FOLHA DE SP - 30/11
RIO DE JANEIRO -- Os mais jovens podem não acreditar, mas houve tempo em que quem gostava de cinema só falava... de cinema. Era uma obsessão, tanto para os meninos que sonhavam tornar-se críticos ou cineastas como para os próprios cineastas e críticos. E do que esses meninos falavam? Dos personagens angustiados de Bergman ou Antonioni, da visão de mundo de Fellini ou Buñuel, do livro de Truffaut sobre Hitchcock.
Os cineastas, por sua vez, pontificavam sobre a fotografia do neorrealismo, a montagem descontínua, a câmera na mão e outras novidades, e de como pensavam usá-las em seus filmes. Enfim, era de cinema, e só de cinema, que se tratava nas sessões do Paissandu, da ABI, do MAM, da Maison de France, do Instituto Goethe, dos cineclubes. O mesmo acontecia em muitas cidades do Brasil. O cinema era o amor.
Mas isso já era. Para um grande cineasta brasileiro, "Poucas coisas são mais entediantes hoje do que discutir cinema. A conversa logo descamba para orçamentos e leis, Ancines e ministérios não sei do quê". O mistério da criação cedeu lugar ao da captação --o captador, não mais o artista, é agora a figura-chave da produção.
Quem diz isso é Domingos Oliveira, um diretor cuja inteligência honra o cinema brasileiro, num bilhete para o blog de nossa amiga Rô Caetano. Um ano depois de prontos --só agora os distribuidores se dispuseram a lançá-los--, e sob pesado silêncio, dois filmes de Domingos estreiam neste fim de semana no RJ e em SP: "Paixão e Acaso" e "Primeiro Dia de um Ano Qualquer".
Para Domingos, um filme deveria interessar "apenas por seu conteúdo, essência, mensagem, e pelo bem que pode fazer para quem o assiste". Para os distribuidores, a equação é outra: se não lotar as salas no primeiro sábado e domingo, não emplaca a segunda semana, e o artista que vá lamber sabão.
sábado, novembro 30, 2013
Te cuida, Jayme - ARNALDO BLOCH
O GLOBO - 30/11
Um apelo à alma em vida, que nada tem de sobrenatural, é captado quando se evoca, nas trevas, um ânimo de redenção que está no ar. Mas onde?
Na semana em que se elevam o nome e a memória de Nilton Santos, um dos últimos ícones da grande glória alvinegra que ainda restavam, louva-se, em vida, um sujeito chamado Jayme de Almeida, aquele que era o interino, de semblante sereno, paciente e alerta como um caixa de botequim, sem discurso feito, sem roupas espalhafatosas, sem terno, sem cabelo: só os óculos de lente grossa, lusitanos.
A tripulação da nau estava furiosa com Mano Menezes, que saíra de fininho, o capitão fujão, dizendo que não o entenderam. O plantel se sentiu chamado de burro por aquele comandante colonizado pelo que se faz além-mar, e de costas para o país.
Então vem Jayme, com aquela placidez, chamando de meu filho, pregando humildade, feijão com arroz, bola baixa e alma.
A diretoria, ocupada em humilhar a torcida com a política classista, preconceituosa, de preços (e cheia de reestruturação de finanças, vaidade, marketing e dívida na cabeça), nada teve a ver com o que ora se festeja. Jayme era só o interino. O tapa-buraco.
E o Flamengo renasceu pelas mãos de Jayme. Um Flamengo que há muito não se via, cujo conjunto em campo transcende os nomes do elenco e se traduz numa coreografia ancestral, resultante da própria história.
Um Flamengo rápido, envolvente, raçudo, disposto, que se infiltra e cerca o adversário até a explosão da enorme torcida.
Alguns de meus amigos alvinegros podem ficar magoados por eu estar aqui exaltando um evento rubro-negro em vez de prestar minhas loas a Nilton Santos. Mas falar de Jayme de Almeida é homenagear Nilton Santos. O futebol de hoje anda carente de símbolos contemporâneos, de algo maior que o jogo e que as cifras. A fibra de um coletivo está em unir-se, de tempos em tempos, em torno de uma certa ideia de pertencimento a alguma coisa que está além das diretorias, mortais, do “elenco no papel” e até da própria instituição.
Algo que não está no indivíduo, e sim no senso coletivo. Uma força que une tradição, informação, cognição, iconografia, psicologia de massa e até a distribuição de diferentes “personagens” em campo. Um apelo à alma em vida, que nada tem de sobrenatural, e que é captado quando um grupo evoca, nas trevas, um ânimo de redenção que está no ar. Mas onde?
Esse Flamengo mítico varia, é claro, na percepção de cada um, mas existe aí uma interseção, uma síntese, que só ressurge quando há esta aliança. Isso ocorre com qualquer clube. Há um Botafogo mítico que não é só o dos registros de seu passado ou de seus nomes, Nilton, Mané, Didi... Tem mais ver com o amadorismo de suas origens, temperado pela neurose herdada da glória dos anos 1960 e pelo limbo no qual caiu.
Guiado pela sua estrela solitária, messias de luz, o Botafogo, quando renasce, vem imerso numa pose de excelência que, mesmo se não produz resultados, marca época. O Fluminense tem a etiqueta da persistência paciente, das baterias armadas, da técnica, forjadas nas tempestades e polvilhadas de arroz. E o Vasco... sei lá, linhas diagonais, lançamentos longos, velocidade, sobras na área, a virada, vá saber.
Lógico que tudo isso é muito vago, muda conforme o andor, mas há com certeza um substrato, uma síntese, um sumo que se expressa, que aparece, límpido, óbvio, nesses momentos de feliz conjunção, como o que ocorreu agora.
Por isso, a diretoria do Flamengo tem que fugir como o diabo da cruz da tentação de, ao primeiro revés, substituir aquele que tem, nas costas, a mancha do interino, a pecha do anonimato prévio, a maldição da humildade perene. A demissão de Andrade ainda ecoa na memória com os sinos do absurdo. A prevalecer a lógica perversa da atualidade, Jayme levará um bico na primeira campanha menos brilhante, e o espectro do “nome de peso” voltará a rondar a Gávea.
Quando isso acontecer, quem vai se lembrar da aliança que levou o clube, num ano melancólico, a levantar uma taça tão improvável, numa campanha coroada com a eclosão de sua plena identidade, e ainda enfeitada com as bodas de Leonardo Moura?
O tempo do futebol mudou, e o homem que hoje poliu a alma do povo pode amanhã estar recebendo aviso prévio por e-mail.
Te cuida, Jayme. Deixa malocadas no armário, por via das dúvidas, umas roupas espalhafatosas, um terno, um gel de cabelo, para o caso de as circunstâncias exigirem a carnavalização. Aí, escolhe se veste a fantasia e ri dos palhaços ou se sai de fininho, mas, diferente do Mano: nos braços da galera, antes que a roda-vida te passe uma rasteira.
E o Botafogo, hem? A obrigação, agora, virou ultimato: Nilton Santos se foi.
Passar 80% do campeonato entre os quatro e deixar escorrer no final não é algo que deveria ter a cara de Botafogo, embora tenha virado uma espécie de sina, marca.
Há um outro Botafogo, oculto como estava o Fla, que precisa despertar, e, com ele, a torcida. Oswaldo é bom, trouxe sangue novo, alçou a garotada. Mas bateu na alma? Quem será o nosso Jayme, que virá das entranhas e guiará o povo da estrela rumo a si?
Um apelo à alma em vida, que nada tem de sobrenatural, é captado quando se evoca, nas trevas, um ânimo de redenção que está no ar. Mas onde?
Na semana em que se elevam o nome e a memória de Nilton Santos, um dos últimos ícones da grande glória alvinegra que ainda restavam, louva-se, em vida, um sujeito chamado Jayme de Almeida, aquele que era o interino, de semblante sereno, paciente e alerta como um caixa de botequim, sem discurso feito, sem roupas espalhafatosas, sem terno, sem cabelo: só os óculos de lente grossa, lusitanos.
A tripulação da nau estava furiosa com Mano Menezes, que saíra de fininho, o capitão fujão, dizendo que não o entenderam. O plantel se sentiu chamado de burro por aquele comandante colonizado pelo que se faz além-mar, e de costas para o país.
Então vem Jayme, com aquela placidez, chamando de meu filho, pregando humildade, feijão com arroz, bola baixa e alma.
A diretoria, ocupada em humilhar a torcida com a política classista, preconceituosa, de preços (e cheia de reestruturação de finanças, vaidade, marketing e dívida na cabeça), nada teve a ver com o que ora se festeja. Jayme era só o interino. O tapa-buraco.
E o Flamengo renasceu pelas mãos de Jayme. Um Flamengo que há muito não se via, cujo conjunto em campo transcende os nomes do elenco e se traduz numa coreografia ancestral, resultante da própria história.
Um Flamengo rápido, envolvente, raçudo, disposto, que se infiltra e cerca o adversário até a explosão da enorme torcida.
Alguns de meus amigos alvinegros podem ficar magoados por eu estar aqui exaltando um evento rubro-negro em vez de prestar minhas loas a Nilton Santos. Mas falar de Jayme de Almeida é homenagear Nilton Santos. O futebol de hoje anda carente de símbolos contemporâneos, de algo maior que o jogo e que as cifras. A fibra de um coletivo está em unir-se, de tempos em tempos, em torno de uma certa ideia de pertencimento a alguma coisa que está além das diretorias, mortais, do “elenco no papel” e até da própria instituição.
Algo que não está no indivíduo, e sim no senso coletivo. Uma força que une tradição, informação, cognição, iconografia, psicologia de massa e até a distribuição de diferentes “personagens” em campo. Um apelo à alma em vida, que nada tem de sobrenatural, e que é captado quando um grupo evoca, nas trevas, um ânimo de redenção que está no ar. Mas onde?
Esse Flamengo mítico varia, é claro, na percepção de cada um, mas existe aí uma interseção, uma síntese, que só ressurge quando há esta aliança. Isso ocorre com qualquer clube. Há um Botafogo mítico que não é só o dos registros de seu passado ou de seus nomes, Nilton, Mané, Didi... Tem mais ver com o amadorismo de suas origens, temperado pela neurose herdada da glória dos anos 1960 e pelo limbo no qual caiu.
Guiado pela sua estrela solitária, messias de luz, o Botafogo, quando renasce, vem imerso numa pose de excelência que, mesmo se não produz resultados, marca época. O Fluminense tem a etiqueta da persistência paciente, das baterias armadas, da técnica, forjadas nas tempestades e polvilhadas de arroz. E o Vasco... sei lá, linhas diagonais, lançamentos longos, velocidade, sobras na área, a virada, vá saber.
Lógico que tudo isso é muito vago, muda conforme o andor, mas há com certeza um substrato, uma síntese, um sumo que se expressa, que aparece, límpido, óbvio, nesses momentos de feliz conjunção, como o que ocorreu agora.
Por isso, a diretoria do Flamengo tem que fugir como o diabo da cruz da tentação de, ao primeiro revés, substituir aquele que tem, nas costas, a mancha do interino, a pecha do anonimato prévio, a maldição da humildade perene. A demissão de Andrade ainda ecoa na memória com os sinos do absurdo. A prevalecer a lógica perversa da atualidade, Jayme levará um bico na primeira campanha menos brilhante, e o espectro do “nome de peso” voltará a rondar a Gávea.
Quando isso acontecer, quem vai se lembrar da aliança que levou o clube, num ano melancólico, a levantar uma taça tão improvável, numa campanha coroada com a eclosão de sua plena identidade, e ainda enfeitada com as bodas de Leonardo Moura?
O tempo do futebol mudou, e o homem que hoje poliu a alma do povo pode amanhã estar recebendo aviso prévio por e-mail.
Te cuida, Jayme. Deixa malocadas no armário, por via das dúvidas, umas roupas espalhafatosas, um terno, um gel de cabelo, para o caso de as circunstâncias exigirem a carnavalização. Aí, escolhe se veste a fantasia e ri dos palhaços ou se sai de fininho, mas, diferente do Mano: nos braços da galera, antes que a roda-vida te passe uma rasteira.
E o Botafogo, hem? A obrigação, agora, virou ultimato: Nilton Santos se foi.
Passar 80% do campeonato entre os quatro e deixar escorrer no final não é algo que deveria ter a cara de Botafogo, embora tenha virado uma espécie de sina, marca.
Há um outro Botafogo, oculto como estava o Fla, que precisa despertar, e, com ele, a torcida. Oswaldo é bom, trouxe sangue novo, alçou a garotada. Mas bateu na alma? Quem será o nosso Jayme, que virá das entranhas e guiará o povo da estrela rumo a si?
Ueba! Hoje é Sábado Friday! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 30/11
E notícia com corrupção tucana é tudo 'suposto'. PSDB quer dizer Partido Suposto Do Brasil! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Hoje é Sábado Friday! Ressaca da Black Fraude: ou o site das lojas travam ou não tem no estoque! E uma amiga acha que comprou um celular. Mas não tem certeza, não recebeu confirmação da compra até agora!
E Black Friday no São Paulo: "Promoção! Luis Fabiano com 100% de desconto". E Black Friday no Congresso: "Deputados vendem apoio por 50% das verbas. Só hoje! Fale com o líder da bancada".
E uma amiga tentou comprar um liquidificador, passou horas preenchendo coisas no site e na finalização da compra: não tem no estoque! E aí ela guardou o dinheiro e vai gastar tudo em churros! Rarará!
E essa: "Condenadas no mensalão tomam banho de sol na Papuda". Faz mal! Tomar banho de sol na Papuda faz mal. E pra que essa notícia? Virou "Big Brother", agora?
E o Dirceu gerente de hotel? Todo hóspede vai perguntar: "Tem cofre no quarto?". Não tem cofre nem seguro. Aventura radical!
E o Dirceu vai trabalhar no lobby, como sempre! E o Delúbio vai ficar no caixa! E como disse uma amiga: só falta o hotel virar ponto turístico e ser tombado pelo Iphan! O Zé Dirceu devia ser gerente do hotel do "O Iluminado"! Já imaginou se encontrar no corredor com o Dirceu e as gêmeas? Rarará!
E com aquele sotaque caipira, o Zé Dirceu devia ser gerente do Sítio do Picapau Amarelo! Rarará!
E adorei a charge do Xalberto com o Alcksiemens rebatendo as denúncias de cartel: "Vamos investigar tudo, doa a quem doer! AAAAIIIIIII". Rarará.
E notícia com corrupção tucana é tudo "suposto". Supostos tucanos praticaram suposto roubo chamado suposto cartel no suposto metrô! PSDB quer dizer Partido Suposto Do Brasil! Até o partido é suposto! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
E o helicóptero do senador Zezé Esparrela? "Deputado Gustavo Perrella, piloto e copiloto não sabem das drogas!" Ninguém sabe! O pó entrou e se escondeu. O culpado é o pó! O culpado é o helicóptero!
É que deixaram o helicóptero vários meses sem limpar e juntou 400 quilos de pó! Ou então era um carregamento de areia pra fazer uma praia em BH! Rarará!
Como disse um amigo meu: é tudo farinha do mesmo helicóptero. Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
E notícia com corrupção tucana é tudo 'suposto'. PSDB quer dizer Partido Suposto Do Brasil! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Hoje é Sábado Friday! Ressaca da Black Fraude: ou o site das lojas travam ou não tem no estoque! E uma amiga acha que comprou um celular. Mas não tem certeza, não recebeu confirmação da compra até agora!
E Black Friday no São Paulo: "Promoção! Luis Fabiano com 100% de desconto". E Black Friday no Congresso: "Deputados vendem apoio por 50% das verbas. Só hoje! Fale com o líder da bancada".
E uma amiga tentou comprar um liquidificador, passou horas preenchendo coisas no site e na finalização da compra: não tem no estoque! E aí ela guardou o dinheiro e vai gastar tudo em churros! Rarará!
E essa: "Condenadas no mensalão tomam banho de sol na Papuda". Faz mal! Tomar banho de sol na Papuda faz mal. E pra que essa notícia? Virou "Big Brother", agora?
E o Dirceu gerente de hotel? Todo hóspede vai perguntar: "Tem cofre no quarto?". Não tem cofre nem seguro. Aventura radical!
E o Dirceu vai trabalhar no lobby, como sempre! E o Delúbio vai ficar no caixa! E como disse uma amiga: só falta o hotel virar ponto turístico e ser tombado pelo Iphan! O Zé Dirceu devia ser gerente do hotel do "O Iluminado"! Já imaginou se encontrar no corredor com o Dirceu e as gêmeas? Rarará!
E com aquele sotaque caipira, o Zé Dirceu devia ser gerente do Sítio do Picapau Amarelo! Rarará!
E adorei a charge do Xalberto com o Alcksiemens rebatendo as denúncias de cartel: "Vamos investigar tudo, doa a quem doer! AAAAIIIIIII". Rarará.
E notícia com corrupção tucana é tudo "suposto". Supostos tucanos praticaram suposto roubo chamado suposto cartel no suposto metrô! PSDB quer dizer Partido Suposto Do Brasil! Até o partido é suposto! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
E o helicóptero do senador Zezé Esparrela? "Deputado Gustavo Perrella, piloto e copiloto não sabem das drogas!" Ninguém sabe! O pó entrou e se escondeu. O culpado é o pó! O culpado é o helicóptero!
É que deixaram o helicóptero vários meses sem limpar e juntou 400 quilos de pó! Ou então era um carregamento de areia pra fazer uma praia em BH! Rarará!
Como disse um amigo meu: é tudo farinha do mesmo helicóptero. Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Sucesso made in Brazil - ZUENIR VENTURA
O GLOBO - 30/11
As duas principais novelas concorrentes eram brasileiras, o que significa reconhecimento de um gênero que aqui, por preconceito elitista, ainda é considerado menor
Na última quarta-feira, a manchete do jornal era sobre a troca de acusações entre tucanos e petistas por causa de mais um caso de corrupção. Os primeiros acusavam o ministro da Justiça de forjar documentos para incriminá-los, e este revidava ameaçando processá-los por danos morais por ter sido chamado de “sonso” e “vigarista”. Por essa prévia, pode-se imaginar o que será a campanha eleitoral do ano que vem, quando certamente haverá um empolgante debate para saber quem delinquiu mais, se os mensaleiros do PT ou os do PSDB de Minas. O pior é que o bate-boca abafava o mais grave: a denúncia da multinacional alemã Siemens delatando às autoridades antitruste brasileiras a existência de um cartel — do qual fazia parte — que superfaturou contratos das linhas de trens e metrô de SP e DF entre os anos 2000 e 2007.
Na mesma primeira página que encaminhava o leitor para mais esse escândalo, havia uma espécie de compensação ou consolo: a foto de Fernanda Montenegro, orgulho da raça, segurando o Emmy de melhor atriz, o prêmio internacional da televisão que equivale ao Oscar do cinema. Alguém que estava na cerimônia de entrega me contou que Fernandona foi um “holofote de carisma” com seu banho de sabedoria. “É uma lição de vida no fim da vida”, ela disse no seu discurso de agradecimento. “Nós somos um continente meio esquecido.”
Mas, para resgatar a nossa autoestima, tão maltratada pela política, houve mais do que a consagração da intérprete de Picucha, de “Doce de mãe”, criação do cineasta gaúcho Jorge Furtado. Houve a vitória de “Lado a lado”, de João Ximenes e Claudia Lage, sobre a favorita “Avenida Brasil”, de João Emanuel Carneiro, que já foi vendida para 124 países. Quer dizer: as duas principais novelas concorrentes eram brasileiras, o que significa reconhecimento de um gênero que aqui, por preconceito elitista, ainda é considerado menor e para os quais muitos intelectuais sempre torceram o nariz. Por coerência naturalista, critica-se a inverossimilhança e a contradição de alguns personagens e tramas, esquecendo-se de que a culpa às vezes é dos arquétipos nos quais em geral se inspiram. Um deles está quase sempre presente também em romances, peças de teatro e filmes: o eterno triângulo criminoso-vítima-vingador.
Talvez seja a hora de parar de negar à telenovela valor cultural ou qualidade literária e aos novelistas a condição de escritores. Se não é escritor quem produz 20/30 páginas diariamente durante quase um ano, que é capaz de criar e administrar dezenas de tipos em vários núcleos e inventar intrigas que prendem milhões de espectadores, tendo às vezes que mudar o rumo da história original por imposição do público, se não é escritor um sujeito desses, me diz o que ele é, que quero sê-lo.
As duas principais novelas concorrentes eram brasileiras, o que significa reconhecimento de um gênero que aqui, por preconceito elitista, ainda é considerado menor
Na última quarta-feira, a manchete do jornal era sobre a troca de acusações entre tucanos e petistas por causa de mais um caso de corrupção. Os primeiros acusavam o ministro da Justiça de forjar documentos para incriminá-los, e este revidava ameaçando processá-los por danos morais por ter sido chamado de “sonso” e “vigarista”. Por essa prévia, pode-se imaginar o que será a campanha eleitoral do ano que vem, quando certamente haverá um empolgante debate para saber quem delinquiu mais, se os mensaleiros do PT ou os do PSDB de Minas. O pior é que o bate-boca abafava o mais grave: a denúncia da multinacional alemã Siemens delatando às autoridades antitruste brasileiras a existência de um cartel — do qual fazia parte — que superfaturou contratos das linhas de trens e metrô de SP e DF entre os anos 2000 e 2007.
Na mesma primeira página que encaminhava o leitor para mais esse escândalo, havia uma espécie de compensação ou consolo: a foto de Fernanda Montenegro, orgulho da raça, segurando o Emmy de melhor atriz, o prêmio internacional da televisão que equivale ao Oscar do cinema. Alguém que estava na cerimônia de entrega me contou que Fernandona foi um “holofote de carisma” com seu banho de sabedoria. “É uma lição de vida no fim da vida”, ela disse no seu discurso de agradecimento. “Nós somos um continente meio esquecido.”
Mas, para resgatar a nossa autoestima, tão maltratada pela política, houve mais do que a consagração da intérprete de Picucha, de “Doce de mãe”, criação do cineasta gaúcho Jorge Furtado. Houve a vitória de “Lado a lado”, de João Ximenes e Claudia Lage, sobre a favorita “Avenida Brasil”, de João Emanuel Carneiro, que já foi vendida para 124 países. Quer dizer: as duas principais novelas concorrentes eram brasileiras, o que significa reconhecimento de um gênero que aqui, por preconceito elitista, ainda é considerado menor e para os quais muitos intelectuais sempre torceram o nariz. Por coerência naturalista, critica-se a inverossimilhança e a contradição de alguns personagens e tramas, esquecendo-se de que a culpa às vezes é dos arquétipos nos quais em geral se inspiram. Um deles está quase sempre presente também em romances, peças de teatro e filmes: o eterno triângulo criminoso-vítima-vingador.
Talvez seja a hora de parar de negar à telenovela valor cultural ou qualidade literária e aos novelistas a condição de escritores. Se não é escritor quem produz 20/30 páginas diariamente durante quase um ano, que é capaz de criar e administrar dezenas de tipos em vários núcleos e inventar intrigas que prendem milhões de espectadores, tendo às vezes que mudar o rumo da história original por imposição do público, se não é escritor um sujeito desses, me diz o que ele é, que quero sê-lo.
Da primeira à última - WALTER CENEVIVA
FOLHA DE SP - 30/11
Voltarei a escrever no jornal, apenas sem o imperativo da colaboração semanal, encerrada com esta página
Octavio Frias de Oliveira, saudoso amigo, me convidou há muitos anos para escrever a coluna semanal "Letras Jurídicas" nesta Folha. Seu redator, Theofilo Cavalcanti Filho, advogado e jornalista dos melhores, havia falecido.
Não estava em meus planos de advogado voltar ao jornalismo, mas a insistência do amigo me venceu. A opção foi ótima. Gerou alegria e realização em área especializada do trabalho jornalístico.
No curso dos anos, a coluna sofreu modificações, sempre em estreito acordo com a Redação. Foi assim quando acrescida a divulgação de obras jurídicas.
Ao todo, são mais de 30 anos. Por isso, o longo tempo da vida me mostra que é hora de parar. Este jornal tem jornalistas qualificados para o exame severo dos assuntos nos ramos da ciência jurídica, na aplicação desta aos fatos de cada dia. E mais, a ponderação crítica das alternativas inovadoras.
Com outro amigo, o jornalista, escritor e advogado Otavio Frias Filho, Diretor Editorial da Folha, chega hoje a última etapa da honrosa tarefa.
Foram milhões de palavras escritas, marcadas pela liberdade que me foi assegurada. O jornal passou da paginação variável (pré-eletrônica) ao perfil atual, com espaços contados pelo número de toques do computador em cada coluna.
Posso ilustrar a mudança. Comecei a vida profissional em 1947, como locutor de rádio. Depois passei a jornalista.
Imagine o leitor que escrevi, na antiga "Gazeta Esportiva", a descrição do quinto gol do Brasil no campeonato mundial em 1958, na Suécia. Traduzi quadrinhos do Pato Donald, no início da editora Abril. Habituei-me à variedade até formar-me em direito, em 1954, no largo São Francisco.
Nos decênios decorridos, as mutações seguidas marcaram a vida do ser humano. Alcançaram desde assuntos corriqueiros aos mais complexos. Cada alteração desafia a capacidade de quem escreve para assegurar a compreensão do leitor no espaço pré-fixado da página. Nesse perfil, o convívio com os colegas da Folha foi sempre enriquecedor.
Deixar a página jurídica me dá tristeza, embora certo que não deixo o jornal. Em entendimento direto com Otavio Frias Filho, voltarei a escrever a respeito do direito e de sua aplicação, apenas sem o imperativo da colaboração semanal, encerrada com esta página.
Foi clara a penetração ampliada da coluna, com o público acrescido, desde quando passou a ser divulgada também pelo UOL. Na comunicação eletrônica, jornais e revistas da clássica mídia impressa continuarão prestigiados, longe das primeiras resistências à eletrônica. Nela o jornalismo é imbatível, com a notícia instantânea. A leitura meditada continuará, porém, a desmontar a complexidade de cada evento e do seu significado.
Na ponderação demorada a respeito desse período basta pensar na infinidade de mudanças e nas transformações da segunda metade do século 20 e daí até o presente. Da medicina ao direito, do rádio em ondas médias à comunicação instantânea e planetária, do telefone rústico ao tablet. Tudo mudou, para o ser humano, em meio século.
Os caminhos da vida e dos costumes se defrontaram com muitas alterações desde o primeiro comentário, publicado nesta coluna. Na medida do possível, ela ajudou a compreensão do direito e continuará a ajudar.
Voltarei a escrever no jornal, apenas sem o imperativo da colaboração semanal, encerrada com esta página
Octavio Frias de Oliveira, saudoso amigo, me convidou há muitos anos para escrever a coluna semanal "Letras Jurídicas" nesta Folha. Seu redator, Theofilo Cavalcanti Filho, advogado e jornalista dos melhores, havia falecido.
Não estava em meus planos de advogado voltar ao jornalismo, mas a insistência do amigo me venceu. A opção foi ótima. Gerou alegria e realização em área especializada do trabalho jornalístico.
No curso dos anos, a coluna sofreu modificações, sempre em estreito acordo com a Redação. Foi assim quando acrescida a divulgação de obras jurídicas.
Ao todo, são mais de 30 anos. Por isso, o longo tempo da vida me mostra que é hora de parar. Este jornal tem jornalistas qualificados para o exame severo dos assuntos nos ramos da ciência jurídica, na aplicação desta aos fatos de cada dia. E mais, a ponderação crítica das alternativas inovadoras.
Com outro amigo, o jornalista, escritor e advogado Otavio Frias Filho, Diretor Editorial da Folha, chega hoje a última etapa da honrosa tarefa.
Foram milhões de palavras escritas, marcadas pela liberdade que me foi assegurada. O jornal passou da paginação variável (pré-eletrônica) ao perfil atual, com espaços contados pelo número de toques do computador em cada coluna.
Posso ilustrar a mudança. Comecei a vida profissional em 1947, como locutor de rádio. Depois passei a jornalista.
Imagine o leitor que escrevi, na antiga "Gazeta Esportiva", a descrição do quinto gol do Brasil no campeonato mundial em 1958, na Suécia. Traduzi quadrinhos do Pato Donald, no início da editora Abril. Habituei-me à variedade até formar-me em direito, em 1954, no largo São Francisco.
Nos decênios decorridos, as mutações seguidas marcaram a vida do ser humano. Alcançaram desde assuntos corriqueiros aos mais complexos. Cada alteração desafia a capacidade de quem escreve para assegurar a compreensão do leitor no espaço pré-fixado da página. Nesse perfil, o convívio com os colegas da Folha foi sempre enriquecedor.
Deixar a página jurídica me dá tristeza, embora certo que não deixo o jornal. Em entendimento direto com Otavio Frias Filho, voltarei a escrever a respeito do direito e de sua aplicação, apenas sem o imperativo da colaboração semanal, encerrada com esta página.
Foi clara a penetração ampliada da coluna, com o público acrescido, desde quando passou a ser divulgada também pelo UOL. Na comunicação eletrônica, jornais e revistas da clássica mídia impressa continuarão prestigiados, longe das primeiras resistências à eletrônica. Nela o jornalismo é imbatível, com a notícia instantânea. A leitura meditada continuará, porém, a desmontar a complexidade de cada evento e do seu significado.
Na ponderação demorada a respeito desse período basta pensar na infinidade de mudanças e nas transformações da segunda metade do século 20 e daí até o presente. Da medicina ao direito, do rádio em ondas médias à comunicação instantânea e planetária, do telefone rústico ao tablet. Tudo mudou, para o ser humano, em meio século.
Os caminhos da vida e dos costumes se defrontaram com muitas alterações desde o primeiro comentário, publicado nesta coluna. Na medida do possível, ela ajudou a compreensão do direito e continuará a ajudar.
Piores invenções da humanidade - MARCELO RUBENS PAIVA
O Estado de S.Paulo - 30/11
SL: ou Second Life, ambiente virtual em 3D que simula a vida real. Jogo criado pelo Linden Lab. Foi sensação do mercado publicitário no final dos anos 2000. Graças ao realismo da animação, os usuários (avatares) podem ver e interagir com o outro (avatar). Uma mentirinha convivendo com outras. Até a maioria sacar que está perdendo coisas mais interessantes da FL (First Life), a vida real, enquanto vivem como avatares idealizados na second. Virtualmente já somos simulacros de nós mesmos, imagens redesenhadas para redes sociais. Não precisamos de outro universo, ou melhor "metaverso", para viver. Diante da decadência, o Lab disponibilizou a versão 2.0 em 2010, que dividiu a vida de mentirinha em ilhas como Welcome Island, para novos jogadores, Freebies, ilhas com itens gratuitos, além de ilhas de nudismo, sexo virtual, compras, praias e discotecas. Um metaverso complexo e esquisitão. Perfeito pra quem tem tempo disponível. E parafusos a menos. Ver bonecos (avatares) pelados em praias de mentirinha? Sinistro...
WWIS: Quando se pensa que já inventaram as maiores idiotices da humanidade, sempre tem uma que supera. É a sigla de What Would I Say (O Que Eu Deveria Dizer), aplicativo que trabalha com o utilitário BOT, de "robot", e se espalha como uma praga. WWIS gera automaticamente comentários no Facebook que parecem escritos por você. Tecnicamente falando, usa o modelo BOT, algoritmos e inteligência artificial, para misturar posts anteriores. Você quer ser uma pessoa atuante nas redes, mas não sabe como nem tem tempo. Quer passar uma imagem divertida, antenada. A de um ativista sedutor. Como um robô com seu teclado no colo, o WWIS seleciona frases bacanas e as espalha, para disseminar não suas ideias, mas as ideias que querem que você as tenha ou que você deveria ter. O que eu posso dizer... Coisa de maluco.
Pipoca: É uma tremenda descoberta. A figura do pipoqueiro, então, proustiana. Problema é cair em mãos erradas, como o plutônio. Em salas de cinema. Em sacos maiores que estômagos. Se acontece comigo, acontece com você: em quase todo filme, um esfomeado na fileira de trás passa os créditos, a introdução do longa, o segundo ato, até o ponto de virada, mastigando milho como um cavalo. O drama se intensifica, a irritação também. Pode apostar, é na cena mais intensa da trama que o quadrúpede chacoalha o saco, como se estivesse na Timbalada, para espalhar o sal depositado. Pensei em várias maneiras protestar. A que mais me seduz: usar um turbante e levar um timbal para entrar no ritmo do chocalho, cantando "fui embora, meu amor chorou, eu vou nos beijos de um beija-flor, no tique-taque do meu coração, yo quero te namorar, amor".
Saco de balas: Tenho certeza de que grandes divas, como Fernanda, Tônia e Bibi, pensaram em largar o ofício quando começou a venda de pacotes de balas nos teatros. Cujo glutão, provavelmente parente do animal que passa um filme mastigando milho, não percebe que aquele barulhinho, desembrulhar uma jujuba, um delicado ou uma balinha de hortelã, desconcentra até a camareira que tenta dormir na coxia durante a peripécia que já ouviu centenas de vezes, que antecede a revelação da protagonista, como as representadas por Fernanda, Tônia e Bibi.
Buzina: Primeiro inventaram o automóvel. Depois perceberam que transeuntes e animais não saíam da frente, estupefatos ao ver que aquele veículo com rodas se movia sem tração de quatro patas. Inventaram a buzina com os princípios de uma corneta, que substituiu os gritos de "sai da frente!". Educou a população que não conhecia a novidade. Sofisticou-se. Passou a ser intermitente e ao alcance dos dedos. O que tornou não mais uma ferramenta para a segurança do trânsito, mas objeto de vingança, assédio, grosseria, descontrole emocional, alívio de estresse e forma de pressão, como se o alto índice de decibéis produzido fosse capaz de fazer outros automóveis saírem da frente, criarem espaço livre para o carro da besta que buzina prosseguir.
Cigarro: Dizem que Colombo jogou fora o tabaco com que foi presenteado. Sensato. Mas um marinheiro levou para a Espanha, se gabou pelas ruas mascando aquela planta considerada do "diablo". Em 1561, o embaixador francês em Portugal, Jean Nicot, percebeu que o tabaco aliviava sua enxaqueca. Tinha que ser um francês... Descobriu de onde vem a palavra nicotina? Que depois foi enrolado por uma máquina, encurtou a vida dos nossos avós e se transformou numa epidemia aparentemente inocente e glamorosa. Se você, como eu, foi viciado, sofreu o diabo para largar, dá umas pigarreadas até hoje e escuta de todo médico que consulta, "ex-fumante?", como uma repreensão, como se seus dias estivessem contados, sabe do que falo. Invençãozinha do capeta.
Alarme de carro: Nem preciso me alongar. Talvez seja uma unanimidade: é das mais estúpidas invenções. Porque não reduziu o índice de roubos de carro e só aumentou as noites mal dormidas de milhões de inocentes. Uma pergunta. Depois de escutar repetidamente por minutos, "fué, fué, fué, atenção, este veículo está sendo roubado e é monitorado pela empresa tal, por favor ligue para zero oitocentos xis xis xis, obrigado", alguém ligou?
Atendimento automático pelo telefone: É aquela voz humana reproduzida por um computador do serviço de atendimento ao consumidor. Que não pede para você digitar um para "sim", dois para "não", três para "mais opções" ou nove para "voltar ao menu anterior", mas para você falar o que pretende. O que deixa a família desavisada em pânico, com suspeitas de que chegou o momento da internação: a fase sem volta em que você começou a falar sozinho. Não basta falar claramente e pausadamente. É preciso adivinhar o que deve ser dito para ser atendido, que palavra-chave os programadores escolheram. Por exemplo. Perdi uma conta telefônica antiga e precisava da segunda via. Ao dizer em voz alta "segunda via", a voz computada disse, numa simpatia contagiante: "Entendi, você disse segunda via. Mas você já pagou a sua conta, não necessita da segunda via". Então, tentei: "Perdi a conta e preciso da segunda via". Escutei: "Entendi, você disse segunda via. Mas você já pagou a sua conta, não necessita da segunda via". Levei um tempo me divertindo. Porque parti para a ignorância e passei a falar palavras estranhas, como "rocambole". E porque reconheci a voz do meu amigo e colega de faculdade, um grande piadista por sinal, Paulo Sharlack. Que sucede a voz do meu amigo e colega do colegial, Maurício Pereira, que dá as boas-vindas do SAC. Não resolvi o problema naquela tarde. Mas matei as saudades de ambos.
SL: ou Second Life, ambiente virtual em 3D que simula a vida real. Jogo criado pelo Linden Lab. Foi sensação do mercado publicitário no final dos anos 2000. Graças ao realismo da animação, os usuários (avatares) podem ver e interagir com o outro (avatar). Uma mentirinha convivendo com outras. Até a maioria sacar que está perdendo coisas mais interessantes da FL (First Life), a vida real, enquanto vivem como avatares idealizados na second. Virtualmente já somos simulacros de nós mesmos, imagens redesenhadas para redes sociais. Não precisamos de outro universo, ou melhor "metaverso", para viver. Diante da decadência, o Lab disponibilizou a versão 2.0 em 2010, que dividiu a vida de mentirinha em ilhas como Welcome Island, para novos jogadores, Freebies, ilhas com itens gratuitos, além de ilhas de nudismo, sexo virtual, compras, praias e discotecas. Um metaverso complexo e esquisitão. Perfeito pra quem tem tempo disponível. E parafusos a menos. Ver bonecos (avatares) pelados em praias de mentirinha? Sinistro...
WWIS: Quando se pensa que já inventaram as maiores idiotices da humanidade, sempre tem uma que supera. É a sigla de What Would I Say (O Que Eu Deveria Dizer), aplicativo que trabalha com o utilitário BOT, de "robot", e se espalha como uma praga. WWIS gera automaticamente comentários no Facebook que parecem escritos por você. Tecnicamente falando, usa o modelo BOT, algoritmos e inteligência artificial, para misturar posts anteriores. Você quer ser uma pessoa atuante nas redes, mas não sabe como nem tem tempo. Quer passar uma imagem divertida, antenada. A de um ativista sedutor. Como um robô com seu teclado no colo, o WWIS seleciona frases bacanas e as espalha, para disseminar não suas ideias, mas as ideias que querem que você as tenha ou que você deveria ter. O que eu posso dizer... Coisa de maluco.
Pipoca: É uma tremenda descoberta. A figura do pipoqueiro, então, proustiana. Problema é cair em mãos erradas, como o plutônio. Em salas de cinema. Em sacos maiores que estômagos. Se acontece comigo, acontece com você: em quase todo filme, um esfomeado na fileira de trás passa os créditos, a introdução do longa, o segundo ato, até o ponto de virada, mastigando milho como um cavalo. O drama se intensifica, a irritação também. Pode apostar, é na cena mais intensa da trama que o quadrúpede chacoalha o saco, como se estivesse na Timbalada, para espalhar o sal depositado. Pensei em várias maneiras protestar. A que mais me seduz: usar um turbante e levar um timbal para entrar no ritmo do chocalho, cantando "fui embora, meu amor chorou, eu vou nos beijos de um beija-flor, no tique-taque do meu coração, yo quero te namorar, amor".
Saco de balas: Tenho certeza de que grandes divas, como Fernanda, Tônia e Bibi, pensaram em largar o ofício quando começou a venda de pacotes de balas nos teatros. Cujo glutão, provavelmente parente do animal que passa um filme mastigando milho, não percebe que aquele barulhinho, desembrulhar uma jujuba, um delicado ou uma balinha de hortelã, desconcentra até a camareira que tenta dormir na coxia durante a peripécia que já ouviu centenas de vezes, que antecede a revelação da protagonista, como as representadas por Fernanda, Tônia e Bibi.
Buzina: Primeiro inventaram o automóvel. Depois perceberam que transeuntes e animais não saíam da frente, estupefatos ao ver que aquele veículo com rodas se movia sem tração de quatro patas. Inventaram a buzina com os princípios de uma corneta, que substituiu os gritos de "sai da frente!". Educou a população que não conhecia a novidade. Sofisticou-se. Passou a ser intermitente e ao alcance dos dedos. O que tornou não mais uma ferramenta para a segurança do trânsito, mas objeto de vingança, assédio, grosseria, descontrole emocional, alívio de estresse e forma de pressão, como se o alto índice de decibéis produzido fosse capaz de fazer outros automóveis saírem da frente, criarem espaço livre para o carro da besta que buzina prosseguir.
Cigarro: Dizem que Colombo jogou fora o tabaco com que foi presenteado. Sensato. Mas um marinheiro levou para a Espanha, se gabou pelas ruas mascando aquela planta considerada do "diablo". Em 1561, o embaixador francês em Portugal, Jean Nicot, percebeu que o tabaco aliviava sua enxaqueca. Tinha que ser um francês... Descobriu de onde vem a palavra nicotina? Que depois foi enrolado por uma máquina, encurtou a vida dos nossos avós e se transformou numa epidemia aparentemente inocente e glamorosa. Se você, como eu, foi viciado, sofreu o diabo para largar, dá umas pigarreadas até hoje e escuta de todo médico que consulta, "ex-fumante?", como uma repreensão, como se seus dias estivessem contados, sabe do que falo. Invençãozinha do capeta.
Alarme de carro: Nem preciso me alongar. Talvez seja uma unanimidade: é das mais estúpidas invenções. Porque não reduziu o índice de roubos de carro e só aumentou as noites mal dormidas de milhões de inocentes. Uma pergunta. Depois de escutar repetidamente por minutos, "fué, fué, fué, atenção, este veículo está sendo roubado e é monitorado pela empresa tal, por favor ligue para zero oitocentos xis xis xis, obrigado", alguém ligou?
Atendimento automático pelo telefone: É aquela voz humana reproduzida por um computador do serviço de atendimento ao consumidor. Que não pede para você digitar um para "sim", dois para "não", três para "mais opções" ou nove para "voltar ao menu anterior", mas para você falar o que pretende. O que deixa a família desavisada em pânico, com suspeitas de que chegou o momento da internação: a fase sem volta em que você começou a falar sozinho. Não basta falar claramente e pausadamente. É preciso adivinhar o que deve ser dito para ser atendido, que palavra-chave os programadores escolheram. Por exemplo. Perdi uma conta telefônica antiga e precisava da segunda via. Ao dizer em voz alta "segunda via", a voz computada disse, numa simpatia contagiante: "Entendi, você disse segunda via. Mas você já pagou a sua conta, não necessita da segunda via". Então, tentei: "Perdi a conta e preciso da segunda via". Escutei: "Entendi, você disse segunda via. Mas você já pagou a sua conta, não necessita da segunda via". Levei um tempo me divertindo. Porque parti para a ignorância e passei a falar palavras estranhas, como "rocambole". E porque reconheci a voz do meu amigo e colega de faculdade, um grande piadista por sinal, Paulo Sharlack. Que sucede a voz do meu amigo e colega do colegial, Maurício Pereira, que dá as boas-vindas do SAC. Não resolvi o problema naquela tarde. Mas matei as saudades de ambos.
A agonia do colesterol - DRAUZIO VARELLA
FOLHA DE SP - 30/11
Se reduzir os níveis de colesterol não confere proteção, por que insistir nas estatinas?
Nunca me convenci de que essa obsessão para abaixar o colesterol às custas de remédio aumentasse a longevidade de pessoas saudáveis.
Essa crença --que fez das estatinas o maior sucesso comercial da história da medicina-- tomou conta da cardiologia a partir de dois estudos observacionais: Seven Cities e Framingham, iniciados nos anos 1950.
Considerados tendenciosos por vários especialistas, o Seven Cities pretendeu demonstrar que os ataques cardíacos estariam ligados ao consumo de gordura animal, enquanto o Framingham concluiu que eles guardariam relação direta com o colesterol.
A partir dos anos 1980, o aparecimento das estatinas (drogas que reduzem os níveis de colesterol) abafou as vozes discordantes, e a classe médica foi tomada por um furor anticolesterol que contagiou a população. Hoje, todos se preocupam com os alimentos gordurosos e tratam com intimidade o "bom" (HDL) e o "mau" colesterol (LDL).
As diretrizes americanas publicadas em 2001 recomendavam manter o LDL abaixo de cem a qualquer preço. Ainda que fosse preciso quadruplicar a dose de estatina ou combiná-la com outras drogas, sem nenhuma evidência científica que justificasse tal conduta.
Apenas nos Estados Unidos, esse alvo absolutamente arbitrário fez o número de usuários de estatinas saltar de 13 milhões para 36 milhões. Nenhum estudo posterior, patrocinado ou não pela indústria, conseguiu demonstrar que essa estratégia fez cair a mortalidade por doença cardiovascular.
Cardiologistas radicais foram mais longe: o LDL deveria ser mantido abaixo de 70, alvo inacessível a mortais como você e eu. Seríamos tantos os candidatos ao tratamento, que sairia mais barato acrescentar estatina ao suprimento de água domiciliar, conforme sugeriu um eminente professor americano.
Pois bem. Depois de cinco anos de análises dos estudos mais recentes, a American Heart Association e a American College of Cardiology, entidades sem fins lucrativos, mas que recebem auxílios generosos da indústria farmacêutica, atualizaram as diretrizes de 2001.
Pasme, leitor de inteligência mediana como eu. Segundo elas, os níveis de colesterol não interessam mais.
Portanto, se seu LDL é alto não fique aflito para reduzi-lo: o risco de sofrer ataque cardíaco ou derrame cerebral não será modificado. Em português mais claro, esqueça tudo o que foi dito nos últimos 30 anos.
A indústria não sofrerá prejuízos, no entanto: as estatinas devem até ampliar sua participação no mercado. Agora serão prescritas para a multidão daqueles com mais de 7,5% de chance de sofrer ataque cardíaco ou derrame cerebral nos dez anos seguintes, risco calculado a partir de uma fórmula nova que já recebe críticas dos especialistas.
Se reduzir os níveis de colesterol não confere proteção, por que insistir nas estatinas? Porque elas têm ações anti-inflamatórias e estabilizadoras das placas de aterosclerose, que podem dificultar o desprendimento de coágulos capazes de obstruir artérias menores.
O argumento é consistente, mas qual o custo-benefício?
Recém-publicado no "British Medical Journal", um artigo baseado nos mesmos estudos avaliados pelas diretrizes mostrou que naqueles com menos de 20% de risco em dez anos as estatinas não reduzem o número de mortes nem de eventos mais graves. Nesse grupo seria necessário tratar 140 pessoas para evitar um caso de infarto do miocárdio ou de derrame cerebral não fatais.
Ou seja, 139 tomarão inutilmente medicamentos caros que em até 20% dos casos podem provocar dores musculares, problemas gastrointestinais, distúrbios de sono e de memória e disfunção erétil.
A indicação de estatina no diabetes e para quem já sofreu ataque cardíaco, por enquanto, resiste às críticas.
Se você, leitor com boa saúde, toma remédio para o colesterol, converse com seu médico, mas esteja certo de que ele conhece a literatura e leu com espírito crítico as 32 páginas das novas diretrizes citadas nesta coluna.
Preste atenção: mais de 80% dos ataques cardíacos ocorrem por conta do cigarro, vida sedentária, obesidade, pressão alta e diabetes. Imaginar ser possível evitá-los sentado na poltrona, às custas de uma pílula para abaixar o colesterol, é pensamento mágico.
Se reduzir os níveis de colesterol não confere proteção, por que insistir nas estatinas?
Nunca me convenci de que essa obsessão para abaixar o colesterol às custas de remédio aumentasse a longevidade de pessoas saudáveis.
Essa crença --que fez das estatinas o maior sucesso comercial da história da medicina-- tomou conta da cardiologia a partir de dois estudos observacionais: Seven Cities e Framingham, iniciados nos anos 1950.
Considerados tendenciosos por vários especialistas, o Seven Cities pretendeu demonstrar que os ataques cardíacos estariam ligados ao consumo de gordura animal, enquanto o Framingham concluiu que eles guardariam relação direta com o colesterol.
A partir dos anos 1980, o aparecimento das estatinas (drogas que reduzem os níveis de colesterol) abafou as vozes discordantes, e a classe médica foi tomada por um furor anticolesterol que contagiou a população. Hoje, todos se preocupam com os alimentos gordurosos e tratam com intimidade o "bom" (HDL) e o "mau" colesterol (LDL).
As diretrizes americanas publicadas em 2001 recomendavam manter o LDL abaixo de cem a qualquer preço. Ainda que fosse preciso quadruplicar a dose de estatina ou combiná-la com outras drogas, sem nenhuma evidência científica que justificasse tal conduta.
Apenas nos Estados Unidos, esse alvo absolutamente arbitrário fez o número de usuários de estatinas saltar de 13 milhões para 36 milhões. Nenhum estudo posterior, patrocinado ou não pela indústria, conseguiu demonstrar que essa estratégia fez cair a mortalidade por doença cardiovascular.
Cardiologistas radicais foram mais longe: o LDL deveria ser mantido abaixo de 70, alvo inacessível a mortais como você e eu. Seríamos tantos os candidatos ao tratamento, que sairia mais barato acrescentar estatina ao suprimento de água domiciliar, conforme sugeriu um eminente professor americano.
Pois bem. Depois de cinco anos de análises dos estudos mais recentes, a American Heart Association e a American College of Cardiology, entidades sem fins lucrativos, mas que recebem auxílios generosos da indústria farmacêutica, atualizaram as diretrizes de 2001.
Pasme, leitor de inteligência mediana como eu. Segundo elas, os níveis de colesterol não interessam mais.
Portanto, se seu LDL é alto não fique aflito para reduzi-lo: o risco de sofrer ataque cardíaco ou derrame cerebral não será modificado. Em português mais claro, esqueça tudo o que foi dito nos últimos 30 anos.
A indústria não sofrerá prejuízos, no entanto: as estatinas devem até ampliar sua participação no mercado. Agora serão prescritas para a multidão daqueles com mais de 7,5% de chance de sofrer ataque cardíaco ou derrame cerebral nos dez anos seguintes, risco calculado a partir de uma fórmula nova que já recebe críticas dos especialistas.
Se reduzir os níveis de colesterol não confere proteção, por que insistir nas estatinas? Porque elas têm ações anti-inflamatórias e estabilizadoras das placas de aterosclerose, que podem dificultar o desprendimento de coágulos capazes de obstruir artérias menores.
O argumento é consistente, mas qual o custo-benefício?
Recém-publicado no "British Medical Journal", um artigo baseado nos mesmos estudos avaliados pelas diretrizes mostrou que naqueles com menos de 20% de risco em dez anos as estatinas não reduzem o número de mortes nem de eventos mais graves. Nesse grupo seria necessário tratar 140 pessoas para evitar um caso de infarto do miocárdio ou de derrame cerebral não fatais.
Ou seja, 139 tomarão inutilmente medicamentos caros que em até 20% dos casos podem provocar dores musculares, problemas gastrointestinais, distúrbios de sono e de memória e disfunção erétil.
A indicação de estatina no diabetes e para quem já sofreu ataque cardíaco, por enquanto, resiste às críticas.
Se você, leitor com boa saúde, toma remédio para o colesterol, converse com seu médico, mas esteja certo de que ele conhece a literatura e leu com espírito crítico as 32 páginas das novas diretrizes citadas nesta coluna.
Preste atenção: mais de 80% dos ataques cardíacos ocorrem por conta do cigarro, vida sedentária, obesidade, pressão alta e diabetes. Imaginar ser possível evitá-los sentado na poltrona, às custas de uma pílula para abaixar o colesterol, é pensamento mágico.
O drama de Lucas - DANIEL TABAK
O GLOBO - 30/11
Cerca de 70% dos que precisam de transplante de medula óssea não possuem doador compatível na família. A esperança reside em mais de 21 milhões de doadores adultos
Lucas tem 9 anos. O Vasco da Gama é sua paixão e ele adora os jogos eletrônicos. Ele tem sonhos. Muitos. Ele espera que, neste Natal, o maior deles seja realizado. Ele escreveu uma carta com um pedido diferente ao Papai Noel. Lucas tem uma forma grave de leucemia e, portanto, precisa de um transplante de medula óssea para continuar sonhando. Lucas pediu a Papai Noel um doador para um transplante que pode salvar a sua vida.
A generosidade do Papai Noel e de seus agentes aqui entre nós, entretanto, pode ser frustrada. Lucas é negro e a representatividade desta etnia nos registros de doadores de medula óssea é pequena. Não apenas no Brasil, mas também em todo o mundo.
A leucemia não atinge somente Lucas. A cada quatro minutos, uma pessoa é diagnosticada com câncer do sangue. A cada dez minutos uma pessoa morre com este diagnóstico. No mundo, estes números representam mais de seis pessoas a cada hora ou cerca de 150 pessoas por dia. Os pacientes, seus médicos, suas famílias e seus amigos buscam desesperadamente a cura. E ela pode vir através de um de nós.
Cerca de 70% dos pacientes que precisam de um transplante de medula óssea não possuem um doador compatível na família. A sua esperança reside em mais de 21 milhões de doadores adultos potenciais cadastrados bem como em quase 600 mil unidades de células de cordão umbilical armazenadas nos bancos de doadores existentes em todo o mundo, incluindo o Brasil.
Qual o tamanho do registro necessário para atender a toda a população mundial? A variabilidade é extrema e a dificuldade na identificação dos doadores reside na multiplicidade das combinações de marcadores genéticos que fazem cada indivíduo ser único. A natureza, entretanto, permitiu que determinadas combinações fossem toleradas e assim os milhões de doadores representam de fato a esperança de cura para os pacientes.
Para um indivíduo caucasiano, a possibilidade de identificação de um doador compatível é mais de 90%. Os registros de busca estimam que com mais um pequeno esforço será possível atingir o número mágico necessário para que um doador seja identificado para todos aqueles pacientes.
Já para os pacientes negros, os números são bem diferentes. Segundo o programa Be a Match (Seja um Doador), nos EUA apenas 66% dos pacientes afrodescendentes têm um doador identificado. Nesse sentido, há um esforço de todos os registros de doadores para o recrutamento daqueles que representam as minorias étnicas.
No entanto, no Brasil, a situação é ainda diferente. As pessoas que tentaram ajudar Lucas viram os seus esforços malograr. Não pela variabilidade do nosso sistema genético, mas pelo sistema que acredita que as células tumorais respeitam os ditames da nossa burocracia. O registro brasileiro que dispõe de mais de 3 milhões de doadores — sendo, assim, o terceiro maior registro de doadores do mundo — não aceita novos doadores, independentemente da etnia.
A portaria no 2.132, de 25 de setembro de 2013 publicada no Diário Oficial da União, visa a “garantir a adequada representatividade da diversidade genética da população brasileira nesses registros, garantir a oportunidade de identificação de doadores compatíveis e de assegurar a utilização adequada dos recursos financeiros disponíveis no SUS”. Restringir o cadastro de doadores voluntários por estado, como determina a portaria, certamente não irá aumentar a diversidade étnica do nosso registro. Alcançar este objetivo fica ainda mais distante quando aprendemos que o Amazonas terá direito a cadastrar 10.162 doadores por ano. Os critérios que estabelecem a cota de São Paulo em 72.110 e a do Rio de Janeiro em 14.040 doadores também fogem à compreensão. O mundo globalizado não admite regionalidades quando o objetivo é enfrentar o câncer de sangue em todas as etnias. Como justificar as diferentes cotas estaduais?
Quando o sistema é questionado sobre os motivos da recusa de novos doadores, os investimentos dos últimos dez anos são logo apresentados. De fato, os avanços são inquestionáveis. Milhões de reais foram gastos na identificação de doadores para o transplante de medula óssea. Entretanto, o sistema não consegue definir quantos dos nossos 3 milhões de doadores podem ser realmente disponibilizados quando solicitados. E, dentre estes doadores, quantos são negros?
Os milhões de reais e o tamanho do Registro também não serão suficientes para garantir o transplante de Lucas e de muitos outros. A maratona daqueles que sobrevivem ao tratamento inicial não se encerra com a identificação do doador. Como explicar que o Rio de Janeiro, com uma população de mais de dez milhões de habitantes e sede do Registro Brasileiro (Redome), dispõe de apenas dois leitos ativos para os transplantes a partir de doadores identificados neste mesmo Registro?
A batalha para conquistar um leito em um dos centros credenciados frequentemente fracassa, pois o número limitado de leitos aguarda uma nova política de expansão. Enquanto isso, a leucemia não espera. Ela mata!
Como reduzir os custos das tipagens de doadores e mesmo assim ampliar os registros? Um exemplo de sucesso é o registro alemão — o DKMS —, que aceita amostras para tipagens oriundas de doadores de todo o mundo, inclusive do Brasil. Além disso, o programa alemão substituiu a coleta de sangue de potenciais doadores por um esfregaço de células da mucosa bucal obtido com um simples cotonete, permitindo, assim, o envio da amostra pelo correio sem nenhum risco de contaminação. O custo para o governo alemão é de apenas 50 euros. Doações são bem-vindas. É só conferir http://www.dkms.de/en
Cerca de 70% dos que precisam de transplante de medula óssea não possuem doador compatível na família. A esperança reside em mais de 21 milhões de doadores adultos
Lucas tem 9 anos. O Vasco da Gama é sua paixão e ele adora os jogos eletrônicos. Ele tem sonhos. Muitos. Ele espera que, neste Natal, o maior deles seja realizado. Ele escreveu uma carta com um pedido diferente ao Papai Noel. Lucas tem uma forma grave de leucemia e, portanto, precisa de um transplante de medula óssea para continuar sonhando. Lucas pediu a Papai Noel um doador para um transplante que pode salvar a sua vida.
A generosidade do Papai Noel e de seus agentes aqui entre nós, entretanto, pode ser frustrada. Lucas é negro e a representatividade desta etnia nos registros de doadores de medula óssea é pequena. Não apenas no Brasil, mas também em todo o mundo.
A leucemia não atinge somente Lucas. A cada quatro minutos, uma pessoa é diagnosticada com câncer do sangue. A cada dez minutos uma pessoa morre com este diagnóstico. No mundo, estes números representam mais de seis pessoas a cada hora ou cerca de 150 pessoas por dia. Os pacientes, seus médicos, suas famílias e seus amigos buscam desesperadamente a cura. E ela pode vir através de um de nós.
Cerca de 70% dos pacientes que precisam de um transplante de medula óssea não possuem um doador compatível na família. A sua esperança reside em mais de 21 milhões de doadores adultos potenciais cadastrados bem como em quase 600 mil unidades de células de cordão umbilical armazenadas nos bancos de doadores existentes em todo o mundo, incluindo o Brasil.
Qual o tamanho do registro necessário para atender a toda a população mundial? A variabilidade é extrema e a dificuldade na identificação dos doadores reside na multiplicidade das combinações de marcadores genéticos que fazem cada indivíduo ser único. A natureza, entretanto, permitiu que determinadas combinações fossem toleradas e assim os milhões de doadores representam de fato a esperança de cura para os pacientes.
Para um indivíduo caucasiano, a possibilidade de identificação de um doador compatível é mais de 90%. Os registros de busca estimam que com mais um pequeno esforço será possível atingir o número mágico necessário para que um doador seja identificado para todos aqueles pacientes.
Já para os pacientes negros, os números são bem diferentes. Segundo o programa Be a Match (Seja um Doador), nos EUA apenas 66% dos pacientes afrodescendentes têm um doador identificado. Nesse sentido, há um esforço de todos os registros de doadores para o recrutamento daqueles que representam as minorias étnicas.
No entanto, no Brasil, a situação é ainda diferente. As pessoas que tentaram ajudar Lucas viram os seus esforços malograr. Não pela variabilidade do nosso sistema genético, mas pelo sistema que acredita que as células tumorais respeitam os ditames da nossa burocracia. O registro brasileiro que dispõe de mais de 3 milhões de doadores — sendo, assim, o terceiro maior registro de doadores do mundo — não aceita novos doadores, independentemente da etnia.
A portaria no 2.132, de 25 de setembro de 2013 publicada no Diário Oficial da União, visa a “garantir a adequada representatividade da diversidade genética da população brasileira nesses registros, garantir a oportunidade de identificação de doadores compatíveis e de assegurar a utilização adequada dos recursos financeiros disponíveis no SUS”. Restringir o cadastro de doadores voluntários por estado, como determina a portaria, certamente não irá aumentar a diversidade étnica do nosso registro. Alcançar este objetivo fica ainda mais distante quando aprendemos que o Amazonas terá direito a cadastrar 10.162 doadores por ano. Os critérios que estabelecem a cota de São Paulo em 72.110 e a do Rio de Janeiro em 14.040 doadores também fogem à compreensão. O mundo globalizado não admite regionalidades quando o objetivo é enfrentar o câncer de sangue em todas as etnias. Como justificar as diferentes cotas estaduais?
Quando o sistema é questionado sobre os motivos da recusa de novos doadores, os investimentos dos últimos dez anos são logo apresentados. De fato, os avanços são inquestionáveis. Milhões de reais foram gastos na identificação de doadores para o transplante de medula óssea. Entretanto, o sistema não consegue definir quantos dos nossos 3 milhões de doadores podem ser realmente disponibilizados quando solicitados. E, dentre estes doadores, quantos são negros?
Os milhões de reais e o tamanho do Registro também não serão suficientes para garantir o transplante de Lucas e de muitos outros. A maratona daqueles que sobrevivem ao tratamento inicial não se encerra com a identificação do doador. Como explicar que o Rio de Janeiro, com uma população de mais de dez milhões de habitantes e sede do Registro Brasileiro (Redome), dispõe de apenas dois leitos ativos para os transplantes a partir de doadores identificados neste mesmo Registro?
A batalha para conquistar um leito em um dos centros credenciados frequentemente fracassa, pois o número limitado de leitos aguarda uma nova política de expansão. Enquanto isso, a leucemia não espera. Ela mata!
Como reduzir os custos das tipagens de doadores e mesmo assim ampliar os registros? Um exemplo de sucesso é o registro alemão — o DKMS —, que aceita amostras para tipagens oriundas de doadores de todo o mundo, inclusive do Brasil. Além disso, o programa alemão substituiu a coleta de sangue de potenciais doadores por um esfregaço de células da mucosa bucal obtido com um simples cotonete, permitindo, assim, o envio da amostra pelo correio sem nenhum risco de contaminação. O custo para o governo alemão é de apenas 50 euros. Doações são bem-vindas. É só conferir http://www.dkms.de/en
O palanque-rinque do Facebook - FLÁVIO ST. JAYME
GAZETA DO POVO PR - 30/11
Vivemos numa época em que todos têm voz. Ao menos em suas páginas das redes sociais. Compartilhamos nossos interesses, nossas fotos, nossa vida nessa sociedade cada vez mais conectada e tornamos o particular cada vez mais público. Em tempos de protestos, manifestações, prisões de mensaleiros e discussões sobre cotas raciais ou uso de animais em pesquisas médicas, uma coisa mais é compartilhada: nossa opinião.
Há quem diga que isso é uma coisa boa, que é um debate saudável. Em alguns casos, pode até ser que realmente seja. Em poucos casos. Na maioria deles o que vemos são pessoas atirando suas verdades publicamente no Twitter, no Facebook, no Instagram ou em qualquer outra rede social com o intuito de, além de mostrar sua opinião, mostrar-se superior àquele que tenha uma opinião divergente e alfinetá-lo.
Sempre que um tema polêmico vem à tona é bem fácil notar esse comportamento. Tomemos como exemplo as prisões decretadas dos envolvidos no mensalão e o Facebook. Você com certeza já viu alguma manifestação de alguns dos seus amigos, certo? Você foi contra o que ele escreveu? A favor? Opinou? É frequente notar em que uma aparentemente simples postagem (nem sempre inocente, vá lá) pode se transformar. Assim como um Dr. Banner que, quando irritado, se transforma em um monstro verde, parece que é só alguém contrariar uma opinião que soa o gongo e os Hulks da internet entram no ringue.
O que começou como uma expressão de uma opinião vira troca de farpas, ironias e, em pouco tempo, troca de ofensas e acusações. Os dois lados da briga, pois sempre há dois lados, se posicionam com suas melhores armas, geralmente não de defesa de sua opinião, mas de ataque a quem ouse discordar dela.
Instantaneamente todos se transformaram em sociólogos, estudiosos de política, economia, direito, biologia e o que mais for conveniente no momento. Geralmente sem ler nem um texto sequer sobre o assunto discutido. Tornam-se reféns de uma notícia picada ali, um resumo acolá, uma opinião de um jornalista extremista de cá, uma imagem de um site de humor dali e pronto: são especialistas.
O aumento do número de usuários do Facebook no Brasil (o segundo em número de usuários no mundo: um terço da população tem conta) e a popularização de smartphones contribuiu para esse debate. Para bem ou para mal. Cada vez mais opiniões são compartilhadas, sejam elas radicais ou não, embasadas ou não. Comumente recheadas de erros de português, elas pipocam na timeline diariamente, compartilhadas por amigos, defendidas por alguns e contrariadas por outros.
Não quero dar a entender que compartilhar sua opinião não seja uma coisa boa. É. E, claro, cada um tem a liberdade de postar o que bem entender em sua página. Seja foto de seu gatinho, de seu prato de comida ou sua opinião sobre a política nacional. O incômodo vem de quando esta opinião é o estopim, quando o palanque onde se está defendendo uma ideia se torna o ringue de batalha. Vem de quando esta mesma opinião é embasada em achismos e convicções políticas que, conclui-se, são suficientes para achincalhar quem pense diferente. É como se algumas pessoas se empenhassem bem mais em atacar quem é contra em vez de defender suas próprias ideias e justificar porque ela mesma é a favor.
Vivemos numa época em que todos têm voz. Ao menos em suas páginas das redes sociais. Compartilhamos nossos interesses, nossas fotos, nossa vida nessa sociedade cada vez mais conectada e tornamos o particular cada vez mais público. Em tempos de protestos, manifestações, prisões de mensaleiros e discussões sobre cotas raciais ou uso de animais em pesquisas médicas, uma coisa mais é compartilhada: nossa opinião.
Há quem diga que isso é uma coisa boa, que é um debate saudável. Em alguns casos, pode até ser que realmente seja. Em poucos casos. Na maioria deles o que vemos são pessoas atirando suas verdades publicamente no Twitter, no Facebook, no Instagram ou em qualquer outra rede social com o intuito de, além de mostrar sua opinião, mostrar-se superior àquele que tenha uma opinião divergente e alfinetá-lo.
Sempre que um tema polêmico vem à tona é bem fácil notar esse comportamento. Tomemos como exemplo as prisões decretadas dos envolvidos no mensalão e o Facebook. Você com certeza já viu alguma manifestação de alguns dos seus amigos, certo? Você foi contra o que ele escreveu? A favor? Opinou? É frequente notar em que uma aparentemente simples postagem (nem sempre inocente, vá lá) pode se transformar. Assim como um Dr. Banner que, quando irritado, se transforma em um monstro verde, parece que é só alguém contrariar uma opinião que soa o gongo e os Hulks da internet entram no ringue.
O que começou como uma expressão de uma opinião vira troca de farpas, ironias e, em pouco tempo, troca de ofensas e acusações. Os dois lados da briga, pois sempre há dois lados, se posicionam com suas melhores armas, geralmente não de defesa de sua opinião, mas de ataque a quem ouse discordar dela.
Instantaneamente todos se transformaram em sociólogos, estudiosos de política, economia, direito, biologia e o que mais for conveniente no momento. Geralmente sem ler nem um texto sequer sobre o assunto discutido. Tornam-se reféns de uma notícia picada ali, um resumo acolá, uma opinião de um jornalista extremista de cá, uma imagem de um site de humor dali e pronto: são especialistas.
O aumento do número de usuários do Facebook no Brasil (o segundo em número de usuários no mundo: um terço da população tem conta) e a popularização de smartphones contribuiu para esse debate. Para bem ou para mal. Cada vez mais opiniões são compartilhadas, sejam elas radicais ou não, embasadas ou não. Comumente recheadas de erros de português, elas pipocam na timeline diariamente, compartilhadas por amigos, defendidas por alguns e contrariadas por outros.
Não quero dar a entender que compartilhar sua opinião não seja uma coisa boa. É. E, claro, cada um tem a liberdade de postar o que bem entender em sua página. Seja foto de seu gatinho, de seu prato de comida ou sua opinião sobre a política nacional. O incômodo vem de quando esta opinião é o estopim, quando o palanque onde se está defendendo uma ideia se torna o ringue de batalha. Vem de quando esta mesma opinião é embasada em achismos e convicções políticas que, conclui-se, são suficientes para achincalhar quem pense diferente. É como se algumas pessoas se empenhassem bem mais em atacar quem é contra em vez de defender suas próprias ideias e justificar porque ela mesma é a favor.
Melhor que a Britannica - SÉRGIO AUGUSTO
O Estado de S.Paulo - 30/11
Tão ou até mais triste que um país que precisa de heróis é uma criança que nunca idolatrou um herói do futebol.
Em geral, os heróis da criançada ou se destacam no ataque, fazendo muitos gols, ou debaixo das traves, defendendo-as com destreza, arrojo e alguma ostentação. Meu primeiro (e único) ídolo não era, estranhamente, nem atacante nem goleiro. Vi jogar Pelé, Garrincha, Zizinho, Didi, mas acontece que Nilton Santos foi meu primeiro coup de foudre futebolístico e jamais deixei de lhe ser tão fiel quanto ele foi ao Botafogo, seu único clube ao longo da carreira, que durou 16 anos (1948-1964), e da vida, que durou 88 e chegou ao fim na última quarta-feira.
Se eu fosse um pouquinho mais velho, dificilmente teria escapado aos sortilégios do temperamental e galante artilheiro Heleno de Freitas, mas quando despertei para o futebol, Silvio Pirilo já ocupara seu lugar no ataque alvinegro. Restou-me Nilton Santos. Ou melhor, o garbo, a elegância e a mestria de Nilton Santos, com sua marcação precisa e leal, seu raciocínio rápido, sua perfeita noção de passe e cobertura, seus dribles desconcertantes dentro e fora da área, seus vistosos e audaciosos avanços ao ataque. Os dois, aliás, só atuaram juntos quatro vezes, em maio de 1948.
Nilton, naquela época, era apenas Santos. Havia outro Nilton no time e o jeito foi distingui-lo pelo sobrenome, só reincorporado ao prenome quando o convocaram para a seleção brasileira, pois nela havia outro Santos, Djalma.
Santos ainda estava sem o Nilton ao ser biografado pela revista Vida do Crack, em setembro de 1953. Custava cinco cruzeiros o exemplar, eu queria dois (um para guardar, outro para recortar e fazer um álbum), minha mãe disse não (alegando já ter estourado minha mesada com gibis e ingressos de cinema), minha avó me salvou. Ao ouvir que eu queria comprar "a vida do Santos", vovó persignou-se, e, acompanhadas de um conselho ("Isto mesmo, meu filho, é melhor você ler sobre a vida dos santos do que histórias em quadrinhos"), depositou na minha mão duas notas de cinco, o dobro do que eu mendigara.
O álbum há muito sumiu, mas o segundo exemplar da Vida do Crack permanece comigo até hoje, em perfeito estado de conservação, guardado a não sei quantas chaves como se fosse a Bíblia de Mongúncia. Depois então que o biografado craque o autografou, na primeira Feijoada do Fogão, dez anos atrás, seu valor tornou-se rigorosamente inestimável. "Se eu fosse você, não o trocaria nem por um desenho original do Michelangelo", aconselhou-me a sério o arquibotafoguense João Moreira Salles. E ele nem viu Nilton Santos jogar ao vivo.
Atacante nas peladas adolescentes, só virou defensor por teimosia do então presidente do Botafogo, Carlito Rocha, que ao vê-lo no primeiro teste em General Severiano, perguntou: "Rapaz, você joga com a cabeça?". Crente que jogar com a cabeça significava jogar de forma inteligente, Nilton respondeu afirmativamente. "Salte", ordenou Carlito. Nilton saltou. "Esqueça o ataque, rapaz", disse o cartola. E profetizou: "Na defesa, você será campeão carioca, brasileiro e sul-americano". Em menos de dois anos a profecia se cumpriu.
Nilton foi campeão carioca (quatro vezes), brasileiro, sul-americano (o primeiro título internacional de nossa seleção, no Pan-Americano do Chile, em 1952), venceu um Rio-São Paulo e duas Copas do Mundo. No total, 26 títulos. Jamais perdeu uma final de campeonato. Vale lembrar que na infausta Copa de 1950, a primeira das quatro para as quais foi convocado, era reserva de Augusto, zagueiro do Vasco. Foi o único jogador a participar da fantástica evolução que se deu no futebol brasileiro entre 1950 e a Copa de 1962.
Conhecia tudo de bola. Dava-se ao luxo de driblar de costas o adversário porque sabia, pela sombra projetada no gramado, onde estava seu pé de apoio, saindo sempre pelo lado certo. Não ganhou gratuitamente o apelido de "Enciclopédia do Futebol", que o locutor esportivo Valdir Amaral tirou do colete durante a transmissão de uma partida memorável do Botafogo - e sobretudo do seu lateral esquerdo. Foi nessa posição que se consagrou como o primeiro ala moderno, de resto revelado ao mundo na tarde de 8 de junho de 1958, no estádio de Udevala, na Suécia, quando desrespeitou as ordens do treinador Vicente Feola, abandonou nosso setor defensivo, avançou célere com a bola pela esquerda, tabelou com o centroavante Mazzola, e marcou o segundo gol do Brasil.
Bem antes de ser eleito pela Fifa o melhor da posição em todos os tempos, já era um deus dos estádios de todo o continente. Conta-se que, no intervalo de um jogo do Botafogo contra o River Plate, na Cidade do México, o argentino Nestor Rossi aconselhou seu companheiro de equipe Federico Vairo, esbodegado de tanto levar dribles de Garrincha, a passar a mão nas pernas de Nilton: "Vá lá, passe a mão nas pernas dele, que seu jogo logo melhora. Anda, que o futebol de todos os beques do mundo está ali, naquelas pernas". Se deu certo a mandinga, não sei.
Com a idade, o fôlego mais curto, Nilton virou zagueiro, sem perder a classe nem a competência. Depois de aposentado, passou a dar show nas peladas do clube Trinta por Trinta, na zona sul do Rio, ao lado de jornalistas, artistas e outros aposentados. Ensinou ao também peladeiro Armando Nogueira a gastar por igual as laterais de sua Conga, no cimento do vestiário, para que os jogadores do time visitante não descobrissem de cara se ele era destro ou canhoto. Um sábio.
Armando o endeusava. "Não era um jogador de futebol, era uma exclamação", escreveu numa crônica. Consumido de saudades botafoguenses, encaixou nela este breve poema sobre o craque: "Tu em campo parecias tantos. E, no entanto - que encanto - eras um só Nilton Santos."
Creio ter sido Armando o autor do texto gravado, à guisa de dedicatória, naquela bola com que o jogador foi presenteado pelos amigos em 1983: "Mestre Nilton, hoje estou realizando o sonho de felicidade de todas as bolas do mundo: ser só sua para sempre".
Tão ou até mais triste que um país que precisa de heróis é uma criança que nunca idolatrou um herói do futebol.
Em geral, os heróis da criançada ou se destacam no ataque, fazendo muitos gols, ou debaixo das traves, defendendo-as com destreza, arrojo e alguma ostentação. Meu primeiro (e único) ídolo não era, estranhamente, nem atacante nem goleiro. Vi jogar Pelé, Garrincha, Zizinho, Didi, mas acontece que Nilton Santos foi meu primeiro coup de foudre futebolístico e jamais deixei de lhe ser tão fiel quanto ele foi ao Botafogo, seu único clube ao longo da carreira, que durou 16 anos (1948-1964), e da vida, que durou 88 e chegou ao fim na última quarta-feira.
Se eu fosse um pouquinho mais velho, dificilmente teria escapado aos sortilégios do temperamental e galante artilheiro Heleno de Freitas, mas quando despertei para o futebol, Silvio Pirilo já ocupara seu lugar no ataque alvinegro. Restou-me Nilton Santos. Ou melhor, o garbo, a elegância e a mestria de Nilton Santos, com sua marcação precisa e leal, seu raciocínio rápido, sua perfeita noção de passe e cobertura, seus dribles desconcertantes dentro e fora da área, seus vistosos e audaciosos avanços ao ataque. Os dois, aliás, só atuaram juntos quatro vezes, em maio de 1948.
Nilton, naquela época, era apenas Santos. Havia outro Nilton no time e o jeito foi distingui-lo pelo sobrenome, só reincorporado ao prenome quando o convocaram para a seleção brasileira, pois nela havia outro Santos, Djalma.
Santos ainda estava sem o Nilton ao ser biografado pela revista Vida do Crack, em setembro de 1953. Custava cinco cruzeiros o exemplar, eu queria dois (um para guardar, outro para recortar e fazer um álbum), minha mãe disse não (alegando já ter estourado minha mesada com gibis e ingressos de cinema), minha avó me salvou. Ao ouvir que eu queria comprar "a vida do Santos", vovó persignou-se, e, acompanhadas de um conselho ("Isto mesmo, meu filho, é melhor você ler sobre a vida dos santos do que histórias em quadrinhos"), depositou na minha mão duas notas de cinco, o dobro do que eu mendigara.
O álbum há muito sumiu, mas o segundo exemplar da Vida do Crack permanece comigo até hoje, em perfeito estado de conservação, guardado a não sei quantas chaves como se fosse a Bíblia de Mongúncia. Depois então que o biografado craque o autografou, na primeira Feijoada do Fogão, dez anos atrás, seu valor tornou-se rigorosamente inestimável. "Se eu fosse você, não o trocaria nem por um desenho original do Michelangelo", aconselhou-me a sério o arquibotafoguense João Moreira Salles. E ele nem viu Nilton Santos jogar ao vivo.
Atacante nas peladas adolescentes, só virou defensor por teimosia do então presidente do Botafogo, Carlito Rocha, que ao vê-lo no primeiro teste em General Severiano, perguntou: "Rapaz, você joga com a cabeça?". Crente que jogar com a cabeça significava jogar de forma inteligente, Nilton respondeu afirmativamente. "Salte", ordenou Carlito. Nilton saltou. "Esqueça o ataque, rapaz", disse o cartola. E profetizou: "Na defesa, você será campeão carioca, brasileiro e sul-americano". Em menos de dois anos a profecia se cumpriu.
Nilton foi campeão carioca (quatro vezes), brasileiro, sul-americano (o primeiro título internacional de nossa seleção, no Pan-Americano do Chile, em 1952), venceu um Rio-São Paulo e duas Copas do Mundo. No total, 26 títulos. Jamais perdeu uma final de campeonato. Vale lembrar que na infausta Copa de 1950, a primeira das quatro para as quais foi convocado, era reserva de Augusto, zagueiro do Vasco. Foi o único jogador a participar da fantástica evolução que se deu no futebol brasileiro entre 1950 e a Copa de 1962.
Conhecia tudo de bola. Dava-se ao luxo de driblar de costas o adversário porque sabia, pela sombra projetada no gramado, onde estava seu pé de apoio, saindo sempre pelo lado certo. Não ganhou gratuitamente o apelido de "Enciclopédia do Futebol", que o locutor esportivo Valdir Amaral tirou do colete durante a transmissão de uma partida memorável do Botafogo - e sobretudo do seu lateral esquerdo. Foi nessa posição que se consagrou como o primeiro ala moderno, de resto revelado ao mundo na tarde de 8 de junho de 1958, no estádio de Udevala, na Suécia, quando desrespeitou as ordens do treinador Vicente Feola, abandonou nosso setor defensivo, avançou célere com a bola pela esquerda, tabelou com o centroavante Mazzola, e marcou o segundo gol do Brasil.
Bem antes de ser eleito pela Fifa o melhor da posição em todos os tempos, já era um deus dos estádios de todo o continente. Conta-se que, no intervalo de um jogo do Botafogo contra o River Plate, na Cidade do México, o argentino Nestor Rossi aconselhou seu companheiro de equipe Federico Vairo, esbodegado de tanto levar dribles de Garrincha, a passar a mão nas pernas de Nilton: "Vá lá, passe a mão nas pernas dele, que seu jogo logo melhora. Anda, que o futebol de todos os beques do mundo está ali, naquelas pernas". Se deu certo a mandinga, não sei.
Com a idade, o fôlego mais curto, Nilton virou zagueiro, sem perder a classe nem a competência. Depois de aposentado, passou a dar show nas peladas do clube Trinta por Trinta, na zona sul do Rio, ao lado de jornalistas, artistas e outros aposentados. Ensinou ao também peladeiro Armando Nogueira a gastar por igual as laterais de sua Conga, no cimento do vestiário, para que os jogadores do time visitante não descobrissem de cara se ele era destro ou canhoto. Um sábio.
Armando o endeusava. "Não era um jogador de futebol, era uma exclamação", escreveu numa crônica. Consumido de saudades botafoguenses, encaixou nela este breve poema sobre o craque: "Tu em campo parecias tantos. E, no entanto - que encanto - eras um só Nilton Santos."
Creio ter sido Armando o autor do texto gravado, à guisa de dedicatória, naquela bola com que o jogador foi presenteado pelos amigos em 1983: "Mestre Nilton, hoje estou realizando o sonho de felicidade de todas as bolas do mundo: ser só sua para sempre".
Cinco palpites a - CACÁ DIEGUES
O GLOBO - 30/11
Aprendi a gostar de futebol vendo Nilton Santos jogar. Nilton não dependia de inspiração ou improviso, seu talento era pura luz
Nunca deixei de escrever por falta de assunto. Nosso mundo contemporâneo é pródigo em informação, sabemos logo de tudo que acontece, temos sempre assuntos demais. Também não precisamos ficar só nas novidades que nos desgostam, podemos de vez em quando dar uns palpites a favor.
Alegria
O Papa chamou seu recente documento oficial de “A alegria do Evangelho”. Nesse manifesto exaltante, Francisco propõe uma igreja com esse estado de espírito em relação a todos. O texto é uma longa extensão do que tem declarado, sobretudo quando esteve este ano no Rio de Janeiro, para a Jornada Mundial da Juventude.
Durante a Jornada, fiz a direção geral de “Rio de fé”, documentário realizado por cinco jovens cineastas (Cadu Barcellos, Cadu Valinoti, Flora Diegues, Gustavo Mello e Marcos Moura), com a coordenação de Ana Murgel, fotografia de João Atala, edição de Mair Tavares e Daniel Garcia, produção de Renata Magalhães. O documentário está para sair em DVD, antes do Natal.
Registramos depoimentos de peregrinos, de autoridades e sumidades. Acompanhamos fiéis vindos de todo o mundo, marchamos ao lado de um que veio a pé do Ceará e viajamos no ônibus de grupo vindo de Natal. Estivemos nos grandes eventos, como na vigília de mais de 3 milhões de jovens na Praia de Copacabana, assim como em encontros de peregrinos estrangeiros com praticantes de candomblé e em seminário reunindo bispos católicos, rabinos judeus e xeques muçulmanos. Independentemente de religião, assistíamos a uma rara vitória coletiva do amor, da tolerância e da delicadeza.
Por trás disso tudo, estavam as palavras de Francisco, talvez o líder mundial mais importante do momento, sua proposta do que chamou de “cultura do encontro”, a convivência entre os seres humanos sem importar suas qualificações. Esse manifesto do Papa só faz confirmar a impressão de que algo de muito novo está ocorrendo na Igreja Católica. E que isso servirá a todos.
Prazeres
Hoje, comemoram-se cinco anos de instalação pelo governo do estado da primeira UPP, inauguração de uma nova politica de segurança para as favelas do Rio.
As UPPs não são uma panaceia capaz de resolver a vida de todos os moradores dessas comunidades. O desaparecimento de Amarildo na Rocinha, a morte de inocentes em invasão brutal na Maré, os tiroteios constantes no Alemão, tudo isso nos mostra como será difícil conquistar a segurança necessária para viver e trabalhar em paz.
Os bandidos não se conformam de perder seu espaço e a polícia precisa ser reeducada para que pare de fazer guerra contra a população. Mas ignorar os avanços conquistados pelas UPPs seria uma insensatez.
Como sempre disse o secretário José Mariano Beltrame, executor dessa política, é preciso que os serviços do Estado subam os morros, levando à sua população o que é direito de todo cidadão: educação, saúde, saneamento, mobilidade, o que cabe ao Estado prover. Se não, um dia os moradores já terão esquecido a era do tráfico armado e se sentirão sufocados por um estado que não é capaz de entender e atender suas necessidades.
É isso o que mostra um bom documentário brasileiro que acaba de entrar em cartaz, “Morro dos Prazeres”, de Maria Augusta Ramos, realizado um ano depois da instalação de uma UPP naquela comunidade de Santa Teresa. Um testemunho do que anda acontecendo agora.
Talento
A atriz, roteirista e colunista Fernanda Torres acaba de lançar seu romance de estreia. “Fim” não é um livro escrito no tempo do ócio, um volume da coleção rosa, texto para moças de fino trato. “Fim” é uma profunda e arrojada experiência literária, um romance de quem parece conviver há anos com o ofício de escrever ficção.
Contando a história de cinco idosos em seus últimos dias de vida, “Fim” é escrito com amor e humor, pungência e delicadeza, uma proposta de literatura com o gosto e o empenho literários dos escritores de real talento. Um romance comovente e cheio de graça.
Luz
Aprendi a gostar de futebol vendo Nilton Santos jogar. Nilton não dependia de inspiração ou improviso, seu talento era pura luz, uma luz que tinha sido acesa na eternidade. Nilton não errava.
Quando ia ao Maracanã vê-lo jogar, costumava apostar com meus companheiros botafoguenses quantas vezes Nilton ia olhar para baixo, para a bola ou para o gramado. O resultado era quase sempre zero, nenhuma vez. Nilton era o único jogador de futebol em todo o mundo que não sabia de que cor era o campo em que jogava.
Considerado pela Fifa como o maior lateral-esquerdo de todos os tempos, Nilton foi muito mais do que isso. Ele ensinou os laterais esquerdos de todo o mundo a jogar dentro da área, no meio de campo, no ataque.
Seu inesquecível gol contra a Áustria, o primeiro do Brasil na Copa de 1958, inaugurou uma era de arte, beleza, elegância e perfeição na história do futebol mundial. A era que foi do Brasil. Nilton pode ir embora em paz.
Utopia
Outro dia, ouvi uma canção cantada por Luciana Mello, cujo refrão dizia que “hoje só quero que o dia termine bem”. Meu amigo Fred Coelho me disse que essa é a nova utopia.
Aprendi a gostar de futebol vendo Nilton Santos jogar. Nilton não dependia de inspiração ou improviso, seu talento era pura luz
Nunca deixei de escrever por falta de assunto. Nosso mundo contemporâneo é pródigo em informação, sabemos logo de tudo que acontece, temos sempre assuntos demais. Também não precisamos ficar só nas novidades que nos desgostam, podemos de vez em quando dar uns palpites a favor.
Alegria
O Papa chamou seu recente documento oficial de “A alegria do Evangelho”. Nesse manifesto exaltante, Francisco propõe uma igreja com esse estado de espírito em relação a todos. O texto é uma longa extensão do que tem declarado, sobretudo quando esteve este ano no Rio de Janeiro, para a Jornada Mundial da Juventude.
Durante a Jornada, fiz a direção geral de “Rio de fé”, documentário realizado por cinco jovens cineastas (Cadu Barcellos, Cadu Valinoti, Flora Diegues, Gustavo Mello e Marcos Moura), com a coordenação de Ana Murgel, fotografia de João Atala, edição de Mair Tavares e Daniel Garcia, produção de Renata Magalhães. O documentário está para sair em DVD, antes do Natal.
Registramos depoimentos de peregrinos, de autoridades e sumidades. Acompanhamos fiéis vindos de todo o mundo, marchamos ao lado de um que veio a pé do Ceará e viajamos no ônibus de grupo vindo de Natal. Estivemos nos grandes eventos, como na vigília de mais de 3 milhões de jovens na Praia de Copacabana, assim como em encontros de peregrinos estrangeiros com praticantes de candomblé e em seminário reunindo bispos católicos, rabinos judeus e xeques muçulmanos. Independentemente de religião, assistíamos a uma rara vitória coletiva do amor, da tolerância e da delicadeza.
Por trás disso tudo, estavam as palavras de Francisco, talvez o líder mundial mais importante do momento, sua proposta do que chamou de “cultura do encontro”, a convivência entre os seres humanos sem importar suas qualificações. Esse manifesto do Papa só faz confirmar a impressão de que algo de muito novo está ocorrendo na Igreja Católica. E que isso servirá a todos.
Prazeres
Hoje, comemoram-se cinco anos de instalação pelo governo do estado da primeira UPP, inauguração de uma nova politica de segurança para as favelas do Rio.
As UPPs não são uma panaceia capaz de resolver a vida de todos os moradores dessas comunidades. O desaparecimento de Amarildo na Rocinha, a morte de inocentes em invasão brutal na Maré, os tiroteios constantes no Alemão, tudo isso nos mostra como será difícil conquistar a segurança necessária para viver e trabalhar em paz.
Os bandidos não se conformam de perder seu espaço e a polícia precisa ser reeducada para que pare de fazer guerra contra a população. Mas ignorar os avanços conquistados pelas UPPs seria uma insensatez.
Como sempre disse o secretário José Mariano Beltrame, executor dessa política, é preciso que os serviços do Estado subam os morros, levando à sua população o que é direito de todo cidadão: educação, saúde, saneamento, mobilidade, o que cabe ao Estado prover. Se não, um dia os moradores já terão esquecido a era do tráfico armado e se sentirão sufocados por um estado que não é capaz de entender e atender suas necessidades.
É isso o que mostra um bom documentário brasileiro que acaba de entrar em cartaz, “Morro dos Prazeres”, de Maria Augusta Ramos, realizado um ano depois da instalação de uma UPP naquela comunidade de Santa Teresa. Um testemunho do que anda acontecendo agora.
Talento
A atriz, roteirista e colunista Fernanda Torres acaba de lançar seu romance de estreia. “Fim” não é um livro escrito no tempo do ócio, um volume da coleção rosa, texto para moças de fino trato. “Fim” é uma profunda e arrojada experiência literária, um romance de quem parece conviver há anos com o ofício de escrever ficção.
Contando a história de cinco idosos em seus últimos dias de vida, “Fim” é escrito com amor e humor, pungência e delicadeza, uma proposta de literatura com o gosto e o empenho literários dos escritores de real talento. Um romance comovente e cheio de graça.
Luz
Aprendi a gostar de futebol vendo Nilton Santos jogar. Nilton não dependia de inspiração ou improviso, seu talento era pura luz, uma luz que tinha sido acesa na eternidade. Nilton não errava.
Quando ia ao Maracanã vê-lo jogar, costumava apostar com meus companheiros botafoguenses quantas vezes Nilton ia olhar para baixo, para a bola ou para o gramado. O resultado era quase sempre zero, nenhuma vez. Nilton era o único jogador de futebol em todo o mundo que não sabia de que cor era o campo em que jogava.
Considerado pela Fifa como o maior lateral-esquerdo de todos os tempos, Nilton foi muito mais do que isso. Ele ensinou os laterais esquerdos de todo o mundo a jogar dentro da área, no meio de campo, no ataque.
Seu inesquecível gol contra a Áustria, o primeiro do Brasil na Copa de 1958, inaugurou uma era de arte, beleza, elegância e perfeição na história do futebol mundial. A era que foi do Brasil. Nilton pode ir embora em paz.
Utopia
Outro dia, ouvi uma canção cantada por Luciana Mello, cujo refrão dizia que “hoje só quero que o dia termine bem”. Meu amigo Fred Coelho me disse que essa é a nova utopia.
Ai, meu bolso - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 30/11
O reajuste ontem de 4% no preço da gasolina ameniza, é claro, o caixa da Petrobras.
Mas o governo não sinalizou quando voltará a cobrar a Cide sobre combustíveis.
É QUE...
A desoneração desse imposto foi feita para, como se sabe, evitar transferir para o preço da gasolina reajustes feitos pela estatal no passado nos preços do combustível.
Com isso, a Receita Federal deixou de arrecadar, este ano, uns R$ 11 bilhões. A conta é do consultor Adriano Pires.
BARRADO NO BAILE
O prestígio de Spike Lee, que passa uma temporada no Rio, não foi suficiente para o diretor americano furar a fila na noite de quinta, no Palaphita, no Jockey Club, no Rio.
Quando alguém avisou ao dono do lugar, Mário de Andrade, que Spike Lee estava lá fora querendo entrar, ele respondeu no ato: “Lamento”.
ALIÁS...
Ponto para o Mário.
VALE A PENA VER DE NOVO
Doce de mãe, o especial que deu a Fernanda Montenegro o Emmy de melhor atriz, vai ser exibido na Sessão da Tarde de segunda, na TV Globo.
E vai virar seriado em 2014, com direção de Jorge Furtado.
VAGÃO ANIMAL
Veja só que inusitado. Corre na Assembleia Legislativa do Rio projeto do deputado Luiz Martins (PDT) que determina a liberação de um vagão exclusivo no metrô e na SuperVia para o transporte de animais domésticos.
Pelo projeto, aos sábados, domingos e feriados, das 6h às 15h, gatinhos e cachorros terão um vagão só pra eles.
PAROU POR QUÊ?
O governo da Ucrânia está quase trocando de mal com o Brasil. Acha que a turma daqui não tem se empenhado para concluir a base de lançamentos de satélites, no Maranhão.
Como se sabe, trata-se de um projeto dos dois países, executado pela binacional Alcantara Cyclone Space.
ELE É UM SHOW
Luiz Carlos Miele está à procura de teatro para um show que já tem pronto: Minha biografia autorizada – 65 anos de show.
SAUDADES DE PERÓN
E os argentinos continuam tratando a política como futebol.
Na abertura do Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata, que terminou domingo, a plateia aplaudiu com vigor a figura do general Juan Domingo Péron, num documentário dos anos 1950.
NÃO É FOFO?
No convite para o show que Danilo Caymmi faz, para uma empresa, semana que vem, no Rio, a descrição dos trajes está assim: mulher, linda; homem, elegante.
NO TIME DA VOLKS
O meia Lucas não é convocado para a seleção há tempos, e muita gente não acredita que ele estará na Copa de 2014.
Não é o caso da Volkswagen, que bota fé no jogador brasileiro do Paris Saint-Germain e continua associando a imagem do craque com a da seleção de Felipão, garoto-propaganda da Peugeot.
ONDA VERMELHA
Às 17h de hoje, as ondas do Arpoador vão ficar vermelhas, como sangue.
É que uma turma de artistas que está arrecadando fundos para o projeto “Somos todos Amarildo” vai jogar suco de beterraba no mar.
MIAUUUU
A Light achou irregularidades no equipamento de medição da Drogaria Pacheco, da Av. Nossa Senhora de Copacabana.
O gato foi registrado na Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados.
DÉCIMO TERCEIRO
O Flamengo pagou ontem a metade do 13º salário de atletas e funcionários.
PRÓ-CRIANÇA CARDÍACA
Sabe quanto falta para o hospital Pró-Criança Cardíaca, da médica Rosa Célia, abrir as portas? R$ 5 milhões.
Tem gente que podia meter a mão no bolso e ajudá-la a terminar essa importante obra para o Rio.
CASCUDO DA GAFIEIRA
Um ventilador despencou de uma parede da querida gafieira Estudantina, na terça-feira passada.
Caiu bem na cabeça do gestor corporativo William Jacobi. Como ele é muito alto, a pancada não foi muito forte: “Foi tipo um... cascudo”.
O reajuste ontem de 4% no preço da gasolina ameniza, é claro, o caixa da Petrobras.
Mas o governo não sinalizou quando voltará a cobrar a Cide sobre combustíveis.
É QUE...
A desoneração desse imposto foi feita para, como se sabe, evitar transferir para o preço da gasolina reajustes feitos pela estatal no passado nos preços do combustível.
Com isso, a Receita Federal deixou de arrecadar, este ano, uns R$ 11 bilhões. A conta é do consultor Adriano Pires.
BARRADO NO BAILE
O prestígio de Spike Lee, que passa uma temporada no Rio, não foi suficiente para o diretor americano furar a fila na noite de quinta, no Palaphita, no Jockey Club, no Rio.
Quando alguém avisou ao dono do lugar, Mário de Andrade, que Spike Lee estava lá fora querendo entrar, ele respondeu no ato: “Lamento”.
ALIÁS...
Ponto para o Mário.
VALE A PENA VER DE NOVO
Doce de mãe, o especial que deu a Fernanda Montenegro o Emmy de melhor atriz, vai ser exibido na Sessão da Tarde de segunda, na TV Globo.
E vai virar seriado em 2014, com direção de Jorge Furtado.
VAGÃO ANIMAL
Veja só que inusitado. Corre na Assembleia Legislativa do Rio projeto do deputado Luiz Martins (PDT) que determina a liberação de um vagão exclusivo no metrô e na SuperVia para o transporte de animais domésticos.
Pelo projeto, aos sábados, domingos e feriados, das 6h às 15h, gatinhos e cachorros terão um vagão só pra eles.
PAROU POR QUÊ?
O governo da Ucrânia está quase trocando de mal com o Brasil. Acha que a turma daqui não tem se empenhado para concluir a base de lançamentos de satélites, no Maranhão.
Como se sabe, trata-se de um projeto dos dois países, executado pela binacional Alcantara Cyclone Space.
ELE É UM SHOW
Luiz Carlos Miele está à procura de teatro para um show que já tem pronto: Minha biografia autorizada – 65 anos de show.
SAUDADES DE PERÓN
E os argentinos continuam tratando a política como futebol.
Na abertura do Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata, que terminou domingo, a plateia aplaudiu com vigor a figura do general Juan Domingo Péron, num documentário dos anos 1950.
NÃO É FOFO?
No convite para o show que Danilo Caymmi faz, para uma empresa, semana que vem, no Rio, a descrição dos trajes está assim: mulher, linda; homem, elegante.
NO TIME DA VOLKS
O meia Lucas não é convocado para a seleção há tempos, e muita gente não acredita que ele estará na Copa de 2014.
Não é o caso da Volkswagen, que bota fé no jogador brasileiro do Paris Saint-Germain e continua associando a imagem do craque com a da seleção de Felipão, garoto-propaganda da Peugeot.
ONDA VERMELHA
Às 17h de hoje, as ondas do Arpoador vão ficar vermelhas, como sangue.
É que uma turma de artistas que está arrecadando fundos para o projeto “Somos todos Amarildo” vai jogar suco de beterraba no mar.
MIAUUUU
A Light achou irregularidades no equipamento de medição da Drogaria Pacheco, da Av. Nossa Senhora de Copacabana.
O gato foi registrado na Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados.
DÉCIMO TERCEIRO
O Flamengo pagou ontem a metade do 13º salário de atletas e funcionários.
PRÓ-CRIANÇA CARDÍACA
Sabe quanto falta para o hospital Pró-Criança Cardíaca, da médica Rosa Célia, abrir as portas? R$ 5 milhões.
Tem gente que podia meter a mão no bolso e ajudá-la a terminar essa importante obra para o Rio.
CASCUDO DA GAFIEIRA
Um ventilador despencou de uma parede da querida gafieira Estudantina, na terça-feira passada.
Caiu bem na cabeça do gestor corporativo William Jacobi. Como ele é muito alto, a pancada não foi muito forte: “Foi tipo um... cascudo”.
CRISE DE NATAL - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 30/11
O presidente da Fundação Padre Anchieta, Marcos Mendonça, que gere a TV Cultura, enviou anteontem carta aos conselheiros da entidade alertando que a emissora não tinha dinheiro nem sequer para pagar o 13º salário dos funcionários. O deficit chegaria a R$ 17 milhões.
ALÍVIO
Disparado o alarme, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) acabou liberando, no fim da noite, cerca de R$ 11 milhões. Os outros R$ 6 milhões ainda estão sendo negociados e devem ser destinados a pagamentos de contratos com fornecedores de serviços como aluguel de satélites, por exemplo.
TESOURA
Caso o restante do dinheiro seja liberado, os gastos da TV Cultura vão chegar a R$ 99 milhões neste ano, contra R$ 110 milhões do ano passado, conforme informações também transmitidas por Mendonça ao conselho. Os cortes na emissora já chegam a R$ 26 milhões. O déficit inicial, ainda segundo o presidente, era de R$ 43 milhões.
REMETENTE
Uma frase de Chico Buarque ilustra a contracapa da biografia "Quando o Carteiro Chegou... Mensagem a Isaurinha Garcia", de Lulu Librandi. "A impressão é de que ela gravou chorando, zombando, correndo, amando", diz o compositor sobre a cantora conhecida como a Rainha dos Carteiros, por conta de "Mensagem", seu maior sucesso. O livro será lançado nesta segunda no MIS, em SP, com participação do coral dos Correios.
DESTINATÁRIO
Bem antes da polêmica sobre autorização prévia das biografias, a autora garantiu ajuda financeira para os familiares de Isaurinha: R$ 60 mil foram pagos à filha e ao neto da cantora.
CARTAS NA MESA
Os ex-atletas Ronaldo e Fernando Scherer disputaram partidas de pôquer no torneio Desafio das Estrelas, anteontem, no Parque Anhembi. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, abriu a competição. O técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo e a campeã olímpica Maurren Maggi também participaram do evento.
NO FORNO
O escritor e poeta Eduardo Alves da Costa acaba de assinar, por meio de sua agente literária, Luciana Villas-Boas, um contrato com a editora Tordesilhas. Deve publicar seu romance "Tango, com Violino". Nele os personagens, na terceira idade, fazem de seus dias uma aventura "arguta e divertida". O lançamento está previsto para depois da Copa de 2014.
PROCURE SABER
Com o tema "Isto é da sua conta", o Instituto Renovo realiza campanha hoje para chamar atenção para assuntos como violência sexual infantil, direitos da criança, consciência política e limpeza urbana. A entidade sem fins lucrativos programa uma série de atividades na marquise do parque Ibirapuera, a partir das 9h.
NOS EMIRADOS
Ronaldo vai passar o fim do ano em Dubai.
O ex-jogador estará no Kuait cumprindo agenda profissional. Para não perder muito tempo em deslocamentos, decidiu comemorar o Réveillon na cidade eleita para sediar a Expo 2020.
ARTISTA E IMORTAL
O ator Juca de Oliveira tomou posse anteontem na Academia Paulista de Letras, com a presença do apresentador Jô Soares. A sessão contou também com a participação de membros como o cartunista Mauricio de Sousa, o maestro Julio Medaglia, o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) e a escritora Lygia Fagundes Telles.
CURTO-CIRCUITO
O grupo Escola do Auditório Ibirapuera se apresenta no local, hoje, às 21h, e amanhã, às 19h. Livre.
A ópera "A Musa do Subsolo", composta por Leandro Oliveira, é atração hoje, às 19h, no Paço das Artes. Grátis. Livre.
A Apadep (Associação Paulista de Defensores Públicos) faz festa de fim de ano, hoje, na Estação São Paulo.
O chef Joel Martins e o empresário Alfredo Ferreira inauguram o bar Sonho Grill, amanhã, na Vila Mariana, a partir das 16h.
O livro "As Digitais de Gustavo Rosa", de Marcio Pitliuk, será lançado amanhã, às 16h, na Livraria Cultura do shopping Iguatemi.
ALÍVIO
Disparado o alarme, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) acabou liberando, no fim da noite, cerca de R$ 11 milhões. Os outros R$ 6 milhões ainda estão sendo negociados e devem ser destinados a pagamentos de contratos com fornecedores de serviços como aluguel de satélites, por exemplo.
TESOURA
Caso o restante do dinheiro seja liberado, os gastos da TV Cultura vão chegar a R$ 99 milhões neste ano, contra R$ 110 milhões do ano passado, conforme informações também transmitidas por Mendonça ao conselho. Os cortes na emissora já chegam a R$ 26 milhões. O déficit inicial, ainda segundo o presidente, era de R$ 43 milhões.
REMETENTE
Uma frase de Chico Buarque ilustra a contracapa da biografia "Quando o Carteiro Chegou... Mensagem a Isaurinha Garcia", de Lulu Librandi. "A impressão é de que ela gravou chorando, zombando, correndo, amando", diz o compositor sobre a cantora conhecida como a Rainha dos Carteiros, por conta de "Mensagem", seu maior sucesso. O livro será lançado nesta segunda no MIS, em SP, com participação do coral dos Correios.
DESTINATÁRIO
Bem antes da polêmica sobre autorização prévia das biografias, a autora garantiu ajuda financeira para os familiares de Isaurinha: R$ 60 mil foram pagos à filha e ao neto da cantora.
CARTAS NA MESA
Os ex-atletas Ronaldo e Fernando Scherer disputaram partidas de pôquer no torneio Desafio das Estrelas, anteontem, no Parque Anhembi. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, abriu a competição. O técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo e a campeã olímpica Maurren Maggi também participaram do evento.
NO FORNO
O escritor e poeta Eduardo Alves da Costa acaba de assinar, por meio de sua agente literária, Luciana Villas-Boas, um contrato com a editora Tordesilhas. Deve publicar seu romance "Tango, com Violino". Nele os personagens, na terceira idade, fazem de seus dias uma aventura "arguta e divertida". O lançamento está previsto para depois da Copa de 2014.
PROCURE SABER
Com o tema "Isto é da sua conta", o Instituto Renovo realiza campanha hoje para chamar atenção para assuntos como violência sexual infantil, direitos da criança, consciência política e limpeza urbana. A entidade sem fins lucrativos programa uma série de atividades na marquise do parque Ibirapuera, a partir das 9h.
NOS EMIRADOS
Ronaldo vai passar o fim do ano em Dubai.
O ex-jogador estará no Kuait cumprindo agenda profissional. Para não perder muito tempo em deslocamentos, decidiu comemorar o Réveillon na cidade eleita para sediar a Expo 2020.
ARTISTA E IMORTAL
O ator Juca de Oliveira tomou posse anteontem na Academia Paulista de Letras, com a presença do apresentador Jô Soares. A sessão contou também com a participação de membros como o cartunista Mauricio de Sousa, o maestro Julio Medaglia, o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) e a escritora Lygia Fagundes Telles.
CURTO-CIRCUITO
O grupo Escola do Auditório Ibirapuera se apresenta no local, hoje, às 21h, e amanhã, às 19h. Livre.
A ópera "A Musa do Subsolo", composta por Leandro Oliveira, é atração hoje, às 19h, no Paço das Artes. Grátis. Livre.
A Apadep (Associação Paulista de Defensores Públicos) faz festa de fim de ano, hoje, na Estação São Paulo.
O chef Joel Martins e o empresário Alfredo Ferreira inauguram o bar Sonho Grill, amanhã, na Vila Mariana, a partir das 16h.
O livro "As Digitais de Gustavo Rosa", de Marcio Pitliuk, será lançado amanhã, às 16h, na Livraria Cultura do shopping Iguatemi.
Estas aposentadorias! - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 30/11
A aposentadoria do deputado José Genoino, condenado no mensalão, ao ser questionada pela opinião pública, criou um problema para o presidente do STF, Joaquim Barbosa. Ele também preside o Conselho Nacional de Justiça, que tem afastado desembargadores que cometeram irregularidades. Acontece que o CNJ jamais se opôs à praxe corporativa dos Tribunais de aposentar os punidos.
A polarização, segundo os tucanos
Para os tucanos, convencidos de que, "com o tempo, o charme de Marina Silva vai diminuir" ao analisarem as mudanças dos mapas eleitorais de 2010, dizem que haverá segundo turno e com a presença de Aécio Neves. Lembram que a presidente Dilma ganhou com folga em Minas, Rio, Pernambuco, Bahia, Ceará e Amazonas. Mas que agora será bem diferente. Minas vai votar em massa em Aécio. Pernambuco em Eduardo Campos. Os tucanos avaliam que estão mais fortes na Bahia, graças ao prefeito de Salvador, ACM Neto; no Amazonas, com o apoio do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio; e no Ceará, com o favoritismo de Tasso Jereissati para o Senado.
"O mais provável é um confronto PT x PSDB. Os tucanos governam São Paulo, Minas, Paraná e Pará. O PSDB tem discurso de oposição, o PSB passou dez anos no governo"
Aloizio Mercadante
Ministro da Educação, sobre a sucessão presidencial
Uns são mais iguais
Passou despercebido. Um agente penitenciário relata que antes de receber a banqueira Kátia Rabello e Simóne Vasconcelos, condenadas no mensalão, foram construídas duas celas para abrigá-las na prisão feminina da Papuda (DF).
O jeitinho
As empresas de telefonia móvel são campeãs de reclamações dos consumidores. Os sinais dos celulares pioram a cada dia. Por isso, uma dessas empresas, a TIM, instalou uma antena especial com o objetivo de melhorar o sinal no prédio da Anatei.
Ela fica no teto de um veículo permanentemente estacionado ao lado do prédio da agência.
Acordo em Pernambuco
Teresa Leitão, candidata a presidente do PT apoiada pelo ex-prefeito João da Gosta, e Bruno Ribeiro, candidato do senador Humberto Costa, fizeram um acordo. Em vez de disputar o segundo turno, cada um ficará no cargo dois anos.
Guerra federativa
Um estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) aborda a defasagem dos custos, diante dos repasses, de programas federais tocados pelos municípios. Alguns casos citados de defasagém: Programa de Erradicação do Trabalho Infantil em 28%, Programa de Alimentação Escolar em 23% e Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar em 20%.
Uma depois da outra
A ex-secretária da Receita Lina Vieira, que deixou o governo Lula por se desentender com a então ministra Dilma Rousseff, perdeu mais uma. O candidato dela para presidir o Sindifisco perdeu a eleição para o auditor Cláudio Damasceno.
Abertura de mercado
O embaixador do Japão, Akira Miwa, antecipou para o vice Michel Temer que no próximo dia 4, na recepção pelos 80 anos do imperador Akihito, será servida carne suína catarinense. O produto recebeu autorização para consumo no Japão.
O governador Ciro Gomes (PROS-CE) disse ao ministro Paulo Bernardo (Comunicações) que não vai antecipar a escolha de seu candidato à sucessão.
A aposentadoria do deputado José Genoino, condenado no mensalão, ao ser questionada pela opinião pública, criou um problema para o presidente do STF, Joaquim Barbosa. Ele também preside o Conselho Nacional de Justiça, que tem afastado desembargadores que cometeram irregularidades. Acontece que o CNJ jamais se opôs à praxe corporativa dos Tribunais de aposentar os punidos.
A polarização, segundo os tucanos
Para os tucanos, convencidos de que, "com o tempo, o charme de Marina Silva vai diminuir" ao analisarem as mudanças dos mapas eleitorais de 2010, dizem que haverá segundo turno e com a presença de Aécio Neves. Lembram que a presidente Dilma ganhou com folga em Minas, Rio, Pernambuco, Bahia, Ceará e Amazonas. Mas que agora será bem diferente. Minas vai votar em massa em Aécio. Pernambuco em Eduardo Campos. Os tucanos avaliam que estão mais fortes na Bahia, graças ao prefeito de Salvador, ACM Neto; no Amazonas, com o apoio do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio; e no Ceará, com o favoritismo de Tasso Jereissati para o Senado.
"O mais provável é um confronto PT x PSDB. Os tucanos governam São Paulo, Minas, Paraná e Pará. O PSDB tem discurso de oposição, o PSB passou dez anos no governo"
Aloizio Mercadante
Ministro da Educação, sobre a sucessão presidencial
Uns são mais iguais
Passou despercebido. Um agente penitenciário relata que antes de receber a banqueira Kátia Rabello e Simóne Vasconcelos, condenadas no mensalão, foram construídas duas celas para abrigá-las na prisão feminina da Papuda (DF).
O jeitinho
As empresas de telefonia móvel são campeãs de reclamações dos consumidores. Os sinais dos celulares pioram a cada dia. Por isso, uma dessas empresas, a TIM, instalou uma antena especial com o objetivo de melhorar o sinal no prédio da Anatei.
Ela fica no teto de um veículo permanentemente estacionado ao lado do prédio da agência.
Acordo em Pernambuco
Teresa Leitão, candidata a presidente do PT apoiada pelo ex-prefeito João da Gosta, e Bruno Ribeiro, candidato do senador Humberto Costa, fizeram um acordo. Em vez de disputar o segundo turno, cada um ficará no cargo dois anos.
Guerra federativa
Um estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) aborda a defasagem dos custos, diante dos repasses, de programas federais tocados pelos municípios. Alguns casos citados de defasagém: Programa de Erradicação do Trabalho Infantil em 28%, Programa de Alimentação Escolar em 23% e Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar em 20%.
Uma depois da outra
A ex-secretária da Receita Lina Vieira, que deixou o governo Lula por se desentender com a então ministra Dilma Rousseff, perdeu mais uma. O candidato dela para presidir o Sindifisco perdeu a eleição para o auditor Cláudio Damasceno.
Abertura de mercado
O embaixador do Japão, Akira Miwa, antecipou para o vice Michel Temer que no próximo dia 4, na recepção pelos 80 anos do imperador Akihito, será servida carne suína catarinense. O produto recebeu autorização para consumo no Japão.
O governador Ciro Gomes (PROS-CE) disse ao ministro Paulo Bernardo (Comunicações) que não vai antecipar a escolha de seu candidato à sucessão.
Conta de chegada - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 30/11
O cálculo que resultou no reajuste de 4% para a gasolina e 8% para o diesel, anunciado ontem, foi feito pelo Ministério da Fazenda e apresentado em encontro entre Guido Mantega e Graça Foster na quarta-feira, em Brasília. Na quinta, a presidente da Petrobras concordou com os percentuais, inferiores aos que a empresa pretendia e que não incorporam o gatilho proposto por ela. Não está descartado, no entanto, um novo reajuste, em valor menor, no primeiro semestre de 2014.
Até a borda
Na matemática do governo, chegou-se à conclusão que conceder reajuste de 5% para a gasolina (o mercado queria 6%) faria com que estourasse a meta de inflação de 5,8% para 2013.
Varejo
Fernando Pimentel (Desenvolvimento) dará duas palestras sobre oportunidades de negócios no Brasil para executivos em Nova York na terça-feira. Dilma quer buscar investidores estrangeiros diante do mau humor de empresários brasileiros.
Quem manda
As manobras da Câmara que irritaram o governo têm como pano de fundo a insatisfação do comando da Casa e de líderes da base com o acúmulo de projetos em regime de urgência mandados pelo Executivo.
Cabresto
Parlamentares dizem que o Palácio do Planalto tenta "controlar a pauta do Congresso". Nesse cenário, a alteração feita na tramitação do Orçamento impositivo é vista como um recado dos deputados ao governo.
Rompimento
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e Renan Calheiros (PMDB-AL) discutiram aos gritos no Congresso na quinta-feira, depois que o presidente da Câmara indicou que prorrogaria o prazo para apresentação de emendas ao Orçamento.
Travou
O Planalto já admite que pode não conseguir a aprovação do Marco Civil da Internet este ano. O governo não contava com tanta dificuldade em obter acordo.
Aqui não 1
Representantes do Ministério da Justiça e da Justiça Federal, de um lado, e do Ministério Público Federal e da Associação Nacional dos Procuradores da República, de outro, divergiram sobre a redação final do relatório da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro.
Aqui não 2
O segundo grupo pretendia incluir uma menção ao julgamento do mensalão como exemplo de combate à corrupção, mas foi rebatido pelos representantes do governo. O texto acabou sem a referência.
Sabadão
Além de receber caciques do PMDB e do PP hoje, Dilma e Lula se reunirão também com a cúpula do PDT, partido que, embora esteja no primeiro escalão, ainda flerta com a candidatura de Eduardo Campos.
DDD
Jaques Wagner (BA) colocou o candidato do PT à sua sucessão, Rui Costa, para falar no telefone com a presidente e o antecessor logo após sua escolha, ontem.
Axé
O resultado fortalece o governador --que bancou seu secretário da Casa Civil contra o senador Walter Pinheiro e o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli-- para pilotar a campanha de Dilma no Nordeste.
Tempo...
Em reunião de secretariado, Geraldo Alckmin (PSDB) pediu para que os auxiliares "readequem as agendas" e corram para montar cronograma de entregas e inaugurações no primeiro semestre do ano eleitoral.
... é dinheiro
Além do calendário, Alckmin demonstrou preocupação com as receitas do governo, que não terão o incremento do programa de parcelamento do ICMS, que rendeu R$ 5 bilhões extras neste ano.
tiroteio
"O pacote de bondades de Alckmin a policiais é, na verdade, um saco de maldades para esconder o reajuste insignificante à categoria."
DO DEPUTADO MAJOR OLÍMPIO (PDT-SP), sobre ampliação do vale-alimentação e criação de cargos na Polícia Militar, aprovados após correção salarial de 7%.
contraponto
Egolatria
Com o tempo apertado para discursar em sessão na Câmara, o deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA) apelou para tática insólita para conseguir com o presidente Mauro Benevides (PMDB-CE) segundos a mais de fala.
Venho aqui saudar esta pérola que está na presidência desta Casa. Todos o aplaudem por sua inteligência, pela maneira harmoniosa como trata todos os colegas. Receba o abraço carinhoso do Chiquinho Escórcio. Agora eu quero um minuto para mim --requisitou.
Benevides não resistiu.
V. Exa. tem a prorrogação.
Até a borda
Na matemática do governo, chegou-se à conclusão que conceder reajuste de 5% para a gasolina (o mercado queria 6%) faria com que estourasse a meta de inflação de 5,8% para 2013.
Varejo
Fernando Pimentel (Desenvolvimento) dará duas palestras sobre oportunidades de negócios no Brasil para executivos em Nova York na terça-feira. Dilma quer buscar investidores estrangeiros diante do mau humor de empresários brasileiros.
Quem manda
As manobras da Câmara que irritaram o governo têm como pano de fundo a insatisfação do comando da Casa e de líderes da base com o acúmulo de projetos em regime de urgência mandados pelo Executivo.
Cabresto
Parlamentares dizem que o Palácio do Planalto tenta "controlar a pauta do Congresso". Nesse cenário, a alteração feita na tramitação do Orçamento impositivo é vista como um recado dos deputados ao governo.
Rompimento
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e Renan Calheiros (PMDB-AL) discutiram aos gritos no Congresso na quinta-feira, depois que o presidente da Câmara indicou que prorrogaria o prazo para apresentação de emendas ao Orçamento.
Travou
O Planalto já admite que pode não conseguir a aprovação do Marco Civil da Internet este ano. O governo não contava com tanta dificuldade em obter acordo.
Aqui não 1
Representantes do Ministério da Justiça e da Justiça Federal, de um lado, e do Ministério Público Federal e da Associação Nacional dos Procuradores da República, de outro, divergiram sobre a redação final do relatório da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro.
Aqui não 2
O segundo grupo pretendia incluir uma menção ao julgamento do mensalão como exemplo de combate à corrupção, mas foi rebatido pelos representantes do governo. O texto acabou sem a referência.
Sabadão
Além de receber caciques do PMDB e do PP hoje, Dilma e Lula se reunirão também com a cúpula do PDT, partido que, embora esteja no primeiro escalão, ainda flerta com a candidatura de Eduardo Campos.
DDD
Jaques Wagner (BA) colocou o candidato do PT à sua sucessão, Rui Costa, para falar no telefone com a presidente e o antecessor logo após sua escolha, ontem.
Axé
O resultado fortalece o governador --que bancou seu secretário da Casa Civil contra o senador Walter Pinheiro e o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli-- para pilotar a campanha de Dilma no Nordeste.
Tempo...
Em reunião de secretariado, Geraldo Alckmin (PSDB) pediu para que os auxiliares "readequem as agendas" e corram para montar cronograma de entregas e inaugurações no primeiro semestre do ano eleitoral.
... é dinheiro
Além do calendário, Alckmin demonstrou preocupação com as receitas do governo, que não terão o incremento do programa de parcelamento do ICMS, que rendeu R$ 5 bilhões extras neste ano.
tiroteio
"O pacote de bondades de Alckmin a policiais é, na verdade, um saco de maldades para esconder o reajuste insignificante à categoria."
DO DEPUTADO MAJOR OLÍMPIO (PDT-SP), sobre ampliação do vale-alimentação e criação de cargos na Polícia Militar, aprovados após correção salarial de 7%.
contraponto
Egolatria
Com o tempo apertado para discursar em sessão na Câmara, o deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA) apelou para tática insólita para conseguir com o presidente Mauro Benevides (PMDB-CE) segundos a mais de fala.
Venho aqui saudar esta pérola que está na presidência desta Casa. Todos o aplaudem por sua inteligência, pela maneira harmoniosa como trata todos os colegas. Receba o abraço carinhoso do Chiquinho Escórcio. Agora eu quero um minuto para mim --requisitou.
Benevides não resistiu.
V. Exa. tem a prorrogação.
E Lula fez escola - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 30/11
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, só deixará o cargo se for candidato a algum mandato eletivo e apenas em abril, dentro da data prevista pela legislação eleitoral. Assim, Cabral terá até o primeiro trimestre de 2014 para tentar recuperar os índices de popularidade e, dessa forma, entregar a Luiz Fernando Pezão um governo melhor avaliado. Além disso, há a clara sensação entre os peemedebistas de que, se Cabral deixar o governo, Pezão vira alvo no minuto seguinte.
Mesmo a candidatura de Cabral ao Senado está em aberto. Se não for candidato, fará como Lula fez em 2010, quando viajou o país incensando a candidatura da presidente Dilma Rousseff. Aliás, se levar ao pé da letra, ninguém quer sair do conforto de um cargo antes da hora prevista pela lei eleitoral. Nem mesmo os ministros com a propalada reforma ministerial de janeiro. Se brincar, Dilma volta de seu descanso de fim de ano e a reforma fica depois do carnaval.
Saída regimental
A direção da Câmara tentará ressuscitar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do orçamento impositivo, fatiada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A ideia é aprovar as duas fatias e, aí, basta o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves, apensar uma PEC à outra. Assim, as duas seguem juntas para a formação de uma comissão especial e o futuro relator do texto elabora um projeto substitutivo “colando” as duas metades — a que institui a liberação automática das emendas e a destinação de 50% dessas emendas à Saúde. Falta combinar com a CCJ.
Saída política
Para evitar problemas quanto ao mérito, o PMDB não descarta dar a relatoria do orçamento impositivo ao próprio líder ou ao deputado Danilo Forte (PMDB-CE), defensor da fórmula. Ninguém quer arriscar deixar o DEM, do deputado Ronaldo Caiado (GO), criar novos problemas para o projeto.
Quatro por quatro
A reunião de hoje entre PT e PMDB para discutir os palanques não contará com as presenças dos líderes partidários. Isso porque o Ceará do líder peemedebista no Senado, Eunício Oliveira e o Rio de Janeiro, do líder da Câmara, Eduardo Cunha, são as praças mais complicadas. Lá estarão Renan Calheiros e Henrique Alves, que vivem às turras nessa temporada pré-eleitoral.
No forno
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) reuniu 32 assinaturas para pedir a CPI do Transporte Público. Mal a boa nova começou a circular pelos corredores, ele foi procurado por alguns interessados em retirar o apoio à investigação. Ficará justamente para o ano eleitoral, assim como as investigações do Conselho de Administração e Defesa Econômica (Cade) sobre a Siemens.
Correção/ A coluna informou ontem que quem arrumou emprego de gerente para José Dirceu foi o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o kakay. Na verdade, foi o dono do hotel Saint Peter, Paulo de Abreu. Kakay jogou o abacaxi da concessão da TV Excelsior no colo de importante advogado de Brasilia.
No embalo da abertura…/ E lá vem a proposta que os comandantes do Senado tanto temem. O senador Álvaro Dias (foto) apresentou um projeto de resolução para que o voto seja aberto no caso de eleição da Mesa Diretora da Casa.
Vizinhos I / Em prédio de senador tem tudo. Menos segredos. Na noite que o senador Rodrigo Rollemberg (que não reside em um funcional) e a senadora Lídice da Mata selaram a filiação da ministra Eliana Calmon ao PSB da Bahia, eles se depararam justamente com o senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE), hoje adversário dos socialistas.
Vizinhos II/ O senador pernambucano não teve dúvidas a respeito do acordo fechado entre Lídice e Eliana com o aval do líder socialista no Senado. Em tempo: Outros senadores que chegavam de jantares na cidade perceberam que a ministra foi embora dirigindo o próprio carro. Exemplo que muitos, aliás, deveriam seguir em todas as instâncias e esferas de poder.
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, só deixará o cargo se for candidato a algum mandato eletivo e apenas em abril, dentro da data prevista pela legislação eleitoral. Assim, Cabral terá até o primeiro trimestre de 2014 para tentar recuperar os índices de popularidade e, dessa forma, entregar a Luiz Fernando Pezão um governo melhor avaliado. Além disso, há a clara sensação entre os peemedebistas de que, se Cabral deixar o governo, Pezão vira alvo no minuto seguinte.
Mesmo a candidatura de Cabral ao Senado está em aberto. Se não for candidato, fará como Lula fez em 2010, quando viajou o país incensando a candidatura da presidente Dilma Rousseff. Aliás, se levar ao pé da letra, ninguém quer sair do conforto de um cargo antes da hora prevista pela lei eleitoral. Nem mesmo os ministros com a propalada reforma ministerial de janeiro. Se brincar, Dilma volta de seu descanso de fim de ano e a reforma fica depois do carnaval.
Saída regimental
A direção da Câmara tentará ressuscitar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do orçamento impositivo, fatiada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A ideia é aprovar as duas fatias e, aí, basta o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves, apensar uma PEC à outra. Assim, as duas seguem juntas para a formação de uma comissão especial e o futuro relator do texto elabora um projeto substitutivo “colando” as duas metades — a que institui a liberação automática das emendas e a destinação de 50% dessas emendas à Saúde. Falta combinar com a CCJ.
Saída política
Para evitar problemas quanto ao mérito, o PMDB não descarta dar a relatoria do orçamento impositivo ao próprio líder ou ao deputado Danilo Forte (PMDB-CE), defensor da fórmula. Ninguém quer arriscar deixar o DEM, do deputado Ronaldo Caiado (GO), criar novos problemas para o projeto.
Quatro por quatro
A reunião de hoje entre PT e PMDB para discutir os palanques não contará com as presenças dos líderes partidários. Isso porque o Ceará do líder peemedebista no Senado, Eunício Oliveira e o Rio de Janeiro, do líder da Câmara, Eduardo Cunha, são as praças mais complicadas. Lá estarão Renan Calheiros e Henrique Alves, que vivem às turras nessa temporada pré-eleitoral.
No forno
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) reuniu 32 assinaturas para pedir a CPI do Transporte Público. Mal a boa nova começou a circular pelos corredores, ele foi procurado por alguns interessados em retirar o apoio à investigação. Ficará justamente para o ano eleitoral, assim como as investigações do Conselho de Administração e Defesa Econômica (Cade) sobre a Siemens.
Correção/ A coluna informou ontem que quem arrumou emprego de gerente para José Dirceu foi o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o kakay. Na verdade, foi o dono do hotel Saint Peter, Paulo de Abreu. Kakay jogou o abacaxi da concessão da TV Excelsior no colo de importante advogado de Brasilia.
No embalo da abertura…/ E lá vem a proposta que os comandantes do Senado tanto temem. O senador Álvaro Dias (foto) apresentou um projeto de resolução para que o voto seja aberto no caso de eleição da Mesa Diretora da Casa.
Vizinhos I / Em prédio de senador tem tudo. Menos segredos. Na noite que o senador Rodrigo Rollemberg (que não reside em um funcional) e a senadora Lídice da Mata selaram a filiação da ministra Eliana Calmon ao PSB da Bahia, eles se depararam justamente com o senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE), hoje adversário dos socialistas.
Vizinhos II/ O senador pernambucano não teve dúvidas a respeito do acordo fechado entre Lídice e Eliana com o aval do líder socialista no Senado. Em tempo: Outros senadores que chegavam de jantares na cidade perceberam que a ministra foi embora dirigindo o próprio carro. Exemplo que muitos, aliás, deveriam seguir em todas as instâncias e esferas de poder.
O silêncio dos concorrentes - JORGE BASTOS MORENO
O GLOBO - 30/11
A notícia é que, durante almoço da família Gomes, em Fortaleza, com a Dilma, em nenhum momento se falou no nome do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Agora vamos aos fatos do evento:
O governador cearense, Cid Gomes, reuniu a mãe, tia e o irmão Ciro para um almoço em torno da Dilma, que levava a tiracolo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. O almoço parecia ceia de Natal al mare, com delícias oceânicas.
Falou-se de tudo: família, hábitos e, salvo engano, até de novela e política, necessariamente nessa ordem.
O que fazia o "Padilhão" nesse almoço?
Perguntem ao Ciro, que exerce função equivalente no secretariado do seu irmão. Os dois ficaram em um tête-à-tête, talvez já trocando figurinhas sobre o próximo troca-troca ministerial.
Mas o silêncio sobre Campos talvez tenha sido a mais contundente crítica de Dilma ao governador pernambucano até hoje.
Guerrilheira
A notícia que deixei de dar, na semana passada, por causa do fluxo informativo do mensalão, diz respeito à belíssima atriz Laura Neiva.
Ela será estrela do filme "A batalha da Rua Maria Antônia" sobre a célebre invasão da Faculdade de Filosofia da USR Laura é Lilian, caloura do curso de Filosofia, que, como a maioria das meninas da sua época, é encantada por Benjamim, famoso líder estudantil e candidato à presidência da UNE.
Toda a história se passa em 24 horas, tempo de duração da tensão entre os estudantes da USP x Mackenzie e a polícia de São Paulo, cujos prédios ficam um em frente ao outro na mesma rua.
Há tratados e definições interessantes sobre o episódio. A que prefiro é a do Caetano Veloso: "O PT e o PSDB são filhos (do mesmo lado) da Rua Maria Antônia."
Filhos bastardos, digo eu.
Alô! Alô!
De uma certa senhora muito poderosa, cujo nome é melhor não declinar, ouvi, por telefone, este desabafo: "Estes tucanos são geniais na hora de fugir de uma denúncia: tem um escândalo de corrupção nas fiscalizações na prefeitura de São Paulo, que dura sete anos, e o único demitido até agora é um secretário do PT que acabou de assumir. Depois tem um escândalo na compra de metrôs em São Paulo que vem desde o ano 2000, e o único sujeito a ter que dar explicações é o ministro da Justiça, que nunca nem andou de metrô. Isso sem contar o mensalão mineiro dé 1998, que nunca puniu ninguém..."
Se correr...
A única dúvida real de Dilma na formatação da reforma ministerial é onde colocar Mercadante: na Casa Civil ou na coordenação da campanha.
"Meu garoto!"
Conta-me meu homem no Planalto:
Durante a reunião de mais de três horas do Conselho Político, Garotinho deu um bombom para Dilma:
— Pode comer, é diet!
Dilma deixou a guloseima
em cima da mesa e seguiu a reunião. Lá pelas tantas, mordeu o bombom enquanto ouvia a fala de Arlindo Chinaglia. Imediatamente, ela interrompeu o petista:
— Oh, pessoal, só para dizer para vocês: comi o bombom... — ela parou, fez um suspense e concluiu: — .... e, ao contrário do que vocês estavam cochichando, não estava envenenado.
Réu confesso
Somente esta semana, o "Coisa-Ruim" entrou com cinco processos contra mim. Ele não trabalha?
O curioso é que, num deles, alega que eu o ofendi ao chamá-lo de homem de "negócios" Então, se ele não é homem de negócios, é ladrão!
O salário de legislador não permite ter este patrimônio todo que ele tem.
UNE
Com o devido respeito aos professores doutores da UnB, mas o vocabulário do relatório médico sobre Genoino é tão raivoso que mais parece um manifesto de, também com o merecido respeito, diretório acadêmico.
Enxugar gelo
Mercadante mandou-me nota esclarecendo que foi a Boa Vista como ministro da Educação. E só nas horas vagas foi que entregou obras da presidente Dilma. E eu disse o quê?
País pergunta
E agora, Joaquim?
A notícia é que, durante almoço da família Gomes, em Fortaleza, com a Dilma, em nenhum momento se falou no nome do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Agora vamos aos fatos do evento:
O governador cearense, Cid Gomes, reuniu a mãe, tia e o irmão Ciro para um almoço em torno da Dilma, que levava a tiracolo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. O almoço parecia ceia de Natal al mare, com delícias oceânicas.
Falou-se de tudo: família, hábitos e, salvo engano, até de novela e política, necessariamente nessa ordem.
O que fazia o "Padilhão" nesse almoço?
Perguntem ao Ciro, que exerce função equivalente no secretariado do seu irmão. Os dois ficaram em um tête-à-tête, talvez já trocando figurinhas sobre o próximo troca-troca ministerial.
Mas o silêncio sobre Campos talvez tenha sido a mais contundente crítica de Dilma ao governador pernambucano até hoje.
Guerrilheira
A notícia que deixei de dar, na semana passada, por causa do fluxo informativo do mensalão, diz respeito à belíssima atriz Laura Neiva.
Ela será estrela do filme "A batalha da Rua Maria Antônia" sobre a célebre invasão da Faculdade de Filosofia da USR Laura é Lilian, caloura do curso de Filosofia, que, como a maioria das meninas da sua época, é encantada por Benjamim, famoso líder estudantil e candidato à presidência da UNE.
Toda a história se passa em 24 horas, tempo de duração da tensão entre os estudantes da USP x Mackenzie e a polícia de São Paulo, cujos prédios ficam um em frente ao outro na mesma rua.
Há tratados e definições interessantes sobre o episódio. A que prefiro é a do Caetano Veloso: "O PT e o PSDB são filhos (do mesmo lado) da Rua Maria Antônia."
Filhos bastardos, digo eu.
Alô! Alô!
De uma certa senhora muito poderosa, cujo nome é melhor não declinar, ouvi, por telefone, este desabafo: "Estes tucanos são geniais na hora de fugir de uma denúncia: tem um escândalo de corrupção nas fiscalizações na prefeitura de São Paulo, que dura sete anos, e o único demitido até agora é um secretário do PT que acabou de assumir. Depois tem um escândalo na compra de metrôs em São Paulo que vem desde o ano 2000, e o único sujeito a ter que dar explicações é o ministro da Justiça, que nunca nem andou de metrô. Isso sem contar o mensalão mineiro dé 1998, que nunca puniu ninguém..."
Se correr...
A única dúvida real de Dilma na formatação da reforma ministerial é onde colocar Mercadante: na Casa Civil ou na coordenação da campanha.
"Meu garoto!"
Conta-me meu homem no Planalto:
Durante a reunião de mais de três horas do Conselho Político, Garotinho deu um bombom para Dilma:
— Pode comer, é diet!
Dilma deixou a guloseima
em cima da mesa e seguiu a reunião. Lá pelas tantas, mordeu o bombom enquanto ouvia a fala de Arlindo Chinaglia. Imediatamente, ela interrompeu o petista:
— Oh, pessoal, só para dizer para vocês: comi o bombom... — ela parou, fez um suspense e concluiu: — .... e, ao contrário do que vocês estavam cochichando, não estava envenenado.
Réu confesso
Somente esta semana, o "Coisa-Ruim" entrou com cinco processos contra mim. Ele não trabalha?
O curioso é que, num deles, alega que eu o ofendi ao chamá-lo de homem de "negócios" Então, se ele não é homem de negócios, é ladrão!
O salário de legislador não permite ter este patrimônio todo que ele tem.
UNE
Com o devido respeito aos professores doutores da UnB, mas o vocabulário do relatório médico sobre Genoino é tão raivoso que mais parece um manifesto de, também com o merecido respeito, diretório acadêmico.
Enxugar gelo
Mercadante mandou-me nota esclarecendo que foi a Boa Vista como ministro da Educação. E só nas horas vagas foi que entregou obras da presidente Dilma. E eu disse o quê?
País pergunta
E agora, Joaquim?
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