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O fim do carnaval, espécie de segundo réveillon do Brasil, torna urgente a retomada da agenda de investimentos e ações macro para manter a economia no bom ritmo do fim de 2009. A alta do dólar neste começo de 2010 não eliminou as preocupações com a deterioração da balança comercial. Tanto que equipes técnicas dos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento estão trabalhando intensamente na elaboração de medidas que aumentem a competitividade das exportações brasileiras. |
quinta-feira, fevereiro 18, 2010
FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS e Cia
CELSO MING
Metamorfose
O Estado de S. Paulo - 18/02/2010 |
A crise é a mesma, mas vai mudando de forma e de nome. Começou sendo conhecida como a crise das hipotecas podres (subprime). Depois, passou a ser a crise dos bancos e de seus ativos tóxicos. Agora, é a crise das dívidas soberanas, cujos elos mais fracos foram primeiramente a Islândia, o protetorado de Dubai, agora a Grécia e demais Pigs europeus. Mas dela não escapam nem os grandões: Estados Unidos, Alemanha e Japão. |
NELSON DE SÁ - TODA MÍDIA
Apostas eleitorais
Folha de S. Paulo - 18/02/2010 |
O americano Pimco, maior fundo mundial, dirigido por Mohamed El-Erian, "obteve seu melhor ano nos emergentes em 2002, quando apostou em títulos brasileiros antes da eleição", destaca a Bloomberg. "Oito anos depois, usa tática semelhante e aposta que o vencedor em outubro", seja Dilma Rousseff ou José Serra, "manterá o êxito do presidente Lula em orquestrar crescimento com contenção do deficit". Também o Asset Management, de Mark Mobius, que em 2002 jogou contra e chegou a falar em moratória, agora acompanha o Pimco. Mobius "aposta em vitória de Rousseff" e prevê "mais do mesmo". Na manchete do "New York Times", ontem, "Trava partidária em Washington alimenta medo de crise da dívida". Polarizado, o Congresso "disfuncional" não consegue fechar acordos para "controlar uma dívida nacional que alcança alturas perigosas". Citando pesquisa "NYT"/CBS, alerta que "o fracasso dos políticos em reduzir os deficits reflete a oposição dos eleitores aos passos necessários", como cortes nos orçamento de saúde e defesa. VOZ DO BRASIL O "El País" fez longa entrevista com o chanceler Celso Amorim, sob o título, entre aspas, "Passada emergência, só devem ficar no Haiti as forças da ONU". Questionado sobre a maior visibilidade americana, ironizou: "Nós estamos no Haiti. Não competimos na CNN, que mostra mais o ex-presidente Clinton do que o comandante brasileiro encarregado da segurança no país". Dado como "a voz internacional do Brasil da era Lula", ele falou ainda de Irã, G20 e Brics. No enunciado do UOL, que já traduziu, "Se a Grécia aceitasse dinheiro do FMI, uma parte seria nossa, da China e da Rússia".ECO NO IRÃ Com foto de Amorim, a home page da iraniana PressTV destacou do "El País" que a "ONU deve tomar lugar dos EUA no Haiti". E que, para o chanceler, seria "erro imaginar que os EUA estão resolvendo a crise haitiana". CONTRA SANÇÕES Via agências, "Brasil resiste à pressão por sanções ao Irã, diz enviada". A embaixadora Maria Viotti relatou que o país "disse aos EUA e à França que não apoia e vai continuar a buscar maior comércio com o governo islâmico".
Nas manchetes on-line dos britânicos "Guardian" e "Telegraph" e dos israelenses "Haaretz" e "Jerusalem Post", "Reino Unido intima embaixador de Israel sobre passaportes usados no assassinato de líder do Hamas". O grupo que matou Mahmoud al-Mabhouh em Dubai teria usado documentos de seis israelenses nascidos no Reino Unido. Para o site da "Foreign Policy", os "passaportes falsos podem revelar um erro do Mossad no assassinato". REI DA DANÇA O "NYT" perfilou o bailarino brasileiro Marcelo Gomes, "um dos principais do American Ballet Theater", sob o título "Um rei da dança, seguro em seus domínios" |
FERNANDA KRAKOVICS
Inércia tucana O Globo - 18/02/10 Apesar da postura de candidato durante o carnaval, a cúpula do PSDB está cada vez mais impaciente com a resistência do governador José Serra em se assumir como tal desde já. Essa irritação deve atingir seu ápice no sábado, com o lançamento oficial da pré-candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República, e os esperados ataques à oposição. |
JANIO DE FREITAS
A divisão das eminências demistas, em torno da proposta de expulsão do governador interino de Brasília, Paulo Octávio, reproduz a indecisão que imobilizou o partido quando surgiu a gravação de José Roberto Arruda recebendo uma sacola de dinheiro, enquanto seus asseclas preferiam esconderijos menos convencionais.
Arruda tratou de sugerir logo que podia explodir granadas no partido, e ninguém na cúpula demista tinha idéia de até onde aquela bandalheira chegaria entre os seus. A reação ficou no palavrório impreciso, com a concessão de tempo a Arruda para tomar a iniciativa da renúncia. Até aí, porém, decorreu o suficiente para o escândalo atingir também o DEM como partido, ainda que o apurado até agora restrinja-se a demistas de Brasília.
O argumento do presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia, contra a expulsão defendida pelo senador Demóstenes Torres e pelo deputado Ronaldo Caiado, baseia-se em que Paulo Octávio está citado no inquérito, sem, no entanto, aparecer nas fitas ou em outra prova de receptação de dinheiro. O argumento desconsidera algumas ressalvas. Não há certeza, por exemplo, de que o material divulgado seja o total de provas em poder da polícia. Nem, muito menos, que tenha esgotado o arquivo de gravações reunido pelos denunciantes de Arruda e seu bando.
A falta, no material divulgado, de prova objetiva contra Paulo Octávio sujeita a expulsão ao risco de demonstrar-se, no futuro, precipitada e injusta. Mas recusá-la, negando qualquer valor aos depoimentos que incluem Paulo Octávio no circuito de dinheiro movido por Arruda, implica o risco de comprometer o já desgastado partido em acobertamentos depois inexplicáveis. A discussão prometida pelo DEM, para logo mais, terá temperatura própria do verão atual.
O PT abre hoje o seu congresso como sempre: com ares de divisões numerosas, entre grupos e em cada grupo, mas com a tendência subjacente de nenhuma levar a mais do que nada. Tendência que adquiriu vigor de certeza nos últimos congressos, convenções ou o que seja. Apaziguamento final que exprimiu, por bastante tempo, o relativo grau de democracia interna do PT.
Com a conversão de Lula ao monetarismo e ao assistencialismo, o PT perdeu sua identidade sem adquirir outra: não adaptou o seu programa ao "seu" governo, mas as representações petistas são prestadoras de serviço a deliberações de Lula, do mais simples voto ao mais alto nível da escolha de candidata do partido à Presidência, alianças partidárias e sucessões estaduais. Nenhum sinal mais de partido político.
Dizem, porém, que as reservas à indicação de Dilma Rousseff como candidata petista vão se elevar no congresso. E que as divergências com o programa elaborado para essa candidatura levarão a confrontos fortes. Se nada disso ocorrer, ao menos um tema de discussão possível está à disposição dos petistas: o sigilo espontâneo de seu pré-candidato ao governo do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, que viu com antecedência o vídeo de Arruda recebendo a sacola de dinheiro e não quis denunciá-lo à polícia ou ao Ministério Público. Não é o suficiente para invalidar a pré-candidatura? Movido no mínimo por interesse político, Agnelo Queiroz acobertou Arruda e a trama dos desvios de verbas públicas e negócios administrativos com corrupção.
Arruda indica que o DEM e o PT estão mais aproximados do que pela coincidência de suas reuniões de hoje.
MÔNICA BERGAMO
A ordem partiu da direção da Grande Rio, já na concentração na Sapucaí, na noite de segunda: era para apagar o símbolo da mão com o célebre "nº 1" da Brahma nas camisas do pessoal de apoio do departamento cultural da escola. Começou então um corre-corre da produção com latas de spray dourado para não deixar os vestígios da marca registrada da cerveja, patrocinadora da escola.
Foi apenas um dos conflitos entre publicidade e os desfiles do Rio. A polêmica já havia aparecido em São Paulo, quando a Rosas de Ouro teve de mudar o refrão "O cacau é show" para "O cacau chegou" para despistar a alusão a uma fábrica de chocolates, após protesto da TV Globo. Na Sapucaí, os dissabores foram mais discretos.
O empresário José Victor Oliva, organizador do camarote da Brahma, estava escalado para sair no alto de um carro da Grande Rio representando o espaço VIP. Foi cortado na última hora. A escola achou que já havia "ícones de Brahma" demais no desfile, como o gari Renato Sorriso -destaque de um carro e representado nas fantasias da bateria- e o cantor Zeca Pagodinho, ambos garotos-propaganda da empresa. Temia-se que a sobrecarga irritasse tanto a Globo quanto a Liga das Escolas de Samba do Rio, que vetam merchandising explícito na avenida.
Já a atriz Paola Oliveira, rainha de bateria da escola, desfilou fazendo o "nº 1" com a mão direita. Ela falou à coluna:
FOLHA - O patrocínio da Brahma não compromete a espontaneidade da escola e do samba-enredo?
PAOLA OLIVEIRA - O Carnaval conta uma história. A Sapucaí tem 25 anos e o camarote da Brahma tem 20, então ele faz parte dessa história. Não sei dessas questões de grana, mas se eles colaboraram com a escola, por que não? O "Eu sou guerreiro" [refrão do samba] lembra a Brahma, mas também combina com o povo brasileiro, que é guerreiro mesmo. Está no contexto do enredo.
FOLHA - O que acha de esportistas, como Dunga e Ronaldo, anunciarem bebida alcoólica?
PAOLA - Temos que ser realistas, não hipócritas. Isso [anunciar bebida] é melhor do que tudo aquilo que a gente não vê acontecendo por debaixo dos panos, lá nos poderes superiores. Todo mundo bebe cerveja e tem vida pessoal: os atletas, os artistas, a Madonna... e isso não tira o mérito de ninguém.
Nos camarotes patrocinados pelas cervejas Brahma e Devassa, a maioria dos artistas veste as camisas de propaganda em troca de poder arrastar os amigos para a festa, com entrada livre, comida grátis e bebida à vontade (tão à vontade que a Devassa mandou vetar o uísque lá pelas 3h de terça-feira, devido ao grande número de embriagados).
Na Brahma, a lista dos mais pidões foi encabeçada pelo jogador Ronaldo, que levou mais de 20 pessoas para a área VIP, entre amigos dele e da mulher, Bia Antony. Para conseguir que toda a excursão entrasse, ligou e mandou mensagens várias vezes para a produção do camarote pedindo convites.
Zeca Pagodinho, que fez show no camarote, levou 12 amigos. O jogador Robinho, dez, além da mulher e da sogra. A atriz Susana Vieira, oito pessoas. E Paola Oliveira, contratada como musa do espaço, tinha direito a quatro convites.
(DIÓGENES CAMPANHA e LÍGIA MESQUITA, do Rio)
Serra e Dilma são as pessoas que conheço que mais curtem Carnaval no mundo. Sambam bem, dançam bem, cantam bem e são muito bonitos
JOSÉ WILKER, ator
O baile do Copa é a coisa mais chique do Carnaval. Primeiro: tem muito turista. Segundo: as roupas, tudo smoking. Terceiro: é para quem pode. Tem gays que venderiam a TV para comprar um convite
ISABELITA DOS PATINS, drag queen
Brinco que a Lady Kate é filha da Paris Hilton com o Boy George
KATIUSCIA CANORO, a Lady Kate do "Zorra Total", sobre as brincadeiras que comparavam sua personagem com a socialite americana no Carnaval do Rio
O chão está escorregadio. Eu estava me servindo do jantar e caí, me machuquei, quebrei o prato, foi um tombo horroroso
VERA GIMENEZ, atriz, após cair no baile do Copa
Rapaz, o Brasil tá super na moda, é bem visto por todos. Eu lido bem com o assédio, mas quero me divertir também
RONALDO, sobre o congestionamento de celebridades na Sapucaí
ALBERTO TAMER
Obama nem quer falar mais com os europeus...
O ESTADO DE SÃO PAULO - 18/02/2010
A Europa está magoada com Obama. Ele deu a entender, parece até que recusou mesmo, a ir a uma próxima reunião com os chefes de Estado da União Europeia. Na última, já havia se queixado pela falta de resultados. Não houve nenhum. Os europeus não se entendem nem entre eles, como dialogar com os EUA? Chegam e saem sempre divididos entre si em qualquer encontro, por mais simples que seja. A França discorda da Alemanha que discorda de todo mundo. E saem como sempre, promessas pífias de não retirar os incentivos até que a economia mundial se estabilizasse. Palavras. Nem com isso, a Alemanha e o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet concordaram plenamente. Eles estão com medo da...inflação, quando a economia apenas começa a evitar a deflação.
Obama cansou. Está todo mundo cansado com a União Europeia que pode ser europeia, mas não é uma união. As economias dos países que a integram divergem. O primeiro erro, como lembra muito bem Paul Kurgman, foi criar uma moeda única, o euro, em 2002, quando o bloco não estava ainda preparado para isso. A segunda, que ele não fala, foi ampliá-la perigosamente, passando de 8 em 2004 para 27 hoje países-membros. Incluíam países periféricos, de economia frágil e crescimento periclitante. A Grécia entrou nesse rolo. ...
O SUBPRIME EUROPEU
Hoje, a eurozona abalada pela crise da Grécia, que, se revela agora, não foi séria, jogou parte das suas dívidas para o mercado futuro, em denuncia bem documentada do New York Times. E está criando o que já se está sendo chamado de "subprime europeu". Só que em vez de imóveis, eles teriam lastreado a dívida futura em receita da loteria, aeroportos e outros itens semelhantes. Decididamente, não é um país sério. Mas e os outros quatro , Espanha, Portugal, Itália e Irlanda, teriam condições sair das suas dívidas?
A situação da Espanha é a mais grave com desemprego assustador de 19,5% e queda de 4% do PIB. Todos romperam sem menor pudor com todas as regras da União Europeia, que fixou um teto máximo de dívida de 60% do PIB. E ninguém em Bruxelas fez nada até que a bomba grega explodisse.
E em meio a essa parafernália interna, a economia da UE, como um todo, afundou 4,1% e a da eurozona, 4% no ano passado. A Alemanha lidera o atraso, 5%.. Atrás dela, só a Itália, 4,9%. E não há sinal de reação.
Ao contrário, a Grécia irá drenar os recursos da comunidade a não ser que os governos europeus aceitem a intervenção do FMI. Orgulhos, disseram que não. O problema era deles e iriam resolver sozinhos. Sim, mas a que custo financeiro e em crescimento?
Isso é grave porque o seu PIB representa 28% do PIB mundial.
OBAMA: EU NÃO...
E em meio a esse cenário turbulento e depressivo, os chefes de Estado europeus iam reunir-se com Obama. É verdade que o encontro havia sido marcado há tempos, mas desde o inicio ele hesitou. Primeiro, que os europeus se entendam entre si e depois a gente conversa. Por que eles não fizeram como os EUA que, só neste governo, está injetando US$ 787 bilhões em incentivos ao consumo e agora inicia um novo projeto estimado em US$ 300 bilhões para criar e salvar empregos? Por que estão hesitando até agora? Será que nem mesmo na recessão e nesta nova crise, vocês não se unem? Pelo amor de Deus, vocês, lideres europeus, não estão vendo que com o que fizemos, o PIB americano cresceu 5,7% no ultimo trimestre de 2009 e o de vocês apenas 0,1% em relação ao anterior?
MAS TEM A DíVIDA...
O argumento europeu que não podem aumentar a divida já elevada - olha a Grecia e a Espanha aí... - não se sustenta. Não pode aumentar a divida nem criar moeda, como nos EUA, então porque não reduziram impostos nos setores mais atingidos? O efeito sobre a dívida não seria imediato e seria mais rapidamente compensado com o aumento da arrecadação decorrente do crescimento.
Sabem, a coluna tem uma proposta ousada aos governantes europeus: por que não mandam seus técnicos para o Brasil para aprender como nós fizemos? Não gastamos muito, não. Apenas fomos o primeiro a cortar impostos naqueles setores que estavam abalados pela recessão mundial. A indústria automobilística estava despedindo em massa, as vendas caíram? Menor IPI e ela logo voltou a bater recordes de produção. O mesmo aconteceu em outros setores. E, sabem de uma coisa, senhores chefes de governo, a arrecadação voltou a crescer - vai bater recordes...- , a divida interna não explodiu, as empresas voltaram a contratar e o desemprego recuou de 10,1% para 8,1%. E já há falta de mão de obra qualificada!
Presidente, convide esses moços eurocratas para virem aqui que nos ensinamos para eles. Se deixarem de ser vaidosos, aprenderão muito.
É pena que o carnaval acabou. Eles poderiam ter aproveitado para sambar e se tornar mais humanos... Mas não pague a passagem deles, não, presidente!
ARI CUNHA
Boa aplicação de dinheiro
Correio Braziliense - 18/02/2010 |
Em contraste com a descrença de mau uso, há empresa no Brasil que sobressai. A Rede de Hospitais Sarah Kubitschek é presidida pela médica Lucia Villadino Braga, também com experiência internacional como o cirurgião chefe, Campos da Paz. Hospitais da rede Sarah recebem verba exclusivamente do governo federal. A rede fez contrato de gestão. Realizações são pagas pela República. Não possui funcionário terceirizado. Tem regimento interno comum ao quadro, onde não há caso omisso. Se há tranquilidade na administração do país, está na rede de Hospitais do Serviço Locomotor Sarah Kubitschek. Tanto a presidente quanto o lavador de vidraças têm suas obrigações com detalhes. |
JOSÉ SIMÃO
Ueba! Já tô com saudades da Ivete!
FOLHA DE SÃO PAULO - 18/02/10
Acabou o "rebolation"! Agora é todo mundo rebolando o ano inteiro pra pagar o Carnaval!
BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! Ueba! Acabou a gandaia! O meu dinheiro virou cinzas. Acabou o "rebolation"! Agora todo mundo rebolando. Para pagar o Carnaval. Passa cinco dias de "rebolation" na avenida e um ano de "rebolation" para pagar o cartão.
O Carnaval acabou. Menos na Bahia e em Pernambuco. Que já estão pulando o Carnaval de 2011. Faltam 364 dias para o Carnaval! Já tô com saudades da Ivete! E as celebridades no Rio? A Madonna já virou bambu!
Tão arroz de festa que um amigo encontrou a Madonna na fila do pãozinho do Compre Bem de Itaquera! E a Paris Hilton? A Paris Hilton é um chiclé de bola com cartão de crédito. E o camarote da Brahma estava um drama! Celebridade não devia suar! E o sonho de um amigo meu é transar com pelada de carro alegórico: não fala nem reclama, só rebola e dá tchauzinho!
E Carnaval é assim: na Bahia tem bunda e no Sambódromo tem peito! Bunda na Bahia é de tanto mingau de tapioca. E peito no Sambódromo é de tanto silicone. Se aquilo estoura, luta de gel na avenida! E o trio mais animado de Curitiba foi o caminhão da Liquigás tocando "Pour Elise"!
E um outro disse que não tá de ressaca porque ainda tá bêbado! E a Beija-Flor com o tema Brasília? Faltou o panetone. Carro alegórico em forma de panetone! E o Arruda? Deus me arruda! Passou o Carnaval num flat da Polícia Federal: sofá, TV, ar-condicionado e delivery.
E o chargista Elvis mostra o Arruda decorando a defesa durante o Carnaval: "Rebolation, xon, xon. Rebolation, xon, xon". E a Ivete fantasiada de zebra: "A zebra já nasceu fashion". E adorei a Daniela Mercury: "Tá fantasiada de quê?". "De brasileira." Rarará! E acabou o Carnaval. Chega de bunda. Vamos encarar o Brasil de frente! Com ou sem tapa-sexo! Ai, que preguiça!
E um amigo ainda hoje sai no bloco DEIXA QUE EU COMO! Vai fazer a xepa. É mole? É mole, mas sobe! Ou, como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece! Antitucanês Reloaded, a Missão.
Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. É que em Maceió, Alagoas, tem uma barraca ótima pro Carnaval que se chama Barraca do Pau Deitado. Mais direto impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil! E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Avolumado": companheiro vendo as peladas na TV. Rarará! O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno
DEMÉTRIO MAGNOLI
Fora da lei
O ESTADO DE SÃO PAULO - 18/02/10
A Constituição diz que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza", mas a Universidade de Brasília (UnB) distingue os candidatos inscritos em seus vestibulares em função de um critério racial. A Constituição determina que o "acesso aos níveis mais elevados do ensino" se dará "segundo a capacidade de cada um", mas a UnB reserva um quinto de suas vagas a "negros". Na UnB, uma comissão constituída por docentes racialistas e lideranças do "movimento negro" prega rótulos raciais aos candidatos, cassando-lhes o direito de autodeclaração de cor/raça. A Constituição assegura que "ninguém será privado de direitos" por motivo de "convicção filosófica ou política", mas o tribunal racial da UnB promove "entrevistas identitárias" para investigar as opiniões dos candidatos sobre negritude e movimento negro. Por iniciativa do senador Demóstenes Torres, o DEM ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com ação de inconstitucionalidade contra o vestibular racializado da UnB.
A Fundação Ford é a principal exportadora das políticas de preferências raciais inventadas nos EUA a partir do governo de Richard Nixon. Há uma década ela financia simpósios jurídicos no Brasil destinados a ensinar a juízes como contornar o princípio constitucional da igualdade entre os cidadãos. O argumento formulado pela Fundação Ford baseia-se no justo paradigma de tratar desigualmente os desiguais - o mesmo que sustenta a tributação progressiva e a exigência de rampas para deficientes físicos em edifícios de uso público. Sobre tal paradigma se equilibra o raciocínio de que a desigualdade média de renda entre "brancos", de um lado, e "pretos" e "pardos", de outro, deve ser remediada por políticas raciais de discriminação reversa.
O sofisma precisa ser desmascarado em dois planos. No plano das políticas sociais, tratar desigualmente os desiguais significa expandir as vagas nas universidades públicas e investir na qualidade do sistema público de ensino. Nas palavras de Wellington Dias, o governador petista do Piauí que, corajosamente, desafia um dogma de seu partido: "Criar cotas para negros, índios, alunos do ensino público esconde o lado grave do problema. Isso mostra a incapacidade do poder público. Sou contra isso. É preciso melhorar o sistema e qualificar os professores."
No plano do Direito, o sofisma converte indivíduos singulares em representantes de "raças", ensinando a milhões de jovens a terrível lição de que seus direitos constitucionais estão subordinados a uma cláusula racial. O vestibular da UnB é capaz de negar uma vaga a um concorrente de baixa renda que obteve notas altas, mas foi rotulado como "branco", para transferi-la a um candidato de alta renda com notas inferiores, mas rotulado como "negro". A justificativa implícita inscreve-se na fantasia do pensamento racial: o candidato de alta renda da cor certa "simboliza" a "raça" de baixa renda e seus imaginários ancestrais escravos. O sofisma não resiste a um exame lógico, mas persiste pela adesão política de uma corrente significativa de juristas ao pensamento racial.
A política, no baixo sentido da palavra, contamina a apreciação da ação de inconstitucionalidade que tramita na Corte constitucional. O relator Ricardo Lewandowski, um juiz que enxerga as audiências públicas como meios para mostrar que o tribunal toma decisões "em contato com o povo", tem curiosos critérios de seleção do "povo". No caso da audiência sobre o vestibular da UnB, ele decidiu ignorar a regra elementar da isonomia, convocando 28 depoentes favoráveis às cotas raciais e apenas 12 contrários. O "povo" do relator, ao menos quando se trata da introdução da raça na lei, é constituído essencialmente por representantes do Executivo e das incontáveis ONGs que figuram como sublegendas brasileiras da Fundação Ford.
O princípio da impessoalidade na administração pública, consagrado na Constituição, serve tanto para coibir o patrimonialismo tradicional quanto para conter a tentação contemporânea de subordinar os interesses gerais difusos aos interesses ideológicos organizados. Edson Santos, chefe da mal batizada Secretaria da Igualdade Racial, não reconhece a vigência dessa parte do texto constitucional. Um ofício assinado por ele cumpre o papel de panfleto de convocação de funcionários governamentais e ONGs para "mobilizarem caravanas com destino a Brasília" a fim de pressionar o STF nos dias da audiência pública. Edson Santos monta o circo por fora, enquanto Lewandowski ergue as lonas por dentro.
Em 2 de fevereiro, dia exato em que Edson Santos divulgou o panfleto oficial, as centrais sindicais - cujo financiamento decorre de um ato governamental - firmaram uma carta conjunta de apoio ao vestibular racial da UnB. O "movimentismo" é fenômeno típico do estágio embrionário dos totalitarismos. Nesse estágio, o Estado despe-se de sua natureza pública e adquire as feições de um ente de coordenação de "movimentos sociais" que já não passam de tentáculos do governo. O ministro-militante, que faz o Estado patrocinar uma manifestação "popular" de sítio à Corte constitucional, seria alvo óbvio de processos de responsabilidade se o Ministério Público e a maioria parlamentar não estivessem envenenados pela concepção da sociedade brasileira como uma coleção de "movimentos sociais" e ONGs.
No ofício ilegal, Edson Santos assevera que o hipotético acatamento da ação de inconstitucionalidade "abrirá as portas para paralisar todas as políticas de ação afirmativa, inclusive aquelas que beneficiam as mulheres, estudantes, trabalhadores, os índios, deficientes físicos e mentais, as comunidades tradicionais, etc." A ação em curso incide exclusivamente sobre as políticas de preferências raciais, cujo pressuposto é a rotulação estatal dos cidadãos segundo o critério abominável da raça. Mas o que seria do "movimentismo" sem o clássico expediente da mentira oficial?
Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia
Humana pela USP.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
Espanhola fomenta setor ferroviário no país Folha de S.Paulo - 18/02/2010 Em 1º de março, a fábrica espanhola CAF, recém-chegada ao Brasil, fará testes nos primeiros trens feitos em solo brasileiro. A nova unidade dá fôlego ao setor que vinha retomando a produção no país, até a crise. Em 2009, foram encomendados apenas mil vagões de carga, enquanto no ano anterior o total havia sido de 7.249 vagões. Em 2010, já são 2.000 em carteira. A partir de abril, a cada mês, quatro ou cinco novos trens serão entregues em São Paulo ao Metrô e à CPTM. Em março ainda, haverá nova licitação para contratação de 26 trens para a Linha 5 do Metrô. Boa parte deles sairá dos galpões da CAF. A fabricante espanhola, especializada no transporte de passageiros, venceu quatro licitações (três na CPTM e uma no Metrô) e, para atender às encomendas, em menos de um ano, colocou em funcionamento nova planta em Hortolândia (SP). A decisão de investir R$ 170 milhões, de capital próprio, em uma nova unidade ocorreu em plena crise, lembra o diretor Paulo Fontenelle. "O investimento de R$ 21 bilhões é o maior [do gênero] no mundo", diz Fontenelle, sobre o aumento da frota feito pelo governo paulista. Pelos galpões em Hortolândia, um idioma comum é o "portunhol", dos funcionários das fábricas do País Basco que circulam entre os trabalhadores brasileiros. A companhia faz 17 trens para o Metrô e 40 para a CPTM. Quase cem trens do Metrô serão reformados, principalmente pela Bombardier. RECEITA DE SEGURO A receita do setor de seguros, incluindo capitalização, previdência e resseguros, bateu nos R$ 100 bilhões no ano passado. O crescimento foi de 16%, incluindo os dados das resseguradoras locais de 2009, segundo a Susep. "O consumidor está, cada vez mais, conhecendo os benefícios dos seguros, não somente na hora de proteger o carro mas também quando pensa no futuro e contrata um VGBL [Vida Gerador de Benefício Livre], um seguro para a casa ou um seguro de vida", afirma Armando Vergílio, superintendente da Susep. Os novos produtos de previdência, como PrevSaúde e PrevEducação, e os microsseguros devem impulsionar o mercado nos próximos anos, diz Vergílio. Decisão do TRT beneficia Brasil Foods O Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (Santa Catarina) suspendeu decisão da Justiça do Trabalho que determinava à Brasil Foods, que resultou da união entre Perdigão e Sadia, a concessão, na unidade de Capinzal, de intervalos de oito minutos a cada 52 minutos de trabalho, proibição à prorrogação de jornada e fixação de multa por descumprimento. Decisão anterior da juíza do Trabalho Lisiane Vieira determinava que a companhia não exigisse horas extras, observasse normas de saúde e segurança e informasse ao Ministério da Previdência o número de portadores de doenças ocupacionais. PARA BRINDAR Na esteira da expansão do país, a Cooperativa Vinícola Aurora espera acompanhar o crescimento, com foco no aumento do consumo de vinhos no mercado interno, segundo Alem Guerra, diretor-geral da empresa. "O aumento da renda per capita, como a que ocorre na região Nordeste, principalmente nas classes C e D, representa grande potencial de crescimento de mercado", diz Guerra. O entrave a ser enfrentado pelo setor vitivinícola, alerta Guerra, é o peso da alta carga tributária, de cerca de 52% no produto final. Com o objetivo de incrementar a participação no mercado interno, a Vinícola Aurora vai investir R$ 7 milhões neste ano na ampliação da capacidade de produção de espumantes, vinhos finos e suco de uva. No ano passado, a empresa faturou R$ 202 milhões, com crescimento de 30% em relação a 2008. As vendas de vinhos finos da vinícola aumentaram 25%. Já a comercialização de espumantes cresceu 27% -acima do registrado pela média do mercado, que teve incremento de 18% no ano passado. |
ELIANE CANTANHÊDE
Festa de noivado sem o noivo
FOLHA DE SÃO PAULO - 18/02/10
BRASÍLIA - Para o presidente do PT, José Eduardo Dutra, o 4º Congresso do partido, de hoje a sábado, em Brasília, vai ser um "happening" -em bom português, um oba-oba para Dilma Rousseff.
Mas há uma névoa sobre esse clima de festa: o presidente do PMDB e da Câmara, Michel Temer, ameaça não botar os pés ali. Ou seja, o congresso pode virar um noivado sem o noivo.
"Com tantas pendências, como ir a um ato como esse? Antes, precisamos resolver a vida do Hélio Costa [Minas], do Geddel [Bahia], do Jader [Pará] e, agora, até manter o Cabral [Rio]", me disse Temer ontem, relacionando os atritos PMDB-PT nos Estados e confirmando o ciúme do namorico do PT com Garotinho (PR), que estremece a reeleição de Sérgio Cabral.
O quase noivo não parecia nada apaixonado. Ao contrário, mostrou-se aflito para pressionar Dilma e seus padrinhos a favor das candidaturas do PMDB, por uma conta aritmética simples: sem esses Estados peso-pesados, adeus aliança, noivado e casamento com o PT.
Os votos deles são decisivos para selar o casório na convenção peemedebista de junho. Além disso, há dois outros motivos para Temer temer (eta construção infame!) dar as caras no Congresso e preferir enviar "um ofício" (?!) de congratulações para Dilma.
Um é o constrangimento, já que, dia sim, outro também, saem notinhas maliciosas sobre o flerte da noiva com um outro vice, Henrique Meirelles, do BC. O segundo é o risco de ser recebido debaixo de vaia pela base petista.
Afinal, serão 1.350 delegados, mais simpatizantes, curiosos e adesistas. Que líderes conseguem segurar convidados desse tipo? Os mesmos que não seguram a candidatura de Meirelles a vice? Lula que se vire para levar Temer ao congresso até sábado e o PMDB ao altar nas convenções de junho.
Não precisa dar os dedos, mas é bom já dar as alianças -e os anéis.
SONIA RACY - DIRETO DA FONTE
Estará fora da lei, a partir de hoje, qualquer uma das 72 mil farmácias e drogarias do País que estiver vendendo produtos não ligados à saúde. A advertência é de Pedro Malagasso, do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo.
É que começa a valer a resolução 44 da Anvisa. O que há nela? Além de procedimentos técnicos, como o modo de tomar pressão, novas normas sobre o que pode, ou não, ser vendido nas gôndolas. Os abusos, diz Malagasso, "estavam passando da conta".
Entre as 66 mil fiscalizações de 2008, nas 15 mil farmácias paulistas, ele relata um caso espantoso: uma farmácia que vendia... vodca. "E na mesma nota era vendido um remédio que, misturado com a vodca, pode matar."
A dúvida: vão fiscalizar a sério, em todo o País?
O fator 20%
Pelas contas do PT, os chamados "radicais livres" do partido entram com 20% dos delegados presentes, a partir de hoje, em Brasília,no Congresso do PT.
Problemas? É o suficiente para fazer barulho. E para incomodar... o PMDB. Que não quer saber de mais discussões sobre a aliança.
No essencial, Cândido Vaccarezza garante que vai tudo bem: " 100% dos delegados estão com a Dilma".
Água mole
Eduardo Suplicy leva ao congresso sua lista de assinaturas para ser candidato petista ao governo paulista.
"O Mercadante reiterou que não quer mesmo entrar nessa disputa", justificou.
In memoriam
Não estão dando descanso a Celso Pitta. O Conselho Regional de Economia do Rio está cobrando - de quem represente o ex-prefeito - as anuidades não pagas durante vários anos.
O valor? R$ 1.861,67.
Bandeira branca
A OAB paulista jogou a toalha. Após batalha jurídica de 5 anos com recursos até ao STF, vai fazer nova seleção para escolher três desembargadores do TJ-SP.
Durante o vale-não vale, segundo o Conjur, ficaram parados três mil recursos.
Posto que é chama
Foi eterno enquanto durou.
Manuela D"Ávila e José Eduardo Cardoso estão solteiros novamente.
Proibidão
Esportistas brasileiros estão abusando mais de substâncias proibidas. Dados do Ladetec, laboratório de antidopagem, mostram que em 2009 foram flagrados 25 produtos vetados - contra 15 no ano anterior. No atletismo, os casos de uso proibido saltaram de 2 para 11.
A maconha foi detectada, em 2008, no futebol e no automobilismo. Em 2009, no futebol, vôlei e golfe.
Scorsese light
A Chanel atira longe.
Escolheu o diretor Martin Scorsese para dirigir a campanha da nova fragrância masculina da marca.
Raquete cigana
Shakira escolheu o campeão Rafael Nadal para estrelar seu novo videoclipe.
O tenista espanhol e a cantora gravaram em Barcelona, em clima sensual e com caracterização cigana.
Clube do 20
Luiz Barretto, do Turismo, articula uma espécie de G-20 do turismo, o D-20. Para levar adiante a ideia, viaja para a África do Sul.
Descendo...
Temporada ruim para os elevadores de Congonhas.
Dias depois de um grupo da GV ficar preso por uma hora, um elevador das novas obras caiu, terça, com 4 pessoas. Nada grave, mas...
NA FRENTE
O Museu do Futebol começa, dia 27, a série Brasil nas Copas, ciclo de atividades mostrando a participação do Brasil nos 17 mundiais da FIFA.
A história do mestre das marchinhas de carnaval, Braguinha, vai virar livro. A publicação sai pela Ediouro.
Até Lars von Trier a atriz Penélope Cruz dispensou. Motivo? Vai gravar Piratas do Caribe na mesma época das filmagens de Melancholia, do dinamarquês.
A Cia. Athletica marca seus 25 anos de vida com nova campanha, a partir do dia 20. Para associar o bem-estar físico à importância de refletir e planejar o futuro.
País sério é assim. Corre na internet pedido para investigar... como Madonna vai usar os fundos que angariou aqui.
ROLF KUNTZ
Gargalos e tropeços
O ESTADO DE SÃO PAULO - 18/02/10
Gargalo, como sabe todo apreciador de um bom gole, é "colo de garrafa, ou de outra vasilha, com entrada estreita". Mas é também "obstáculo, empecilho", segundo informa o Aurélio. O primeiro sentido está mais ligado às alegrias da vida. O outro, à atividade própria dos planejadores. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva costuma atribuir a seu governo o resgate do planejamento, uma prática abandonada, segundo ele, por vários de seus antecessores. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é apresentado como produto de um governo planejador. Boa parte desse programa continua existindo só no papel, mas isso não impede o presidente de prometer um PAC 2. Ele parece menos familiarizado, no entanto, com o sentido figurado - e administrativo - da palavra gargalo. Reportagem publicada no Globo de domingo corrobora essa suspeita.
O programa de habitações populares, lançado com muito barulho pelo governo federal, está ameaçado pela falta de redes de água e de esgoto, segundo a reportagem. Não se poderá desembolsar o dinheiro, se não houver condições sanitárias básicas nas áreas destinadas às construções. Em má situação financeira, a maior parte das companhias estaduais de saneamento não pode receber dinheiro dos fundos públicos.
O PAC habitacional foi concebido para proporcionar casa a milhões de brasileiros, criar muitos empregos e ativar uma importante cadeia de fornecedores de insumos. Mas faltou pensar no gargalo do saneamento. A Caixa, segundo a reportagem, vai agora cuidar de um plano de recuperação para habilitar as companhias, novamente, a receber financiamento. Mas o problema não é novidade. A crise das empresas de saneamento é conhecido há muito tempo e nenhuma ação foi organizada para a recuperação do setor.
Os gargalos são muito mais numerosos. Na semana passada, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou pela primeira vez um levantamento de conjuntura da construção civil. No trimestre final de 2009, o maior problema apontado pelo conjunto das empresas foi o peso da tributação. Nenhuma novidade nesse ponto. Mas o segundo maior problema foi a falta de mão de obra qualificada.
Essa preocupação foi apontada por 53% das empresas: 48,9% das pequenas, 54,9% das médias e 64,5% das grandes indicaram a falta de pessoal qualificado como o grande problema. No caso das grandes, essa deficiência ganhou mais destaque do que a carga tributária.
A pesquisa é conjuntural, mas o problema não é. A construção civil deixou de ser o grande setor capaz de absorver a mão de obra de baixa qualificação recém-chegada ao mercado urbano. A tecnologia mudou e com isso as necessidades de pessoal também mudaram. Não só o engenheiro tem de ser preparado para as novas condições da atividade. Além de afetar um setor muito importante, essa mudança torna indispensável uma reavaliação do problema da geração de empregos.
Dirigentes da construção civil já haviam apontado, nos últimos anos, problemas de recrutamento de pessoal. A novidade, agora, foi a inclusão do problema numa pesquisa setorial ampla. Noutros segmentos da indústria, a escassez de trabalhadores qualificados fora apontada várias vezes. A própria CNI havia chamado a atenção para o problema em mais de uma ocasião. Mais que isso: executivos entrevistados queixaram-se da falta de pessoal em condições de receber treinamento na fábrica. A falta de qualificação corresponde, antes de mais nada, à mera deficiência da educação fundamental.
Em relação a este problema, o governo federal tem ido raramente além da retórica. Durante anos, o governo do presidente Lula cuidou prioritariamente de criar cursos universitários de utilidade muito duvidosa e de garantir o acesso de mais estudantes ao chamado ensino superior.
Esse tipo de política não garante emprego nem atende às demandas imediatas de uma economia forçada a modernizar-se. Faltaram um diagnóstico realista das carências educacionais e uma aplicação mais eficiente de recursos em programas bem desenhados. O mesmo baixo grau de realismo explica a persistência de gargalos na infraestrutura. Nos últimos oito anos, o governo federal foi lento na mobilização dos capitais e técnicas do setor privado para promover, por exemplo, a recuperação e a modernização das estradas. Isso decorreu, em parte, de preconceitos ideológicos. Preconceitos não escoam safras, nem ações populistas criam empregos produtivos.
CLÓVIS ROSSI
Subintelectualidades
FOLHA DE SÃO PAULO - 18/02/10
SÃO PAULO - Comentários que a candidata Dilma Rousseff compartilhou com Marco Aurélio Garcia, coordenador de seu programa de governo, bem que poderiam servir de epígrafe para o congresso com que o PT comemora 30 anos.
Primeiro comentário: o suposto ou real "retraimento do pensamento crítico". Se há alguma instituição no Brasil que abandonou o pensamento crítico esta é, sem lugar a dúvidas, o PT desde que chegou ao governo.
Antes, criticava tudo e todos, até o que estava correto (vide Plano Real). Agora, o PT é apenas a Tribo dos Adoradores de Lula, em que qualquer mínima dose de crítica, mesmo as mais de acordo com os fatos, são sufocadas.
Segundo comentário: a suposta ou real ascensão de uma "subintelectualidade de direita". Subintelectualidades, de direita ou de esquerda, existiram sempre, no mundo todo. No Brasil, até desconfio que os subintelectuais sejam mais numerosos e estridentes do que os verdadeiramente intelectuais.
Mas, se há de fato uma subintelectualidade em ascensão, ela é hoje a da esquerda, incapaz de sair com uma ideia, uma só que seja, dos escombros do Muro de Berlim. Que já caiu faz 20 anos, é sempre bom lembrar. Ou, posto de outra forma, o PT teve dois terços do seu tempo de vida, desde a queda do Muro, para produzir alguma ideia. Produziu?
Não, segundo um de seus supostos ou reais ideólogos, Tarso Genro, para quem o partido caiu no "vazio" com a crise do mensalão.
Tão vazio que seu até agora presidente, Ricardo Berzoini, e seu sucessor, José Eduardo Dutra, tiveram a bárbara coragem de, em artigo para esta Folha, "celebrar" um "partido democrático, popular e socialista". Democrático e popular ainda dá para passar, com qualificações que o espaço impede de explicitar. Mas socialista só pode ser exercício de "subintelectualidade".
Ou fraude conceitual.
PAINEL DA FOLHA
Sobre a candidatura Dilma Rousseff ao Planalto não há discussão, mas o PT chega à abertura de seu congresso, hoje, com arestas a aparar no que diz respeito à ocupação de cargos na nova cúpula do partido.
De saída da tesouraria, Paulo Ferreira (RS) tenta de todo modo emplacar o desconhecido conterrâneo João Motta na secretaria de Comunicação. Pela composição de forças que elegeu José Eduardo Dutra presidente da sigla, esse posto seria destinado à corrente Novo Rumo, que indicou o deputado estadual Rui Falcão. Por sua vez, a bancada de deputados federais quer colocar na Comunicação André Vargas (PR), que chegou a ser cotado para a tesouraria. Mas essa já é de João Vaccari (SP) e ninguém tasca.
Marmelada
A candidatura à Câmara de Paulo Ferreira tira o sono da atual bancada gaúcha do PT, quase toda em busca de reeleição. Para os queixosos, trata-se de concorrência desleal, dada a expertise adquirida por Teixeira na tesouraria. Ele desconversa: "Pior do que ciúme de homem é ciúme de deputado".
Sem refresco
Chamou a atenção de partidos aliados o trecho da resolução do PT sobre tática eleitoral e política de alianças no qual, apesar de destacar a vitória de Dilma e o fortalecimento das bancadas no Congresso como prioridades, a sigla registra que não se pode "menosprezar a importância que têm os governos de Estado", daí a insistência com candidaturas próprias.
Gente grande
De um integrante do núcleo da campanha de Dilma, sobre a exigência de apoio exclusivo feita por Sérgio Cabral (PMDB) no Rio: "O governo não vai se meter a tentar tirar o Garotinho do jogo, até porque de garotinho ele só tem o nome".
Público-alvo
Resolução apresentada pela juventude do PT prevê a construção de um Comitê Nacional de Juventude Dilma Presidenta, cuja coordenação pretende participar do dia-a-dia da "campanha geral".
Bagagem
Desabafo do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) no Twitter sobre o retorno do Carnaval: "Como ponho o turbante do Gandhi na mala?".
Vento
Paulo Octávio foi dormir ontem inclinado a renunciar ainda hoje ao governo do Distrito Federal.
Deixa estar
Apesar do risco Joaquim Roriz, o PSDB continuará a buscar aliança com o PSC. Para os tucanos, a prioridade é ampliar o tempo de TV. E, do jeito que as coisas vão, ninguém sabe se Roriz ainda estará no palanque quando José Serra tiver de fazer campanha em Brasília.
Onde pega
No PSC há dois focos de resistência ao acordo com o PSDB: Pernambuco, onde o partido apoia Eduardo Campos (PSB), e Paraíba, onde Marcondes Gadelha, oriundo do PSB, assumiu o comando da sigla.
Menos, menos
Mesmo entre os insatisfeitos com a liderança de Rodrigo Maia, há quem esteja em campo para conter os "radicais" Demóstenes Torres e Ronaldo Caiado, críticos abertos da atuação do presidente do DEM durante a tormenta no Distrito Federal. O argumento é que o partido está por demais fragilizado para suportar guerra civil.
Que tal?
Ao voar com Guido Mantega (Fazenda) ontem de SP a Brasília, o presidente da Câmara e possível vice de Dilma, Michel Temer (PMDB), fez lobby a favor da proposta de reduzir a jornada de trabalho de 44 para, numa primeira etapa, 42 horas.
Trabalho
Carlos Alberto Grana (PT), presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, e Tadeu Morais de Sousa (PDT), vice do Sindicato dos Metalúrgicos de SP e presidente do Dieese, são as duas apostas do mundo sindical para a eleição à Assembleia paulista.
Tiroteio
"O Distrito Federal só terá solução se livrando do DEM e dos tucanos. Não será Lula quem os salvará."
Contraponto
Sem retoque
Durante visita à nova ala do Hospital do Rim e Hipertensão, há uma semana, o governador José Serra disse que o salto no número de transplantes de rim ocorreu durante sua gestão no Ministério da Saúde.
Imediatamente um funcionário do hospital apareceu com uma foto do tucano tirada naquela época, há quase dez anos. Serra examinou-a, torceu o nariz e, rindo, fez uma "resenha crítica" do próprio retrato:
-Olha, quero apenas deixar registrado que eu estava com essa cara porque ainda não havia feito a cirurgia para retirar as bolsas sob os olhos...