FOLHA DE SÃO PAULO - 18/02/10
É Arruda que indica mais proximidade de DEM e PT do que a coincidência de suas reuniões de hoje
DUAS REUNIÕES partidárias merecerem atenção verdadeira tornou-se raridade há anos, mas é o que nos prometem para hoje o PT e o DEM com suas respectivas complicações.
A divisão das eminências demistas, em torno da proposta de expulsão do governador interino de Brasília, Paulo Octávio, reproduz a indecisão que imobilizou o partido quando surgiu a gravação de José Roberto Arruda recebendo uma sacola de dinheiro, enquanto seus asseclas preferiam esconderijos menos convencionais.
Arruda tratou de sugerir logo que podia explodir granadas no partido, e ninguém na cúpula demista tinha idéia de até onde aquela bandalheira chegaria entre os seus. A reação ficou no palavrório impreciso, com a concessão de tempo a Arruda para tomar a iniciativa da renúncia. Até aí, porém, decorreu o suficiente para o escândalo atingir também o DEM como partido, ainda que o apurado até agora restrinja-se a demistas de Brasília.
O argumento do presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia, contra a expulsão defendida pelo senador Demóstenes Torres e pelo deputado Ronaldo Caiado, baseia-se em que Paulo Octávio está citado no inquérito, sem, no entanto, aparecer nas fitas ou em outra prova de receptação de dinheiro. O argumento desconsidera algumas ressalvas. Não há certeza, por exemplo, de que o material divulgado seja o total de provas em poder da polícia. Nem, muito menos, que tenha esgotado o arquivo de gravações reunido pelos denunciantes de Arruda e seu bando.
A falta, no material divulgado, de prova objetiva contra Paulo Octávio sujeita a expulsão ao risco de demonstrar-se, no futuro, precipitada e injusta. Mas recusá-la, negando qualquer valor aos depoimentos que incluem Paulo Octávio no circuito de dinheiro movido por Arruda, implica o risco de comprometer o já desgastado partido em acobertamentos depois inexplicáveis. A discussão prometida pelo DEM, para logo mais, terá temperatura própria do verão atual.
O PT abre hoje o seu congresso como sempre: com ares de divisões numerosas, entre grupos e em cada grupo, mas com a tendência subjacente de nenhuma levar a mais do que nada. Tendência que adquiriu vigor de certeza nos últimos congressos, convenções ou o que seja. Apaziguamento final que exprimiu, por bastante tempo, o relativo grau de democracia interna do PT.
Com a conversão de Lula ao monetarismo e ao assistencialismo, o PT perdeu sua identidade sem adquirir outra: não adaptou o seu programa ao "seu" governo, mas as representações petistas são prestadoras de serviço a deliberações de Lula, do mais simples voto ao mais alto nível da escolha de candidata do partido à Presidência, alianças partidárias e sucessões estaduais. Nenhum sinal mais de partido político.
Dizem, porém, que as reservas à indicação de Dilma Rousseff como candidata petista vão se elevar no congresso. E que as divergências com o programa elaborado para essa candidatura levarão a confrontos fortes. Se nada disso ocorrer, ao menos um tema de discussão possível está à disposição dos petistas: o sigilo espontâneo de seu pré-candidato ao governo do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, que viu com antecedência o vídeo de Arruda recebendo a sacola de dinheiro e não quis denunciá-lo à polícia ou ao Ministério Público. Não é o suficiente para invalidar a pré-candidatura? Movido no mínimo por interesse político, Agnelo Queiroz acobertou Arruda e a trama dos desvios de verbas públicas e negócios administrativos com corrupção.
Arruda indica que o DEM e o PT estão mais aproximados do que pela coincidência de suas reuniões de hoje.
A divisão das eminências demistas, em torno da proposta de expulsão do governador interino de Brasília, Paulo Octávio, reproduz a indecisão que imobilizou o partido quando surgiu a gravação de José Roberto Arruda recebendo uma sacola de dinheiro, enquanto seus asseclas preferiam esconderijos menos convencionais.
Arruda tratou de sugerir logo que podia explodir granadas no partido, e ninguém na cúpula demista tinha idéia de até onde aquela bandalheira chegaria entre os seus. A reação ficou no palavrório impreciso, com a concessão de tempo a Arruda para tomar a iniciativa da renúncia. Até aí, porém, decorreu o suficiente para o escândalo atingir também o DEM como partido, ainda que o apurado até agora restrinja-se a demistas de Brasília.
O argumento do presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia, contra a expulsão defendida pelo senador Demóstenes Torres e pelo deputado Ronaldo Caiado, baseia-se em que Paulo Octávio está citado no inquérito, sem, no entanto, aparecer nas fitas ou em outra prova de receptação de dinheiro. O argumento desconsidera algumas ressalvas. Não há certeza, por exemplo, de que o material divulgado seja o total de provas em poder da polícia. Nem, muito menos, que tenha esgotado o arquivo de gravações reunido pelos denunciantes de Arruda e seu bando.
A falta, no material divulgado, de prova objetiva contra Paulo Octávio sujeita a expulsão ao risco de demonstrar-se, no futuro, precipitada e injusta. Mas recusá-la, negando qualquer valor aos depoimentos que incluem Paulo Octávio no circuito de dinheiro movido por Arruda, implica o risco de comprometer o já desgastado partido em acobertamentos depois inexplicáveis. A discussão prometida pelo DEM, para logo mais, terá temperatura própria do verão atual.
O PT abre hoje o seu congresso como sempre: com ares de divisões numerosas, entre grupos e em cada grupo, mas com a tendência subjacente de nenhuma levar a mais do que nada. Tendência que adquiriu vigor de certeza nos últimos congressos, convenções ou o que seja. Apaziguamento final que exprimiu, por bastante tempo, o relativo grau de democracia interna do PT.
Com a conversão de Lula ao monetarismo e ao assistencialismo, o PT perdeu sua identidade sem adquirir outra: não adaptou o seu programa ao "seu" governo, mas as representações petistas são prestadoras de serviço a deliberações de Lula, do mais simples voto ao mais alto nível da escolha de candidata do partido à Presidência, alianças partidárias e sucessões estaduais. Nenhum sinal mais de partido político.
Dizem, porém, que as reservas à indicação de Dilma Rousseff como candidata petista vão se elevar no congresso. E que as divergências com o programa elaborado para essa candidatura levarão a confrontos fortes. Se nada disso ocorrer, ao menos um tema de discussão possível está à disposição dos petistas: o sigilo espontâneo de seu pré-candidato ao governo do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, que viu com antecedência o vídeo de Arruda recebendo a sacola de dinheiro e não quis denunciá-lo à polícia ou ao Ministério Público. Não é o suficiente para invalidar a pré-candidatura? Movido no mínimo por interesse político, Agnelo Queiroz acobertou Arruda e a trama dos desvios de verbas públicas e negócios administrativos com corrupção.
Arruda indica que o DEM e o PT estão mais aproximados do que pela coincidência de suas reuniões de hoje.
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