sábado, fevereiro 16, 2013

Bento XVI contra a cultura da morte - REINALDO AZEVEDO

REVISTA VEJA
Ao anunciar que deixará o pontificado no próximo dia 28, o papa Bento XVI tomou a mais ousada decisão na sua luta contra a cultura da morte e contra o relativismo, que hoje reivindicam o estatuto de um humanismo superior e que se infiltraram no seio da Igreja Católica. Em muitos aspectos, são os inimigos mais poderosos e articulados que ela jamais enfrentou. O sumo pontífice empenhado na preservação da "Cidade de Deus", para lembrar Santo Agostinho (354-430), de quem é admirador confesso, apelou à experiência do cardeal Joseph Ratzinger, um profundo conhecedor da "cidade dos homens", e agiu. O teólogo mais influente da Igreja nos últimos 35 anos pode, assim, articular a própria sucessão. Nos dias que se seguiram ao anúncio da decisão, o papa não disse boa parte do que lhe atribuíram e falou bem mais do que muitos perceberam. Ao renunciar, definiu um caminho. Você pode não acreditar em Deus, leitor. Mas evite o ridículo em que vejo cair muitos colegas, daqui e de fora, de não acreditar na clareza da Igreja.
Na Quarta-Feira de Cinzas, diante dos cardeais, Bento XVI censurou "os golpes dados contra a unidade da Igreja" e "as divisões no corpo eclesial". No trecho mais significativo de sua homília, a que se deu pouco destaque, citou o apóstolo Paulo: "Ele denuncia a hipocrisia religiosa, o comportamento que deseja aparecer, os hábitos que procuram o aplauso e a aprovação. O verdadeiro discípulo não serve a si mesmo nem ao público, mas a seu Senhor, na simplicidade e na generosidade". No dia seguinte, num encontro com sacerdotes da Diocese de Roma, conclamou: "Temos de trabalhar para a realização verdadeira do Concilio (Vaticano II) e para a verdadeira renovação da Igreja".
Os "golpes contra a unidade da Igreja" e as "divisões no corpo eclesial" não remetem às picuinhas de bastidores do Vaticano. E um erro ler a vida intelectual da Igreja como quem analisava as divisões internas do Kremlin, e analisa agora as do Palácio do Planalto ou da CBF. Não se está discutindo se, depois da disciplina bronca de Dunga, é chegada a hora da bonomia molenga de Mano Menezes... O catolicismo é um pouco mais complexo. Ao citar São Paulo e lembrar que "o verdadeiro discípulo não serve a si mesmo nem ao público, mas a seu Senhor", Bento XVI está afirmando o óbvio, freqüentemente esquecido até pela hierarquia religiosa, especialmente pelos partidários de cena "Escatologia da Libertação": para os católicos, a Igreja não é autora de uma verdade humana, submetida a uma permanente revisão, mas a depositária de uma verdade revelada por Deus, que é eterna.
A confusão só fez aumentar quando o papa afirmou ser preciso trabalhar para "a realização verdadeira do Concilio Vaticano II" e para "a verdadeira renovação da Igreja". Ignorou-se o adjetivo "verdadeiro", dito e reiterado, e se deu destaque à "renovação". Bento XVI estaria, assim, admitindo a própria obsolescência e a da instituição que dirige. O Concilio teve duas faces, a boa e a má. Com ele, o catolicismo buscou se abrir mais à experiência comunitária, um retorno às origens. Fez bem. É preciso radicalizar essa experiência. Mas se deixou infiltrar pelo proselitismo ideológico de esquerda, substituindo, especialmente nos anos 60 e 70, os Evangelhos por uma versão da luta de classes ainda mais primitiva do que a dos comunistas. Nos dias correntes, essa expressão particular do laicismo degenerou no que aqui se chama "cultura da morte", manifesta especialmente na defesa da legalização do aborto e da eutanásia e no relativismo, segundo o qual a verdade revelada por Cristo se iguala a outras tantas. Não para a Igreja. Não para os católicos. A "verdadeira renovação" de Bento XVI significa a reiteração de fundamentos que não são nem velhos nem reacionários, mas apenas eternos. Para quem crê, é evidente.
Decisão como essa não se toma de inopino, muito menos em solidão. Quando tornou pública a sua mensagem em homenagem ao Dia Mundial da Paz, em I o de janeiro, Bento XVI já tinha traçado o caminho da Igreja. E lá se lê com todas as letras e sem nenhuma ambiguidade  "Condição preliminar para a paz é o desmantelamento da ditadura do relativismo e da apologia duma moral totalmente autônoma, que impede o reconhecimento de quão imprescindível seja a lei moral natural inscrita por Deus na consciência de cada homem. A paz é construção em termos racionais e morais da convivência, fundando-a sobre um alicerce cuja medida não é criada pelo homem, mas por Deus".
Bento XVI é aquele que veio restaurar na cristandade contemporânea a convicção de que fé e razão podem conviver e se iluminar mutuamente, como já queria Santo Agostinho no século V, de quem o papa, na verdade, fez uma glosa. O chefe da Igreja reafirma a herança do Agostinho da maturidade, segundo quem a Divina Providência dotou o homem do livre-arbítrio - a "lei moral natural inscrita por Deus em nossa consciência". Ocorre que esse exercício da vontade, como queria o santo, "só é meritoriamente livre quando liberado pela graça de Deus". Nesse mesmo texto, Bento XVI atacou a cultura da morte: "O caminho para a consecução do bem comum e da paz é, antes de mais nada, o respeito pela vida humana. (...) Quem deseja a paz não pode tolerar atentados e crimes contra a vida. Aqueles que não apreciam suficientemente o valor da vida humana, chegando a defender, por exemplo, a liberalização do aborto, talvez não se deem conta de que, assim, estão a propor a prossecução duma paz ilusória. (...) Tampouco é justo codificar ardilosamente falsos direitos ou opções que, (...) com o hábil recurso a expressões ambíguas tendentes a favorecer um suposto direito ao aborto e à eutanásia, ameaçam o direito fundamental à vida".
A "verdadeira renovação", e não a falsa, da instituição de 2000 está na conservação dos seus valores. Não será desta vez - e, por óbvio, nunca será - que a Igreja vai aderir a uma pauta que a destruiria em busca, como advertiu o apóstolo Paulo, "do aplauso e da aprovação". Ao contrário! É preciso combater com vontade e energia "o desregramento perverso dos pecadores". A Igreja, é verdade, perde fiéis e tem dificuldade de formar sacerdotes na Europa, mas se expande na África e na Ásia, onde a defesa incondicional da vida e da família dita "tradicional" tem potencial subversivo, a exemplo do que acontecia no mundo helênico, nos primeiros tempos do cristianismo. Não por acaso, o cristianismo, em especial o catolicismo, é a religião mais perseguida do mundo.
Em pleno século XXI, milhares de pessoas são mortas porque ousam proclamar a mensagem de Cristo. Em Darfur. no Sudão, 500 000 foram assassinadas no que a imprensa ocidental chamou candidamente de "conflitos sectários". Eram cristãos sendo massacrados por milícias islâmicas. No dia 11 de abril, a encíclica Pacem ih Terris, do celebrado João XXIII. completa cinqüenta anos. Lá está: "Em uma convivência humana bem constituída e eficiente, é fundamental o princípio de que cada ser humano é pessoa; isto é, natureza dotada de inteligência e vontade livre. Por essa razão, possui em si mesmo direitos e deveres, que emanam direta e simultaneamente de sua própria natureza. Trata-se, por conseguinte, de direitos e deveres universais, invioláveis e inalienáveis. E, se contemplarmos a dignidade da pessoa humana à luz das verdades reveladas, não poderemos deixar de tê-la em estima incomparavelmente maior. Trata-se, com efeito, de pessoas remidas pelo Sangue de Cristo, as quais com a graça se tornaram filhas e amigas de Deus, herdeiras da glória eterna". Bento XVI renunciou ao comando dessa Igreja para que a Igreja não corra o risco de renunciar a si mesma e à herança que nos torna filhos de Deus porque filhos do homem.

Desastre no petróleo - MAÍLSON DA NÓBREGA

REVISTA VEJA
O petróleo produz fascínio. A ideia de que se trata de um bem "estratégico"é poderosa. Roberto Campos dizia, porém, que o petróleo "é apenas um líquido pegajoso e fedorento". Na verdade, estratégico é atributo da educação e das instituições. Claro, grandes reservas de petróleo podem impulsionar a economia e assegurar o suprimento de energia, mas elas não são essenciais. Suíça, Coreia do Sul e Singapura, países bem-sucedidos, não têm uma gota sequer de petróleo no seu território. Na Nigéria e na Venezuela, grandes produtores, o petróleo se tornou uma calamidade e perpetua o atraso. A desgraça vem do uso irresponsável dos recursos, que inibe a construção institucional, provoca o desperdício e anima a corrupção.

O Brasil instituiu o monopólio da exploração e produção do petróleo em 1953 e confiou sua execução à Petrobras. Com o tempo e duas crises do petróleo (anos 1970), ficou claro que a autossuficiência dependeria de atrair capitais privados. Daí a Lei do Petróleo, de 1997, que manteve o monopólio da União mas permitiu a participação de empresas privadas na atividade.

A mudança da Lei do Petróleo, motivada por razões políticas e ideológicas, ainda não foi posta em prática, mas o intervencionismo sugere que vai ser e que cobrará um preço elevado em termos de desenvolvimento do Brasil

Adotou-se, então, o regime de concessão, que trouxe maior dinamismo ao setor. Sob o incentivo da competição, a Petrobras se fortaleceu, bateu recordes de produção e granjeou reputação nacional e internacional. Os leilões atraíram quase 100 empresas privadas, nacionais e estrangeiras. Muitas outras se prepararam para fornecer bens e serviços. As reservas de petróleo e gás cresceram de forma acelerada. O novo modelo foi um grande êxito.

O PT, que se opôs à nova lei, lutou pela contrarreforma. A oportunidade surgiu com a descoberta do pré-sal, que Lula considerou um "bilhete premiado". Mudou-se a lei e instituiu-se o regime de partilha nessa região, o qual amplia a ingerência estatal, reduz a competição e submete o setor a ações de política industrial. É grande a semelhança com a ação estatal que levou à estagnação do país nos anos 1980.

Imaginava-se que a mudança manteria o interesse das empresas petrolíferas, em razão do potencial das reservas e da inexistência de oportunidades comparáveis no mundo. Diagnóstico errado. Surgiram novas oportunidades menos arriscadas e mais atraentes, viabilizadas pela revolução tecnológica - como no gás de xisto e no tightoil (petróleo) nos Estados Unidos e pela expansão da fronteira de produção na África, na Rússia e no Iraque.

O regime mais restritivo contribuiu para que muitas empresas deixassem o Brasil. Um efeito colateral da mudança foi despertar o apetite de estados e municípios pelos recursos da exploração, criando o atual imbróglio da divisão dos royalties. Não há novas licitações desde 2008. O investimento privado estancou. A produção caiu em 2012. Esses e outros aspectos foram abordados em excelente livro organizado por Fábio Giambiagi e Luiz Paulo Velíozo Lucas (Petróleo, Editora Elsevier, 2012).

A lógica que permeia o novo modelo - ingerência estatal e "desenvolvimentismo"-é a mesma que o governo usa na gestão da Petrobras, à qual foi imposto o peso excessivo da participação de pelo menos 30% em todos os consórcios do pré-sal. A rentabilidade despencou por causa do controle de seus preços, que a obriga a importar gasolina e diesel para revendê-los a preços mais baixos no mercado brasileiro e a perder bilhões de reais com tal política. Por isso, a empresa tem sido obrigada a se endividar mais intensamente, de forma a não interromper o ambicioso plano de investimentos. O problema é que, apesar do recente aumento de seu capital, o endividamento começa a chegar perto de seus limites. O custo financeiro poderá aumentar se a classificação de risco da empresa for rebaixada. Tal situação, insustentável, pode comprometer a exploração de nossas reservas de petróleo. Conforta saber que a nova e séria presidente da Petrobras parece compreender os riscos de tamanha intervenção.

A mudança da Lei do Petróleo, motivada por razões políticas e ideológicas, ainda não foi posta em prática, mas o intervencionismo em curso sugere que vai ser e que cobrará um preço elevado em termos de desenvolvimento do país. É hora de discutir o retorno à racionalidade nessa questão fundamental.

Os "espíritos animais" - PAULO GUEDES

REVISTA ÉPOCA
A prosperidade, já dizia Keynes, depende de uma atmosfera favorável aos negócios. É aí que tropeçamos
Há uma crescente percepção no Brasil de que é limitado nosso potencial de crescimento sustentável. Somos prisioneiros da armadilha social-democrata do baixo crescimento. O governo dá muita ênfase a programas de transferência de renda e à oferta de crédito para ampliar o consumo. Dá pouca aos ganhos de produtividade e a estímulos aos investimentos.

O aumento dos gastos públicos em programas de transferência de renda e a expansão do crédito são políticas tradicionais de estímulo à demanda na economia. Melhoram o uso da capacidade instalada e reduzem a taxa de desemprego a curto prazo. Mas não garantem o crescimento no longo prazo. O fenômeno do crescimento sustentável é mais complexo. O potencial de expansão da economia ao longo do tempo depende de investimentos em máquinas, equipamentos, instalações industriais, infraestrutura e, principalmente, de capital humano e novas tecnologias. Apesar da abundante liquidez externa e da redução dos juros internos pelo Banco Central, permanece em queda nossa taxa de investimento.

Em seu clássico A teoria geral do emprego, dos juros e da moeda (1936), o brilhante John Maynard Keynes se refere à importância de um "otimismo espontâneo", resultado de uma "urgência instintiva", de "espíritos animais", para a deflagração de investimentos. "Se definham os espíritos animais e se enfraquece aquele otimismo espontâneo, o empreendedorismo agoniza e morre", afirma Keynes. "A prosperidade econômica é bastante dependente de uma atmosfera política e social favorável aos homens de negócios."

A manutenção de um forte ritmo de crescimento econômico depende, portanto, de um ambiente favorável aos investimentos. Uma configuração de expectativas de longo prazo que se traduza num clima de confiança nos fundamentos da economia entre os homens de negócios. E aqui tropeçamos em nossas limitações. Ainda não conseguimos promover esse ambiente favorável aos investimentos privados.

São muitas as alterações adversas na formação de expectativas de longo prazo. A primeira fonte de incerteza diz respeito à sustentação da política monetária de longo prazo. O Banco Central derrubou os juros, mas a continuidade de sua política de dinheiro barato é duvidosa, pois há pouco controle de gastos públicos e a taxa de inflação continua ameaçando romper o teto da meta estabelecida. Permanecerão os juros baixos mesmo que a taxa de inflação estoure o teto? Abandonaremos o regime de metas de inflação? Ou terá o Banco Central de subir novamente o juro real, como já prevê o mercado para 2014?

A segunda dúvida se refere ao regime fiscal, atingido por uma "contabilidade criativa", que trouxe um desnecessário desgaste à credibilidade do governo. Teria sido melhor simplesmente admitir o não cumprimento da meta de superávit fiscal, pela queda do ritmo de arrecadação, conseqüência do fulminante desaquecimento econômico. As transferências "parafiscais" aos bancos públicos prosseguem. Há um orçamento fiscal paralelo, executado por meio dos bancos públicos. Se há de fato uma indefinição quanto ao regime fiscal, o governo não deve recuar em sua política de desoneração tributária e redução de encargos trabalhistas. É muito melhor que aumente o controle sobre os gastos públicos, calibrando seu ritmo de expansão. A redução dos encargos trabalhistas é fator de inclusão social em massa, cria empregos, aumenta salários e derruba o custo de mão de obra das empresas. Se a desoneração tributária tem algum defeito, é exatamente quando não é geral e permanente, ampliando o horizonte de investimento para todos os setores.

A terceira grande indefinição está nos marcos regulatórios. Os investimentos em infraestrutura, energia, petróleo e gás esbarram ainda na regulamentação deficiente. Foram promovidas perturbadoras alterações - inicialmente na área de petróleo e gás (do regime de concessões para o sistema de partilha) e, recentemente, na de energia elétrica. Houve enorme destruição de riqueza e desestímulo ao investimento nos setores atingidos pelo inadequado intervencionismo. Eram compreensíveis os esforços do governo para reduzir o custo da energia industrial. A energia mais cara derruba nossa competitividade. O fundamental seria remover os impostos que encarecem artificialmente nosso custo de produção. Era possível ter luz mais barata para os eleitores, custo mais baixos para a indústria e, ao mesmo tempo, estimular maiores investimentos para garantir a expansão da energia futura. Não foi o que ocorreu.

A quarta fonte de preocupação têm sido as intervenções no mercado cambial. O governo reagiu, de início, à dupla tragédia da desaceleração econômica e da desindustrialização empurrando os juros para baixo e o câmbio para cima. Assim que os repasses causados pela desvalorização aumentaram a pressão inflacionária, houve um aparente arrependimento. O governo atuou pesadamente para derrubar o câmbio. Sabemos agora que prefere uma estreita faixa cambial, em torno de 2 reais por dólar. Mas quem se arrisca a prognosticar nossa política cambial de longo prazo? Todas essas indefinições enfraquecem os "espíritos animais". Faltam confiança e otimismo para as necessárias ondas de investimento. Temos pelo menos um consolo por não estarmos ainda nos avançados estágios dos dois lados do Atlântico Norte, de especulação (financistas anglo-saxões) e abuso orçamentário (social-democratas europeus). Nas palavras de Keynes: "Especuladores podem causar pouco dano se provocam bolhas em meio a uma enorme correnteza de empreendimentos. Mas a coisa fica muito feia quando os empreendimentos é que são pequenas bolhas, em um colossal redemoinho de especulação".

Mais cultura, menos muamba - GUSTAVO CERBASI

REVISTA ÉPOCA

Há tempos o turismo de compras faz parte da rotina da parcela mais abastada da classe média brasileira, estimulado por nossa moeda valorizada. Os destinos favoritos são tradicionais centros turísticos dos Estados Unidos, principalmente Miami, Orlando e Nova York - cidades com oferta de vôos e passagens a preços competitivos.

É fácil entender a febre consumista. Impostos altos por aqui, escala de consumo maior lá fora, incapacidade da indústria brasileira de alcançar padrões internacionais de qualidade e limitações no contingente da Receita Federal para uma fiscalização eficaz fazem das compras uma escolha fácil.

Mas quem se habituou a voltar de malas abarrotadas tem trazido cada vez menos mercadorias do exterior. Comprar nos EUA já foi mais fácil e vantajoso do que é hoje. Há cinco anos, os outlets ofereciam descontos de mais de 70% em relação aos preços nos shopping centers de lá.

É fácil entender tamanho desconto. Na temporada, os produtos chegavam aos shoppings com preço cheio. Os americanos, ávidos consumistas, compravam as novas coleções. Quando mais nenhum nativo queria aquela moda, as sobras iam para os outlets, para satisfazer os turistas a preços menores. As sobras dos outlets iam para as lojas de pontas de estoque, onde as pechinchas eram maiores ainda.

A crise de 2008 transformou esse modelo consumista. Com o aumento do desemprego e a queda da renda, os americanos diminuíram o consumo nos shoppings. As sobras de coleções cresceram em volume, ao mesmo tempo que os lucros das marcas caíram.

Como consequência, os outlets continuam atraindo turistas, mas as promoções raramente trazem descontos maiores que 30% ou 40%. Os consumidores locais também passaram a consumir nos outlets. Quem viajou recentemente percebeu isso nos estacionamentos superlotados. Pela lei da oferta e da procura, onde há maior consumo, há maior preço.

Comprar lá ainda é muito mais barato do que aqui. Mas não é mais um ótimo negócio, quando se leva em consideração a alta dos preços das passagens e dos hotéis, causada, principalmente, pelo denso fluxo de brasileiros. Os supermercados de lá são bem mais baratos que os daqui, mas não é sensato viajar milhares de quilômetros para encher o carrinho. Os eletrônicos continuam uma pechincha, mas é neles que a Receita Federal concentra seu pente fino.

Há que ponderar se algumas centenas de reais economizados em roupas e eletrônicos justificam deixar as atrações culturais de lado. Talvez as viagens dos brasileiros já estejam trazendo na bagagem um pouco mais de cultura e menos muamba.


O papa, a freira, os sotaques - ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

O GLOBO - 16/02

Se Bento 16 falasse latim como brasileiros falam inglês, o mundo ainda não saberia da renúncia


A freirinha repete: "Tenkió"! Depois começa a rir, mas logo para, quando leva um cutucão da colega ao lado, também freira. A cena aconteceu de verdade, na minha frente, faz alguns meses, no aeroporto de Congonhas.

Segundos antes, pelo sistema de som, uma funcionária de companhia aérea fazia um daqueles anúncios impossíveis de decifrar, supostamente em inglês: "De néxtchi fláitchi uíu dipartchi fron guêitchi êitchi. Tenkió."

As freiras eram estrangeiras e, claro, só conseguiram decifrar o "tenkió", provavelmente uma tentativa de dizer "thank you". Uma delas não se aguentou e, santa criatura, acabou zombando sem querer do sotaque dos nativos.

Lembrei desse caso prosaico por causa da renúncia do papa. Como sabemos, Bento 16 avisou que estava de saída em latim. Na sala de imprensa do Vaticano, acompanhando por um circuito interno, a repórter Giovanna Chirri, da agência Ansa, sentiu as pernas tremer. Ela entende latim. Captou antes de todo mundo a gravidade do que acontecia. Deu a notícia em primeira mão.

No Twitter, modesta, Giovanna explicou assim seu grande feito: "O latim do papa é muito fácil de entender".

De volta às freiras de Congonhas: se o papa falasse latim como a grande maioria dos brasileiros fala inglês, o mundo teria demorado muito mais para saber da renúncia. Talvez ainda não soubesse.

Sei que o tema é delicado, mexe com os brios nacionais. Até provocou uma confusão recente, quando o produtor musical americano Jack Endino, que trabalha com artistas do Brasil, reclamou de bandas brasileiras que insistem em cantar em inglês. "Não dá para entender nada."

No caso do rock, há um agravante. Além do sotaque incompreensível, as letras normalmente não fazem sentido. São escritas por brasileiros sem nenhuma familiaridade com o inglês que se fala no dia a dia. Na estrutura e na gramática, acabam sendo traduções literais, para o inglês, de frases em português.

Imagine, então, o pobre Jack Endino recebendo fitas demo de grupos brasileiros que cantam, com sotaque indecifrável, letras compostas em "portinglês"...

O produtor foi bastante atacado por seu suposto esnobismo. Mas tem razão. E não se trata de exigir sotaque perfeito, daqueles de locutor da BBC. Isso, quase nenhum não nativo de língua inglesa tem. A não ser que tenha recebido educação bilíngue, desde criança, o que só acontece com uma ínfima elite.

Para citar um exemplo extremo: Paulo Francis, correspondente em Nova York por tantos anos, falava um inglês erudito, sofisticado, de altíssimo registro intelectual. Tudo isso com um leve sotaque carioca. O que, ante seu domínio total da língua de William Faulkner e T.S. Eliot, não tinha a menor importância.

De novo: ninguém está pedindo que brasileiros falem inglês com sotaque nota dez. Até porque não precisa -americanos e ingleses estão acostumados a ouvir sua língua com entonação estrangeira. De Björk a Antonio Banderas, de Greta Garbo a Arnold Schwarzenegger, de Henry Kissinger a Albert Einstein, não são poucos os exemplos de não nativos de sucesso no mundo anglófono das palavras e das ideais.

Já por aqui, é bom lembrar, isso quase não acontece. Ao menor tropeço de um gringo no português, chiamos e fazemos piada. Ainda um país isolado do restante do mundo, o Brasil não está acostumado a escutar sua língua salpicada por um tempero de fora.

Vi uma vez um jornalista americano, residente no Brasil, sendo entrevistado na TV. O rapaz tropeçava um pouco nos gêneros, errava uma ou outra concordância nominal, mas se virava bastante bem.

Até que ele tocou onde não podia: disse que, como regra, brasileiros falam muito mal inglês. O apresentador sapecou: "Já o seu português está ótimo, né, meu filho?" A plateia veio abaixo, vingando-se da insolência do gringo.

De pouco valeu ele ter respondido a todas as questões e entendido tudo o que foi perguntado, mesmo sob a pressão de estar na TV. Tinha sotaque, cometia um errinho ou outro. Os brazucas não perdoaram.

Resumindo. Se um estrangeiro aparecer por aqui derrapando no português, mesmo que consiga se comunicar e entenda tudo, vai ser espinafrado sem perdão. Mas se um gringo se atrever a reclamar do inglês dos brasileiros, ele que se prepare para nosso contra-ataque chauvinista.

Que as freirinhas de Congonhas nos perdoem.

Visões da crise - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 16/02

O Instituto Fernando Henrique Cardoso colocou no You Tube (http://bit.ly/YweALT) um debate fechado realizado em setembro do ano passado sobre o livro do economista José Roberto Affonso “Keynes, Crise e Política Fiscal”, com a participação do ex-presidente e do ex-ministro Delfim Netto, além de vários economistas de diferentes correntes: Roberto Macedo, professor da USP e da FAAP, próximo dos tucanos; Julio Gomes de Almeida, professor da UNICAMP, primeiro secretário de política econômica de Guido Mantega, e orientador da tese de doutorado de Affonso que originou o livro; José Carlos Braga, também da UNICAMP, irmão do senador Eduardo Braga, identificado com o PT e Samuel Pessoa, é pesquisador da FGV, que foi assessor do ex-senador Tasso Jereissatti, também presente ao encontro.
Foi uma aula de política e governo, perpassada de momentos de muito humor, quando FHC e Delfim, com histórias a maior parte das vezes antagônicas na política brasileira, demonstraram um respeito mútuo digno de nota. Os dois gostaram tanto que autorizaram recuperar gravações e montaram um vídeo, que ficou pronto só há pouco.
O próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso abriu o debate ressaltando que estavam ali para debater ideias e não posições político-partidárias, muito menos governos. O evento foi no final de setembro e o tema do livro em debate é focado na política fiscal. Meses depois, o governo se utilizou de vários artifícios nas contas públicas ao final do ano, e a crítica mais ferina, um verdadeiro tiro de misericórdia, foi dado pelo próprio Delfim, um defensor do governo Dilma Rousseff.
Mas a visão crítica de Delfim sobre certo intervencionismo do governo Dilma já estava presente naquele debate, quando ele disse, a respeito dos investimentos, que o empresariado desconfiava do governo “com alguma razão” e o governo desconfiava dos empresários “com muita razão”. Mas Delfim mostrava-se confiante em que o governo já estava entendendo que não pode fixar ao mesmo tempo dois parâmetros: a qualidade do serviço e a taxa de retorno. “Se o governo define a qualidade do serviço, é o mercado que define a taxa de retorno”.
Delfim disse que torcia para que a Presidente possa colocar sua racionalidade a serviço do país. Virando-se para Fernando Henrique, disse: “Ela é uma tecnocrata que nem nós”, ao que o ex-presidente reagiu: “Eu não”. Delfim continuou: “Você é um grande político, mas tem uma racionalidade que é inegável”.
Delfim já abriu o debate destacando que Keynes tinha leitura e propostas diferentes porque os tempos eram diferentes (ora na crise, ora na expansão). “Quando o mundo muda, eu mudo”, definiu Delfim, explicando que cada contexto (econômico, social, histórico) levou Keynes a adotar uma postura diferenciada, ao contrário da imensa maioria dos economistas que pensam em um modelo rígido, mas nem sempre compatível com a realidade.
Esse ponto é destacado no trabalho de José Roberto Affonso, que salienta que na Teoria Geral de Keynes não tem praticamente política fiscal, somente seis ou sete vezes o tema é citado. A intenção, explica Affonso, não é trazer o Keynes aos dias de hoje, mas voltar às circunstâncias em que ele viveu, situações de guerra econômica e de paz.
No período da Grande Depressão é quando ele escreve a Teoria Geral, mas já vinha sinalizando em textos anteriores a necessidade de o Estado fazer mais obras. “Aliás, em várias passagens ele parece até um engenheiro, só fala em obras, não fala em investimentos”, ressalta o economista. Chega a dizer que é preciso haver obras públicas, e que se for preciso constroem-se até pirâmides. “Quando você não sabe o que é o futuro e as empresas param de investir e até mesmo de produzir, o Estado tem que entrar gastando para tentar segurar a demanda”.
Para Keynes, o Estado tem que gastar e se endividar, não adianta aumentar seu investimento se financiando com tributos, e em várias passagens se coloca contra o corte de impostos. O economista José Roberto Affonso lembra que Fernando Henrique em um artigo naquela época cita Keynes sobre “situações normais de crise”, as flutuações normais da economia, e nesses casos a política econômica é muito diferente: o avanço de gastos tem que ser feito via investimentos, e não pelo consumo. (Amanhã, a visão social de Keynes)

Movimento negro - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 16/02

Deu entrada ontem no STF uma ação patrocinada pelo Instituto de Advocacia Racial e Ambiental contra Dilma Rousseff, Aloizio Mercadante e todos os reitores de universidades federais. São acusados de esnobar a lei nº 10.639. É a que inclui o ensino de história e cultura afro-brasileira nos currículos da educação básica e da formação de professores do país.

Segue...
O processo caiu nas mãos da ministra Rosa Weber.

Exodus
Samy Cohn, o empresário que faleceu ontem, aos 98 anos, era judeu nascido na Romênia. Antes de vir para o Brasil, onde fez grande fortuna como banqueiro e minerador, agenciou, na década de 40, navios para levar judeus para a Palestina antes da fundação do Estado de Israel. Estas viagens renderam o filme épico “Exodus”, com Paul Newman.

Boletim médico
Fernanda Abreu recebeu alta ontem da Clínica São Vicente, na Gávea, no Rio. A cantora foi internada na terça. Segundo o pneumologista Arthur Vianna, Fernanda estava com gripe forte e febre alta.

No mais
Ainda sobre a polêmica levantada por Diogo Nogueira no carnaval, que criticou a Mangueira por homenagear Cuiabá em pleno centenário de Jamelão. O coleguinha Sérgio Cabral, pai, lembra que em 2008, ano do centenário de Cartola, a Mangueira homenageou Recife. “Pelo visto sobram várias capitais para os futuros centenários de grandes sambistas da Mangueira”, lamenta.Fala sério, Mangueira. 

‘NA MINHA CASA TODO MUNDO É BAMBA...’ 
Esta foi a semana de Martinho da Vila. O querido sambista festejou seus 75 anos ao lado de amigos e de parentes, ainda de madrugada, na concentração de sua escola do coração, a campeã Vila Isabel. Horas depois, seu samba-enredo (com os parceiros André Diniz, Arlindo Cruz, Leonel e Tonico Ferreira) ganhou o Estandarte de Ouro. Agora, para completar sua alegria, soube que seu sambabook, com direito a participação de sua quilométrica família (veja na foto acima), será lançado em abril pela Musickeria. Aliás, é tanta gente que falta espaço para citar o nome de todo mundo. Viva Martinho! 

A noite do meu bem 
Dolores Duran, morta no auge da carreira, aos 29 anos, ganhará uma bela homenagem. Dia 5, na Miranda, Rodrigo Faour vai contar histórias da cantora intercaladas com apresentações musicais de João Donato, Carlos Lyra, Doris Monteiro, Leny Andrade e Elba Ramalho. O espetáculo vai virar CD e DVD.

Menino do Rio
Tom Cruise vai voltar ao Rio. Será sua quarta visita à cidade. Dessa vez, vem lançar o filme “Oblivion”, da Paramount, que estreia em 12 de abril. O ator pediu um tempo livre para flanar pelo Rio. Chega dia 27 de março e só vai embora quatro dias depois.

Arte de Millôr
O Instituto Moreira Salles (IMS) vai receber o acervo de Millôr Fernandes (1923-2012). Será em regime de comodato por dez anos. Seguirão para o instituto duas mapotecas de cinco gavetas abarrotadas de desenhos do escritor e cartunista, morto em março.
Ele merece.

Há esperança
Cinquenta usuários de crack, levados pela prefeitura ao abrigo Rio Acolhedor, em Paciência, estão trabalhando no reflorestamento de uma área ambiental em Santíssimo. O trabalho, parceria da Secretaria municipal de Desenvolvimento Social com a empresa Ponta do Céu, é remunerado e começou mês passado.

Efeito Santa Maria
A Escola de Artes Visuais do Parque Lage continua fechada desde aquela blitz promovida pelo Corpo de Bombeiros pós-tragédia na boate Kiss, no início do mês. Todos os cursos de arte estão suspensos. Semana que vem, os bombeiros devem fazer uma nova vistoria no lugar.

Programação suspensa
A peça “Bonifácio Bilhões” no Teatro Vanucci, Rio, está suspensa desde quinta passada. É por causa da ausência da querida atriz Márcia Cabrita.

E-book saúde
O livro “Te cuida!”, do cardiologista Claudio Domenico, editado pela Casa da Palavra, vai sair em versão digital. A obra vai ganhar também uma quarta edição de papel.

Deus castiga
Semana passada, um casal de senhorzinhos estava de carro, parado num sinal em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, quando um rapaz bateu na traseira. Após aquelas conversas iniciais, a senhorinha perguntou o que tinha acontecido. Ele disse que estava orando pra agradecer ao Senhor e fechou os olhos. Pode?

Socorro! Datena, me tira daqui! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 16/02

Este meteoro da Rússia podia ser o meteoro da paixão caindo em cima do Luan Santana. Rarará!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

E já tão chamando o meteoro russo de Palmeiras. E vocês viram o nome do especialista em meteoros? Smirnoff! Por isso que bateu!

E como disse um amigo no Twitter: "Este meteoro da Rússia podia ser o meteoro da paixão caindo em cima do Luan Santana". Rarará!

E as chuvas! São Pedro e São Paulo não se bicam. É briga de santo! O toró me pegou na rua, medo, raios, alagamentos, aí eu pedi socorro pelo Twitter: "Socorro! Datena, me tira daqui!".

Responderam: "O Datena tá de férias! Chama a Ellen Roche que ela serve de boia!". Rarará!

E outro: "Quer o telefone do Zeca Pagodinho?". Quero! Deixa a enxurrada me levar! E outro: "Chama o comandante Hamilton que ele te leva direto pro culto do pastor Valdomiro". Nãão!

E as últimas do papa! Habemus Vaga! Diz que o Sarney já foi até visitar o Vaticano. E o Sarney admirando a suntuosidade do Vaticano: "Isso que é verba de gabinete".

E todo mundo fala dos papáveis: Lula, Sarney, Inri Cristo, Berlusconi. Mas o Piauí Herald pensa diferente: "Serra transfere domicílio eleitoral para o Vaticano". "Eu sou o mais preparado."

E sabe como o Joseph Ratzinger foi eleito? Os cardeais velhinhos tavam gripados e começaram a espirrar: "ratzinger, ratzinger, ratzinger". Aceito! Rarará!

E eu quero saber se com o papa novo continua a SACRANAGEM! Padre que transa com menor de idade não é pedofilia, é padrefolia! Com a fumaça dos ônibus em São Paulo daria pra eleger uns cem papas por dia!

E se o papa for brasileiro, o papamóvel vai ser um trio elétrico! Ou um Camaro amarelo tocando funk com o porta-malas aberto! E outros ainda dizem: o papamóvel vai ser o caveirão do Bope. Credo!

É mole? É mole, mas é meu!

E as chuvas? Já disse que em São Paulo chove tanto que não tem mais malabarista de farol, tem aqualouco! Aqualouco de farol!

E a Sabesp finalmente cumpriu sua promessa: água e esgoto na porta de casa. Tudo junto e misturado!

E Congonhas opera com instrumentos. Pandeiro, cuíca e reco-reco! E o paulista fica humilhado: úmido e ilhado!

São Paulo vira um parque aquático. Beach Park com leptospirose. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 16/02

Refis carioca 1
O Diário Oficial do Rio traz na 2ª feira as regras do plano de refinanciamento das dívidas tributárias com a prefeitura. Batizado de PPI, o Refis carioca, vale para devedores de IPTU, ISS e taxa de lixo. No pagamento à vista, há 70% de desconto nos juros; a prazo, 50%. Os prazos vão de 20 a 84 meses.

Refis carioca 2
A dívida total na Secretaria municipal de Fazenda é de R$ 9 bilhões. No ISS, sete mil processos concentram 90% do valor devido.

É seguro
A ACRJ criou Conselho Empresarial de Seguros e Resseguros. Marco Antônio Gonçalves, da Bradesco Seguros, será o presidente.

Rota do óleo
A Azul recebeu autorização da ANAC para operar rota diária entre Campinas (SP) e Macaé (RJ). O primeiro voo é dia 6 de março. A aérea está de olho no movimento do setor de óleo e gás da região.

Futebol
A Centauro, varejista de material esportivo, renovou patrocínio à Copa do Brasil. Em janeiro, rede já assinara com árbitros da Conmebol.

Estreia
O arquiteto Ricardo Campos assina o projeto da primeira franquia da Iódice, de moda, no Rio. Abre mês que vem,
no Rio Design Barra. É investimento de R$ 300 mil.

ALTA NO ALUGUEL DE IMÓVEIS SE ESPALHA NA CIDADE
Após subida no preço de compra e venda, locação fica mais cara em bairros como Gávea, Vila Isabel, Madureira e Bangu
O mercado imobiliário carioca está entrando numa nova fase de valorização. Depois da onda que levou às alturas valores de compra, venda e locação em Ipanema, Leblon (bairros mais nobres da Zona Sul) e na Tijuca pósUPPs, é a vez de Gávea, Jardim Botânico, Vila Isabel, além de Madureira, Bangu e seus vizinhos nas zonas Norte e Oeste, respectivamente. O diagnóstico estará no Panorama do Mercado Imobiliário, que o Secovi-Rio, lança mês que vem. A coluna teve acesso a uma prévia da alta dos aluguéis em 2012. O metro quadrado de um dois quartos na Gávea saiu de R$ 41,16 para R$ 56,66. Nos imóveis de três quartos no mesmo bairro, a valorização chegou a 28,3%; no Jardim Botânico, a 29%. “Chamamos isso de efeito cascata. Primeiro, sobem os preços de compra e venda em bairros mais nobres. Depois, as áreas do entorno se valorizam. Os aluguéis encarecem em um a dois anos, por causa da duração dos contratos”, explica Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi. A mesma tendência já ocorre em Bangu, Campo Grande e Santa Cruz, pós-inauguração do BRT; em Madureira, após o parque; em Vila Isabel, pós-UPP do Morro dos Macacos.
+37,67% EM UM ANO
Foi a variação média do aluguel de apartamentos de dois quartos na Gávea, em 2012, segundo o Secovi-Rio. Jardim Botânico, Flamengo, Méier, Tijuca e Vila Isabel também se valorizaram mais de 20%.

UM DESTINO
A Addict, grife masculina, lança campanha da coleção de inverno “A jornada e um destino” no fim deste mês. João Mello Leitão assina a direção criativa, e Zé Tepedino, a produção. Demian Jacob fotografou os modelos Breno Ortega (foto) e Eric Schayss. A imagens vão circular em mídias impressa e sociais. Com quatro lojas, a grife espera alta de 40% nas vendas.

Mais vinho
A Wine, e-commerce de vinhos, prepara expansão para este ano. Quer inaugurar novo centro de distribuição, na Região Sul, com aporte de R$ 5 milhões. Hoje tem um, na cidade de Serra (ES). Outros R$ 5 milhões serão investidos em logística da informação. Ano passado, o site faturou R$ 60 milhões, o dobro de 2011. Vendeu 1,7 milhão de garrafas. Em 2013, quer duplicar novamente as receitas. “Operamos com margens de lucro menores, o que diminui o preço dos vinhos. Outra preocupação é oferecer uma curadoria aos clientes, por conta da grande quantidade de rótulos que existem atualmente”, diz Anselmo Endlich, sócio.

É ROCK
Inspirada em ícones do rock, a marca infantil Alphabeto lança na próxima sexta-feira a coleção de inverno 2013. Tem homenagem aos Beatles, Lady Gaga e Michael Jackson. Os modelos mirins foram clicados por Renam Christofoletti. A peça será veiculada em mídias impressa e on-line. A marca prevê alta de 15% sobre a temporada do ano passado.

‘BLOCKBUSTER’
O Megapix fará campanha para comemorar título de canal de filmes mais visto no horário nobre da TV paga em 2012.O ranking é do Ibope Media Workstation. As peças circulam dia 1º de março em TV, metrô, busdoor, shoppings e aeroportos. A Havas Worldwide Brasil assina.

Diversão
O site de entretenimento mineiro SouBH fechou com o BH Convention Bureau. Vão investir R$ 1 milhão em ações voltadas para turistas. A página recebe três milhões de visualizações por mês.

Quem chega
A Triple Point, de software de gestão de commodity, abre escritório no Rio, dia 26. É o 16º no mundo e o primeiro no Brasil.

Personagem
O Gendai, fast-food japonês, terá um mascote. Criação da agência Digi, Akira (foto) é o sushiman que representará a marca no site e nas redes sociais.

Financeiro
A ATS Brasil, nova bolsa de valores, estreia logomarca hoje. É sociedade de NYSE Euronext e Americas Trading Group. A
11:21 assina. 

Na telinha
Sheraton Rio São Conrado, JW Marriott e Mercure Botafogo aderiram ao Rio Welcome Channel. O canal turístico da Opera Prima já está em 16 hotéis cariocas. O público potencial é de 400 mil pessoas por mês. O RC&VB apoia.

Livre Mercado
O comércio fluminense faturou 3,2% mais em novembro passado, informa a Fecomércio-RJ. Em 2012, o avanço foi de 2,5%. A pesquisa será reformulada este ano.

A unidade Barra da Med-Rio Check-up, aberta há três meses, bateu a marca de mil exames. Seis em dez clientes são executivos de multinacionais.

O banco de dados do centro de documentação do Sistema Globo de Rádio será apresentado na Apple-Filemaker, em março. Projeto de Wanessa Canellas e Bruno Pojo.

A CPFL informa que os estudos em parceria com a Energia Ambiental para geração com fontes renováveis não inclui a usina de biogás, em Xerém. O projeto fora citado pela Sedeis, secretaria estadual.

Crescimento, ainda apostando no consumo? - CARLOS RODOLFO SCHNEIDER

O ESTADÃO - 16/02

Levantamento do Ibope apontou que mais de 70% dos brasileiros chegam ao fim do mês com menos salário do que precisam e 80% recorrem a algum tipo de crédito para fechar o mês. De acordo com o Banco Central (BC), as dívidas já representam 45% da renda anual da população brasileira, ante 32% na Alemanha e nos EUA. E a maior parte do que é destinado ao pagamento de dívidas vai para os juros (58%), consequência das insanas taxas cobradas no crédito ao consumo no País.

Uma característica cultural brasileira, na qual o que importa é a prestação mensal, e não a taxa de juros, permitiu prosperar o que se convencionou chamar de modelo "Casas Bahia", moldando o plano de financiamento à prestação que coubesse no bolso de cada um.

Enquanto na Coreia do Sul o consumo das famílias representa 53% do PIB, no Brasil já atinge 61% e segue se aproximando dos 70% dos EUA - o país mais consumista do mundo. Além disso, o consumo do governo no Brasil é de 21% do PIB, ante 15% na Coreia do Sul. Como consequência, a nossa poupança é baixíssima: apenas 17%, índice insuficiente para as necessidades de investimento. E a distorção fica maior quando consideramos que o Brasil ainda tem muito mais a fazer - infraestrutura, qualificação de mão de obra, desenvolvimento tecnológico - do que os dois países citados.

Segundo Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, nos últimos dez anos a poupança do País não subiu mais do que 1,5%, apesar dos significativos ganhos de termos de troca, que estima em 4% do PIB, oriundos, na maior parte, do aumento dos preços das commodities. Os 2,5% restantes acabaram direcionados ao aumento do consumo, via transferências governamentais de renda e créditos direcionados, com subsídios, a setores e empresas eleitos pelo governo.

O Brasil não aproveitou os ganhos extraordinários com o ciclo de alta das commodities para investir em competitividade. Para Jim O'Neill, do Goldman Sachs, os políticos brasileiros ficaram acomodados porque foi possível crescer sem muito esforço. Agora, que o consumo perde vigor, a expansão da economia começa a ratear.

Yoshiaki Nakano, diretor da Escola de Economia da FGV e um dos fundadores do Movimento Brasil Eficiente (MBE), afirma que o crescimento medíocre da nossa economia nos dois últimos anos, apesar da bateria impressionante de estímulos para aquecer os negócios, indica que "estamos encalhados numa armadilha de baixo crescimento". Enquanto o investimento em infraestrutura ficar rastejando em torno de 2% do PIB e a taxa de investimento total da economia ficar abaixo de 20%, continuaremos presos nessa armadilha, observa Nakano. Para crescermos a taxas sustentáveis de 6% ao ano, esses números devem crescer para 5% e 25%, respectivamente. Mas isso só será possível, diz ele, se fizermos um ajuste estrutural na economia, reduzindo o consumo na mesma proporção - especialmente o consumo do governo, que deveria cair dos atuais 21% do PIB para 15%.

O consumo só sustenta avanços no curto prazo. No médio prazo e ao longo de ciclos econômicos, só taxas de investimento robustas garantem crescimento acelerado. No Brasil, nos últimos anos, o aumento do consumo público levou a uma elevação da carga tributária de mais de 10% do PIB. Para reverter esse círculo vicioso é preciso que o gasto dos governos cresça menos do que o PIB, o que permitiria uma imprescindível recuperação da produtividade geral da economia brasileira.

Também o economista Raul Velloso, cofundador do MBE, garante que o País não conseguirá um avanço sustentável se não substituir o atual modelo de alto consumo público por outro de alto investimento. Dilma Rousseff e parte de sua equipe já perceberam isso. Alguns parlamentares também. Mas poucos. O MBE tem conversado com ministros e trabalhado para criar uma bancada mista no Congresso Nacional que olhe um pouco além da próxima eleição, para, junto com as mais de 130 entidades apoiadoras, criar um círculo virtuoso condizente com o potencial do Brasil.

PELO AMOR DE DEUS - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 16/02

A demora no julgamento de Gil Rugai, marcado para segunda, 18, após dois adiamentos a pedido da defesa, irritou tanto o Ministério Público que o promotor Rogério Zagallo, em documento do processo, reivindicou empenho para o júri ocorrer "pelo amor de Deus!!!!!! [...] antes da Copa do Mundo de 2014... ou da Olimpíada de 2016". O crime ocorreu em março de 2004.

NA RUA
"Gil Grego Rugai matou seu pai e sua madrasta, e eu quero ter o direito de demonstrar -e o farei- em plenário", afirmou Zagallo. Rugai nega a autoria. Sua defesa diz ser favorável à realização imediata do júri para provar a inocência do réu. "É uma questão de leis da física: o Gil não estava na casa no horário das mortes", diz o advogado Thiago Anastácio.

É CARNAVAL
Renan Calheiros (PMDB-AL) encontrou vários amigos no spa Kurotel, em Gramado (RS), onde descansou na semana passada. Além do senador Gim Argello (PTB-DF), estava lá também o ministro Edison Lobão (PMDB-MA), das Minas e Energia.

PONTE AÉREA
José Dirceu (PT-SP) prepara agenda de viagens por várias capitais do país.

SERPENTE
Ex-coroinha, Dirceu criticou a Igreja Católica em seu blog depois da renúncia do papa Bento 16: "Não há democracia nem controle, fiscalização e transparência dos atos de seus chefes. Pelo contrário, ela já é vista como uma das maiores redes de intrigas do mundo".

TURMA DA MAFALDA
Mafalda Minnozzi convidou Isabella Taviani, Toninho Ferragutti, Alexandre Ribeiro e Simoninha para seu show no auditório Ibirapuera. Todos toparam, e a apresentação acontece no dia 1º de março.

GRÃO EM GRÃO
A socióloga Maria Alice Setubal, responsável pelas finanças da legenda que Marina Silva pretende criar, diz que "é um risco que se corre" apostar em doações de pessoas físicas. "Mas, se fosse para fazer tudo igual, não precisaríamos criar mais um partido." O nome provisório é Rede -que poderá ser complementado com "Brasil Sustentável", "Pela Sustentabilidade" ou "Verde".

MAIS TARDE
O aluguel do espaço Unique, em Brasília, que abrigará o lançamento do partido hoje, por exemplo, será pago depois, quando a Rede tiver caixa. A ideia era fazer o encontro na UnB, mas a universidade informou que veta eventos de terceiros no campus após a tragédia na boate de Santa Maria (RS).

BIBLIOTECA NACIONAL
A literatura do baiano Jorge Amado ganhará incentivo de até US$ 6.000 do governo federal para versões em búlgaro ("Gabriela, Cravo e Canela" e "Dona Flor e seus Dois Maridos") e romeno ("A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água", "Farda, Fardão, Camisola de Dormir", "Os Velhos Marinheiros" e "Tenda dos Milagres").
Ela foi inserida em um programa para tradução de obras brasileiras no exterior.

FÍSICA DO ESPÍRITO
O bispo Robson Rodovalho, líder da igreja Sara Nossa Terra, negocia com editores nacionais e internacionais para lançar o livro "Física Quântica e Espiritualidade" no primeiro trimestre de 2013. Ele é formado em física.

TOCA AQUI
A ex-jogadora Milene Domingues levou Ronald, 12, seu filho com Ronaldo, ao Brooks Bar anteontem, na Chácara Santo Antônio, para ver o DJ britânico Fatboy Slim. O músico Latino também foi lá.

BAILE DE DEBUTANTE
Bacalhau, Flávia Couri e Gabriel Thomaz, do Autoramas, tocaram na casa noturna Beco, na rua Augusta, anteontem; o show dá o pontapé inicial às comemorações de 15 anos da banda

CURTO-CIRCUITO
A galeria Transversal abrirá novo endereço, com 400 m², na Vila Madalena, no dia 2 de março.

Luisa Maita, filha do músico Amado Maita, recebe Ed Motta, BNegão e outros em show às 20h, no Sesc Pinheiros. 10 anos.

Thais Maranho lança CD do projeto solo de rock Not a Lady, às 19h30, no Dynamite Pub. Livre.

A edição de estreia da Feirinha Gastronômica, com 19 chefs, será amanhã. Das 12h às 19h, na rua Girassol, 309, Vila Madalena.

Roubando vítimas de tragédias - EDITORIAL O ESTADÃO

O Estado de S.Paulo - 16/02


Vem em boa hora a decisão do Ministério Público Federal (MPF) de investigar o emprego dos recursos repassados pelo governo federal a municípios atingidos por calamidades naturais, pois são cada vez mais frequentes as denúncias de que eles vão parar onde não deviam. Qualquer ato de corrupção na administração pública tem de ser combatido sem trégua e com o máximo de rigor, mas esses de forma especial. Eles são particularmente revoltantes, porque envolvem desvio de dinheiro destinado a socorrer vítimas de tragédias, a maior parte das quais pessoas humildes que perderam parentes e os poucos bens materiais que possuíam.

Um grupo de trabalho especial do MPF vai mapear as investigações em curso sobre casos desse tipo em todo o País e, ao mesmo tempo, aprofundar a apuração de outros que surgirem daqui para a frente. A lei permite que, em casos de calamidade, com a decretação de estado de emergência nos municípios por ela atingidos, as contratações de obras e serviços sejam feitas sem licitação e com simplificação dos trâmites burocráticos. A intenção é tornar mais ágeis e rápidas as ações destinadas a enfrentar uma situação excepcional.

Segundo a subprocuradora Denise Vinci Túlio, da 5.ª Câmara de Patrimônio Público e Social, aquele grupo vai acompanhar as contratações feitas por prefeituras com recursos federais, nesse regime especial, para evitar que administradores públicos se aproveitem da comoção social para aplicar irregularmente o dinheiro ou dele fazer uso político, nos dois casos para dele se beneficiar pessoalmente.

Desde o início deste ano, vem-se multiplicando, em ritmo acelerado, a decretação de estado de emergência por municípios que alegam sofrer com calamidades naturais, inundações ou secas. Segundo o Ministério da Integração Nacional, nada menos do que 523 municípios já fizeram isso. A situação é especialmente grave em Alagoas, como mostra reportagem do Estado (13/2), onde 32 novos prefeitos, um terço do total dos eleitos no ano passado, decretaram estado de emergência. Com a maior desfaçatez, alegaram para isso descalabro financeiro.

"Fomos surpreendidos por uma avalanche de decretos emergenciais. Na maioria dos casos, os novos prefeitos acusam o antecessor de desmandos administrativos. Isso não justifica decretar emergência. Não basta querer nem só acusar, é preciso provar a necessidade e delimitar o alcance do ato", afirma Cícero Amélio, presidente do Tribunal de Contas de Alagoas, que está investigando o caso e já anulou 12 daqueles decretos. Este é um exemplo do que alguns prefeitos são capazes de fazer para burlar a lei que regula essa matéria.

A pouca-vergonha dos estados de emergência - seja porque não têm base, como em Alagoas, seja porque são usados para falcatruas - se espalhou pelo País. Está presente em todas as regiões e não perdoa Estados pobres nem ricos. A Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil identificou mais de 200 casos desse tipo em todo o País. No Piauí, um dos Estados mais pobres, alguns prefeitos chegaram ao cúmulo de usar o estado de emergência para reservar dinheiro para custear despesas com carnaval.

No outro extremo, o Rio Grande do Sul, Estado rico e bem organizado, também não escapa dessa mazela. Após constatar irregularidades em quatro municípios, o presidente do TCE gaúcho, César Miola, decidiu passar os demais por um pente-fino e advertiu: "Esses decretos não poderão servir de argumento para descabidas dispensas de licitação".

É preciso a todo custo evitar que o péssimo exemplo do que aconteceu na região serrana do Estado do Rio, cenário da maior tragédia natural do País, com as inundações de 2011, continue a se espalhar. Estima-se que grande parte dos R$ 70 milhões que o governo federal colocou à disposição das prefeituras dos municípios afetados se perdeu no ralo da corrupção.

A legislação que rege matéria, reforçada pela Lei 12.608, de 2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção Civil, tem os instrumentos para acabar com os abusos. Basta aplicá-los.

Uma reforma confusa - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 16/02

COM SIMONE IGLESIAS 

A presidente Dilma não está conseguindo se fazer entender nas reuniões em curso com os aliados para tratar da reforma ministerial. PDT, PR e PMDB estão insatisfeitos com a falta de objetividade. Não sabem se ela quer uma reforma com base em mudanças administrativas, para destravar o governo; ou uma reforma com vistas à sua reeleição, acomodando interesses partidários.

Terra de ninguém
Os problemas da presidente Dilma começam no PMDB. Surgiu desconfiança com a atuação do ex-presidente Lula, tirando o vice Michel Temer do cargo para dá-lo ao PSB. Há, ainda, divergências entre os peemedebistas da Câmara e do Senado, que estão rachados. Nenhum dos cinco ministros tem controle sobre as bancadas, o que dá margem a inúmeras negociações com o governo. Dilma conversou com PSD, PDT e PR, mas, apesar de oferecer ministérios, nenhum desses partidos quer se comprometer agora com o apoio em 2014. Os três negociam paralelamente com o PSB de Eduardo Campos.

“Achamos um erro o PDT ficar amarrado por um ministério, no lugar de ser independente, à esquerda do governo PT/PMDB/PP”.
Cristovam Buarque e Pedro Taques
Senadores, PDT DF e MT

Mais um round
O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), está pedindo aos aliados que aceitem votar os vetos a toque de caixa, terça-feira. A bancada do Rio está com mandado de segurança pronto para impedir a medida.

Briga de alto nível
A conversa entre o PDT e a presidente Dilma sobre troca no Ministério do Trabalho abriu uma guerra. Juliana Brizola, irmã de Brizola Neto, declarou que o lema de Carlos Lupi e do deputado Vieira da Cunha, foto, é "pagando bem, que mal tem." Vieira entrou na Justiça. Leonel, o outro irmão do ministro, partiu para cima de Vieira: "Canalha não tem honra".

Conflito de interesses
O deputado Jorge Pozzobom (PSDB) foi escolhido pela Assembleia gaúcha para presidir comissão de investigação sobre o incêndio em Santa Maria que matou 239 pessoas. Escondeu dos colegas que foi advogado de um dos sócios da boate Kiss.

Segurança papal
A Abin recomendou à Arquidiocese do Rio que o Papa Bento XVI se hospedasse no Palácio do Sumaré, por questão de segurança. Mas a opção acabou sendo o Palácio São Joaquim, pois exigiria menos deslocamento do pontífice, com saúde frágil. Depois da renúncia, a agência voltou a insistir no Sumaré, para reforçar a segurança da estadia do novo papa na Jornada da Juventude.

Estrelismo
Há deputados que decidiram não ir para o partido que a ex-ministra Marina Silva está fundando porque acham que ela tem temperamento difícil e que, no fim das contas, se tornará mais um cacique partidário.

As filas estão de volta
A despeito dos recorrentes problemas no INSS, o tempo médio de espera, ontem, na agência da Asa Sul de Brasília, que deveria ser referência de agilidade no país, era de quatro horas, sem o mínimo respeito à prioridade legal aos idosos.

SUBIU NO TELHADO a indicação de Paulo Safady (MG) para a Secretaria de Aviação Civil. A presidente Dilma deve dar ao PSD só um ministério.

Porteira fechada - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 16/02

Com a abertura da temporada de proliferação de novos partidos, como o de Marina Silva, que será lançado hoje, a Câmara retomou articulação para votar neste semestre projeto que obstrui a criação de legendas. Capitaneada pelo PSD de Gilberto Kassab, a ideia tem apoio do PMDB, do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (RN). Mas deputados do partido devem apoiar uma "janela" para permitir a troca de siglas. "É o único jeito de aprovar'', afirma um peemedebista.

Nem aí 
Na contramão dos interesses de Kassab e do governo, o PSDB não deve apoiar tentativas de melar o cronograma político de Marina. Os tucanos acham que, se for candidata, a ex-petista tira mais votos de Dilma Rousseff que da oposição.

Pay-per-view 
O Planalto vai acompanhar de perto a Convenção Nacional do PMDB, prevista para 2 de março. O temor é que Michel Temer e outros caciques usem o encontro para pedir mais ministérios para o partido. Dilma pretende manter as atuais cinco pastas da sigla.

Lobby inverso 
Para se contrapor à investida de Paulinho da Força (PDT-SP) contra a medida provisória dos portos, cinco entidades empresariais (CNI, CNA, CNC, CNT e Abdib) se reúnem na segunda-feira com a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) para dar suporte à proposta.

Piquete 
Sindicatos ligados à Força farão mobilização, também na segunda, em três portos do litoral paulista. Serão distribuídos cinco milhões de panfletos. Na terça-feira, têm programada plenária em Brasília para definir calendário de paralisações da categoria até o dia 6.

Discórdia 
O governo aposta na divisão entre os representantes dos trabalhadores. Anteontem, durante reunião com Gleisi, Paulinho defendeu a retirada da MP da pauta, enquanto Mario Teixeira, da Federação Nacional dos Conferentes de Cargas, se declarou a favor da medida.

Dura na queda 
No encontro com sindicalistas, a ministra defendeu a implantação dos 150 terminais de uso privativo previstos na MP. Entidades contrárias ao projeto alegam que os TUP reduzirão a importância e o movimento dos portos públicos.

Chuvas... 
Embora tenha evitado aparecer em público no momento agudo da enchente de anteontem em São Paulo, Fernando Haddad telefonou diretamente a subprefeitos para saber de providências tomadas nos pontos críticos de alagamento.

... e trovoadas 
Na avaliação do governo petista, a resposta oficial às cheias foi rápida. Mas a previsão é de que hoje e amanhã novos temporais tirem o sono do prefeito.

Em casa 
A bancada do PSDB pedirá que Geraldo Alckmin interceda para dar a um vereador a presidência paulistana da sigla. Embora Mario Covas Neto tenha se lançado, Andrea Matarazzo conta hoje com o respaldo da maioria dos colegas.

Medida certa 
Alexandre Padilha (Saúde) reagiu com humor à "bronca" que levou da "Dilma Bolada", paródia da presidente nas redes sociais. "Depois da observação da presidente sobre os meus quilinhos a mais, amanhã pisarei fundo na atividade física", brincou, no Twitter.

Rico 
Na sua mensagem à Assembleia baiana, Jaques Wagner (PT) confirmou que, apesar do ritmo lento da economia, vai estadualizar o metrô de Salvador e iniciar a construção da ponte ligando a capital a Itaparica.
Visita à Folha Andrea Ceccherini, presidente do Osservatorio Permanente Giovani-Editori, visitou ontem a Folha.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio
"Contrariando a torcida dos adversários, o retorno do Roberto Jefferson à vida partidária ocorrerá mais rápido do que se imagina."
DO SECRETÁRIO-GERAL DO PTB, CAMPOS MACHADO, criticando movimento para esvaziar o poder do ex-deputado, que se recupera de um câncer, na sigla.

Contraponto


Folia doméstica

Durante o Carnaval, Eduardo Campos cruzou nas ruas de Recife com um folião sem fantasia, mas que exibia um adereço que lembrava uma casa em sua cabeça. Estranhando o figurino, o governador de Pernambuco quis saber que vestimenta era aquela. O homem respondeu:
-Minha mulher mandou que eu não saísse de casa. Caso ocorra qualquer coisa, o senhor vai ser minha testemunha, viu?
Campos, então, brincou:
-Pode deixar. Eu digo para ela que você não saiu de casa nem a casa saiu de você...

Ética entre bandidos - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 16/02

SÃO PAULO - Traição. Para Shakespeare, ela é pior que o assassinato. Já Dante reservou o nono e mais baixo círculo do inferno para punir os que se voltaram contra sua própria nação, família, amigos ou grupo. Ali, são submetidos a torturas excruciantes -e por toda a eternidade.

E, fora da literatura, traições são tratadas de forma ainda mais dura. Nesse contexto, é compreensível que o instituto da delação premiada, que não deixa de ser uma forma de deslealdade, não goze da melhor das reputações. Como mostrou a Folha, há até mesmo advogados de defesa que recusam potenciais clientes que pretendam fazer um acordo com a Justiça. Ou eles ficam com a boca fechada, ou procuram outro defensor.

É incomum que tarimbados profissionais do direito rejeitem de antemão o que pode ser, em certos casos, a mais efetiva estratégia de defesa. Minha hipótese para o fenômeno é que a repulsa à ideia de traição é tão visceral que, às vezes, obnubila um exame mais judicioso do caso.

Deve-se reconhecer que a delação premiada é uma ferramenta valiosa demais para ser desprezada apenas com base em impulsos emocionais. Hoje, com quadrilhas que operam como se fossem empresas altamente organizadas, com estruturas hierárquicas que preservam a cúpula de sujar as mãos, informações que venham de dentro podem ser a única forma de chegar aos chefões.

É certo que a delação premiada envolve questões complicadas. A mais óbvia é que, para safar-se ou ter sua pena reduzida, o suposto meliante arrependido diga o que as autoridades queiram ouvir, mesmo que não corresponda à verdade. É preciso realmente ter preocupação com esse tipo de problema e tentar aperfeiçoar a legislação para dar conta das dificuldades, não abandoná-la.

Embora a simples perspectiva de o poder público estimular a delação cause ojeriza, cabe lembrar que não está entre os objetivos do Estado incentivar a ética entre bandidos.

2014 à vista - LUIZ WERNECK VIANNA

O ESTADO DE S. PAULO - 16/02

Há algo de estranho no ar, pois essa aceleração do tempo político que presenciamos não é normal. Ainda estamos nos prelúdios de 2013, sem saber o que o resto dos seus dias nos promete, se boa safra ou tempos aziagos. Contudo, bem longe do porto, ainda em alto oceano, já se ouvem vozes anunciando terra à vista e de preparação de desembarque próximo. De um salto estaríamos chegando a 2014, o ano da sucessão presidencial. A tripulação que nos dirige, velha de guerra de dez anos na função, estaria procurando atalhos para encurtar o tempo como manobra para evitar a aproximação de temíveis naves inimigas ou teme motim a bordo na sua coalizão?

A oposição mal começa a reunir forças, não conhece um comando único, nem sequer são enunciadas as linhas gerais do seu diagnóstico sobre o estado social da Nação, sobretudo o seu programa alternativo de governo ao que aí está. Sabe-se, de certo, do seu empenho em elucubrações em matéria de análise econômica, trincheira em que é agente passivo, mera observadora dos fatos que, mantidos na toada atual, principalmente quanto à inflação, poderiam fazer a roda da fortuna girar a seu favor.

Se os eventuais candidatos à Presidência, nem todos vinculados à oposição formal, tal como a reconhecemos no momento atual, preferem atuar em surdina, esperando os prazos rituais, quais as razões da pressa no partido hegemônico no poder, em que já se ultimam preparativos de caravanas nos moldes de campanhas eleitorais do ex-presidente Lula, hoje condestável da presidente Dilma?

A dualidade no poder sempre é fonte de instabilidade, como demonstram velhas lições de teoria política. É própria do poder a procura permanente da sua ampliação. A transição de Lula para Dilma, uma herdeira sem luz própria, alçada à chefia de uma coalizão de forças políticas sem exercer comando sobre o partido que nela é hegemônico, no qual não tem raízes nem influência significativa, como que cindiu o soberano em dois corpos distintos: o físico, de que ela é portadora, e o metafísico, simbólico, de que se encontra investido o ex-presidente.

Nesse sentido, o poder que emana da presidente é de caráter derivado, sujeito à unção de fontes de poder que lhe são externas: de um lado, do Partido dos Trabalhadores (PT), que deve sua unidade à presença e às ações de Lula, seu efetivo comandante; de outro, do fascínio do carisma do ex-presidente sobre grandes massas do eleitorado.

A solução de converter Lula em seu condestável pareceu judiciosa e, bem administrada, até que pode ter continuidade. Mas surgiu uma pedra inesperada no caminho, a Ação Penal 470, que se concluiu pela condenação de alguns cardeais do partido hegemônico. Tal fato estava fadado, em razão dos personagens envolvidos, a não se conter nos limites do Poder Judiciário, e segue com sua presença fora dos autos a assombrar a política e os próprios rumos da sucessão presidencial.

Antes de concluir seu tempo na presidência da Câmara dos Deputados, o petista Marco Maia (RS) firmou posição no sentido de que os parlamentares condenados somente poderiam perder seus mandatos por deliberação dos seus pares, a partir de um processo que lhes garantisse o direito de defesa, o que, na prática, abre a possibilidade de a decisão da Suprema Corte ser recusada.

Sua sucessão no cargo pelo deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), em tese, pode vir a admitir um entendimento alternativo da matéria - há registros apontando nessa direção, vide seu encontro com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) -, mas não têm faltado pressões para que persista o entendimento do seu antecessor. No caso, para além das naturais e esperadas turbulências advindas da economia, é de esperar que a sucessão presidencial se inicie sob o signo dramático de um conflito entre Poderes, na hipótese nada remota de que o STF não delongue com a publicação dos acórdãos e do julgamento dos embargos a serem oferecidos pelos réus.

A candidatura à reeleição da presidente Dilma, nessa eventualidade, seria submetida a uma escolha difícil, na medida em que o seu partido pode vir a demandar dela, junto à base aliada parlamentar, ações solidárias em favor dos seus dirigentes condenados pela Justiça, comprometendo-se, assim, no terreno difícil das relações entre o Poder Legislativo e o Judiciário, com evidentes prejuízos na sua imagem republicana.

Diante de uma emergência de tal gravidade, seria plausível imaginar que vozes no interior do seu próprio partido - no qual não é pequena a influência dos seus dirigentes apenados - podem voltar-se para a candidatura do ex-presidente, cujos dons nas artes da arbitragem são bem conhecidos e não têm faltado a eles, ao contrário da presidente, com palavras solidárias. A solução heróica seria facilitada se o governo Dilma vier a experimentar um percurso negativo na agenda econômica, que, vale notar, bem pode servir tanto à oposição quanto aos nostálgicos do governo Lula, que sonham com seu breve retorno.

A ambigüidade que ronda a política do Planalto, gravitando entre os dois corpos com que se apresenta o poder soberano, conspira contra o tempo largo, que é o da preferência tanto da, oposição formal como da encapuzada, que calculam suas possibilidades com olhar fixo nos indicadores econômicos. Não é sem razões, portanto, que no Planalto se adiantem os ponteiros do relógio, o que ficou claro no último pronunciamento público da presidente em rede nacional, mesmo que na arena ainda não se divise o perfil do adversário. Na conta de todos, salvo eventos extraordinários, a coalizão situacionista, PT à frente, mesmo que venha a perder o PSB, deve levar de vencida mais uma corrida sucessória, à condição, é claro, de contar com um candidato que a agrupe, inclusive no interior do partido hegemônico. Ao menos, por ora, a dificuldade está aí.

PROGRAMAÇÃO ESPORTIVA NA TV - 16/02


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16h - Brasil Open (semifinais), tênis masc., Bandsports e SporTV 2

16h - Flamengo x Franca, NBB, SporTV

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17h - Sport x Campinense, Copa do Nordeste, Esporte Interativo

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17h45 - Roma x Juventus, Italiano, Fox Sports

17h45 - PSV x Utrecht, Holandês, ESPN Brasil

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19h - Torneio de San Jose, tênis, ESPN

19h30 - São Caetano x Bragantino, Paulista, SporTV

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21h15 - Vélez Sarsfield x Independiente, Argentino, Fox Sports

21h30 - Imperatriz x Canoas, Superliga masc. de vôlei, SporTV 2

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1h30 - Jonathon Banks x Sert Mitchell, boxe, SporTV