ter "diálogo, muito diálogo" com o MST. "Dialogar até cansar", enfatizou a presidente.
Ainda que se entenda a emoção de Dilma Rousseff com os elogios que recebeu de Stédile, que a definiu como "quase uma santa", e com os gritos de apoio da treinada plateia - ambiente muito diverso das vaias com as quais está tendo de se habituar sempre que aparece em público -, era de esperar outra atitude da presidente da República, que é responsável pela manutenção da ordem pública.
Mas Dilma fez questão de confraternizar com Stédile e de não mencionar qualquer ato criminoso praticado pelo MST no último mês. Ao contrário, manifestou apreço pela ação de Stédile e sua turma: "Eu não concordo tudo com que o Stédile concorda, agora eu respeito a luta do Stédile e as propostas dele". Não pode ser boa coisa tamanha compreensão por parte da presidente com aqueles que agem como se a violência e a ilegalidade fossem meios legítimos para a consecução dos seus objetivos.
Diante da atual crise, o País precisa de serenidade, não de louvores à baderna. Precisa de cumprimento da lei, não de estímulos à desordem. Precisa de diálogo honesto, não do silêncio oficial diante de atos criminosos.
O fator PMDB no ajuste - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 25/03
Para a agência Standard & Poor"s, que manteve a classificação de risco do Brasil, atual política econômica corrige distorções. Com alta do dólar, o déficit nas contas externas cai em fevereiro. A presidente Dilma assinou MP que preserva a atual política de correção do salário mínimo. Ainda bem que o pessoal da Standard & Poor"s não levou em consideração o "fator PMDB" na sua decisão de manter a avaliação do Brasil como um país seguro para os investimentos estrangeiros. O determinante para o não rebaixamento do país foi a confiança em que o ajuste fiscal que está sendo implementado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, será levado a efeito.
Ontem, porém, as pedras no caminho já começaram a aparecer, como era previsível neste momento em que o PMDB dá as cartas. presidente do Senado, Renan Calheiros, como se nada o constrangesse (está na lista do Janot), apertou mais ainda os cravelhos, anunciando que do jeito que está o ajuste fiscal não passará no Congresso.
Ao mesmo tempo, a Câmara aprovou urgência para apreciação de Projeto de Lei Complementar que irá obrigar o governo a aplicar os novos valores da correção da dívida dos estados e municípios no prazo de 30 dias após a manifestação do ente devedor.
Ato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, outro que também não se constrange em aparecer na lista de Janot. A presidente Dilma Rousseff, reforçada pela vitória que representou a manutenção do rating brasileiro, sentiu-se em condições de inflar o peito para garantir que o ajuste fiscal é fundamental e não será flexibilizado.
E mais: que o governo federal não tem condições, neste momento de ajuste fiscal, de renegociar as dívidas, conforme prevê a lei aprovada no ano passado. Resultado, comprou briga com a cúpula do PMDB e mais ainda com prefeitos aliados, como Eduardo Paes, no Rio, e Fernando Haddad, do PT de São Paulo.
Haddad contava com a redução da dívida para ganhar um fôlego na disputa que terá pela frente com a dissidente senadora Marta Suplicy, que está de olho no seu lugar na prefeitura, que um dia já foi dela. Paes, que não é do PT embora seja um aliado de primeira hora, foi mais ágil e conseguiu uma liminar na Justiça para pagar a dívida de acordo com a legislação já aprovada.
A dívida do Rio com a União caiu de R$ 60 milhões para R$ 28 milhões, e o prefeito pretende pagá-la hoje em juízo. Como se sabe, o filho de Calheiros foi eleito governador de Alagoas, e a redução da dívida dos estados é fundamental para que tenha possibilidade de fazer alguma coisa além de pagar as contas.
Eduardo Paes foi ameno ao dizer que apoia o governo no ajuste fiscal, mas duro ao afirmar que isso não justifica que o governo aja como "agiota", cobrando juros além do mercado.
Há mais problemas pela frente. Renan Calheiros foi muito aplaudido por empresários quando defendeu a manutenção da desoneração da folha de pagamentos. E mais ainda quando disse que o governo, antes de pedir sacrifícios aos cidadãos, deveria cortar em seu próprio corpo, reduzindo para 20 o número de ministérios e o número de cargos de confiança na máquina administrativa que, segundo ele, precisa ser desaparelhada pelo PT.
Na verdade, o PMDB está dando as cartas não apenas no Congresso, como na CPI da Petrobras. Para ajudar o governo, concordou em retirar o apoio à tentativa de ampliar aos aposentados que ganham mais de um salário mínimo os benefícios da lei de reajuste, que garante aumentos reais ao salário mínimo.
Para se beneficiar, aceitou convocar o tesoureiro do PT, João Vaccari, mas poupou o operador Fernando Baiano, tido como o operador do partido nas tenebrosas transações da Petrobras.
O prefeito Eduardo Paes tentou negociar com Joaquim Levy, a quem conhece bem pelo menos desde que ele foi Secretário de Tesouro no governo de Sérgio Cabral, e não conseguiu um acordo. Levy atua no momento a favor do governo federal, com tanta dureza quanto quando fazia a alegria do governo do PMDB do Rio.
Hoje, o "mão de tesouras", que tanto elogios recebeu dos peemedebistas, está sendo execrado por eles, que o acusam de saber apenas cortar, em vez de fazer um planejamento com uma visão mais ampla de longo prazo. Mas o fato é que se não cortar gastos, o governo não terá futuro para planejar.
Para a agência Standard & Poor"s, que manteve a classificação de risco do Brasil, atual política econômica corrige distorções. Com alta do dólar, o déficit nas contas externas cai em fevereiro. A presidente Dilma assinou MP que preserva a atual política de correção do salário mínimo. Ainda bem que o pessoal da Standard & Poor"s não levou em consideração o "fator PMDB" na sua decisão de manter a avaliação do Brasil como um país seguro para os investimentos estrangeiros. O determinante para o não rebaixamento do país foi a confiança em que o ajuste fiscal que está sendo implementado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, será levado a efeito.
Ontem, porém, as pedras no caminho já começaram a aparecer, como era previsível neste momento em que o PMDB dá as cartas. presidente do Senado, Renan Calheiros, como se nada o constrangesse (está na lista do Janot), apertou mais ainda os cravelhos, anunciando que do jeito que está o ajuste fiscal não passará no Congresso.
Ao mesmo tempo, a Câmara aprovou urgência para apreciação de Projeto de Lei Complementar que irá obrigar o governo a aplicar os novos valores da correção da dívida dos estados e municípios no prazo de 30 dias após a manifestação do ente devedor.
Ato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, outro que também não se constrange em aparecer na lista de Janot. A presidente Dilma Rousseff, reforçada pela vitória que representou a manutenção do rating brasileiro, sentiu-se em condições de inflar o peito para garantir que o ajuste fiscal é fundamental e não será flexibilizado.
E mais: que o governo federal não tem condições, neste momento de ajuste fiscal, de renegociar as dívidas, conforme prevê a lei aprovada no ano passado. Resultado, comprou briga com a cúpula do PMDB e mais ainda com prefeitos aliados, como Eduardo Paes, no Rio, e Fernando Haddad, do PT de São Paulo.
Haddad contava com a redução da dívida para ganhar um fôlego na disputa que terá pela frente com a dissidente senadora Marta Suplicy, que está de olho no seu lugar na prefeitura, que um dia já foi dela. Paes, que não é do PT embora seja um aliado de primeira hora, foi mais ágil e conseguiu uma liminar na Justiça para pagar a dívida de acordo com a legislação já aprovada.
A dívida do Rio com a União caiu de R$ 60 milhões para R$ 28 milhões, e o prefeito pretende pagá-la hoje em juízo. Como se sabe, o filho de Calheiros foi eleito governador de Alagoas, e a redução da dívida dos estados é fundamental para que tenha possibilidade de fazer alguma coisa além de pagar as contas.
Eduardo Paes foi ameno ao dizer que apoia o governo no ajuste fiscal, mas duro ao afirmar que isso não justifica que o governo aja como "agiota", cobrando juros além do mercado.
Há mais problemas pela frente. Renan Calheiros foi muito aplaudido por empresários quando defendeu a manutenção da desoneração da folha de pagamentos. E mais ainda quando disse que o governo, antes de pedir sacrifícios aos cidadãos, deveria cortar em seu próprio corpo, reduzindo para 20 o número de ministérios e o número de cargos de confiança na máquina administrativa que, segundo ele, precisa ser desaparelhada pelo PT.
Na verdade, o PMDB está dando as cartas não apenas no Congresso, como na CPI da Petrobras. Para ajudar o governo, concordou em retirar o apoio à tentativa de ampliar aos aposentados que ganham mais de um salário mínimo os benefícios da lei de reajuste, que garante aumentos reais ao salário mínimo.
Para se beneficiar, aceitou convocar o tesoureiro do PT, João Vaccari, mas poupou o operador Fernando Baiano, tido como o operador do partido nas tenebrosas transações da Petrobras.
O prefeito Eduardo Paes tentou negociar com Joaquim Levy, a quem conhece bem pelo menos desde que ele foi Secretário de Tesouro no governo de Sérgio Cabral, e não conseguiu um acordo. Levy atua no momento a favor do governo federal, com tanta dureza quanto quando fazia a alegria do governo do PMDB do Rio.
Hoje, o "mão de tesouras", que tanto elogios recebeu dos peemedebistas, está sendo execrado por eles, que o acusam de saber apenas cortar, em vez de fazer um planejamento com uma visão mais ampla de longo prazo. Mas o fato é que se não cortar gastos, o governo não terá futuro para planejar.
Chamando a crise pra dançar - JOSÉ NÊUMANNE
O ESTADO DE S.PAULO - 25/03
Assim como fizera o cego Tirésias, avisando ao general Júlio César que os idos de março poderiam ser-lhe aziagos, não faltou quem aconselhasse mudança de atitude à presidente Dilma Rousseff para ela recuperar poder e prestígio antes de chegar um abril ainda pior. Segundo xeretas palacianos, seu inspirador, pai político e profeta de plantão Luiz Inácio Lula da Silva o fez aos berros. Ex-aliados, amigos de ocasião e adversários de sempre insistem na tese, mas ela faz "ouvidos de Mercadante", no exato trocadilho do professor Cláudio Couto.
Dois membros recentes de seu novo primeiro escalão preferiram pular fora do bote furado antes que este fizesse água em plena seca. No documento "sigiloso" encaminhado a ela própria pelo secretário da Comunicação, Thomas Traumann, ficou patente a confissão do pior dos crimes para uma gestão que se jacta de servir a um real, embora debilitado, Estado Democrático de Direito: a mistureba rastaquera do que é de César com o que é de Deus, ou do diabo: o culto à personalidade, o interesse do partido e os cofres da Viúva. A confissão pode ter passado batida na leitura do documento pela destinatária, mas não dos pobres coitados da planície que bancam a farra, entre os quais o autor destas mal traçadas linhas. Ao contrário de Brutus, que César havia escolhido para sucessor, Traumann apunhalou-a à distância, sem dar à chefona sequer a oportunosa ensancha de parodiar Suetônio: "Até tu, Thomas?". Foi para o exterior, à espera de ter a traição premiada com o doce abacaxi da assessoria de comunicação da Petrobrás arrombada.
Cid Gomes estrelou "Os 300 de Sobral" em palco de circo mambembe, mas não conta mais com a mão amiga dela. Chutou o balde da coalizão governista e enfiou a peixeira no presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas fez sangrar a "presidenta" no lado oposto da Praça dos Três Poderes. Constatando a lorota da "Pátria Educadora", preferiu bancar o Jânio Collor em 2018, esquecendo o malogro do mano Ciro em idêntica intentona.
Não se sabe ao certo se foi Cid que preferiu desertar do exército dos que combatem à sombra dos escudos inimigos ou se foi a "generala" que o defenestrou. Mas não há dúvida alguma de que, como nunca antes aconteceu na história deste país, o distinto público, que paga os vencimentos de todos os personagens desta tragicomédia bufa, ficou sabendo da demissão pela boca do presidente da Câmara, até então tido como desafeto. Como no Flamengo x Vasco do Maracanã no domingo, o goleiro Oliva, filho e irmão de briosos generais, rolou a bola no campo molhado para o ex-amigo de Garotinho bater a gol (como Alecsandro, artilheiro rubro-negro) e correr para a galera, com guarda-chuva e galocha.
Terá sido por isso que esta semana começou com a notícia de que parte do conselho do padim Lula de Caetés será aceita e o Freddie Mercury da dupla com Pepe Legal Vargas ficaria no emprego, mas não seria mais o articulador político? Ainda é duvidoso que a surdez aos apelos de aliados da coalizão possa confinar o ministro ao gabinete na função de subcarimbador de colegas. Não é pouco! Mas para quem se acha capaz de repetir a experiência de Richelieu no Paranoá não deve ser muito agradável perder o poder de dar as cartas na barganha. O eventual roque de Mercadante no xadrez do Planalto, contudo, é lana caprina em comparação com a tarefa árdua que a chefona do governo tem de amansar a massa.
Com 84% dos entrevistados do Datafolha dizendo que acham que ela sabia da roubalheira na Petrobrás, resultando em só 13% de quem avalia seu governo de bom a ótimo, Dilma não terá vida fácil. Vai ser difícil evitar que a maior concentração popular com a camisa da seleção (e depois dos 7 a 1 da Alemanha!) da história nos idos de março seja superada pela que se reunirá de novo nas ruas das cidades brasileiras em 12 de abril. O sangue de Traumann, Cid e Mercadante não saciará a sede da massa.
Sem ter o diagnóstico certo do mal que assola sua gestão, Dilma apelou para o receituário de sempre, aconselhada por algum "assessor para assuntos aleatórios". Disseram-lhe que o povo não tem foco, como se a miopia tivesse ido à rua, e não ficado, como ficou, no palácio. Miguel Rossetto, o porta-voz de uma alocução só e o mais breve de todos os tempos e em qualquer governo, disse que só protestou quem não votou nela - uma absurda agressão sofrida pela velha aritmética euclidiana. Pois se 62% dos entrevistados acham seu governo ruim ou péssimo, não há como algum eleitor de Dilma - com 51,64% dos votos válidos no segundo turno, segundo o Tribunal Superior Eleitoral - não estar frustrado com madame.
Para tirar de foco o "Fora Dilma", o governo tenta vender a ideia de que este foi um breve contra a corrupção, uma queixa genérica. E, aí, ressurgiu a velha lorota do pacote de leis anticorrupção, medida a que ela já tinha apelado na resposta às manifestações populares de junho de 2013, na campanha eleitoral e no discurso da vitória. Mas o advogado Modesto Carvalhosa escreveu, em artigo publicado neste espaço anteontem, que o pacote requenta iniciativas legais da ditadura militar (artigo 350 do Código Eleitoral, de 1965) e do extinto ex-inimigo número um e atual aliado preferencial Fernando Collor (a Lei da Improbidade Administrativa, de 1992, vigente). Um prato feito indigesto!
Para recuperar o fôlego perdido Dilma deveria trocar seus traques juninos por bombas de hidrogênio políticas. Implodir a coalizão de apoio, reduzindo o Ministério de 39 para 13, número de seu Partido dos Trabalhadores (PT), cuja estrela perdeu o fulgor, pode ser uma cartada para, pelo menos, embaralhar o jogo. Outra seria nomear logo um ministro acima de qualquer suspeita para completar o Supremo Tribunal Federal. Não se safará se só se livrar da dupla aloprada Freddie Mercury e Pepe Legal. Mas esta não será uma má ideia para tentar escapar - melhor do que chamar a crise pra dançar!
Assim como fizera o cego Tirésias, avisando ao general Júlio César que os idos de março poderiam ser-lhe aziagos, não faltou quem aconselhasse mudança de atitude à presidente Dilma Rousseff para ela recuperar poder e prestígio antes de chegar um abril ainda pior. Segundo xeretas palacianos, seu inspirador, pai político e profeta de plantão Luiz Inácio Lula da Silva o fez aos berros. Ex-aliados, amigos de ocasião e adversários de sempre insistem na tese, mas ela faz "ouvidos de Mercadante", no exato trocadilho do professor Cláudio Couto.
Dois membros recentes de seu novo primeiro escalão preferiram pular fora do bote furado antes que este fizesse água em plena seca. No documento "sigiloso" encaminhado a ela própria pelo secretário da Comunicação, Thomas Traumann, ficou patente a confissão do pior dos crimes para uma gestão que se jacta de servir a um real, embora debilitado, Estado Democrático de Direito: a mistureba rastaquera do que é de César com o que é de Deus, ou do diabo: o culto à personalidade, o interesse do partido e os cofres da Viúva. A confissão pode ter passado batida na leitura do documento pela destinatária, mas não dos pobres coitados da planície que bancam a farra, entre os quais o autor destas mal traçadas linhas. Ao contrário de Brutus, que César havia escolhido para sucessor, Traumann apunhalou-a à distância, sem dar à chefona sequer a oportunosa ensancha de parodiar Suetônio: "Até tu, Thomas?". Foi para o exterior, à espera de ter a traição premiada com o doce abacaxi da assessoria de comunicação da Petrobrás arrombada.
Cid Gomes estrelou "Os 300 de Sobral" em palco de circo mambembe, mas não conta mais com a mão amiga dela. Chutou o balde da coalizão governista e enfiou a peixeira no presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas fez sangrar a "presidenta" no lado oposto da Praça dos Três Poderes. Constatando a lorota da "Pátria Educadora", preferiu bancar o Jânio Collor em 2018, esquecendo o malogro do mano Ciro em idêntica intentona.
Não se sabe ao certo se foi Cid que preferiu desertar do exército dos que combatem à sombra dos escudos inimigos ou se foi a "generala" que o defenestrou. Mas não há dúvida alguma de que, como nunca antes aconteceu na história deste país, o distinto público, que paga os vencimentos de todos os personagens desta tragicomédia bufa, ficou sabendo da demissão pela boca do presidente da Câmara, até então tido como desafeto. Como no Flamengo x Vasco do Maracanã no domingo, o goleiro Oliva, filho e irmão de briosos generais, rolou a bola no campo molhado para o ex-amigo de Garotinho bater a gol (como Alecsandro, artilheiro rubro-negro) e correr para a galera, com guarda-chuva e galocha.
Terá sido por isso que esta semana começou com a notícia de que parte do conselho do padim Lula de Caetés será aceita e o Freddie Mercury da dupla com Pepe Legal Vargas ficaria no emprego, mas não seria mais o articulador político? Ainda é duvidoso que a surdez aos apelos de aliados da coalizão possa confinar o ministro ao gabinete na função de subcarimbador de colegas. Não é pouco! Mas para quem se acha capaz de repetir a experiência de Richelieu no Paranoá não deve ser muito agradável perder o poder de dar as cartas na barganha. O eventual roque de Mercadante no xadrez do Planalto, contudo, é lana caprina em comparação com a tarefa árdua que a chefona do governo tem de amansar a massa.
Com 84% dos entrevistados do Datafolha dizendo que acham que ela sabia da roubalheira na Petrobrás, resultando em só 13% de quem avalia seu governo de bom a ótimo, Dilma não terá vida fácil. Vai ser difícil evitar que a maior concentração popular com a camisa da seleção (e depois dos 7 a 1 da Alemanha!) da história nos idos de março seja superada pela que se reunirá de novo nas ruas das cidades brasileiras em 12 de abril. O sangue de Traumann, Cid e Mercadante não saciará a sede da massa.
Sem ter o diagnóstico certo do mal que assola sua gestão, Dilma apelou para o receituário de sempre, aconselhada por algum "assessor para assuntos aleatórios". Disseram-lhe que o povo não tem foco, como se a miopia tivesse ido à rua, e não ficado, como ficou, no palácio. Miguel Rossetto, o porta-voz de uma alocução só e o mais breve de todos os tempos e em qualquer governo, disse que só protestou quem não votou nela - uma absurda agressão sofrida pela velha aritmética euclidiana. Pois se 62% dos entrevistados acham seu governo ruim ou péssimo, não há como algum eleitor de Dilma - com 51,64% dos votos válidos no segundo turno, segundo o Tribunal Superior Eleitoral - não estar frustrado com madame.
Para tirar de foco o "Fora Dilma", o governo tenta vender a ideia de que este foi um breve contra a corrupção, uma queixa genérica. E, aí, ressurgiu a velha lorota do pacote de leis anticorrupção, medida a que ela já tinha apelado na resposta às manifestações populares de junho de 2013, na campanha eleitoral e no discurso da vitória. Mas o advogado Modesto Carvalhosa escreveu, em artigo publicado neste espaço anteontem, que o pacote requenta iniciativas legais da ditadura militar (artigo 350 do Código Eleitoral, de 1965) e do extinto ex-inimigo número um e atual aliado preferencial Fernando Collor (a Lei da Improbidade Administrativa, de 1992, vigente). Um prato feito indigesto!
Para recuperar o fôlego perdido Dilma deveria trocar seus traques juninos por bombas de hidrogênio políticas. Implodir a coalizão de apoio, reduzindo o Ministério de 39 para 13, número de seu Partido dos Trabalhadores (PT), cuja estrela perdeu o fulgor, pode ser uma cartada para, pelo menos, embaralhar o jogo. Outra seria nomear logo um ministro acima de qualquer suspeita para completar o Supremo Tribunal Federal. Não se safará se só se livrar da dupla aloprada Freddie Mercury e Pepe Legal. Mas esta não será uma má ideia para tentar escapar - melhor do que chamar a crise pra dançar!
País da boquinha - RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 25/03
RIO DE JANEIRO - Não é do meu tempo, mas aprendi a amar o cinema mudo. Às vezes, promovo para mim mesmo festivais domésticos de filmes de Greta Garbo, Douglas Fairbanks e Lon Chaney, todos pré-1927 e hoje disponíveis em DVD. São tão excepcionais que nem me lembro de que, quando os atores falam, não se ouve o diálogo. O único momento em que parece faltar alguma coisa é no começo, quando o leão da Metro abre a bocarra, ruge e não se escuta nada.
Lembrei-me disso outro dia ao ler no "New York Times" que a "voz do Brasil", tão altissonante no cenário internacional nas últimas décadas, tinha se transformado num "sussurro" no governo Dilma. Veio-me também à cabeça o assessor do governo israelense que, há meses, em resposta a um palpite de Dilma sobre um ataque de Israel aos palestinos, chamou o Brasil de "anão diplomático".
Pouco depois, Dilma voltou a pisar na banana ao dizer, na Assembleia Geral da ONU, que era preciso "dialogar com o Estado Islâmico" --aquele que degola e frita prisioneiros vivos e destrói tesouros arqueológicos na casa dos outros. Aliás, esta declaração de Dilma resolveu um problema. Com ela, lá se foi a última chance de o Brasil integrar o Conselho de Segurança da ONU.
Bem, podemos ser um anão que sussurra, mas o que hoje se vocifera lá fora sobre o país é de ensurdecer. A cada dia, investigadores independentes, nos EUA, Suíça e Alemanha, descobrem que, em qualquer negócio com o Brasil, seus cidadãos, instituições e empresas têm de pagar por fora. Nada mais rola por aqui sem a boquinha, o suborno institucionalizado.
Tudo em que nos metemos --contratos da Petrobras com fornecedores, contas secretas no exterior, acordos da Copa do Mundo e até a venda de Neymar para o Barcelona-- envolve uma mutreta. O Brasil ruge em silêncio e, no lugar da bocarra, o que se vê é a boquinha.
RIO DE JANEIRO - Não é do meu tempo, mas aprendi a amar o cinema mudo. Às vezes, promovo para mim mesmo festivais domésticos de filmes de Greta Garbo, Douglas Fairbanks e Lon Chaney, todos pré-1927 e hoje disponíveis em DVD. São tão excepcionais que nem me lembro de que, quando os atores falam, não se ouve o diálogo. O único momento em que parece faltar alguma coisa é no começo, quando o leão da Metro abre a bocarra, ruge e não se escuta nada.
Lembrei-me disso outro dia ao ler no "New York Times" que a "voz do Brasil", tão altissonante no cenário internacional nas últimas décadas, tinha se transformado num "sussurro" no governo Dilma. Veio-me também à cabeça o assessor do governo israelense que, há meses, em resposta a um palpite de Dilma sobre um ataque de Israel aos palestinos, chamou o Brasil de "anão diplomático".
Pouco depois, Dilma voltou a pisar na banana ao dizer, na Assembleia Geral da ONU, que era preciso "dialogar com o Estado Islâmico" --aquele que degola e frita prisioneiros vivos e destrói tesouros arqueológicos na casa dos outros. Aliás, esta declaração de Dilma resolveu um problema. Com ela, lá se foi a última chance de o Brasil integrar o Conselho de Segurança da ONU.
Bem, podemos ser um anão que sussurra, mas o que hoje se vocifera lá fora sobre o país é de ensurdecer. A cada dia, investigadores independentes, nos EUA, Suíça e Alemanha, descobrem que, em qualquer negócio com o Brasil, seus cidadãos, instituições e empresas têm de pagar por fora. Nada mais rola por aqui sem a boquinha, o suborno institucionalizado.
Tudo em que nos metemos --contratos da Petrobras com fornecedores, contas secretas no exterior, acordos da Copa do Mundo e até a venda de Neymar para o Barcelona-- envolve uma mutreta. O Brasil ruge em silêncio e, no lugar da bocarra, o que se vê é a boquinha.
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
“O ajuste, como está, tende a não ser aceito pelo Congresso”
Renan Calheiros, presidente do Senado, novamente se estranhando com o governo
CASO DAS ‘PEDALADAS FISCAIS’ ENCALACROU NO TCU
O processo que apura “pedaladas fiscais” do governo Dilma se arrasta no Tribunal de Contas da União há pelo menos sete meses. Apesar da gravidade das irregularidades apontadas pela área técnica do TCU, o caso ainda não retornou da procuradoria para o ministro relator, José Múcio. A malandragem do governo, considerada crime, consiste em atrasar benefícios sociais para simular “equilíbrio” nas contas públicas.
CRUELDADE
Além de atrasar de propósito o pagamento de aposentadorias, por exemplo, a “pedalada fiscal” do governo retardou até o Bolsa Família.
FINGIMENTO
O atraso no repasse dos benefícios sociais foi um artifício criado por tecnocratas, sob aval do Planalto, para “fabricar superávit”.
PROCESSO-CRIME
Ficam sujeitas a processo por crime de responsabilidade autoridades que comprovadamente avalizem as “pedaladas fiscais” malandras.
SÃO TOMÉ
O ministro Gilberto Occhi (Integração) garante que será entregue em 2016 a obra de transposição do rio São Francisco. Só vendo para crer.
CUNHA QUER APROVEITAR CHALITA PARA EMPLACAR ALVES
Ao defender a redução dos ministérios à metade, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), confirma o velho adágio “quem desdenha quer comprar”: ele deseja condicionar a discussão sobre o futuro ministro da Educação à nomeação do amigo Henrique Alves para o ministério. O ex-deputado Gabriel Chalita (PMDB), secretário municipal de São Paulo, é cotado por Dilma para substituir Cid Gomes.
PMDB DE FORA
O presidente da Câmara já mandou avisar ao Planalto que um eventual convite de Dilma a Chalita terá cunho “pessoal”, sem aval do PMDB.
RESISTÊNCIA
A insistência de Eduardo Cunha por Henrique Alves tem tornado Dilma ainda mais resistente. Ela não gosta do ex-presidente da Câmara.
PARTIDÃO, 93
Completam-se nesta quarta (25) 93 anos de fundação do velho Partidão. A sigla era PCdoB e depois virou Partido Comunista Brasileiro (PCB).
PT PERDE TAMANHO
Desmoralizado com a ladroagem na Petrobras, o PT terá a bancada do Senado reduzida. Pode perder 4 dos 14 senadores: Delcídio do Amaral (MS), Marta Suplicy (SP), Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA).
RAPOSA NO GALINHEIRO
Presidente da Comissão Mista de Orçamento, senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) definiu o deputado Ricardo Barros (PP-PR) o novo relator. Ele recebeu R$ 627 mil de empreiteiras enroladas na Lava Jato.
TRICOTANDO NO SENADO
O governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), não deve ter muito o que fazer. Ontem ficou um tempão papeando no cafezinho do Senado. Disse que foi tratar de questões partidárias. No horário do expediente.
VOLTA PARA CASA
Agora que sua pena foi extinta, no mensalão, o ex-tesoureiro do antigo PL Jacinto Lamas volta ao que dá sentido à sua vida há anos: cuidar do filho adolescente que ficou tetraplégico após um acidente de carro.
ORELHAS ARDENDO
O ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento) discutiu o ajuste do governo com senadores e empresários, em jantar na casa de Waldemir Moka (PMDB-MS). Concluíram que as empresas correm sérios riscos.
MAMÃE, ESTOU AQUI
Agnaldo Timóteo, que nas últimas eleições tentou voltar à Câmara, onde certa vez discursou da tribuna para a mãe, foi recebido no plenário com longo abraço do amigo e deputado Paulo Maluf (PP-SP).
BRIGA PELO PODER
Após a saída do ex-gerente de Comunicação Wilson Santarosa, o circo pegou fogo na Petrobras: seu substituto, Luís Fernando Nery, vive em permanente guerra com o gerente de imprensa, Lúcio Pimentel.
NOME ERRADO
Personagem de história de “Poder sem Pudor”, o suplente de senador Cristophen Goulart (PDT), neto do ex-presidente Jango, garante que jamais manteve diálogo menos amistoso com a prima Juliana.
CASINHA DE SAPÊ
Melhor do dia no Twitter, depois da foto da privada no chão do ex-diretor da Petrobras no presídio do Paraná: “Tiraram o trono do Duque.”
PODER SEM PUDOR
UM MAR DE LEITE
A base eleitoral do senador potiguar Agenor Maria era o Sertão, município de Currais Novos, onde tinha uma fazenda de gado leiteiro. Certa vez, alugou uma casa à beira-mar, em Natal, e levou com ele um velho empregado da fazenda, seu Chico, que nunca tinha visto o mar.
- Chico, veja só que imensidão. Imagine tudo isso sendo nosso e, em vez de água, leite! - disse Agenor, puxando conversa na varanda.
A resposta do velho vaqueiro foi carregada de significado:
- Prestava não, dr. Agenor. E aonde a gente ia achar tanta água pra misturar nesse leite?
Renan Calheiros, presidente do Senado, novamente se estranhando com o governo
CASO DAS ‘PEDALADAS FISCAIS’ ENCALACROU NO TCU
O processo que apura “pedaladas fiscais” do governo Dilma se arrasta no Tribunal de Contas da União há pelo menos sete meses. Apesar da gravidade das irregularidades apontadas pela área técnica do TCU, o caso ainda não retornou da procuradoria para o ministro relator, José Múcio. A malandragem do governo, considerada crime, consiste em atrasar benefícios sociais para simular “equilíbrio” nas contas públicas.
CRUELDADE
Além de atrasar de propósito o pagamento de aposentadorias, por exemplo, a “pedalada fiscal” do governo retardou até o Bolsa Família.
FINGIMENTO
O atraso no repasse dos benefícios sociais foi um artifício criado por tecnocratas, sob aval do Planalto, para “fabricar superávit”.
PROCESSO-CRIME
Ficam sujeitas a processo por crime de responsabilidade autoridades que comprovadamente avalizem as “pedaladas fiscais” malandras.
SÃO TOMÉ
O ministro Gilberto Occhi (Integração) garante que será entregue em 2016 a obra de transposição do rio São Francisco. Só vendo para crer.
CUNHA QUER APROVEITAR CHALITA PARA EMPLACAR ALVES
Ao defender a redução dos ministérios à metade, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), confirma o velho adágio “quem desdenha quer comprar”: ele deseja condicionar a discussão sobre o futuro ministro da Educação à nomeação do amigo Henrique Alves para o ministério. O ex-deputado Gabriel Chalita (PMDB), secretário municipal de São Paulo, é cotado por Dilma para substituir Cid Gomes.
PMDB DE FORA
O presidente da Câmara já mandou avisar ao Planalto que um eventual convite de Dilma a Chalita terá cunho “pessoal”, sem aval do PMDB.
RESISTÊNCIA
A insistência de Eduardo Cunha por Henrique Alves tem tornado Dilma ainda mais resistente. Ela não gosta do ex-presidente da Câmara.
PARTIDÃO, 93
Completam-se nesta quarta (25) 93 anos de fundação do velho Partidão. A sigla era PCdoB e depois virou Partido Comunista Brasileiro (PCB).
PT PERDE TAMANHO
Desmoralizado com a ladroagem na Petrobras, o PT terá a bancada do Senado reduzida. Pode perder 4 dos 14 senadores: Delcídio do Amaral (MS), Marta Suplicy (SP), Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA).
RAPOSA NO GALINHEIRO
Presidente da Comissão Mista de Orçamento, senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) definiu o deputado Ricardo Barros (PP-PR) o novo relator. Ele recebeu R$ 627 mil de empreiteiras enroladas na Lava Jato.
TRICOTANDO NO SENADO
O governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), não deve ter muito o que fazer. Ontem ficou um tempão papeando no cafezinho do Senado. Disse que foi tratar de questões partidárias. No horário do expediente.
VOLTA PARA CASA
Agora que sua pena foi extinta, no mensalão, o ex-tesoureiro do antigo PL Jacinto Lamas volta ao que dá sentido à sua vida há anos: cuidar do filho adolescente que ficou tetraplégico após um acidente de carro.
ORELHAS ARDENDO
O ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento) discutiu o ajuste do governo com senadores e empresários, em jantar na casa de Waldemir Moka (PMDB-MS). Concluíram que as empresas correm sérios riscos.
MAMÃE, ESTOU AQUI
Agnaldo Timóteo, que nas últimas eleições tentou voltar à Câmara, onde certa vez discursou da tribuna para a mãe, foi recebido no plenário com longo abraço do amigo e deputado Paulo Maluf (PP-SP).
BRIGA PELO PODER
Após a saída do ex-gerente de Comunicação Wilson Santarosa, o circo pegou fogo na Petrobras: seu substituto, Luís Fernando Nery, vive em permanente guerra com o gerente de imprensa, Lúcio Pimentel.
NOME ERRADO
Personagem de história de “Poder sem Pudor”, o suplente de senador Cristophen Goulart (PDT), neto do ex-presidente Jango, garante que jamais manteve diálogo menos amistoso com a prima Juliana.
CASINHA DE SAPÊ
Melhor do dia no Twitter, depois da foto da privada no chão do ex-diretor da Petrobras no presídio do Paraná: “Tiraram o trono do Duque.”
PODER SEM PUDOR
UM MAR DE LEITE
A base eleitoral do senador potiguar Agenor Maria era o Sertão, município de Currais Novos, onde tinha uma fazenda de gado leiteiro. Certa vez, alugou uma casa à beira-mar, em Natal, e levou com ele um velho empregado da fazenda, seu Chico, que nunca tinha visto o mar.
- Chico, veja só que imensidão. Imagine tudo isso sendo nosso e, em vez de água, leite! - disse Agenor, puxando conversa na varanda.
A resposta do velho vaqueiro foi carregada de significado:
- Prestava não, dr. Agenor. E aonde a gente ia achar tanta água pra misturar nesse leite?
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